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lucia-rocha
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8/17/2019 Texto Tecido Ferro e Prata
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O tecido, o ferro e a prata
Na aldeia havia uma mulher que tinha três filhos. O mais velho chamava-se Tecido, o segundo
chamava-se Ferro e o mais novo Prata. Viviam felizes com a me na aldeia, no meio da floresta.
!as, um dia, uma grande carestia assolou a regio, havia pouco que comer e a "gua
escasseava. Os três filhos viram-se for#ados a a$andonar a casa materna para so$revivernoutros lugares.
Passaram-se dias, meses e anos. Os três filhos conseguiram so$reviver e ter ê%ito na vida.
Tornaram-se reis nas aldeias onde se esta$eleceram. !as na luta pela so$revivência e com o
passar do tempo esqueceram-se da me. & po$re mulher so$reviveu como p'de, consumida
pelas preocupa#(es do dia-a-dia e pela velhice. Passava horas ) porta da sua ca$ana ) espera
que algum dos filhos chegasse. *omo no tinha quem a a+udasse, foi descuidando o seu aspeto
os seus vestidos gastaram-se e parecia uma pessoa a$andonada por todos. Na sua po$reza,
porm, no dei%ou morrer em si o dese+o de voltar a ver os filhos. m dia, decidiu dei%ar a aldeia
e p'r-se a caminho ) sua procura. Vê-los, $ei+"-los antes de morrer, era o seu /nico dese+o.
*hegou, assim, ) aldeia onde Tecido se tinha tornado rei. Pediu informa#(es do filho, que,
segundo ouvira, se tinha tornado rei da localidade. &o ver o seu aspeto, a gente no acreditou
nela e queria impedi-la de chegar ) ca$ana real. &firmando ser sua me, finalmente conseguiu
chegar ) presen#a do rei. !as a sua desiluso foi grande. O +ovem so$erano, em vez de se
levantar para a a$ra#ar, mandou e%puls"-la e p'-la fora da porta. *om o aspeto miser"vel que
estava, as roupas a desfazerem-se, o seu filho Tecido no a reconheceu. 0ma tal megera no
pode ser minha me1, disse com arrog2ncia.
& me, ao sair da aldeia, amaldi#oou-o 03onrar-te-o enquanto fores $onito4 mas aca$ar"s
remendado no monte do li%o51 6 continuou o seu caminho ) procuta da aldeia onde Ferro era rei.
& cena repetiu-se e a me, ignorada pelo filho Ferro, pronunciou a sua maldi#o 0Na tua riqueza
esqueceste-te da tua me. Os homens do-te valor agora, mas aca$ar"s os teus dias velho e
ferrugento a$andonado no monte do li%o.1
*om as for#as que dispunha ainda conseguiu ir ) aldeia onde o filho Prata era rei. Teve de lutar
para convencer as pessoas de que era a me do rei e a dei%assem chegar ) sua presen#a. !as
o sonho dele realizou-se. O filho Prata, ao vê-la chegar, correu ao seu encontro e a$ra#ou-a,
sem olhar ) su+idade em que ela se encontrava e ) sua aparência po$re. *hamou as servas, que
imediatamente tomaram cuidado dela, a lavaram e a vestiram convenientemente. To contente
de a ver, o filho fê-la sentar a seu lado.
& alegria da me foi tal que no resistiu ) emo#o4 &ntes de morrer, a$en#oou-o dizendo
0Prata, meu $en+amim, tinhas-me esquecido, mas agora reconheceste-me e redimiste-te.
Fizeste-me sair da misria. Para ti vai a minha $ên#o os homens amar-te-o com um amor
sem par, faro tudo para te possuir e nunca aca$ar"s no li%o.1 & me adormeceu nos $ra#os do
filho e, desde ento, nunca se ouvir dizer que algum o$+eto de prata tenha sido encontrado no
li%o, onde se encontram tecidos usados e ferro velho.