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  Questões éticas contemporâneas e ética profissional  [Ano] Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br  

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Questões éticas contemporâneas e ética profissional 

[Ano]

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MATERIAL TEÓRICO

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“  Qual é a causa do mal? Todo esse problema atormentou os filósofos, e 

suas tentativas de resolvê-lo nunca tiveram muito sucesso. O mal parece 

pertencer àquelas coisas sobre as quais até os homens mais cultos e 

inventivos não podem saber quase nada ”  .

Hannah Arendt 

1. A ÉTICA DO CONSUMO

http://analululodi.blogspot.com/2009/05/consumo-excessivo.html. Acesso em 16/02/2011.

Segundo afirmava Aristóteles, tudo que o homem precisava para ter uma

vida cômoda já havia sido descoberto ou inventado. O homem encontrava-se

materialmente realizado e só lhe restava dedicar-se à elevação do espírito.

Portanto, apesar de haver sentenciado a realização material, o filósofo grego

indicava a impossibilidade da satisfação absoluta do homem.

No início do século XX, os economistas mostravam-se preocupados com

a possibilidade de chegar o dia em que as famílias seriam proprietárias de todosos bens disponíveis no mercado, pois assim o sistema entraria em colapso.

Graças à impossibilidade da satisfação humana, a economia de mercado

encontra-se hoje a pleno vapor.

Parece que, de algum modo, a idéia da realização sempre esteve ligada à

satisfação material. Nas economias de mercado, ela em geral se reduz ao

consumo de bens materiais, ou para proporcionar mais lazer, ou para ostentar a

aparência de poder.

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É comum ouvirmos que realização significa "vencer na vida". E esse

"vencer" é basicamente acumular bens materiais e ostentar poder. É "vencedor"

aquele sujeito que possui carro do ano, veste-se com as melhores grifes e, de

preferência, freqüenta os locais badalados. Essa nova forma de encarar o

mundo passou a ser corriqueira em nossa sociedade e já está interiorizada em

cada um de nós, dentro de nosso processo de socialização.

Os meios de comunicação de massa ainda reforçam esta dinâmica social como

sendo "a realidade". A obsessão pelo vencer − que é a mesma pelo poder − é

uma das principais características das sociedades modernas. Símbolo da

civilização moderna, o consumismo egocêntrico dita a regra - vence o mais forte

ou o mais esperto.

Neste mundo de individualismo, a ética pode muito facilmente se

transformar em "o que não prejudica ninguém está OK", ou, "o que os outros

conseguem fazer impunemente deve estar certo", ou mesmo "se ninguém

souber, está tudo bem". O que há de errado, por exemplo, se alguns atletas

usam drogas (anabolizantes) para aumentar sua performance se não estão

prejudicando ninguém, além deles mesmos? O que há de errado em receber

seguro desemprego e trabalhar ao mesmo tempo? Afinal, o governo pode pagar

por isso... O que há de errado em contratar um engenheiro só para assinar um

projeto? Todo mundo faz isso e sai tão mais barato...

Mesmo que aceitássemos como válido esse estilo de vida, quantas

pessoas em nossa sociedade conseguiriam acompanhá-lo? Como seria possível

imaginar encontrar tal realização num país como o Brasil, onde a maioria da

população vive abaixo da linha de pobreza? Não se percebe que, para a maioria

da população, a possibilidade de vencer é uma ilusão construída e incentivada

pela própria sociedade de consumo. A criação dessa expectativa esconde umfato fundamental: esse "paraíso dos vencedores" não é destinado a todos, mas

apenas a uma minoria. Com certeza aos cinco ou dois por cento mais ricos da

população.

De qualquer modo, será que esses "vencedores" encontram efetivamente

uma realização no consumismo, ou apenas se submetem a uma angústia? Não

seria por acaso essa a causa dos desajustes sociais nos países ricos?

O universo empresarial é o que mais reflete este modelo e muitasorganizações, acreditam que devem ter como objetivo o lucro a qualquer custo,

principalmente se puderem ser conseguidos em detrimento da concorrência e

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até mesmo dos clientes. E num ambiente em que vale tudo, como no competitivo

mundo empresarial, as considerações éticas são as primeiras a perder o valor.

Na maioria das empresas, o simples levantar-se de uma consideração

ética numa discussão, exige coragem, já que a questão costuma ser

considerada pela administração mais como fonte de problemas que de

oportunidades, pois existe a crença de que a conduta ética pode não ser a

melhor para os negócios.

1.1. Mudança de paradigmas

É exatamente esse individualismo e falta de ética predominante na

sociedade contemporânea que está provocando uma nova corrida ao seu

estudo. A ética está se tornando um tema corrente em nosso dia a dia, pois

nossa sociedade, ao enfrentar os graves desafios deste início de século, precisa

de visões do futuro que sejam atraentes, inspiradoras e vigorosas o bastante,

para levar as pessoas a deixar de lado o seu costume atual de concentrar-se

nas crises imediatas e a voltar-se com esperança para o futuro - um futuro em

que a saúde e o bem estar da Terra e dos seus habitantes estejam assegurados.

Estamos mais sensíveis às questões de conservação, ao caráter sagrado

da vida e cooperação global. As inúmeras conferências internacionais sobre

ecologia, fome e direitos humanos são exemplos significativos da necessidade

de uma mudança ética em todos os campos da vida social.

O debate sobre a Ética na política, nas questões sociais e econômicas,

ressurgiu com muita força nos últimos anos. O estudo e a preocupação com

questões éticas vem tomando uma importância cada vez maior, prova disso é oaumento da bibliografia sobre "Ética nas Empresas" e de cursos de Gestão de

Negócios que agora estão incluindo em seus currículos a disciplina "Ética".

A Sociedade industrial cresceu arraigada no materialismo e na

supremacia do homem sobre a natureza, que levou a problemas atuais como

poluição, o armazenamento de resíduos sólidos, o crime, a violência familiar, o

terrorismo internacional, a destruição de espécimes animais, a devastação das

florestas, os buracos na camada de ozônio e as milhares de pessoas quemorrem de inanição todos os dias por conta do crescimento populacional fora de

controle e de uma perversa distribuição de riquezas. Dentro desse novo contexto

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só teremos chances de sobrevivência se dedicarmos algum tempo a olhar por

cima de nossos próprios ombros, se de fato nos preocuparmos com os outros e

vivermos além dos limites de nossas próprias famílias e instituições.

As necessidades de mudanças, que nos conduzam a uma nova visão de

mundo são urgentes e, de certa forma, já estão ocorrendo. Hoje em dia, por

exemplo, as exigências do cidadão não recaem apenas por produtos ou serviços

de qualidade, mas são também de natureza ética. Ou seja: ao comprar um carro,

um computador, uma latinha de refrigerante ou um serviço financeiro procura-se

saber se aquela empresa recolhe seus impostos, remunera justamente seus

empregados, polui o meio ambiente, trata a concorrência com lealdade, atende

as eventuais reclamações da sua clientela e participa de forma positiva de sua

comunidade. Muitas pessoas, em especial jovens, estão dispostas a contribuir

com boas causas e começam a optar por empresas não apenas voltadas para a

produção e lucro, mas que também estejam preocupadas com a solução de

problemas mais amplos como a preservação do meio ambiente e bem estar

social.

2. ÉTICA E TRABALHO

http://ifsulrh.blogspot.com/2009/06/regras-basicas-de-etica-no-trabalho.html. cesso em 16/02/2011.

A origem da palavra trabalho deriva do latim vulgar tripalium , que era o

nome de um instrumento formado por três paus aguçados, com o qual os

agricultores batiam o trigo, as espigas de milho, o linho, para rasgá-los, esfiapá-los. A maioria dos dicionários, contudo, registra tripalium como um instrumento

de tortura, o que teria sido no início ou se tornado depois. O fato é que este

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termo está ligado à idéia de tortura e sofrimento, sentido esse que se perpetua

até hoje, principalmente nos povos de língua latina.

De uma forma muito simplificada, podemos entender o trabalho como

sendo a aplicação da energia humana (física e mental) em uma atividade

determinada e útil. Pelo trabalho o homem se torna capaz de modificar a própria

natureza, colocando-a a seu serviço.

O trabalho exercido de forma qualificada, mediante um preparo técnico-

científico, específico para determinada atividade é comumente chamado de

profissão. A profissão supõe continuidade e não uma atividade ocasional e

também status social. A atividade de um engenheiro, por exemplo, é uma

profissão, pois exigiu a capacitação de alguém para exercê-la.

Na linguagem bíblica, a idéia de trabalho também está ligada a do

sofrimento e de punição: "Ganharás o seu pão com o suor de seu rosto" (livro do

Gênese). Assim, é por um esforço doloroso que o homem sobrevive na

natureza. Os gregos consideravam o trabalho como a expressão da miséria do

homem, os latinos opunham o otium (lazer, atividade intelectual) ao vil negotium

(trabalho, negócio). Mas será que sempre foi assim?

Há milênios, desde o surgimento da propriedade privada dos meios de

produção, a prática dominante nas relações de trabalho ocidentais foi o

escravismo, ou seja, o emprego do trabalho escravo na agropecuária, extração

mineral e comércio.

Os gregos antigos desprezavam o trabalho, deixando-o para os escravos,

valorizando a única atividade considerada digna de um homem livre, que era o

ócio dos filósofos. Buscavam inclusive inúmeras justificativas éticas para a

escravidão. Para Aristóteles a diferença entre os homens era natural, não

havendo qualquer contradição na divisão existente, entre o trabalho manual e asatividades intelectuais e políticas. O cidadão grego não exercia o trabalho braçal

pois tinha de ter tempo livre para se dedicar à filosofia e ao exercício da

cidadania. Para que isso fosse possível os escravos executavam todas as

atividades inferiores determinadas pela vontade das classes superiores.

Durante cerca de mil anos, período que foi da desagregação do Império

Romano à Idade Média, as relações de produção na Europa Ocidental evoluíram

do escravismo puro ao servilismo, ou seja, abrandava-se a sujeição homem-homem, passando-se a outra menos direta, transformadora do homem em

"servo de gleba", virtual prisioneiro da terra em que vivia, consumindo quase

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tudo que produzia, e produzindo por suas próprias mãos quase tudo de que

necessitava.

A Igreja Católica, pregando a adoração a Deus defendia o desapego às

riquezas terrenas. Preocupada em organizar e manter seu poder temporal, ela

condenava o trabalho como forma de enriquecimento. O trabalho era visto

apenas como meio de subsistência, de disciplina do corpo e purificação da

mente. Assim servia como instrumento de dominação social e de condenação a

qualquer rebeldia contra a ordem estabelecida.

A ociosidade entre as classes senhoriais, assim como ocorrera na Grécia

antiga, não era sinônimo de preguiça, mas de abstenção às atividades manuais

para se dedicarem a funções mais nobres como a política, a guerra, a caça, o

sacerdócio e o exercício do poder.

A crise da ordem feudal, fundada na subsistência e na servidão, e o

desenvolvimento do comércio e das atividades manufatureiras deu origem a uma

nova estrutura social: a sociedade capitalista. O crescimento do mercado não só

irá conviver por algum tempo com antigas formas de servidão, como fará

renascer a escravidão: o trabalho compulsório de africanos nas colônias da

América. Mas, para as elites que comandavam a implantação desse sistema, o

trabalho livre era a forma ideal.

Essa é por excelência a concepção burguesa da liberdade individual do

homem: ele é livre para usar a força de seu corpo como uma máquina natural e

para escolher de forma soberana o que deseja para si mesmo. Se ao escravo na

América não era dada a oportunidade da escolha, ao trabalhador europeu era

concedido o direito soberano da liberdade.

Como seria possível o trabalhador sobreviver numa economia de

mercado, senão submetendo-se às imposições de quem detinha os recursosque o sistema exigia? Aquele artesão, que na manufatura medieval detinha as

ferramentas e uma autonomia no uso de seu tempo, desaparece, submetendo-

se ao capital.

Desse modo, podemos afirmar que a essência do sistema capitalista

encontra-se na separação entre o capital e o trabalho. Essa separação criou dois

tipos de homens livres: o trabalhador livre assalariado, que vive exclusivamente

de seu trabalho, ou seja, da venda de sua força de trabalho, e o burguês, oucapitalista, proprietário dos meios de produção. A novidade em relação aos

modelos anteriores de sociedade é que, ao conceder a liberdade para todos os

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indivíduos, a sociedade estabeleceu uma espécie de contrato social, em que

ficavam definidos os direitos e deveres de cada parte.

2.1. A ética capitalista do trabalho

A riqueza não é mais vista como pecado, mas como estando de acordo

com a vontade de Deus. Trata-se de uma vontade que se confunde com os

interesses do mercado e do lucro, e que valoriza o trabalho enquanto força

passível de gerar riqueza. Ele deixa de existir apenas para atender às

necessidades humanas básicas. Sua finalidade principal é produzir riqueza

acumulada.

Max Weber, em sua "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" diz

que esta necessidade de acumulação de riquezas ultrapassou os limites do bom

senso comercial e passou a ser um fim em si mesmo, uma concepção de vida,

um ethos. 

“  O homem é dominado pela produção do dinheiro, pela aquisição 

encarada como finalidade última de sua vida. A aquisição 

econômica não mais está subordinada ao homem como meio de 

satisfazer as suas necessidades materiais. Esta inversão do que 

poderíamos chamar de relação natural, tão irracional de um ponto 

de vista ingênuo, é evidentemente um princípio orientador do 

capitalismo, tão seguramente quanto ela é estranha a todos os 

povos fora da influência capitalista. Mas, ao mesmo tempo, ela 

expressa um tipo de sentimento que está inteiramente ligado a 

certas idéias religiosas". (WEBER, 1974, p.187)

A ociosidade, mesmo entre as classes abastadas, passou a ser sinônimo

de negação de Deus. Só se mostrava a verdadeira fé pelo trabalho incessante e

produtivo. O trabalho era a oração moral burguesa e capitalista. Quem se

resignasse à pobreza não merecia a salvação divina.

Com a produção mecanizada, o trabalho é glorificado como a essência dasociedade do trabalho. Não se concebe mais a possibilidade de existir ordem

social fora da moral do trabalho produtivo.

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Existindo a necessidade de cooperação, mas tendo de conviver com seus

impulsos egoístas, as sociedades elaboraram regras e leis morais para regular

as ações humanas. As bases para a construção dessas regras são criadas a

partir de uma espécie de "jogo de interesses".

A ética capitalista defende a idéia de que o bem estar da coletividade é

melhor obtido se apelarmos não ao altruísmo das pessoas, mas à defesa de

seus interesses em relações de mercado. Desta forma o egoísmo (defesa do

interesse próprio) é apresentado como a melhor forma de solucionar os

problemas de um grupo social.

Para que essa sociedade voltada para o trabalho se viabilizasse, houve

necessidade de construir um corpo disciplinar que envolvesse todos os

indivíduos dentro e fora da fábrica. A ordem burguesa da

produtividade tornava-se a regra que deveria gerir todas as instâncias do social.

O uso do tempo que não de forma útil e produtiva, conforme o ritmo imposto pela

fábrica, passou a ser sinônimo de preguiça e degeneração. Só o trabalho

produtivo, fundado na máxima utilização do tempo dignificava o homem.

A empresa dos dias atuais obriga o indivíduo, na medida em que ele é

envolvido no sistema de relações de mercado, a se conformar às regras de ação

capitalistas. O fabricante que permanentemente se opuser a estas normas será

economicamente eliminado, tão inevitavelmente quanto o trabalhador que não

puder ou não quiser adaptar-se a elas será lançado à rua

sem trabalho (WEBER, 1974, p.188).

Para tornar vitoriosa a nova ordem, procurou-se eliminar qualquer forma

de resistência. Impôs-se um modelo de sociedade em que só o trabalho

produtivo fabril imperava. Quem se encontrasse fora desse modelo era

expurgado da sociedade.

2.2. A Nova ética Empresarial

Há quem afirme que as organizações de sucesso devem se afastar de

uma época marcada por contratos e litígios e entrar na era do "aperto de mão".

As empresas devem estabelecer altíssimos padrões de integridade e depoisaplicá-los sem incertezas.

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Os próprios ardorosos defensores da cultura capitalista perceberam que

não se pode levar muito a sério a tese de que a defesa do interesse individual

gera o bem-estar da coletividade. Com a difusão e aceitação generalizada desta

tese na sociedade, os indivíduos que trabalham nas empresas começaram

também a defender os seus interesses particulares sem levar em consideração o

interesse da coletividade em questão, a empresa. Com isso, os executivos

passaram a defender mais os seus interesses particulares do que o dos

acionistas, gerando sérios problemas de corrupção e investimentos "duvidosos"

de dinheiro das empresas privadas. Além disso, quando o espírito da defesa do

interesse próprio é o mais forte numa empresa, é impossível criar o espírito de

equipe, um item fundamental para aumentar a produtividade da empresa, tão

necessária num mercado competitivo.

Estes problemas levaram os executivos e os teóricos da administração a

se debruçar sobre questões éticas. Perceberam que a ausência de ética e a

simples defesa do interesse próprio põem em perigo a sobrevivência das

empresas e, portanto, dos seus próprios empregos. É o instinto de sobrevivência

falando mais alto que teorias aprendidas na escola, como se a necessidade de

sobrevivência estivesse impondo às empresas uma urgente retomada de

atitudes e valores éticos. Afinal, que empresa teria condições de sobreviver e

prosperar num clima de falência econômica, social e ambiental?

A sociedade justa tem três exigências econômicas estreitamente

relacionadas, cada qual com força independente: a necessidade de suprir os

bens de consumo e serviços requeridos; a necessidade de assegurar que essa

produção e seu uso e consumo não exerçam um efeito adverso sobre o atual

bem-estar do público em geral; e a necessidade de assegurar que não afetem

adversamente as vidas e o bem-estar das gerações futuras. As duas últimasexigências estão em freqüente conflito com a primeira, conflito esse fortemente

manifesto na economia e na política diárias. A referência comum é o efeito sobre

o meio ambiente.

Quando a empresa se preocupa com as questões ambientais e bem estar

social, preocupações evidentemente éticas, aumenta suas chances de

sobrevivência, pois a sociedade desenvolve uma imagem positiva em relação a

este tipo de organização.É como se as empresas, ao aplicarem uma espécie de "ética do egoísmo"

conseguissem, como efeito colateral, atingir de forma benéfica o conjunto da

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sociedade. Esse movimento poderia ser chamado de "responsabilidade social"

de empresas e organizações.

3. INDIVIDUALISMO E ÉTICA PROFISSIONAL

Defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios, parece ser uma

tendência do ser humano e, quando esses interesses são de natureza pouco

recomendável, ocorrem seriíssimos problemas.

Por outro lado, nos serviços realizados com amor, visando ao benefício de

terceiros, dentro de vasto raio de ação, com consciência do bem comum, passa

a existir a expressão social do mesmo. Aquele que só se preocupa com os

lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo.

A consciência de grupo tem surgido, então, quase sempre, mais por interesse de

defesa do que por vontade imparcial. Para dar espaço a ambições de poder,

podem ser armadas tramas contra instituições de classe, com denúncias falsas

pela imprensa para ganhar eleições, ataque a nomes de líderes para ganhar

prestígio, etc.

A tutela do trabalho, pois, processa-se pelo caminho da exigência de uma ética,

imposta através dos conselhos profissionais e de agremiações classistas.

A conduta profissional, muitas vezes, pode tornar-se agressiva e inconveniente e

esta é uma das fortes razões pelas quais os códigos de ética quase sempre

buscam maior abrangência. A força do favoritismo, acionada nos instrumentos

do poder através de agentes intermediários, de corrupção, de artimanhas

políticas, pode assumir proporções asfixiantes para os profissionais menores,

que são a maioria.O egoísmo desenfreado de poucos pode atingir um número expressivo de

pessoas e até, através delas, influenciar o destino de nações, partindo da

ausência de conduta virtuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com

seus lucros.

Sabemos que a conduta do ser humano pode tender ao egoísmo, mas,

para os interesses de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se

acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas em princípios devirtude. Como as atitudes virtuosas podem garantir o bem comum, a Ética tem

sido o caminho justo, adequado, para o benefício geral.

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3.1. Virtudes profissionais

Além dos deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem

ser levadas em conta as qualidades pessoais que também concorrem para o

enriquecimento de sua atuação profissional, algumas delas facilitando o

exercício da profissão.

Muitas destas qualidades poderão ser adquiridas com esforço e boa

vontade, aumentando neste caso o mérito do profissional que, no decorrer de

sua atividade, consegue incorporá-las à sua personalidade, procurando vivenciá-

las ao lado dos deveres profissionais.

Podemos fazer uma associação entre as virtudes lealdade,

responsabilidade e iniciativa como fundamentais para a formação de recursos

humanos. O futuro de uma carreira pode depender dessas virtudes. Vejamos:

O senso de responsabilidade é o elemento fundamental da

empregabilidade. Sem responsabilidade a pessoa não pode demonstrar

lealdade, nem espírito de iniciativa. Uma pessoa que se sinta responsável pelos

resultados da equipe terá maior probabilidade de agir de maneira mais favorável

aos interesses da equipe e de seus clientes, dentro e fora da organização. A

consciência de que se possui uma influência real constitui uma experiência

pessoal muito importante. É algo que fortalece a auto-estima de cada pessoa.

Só pessoas que tenham auto-estima e um sentimento de poder próprio são

capazes de assumir responsabilidade. Elas sentem um sentido na vida,

alcançando metas sobre as quais concordam previamente e pelas quais

assumiram responsabilidade real, de maneira consciente.

As pessoas que optam por não assumir responsabilidades podem ter

dificuldades em encontrar significado em suas vidas. Seu comportamento é

regido pelas recompensas e sanções de outras pessoas - chefes e pares.

Pessoas desse tipo jamais serão boas integrantes de equipes.

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A lealdade é o segundo dos três principais elementos que compõe a

empregabilidade. Um funcionário leal se alegra quando a organização ou seu

departamento é bem sucedido, defende a organização, tomando medidas

concretas quando ela é ameaçada, tem orgulho de fazer parte da organização,fala positivamente sobre ela e a defende contra críticas.

Lealdade não quer dizer necessariamente fazer o que a pessoa ou

organização à qual você quer ser fiel quer que você faça. Lealdade não é

sinônimo de obediência cega. Lealdade significa fazer críticas construtivas.

Significa agir com a convicção de que seu comportamento vai promover os

legítimos interesses da organização. Assim, ser leal às vezes pode significar a

recusa em fazer algo que você acha que poderá prejudicar a organização ou a

equipe de funcionários.

Na verdade, seria desleal deixar de expressar o sentimento de que algo

está errado, se é isso que você sente.

As virtudes da responsabilidade e da lealdade são completadas por uma

terceira, a iniciativa, capaz de colocá-las em movimento.

Tomar a iniciativa de fazer algo de interesse da organização significa ao

mesmo tempo, demonstrar lealdade pela organização. Em um contexto de

empregabilidade, tomar iniciativas não quer dizer apenas iniciar um projeto de

interesse da organização ou da equipe, mas também assumir responsabilidade

por sua complementação e implementação.

É importante ainda, acrescentar outras qualidades que consideramos

importantes no exercício de uma profissão. São elas:

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Honestidade: A honestidade está relacionada com a confiança que nos é depositada, com a

responsabilidade perante o bem de terceiros e a manutenção de seus direitos. É muito

fácil encontrar a falta de honestidade quanto existe a fascinação pelos lucros, privilégios e

benefícios fáceis, pelo enriquecimento ilícito em cargos que outorgam autoridade e quetêm a confiança coletiva de uma coletividade.

Sigilo: O respeito aos segredos das pessoas, dos negócios, das empresas, deve ser

desenvolvido na formação de futuros profissionais, pois trata-se de algo muito importante.

Uma informação sigilosa é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é

obrigatória. Documentos, registros contábeis, planos de marketing, pesquisas científicas,

hábitos pessoais, dentre outros, devem ser mantidos em sigilo e sua revelação pode

representar sérios problemas para a empresa ou para os clientes do profissional.  

Competência:Competência, sob o ponto de vista funcional, é o exercício do conhecimento de forma

adequada e persistente a um trabalho ou profissão. Devemos buscá-la sempre. O

conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais é pré-

requisito para a prestação de serviços de boa qualidade. Nem sempre é possível

acumular todo conhecimento exigido por determinada tarefa, mas é necessário que se

tenha a postura ética de recusar serviços quando não se tem a devida capacitação para

executá-lo. 

Prudência: Todo trabalho, para ser executado, exige muita segurança. A prudência, fazendo com que

o profissional analise situações complexas e difíceis com mais facilidade e de forma mais

profunda e minuciosa, contribui para a maior segurança, principalmente das decisões aserem tomadas. A prudência é indispensável nos casos de decisões sérias e graves, pois

evita os julgamentos apressados e as lutas ou discussões inúteis. 

Coragem: A coragem nos ajuda a reagir às críticas, quando injustas, e a nos defender dignamente

quando estamos conscientes de nosso dever. Ajuda a não ter medo de defender a

verdade e a justiça, principalmente quando estas forem de real interesse para outrem ou

para o bem comum. Temos que ter coragem para tomar decisões, indispensáveis e

importantes, para a eficiência do trabalho, sem levar em conta possíveis atitudes ou atos

de desagrado dos chefes ou colegas. 

Perseverança: Qualidade difícil de ser encontrada, mas necessária, pois todo trabalho está sujeito a

incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser superados, prosseguindo o

profissional em seu trabalho, sem entregar-se a decepções ou mágoas.

Compreensão: Qualidade que facilita a aproximação e o diálogo, tão importante no relacionamento

profissional. É bom, porém, não confundir compreensão com fraqueza, para que o

profissional não se deixe levar por opiniões ou atitudes, nem sempre válidas para

eficiência do seu trabalho, para que não se percam os verdadeiros objetivos a serem

alcançados pela profissão. A compreensão que se traduz, principalmente em calor

humano pode realizar muito em benefício de uma atividade profissional, dependendo deser convenientemente dosada.

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Humildade: O profissional precisa ter humildade suficiente para admitir que não é o dono da verdade

e que o bom senso e a inteligência são propriedade de um grande número de pessoas.

Representa a auto-análise que todo profissional deve praticar em função de sua atividade

profissional, a fim de reconhecer melhor suas limitações, buscando a colaboração de

outros profissionais mais capazes, se tiver esta necessidade, dispor-se a aprender coisasnovas, numa busca constante de aperfeiçoamento. Humildade é qualidade que carece de

melhor interpretação, dada a sua importância, pois muitos a confundem com

subserviência, dependência − quase sempre lhe é atribuído um sentido depr eciativo.

Imparcialidade: É uma qualidade tão importante que assume as características do dever, pois se destina

a se contrapor aos preconceitos, a defender os verdadeiros valores sociais e éticos,

assumindo principalmente uma posição justa nas situações que terá que enfrentar. Para

ser justo é preciso ser imparcial, logo a justiça depende muito da imparcialidade.

 

Otimismo: Em face das perspectivas das sociedades modernas, o profissional precisa e deve ser

otimista, para acreditar na capacidade de realização da pessoa humana, no poder do

desenvolvimento, enfrentando o futuro com energia e bom humor.

Obviamente existem outras virtudes que aqui não foram citadas, porém

aqui foram apresentadas as principais.

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Anotações 

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Referências

AGUILAR, Francis J. A ética nas empresas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,

1996.

ALENCASTRO, Mario. A Importância da Ética na Formação de Recursos

Humanos. São Paulo, Registrado na Fundação Biblioteca Nacional sob n.

197.147 livro:339 fl:306, artigo publicado em 1997.

ARRUDA ARANHA, Maria Lúcia de; PIRES MARTINS, Maria Helena.

Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 2º Ed. 1993.

PESSANHA, José Américo Motta. Vida e obra de Aristóteles: Tópicos dos

argumentos sofísticos. São Paulo: Nova Cultural, 1987.

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