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19 I ' A Relação Analítica Não..Transferencial dereação transferencial (1965 a, p.156).'~ <ili~ªªçadetrâc lJé!.l.I:O __dirá categoricamente dois anos depois __ e um fe- Freud compreendeu claramente, .em seus trabalhos · .• nômen6de transferênciarela~V"amenferacioáa1,dessexua- nicos, a natureza altamente complexa darelação que ~liiado e desagressiviza<i9~' (1967, p:207). ," . estabeieceentre o analista eo analisando, epôdeformu- Em seu trabalho de T965 , recém-citadQ/Greenson)" '~~la rigorosamente em sua teoria datransferêIÍcia. Do defineaalimça detrabalhoçomoo TQp[JQTtrelativaJ:[leIlte 'anto devist<;l da marcha do tratamento, discriminou tam- racioIlal eI1ã.o~nellI'óticoqúe.9paciente tem com seu ma- émduas atitlldes do analisando, díspares ecorttrapostas, lista (1965a, p.157). .~ ,' e cooperação e resistência. Certamente, por sua firme Da mesma forma, descreve-a em seulivro:'~·aliança 'Ónvicçãodeque até os mais elevados proEiutosdo espíri- de trabalhoéa relação relativamente racional e não-neu·· o CÚ!IDdam suas raízes na sexualidade, Fread preferiu in- rótica entre paciente e aÍJ.alista,que toma possível, para o m-Iasna transferência. Assim, quando fez sua classifica- paciente, trabalhar com determinação na situação analíti- o, em "Sobre a dinâmica da transferência" (1912b), dis- ca" (1967, p,46). A aliança, como já disse Sterba, entre o que as resistências alimentam-se tanto da transferência ego racional do pa~iente e o -egoracional do analista, â: ótica,quando assUmeUIIÍcaráter sexual, quanto da trans- partir de um processo de identificação com a atitude e rêncianegativa (hostil), deixando separada delas a trans- com o trabalho do analista que' o paciente vivencia, em ência positiva sublimada, motor-âa cura, tanto na análi- primeira mão, na sessão. . .... , quanto nos outros. métodos de tratamento.ParaGreensoIl, :âafi~iiçã. .de tI'~l:iàlh~:d~pelJ.9.e~b Alguns autores lamentam essa decisão freudiana e (p~~iente,doClllalista e do enquadre ..Opacientecolabo- am que, se tivesse separado mais decididamente ambas ta, porque lhe é possivélestabelecer unÍyínculorelativa- áreas, a investigáção ulterior teria sido simplificada. A mente racional, a partir de seus componêntesinstintivos posturade Freud talvez tenha a ver com a dificuldadeine- neutralizados, vínculo que teve no passadó e surge agora 'ente aos fatos que se colocavam para ele e que ainda narelaçãócom o analista. O analista, por suavez, contri~ estamosdiscutindo. . .' buipara a aliança de trabalho por seu empenho consis- Certamenté, ninguém tem dúvida de que a aliança tente em procurar compreender e superar a resistência, terapêutica.tem a ver,muitas vezes, comatrClllsferência~ porsua empatia e suaatitude de aceitar opaciente, sem positivae até mesmo com a negativa (quando fatores de ,o, julgá-lo 0ll<1ominá-Io~Oenquadre;porfim,faci1ita a ali:'" ~va1idade;por.exemplo, levam o paciente aéolaborar), ança détrabalhopela:'fiegüêriCia das visitas,pelalonga~~ endolegítima a tentativa desepararconceiroalmente am- ..~.duração do tratamento, pelo usodo divã epelo silêncio. ..ososfertômenos. Apressemo-nos em dizer que,comesse~c Osfatores do enquadre, dizGreenson; citando Greenacrece,:-:,..~.: t!mpenho,podecsetransitar por várioscà.iri.i.iiliosteoncos: (1954), promovem ..a regressão etambémaaliançá. de ., odasublimação, seguido por Freuél;aáiealivf~'de cohf1i- trabalho.,. .--: __ ~.::=::.~_::::_'" '=----~- tos,deHartmaim, e outros. ..' ' .... '.' .... . -~---~_.~~~ ...-.A.â.iferençaentreaneur?se detransferênciaeà.àli- A verdade é que, com poucas exéeções,osautores~ fança de trabalho pão . é absolúta.~;alianÇàpodefonter "s:guemocritério de Freudevisualizam a aliançaterapêu- .-'elementos da neurose infailtil, queeventuallnente reque c ' tica como um aspecto especial da transferência. " J'~l'l:lseranalisados{1967, p. 193). Na realidade, a relação entre uma e oufraé múltipla e complexa. Às vezes; uma atirode c!aramenteligada à neurose detransferênciapóde reforçar a aliança de trabalho e, vice~versa,a cooperação pode se'rusadadefen.-sivamente para manter recalcado o conflito, como sucede às vezes COID o neurótico obsessivo,. ~empreafenado ao.racional . .·Portanto,iãaliéillçacie traba1hocoIitemsewpreúma; .... iiil~tlú:á':aeelementós racionais e irraciónais~ ' ... ' ,., , -~'. -.~" . ' - -' - . __ ". - - - -' -." -. - .

Textos de Psicanalises

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Page 1: Textos de Psicanalises

19I '

A Relação Analítica Não..Transferencial

dereação transferencial (1965a, p.156) .'~ <ili~ªªçadetrâclJé!.l.I:O__dirá categoricamente dois anos depois __e um fe-

Freud compreendeu claramente, .em seus trabalhos ·.•nômen6de transferênciarela~V"amenferacioáa1,dessexua-nicos, a natureza altamente complexa darelação que ~liiado e desagressiviza<i9~'(1967, p:207). ," .estabeieceentre o analista eo analisando, epôdeformu- Em seu trabalho de T965 , recém-citadQ/Greenson)"

'~~larigorosamente em sua teoria datransferêIÍcia. Do defineaalimça detrabalhoçomoo TQp[JQTtrelativaJ:[leIlte'anto devist<;lda marcha do tratamento, discriminou tam- racioIlal eI1ã.o~nellI'óticoqúe.9paciente tem com seu ma-émduas atitlldes do analisando, díspares ecorttrapostas, lista (1965a, p.157). . ~ ,'e cooperação e resistência. Certamente, por sua firme Da mesma forma, descreve-a em seulivro:'~·aliança'Ónvicçãodeque até os mais elevados proEiutosdo espíri- de trabalhoéa relação relativamente racional e não-neu··o CÚ!IDdamsuas raízes na sexualidade, Fread preferiu in- rótica entre paciente e aÍJ.alista,que toma possível, para om-Iasna transferência. Assim, quando fez sua classifica- paciente, trabalhar com determinação na situação analíti-o, em"Sobre a dinâmica da transferência" (1912b), dis- ca" (1967, p,46). A aliança, como já disse Sterba, entre oqueas resistências alimentam-se tanto da transferência ego racional do pa~iente e o -egoracional do analista, â:ótica,quando assUmeUIIÍcaráter sexual, quanto da trans- partir de um processo de identificação com a atitude erêncianegativa (hostil), deixando separada delas a trans- com o trabalho do analista que' o paciente vivencia, emência positiva sublimada, motor-âa cura, tanto na análi- primeira mão, na sessão. . ....,quanto nos outros.métodos de tratamento.ParaGreensoIl, :âafi~iiçã ..de tI'~l:iàlh~:d~pelJ.9.e~b

Alguns autores lamentam essa decisão freudiana e (p~~iente,doClllalista e do enquadre ..Opacientecolabo-amque, se tivesse separado mais decididamente ambas ta, porque lhe é possivélestabelecer unÍyínculorelativa-

áreas, a investigáção ulterior teria sido simplificada. A mente racional, a partir de seus componêntesinstintivosposturade Freud talvez tenha a ver com a dificuldadeine- neutralizados, vínculo que teve no passadó e surge agora'ente aos fatos que se colocavam para ele e que ainda narelaçãócom o analista. O analista, por suavez, contri~estamosdiscutindo. . .' buipara a aliança de trabalho por seu empenho consis-

Certamenté, ninguém tem dúvida de que a aliança tente em procurar compreender e superar a resistência,terapêutica.tem a ver,muitas vezes, comatrClllsferência~ porsua empatia e suaatitude de aceitar opaciente, sempositivae até mesmo com a negativa (quando fatores de ,o, julgá-lo 0ll<1ominá-Io~Oenquadre;porfim,faci1ita a ali:'"~va1idade;por.exemplo, levam o paciente aéolaborar), ança détrabalhopela:'fiegüêriCia das visitas,pelalonga~~endolegítima a tentativa desepararconceiroalmente am- ..~.duração do tratamento, pelo usodo divã e pelo silêncio ...ososfertômenos. Apressemo-nos em dizer que,comesse~c Os fatores do enquadre, diz Greenson; citando Greenacrece,:-:,..~.:t!mpenho,podecse transitar por várioscà.iri.i.iiliosteoncos: (1954), promovem ..a regressão etambémaaliançá. de . ,odasublimação, seguido por Freuél;aáiealivf~'de cohf1i- trabalho.,. .--: __~.::=::.~_::::_'" '=----~-tos,deHartmaim, e outros. ..' ' .... '.' ..... .-~---~_.~~~...-.A.â.iferençaentreaneur?se detransferênciaeà.àli-

A verdade é que, com poucas exéeções,osautores~ fança de trabalho pão .é absolúta.~;alianÇàpodefonter"s:guemocritério de Freudevisualizam a aliançaterapêu- .-'elementos da neurose infailtil, queeventuallnente requec'ticacomo um aspecto especial da transferência. " J'~l'l:lseranalisados{1967, p. 193). Na realidade, a relação

entre uma e oufraé múltipla e complexa. Às vezes; umaatirode c!aramenteligada à neurose detransferênciapódereforçar a aliança de trabalho e, vice~versa,a cooperaçãopode se'rusadadefen.-sivamente para manter recalcado oconflito, como sucede às vezes COID o neurótico obsessivo,.~empreafenado ao.racional .

.·Portanto,iãaliéillçacie traba1hocoIitemsewpreúma; ....iiil~tlú:á':aeelementós racionais e irraciónais~ ' ... ' ,.,

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148 R. HORACIO ETCHEGOYEN

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lWritingr,·vA,p. 373. Tambémem Estudos psicanalíticos, p. 42.2 "Onecan hardly argue the question.thatthe past does inIluencethe present, but this isnotidenticaltotransference" (GreensoneWeXler,1969, p. 28). NessePQn.to,a formulação de GreensoneWexleréql1aseidêntica à que eii:fizaocomparar transferênciae.experiência, ..

GREENSON EWE>tCERNOCONGRESSODE .ROMA

UMADIVISÃO TRIPARTITE parte dos pacientes, qu~ depois qualificamos de transfe .das- diz.,·com razão, Anna Freud,l n-

Como toda relação humana, afelãçã6âfialú.iêaécom_plexa e.nela háseJIlpre uma 'mistura de fantasia erealiã

'ê\e.'Tôda reaçãó trârisferE!llcial contém umgeimederea1::i_Qac:l~~toda relélçã~real tem algo de transferêncià. Ópas-

sado sempre influi no presente, porque não ha-i1.uncaumpresente puntiforme e imediato, sem apoio pretérito, mas .isso somente não significa que haja transferência. 2

. Se sustgmtarmos que o anàlista é um observador im:parcial, que se situa de maneira eqüidistante frente a todasas mstâncias psíquicas, devemos então assumir que ele devereconhecer êtrabalhar COmas funções egóicas que incluem'o teste de reàlidade (Greensone Wexlet; 1969,p.38) .

Creio que as idéias de Greenson e Wexler que acabode resumir são certas e quase diria que são indiscutíveis.Pode-se question~ desde já, o que vamos entender portransferência e por realidade; porém, uma vez que.deixe-mos de discutir sobreisso, teremos de reconhecer que noss~tarefa consiste em contrastar duas ordens de fenômenosduas áreas de funcionamerttq,méÍJ.tal.Poderemos chamá:las, segundo nossas predileções teóri"cas, de verdade ma.-terial everda.de!llstóricâ,.fantasia e realidade, tópica doimaginário e do simbólico, área de conflitoe ego autôno-mo, :m.as~empre estarão presentes.

Ante~ge.,ir aRoma,~Creenson eWexler poderiam terencontrado muitas de suas justàs advertências na introdu-ção de Thepsychoanalytical process de Meltzer, já escritonessaépoca. Meltzerafirma que, em maior ou menor grau,sempre .existe ém cada paciente, embora não sêja acessí-vel, um nível mais maduro da mente que deriva da identi-ficação introjetiva com objetos internos adultos e que pode'ser ch~adoj com razão, de "parte adulta". Com essa'par-te, constitui~se uma aliança durante a tarefa analítica. Umaspecto do trabalho analítico que alimen.ta essa aliança, .consiste em indicare explicar a cooperação requerida, ao

No XXVI Congresso Internacional de 1969,acompa- mesmo tempo que estimulá-la (Meltzer, 1967,p.xiii) . .Ahhàdo dessa vez por Wexler,'Greeo:soll·âá1.1ID..passc)déci-. l~guágem é di!e~~nte _ediferentes são os pressupostóste-

.rsivOemsua.Ínyestrg'ã<id.'-di ·~q=r.elação,ana1ítica:flli ,{)ncos,masas ldelas saoas mesmas .

..~:~~~~nil~~r~~:-~~.~-;~:~-·~'~E~7~S~àli~~~l~i~~§~~.~~~~;F·~~~i~~~'r~ia~;iri~.~j~sa.~o~:~=~d~t::~~~~

de trabalho(~M~L~. ..;~,(q~"!'M~~e~ân~ct~técmC",,:stis~~e~C'dOdC.

parte sã de .sUa personalidàde,çt*. mantéiuumarelaçãoreal com oanalisbt'*DeixandoasGl1vo o respeito, devido '.ao estl:.itomaIlejoda.sJ;~~~q>:.,1ji:ansfer~ncia1.esuaíri.ter-

.pretaçao,devemos dar-nos çoot(lAe que analIsta e.paCien-te são duas pessoas reais, de igual nível, com uma relaçãotambém real entre elas ..Descfudaresse aspecto da relaçãoé, talvez, a origem de algumas re;3,~ões'dehostilieÍ1:l.de,por

Como já vimos, Greenson postulou, em seu traba-lho de 1965, que o fenômeno transferencial (e, por c~m-.'seguinte, o tratainentoanauuco) deve ser entendido comouma relação entre duas forças parale1a.s eantitéticas, aneurose de .transferência ea. allal1çad~tráb<3l1l0, ambasde igual imp6riãncli(1965á,p'.17-8Y No Capítulo 3 deseu livro de técnica, porém, estabelece uma relação dis-tinta, porque fala, por um lado, de aliança de trabalh,,9(seção3.5) e, pO:routro, da relação real entre paciente e

,analista(seção3.6). . ., ....•...Real;para Creenson,isigtiificaduascoisás:oqüeiiãoestádistorcidoeogen uín o.AS réaçõestransferenciais

.'n:ãqsao rea.i.~;·no-primeiroseJ:ltidodapalavra, }águe es-tão distoréidas:massª,e>ge.IJouínassêsão sentidasverda-.deiramente. Ao côntrári:(),áaliança dé trábalhoé ~ea..l,ri6pnrÍleirosentid.odo termo.,i~tº~,de acordo coma

, reálidade. (objetiva), apropria.da.,riãó-diitorCidá;. contu--dO, à l]ledidaCJ.ue.surge como um artefatoc1.otratamen~to, nãoégení.iína.' .- . ...-.

. Adivisão'tripartitéde Greenson pouco acresc.enta,

em.m....eu en.t.e.n.•·~...._.;.k~.o.temaqtlee.,stam<.?s...di~C~.~n.do. Se.Aa.tomassemos.a6. ,a letra, tenamos de dlV1dlr em tresfre11.tesnoss~·g~pdd~ trabalho, fomentando aquilo quenos'ajuda da parte do analisando., embora não seja ge-n.uíno, aceitando que colabore conç>sco por motivosespúrios: : '.~

. Creio que Greenson equivoca-se, nesse' ponto, por-- que prQcura fixar,nateoria a complexidade às vezescon"

fusa dos fatos. .. .' - .,..'.'

Page 3: Textos de Psicanalises

......- ~----_._---"-~--~.-~"-- --~.".- --",,- - ---

FUNóAMENTosDATêcNlcAPsicÃ"N-ALíricA--l49

",40; -

COMO REFORÇAR AAUANÇATERAEÊUTICA

Como moderadora da discussão, Paula Heimann Diferentem.ente de Greenson, creio que não cabe re-(1970) propôs·algíhnas questões, das quais a fundamen~ forçar ou retificar ojuízo de realidade do analisando. Con-tal parece ser sua opinião de que a definição de transfe- tinuopensando, como Strachey (1934), que, embora soerênCia de Greenson é muito estreita. Freud, recorda paradoxal, a melhor maneira de restabelecer o contato doHeimann, reconheceu a transferência positiva sublimada paciente com a'realidad~ é não oferecê-la a ele pornóscorooum fator indispensável do tratamento. Esse aspecto mesmos.da transferência está ligado à confiança e à simpatia que Tomemos o exemplo que Greenson (1969) propõe, ofazemparte da condição humana. Sem a confiança básica, do paciente Kevin, que só no final de uma exitosaanáliseo infante não sobrevive e, sem a transferência básica, o atreve-se a dizer a seu, analista que ele às vezes fala umanalisCUldonão empreende aanálise. '" _pouco mais dQ~ue a conta. Justamente porque Kevincon-

A discrepância de Heimann nesse ponto é categóri- siderélvaque seu juízo era certeiro, era~1hedifícilemiti~lo..ca, porém apenas semântica: ela prefere chamar pura e Sabia que Greenson toleraria, sem se perturbar, um ex

. 'sili:iplesIIlentede transferênciabásica aquilo que Greenson abrupto de sua parte, tudo o que viesse com sua associa-e WexIerisolam como aliança detra.balho. ção livre, mas temia feri-lo ao dizer isso, pensando"comoc'.

Os'reparos técnicos de Paula Heimann vão mais a pensava, que estava certo e supondo que o própriofundono assunto, e nós nos referiremos a eles no próxi- Greenson também opensaria. Greenson respondeu-lherooitem. estava certo, que havia percebido corretamenteulÍl. traço

de seu caráter e que acertava também que lhe era doloro-so que lhe assinalassem isso.Ao aceitar o correto juízo deKevin,Greenson produz o que ele chamade __umamedida~"~não-analítica, que deve ser diferen~iada de~médidas~~ft;:

A aliança.de trabalho não apenas existe, comotam- antianalíticas, as quais bloqueiam a capacidade dopaci-c~=,-bémpode ser reforçada ou inibida. Se não existe, marca ente para adquirir insight. .para Greenson o limite da inanalisabilida,pe. Levá-la em Ignorar ojuízo crítico de Kevin,passando-ó'pór alto,contae fomentá-la pode transformarem analisáveis paci- ou tratando"o meramente como associação livre ou comoentesmuítopertu:rbados. um dado a mais a ser analisado, teria confirmado seu te-

Comojá se disse, a contribuição mais importante do morde .que o analista não pudesse reconhecer correta-analistaà aliança terapêutica provém de seu trabalho diá- mente oque lhe dizia. Ou, então, teria pensado que suasrio com o paciente, da forma como se comporta frente a observaçõese seusjuízos eram apenas material clínicopara

,elee ao seu material, de seu interesse.: seu esforço e sua ,o analista, sem valor iritrínseco, sem mérito próprio. Ou,compostura.Além disso, a.atmosfera analí*a, humanitá- pior ainda, teria concluído que o que disse,acreditando"oria e petm.issiva•..•ão. mesmo tempo qué moderada e ser certo, não era mais que outra distorção transferencial.circunspecta,é també~ decisiva. Passar por alto a observação de Kevinou responder

Cadavez que se introduz uma medida nova, é neces- com uina "interpretação" que a desqualificasseseria, porsárioexplicácla,ainda mais se é dissonantecom os usos certo, comodiz Greenson, um grave erro técnico (e ético),

. culturais,sem prejuízo de analisar cuidadosamente a res- ainda mais lamentável quando o analisando podia emitir,postadoanalisando. por fim, um juízo a seu parecer certeiro, o qual havia si-

. ,.tÚiiEilemento quetefê;rça notaveltb.êirie a aliança de, . lenCÍadopor anos.rfrfibéllhoéafranca admissãoIJorPart~db analista de S~tlS~_?c",Entl"etanto, essélsduas altemativasnãosão as.únicas'

,!·;o:,;;"~;;'4::"~~~~;ii~~l~~~~~!~~':t'i<~~~~;~ót::e:',;f::;:';:.~;~~:;~~~;~~mentoque .Greensone WexlercntlGam'seVel'amí=hte~:-~~~;dealgo.quesel1teque ..ecertoFtalvez porque.ls~Q·Dlesmo,·'c''c.)

.Estas ·são as·precauçG>ês,:pii1±G~lizti~~~rC5pºst~;~iór~·:·ãçQntece~Gom~:eIé;:nesse.particular:mon1éÍlttr:da:aná1is:e·;·=.:=~;:Greenson,e Wexler paraAorta.leéer~ãaIianç~:de-trabâlho-:·::eª:qtie-i:ema.GapaCidadedeveras falhasprópri~s ...e_alhei-.:~:~.~

"~;~r:;:r: ;6~~~:;~~.:~e~~~:i~~~~~~~~;~i~~~à~~e~~~~t~ri~~:q~e~~r~~~~i~~t~~~:~§~t~_~:~~:~~~~~~Háum comentárioZoD::l.~i{iQ·e.te:·Pªll1ª'Hellnanh~tn:fe::=,c~gl,Ís.ti:?:~~q_~R~~~sivasdopacien te,res~ei tas eujuízo.d ;-::~:: •

.podeser opontade pa.tticiaj)~,Üf[sQy.tlr"aJgülllas;da~~pre~c;~r:eAAªaêl.e,sem.necessidadeaeapr<:>v~-lo::Dlz~.r:lhe~porém,cauções com que Greenson e Wexler=buscam-tefotçª-i:,a,~:-;iquesenteiI1veja1Jorminliâpãlavta-pênis(ouseio)ou q!l€aliançade 'traball10. . '... . , ..' -_.-.- ".--_..- "'---:quer castrar-me seria,.isto sim, desqualificador, COInodiz

:Gre~n.sºIlafirniaquédevemosrecõnh,ecer nossos Greenson; todavia, na realidade, uma intervép.ção desse.:;enos.e nossas falhas qUandoo analisando !lota-os; ePaula tipo não é uma interpretação, mas simplesgre:nteumacting. Heimannpergunta=lhe porque não fazemos o mesmo Qut verbal~9':lll~ista. .... ..' ". '. .'

quando o analisando elogia-nos. Greenson desconversa, '. Lem~-me<de uma situação semelhante com umadizendoque, em geral, os elogios do paciente são'exage- ·pq.CieÍlteneutótica,qu.e~staya saindo deu1i!lLóngoe peno-radosepoucorealistas, mas este não é o caso. Aceitaria- soperíododeconfusã:ú. Chegou muito angustiada fi dissecmós,por acaso, o elogio se fosse certo e adequado? me que acreditaVa estar loúéa,porque tinh,avisto,junto à

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150 R. HORACIO ETCHEGOYEN

Pelanatureza especial da mente infantil, compreen-de-seque a aliança terapêutica tenha características espe-ciais nas crianças. Neste item, seguiremos a discussão,deSandler,Hansi Kennedy~ Tyson com AnnaFreud (1980).

"~31iâiiçadetratamentoé~uin' prod'.ito do desejo,:fcõi.iscierife'ou inconsciente da criançª,qe.ç-ºoperÇlrede '• ' '_ "~. ••• '" .".-".''_ ,_, o.f' _., " _" -- -' _, - _, ,,~' , • '"_, ~ •

porta de um apartamento do mesmo piso que o consultó- súací.i~po~isií.oªaceitaraajg(.l~cl.o'terapeuta para vence.. ,' .rio, o capacho que eu usava em meu consttltório anterior. .SilétSclitl:c1.,lldaâesinternase~~asr~sist~ªdas"(Sàndlerr,(Havia pouco tempo que tinha mudado o consultório, e KennedyeTYson,1980,p:45). '.. . ..... ..... ....•... 'minha mulher tinha colocado esse capacho no apartamento IstoequiVãW-a:dizer que ~.crian,Çaaéêita: .em que agora viviàmos.) Refreei apenas o desejo de lhepEcl~le!D:<l.se está disposta a enfrentá~los, apesar d<:suasdizer, creio que de boa-fé, que tinha visto bem,.que esse jiésistêri0Ías e das que pod~mvir defora,d.ªJarníha. Em•

. era o capacho do consultório. Pensei que reter essa infor-bora- seja sempre' difícil traçar. uma linha divisória claramação não era nem.honesto, nem bom para uma paciente entre a aliança,terapêutica e a transferência, sempre é pos-

.que-tanto duvidava deseujuízo de realidade. Associei de sível tentá-lo. Asvezes, a criança expressa claramente SUa. imediato que, quando minha esposa colocou aquele capa:,.. .necessidade ~. ser ajudada frente às suas dificuldades in.

cho frente ao novo apartamento, estive a ponto de lhe ternas; ém outras, a aliança égm aspecto da transferênciadizer que não o fizesse, porque algum paciente poderia /é. positiva, e o analista é só um adttlto significativopelo qualreconhecê-lo e inteirar-se, assim, de meu domicíliopatti- a criança deixa-se levar e COlIl o qual está disposta a traba-cular. Lembrei~mede que não o fiz para não levar ao ex- lhar ou uma figura materna que vai ajudá-la. Acrescenta.~c~emo a reserva analítica e lamentei, agora, não tê-lo dito. se a isso a própria experiência da análise,' em que acrian:::Concluí que havia cometido um erro; umaverdadeiralou-ça encontra-se com uma pessoa que a compreende e que---'cura, pareceu-me; algo q,uenãoestava de acordo com lhe desperta sentimentos positivos.c.___ y". .~,.

miilha técnica. Interpretei, então" que ela pensava que o Do ponto de vista das instânciâspsíquicas, a al{a;ç~~capacho era efetivamente o de meg consultório e que, ao de tratamento não depende apenas dos impulsos libidinaisvê-lo agora em outro lugar, pensou qU~~,era'como se eu e agressivosdo id,mas surge também do ego e do sup~eio,tivesse querido comunicar-lhe que ali era a minha casa. Com'certeza, não é a mesma coisa a aliança que ~ur·:éÇoilhecendo ela,.como conhecia, meu 'estilo como an·alis- ge do reconhecimento das dificttldades internas (consciên-'ta, acrescentei, e tendo-me criticado uma vez por lhe pa- cia da doença e necessidade de serajuda,ºo) e a que nascerecerrígidd, só podia pensar que eu haV1'itficado louco e 'da transferência positiva. Nüpassado, à bom desenvolvi-élizia"meissoafirmando que ela estava louca. Passou como mentoda análise centrava-se na idéia de transferênciapor encanto a angústia da paciente, e eu mesmo me senti positiva; hoje, porém, esses fatores são avaliados comre-tranqüilo. Respondeu serenamente que reparara isso no serva. Daqui nasee, justamente, a idéia. de diferenciar aprimeiro dia e não pôde acreditar, pensando que eu não aliança de tratamento e a,ç:ansferê.Pecia.Afamosa iua-de-sairia, dessa forma, de minha técnica. Acrescentou, então, mel analítica não é mais qtie.Q..i~sttltaâ.óde uma análisebondosamente, que com certeza a minha mulher o teria que começa em transferência positiva.colocado, sem que eu notasse. Daí à cena primária já não ,Assim como o'superego participa da aliança de tra-havia mais que um passo.1iãiIiento, fatendo com que a criança assuma a responsa-

Creio, como Greenson, que escamotear um proble- bilidade de não faltar às sessões e de trabalhar com oma desse tipo, com o pretexto de preservar o setting, é analista, também os pais, que a estimulam a empreenderrotundamenteantianalítico, o mesmo que desconversar e continuar o tratamento, fazem parte da aliança. Dessecom uma interPretação defensiva, que desqualificae não modo,. a continuação do tratamento pode residir maisinterpreta. Osrecursos não-analíticos de Greenson, porém, nos pais do que na criança, motivo pelo qual a avaliaçãoPeãosão tãoinócuos como parecem, Têm o inconveniente da aliança de tratamento torna-se mais difícil do que no

'~dequen~f~em ~sumíteQ~~~~',~,~wm~'~'_Cj}~ultOQU~dOfMhaa:~çat~apeu:ea,oadcltot:

AALlANÇATERAPÊUTICAOA CRIANÇA" ' "~'-'=-e'liYfêtitãr~{~tiIfi.c§ldades intern.as~'Âcl.efIDiçãó"amplah)l-.-Cl1iiós'elementos do idque podem sustentar a alifU1çadetratamento, enquanto a segundaleva em conta estrifárrlen-te o que depende do ego.

Já mencionamos, aofálardas indicaçôeique Janine Chasseguet-Smirgel (1975) co:nsiáliança reside, em boa parte, no ideal do ego,seus objetivos ao analisando.

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.,,"

Enquanto expressa a parte psicóticada personalidac

de, a pseudo-aliança terapêutica oculta, sob uma fachadade colaboração, sentimentos agressivos e tendências nar-cisistas, cuja finalidade é justamente atacar o vínculo eentorpecer a tarefa analítica. .

"Essa configuração psicopátológica de narcisismo ehostilidade, que se controlam e ao mesmo tempo se ex-pressam na pseudocolaboração, éom traços de hipocrisiae complacência, provoca, como,é de se supor, uma gravesobrecarga na:&ontratransfetência. O analista encontra-se

w preso em uma situação difícil, já que percebe que seu tra-balho está seriamente ameaçado por alguém que, áomes- .mo tempo, apresenta-se como seu aliado; Por isso, Rabih,;ccsustenta que um dos indicadores mais preciosos para ..de-é~c0:,,:c"';·tectar o conflito e poder interpretá-Ioajustadamenteé::~:::::-:::~prestar atenção à cContratransferência.Se o conflitocon-·~;-·-";::.':.tratransferencial toma-se dominante, é possí\Telque à pseu- o.cdocolaboração do analisando encontre sua contrapartida;"""",;:::::::nas pseudo-interpretações do analista.

PUNDAMENTOSDATÉCNiCAPSICANAlinck-15l·

-.~." .

PSEUDO-ALIANÇA TERAPÊUTICA

Muitos autores, como Sandler e colaboradores (1973),Greenson (1967) e outros, assinalam que, freqüentemen-te, a aliança terapêutica e a transferência confundem-se,que às vezes a aliança repousa em elementos libidinaise,menos freqüentemente, agressivos; é, em outras, a pró-'pria aliança êoloca"se a serviçoda resistência, impedindoo desenvolvimento da neurose de transferência. A partirdessas observações clínicas; Moisés Rabih (1981) consi-

<-deráque sempre se dêve levar em conta a formàção deumapseudo-alicmçaterapêutica e prestar atençãoaos indi-

~càdoresçlínicos que possam evidenciá-la.Rabil:iconsidera que apseud<raliança terapêutica é

uma expressão do que Bion (1957) chama de personalida-de psicótic~ (ou parte psicótica da personalidade); que àsvezes assume a forma da reversão da perspectiva (Bion,

. 1963). Uma das características da reversão da perspectiva,""recorda Rabih, é a aparente colaboração do analisando.

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20

.#0-.

Aliança TerapêutIca: Disçussão,Controvérsia e Polêmica

A idéia de aliança terapêutica é fácil de se entender 'pata sesÍttrarno pr~sente, e não àlgóqti~ s~rêpeti:"iliã.êiO'intuitivamente, mas custa colocá-la em conceitos. Talvez:nalment~clopªssªd()jpe"rtttrbandomin.haapreciaçãodciseja por isso que, quando discutiIrios o tema, todos temos ',present~. Desse modo, como Greenson e Wex1er,tambémlLrnacertaJltendência a assumir posições, já que sempreés"eparo a aliança terapêutica 'da transferência; poréIIlfaço:~i""[mais fácil a polêmica do que o exame seteno dos proble- ambas partirem, totalmente de acordo comMelanie K1ein:S;1'.--mas ede suas complexidades. Por outrOlado, um t~ma das relações precoces de objeto~d.ii"relaçãOda(:riançâ.co~~~trque toca tão de perto a nossa práxis e que afunda suas o seio, ao que Zetzel também chega fmalmente por seu fraízes na rnstóriada psicanálise presta-se'à çliscussãofrontal próprio caminho; Toda vez que o sujeito utilizar o modelo ~.'e apaixonada. Aoterminar sua exposição'ho Congresso de de mamar no seio - e os outros não menos importantes do mRoma, Greenson e Wex1er recordam palavras de Anna desenvolvim.ento -.para entendere cumprir a tarefa.que fFreud no Simpósiode Arden House para assinalar que tal" se lhe apresente, terá realizado uma aliança de trabalho. ~vez seja por isso que orelató deles tem um tom um tanto Todavezqúeprefend~r utilizar o trabãlho que se propõea ~desafiador e polêmico. Gostaria que o que vou dizer possa ele no presente, para voltar a se prender ao seio, incorrerá I'servir para pensar e não para discutir; porém, desde já, em flagrante transferência. 1 ~

não posso estar seguro de mim mesmo. Pensa-se que, em geral, a aliança.terapêutica é mais ~Quando,~m capítulos anteriores, tentei precisar e consciente do que a neurOse de transferência, mas isso t.

delimitar o conêeito de transferência, opondo-o ao de ex- não tem de ser necessariamente assim. Na maioria dos tperiênciaporum lado e, por outro, ao de realidade, assi- cas?s,o paciente salienta sua colab.0r~çã?e, então, temos fnalei explicitamente que o atode conduta, o processo men" de mterpretar a outra parte, a reslstencla; no entanto, a ~.tal ou como se queira chamá-lo,' é a resultante desses dois situação pode ser·oposta em um melancólico ou em um ~elementos: sempre há nele um pouco deirrealidade (trans- psicopata, nos quais pode estar recalcada a aliança tera- ~.ferência) e um pouco de realidade; e opassado é sempre pêutica, porque éo mais inaceitável, o mais temido, o in- _.'.:."utilizado para se compreender o presente (experiência) e consciente. Nesse caso, pode-se discutir, desd"éjá, se o que Z

:,-pata equivocácló (transferência). ".-"FC~"'"""''--'"="'''''''.'c,ç'ê_ se. interpr~tot1Ioi aç.1iançaterapêütica?u .simplesmente~1Será; então, uma questão a decidir emcadacaso;emF::;transferênciappsitiva;masissQPoderiaserresolvido ais-"'~r:

cada momento, se acentuaremos um ou outro; todavia, .~_~criminando"se,namedida do possível, o componente ra-:'r::"~elll última análise; uma boa apreciação da situação (e essa ~_cional, que é verdadeiramente a' aliãnça terapêutica, em ..~"""".•apreciação chama"se, em nossolabor; de "int~rpI~~(iǪO")~:=~"queas experiêl1ciaspassadas estãoa serviçodatáI'efaatual,~c1deve contemplar as duas coisas. SublinharIll()s:~um~a.:.,()u:..e oirracional, emqué- está côntida a transferênciapositi-"-t

_outraé.um problema mais de nossa tática que deno!;sava. Maisfr-eqüentemente, ocorre que se interpreta'atrans,7f"es~a.tégI....'aja.' q...ué.à situaçãO.·...é s.emp..re jntegrada p..0. res. ses fe~ê.n..c...i~(P ..os~ti"..aou-.negativa) e, comiSSO,.afiança-s.ea i,dOISfatores. aliança terapeUt1ca.'-' .. ~

Essesdois aspectos coincidem com oque chamamos, É evidente que, se dizemos que há analistas que só f:nestes capítulos, de neurose de transferência e aliança te-vêem atransferêIicia e que subestimam a realidade, esta~ irapêutica (oudetrabãlho).É, amev. jtlízo, ilusório ver mos afirmando simplesmen~eque eSses analistas estão ~uma sem a óutrae bastadizerque, quando contempla a equivocados, quando não"psicóticos -já que o psicótico é Irealidade intema,oanalistanãopode senão contrastá-la aquele que não vê a realidade. Basta ler um par de sessões Icomi~~t~l~~~~~i~~h~~i;stabeleslaàcoDiQaseieIIi .. de Richardpara ver até que ponto Klein (1961) atende os f'llilla·expen~Ilc"l~...Rr~YJ.ª,.11p'qllal.se,p()qe.,1:I;<l1:>a.1ha.r..com., --,.~~...,-...,-~_~ I',outrapessoa; como obe1:>ê,cOlIloseiodamãe,para reme~· lUtilizoaquiomodelodobebêcomoseioporsimplicidade.mas ,teinios às"fontes. Na:o"cham()~ssefenôll1ell0cfetransfé: meu esquemaaplica-sea qualquerrelaçãode objeto,aotreiria- .~''''",u,i!Q<s,,''lito<~",i<j'ri,~"adP!,;,ss.aoqu.,.~,.~tQ "finct~' po,ex'",p10. J

Page 7: Textos de Psicanalises

2 Acrítiaa l~caniàna vai, na verdade, muito além, porque questionaradicalmenteoegoemsi mesmo: con;idera-o ilusório, imagmá-rio, ou s~ja, próprio da fase do espelhQ,que contrapõe o sujeitoà ordem simbólica. ' " ,

aspectqs da realidade, seja a enfermidade da mãe, a licen- critica Klein. Quem são osego-psychologists, diz indigna-ca do irmão que lutanofront, a,invasão de Creta, o blo- do, para se arrogarem o direito de ajuizar a realidade? E aqueib do M7diterrâneo, et~. , ' , que chamam eles de realidade? Para Laca.n, assim como

TodaV1apara sermos justos, convem reconhecer que para Hegel, a realidade é antes de tudo uma experiêncianem Melanie Klein, riemseu~ discípulos, com a única ex- simbólica: todo o.real é racional, tódob raêi'onal é real.ceçãotalvez d~J;Aeltzer,leyaem ccm~ab conceito de~lian- Somente arazãopode dar conta dos fatos; porém, enquan-ca de trabalho. E dado pqrentendido e po~ óbvio, mas não to' o faz; os fp.tos já se transformaram por obra da razão,

.; integram à sU,ateoria, nem acreãifu:r;i·~~.e?sário fazê-lo. Mais adiante em seu ensino, Lacan conclui que se alcança "Apesar dessa falha teórica, essa fa.1ta,''''tf1t!llJ diria Lacan, a ordem do .real quando se franqueia a ordem simbólicatodos osanalistas kleinianos (e ninguém mais, talvez, do (atravessame~do fahtasma). Enfim, a realidade paraque Betty Joseph} âP.alis'am contínua e rigorosamente as <7 mim é que me reuni comum grupo de colegas para estu.

:fantasias do paciente com respeitoà tarefa analítica. Bion, dar a aliança terapêutica; mas perguntem à minha em-"a'quemninguém considerará um psicólogo do ego, falou pregada e ela dirá que, na realidade, há um grupo dejá em 1961. de grupos de trabalho e grupos de suposto pessoas reunidas para conversar, tomar café e sujar a sala.básico, como o fez, também, nessa época e antes, Enrique A realidade que ela vê é bem diferente, porquanto a sim-Pichon Riviere, em Buenos Aires. Bion, porém, nUi1:casebolizade outra maneira. Arealidade muda;a.stransfor-,_ocupou em verterpara o processo analíticoaquelas fecun- mações são distintas. A crítica lacaniaÍla à psicologiadcí~~"'~das idéia.s. Direi, de passagem, que, no CapítuloIIl de seu ego parte de qtienãÇ) podemos atribuir a esse hipotético:,"livrode técnica (1973), Sandler recorda generosamente Bion ego autônomo a capacidade de ajuizar a realidade, por-nesteponto, mas no mesmo parágrafo diz nada menos que que temosde"nos colocar de acordo sobre o que é a rea-.'C'.oskleinianos deixam de lad@a realidade e'so vêem nas co- lidade: não há realidade que não seja mediada pela;ra.;~~:~c;mUnlcaçõese nos comportamentos do paciente tl"ansfer~n- zão,pela ordem simbólica2 " ,

ciade atitudes e sentiIh.entos postulados como infantis.Por .Se tomarmos o trabalho de Susan Isaacs sobre a fan-acasoacredita meu amigo Sandler que, se'na Buenos Aires tasia ouo da ',interpretação transferencial de. Pauladehojealgum paciente me diz que não pode pagar meus Heimann, no Congresso deGenebrade 1955, isto é, anteshonorários completos, eu lhe interprete que quer castrar-me que se afastasse dessa escola, e todos os trabalhos da pró-'ou que tem inveja do meu seio( Ou pensaria, com m,aisbene- pria Melanie Klein 'referente~aesse tema, veremOs quevolência,que lhe baixo os honorários? Seria lindo não levar assinalam permanent~mente que há uma unidade indes~emconta arealidade. Mas é, infelizmenfe, isso impossíveL trutível entre ointeitt'o e o externo, que a realidade é vista

Paula Heinlann disse em Roma que alguns postula- por meio de projeções que são também percepções. O pro-dosdeGreenson e Wexler coincidiam com oSensinamentos cesso de crescimento (e igualm'ente o que se dá no trata-freudianas mais óbvios e elementares, mas isso também mento) consiste em ir modificand,oo jogo de projeções epode ser injusto; porque tudo depende da ênfase com que introjeções para que a distorção pese cada vez 'menos .••procedemos, Nem Greenson, nemWexler,nem os demais Portanto, desse ponto de vista, nenhum psicanalista ,queautores que propõem, a pártir de Sterba,a idéia de alian- siga MelanieKlein pode interpretarsem levar em conta açaterapêutica;jamais pensariam que propuseram algo que realidade. Não se deve perder de vista que, por definição,não estava no pensamento de Freud. O que se discute é se a interpretação marca sempre ci contra.ste entre o s:ubjeti-esses autores chamaram a atenção sobre algo que em ge- vo e o objetivo, entre o interno e oexterno, entre fantasiaral passa despercebido. e realidade. Este é um ponto que está muito claro notra-

no fim das contas, quando definiu o ego como um precip!- As críticas que se fazem reciprocamente as escolastado de relações deobjetopassadas. " sãójustas apenas no sentido de que cada teoria traz implí-

, A escola kleiniana, de qualquer forma, não aceita de .glO.dbaIgum que haja algo na mente-que esteja separadodo confliw,como tamDéti1ó afirma Chatles Brenner (1976;

,1982).Lacancritlca os psicólogos do eg6 com mordacidade,

cruelmente, de maneira sempre ~aisdilacerante doque

Page 8: Textos de Psicanalises

R. HORACIOETCHEGOYEN

cita a possibilidade de errar por um c.aminho mais dO que É attay~s de falhas como esta, pequena mas inegá.por outro. A ênfase teórica nos mecanismos ·de adaptação vel, que as eriticas de Lacan contra os psicólogos do eapode fazer Hartmann perder a.visãodo mundo interno; encontram justificativa. Aqui, Lacan poderia dizer, co;porém, esse risco não está implícito, de modo algum, à exagero,..que Green?on impõe.a Kevin seu juízo de realida.própria teoria. Aforma ampla com o qual Klein entende a de. Além dessaS situações-limites, porém, creio que os úni.transferência expõe seus discípulos a Ver a transferência cos que impõem seu critério de realidade ao paciente são.mais do que deveriam e descuidar da realidade, mas a os maus analistas (ou muito novatos) de todas as escolas'teoria não diz que a realidade não existe. e algumas vezes também, concedamo-lo, os maisexperi:

Lacan apostrofa Hartmann, porque se arróga o direi- mentados,em momentos em que sofrem uma sobrecargato de decidir o que é a realidade, de se sentir com o direito muito forte na..~ontratransferência. Se um paciente me dizde discriminar entre a neurose de transferência e a alian-·"- que o saúdo com um tom distante oudepryciativo, refutá,ça de trabalho, sem se dar conta de que ele corre um risco lo ou confirmá-lo é, na realidade, o mesmo: é como se eusemelhante, quando decide se seu paciente está na ordem acreditasse que posso julgar a realidade de sua percepçãodo imaginário ou na ordem do simbólico. A meu ver, o mas não é assim. Lembro-me de um paciente que, já 'risco de'Lacané maior, porque ele se acredita com o direi- final de sua análise, colocava-me u.rnproblema desse tipo.to de interromper a sessão quando lhe parece que o pa- Queixava-se de que eu não reconhecia o que elétinhaciente incorre no que chama de palavra vazia. cebido em mim (e que, entre parênteses, era muitoób-

A teoria da aliança de trabalho leva Greensona não vio). Em vez de apoiar sua percepção, que já disse que meser arbitrário, a aceitar o que' o paciente vê realmente, parecia certa,· interpretei-lhe que ele queria depender de-cuidando-se para não desqualificá-lo. SeJJ.mpaciente diz mim e não do que lhe informavam seu juízo e seus senti-que me vê mais encanecido e eu lhe respondo que me dos. Ao solicitar~me essa ratificação,=-voltava a delegarconfunde com seu pai (ou melhor, com seu avô), é mais mim sua própria decisão sohre·a realidade. Também lhedo que provável que eu queira negar uma percepção real assinalei a forte,ideálização que isso implicava: dava Dorque o paciente tem: eu instrumento umà't~oria correta, a certo que eu lhe diria a verdade, que eu não podia eng~á"teoria da 'transferência, para negar a realidade. Greenson 10,nem me enganar. Em úlfuna instância, o paciente estátem totál razão quando assinala· que para o analista é tão capacitado quanto o analista para perceber o que acon·sempre forte a tentação de utilizara teoria da transfe- tececoI}Í este-;,eaindamaisse há um problema. derência para negar os fatos; somos humanos, isso é evi- contratraíisf~ência. Esse aS'pecto é importante e, às ve·dente. O mau usp dateoria da transferência pode condu- zE!s,Il:ão·é.l~vadoem conta. E inevitável que, quando acre·zir a esse tipo de desqualificação, e tal risco é :inaior na dl~sqú.épodemos apreciar a realidade melhor do queteoria da transferência de Melanie Klein, pois-é mUlto os 'outros, transformemo-nos em moralistas ou ideólogos.mais abrimgente. Como diz Bion, o analista não tem a ver com osfatos, mas

Uníacoisa é"utilizar a interpretação para compreen- com o que o paciente acredita que são os fatos.der o que acQtlfece com o paciente, e outra muito diferen- É típico de muitos movimentos dissidentes da psica-teé,!sá:lâpai'; desqualificar o queó paciente viu, o que o ná1iserei~ndicar a iniportância da realidade social. Assimpacientépercebeu. Digamos, também, que esse é um pon- sucedeu com apsicanáiise culturalistados anos de 1930eto-chave do trabalho de PaulaHeimann (1956). tambélIl em BuenosAires na década de 1970. A bandeira

. EIng~ral; quando a interpretação desqualifica, é for- que esses dissidentes levantaram era que a análise 1<leÍnÍana_"muia<ia, como dizia Bleger, comouD?;anegaçã(). Umacoi- .,.....eraicl~()lógica.PessoalIIlente,penso queumbom analista,

.::eé~U:f:~~g:a:·;:~í~~~J~6~~~t!~~~~f~~{fi:*~~~~~~~i~~~t~~:~:~~:1~1~~.c~~2~~i;:~~~t:t:,x.ver-mede cabelos brancos;=eu=0~faç0~rembralH)ec:d0:pai.;-,~insiste7na;.·idéiac;"de.-aliança,-t~rapêtltiça,-ªtra vés ..'cl9 _qu

~~s~~~~ec~sâi:e:~~::i~~r~]fi{~?~l~~~~;~;fii[;~~r;~J~f~~~f:r~t~~~~;:::~~~~~:~c~Il,:~i4~~ie~ª:~do, identifica-me com .0pai.::cEa=~C:5c:lefͪ:1fM:'1:et:c:eabe10s='-;-'N1.eltZetra-::'Parte.idulta':\::é:.uIIl::conceito=metapsicolQgico,.c;.c

.....··~··brancose .ain terpretação.Mal~.r~i():Íii~sm0=~:,=:===""c·.~'=~'~··.·~é"ca'::parte:~ão:self~qii~ãtçãItçºi{J4m~J:iiY~1.JUai{)r·de·integra·Com.isso, ·aproximamo"noS"-ª.e~UIIfllt.Q.blgm::ª;;:qu.:e=C()ti=::::~~::'~ãQ];·i~P.1>r':çoJ1-s~gW!1!e;<ie..contatoco~;'~ u~·d~.de<:;Sje·

sidero fundamental e do ·qualjií..disse.a1g0~qüi3.nd0Jcrlehlàél~~=tºs=.externQ~,.]~essE!••~ºdo,~MeftzeiA?r9Pº~.~unl~.çoncéitoforma como Greenson fomenta aali~ç.é3.1eraJIªH!fÊ~.§~.s:.;=}}·::qe~~1~ç~:gue'Ilaprática~ 'parece=se20111o-dos psicóld=tento que aceitar a percepção ou o juízo do paciente como gosdo ego; embora' tenha um suporte doutrináriodife-reais, quando assim nos pi:lrece, tampouco modifica subs- rente. Meltzer propõe, por exemplo, que as primeiras in·tancialmente as coisas, como acreditaGreenson. A verda- terptetações sejam formuladas com suavidade e acoID- ~de é que umaiÍltetvençãoque tenda a respaldar a percep- panhadas· deexplica.çõesamplas sobre. a fOIfIla com.que Ição de meus cabelos brancos é tão perturbadoraqu@to a a análise difere das situações ordinárias. da vida em casa Ique busca negá~la. Porque do que se trata, na realidade, é· e na escola (Meitzer, 1967, p.6); lI...•:.•'.de respeitar o que o paciente percebeu (ou acredita ter É possível que outros analistas da mesma escola pen;percebido) e fazer com que ele assuma a responsabilidade sem que Meltzer fala "em demasia" com aparte adulta,por essa percepção. mas isso não impede que, quando a situação o impõe e t

~.

i'.

Page 9: Textos de Psicanalises

3 Blegercostumavadizer que, às vezes;.o analisandogira,demodoque,qua.ndofalamosà suaparte neurótica,responde-nosa partepsicótica,.e vice-versa.

comtodos os cuidados do caso, devemos falar com nossos imediato inoperante, e o material do paciente demons-pacientes.A quantidade e a forma com que o façamos de ttou. que tinha sido vivida~ não sem razão, creio ~ comofatovariarão, porque issojá é questão de estilo. Averdade cruel. Em oútras palavras, se não quisermos perturbaraéqueo diálogo analítico impõe-nos, a cada momento, uma juízo crí~ico.~a ~~pacidade de perceber do paciente, deve-decisãosobre quem falano paciente, o que nunca é fácil, mos cuidar-nos,- l.ftilizara assimetria da relação tranSfe-roastampouco é impossível. rencial para .apagar a simetria da aliança terapêutica:

Aatitude que o analista deve ter dependerá sempre, Recordo sempre com carinho de um paciente que'-segundb Meltzer, do queverdadeiramente surja do mate- analisei há muitos anos, quando cheguei a Buenos Aires.

rial. Se b paciente fala com sua parte' adulta, será preciso Era um homem de negócios, de modestos negócios, neu-responder a ele como adulto; se é com a parte infantil, O." rótico, ou meI:q1ir,borderline,comuma inveja do seio comoquê cabe é interpretar no nível da criança que nesse moe

'V. poucas vezes vi, que me ensinou muitas coisas de psicaná-roent6ele é. . lise. Quando já havia passado um .ano de tratamento, e

Pode-secriticar isso a Meltzer dizendo que, às vezes, depois das férias de verão, informei-lhe, como faço:..dero"fala-sea'parte adulta e quem escuta é a criança. No entan- tina, de meu plano de trabalho do anO,incluindo as fériasto, esse risco é inerente a toda tentativa de discriminar as de inverno e as do próximo verão. Perguntou-m.e, com as-partes do sefP Tambémexiste o perigo contrário e, como .sombra, se eu já sabia que as férias escolares de invernodizMeltzer,não escutar a parte adulta pode operar nega-;seriam nessa época. Ele ainda nãô tinha lido nenhum avicrivamente,como artefato de regressão. Certa vez, um pa_~:Csodo Ministério a esse respeito. Respondi-lhe, muito sim-

..ciente disse-me que "tinha a fantasia" de que fulano era plesmente, que tinha fixado minhas férias de inverno semmelhoranalista do que eu. Disse-lhesimplesmente que isso " levar em conta o feriado escolar. Saltando de fúria em seuera o que ele acreditava rea:1mente, e ele' seangustiol.l. divã, apostrofou-me:''Ah, sim! Claro! É assim! Por certoComoGreenson diz bem, é muito mais fácil para o pacien- que você, que é tão onipotente e que, com os anos quete falar da perspectiva de sua neurose do que a partir do tem, já não vai ter frlhos em idade escolar, tira as fériasquesente coroo a realidade. Ele sabe,·com'ç>o paciente de quando lhe dá na telha. E seus. pacientes que se ralem!".Greenson,que o analista será serena e equâhime com sua Embora meusaroigos norte-americanos não acredi-neurose de transferência, mas que pode perturbar-se, se tem nisso, disse a ele que tinha razão eque eu reconside-lhefala de fatos que podem ser reais. raria o que tinha feito. Poderia interpretar a ele muitas

Outro aspecto vinculado ao tema da aliançaterapêu- coisas, e todas certas. (e é claro que o fiz, em seu devido.ricaé o da assimetria da relação analítica, ponto que toca tempo!), mas antes recbnheci ajusnça de sua reclamação.a ética. Nem sempre serepara que o tipo de relação, no Por outro lado, na área da neurose de transferên-nívelda neurose de transferência, é radicalmente diferen- cia, a assimetria não é mais que a sanção de umarealida-te do da aliança de trabalho. É importante saber que a de, de uma justa realidade, a diferença de papéis; não éassimetriacorresponde exclusivamente àneurose de trans- certo, como pensa o paciente, que as frustrações só per-ferência, ao passo que a aliança terapêutica é simétrica. tencem a ele. Isto depende do ponto de vista que cadaQuandoo analista utiliza a assimetria,da relação analítica um adotar. O paciente pode queixar-se, por exemplo, depara manejar aspectos da situação real (que, por defini- "queo analista ofrustra porque só interpreta e nunca falação,pertencem à aliança terapêutica) ,está demonstrando de si mesmo. Para o analista, ao contrário, é sempre umasua veia autoritária. Essa confusão é muito freqüente, e grande frustração manter contato durante anos com umasdeve"selevá-la em consideração. Apenas quando o analis- pessba,o paciente, e nunca poder participarclhe aÍgumta.ocupacse··daneurose detr.at}sf~:r.~p.~iª:ª,<:l~p..ªct~ll~ea~i':~!:~~fªtoi.rnporJahsed.esu~y~ªa.}stoé tão:certoque .rouitos-~i";:-"'

=~~:~~~~;~§il~1!~~!~l~~!~~~~~~~~~[ti~~~- ereclamou, porque não ha.viasid0a\'isaâ:0:'G0Í11~Um.cPOUGQ-..·.·....-des eU.cana.1ista-esente-seiFUstradapoiqüe:nãóé".?;ã.~sfei:-C:·".~~=c;:..d~antecédência, Já que~pJão):eºa;Cpq.(iTaº~,~ÍJ}ili~esse::~;~tâ,~qúeamul1ier:'âQ-ãii~n$"f?- Ilã:o-pºqe~~~-ts1i~~-~::~=dIapara uma curta viagem déneZõ'Ciõs:n'sjül(ii~ª~ã.tõ~jiE~==-aiIa.li.saªcl1i:·E:~lijn)ilfst_ériCfqllal~d~sduas-sú-.ganhand o;-'--~=,te:rPretoua angústia de separaçã:Q-cfo~pa?íente~:=qu~:ele7~~po(ém:=estO"trcorivenciao de"qu.eériiuit({cIílaisfáciYsef-~·c.c .=.nãopodiatolerar a ausência, etc. Eisa interpretaçãO-forãé~c':bomé::~iIrã1istado que marido::-..,::..~:.:2~,-~'::::::-~-C:_: - .. -

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23

--. "".

ContratransferênciaePrQtesso Psicanalítico

Dissemos,em um capítulo anterior, que o estudo da6ntratransferência começa verdadeiramente quando seeixa de encará-la como um obstáculo e com atitudeóilnativaou superegóica, e se passa a aceitá-la comoum

'elementoinevitável eineludível da práxis.cl'iomologando-a:àtransferência, Rackerdizia que a contratransferência~,aomesmotempo, obstáculo,.instn.lmento e campo. '

. Um dos grandes temas que sempre se propõe, ao es-dar a contratransferência, é em quemecÚCiao processoepende do paciente, isto é, da transferência, e em queedidadepende de outros fatores. Esse problema foi dis-tido muitas vezes e o estudaremos a seguir, a pélrtirde

lÍmaclassificaçãoque distingue dois tipos decontratrans-férênçia,direta ou ini!!ir.eta.

po~de à direta deRacker, enquanto a utilização da contra-transferênciàpara fmS" de actingout corresponde à indire-ta. Se o .que quero é ser amado por meu analisando, mi-nha contratr.ansferência é direta; porém, se minha relaçãocom o analisando é influenciada por meu desejo de seramado por meu supervisor, então minha contratransferên-cia.é indireta, uma vez que.utilizo meu analisando comoinstrumento de minha relação com o supervisor.

A classificação da contratransferência em direta eindireta é válida do ponto de vista fenorÍlenológico,masdisctltível paraametapsicologia. No exemplo que acabode citar, o do candidato que se interessa m'ais por seusupervisor do que por seu paciente, dever-se-ia perguntaI"'se não existe antes de mais nada um conflito com,opró-priopaciente,.que fica deslocado sobre o super:visor;Podeser que o candidato sinta ciúmes de seu anali~alite'etente

,tONTRATRANSFERÊNCIA DIRETA OU iNDIRETA colocá~lono lugar do terceiro excluído, porexé:itrplo.''Ües~.• se modo, o candidato estaria exteriorizando seu conflito

Quando oobjetoque mobiliza a contratransferência edípico comseu paciente ou, então seus ciúmes fraternais.o analistanão é o próprio analisando,lllas outro, fala-se Mesmo nesse últilllo caso; em que o analisando éo irmãoe contràtransferêricia indireta. ~Aocontrário, a que pro- rival e o supervisor a imagoparental, sempre se poderiaémdo paciente é a contratransferência direta. Exemplos supor que, seo supervisor ocupa olugar mais importante,icosdecontratransferência indireta é o analista didáti- é porque ojovem analista desloca seu conflito principal de

o, pendente de seu primeiro candidato pelo quedi.rá. a'c um plano aoo\1troc.; ••,~" 'ccc.'=.=',. __,., .. " ' .Associação,eocandidaiopendentede se\1primeirocaso·-~·'~'. Dequalquérmodi):'a:sdiferénças entrecoÍ1tratra.ns:·:::~·~~jpeloque dirão.o Instituto, Seu supervisor, seu analista di- ferência direta e indireta, e especialmente as inteligentes ,.;;d4tico;..Todos.,sap,eIJl_,'1.f~gueponto.pe$a sobre noss a~~,.reflexc5~s.d~:i\r}nieReich,s-~ríiojlosso escopo den't.f<:J.emc ... ,

cont:rntransferênciao paciente.que, 'poi:aIgumemotivo," breve, qUando falarmos: cl~Srel~ç?~s..~?:tr~(1cting-outJdoccce-

desperta.o interesse de amigos, COléZé1$-ou:dasociedade' analista) e contratt:ansferência.~",c-:_=.,~·~~-=~~_,_-=.;··', .•....",.,elll:g:~~al.Estaé uma circunstância tão evidente que,mui~', '. Contud0lJ.em todos os cásos-'detran.sferêriciaindire-"'c--~;~tas vezes,'cna uma incompatibilidade para a ariálisedó -. ta pod"eIri,;'ámeuver; ser.qualificados de acting auto Como,-_.~."pontode vista doenquadre. , ..' - veremos'mais adiante, oactirigóüt dó aÍlalistaimplica algo

Adiferença entre contratransferência direta emdirec inais que um simples deslocamento de um objeto parata foi proPGls"tapo~'R~cker em ..s~us grillleiros trabalhos outro; este é um fator necessário, mas não suficiente parasobreofemà.,·coiliõ"'s"é":~~.~;':êín';;~"J)f~utosede o acting out.Contratransferência",o quinto de seus estudos, lido em Adiántemos, desdejá, que definiremoso contra-acting1948. Noestudo seis, "Os significados é usos.da contra- oÍlt; isto é,o acting out do analista, comoum tipo especialtra...sferêncié1"(1953), ao fázeruma!atualizaçãodasúlti- decontratransferência;vinculado é1uma perturbação damascontribuições, Racker ocupa-se do trabalho de Annie tarefa. Nesse sentido, é possível manter a definição deR.eich(1951),que distingue dois tipos de contratrans- contratransferenciaque demos no c:omeçoedestacar que,ferêncÍa:a contratransferência propriamente dita ea utili-quandoa contratransferência nãoé a resposta àtransfe-zaçãoda conttatransferêncià.parafins deactingout. Acon- rência do analisando, configura um actingourdo analista,tratransferênc:i.apropriamentedita.cleAnnie Reichcorres- Nesse caso, o paciente. é apenas um instrumento para que

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174 R. HORAClo ETCHEGOYEN

2Gitelsondeclara-se partidário.do penado' de prova, duranteoqual sepodetestar,em seu entender,nãoaperias a analisabilidadedo paciente, mas também as possibilidades de funcionamentodesse,par..analíticodetenninado .. (Sobre esse ponto, veja:se oque foi dito nó capo6, "O contrato psícahalítico".)1VeroCapít1,jJ,012,';Asformas de transferência".

Reações ao paciente como totalidade

o analista desenvolva um conflito que não pertence basi-camenteao paciente. Falaremos sobre isso mais adiante.

GITELSON E ASDUAS POSiÇÕES DO ANALISTA

o exemplo dois de Gitelson:efere-se a um analistjovem e uma analisanda que passá suas primeiras sessõeafalando mal de si meslÍla, afirmando que ninguém gostasnem pode gostar dela. O analista intervém para reconfortá~la: ela lhe causou uma boa impressão. Na sessão seguintea analisando traz um sonho em que o analista aparec~

Como vimos, ao estudar as formas de transferência exibindo seu pênis flácido. Essa paciente abandonou a aná.no Capítulo 12, Gitelson (1952) distingue duas posições lise durante o período de prova.2do analista na situação analítica e chama apenas uma de- Gitelson conclui reafirmando seu ponto de vista delas de contratransferênci"a. . ."..que essas rea.~es totais fr~nte a um paciente devem ser

Às vezes, diz Gitelson, o analista reage frente ao pa- consideradas transferências do .analista e atribuídas ilrea-ciente COmototalidade, e isso implica um compromisso tivaçãode uma antiga transferência potencial. Podem re.·muito grande, que o desqualifica para esse caso, ao passo ferir~se a uma classe de paciente ou a um paciente emque, outras vezes, .a reação do analista é sobre aspectos particular e podem ser positivas ou negativas. O que asparciais do paciente. caracteriza é que se referem _à relação em sua totalidade e

sempre aparecem precocemente na análise. (Disso decorore aimportância que Blitzsten atribui ao primeiro sonho.)

~

IIEm alguns casos, perde-se a atitudevde neutralidade Reações a aspectos parciais dopacient: ' f.•'

e de empatia que o analista deve ter e, se elenão pode i".

superar isso, significa qué o paciente reativou-lhe umpo- Aqui, a participação do analista não é total. São rea- itencial transferencial neurótico que não·o toma adequado ções que surgem mais tarde do que as outras e aparecem rpara esse caso particular. . \ \,. - . no contexto de uma situação analítica já estabelecida, ao ~

Gitelson cita um caso pessoal, uma mulher jovem que passo que, no caso anterior, a relação analítica não havia Iveio 'analisar-sé por suas dificuldades ,matrimóniais. Des- chegado',a se ,estabelecer., Gitelson considera essas reações) I-de o começo da análise de prova, fazia muitas queixas so- em selitidoestrito,como contratransferência. São reações I~.·"·:"".' ..·'.'

bre as injustiças que havia suportado ~m sua vida, a qual do analista à transferência do paciente, ao seu material outinha sido muito difícil. Na última de suas oito semanas à atitude do paciente frente ao analista como pessoa.de análise, trouxe um sonho que decidiu a conduta de A contratransferência do analista, assim descrita eGitelson. delimitada, prova sempre que está presente uma área não 1:.:.':,.'

No sonho, Gitelson aparegia em pessoa, 1junto de uma analisada do analista; porém, namedidá em que pode serfigura que representava com 'nitidez a colega que lhe ha- resolvida, não desqualifica o analista, nem tomaimpossí- ~.".'via remetido' o caso. A paciente aparecia como criança, vel a continuidade da análise. Para Gitelson,essas reações ~mas claramente identificada. Os dois adultos do sonho es- sãosimplesmente uma prova de que n.inguém está perfei· ~,.,tavarn em uma cama, estimulando amenin<lcom seuspés. tamenteanalisado e que, por isso mesmo, a análise é in- "Gitelson conclui que sua aparição.empessoa no sonho in- terminável .

.•dicava que ele, como analista, havia illtroduzidoum fator Como se vê, a c1assifi-.:ação de Gitelson procura

Gitelson sustenta quees secotip~"Ele~Fªaçc~AEãQ~~PQd~.•.·_~._-lítiça~eW,-~iiª:{QlêJ.iªâd~,_Ú]~iª_ºR~êieilt~e·pa.raoanaJjsta~_~~ser chamada de, contratransferêiiciá~ i~cqtl_~~?~P_~~~~t~_'-=;'::-Graçâsa=anál~se-=8~PI_()\T~iQ-~àlist~-pod~·verseestá em••...•converteu-se, por completo, em sua totalidade, em ÚTIl condlç6es·;fe se-iiichiii:-"nessé aspectoCparticular.da vida';",objetotransferencial para o analista li;"'âlém disso, o pa- que lhe propõe o paciente.ciente dá-se conta de qúe. é assim, como odelÍlonstraessa paciente Com seu sonho. Gitelson acrescenta que apaciente pôde fazer urna boa análise corria analista aoqual ele a encaminhou.

"[ZP -

Page 12: Textos de Psicanalises

'FONDAMENTOSDATÉCNICAPSI CANAlÍT1CA~H5c,~,,~,,--

bÀCOMUNlCAÇÃO DA CONTRATRANSFERÊNCIA

, Um problema que semprese.discute e queé talvez omelhor para terminar esse ciclo é o da confissão ou,'paradizêclo em termos mais neútros, da comunicação da,contratransferência.

, , Na página 4 de seu ensaio, ápós descrever asquali- como o desejo da histérica é o desejo do outro, do pai;:dodadespessoais do ànalista, Gitelson afirma que o predo- mesmo modo é o desejo do analista o que vale para Lacan.rníniode algumas qual~dadesem detrimento de outras dá Essa concepção parece-meunilateral, pois penso queoquadrofinal do analistá como pessoa ecomo terapeuta. oprocesso é mais complexO.Acontratransferência de FreudE acrescenta que nesse regis'tro total, e de acordo como não é 'algo que 'vem puramente do desejo de Freud, .maspredomínio dos fatores descritos, reside a razão de que também do que Dora lhe faz sentir. Porque quem é que,

'um determinado analista possa ter qualidades especiais sabendo O queéo complexo de Édipo, o amor, o ciúme, a('i 'para um tipo de pacientes e falhe em outros. dor e o ressentimento que os acompanham, poderia sus-

" A divisão que Gitelson faz entre o que ele chama de tentar que o vínculo homossexual de Doracom a Sra. K.'transferência do analista e a contratransferência foi acer- nada tem a v~.com o pai? Entre muitas outrasdetetmi-

tadamente criticada por Racker e por outros autores que ""'hantes,o apego de Dora pela Sra. K. tem o objetivo de.nãoconsideram que se possa manter essa divisão taxativa- "frustrar o pai-Freud, de se vingar dele e de fazê-lo sentir

.,mente. Contudo, ninguém tem dúvida, de que se trata de ciúmes. O conflito de contratransferênda de Freud nãodoistipos de reaçÕesque implicam um compromisso dis- provém somente dos preconceitos desse homem da Viena;;;..tintodo analista (e/ ou do paciente) de grande valor diag- do final do século XIX, mas também. de como Dora, a his-"",,"nósticoe prognóstico. Abordamos esse assunto ao falar da térica (e também apsicopata!), opera sobréelea~coiil.pre~:=~::~~'trànsfer.êncjaerotizada no Capítulo 12. Embora seja certo ensão que falta a Freud para operar a terceirareveisão_~ ..c •••

queha graus no fenômeno contratransferencíal, também dialéticaque, comveeD1ência enão sem ingenuidade, Lacan:;~·: ..éverdadeque a capacidade do analista para reconhecê- exige dele não provém apenas do desejo de Freud, mas dolose para tentar resolvê-los é o que, em última instância, desejo de Dora que, alémdisso':I1ão é osenão os desejos;;:::';.definiráo destino da relação. Tudo depend'e da capacida- de Dora. Se Freud fica enganclÍado e·s1.1c;'lInbê~kSU';'l:~::-;~dee do valor do analista para enfrentar e resolver o p.ro- contratransferência é porque Dora também o irtfluencia,···ble'ma.'Essas classificaçõés,comodizRacker,porque im- frustrando-o e rechaçandoco.Esse rechaço não é somentepliéamdiferenças quantitativas, demonsttam apenas que (como afirma Lacan) pela relaçaopre-genital (especular, .há uma áisposiçãoe uma exposição no fen6meno de con- diádica, narcisista) de Dora com aSiã'.:K (mãe); mas tam-tratransferência,à maneiradas séries complementares de bém por seus intensos ciúmes nb complexo'de Édipo dire-Freud.Esse esquema abrange, a meu ver,'táiílbérn.acon- to. Freud não tem dúvida neni'por úm momento de que,tra'identíficação projetiva de GrinbJ:.~Z~f9.ID9um caso es- interrompendo seutratament<t;"Dora toma-o objeto, viapecialem que a disposição tende a zero e a exposição, ao acting out, de uma vingança em tudo comparável à famo-infinito." sa bofetada no lago. .

Digamos, para assinalar as limitações da posiçã.ode Gostaria de discutir isso em um plano mais modesto'Gitelson,que, emseu primeiro exemplo, ele mesmo reco- e mais imediato, em relação à sessão que descrevi comnheceexplicitamente aparteq~e o paciente desempenha minha paciente. Penso que, quando minha paciente af1r-em suareação, como caí:npo em que lutam os dois pais ma desafiadoramente que eu deveria.-.t;aberque, quandoqueestão divorciando-se. Então, por mais "total" que seja ela se atirava no chãQ,em umabirr~, a mãe dava-lhe pon-a reação.de' Gitelson, o paciente tevealgó. a verem sua tapés,' operar a inversãõdiaiética, .dizendbaela que deve-configuração. ria ver qual era sua participação naquefesepisódios, não

. teriasido'suficiente, porque ela não ignorava que era suabirra que tirava a.sua mãe do sério. Creio que a situação só

Começaa insistir para que Dora torn:ecsetT;nscieiite"ô'ec'qtiéc':'::'cmomentoeremetê-laàsuàhistória.c .._. . . .querK. e, ainda de'que há eleméntos de juízo para pensarqueK. também a quer. É evidente que Freudaquiseafastadeseu próprio método, já que dá opiniões e faz sugest§es';mas não é isscíqueimportaagora sublinhar, e sim que atese lacaniana de que a transferência éo correlato da.Contratrartsferênciaarticula-se' com Os'.pontoscchave dateoria lacaniana do desejo e da constituição do ego e doSujeito.Assim como a criança é o desejo do desejo, assÍIn

Page 13: Textos de Psicanalises

1) oS.6entimentos contratransferenciais .ançmIlaisque devem ser considerados como urI1a'prov~de que o analista precisa de mais análise;

2) os sentimentos contratransferenciais que têmaver coma experiência e o desenvolvimentopes_soaldo analista e dos quais depende0 trabalhode cada analista;

3) a contratransferência' verdadeiramente objeti-va do analista, ou seja, o amor e o ódio do ana.lista como resposta à personalidade reàl e aocomportamento do paciente, que se baseiamemuma observação objetiva.

30 trabalho foi publicado no International Journal de 1949, edepoisem Through paediatrics topsychoCanalysLs.4"1 suggestthat ifan analystisto analysepsychoticsorantisociaishe rnustbeable to beso thoroughly aware of the counter·transferencethathe can sOrtoutand studyrusobjective reélctionsto the patient" (!ntetnationQ,/Journal, 1949, p. 70).

fevereiro de 1947.3 A contribuição de Wirinicotté interes_sante, sobretudo porque oferece certa informação sob, .. . ,... resua teclllca com os PSlcotlcose OSpslcopatas. Não seref .re à corttratransfe.rência se a considerarmos estritamen:

• .' ,. . • '.0 ecomo lllstrumento teclllco, mas a ce!l0s sentlmentos reaique podem surgir no analista, especialmente o ódio. s

D. W Winnicott classifica os fenômenos contratrans_ferenciais em três tipos:

Poüco antes de aparecerem os ttabàlhos de Racker ede Paula Heiriianri,Winnicott falou da contratransferêrtciaem uma reunião da SociedadeBritânic('l, ocorrida em 5 de

AS IDÉIAS DE WINNICOTT SOBREA CONTRATRANSFERÊNCIA

.Em geral, os autores pensam que não se deve comu-nicárá·contratransferência, que a teoria dacontratrans-ferência não vem mudar a atitude de reserva que é pró-pria da análise. Quando estudamos a aliança terapêutica,dissemos que o processo analítico exige uma rigorosaassimetria no nível'da neurose de transferência, mastam-bém uma completa eqüidistância quanto à aliança de tra-balho.O enquadre exige quesófalemos do paciente, masissonao implica que neguemos nossos erros ou ocultemosnossos conflitos.Entretanto, reconhecer nossos errosecon-flitos não quer dizer explicitá-los. Ninguém, nem mesmõos que advogam m.ais decididamente pela franqueza doanalista, está de acordo em mostrar ao paciente as fontesde nossci'erroe de nosso conflito,pois isso equivale a fazê-loarcar com algoque não lhe corresponde.

Se lemos com atenção o trabalho de Margaret Little(1951), de quem se diz que é partidária de explicitar acontratransferência, vemos que não é de todo assim. Eladiz expressamente que não se trata de confessar a contra-transferência, mas de reconhecê-la e de integrá-la na in-terpretação. . . -.-' ?

A análise tenta devolver ao paciente sua capacidadede pensar, restituindo-lhe a confiançà em seu próprio pen- De acordo com essac1assificação,Win...·..ücott inclina·sarnento. Isto se faz levantando os reccl:camentos e come se por um conceito muito amplo de contratransferêncía,gindo as dissociações, não lhe dando a rizão ou dizendo- que engloba os conflitos não-resolvidos do analista, suaslhe que o que pensou de nós estava certo. Não se trata de experiências e sua personalidade, bem com.osuas reaçõesesclarecer o que o analista sentiu, mas de como o pacien.te rac{onais, objetivas.sentiuede respeitar o que ele pensou. Quando, em um Combase nisso, sustenta que o analista que trata pa·àto de sinceridade, avalizamos:o que o paciente pensou de cientes p~icóticos ou anti-sociais deve estar -plenamente l·-

nós, não lhe fazemos nenhum favor porque, em última consciente de sua contratransferência e deve ser capazdeinstância, voltaremos a fazê-lo pensar que nós temos a úl- diferenciar e estudar suas reações objetivas frente ao ana·timapalavra. O paciente deve confiarem seu próprio pen- lisando.4 Na análise dp psicótico, a coincidência do amoresamento e deve saber, também, que seu pensamento pode do ódio aparece contin~amente, dando lugar a problemasenganá-lo, tantO como pode enganá-lo o pensamento de manejorão difíceis que podem deixar o analista semalheio. .'_ _ recursos. "Essa coincidência de amor e ódio à qual estou

Nesse ponto, orema da contratransferência entra em. referindo~me é diferente do componente agressivo quecontato com a interpretação. O conteúdo e sobretudo a complica o impulso primitivo de amor e implica que, naforma da interpretação expressam.às vezesacontratrans" história do paciente, houve umafalha ambiental no IDO-

ferência, porque a maioria de nossas reações contratI".ansfe~-"C_mentoem_qu~seusimPlllsos.instintivos buscavam seu pri- L

_r.enciais;·9u~do r;ão sa ~e~os~tI"~?tggq:~~l~cs~IIl,,}tt~TI-i~i:.~:t=J()~jeto':c=:~~R:.te~ati(jTh~-t~()!-1rIlal,1949,-p?O).c-:::_ •.t~;:;menIaS tecrncos, e canalizada"atJ.'a:Mes~iie"'tlma;;..ma"-l!'1ter:-;.~:;,~,:""~,,~Deni:<ll1d,():sell1"dlSCUtlr,nest~Jl1omento,as,áfiI1l1açqgs.' .•~_'"'-;

,.....,~."...;~~t:i::~~:"?i!~!~fA~!ltt~~~±;E!~~~\~~~~~~~é~'~". contrátransfêrência aproxi,ma-s,edq.EJ.J1~-W~nI'licQtiE1947}i-'~reconhecê"lo·em:seu.fQrointi:q:lo~e_reseIY.á:1Qªtéque.che.· .. '.

,··__····_-~·~-·~f~p~~-;~~~h~~~;;~~~~~ª~;;t;~i~;~~~;~~~~i~~--~~~~~~~~~i~~:-~~~~1~J~~~~~~~~~~~1~~ét::==!.~provoca no analista e qrieéum-oui-o~rê-a:l,:E~um"Ctêma-qu<:-tera=Objetividaae-coiíí~tespeito'atudooque o-paciente ... '"merece serdiscu tido, porque jtfstaffi'efJTe~pºr-B.~firuça8,·"a~-:·traz;é--ftri{caso especiatâíss'o é a i:iecessidà.deçloana1ist~':r'=transferência e a contratransferêticiáilãosãO"reais'~.~::"=.'~-:'~'deser'capáz'deodiaiopacienteobjetivamente" (p.70)·---:·I.·

.. , -, ~"

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I

Page 14: Textos de Psicanalises

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*N. de R:T.Nomeçlasecretáriado autor,na época.

COMENTÁRIOS E REPAROS

O exemplo que Winnicott traz talvez não seja o me-lhorpara discutir sua técnica,já que se trata de uma crian-cade nove anos com graves problemas de conduta, a quem~bergou durante três meses em sua casa. De qualquermodo,Winnicotta...+irmaquesua possibilidade de dizeràcriança que a odiava, cada vez que ll;Ieprovocava essessentimentos,permitiu-lhe seguir adiante com a experiência.

Assim como a mãe odeia seu bebê, e por múltiplasrazões,6 analista odeia seu paciente psicótico; e, se isso éassim,não é lógico pensar que um paciente psicótico emanálisepossa tolerar seu próprio ódio contra o analista, a'menosqueo analista possa odiá-lo (p.74).

Winnicott pensa, em conclusão,. que, se é certo o queelesustentil, isto é, que o paciente desperta um ódio obje-tivo no analista, então se coloca o difícil problema deinterpretá-lo.Questão delicada, que exige a mais cuidado-saavàliação;porém, uma análise será sempre incompleta,seo analista núnca pôde dizer ao paciente que sentiu ódiopor ele quando estava doente. Somente depois que essainterpretação for formulada é que °paciente pode 'deixar

. deserum infante, ou seja, alguém que não pode compreen-dera que deve à sua mãe.

porque querem ter problemas ou porque já os têm e pen-sam resolvê-los dessa maneira. Por outro lado, a decisão'dos Winnicott de abrigar ,a criança não surge somente de

'seus sentimentos geperosos, o que seria difícil de questio-nar;'mas tambéÍnde um (legítimo) desejo de investigarepôr à prova suas teorias e, nesse caso, a relação deWinnicott com a criança seria mais egoísta (ou narcisista)go que parece e seu ódio já não me parece tão objetivo. " "

'\.. Gostaria de propor essa discussão em termos maisrigorosos e dijer que à idéia de um ódio objetivo na

~.contratransferência tropeça em três dificuldades:Aprimei-ra, que acabamos. de cQnsiderar, é de definição, porquetransferência e contratr§U1sferêp.ciadefinem-sejustamen-te por sua falta de objetividade. Em segundo lugar, deve- ..•se aplicar aqui Oprincípio da funçãqlIl últipJii.g~}Yã1derdizer, então, que nenhum sentimento é objetivo, nem dei-xa de sê-lo: é sempre as duas coisas. Isto nos obriga a levarem conta muitos fatores, de modo que, quando chegarocasião de dizer ao paciente (e ainda que seja na melhor,oportunidade concebível) que uma, vez sentimos por .ele,~=;;;;;;;,;um ódiojustificado, será sempre umasimplificação;-e temo;::;~;:que também uma racionalização, porque nem Winnicott ."~c.estará isento dessas falhas. Então, se fOrverídico como me

'pede Winnicott, terei de dizer ao paciente não apenas queo odiei "objetiváinente" há três anos por seu comporta-mento insuportável, mas também que naquele momento

A forma como Winnicott prOpõe o problema da ..estava mal com minha mulher, que estava preocupado comcontratransferência é muito original, e saltám à vista suas' minha situação econômica, que havia sido rejeitado umdiferenças em relação aos outros autores. Ao inclúlr"na .artigo meu no In,temational Joumal, que o dólar tinhasu-contratrap.sférênciao sentimento objetivo ejustificado que bido outra vez, que Reina* continuava faltando, que nãooanàlista pode ter, modificamos a definição conente de me saíabema aula de contratransferência; e isso me pu-transferência e contratransferência; os sentimentos obje- nha em conflito com meu analista Racker e com meu ami-tivosnão são incluídos nelas a não ser por extensão: quan- go León e... Deus sabe quantas coisas mais do gênero. To-dopensamos que nenhum sentimento é absolutamente ob- das certase objetivas .

.jetivo,implicamos que deve haveruma parte não-objetiva Disseque tinhauma terceira objeção para Winnicott,quenãoprovém da realidade, mas da fantasia e do passac e é a seguinte: não creio que sentir ódio contra umpacien-do.Esta é, porém, uma obj eção um tanto acadêmica. Ao . te, por mais agressivo, violento, pesado ou maldito que

. fimeao cabo, as definições comumente aceitasnemsem- seja, é uma reação objetiva. Será justificada, totalÍnentepre sãoas melhores. . " ..' ....•. .•.~~.._ .•.•'_-c ••• justificada,masnão objetiva.Pgrqueoúnico fato objetivo

No entanto, ....as idéias·que~fs1ãrLibst~~~~~dQJó-:.~~e'·qtie.iQII1erB~ pãCie~te.p~;:râjúdá:l() à resolyer:seuscpro:.~:~E~.:::;"dem-ser questionadas ta.IDb€m:~àt0utrã~ahelra::p'êfgun:.·::~~blen'iase~<::gnt.(>::c:onr..1ll:~1l=I~ttirg'pãra'maI1~~~,,"meu::eéttlilí-'';:2:':::.:"::;'

tando-seatéque ponto .·éÔbjetivcf,o'juízo~de~qualqu'erana"~:·bri().Se.nãoomantenho;percoIP.inhaQbf~~yiclad~,:.o.glle.;~:'~::'<:::.c-:

":~Iª~~i1~~~~~l1il!l§l~lªi~11~~i~~!i~~~I;~~gllnta:o quanto há de artefatonatéénrcaWirinicórii.áiTa?,~~::,~:c;;;Se,pudeseLdaro' naquilo .'que. expus, ,.Sefossejustificado o ódio de WimiicOttpara comseume~·compreerlâer. que rriéÚdesacordó torna idéia de contra-,hino deI10ve anos, teríamos de perguntar see racionaltransfetência objetiva de Winnicott questiona por exten~leyá.-Iopara sua casa..O próprio Winnicott observa0 gesto são sua técnica do manejo, sua .hipótese básica de que asgeneroso de sua esposa ao adrniti-Io, eseriapréciso pro- alterações dodesenvolvimento emocional primitivo devemvar que essa generosidade do casal Winnicott - elogiável serresolvidas 90m atos (manejo), e não com palavras (in~cOfiloexpressão humana -estava livre de todo compro- terpretação). E justamente porque Winnicottacredita-semissaneurótico, o que é muito improvável. Não é neces-sárioconhecer de perto um determinado casal, para supor

[ .•.~que, quandO decidem introduzir um terceiro na casa, é

~

Page 15: Textos de Psicanalises

5 Refiro-meconcretamenteaos fatoresbiológicose sociàis.

NOVAS IDÉIAS DE WINNICOTT

na obrigação (e com direito) de atender aos fatos reais eobjetivosque sua resposta contratransferencial tem logica-mente de terminar por se situar também nesse plano: aodizer que seus sentimentos são objetivos, Winnicottperce-be corretame'ntealgo que poderia ser deduzido logicamentede sua práxis.

Com isso tema ver também, segundo vejo, a teoriado desenvolvimento de Winnicott,quando afirma que apsicose é uma falha ambiental. Cn'io que o grande analis-ta inglês é, nesse ponto, mais severo com os que foramresponsáveis por essa criança do que com ele mesmo coth"oanalista.Seguindo Melanie Kiein, creio que essa tlistecria-ção, qu,: é a psicose, provém conjúntamente da criança ede seus pais (e de muitos outros fatores que aqui não vêmao caso).5

"

178 R HORACIO ETCHEGOYEN

necessita uma regressão. Opaciente com tendências .'. ." , d . d antI·SOCIalS'.esta em um esta o permanente e reação dia t

de umaprivação"(p. 196), de modo que o terapeutavª~te I'obrigado a "corrigir constan~emente a .falta:d~ apoio~~ tego, que alterou o curso da vIda do paCIente" '-P.196} .f.'

Nooutro tipo de pacientes, a regressão torna-sen Icessária, porque apenas através de uma passagemp"'l' Idependência infantil podem ser recuperados: "S.eseqt:a Jque o verdadeiroself, que se acha oculto, tome o seulu":' ·1•....não haverá.~ais remédio senão provocar o colapsOdo~a:ciente como parte do tratamento, coma consequentehe.cessidade, por parte do analista, de fazer as vezesdemãejda criança na qual se terá convertido't>paciente" Cp.197) t

Anecessidade primitiva do paciente leva-o a atraves: tsar a técnica do analista e sua atitude profissional, quesão ~um obstácttlo para esse tipo particular de pacientes, esta· tbelecendo forçosamente uma relação direta, de tipopri· ímitivo, com o arialista. . r

Winnicott separa, finalmente, esses casos de outros l.Emum simpósio sobreacontratrans,ferência que ocor- nos quais o analisando irrompe na barreira profissionale I

reu naSociedade Psicanalítica Britânica em 25 de"novem- pode promover uma resposta direta do analista. Winnicon Ibro de 1959, Winnicott voltou ao tema, mostrando que opina, aqui, que não cabe falar 1e contratransferência, mas í:suas idéias haviam mudado bastante. Na ocasião, diz que simplesmente de uma l"eação do allalista frenteàcircuns. t"apalavra 'contratransferência' deveria Ser devolvida à sua tância especial que transgrediu seu âmbito profissional: 1acepção originária" (1960b, segunda parte, Cap.6, p.191). empregar a mesma palavra para fatos distintos somente lWinnicottpensa que o trabalho profissional difere por com- pode trazer confusão. fpleto da vida corrente e que o analista encontra-se subme- Em conclusão, Winnicott mantém suas conhecidas !

tido à tensão ao manter uma atitude profissional (p.193). içiéiassobre o mQJlejo dos pacientes regressivos; pôiéri:l,ai-IO psicanalista "deve permanecer vulnerável e, apesardis- gumas de suas afirmações de 1947 (que há pouco critiquei) iso, conservar seu papel profissF9l!al-durante as horas de parecem ter-se modificado substancialmente e, com isso. ~'trabalho" (p. 194). E acrescerita,PQuco depois: "O que o retorna-se a uma concepçãoclássicada contratransferencia. fpaciente encontra é, com toda certeza, a atitude proD.ssio- Apartir do trabalho de Winnicott que estamos discu· inal do ànalista,e não os homens eas mulheres instáveis rindo, Painceira (1997) susientaquea contratrarisferencia 11..,.•

que os anaIisldss~õémsua vida particular". Winnicott sus- "deveria significar o que significava no princípio, a patolo- ,tenta, pois, firmelD.e'~teque"entre o paciente e o analista gia do analista" (p. 386) e salienta "a diferença entrea ~.'está a atitude profissional deste, sua técnica, o trabalho psicanálise aplicável como método ao tratamento de pa~ 1que faz com sua m.ente" (p. 195). Graças à sua análise pes- cientes neuróticos, e uma versão modificada da mesma, t,soal, o analista pode permanecer profissionalmente com- aplicável a esses casos" Cp. 387), ou seja; aospaciêIltes t

f~~~""?~iPf~cIJJ.eti~o,senl~?fre~ l1~a ~ensãoexcessiya. ...., .:C.3~cCOl1l nu: f~so,selfpredom~nan~ê; nos quais a regressãoà 1~:=;~O"~~:;,,::~C?mbaSenIsso, "VVlnIllcq1:tdefendeuma'ldeIa,1J~em~;.depe~~encIa e uma eEapa'meVlt,:velpara a cura. Otel1ll0~·"J>._J"=~~~,delín:iitáda.e: c::ir.clln,icriXÇl.~dÇl.çp.lnr.çttrél11.$feiiêriCia,:.cujO::Sig=.c=:mCl!]e}O,:xeduz-se,pois;'a cuidartransitoriam ente··de.umt·,

Aimerisariiaiónaa"aspéss'oàs que vêm ao tié3:tamen- .~..to, prossegue Winnicott, pode e deve ser tratada da forma RESUMO FINAL *já referida. Todavia,há outro grupo depacie'ntes, reduzi- . .1do, mas nem por isso menos significativo, que altera por Apesar de a contratransferência como fator impor- ,-completo a atitude profissional do analista. Trata-se do tante do processo analítico ter estado semprepreséntena .'paciente com tendências anti-sociais e do paciente que mente dos analistas, como prova o exemplo destacado de ·.....1.

EUaSharpe,é inegável que somente a partir da.metade doséculo XX a contratransferência otganiza-seem um corpo Ide doutrina completo. Apartir desse momento, a cohtra- :

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Page 16: Textos de Psicanalises

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...........

transferênciatoma:nos mais responsáveis por nossa tare- Entretanto, a mudança substancial que vem dessesfae destrói, com argumentos válidos (e analíticos), aidéia anos não é esta que acabo de assinalar, e sim que adeum analista que podemanter-seincóltlme, àmarg€mcontratransferência é aceita não apenas como um ingredi-dopr?cesso.Ao contrário de)que se pensava antes, a idéia ente ineludível do,processo analítico, mas taIllbém comoquetemos_agora.éde que a c_ontr~tr~sferência exist,e,deve um instrumento de compreensão. Essaidéia, como vimos,existir'e nao tem por que nao eX1stIr,Devemos levp.-laem· é a que fundamentalmente tI-azemPaula Heimann e Racker,consideraçãoe,como diz Margaret Little (195:}), o analis-e é por isso que lhe demos uma posição especial neste de·raimpessoal é simplesmente um mito". , • ._ -"'::-senvolvimento.

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9

A VERSÃO FREUDIANA DE/NSIGHT

O-:Insight e suas Notas Definidoras *

Seo processo psicanalítico propõe-se à obtenção do "Insight" não é, por certo, um termo freudiano; pro-insight;entãoo ir..sight constitui por definição a coluna vém na realidade do inglês, tanto comopalavTa quantovertebral do processo psicanalítico. . como conceito, já que foram os analistas dessa língua, na

. Essa idéia não é por si mesma polêmica, porque é Europa e na América, que o cunharam. Penso, entretanto.,, aceita praticam.ente por todos os analistas; o que se dis-que os autores que resolveram utilizar essa palavra não ocute, porém, é se há outros fatores que coadjuvam com fizeram com a idéia de estar introduzindo um novo con"o insight para determinar a marchado processo. Há aqui, ceito; consideraram, antes, que haviam dado comum vo-sem dúvida, um problema de fundo, q~e não é o mo- cábulo elegante e preciso para expressar algo que perten-mento de estudar, mas é necessário advertir que, às ve· ce por inteiroaFreud. A análise propõe-se.a dar ao anali-zes, as divergências dependem do alcance que sedê às sando um melhor conhecimento de si mesmo, e o que sepalavras. . quer significar com insight é esse momen.toprivilegiado

Nacht(1958, 1962, 1971) pode questionar a atitude da tomada de consciência. Deixemos claro, porém, que ade neutralidade da técnica clássica e contrapô-la ao que palavra Einsicht, equivalente ao inglês insight, aparece ra"chama de presença do analista, mas nãoêhega aquestio- ras vezes na obra de Freude, é evidente, não comO signi-nar a função do insight, como se pode ver em sua exposi- ficádo teórico que se dá a ela atualmente.ção ao Congresso de Edimburgo de 1961. De qualquer Aolongo de toda a sua obstinada investigação, Freudmodo, e diferentemente de Nacht, a maioria dos autores afirma que em seu método o fundamental é o 'conheci-pensa que Ô'insight é obtido fundamentalmente por meio mento. Em uma época serão as recordações, em outrà.osdafuterpretação psicanalítica, embora também aqui haja instintos, mas a meta é sempre o conhecimento, a buscadiscussões, porquanto para alguns o inS'ight pode seral- da verdade.cáIlçado também com outros métodos. Um homem tão :.c., Na primeira tópica, o conhecimento consiste em tor-rigoroso quanto Bibring (1954), por exemplo, diz que o nar consciente o inconsciente. Essa célebre máxima teve,insight é obtido não só através da interpretação, mas tam- em princípio, o significado tópico de uma passagem do .bém do esclarecimento, apesar de que esteseja, novamen -,="oc~sist~lIl<l)~SªoPJ:cc,mas aü;sp Jogose,aCJ:esceflt()uPP()nt();~'=':,,-%J

"lei'um problema de definição e,.comoafirmaWal1erstein~.de yis1:adinâmico,à medidaqueé,a.partiiClovenciiilento'~·};~=:.(1979) ,seja mais fácildizêclo do que discriminá"lo na" das resistências que algo se toma consciente; Desseriiodo,,~:,~pr~ticª.~."" . .. ..... aidéia e~riquece-see recobre-se deumcoI~J~!ÍdQ!Ji~tapsi~

.Em resumo, todos os autores pensam que o i11Sight,<:()t2g1c:o;semque mude sua essência:=::C~_?C:::c~~-':;::":C:=::=-,,.ºmotor principal das mudanças progressivas que a análi-~__ .' o terceiro ponto de vista da metapslcorogia'-º'~l:º"<~~~~~~~isepromove,istoe, do trataIllento, porem Mos quelevaIíl' "'nÔmico,impõe que se faça a tomada de consciência ateiJ.~-::~:=·:=·-"êtti-conslderãç:aü'outrOs elementos' e/ou questionam as.... dendoa.o#J.ontante de excitação que surge no processo~A' .

;"'éotidiçõeseni' que o insightopera, como Guiter eMayer"--importâncià do fatorquantitativóenuelação à eficáCiada(1998).' interptetaçãofoi estudada por Reich (1933) e por Fenichel

Ninguém duvida, no entanto, que haja outrosfato-, (1941), embora já esteja presente, de fato, nO métodoresque podem remover os sintomas e mesmo promover catártico,quando Breuer e Freud (1895d) assinalam quemudanças na personalidade, mas pertencem às terapias somente quando a recordação patogênica alcança sufici-sugestivas ou'supressivas, que atUamper via di porre, não ente carga afetiva ela é eficaz para modificar os sintomascOmo.a psicànálise.' neuroticos.

o conceito econômico é, pois, simultâneo (ou pré-vio) ao topOgráfico;o conceito dinâmico, porém, não podeser estabelecidoant~~, que se formule a teonado recalqu.e.

-"Em resumo, a regra de tomar consciente o inconscien-te vai rec.obrindo-sedos diversos significados que Freud

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. :~'.tt.:•.. -,--- ~:37~"'~~R.HORÁCIOETCHEGOYEN

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AS ACEPÇÕES DO SUBSTANTIVO iNS/GHT.

insight dos impulsos e sentimentos inconsCien.tes 4 N-'. . . '. '. essetr,echo ~.en:-o~~,os do mesmo trabalho, parece que o Vr,.

cabulo Lnslght. e empregado <;omo mesmo rigor quo e t-. a u,almente. . .-

Se~pre é difídídecidir em qu~ momento uma pala.vr~.da lingua?"em comum r:,~ob:e-s,~ de um .significadoteonco; todaVla, no caso de .mSlght , temos dois P0nt

. de referência importantes. No XIV Congresso Intetnaci:. nal, realiz.adoem Marienbaq. em agosto de 1936, ocorreu

. o Symposmm .(tJl the theory of the therapeutic results of

'"psych(J-analysis, do qual participaram seis dos grandes a.'1:listas dessa ~época, Edward Glover,Fenichel,StracheyBergler, Nunberg e Bibring.5 fJi foram coletadas vá...'iashj:póteses quanto à natureza da' ação terapêutica da psica-nálise, mas a palavra "insight" não aparece. em:nenhumlugar. Strachey,que a menciona em seutrabalh9d~ 1934quando dizque a segunda etapa da interpretaç'âü mutativ~é malograda se o paciente não tem insight e não pode dis-criminar entre o que está acontecendo como analista e oque vem do passado, não a emprega em Marienbad,sem .dúvida porque não lhe parece necessária.6

Vmte e cinco anos depois, em 1961, volta-se aotemano XXII Congresso Internacional, realizado em Edimbur-go. o simpósio foi chamado, dessa vez, de The curativefactOTs in psycho-analysis, e dele participaram MaxwellGitelson, Sacha Nacht e Hanna Segal, junto a quatrodebatedores(Kuiper, Garma, Pearl King e Paula Heim.ann).7Todo o interesse dos expositores centrou-se no insight, eninguém o questionou como fator predominante (e talvezúnico) para eXplicar os fatores curativos. Assím, o lapsoentre os dois simpósios representaria o tempo históricono qual a palavra "insight" trans(oriÍJ.a:se em:um vocábuloestritamente técnico.

TRANSFORMAÇÕES DA PALAVRA INSIGHT

desenvolve em sua primeira tópica, os quais, quando sur-ge o conceito de insight, aplicam-se a ela com naturalida-de e sem violência, Assim, o vocábulo insightamolda-seperfeitamente à metodologia dos trabalhos .de 1915, eFreud poderia muito bem ter dito: o método psicanalíticotem por finalidade tomar consciente o inconsciente, e aessa tomada de consciência chamaremos de insight.

Anos depois, quando introduz o ponto de vista estru-tural, Fr~ud emprega outro modelo e então diz que a basedo tratamento psicanalítico é que os processos ide ativospassem de um sistema não-organizadopara outro de altaorganização, "do id para o ego: onde estava o id o ego deveestar, e eê,~apassagem de sistema pressupõe, com certeza,uma mudança doprocesso primário para oproéesso se-cundário. Em seus Écrits (1966), Lacan dá ao texto freu-diano Wo Eswarsoll Ich werden uma tradução e um alcan-ce diferentes: "Oride isso era devo advir", para expressaruma idéia central de sua teoria, isto é, a radicalexcentrici-dade do serem relação a si mesmo com que se depara ohomem (I'excentriêité radicale de soi à lui-même aquoi I'homme est affronté. Écrits, p. 524).1 Essas' reflexões são,sem dúvida, importantes,~as não creioquemodifiqu.emo argumento que estou desenvolvend<'i'

Por. todas essas razões, então, penso'q~e o vocábulo"insight" vem recobrir com exatidão um conceito de Freud,embora ele não o tenha empregado da forma como fazemos.

ovocábulo "insight"foiimpondo-se até transformar-..se de uma paláviada linguagém corrente em uma expres-- são técnica. Ninguémduvida atualmente, quando a em-

prega, que está utilizando um termo teórico. Se a rastrea-. mos nos escritos psicanalíticos, vamos vê-la aparecer des-de os anos de 1920, mas não com seu sentido atual.

Em seu trabalho sobre o tique, Ferenczi (1921) citaum paciente catatôriico muito inteligente que possuía um A palavra inglesa "insight" é composta do prefixo"in" I

:........•notável insight. 2 EIltret~ t2, .51~~ªg.~pr~~~!1I2~~E,~~~l!!~.s=-~B-tl~~q],ls;~~i~e,t:-im57TlhRfLrq.d~'}troe"s~ght" que é,vista" ..'.', .1 ...'.'

:--ô;~~~f[~;~~~~:i-=:=~-~~~~~~~~~~~l"~~is.~~h~l~ly~}~~f~i~~~-;;r~:;1ifuiri;~~b6~~~~~._.~c+~,---- ..full insight intounconscious irrlpulsesand feelings,L~thecase0'=-='1-

I "Einstancede la lettre dans l' inconscit:int".MaciCcomunicação a child, this kind of' avowal expressed, without words, In a Ipessoal) traduz assima expressãofreudiana: "meuser é ressituar- symbolicact,is quitesufficient" C1921,p. 296). . 1me com respeito a esse Outro". 5 International Journal ofPsycho-Analysis, v. '18, partes 2 e 3. I2 "Avery:h,telligentcatatonicpatient who possessedinsight to a' .6 Já foidito no Capítulo33, e será reitera~omais adi~nte,eD[~e- fJ~~~ble ~~gree"(International JOWTIal,p.5). :anto:qlfe otrabalho.de Stra~heysobre~mte~retaçao mutatlla I3 Ermgek.hruscheBeobachtungen beider Paranoia und Para- e, talvez, o quemeUior preCIsao conceItode mSlght... I

:pmenie'.' (1914). Tanto nas Firstcontributions CP.295) quanto 7IntemationalJoumal ofPsycho-Analysis,v. 43, partes4 e S. j Iem Sexo epsicanálise Cp.207) utilizam-seself-observation e auto- 8A.S. Homby,E V.Gatenbye H.Wakefield,The advancedleamer5 Iobservação. dictionaryof current English .(1963). i

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10 Um exposição lúcida desse desenvolvimentopode ser encon-trada namonogr~ de SaraZacdeFilc(1979).

de minha diferença com ele através de minha contratrans-ferência:a esse momento sim o chamo de insight.

Insighté, pois, o processo através do qual alcança-mos uma visão nova e diferente de nós mesmos. Quandose emprega .fl- palavra "insight" em psicanálise, deve-sehonrar o prefixo "'in", pôiqueé insight é umconhecim.en-to de nós mesmos, não um conhecimento qualquer.

Tal fato leva-nos a discutir que extensão devemos darem psicanálise à palavra "insight", já que ela pode ser to-mada com maior ou menor amplitude. Em sentido lato,significa conhecimento novo; conhecimento que, como dizRapaport (1942, p. 100), vaiôJémdas aparências. Insightsempre implica acesso a um cemhecimento que até~~ssemomento não era tal. Contudo, essa definição (ampla) po"de referir-se tanto a fatos externos quanto internos. Se eu,cam.o o macaco de Kõhler, dou~me conta, atando cabos,que se enfio um. pau d~ntro de outro invento uID.novo cp' O INSIGHTE~TEORIA DA FORMAinstrumento, pode-se dizer que tive insight, porquecrieialgo, porque fui capaz de ir além do dado, do manifesto. Embora me incline a pensar, com.oSandlere c()la1:>0::.",=~~.=-,..:_

·~·Oinsighf seliaesse momento de novidade, de criação. radores (1973), que "insight" é uma palavra da linguagem .....~.Quan:do a palavra "insight" aplica-se, desse modo, comum que foi tomando-se cadavez mais técnica,devo;.".~";":~

para definir o instante em que aceslemos a um conheci- dizer que outros pensam que chega,à,psic;m.íilisepelã;Yi~;~~~"mento novo, ela pertence ainda, em meu entender, à lin- da psicologia da aprendizagem e da psicologiadaforma.::::::::::::-"

. guagem comum. Assim a emprega Rapaportno trabalho Como se sabe, a teoria da forma (Gestalthearie}sur":.~~'S=~recém-citado e assim a vemos aparecer em muitos escritosge como uma reação diante da psicologiados elementos:_~-~_:":'psicanalíticos. Em 1931, no prólogo dat'erceiraedição in- colocando sua atenção p.a estrutura, nos conjuntos. O as-glesa daTráumdeutung, aoreferir-se a suas descobertas sociacionismo não permite apreendera organizaçãosobre os sonhos, Freud diz que uminsight'como o seu só tema e a finalidade do fato psicológicb-:-'A'-ÇútcLZtse tem uma vez na vida.9 Ele se refere, indubitave1ID.ente, é algo mais do que a soma das partes; o todo tem maisao ato de criação que supõeconi'"preendera diferença que dignidade que os elementos que o compõem, a estrutura éháentre o conteúdo manifesto e o contetí-do latente do o dado primeiro.sonho, se assim quisermos descrever aqu~ladescoberta A teoria da forma- que deu, sem dúvida, uma expli-genial. Também Melanie Klein C1955a), em seu trabalho cação satisfatória dOfenômeno da percepção - também sesobre a técnica do jogo, diz que a análisê de Rita· e de aplicou a outros temas da psicologia, embora nem sempreTrude, e mais ainda a análise de outras ,crianças dessaépo- com a mesma sorte. Foi dito, por exemplo, queta.mbém.aca, que duraram. mais'teinpo,derama ela insight so1>reo memória ou o pensamento podem ser compreendidospapel da oralidade no desenvolvimento (Writings, v. 3, p.comoGestalten, sem recorrer às explicações deanálise-e134-135).. síntese que a teoria do ensaio e erro pressupõe.

É evidente paraIíl.im que, nessas citações, Rapaport, Ao estudar a psicologia do chimpanzé, Kõhler (Í917)Freud e Klein aludem ao momento em que se adquire um pôde observar alguns fatos singulares. Quando se propõeconhecimento científico, um conhecimento que pertence a ele um problema como o de se apoderar de uma bananaao mundo e não ao sujeito. com um pau que não é suficiente para bater na fruta, o

Entretanto, creio que a palavra "insight"só chega a animal fica desconcertado, como se estivesse pênsando e,adquirir o valor de um termo teórico da psicanálisequan- de repente, em um ato deintuição, que Kõhler chama con-do empregada em sentido restrito ..Está no espírito freu- eretamente de insight, -dá-se conta de que, metendo umdmiío (e é a base de nosso ~a~~~<:>.Jli~!f"<2t~ql.J.~"quand9,~pall9-~~!rR7g.e.gt1tr0'calongasufis~en~emente seuiJJ.stru~:

-_aplicamasa palavra "insight"5io cnovoécoílliecimento.sue .0~méntopm-ããlCançá:r~frtita-e-assüri ~oJaz..Kõhler-ql.J.er·'=~_':'7.paciente adquire -na- áiiá1iSe;refenIlf~~n6s-;';~~um;coi:llieCi~,,;,,~'iriostiar;:'Com";i'ssQrrqueQp:ens'mneJ:ÍtonãO;'éoutrao-;atrav~s'-·~·~-:::mento pessoal. Tornar-consciente~o:inc:ons-GreT1te.significi:(~=d5-élisaioe'erro..e.que' étrrelhorexplicá4o.a-partirde .um-a·:_._~-=-=:::=.

.~~i~~~ªSil:igi;~~~E~~~~~~ii~l~~~ii~~~:::;:~i:n~?~f::?~~t~!~~r~~~ifE~f~~;1'~!~~r~~~';;~lt~i"...,que adquire nesse momento é um-conhecimento que e distot:sâonõs·sOiiliosj\noquã! utiliza-a:-pálavra 'iinsight"correspoIldeao analisando. o analista só podeterinsight de modósemelhante ao de Kõhler.French pensa que adesuacontratransferência. Na .compreensão que tenho diferença entre o cmmpanzé de Kõhler e o paciente node meu paCiente, sempre há um trânsito por minha vida divã não é tão grande quanto parece. ElIlb()raa teoria dointerior, em que tomo consciência de minha similitude ou desejo seja distinta, porque o chimpanzé sabe que deseja

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tica é um campo de par. Contudo, admite-se qu .estruturação desse campo depende do analisando etr e;-ase de agir em conseqüência (preservando a liberdacie

a:-

analisando):' (196?; p. 140) ..Ess.epropósito é absoluta~mente louvave~, dtz~m c~m. troma nossos .autores, paraacrescentar de lmedtato: Feltas essas restnções, não p _demos conceber a fantasia básica da sessão - ou o pon~de urgência...;. a não ser como uma fantasia de par (comoem psicoterapia analítica de grupo, fala-se de 'fantasia dO

wgrupo', e com ~uitarazão). A fantasia básica de umases~são não é o mero entendimento da fantasia do analisandopelo anãlista., mas algo que se constrói em uma relacão depar" (p. 140-141). Atenuando essas afirmaçÕes, os' auto-res dizem que é indubitável que os dois membros dopartêm um papel distinto e que o analista não deve impor suaprópria fantasia, "mas temos de reconhecer que, para uma'boa' sessão, devem coincidir a fantasia básica do anali.sando e a do analista na estruturação da sessão analítica"(p. 141).

Com base nisso; os Baranger concluem que o ínsighté um fenômeno do campo bipessoal, é obra de duas pes-soas (p. 173). Disso decorre que o diferenciemtaxativamente do insight como qualidade pessoal, comomomento de autodescoberta. A palavra é a mesma, masos fenômenos sãoradicalmente distintos (p. 173).11

.~

O INS/GHTCOMOFENÔMENO DE CAMPO

37tH. HORACIO ETCHEGOYEN

a banana é o paciente não sabe o que deseja, uma vez queo paciente obtém insight sobre seU desejo inconsciente, .então se coloca para ele um problema parecido com o dopnmata, ode resolver o con.flito entre seu desejo infantile o restante de sUa personalidade que o rechaça ou oaceita apenas em determinadas condições. Esseprocessode integração é similar à atividade que o chimpanzé deK6hlertem de cumprir. A idéia de'insight, enquanto ca-pacidade gestáltica de juntar cabos, pode ser usada, con~dui French; tanto em psicanálise quanto na psicologiada aprendizagem.

EmJ:>oraFrénch se interesse pela conduta adaptativado ego frente ao conflito que lhe propõe seu desejo, nãome parece conveniente entender oínsíght como um pró-blema de conduta~.É melhor pensar que há ínsíght quandoo paciente toma-se consciente dE!seu desejo. Como proce-de depois, se entra em conflito com esse desejo, isso não éo problema do ínsight, mas, em todo caso, da elaboração.É pouco provável que, quando o macaco come sua bana-na, satisfaça ao mesmo tempo um desejo'inconsciente defellatiol

ParaMàdeleine e Willy Baranger (1961-1962, 1964),oinsíght é um fenômeno de campo. A situação analítica .y

define-se como um campo bipessoal em tomo de''três con-. O INS/GHT E.O PRÓCESSO MENTALfigur;a~õesbásicas: .aestrutura~eterm~ada ptto_çºn~E#o ..•analítlCo, a estrutura. do maténal manifestq e'a fan~~>la A investigação recém-exposta tem: entre outros; oinconsciente. O ponto de urgência da interpretação,' no duplo mérit<1'de haver destacado a importância do parqual se entrecruzam essas três configurações, não depen-· analítico'no desenvolvimento do insight, mostrando, por

.de aperias do paciente, mas também _doanalista: "Q.ponto sua vez, que o analista participa desse processo. Pode-de urgência é uma f3lttasia inconsciente, mas uma fanta- mos concordar com os Baranger em que, para dar insightsia de par. Apesar dó 'p,assivo' do àl1alista, está envolvido ao paciente, devemos promover insight em nós mesmos,

.na fantasia do páciente. Seu inconsciente responde a ela e sem por isso segui-los em sua idéia eleque o ínsíght é umcontribui para sua emergência e pata sua estruturação" fenômeno de campo, uma luz que se acende em umiu-(1969, p. 166, grifos no original). . gar a partir do qual se iluminam simultaneamente os dois

..__.~,.A.'dirlâInicadasituâç~({-ag~g§~ITica~~sinfdefiIlidC}:-'.membros.,·do,paraIlalítiç<:J. ED1me1,lentE!uder,9{enôme- .',,,,

~~g§~~~i'I{1i'lilílti~§~lillilista··e do •analisando, ..seheD1,qu~~:'ª~y~,:;s.ejlff?;eIl<:(â.Y-.ã~:·-~Iffi.tâ::fqque:ãéaDo,-:,a~~âíze1":·em-geral;·ainterpretaçaocomº"::...,·,::.:,natureza .d~ pNltessos 'deiaéIftiti.ªçãeFpibjêfiva'éfrrtro-:;ç.cagente,·d?insightcons ti"ói~se.,nao. apenascom:15ãs ejetiva no analista e no ané1lis§d?É.ess~~~i1~ie11:çà:"<Iue-0cl.~~~;ÍÍOsSÕ"ébnneciníento(da teoriacpsicaha1ítica,z;;clf)c.pa~i~g::~~o~~~conta. do' caráter assimétfic'6:do,ccampo!'·"'Cp:=ré9};,,=;:::::-c.=:~--=~teJ~"mas tam bém'a partíÍ" de um momento 9-ein~íg!rtdé-=::_....•...••.~

Apesar de os Baranger afinnaremque a~ituação ana- nossa contratransferência. ,~.- 'C' -". " •

lítica é assimétrica, toda a sua reflexão organiza~se com Sem ser tão restritivo como eu, dado que pensa quebase na.fal1tasia de par, que não posso entender mais que o analista deve ter ínsíght· das defesas do' paciente,decomosiniétrica. Em ''A situação analítica comocampcrdi- seus conflitosede seu caráter, creio que BlulI1 (1979)nâmico" (1961-1962) se lê: "O qt1e estrutura o campo .. '. ' .~bipessoãl da situação analítica é essencialmente tlllla fan-tasia. inconsciente. Porém,. seria equivocadoénténdê-Iacomo fantasia inconscieríte do analisando tão-somente. Émuito comuffi;:r~~ªJ;;!,?rq,ueô órmpg. da situaçãoanali-

. - . - . " .-:. ~;;:.".'-~ .,._-- .."

Page 21: Textos de Psicanalises

te suas associações'e S€tlSsonhos. Então, realmente se con-figura uma fantasia de campo, mas nosso método não sebaseia nesse tipo de cuidados. Como diz Grande (1978), ocampo é o que o paciente encaixa em nós e, teoricamente,o melhor analista será, nesse ponto, o que possuir a estru-tura de ótima maleabilidade, na qual o campo sejaescul-pido, se possível, cem por cento pelo paciente. Que nunca.se alcance esse ideal não altera nossos pressupostos teóri-cos, nem deve modificar nossa técnica.

. 11

373FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍ'iICA" ." .

aproxima-se do que aqui se sustenta quando afirma que"O insight analítico é necessário para a condução da aná-lise clínica e a resolução da contratransferência" (Psico-análisis, p. 1108-11 09) .12-

O insight deve ser considerado, então, como o atofundamentalmente pessoal de ver a si mesmo (PaulaHeimann, 1962, p. 231). O insighté uma reflexão nó du-plo sentido de meditar ede dobrar algo para dentro: oinsight pertence à psicologia processual, não à persona-

'lística.(Guntrip,1961). ,Comodiiem os Baranger, a rela-"",ção C0111oobjeto tem importância - e muita - na obtençãodo insight; contudo, além do que possa surgir no campo, o O INSIGHT DO ANALISTA: UM EXEMPLO CLíNICOlnsight égmpre reflexão. Para que o fenômeno decampo'"~---"~

. (personalístico) converta-se eminsight, falta ainda que a Lembro-me de uma paciente que, durante um tempo;;";i-~;.., identificação introjetiva provoque um momento de refle- bastante longo, contava-me sonhos muito interessantes ''''0",,''::-''::xãono sentido mais ·estrito·dapalavra. que eu interpretava com verdadeir~'prâZére'i'~tert()";3sêni;~~:~

O que acabo de dizer deve ser consideradó como uma que o processo fosse adiante. Então,sonhei quetinha um~.==:::característica definidora do insight. Não é uma precisão rela.çãoanal com ela. Isso me provocou uma dolorosa sur-=;=~=i'acadêmica;tern a ver com a forma como esse conceito presa e uma forte depressão, mas levoú-me a'compreen-~;::" ,.'encadeia-se com a idéia de tornar conscieJ1te o inconscien- der o que estava ocorrendo comigo. Poucosdiasclepqis, a._~t<-te,queobviamentes.e refere a si mesmo. E, mais impor- paciente sonhou que se deitava nodivã debruçosemovia~~:;_;i:tante ainda, define uma [ormade práxis, aquela que ten- seu tra.seiro de maneira excitante.'Contouo'sonho· sem"'"'"'''''de a queo paciente responsabilize'seporseus problemas. maior angústia e com um to~ quase divertido; parecia-

Essa diferença conceitual, por outro lado, está lhe raro e gostaria de saber como eu o interpretaria. Comavalizada pelos fatos: a experiência mostra que se pode essas associações, e a partir do insight que havia tido so-esclarecer uma situação de campo sem que sUlja oinsight bre minha contratransferência, interpretei-lhe que o so-e que, muitas vezes, a compreensão não é simultânea no nho que ela estava. contando-me era concretamente seuanalista e no paciente. Concordo, nesse ponto, com traseiro: a ela interessava excitar-me com o relato de seu

;,Uberman (19)}}.quando diz que o insight podeoc.-rer so$a.mmsdo que indagar o que significava.no analista fora da SeSSãO.13 , • _ > ,.Nesse caso, como em.muitos outros, o momento de

De acordo com os Baranger,a fantasia do campo é . "insight na contratransferência precedeu a possibilidade depor partida dupla, participam paciente e analista. Para interpretar: Reconheço que é um caso extremo, inas pordefender essa posição, esgrime-se às vezes o argumento isso mesmo ilustrativo. Não resta dúvida de que, nessa.da terapia de grupo; em que a fantasia (ou o sonho) que ocasião, dei mais passos do que os habitúaisno conflitoaparece em um dos membros é realmente grupal; porém, contratransferencial,eassim surgiu o sonho. Se tivessehá urria diferença, pois no grupo participam todos os mem- captado antes meu conflito e o tivesse utilizado para com-bros com contribuições.concretas. A análise, entretanto, é preender minha paciente, teria podido dizer-lhe muitouma situação radicalmente assimétrica. Justamente por antes. o sentido que tinhapara ela contar-me seus "belos"isso podemos'. alcânçar os' desejospt,l,:a§."fqJ}t9-siasdpPél.ci:,;;::;;:~9~ijº~,,-:rélJ.y"ezis?Qcfossesuficielltee 'eYÍtasse ter de so-el1tE!E!()peÜ!p.~L)lj(1dil-~fiT:~~1l~~p]j-:g~ºt~:2JP.~co'~"=1JJl~~!0, .e:s°fr:r}), cliQqué}~moci()nal~que·significoti·para.=--_adequado Para que.o 'analisaiú:l()~expt~sse;;se~;:nunci{éle-c;cc,-,miIri.:NemptecisOdizerqué -a.âríalisanâa:resistil,l~(:J.ÍÍ-prin="',".c;~

'=:;~~;sd~e:::~:t~s~:·~t.~_ .."".~,..,_,.....__=c_c.'_~~;~;~~~i~~;;~~~;:~::~~~~ri-~~~~~~~~:~~~~:~a~k:~~::~.i~-2~~~;àt~otia da psicologiácomprexâ7:porque:oFp:sicólogôr~-sl1á;:;vóz:e,~§l:=p~~'~~~:~ui to.agradáveb~Somente.nesseêc'::":~-

iungIDarro>àêem queo;~~~~~~!!!1;E~~e!~~~~a~~~~q;;~:~12 "Theanalyst's insight,often-ennc~cFiihâc-aavance&D)FcreatiVe"~·Ç),,paci~llt~alsanceoirtfight,"o,~alistatelJ1 •de. Partir" de- ..--~··patients, should'be distinguishecl.fróm.tB~;patient;sdrtsígh1:,The~-=~um;:;PE2S.e,ss.Cl~cteiTlS~~htem ~simesmo,qtle:s empre conta'· .- ..•.....•analyst must have insightinto the patient's defenses, conflicts,- tanto como resolver umcónflito d.écontratransferência.and character:The a.nalyst's insightin neither symmetrical norsynchronouswith that of the patient, and bothprecedes and . Em resumo, entendemos por insight um tipoespe~permitsproper iIiterpretationandreconstruetion. Analyticinsight:.. __c~~d~ conhecimento, novo, daro e distinto, .que ilumina

íl isnecessalyfor theconduct ofdinicalanalysis and resolutionofde imediato à consciência ~.sempre se refere à própria~'. countertransfetence" (Psychoanalytíc.exJ?lorations of technique, pessoa que o experimenta. E um termo teórico da psica-1 1979, p, 44). . náliseque pertenceàpsicologiaprocessuaI; não à perso-1._ 13 Lingüística, interacción comunicativa y proceso psicoanalítico, nalística, uma vez que ressalta o processo mental de tor-t v.1, esp.Cap.lI, "Investigációridurantelas sesionesconel paci~n~ nar consciente o inconsciente, que semprefoi para Freud..i_teylassesiones comoobjeto deiIivestigación". a chave operativa de seu método.

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ração.;-'

50

OINSIGffTCOMOCONHECIMENTO menta. Se meu paciente de Mendoza se tivesse ditb: "En-tão, quer dizer que minha amizade com Fula..'1otem.um

Acabamos de definir oinsight como um tipo especial componente erótico, quer dízer que tenho algum tipo dede conhecimento que reúne entre suas características a de sentimento homossexual em relação a ele, como prova0'ser novo e intransferível. Digamos agora que, como todo fato de que, quando me tocou a perna na caminhonete,conhecimento, oinsight implica uma relação entre dois senti um estremecimento", aquele homem teria tido u~termos ou membros que pode ser de natureza diversa. Às momento de insight, .em vez da vivência delirante primá:

·vezes, trata-se da apreensão de um tipo especial de víncu- ria que pôs em marcha seu irreversível delírio de ciúmes.lo, isto é, como estão relacionados dois termos .em uma Como a vivência delirante primária, o insighté umaexplicação causal, a forma como se relaciona, por exetn- nova conexão de significado que modifi~a a idéia que opIo, a ingestão de álcool coma embriaguez. Também pod~. sujeito tinhl:!,;desi mesmo e da realidade. E difícilestabele-tratar-se de uma relação instrumental entre meios e fins, cer em que consiste a diferença entre os dois fenômenos.como acondl,lta apetitiva. de uma ave eo achado. de ali- mas dígamos; provisoriamente, que a vivência delira!lt~mentos. Outras vezes, por fim, a relação é entre o símbolo primária constrói uma teoria e o insight a destrói; porém,e o simbolizado, entre significante e significado. Em.cada isso é apenas urifiTapro~ação, à qual teremos devoltarum desses casos, o sujeito capta de im~diato uma relação maisadíante. .

· que até então não lhe havia sido inteligível e que muda0 Para encerrar este item, quero lembrar que, emvári-significado de sua experiência. .. as oportunidades, Freud estabeleceuumàrelação entre

Sempre me pareceu que, nessesentid6, oinsight ocu- suas teorias e o delírio; basta lembrar O escrito ao finaldepa um lu~ polar.com aex:periência delirante primária. seu trabalho sobre Schreber(l911c): "Fica p~a o futuroJaspers (1913) definiu a experiência delirante primária decidir se ateoria contém mais delírio do que eu gostaria.,como uma nOl:'a·conexão de significado que se impõe de ou o delírio, mais verdade do que outrosachain hoje acre· i

pronto ao padentee que é ininteligível, impossível de . ditável" (AB, v. 12, p. 72). Iempatia para o observador.·Podemos,é claro, aceitara I,

definição fenomenológica de Jaspers; embora como psi-al nh A -, i·

can istas te . amos. empatia com .os elementosincons:_;~J)/J\JSIGHTDINAMIÇQc.:~~2.0;:~:':' cc~c,;";",,,""'=~o~"

cientes que levam a essa novarelaçaode sigriificadó. Isso~g o • :.~: ._0' . '.'- '._ .•. __~. .'''~:=:'' ~.'l~'me foi ensinado por .:umpacientequevi há niuitosanos,' 07;-:-- o o A partir dessas idéias gerais, veremos agora comose' ! ..em Mendoza, com um delírio paranóico. Ele~avia idoea.- o 00' . classifica0 insight, porque a partir dissosurgirãoesdareci-_.~~.,~J

,çar em $an Rafael, ao sul da provínCia, com um amigo;'os==:;'mentosiÍnportantes. Aclassificação-ínâistípicà,a que 0000.0:1':_.dois em uma caminhonete. De repente, o amigo acionou a 000-:encontraem toda parte, é a que divid~o insight eminte1ec:'-- o_J.-

-' o • alavanca de mudanças e tocou-lhe a perna; "e ness~mo--:tÜal e emocioital.Zilboorg (1950), por exemplo,.aadotaeL_--V'mento", disse o doente, "sentiuina raià-excitáçaoe dei' _o alémdisso"sublinhaenergicamente-quêbverdadeir(jin.sig~çc 'me conta de que meu amigo era o amante de minhamu-"éo emocional, o que,comôveremos,pode ser questionado;lher". Do ponto de vista fenomenológico, essa nova cone- Na segul1da metade do século XX,por diversos rnoti,xão de significado pode deixar sem empatia o grande vos que agora não éo momento de ponderar, o estudo doJaspers,nias não omais modesto dos discípulos de Freud.insight adquiriu uni grande destaque. Esseprocesso, comoCompreendi, nesse momento; os mecanismos projetivos o~ooj~ díssemos, culmina nó Congresso de Edimburgo e canti'de meu paciente e senti-me realmentetoca~raquela"lIUa, desde então, sem declinar. Há,.;p.a!.luel~~anos,todademonstração como de laboratório. o o uma série de estudosilllportantes. A partir de Zilboorg,

Oquequerodízereq~e o illsight é um fenômeno da temos,primeirootrab.alho deReideFillesinger (1952), o

·,mesma categóriaque a vivência delirante primária, só que depois--o:de Richfield (1954) o e, cónÍo'intérValode outroSse situa no outroext,temoda escala. No insight, anova dois anos, o deKris (1956a).conexão de significado serve justamente para apreender Reia e Finesinger, que sejuntaram em Marylandpara.~ma r~alidade àqual não se podia ter acesso atéesse mer realizar uma investigação interessante, cÍiticara.'1la elas,

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FUNDAMENTOS DATÉCNICA PSICANALÍTICA375~~-~--

1 Para urna discussão profunda desse terna, ver b Capítulo 1,"Mearung and definítion", de John Hospers (1953).

INSIGHT DESCRITIVO E OSTENSIVO

Como indicá seu nome, oinsightdinâmico constituí-sequandoüm conhecimento penetra a barreira do .re-calcamento, no serttidomaísestritamente freudiano, e fazcom~queo ego sedê conta de um desejo até então incons-ciente (1952, p.731).

sificaçãode insight intelectual e emocional com argumen-tt3sque convém recordar. A classificação falha pela baseporque, de fato, o próprio conceito de insight implica pro- Quando Richfield retoma o tema dois anos' depois,cesSOcognitivo, processo intelectual. De modo que todo faz um'à crítica valiosa ao trabalho recém-comentado. Hái11Sighté essencialmente intelectual e não pode haver uma petição de princípio na classificação de'Reid ein.sightque não o seja. Há uma diferença, entretanto, e Finesinger, já que vamos chamar de insight dinâmico oesses autores a encontram na relação do insightcom a que promove uma mudança e, se não a obtém, direrirosemoção:certas vezes, a emoção não é substancial, não vai retroativamente que esse insight foi somente neutro oualémdo componente afetivo de todo processo intelectlJ.al; eIÍlOcional.Isso cria um círculovicioso. Concordo com essaoutras vezes,porém,oinsight está vinculado estreitamen- .;,eríticadeRicllrt'elde acrescentaria que a idéia de que ote à emoçãoeemduas formas que poderiam ser chama- insight seja efetivo não pertence propriamente a nossodas de entrada ou' de saída, como conteúdo ou conseqü- tema, mas antes ao dos fatores curativos, que não é o m.es--ência. A primeira dessas possibilidades é pouco significa- mo. Neste capítulo, não me proponho, 'em princípio, a ....."..tíva, oinsight refere-se a uma emoção, seu conteúdo é uma elucidar porque oinsight é operativo(oucurativo), ésim=~::2::::'emoção, um dos termOs dessa relação que se capta nOa deslindar Suas classes, o que talvezdepoiscp~rmitiréÍfºr;;~~;~;;~momento de insighté uma emoção. Se, em dado momen- mular maís firmemente uma teoria dacura.·-:··;-:::':=·~;··':·:·:=·;':':·::"":'=···'to, o paciente toma para si que sente ódio pelo paí,em seu A classificação de Reid e Finesinger também pode--;',-c::e;,,=,=insight a emoção aparece como conteúdo. Essa classe é ser objetada de outra forma: dos dois tipos de insight emo-';;~~~~~pouco significativa, porque com o mesmo critério se pode- cional mencionados, osegun.do, o que mobiliza umaemo-=:;;._~...ria dizer que um insightéinfantil quando se refere a algo ção, sempre é dinâmico, porque somehte~''luando:sele:~3T2~que aconteceu n.a infânéia. É um erro semelhante ao de "vanta o recalcamento surgE::a emoçãôàtéentãoreprimF:::::::;;.:;:·classificar os delírios por seu conteúdo,· e não por sua es" . da. De modo que realmente não há três tipos de insight,trutura ...Outra coisa, no entanto, é que oinsight obtido comopretendem os autores de Maryland, mas apenas dóis.veicule determinadas emoções, coloque-aselIl marcha, li- Em outras palavras, o insight que eles chamam4e emocio-bere~as. O insight, nesse caso, consist~)im que o sujeito nalé sempre ou neutro ou dinâmico.'- :·ilc~"'"

dê-se conta de umfat6 psicológico que lhe provoca umá.,c' Para evitar o risco de caírem um raciocínio circular,resposta emocional. ..' mas seguindo de perto as precisões de Reid e Finesinger,

Após ter esclarecido dessa.maneira a dupla relação Bjéhfield propõe uma nova classificação doinsight, que é,entre o insighte o afeto, Reid e Fihesinger propõemcha- acredito, a melhor.mar ambos de insight emocional,cOi'ít!apondo-ósao insight Richfield parte da teoria das definições de Bertrandintelectual, que denominam de neutro para evitar o pleo- Russell, afirmando que elas são de dois tipos, de palavra anasmodechamar de intelectual um processo que, porde-palavrae de palavra a coisa. Àsvezes, definimos algo cOmfinição, sempre o é. . .. palavras, com outras palavras, e essas são as definições

Preocupados como estão com o papel do ~insightem verbais. Porém, .se só tivéssemos definições de palavra apsicoterapia, Reid e Finesingerdizem que nenhum desses palavra, estaríamos navegaFldoem um mar de abstrações.dois tipos de insight, neutro ou emocional, dá conta do Também precisamos de definições em que haja correlaçãoproblema principal: porque, em algumas circunstâncias, o entre a palavra e a coisa. Estas são chanladas de ostensi-insight é operante, eem outras Í1ão.propõ~,então, um .vas,porque são feitas mostrando, assinalando como dedo .

._~ - - -~_.-.--:--

dinâmico .' aemoçao como resu1tado conhecim.eIÍtopor descrição,sempre indireto; as.defmi~s. ostensivas, em troca, dão-nos um conhecimento direto,

por familiaridade.Aplicando esses conceitos ao insight, diremos que,

quando se des.crevem e compreendem com palavras os

~~.-.;--.....>;;.,.

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OCó'NCEITO DE ELABORAÇÃO

316 R. HORACIOETCHEGOYEN

fenômenos psicológicos inéonscientes, há insight descriti- recalcado.2 Através do processo de elaboração 'es's-., ., .~~

vo, oU: verbal, que vai depalàvra a palavra. Mas há tam- presentaçoes de espera (Erwartungsvorstellungen) ~ _b' h . , '-Omo'. em um insig t ostensivo, no qu"aJa pessoa que o assume Freud certoa.,.vez as chamou, levam a convicção aopa .'"sente-se, de imediato, em contato direto com uma deter- te. Embora já não recortamos a esse expediente té CLn-

minada situação psicológica. Isso é tão certo que, muitas um tanto artificioso, de qualquer modo, quando faz~mc()vezes, quando interpretamos pensando que estamostrans- a primeira interpre:ação de um tema importante, nã:e~~mitind.orealm:nt~un; ~onh;cimento ostensivo; ~izemos ~er.amosque.o an~lsan~o responda com timmomento de"ao pacIente:.Ve, al est~,lsSOe o que eu estava lhedizendo, lnslght;moclOnal, .IStOe, ~om?~eno ~eto. Até ficariamalou algoassrm. E, mUltas vezes, fazemos o gesto com o se pensassemos assrm: a pSIcanálisesenamuitó fácile ab _dedo,sentadQ~·e~nossa,pQltr~n~. . .... . 7 recida.Desde n~ssaprimei:a ~terpretação até que o pa~~-

~sses dOiSupos de ~efim~ao.(e de conhecllD;.ento) ente reconheça ~entrode~l o lmpulso, p~s'sa-seum longoque vem de Russel e que sao aceItos por todos os filosofos tempo. Como disse a Femchel um analisando que pôdan~ticos,den?sso tem~o ~ãoabsoh.~tamentenec~ssários. t0t;nar ;~ntato com seus desejos edípicos: eu~abia.que:Quando se aplicam ao mSlght,sanclOnam uma diferença pSlcanáhse estava certa, mas nunca pensei que estivessmuito clara, porém não mais uma supremacia, porque es- tão certa. eses.dois tipos de ~o~ecimentonão se excluem: deve-se Quando encerra seu' belo ensaio de 1914, Freud dizconhecerascois<'l.spalavra a palavra e também ostensiva- que a elaboração é.,a herdeira da ab-reaçã6 do métodomente. catártico. Na realidade é assim, já que, no marco teórico

do método catártico, a elaboração não é concebível.Ate-rapia catártica pressupõe que uma determinada recorda:ção fôrtemente carregada de afeto tenha ficádoexcluíd~do trânsito normal-da éonsciência~Essa recordação é aluo

Os dois tipos de insight de Richfield, descritivo e ós- assim'~?mo1iInahémiapsíquicae, no momep.!óemoqu:atensivo,lógo nos.sEwirãoparaproporumà'explicaçãoque.· alcançamos, em que a esmiuçamos, sobrevém uma dés-articula oinsight e:a'elaboração; por ora, Ilossaintençãoé carga de afeto e passa a.ser lnailejada'·como tociasas ou-mais direta, verificar o que se entende por elaboração, tras recordaçõesgüe não ficaÍam segregadas d'otrânsito

Como todos sabem, Freud introduziu o conceito--de d,(consciêncià"sQfJ:~cl.9o"~i",a.iriexor.ávelusura do..tenipo.elaboração (Durc~~beite~) em um ensaio' de .1914, '~úando, .a partir.teoriàtle:·rê~lstênCia, abandona-sé"o.intitulado justamente "Recordar, repetir e reelabor.ar".1!t ..metodoéatártic9; Qconceito deab-Feação já nãoé ~ais ..partir de um exemplo, Freud dizali,npsparágfafoS'fi-'operávet .. ," ..-'., •....:_-

~a~Sq~:ss:uI::;:~a::,:u;~:s e:~~:~;~â~~~~~~-·'.~ª~&O~~~U:~:~J:~:~: ~~eg:~tt~'~~S;~:r:~~~~resistência, embora nada tivesse mudado ou:ptôi,'ã-re:--", de elaboração, enquanto somatória, vêm~representar asistênci<itivesse adquirido mais força e toda a situação descarga total do afeto do método catártico. Mi.o creio,tivesse se tomado ainda menos transparente" (AE,v, 12, em absoluto, que seja assim e não o creio justainenteJXlr-p.156-157). Freudrespondeque se deve dar ao paciente que o conceito mudou. É que entre o método·catartico eatempo para elaborar sua resistência, continuando o tra- psicanálise há uma diferença essenciál,uma mudança detamento de acordo com as regras da arte, até que chegue paradignla, como diria Kului (1962).3o'momentoem .que ess(lpulsão,Ag~,lhe.;haxia.~id.()assi -....f' ••.. ~'.,..••.•••.•._ .••o.. o,

:cc~t~f!i;~ifJi.\1il~?~~~~~~f~!~~~~~~~~:~i~~se do afeto que .lhe per1:~115~,,:~q;i[<I1isI~~(fiâá~cQ:póde:':~l'açi~tii~Jinr-conltecimen.toespedaldesi;fiesrn6tero'~'~~c~~~~~1~;t~~;~t~i~~!!~g~t~~~~f~!~~;~~it,~:~i~~um longo trajeto, O caminho cheio de obstáculos da ela- 2 "Produzirconvenc~~~t;-í1uncaéo'p~;pÓsii:~,cdessasboração. ' sões.E~assão apenasdestinadasa introduzirna consciênciaos

O leitorrecordará, Semdúvidá,de quando Freud diz complexosrecalcados,a avivara luta emtornodelesno terrenoao "Homem dos Ratos", na sexta sessão da análise, que da atividadeanímicainconscientee a facilitar a emergêncl~deseus desejos de que o pai morràpt'cwêmdesuainfância, .mate~alnovoa pa-rtirdo inconsci~nte.O convencimentoso:~íetc,Na nota 18,no rodapé da página 144~(AE;v.'10), Freud ,brevem, ?-eP?lSl:J..ue ~pacl,ente tI;rerreelaboradoo materod'l'zque'.. '~S::". - .... - . t'~". '. . b' ·:t.. ·.··. .. . ". r.eadqurndoe, en.quantoes.tlVeroscilante,c.abeconsIderarqu~osuas é:U!rmaçoesnao em por o ~e o ,conyencer o '.. I . - c . . d". . .. ~. .' . 1 d . .. -,~- . . . '0 matena nao 101 esgota o ..paclenL:, mas s~mttans a ar para sua co~sclenclaos co~ -3 Discutimosesse ponto com mais detalhe no Capítuló33 aoplexoslnconsclentes a fim de quesulJa novo matenal falar de interpretaçãomutatÍvae ab-re~çãó.

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cologiado processo que culmi...l1anesse momento singular momento crítico em que surge o insight, tomamos o cami-do insight,o que nos C'onduzirá diretamente ao magno MO contrário, procurando dar significado a nossos afetos,problema da elaboração. . pondo nossas emoções em palavras. Esta é uma instância

A relação do insight com a elaboração fica de fato da elaboração em que os fatos são vertidos em palavras,estabelecida no momento em que Freud (1914g) introduz em que penso minhas emoções; dou-me conta de seuo segundo desses conceitos. Naquele trabalho, Freud cl.es- alcance ede suas conseqüências. Por algum motivo, dissecrevia a elaboração como o intervalo que vai desde quan- o poeta que "as melhores emoções são os grandes pen-do o paciente toma conhecimento de algo que lhe diz o sa'll1entos".analistaaté quando, vencendo Suas resistências, aceita-o O momento do insightostensivo é,serndúvida, hm-comconvicção. Creioque nessa descrição estão implícitos", damental; pot4!lm,para que perdure" deve tráduziNe cui-os conceitos deinsight descritivo (o que o analista diz) e .dadosamente em palavras. Eume atreveria a dizer que, Seostensivo (o que resulta do trabalho sobre as resistências), esse processo não é cumprido, ÓiilSight ostensivo, por'embora Freud, .obviamente, não o diga.nesses termos. O-muito emocional e autêntico que seja,.fica como uinque, em 1914, Freud chama de elaboração não é outra cesso ab-reativo que não leva à üitegração .

.~ ~~~sdes=~~i;~i~~::~~oq::é °o·':s~;~~o~~e~:~o~ercorrer proce~s:~::~o~oc~:ig:~~l~2~~~Ãt-~t~i"'á~~~~-~~;~~IÉ nesse ponto,· justamente, que se pode articular a vivência começa a se recobrir de palavras. A viv~ncia .

investigação de Strachey (1934). Se o consideramos .des- por certo, fundamental; senão está presente;·tudoo maissaperspectiva, o segundo passo da interpretação mutativa não é válido. Todavia, por si só ela n?o basta; -é~~c~ssário:.::;::...configura um momento de insight oste~g;ivo,em que o integrá-la ao ego e ao processosecurrÉÍário;:récobri;la':9;e~:~;~:::analisando toina contato diretamente, não através de pa- palavras e ver quaisconseqüêneiãs.-sêguenics~<iel_<f=-;;;~",~~::::.:lavras, com a pulsão e com seu destinatáriooriginal ..Por Com isso, espero ter esclarecido um pouco a relaçãoisso, eu dizia que a interpretaçãomutativa contém a me- do insight com a elaboração, ao :mostrá-los como dOIsfeclhor teoria explicativa de como se obtém o'in,sightpor meionômenos indissoluvelmente ligados e, o que é mais im-da interpretação e também o melhor exemplo do que se pottante, procurando precisar o vínculo entre ambos, que

1......... chama de insightostensivo. Desse ponto de vista, pode-se é complexo, que é duplo, de ida e volta. Há, portanto, um.J afirmar que, por definição, somente a interpretação processo continuo de elaboração, com pequenas ou gran-l .transferencial pode promover um conhecirnentodireto, des crises que podem ser chamadas de insight. O nome é

.l ostensivo. arbitrário, pois onde termina a elaboração e onde começa·'·1 Repito, então, que o processo de elaboração descrito o insight é uma questão de gosto, de defmição. A elabora-'f~ por Freud no trabalho de 1914 conduz do insight intelec- çãoé um processo diacrônico, um processo que tem umat tua!, verbal ou descritivo, ao insight ostensivo, que agora duração no tempo, uma magnitude que percorre aabscissa.I·· sim podemos dizer que é também sempre emocional. Por- O insight, ao contrário, éum ponto que corta verticalmen-i' que, quando me responsabilizo por minhapulsão, por meu te, comOaordenada, é sincrônico. -l .desejo, sinto o afeto conseguinte, e isso no duplo sentido Se o analista espera e espera, até dar com a interpie-r de Reid e Finesinger: revivoa emoçãõ e assumo, ao mes- tação precisa e acertada, o que obtém é uma crise, comoi~. mo tempo, os sentimentos que essa tomada de consciên- quando Freud diz a Elisabeth von R. que ela queria queI' cia ineludive.lmente desperta, sentimentos que, além da sua irmã morresse para se casar com seu cunhado. Ocorre

li suadi!erença radical em.rel~ção à ab~reaç-ão ~ ,,-_·c.-~---'insig7it'"~-ã~elabóração-~ueperm~tever~bosõsconceit6sC--~--'f .No quedescrevemc:s ha l?OUCOC?ID.Oa pnme~.afase c.omm~sd<lf~~a, se!Oevl.!~,~s~c0JP.~leX1dadesdes~aar-l do processo de elaboraçao, vm-sedo lnslght descntlvoao tlculaçao suti!;·.\~~,;,;;:;_,".-' ,'. .. . .....I ostensivo: através do lento trabalho sobre as resistências, Agora, poCl ..·_~nt'í:jrtti*convincente:í:ll,eI;l~iprocurámos remeter as palavras aos fatos. A partir do te 6 que dissemo~q:ualit.<.tifêrença.essencial etttTeâàb-t reação e a elabora:ç'ã6:-úifeÍ'eht~llfent~dométo<io catá!"f .tico, apsicanálise não depena~éÍ~·(rescargaae.umquanrum '1 -4-N-a-t-eo-r-ia••..-kl-e-im••.-••.an~a,como veremos adiante, esses sentimentos de excitação, mas da IDudançâdi!lâlIlica~estI'Uturalqu"ei ligam-se à posição depressivàiIífantil. vaidaspalavras aosJatos, 0:useja;do'insightdéséritivoao;1,

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378 R. HORACIO ETCHEGOYEN

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ostensivo e, o que é mais importante nesse ponto, do insight mente depois que Além do princípio de prazer (19200-),ostensivo ao descritivo. Esse'último passo é, para mim, tr?duziu a ~pótesede um insti~t? ~e m.orte. Quand~ c~~:decisivo para compreender onde falha atearia catártica e mma a teona estrutural em Imbrçao, Sintoma e angírt'também as teorias neocatárticas qlle se desenvolveram a (l926d), Freud diagrama uma nova versão da resistê~·~Qpartir de Ferenczi (1919b, etc.). As técnicas ab-rea.tivas com cinco tipos, um dos quais é a resistência doido Clafalham porque, uma vez que se procede à descarga de afe- O conceito de elaboração que surge em 1914 Comoto: fica no sujeito uma tendência a reiterá-la, sem ter assi- necessário par dialético da compulsão à repetição vemcum~milado oprocessoque a provocoU. Edigo que esse proces- prirem 1926 a finalidade de se opor ao instinto de molteso está vinculado a um novo momento de e1a.qoração, que Em um breve trabalho que escrevi em 1982, em co~vai (ou volta) do insight ostensivo ao insight descritivo. ~ laboração com l\icardo J. Barutta, LuisH. Bonfanti, Alfredo

Assim se resolve a divergência que surge quando se J. A. Gazzano, Femán de Santa Coloma,Guillermo H.trata de situar oinsight em relação à elaboração. Alguns Seiguer e Rosa Sloin de Berenstein, intitulado "Sobre doisautoresdi*em que o insight é o primeiro e põe em marcha níveis no processo de elaboração", assinalamos os riscosa elaboração; outros afirmam que' primeiro deve desen- de não apontar Claramente as diferenças entre esses doisvolver-se' o processo de elaboração, em cujo témiino criSe conceitos de elaboração. ."taliza-seoinsight. .. A êoncepção de Freud de 1914 apóia-se em que as

Caracterizamos a posição do Freúd de 1914 (creio leis do princípio do prazer provocam uma compulsão aque com bons argumentos) como sustentando o primeiro repetir que configura o campo da 'tran.sferência. O concei-ponto de vista. A maioria dos autores que estudaram o to de neurose de transferência liga-se, desde seu nasci-tema, como Klein (1950), Lewih (1950), IWs (1956a e b) menta, à compulsão à repetição, cuja contrapartida é ae PhyllisGreenacre (1956), alinha-se nessa posição. Greenson elaboração. A elaboração éo instrumento terapêutico que,(1965b)~porém, abraçadecididamelltea segunda, que "a partir de se aprofundar nas resistências (aqui do ego),parece ser a do próprio Freud depois de 1920. termina por tomar conscientes e por resolver os impulsos

Para Greenson, a análise tem dois moInentos, antese. que as geram" (ibid., p. 2).depois doinsight, e apenas a este último cabe chamar de Quando Freud retoma o conceito de elaboração dozeelaboração. Vejamos como se expressou o analista de Los. ;:mos=depois,após a mudança teórica produzida no interva-AIlgeles: "Não consideramos cOmo elaboração o trabalho 10, "a compulsão à repetição foi erigida em princípioanalítico antes que o paciente tenhainsight, só depois. Ameta explicativo e, por sua conexão com a pulsão de morte, trans,da elaboração é tomar o insight efetivo, isto é, promover mu- formou-se de conseqüência em causa do conflito" (ibid.,p.danças sig-sificativas e duradouras no paciente. Ao fazer do 3). O conceito de elaboração liga-se à lutacolltra as resis' c

ir..sighto pivô,.podemos distinguir entre as resistências que tências do idoA elaboração muda no compasso do cOllceito.impedemoinsight eas que impede:m oinsight de promover de repetição e fica, agora, além do princípio do prazer:mudanças. O trabalho analítico sobre o primeiro tipo de re- Como é mostrado no trabalho que estou comentan,sistências é o trabalho analítico propriamente dito, não tem do, a conseqüência mais significativá dessa mudança teó-uma designação especial" (tradução pessoal}.s .rica é que Freúd tem de separarrecalcamento de resistên-

Como creio ter mostrado, esse problema não está bem ciae atribuir ao ego uma atitude teleológica quanto a re-formulado, já que não leva em cOhsideração que há dois nunciar a suas resistências: "Fazemos a experiência de quetipos deinsight,e não um, assim como também há duas o ego continua encontrando dificuldades para desfazer osfases no ciclo elaborativo..,~~~<~Jecalques, mesmodepoi~q1!5!sefºTIIl()u.odesígll~o dere- .,.

o ._.,~,,=_., .~,- "~~-"'snunciar~~&~y~~Jf~~~~~~~~~~~~~~~sE~l&:;~~~;:;~~~::~!- DOISCONCEITOS DEEIE;ABeF-t~J!~Ãl~~-~:C-~,~,====-g~~ji-e~~~J_0c~vável-~~Í~o':~~A:E,~__~º,]L~zJ,?)!~~g~indo_--~--:c::~-

5 "We do nol regard lhe analyticwork ~s;;~;tirro~;h befor;----- VoltaI1d~-C3.·F~E!Ud,éevidente que ()-d~s{gniode re-thepatienthas insight,onlyafter. It is the goalofworkingthrough nunciar às resistências pertence ao ego, e caberia afirmartomake insighteffective,i.e.,tomakesigrrificantandlasting changes que ao egoconscien.'te, enquanto o processo de elabora-inthepatient. Bymakil1ginsightthepivotalissuewecandistinguish ção tem a ver com oid. O fato de que a decisãode abando-be~eenthoseres~anceswhkh ~reventinsightandthoseresi.stances nar as resistências remete-nos ao ego consciente parecewhichpreventlIlSlgh.tform l~adingthe c~ange.lhe analy.tlêwotk depreender-se da forma como Freudexpressa,se: 'Torl1a-on ~e fust~etof.re~~ances Isthe analytlcwork proper; lt has Ilo mos consciente aresistência toda vez que, como é tão fre-speclal deslgnatlOn(Greenson, 1965b, p. 282). Desse modo, .. . . I'" .' .. 'fun.·çãoG .'. d···· d' l' b . ~ d' . d ..., quente que ocorra e a propna e mconSClente·emreensonaproXlIDa'se o conceito e e a oraçao e Freu ,iormu- d" . '..' al d'· ". ' '. . oUlado em 1926. . e seu nexo com o rec ca o; se se tomou conSCiente,

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o INS/GHTE A POSIÇÃQ DEPRESSIVA INFANTIL

às vezes o assaltam quando menos espera, quando nãoestá trabalhando, se os elaborar convenientemente, eleslhe serão da maior utilidade. De imediato o ajudarão a sedar conta de seus cQnflitos de contratransferência e, as-sim, terá unia via de insuspeitada validade paracomp~e-ender seu analisando; por outro lado, podem ser um sóli~do ponto de partida para questionar as teóriaspsicanalíti.-cascom que se está manejando e até mesmo para criarnovos conceitos. Porque, para McDougall, as duas formasde elaboração ~eelaaceita correspondem também a duas

if formas de pensar o trabalho, analítico, clínico e teórico,que deverão ser deslindadas cuidadosamente. Desse modo,o analista pode transitar de maneira criativa por doisca-minhos que se abrem para ele espontane<l.IDente: um· oleva ao trabalho clínico com seus analisandos; o outro, acompreender melhor suas teorias, a revisá-las e, no casomais feliz, à criação de outras novas.

*N. de R 1: Em inglês, como no originaL

depois que o fez, nós lhe contrapomos argumentos lógicoseprometemos ao ego vantagens e prêmios se abandonar aresistência" (ibid.,p. 149). Esse texto sugere fortementeque se deve, recorrer a manobras psicoterapêuticas paraganhar a colaboração do ego, enquanto o conflito e suaelaboração ficam localizados no ido

A conclusão que surge desse estudo é que, se retro-cedemos o processo de ,elaboração à áreado id, temos demodificar ó ego com argumentos racionais, que não sãooutra coisa senão psicoterapia e, mais precisamente, psi-coterapia existencial.

VERARBÊ1TUNG (WORK1NG OUr)EDURCHARBE1TEN( WORK1NG THROUGH)

Outros autores (Laplanche e Pontalis, Joyce McDougall)preferem separar a elaboração psíquica da perlaboração,levando em conta que Freud utiliza0 conceito de trabalho(Arbeit) em diversos contextos para serefenr a funções damente que parece adequado discrimina1:

NoVocabulaire (Laplanchee Pontalis, 1968),ae1.a- Quase todos os autores concordam em comparar aboração psíquica (psychische Verarbeirung) é entendida elaboração comoprocesso de luto. Essa idéia é nítida emcomo a aplicacão da idéia de trabalho ao funcionamento Fenichel(1941), mas pode ser encontrada, talvez, em tra-psíquico: -É ú~a' noção geral que afunda suas raízes no balh~)l;JJ.teriores e a abraçam depois outros, comoBertrandpar<l,digmafreudiano de um aparelho psíquico que trans- D. Lewm,EmestKris, Phyllis Greenacree Ralph R. Greenson.forma a energia pulsional, controlando-a, derivando-a ou Todos eles pensam que a elaboração é cumprida, como oligando-a. Nasneuroses atuais," que Freud (1985b) intro- luto, por meio de um processo, de um trabalho. Isso tam-duziunos primórdios de sua obra e às quais voltou no bém é aceho por Klein, que vai mais longe, sustentandocaso Schreber (1911c) e na "Introdução do narcisismo" que o próprio insight pressupõe um momento de luto.(1914c), há uma falta de elaboração psíquica que Os trabalhos de Klein sobre a posição depressiva in·condicionaaestase da energia sexual e que se manifesta fantil(1935, 1940) descrevem um momentoparaelafun-diretamente em sintomas carentes de'todo conteúdo psi- dador do desenvolvimento: a criança reconhece um obje-cológico. Aperlaboração, ou per-elabotaçãoou reelabora- to total no qual convergem o bom eo mau; ~t~então se-ção (Durcharbeiten), tem um alcance mais restrito que a parados pelos mecanismosesquizóides.11.ss.eprocesso deelaboração psíquica, pois aplica-se exclusivamente aos pro- síntesed'8"?bjeto tem seU correlato na integração doego,cessos de elaboração próprios do tratamento psicanalíti.. que supôrta vivos sentiment9s.Ae dor ao se dar conta deco. Como já vimos, segundo o moniento da investigação que seus impulsos agressivosdirigia..m-se, na realidade, a

-~J~~}!c:l~~Gi,",a.DurC~aEbeitel1J:'efere:s~ag_g:.,!balhosobre as _.,",seuopjetode a.rn oroCOlIlllIlla grande angUstia (d epressiva). -.t,ên~i~~q1!e_;QR~t.àAf~gwl~~jéiçã.õ--ão-piiridpiodo:pra-,peloc1E!~tÍ!1odoobjetoamado,oego toma" assiDl, contato

J'9!~Lo\i~pata=:su~efãi-S~i'esist~nGlaid'6'Ya=;'qtiéc.=éstã=:,o~COIILs.eu,p9iO•.e,..SgusimpiilS'üsagressivos.Nessemarcoteóc'

t(ãl~tiCdascr'f~lstênbª~~llo'~g_q:~deoseuprópriofun~- ',·~crico,~0·insightfica.definidocomoacapacidadedeaceitar .a,',

i~;tit~~1~i1~~~~~:~;~ífgtBf~~~J;~~a;:~~~~~~~~:~:-tt;~~;~~~i~~:=:illso$:de-amor*ecdeéÓdi0-~':'.=~~"w:'lllis~1CdQ=antig:-ô:pr<J.Zet;'~~:I'!tbiçãõ;';'si1itomae-anw~~--:;:-:;~~C(jm§Freüa(.i917e}e.Abra1lamf1924},Klein(1950), '

~~~~~~i~~hJi~~~~~l~~~~~f~:~;~~~~e~j:~~~%:~:;:1~~O~f~O~é~~:~:~;~~;o:te~~~~~~~:~e~~:;~~~:~-,~-"".~:==~~"~~~.2ºoyce:'McJD_9JJg~h{19~5Õ;mQstià-se parti.mentod081JJet()~~~t~l"no, .mas ..'tam bérn da ambivalênciaâ:riéicde'separar"VeraE7ie{t:Ungrwqrlçüú~QUf~~!~J2oraçãopsí~,;,--:;d~,sjljeitq:fféijtfã:q~2~j~to interno que representa os objec

quica) e Durcharbeiten (workingthrough, perlà&oração)e ~~tos Flliriláii6s(Wi-itings, v. 3, p. 44). O reconhecimento deaplicaa1IIbos os conceitos não apenas ao analisando, mas que o objeto bom interno foi (ou pode ser) atacado etambém ao analista, que deve estar sempre <l,tentoa seus destrUído põe em marcha o processo de luto, com seu cor-próprios conflitos durante e depois da sessão. "The analyst's tejo de angUstias depressivas e sentimentos de culpa, quework doesnotendwhen the session With Lheanalysandis por sua vez despert<l.ill a tendência à reparação, a qualover';'(Theatres ofthe mind, p,' 22), e os pensamentos que leva em suas entranhas a esperança.

" Para Klein, Oinsight resulta daintrojeçãodo objeto eda integração do ego que caracterizam aposição depres-siva.Çomo diz em seu trabalho sobre o término .da análise

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!

6 Comovimosnoitem anterior, Kleindata odesenvolvimentodoinfante muito antes e não se mostramuito disposta a reconheceretapas"ná aquisição doinsight.

1, porque produz' o processo de integração' dáspartes clivadas do ego; .

2. porque transforma a onipotêi::l,,eia.em conhe-.' "cimento_ .'

Para essa autora, o i:rlsightnão é apenas conhecimentodas pa...rtesdo self(quesehaviam perdido por identifica-ção projetiva), maS também incorporação das experiê:q.ciaspas,sadas, o que reforça o sentimento de identidade e opoder do ego.

Ao recuperar através do insight as partes perdidas deseu seI! e .as experiências esquecidas e/ou distorcidas, oindivíduo pode reestruturar e fortalecer seu ego, con.fiarnos objetos bons que podem ajudá"lo e diminuir sua oni-potência e onisciência....•. --

recém-citado, a dor depressiva é a condição necessária do crimi~açãoexperiencia1deve consistir em uma forma ai-insight da realidade psíquica que, por sua vez, contribui ternatlvaentreo prazeroso e o desprazeroso.6Da mter -

Ih - d d (·b·..l.) . ., 1d" 1 d' '1' .açao:para uma me .orcompreensao o mun o externo I lu.. m~Vl.tave. os Impu sos a cnançae das Imitações da·re-Amedidaqueoinsight muda a atitude do indivíduo fren- ahdade, e ao cOmpasso das pautas constitucionais cl .te ao objeto, aumenta seu amor e responsabilidade. maturação de ego, depois vai organizando-se o mu deMeneghini (1976) adverte que muitas das idéias de Klein das representações, para começarem a se estabeleçp~ Q

sobre a relação entre insight, elaboração e luto podem serliJ:rütes entre o ego e o não-ego. Desse modo, açri~ Osrastreadas até sell primeiro trabalho, "The development.. obtém uma primeira classmcaçãode suas experiêncil~of a child" (1921), no qual, seguindo Ferenczi, descreve a 'altamente subjetiva, por certo, em que as vivênci:'luta entre o sentimento, de onipotência e o princípio de ,prazerosas são;\ltribuídas ao ego, e ao não-ego asoutrasS

realidade. v Talvez, nesse momento, estejamos diante de uma form~Em seú já clássico trabalho ao Congresso de Edim" muitoprim.itiva de auto-observação, embora a criança mn-

burgo,flanna Segal (1962) destaca firmemente. o papel i-da.careça desse olho interno que torna possível a auto-doinsiglit no processo psicanalítico. Também para ela, o observação. Esse tipo de funcionamento abrange toda ainsight enquadra-se na situação de luto que sobrevém quan" etapa pré-verbal, enquanto a aquisição gradualdalingua_do são cOrrigidos osmecanismos de identificação projetiva &"emacelera notavelmente o desenvolvimento cognitivo.e de dissociação que operam na posição êsquizoparanóide. E nesse momento que a criança adquire um grau suficien-

O insight, que para Segalconsiste em adquirir co- te de estrutura em seu aparelho mental para qlle seja ca~nhecimentos sobre o próprio inconsciente, operaterapeu- paz de exercitar uma capacidade rudimentar de auto-ob-ticamente por dois motivos: servação, o que a torna acessível à experiência do trata-

mento psicanalítico, mesmo que ainda esteja longe de umaconquista plena da constância objetal, que requer o reco-nhecimentode que o objeto tem suas próprias necessida-des e desejos. Seguindo Rees (1978), Hansi Kennedyafir-ma:'i\téos seis ou sete anos, a'criança é egocêntrica doponto de vista cognitivo e sua compreensão dos;(l-em:àis'limita-se a experiências subjetivas" (Psicánálise, v. 4, p.49).Se levamos em conta que oinsight depende da funçãointegradóra do ego, como sustenta Kris (1956a), entãodevemos concluir que a criança da primeira infânciae doperíodo de latência está muito longe ain.da' de utilizaraexperiência do insight tal como faz o adulto: :Durante aprimeira infância, a capacidade de auto-observação dacriança é escassa e provém da internalização das deman-das parentais, de sua aprovação. Essa capacidade de auto- i

iobservação vai afirmando-se gradualmente, embora sem- i.pre acompanhe a tendência da criança a "externalizar" jseus conflitos. Além disso, é raro encontrar em um criança !

O INSIGHTE AS UNHAS DE,DESENVOLVIME~TO-:Esc~,del.IleJ1()scc~,s!nc(),'aI:l0sl1myerdadeiroinsight. sobre a ........•.........•1

. -- ·.seguihdó·o.cólib~it~Iâ~·i·~~i:~~~~~~t?i~~=~~:~~~~~;~:~k~~~F~~~~~~;~~a~~~~~~~1~~~~;I~

observação, de inicio, é tim-reqi.í.lsltô·para-o'i'~sight;II:lé:l.satriblú·se1.1sprobleinas a causas externase'1)us'casÓlu>---"::"i

ne'ln sempre conduz a ele. A au~q,.observação pode ficar a cionáclos também no mundoexterior, e não por meio daserviço da gratificação doid, assim como da severa crítica compreensão.do superego em.esmo dos mecanismos dedefesa, sancio-nando uma dissociação patológica nó ego.

Paràessa escola de peiisam.erito, compreende-se queóbebê,submetido aos vaivéns mais imediatos do proces-so primário, não pode ter insight. De'acôrdo como reina-do do princípio do prazer, a forma mais primitiva dedis-

. ---..~"';~._._~~-

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....." ,c'FUf\lDAMENTOSDA'TÉCNICA PSICANAlíTICA ·~81O adolescente;. ao contrário, é,por.definiçã() m,uito

introspectivo e reflexivo, mas a intensidade deseusdése-jos seiuaise agressivOs Oáterrorizam, de modo que lutaenergicamente contra o recenhecimento de seus conflitosinternos e sua reaparição no presente.

Apenas no adulto a auto-observação consagra·secomoumaJunção autônoma, com o que se obtém'um grauátimode auto-observação objetiva e; com isso, um desejode conhecer a:si mesmo.7 .

Em resumo, as crianças da primeira infância têm umacapacidade limitada de auto-observação que levaaperce-ber os próprios desejos e sentimentos e a reconhecerdifi-cúldade~?que são justamente a marca de um insign.t qbje-tivo. Durante a latência, a criança dispõe dos 'instrumen-tos para oinsight, masacapacidadedecblaborar comoanàlistaflutuará intensamente, e as resistênciasàin'trbspec:.ção eao insightserão muito fortes. Naadolescênci.a,· porfIm, há umá atitude introspectiva natural, além de umacapacidade para .compreenderó~ motivos' inconscientesda conduta, com o que já se dão plenamente as condiçõespara o verdadeiro insight,emboracontinueneles a predis-posição ayer sempre o illlediatoe o presente em d~tri-mento do interesse pelo passado e da influência que~lepode exercer sobre o presente, que parec~. ser predicadoapenas do espírito.adUlto. "

·0 lNSIGHT COMOHESOLUÇÃOOSTENSIVO-CONTRA-INDl:JTIVADÊUM PARADOXOPR'AGl\I1ÁTICO

telas percep~uais oumnêmicas) eV.~J:ltosantes jndiscer-ní-v-êis;ao compará-19s,oana1isandotemacesso aumtes-te expériÉmcial de suas teoriasimpÜcitas.-'.' ·.t?iEealidade psíqllicaatua como matriz .dedutiva in-consciente de teoriasrelacionais; ôpetàndo como catego-rias pragmáticocem()cionais,qll~estruturam a maneiracomo b àn3.lisandopercebe sellVfuculo'comos outros ecomo se comporta em relaçfiO.a,eles.,.ElIl,contraposição, o .pensamento inferencialconséiente 'que mapeia a linglla-gemestá org~zado~m.t()trio deindi"t.:íduose·sllas quali-

iiTdad~s. Ao acedér,€]]1 instâncias'individuais.concretas, aumcQnhecimento por familiarid~d~. dàs/dassesresultan- .tes .desells modos pragmáticos.e semânticosinconscien"~·"'···'·"!·ct.es,de coligar.ps fatos, o.,analisandoobtém .seu. teste. da ~;§E•• !realidade experiencialcies eusm:í:rrcos~,ou:teoriasinc()nsci -';~~:'~::::'..~ntes: Esses m~cossãoo resi~]!?:clo:'a?gEfneialri~çoe~='~:~::=imdutlvas precoces eregem a forma·comocadapessoaor-· .......•.....i

ganiza suas relações. Desse modo, fica ~berta à possibili- ~~~-:f:=:.dade de refutá-las. -:O''''·•.7···=··_· .. ··:i······~·..

A interpretação inspira-s~Aé"'s~~.tarefa global:traz.:.::::L:colihecimento (conjectural) por descrição,ummapeaÍnen-',~~.·to provisório em forma de conjecturas interpreta,tivas que,'~'""""sef,orem adequadas,ajlldarão oanalisàndo a obter novos

.'" - '. - ".,. '- - - - ~.'-' < - - "pontÇ>sde observação-:-emumádescrição múltipla de suareàlidade psíquica e, em conseqüência, chegar aumare-ft1tação aua uma reformulaçã.o ostensiva consciente deseus modos, até então inconscientes, de conceituar os acon-tecimentos relacionais. Um grau substancial de nelitràli-dade pragmática (e semântica) do anàlista é o pano defundoqlle permite ao analisando deslindãf .e 'articular o

. que terá observado dentro efora da sessão ..De acotdo com.Ahumada (1991, 1994~·1997a,1997b), No tratamento de Um adolescentepós-.alitis'ta cuja

o insight psicanalítico genúínoimplica oacesso.a i.Únde: característica principal era a pseudo:estupidez, ley.adóa,terminado paradoxo pragmático, que se resolve deforma tratamento por seus pais por seu terror ao avô, Ahumadáostensiva a partir de exemplos individuais. Ahumada se- (1997a) ilustra em detalhe a maneira como, depois de já.gue Richfield (1954) quanto ao fato de que apenas um tetem ocorrido notórios progressos clínicos, consegue evi-

.... conliecimento por familiaridade torna possível o insight deIlciarem sessão, a partir de um material de fim de se-c~:';(ostensivo) que leva àmudanç~psíq1iicaesfrutural; ápóia~ mana em que era patenteasexualidade,. a equiparação.~~=n~~~4JW~~

da distinção ostensiva do p~ti.êuf~ -fe:VaareVlsar' uma'ce:. ~""'llifil:iâ.Vi;rsi:dócinterIJretado?iritestàntasveiesique situavá .....•...cária emusQaté ali desconhecida. O fulalista traz descrições o analista nO papel de I?olícia sexual, isto é, seu perenedas experiências do arialisandopartindo denovospontos temOr de que ° anàlistá rivalize e ataque suas vivênciasde vista é permite-lhe, assim,resgatarostensiva.l:D.ertte (em ·aD1orosas.