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TROCANDO AS BOLAS — Atirei o pau no gato-to-to, vamos todos cirandar, o cravo saiu ferido-do-do, para o meu amor passar. — Que mania você tem de misturar tudo, Troca Bolas! — reclamava a meninada. — Assim não dá para brincar de roda. você nunca canta os versos direito! Troca Bolas era assim mesmo. Adorava confundir tudo. Quando a irmãzinha do Troca Bolas pedia para ele contar uma história, o menino saía com esta: __ Era uma vez uma menina muito bonita, com a pele branca como a neve, que vivia num castelo de uma madrasta muito má. Um dia, ela colocou um chapeuzinho vermelho e foi levar doces para a vovozinha. Aí ela subiu uma escada e perdeu o sapatinho de cristal. Por isso, a bruxa prendeu a coitadinha numa torre e os cabelos dela ficaram compridos e o príncipe subiu neles para salvá-la... É claro que a irmã do Troca Bolas não entendia nada. Mas como ainda era muito pequena, ria a valer. E assim Troca bolas ia vivendo. Misturava tudo e o pessoal tinha de fazer um esforço tremendo para desmisturar as histórias dele. Um dia a criançada estava brincando na praça, numa tarde de sol, em volta de um laguinho de cimento, quando alguém gritou: — Acudam! A gatinha da irmã de Troca Bolas caiu no lago! — Quem vai entrar no lago para tirar a gatinha de lá? Só que não foi preciso que ninguém se molhasse. rapidamente, a água do lago começou a baixar e a gatinha conseguiu sair do lago. O que tinha acontecido? Troca Bolas tinha corrido para abrir o registro da água e esvaziar o lago. Todos aplaudiram: — Grande idéia, Troca Bolas! Como é que você pensou nisso? — Muito simples! — respondeu o menino. — Vocês não estavam pensando em tirar a gatinha da água? Pois eu pensei em tirar a água da gatinha. (Pedro Bandeira – adaptação) 1) Enumere os parágrafos. (0,4) O texto tem ______ parágrafos. 2) Leia o 1º parágrafo e escreva o que você descobriu. (1,0)

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TROCANDO  AS BOLAS

    — Atirei o pau no gato-to-to, vamos todos cirandar, o cravo saiu ferido-do-do, para o meu amor passar.

    — Que mania você tem de misturar tudo, Troca Bolas!  — reclamava a meninada.  — Assim não dá para

brincar de roda. você nunca canta os versos direito!

    Troca Bolas era assim mesmo. Adorava confundir tudo.

    Quando a irmãzinha do Troca Bolas pedia para ele contar uma história, o menino saía com esta:

    __ Era uma vez uma menina muito bonita, com a pele branca como a neve, que vivia num castelo de uma

madrasta muito má. Um dia, ela colocou um chapeuzinho vermelho e foi levar doces para a vovozinha. Aí ela

subiu uma escada e perdeu o sapatinho de cristal. Por isso, a bruxa prendeu a coitadinha numa torre e os cabelos

dela ficaram compridos e o príncipe subiu neles para salvá-la...

    É claro que a irmã do Troca Bolas não entendia nada. Mas como ainda era muito pequena, ria a valer.

    E assim Troca bolas ia vivendo. Misturava tudo e o pessoal tinha de fazer um esforço tremendo para

desmisturar as histórias dele.

    Um dia a criançada estava brincando na praça, numa tarde de sol, em volta de um laguinho de cimento,

quando alguém gritou:

    — Acudam! A gatinha da irmã de Troca Bolas caiu no lago!

    — Quem vai entrar no lago para tirar a gatinha de lá?

    Só que não foi preciso que ninguém se molhasse. rapidamente, a água do lago começou a baixar e a gatinha

conseguiu sair do lago.

    O que tinha acontecido? Troca Bolas tinha corrido para abrir o registro da água  e esvaziar o lago. Todos

aplaudiram:

    — Grande idéia, Troca Bolas! Como é que você pensou nisso?

    — Muito simples! — respondeu o menino. — Vocês não estavam pensando em tirar a gatinha da água? Pois

eu pensei em tirar a água da gatinha.

(Pedro Bandeira – adaptação)

1) Enumere os parágrafos.   (0,4)

O texto tem ______ parágrafos.

2) Leia o 1º parágrafo e escreva o que você descobriu. (1,0)

3) Escreva um parágrafo contando por que o personagem principal da história se chama Troca Bolas. (1,0)

4) Circule, no texto, o parágrafo em que Troca Bolas conta uma história para sua irmãzinha. (0,5)

5) Releia o parágrafo que você circulou.  (1,0)

Escreva o nome de duas histórias que aparecem nesse parágrafo.

Agora, escreva o que essa história tem de diferente das outras histórias.

Page 2: textos diversos

6) Leia com atenção as frases abaixo e marque com um ( X ) as expressões que melhor substituem as

expressões grifadas. (0,6)

a) Mas, como era muito pequena, ria a valer.

(     ) sorria

(     ) ria muito

(     ) ria baixo

b) O pessoal tinha que fazer um esforço tremendo para desmisturar as histórias dele.

(     ) grande esforço / desfazer

(     ) pouco esforço / juntar

(     ) relaxamento / bagunçar

7) Explique o que aconteceu com a gata da irmã de Troca Bolas. (1,0)

8) Justifique a afirmativa abaixo. (1,0)

“Ninguém se molhou para salvar a gatinha.”

9) Copie do texto: (0,9)

a) uma frase interrogativa.   

b) uma frase afirmativa.

c) uma frase exclamativa.

10) Circule nas frases as palavras que indicam ação (verbos) e depois, reescreva as frases no plural.(1,0)

a) Um dia ela colocou um chapeuzinho vermelho.

b) Ela subiu a escada e perdeu o sapatinho novo.

11) Retire do 5º parágrafo uma palavra: (0,6)

oxítona:____________________________________

paroxítona: _________________________________

proparoxítona: ______________________________

12) Reescreva a frase fazendo a concordância. (1,0)

O menino contou uma história.

Eu ________________________________________________________

Ele ________________________________________________________

Nós _______________________________________________________

Eles _______________________________________________________

A gente ____________________________________________________

Page 3: textos diversos

ARTE DE SER FELIZ

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande

ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava

da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa,

e sentia-me completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco

carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprova? Em que jarra, em que sala, diante de

quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao

recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava

sua copa redonda.  À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de

crianças. E contava história. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que ouvisse, não entenderia,

porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham  tal expressão no rosto, e às vezes

faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu que não participava do auditório imaginava os

assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria para uma cidade que parecida feita de giz. Perto da

janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia

morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e, em silêncio ia atirando com a mão umas

gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não

morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e

meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto

crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando

com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos: que sempre

parecem personagens de Lope da Vega. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o

seu destino. E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que

essas coisas não existem, outras dizem que essas coisas só existem diante das minhas janelas, e outros,

finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

1.    Cite os lugares para onde se abriam as janelas da autora e o que ela via dessas janelas.

2) O pombo pousava no ovo de louça e “parecia pousado no ar.” Escreva o trecho que mostra a causa desse

fato.

3)    Releia o 5º parágrafo e copie:

a)    a frase que expressa o fato que você julga mais bonito.  

b)    a frase que mostra a harmonia dos seres no universo.

Page 4: textos diversos

4)    Qual é a opinião das pessoas a respeito dessas felicidades de que fala a autora?  

5)    “ ... uns dizem que essas coisas só existem diante das minhas janelas ...” 

a)    Que janelas seriam essas? 

b)    Por que em tempos diferentes, as janelas se abriam para diferentes lugares? 

6) Explique o sentido do título: “Arte de ser feliz.”   

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UM PÉ DE MILHO

Os americanos, através do radar, entraram em contato com a Lua, o que não deixa de ser

emocionante. Mas o fato mais importante da semana aconteceu com o meu pé de milho.

Aconteceu que, no meu quintal, em um monte de terra trazida pelo jardineiro, nasceu alguma coisa

que podia ser um pé de capim - mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro da

casa. Secaram as pequenas folhas; pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do tamanho de um

palmo, veio um amigo e declarou desdenhosamente que aquilo era capim. Quando estava com dois palmos,

veio um outro amigo e afirmou que era cana.

Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois

metros, lança suas folhas além do muro e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu

nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais - mas é diferente.

Um pé de milho sozinho, em um canteiro espremido, junto do portão, numa esquina de rua - não é

um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas

longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto comparações surrealistas - mas na lógica de seu crescimento, tal

como vi numa noite de luar, o pé de milho parecia um cavalo empinado, de crinas ao vento e em outra

madrugada, parecia um galo cantando.

Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé

de milho pendoou. Há muitas flores lindas no mundo, e a flor de milho não será a mais linda. Mas aquele

pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e

uma alegria que me fazem bem. É alguma coisa que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um

belo gesto da terra. Eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever:

sou um rico lavrador da rua Júlio de Castilhos.

Rubem Braga

01    A expressão sublinhada no segmento ''Os americanos, através do radar...'', indica:

A)    lugar;

B)    instrumento;

C)    meio;

D)    causa;

E)    condição.

02    A crônica acima foi escrita há mais de vinte anos por Rubem Braga; o segmento do texto que mostra sua

não-atualidade é:

A)    ''Os americanos, através do radar, entraram em contato com a Lua,...'';

B)    ''...sou um rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos'';

C)    ''Anteontem aconteceu o que era inevitável...'';

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D)    ''Sou um ignorante, um pobre homem da cidade'';

E)    ''Detesto comparações surrealistas...''.

03    Entre os dois períodos do primeiro parágrafo do texto, a oposição mais importante para o próprio texto é:

A)    estrangeiros X brasileiros;

B)    emocionante X frio;

C)    universal X particular;

D)    cósmico X terrestre;

E)    tecnológico X rudimentar.

04    ''...nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim...'', ''...e declarou desdenhosamente que aquilo era

capim.''; os dois elementos sublinhados no texto indicam, respectivamente:

A)    desprezo / desconhecimento;

B)    desconhecimento / desprezo;

C)    desconhecimento / desconhecimento;

D)    desprezo / desprezo;

E)    afetividade / menosprezo.

05    O motivo que levou o autor a escrever a crônica foi:

A)    os americanos terem estabelecido comunicação com a lua;

B)    ter nascido um pé de milho em seu canteiro;

C)    o pé de milho de seu canteiro ter pendoado;

D)    o pé de milho de seu canteiro ter conseguido sobreviver ao transplante;

E)    ter sido confirmada a sua opinião de que o que nascia era um pé de milho.

06    ''...não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente''; o segmento que confirma o que está

sublinhado é:

A)    ''Suas raízes roxas se agarram no chão...'';

B)    ''...suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis'';

C)    ''...meu pé de milho pendoou'';

D)    ''Meu pé de milho é um belo gesto da terra'';

E)    ''...afirmou que era cana''.

07    Considerando o segundo e o terceiro parágrafos do texto, o segmento que pode ser considerado uma

interrupção da narrativa é:

A)    ''Quando estava com dois palmos, veio outro amigo e afirmou que era cana'';

B)    ''-mas descobri que era um pé de milho'';

C)    ''Mas ele reagiu'';

Page 7: textos diversos

D)    ''Sou um ignorante, um pobre homem da cidade'';

E)    ''Ele cresceu, está com dois metros...''.

08    A substituição correta do termo sublinhado por um sinônimo está em:

A)    ''Transplantei-o para o exíguo canteiro...'' = raso;

B)    ''...e declarou desdenhosamente que aquilo era capim'' = depreciativamente;

C)    ''...veio enriquecer o nosso canteirinho vulgar...'' = popular;

D)    ''Anteontem aconteceu o que era inevitável...'' = imprevisível;

E)    ''...que se afirma com ímpeto e certeza'' = velocidade.

09    A substituição da expressão sublinhada por um só termo é INADEQUADA em:

A)    ''Sou um ignorante, um pobre homem da cidade'' = urbano;

B)    ''...tal como vi numa noite de luar...'' = enluarada;

C)    ''...beijado pelo vento do mar...'' = marinho;

D)    ''...exíguo canteiro da casa.'' = doméstico;

E)    ''...é um belo gesto da terra.'' = terrestre.

10    Em todos os segmentos abaixo há um sintagma construído por um substantivo + adjetivo (ou vice-versa);

o sintagma em que a troca de posições entre esses vocábulos pode trazer mudança de sentido é:

A)    ''Transplantei-o para o exíguo canteiro da casa'';

B)    ''Secaram as pequenas folhas'';

C)    ''Sou um ignorante, um pobre homem da cidade'';

D)    ''...e é um esplêndido pé de milho'';

E)    ''...em um canteiro espremido...''.

GABARITO

01-C | 02-A | 03-C | 04-B | 05-C | 06-A | 07-D | 08-B | 09-E | 10-C

Page 8: textos diversos

Advérbio é a classe gramatical das palavras que modificam um verbo ou um adjetivo ou um outro advérbio.

Nunca modificam um substantivo. É a palavra invariável que indica as circunstâncias em que ocorre a ação

verbal. Neste post você poderá fazer 9 exercícios sobre advérbio. O melhor é que poderá conferir as respostas

imediatamente, pois todos vêm com gabarito.

1) Assinale a frase em que meio funciona como advérbio:

a) Só quero meio quilo.

b) Achei-o meio triste.

c) Descobri o meio de acertar.

d) Parou no meio da rua.

e) Comprou um metro e meio.

2) Só não há advérbio em:

a) Não o quero.

b) Ali está o material.

c) Tudo está correto.

d) Talvez ele fale.

e) Já cheguei.

3) Qual das frases abaixo posui advérbio de modo?

a) Realmente ela errou.

b) Antigamente era mais pacato o mundo.

c) Lá está teu primo.

d) Ela fala bem.

e) Estava bem cansado.

4) Classique a locução adverbial que aparece em "Machucou-se com a lâmina".

a) modo

b) instrumento

c) causa 

d) concessão

e) fim

5) Indique a alternativa gramaticalmente incorreta:

a) A casa onde moro é excelente.

b) Disseram-me por que chegaram tarde.

c) Aonde está o livro?

d) É bom o colégio donde saímos.

e) O sítio aonde vais é pequeno.

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6) Ele ficou em casa. A palavra em é:

a) conjunção

b) pronome indefinido

c) artigo definido

d) advérbio de lugar

e) preposição

7) Marque o exemplo em que ambas as palavras em negrito estão na mesma classe gramatical:

a) O seu talvez deixou preocupado o professor.

b) Respondeu-nos simplesmente com um não. 

c) Boas notícias duram pouco.

d) Nossa irmã é mais nova que a sua. 

e) n.d.a

8) Morfologicamente, a expressão sublinhada na frase abaixo é classificada como locução:

"Estava à toa na vida..."

a) adjetiva

b) adverbial

c) prepositiva 

d) conjuntiva

e) substantiva

9) Em todas as opções há dois advérbios, exceto em:

a) Ele permaneceu muito calado.

b) Amanhã, não iremos ao cinema.

c) O menino, ontem, cantou desafinadamente.

d) Traqüilamente, realizou-se, hoje, o jogo.

e) Ela falou calma e sabiamente.