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1 Questões Comentadas Bloco 3 1 - (FCC-2006) Leia o texto abaixo e responda Em todo o continente americano, a colonização europeia teve efeito devastador. Atingidos pelas armas, e mais ainda pelas epidemias e por políticas de sujeição e transformação que afetavam os mínimos aspectos de suas vidas, os povos indígenas trataram de criar sentido em meio à devastação. Nas primeiras décadas do século XVII, índios norte-americanos comparavam a uma demolição aquilo que os missionários jesuítas viam como "transformação de suas vidas pagãs e bárbaras em uma vida civilizada e cristã." (Relações dos jesuítas da Nova França, 1636). No México, os índios comparavam seu mundo revirado a uma rede esgarçada pela invasão espanhola. A denúncia da violência da colonização, sabemos, é contemporânea da destruição, e tem em Las Casas seu representante mais famoso. Posterior, e mais recente, foi a tentativa, por parte de alguns historiadores, de abandonar uma visão eurocêntrica da “conquista" da América, dedicando-se a retraçá-la a partir do ponto de vista dos "vencidos", enquanto outros continuaram a reconstituir histórias da instalação de sociedades europeias em solo americano. Antropólogos, por sua vez, buscaram nos documentos produzidos no período colonial informações sobre os mundos indígenas demolidos pela colonização. A colonização do imaginário não busca nem uma coisa nem outra. (Adaptado de PERRONE- MOISÉS, Beatriz, Prefácio à edição brasileira de GRUZINSKI, Serge, A colonização do imaginário: sociedades indígenas e ocidentalização no México espanhol (séculos XVI-XVIII). A autora do fragmento transcrito

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Questões Comentadas

Bloco 3

1 - (FCC-2006) Leia o texto abaixo e responda

Em todo o continente americano, a colonização europeia teve efeito

devastador. Atingidos pelas armas, e mais ainda pelas epidemias e por

políticas de sujeição e transformação que afetavam os mínimos aspectos de

suas vidas, os povos indígenas trataram de criar sentido em meio à

devastação. Nas primeiras décadas do século XVII, índios norte-americanos

comparavam a uma demolição aquilo que os missionários

jesuítas viam como "transformação de suas vidas pagãs e bárbaras em uma

vida civilizada e cristã." (Relações dos jesuítas da Nova França, 1636). No

México, os índios comparavam seu mundo revirado a uma rede esgarçada pela

invasão espanhola. A denúncia da violência da colonização, sabemos, é

contemporânea da destruição, e tem em Las Casas seu representante mais

famoso. Posterior, e mais recente, foi a tentativa, por parte de alguns

historiadores, de abandonar uma visão eurocêntrica da

“conquista" da América, dedicando-se a retraçá-la a partir do ponto de vista dos

"vencidos", enquanto outros continuaram a reconstituir histórias da instalação

de sociedades europeias em solo americano. Antropólogos, por sua vez,

buscaram nos documentos produzidos no período colonial informações sobre

os mundos indígenas demolidos pela colonização. A colonização do

imaginário não busca nem uma coisa nem outra. (Adaptado de PERRONE-

MOISÉS, Beatriz, Prefácio à edição brasileira de GRUZINSKI, Serge, A

colonização do imaginário: sociedades indígenas e ocidentalização no

México espanhol (séculos XVI-XVIII).

A autora do fragmento transcrito

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a) vale-se de estrutura narrativa para apresentar a obra que considera

polêmica porque seu autor se afasta dos procedimentos de análise

consagrados.

b) descreve o embate entre distintas culturas para introduzir o tema da obra

que ela divulga como tendo sido produzida por enfoque impreciso, embora

legítimo.

c) expõe uma série de ideias que lhe permitem chamar a atenção para a

originalidade da perspectiva adotada pelo autor na obra que ela

apresenta.

d) elabora uma argumentação consistente, construída de passagens

descritivas pontuadas de exemplos extraídos da obra apresentada, para atestar

sua familiaridade com o texto.

Comentário: Como vemos na referência bibliográfica, esse texto faz parte de

um prefácio. Diante desse gênero textual, a autora procura somente expor

algumas ideias, dentre elas a que se encontra nas Relações dos jesuítas da

Nova França, 1636, para mostrar que a visão da obra que ela está

apresentando A colonização do imaginário não busca nenhuma das visões

consagradas, mas busca apresentar uma visão pautada na originalidade.

2. (PASUSP 2009) Leia o texto a seguir

TERRA INDÍGENA

Diz a Constituição Brasileira de 1988, no capítulo reservado aos índios:

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,

línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que

tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer

respeitar todos os seus bens.

§ 1º – São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas

em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as

imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu

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bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus

usos, costumes e tradições.

§ 2º – As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua

posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo,

dos rios e dos lagos nelas existentes.

§ 3º – O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais

energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas, só

pode ser efetivado com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as

comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da

lavra, na forma da lei.

§ 4º – As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os

direitos sobre elas, imprescritíveis (...)

Pela Constituição Brasileira, é correto afirmar que

a) os índios podem usufruir de todos os recursos naturais da área que

lhes for demarcada.

b) os índios precisam de autorização do Congresso Nacional para utilizar os

recursos hídricos das terras que ocupam.

c) a União deverá demarcar terras ocupadas pelos índios desde que estes

reconheçam a necessidade de alterar seus costumes e tradições.

d) os índios são os legítimos proprietários das terras que ocupam, podendo

vendê-las de acordo com seus interesses.

Comentário: O texto acima é um artigo da lei da Constituição Federal do

Brasil, e como tal é expositivo, pois tem como objetivo dizer o que deve ser

feito ou não. Nesses artigos vemos que cabe aos indígenas o usufruto

exclusivo das riquezas naturais em suas reservas demarcadas, todavia, em

caso de exploração econômica, exige-se a autorização do Congresso Nacional.

3. (Encceja/EM-MEC) “O nome Amazonas foi dado pelo frei espanhol Gaspar

de Carvajal, o primeiro cronista europeu a viajar pelo rio, durante a expedição

de Francisco de Orellana, na primeira metade do século XVI. O frei afirmou que

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sua embarcação foi atacada por mulheres que, como na mitologia grega das

amazonas, pretendiam escravizar os homens para procriar antes de matá-los.”

(Veja Especial Amazônia, 24 dez. 1997).

Pode-se dizer que este texto foi escrito, principalmente, para que o leitor seja

a) Convencido sobre a necessidade de preservar a Amazônia.

b) Informado sobre a origem do nome Amazônia.

c) Incentivado a conhecer o Rio Amazonas.

d) Esclarecido sobre quem eram os habitantes primitivos da Amazônia.

Comentário: Esse texto é predominantemente dissertativo, pois tem uma

informação muito direta, o que o torna extremamente objetivo: informar sobre

quem deu o nome Amazonas e por que.

4. Leia os textos a seguir e identifique o tipo de exposição presente em cada

um deles, assinalando a alternativa correta.

Texto 1 – “Faz pouco tempo que o nome "genoma humano" entrou no

repertório dos termos que povoam a vida contemporânea. Investigadores

sábios e imaginativos trabalharam durante todo o século 20 para formular o

corpo de conhecimentos em que se sustenta a definição mais estrita de

genoma: o conjunto de cromossomos que ascendentes transmitem a

descendentes ao longo da história de uma espécie.”

(http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u351818.shtml)

Texto 2 – “Este é um livro sobre gente. Não é um livro de opinião. É um livro de

histórias. As histórias foram reunidas durante cinco meses de viagem, em

1995, por quatro países mulçumanos não-árabes – Indonésia, Irã, Paquistão e

Malásia. Portanto, existe um contexto e um tema.” (NAIPAUL, V. S. Além da Fé

- Indonésia, Irã, Paquistão e Malásia – 1998. São Paulo: Companhia das

Letras, 1999).

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a) O texto 1 caracteriza-se por apresentar uma definição e o texto 2

tem um caráter mais informativo.

b) Ambos os textos têm um caráter informativo, embora o segundo seja

mais persuasivo.

c) Ambos os textos apresentam uma estrutura mais voltada para a

definição.

d) Os dois textos são extremamente argumentativos.

Comentário: O texto 1 caracteriza-se por apresentar uma definição, pois a

partir da enumeração de características específicas, define o significado de

genoma. Já o texto 2 tem um caráter mais informativo, pois o autor tem o

cuidado de explicar o conteúdo do livro, que o leitor tem nas mãos, procurando

esclarecer que essa é uma obra que fala sobre gente, com histórias e não

opiniões.

5. (Pasusp 2009) Na literatura, como na natureza, nada se ganha e nada se

perde, tudo se transforma. Em Shakespeare está tudo o que nós, escritores,

continuamos a utilizar nos dias de hoje, apenas embaralhamos as cartas e

voltamos a dar. Os sentimentos profundos que movem a humanidade – o amor,

o ciúme, a paixão pelo poder, as intrigas da corte –, a certeza de que as

grandes histórias de amor continuam a ser as impossíveis, etc. Ainda que

depois de Shakespeare não tivesse surgido mais nada, o essencial sobre a

natureza humana já teria sido dito.

(José Eduardo Agualusa. O Estado de S. Paulo, 23/04/2009.

Adaptado.)

Assinale a alternativa que apresenta a ideia central do texto.

a) A obra de Shakespeare não apresenta valores humanos atuais.

b) O essencial da natureza humana está representado em Shakespeare.

c) As grandes paixões continuam sendo impossíveis.

d) A natureza imita os temas presentes na literatura.

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Comentário: No texto há um encadeamento de figuras, que procura discutir

sobre o essencial da natureza humana. Esse comentário inicia falando de

Shakespeare e encerra a sentença dizendo que o essencial sobre a natureza

humana já teria sido dito, ou seja, encontra-se na obra de Shakespeare.

6. (UFSCAR 2009)

REFORMA AGRÁRIA

A partir dos anos de 1990, várias legislações regulamentaram aspectos da

reforma agrária no Brasil. Entre elas, destacam-se:

1. Alteração da Lei do Rito Sumário: regulamentou a imediata posse, pelo

governo, das terras em processo de desapropriação para fins de reforma

agrária, após depósito judicial correspondente ao preço oferecido pelas

benfeitorias e do lançamento dos Títulos da Dívida Agrária, para pagamento do

valor da terra nua. Assim, mesmo que o proprietário entre com contestação

judicial contra qualquer aspecto do processo de desapropriação, a posse da

terra tornou-se imediata para o Governo.

2. Aumento do Imposto Territorial Rural para os proprietários de grandes

extensões de terra e pequeno grau de utilização produtiva, que pode chegar a

20% do valor da propriedade.

3. Proibição de que a propriedade rural ocupada por trabalhadores rurais sem

terra seja vistoriada ou desapropriada para fins de reforma agrária durante a

ocupação e nos dois anos seguintes à sua desocupação.

Considerando o teor dessas legislações, pode-se dizer que:

a) todas elas representam vitórias políticas decorrentes da organização dos

movimentos sociais no campo, que tomaram grande impulso ao longo dos anos

de 1990.

b) demonstram a força política dos grandes latifundiários, pois reduzem a ação

dos movimentos de luta pela terra e implementam o pagamento das terras

desapropriadas.

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c) ilustram a postura política dos governos da década de 1990 que,

pressionados pelo avanço dos movimentos sociais, resolveram os conflitos por

posse de terra no país.

d) refletem interesses opostos, pois em parte atendem demandas dos

movimentos de luta pela terra e, por outro, protegem interesses dos

proprietários de terras.

Comentário: Esses textos são expositivos. Eles informam sobre as legislações

que regulamentaram aspectos da reforma agrária no Brasil, após 1990.

Portanto, o teor dessas legislações reflete pontos de vista opostos na questão

agrária: os dos movimentos de luta pela terra ou dos movimentos que

protegem o interesse dos proprietários de terra. A afirmação I defende,

aparentemente, interesses dos movimentos de luta pela terra e a afirmação III,

por sua vez, defende interesses dos movimentos que protegem os

proprietários.

(Mack-2006) – Leia o texto a seguir e responda as questões 7 e 8

Breve história do tique

A palavra parece nascida da linguagem dos desenhos animados. Segundo

alguns, sua clara origem onomatopaica derivaria do alemão ticken, que

significa “tocar ligeiramente”, ou de um termo da medicina veterinária que, já no

século XVII, associava ticq e ticquet a um fenômeno no qual os cavalos

sofrem uma súbita suspensão da respiração, seguido por um ruído: uma

espécie de soluço que produz no animal comportamentos estranhos e

sofrimento. Daí a extensão a várias manifestações que têm em comum a

rapidez, o caráter repetitivo e pouco controlável e a piora em situação de

stress.

Rosella Castelnuovo

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7 - É correto afirmar que o texto

a) tem por principal meta esclarecer que os animais, mais do que os homens,

experimentam tensões psicológicas.

b) descreve as diferentes manifestações de um fenômeno e os vários nomes

que elas recebem na língua portuguesa.

c) define os tiques como manifestações exclusivamente sonoras, produzidas

por cavalos e por homens em situação de estresse.

d) trata da história da palavra e comenta sua migração do vocabulário

específico de uma área para o vocabulário geral.

Comentário: A alternativa d) resume, sucinta e precisamente, o texto em

questão, que apresenta as hipóteses existentes sobre a origem da palavra

tique e descreve sua passagem do vocabulário da veterinária para o

vocabulário geral.

8. Está subentendido ao texto que

a) palavras de origem onomatopaica costumam ser empregadas em

desenhos animados.

b) as onomatopeias são criadas exclusivamente a partir do sentido do tato.

c) tique é hoje uma palavra de uso mais restrito do que o apresentado

originalmente.

d) a palavra tique deixou de nomear as manifestações observadas no século

XVII.

Comentário: A primeira afirmação do texto, segundo a qual a palavra

onomatopaica tique “parece nascida da linguagem dos desenhos animados”,

implica a ideia constante da alternativa a: “palavras de origem onomatopaica

costumam ser empregadas em desenhos animados”. Cabe lembrar, que os

subentendidos podem confirmar ou não, portanto, a alternativa A contém uma

informação que pode ser considerada correta, pois, a passagem “A palavra

[tique] parece nascida da linguagem dos desenhos animados” permite concluir

que as onomatopeias sejam costumeiramente empregadas em desenhos.

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9. (Enem – 2005) Leia os textos abaixo:

I - A situação de um trabalhador: Paulo Henrique de Jesus está há quatro

meses desempregado. Com o Ensino Médio completo, ou seja, 11 anos de

estudo, ele perdeu a vaga que preenchia há oito anos de encarregado numa

transportadora de valores, ganhando R$ 800,00. Desde então, e com 50

currículos já distribuídos, só encontra oferta para ganhar R$300,00, um salário

mínimo. Ele aceitou trabalhar por esse valor, sem carteira assinada, como

garçom numa casa de festas para fazer frente às despesas.

(O Globo, 20/07/2005.)

II - Uma interpretação sobre o acesso ao mercado de trabalho: Atualmente, a

baixa qualificação da mão-de-obra é uma das responsáveis pelo desemprego

no Brasil.

A relação que se estabelece entre a situação (I) e a interpretação (II) e a razão

para essa relação aparece em:

a) II explica I – Nos níveis de escolaridade mais baixos há dificuldade de

acesso ao mercado de trabalho.

b) I reforça II – Os avanços tecnológicos da Terceira Revolução Industrial

garantem somente o acesso ao trabalho para aqueles de formação em nível

superior.

c) I desmente II – O mundo globalizado promoveu desemprego especialmente

para pessoas entre 10 e 15 anos de estudo.

d) II complementa I – O longo período de baixo crescimento econômico

acirrou a competição, e pessoas de maior escolaridade passam a aceitar

funções que não correspondem a sua formação.

Comentário: Quanto à situação apresentada, o texto II complementa o texto I

que, como exige a questão, traz a razão da relação que se propõe. Importante,

no entanto, é destacar que, a despeito da baixa qualificação sugerida no texto

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II, os 11 anos de estudo que o texto I evidenciou superam, de longe, a média

de escolaridade do brasileiro.

10. (Enem – 2004) O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes

construções de concreto e as estações de metrô, e cada dia se torna mais

presente nas grandes metrópoles mundiais. Nasceu na periferia dos bairros

pobres de Nova Iorque. É formado por três elementos: a música (o rap), as

artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No hip-hop os jovens usam as

expressões artísticas como uma forma de resistência política. Enraizado nas

camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no Brasil e no mundo com

um discurso político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros. Apesar de

ser um movimento originário das periferias norte-americanas, não encontrou

barreiras no Brasil, onde se instalou com certa naturalidade – o que, no

entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não tenha sofrido influências

locais. O movimento no Brasil é híbrido: rap com um pouco de samba, break

parecido com capoeira e grafite de cores muito vivas. (Adaptado de Ciência e

Cultura, 2004)

De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artística tipicamente

urbana, que tem como principais características

a) a alienação política e a preocupação com o conflito de gerações.

b) a afirmação dos socialmente excluídos e a combinação de linguagens.

c) a integração de diferentes classes sociais e a exaltação do progresso.

d) a valorização da natureza e o compromisso com os ideais norte-americanos.

Comentário: Nesse texto argumentativo, o autor procura defender a ideia de

que o hip-hop é uma manifestação artística tipicamente urbana. Diante disso,

as afirmações da alternativa b correspondem, precisamente, aos dados do

texto: “a afirmação dos socialmente excluídos” = “um discurso político a favor

dos excluídos” e “a combinação de linguagens” = “É formado por três

elementos: a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break)”.

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11. Veja a tira a seguir e observe como as ações da mãe e do filho constituem

um “jogo persuasivo” na tentativa de convencer o outro.

Glauco. Geraldinho. Folhinha, 18/01/1992.

No texto observamos duas posições diferentes com relação a um problema: ir

ao show de rock. No segundo quadrinho, a fala da mãe constitui uma contra-

argumentação, isto é, ela não apenas prevê a argumentação de Geraldinho

como a destrói. Diante disso, ele usará outro argumento. Qual é o argumento

usado por Geraldinho para convencer a mãe a ir ao show e qual contra-

argumento a mãe utiliza para convencê-lo a não ir?

a) O barulho com as panelas e o modo como a mãe se arrumou.

b) Não houve argumento nenhum da parte de ambos.

c) A submissão de filho e a autoridade de mãe

d) A “pirraça de filho” e o bom senso da mãe.

Comentário: Geraldinho começa a fazer barulho com as tampas persuadindo

a mãe em mudar de atitude, todavia, a maneira como a mãe se arrumou (roupa

e cabelo) fez com que ele mudasse de ideia, pois ele parecia não estar

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disposto a passar algum vexame por estar acompanhado da mãe vestida

daquela forma tão antiquada (anos 60).

12. A Propaganda pode ser definida como divulgação intencional e constante

de mensagens destinadas a um determinado auditório visando criar uma

imagem positiva ou negativa de determinados fenômenos. A Propaganda está

muitas vezes ligada à ideia de manipulação de grandes massas por parte de

pequenos grupos. Alguns princípios da Propaganda são: o princípio da

simplificação, da saturação, da deformação e da parcialidade.

(Adaptado de Norberto Bobbio, et al. Dicionário de

Política)

Segundo o texto, muitas vezes a propaganda

a) não permite que minorias imponham ideias à maioria.

b) depende diretamente da qualidade do produto que é vendido.

c) favorece o controle das massas difundindo as contradições do produto.

d) está voltada especialmente para os interesses de quem vende o

produto.

Comentário: O texto não afirma explicitamente o que está contido na

alternativa D, mas permite que o leitor chegue a essa conclusão, ao afirmar

que “a Propaganda está muitas vezes ligada à ideia de manipulação de

grandes massas por parte de pequenos grupos”. “Quem vende o produto” faz

parte, evidentemente, dos “pequenos grupos” que, através da propaganda,

manipulam, conforme seus interesses, “grandes massas” de consumidores.

Leia o texto para responder às questões de números 13 e 14.

Nem médico compreende letra de colega

Nem mesmo os médicos conseguem, muitas vezes, entender o

diagnóstico escrito pelos colegas durante o atendimento a pacientes. É isso

que mostra uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São Paulo

(Unifesp). O estudo comparou prontuários médicos e comprovou que a letra

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ilegível impede que médicos da mesma especialidade cheguem a um

diagnóstico igual sobre o quadro clínico do paciente.

A pesquisa foi tese de mestrado do fisioterapeuta Maurício Merino

Nunes, do Departamento de Informática em Saúde. Ele avaliou o grau de

entendimento de prontuários feitos por médicos ortopedistas do grupo de joelho

do Cete (Centro de Traumatologia do Esporte) da Unifesp.

O prontuário deve ser compreendido por outros profissionais para que

seja possível dar continuidade ao tratamento de um paciente. “Se o médico não

tem a informação adequada, existe a possibilidade de não fazer o tratamento

correto”, afirmou Nunes, autor da tese. A legibilidade dos prontuários médicos é

exigida no código de ética da profissão.

A ilegibilidade da letra do médico pode acarretar uma advertência ao

profissional. A necessidade de o prontuário ser compreensível faz parte do

Código de Ética Médica e de uma resolução do Conselho Federal de Medicina.

(Folha de S. Paulo, 09.07.2005.

Adaptado.)

13 - De acordo com o texto, a caligrafia dos médicos

a) é condenada pelos pacientes, porque não atende ao Código de Ética

Médica.

b) não precisa ser legível nos casos em que não houver continuidade do

tratamento.

c) pode causar transtornos aos pacientes em tratamento, caso seja

ilegível.

d) tornou-se um padrão de escrita, ultrapassando o domínio da área médica.

Comentário: Como estratégia de argumentação, o que se afirma na alternativa

c) corresponde ao conteúdo do quarto parágrafo do texto, ou seja, se o médico

não tiver uma informação adequada, existe a possibilidade de não fazer o

tratamento correto do paciente.

14. “Nem mesmo os médicos conseguem, muitas vezes, entender o

diagnóstico escrito pelos colegas...”

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A frase pressupõe que

a) a letra dos médicos, em geral, não deve ser entendida por outros médicos.

b) os médicos ignoram tanto os pacientes quanto os outros médicos.

c) os médicos têm dificuldades em registrar pela escrita os problemas de seus

pacientes.

d) a letra de um médico deveria, pelo menos, ser entendida por outro

médico.

Comentário: Muitas vezes uma expressão ou uma palavra traz uma ideia

pressuposta. A expressão “nem mesmo” atribui ao fato registrado um sentido

de regra geral que implica o que se afirma na alternativa d), pois os médicos,

pela lógica, deveriam conseguir ler os prontuários elaborados pelos colegas de

profissão.

15. Leia o trecho seguinte, associando-o com o texto anterior, do jornal Folha

de S. Paulo.

A letra ilegível, que “popularmente” ficou conhecida como a letra de médico, é

uma tradição antiga. Essa característica marcante advinha da relação de

poder, no caso, do médico, em relação ao paciente. Essa tradição foi tão

enraizada por esses profissionais que, mesmo aqueles que escrevem com letra

legível, adotaram esse “modelo” na escrita.

(www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual)

A leitura permite afirmar que o trecho

a) acrescenta à ideia expressa no jornal o fato de que a letra ilegível

corresponde a uma forma de identidade profissional, apesar de pôr em

risco o tratamento dos pacientes.

b) indica, assim como o jornal, a existência de uma força oculta, que impede os

médicos de escreverem de forma legível, apesar dos esforços das pessoas

envolvidas.

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c) apresenta a ilegibilidade com o mesmo significado do jornal, reconhecendo-a

como um código da classe médica para manutenção de seus valores, conforme

previsto no código de ética da profissão.

d) contesta as informações do jornal, pois, ao contrário deste, defende a

ilegibilidade como necessária à instauração e manutenção do poder do médico

sobre seus pacientes.

Comentário: Conforme depreendemos pela leitura, a “relação de poder”

mencionada no último texto refere-se a essa forma de “identidade profissional”

que os médicos tradicionalmente assumiram, não importando quais serão as

consequências diante desse posicionamento.

(Fuvest 2008) - Observe a charge para responder às questões 16 e 17.

16 - A crítica contida na charge visa, principalmente, ao

a) ato de reivindicar a posse de um bem, o qual, no entanto, já pertence ao

Brasil.

b) desejo obsessivo de conservação da natureza brasileira.

c) uso de slogan semelhante ao da campanha “O petróleo é nosso”.

d) descompasso entre a reivindicação de posse e o tratamento dado à

floresta.

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Comentário: O slogan faz uma crítica à falta de empenho com que o governo

enfrenta a questão do desmatamento da Amazônia. Essa crítica é revelada

pelos dois planos de imagens contraditórias: ao fundo, uma floresta destruída e

abandonada; à frente, uma sinalização de posse por meio da placa, pregada

pelo presidente Lula, na única árvore florida.

17. O pressuposto da frase escrita no cartaz que compõe a charge é o de que

a Amazônia está ameaçada de

a) fragmentação.

b) estatização.

c) descentralização.

d) internacionalização.

Comentário: O pronome possessivo “nossa” sugere a ideia da necessidade de

proteção de um patrimônio brasileiro, a Amazônia, contra a sua

internacionalização, ou seja, é a contrapartida ao perigo da ação estrangeira

nesse trecho do território nacional.

18. (FGV - Fiscal de Rendas / 2008) Com base na leitura dos enunciados,

analise os itens a seguir:

I. Em “Portanto, a necessidade de as gerações atuais preservarem recursos

para as gerações futuras também se dá no que tange aos recursos públicos”, o

termo grifado colabora para a identificação de um pressuposto.

II. Em “Não mais se concebe uma atuação estatal efetiva sem uma apurada

reflexão sobre gastos públicos, seus limites e suas aplicação”, na identificação

dos implícitos, observa-se um pressuposto.

Assinale:

a) Se todos os itens estiverem corretos;

b) Se somente o item I estiver correto;

c) Se somente o item II estiver correto;

d) Se todos os itens estiverem incorretos.

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Comentário: Essa questão exige que o aluno saiba identificar as informações

implícitas e, ainda, seja capaz de fazer a distinção entre os pressupostos e

subentendidos, dois tipos de informações implícitas, conforme está no nosso

guia. Podemos dizer que uma diferença entre pressupostos e subentendidos é

que o primeiro decorre necessariamente de algum elemento linguístico

colocado na frase. Já o segundo é de responsabilidade do ouvinte e nem

sempre verdadeiro; o falante pode esconder-se atrás do sentido literal das

palavras e negar que tenha dito o que o ouvinte depreendeu de suas

palavras. Certos advérbios (totalmente, provavelmente, normalmente etc.), por

exemplo, marcam a pressuposição dos enunciados. Ex: suponha que alguém

pergunte a um advogado: “Em que dia você está no escritório?”, e ele

responda: “Normalmente estou lá todos os dias”. O uso desse advérbio pode

ser encaixado entre aqueles que criam como efeito de sentido a atenuação do

conteúdo da proposição (Castilho, & Castilho, 2002), ou seja, o advogado

afirma estar no escritório todos os dias, mas não se compromete com tal

afirmação, pois, afinal, pode não estar em algum dia. No item I da questão,

vemos que o termo “também” colabora com a identificação do seguinte

pressuposto: a necessidade (…) se dá não somente no que tange aos recursos

públicos, mas também no que tange a outros fatores (que não os recursos

públicos). No item II, a expressão “não mais” em “não mais se concebe uma

atuação estatal efetiva (…)” pressupõe que já houve um tempo em que uma

atuação estatal era concebida sem uma apurada reflexão sobre os gastos

públicos. Portanto, as duas estão corretas.

19. (FGV / ICMS-RJ / 2008-2) No Brasil, o debate sobre ética tributária só

recentemente ganhou vulto em decorrência do aumento da carga tributária, da

expansão da “indústria de liminares”, do visível aperfeiçoamento da

administração fiscal, da estabilidade econômica e da crescente inserção do

país na economia globalizada. Na maioria dos países desenvolvidos, com

cultura tributária mais amadurecida, esse debate é mais limitado, porque fica

praticamente restrito a discussões sobre a pressão fiscal nociva (harmfull tax

competition). Com base na análise do trecho acima, não é correto afirmar:

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a) a noção de "países desenvolvidos" é pressuposto para a leitura do

texto.

b) está implícito que o Brasil cada vez mais se insere na economia globalizada.

c) pode-se pressupor que, nos países ainda não desenvolvidos, a cultura

tributária ainda não amadureceu.

d) pode-se pressupor que o Brasil não está entre os países desenvolvidos.

Comentário: Na alternativa a) temos o pressuposto a partir do adjetivo

desenvolvidos, outro tipo de palavra que, em regra, apresenta ideias implícitas.

Na alternativa b) não temos um subentendido, pois a informação está explícita

no texto. Vejam: "(...) e da crescente inserção do país na economia

globalizada."; e nas alternativas c e d, foi usado o termo "pressupor” em vez de

“subentendido” de forma que basta a leitura do parágrafo para identificarmos

que as informações podem ser inferidas.

20. Indique a letra na qual as palavras completam, corretamente, os espaços

das frases abaixo.

Quem possui deficiência auditiva não consegue ______ os sons com nitidez.

Hoje são muitos os governos que passaram a combater o ______ de

entorpecentes com rigor.

O diretor do presídio ______ pesado castigo aos prisioneiros revoltosos.

a) discriminar - tráfico - infligiu

b) discriminar - tráfico - infringiu

c) descriminar - tráfego - infringiu

d) descriminar - tráfico - infringiu

Comentário: Esta questão requer o domínio da significação das seguintes

palavras parônimas (que são semelhantes): descriminar (inocentar) e

discriminar (distinguir); tráfego (trânsito) e tráfico (comércio ilícito); infligir

(aplicar pena) e infringir (transgredir).

21. Indique a letra na qual as palavras completam, corretamente, os espaços

da frase abaixo.

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No ____ do violoncelista ______ havia muitas pessoas, pois era uma

_____beneficente.

a) conserto - eminente - sessão

b) concerto - iminente - seção

c) conserto - iminente - seção

d) concerto - eminente - sessão

Comentário: Observe as significações das palavras: concerto (audição

musical) e conserto (reparo); eminente (notável) e iminente (imediato ou

prestes a); seção (departamento) e sessão (reunião).

22. (CESCEM – SP) – Já __________ anos, ________ ,neste local, árvores e

flores. Hoje, só ________ ervas daninhas.

a) fazem/havia/existe

b) fazem/haviam/existem

c) faz/havia/existem

d) faz/havia/existe

Comentário: Haver/fazer são verbos impessoais e são empregados apenas na

3ª pessoa do singular. No caso da alternativa c, as concordâncias (pessoa e

tempo) do verbo Haver (sentido de existir, ocorrer) e o verbo Fazer (na

indicação de tempo) estão corretas; já Existir é pessoal e concorda

normalmente com o sujeito.

23. No afã de manter a elegância textual e a correção na utilização dos tempos

e ortografia verbais, policial em rodovia diz a um colega de trabalho: "Na

rodovia, _________ com _________ e agilidade quando _________ pessoas

que necessitem de seu auxílio".

O item que completará adequadamente o período selecionado é:

a) haja, descrição, ver.

b) aja, descrição, vir.

c) haja, discrição, ver.

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d) aja, discrição, vir.

Comentário: Outra vez nós encontramos algumas palavras muito parecidas e

que acabam por nos confundir no momento de escrevê-las. Nesse exercício,

na primeira lacuna, devemos completar com o verbo agir (aja) e não haver

(haja); na segunda deverá ser discrição (cautela), pois descrição é o ato de

descrever. Na terceira, precisamos entender que o futuro do subjuntivo do

verbo ver é vir, ou seja, o policial está falando de algo que poderá ocorrer, mas

não é certo que ocorra, por isso, o subjuntivo (marca possibilidade).

24. (FCC-2006) Rios caudalosos e lagos deslumbrantes, cachoeiras e

corredeiras, cavernas, grutas e paredões. Onças, jacarés, tamanduás,

capivaras, cervos, pintados e tucunarés, emas e tuiuiús. As maravilhas da

geologia, fauna e flora do Brasil Central reunidas em três ecossistemas únicos

no mundo - Pantanal, Cerrado e Floresta Amazônica ?, poderiam ser uma

abundante fonte de receitas turísticas. Mas não são, e os Estados da região

agradecem. Para preservar seus delicados santuários ecológicos, o Centro-

Oeste mantém rigorosas políticas de controle do turismo, com roteiros

demarcados e visitação limitada. Assim é feito em Bonito, município situado na

Serra da Bodoquena, cujas belezas naturais despertaram os fazendeiros para

as oportunidades do turismo.

(Adaptado de O Estado de S. Paulo, Novo mapa do Brasil,

H16, 20 de novembro de 2005)

Há palavras escritas de forma INCORRETA na frase:

a) Os proprietários, conscientes da necessidade de preservar o equilíbrio

ecológico, criaram regras rígidas de controle das atividades de turismo.

b) Os emprendimentos turísticos da região Centro- Oeste são

divercificados, desde atividades culturais até a prática de esportes

náuticos e radicais.

c) A exploração não predatória das maravilhas naturais da região Centro-Oeste

constitui um itinerário bastante atraente para o turismo ecológico.

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d) O turismo ecológico é seletivo e oferece atrações, como o lazer urbano e

rural, que não comprometem o equilíbrio do meio ambiente.

Comentário: Há dois termos que estão grafados de forma incorreta:

emprendimentos, que seria empreendimentos e divercificados, que seria

diversificados. Precisamos tomar muito cuidado com as grafias das palavras,

pois isso poderá prejudicar muito o entendimento do nosso texto.

25. Dos termos em destaque (letra maiúscula) nas frases abaixo, o único que

está inadequado ao contexto ocorre em:

a) O mundo está na iminência de enfrentar o recrudescimento da fome devido

à escassez de alimentos.

b) Para atender a todos os interessados no concurso, foi preciso dilatar o

prazo das inscrições.

c) Ao fazer cópias de músicas e filmes pela internet, é preciso ter cuidado para

não infringir a lei.

d) O município que se tornou símbolo da imigração brasileira para os EUA

tenta se adaptar ao movimento migratório inverso.

Comentário: Como se pode ver, as palavras parônimas (com som e escrita

semelhantes) provocam bastante confusão entre os usuários da língua.

Vejamos o significado dessas palavras nas alternativas:

a) O mundo está na iminência de enfrentar o recrudescimento da fome

devido à escassez de alimentos. O vocábulo "iminente" significa "aquilo

que está prestes a ocorrer" (desabamento iminente), enquanto o termo

"eminente" tem a acepção de "nobre, elevado, proeminente" (eminente

escritor). Nota-se, pois, que a frase apresenta-se CORRETA, quando se

menciona "a iminência de enfrentar o recrudescimento da fome (...)", ou

seja, a proximidade da situação mencionada.

b) Para atender a todos os interessados no concurso, foi preciso dilatar o

prazo das inscrições. O verbo "dilatar" significa "ampliar, alargar ou

estender" (O calor dilata o corpo). Assim, não se confunde com "delatar",

Page 22: Textos Fcc

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na acepção de "acusar ou denunciar" (Ele delatou o próprio irmão). Vale

destacar que dois outros verbos apresentam semelhanças: (1) "deleitar",

no sentido de "deliciar, causar prazer" (O músico deleitava os ouvintes

com sua canção), e (2) "deletar", como "anular, apagar, delir", aliás,

vocábulo aceito pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa,

desde sua edição de 1999. Nota-se, pois, que a frase apresenta-se

CORRETA, quando se menciona "foi preciso dilatar o prazo (...)", ou

seja, houve a necessidade de ampliação do prazo.

c) Ao fazer cópias de músicas e filmes pela internet, é preciso ter cuidado

para não infringir a lei. O verbo "infringir", com a sílaba "FRIN-" significa

"violar, desrespeitar" (O homem infringiu a norma), com a forma verbal

na primeira pessoa do presente do indicativo (eu infrinjo). De outra

banda, "infligir", com a sílaba "FLI-", tem a acepção de "aplicar pena,

cominar" (O guarda infligiu a multa), com a forma verbal na primeira

pessoa do presente do indicativo (eu inflijo). Nota-se, pois, que a frase

apresenta-se CORRETA, quando se menciona "(...) é preciso ter

cuidado para não infringir a lei", ou seja, a necessidade de cuidado para

não desrespeitar a lei.

d) O município que se tornou símbolo da imigração brasileira para os EUA

tenta se adaptar ao movimento migratório inverso. O vocábulo

"imigração", por sua vez, é o "movimento de entrada de pessoas ou

populações, de um país para outro, com ânimo permanente ou

temporário, para trabalho ou residência" (Há vários documentários que

retratam a imigração japonesa para o Brasil). Já "emigração" designa o

"ato espontâneo de deixar o local de residência para se estabelecer

numa outra região ou nação" (A emigração de libaneses para o Brasil é

antiga e se intensificou na segunda metade do século XIX). Portanto,

emigração é a saída de nosso país e imigração é a entrada em nosso

país. Nota-se, pois, que a frase apresenta-se INCORRETA, quando se

menciona "O município que se tornou símbolo da imigração brasileira

para os EUA (...)", ou seja, deveria ser “emigração”, pois se quer dizer

que o município se tornou símbolo da saída de brasileiros em direção

aos EUA.

Page 23: Textos Fcc

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26. Ao se preparar para sair de casa, a fim de encontrar seu namorado na

praia, ela liga a televisão para ver a previsão do tempo. O meteorologista diz

que o tempo está nublado.

Nesse enunciado não é possível subentender a seguinte informação:

a) é indicado levar um guarda-chuva.

b) choveu há algumas horas.

c) o passeio devia ser cancelado.

d) ela quer ir a outro lugar.

Comentário: Uma vez que os subentendidos são as mensagens “escondidas”

e que deverão ser deduzidas pelo receptor mediante seu conhecimento de

mundo, podemos levantar algumas hipóteses, menos a que está na letra D.

27. Que o tipo de falácia que podemos depreender desse enunciado?

“Uma ex-ministra da saúde da Finlândia diz que a vacina da gripe A, ao

contrário da própria gripe A, mata pessoas. Logo, a vacina da gripe A mata

pessoas.”

a) É um falso axioma, pois é uma verdade auto-evidente sobre a qual

outros conhecimentos devem se apoiar.

b) É uma falácia de autoridade, pois se usa a opinião de um

especialista para defender uma ideia, isto é, utilizou-se o que a ex-

ministra disse, para afirmar que essa coisa é verdade.

c) É um argumento por comprovação, pois a sustentação da argumentação

se dará a partir das informações apresentadas (dados, estatísticas,

percentuais) que as acompanham.

d) É um argumento falacioso com base no raciocínio lógico, porque a

relação de causa e efeito é o recurso utilizado pelo produtor textual para

demonstrar que a conclusão a que chegou é necessária e não fruto de

uma interpretação pessoal facilmente contestável.

Page 24: Textos Fcc

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Comentário: A falácia presente neste argumento é a falácia da autoridade.

Para que um argumento de autoridade seja válido tem que ser regido pelas

seguintes condições, porém não suficientes para que seja totalmente válido: as

autoridades têm que ser especialistas na questão em causa e as autoridades

não podem discordar entre si. Ora, a ex-ministra da Finlândia pode estar

simplesmente a fazer um comunicado ou pode ter formação e estar dentro da

área da saúde, tendo sucesso na sua carreira e fazer esta afirmação seguindo

investigações próprias, por exemplo. Mas o que faz de este argumento inválido

de certeza absoluta, é que, mesmo que a ex-ministra da saúde seja uma

autoridade em relação a este assunto, existem outras autoridades que não

estão a favor da opinião da ex-ministra, ou seja, há discordância entre as

autoridades. Ora, isto torna o argumento inválido, tendo o argumento uma

falácia de autoridade.

28. Leia o excerto abaixo:

No século XX, a arte cinematográfica introduziu um novo conceito de tempo.

Não mais o conceito linear, histórico, que perspassa(1) a Bíblia e, também, as

pinturas de Fra Angelico ou o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. No filme,

predomina a simultaneidade( 2). Suprimem-se as barreiras entre tempo e

espaço. O tempo adquire caráter espacial, e o espaço, caráter temporal. No

filme, o olhar da câmara e do espectador(3) passa, com toda a liberdade, do

presente para o passado e, desse, para o futuro. Não há continuidade

ininterrupta(4). (Adaptado de Frei Betto)

Assinale a opção que corresponde à palavra ou expressão do texto que

contraria a prescrição gramatical da norma culta.

a) 1

b) 2

c) 3

d) 4

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Comentário: Não existe o termo perspassa. A grafia correta da palavra é

perpassa. Muitas vezes nós escrevemos o termo como falamos, causando

equívoco na sua escrita.

29. Leia os enunciados abaixo e diga se eles são argumentos dedutivos ou

indutivos.

I - Os países subdesenvolvidos se caracterizam principalmente por:

insuficiência alimentar, baixa renda per capita e estrutura sanitária deficiente. O

Brasil apresenta essas características. Logo, é um país subdesenvolvido.

II – Ou bem uma obra é religiosa, ou bem é científica, sendo que é impossível

que uma obra seja simultaneamente religiosa e científica. A Bíblia é uma obra

religiosa. Logo, não é uma obra científica.

III - Nenhum mamífero é invertebrado. Posto que gatos são mamíferos, gatos

são vertebrados.

IV - Na África Negra, 76% da mão-de-obra estão voltados para a agricultura. O

mesmo ocorre com 55% da mão-de-obra da América do Sul e 62% da América

Central. Por conseguinte, os países subdesenvolvidos se caracterizam pela

grande proporção da população empregada na agricultura.

V - A grande maioria dos entrevistados declarou que não votará no candidato

da oposição. Logo, a oposição não vai ganhar as eleições.

Assinale a alternativa correta

a) I - dedutivo II – dedutivo III - indutivo IV – indutivo V – dedutivo;

b) I - dedutivo II – indutivo III - indutivo IV – dedutivo V – dedutivo;

c) I - indutivo II – dedutivo III - dedutivo IV – indutivo V – indutivo;

d) I - indutivo II – indutivo III - dedutivo IV – dedutivo V – indutivo;

Comentário: I - Esse argumento é indutivo. Seria dedutivo se uma premissa

fosse “todo país que se caracteriza por insuficiência alimentar, baixa renda per

capita e estrutura sanitária deficiente é subdesenvolvido”. Mas a premissa não

diz isso, diz apenas que os países subdesenvolvidos se caracterizam

principalmente por insuficiência alimentar, baixa renda per capita e estrutura

sanitária deficiente, portanto parte de dados específicos para chegar à

conclusão geral.

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II – Esse argumento é dedutivo. Parte de uma discussão geral sobre o que a

obra pode ser: religiosa ou científica, para concluir que a Bíblia não é uma obra

científica.

III – Esse argumento é dedutivo. Parte da classe dos mamíferos para chegar

uma espécie dessa classe, que são os gatos.

IV – Esse argumento é indutivo. Parte de dados estatísticos de países da

África, da América do Sul e da América Central, para chegar à conclusão dos

países subdesenvolvidos.

V - Trata-se de um argumento claramente indutivo. É perfeitamente possível a

premissa ser verdadeira e a oposição ainda ganhar as eleições, ou seja,

comenta da grande maioria, para generalizar na oposição.

30. Qual o tipo de falácia que podemos depreender desse enunciado?

"O seu trabalho é inferior porque é simplesmente ordinário. Porque é ordinário

é simplesmente inaceitável. E, uma vez que seu trabalho não presta, nós não

devíamos aceitá-lo."

a) Raciocínio circular

b) Falsa Analogia

c) Generalização Apressada

d) Generalização Não – Qualificada

Comentário: É erro tentar usar repetição ou reiteração como evidência ou

prova numa discussão de relação entre causa e efeito. Isso significa

argumentar "num círculo", ou seja, não oferece argumentos novos e somente

repete os já apresentados. Nesse enunciado, o enunciador não ofereceu

nenhuma crítica clara e objetiva ao trabalho, apenas o depreciou, revelando

uma observação de caráter emocional em lugar de um julgamento pertinente e

referencial.