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Monografia de Francisco Carlos Pereira - Pós-graduação em Planejamento, Implementação e Gestão em Educação a Distância / UFF - turma de 2008

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE MATEMTICA LANTE Laboratrio de Novas Tecnologias de Ensino

A TUTORIA FOCADA NO PROCESSO SCIO-CONSTRUTIVISTA COMO ELEMENTO POTENCIALIZADOR DA AFETIVIDADE EM EDUCAO A DISTNCIA

FRANCISCO CARLOS PEREIRA

POLO CUBATO/SP 2010

2 FRANCISCO CARLOS PEREIRA

A TUTORIA FOCADA NO PROCESSO SCIO-CONSTRUTIVISTA COMO ELEMENTO POTENCIALIZADOR DA AFETIVIDADE EM EDUCAO A DISTNCIA

Trabalho Final de Curso apresentado Coordenao do Curso de Ps-graduao da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Especialista Lato Sensu em Planejamento, Implementao e Gesto de EAD.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________ Prof. Nome - Orientador Sigla da Instituio

______________________________________________________________ Prof. Nome Sigla da Instituio

______________________________________________________________ Prof. Nome Sigla da Instituio

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Este trabalho configura a concluso do curso de Especializao Lato Sensu em Planejamento, Implementao e Gesto de Educao a Distncia. Este trabalho foi desenvolvido parcialmente em grupo, visto que o autor deste trabalho o desenvolveu juntamente com os brilhantes alunos Csar Antnio Zangrande, Francisco Itamar da Silva Gisela de Barros Alves e Joacir Carvalho Leite. Cada um dos quatro integrantes do grupo inicial teve a oportunidade de analisar individualmente os dados coletados pelo grupo e concluir as atividades propostas de acordo com sua realidade.

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Dedico esta monografia minha esposa e filhos pela pacincia, compreenso, admirao, respeito e incentivo ao meu esforo profissional neste e em muitos momentos de minha vida

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Agradeo a Deus, nossa fonte suprema de fora e inspirao e a todos que, direta ou indiretamente, contribuiram para a realizao desta monografia, especialmente ao amigo e companheiro de trabalho, Joacir Carvalho Leite, por sempre acreditar no meu potencial.

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo demonstrar como a tutoria focada no processo sciointeracionista age como elemento potencializador da afetividade. Buscou-se conceituar a afetividade, o scio-interacionismo, a afetividade no scio-interacionismo, de modo a estabelecer uma relao direta sobre a importncia desses trs conceitos para a Educao a Distncia (EAD). Foi utilizado um referencial bibilogrfico que possibilitou observar que a tutoria focada no processo scio-interacionista constitui elemento potencializador relevante para o desenvolvimento da afetividade nessa modalidade de ensino..

Palavraschave: Afetividade, Scio-Interacionismo, Tutoria.

7 SUMRIO 1 INTRODUO 1.1 JUSTIFICATIVA 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 OBJETIVOS GERAIS 1.2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS 1.3 REVISO BIBLIOGRFICA 1.4- METODOLOGIA 08 09 09 09 10 10 17

2 A TUTORIA FOCADA NO PROCESSO SCIO-INTERACIONISTA COMO POTENCIALIZADORA DA AFETIVIDADE EM EAD. 2.1 AFETIVIDADE : CONCEITOS 2.2 O SCIO-INTERACIONISMO 2.3 A AFETIVIDADE NO PROCESSO INTERACIONISTA 18 19 20

2.4 A TUTORIA FOCADA NO PROCESSO SCIO-INTERACIONISTA COMO ELEMENTO POTENCIALIZADOR DA AFETIVIDADE 22 3 CONSIDERAES FINAIS 4 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 24 25

8 INTRODUO A Educao a Distncia (EAD) vem se consolidando cada vez mais no cenrio educacional obrigando alunos, professores e instituies a desempenharem novos papeis no processo de ensino e aprendizagem (Valente e Mattar, 2007, p.65).

Dentro desta concepo de suma importncia uma investigao quanto participao do tutor nos Sistemas de Tutoria em Educao a Distncia, uma vez que nele que esto centradas as perspectivas de interao entre alunos e a instituio.

Para Vygotsky (1993, p. 25) a formao de questes afetivas e cognitivas esto intimamente relacionadas. Para este autor, quem separa o pensamento do afeto nega de, antemo, a possibilidade de estudar a influncia inversa do pensamento no plano afetivo. Para Argento (2010,) o papel da interao social ao longo do desenvolvimento do homem foi a nfase do interesse de Vygotsky. Isto significa que o homem herdeiro de toda a evoluo filogentica (espcie) e cultural, e seu desenvolvimento dar-se- em funo de caractersticas do meio social em que vive. Donde surge o termo sociocultural ou histrico atribudo nesta teoria.

Observando a natureza social do ser humano, que desde o bero vive rodeado por seus pares em um ambiente impregnado de cultura, Vygotsky fez apologia ao princpio de que o prprio desenvolvimento da inteligncia produto dessa convivncia. Para ele, na ausncia do outro, o homem no se constri homem. Neste sentido, nos parece relevante destacar a questo da criao de vnculos afetivos nos Sistemas de Tutoria na EAD, especialmente na tutoria a distncia, como parte integrante do processo educativo.

O tutor uma pea indispensvel no processo de orientao dos alunos de um curso a distncia (Peters, 2003, p.58), alm da orientao tem como objetivo estreitar laos de convivncia e conhecimento junto ao grupo. No entanto, esta tarefa exige certa complexidade em parte pela fase de transio da Educao presencial para a EAD que est ocorrendo e em parte pela mudana de paradigma ocorrida com essa transio, que na maioria das vezes ocorre de forma fria, e sem a observncia dos referenciais de qualidade em Ead do MEC, gerando um considervel ndice de evaso nos cursos

9 estabelecidos. Como estreitar laos de convivncia estimulando a construo de conhecimentos de forma colaborativa, quando falamos de grupos heterogneos, separados geograficamente, comunicando-se na maioria das vezes de forma assncrona num mundo plenamente acostumado situao presencial? Nunan (1999:71) ressalta, por exemplo que, embora a instruo mediada pela rede facilite a aprendizagem independente e colaborativa e esteja em harmonia com a viso construtivista do conhecimento, e embora ela oferea um grande potencial para aqueles que aderem a abordagens de aprendizagem construtivistas, centradas no aluno e colaborativas, no h nada inerente ao meio virtual que conduza a isso. Com base nesta questo, pretendemos discutir a construo de vnculos afetivos e os aspectos motivacionais dessa construo.

JUSTIFICATIVA

O geomtrico crescimento da EAD , uma nova modalidade de ensino, com nova dinmica, num pas de dimenses continentais como o Brasil, delineou novos cenrios educacionais. Alguns destes cenarios apresentam inquietaes que merecem reflexes por parte daqueles que esto envolvidos em projetos no campo da EAD. Por exemplo, muitos alunos do contexto da EAD se queixam da impessoalidade e da falta de afetividade na construo da aprendizagem, ocasionando uma taxa considervel de evaso e quando no um prejudicial distanciamento pedaggico na relao tutor-aluno.

Torna-se necessrio, portanto, analisar como a afetividade e seus aspectos motivacionais constituem elementos relevantes para a construo da aprendizagem.

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Pesquisar no sistema de tutoria a distncia como se estabelecem as relaes de afetividade entre aluno e tutor, no que diz respeito ao vnculo e motivao para o processo de construo do conhecimento.

OBJETIVOS ESPECFICOS

10 Analisar o perfil de tutoria focada no processo scio-interacionista,

buscando compreender se este referencial teorico pode ser um potencializador da afetividade em curso a distncia. Compreender a relao existente entre a afetividade nos Sistemas

de Tutoria e a evaso de alunos. Compreender quais as implicaes da afetividade na tutoria a

distncia; Analisar as implicaes da afetividade na tutoria presencial; Analisar a relao existente entre as Tecnologias da Informao e

Comunicao (TICs) nos Sistemas de Tutoria e a afetividade.

REVISO BIBLIOGRFICA EDUCAO A DISTNCIA : CONCEITOS A EAD representa uma nova modalidade de ensino, com nova dinmica e est tomando um espao que antes era ocupado somente pela educao presencial. A imagem do ensino convencional que se tem aquela em que uma jovem professora entrava na sala de aula e utilizando do quadro negro, passava o contedo programtico aos alunos com o uso de giz, lousa e apagador. Hoje, isso est mudando gradativamente e os instrumentos que eram considerados padres ao ensino so alterados, seguindo a evoluo da informtica: o quadro negro tem virado uma tela de computador, o giz o prprio teclado e tudo pode ser apagado com o clicar de uma tecla. Entretanto, necessrio destacar que a postura do docente e da instituio so primordias para dar este outro tom a sala de aula. Ressalta-se, ainda, que mesmo com uma intensa utilizao da TICs no processo educacional, a sala de aula pode reproduzir as piores prticas do ensino tradicional. No contexto apontado acima, Moran (2000) afirma que a Educao a Distncia se refere ao processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, em que professores e alunos esto separados espacial e/ou temporalmente. Esta modalidade de ensino carrega algumas peculiaridades que a torna alvo de discusses mais especficas e a

11 diferem da educao presencial. (Ruble, 1986 e Keegan, 1996 apud Seraphin, 2002) citam algumas caractersticas que fazem com que a EaD pertena a outra categoria de educao: o distanciamento geogrfico; a retrocomunicao (troca nos dois sentidos); o recurso a uma ou vrias mdias; a disseminao em massa (ou sua possibilidade); o isolamento relativo do aprendiz. Segundo o Decreto n 5622 de 19 de Dezembro de 2005, a EADCaracteriza-se como modalidade educacional na qual a mediao didtico-pedaggica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizao de meios e tecnologias de informao e comunicao, com estudantes e professores desenvolvendo atividades em lugares ou tempos diversos.

Diante dessa realidade, esto sendo implantados e oferecidos em todos os estados e Distrito Federal do Brasil, gradativamente, cursos nessa modalidade seja na forma de extenso, ensino tcnico, graduao ou especializao, criando, assim, novas perspectivas de aprendizagem e aperfeioamento no mbito educacional, especialmente no ensino superior. As iniciativas de criao de novos modelos de cursos que tem como base o ambiente virtual ocorrem por parte dos poderes pblico e privado e com apoio da legislao especfica, j que este tipo de educao reconhecido oficialmente pelo Ministrio da Educao (MEC). Ao traar diretrizes para a educao, em 1972 a UNESCO afirmou queA educao deve ter por finalidade no apenas formar as pessoas visando uma profisso determinada, mas sobretudo coloc-las em condies de se adaptar a diferentes tarefas e de se aperfeioar continuamente, uma vez que as formas de produo e as condies de trabalho evoluem: ela deve tender, assim, a facilitar as reconverses profissionais (UNESCO, 1972)

Contando com as Novas Tecnologias de Informao e Comunicao (NTICs), a Educao a Distncia cria uma alternativa a mais para pessoas com dificuldade em se adequar s exigncias da educao presencial, possam dar continuidade aos seus estudos. Estas pessoas com a vida cada vez mais corrida, com afazeres alm do horrio tradicional de trabalho e a necessidade de cumprir compromissos familiares, so o alvo de iniciativas no campo da EAD, pois esta modalidade uma alternativa para dar continuidade aos estudos, sem uma exigncia de dias e horrios para comparecer em uma instituio de ensino presencial. Isso faz com que haja uma mudana de viso e

12 prtica em relao ao processo de construo do conhecimento, uma vez que alunos e professores mantero um processo de comunicao e interao essencialmente virtual e quase sempre de forma assncrona. Dessa forma, como bem afirma Moran (2005), o momento de organizao da EAD e a necessidade de se transpor as adaptaes em relao ao que ocorre na educao presencial. Para ele, nas interaes on-line pode existir uma interao virtual fria quando no se est familiarizado ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) em uso. Decorre da a necessidade de investir na afetividade para suprir a dita frieza dos AVAs A AFETIVIDADE : DEFINIO Os sentimentos modificam o pensamento, a ao e o entorno; a ao modifica o pensamento, os sentimentos e o entorno; o entorno influi nos pensamentos, nos sentimentos e na ao; os pensamentos influem no sentimento, na ao e no entorno. Jos Antonio Marina

Para melhor demonstrarmos a importncia da Afetividade na Educao a Distncia, necessrio entender sua definio. Importa destacar que possvel pensar em EAD com outras carateristicas que no apenas a frieza apontada pelo Moran. Segundo Valente (2002), o estar junto virtual a abordagem da educao a distncia (EAD) que oferece maiores condies para implantar situaes de construo de conhecimento e exige o envolvimento, o acompanhamento e o assessoramento constante do participante. Ainda, segundo este autor, essa modalidade pressupe uma situao-problema do formador em relao aos participantes, para que eles possam iniciar, conjuntamente, a interaprendizagem. por intermdio dessas relaes intersubjetivas que se produzem a forma autntica da reflexo e da ao. E no ciclo pensar-agir e agir-pensar que essa conunidade passa a refletir sobre o seu fazer dirio.

13 O que importa na interao a troca e a busca de um objetivo comum, que ter como resultado a construo do saber, que acontece por meio da colaborao coletiva e do compartilhamento da informao entre os sujeitos. Portanto, a abordagem estar junto virtual no representa o paradigma conducionista, tutorial, mas enfatiza as interaes do mediador com os participantes, priorizando sempre a construo do conhecimento, no desmerecendo os aspectos afetivos presentes nesta construo. Moran (2000) asserta que o afetivo um componente bsico do conhecimento e est intimamente ligado ao sensorial e ao intuitivo. O afetivo se manifesta no clima de acolhimento, de empatia, inclinao, desejo, gosto, paixo, de ternura, de compreenso para consigo mesmo, para com os outros e para com o objeto do conhecimento.O afetivo dinamiza as interaes, as trocas, a busca, os resultados. O clima afetivo prende totalmente, envolve plenamente, multiplica as potencialidades. O homem contemporneo, pela relao to forte com os meios de comunicao e pela solido da cidade grande, muito sensvel s formas de comunicao que enfatizam os apelos emocionais e afetivos mais do que os racionais. Entendemos aqui um novo papel ao professor que, na condio de tutor, passa a desempenhar importantssima relevncia , pois ele ser o elemento que vai garantir aos alunos uma interao e utilizao do ambiente virtual do curso e, alm disso, ser o elo entre os alunos e todos os profissionais e recursos envolvidos na EAD. Aqui temos como foco a atuao do tutor no processo de comunicao e interao entre os alunos e o curso oferecido, utilizando-se para isto dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), no como um espao s de comunicao, mas de troca de experincias, construo do conhecimento e sobretudo como tambm uma possibilidade de se estabelecer vnculos afetivos que permitam aos alunos fortalecer sua auto-estima e vislumbrar uma aprendizagem realmente significativa e autnoma. Nessa linha de entendimento, Freire (1983) afirma que somente na comunicao tem sentido a vida humana e destaca que o pensar do educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos, mediatizados ambos pela realidade, portanto, na intercomunicao. Por isto, o pensar daquele no pode ser um pensar para estes e nem a estes imposto. Sendo assim, a afetividade apresenta-se como um elemento fundamental em todo

14 o processo de ensino-aprendizagem. Belloni (2003) alega que a afetividade determina a atitude geral do indivduo diante de qualquer experincia vivida, promove os impulsos, percebe os fatos de maneira positiva ou negativa, cria uma disposio indiferente ou entusiasmada e determina sentimentos que oscilam entre a depresso e a euforia. Borba (2006) concebe afetividade como a maneira atravs da qual as circunstncias existentes ao nosso redor nos afetam interiormente. Ainda segundo ele, a relao entre os personagens que compem a EAD meramente mecanicista e cognitiva, causando desestmulo e evaso de alunos. Nesse caso, convm pontuar que a comunicao escrita outro elemento importantssimo na EAD e ela precisa funcionar de forma inequvoca, sem que nossos sentimentos e pontos de vista gerem rudos que desestimulam o aluno no seu processo de aprendizagem (Anderson e Elloumi, 2004). Com a utilizao das TICs na EAD, as distncias geogrficas tornam-se quase inexistentes e da mesma forma o problema temporal. Isto possibilita a produo da informao e do conhecimento de forma criativa, aumentando tambm as possibilidades de interao e comunicao entre os alunos, como afirma Peluso (1988). Segundo ele, as relaes afetivas dos alunos melhoram sua qualidade se essa interatividade ocorrer de forma permanente e contnua, tornando-os realizados e auto-suficientes. Fenmenos afetivos, de natureza subjetiva, esto intimamente relacionados ao do meio scio-cultural e contribuem diretamente na qualidade das interaes entre as pessoas (Leite e Tassoni, 2000). Tais fenmenos apontam questionamentos acerca do que ensinar e como ensinar. Longhi et al (2009), investigando o afeto e a cognio na pesquisa cientfica, encontraram a discusso sobre o papel da afetividade na subjetividade humana desde o Sculo VI A.C., afirmando que da Grcia antiga Modernidade quase sempre razo e emoo foram tratadas de forma dissociada. Mesmo no incio do Sculo XX, quando movimentos filosficos e cientficos impulsionaram debates sobre pensamento, conhecimento, comportamento, razo, raciocnio e intelecto, as emoes ficaram parte. Embora tenha surgido a Cincia Cognitiva para entender como o conhecimento adquirido e usado, somente com a consolidao das grandes teorias psicolgicas como Gestalt, Psicanlise, Behaviorismo, Epistemologia Gentica, Psicologia Cultural e Sciohistrica, que se passa a enfatizar a afetividade nas atividades cognitivas.

15 Nas ltimas dcadas do Sculo XX percebe-se, de acordo com Oliveira (1992, p.75), uma tendncia unificadora das dimenses afetivas e cognitivas do funcionamento psicolgico do ser humano. Essa tendncia situa-se, segundo a autora, na necessidade de recomposio do ser psicolgico, pois reas aplicadas como a educao pedem uma abordagem mais orgnica do ser humano. Segundo Chau ( 1999, p.9) nos Novos Ensaios Sobre o Entendimento Humano, Leibniz rejeita a teoria empirista de Locke (1632-1704), segundo a qual a origem das idias encontra-se na experincia, apenas uma tbula-rasa, uma folha de papel em branco. Para Leibniz, ao contrrio, a experincia s fornece a ocasio para o conhecimento dos princpios inatos ao intelecto:No se pode imaginar que se possa ler na alma, sem esforo e sem pesquisa, essas eternas leis da razo, como o dito do pretor lido em seu caderno; mas bastante que as descubramos em ns por um esforo de ateno, uma vez que a ocasio fornecida pelos sentidos.

Os empiristas teriam razo ao afirmar que as idias surgem do contato com o mundo sensvel, mas errariam ao esquecer o papel do esprito. Por isso, Leibiniz completa a frmula de Locke Nada h no intelecto que no tenha passado antes pelos sentidos, com o adendo a no ser prprio intelecto.

O CONSTRUTIVISMO SCIO-HISTRICO OU SCIO-INTERACIONISMO No contexto apresentado, e com apoio da teoria scio-interacionista, ou Construtivismo Scio-Histrico, de Vygotsky (1984) e na concepo de que possvel aliar afetividade racionalidade, percebemos que nos ambientes virtuais e interativos de aprendizagem h diferentes graus de complexidade que propiciam os alunos a construrem, gradativa e permanentemente, seu prprio conhecimento, possibilitando a atuao do docente na chamada Zona de Desenvolvimento Proximal que, segundo o autor : [...] a distncia entre o nvel do desenvolvimento real, que se costuma determinar atravs da soluo independente de problemas, e o nvel de desenvolvimento potencial, determinado atravs da soluo de problemas sob a orientao de um adulto ou em colaborao com companheiros mais capazes. (p.112)

16 Desta forma, os AVAs, aliado ao potencial de suas interfaces e uma ao tutorial comprometida com a construo do conhecimento, podem estimular o trabalho colaborativo, favorecendo, assim, o desenvolvimento cognitivo. O construtivismo scio-histrico um movimento que se consolidou no incio do Sculo XX e tem suas raizes na filosofa (LEOPARDI; THOFERN, 2006). Ainda, segundo os autores, os construtivistas de maior relevncia so Piaget, Wallon e Vygotsky, os quais preconizam que a construo do conhecimento ocorre sob o prisma da interao do sujeito-objeto com o meio ambiente. Na abordagem construtivista, a interao sujeito-objeto aparece como uma estrutura bipolar, em que estes dois elementos so inseparveis, formando uma nica estrutura , pois no processo de construo no h sujeito sem objeto e no objeto sem sujeito. O construtivismo uma teoria do conhecimento que estabelece uma estrutura com dois plos, o sujeito histrico e o objeto cultural em interao recproca, num movimento dialtico e sem interrupo das construes j acabadas, para sanar lacunas ou necessidades.O construtivismo dialtico e supe uma viso de totalidade integradora. movimento de mudana e transformao. Por ser dialtico, supera os conflitos e desequilbrios, para atingir nveis estruturais qualitativamente superiores. (MATUI, 1995)

A ideia do construtivismo sustentada no fato de que o indivduo no mero produto do ambiente, nem resultado de suas disposies internas, mas uma construo prpria, produzida dia a dia, como resultado da interao entre o ambiente e as disposies internas. Aqui, conhecimento sinnimo de construo do ser humano. A teoria baseia-se em que o ser humano no nasce inteligente, mas tambm no totalmente dependente da fora do meio. Desta forma, interage com o meio ambiente respondendo aos estmulos externos, analisando, organizando e construindo seu conhecimento, num processo contnuo de fazer e refazer. Dentro deste contexto, entendemos ento a necessidade de compreender as interrelaes alunos e tutor a partir da afetividade ou vnculo afetivo como um componente inerente ao processo de construo do conhecimento dos alunos na Educao a Distncia. Pretendemos verificar nestas discusses como foi a postura do tutor para

17 evitar o isolamento virtual que pode ser sentido nos alunos que buscam fazer estes novos cursos e demonstrar uma postura autnoma de aprendizagem durante o estudo. METODOLOGIA A pesquisa em curso tem objetivo de buscar uma reviso terica que procure, atravs de artigos cientficos e outros trabalhos acadmicos, abordar a afetividade na Educao a Distncia (EAD). Foi utilizada uma ampla pesquisa bibliogrfica , considerando os padres estabelecidos pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT). Segundo Macedo (1994, p.13) :Pesquisa bibliogrfica a busca de informaes bibliogrficas, seleo de documentos que se relacionam com o problema de pesquisa (livros, verbetes de enciclopdia, artigos de revistas, trabalho de congressos, etc) e o respectivo fichamento das referncias, para que sejam posteriormente utilizadas (na identificao de material referencial ou na bibliografia final).

Os resultados esto apresentados netse trabalho Final de Curso Individual que ser apresentado no plo da Universidade Aberta do Brasil em Cubato, estado de So Paulo. A afetividade como elemento potencializado pela tutoria focada no processo scio-interacionista foi o objeto de estudo deste trabalho, com uma ampla reviso bibliogrfica. Buscou-se autores dos mais diversos pensamentos no intuito de auxiliar a elucidao do tema. O trabalho foi dividido em trs temas principais : scio-interacionismo, afetividade, e a tutoria ficada no processo scio-interacionista como elemento potencializador da afetividade.

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A TUTORIA FOCADA NO PROCESSO SCIO-INTERACIONISTA COMO POTENCIALIZADORA DA AFETIVIDADE EM EDUCAO A DISTNCIA. AFETIVIDADE : CONCEITOS Existem diversas definies de afetividade para a cincia, mesmo porque uma palavra utilizadas em diversas reas do conhecimento humano. Na linguagem geral, afeto relaciona-se com sentimentos de ternura, carinho e simpatia. Nas mais variadas literaturas, afetividade est relacionada aos mais diversos termos : emoo, estados de humor, motivao, sentimento, paixo, ateno, personalidade, temperamento e outros. Afetividade vem do latim afectus e para Wallon (1941) tem um significado mais amplo, no qual se inserem vrias manifestaes das basicamente orgnicas (primeiras expresses de sofrimento e de prazer que a criana experimenta, como a fome ou a saciedade) s manifestaes relacionadas ao social (sentimento, paixo, emoo, humor, etc). Segundo Almeida apud Wallon a afetividade um domnio funcional, cujo desenvolvimento dependente da ao de dois fatores : o orgnico e o social. Entre esses dois fatores existe uma relao estreita, tanto que as condies medocres de um podem ser superadas pelas condies mais favorveis do outro. Essa relao recproca impede qualquer tipo de determinismo no desenvolvimento humano, tanto que ...a constituio biolgica da criana ao nascer no ser a lei nica do seu futuro destino. Os seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstncias sociais de sua existncia, onde a escolha individual no est ausente.(Wallon, 1959, p.28). Depois da determinao da afetividade inicialmente pelo fator orgnico, ela passa a ser influenciada pela ao do meio social. Tanto que Wallon defende uma evoluo progressiva da afetividade, cujas manifestaes vo se distanciando da base orgnica, tornando-se cada vez mais relacionadas ao social. Conceitualmente, ainda segundo Silva apud Wallon, a afetividade deve ser distinguida de suas manifestaes, diferenciando-se do sentimento, da paixo, da emoo. A afetividade um campo mais amplo, j que inclui esses ltimos, bem como as primeiras manifestaes de tonalidades afetivas basicamente orgnicas.

19 A afetividade, assim como a inteligncia, no aparece pronta nem permanece imutvel. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento; so constrdas e se modificam de um perodo a outro, pois, medida que o indivduo se desenvolve, as necessidades se tornam cognitivas. Almeida relata ainda que a afetividade , ainda, um campo aberto para investigaes. Wallon indica caminhos a serem trilhados para estudos complementares ao estabelecer ntida diferena, em sua obra, entre a afetividade e suas manifestaes e ao identificar que, no desenvolvimento humano, existem estgios que so predominantemente afetivos. No poderamos dar continuidade ao trabalho sem a definio do conceito de afetividade, que muito ajudar a compreender sua potencialidade para uma tutoria focada no processo scio-interacionista. O SCIO-INTERACIONISMO A abordagem scio-interacionista entende a aprendizagem como um fenmeno que se realiza na interao com o outro. A aprendizagem acontece por meio da internalizao, a partir de um processo anterior, de troca que possui uma dimenso coletiva (Oliveira, 2004). Segundo Vygotsky, a aprendizagem deflagra vrios processos internos de desenvolvimento mental, que tomam corpo somente quando o sujeito interage com objetos e sujeitos em cooperao. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisies do desenvolvimento. Para Vygotsky, um processo interpessoal, portanto, transformado num processo intrapessoal. Para Vygotsky existem dois nveis de conhecimento : o real e o potencial. No primeiro, o indivduo capaz de realizar tarefas com independncia, e caracteriza-se pelo desenvolvimento j consolidado. No segundo, o indivduo s capaz de realizar tarefas com a ajuda do outro, o que denota desenvolvimento, porque no em qualquer etapa da vida que um indivduo pode resolver problemas com a ajuda de outras pessoas. Partindo desses dois nveis, Vygotsky define a psicolgicas ainda no consolidadas. Ela a distnca entre o nvel de desenvolvimento real, que se costuma determinar atravs da soluo independente de problemas, e o nvel de desenvolvimento potencial, determinado atravs da soluo de problemas sob a orientao de um adulto Zona de Desenvolvimento Proximal como a distncia entre o conhecimento real e o potencial; nela esto as funes

20 ou em colaborao com companheiros mais capazes (Vygotsky, 1998, p.75). A tutoria focada no processo scio-construtivista tende a agir como elemento facilitador na construo da aprendizagem, ampliando possibilidades e potencializando a afetividade, algo to caro e fundamental na EAD. Neste processo, o desenvolvimento cognitivo centra-se na possibilidade de o sujeito ser, constantemente, colocado em situaes problema que provoquem a construo de conhecimentos e conceitos, a partir da Zona de Desenvolvimento Proximal. Ou seja, o sujeito necessita usar os conhecimentos j consolidados, desestabilizados por novas informaes, que sero processadas, colocadas em relao com outros conhecimentos, de outros sujeitos, num processo de interao, para s ento, serem consolidadas como um conhecimento novo (Oliveira, 2004). No contexto da EAD, consideramos a importncia do material didtico nesse processo, como tambm os recursos tecnolgicos da instituio de ensino, entretanto, frisamos que um corpo de tutores focados no scio-construtivismo abrir um leque sem precedentes para o potencial desenvolvimento da afetividade, propiciando uma interao mtua cada vez mais real, e com isso uma aprendizagem de qualidade mais eficaz em EAD.

A AFETIVIDADE NO PROCESSO SCIO-INTERACIONISTA Segundo Bonatto et al apud Uler (2006) o scio-interacionismo aliado viso de que os processos de interao e de comunicao permitem unir aspectos afetivos racionalidade, nos d um direcionamento para entender , elaborar e propor formas de atuao que permitam incorporar a afetividade nas atividades dos ambientes virtuais de aprendizagem. Na EAD ainda h um longo caminho a seguir no que se refere aos estudos sobre como estimular o aluno por meio de sua emoo e afetividade, no desenvolvimento de seus aprendizados. Na comunicao mediada por tecnologia, prpria da EAD, os tutores devem ser tambm afetivos, espirituosos, srios. Portanto, fundamental que se conhea bem o aluno e seu perfil porque algumas formas de comunicao e atitudes podem funcionar de forma equivocada ao emitirmos nossas ideias e sentimentos, gerando rudos de comunicao e desestmulo ao propsito educativo(Anderson & Elloumi, 2004).

21 Isto nos leva a pensar tambm em outro aspecto relacionado afetividade : as escolas deveriam entender de seres humanos e de amor tanto quanto de contedos e tcnicas educativas, porque, segundo pensadores da educao, elas tem contribudo em demasia para a construo de neurticos por no entenderem de amor, de sonhos, de fantasias, de smbolos e dores. Segundo Struchiner & Gianella, 2005 apud Coelho, 2003; Gianella et al 2003 embora muitas iniciativas de EAD tenham adotado a figura do tutor como responsvel pela gesto direta do processo educativo junto aos alunos, alguns autores questionam o conceito de tutoria, ressaltando que o profissional potencializador da aprendizagem alm de complementar e facilitar a mediao pedaggica deve estabelecer uma comunicao emptica com o estudante. Pensar neste mediador ultrapassa o conceito de tutoria j que, analisando o significado da palavra, tutor aquele que tutela, que ampara, confere proteo, dependncia e sujeio (Gianella et al, 2003). Bem se sabe que essas carctersticas no fazem parte do perfil de um profissional de um ambiente de aprendizagem que busca a potencializao do ato educativo numa ao participativa, criativa, relacional e, principalmente, reflexiva. O papel do professor na relao pedaggica uma das caractersticas fundamentais da EAD, principalmente quando o ato educativo entendido como um momento de construo do conhecimento, de intercmbio de experincias e de criao de novas formas de participao. Ainda, segundo as autoras, pensar neste mediador pedaggico ultrapassa o conceito de tutoria e se aproxima de uma concepo de um profissional que facilita a construo de significados por parte dos alunos nas suas interpretaes do mundo. O professor de EAD dever possuir uma concepo clara da construo do conhecimento como um processo dinmico e relacional advindo da reflexo conjunta sobre o mundo real. A afetividade, neste contexto, grande aliada do tutor para consecuo desses objetivos, tendo como subsdio a facilitao do processo scio-interacionista do qual a Educao a distncia tem se aprimorado atravs dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA's) desenvolvidos pelas instituies.

22 TUTORIA FOCADA NO SCIO-INTERACIONISMO: ELEMENTO

POTENCIALIZADOR DA AFETIVIDADE. A mediao que o tutor a distncia exerce nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) de fundamental importncia para o desempenho do aluno de Educao a Distncia (EaD) e elemento potencializador das relaes de ensino e aprendizagem que envolvem os participantes de um curso nessa modalidade (Tijiboy et al, 2009). Segundo Peters (2003), a didtica do ensino a distncia no deve ser reduzida ao conjunto daquele artifcios e daquelas providncias tecnolgicas que apenas possibilitam o ensinar e o aprender a distncia. Requer, principalmente, uma anlise das situaes especficas de aprendizagem dos sujeitos. Para Litto (2004), adiciona-se naturalmente, como elemento que antecede o trabalho, o completo diagnstico das necessidades, tanto do discente em potencial, como da regio onde est inserido e, durante o desenvolvimento dos cursos ec a posteriori, a avaliao. Ainda segundo Litto, h um novo desafio a ser enfrentado nesse processo de expanso : o de buscar um padro de qualidade cada vez maior. O desafio de pensar a EAD no Brasil, na vertente do crescimento da qualidade, provoca discusses sobre as polticas pblicas que regulamentam essa modalidade, o credenciamento das instituies e a autorizao para cursos questes legais, estruturais, etc. De igual forma acontece com os aspectos didticos que envolvem os processos de estrutura organizacional, planejamento, produo de materiais, etc. E, principalmente, os processos de aprendizagem modo como os alunos aprendem, focado especialmente nas prticas correntes e nas ideias pedaggicas inerentes educao. Em suma, afirmamos que a no-observncia dessas regras remete uma instituio ao fracasso em EAD, de nada adiantando o incentivo afetividade numa estrutura falha. O elemento potencializador essencial da afetividade , portanto, uma estrutura bem adequada ao processo scio-interacionista. Uma abordagem interessante seria um investimento na aprendizagem colaborativa, fruto do processo scio-interacionista, que enriquece a construo do conhecimento, pois amplia o olhar, a viso, a percepo, a reflexo, a indagao de cada indivduo (Okada, 2003, p.164) pois, Os ambientes de educao que emergem desta concepo so, consequentemente, marcados pela contextualizao das aprendizagens, pela deciso conjunta sobre os materiais a

23 trabalhar, pela identificao dos objetivos a atingir e pelo envolvimento da comunidade na definio de uma estratgia para a construo e experienciao das situaes e contextos de produo do conhecimento. (Dias, 2004, p.26). Ainda Segundo Dias a criao de ambientes virtuais de aprendizagem que privilegiem a circulao de informaes e a construo do conhecimento apresentada como uma possibilidade de construo de comunidades virtuais de aprendizagem. Sabemos que a afetividade uma condio intrnseca personalidade. E que na perspectiva vygotskyana, o ensino deve ser pautado em situaes que desafiem os alunos a buscar solues baseadas no compartilhamento dos conceitos cotidianos e na investigao realizada atravs do trabalho coletivo e cooperativo (Dias, 2004, p.22). um grande desafio para aqueles que se propem a pensar a educao a distncia enfatizar a afetividade na rede de construo do conhecimento, de produo de arte, de democratizao e disseminao de informao (Alves, Lago, Nova, 2003). Portanto, ensinar uma prtica que no pode ser compreendida dentro de uma perspectiva imobilizadora do conhecimento e da sua transferncia a estudantes e sim ter como pano de fundo a afetividade, sentimento plausvel e impretervel no processo scio-interacionista, pois, conforme aponta Freire (1980), cada um de ns um ser no mundo, com o mundo e com os outros. Sendo assim, o ensino precisa estar centrado no aluno : O ensino centrado no aluno deveria basear-se na empatia, na autenticidade, confina nas potencialidades do ser humano, na pertinncia do assunto a ser aprendido, na aprendizagem participativa, na totalidade da pessoa, na auto-avaliao e na auto-crtica. (GADOTTI, 2004, p.13).

O embasamento terico demonstrou que o processo scio-interacionista , sem dvida, um potencializador da afetividade em EAD. Cabe aos tutores, nesse novo momento do ensino, uma reflexo sobre a importncia da afetividade e lembrar que segundo Okada (1992, p.45) as prticas de formao que tomem como referncia as dimenses coletivas contribuem para a emancipao profissional e para a consolidao de uma profisso que autmoma na produo dos seus saberes e dos seus valores.

24 CONSIDERAES FINAIS

A pesquisa realizada neste trabalho abordou a tutoria focada no processo sciointeracionista como potencializadora da afetividade em Educao a Distncia (EAD). O trabalho foi dividido em trs grandes partes centrais : a afetividade, o sciointeracionismo e a tutoria focada no scio-interacionismo. O desafio de pensar a EAD no Brasil, na vertente do crescimento da qualidade, provoca discusses sobre as polticas pblicas que regulamentam essa modalidade. Embora muitas iniciativas de EAD tenham adotado a figura do tutor como responsvel pela gesto direta do processo educativo junto aos alunos, questiona-se ainda o profissional-tutor, ressaltando-se que deve ser um potencalizador da aprendizagem, alm de complementar e facilitar a mediao pedaggica e estabelecer uma comunicao emptica com o aluno. O papel do professor-tutor na relao pedaggica uma das caractersticas fundamentais da EAD, principalmente quando o ato educativo entendido como um momento de construo do conhecimento, de intercmbio de experincias e de criao de novas formas de participao. A afetividade, neste contexto, grande aliada do tutor para consecuo desses objetivos, tendo como subsdio a facilitao do processo scio-interacionista do qual a EAD tem se aprimorado atravs dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA's) desenvolvidos pelas instituies. Os resultados nos levam a entender que o scio-construtivismo o modelo mais adequado para criao de quaisquer vnculos em EAD, e que o foco nessa teoria de aprendizagem elemento impretervel para potencializao da afetividade. Portanto ensinar uma prtica que no pode ser compreendida dentro de uma perspectiva imobilizadora do conhecimento e de sua transferncia a estudantes e sim propiciar que o foco afetividade, atravs do processo scio-interacionista, atenda aos anseios mais divergentes dos alunos, para quem o ensino precisa estar centrado.

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