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1 Processo Projetual em Territórios Informais. Trabalho Final de Graduação para obtenção do diploma de Arquiteto e Urbanista. Vitor Daher sob orientação de Lucas Fehr. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie São Paulo, 2014

TFG Processo Projetuais em Territórios Informais: Heliópolis

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*Versão impressa. TFG Processo Projetuais em Territórios Informais: Heliópolis. Autor: Vitor Daher Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo 2014

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Processo Projetual em Territórios Informais.

Trabalho Final de Graduação para obtenção do diploma de Arquiteto e Urbanista.

Vitor Daher sob orientação de Lucas Fehr.

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie

São Paulo, 2014

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Data de Apresentação:Banca Examinadora

______________________ Lucas Fehr Orientador

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Agradecimentos.

O trabalho apresentado só se tronou possivel devido às conversas animadas, didáticas e motivantes com Lucas Fehr. Dos conselhos as vezes críticos, as ve-zes amorosos de Amanda Escobar. Da energia e apoio dos amigos em relação ao projeto e também às outras facetas da vida. Principalmente, da dedicação, do exemplo e do amor de meus pais Gil-berto Daher e Valéria Baptista Ferreira e de toda a minha familia durante todas as fases de minha vida, e durante o pro-jeto também. Agradeço por último aos meus pais, indiretamente, pela viagem proporcionada ao longo do ano, que permitiu um amadurecimento como pessoa e do projeto.

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Resumo.Este trabalho trata do papel do arquiteto perante sua responsalidade social. Encarar os territórios informais como parte da sociedade e principalmente como componente carente de articulação à cidade formal.

A tese está baseada integralmente no PDH desenvolvido pelo Governo de São Paulo para Heliópolis.

Porém, ao longo dos estudos, a tese tornou-se uma alternativa ao PDH, visando através de processos uma conexão entre territórios formais e informais, e utili-zando de teorias econômicas contemporâneas para tornar-se mais eficiente e, portanto, viável.

Projetualmente se divide em 3 esferas, sendo a esfera do Eco Parque Heliópolis a mais investigada e desenvolvida.

O trabalho almeja um desenvolvimento social, econômico e ambiental contem-porâneo, conectando cidade formal e informal de maneira benéfica às duas par-tes.

Palavras-chave: global conexão informal formal produção processo projetual es-paços públicos suporte parque reciclagem entulho água paisagismo paisagem educação inovação desenvolvimento economia sociedade ambiente

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Abstract.This tesis project deal with the action of the architect facing his social responsability. Working with the informal territory as part of the society and, mostly, with their necessity of getting connected with the formal city.

The tesis is 100% align with the actions presented in PDH, a mas-sive urban project made by the Government of São Paulo, Brasil. But the project has become an alternative of PDH, studying and aiming for a deep connection between formal and informal territories, usign contemporary economy yo be more efficient and, then, viable.

Projectually is divided in 3 areas, being the Eco Park Heliópolis the most inves-tigated and developed area.

The work aims for a contemporary social, economic and environmental develop-ment, connecting formal and informal city benefiting both sides.

Keywords: global connection informal formal prodction projectual process proj-ect public spaces suport park recycling construction waste water landscape land-scaping education inovation development economy society environment

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SumárioIntrodução p.07

1. Heliopolis. p.10

2. Territorios Informais. p.24

3. PDH Heliopolis. p.34

4. Um Novo Sistema Urbano. p.38

4.3 Eco Parque Heliópolis. p.45 4.3.1 Paisagem. p.53

4.3.2 Mobilidade. p.56

4.3.3 Vegetação e Agricultura. p.58

4.3.4 Água. p.62

4.3.5 Ecoponto. p.68

4.3.6. Equipamentos. p.70

4.3.6.4 Centro Educativo Flexível. p.74

5-Conclusão. p.104

6-Bibliografia. p.106

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Introdução.

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Inicio, curiosamente, usando as pala-vras acertadas do colega Victor Sar-demberg em sua monografia “Pro-cessos Emergentes em Territórios Informais”:

“Começo a escrever de qualquer pon-to, inicio como os favelados.”

Lembro de um dia, pela manhã, ter ouvido do professor João Sette Whitaker que a arquitetura de gri-fe, destinada quase invariavelmente aos estratos sociais de alta renda, era usualmente a arquitetura premiada no Brasil. E o quanto nos viamos atraí-dos por este prestígio, é claro. Isso é destacar o fracasso da arquitetura no seu papel social, já que 40% da po-pulação urbana vive precariamen-te, sem arquitetura nem urbanismo. A arquitetura deveria então adiantar--se ao porvir da sociedade, refletindo e oferecendo soluções arquitetônicas e urbanísticas que respondam ao cenário futuro.

Semanas após a aula citada acima tive a oportunidade de conhecer Heliópo-lis junto com um grupo de pesquisa orientado por Carlos Leite. Nesse dia vivi pela primeira vez, mesmo que de maneira superficial, o cotidiano de um habitante de um território não-inte-grante à lógica formal de São Paulo. Fiquei deslumbrado com o potencial destes espaços. Esse trabalho é o re-sultado das noites em que fiquei sem conseguir dormir, porque enquanto es-tava na minha cama, na verdade minha cabeça estava em Heliópolis.

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Começo desta maneira, do mesmo jeito que muitas pessoas fizeram hoje, em al-guma parte de Heliópolis: encontrando um espaço vazio. Construo minha nar-rativa palavra com palavra num desenho lógico neste impresso. Meus olhos ainda registram as casas formadas por 4 pare-des flácidas. Patamar.

Crianças e idosos no meio de passeios por vezes náufragos. Dançando e gargalhando como se fosse sábado. Pipas sobre nossas cabeças, flutuando livres sobre os limites cotidianos. Buscando, assim como esse texto, uma mirada além do:

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir. A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir; Por me deixar respirar, por me deixar existir: Deus lhe pague

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Aleplesch. Hand in hand

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1-Heliópolis.

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O crescimento da cidade sobre a área verde. Fonte: PMSP / Sehab,2011.

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1-Heliópolis.Não sou de Heliópolis. Sou brasileiro, paulista, mas em nenhum momen-to minha história ou experiência havia cruzado com a de Heliópolis. Até Novembro de 2012.

Recebi, na hora do almoço, uma ligação do arquiteto Carlos Leite, me oferecendo a oportunidade de ajudar sua aluna de mestrado, Daniela Getlinger, com a tese: “Metodologias Projetuais nos Territórios Informais”.

Na época a tese ainda não tinha esse nome. E eu não saberia identifi car Heliópolis no mapa da cidade de São Paulo.

Passaram-se quase 3 meses.

Todos os dias eu e Daniela, sob os conselhos de Carlos Leite, nos debruçávamos sobre as cartografi as, fotos, textos e qualquer tipo de registro acerca do que eu viria entender como o maior território informal de São Paulo.

Passei a enxergar Heliópolis mentalmente. Uma colagem abstrata de todos as informações coletadas por Daniela e apresentadas a mim permitiam que eu criasse e imaginasse o território e suas dinâmicas. Conhecia alguns quarteirões, esquinas e ruas com clareza, sem nunca ter estado nesse território.

O mestrado foi defendido e aceito no começo de 2013. Recomendo a leitura para os interessados em informações mais aprofundadas sobreterritórios informais e suas dinâmicas, megacidades contemporâneas, crescimento futuro da população em grandes cidades localizadas em países em desenvolvimento, com concentração de pobreza e graves problemas socioambientais, entre outros.

Eu havia sido fi sgado por Heliópolis sem nunca ter estado alí. E o Trabalho Final de Graduação faria com que eu mordesse a isca cada vez mais.

O território de estudo estava defi nido.

Para as pessoas estranhas à essa realidade informal, da mesma maneira que eu já fui um dia, Heliópolis sob os olhos dos moradores:

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“Heliópolis possui aproximadamente 1 milhão de metros quadrados, localizada ao sul do município de São Paulo, região do Sacomã, a 25 Km do centro da cidade [8km do centro da cidade, Marco Zero, Sé] . Segundo dados do IBGE, são 125 mil habitantes, sendo 92% da população de ori-gem nordesti na, com 53% na faixa etária de 0 a 25 anos [Densidade gerada: 1250hab/hc].

Segundo dados da Prefeitura da cidade de São Paulo, He-liópolis possui hoje 18.080 imóveis (a maior parte dos bar-racos se transformaram em construções de alvenaria), 75% do bairro já tem infra-estrutura urbana.

Segundo levantamento realizado pela Fundação Cas-per Líbero e UNAS, existe hoje mais de 100 entidades (religiosas, associações de moradores, ONGs), que realizam programas e projetos na comunidade , voltados à práti ca religiosa, educação não formal, ati vidades culturais, artí s-ti cas e esporti vas.

Existem mais de 3 mil pontos comerciais, segundo o levan-tamento da Associação dos Comerciantes de Heliópolis (ACHE): padarias, pequenas lojas, açougues, cabeleireiros, farmácias, pequenos mercados, ofi cinas de carro e moto, lan-houses e mais de 1000 bares [diversidade + densidade: elemento chave da teoria de Jane Jacobs].

O transporte público não entra em Heliópolis, pois há vielas, becos e ruas muito estreitas, fazendo com que as pessoas se desloquem até as vias principais onde estão localizados os pontos de ônibus. Aproximadamente 40% das famílias é composta por mãe e fi lhos, sendo a mãe a única provedora.

Há escolas públicas, mas não em número sufi ciente para atender a demanda. Não há museus, cinemas, teatros, áreas de lazer, parques, espaços esporti vos…[o projeto su-pre essa demanda de infra estrutura programáti ca, con-templando diversos programas de incenti vo à dinâmica social colocados justapostos].

Há a atuação do tráfi co de drogas.

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Ainda, segundo dados da Prefeitura, a renda média fami-lia é de R$ 479,48. A vulnerabilidade social ainda atinge grande parte da população.”

(Texto retirado dia 20/02/2012 do wordpress pertencente a Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Sales, em Heliópolis.)

O texto acima apresenta, de maneira sucinta, diversos aspectos socioeconômicos do território de Heliópolis. Comentários acerca do projeto urbanístico, que será detalhado adiante, e correções sobre dados errôneos estão contidos dentro de colchetes.

Por tratar-se do maior assentamento informal da Cidade de São Paulo, a favela de Heliópolis já foi objeto de pesquisas aprofundadas, sendo divulgadas através de diversas teses. Não haveria meios de reescrever o processo de formação de modo mais aprofundado e completo do que as teses apresentadas por Maria Ruth Amaral de Sampaio, Ermínia Maricato e tantas outras publicações produzidas por equipes multidisciplinares da Prefeitura de São Paulo e representantes da própria Heliópolis:

“M����� ��� ������� ���������� �� M�������� �� S�� P���� ������� ������ ���� ���� �� ������� P���� P�-����� M�������� ��� ������� ������� ������������ ����� �������� ��� ������� ��������, ���� � ����-������ �� ����� ��������, �������������� �������, ���������� �� ���������� ���� ����������� �������-����, ���������� ����������� �� ����� ���������-��� �� E�����, �� M��������, �� � ������ ��������.E���� �����������, ��� ����������, �� ���-�������� ��������-�� �����������, � ����-��� ������� ���� � �������� �� �����-��� �� ����� �� ���� ��� ������ ��������.U� ��� ���� �������� ������� �� ������� �� S�� P����, ����������, � ������ �� H���������-S�� J��� C������, �������-�� ������� ����� ��������.E� 1971/72, � P��������� M�������� �� S�� P����, ������� �� ����� S��������� �� B�� E���� S�����, SEBES, �������� � �� ����������� ��� ������� ��

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V��� P������� � V��������, ������������ ����� �� ���� ���������� ���� ����������� ����������� ����-������� �� H���������, ������ ������� �� M��������, ������ �� I�������, �� ����� �� ������������ �� IAPAS.

A ����� ����� �� ��������� ������������ � �������-����, ��� ����� ��������� �� �����������: ���� ��-���, ����� �������, �� ��� ����������, ��������, ��� ���� ���������� �� �������� � ���� ������ ���������, �������� ��� ���� A�������� M������ � S������� B�����; ����� ����� �� ��� C��. S���� C��-���, ��� � ����� ��������, ����� ���������.T�-��� ����� ����� ������ ���� �����������, �������� � �������. (...)

O IAPI – I�������� �� A������������ � P������ ��� I������������ ��� ������� � ��� ����� ���� �������� ��� ������� �� ��������� �� ���-��: ��������� ��� ����� ���� ���� ����������.E� �������� �� 1966, �� ������ ��� � D������-L�� �. 72, ��� �������� �� �������� I��������� �� INPS – I�������� N������� �� P���������� S�����, � ����� ������ ���� � IAPAS – I�������� �� A������������ F��������� �� P���������� � A���������� S�����, ��� � ������ ��� ������ �� ������ ���� ������ ������.E� 1967 � IAPAS ������ � P��������-P������� B��������� S/A – ��� ���� �� 423.731�; ���� ���� ������� ����� �� ���� � ����� ������ ��������� ���� P��������� ��� ����������� �� ������������ �������, �� ������ ��� � L�� 3084, �� 5 �� �����-��� �� 1927. E� 1976, � ������ �� �������, �����-����� � R��� D������������ ��� ����� �� �����-��� ����� ������ �� �����, ��� ����� �� 960�.V����� ������ � ���������, ��� � ��� �� 1977, ���� ����� ��� ������ ����� �� C������� H���-�������� V��� H���������, �� ������ ����� ���-����� ����� 1977 � 1985. O� ����������� ���� ������������ �������� ��������� � ��������, ��������, ���������, ���������, ������ ���.E� 1978, � S�����, ������� �� ��������������, ����� ��� ����� ����������� �� ����� ���� � ���������� �� E������ �� T��������� �� E������ �� ABC, �����

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�� �������� S�������, ����� ����� ����� ����-������� �� ������ ��� ���� 80.

O IAPAS ���������, �� ����� �� �����, � H������� �� H���������, ���������� �� ����� �� 1969, ��� ������ ��� ���������� �� INPS. C�������� ���-���, �� ��. A�������� D�������, � P���� �� A����-������ M�����, PAM, �� ������� ��������.

(...) E é nessa paisagem que entre 1971 e 1972 a prefei-tura sob o comando do prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz reti ra 153 famílias de áreas ocupadas na favela da Vila Prudente e Vergueiro, com a intenção de fazer vias públicas e coloca essas pessoas em alojamentos “provisó-rios” no terreno do IAPAS, mas que com o passar dos anos tornaram-se permanentes, pois a maioria das famílias está lá até hoje. “Ou seja, um improviso da prefeitura que resultou em uma favela gigantesca.”. Outras famílias fo-ram construindo seus barracos. Pessoas que parti ciparam da obra do Hospital e do PAM acabaram permanecendo por lá. (...)

À medida que isso ocorria, outro ti po de ocupação, a grilagem, começava a aparecer na Estrada das Lágri-mas, por volta dos anos 77/78, quando o veterinário Otávio Rodrigues de Souza, morador nas vizinhanças da gleba, começou a vender lotes na rua Cônego Xa-vier e Estrada das Lágrimas. Mais ou menos nessa mesma ocasião, membros da família Mariano, Geral-do e Flávio, que se diziam herdeiros de parte da gleba, e outros grileiros, como os irmãos Garcia, também pro-cederam à intensa venda de lotes. O clima era de violên-cia, com contí nuas disputas entre invasores e grileiros.Quando o IAPAS se deu conta, a ocupação da gle-ba já era uma realidade, e a solução adotada foi impetrar uma série de reintegrações de pos-se contra os grileiros e demais ocupantes da gleba.Data daí o início da organização da população moradora, que nessa ocasião já estava começando a reivindicar ser-viços de água e luz. (....)” SAMPAIO, Maria Ruth Ama-ral de. Heliópolis: o percurso de uma Invasão. São Paulo: Cohab, 1988. Tese (Livre Docência).

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Cartografi as e Diagramas desenvolvidos em conjunto para a tese de Daniela Getlinger.Minhas (e talvez suas) primeiras aproximações ao território de Heliópolis.

Situação no Município.Fonte: Getlinger 2013.

Situação na Metropole.Fonte: Getlinger 2013.

Heliópolis, eixos viários e articulação com a SPFonte: Getlinger 2013.

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“Heliópolis possui aproximadamente um milhão de metros quadrados, localizada ao sul do município de São Paulo, região do Sacomã, seus limites são a Avenida Juntas Provi-sórias, que se estende até a divisa com São Caetano do Sul que tem como divisor de águas o Rio Tamanduateí e a Av. Guido Aliberti .

Fica a 10 km do centro de São Paulo. O transporte público não entra em algumas ruas da comunidade, pois as mes-mas são estreitas, então as pessoas se deslocam até as vias principais, como a Estrada das Lágrimas, Av. Almirante Delamare, Rua Cel. Silva Castro e Rua Cônego Xavier, onde estão localizados os pontos de ônibus.

Na rua lateral do hospital Heliópolis funciona como um terminal, tem ônibus para vários locais, pois a demanda é grande, o hospital atende em média 1.000 pessoas. Helió-polis também fi ca próxima as principais vias de acesso de São Paulo como a Rodovia Anchieta e Avenida dos Estados.

Hoje a comunidade conta com o terminal Sacomã inaugu-rado em 2007, com ônibus que atende a vários bairros de São Paulo e principalmente até o Centro de São Paulo com o Expresso Tiradentes que vai até o Terminal Parque D. Pe-dro, com um percurso de 20 minutos. Com o aumento das linhas do metrô, a menos de 6 km da comunidade, a po-pulação conta com a linha verde Estação Alto do Ipiranga.

Em 2006 a favela foi rebati zada pelos moradores e pela prefeitura como BAIRRO que é denominado de Nova He-liópolis.

Segundo dados do IBGE 92% da população são nordesti nos, e estão lá desde a década de 70. Não foram só as pessoas removidas pela prefeitura que são moradores de Heliópolis hoje. Alguns trabalhadores entre 1970 e 1980 escolheram o Heliópolis para morar, pois trabalhavam nas metalúrgicas das cidades vizinhas do ABC, nessa época havia uma crise de oferta de imóveis para a população de baixa renda e os altos preços dos aluguéis desesti mulavam os trabalhado-res. Além disso o desemprego e os baixos salários direcio-

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naram as pessoas a procurarem locais de maior concentra-ção de indústrias:

“Mais de 90 % da população de Heliópolis, inclusive eu, é formada por nordesti nos que vieram para São Paulo. E nós aprendemos, desde muito cedo, uma coisa importante: não deixar nossos fi lhos passarem fome. Então, a educação, in-felizmente, às vezes, fi ca relegada a segundo plano na es-cala de prioridade da pessoa. “

( João Miranda, liderança, ex-presidente da UNAS, 03/2007.

“Heliópolis caracteriza-se por ser uma área carente, que teve uma ocupação inicial recente e intrigante embo-ra bastante homogênea: a grande maioria é invasora e chegou à gleba a parti r do início dos anos 70. Parte con-siderável dessa gente veio do Nordeste, de Pernambuco, Piauí, Paraíba, Bahia. Aqui chegando, muitos moraram inicialmente em cômodos de aluguel espremidos pela falta de dinheiro e de opções, ti veram como últi ma al-ternati va de sobrevivência na cidade a vida na favela, onde ti veram que enfrentar, além das condições adver-sas decorrentes da falta de toda e qualquer infraestru-tura, a exploração e a ameaça constante dos grileiros.

Formou-se, no decorrer do tempo, uma verdadeira cidade dentro de Heliópolis, o que gerou variadas alternati vas de emprego no interior do núcleo. A ambição dos imigrantes de ser autônomos, de “não ter patrão”, deu início a um di-versifi cado comércio local informal, onde a mão de obra familiar, subempregada, adapta-se à vida da metrópole re-criando dentro do núcleo hábitos de sua região de origem.

Coexistem em Heliópolis pequenos Piauís, mini-interiores da Paraíba e Pernambuco etc.”

SAMPAIO, Maria Ruth Amaral de. Heliópolis: o percur-so de uma Invasão. São Paulo: Cohab, 1988. Tese (Livre Docência).

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Relação entre escalas urbanas e equipamentos públicos.Fonte: Getlinger 2013.

Equipamentos em Heliópolis.Fonte: Getlinger 2013.

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“Atualmente, as maiores lutas de Heliópolis são a busca pela regularização fundiária, o direito à moradia e a in-fraestrutura. Estas determinações lapidaram a organiza-ção de sua comunidade, fruto disso é o UNAS – União de Núcleos, Associações e Sociedades dos Moradores de He-liópolis e São João Clímaco, atuante desde a década de 80. Hoje, a comunidade é composta por 10 núcleos e em cada núcleo há um representante do UNAS, eleito pelos próprios moradores conferindo assim uma unidade a Heliópolis.

Em 86, Heliópolis estava em processo de formação, agora nós estamos num processo de transformação...não se cha-ma mais favela de Heliópolis, se chama comunidade de He-liópolis, que é uma comunidade organizada, uma comuni-dade que sabe o que quer, que luta pra sair dessa margem.

A nossa maior luta é pra fazer parte da cidade de São Pau-lo.”

Geronimo Barbosa, liderança, diretor da UNAS, 08/2011

Analisando os depoimentos, levantamentos e teses que discorrem sobre a formação, o estabelecimento e as novas demandas da população da maior favela de São Paulo, fi ca clara a necessidade de legitimação jurídica refe-rente aos assentamentos de modo que estes possam se apresentar como parte integrante da cidade e não como um problema social. Ainda assim, resolvido o empecilho legal, a necessidade de se alterar o paradigma pos-sibilita um desenvolvimento que inclui a favela de Heliópolis à cidade formal de São Paulo, superando o estigma atual e tornando a comuni-dade um território de suporte à novas operações estratégicas, iniciando um processo de inovação perante esses assentamentos. Com um olhar prenunciador é possível superar o cenário atual de afastamento e negação entre territórios, conectando Heliópolis (e outros territórios informais) à cidade e vice-versa, estabelecendo relações econômicas, sociais e ambien-tais em diversos níveis, de maneira que ambas as partes se benefi ciem de maneira recíproca.

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O crescimento da cidade sobre a área verde. Fonte: Getlinger ; 2013.

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Foto aérea. Em primeiro plano a ETE Sabesp,seguida pelo território de Heliópolis e ao fundo o bairro do Ipiranga.Foto: Fabio Knoll

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2-Territorios Informais.Em 1920 10% da população vivia em cidades. Em 2000 50% da população mundial era urbana. Atualmente a população em cidades passa de 53%. Em 2025 o número de habitantes nas cidades pode atingir 5 bilhões.

Fonte: Un-Habitat. Global Urban Observatory.

Nós não só vivemos em uma cidade, mas vivemos em uma Megacidade, já que a população atual de São Paulo supera 10 milhões de habitantes.

Não apenas populosa, São Paulo é atualmente a única cidade considerada Al-pha no ranking de cidades globais no continente da América do Sul, atraindo e estimulando as trocas de mercadorias, indústria e principalmente, talento hu-mano e conhecimento no mercado global.

As megacidades são o futuro do planeta e devem ser vistas e estudadas como oportunidades e não problemas no contexto global. As densidades alcançadas nesses territórios, combinados com sua capacidade de comunicação, articula-ção e produção são benéficas para um desenvolvimento sustentável em todos os níveis: sociais, econômicos e ambientais. Porém, atualmente a maioria das megacidades contemporâneas tem concentração exacerbada de pobreza, proble-mas ambientais e questões sociais, principalmente saúde, educação e segurança, devido à necessidade de maciços investimentos em infraestrutura e saneamento. São Paulo não é uma exceção.

O professor britânico Richard Burdett verificou em 2011, no livro “Living in the endless city”, que as cidades nos países em desenvolvimento prosseguem crescendo em função das altas taxas de natalidade e por atraírem migrantes, à medida que áreas rurais vão sendo transformadas em regiões urbanizadas. De acordo com o autor, cinco milhões de pessoas por dia mudam-se para cidades nos países em desenvolvimento, porque a densidade urbana fornece o caminho mais direto da pobreza para a prosperidade.

A população pobre que migra para as cidades em busca de algo melhor, não enriquece rapidamente Na realidade os recém-chegados são geralmente mais pobres do que os que migraram há mais tempo. Ou seja, as cidades não em-pobrecem as pessoas, elas atraem a população economicamente desfavorecida, que deixa a pobreza rural pela possibilidade de melhorar do padrão de vida nos grandes centros urbanos.

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Considerando-se que as megacidades estão crescendo principalmente nos países menos desenvolvidos, onde hoje mais de 1 bilhão de pessoas mora em favelas e onde observa-se um processo de favelização progressiva, investigar questões ur-banas relacionadas aos territórios informais, dinâmicos, que são parte integrante das megacidades do mundo se apresenta como questão fundamental. (Davis, 2006)

Entre 1992 e 2002, a população de habitantes vivendo em territórios informais cresceu 50 milhões. As projeções da ONU apontam para um cenário de 100 milhões de pessoas morando em favelas até 2020.

(BURDETT, 2011; KOOLHAAS, 2001; LEITE, 2012, DAVIS, 2006).

É inegável a importância de aproximar-se dos territórios informais de maneira global, porém por tratar-se de um assunto que começou a ser estudado, de maneira científica, no início deste século, ainda apresenta incoerências em relação a dados, como pode ser observado ao comparar as populações descritas no texto acima de autoria de Burdett com o de Werthmann, a seguir:

“O urbanismo informal é o modo de desenvolvimento domi-nante nas cidades de maior crescimento do mundo. Vivemos em uma época em que mais de 30% da nossa população urbana mundial vive em favelas. Projeta-se que a metade do nosso crescimento urbano futuro será informal, elevando os atuais um bilhão de moradores de favela para dois bilhões até 2030. Com o mundo em uma grande recessão o urbanismo informal prova-velmente irá se expandir ainda mais rápido do que o previsto. Apesar desses fatos, a maioria dos arquitetos não trabalha e não sabe como trabalhar nessas áreas. A arquitetura moderna, na educação, terá fracassado se não preparar a próxima geração de arquitetos para o desafio do urbanismo informal.”

(WERTHMANN , 2010)

Mesmo situando a cidade de São Paulo dentro de um contexto global de trocas e entendida a importância de assimilar os territórios informais como objeto de estudo, uma questão simples continuava em aberto: Se a condição de vida em territórios informais apresenta tantas falhas quanto ao suprimento de necessi-dades básicas ao desenvolvimento da população, porque estes territórios conti-nuavam a crescer? A resposta é simples. O fenômeno é explicado com clareza por Daniela Ge-

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tlinger baseada no texto de Edward Glaeser encontrado no livro “The Triumph of the City”:

“Na América do Norte e na Europa as cidades fomentam a inovação ao conec-tar habitantes talentosos; mas as cidades têm um papel ainda mais importante nos países em desenvolvimento: funcionam como portas de entrada entre mer-cados e cultura.

Nos países mais pobres, apesar das condições de vida precárias nas grandes ci-dades, a população vai a elas porque sabe que é ali que estão as oportunidades, por mais difícil que seja.

A pobreza urbana não deve ser comparada à riqueza nas cidades, mas à pobreza rural do mesmo país. A vida pode nos parecer quase impossível em algumas fa-velas do mundo, porém, para aqueles que ali residem, embora as condições pos-sam ser insalubres, o fato de estarem num centro urbano, lhes oferece vantagens que não existiam no lugar de origem. (GLAESER 2011).” (GETLIN-GER ; 2013)

O texto acima permite uma alteração da maneira de pensar convencional, pos-sibilitando que os territórios informais e, principalmente Heliópolis fossem en-carados como um território de solução para os problemas de carência da popu-lação, não mais como uma problemática urbana.

Foto aérea de Heliópolis.Foto: Fabio Knoll

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Dionisio Gonzalez - Montaje Roberto Marinho

Dionisio Gonzalez - Montaje Favela Nova Acqua Gasosa

Dionisio Gonzalez - Montaje Nova Heliópolis.Visões sobre territórios informais.

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Repetição de Padrões:O projeto tem como área de implantação a Gleba K de Heliópolis.

Esta área se enquadra como a gleba que recebeu menos intervenções do Estado e portanto permanece com as características e dinâmicas que normalmente são encontradas em territórios informais em diversas partes do planeta.

Foram identificadas como mais importantes características desse território:

1-Autoconstrução.

1.1-Quase a totalidade das construções é autoconstruída.

1.2- A autoconstrução é precária, tem alto impacto ambiental e é responsável pela geração de alta quantidade de resíduos. Estes resíduos e o seu tratamento, devido a legislação atual, não são responsabilidade do Estado e nem do agente gerador. Devido a este impasse legal os escombros não são recolhidos e acabam sendo depositados nas vias já apertadas, gerando focos de proliferação de doen-ças e entraves de mobilidade.

1.3- Devido à autoconstrução, as pessoas podem construir moradia mas não são capazes de construir espaço público.

“O pequeno espaço público que existe é muito procurado e, em geral, é mais precário do que o ambiente construído. Em São Paulo (cidade de nosso estudo), os moradores de favelas são perfeitamente capazes de construir suas próprias casas, mas há menos facilidade para se moldar o espaço público em frente a essas casas. Nas favelas, não é raro encontrar casas com acaba-mento interno bonito, antenas parabólicas e televisores voltados para vielas de terra. A Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo (Sehab), parceira deste estudo, está no caminho para preencher essa lacuna. A Superintendência de Habitação Po-pular (Habi) já tem uma grande experiência em transformar o espaço público nas favelas, por meio de intervenções urbanísticas e paisagísticas com a participação da comunidade.”

(WERTHMANN, 2010)

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2- Constante crescimento e adaptação.

2.1- Como resposta ao crescimento da família, os barracos vão somando pavi-mentos, sempre autoconstruídos, resultando em geração ininterrupta de entu-lho.

2.2- O acumulo de dinheiro também é revertido em ampliação vertical dos barracos ou melhorias em revestimentos. Geração de entulho novamente.

2.3- Como abordado no livro “A estética da ginga” de Paola Berenstein Jac-ques, a falta de projeto ou o não-projeto refletem a espontaneidade das cons-truções e “enchem toda a favela com os Universos da realidade e do tempo, sendo sempre suscetível a mudanças e ampliações

MONTANER, Maria Josep. Sistemas arquitetônicos contemporâneos. Barce-lona. 2009 pag. 185

3-Utilização do Lote.

3.1- Os lotes voltados para as ruas, quase que em sua totalidade, contam com um pequeno comércio no pavimento térreo, servindo como fonte de renda para o morador ou como fonte de aluguel para o proprietário.

3.2- Frontalidade = comércio, portanto Frontalidade = Valor.

Nos territórios informais, onde há fluxo de pessoas há comercio. Invariavel-mente.

Desta maneira, os barracos voltados para as ruas, no perímetro das quadras, além de desfrutarem de melhor insolação e ventilação, tem em seu embasa-mento uma fonte de renda, permitindo a construção de um número maior de pavimentos. Desta maneira, tornam-se os imóveis mais valorizados na favela.

4-Densidade.

4.1- Os quarteirões têm ocupação máxima tanto no perímetro quanto no cer-ne, sendo os barracos do interior da quadra acessados por becos sem saída.

4.2- A favela acomoda vias de desenho rizomático, as quais dificultam e desen-corajam a circulação de estrangeiros e reduzem drasticamente a capacidade de localização espacial.

4.3- Devido ao desenho das vias e da circulação através de becos sem saída, a mobilidade urbana fica totalmente prejudicada, dificultando também o possível desenvolvimento de articulação e reconhecimento entre os moradores.

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Diagramas de evolução da moradia em territórios informais ao longo do tempo.fonte: Daniela Getlinger, 2013.

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5-Usos.

5.1- Territórios autoconstruídos são normalmente compostos em sua totalida-de de uso misto (habitação + comércio no térreo) de caráter primário.

5.2- A relação entre habitações e equipamentos é desproporcional.

Os equipamentos, quando existentes, não tem expressão suficiente para esti-mular fluxo externos à favela devido à sua qualidade simplória.

5.3- O uso misto predominante o ou o uso exclusivamente habitacional que configuram quase 100% do território não instigam ou estimulam não-moradores a visitar o território.

As dinâmicas intrínsecas aos territórios informais foram e são atualmente ob-jeto de estudo de diversas teses. Segue bibliografia básica sobre esse tema:

>JACQUES, Paola Berenstein.Estética da Ginga : a arquitetura das favelas através da obra de Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.

>GETLINGER, Daniela Cristina Vianna. Metodologias projetuais nos terri-tórios informais: Heliópolis. 2013. vi, 250 f.

>LEITE, Carlos. Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes. Porto Alegre: Bookman/Grupo A editorial, 2012.

1-Autoconstrução.Foto: Própria autoria

4-Densidade.Foto: Própria autoria

2-Constante crescimentoe adaptaçãoFoto: Luisa Santos.

3-Utilização do LoteFoto: Própria autoria

5-Usos.Foto: Luisa Santos

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33Vista aérea de território informal desconhecido.

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3-Intervenções Governamentais: PUH.

Consciente da necessidade de intervir em territórios informais, devido à magnitude de suas dimensões e habitantes vivendo nessas áreas, nasce o Habisp.

Fruto de um trabalho conjunto da Prefeitura de São Paulo com a Aliança de Cidades, o Sistema de Informações para Habitação Social na Cidade de São Paulo (Habisp) se caracteriza pela informatização de uma base de dados que possibilita o cruzamento de diversas informações (físicas, sociais e econômi-cas) de modo simultâneo através do sistema de camadas, amplamente difun-dido no universo de arquitetos pelo software Autocad, permitindo o aciona-mento/desligamento dessas camadas, facilitando o cruzamento de informações. Bebendo da fonte da teoria chamada “sociedade da informação” (termo nas-cido no Japão no início da década de 1960, como uma resposta concei-tual às grandes mudanças tecnológicas, econômicas e sociais vividas naquele país após a Segunda Guerra Mundial), o Habisp pode ter suas informações alteradas apenas por profissionais ligados à Secretaria Municipal, mas permite que todos esses dados sejam acessados e controlados por qualquer cidadão atra-vés do portal: habisp.inf.br.

A democratização de acesso é a principal característica dessa nova ferramen-ta, permitindo a todos experimentar e desfrutar de análises multidisciplina-res confiáveis para a captação de dados importantes para Projetos ligados a territórios conectados à Habitação Popular.

Especificamente no caso de Heliópolis, o Plano Urbanístico de Heliópolis (PUH) foi desenvolvido pela SEHAB em 2010, com participação ativa de re-presentantes da comunidade através de 4 fóruns nos quais as Propostas eram apresentadas para líderes de Heliópolis e adaptadas de acordo com as opiniões destes moradores. Estiveram envolvidos a Secretaria Municipal de Desenvolvi-mento Urbano (SMDU) e do Verde e Meio Ambiente (SVMA) com o intuito de realizar intervenções casadas ao PMH (Plano Municipal de Habitação), e

Reuniões Períodicas entre representantes de Heliópolis e Equipe de desenvolvimento do PDH ocorriam com frequencia, revelando o processo bottom-up do Plano. Fonte: PDF_PDH_Heliopolis. Acessado atrravés do site Habisp.

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em uma futura integração das duas regiões da cidade: Bairro do Ipiranga e He-liópolis.

O PUH define 6 temas como principais problemáticas atuais: Falta de áreas de Lazer, Vielas e Moradias insalubres, Pontos viciados de despejo de entulho, Pon-tos viciados de despejo de lixo, Poluição do córrego e Calçadas estreitas. Sendo assim, 4 eixos de atuação principais são definidos:

1-Habitação: Os diagnósticos da área identificaram cerca de cinco mil moradias insalubres ou em área de risco, que deverão ser removidas com o deslocamentos das famílias para as proximidades do bairro em novas unidades construídas nas áreas de remoção. A remoção das casas, que frequentemente se dá no miolo das quadras (pois as casas do perímetro são, geralmente, de melhor qualidade cons-trutiva e de dimensões maiores), abrirá a possibilidade para a implementação de equipamentos públicos, áreas de lazer e proporcionará novas conexões.

2- Mobilidade: Criar e potencializar o sistema de deslocamento dedicado à pe-destres e ciclistas, promovendo a separação do uso dos automóveis. Novas linhas de ônibus também serão criadas conectando de maneira mais intensa o território aos importantes núcleos de transporte público (Terminal Sacomã, Expresso Ti-radentes e novas estações de Metrô) situados próximo aos limites de Heliópolis.

3-Meio ambiente: Criação de espaços verdes nos espaços resultantes da emoção de moradias insalubres ou em risco. A ampliação da área permeável e a arbori-zação reduziriam os efeitos de ilha de calor e aumentando a absorção de águas pluviais, estimulando e criando simultaneamente espações de convivência. Além disso a proposição de uma “praça linear” denominada Praça Kernell em um talu-de de divisa entre Heliópolis e a ETE da Sabesp permite a criação de um espaço público de convivência de grandes dimensões almejado pela população local.

4-Bairro Compacto: Principal carência, ao meu ver, nos territórios informais, a criação de equipamentos nos setores de Cultura, Lazer, Esportes, Comércio e Serviço e espaços de uso noturno afastado das residências aliado aos projetos de habitação diversificados e incorporados às diferentes realidades topográficas e urbanas torna Heliópolis um território diversificado e convidativo.

O PUH representa um salto de qualidade altamente benigno à Heliópolis e à São Paulo, no momento em que busca integrar soluções, considerando a favela como um todo e não como uma colagem de intervenções isoladas, conforme vinha sendo executado até então. O PUH não trata somente de habitação de interesse social, mas sim de integração entre diferentes disciplinas: saneamento, infraestrutura, paisagismo, lazer, cultura, educação, ouvindo a opinião dos mora-dores e confrontando-as com as opiniões técnicas.

O site do Habisp também representa um divisor de águas.

A facilidade de encontrar e descarregar o PUH e outros documentos em for-mato .pdf no site é um diferencial ímpar, no momento em que democratiza o acesso à informação e tem linguagem clara e representação gráfica interessante:

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http://www.habisp.inf.br/theke/documentos/referenciashome/05_heliopolis-planos_urba-nisticos-pt-en.pdf

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Apesar de detalhado, multifacetado e multidisciplinar o PUH apresenta uma lacuna urbana que será o enfoque principal do projeto a ser detalhado: O PUH demonstra um caráter introspectivo, tratando Heliópolis apenas dentro de seus limites.

Desta maneira a intenção de “futura integração das duas regiões da cidade: Bairro do Ipiranga e Heliópolis” se perde.

Heliópolis é analisada como uma ilha isolado dentro do tecido urbano formal de São Paulo.

A importante capacidade (e necessidade) de conectar territórios informais aos territórios formais é desperdiçada, mantendo rígida e separatista nossa percep-ção de espaços e classes sociais dentro da cidade.

A partir desta reflexão, sem descartar nenhuma das intervenções presentes no PUH, o projeto propõe um novo sistema urbano que tem como principal in-tenção aumentar o número de eixos de atuação e estratégias com o objetivo de subtrair a noção de limite rígido entre territórios, conectando desta maneira He-liópolis à cidade de São Paulo através de fluxos, programas, áreas verdes, paisa-gismo e principalmente, oportunidades de desenvolvimento social e econômico.

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38Diagrama de articulação Formal <> Informal.

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4- Sistema Urbano.O projeto desenvolvido busca criar sistemas e intervenções que incentivem a conexão entre a cidade formal e informal, através de articulações econômicas, sócias e ambientais em diversos níveis.

Para obter sucesso na criação de espacialidades que promovam essa nova “teia” de trocas, foram determinados três eixos importantes de projeto, situados em locais distintos e portanto com abordagem distinta:

Estratégia 1-Praças de Acesso. Porosidade e Convite

Estratégia 2-Eixos ativados ao longo de Heliópolis. Articulação entre Eco Par-que e tecido da Cidade Formal. Promenade.

Estratégia 3- Criação do Eco Parque Heliópolis no talude de limite com a Sa-besp.

Intimamente relacionados, o Eco Parque Heliópolis se apresenta como um es-paço público de escala regional, reunindo diversos equipamentos carentes tanto à população de Heliópolis quanto da população do bairro do Ipiranga e São Caetano. Dessa maneira se articula como espacialidade âncora, convidando a população, antes pouco articulada, a se encontrar em um espaço público de por-te adequado. Além disso, conecta, com calçadões e ciclovia longitudinais, a Av. Almirante Delamare (um intenso e movimentado eixo de mobilidade entre São Caetano e São Paulo) com uma parcela, de uso essencialmente habitacional, inserida no distrito do Sacomã, chamada no dia-a-dia de Jardim Patente.

Definida a espacialidade que deve abrigar a responsabilidade de ponto atrativo social, torna-se necessário tornar Heliópolis um território poroso e convidativo, capaz de superar os rígidos limites atuais que definem onde começa o território informal e onde termina a cidade formal.

Para apresentar as estratégias n˚2 e 3, intitulada de Praças de Acesso e Eixos, é necessário esclarecer que a viabilidade de remoções, criação de áreas públicas, necessidades de implementação de equipamentos, melhorias de mobilidade urbana e criação de parque de escala regional foram itens debatidos e aceitos no “Plano Urbanístico Heliópolis – Cenário urbano para 2024” produzido pela SEHAB no ano de 2010. Disponível para download em: http://www.habisp.inf.br/theke/documentos/referenciashome/05_heliopolis-planos_urbanisticos-pt-en.pdf (acessado em 10/11/2014).

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É importante ressaltar novamente que o projeto desenvolvido está totalmente inserido e alinhado com as propostas da SEHAB, sendo o Eco Parque Heliópo-lis encarado como um aprofundamento projetual da praça Kernel, citada apenas como um Plano de Massa em escala urbanística, e a proposta 3-Eixos uma nova estratégia implantada sobre os vazios criados no cerne de Heliópolis. Vazios es-tes produzidos através de remoções e provisão de habitações em blocos também porosos e de uso misto em seu pavimento térreo, situados na gleba da Petrobrás, no outro lado da Av. Almirante Delamare.

A intenção de se criar eixos marcantes no interior da favela é possibilitar uma conexão facilitada entre habitantes da cidade formal e o parque de borda situado no lado oposto de Heliópolis. Se estes eixos tornarem-se seguros, animados e facilitadores de mobilidade transversal, representarão o mais importante gesto de conexão entre cidade formal / informal.

Estratégia 1- Praças de Acesso.

Planta de uma Praça de Acesso.

Perspectiva praça de acesso.

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As remoções previstas pelo “Plano Urbanístico Heliópolis – Cenário urbano para 2024” foram o ponto de partida para a estruturação destes novos eixos. Foi percebido que estas remoções não previam a criação de conexões entre o bairro do Ipiranga com a favela de Heliópolis.

Talvez não o fizessem porque, antes da implantação do Parque Ecológico He-liópolis, não havia nada que pudesse atrair interesses exteriores ao da própria favela. Desta maneira, o processo para criação dos Eixos partiu primeiramente da análise de como as vias da cidade formal (única espacialidade que direciona os fluxos urbanos na região) chegavam até Heliópolis.

A conclusão dessa análise foi surpreendente.

Os eixos principais da cidade formal, ao tocar o território de Heliópolis, encon-tram-se diretamente com as construções informais. Nenhuma rua de acesso de Heliópolis dialoga com as vias provenientes do Ipiranga.

Ao contrário do que seria interessante para estimular a integração entre territó-rios, as construções de Heliópolis chegam maciças no chão, criando uma espécie de barreira ao longo de toda a Estrada das Lágrimas, principal eixo de circulação para a comunidade e limite interessante entre cidade formal e informal. O vazio, que permite e estimula trocas, não existe ao longo de toda o limite entre Helió-polis e o bairro do Ipiranga.

Dessa maneira, a estratégia parte da borda Oeste de Heliópolis, redesenhando as remoções de modo a criar praças orientadas como a extensão das vias formais. As-sim, a população é convidada, através de perspectivas interessantes e equipamen-tos implantados nessas praças de acesso, a “desbravar” a maior favela de São Paulo. As remoções pontuais e a permeabilidade urbana alcançada buscam borrar os limites rígidos atuais de onde termina a cidade formal e começa o território de Heliópolis.

Diagrama 1: Identificação de eixos formais.

Diagrama 2: Identificação de eixos informais.

Diagrama 3: Conexão urbana desejada.

Diagrama 4: Praças de Acesso.

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Estratégia 2-CerneProjetados a partir das praças de acesso, os eixos buscam levar o pedestre até o parque pelo caminho mais curto.

O projeto sugere a criação de uma rede de espaços públicos abertos, com uma distância máxima de 200 metros entre si (uma caminhada de dez minutos), possibilitando que crianças de várias idades, adultos e avós tenham acesso aos espaços abertos de seu bairro e seu sub-bairro. O ponto focal dos projetos gira em torno do trabalho de tipologia das áreas de lazer de Aldo van Eyck na Ams-terdam pós- guerra. Van Eyck utiliza da área de lazer como um nodo, que repre-senta cada ponto de interconexão da comunidade, reconhecendo o seu valor, em especial em momentos de estresse.

A utilização destes espaços propostos é crucial para seu sucesso. A estratégia de facilitar interações entre gerações por meio de programas multifacetados, rela-tivos ao espaço, permite o uso diário mais abrangente, gerando investimentos sociais e cuidados para estes espaços.

No final, 15 a 20 espaços devem surgir.

Não somos capazes de prever, nem devemos, a sua eventual utilização; é papel da comunidade o desenvolvimento de programas específicos; e exclusivos para estes espaços. A medida que a comunidade for crescendo e mudando, estes es-paços vão mudar também, devendo ser preservados como espaços abertos de uso público.

Dessa maneira, o percurso envolve passagens por praças dotadas de equipamen-tos criadas através de remoções no cerne de quadras (antes totalmente adensadas de modo insalubre e de mobilidade truncada, resultado da organização através de becos sem saída). Os equipamentos colocados ao longo dos Eixos, funcionam como pontos de ativação, como os folies do Parque La Villette, tendo seus usos especificados de duas maneiras:

1- Programas complementares ou integrantes dos equipamentos situados no EcoParque Heliópolis (EPH) como salas de aula, ateliers, salas de ensaio e pequenos auditórios. Dessa maneira, os usos e fluxos do parque penetram às áreas públicas criadas em Heliópolis pelo Plano Urbanísti-co, fazendo com que as fronteiras entre o EPH e o território de Helió-polis se dissolvam.

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2- Programas complementares ou integrantes dos equipamentos situados no bairro do Ipiranga / Sacomã / Jardim Patente, identificados através do site Mootiro.org, que permite que usuários classifiquem e indiquem aspectos positivos e negativos da Instituição onde estuda. Foi possível então tomar conhecimento da demanda da população formal por equipamentos como: Biblioteca pelos alunos da Escola Estadual Manuela Lacerda (Ipiran-ga), Laboratório de Ciência pelos alunos da Escola Estadual Astrogil-do Silva ( Jardim Patente), Sala de Computação, Parque Infantil, etc. Os Eixos e os vazios passam a fazer parte do dia-a-dia da população de fora de Heliópolis, extinguindo os limites entre formal e informal ao oferecer um novo leque de serviços os quais o bairro deseja.

Diagrama 4: Praças de Acesso

Diagrama 6: Conexão Ajustada.

Diagrama 5: Novas remoções.

Diagrama 7: Sistema de espaços Públicos.

Diagrama 8: Ativação, gestão e auto-vigilância através de programas

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Todo o método de remoções está baseado na tese de Daniela Getlinger, tor-nando as remoções um sistema controlado pelos cidadão de cada quarteirão especificamente. A estratégia, que respeita a opinião dos envolvidos, numerosa vezes é menos agressiva estimulando a sensação de pertencimento ao território.Além disso, a teoria de Daniela Getlinger defende a verticalização com siste-mas pré-fabricados industrializados (talvez desenvolvido no próprio canteiro do Eco Parque Heliópolis, consequencia do diálogo entre o Eco-ponto produtivo e o Centro Educacional Flexível, objeto de maior aprofundamento desta narrativa) gerando um adensamento salubre e interessante à área.

Diagrama 8: Circulação desejada no cerne.

Diagrama 11: Frontalidade e geração de renda.

Perspectiva Cerne

Diagrama 9: Remoções minimas.

Diagrama 12: Circulações Externas

Diagrama 10: Remoções através do diálogo.

Diagrama 13: Adensamento planejado.

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4.3 Eco Parque Heliópolis.

Foto do local atualmente

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47Foto do local atualmente

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Diagrama / Texto: Setores, Programas, Subprogramas. Capacidade de transformar problemáticas em potencialidade através de inter-relações.

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4.3 Eco Parque Heliópolis.Uma franja, in-significante e residual, de aproximadamente 8 hectares, delimita o território de Heliópolis de maneira clara atualmente.

O esvaziado território torna-se a espacialidade que anseia tornar-se o espaço público de diálogo entre cidade formal e informal.

Terrain Vague.

“Imensas áreas abandonadas coexistem com áreas de ocupação intensa e desordenada: desaparição da arquitetura.” (PEIXO-TO, 1998, p.351).

Ilhas no interior da cidade, esvaziadas de propósito e atividade, lugares que permanecem fora da dinâmica urbana, desprovidas de incorporação eficaz, em-bora parte integrante da cidade.

Terrain – extensão de solo de limites precisos, urbano, edificável, e extensões maiores, quando tem também o sentido de área po-tencialmente aproveitável;

Vague – possui o sentido de vazio, não ocupado e, também o de impreciso, indefinido, sem limites determinados

Vazio, portanto, como ausência, mas também como promessa, como expectati-va, como espaço do possível.

“O terreno vago é o paradigma da metrópole contemporânea” (PEIXOTO, 1998, p. 351).

Áreas des-habitadas, in-seguras, im-produtivas.

A essência da arquitetura é “transformar o vazio em edificado”. A arquitetura e o desenho urbano, ao confrontar-se com o terrain vague, intenciona, quase sempre, a reintegração à trama produtiva dos espaços urbanos da cidade efi-ciente, como se o destino da arquitetura fosse colonizar, impor funções.

A atitude, frente ao espaço vazio, é portanto o estabelecimento de limites, a imposição de forma, de ordem e de programa, introduzindo no espaço estra-nho, elementos de identidade necessários para torna-lo reconhecível.

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Implantação Eco Parque Heliópolis.

Minghu Wetland Park <> Paleta Vegetal do Escritório Latitud Medellin <> Minghu Wetland Park

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Aproximação ao território.Um parque contemporâneo. Híbrido, multifacetado e singular à sua localidade.

Mas antes de tudo um parque. Um vazio capaz de convidar e colocar em con-tato realidades contrastantes. O espaço de encontro para os habitantes das ci-dades formais e informais.

Tem em sua composição a vocação de tornar-se infraestrutura, tão carente às favelas.

Sua descrição abstrata é a de um lugar de encontro de dimensão urbana, que tem incorporada uma ética similar à defendida por Kristina Hill:

“(..)todo lugar deve ter seus próprios rins”.

Uma espacialidade que busca identificar as principais problemáticas individuais de Heliópolis e transformá-las em potencialidades sendo o próprio parque o suporte e o filtro para essa mudança.

Além de resolver os problemas na raiz, o seu conteúdo prevê benefícios auxilia-res que emergem a partir do processo de controle e administração de todos os fluxos inerentes à este território.

Desta maneira o Eco Parque Heliópolis pode servir como catalisador para es-timular outros setores da economia local e, simultaneamente, servir como uma espacialidade referência, onde os paulistas e outros turistas possam passear nos finais de semana para aproveitar uma refeição, comprar flores, conversar com um desconhecido e até aprender algo novo.

Ao invés de um quintal bagunçado, O EPH é a nova cara de Heliópolis, um dos poucos bairros na área metropolitana de São Paulo: que possui uma relação íntima com a educação, o ócio, a água e outras formas da natureza.

Um território que reconhece essas importâncias e portanto apoia sua proteção e desenvolvimento.

Diagrama / Texto: Setores, Programas, Subprogramas. Capacidade de transformar problemáticas em potencialidade através de inter-relações.

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4.3.1 Paisagem.

Vista aérea Central Park - Nova York

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4.3.1 Paisagem.O maior e mais importante parque da cidade de São Paulo é um dos principais destinos dos moradores de Heliópolis e Ipiranga à procura de lazer. As pessoas nessas favelas têm de atravessar 10 km até o Parque Ibirapuera, em São Paulo, demorando aproximadamente 1h para chegar de Metro até a Estação Briga-deiro e depois descer a pé a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, caminho mais curto para desfrutar das áreas verdes para recreação do parque. Ironicamente, há o potencial não só para um espaço aberto justo ao lado de Heliópolis, mas para um Parque com alta expressividade local.

BENEFÍCIOS DA VEGETAÇÃO E DOS PARQUES NA CIDADE.

Significantes copas de arvores atendem a um número de funções vitais em uma cidade: controlar a temperatura através da sombra e evapotranspiração; absor-ver poluição do ar e sequestrar o carbono; reduzir o escoamento superficial e contribuir para a beleza paisagística e para o relacionamento que as pessoas possuem com ela. Tanto as cidades formais quanto os assentamentos informais urbanos podem se beneficiar dos efeitos da arborização urbana.

Ambientalmente, aperfeiçoar a favela com as melhorias infraestruturaIs pro-postas é muito mais simples que as abordagens tradicionais de engenharia. Mais importante, a comunidade de Heliópolis pode ser reconhecida como uma presença positiva na margem cénica da estação de tratamento da Sabesp e como importante colaboradora e protetora para a saúde da cidade de São Pau-lo.

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55Vista aérea High Line Park - Nova York ; Apropriação de linhas de trem desocupadas

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4.3.2 Mobilidade

Collage ; Eugenia Loli

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Articular os territórios através do parque, incentivando a mobilidade alternati-va através de calçadões voltados para o fluxo dos pedestres e as bicicletas.

Assim como foi falado anteriormente: “A arquitetura e o desenho urbano, ao confrontar-se com o terrain vague, intenciona, quase sempre, a reintegração à trama produtiva dos espaços urbanos da cidade eficiente, como se o destino da arquitetura fosse colonizar, impor funções.”. Ao conectar a frontalidade Leste de Heliópolis com os edificios “redondinhos” de Ruy Ohtake (e uma futura es-tação de metrô) e a Av. Almirante Delamare, próximo ao ponto mais utilizado para dispersão através de ônibus, o EPH adquire uma posição de centralidade, superando o caráter de borda desocupada e adquirindo o papel de centralidade articuladora para a região.

Forma e Função.

Tratando-se de um território com declive íngreme em direção ao reservatório, foram criados 3 calçadões seguindo uma única curva de nível, a fim de criar um ambiente para caminhada. Os calçadões estão na cota 22.00m (Heliópolis), 7.00m (Cota de articulação entre parte mais ingrime e menos ingrime do par-que) e 0.00m (Estação de Tratamento e nova linha de onibus proposta) tendo 10m, 7m e 25m respectivamente.

A premissa de desenho destes calçadões parte da premissa de que deve haver sempre um lugar para se sentar, árvores ou estruturas para dar sombra, um ele-mento adaptável para recreação e iluminação noturna.

Os calçadões da cota 22.00 funcionam como uma ampliação do espaço social das pequenas lojas que serão criadas ao longo de sua extensão de 800m, ao mesmo tempo que funcionam como um valo de drenagem linear que irá cole-tar as águas pluviais direcionadas através das ruas de aproximadamente 50% da superficie da favela coletatando as aguas, diminuindo sua velocidade e estimu-lando sua infiltração nos sistemas paisagisticos de filtragem de sedimentos.

A fusão do espaço público urbano com o desempenho ecológico através da rua verde e do sistema de terraços paisagisticos de drenagem irá acrescentar uma camada de riqueza às comunidades de Heliópolis, Ipiranga e até São Caetano do Sul . Socialmente, a estrutura criada através desse sistema pode ser modifi-cada e adaptada com facilidade para satisfazer as necessidades da comunidade.

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4.3.3 Vegetação e Agricultura

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Um paisagismo alinhado com a produtividade. A relação entre a agricultura e a paisagem é um dos principais temas de Enric Batlle em “El jardin de la Me-tropoli”. Neste livro a idéia de apropriação e mutualidade entre terra e homem provém da dominação sobre o território e a instantanea relação afetiva criada. O conflito entre a paisagem natural, pitoresca e hortícula e a paisagem criada, controlada e produtiva começa a aparecer em diversos signos intrínsicos ao campo e à agricultura. Jacques Simon a partir de 1960 ilustra essa relação de território tocado, alterado com ironia através de intervenções artisticas, land--art.

Buscando que “o belo seja poderoso” (BATLLE, 2011), grande parte da paleta vegetal a ser escolhida deverá ser, em sua maioria, consumível ou produtiva. Paisagismo e padrões criados através da plantação de frutíferas, hortalíças, le-gumes e outras espécies como as palmeiras (e sua produção de coco) além de vegetação com aromas e passaros atraídos devem dominar os espaços de ócio do parque, protegendo e tornando belo esses espaços de encontro.

Devido à topografia íngrime, a terra torna-se uma nova superfície sobre a qual a atual linguagem cultural da agricultura urbana em platôs é cultivada. A agri-cultura cultiva a terra até que a favela seja capaz de desenvolvê-la, momento em que se pode recuar em uma dança de coreografia flexível, na ponta dos pés, permitindo que a urbanidade e a auto-gestão tome conta do parque.

Tadao Ando’s garden, Awaji, Hyogo, Japan -- Copyright 2010 Jeffrey Friedl.

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60Tadao Ando’s garden, Awaji, Hyogo, Japan -- Copyright 2010 Jeffrey Friedl.

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4.3.4 ÁguaAntes de explicar o papel do manejo daas águas no projeto será apresentada de maneira suscinta a importância das águas no sistema urbano de São Paulo através da interconexão de 6 informações:

1_ O Brasil possui a maior disponibilidade hídrica do planeta, ou seja, 13,8 do deflúvio mundial. Fonte INMET.

2_ São Paulo, conhecida como a “Terra da Garoa” têm registrado em 2009, precipitação da ordem de 1.486mm Fonte: INMET

3_ O preço médio da água encanada no mundo é de US$ 1,80 por m³.

4_ O preço médio da água encanada no Brasil é de US$ 1,35 por m³.

5_ Assim como no livro “Green Metropolis”, o valor da água potável no Brasil é mais alto ou similar ao do combustível.

“Crude oil, at the time, was selling for less than twenty-five cents a gallon, so making an argument in opposition was futile. Even today, petroleum products are still amazingly inexpensi-ve, compared with other manufactured fluids. The next time you fill your tank, go into the convenience store at the gas station and try to find liquids on the shelves wich are priced lower than the gasoline you just pumped into your car. Not the coffee. Not the soft drinks. Not the mouthwash or the shampoo. Not the bottled water.”

OWEN, David. Green Metropolis: Why living smaller, living closer and driving less are the Keys to the sustainability.United Kingdon. Penguin UK, 2010.

6_ Parte substancial do valor agregado à distribuição de água nas cidades é re-lativo à perda que ocorre no transporte da água entre a fonte (no caso do Bra-sil, os reservatórios periféricos às cidades.) até o ponto de sua utilização. Fonte: SABESP.

Combinando essas afirmações, é possível perceber o potencial econômico ador-mecido do Brasil que pode ser revertido com uma atuação urbanística voltada para a valorização dos recursos hídricos superando a postura de abandono que vigora nas intervenções urbanas desde o séc. XIX até a atualidade. Essa nova postura pode se encaixar perfeitamente dentro da teoria presente no livro “a

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cidade do pensamento único” respondendo na forma de 3ᵃ geração urbanística preocupada em tornar a cidade competitiva econômicamente atuando como uma máquina de produzir riqueza. (ARANTES, Otília Beatriz Fiori; VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A CIDADE DO PENSAMENTO ÚNICO. Desmanchando Consensos. Coleção Zero À Esquerda, Vozes, Petrópolis; 1ª Edição, 2000.)

Conversa e complementa também a teoria “vazios de água” do escritório mmbb, na qual foi percebido o potencial urbanístico das rede infra-estruturais, buscando conectar o que já está estabelecido e funciona, redefinindo o poder da infra-estrutura. (MILTON liebentritt de almeida braga, 2006)

Finalizando, a teoria e o projeto seguinte abrem os olhos à situação atual indi-cando uma solução para a falta de espaços públicos na atual São Paulo globali-zada. a percepção do conexão possível entre o sistema hídrico com áreas verdes e públicas deve ser levado adiante, resultando em possibilidades infinitas de uso da água e do tecido urbano. (arquitexto 106.01: os córregos ocultos e a rede de espa-ços públicos urbanos ; BARTALINI, Vladimir )

Prancha desenvolvida para Projeto 8 - 2012.

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ÁGUA E PAISAGISMOConforme descrito anteriormente, o terreno de topografia acidentada aco-moda biofiltros que utilizam as rampas para o transporte dos resíduos de um filtro para outro, pela gravidade. Os biofiltros são alternados com campos de agricultura para a comunidade, a fim de se tornar uma parte do arranjo urba-no das infraestruturas existentes. As estações de tratamento (Biofiltros) tem a aparência de um jardim e não de uma estação convencional de tratamento de efluentes, oferecendo à favela senso de identidade local e beleza enquanto fil-tram e limpam a água, aumentando seu valor economico.

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65Yuanyang Rice Terraces in Yunnan, China

Minghu Wetland Park

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66Catch the Wormhole of 3-45 PM_Eugenia Loli Collage

ETE SabespEmbora os sistemas de tratamento de esgoto sejam hoje a espinha dorsal da infraestrutura urbana, eles tem sido projetados para serem cada vez mais afas-tados, invisíveis, e excluídos da vida diária dos habitantes da cidade. É possível que estas instalações possam desempenhar um papel mais importante, uma função pública na comunidade?

A relação atual é turbulenta. O território do EPH, atualmente inespressivo, é a caricatura da relação deságradavel entre os habitantes e as infraestruturas. Os grandes tanques de depuração, redondos ou retangulares, da ETE Sabesp (limite do parque) criam um filtro interessante da água e sua potencialidade através de sua geometria marcante e principalmente pelo seu ruído marcante. A percepção do espaço se tornava um híbrido interessante entre as visuais sem obstáculos e a presença marcante da água, tanto sonora quanto visualmente, convidando a perceber todo o espaço e o seu eco de maneira inundada.

Praia.

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O projeto reconhece a importância da infraestrutura para acomodar a agua proveniente da chuva de Heliópolis. Não apenas é necessário tratar adequada-mente o escoamento superficial por motivos ambientais, mais importante ainda é desmistificar a crença de que as favelas são a fonte de poluição. Além disso, o projeto alia a necessidade pública de equipamentos comunitários e recreação a essa infraestrutura de drenagem. Ambas as funções existem em uma relação simbiótica, uma reforçando a importância da outra.

O destino final da água que passa pelos Biofiltros são dois grandes tanques que funcionam como piscinas públicas.

A cultura de praia é muito importante no Brasil, a praia servindo como um espaço democrático de reunião. No entanto, São Paulo tem muito pouco acesso a ela. Dentro de Heliópolis, atualmente, o único lugar seguro oferecido para se nadar são as piscinas do CEU próximo aos redondinhos de Ruy Ohtake.

Ironizando a relação atual de afastamento às infraestruturas, os 2 tanques tem a mesma geometria marcante dos tanques de depuração, porém oferecem à po-pulação a possibilidade de tornar-se capaz de manter a agua limpa e saudável. Isto beneficiara a comunidade local como um todo, criando um contexto de orgulho de sua capacidade de manter a água limpa, além de proporcionar o tão desejado conforto de uma praia.

A La Plage, A La Piscine by Gray Malin

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4.3.5 Ecoponto.Como o que ocorria com a gestão das águas, o projeto é uma tentativa de ma-nejar os resíduos produzidos nas favelas e reintegrá-los ao tecido social, econô-mico e paisagístico da cidade.

Os escombros e os resíduos orgânicos gerados em Heliópolis diariamente devido à sua auto-construção de baixa tecnologia se tornam um gerador para a linguagem paisagística a ser estabelecida

Uma fabrica de reciclagem de entulho poderia captar e converter o material orgânico e entulho de construção recolhidos tanto de Heliópolis como de toda a região (o ecoponto mais próximo se encontra a 5km, na Avenida do Estado.) transformando-os em agregados moídos. Usa-los em artefatos de cimento e compostagem que suportariam o crescimento do parque e seu paisagismo é uma opção. O mais interessante porém é que estes agregados podem compor uma infinidade de peças pré-fabricadas caso exista o diálogo entre a fabrica de reciclagem e um motor de inovação cientifica, neste caso o centro educativo situado no centro do parque.

Assim os escombros que atualmente são uma das principais problemática se torna matéria prima para o desenvolvimento de inovação cientifica, principal motor de desenvolvimento de um território atualmente no mundo globalizado.

Através da educação, os escombros processados podem ser utilizados em siste-mas construtivos racionalizados e eficientes, podendo compor a construção das novas moradias no cerne de Heliópolis ou ser exportado como produto para qualquer consumidor. Através do entulho gerado devido à baixa tecnologia de construção se constrói um futuro para Heliópolis.

foto própria.Ponto viciado de despejo no talude.

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Going Green: Why Construc-tion Sites Should Recycle by InfographixMIX

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4.3.6. Equipamentos.Equipamentos, escalas e apropriação.

Os equipamentos são os cheios, a construção e a arquitetura na forma mais usual de sua intervenção.

Foram escolhidos por atrair e suprir não só a demanda local de Heliópolis, sen-do responáveis por atrair fluxos e dinâmicas da cidade formal, contribuindo de maneira efetiva para a articulação entre os territórios atualmente conflitantes.

Se organizam espacialmente deixando visuais e caminhos livres entre pontos articulados, como por exemplo pontos de acesso principais e programas impor-tantes, como o caso da praia urbana.

Mas sua maior contribuição é a de colonizar o espaço. A relação entre cheios e vazios na arquitetura pode definir de que maneira os espaços serão utilizados e até se serão utilizados. Sombra, barreiras, espaços abertos e descobertos, barrei-ras, obstaculos e passagem influenciam de maneira intensa o modo com que os usuários interagem com a arquitetura.

No caso do EPH a criação de escalas intermediárias era necessária. O choque de escala vivido no momento em que o usuário deixava o tecido adensado, rizomático e complexo de Heliópolis e se deparava com o ambiente desprote-gido e desocupado do talude, com suas visuais que alcançam kilómetros. Desta maneira a ocupação foi organizada da seguinte maneira para todos os progra-mas:

1-Os programas menores são agrupados de maneira porosa na primeira ala do parque (entre a cota 22.00m de Heliópolis e 7.00m da circulação horizontal do parque) criando uma relação entre cheios e vazios mais próxima da escala hu-mana além de criar diversos terraços na cobertura dos programas.

2- Os programas maiores se instalam no segunda ala do parque (entre a cota 7.00m e 0.00m) com volumetrias mais puras, sistemas construtivos mais leves e relações entre cheios e vazios de maiores dimensões, preparando o espectador para o grande vazio e visuais gerados pela ETE.

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4.3.6.1 Sala para orquestra sinfonica.

Atualmente um dos maiores grupos de música erudita de São Paulo está en-saiando e estudando no Instituto Bacarelli, na extremidade Sul de Heliópolis.

O Instituto busca, através da música, fornecer novas ferramentas e possibilida-des aos alunos viverem de maneira mais digna e humana.

Porém existe uma ironia nesta situaçao admirável: Não existe nenhuma es-pacialidade que permita os alunos e convidados a se apresentarem próximos a Heliópolis. Curiosamente, a Orquestra se apresenta normalmente em salas como: O grande auditório do MASP, a Sala São Paulo, Festival de Londres e na Philarmonica de Berlin, todas de prestígio mundial.

O programa, normalmente associado a um cenário erudito, diáloga de maneira aberta com a cidade, fazendo com que o jovem de Heliópolis atinja o merecido prestígio e tenha responsabilidade para ser, finalmente, ouvido.

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4.3.6.2 Cinema.Equipamento básico para criação de uma dinâmica noturna interessante e fre-quente, criando vigilância

Arte admirada e respeitada por grande parte da população. Por mim também.

Atualmente figura no cenário mundial e é um dos maiores veículos de expor-tação da cultura e realidades do Brasil. Filmes como “Cidade de Deus” e tantos outros retratam uma das milhares de facetas do povo brasileiro.

Com uma gestão organizada podem promover diversos encontros e debates, normamente benéficos à uma conscientização popular, além de espaço para eventos e qualquer tipo de apresentação publica que demande exposição, tor-nando-se um négócio altamente rentável.

Tinha que ter.

stargaze by chokelouder

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4.3.6.3 Museu.A memória de Heliópolis é jovem.

Seus registros de ocupação datam de 1970. Nesses 44 anos, tornaram-se o maior território informal de São Paulo e o 10° do Brasil atualmente.

Porém seus 100.000 habitantes e seus ancestrais se enraizaram no território, trazendo cada um uma parte de sua terra natal, construindo juntos, como uma colcha de retalhos, um território collage.

Porém, a construção de Heliópolis é ininterrupta.

O museu portanto é um local de encontro, admiração e reflexão. Uma reflexão para o amanhã.

Um museu do futuro.

Autoria Desconhecida,Relatos de existências; memórias.

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4.3.6.4-Centro educativo Flexível.Apropriando-se da teoria de desenvolvimento econômico contemporâneo defendida por Richard Florida (2009), o principal motor da atualidade está baseado na capacidade de cada território em desenvolver inovação científica. Para este e outros autores, a inovação diverge do conceito de invenção porque é resultado da combinação de dois fatores aparentemente desconexos, que quan-do combinados, geram um produto não existente anteriormente.

Dentre programas diversos, como cinema, auditório, escola de música, trata-mento de águas integrado ao paisagismo, produção e reciclagem de entulho, todos presentes no Parque, o objeto a ser detalhado é um Centro Educativo Flexível (CEF). Sua escolha como sujeito de detalhamento está baseada na crença de que a troca de conhecimentos sob uma espacialidade ímpar é prova-velmente o mais importante motor para a uma maior igualdade ente distintos estratos sociais.

[...] no es necesario imponentes edifícios para dar buena educa-ción a los niños, sobre todo en zonas de clima suave. Se sabe que en el pasado, filósofos y santos acostumbraban sentarse con sus discípulos a la sombra de un mango, consiguiendo transmitirles su sabiduría sin necesidad de edificaciones de concreto arma-do. Mas eran grandes hombres y grandes espíritus que sabían aprovechar el universo entero como material didáctico junto alos simples recursos de su inteligência y su fantasia

(Neutra, 1948: 41 y 42).

O CEF, inserido propositalmente no centro do Parque, provoca o território já aquecido pelas diversas intervenções.

É o facilitador de mudanças, o elemento amigo, mas ainda estranho, que con-vida a todos a desfrutá-lo. Uma atitude de convite à cidade feito por Heliópolis através de um equipamento não-exclusivo dos habitantes da favela.

Declarada sua significação, chega o momento da arquitetura expor os conceitos com clareza.

Implantada em um terreno de topografia difícil, o projeto vence os 22m de desnível (0.00m ETE Sabesp ; 7.00m Cota de circulação longitudinal do Parque ; 22.00m Limite de Heliópolis.) assumindo 3 diferentes cotas e ajustando o programa:

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-Entre a cota 0.00m e a 7.00m se localizam os programas entendidos como programas de resistência: o grêmio de alunos, uma área dedicada à suportar espacialmente todo o tipo de feiras, expositivas ou não, um acesso pelo palco da arquibancada pública e no outro bloco uma cozinha experimental aberta a po-pulação dedicada à aulas e eventos, e quando desprovida dessas atividades, local de encontro e produção gastronômica dos alunos da universidade.

“É esse compromisso que pode colocar o improvável dentro do provável.

Penso uma Universidade aberta às novas formas organizacio-nais e constituintes da sociedade:

ONG’s, sindicatos, movimentos, associações, centros comunitá-rios..., fazendo dessas forças a nossa resistência efetiva. Uma contra-ofensiva inventiva a todas as tentativas de acabar com a soberania e autonomia da Universidade.

As forças da globalização, do neoliberalismo, da sociedade pro-dutivista vêm da competividade, do privado em detrimento do público, do individual em detrimento do coletivo, do egoísmo em detrimento do coleguismo.”

(FUÃO, Fernando Freitas. A Universidade incondicional. Ar-quitextos, São Paulo, ano 07, n.073.06, Vitruvius, jun. 2006)

Na cota 07.00m se articula a grande praça coberta, quase desprogramada, con-cebida como extensão da circulação longitudinal do Eco Parque. O pavimento onde os limites entre Parque, Favela e universidade se diluem e “Somente o impossível pode acontecer” (DERRIDA, Jacques. A Universidade sem condi-ção. São Paulo, Estação Liberdade, 2001.). Projetado como uma grande laje, de dimensões excessivas, comprime o expec-tador que acessa o edifício, tanto pelo palco da arquibancada pública acessado pela penumbra da cota inferior, penetrando através um pequeno rasgo entre espessas paredes de concreto, tanto pelo corredor externo sob laje pré-fabricada que sustenta a sala dos professores (aqueles que professam) liberando pouco pé-direito, criando, através do conflito espacial, a sensação de surpresa ao aces-sar a grande praça coberta dotada de pé-direito quádruplo.

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O espaço, de acesso livre e impossível de ser fechado atua de forma semelhante ao Salão Caramelo da FAU projetado pelo arquiteto João Batista Vilanova Ar-tigas. Seu dimensionamento excessivo supera as medidas funcionais, libertando significados e tornando-se capaz de abrigar o “outro”, desdobrando-se transi-toriamente e ameaçando assim a previsibilidade desse espaço. Além disso, seu superdimensionamento é um dos únicos aspectos desenvolvido quase exclusi-vamente aos moradores da favela, que não contam atualmente com um local de encontro e debate coberto com grande desenvolvimento de superfície.

Trechos baseados em: GUATELLI, Igor. Arquitetura dos entre-lugares. Sobre a importância do trabalho conceitual. São Paulo, Senac São Paulo, 2012

A Universidade deveria ser o lugar onde se dão os encontros, as conversas, as filosofias. Mas, infelizmente, o espaço da Univer-sidade permanece ainda próximo do confessionário e da sala do psicólogo, onde se diz tudo reservadamente, entre quatro pare-des.

Ela está longe de ser um lugar público, está fechada, e cada vez é menos representativa da sociedade.

Hoje o problema que se apresenta é como desconstruir suas mu-ralhas, sua “arquitetura”, desmontar suas defesas para a entrada do “outro”, ao totalmente diferente.

Uma Universidade que abre suas portas uma ou duas vezes ao ano, lamentavelmente, só pode atestar sua clausura, seu cerca-mento, sua condição de campo, de campo de concentração.

Não é cerrando-se que resistirá, mas sim deixando que essas fissuras se espalhem e comprometam os muros, e a própria estru-tura, permitindo, assim, a passagem de quem realmente deseja entrar e nunca teve a possibilidade.

Penso numa Universidade sem portas, sem janelas, aberta à cidade. “UniverCidade”.

(FUÃO, Fernando, 2006)

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O desenvolvimento vertical da universidade a partir da cota 07.00m até a cota 22.00m abriga um programa “comum” a outras universidades: Sala de Professores e Coordenação, Ateliês e salas de aula e laboratórios de diversas dimensões. Enquanto a porção localizada acima da praça abriga, em seus dois pavimentos, os dois primeiros itens citados (totalmente abertos e comunica-dos com o pé direito quadruplo da praça), as salas de aulas e laboratórios são acessadas através de passarelas transversais à circulação do parque, ocupando, de maneira fragmentada, a outra porção do terreno, respeitando-o através da decisão de não produzir cortes ou aterros.

O programa, dessa maneira, repete a maneira complexa de ocupação informal em terrenos com pendente, comum no imaginário relacionado às favelas, buscando pela poética indicar um novo caminho, onde o terreno e os vazios são respeitados e valorizados no momento da construção.

A porosidade alcançada permite que o parque se desdobre vertical-mente, permitindo que a vegetação cresça e ocupe os espaços deixados entre os diferentes módulos pré-fabricados de sala de aula e apoio. Dessa maneira o contato do aluno com a natureza é potencializado, tornando o ensino mais es-pontâneo.

“Para Froebel, el espacio exterior era un facilitador del apren-dizaje, pues posibilitaba la realización de diversas actividades en un ambiente de espontaneidad, pues permite el desarrollo de actividades variadas y espontáneas. Montessori consideraba que había que favorecer, a través de los espacios externos, el contacto del niño con la naturaleza.” Ramírez Potes, Francisco, “Arquitectura y pedagogía en el desarrollo de laarquitectura moderna”, Revista Educación y Pedagogía, Medellín, Universidad de Antioquia, Facultad de Educación, vol. 21, núm. 54, mayoagosto,2009, pp. 29-65.

A necessidade de tornar a parte exposta da universidade pré-fabricada deriva da intenção de fazer com que esta sirva como exemplo de construção fu-tura e inteligente aos visitantes do parque e da universidade, sendo eles mora-dores de territórios informais ou formais. A pré-fabricação induziu à adoção de dois sistemas estruturais independentes, um de abrigo ao programa de ensino e outro à circulação. Dessa maneira, as salas seguem a ideia do “claustro” clássico, potencializando a concentração dos alunos e a introspecção. Por outro lado as circulações e os vazios liberados à apropriação da vegetação do parque rompem com essa rigidez, pouco interessante ao convívio extraclasse, criando mirantes e varandas exteriores que alargam o corredor e convidam os alunos a ocupa-los, enquanto os lembram de seu contexto atual, as problemáticas e oportunidades

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envolvidas e, principalmente, seu papel de agente consciente.

O que acontece quando não se mostra aos estudantes a triste realidade que se espalha nas ruas e esquinas da miséria? O que acontece quando tudo o que resta é observar sempre o mesmo?

(FUÃO, Fernando, 2006)

“A gente faz faculdade para “vencer na vida”, mas hoje mais ninguém vence só

por isso.

Deveríamos pensar, agora, que a gente faz faculdade para “ser” na vida, apren-der a ser... Há sinais por todos os lados

da resistência; basta abrir os olhos.”

FUÃO, Fernando, 2006

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79Desenhos Técnicos.

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80Planta Pavimento Terreo

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82Planta Pavimento 1

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84Planta Pavimento 2 - Praça Coberta.

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86Planta Pavimento 3

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88Planta Pavimento 4

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90Implantação.

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92Sobreposição das Plantas de todos os pavimentos.

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94Isométrica SO

Isometrica SE

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Isometrica NE

Isometrica NO

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96Corte Longitudinal

Corte Transversal.

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98Perspectiva a partir da ETE

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100Perspectiva Salas de aulas e terraços

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102Perspectiva Circulação 7.00m Eco Parque Heliópolis.

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5-CONCLUSÃOOs setores informais de São Paulo apresentam aos arquitetos um vasto leque de novos desafios. A solidificação destes assen-tamentos, antes temporários, deu origem a padrões emergentes de permanência, e com eles nova implicações sociais, políticas e econômicas. Se analisarmos apenas os números, pode-se dizer que os moradores de assentamentos informais estão ganhando influencia à medida que sua eficácia coletiva e reforçada pelas iniciativas de organização comunitária e de liderança. Por isso, os órgãos governamentais que dirigem estas regiões periféricas estão atentos, em busca de novos métodos e ações que irão pro-mover um convívio mais integrado entre a cidade formal e a informal. (Werthmann; 2009)

O arranjo urbano de Heliópolis é bastante denso e desperta sentimentos. Foi testemunha de enormes mudanças em um curto espaço de tempo. Jane Jacobs argumenta: a camada da história é que da vitalidade e vida para as cidades. Esta vitalidade é visível nas diferentes partes de Heliópolis, cada uma com suas características próprias. Sob as pressões da globalização contemporânea, há uma ameaça iminente de essa individualidade ser substituída pela homogenei-dade anônima. Neste cenário, torna-se muito importante que nós, enquanto arquitetos, reajamos com destreza às necessidades, por vezes conflitantes, da realidade contemporânea e sua vitalidade consagrada. Há várias questões-chave que devem ser abordadas no Cantinho do Céu, entre elas a falta de áreas de lazer, o manejo apropriado do escoamento superficial, a falta de postos de tra-balho dentro da comunidade, bem como o problema da remoção de domicílios e relocação das famílias.

A importância do espaço público tem sido bem documentada em vários mo-mentos e em vários lugares em todo o mundo. Durante séculos, os parques tem sido utilizados como ferramentas importantes de relacionamentos sociais e como locais para aliviar- se da cidade. Os pequenos parques de bairro, quando usados para redes de relacionamento, tem a capacidade de estabelecer e melho-rar as transferências do etos social, fortalecendo os laços existentes e criando novos. Esses relacionamentos interpessoais, embora muitas vezes ignorados, são uma necessidade para as comunidades, quaisquer que sejam suas dimen-sões, em qualquer lugar. As pesquisas demonstram que os pequenos espaços públicos abertos não só fornecem os benefícios da infraestrutura, atenuando o escoamento da água da chuva e reduzindo os efeitos da ilha de calor urbana, mas estão ligados a outros benefícios para a saúde humana, reduzindo a pres-são arterial, diminuindo o medo e a raiva, e contribuindo para a educação das

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crianças. A diminuição dos índices de criminalidade vem sendo um fenômeno comum nas áreas com espaços públicos abertos bem integrados e bem sucedi-dos.

A intenção desse estudo é, portanto, uma busca pelo espaço público contempo-râneo.

Infraestruturas moldadas in loco, adaptadas ao máximo com a dinâmica única deste território.

Um sistema de espaços públicos, verdes, dedicado ao convívio e à articulação.

Um sistema que se apropria do vazio urbano e cria uma estrutura flexível, adaptável.

Que representa, com suas diversas facetas, a complexidade de Heliópolis

Que capta e trata as águas esquecidas da cidade, oferecendo-as novamente à São Paulo.

Um parque que busca retratar a carência de Heliópolis e abrir caminho para superá-la.

Superar o estigma social, ambiental e econômico atrelado ao longo da história à estes territórios.

Tornar-se o território que convida, inova e se desenvolve, fazendo parte de São Paulo e São Paulo parte de Heliópolis.

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