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FOCUS - Escola de Fotografia THAÍS BARBOSA RIBEIRO O FOTOJORNALISMO SÃO PAULO 2018 1

THAÍS BARBOSA RIBEIRO O FOTOJORNALISMO · THAÍS BARBOSA RIBEIRO O FOTOJORNALISMO Monografia apresentada ao curso de Fotografia da FOCUS - Escola de Fotografia, como exigência parcial

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FOCUS - Escola de Fotografia

THAÍS BARBOSA RIBEIRO

O FOTOJORNALISMO

SÃO PAULO 2018

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THAÍS BARBOSA RIBEIRO

O FOTOJORNALISMO

Monografia apresentada ao curso de Fotografia da FOCUS - Escola de Fotografia, como exigência parcial para a obtenção do registro MTB de fotógrafo profissional, emitido pelo Ministério do Trabalho, sob orientação do profº Dr. Enio Leite.

São Paulo 2018

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Agradeço a todos aqueles que contribuíram para a concretização deste trabalho. Agradeço a minha família (pais, irmãos e cunhados), aos meus amigos, em

especial Caroline Adriani da Silva, que me ajudaram durante este processo e fizeram parte do trabalho como modelos para as fotos.

Agradeço também aos meus colegas, ao professor Paulo pela ajuda constante e dedicação, que nos motivou e nos fez persistir, e ao professor Enio Leite.

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso discutirá sobre a história da Fotografia, com ênfase no Fotojornalismo (quando começou, o fotojornalismo brasileiro, o sensacionalismo midiático, entre outros). Entre seus objetivos encontram-se: as origens do fotojornalismo, perspectivas no mercado de trabalho para a profissão, técnicas e tendências da fotografia atualmente. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, baseada em artigos acadêmicos e livros especializados no assunto. Os resultados obtidos foram: o fotojornalismo documental contrário ao imediatismo midiático; técnicas e tendências para o fotojornalismo nos próximos anos; direito autoral e de imagem, e a regulamentação para profissão de fotógrafo. Palavras-chave: Fotojornalismo, história da fotografia, sensacionalismo midiático, fotografia documental.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ayrton Senna, por Evandro TeIxeira Pág 14

Figura 2 - Índios Panará, por Pedro Martinelli Pág 15 Figura 3 - Lula, por João Bittar Pág 16 Figura 4 - Lybia Hurra, por Maurício Lima Pág 17 Figura 5 - Para Mulheres, por German Lorca Pág 18

Figura 6 - Movimento Sem Terra, por Sebastião Salgado Pág 19

Figura 7 - Rapazes na praia de Copacabana, por Kurt Klagsbrunn Pág 20 Figura 8 - Guerra, por Don McCullin Pág 21 Figura 9 - Abutres, por Kevin Carter Pág 22 Figura 10 - O Beijo Pág 22 Figura 11 - Detrás da Estação Saint Lazare, por Henri Cartier-Bresson Pág 23

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SUMÁRIO

RESUMO

1. INTRODUÇÃO 6

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. A FOTOGRAFIA E A SUA RELAÇÃO COM OS MEIOS

DE COMUNICAÇÃO 7

2.2. FOTOJORNALISMO DIÁRIO E DOCUMENTAL 11

2.3. FOTÓGRAFOS IMPORTANTES PARA O FOTOJORNALISMO

NO BRASIL E NO MUNDO 13

2.4. O MERCADO DE TRABALHO PARA O FOTOJORNALISTA 24

2.4.1. PRINCIPAIS TÉCNICAS, EQUIPAMENTOS E TENDÊNCIAS

NO FOTOJORNALISMO 27

3. FOTO AUTORAL 28

CONCLUSÃO 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30

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1. Introdução

A fotografia, desde a sua invenção até hoje, é uma grande inovação tanto para os

meios de comunicação como para o uso do público em geral. No jornalismo, a

fotografia foi a comprovação dos fatos que eram narrados nas páginas dos jornais.

Mas como saber até que ponto a imagem retrata fielmente o ocorrido?

Em plena era digital, cada vez mais se faz necessária a busca correta pelas

informações, por sua vez, a fotografia/ fotojornalismo precisa acompanhar este

processo, mas de uma maneira positiva, clara e justa, deixando de lado

abordagens tendenciosas e estereotipadas, para que o jornalismo “de verdade”

aconteça.

Surge então a fotografia documental. Da mesma forma que o jornalismo precisa se

reestruturar e mudar a linha de discurso (o que ainda está em processo), a

fotografia que será publicada nas páginas deste jornal seguirá a mesma linha. A

proposta da fotografia documental é contar a história daquilo que está sendo

registrado, não apenas mostrar um recorte da imagem. Outro desafio para o

fotojornalismo é a “competição” dos veículos midiáticos com a rapidez da era digital

e a internet. Aumenta a necessidade (para os meios de comunicação) da rapidez

na divulgação das notícias e, consequentemente, um trabalho fotojornalístico

apurado, que amplie a cobertura de fotos e busque mostrar ao público todos os

lados do acontecimento, sem que haja nenhum tipo de manipulação da imagem.

Por fim, este trabalho de conclusão de curso mostrará o cenário que o fotojornalista

encontra ao ingressar no mercado de trabalho. Apesar de ainda não ter todos os

direitos trabalhistas garantidos, o fotógrafo precisa se manter sempre atualizado

com as tendências e, mais o importante, manter a ética com seus clientes e

concorrentes de profissão.

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2. Fundamentação Teórica

2.1 A fotografia e a sua relação com os meios de comunicação

A primeira fotografia reconhecida surgiu em 1826, na França, por Joseph

Nicéphore Niépce. Entretanto, existe um caminho muito extenso, que se iniciou no

século XIX, até que as primeiras câmeras e/ou fotografias sejam registradas da

maneira como é hoje. Houve um grande caminho a percorrer e um desafio para

que as fotos tivessem essa grande riqueza de detalhes e cores, o que só foi

possível graças a ajuda de físicos, químicos, e diversos profissionais.

A busca pela verdade dos fatos é, praticamente, a principal característica do

jornalismo. A imparcialidade, a descrição dos fatos o mais próximo possível da

realidade, por exemplo, fazem parte dos princípios do jornalismo. Introduzir a

fotografia a este mundo proporcionou ao jornalista a oportunidade de comprovar o

que é dito nas reportagens, notas e notícias publicadas nos jornais, seja no meio

digital ou impresso (um recorte da realidade). De acordo com Vânia Carvalho e

outros autores, no artigo Fotografia e História: ensaio bibliográfico, o fotojornalismo

traz “reflexões teóricas e metodológicas em torno da significação social da imagem

fotográfica” (CARVALHO, et al, 1994, p.261). Ou seja, a retratação da realidade

pela fotografia traz veracidade a história descrita ao leitor, e em muitas vezes, a

notícia só “se vende” pela carga conotativa que a foto trará.

Segundo Susan Sontag, no livro Sobre Fotografia, os registros das imagens podem

incriminar, pois é usado como ferramenta de vigilância e controle das populações

desde 1871 pela polícia parisiense, como também podem justificar. A fotografia

como justificativa é a prova incontestável de que o fato realmente aconteceu. Ela

pode, inclusive, distorcer a realidade, mas sempre existirá “o pressuposto de que

algo existe, ou existiu, e era semelhante ao que está na imagem” (SONTAG, 1977,

p. 9).

Enquanto uma pintura ou descrição em prosa jamais podem ser outra

coisa que não uma interpretação estritamente seletiva, pode-se tratar uma

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foto como uma transparência estritamente seletiva. Porém, apesar da

presunção de veracidade que confere autoridade, interesse e sedução a

todas as fotos, a obra que os fotógrafos produzem não constitui uma

exceção genérica ao comércio usualmente nebuloso entre arte e verdade.

Mesmo quando os fotógrafos estão muito mais preocupados em espelhar

a realidade, ainda são assediados por imperativos de gosto e de

consciência. (SONTAG, 1977, p. 9)

Em outras palavras, qualquer relato, opinião ou história escrita (notícias e

reportagens) utilizará de um discurso parcial. Mesmo que o objetivo de um texto

jornalístico seja a imparcialidade, já é certo que nenhum discurso “está livre” da

opinião, até mesmo discreta, de quem escreve. Com a fotografia o contrário se

observa. O que for revelado na imagem não pode ser alterado, a perspectiva muda

de acordo com a interpretação de cada pessoa, mas ela nunca sofrerá uma

mudança brusca. E ainda assim, o fotógrafo pode receber críticas devido a essa

interpretação extremamente particular.

Ao decidir que aspecto deveria ter uma imagem, ao preferir uma

exposição a outra, os fotógrafos sempre impõem padrões a seus temas.

Embora em certo sentido a câmera de fato capture a realidade, e não

apenas a interprete, as fotos são uma interpretação do mundo tanto

quanto as pinturas e os desenhos. (SONTAG, 1977, p. 10)

Para Charles Monteiro, o fotógrafo e o observador das fotografias deixam de lado a

sua bagagem para produzir sentido e para interpretar uma imagem,

respectivamente (2016, p.67).

O ingresso da fotografia nos meios de comunicação aconteceu na imprensa alemã,

no final dos anos 1920 e início da década de 30. “Trata-se de uma narrativa

baseada num novo tipo de relacionamento entre texto e imagem, que encontra nas

revistas ilustradas o veículo ideal para a sua expressão” (COSTA, 1992, p. 70 apud

MONTEIRO, 2016, p. 67).

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Entre os anos de 1950 e 60, o fotojornalismo teve a sua era de ouro,

principalmente nas revistas que circularam, na época, na Europa e América. Neste

período, cria-se “o mito do fotógrafo herói de guerra e o conceito de ‘momento

decisivo’ por Cartier Bresson em 1952” (COSTA, 1992 apud MONTEIRO, 2016, p.

67 e 68), foi neste ponto que os grandes nomes da fotografia se destacaram. Todo

o drama envolvendo as cenas de violência e a coragem dos fotógrafos para

permanecer no local e registrar os horrores da guerra.

No final dos anos 1960, junto com a Guerra do Vietnam, inicia-se a crise do

fotojornalismo, devido à concorrência com a televisão.

Após uma década, nos anos de 1970 e 80, houve uma crescente monopolização

das mídias, a industrialização e a homogeneização em nível mundial da linguagem

do fotojornalismo, onde grandes agências de informação tinham o domínio deste

conteúdo (ROUILLÉ, 2009, p. 139-159; SOUSA, 2004, MOREL, 2006, p. 17-25

apud MONTEIRO, 2016 p. 68). Então, neste ponto, é necessário estabelecer: o

que se entende como fotografia de imprensa?

Conforme as palavras de Monteiro, para definir o que seriam as imagens de

imprensa, é preciso eliminar o conteúdo publicitário (fotos de receita, moda,

decoração e propagandas em geral). Centralizando a análise em fotografias que a

imprensa produz, planifica ou compra e publica como conteúdo próprio, temos dois

grupos importantes de imagens: o fotojornalismo e a fotoilustração (BAEZA, 2001,

p. 35-36 apud MONTEIRO, 2016, p. 68).

O primeiro, fotojornalismo, é todo tipo de imagem produzida ou adquirida pela

mídia com conteúdos editoriais, que “estaria relacionada com valores de

informação, atualidade e notícia de acontecimentos de relevância social, política,

econômica e que pode ser associada às classificações habituais da imprensa em

suas diversas seções” (BAEZA, 2001, p. 36 apud MONTEIRO, 2016, p. 68). Ou

seja, é toda imagem que tem a função de informar, mostrar o que aconteceu, ou

até comprovar o texto. Dessa forma, a imagem “fotojornalística” se distingue da

publicitária, pois o seu conteúdo é informativo e não comercial.

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Já a fotoilustração, segundo Monteiro, se diferencia das demais por ser uma

imagem composta, fotografias combinadas ou “outros elementos gráficos que

cumpre a função de ilustração de um texto”. A fotoilustração seria uma imagem

vinculada que, basicamente, depende de um texto com forte vocação didática,

sempre ligada ao jornalismo de serviços (2016, p. 69).

O fotojornalismo no sentido estrito caracterizar-se-ia como uma atividade

que visa a “”informar, contextualizar, oferecer conhecimento, formar,

esclarecer, ou ‘opinar’ através da fotografia de acontecimentos e da

cobertura de assuntos de interesse jornalístico”. O fotojornalismo a

demanda de produção de um veículo de comunicação e se filia a sua linha

editorial, buscando apresentar de forma clara, nítida e objetiva um

acontecimento voltado ao consumo imediato no jornal/revista para um

público amplo. O fotojornalista trabalha com a atualidade, visando mostrar

o que está acontecendo no calor da hora e com a “linguagem do instante”.

A visão do autor sustenta o compromisso do fotógrafo com a verdade e o

real. (SOUSA, 2004, p. 12 apud MONTEIRO, 2016, p. 71-72).

É importante lembrar que, o fotojornalismo também pode trazer ambiguidade à

significação das imagens e a faculdade de persuasão: “a possibilidade de

associá-la ao mito, bem como ao símbolo, à metáfora e à alegoria” (JOLY, 2009, p.

170 apud MONTEIRO, 2016, p.73). Ou seja, com base em estereótipos e pré

conceitos moldados na opinião pública, o “significado” das imagens será diferente,

o que foi mencionado no início desta pesquisa. A interpretação totalmente pessoal,

subjetiva e tendenciosa.

No lado “profissional” o mesmo pode acontecer. A publicação de imagens e textos

num jornal passa por diversos setores antes de ser enviado ao público: “diretores

de redação, chefe de reportagem, editores de fotografia, redatores, fotógrafos,

diagramadores”, entre outros (MONTEIRO, 2016, p.73).

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Então,

A noção de ‘informação’ na imprensa é também particular. Não tem a

mesma significação para o profissional que para o pesquisador. Se para o

jornalista, para ir mais rápido, ‘as infos’ são ‘as notícias’ no sentido

tradicional do termo, um pesquisador como Gérard Leblanc pode mostrar

que uma informação era geralmente sinônimo de acontecimento, e que um

acontecimento era o que rompia com o suporto curso tranquilo da vida:

inundações, guerras, acidentes de todo o tipo, e então a noção esmo de

informação era, nesse caso, fortemente ideológica. (JOLY, 2009, p. 173

apud MONTEIRO, 2016, p.73)

2.2 Fotojornalismo Diário e Documental

Podemos considerar que existem dois pólos para o fotojornalismo: diário e o

documental.

Para Mariana Mendes Oliveira, o fotojornalismo diário é o mais comum entre

revistas, jornais e sites de notícias. Frequentemente, a mídia utiliza fotógrafos de

agências para registrar imagens em locais onde não possuem representantes

próprios. Dessa forma, existe uma maior facilidade para os meios de comunicação

obterem imagens de acontecimentos de interesse do veículo midiático, a qualquer

momento e lugar (OLIVEIRA, 2016, p. 12).

Já o fotojornalismo documental tem uma “proposta” diferente do que o

fotojornalismo diário. Sua principal função (ou intenção) é montar uma história, uma

narrativa, através das imagens, trazendo uma ideia diferente do que o público está

acostumado a acompanhar em jornais e revistas.

Se comparada à algum estilo de texto jornalístico, seria denominada como um

perfil, onde os jornalistas expõem o lado mais humano do perfilado, com

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imperfeições, defeitos, pensamentos, detalhes, e quaisquer características que

aproximem o leitor do texto. De acordo com Beatriz Vieira,

O ponto central não é mais fotografar o exato momento de tal

acontecimento, a ideia é mostrar tudo ao seu redor, mostrar o antes,

mostrar o depois, mostrar estradas, bandeiras, florestas, mostrar o cenário

por completo criando a história e tudo que a engloba, para que as pessoas

consigam ter, a partir daí, suas próprias interpretações. É nesse ponto que

a fotografia documental se difere da foto jornalística (VIEIRA, 2016, p. 10).

Então, diferente do fotojornalismo diário citado nos parágrafos acima, a fotografia

documental narra uma história. É necessário entender e interpretar o que o

fotógrafo queria transmitir ao público, seu intuito não é registrar o acontecido no

exato momento, e sim relatar tudo que está ao seu redor e, assim, contar a história

(VIEIRA, 2016, p. 10-11).

De acordo com o texto de Vieira, o conceito de fotografia documental teve origem

com o fotógrafo suiço Robert Frank, que em 1924 decidiu fotografar vários pontos

dos Estados Unidos, mas de uma maneira diferente da “convencional”.

“Seu trabalho não era registrar só o acontecimento de determinado fato, ele foi em

busca de contar a história das coisas (...) Frank e alguns outros fotógrafos da

época foram responsáveis pela quebra da fotografia documental clássica para um

novo jeito de fotografar” (VIEIRA, 2016, p. 10-11). Sendo assim, a fotografia

documental possui diversas propostas. Ela pode denunciar, evidenciar a cultura de

uma sociedade, expor divergências, experiências de vida, dentre tantas outras

coisas. Os “fotodocumentaristas surgem para registrar e retratar a existência

humana de uma forma diferente, autêntica e criativa daquilo que ele enxerga sobre

o mundo” (2016, p.11).

Seria, talvez, uma solução para a publicação equivocada de imagens que não

condizem com a realidade, problema enfrentado pelo avanço da tecnologia, mas

que, por ora, não será abordado neste capítulo da pesquisa.

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2.3 Fotógrafos importantes para o Fotojornalismo no Brasil e no mundo

Neste capítulo da pesquisa serão abordados alguns dos principais fotógrafos para

o fotojornalismo. São eles: Evandro Teixeira, Pedro Martinelli, João Bittar, Maurício

Lima, German Lorca, Sebastião Salgado, Robert Doisneau, Henri Cartier-Bresson,

Kevin Carter, Kurt Klagsbrunn e Don McCullin, nacionais e internacionais,

respectivamente.

O primeiro, Evandro Teixeira, iniciou sua carreira no fotojornalismo em 1958, no

jornal carioca Diário da Noite. Evandro ganhou destaque no campo da fotografia

pela “sua técnica, sensibilidade e versatilidade”, principalmente nas fotografias

voltadas para a política e esportes.

Depois do Diário da Noite, Evandro trabalhou no Jornal do Brasil durante 40 anos.

Durante este período, o fotógrafo presenciou momentos históricos do Brasil como,

por exemplo, alguns “episódios” da Ditadura Militar, em 1964, diversos Jogos

Olímpicos e a foto icônica de Ayrton Senna piscando dentro do capacete. 1

1 Dados retirados do site IPhoto Channel. Disponível em: <http://iphotochannel.com.br/fotopedia/evandro-teixeira-o-fotojornalista-do-brasil>. Acesso em 20 abr. 2018

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Figura 1 2

Suas fotos fazem parte de grandes acervos não só no Brasil, mas também na

Suíça, Colômbia, dentre outros. Em 1994 seu currículo foi incluído na Enciclopédia

Suíça de Fotografia, que reúne os melhores fotógrafos do mundo . 3

Pedro Martinelli, fotógrafo brasileiro nascido em 1950, iniciou sua carreira como

aprendiz no jornal A Gazeta Esportiva, em 1967, e desde então trabalhou em

vários jornais de São Paulo e participou de importantes exposições coletivas . 4

Em 1996, Martinelli ganhou o prêmio Esso de Jornalismo, “na categoria Informação

Científica, Tecnológica e Ecológica”, e também diversos prêmios Abril de

Jornalismo. Um de seus principais trabalhos é o primeiro registro do contato de

homens “não-índios” com os indígenas Panará, de 1970 a 1973. Também estão

incluídos nesta lista a Guerra da Nicarágua, a cobertura fotográfica das Copas do

2 Fonte: <http://s2.glbimg.com/9IlGqwdD9YnPb6i8a-PG98GGoHU=/0x0:719x620/690x0/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_e84042ef78cb4708aeebdf1c68c6cbd6/internal_photos/bs/2016/Y/h/LBMzbtRlWxYA3feJ9yAA/evandro-abre1.jpg>. Acesso em: 22 abr. 2018. 3 Dados retirados do site eMania. Disponível em:<https://blog.emania.com.br/evandro-teixeira-o-grande-nome-do-fotojornalismo/>. Acesso em 22 abr. 2018. 4 Dados retirados do site oficial do fotógrafo, Pedro Martinelli. Disponível em:<http://www.pedromartinelli.com.br/site/trajetoria>. Acesso em 22 abr. 2018.

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Mundo de 1982, 1986, 1990, 1994 e 1998, e a morte do Papa Paulo VI e João

Paulo I.

Figura 2 5

Pedro é um fotógrafo que utiliza câmeras compactas, sem muitos adereços. Antes

de qualquer fotografia, Pedro faz uma “aproximação humana” nos ambientes e com

as pessoas que irá fotografar “protagonistas das histórias que está aprendendo a

contar” . 6

João Bittar, fotógrafo brasileiro, iniciou sua carreira aos 17 anos e trabalhou em

grandes jornais como: Folha de S. Paulo, Veja, Gazeta Mercantil, Isto É, etc. Em

1977, Bittar fez parte da equipe inaugural da revista Isto É, com isso, o fotógrafo

cobriu as greves do ABC paulista, a Convenção Nacional dos Metalúrgicos (Poços

de Caldas - MG), onde registrou a imagem do ex-presidente Lula, na época líder

sindical, mostrando o umbigo . 7

Bittar fez parte da comissão julgadora do prêmio Esso de Jornalismo, e em 1982,

fundou a agência Angular Fotojornalismo. Publicava suas fotos sem nenhum corte

5 Fonte: http://www.pedromartinelli.com.br/site/galeria/Panara. Acesso em 22 abr. 2018. 6 Dados retirados do site oficial do fotógrafo. Disponível em:<http://www.pedromartinelli.com.br/blog/saiba-quem-e-pedro-martinelli/>. Acesso em 22 abr. 2018. 7 Dados retirados do site. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Bittar>. Acesso em: 22 abr. 2018.

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ou tratamento, seus “flagrantes da cidade” e de seus personagens, no mesmo dia,

eram publicados . 8

Figura 3 9

Maurício Lima, um premiado fotógrafo documental brasileiro, tem seu trabalho

voltado principalmente para as questões sociais, exibe os problemas de pessoas

necessitadas e afins. Maurício desenvolve um projeto sobre a vida de pessoas que

sofrem com crises sociais e conflitos armados, que realizou em países como a

Líbia, Portugal, Ucrânia, Iraque, Brasil e Afeganistão. Atualmente, seu foco é

registrar a migração dos refugiados do Oriente Médio para a Europa, onde as fotos

realizadas são frequentemente publicadas no jornal The New York Times.

8 Dados retirados do site São Paulo São. Disponível em:<https://saopaulosao.com.br/conteudos/ensaios/282-jo%C3%A3o-bittar-1951-2011-e-seu-olhar-sobre-a-cidade-de-s%C3%A3o-paulo.html#>. Acesso em: 22 abr. 2018. 9 Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-DmOBgIDlHYI/Tu8ci-wsORI/AAAAAAAAEOM/uBM0pdcP1WY/s1600/Jo%25C3%25A3o%2BBittar%252C%2BLula.jpg. Acesso em 22 abr. 2018.

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Em 2016, Maurício tornou-se o primeiro fotógrafo brasileiro a ganhar o prêmio

Pulitzer, devido às imagens dos refugiados em busca de asilo na Europa. Também

é o único fotógrafo brasileiro a receber o prêmio Gabriel García Márquez . 10

Figura 4 11

German Lorca, nascido em 1922 natural de São Paulo, participa do Foto Cine

Clube Bandeirantes, em 1949. Desde então, German possui fotos muito

conhecidas, junto com a associação para introduzir novas tendências no

fotojornalismo brasileiro. Suas produções eram inspiradas no abstracionismo,

surrealismo e concretismo.

German fotografa o centro de São Paulo e suas paisagens, e em 1954, torna-se

fotógrafo oficial das comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo. A

partir daí, dedicou-se totalmente à fotografia, na área de publicidade, conquistando

diversos prêmios importantes . 12

10 Dados retirados do site Doc foto. Disponível em:<http://docfoto.com.br/site/fotografo/mauricio-lima/>. Acesso em 22 abr. 2018. 11 Fonte: http://docfoto.com.br/site/wp-content/uploads/2014/04/ML-LIBYA-026.jpg. Acesso em 22 abr. 2018. 12 Dados retirados do site Itaú Cultural. Disponível em:<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa21819/german-lorca>. Acesso em 22 abr. 2018.

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Figura 5 13

Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro reconhecido mundialmente, dedica seu

trabalho a registrar imagens de pessoas que estão à margem. Em 1969, devido a

ditadura militar, Salgado e sua esposa se exilaram em Paris e, posteriormente, em

Londres. Até então, trabalhava como economista (primeira formação), e em uma

viagem para a África a trabalho, se apaixonou pela fotografia e começou sua

grandiosa carreira como fotojornalista.

Salgado mostra em seus trabalhos a pobreza no mundo (América Latina, África,

etc), a luta de refugiados de guerra e apoia diversas organizações humanitárias.

Todas as fotos do fotógrafo são em preto e branco, influência do também famoso

fotógrafo Cartier-Bresson. Dessa forma, o drama é intensificado na imagem,

representando a fome, guerra, dor e todas as consequências de injustiças sociais . 14

13 Fonte: http://s2.glbimg.com/LjGbLZRclXEdN7CyHQv3wMZBDzo=/smart/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2017/05/26/so_para_mulheres.jpg. Acesso em 22 abr. 2018. 14 Dados retirados do site Grandes Fotógrafos. Disponível em:<http://www.fotografiaprofissional.org/grandes-fotografos-sebastiao-salgado/>. Acesso em 22 abr. 2018.

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Figura 6 15

Dentre os fotógrafos internacionais temos: Kurt Klagsbrunn, austríaco nascido em

1918, que veio para o Brasil fugindo com a família da Segunda Guerra Mundial.

Descobriu aqui o gosto pela fotografia . 16

Kurt inicia a carreira com um laboratório e estúdio improvisados em sua casa.

Posteriormente, faz muito sucesso com fotos de eventos sociais e políticos,

aumentando sua clientela. E talvez os registros mais marcantes de sua carreira

sejam as fotos inusitadas do movimento e das pessoas nas ruas do Rio de Janeiro.

Kurt fotografou momentos políticos importantes para o Brasil, como: movimentos

da União Nacional dos Estudantes, registrou a cassação do Partido Comunista, a

eleição do presidente Marechal Dutra e de Juscelino Kubitschek . 17

15 Fonte: http://portaldoamazonas.com/wp-content/uploads/2017/09/EXPO-Movimento-Sem-Terra-Sebasti%C3%A3o-Salgado-02-FOTO-Reprodu%C3%A7%C3%A3o.jpg. Acesso em 22 abr. 2018. 16 Dados retirados do site Icônica. Disponível em:<http://www.iconica.com.br/site/kurt-klagsbrunn-fotografo/>. Acesso em 22 abr. 2018. 17 Dados retirados do site do Museu de Arte do RJ. Disponível em:<http://www.museudeartedorio.org.br/pt-br/node/2494>. Acesso em 24 abr. 2018.

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Figura 7 18

Don McCullin, fotógrafo britânico que iniciou seu trabalho em 1950, é considerado

um dos fotógrafos de guerra mais importantes e mais premiado. Durante o século

20, McCullin registrou a Guerra do Vietnã, os campos de batalha de Bangladesh,

Líbano, Camboja, dentre tantos outros, com imagens comoventes das batalhas

sangrentas. Atormentado pelas lembranças das guerras que acompanhou, nos

últimos anos McCullin passou a fotografar paisagens, principalmente da Índia e

Grã-Bretanha . 19

18 Fonte: https://i.pinimg.com/originals/3e/ee/8f/3eee8faeaf58c25be6b884ba95f9ac14.jpg. Acesso em 24 abr. 2018. 19 Dados retirados do site do jornal Estadão. Disponível em:<http://internacional.estadao.com.br/blogs/adriana-carranca/mccullin/>. Acesso em 24 abr. 2018.

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Figura 8 20

Kevin Carter, foi um premiado fotojornalista Sul-africano. Em 1994, recebeu o

prêmio pulitzer por conta de uma fotografia que mostra a fome no Sudão, que se

tornou muito famosa, e fez de Kevin alvo de inúmeras críticas.

Kevin começou sua carreira como fotojornalista esportivo, nos anos de 1983. Um

ano depois, mudou-se para Joanesburgo para trabalhar no jornal, sua função era

“expor a brutalidade do apartheid” . O que o fez, até 1994, ano em que se suicidou 21

devido a depressão, após a publicação de sua foto mais famosa (imagem que

rendeu as críticas) . 22

20 Fonte: http://e02-elmundo.uecdn.es/assets/multimedia/imagenes/2015/08/05/14387762040221.jpg. Acesso em 24 abr. 2018. 21 Dados retirados do site. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Kevin_Carter>. Acesso em 24 abr. 2018. 22 Dados retirados do site Observatório. Disponível em:<http://observatorio3setor.org.br/noticias/foto-o-premio-e-o-suicidio/>. Acesso em 24 abr. 2018.

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Figura 9 23

Robert Doisneau foi um importante fotógrafo francês, nascido em 1912, que iniciou

seu trabalho como fotógrafo em 1929, registrando a vida dos franceses. Tornou-se

profissional em 1934, ao ser contratado como fotógrafo publicitário na Reunalt . 24

Foram as fotos espontâneas das ruas de Paris que tornaram Doisneau famoso.

Suas fotografias, em meio à Segunda Guerra com o sentimento de tristeza da

população e o clima depressivo, trouxeram um alívio com os registros de

“pequenos prazeres” que ainda aconteciam . 25

Figura 10 26

23 Fonte: http://observatorio3setor.org.br/wp-content/uploads/2017/03/foto-1024x683.jpg. Acesso em 24 abr. 2018. 24 Dados retirados do site ESPM. Disponível em:<http://foto.espm.br/index.php/sem-categoria/robert-doisneau-fotografo-frana-paris-beijo-ruanao-tiro-fotos-da-vida-como-ela-e-mas-sim-de-como-queria-que-ela-fosse/>. Acesso em 24 abr. 2018. 25 Dados retirados do site Arte Ref. Disponível em:<http://arteref.com/artista-da-semana/robert-doisneau/>. Acesso em 24 abr. 2018. 26 Fonte: https://belyoung.com.br/wp-content/uploads/2017/08/O-Beijo-do-Hotel-de-Ville-Robert-Doisneau-825x542.jpg. Acesso em 24 abr. 2018.

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E por fim, outro fotógrafo internacional muito importante é Henri Cartier-Bresson,

conhecido como o “pai do fotojornalismo”. Bresson, nascido em 1908 na França,

chamou a atenção do público para as suas fotografias, no início com os registros

de guerra: a Guerra Civil Espanhola, Chinesa, o funeral de Gandhi, a construção

do muro de Berlim, entre outros.

Em 1935 já fazia sucesso com suas fotografias, tendo publicado seu trabalho em

diversos países. Bresson inovou em 1937 ao fotografar a coroação do rei George

IV da Inglaterra, dando atenção ao público que se aglomerava para acompanhar a

cerimônia , e não a realeza . 27

Figura 11 28

27 Dados retirados do site Arte Ref. Disponível em:<http://arteref.com/fotografia-1/henri-cartier-bresson-o-pai-do-fotojornalismo/>. Acesso em 24 abr. 2018. 28 Fonte: http://arteref.com/wp-content/uploads/2017/03/Place-de-lEurope-Gare-Saint-Lazare-Paris-Henri-Cartier-Bresson-%C2%B7-1932.jpg. Acesso em 24 abr. 2018.

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2.4. O mercado de trabalho para o Fotojornalista

Para os veículos midiáticos, a fotografia foi uma grande inovação, pois

proporcionou um recorte da imagem ou do ocorrido, uma “comprovação” do fato

relatado na notícia ou reportagem. Dessa forma, a fotografia foi supervalorizada

nos meios de comunicação.

A fotografia passou por grandes mudanças ao longo dos anos, desde a primeira

câmera até as digitais (mais populares atualmente), entretanto, a população não

necessita mais de uma câmera profissional para registrar os acontecimentos ao

seu redor. Filmes e fotos podem ser feitos através de celulares, webcam, e outros

aparelhos eletrônicos. E, ao mesmo tempo que as câmeras “evoluíam” para

câmeras com uma maior resolução, compactas e com a capacidade aumentada

para registrar imagens com mais detalhes, outros tipos de tecnologia também

avançaram. No caso, o que verifica-se é o tratamento das imagens, alterando a

foto e distorcendo a realidade.

Como já foi explicado nesta pesquisa, apesar da fotografia ser um recorte do

acontecimento, ela não representa por completo o ocorrido. As imagens podem ser

manipuladas, começando por como o fotógrafo fará a foto (omitindo detalhes

importantes para a compreensão do público), até o tratamento das imagens. As

fotos podem ser manipuladas para transmitir uma mensagem errônea do fato, de

maneira tendenciosa. Dessa forma, a imagem pode perder completamente o

sentido, se não for “respeitada e exposta” do modo correto (VIEIRA, 2016, p. 20).

A fotografia mesmo sendo “aqui e agora”, não é a cópia fiel da realidade; é

enganosa por natureza, é um frame da cena que pode ser manipulada no

momento da construção da foto e pode perder completamente o sentido

se não levar em consideração o que aconteceu antes e depois de ser

tirada (VIEIRA, 2016, p.21).

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A rapidez que se exige hoje para que uma reportagem ou furo sejam publicados, 29

antes que qualquer outra mídia, é enorme. Assim como a fotografia, os textos

jornalísticos também podem ser modificados, apresentando um conteúdo

tendencioso, justamente num período em que a necessidade de informação se

torna cada vez maior. Segundo Vieira, “estamos em uma era que nos tornamos

reféns da informação e da necessidade do imediatismo que esta chega até nós”

(2016, p. 21).

Chega a ser uma disputa dos jornais com as redes sociais e formadores de opinião

espalhados pela internet, que não possuem toda a instrução e formação para o

jornalismo. O público procura a maneira mais rápida e fácil de obter a informação,

mas a internet, ao mesmo tempo que permite essa facilidade/ comodidade para as

pessoas, também pode trazer notícias falsas e informações sem verificação. Em

contrapartida, o discurso que as mídias jornalísticas continuam usando é

ultrapassado, se tornando desinteressante para o público. Consequentemente, a

procura do jornal será cada vez menor.

Felizmente, este conceito de furo de reportagem está sendo contestado. A busca

por uma fonte segura evitará julgamentos precipitados, tornando a notícia mais

“justa”, mais próxima da realidade. Essa atitude também possibilita que

estereótipos sejam evitados. Isso deve incluir também as fotos que são publicadas

nos jornais.

A fotografia documental, por exemplo, pode acompanhar esta “mudança” do

discurso nas reportagens. O objetivo do fotojornalismo documental é contar uma

história, e não somente fotografar o momento, sem explicar o contexto da imagem.

De acordo com as palavras de Vieira, devido a era digital e a facilidade que ela

proporciona a qualquer pessoa, o mercado do fotojornalismo “torna-se restrito aos

profissionais que produzem materiais mais elaborados e de melhor qualidade

29 Divulgação de uma notícia primeiro; publicação antes de qualquer outro veículo midiático jornalístico.

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técnica em detrimento dos conteúdos imediatos dos smartphones e afins” (2016, p.

22).

Entretanto, ainda segundo Vieira, comparado às outras profissões, o fotojornalista

não possui os mesmos benefícios e garantias em termos trabalhistas. “A

contratação dos serviços geralmente segue o padrão free-lance, porém o mercado

é dinâmico e mutável, com as mais variadas demandas de acordo com os

acontecimentos sociais e políticos” (2016, p. 22).

A Associação de Repórteres Fotógrafos e Cinematográficos do Estado de São

Paulo (ARFOC/SP) disponibilizou em seu site uma tabela de referência para

fotojornalistas . Nela é possível observar que os honorários para o setor editorial 30

podem variar de R$690,00 a R$1.800,00, sem incluir os custos adicionais como:

material, tratamento de imagem, transporte, alimentação, seguro de vida

obrigatório, etc. “Projetos de autoria pessoal tornam-se inviabilizados pela falta de

investimento dos veículos midiáticos, que apenas contratam serviços para

propostas e objetivos próprios” (VIEIRA, 2016, p. 22) ,ou seja, não há incentivo

para que os fotógrafos desenvolvam “sua arte ou marca”, um “incentivo artístico

livre”. É benéfico para o fotógrafo manter-se sempre atualizado, adotar novas

técnicas para continuar no mercado e, um ponto importante, entender e respeitar o

direito de imagem e autoral (manter uma postura ética para com os seus clientes e

colegas de profissão).

Em maio de 2014, foi publicado pelo Congresso Nacional um decreto que

regulamenta a profissão de fotógrafo e, obviamente, existem opiniões contra e a

favor da nova lei. Os argumentos utilizados por quem é contra a decisão são de

que a medida foi tomada com o interesse de cobrar impostos, criar gestores e

sindicatos, o que resultará na aplicação de taxas ao fotógrafo, sem o devido

retorno. Do outro lado, alguns fotógrafos apoiam a lei pelo reconhecimento que ela

30 Disponível em: <https://www.arfoc-sp.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=541&Itemid=534>. Acesso em 30 abr. 2018.

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trará (distinção entre profissionais e amadores) e pela garantia de direitos aos que

escolheram a profissão com “seriedade”, grande diferença entre os aventureiros.

2.4.1 Principais técnicas, equipamentos e tendências no fotojornalismo

O fotógrafo, para qualquer trabalho que desempenhe (publicitário, artístico,

jornalístico, dentre outros), deve sempre estar preparado para todo o tipo de

situação e imprevisto.

É fundamental aprontar os equipamentos para evitar a lentidão no momento de

registrar a imagem, principalmente no fotojornalismo, onde os cenários

“acontecem” e mudam em poucos segundos. Para isso, a habilidade e prática do

fotógrafo contará muito para alterar as definições da câmera quando necessário,

como o foco automático, definições de ISO e velocidade do obturador, tudo para

não perder os acontecimentos.

Segundo Vieira, o uso de objetivas com distância focal fixa trarão maior

profundidade de campo, permitindo que conheçamos todo o ambiente da imagem,

sua construção. “A definição monocromática do estilo é também um recurso que

enaltece as características da composição da imagem” (2016, p. 23), assim como

fazem os grandes fotógrafos, Sebastião Salgado por exemplo, fornecendo à cena o

drama desejado.

Junto à técnica, a construção da foto também está relacionada ao conhecimento do

fotógrafo dos seus clientes, suas histórias, resumidamente, o lado mais humano

que tem-se a intenção de registrar. Entender a história por completo e evitar textos

tendenciosos. Fazer o jornalismo ideal, contar toda a história e não apenas parte

dela.

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3. Foto Autoral

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Considerações finais

O trabalho de conclusão de curso apresentado abordou sobre o fotojornalismo, sua

história, principais fotógrafos da área e seus segmentos. As populações sempre

tiveram a necessidade de se manter informados sobre os acontecimentos ao seu

redor e no mundo todo, com a invenção da fotografia, os fatos narrados nas

notícias dos jornais puderam ser comprovadas, trazendo veracidade ao discurso do

jornalista.

Entretanto, ao mesmo tempo que a fotografia auxiliou o jornalistas em suas

reportagens, deve-se tomar cuidado com o que está sendo exposto para o público.

Da mesma maneira que um texto pode ser tendencioso, a fotografia também está

sujeita a isto, de acordo com o enquadramento da imagem (pode não revelar todo

o contexto da fotografia, o que estava ao seu redor), como o texto explicará a

imagem e, por fim, o seu tratamento.

Este comportamento dos veículos midiáticos, de publicar textos e imagens sem

retratar o real, é muito julgado pelo público, e ainda está em processo de mudança.

Isto vai contra os princípios de ética da profissão, e respeito, tanto pelo público,

consumidores daquele conteúdo, como pelos colegas e concorrentes.

Foi possível descobrir, durante a pesquisa, que uma possível solução para este

“problema” seria o fotojornalismo documental. O fotógrafo que trabalha com este

segmento da fotografia não se limita em registrar somente os acontecimentos

como “um recorte do momento”, sem um aprofundamento adequado para que o

público entenda todo o contexto. O fotojornalismo documental se “preocupa” em

contar uma história, em suas fotos é relatado todo o ocorrido, dando detalhes e

explicando a história por completo. Dessa forma, pode denunciar, evidenciar

divergências da sociedade e a cultura de um povo, como fizeram alguns fotógrafos

(Sebastião Salgado, Pedro Martinelli e Maurício Lima, por exemplo) que, por meio

do seu trabalho, evidenciaram e denunciaram ao redor do mundo as

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consequências da guerra, miséria e fome, desigualdade social, golpes políticos e

diversas situações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Vânia de Carneiro. et al. Fotografia e História: ensaio bibliográfico. 1994. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/anaismp/v2n1/a15v2n1.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2018. MONTEIRO, Charles. História e Fotojornalismo: reflexões sobre o conceito e a pesquisa na área. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 8, n. 17, p. 64 - 89. jan/abr. 2016. OLIVEIRA, Mariana Mendes de Moraes. Fotojornalismo e direito de autor. 2016. Disponível em: <https://focusfoto.com.br/fotojornalismo-e-direito-de-autor-tcc/>. Acesso em 19 abr. 2018. SONTAG, Susan. Sobre fotografia. 1977. Disponível em: <http://www.mobilizadores.org.br/wp-content/uploads/2016/09/Sobre-fotografia-Susan-Sontag.pdf>. Acesso em 14 mar. 2018. VIEIRA, Beatriz. Fotojornalismo. 2016. Disponível em:<https://focusfoto.com.br/fotojornalismo-foto-documental-tcc/>. Acesso em 18 abr. 2018.

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