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Direito Tributário Parte I - Propedêutica

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Direito TributárioParte I - Propedêutica

1.O Direito

Excurso: O homem, o Direito e os mitos

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Embora os Homo sapiens já habitassem a África Oriental há 150 mil anos,apenas por volta de 70 mil anos atrás eles começaram a dominar o resto doplaneta Terra.

▣ Nos milhares de anos desse período, embora esses sapiens arcaicos separecessem exatamente conosco e seu cérebro fosse tão grande quanto onosso, eles não gozavam de qualquer vantagem notável sobre outras espécieshumanas, não produziam ferramentas particularmente sofisticadas e nãorealizavam nenhum outro feito especial.

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ O período de 70 mil anos atrás a 30 mil anos atrás testemunhou a invençãode barcos, lâmpadas a óleo, arcos, flechas e agulhas (essenciais para costurarroupas quentes).

▣ Os primeiros objetos que podem ser chamados de arte e joalheria datamdessa era, assim como os primeiros indícios incontestáveis de religião, comércioe estratificação social.

Homem-Leão (Caverna de Stadel, Alemanha, 32 mil anos

atrás)

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ A maioria dos pesquisadores acredita que essas conquistas semprecedentes foram produto de uma revolução nas habilidades cognitivas dossapiens.

▣ O surgimento de novas formas de pensar e se comunicar, entre 70 mil anos atrása 30 mil anos atrás, constitui a Revolução Cognitiva.□ O que a causou? Não sabemos ao certo. A teoria mais aceita afirma que mutações

genéticas acidentais mudaram as conexões internas do cérebro dos sapiens, possibilitandoque pensassem de uma maneira sem precedentes e se comunicassem usando um tipo delinguagem totalmente novo.

□ É mais importante entender as consequências dessas mutações do que suas causas. Oque havia de tão especial na nova linguagem dos sapiens que nos permitiu conquistar omundo?

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ A linguagem dos sapiens não foi a primeira linguagem.□ Todos os animais têm alguma forma de linguagem.▪ Até os insetos, como abelhas e formigas, sabem se comunicar de maneiras

sofisticadas, informando uns aos outros sobre o paradeiro de alimentos.□ Tampouco foi a primeira linguagem vocal.▪ Muitos animais, incluindo todas as espécies de macaco, têm uma linguagem

vocal.

Macaco-Verde(Cuidado, um leão!)

(Cuidado, uma águia)

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ O que, então, há de tão especial em nossa linguagem?

▣ A resposta mais comum é que nossa linguagem é incrivelmente versátil.□ Podemos conectar uma série limitada de sons e sinais para produzir um número infinito

de frases, cada uma delas com um significado diferente e, com isso, consumir,armazenar e comunicar uma quantidade extraordinária de informação .

□ Mais que gritar “Cuidado! Um leão!”, um humano moderno pode dizer que estamanhã, perto da curva do rio, ele viu um leão atrás de um rebanho de bisões.▪ Pode, então, descrever a localização exata, incluindo os diferentes caminhos que

levam à área em questão. Com essas informações, os membros do seu bandopodem pensar juntos e discutir se devem se aproximar do rio, expulsar o leão e caçar osbisões.

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Além disso, nossa linguagem singular evoluiu como um meio de partilharinformações sobre o mundo.□ Mas as informações mais importantes que precisavam ser comunicadas eram sobre

humanos, e não sobre leões e bisões.□ Nossa linguagem evoluiu como uma forma de fofoca.▪ O Homo sapiens é antes de mais nada um animal social. A cooperação social é

essencial para a sobrevivência e a reprodução.▪ Não é suficiente que homens e mulheres conheçam o paradeiro de leões e

bisões. É muito mais importante para eles saber quem em seu bando odeia quem,quem está dormindo com quem, quem é honesto e quem é trapaceiro.

A fofoca pode ter sido importantíssima para o

domínio do Homo sapiens

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Todos os macacos mostram ávido interesse por tais informações sociais, maseles têm dificuldade para fofocar de fato.

▣ Os neandertais e os Homo sapiens arcaicos provavelmente também tiveramdificuldade para falar pelas costas uns dos outros (habilidade que é essencialpara a cooperação em grande número).

▣ As novas habilidades linguísticas que os sapiens modernos adquiriram hácerca de 70 milênios permitiram que fofocassem por horas a fio.□ Graças a informações precisas sobre quem era digno de confiança, pequenos grupos

puderam se expandir para bandos maiores, e os sapiens puderam desenvolver tipos decooperação mais sólidos e mais sofisticado.

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Fato é que a característica verdadeiramente única da nossa linguagem não ésua capacidade de transmitir informações sobre homens e leões. É acapacidade de transmitir informações sobre coisas que não existem.□ Até onde sabemos, só os sapiens podem falar sobre tipos e mais tipos de entidades que

nunca viram, tocaram ou cheiraram.

Você não convencerá um macaco a lhe dar uma

banana prometendo a ele bananas infinitas após a

morte no “Céu dos macacos”.

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Lendas, mitos, deuses e religiões apareceram pela primeira vez com aRevolução Cognitiva.

▣ Essa capacidade de falar sobre ficções é a característica mais singular dalinguagem dos sapiens.

▣ A ficção nos permitiu não só imaginar coisas como também fazer issocoletivamente: podemos tecer mitos partilhados (também chamados de“ficções”, “construtos sociais” ou “realidades imaginadas”).

Mitos Partilhados

Algo em que muitas pessoas acreditam e, enquanto essa crença persiste, ela exerce influência no mundo

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Mitos partilhados não são mentiras!□ Mentimos minto se dizemos que há um leão perto do rio quando sabemos que não há.▪ Não há nada de especial nas mentiras. Macacos-verdes e chimpanzés podem

mentir.□ Alguns feiticeiros são charlatães, mas a maioria acredita sinceramente na existência

de deuses e demônios.□ O escultor da caverna de Stadel pode ter acreditado sinceramente na existência do

espírito guardião do homem-leão.

▣ Os mitos partilhados dão aos sapiens a capacidade sem precedentes de cooperarde modo versátil em grande número.

Abelhas podem trabalhar em grande número, mas sempre de maneira rígida e com parentes

próximos

Lobos trabalham de maneira versátil, mas em pequeno

número de indivíduos que conhecem intimamente

Sapiens podem cooperar de maneira versátil com um

número incontável de estranhos

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Nossos primos chimpanzés normalmente vivem em pequenos bandos devárias dezenas de indivíduos. Eles formam fortes laços de amizade, caçam juntose lutam lado a lado contra babuínos, guepardos e chimpanzés inimigos.□ Sua estrutura social tende a ser hierárquica. O membro dominante, que quase

sempre é um macho, é denominado “macho alfa”.▪ Outros machos e fêmeas demonstram sua submissão ao macho alfa curvando-se

diante dele enquanto emitem grunhidos (não muito diferente de súditoshumanos se ajoelhando diante de um rei).

□ Quando dois machos disputam a posição de alfa, eles normalmente o fazemformando grandes coalizões de apoiadores (machos e fêmeas) dentro do grupo.▪ Os laços entre os membros da coalizão se baseiam em contato íntimo diário –

abraçar, tocar, beijar, alisar e fazer favores mútuos.▪ Membros de uma mesma coalizão passam mais tempo juntos, partilham alimentos e

ajudam uns aos outros em momentos de dificuldade.

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Há limites claros ao tamanho dos grupos que podem ser formados e mantidosde tal forma.□ Para funcionar, todos os membros de um grupo devem conhecer uns aos outros

intimamente.▪ Dois chimpanzés que nunca se encontraram, nunca lutaram e nunca se

alisaram mutuamente não saberão se podem confiar um no outro, se valerá a penaajudar um ao outro nem qual deles é superior na hierarquia.

□ Em condições normais, um típico bando de chimpanzés consiste de 20 a 50indivíduos.▪ À medida que o número em um bando de chimpanzés aumenta, a ordem social se

desestabiliza, levando enfim à ruptura e à formação de um novo bando por alguns dosanimais.

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Os humanos, como os chimpanzés, têm instintos sociais que possibilitaram aosnossos ancestrais construir amizades e hierarquias e caçar ou lutar juntos.

▣ No entanto, como os instintos sociais dos chimpanzés, os dos humanos sóeram adaptados para pequenos grupos íntimos. Quando o grupo ficava grandedemais, sua ordem social se desestabilizava, e o bando se dividia.

▣ Após a Revolução Cognitiva, a fofoca ajudou o Homo sapiens a formar bandosmaiores e mais estáveis.□ Mas a fofoca tem seus limites. Pesquisas demonstraram que o tamanho máximo“natural” de um grupo unido por fofoca é de cerca de 150 indivíduos.

□ A maioria das pessoas não consegue nem conhecer intimamente nem fofocar efetivamentesobre mais de 150 seres humanos.

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Como o Homo sapiens conseguiu ultrapassar esse limite crítico, fundandocidades com dezenas de milhares de habitantes e impérios que governamcentenas de milhões?□ O segredo foi provavelmente o surgimento da ficção: um grande número de estranhos

pode cooperar de maneira eficaz se acreditar nos mesmos mitos.

“Toda cooperação humana em grande escala [...] se baseia em mitospartilhados que só existem na imaginação coletiva das pessoas. Asigrejas se baseiam em mitos religiosos partilhados. Dois católicos quenunca se conheceram podem, no entanto, lutar juntos em uma cruzadaou levantar fundos para construir um hospital porque ambosacreditam que Deus encarnou em um corpo humano e foi crucificadopara redimir nossos pecados...

Yuval Noah Harari

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ As pessoas entendem facilmente que os “primitivos” consolidam suaordem social acreditando em deuses e espíritos e se reunindo a cada luacheia para dançar juntos em volta da fogueira.

▣ Mas não conseguimos avaliar que nossas instituições modernas funcionamexatamente sobre a mesma base.□ Três dos principais sustentos da sociedade moderna não passam de mitos partilhados que

não existem no mundo natural, apenas na imaginação humana:

Estados

“Os Estados se baseiam em mitos nacionaispartilhados. Dois sérvios que nunca se conhecerampodem arriscar a vida para salvar um ao outroporque ambos acreditam na existência da naçãosérvia, da terra natal sérvia e da bandeira sérvia.

Yuval Noah Harari

Dinheiro

“A maioria dos milionários acreditasinceramente na existência do dinheiro edas empresas de responsabilidadelimitada.

Yuval Noah Harari

“... moedas que perderam sua estampagem eagora são consideradas como metal e nãomais como moedas.

Friedrich Nietzsche

Direito

“Sistemas judiciais se baseiam em mitos jurídicospartilhados. Dois advogados que nunca seconheceram podem unir esforços para defender umcompleto estranho porque acreditam na existênciade leis, justiça e direitos humanos – e no dinheirodos honorários.

Yuval Noah Harari

“Os executivos e advogados modernos são, de fato,feiticeiros poderosos. A principal diferença entreeles e os xamãs tribais é que os advogados modernoscontam histórias muito mais estranhas.

Yuval Noah Harari

Juristas são os magos modernos

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ Pensemos no caso das pessoas jurídicas:□ Os produtos fabricados pela PJ não são a PJ – caso eles sumissem ao mesmo tempo,

a PJ continuaria existindo;□ As instalações e empregados da PJ não são a PJ – caso as instalações fossem

destruídas e todos os empregados morressem, a PJ continuaria existindo;□ Os sócios também não são a PJ – caso todos desparecessem, a PJ continuaria

existindo;□ Entretanto, se um juiz ordena a dissolução da PJ, suas fábricas permaneceriam de

pé e seus trabalhadores, contadores, gestores e acionistas continuariam a viver –mas a PJ desapareceria imediatamente.

□ Em suma, a PJ parece não ter conexão alguma com o mundo físico. Ela existe de fato?

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ A PJ nada mais é que um mito compartilhado, a que os juristas chamamde ficção jurídica.□ Durante a maior parte do tempo da humanidade, existiram apenas pessoas físicas.▪ Apenas no fim do século XVIII a noção de personalidade jurídica ganhou os

contornos hoje conhecidos.▪ Antes desse tempo, apenas a pessoa física contraía obrigações:• Se um marceneiro fizesse uma mesa que quebrasse, o comprador o

processaria;• Se ele contraísse um empréstimo para abrir sua oficina e falisse, era obrigado

a pagar seu empréstimo com sua propriedade privada (sua casa, p. ex.), ou mesmo ser escravizado por seus credores.

O Homem, o Direito e os Mitos

▣ A PJ nada mais é que um mito compartilhado, a que os juristas chamamde ficção jurídica.□ Obviamente, essa situação jurídica desencorajava o empreendedorismo. As pessoas

tinham medo de começar novos negócios e assumir riscos econômicos.□ Foi por isso que as pessoas começaram a imaginar coletivamente a existência de PJs.

Tais PJs eram legalmente independentes das pessoas que as fundavam, ou investiamdinheiro nelas, ou as gerenciavam.

“Como exatamente Armand Peugeot, o homem, criou a Peugeot, aempresa? Praticamente da mesma forma como os padres e os feiticeiroscriaram deuses e demônios ao longo da história e como milhares depadres católicos franceses continuaram recriando o corpo de Cristotodo domingo nas igrejas da paróquia. Tudo se resumia a contarhistórias e convencer as pessoas a acreditarem nelas. No caso dospadres franceses, a história crucial foi a da vida e morte de Cristo talcomo contada pela Igreja Católica. De acordo com essa história, se umpadre católico usando suas vestes sagradas pronunciasse solenementeas palavras certas no momento certo, o pão e o vinho mundano setransformariam na carne e no sangue de Deus...

“O padre exclamava: “Hoc est corpus meum!” (“Este é meucorpo” em latim) e abracadabra! – o pão se transformava nocorpo de Cristo. Vendo que o padre havia observadoassiduamente todos os procedimentos, milhões de católicosfranceses devotos se comportavam como se Deus de fato existisseno pão e no vinho consagrados.

Yuval Noah Harari

“Obrigado, Deus, por consertar a catarata da mãe do Sam! Não percebi queera uma coisa tão simples [...] Agora eu entendo como uma oração funciona:uma oração específica, em uma igreja específica, com um estilo específico, comconteúdo específico e para problemas específicos, que nem são tão difíceisassim, e para pessoas específicas, de preferência brancas, e para sentidosespecíficos, de preferência a visão... Uma oração específica, em um lugarespecífico para uma versão específica de um deus específico. E se você fizertudo certo, ele até pode [...] descer de boa ai no seu bairro para curar acatarata da sua mãe!

Tim Minchin

“No caso da Peugeot SA, a história crucial foi o códigojurídico francês, tal como redigido pelo parlamento francês.De acordo com os legisladores franceses, se um advogadocertificado seguisse todos os rituais e liturgias adequados,escrevesse todos os discursos e juramentos requeridos em umpedaço de papel maravilhosamente decorado e afixasse suaassinatura ornamentada ao pé do documento,abracadabra! – uma nova empresa era incorporada...

“Quando, em 1896, Armand Peugeot quis criar sua empresa, elepagou para que um advogado fizesse todos esses procedimentossagrados. Uma vez que o advogado tivesse desempenhado todosos rituais corretos e pronunciado todos os discursos e juramentosnecessários, milhões de cidadãos franceses honrados secomportaram como se a empresa Peugeot realmente existisse.

Yuval Noah Harari

“Desde a Revolução Cognitiva, os sapiens vivem, portanto, em umarealidade dual. Por um lado, a realidade objetiva dos rios, das árvorese dos leões; por outro, a realidade imaginada de deuses, nações ecorporações. Com o passar do tempo, a realidade imaginada se tornouainda mais poderosa, de modo que hoje a própria sobrevivência derios, árvores e leões depende da graça de entidades imaginadas, taiscomo deuses, nações e corporações.

Yuval Noah Harari

1.Direito Tributário

Conceito

“...ramo didaticamente autônomo do Direito,integrado pelo conjunto de proposições jurídico-normativas, que correspondam, direta ouindiretamente, à instituição, arrecadação efiscalização de tributos.

Paulo de Barros Carvalho

“... ramo do direito que se ocupa das relações entrefisco e as pessoas sujeitas a imposições tributáriasde qualquer espécie, limitando o poder de tributar eprotegendo o cidadão contra os abusos desse poder.

Hugo de Brito Machado

2.Direito Tributário

Atividade Financeira do Estado

Atividade Financeira do Estado

▣ Para a realização de suas atividades, o Estado necessita angariar recursosfinanceiros, como qualquer outra organização.

▣ Por isso, o Estado deve cuidar da obtenção, gestão e dispêndio dos aporteseconômicos necessários às suas atividades.

▣ A gerência desses recursos é regulada pelo Direito Financeiro,ramo do direito público encarregado do estudo e do regramento jurídico daatividade financeira estatal.

Atividade Financeira do Estado

Atividade Financeira

a) Receita → Obtenção de recursos patrimoniais

b) Gestão → Administração e conservação do patrimôniopúblico

c) Despesas → emprego dos recursos patrimoniais para arealização dos fins visados pelo Estado

Atividade Financeira do Estado

▣ Todo e qualquer dinheiro que ingressa nos cofres públicos, a qualquertítulo, será denominado entrada ou ingresso.

▣ Por outro lado, nem todo ingresso (ou receita) será uma receita pública.

▣ O ingresso é marcado pela característica da provisoriedade, enquanto areceita pública se reveste de definitividade.

Atividade Financeira do Estado (Ingresso e Receita Pública)

▣ Todo e qualquer dinheiro que ingressa nos cofres públicos, a qualquertítulo, será denominado entrada ou ingresso.

▣ Por outro lado, nem todo ingresso (ou receita) será uma receita pública.

▣ O ingresso é marcado pela característica da provisoriedade, enquanto areceita pública se reveste de definitividade.

▣ Os valores de ingresso entram nos cofres públicos com predestinaçãodeterminada de saída, não configurando receita nova.□ Ex.: caução ou fiança, depósito prévio, empréstimo compulsório, empréstimo

público, etc.

“... a entrada que, integrando-se no patrimôniopúblico sem quaisquer reservas, condições oucorrespondência no passivo, vem acrescer o seuvulto, como elemento novo e positivo.

Aliomar Baleeiro

Atividade Financeira do Estado (Receita Pública)

▣ A receita pública traduz o ingresso definitivo de bens e valores aos cofres públicos,ou seja, sem condição pré-estabelecida de saída.

▣ Interessa-nos a caracterização da atividade financeira estatal no que toca àobtenção das receitas públicas, as quais se dividem em receitas públicasextraordinárias e receitas públicas ordinárias.

Atividade Financeira do Estado (Receita Pública)

Características

Receita PúblicaExtraordinária

a) Situação excepcionalb) Caráter temporáriac) Ex.: imposto extraordinário de guerra (art. 154, II, da CRFB)

Receita Pública Ordinária

a) Regular e periódicab) Previsibilidade orçamentároac) Ex.: Imposto de renda (art. 153, III, da CRFB)

Atividade Financeira do Estado (Receita Pública)

▣ A receita pública ordinária, por sua vez, se dividem em originárias ouderivadas.

▣ Receita Pública Ordinária Originária□ Derivam da exploração do patrimônio estatal, sem utilização de qualquer prerrogativa de

soberania (poder de império), encontrando-se em posição de igualdade com oparticular.

□ “As rendas provenientes dos bens e empresas comerciais ou industriais do Estado que osexplora à semelhança de particulares, sem exercer os seus poderes de autoridade, nemimprimir coercitividade à exigência de pagamentos ou à utilização dos serviços que ojustificam, embora, não raro, os institua em monopólios.” (Aliomar Baleeiro)

Atividade Financeira do Estado (Receita Pública)

▣ Receita Pública Ordinária Originária□ A origem de tais receitas é um contrato, e não a soberania.□ Assim, as receitas públicas originárias serão, sempre, prestações não tributárias.□ Ex.: receitas de aluguéis de bens públicos, venda de produtos/serviços

produzidos/prestados por empresas públicas ou entidades de economia mista,tarifas de entidades prestacionistas, multas contratuais e doações recebidas deempresa estatal lucrativa.

Atividade Financeira do Estado (Receita Pública)

▣ Receita Pública Ordinária Derivada□ Receitas que decorrem do poder de império (soberania) do Estado, na execução de

atividades que lhe são típicas.□ São, pois, rendimentos do setor público que decorrem do setor privado, por meio de

prestações pecuniárias compulsórias.

“... o direito de tributar do Estado decorre do seu poderde império pelo qual pode fazer ‘derivar’ para seuscofres uma parcela do patrimônio das pessoas sujeitasà sua jurisdição e que são chamadas receitas derivadasou tributos.

Ruy Barbosa Nogueira

Atividade Financeira do Estado (Receita Pública)

▣ O particular recolhe a receita derivada aos cofres do Estadonão por opção própria, mas por determinação legal.

▣ A origem da receita é a lei, e não o contrato.

▣ As receitas derivadas são, pois, obtidas de formacoercitiva pelo Estado, que não deixa opção ao particular a não ser adimplir aobrigação, sob pena das sanções cabíveis.□ Ex.: tributos, multas pecuniárias (administrativas e penais) e reparações de

guerra.

3.Direito Tributário

Objeto

Objeto do Direito Tributário

▣ O tributo, enquanto receita pública ordinária derivada.

4.Direito Tributário

Natureza

Natureza do Direito Tributário

▣ É ramo do Direito Público (regula relações entre o cidadão e o Estado).

▣ É direito obrigacional (cria obrigações entre Estado e contribuinte).

▣ É direito comum (fixa regras de caráter geral).

5.Direito TributárioAutonomia e Relação com Outros Ramos do Direito

Autonomia e Relações do Direito Tributário

▣ O Direito Tributário é autônomo em relação aos outros ramos do Direito,embora com eles mantenha relações com o Direito Constitucional,Financeiro, Administrativo, Penal, Processual, Internacional Público e Civil.

▣ Direito Constitucional□ Possuem estreita relação, já que a Constituição prevê em seu texto limitações ao

poder de tributar, o estabelecimento de preceitos específicos de certos impostos,as discriminações das rendas tributárias, as espécies de tributos, entre outrasgeneralidades constitucionais da tributação.

Autonomia e Relações do Direito Tributário

▣ Direito Financeiro□ Ramos vizinhos do Direito.□ O Direito Financeiro é mais abrangente que o Direito Tributário, pois regula

toda a atividade financeira do Estado, enquanto este dedica-se apenas à receitatributária.

▣ Direito Administrativo□ Ligação no que toca ao funcionamento dos órgãos da Administração Pública e

quanto aos atos e procedimentos administrativo.

Autonomia e Relações do Direito Tributário

▣ Direito Penal□ Crimes tributários.

▣ Direito Processual□ A tributação, naturalmente, está sujeita a disputa judicial.

▣ Direito Internacional Público□ Estudo dos tratados e convenções internacionais, com o fito de inibir a

bitributação internacional, ao lado da inafastável necessidade de sistematizaçãodos impostos aduaneiros, perante suas implicações no plano econômico interno.

▣ Direito Civil□ Conceitos de propriedade, transmissão de bens, prestação de serviços, etc.

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