20
TÉCNOLOGIA INTUITIVA E BIO-ARQUITETURA Johan van Lengen BASON SANITÁRIO SECO

TIBÁ BASON (sanitario seco)

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TIBÁ BASON (sanitario seco)

TÉCNOLOGIA INTUITIVA E BIO-ARQUITETURA

Johan van Lengen

BASONSANITÁRIO SECO

Page 2: TIBÁ BASON (sanitario seco)

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

A orientação da pesquisa que resultou no atual modelo do bason, emcuja fabricação a comunidade pode ser amplamente envolvida, atendeuà compreensão de Johan van Lengen, de que a questão do saneamento,constante nas áreas mais carentes de integração cultural e econômica,deve ser encaminhada de forma coletiva, servindo assim como elo naconstrução do tecido social.

O bason para nós é instrumento de um trabalho educacional maisamplo para a cidadania a onde se incluem, além das questõesambientais mais prementes, a construção da saúde social como umtodo. Não deve ser considerado peça isolada deste elenco. Acreditamosque a ilusão projetada em soluções puramente “tecnológicas” (inclusiveas alternativas) só contribui para alienar, cada vez mais, a possibilidadeefetiva de construção comum de horizontes de identidade mais dignose co-responsáveis.

Um outro fator é que quando se constrói um bason por esta via, adquire-se domínio de todas as possibilidades criativas do ferrocimento, o quepode resultar em pias, tanques, banheiras, caixas-d'água, silos, telhas,manilhas e assim por diante. A criatividade é naturalmente estimulada,e para nós liberdade e criatividade se conjugam com o mesmo espírito.

Por tudo isto, recomendamos que os programas de implantação dosistema bason estejam atentos e sensíveis à efetiva participaçãocriativa da toda a comunidade, visto que a consciência ambiental é umaconstrução ética e coletiva com desdobramentos poderosos noconjunto das relações humanas.

1

Copyright 2004 de Johan van lengenNenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida porqualquer meio, sem autorização prévia por escrito de seu autor.

ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICE

INTRODUÇÃO 1

PRODUÇÃO 5

INSTALAÇÃO 15

MANUTENÇÃO 18

BOLETIM 22

FOTOS 24

Page 3: TIBÁ BASON (sanitario seco)

COMO FUNCIONA UM BASONCOMO FUNCIONA UM BASONCOMO FUNCIONA UM BASONCOMO FUNCIONA UM BASONCOMO FUNCIONA UM BASON

A câmara de compostagem fica sob o assento e recebe todo o lixoorgânico doméstico, dejetos humanos (fezes e urina) e materialorgânico adicional como folhas secas, papel higiênico, serragem ougrama cortada.

O processo de compostagem aeróbica exige constante aeraçãopara a nutrição dos micro-organismos e bactérias. Para isto o abason dispõe de sistema de aeração que se constitui de uma redede ventilação e de uma manivela para expor as camadas internas damassa de composto à presença do ar. Esta rede de ventilação seencarrega também da exaustão dos gases e da umidade liberadospelo processo de compostagem.

Os odores desprendidos pelo bason são discretos e completamentediferentes do mau-cheiro que caracteriza os processos decompostagem "líquidos" como o das fossas ou das "casinhas", quetem forte desprendimento de sulfetos.

O bason deriva do sanitário seco clivus multrum criado em 1939 naSuécia por R. Lindstrom. Sua invenção foi registrada posteriormentenos Estados Unidos aonde iniciou-se a produção industrial usando-seem sua fabricação a fibra-de-vidro. É adotado nos parques nacionais,em casas-de-campo e em regiões de difícil acesso.

Pela análise da Organização Mundial de Saúde, este sistema destacava-se por sua grande eficiência e absoluta proteção ambiental. Suarecomendação para emprego nos países em desenvolvimento eradesaconselhada, no entanto, pelo alto custo de sua produção industrial.

Nos anos setenta, um arquiteto latino americano, Álvaro Ortega,desenvolveu uma versão artesanal em alvenaria para autoconstruçãoe de baixo custo. Esta versão foi adotada, com sucesso, pelo governoMexicano em um programa nacional de saneamento a partir de 1984.

HISTÓRICOHISTÓRICOHISTÓRICOHISTÓRICOHISTÓRICO

3

APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO

O bason é um sistema sanitário de tratamento a seco dos dejetosorgânicos domésticos, os humanos inclusive. É uma alternativaeficiente e de baixo custo para a solução dos problemas desaneamento básico.

O processo biológico empregado é o da compostagem aeróbica, ondena presença do ar, bactérias e microorganismos transformam osdejetos em matéria orgânica estabilizada, própria para ser usada comoadubo. Este sistema é idêntico ao que se usa em agricultura para afabricação de composto.

A compostagem aeróbica se dá a seco, eliminando-se assim oA compostagem aeróbica se dá a seco, eliminando-se assim oA compostagem aeróbica se dá a seco, eliminando-se assim oA compostagem aeróbica se dá a seco, eliminando-se assim oA compostagem aeróbica se dá a seco, eliminando-se assim oconsumo de metade da água potável doméstica, que é quantoconsumo de metade da água potável doméstica, que é quantoconsumo de metade da água potável doméstica, que é quantoconsumo de metade da água potável doméstica, que é quantoconsumo de metade da água potável doméstica, que é quantoconsomem os sistemas convencionais de descarga líquida.consomem os sistemas convencionais de descarga líquida.consomem os sistemas convencionais de descarga líquida.consomem os sistemas convencionais de descarga líquida.consomem os sistemas convencionais de descarga líquida.

Os sistemas convencionais implicam ainda em redes de esgoto eestações de tratamento ou em uma escala menor em fossas esumidouros. Acrescente-se a isto a não absorção do lixo orgânicodoméstico, o que aumenta o volume da coleta por parte domunicípio.Tudo isto se economiza quando se usa um bason.

E finalmente, por ser o bason uma câmara completamenteimpermeável, interrompe-se por completo a progressão de vetorespatogênicos que empregam a água como veículo, eliminando-seassim a contaminação do solo, lençóis d'água, rios, lagos e oceanos.

Os vetores patogênicos encontram no interior do bason condiçõesextremamente desfavoráveis a seu desenvolvimento e são aindaatacados e consumidos pela população extremamente ativa demicroorganismos envolvidos nos processos de decomposição

2

Page 4: TIBÁ BASON (sanitario seco)

5

1 placa de madeirit (eucatex) 120 X 240, espessura 6mm1 saco de cimento 50kgareia meia-fina 100kg1 vergalhão (3/8 de polegada) de 2 metroscompensada (meia placa) espessura 1cmassento plástico de vaso (com tampa)1 tubo plastico de 100mm (de 3 metros)joelho de 100mm1 chapéu de zinco (para o tubo)tela de mosquiteira (pedaço de 50 x 50 cms)arame de cerca (queimado) 5 metros

MATERIAISMATERIAISMATERIAISMATERIAISMATERIAISO sistema bason vem sendo empregado e difundido no Brasil peloArquiteto Johan van Lengen e seu equipe do TIBÁ desde 1987.

Paralelamente a esta difusão, desenvolveu-se pesquisa que culminouem processos de pré-fabricação em argamassa armada, diminuindo ocusto em relação ao modelo de bason feito com tijolos.

Para se criar um bason necessitamos respeitar algumas característicasbásicas, como a forma (volume), a impermeabilização, o ângulo darampa de fundo(30 graus), as telas de proteção contra insetos e umsistema de aeração e ventilação como indicados nas páginas seguintes.

Quanto aos materiais e aos processos construtivos podemos ter bastanteliberdade desde que atendam as exigências citadas acima.

O presente manual trata da construção de basons a partir de umprocesso artesanal de pré-fabricação baseado na técnica da argamassaarmada.

Esta técnica emprega cimento, areia e tela, para a construção de"cascas" estruturais que são sempre de fácil modelagem e que deacordo com a imaginação e a necessidade, como citado anteriormente,se transformam em variados utensílios.

Somados portanto neste manual, encontramos os elementos quecaracterizam um sistema bason e a sua feitura a partir do método daargamassa armada, sua instalação, manutenção e em anexo umpequeno esquema sugestivo para a montagem de uma fábricacomunitária.

TÉCNICASTÉCNICASTÉCNICASTÉCNICASTÉCNICAS

4

Page 5: TIBÁ BASON (sanitario seco)

BASON PRÉ- FABRICADOBASON PRÉ- FABRICADOBASON PRÉ- FABRICADOBASON PRÉ- FABRICADOBASON PRÉ- FABRICADO

Para montar este tipo debason é preciso fazernove placas, com asseguintes dimensões:

Nas peças do tipo ccccc, coloca-se um pedacinho de tubo de meia polegadapara receber a manivela.

Na peça bbbbb, que será o assento, usar duas placas de compensado de1/2 cm em forma oval para a abertura.

Na peça d d d d d, da mesma forma, deixa-se uma abertura circular de 10 cmde diâmetro e uma fresta de 1x 15 cm.

Na peça f f f f f, deixa-se uma abertura de 30 x 40 cm, com uma borda externade 2 cm.

Para fazer os moldes das placas usamos ripas de 1/2 cm de espessura,esticadas no chão ou pregadas numa placa de compensado.

Com 4 destas, ripas de 8 cm de largura e 1/2 de espessura moldam-setodas as placas, menos a aaaaa.

eeeeeccccc fffffdddddbbbbbaaaaa

ggggg

1515151515

70707070 70

75757575 75 55555555 55 60606060 6070707070 70

7070707070 7070707070 6868686868 7070707070 7070707070

50505050 50

5050505050

5050505050 50505050 50

7070707070

2X2X2X2X2X 2X2X2X2X2X

102102102102102

70707070 70

5252525252

5555555555

aaaaabbbbb

ccccc

eeeee

ccccc aaaaaddddd

ggggg

fffff

7

A mistura está certaquando, ao se abrir amão, o bolo mantém aforma.

Para testar se a mistura está certa, pega-se um punhado com amão e se aperta. Se sair água por entre os dedos é que está molhadademais. Se ao abrir a mão o bolo se desfaz, quer dizer que tem quecolocar um pouco mais de água.

A massa é feita de uma parte de cimento e duas de areia fina,peneirada. Acrescenta-se a água com muito cuidado para que nãopasse do ponto pois a massa deve estar quase seca. O método maiscomum é fazer furos bem finos no fundo de uma lata conseguindo-seassim um chuveiro ralo.

PREPARAÇÃO DA MASSA PREPARAÇÃO DA MASSA PREPARAÇÃO DA MASSA PREPARAÇÃO DA MASSA PREPARAÇÃO DA MASSA

6

Page 6: TIBÁ BASON (sanitario seco)

A MONTAGEM DO BASONA MONTAGEM DO BASONA MONTAGEM DO BASONA MONTAGEM DO BASONA MONTAGEM DO BASON

Fechar com a outra placa aaaaa e unir com massa, do lado de fora e dedentro. Deve-se deixar secar pelo menos 1 semana, e só então colocaro bason de pé e por mais massa nas outras juntas.

Depois dobra-se as abas do plástico e aplica-se massa nas juntas,deixando uma nervura.

Observar durante a montagem, que uma peça ccccc tem abertura para cimae a outra , para baixo.

Começa-se com uma peça do tipo aaaaa no chão, e a partir dela pode-sefixar as outras placas, partindo da placa ddddd. Junta-se as placasamarrando os arames das quinas.

9

Cobrir com um pedaço de saco plástico ( do tipo usado paratransporte de frutas e verduras) . As fibras do saco devem permitira passagem da massa. Deixar uma sobra de 3 cm de plástico,formando abas para fora das tiras. Colocar arames dobrados emforma de "U" nos cantos.

33333

Encher com massa decimento e areia naproporção 1:2, formandouma camada de apenas1/2 cm.

Preparar moldes sobresuperfície plana e fixarcom pequenas estacas

tamanho realdas fibras dosaco.

Colocar um outro moldedo mesmo tamanhosobre o primeiro e enchercom mais 1/2 cm demassa.

Após 10 minutos, retirar com cuidado as estacas e as tiras de madeira.Deixar secar por 1 semana, protegido do sol. Nos primeiros dias, molharde vez em quando.

arame

A placa a a a a a cabe num quadrado de 102cm. Esta é uma medida para umtamanho básico. Pode-se aumentar o volume: por exemplo, aumentandoa largura do bason de 70 para 100 em todas as placas com exceção daplca a.a.a.a.a.

11111

44444

22222

8

Page 7: TIBÁ BASON (sanitario seco)

c

c

Podemos construir a manivela a partir de um pedaço de dois metros devergalhão liso, de 3/8 de polegada, que se dobra da seguinte maneiracom o auxílio de pregos fixados em uma tábua.

A manivela gira apoiada dentro dosdois berços v fixados nas placas c.

Passando um pedaço de vergalhãopela abertura da peça d pode-sealinhar a posição dos buracos poronde deve ser colocado o tubo querecebe a manivela.

d

50

30

40

50

11

MANIVELAMANIVELAMANIVELAMANIVELAMANIVELA

Serramos uma de suas pontas deixando umapequena língua saliente que é então dobradafechando a extremidade do tubo. Isto impedeque a ponta da manivela perfure o cimento. Esteberço é cimentado na parede da subcâmara doassento sendo o seu eixo alinhado com o dasduas luvas das divisórias.

O berço onde se encaixa a ponta da manivela pode ser feito com umpedaço de cinco centímetros do mesmo tubo de ferro usado para fazeros mancais.

A ação da manivela é criar espaços, câmaras de ar no meio da massado composto, realimentando a atividade dos microorganismos.Recomendamos que isto seja feito a cada três dias e nunca antes disto.Bastam poucos movimentos de vaivém a cada vez.

Os microorganismos responsáveis pela decomposição aeróbica nointerior da câmara do bason, necessitam do oxigênio do ar para suaatividade.

A manivela é o mecanismo utilizado para reoxigenar o material que seencontra abaixo da superfície .

10

Page 8: TIBÁ BASON (sanitario seco)

O chapéu do tubo de ventilação pode ser feito deuma lâmina de metal, de onde cortamos um círculocom 20 cm de diâmetro .

Cortamos o círculo até o centro e dobramos comoindicado no desenho, encaixando depois as duasdobras formando o chapéu.

Na parte de baixo deste chapéu pregamos duaslâminas compridas que se dobram de forma apoderem se encaixar nas bordas do anel de vedação,como se vê no desenho.

Este anel também é feito de lâmina metálica (lata) eé colocado externamente fixando a tela mosquiteiraque envolve a boca do tubo. Protege-se assim obason contra a chuva e contra os insetos.

A altura da borda do chapéu em relação à boca dotubo é de uma polegada, permitindo a passagem doar mas protegendo das chuvas de vento.

Todas as peças construídas com lâmina metálicadevem ser pintadas a óleo para que não enferrugem.

A subcâmara de adubo se localiza na parte baixa da rampa e nela seacumula o material já transformado em composto. Periodicamenterecolhe-se este material esvaziando-se a subcâmara. Estimamos quepara o atual modelo do bason isto se dê a cada três meses

TAMPATAMPATAMPATAMPATAMPA

13

Pode-se usar um assento de plástico comprado em loja.

Neste caso deve-se verificar que a tampa feche bem justa contra oassento para evitar a entrada de insetos por baixo dela.

ASSENTOASSENTOASSENTOASSENTOASSENTO

Para fixar o assento se põe um pouco de mistura de cimento/areia emvolta da abertura e se pressiona o assento na massa, com cuidado paraque não fiquem ranhuras por onde entrariam insetos.

A tampa do assento do basondeve estar sempre fechada.

O tubo deve ter dez centímetros de diâmetro e tem que sair mais alto queo telhado pelo menos um metro. Esta parte externa do tubo é entãopintada de preto para que absorva energia solar e aqueça assim o ar emseu interior. O ar aquecido fica mais leve e sobe provocando umacorrente através do bason. Assim se faz a exaustão.

TUBO DE VENTILAÇÃOTUBO DE VENTILAÇÃOTUBO DE VENTILAÇÃOTUBO DE VENTILAÇÃOTUBO DE VENTILAÇÃO

Podemos também construir um assento de madeira juntando-se umastábuas.

Para um ajuste perfeito entre a tampa e o assento, pregamos na tampauma mangueira fina fazendo um círculo completo. Esta mangueirafunciona como um anel de vedação.

A regulagem das dobradiças entre a tampa e o assento garante umapressão uniforme sobre o anel.

12

Page 9: TIBÁ BASON (sanitario seco)

INSTALAÇÃOINSTALAÇÃOINSTALAÇÃOINSTALAÇÃOINSTALAÇÃO

Em zonas rurais, onde comumente osbanheiros se localizam fora da casa,deve-se evitar a proximidade do poço.

E também, se o lençol d`água for muito àflor da terra, deve-se construir o basonelevado do chão.

Prevenimos assim possíveis infiltraçõesque alterariam o processo decompostagem no interior da câmara..

Quando construímos a casa e o bason namesma ocasião, este se localiza dentrodo banheiro ficando para fora a parte dasubcâmara de adubo. Esta fica enterradasó até a dez centímetros do topo da câmarade adubo

Em casas já construídas localiza-se obason pelo lado de fora colado à parededo banheiro.

Em terrenos inclinados evita-se o lado da casa que dá para a subida doterreno pois quando chove, este lado transforma-se em uma calhanatural, acumulando muita água que desce contra a parede da casa oque aumenta o risco de infiltração no bason..

Localiza-se o bason de tal maneira que a parte de cima do tubo, quepintamos de preto, não fique sombreada por árvores ou casas vizinhas.

15

entrada de ar

A subcâmara de adubo deve ter umatampa móvel que atenda a todos oscuidados de vedação contra insetos econtra água.

Recomendamos que seja construída emmadeira e depois de pronta pintada aóleo.

Nela encontra-se também a entrada de arque alimenta o sistema de ventilação dobason.

Esta peça em forma de u u u u u será a janela deventilação e aí fixaremos um pedaço detela mosquiteira.

Recortamos em um pedaço de placa decompensado ou madeirit (que é maisbarato) as peças nos formatos e nasmedidas indicadas no desenho.

As quatro peças menores formam umquadro que veste a borda saliente daabertura da subcâmara de adubo.

É bom conferirmos a medida final destaborda para que o quadro se ajustecorretamente. Se necessário corrigimosàs medidas do quadro da tampa para quetudo se ajuste.

O pedaço maior é a parte de cima queavança para adiante, por sobre o lado daentrada de ar para proteger da chuva.

No final pintamos a tampa com tinta óleopara completa proteção e resistência àchuva e umidade.

E na hora de colocar no lugar, lacramostoda a volta da base da tampa , para quenão entrem insetos.

4

4

8

8

28

4

8

42

34

as partes e suas dimensões

14

Page 10: TIBÁ BASON (sanitario seco)

Uma vez assentado o bason, sobre o leito da escavação, e ajustado oângulo da rampa do fundo e o prumo do centro do assento, aterramosem toda a volta (inclusive pelo lado de dentro da fundação) até o nívelda metade da altura da câmara de adubo.

Na localização da abertura para a saída do tubode ventilação deve-se considerar o movimentode abrir e fechar da tampa do assento queescolhermos. A subida do tubo não deve interferircom este movimento. Um outro detalhe importanteé que o tubo deve subir diretamente sem o uso deconexões como joelhos que tirariam a suaeficiência.

Quando paredes e teto estiverem prontos, poderemos instalar o tubode ventilação e colocar o assento. É hora também de se colocar atampa da subcâmara de adubo.

A abertura para a colocação do tubo de ventilação deve estar na partemais alta da câmara. O tubo penetra somente o necessário para a suafixação, não atravessando para o interior da câmara. Esta medidapermite o completo escoamento dos gases e vapores presentes noprocesso de compostagem.

17

CONSTRUÇÃOCONSTRUÇÃOCONSTRUÇÃOCONSTRUÇÃOCONSTRUÇÃO

A parte de cima da câmara, aonde se localizam as aberturas para oassento e para o tubo de ventilação, deve estar no mesmo nível do pisoacabado do banheiro.

Para o assento, constrói-se uma manilha que tenha a altura de 40centímetros, que é a altura padrão para um vaso convencional.

Esta manilha ou gola do assento pode ser facilmente modelada usando-se como forma um balde de plástico que tenha a altura necessária.

Mantida esta relação entre os níveis, estamos livres para instalar umbason em qualquer pavimento. Para tanto devemos atender asrecomendações anteriores quanto a exposição ao sol da parte externado tubo, e também possibilitar o acesso à tampa da câmara de adubo.

Quando a habitação é térrea, oterreno é plano e o nível do lençold`água estiver abaixo de doismetros nos meses de chuva,podemos instalar o basonenterrado sob o banheiro. Nestelugar deixa-se uma abertura nafundação, onde se cava um buracopara receber a câmara já moldada.

Colocamos aí primeiro a parte de baixo sobre terreno firme ou sobreuma base de pedras no fundo da escavação. As dimensões destaescavação correspondem às dimensões da câmara montada e ainclinação de seu leito corresponde a do fundo da câmara que é de 30graus.

Muito importante lembrar que a câmara só pode ser aterrada até àmetade da altura da câmara de adubo. Isto previne a entrada de águade enxurrada, pela abertura da tela de ventilação.

16

Page 11: TIBÁ BASON (sanitario seco)

Finalmente verificamos se a camada de base feita de folhas, humus,palhas e serragem grossa está com a espessura correta ( 30centímetros) e pronta para o funcionamento.

A tampa do assento deve estar sempre fechada.

Quando fica aberta o sistema de circulação de ar fica alterado trazendogases e vapores para dentro do banheiro e retardando a desidrataçãodo material.

Todas as sobras orgânicas da cozinha podem ser lançadas no bason.Isto inclui também cascas de ovos,de frutas, de verduras, ossos oupapel. Devemos cuidar apenas de escorrer a água quando estiveremmolhadas, antes de lançá-las na câmara.

Quando o volume do lixo orgânico doméstico for reduzido, devemoslançar no interior da câmara, sempre através da abertura do assento,grama cortada, serragem grossa ou folhas secas partidas. A quantidadede matéria orgânica por pessoa/dia a ser lançada na câmara é de doispunhados bem cheios.

Não se joga plásticos, vidros, latas, detergentes ou remédios poiscausam alteração no processo de compostagem.

De três em três dias fazemos um movimento de vaivém com amanivela.

De três em três meses esvazia-se asubcâmara de adubo lançando na horta, nojardim ou no pomar o material retirado.A cada pessoa lhe corresponde um baldede adubo produzido por ano com estesistema.

19

MANUTENÇÃOMANUTENÇÃOMANUTENÇÃOMANUTENÇÃOMANUTENÇÃO

VENTILAÇÃO

A parte alta do tubo de ventilação está pintada de preto eexposta ao sol?

O tubo sobe sem desvios ou joelhos, saindo da parte maisalta da câmara e penetrando nesta apenas o necessáriopara a fixação?

Caso esteja subindo pelo lado de fora da casa, a suaconexão está bem vedada contra a chuva?

O chapéu que cobre o topo está bem seguro contra ventosfortes?

ÁGUA

A drenagem da casa passa próxima ao bason causandoo risco de águas paradas contra suas paredes?

As águas do banheiro (chuveiro, pia) estão à umadistância segura para que não respinguem ou penetremna câmara?

A conexão do tubo quando saindo por dentro do banheiroestá bem vedada contra águas?

Verificamos primeiro se a instalação foi bem feita:

A tela mosquiteira está bem justa na entrada de ar e nasaída do tubo de ventilação?

Quando se fecha a tampa do assento esta ficaperfeitamente vedada de maneira a não passar insetos?

INSETOS

18

Page 12: TIBÁ BASON (sanitario seco)

Uma outra lâmpada, (colocada no interior do tubo de exaustão) ajudaa subida do ar. Para isto devemos ter uma visita na parede do tubo, demodo a possibilitar a manutenção. Esta visita deve ter uma vedaçãoperfeita. A subida do ar pode ser também ajudada por uma pequenaventoinha colocada no interior do tubo, tendo acesso pela mesmavisita que a lâmpada. Esta ventoinha pode inclusive ser alimentadapor um pequeno painel solar fotovoltáico.

Quanto à aeração, uma excelente opção adicional é o uso deminhocas, que podem e devem tranquilamente ser colocadas no bason.

Quando um número expressivo de moradores de uma comunidadecompreende os benefícios do sistema bason e decide adotá-locoletivamente, pode-se pensar na instalação de uma pequena fábricacooperativa. O custo para os cooperados participantes evidentementeficaria mínimo.

Como cabe ao poder público a infraestrutura de saneamento básico ecomo no sistema bason este custo cai a zero, podemos naturalmenteconsiderar a possibilidade de parceria por parte do poder público eminiciativas semelhantes, pois estaria assim cumprindo o seu papel e aum custo muitas vezes mais baixo do que com os sistemasconvencionais.

Esta fábrica cooperativa também poderia atender à demanda de outrascomunidades. Isto geraria empregos e recursos, além de viabilizarfisicamente a multiplicação imediata da adoção do sistema bason emmais comunidades, trazendo junto o positivo impacto social e ambiental.

Para começar devemos ter algumas pessoas iniciadas na técnicaargamassa armada. Estes serão instrutores dos futuros participantescooperados. Como espaço físico, um galpão com uma pequena áreafechada para guarda de ferramentas e materiais.

Uma tal fábrica poderia também facilmente produzir caixas-d'águabanheiras, tanques de lavar, pias e toda a gama de artefatos possíveisde serem feitos com o ferrocimento.

21

OPÇÕES

O aquecimento do ar também pode ser conseguido através de umcoletor solar. Este é um aparato, construído de tal forma, que força apassagem do ar por sobre uma superfície escura que se expõe ao sol.Desta forma o ar é aquecido, podendo então ser canalizado, comono exemplo anterior, para a entrada de ar da câmara.

Este processo de aquecimento do ar tem que ser controlado, paraque não seque por completo a umidade do composto, o que tambéminterromperia significativamente a atividade biológica. Entretanto, emcondições de excesso de líquido, via urina ou umidade extrema,podemos extender este tempo de aquecimento e secagem.

Para aquecermos o ar que entra, podemos forçar sua passagematravés de um tubo que tenha uma lâmpada no meio. A distânciaentre a lâmpada e as paredes do tubo deve ser a mínima possível,para que o ar se aqueça. Este então é canalizado para a entrada de arda tampa da subcâmara de adubo.

Para que não se perca o calor, todo este sistema deve ser isolado.Isto pode ser feito colocando-se o tubo dentro de uma caixa eenvolvendo todas as partes com papel amassado. A entrada destetubo deve ter uma tela mosquiteira. Temos que cuidar para que nãohaja superaquecimento, com risco de incêndio.

Além da oxigenação, a temperatura do ar ambiente influi diretamentena capacidade de processamento do bason . Assim, em condiçõesextremas de frio e umidade, quando a atividade biológica é reduzida,podemos aquecer a câmara através do ar que circula em seu interior,reequilibrando o processo.

Isto também vale para as situações em que o tubo de exaustão sesitua em uma zona de sombra constante.

Tratamos até agora de detalhar desde o equipamento mínimonecessário ao funcionamento de um bason, em condições normais detemperatura e umidade. Para condições extremas devemos ter maisalgumas opções.

20

Page 13: TIBÁ BASON (sanitario seco)

A ESCASSEZ PROGRESSIVA DA ÁGUA

Graças à contaminação do subsolo, ao uso intensivo depastagens e à salinização do solo, regiões cada vezmais extensas de nossa planeta, tornam-se desérticas.A água torna-se progressivamente escassa, exigindoque se vençam distâncias sempre maiores no esforçode se trazer água potável às habitações.

Poderemos sempre aumentar as taxas sobre o consumoe mesmo perfurar poços profundos, destilar água domar ou ainda, transportar “icebergs” desde os polos.Entretanto, torna-se evidente o custo excessivo de tais“alternativas”.

Talvez devamos reconsiderar a maneira como usamosa água em nossos dias. Como nos mostram as tabelaso consumo diário por pessoa é de 240 litros, sendo quedeste total, 40 a 50 % estão destinados ao uso emesgotos sanitários, ou seja, como transporte de dejetoshumanos, a partir do sistema convencional de descargalíquida.

Após tanto investimento para canalizar, purificar,distribuir, nós empregamos quase metade de toda aágua potável, que trazemos a nossas habitações, comoesgoto sanitário, devolvendo à natureza, em seguida,esta mesma água, sob a forma de contaminação, paralençóis dágua, rios, lagos e oceanos.

A OUTRA MANEIRA

Os altos índices de contaminação dos lençóis dágua naSuécia, nos anos 30, levaram um engenheiro local àcriação do sistema sanitário seco chamado “clivusmultrum”. Este sistema, em uma versão pré-fabricadaem fibra-de-vidro, vem sendo usado desde os anos 60em países industrializados do hemisfério norte.Durante os dez últimos anos, uma versão “artesanal”,em alvenaria, denominada “bason”, tornou o sistemaaccessível, às muitas comunidades rurais mexicanas,por intermédio de um programa de saneamentopromovido pelo govemo e que usava folhetos e cartazesdidáticos como meio de comunicação com os “arquitetosdescalços”.Este mesmo sistema, vem sendo difundido no Brasil,desde 1987 pela equipe do Instituto TIBÁ. Paralelamentea esta difusão desenvolveu-se uma pesquisa queculminou no desenvolvimento de um processo de pré-fabricação, em plasto-cimento (cimento, areia e telaplástica), barateando mais ainda o seu custo.O bason, em alvenaria custava já um terço apenas dosistema convencional (sanitário + fossa + sumidouro).

Será esta a forma mais inteligente de lidarmos como problema?

O sistema anterior, em alvenaria, facilitava a soluçãoindividual imediata do problema. No sistema atual,através da pré-fabricação, a comunidade se vêamplamente envolvida. A escolha da pré-fabricação,como partido da pesquisa, atendeu à compreensão,pela equipe do Instituto, de que a questão do saneamento,nas áreas mais carentes de integração cultural eeconômica, deve ser encaminhada de forma coletiva eservir ainda como elo na construção de um tecido socialco-responsável.

23

BOLETIM

“BASON”SANITÁRIO SECO

TECNOLOGIA INTUITIVAE BIO-ARQUITETURA

Page 14: TIBÁ BASON (sanitario seco)

água água águalitros / pessoa / dia pura negra cínza (recicláveis)

sanitário 110 110 0

chuveiro 70 0 70

pía 7 0 7

cozinhar 15 0 15

louças 12 0 12

lavar roupas 26 0 26

total em litros 240 110 130

SISTEMA BASON INTEGRADO ÀFILTRAGEM DAS ÁGUAS SERVIDAS

Como vemos, o bason elimina o desperdício de águaem esgoto sanitário, as chamadas águas negras. Paraas águas servidas, águas cinzas, que saem de pias,tanques, chuveiros, etc, desde que não transportemsubstâncias danosas à saúde, pode ser instalado umsistema de filtragem feito com brita e areia. Após afiitragem, estas águas podem ser re-utilizadas emlimpeza, irrigação ou então ser liberadas de volta aoambiente, pois já não causarão mais danos.

VANTAGENS DO SISTEMA COMBINADO

Em primeiro lugar, dá-se uma grande redução no uso deágua potável, quase metade, o que significa, umaeconomia considerável para a municipalidade, eminstalação, distribuição e manutenção do sistema deabastecimento.Em segundo lugar, as águas servidas podendo serfiltradas, já não se tornam veículos de contaminaçãoambiental, sendo reutilizáveis para limpeza ou irrigação.Por último, elimina-se a necessidade de uma rede deesgoto sanitário e mais estações de tratamento.

Este Boletim integra um conjunto de informações sobremétodos alternativos adequados à vida cotidiana.Para maiores informações, dirija-se a:

O sistema de ventilação converge para uma chaminépor onde se faz a exaustão de odores e umidade.Conforme a situação do bason dentro da habitação, achaminé em seu caminho para cima, ou atravessa o tetoou sobe pelo lado de fora da casa. Sua parte mais altaé pintada de negro e, quando exposta aos raios solares,naturalmente se aquece, o que provoca uma correntede ar quente ascendente dentro do tubo o que ajuda emmuito a aeração e a exaustão.

COLOCAÇÃO DO SANITÁRIODENTRO DA CASA

O bason pode ser integrado às instalações comuns deum banheiro, com o cuidado de não estar exposto aosrespingos do chuveiro, evitando-se assim que a águapenetre danificando a compostagem. Em caso decontato com o piso da área de banho, este piso tem queestar perfeitamente impermeabilizado, bem como asparedes do bason e especialmente aquelas maisexpostas a uma possível infiltração provocada peloescoamento das águas.

USO DE ÁGUA

TIBÁTECNOLOGIA INTUITIVA E BIO - ARQUITETURARua Ingles de Souza 296 - 101 Jardim Botanico

CEP 22460-110 Rio de Janeiro - RJ - Brasiltel/fax: (21) 2274-1762

[email protected]

22Acreditamos que esta questão, com suas necessáriasimplicações educativas, passa sempre pela qualidadedas relações de identidade existentes entre indivíduos,comunidades e meio ambiente.

COMO FUNCIONA O BASON

O princípio de funcionamento deste sanitário seco é omesmo da compostagem, usada em agricultura, aondeos dejetos animais são misturados ao lixo orgânico,sendo então decompostos por bactérias aeróbicas quetrabalham transformando toda a mistura em adubo.No bason, a câmara de compostagem fica sob o assento.Esta câmara é completamente impermeável em todasua volta.Para uma família típica, o volume da câmara mínimo éde 1,5 m3. Para escolas ou lugares públicos, estasdimensões são aumentadas.O material decomposto, após certo período de tempo,apresenta redução de 90% em seu volume total. Assimapenas periodicamente, uma ou duas vezes ao ano, seesvazia o compartimento inferior do bason podendoseu conteúdo ser incorporado ao solo pois já estátransformado em adubo, e de excelente qualidade!Para maior oxigenação do composto, o bason dispõe desistema de aeração e ventilação protegido contra insetos,através de tela mosquiteira, em sua entrada e saída. Osistema de aeração compõe-se de vias por onde o arcircula, através da mistura, contribuindo assim paraestimular a ação natural das bactérias.

Page 15: TIBÁ BASON (sanitario seco)

24

Page 16: TIBÁ BASON (sanitario seco)

25

Page 17: TIBÁ BASON (sanitario seco)

26

Page 18: TIBÁ BASON (sanitario seco)

27

Page 19: TIBÁ BASON (sanitario seco)

28

Page 20: TIBÁ BASON (sanitario seco)

TIBÁ é um lugar de encontros, criado em 1987 por Rose e Johan van Lengen, evoltado para a realização de uma consciência ambiental mais plena.

Através da integração entre arte e ciência, intuição e lógica, razão e sentimento, acomunicação será enriquecida. A cada individuo se dá a possibilidade de trocar suasprópias experiências, de fazer parte de um coletivo verdadeiro, usando comunicação ecriatividade em grupo.

O TIBÁ oferece assessoria em toda a extensão de seus programas, atendendocomunidades e organizações, por exemplo, nas áreas de bio-arquitetura e noplanejamento de eco-pousadas. Mantém ainda convênios e intercâmbios cominstituições, grupos e pessoas direcionadas para os mesmos fins.

Pesquisamos e desenvolvemos protótipos de moradias. Também produzimos materiaisdidáticos, na forma de cartazes, vídeos, jogos, boletins, manuais e livros.

Nossa equipe está disponível para realizar oficinas de trabalho e cursos fora do Tibá.Já apresentam seminários em outros países da América Latina, Europa e na Índia.

TECNOLOGIA INTUITIVA E BIO - ARQUITETURA

Rua Ingles de Souza 296 - 101 Jardim BotanicoCEP 22460-110 Rio de Janeiro - RJ - Brasil

tel/fax: (21) 2274-1762

[email protected]

www.tibarose.comwww.tibarose.comwww.tibarose.comwww.tibarose.comwww.tibarose.com