Tinha Que Ser Você -Srp

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    secretária. Ele era um chefe atencioso, dedicado e

    paciente. Nunca se negava a explicar qualquer coisa e

    tinha o maior prazer em tirar-lhes as dúvidas.

      Ricardo era muito atraente. Na verdade extremamente

    atraente. Um advogado de prestígio, com trinta anos de

    idade, alto, moreno, cabelos castanhos claros, olhos

    castanhos inteligentes, nariz perfeito e uma boca sensual.

      Raquel começou a perceber os olhares intensos de

    Ricardo. Ele passou então a convidá-la para sair. Viviainsistindo, mas Raquel não queria se envolver com ele.

     Um dos motivos era que sempre atendia telefonemas de

    mulheres que o procuravam e isso a incomodava. Não

    queria ser mais uma, na grande lista dele.

     Raquel não sabia o porquê da insistência dele em sair

    com ela. Parecia que ele tinha prazer em receber nãos.

     Já Henrique o irmão dele, desde que o conheceu, ele a

    atraiu. A imagem dele vivia perseguindo-a.

    Henrique sofreu um acidente que culminou na

    amputação de um braço, mas isso só fez com que ela se

    interessasse mais por ele. Henrique tinha uma áurea demistério e um magnetismo que a atraía.

    Um dia Raquel estava debruçada sobre uma pilha de

    fichas datilografadas na sua pequena sala, mostrava-se

    completamente alheia aos encantos de Ricardo. Foi só

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    quando ele apareceu e acendeu as luzes que ela notou que

    a sala estava envolta na penumbra.

      Levantou o rosto perfeito e delicado e sorriumeigamente para ele.

      — Obrigada, Ricardo — falou esticando os braços para

    relaxar. — Já estava difícil distinguir as letras...

      Ricardo Bellinazo retribuiu o sorriso.

     — Já está tarde. Por que você não aceita jantar comigo? Raquel fechou a pasta, deixando-a de lado.

     — Desculpe-me, Ricardo. Ninguém melhor do que você

    sabe que ainda não quero me envolver com ninguém por

    enquanto. O trabalho me absorve, foi difícil lidar com a

    morte do meu noivo.

     — Tudo bem, não se preocupe. Eu sou paciente. — 

    Ricardo respondeu, alcançando a xícara de café sobre a

    mesa. — Preciso saber se eu tenho chances de um dia

     você sair comigo? Quando você passar por essa fase de

    luto. — Tomou um gole daquele líquido preto e quente. — 

     Ai! Eu queimei a língua.

      Raquel sorriu.

     — A máquina de café quebrou. Eu pedi para Elisabeth

    fazer agora há pouco.

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    suas palavras, ele olhou para Raquel. — Amanhã esteja

    cedo. Você aprontará os papéis para mim.

      Uma sombra escureceu o rosto de Henrique, quandoobservou o rosto assustado de Raquel. Pensativo, saiu da

    sala.

    Raquel suspirou impaciente, demonstrando que não

    gostava da ideia de trabalhar com Henrique.

      Ricardo tinha a imagem errada de que ela não gostava

    de Henrique, mas na verdade Henrique a atraía e ela se

    sentia intimidada com ele.

    Henrique parecia não gostar dela e isso muitas vezes a

    incomodava.

    Ricardo a olhou com frustração e seguiu o irmão.

    Capítulo II

      No dia seguinte Raquel chegou cedo ao escritório, no

    silêncio que dominava a sala, sentou-se à mesa de

    trabalho da antiga secretária de Henrique.

    Estava imersa em pensamentos fitando a papelada na

    mesa quando a porta de Henrique se abriu e Raquel se

    surpreendeu ao vê-lo tão cedo no escritório.

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    gratuitamente. E fiquei surpresa por você ter me

    chamado ao invés de Marisa.

      Os lábios de Henrique ensaiaram um sorriso:

      — Eu na verdade chamei Marisa. — Raquel ficou

     vermelha. — Mas ela está no meio de um processo. Estápesquisando alguns detalhes para mim de um caso que

    estou resolvendo e seria inviável ela parar tudo para me

    servir. — E quanto gostar ou desgostar de você. Você está

    equivocada. Eu não gosto ou desgosto de você. Nós

    estamos em um ambiente de trabalho. E precisamos agir

    com profissionalismo.

     Raquel suspirou. Os anos de experiência de trabalho

    tinham ensinado a ela manter-se calma nos momentos

    mais difíceis. Não queria bater de frente com ele.

     — Tudo bem. Você precisa de alguma coisa?

      Raquel o viu alisar o tronco, onde havia a ausência do braço, e o coração dela se apertou. Ela voltou para o

    rosto dele que a fitou.

     — Preciso que você traga uma pasta para mim que está

    no arquivo. Está como caso Thompson. E traga um bloco

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    de anotações e eu vou te passar alguns detalhes para

     você datilografar.

    Raquel levantou-se e foi até o arquivo pegando a pasta,pegou o bloco de anotações e caneta e se dirigiu para a

    sala dele.

    Ele estava em pé olhando a janela quando Raquel

    entrou. Ela prendeu o ar de ver o perfil dele. Ele parecia

    um homem vazio e triste. Ele voltou-se para ela e sentou-

    se novamente. Raquel colocou a pasta na mesa e sentou-se. Ele a olhou impaciente. Raquel ficou sem entender.

      — Abra-as para mim.

    Raquel inconscientemente voltou à atenção para a

    ausência do braço dele e percebeu que seria difícil eleabrir a pasta com um braço só, já que o elástico era

    apertado. Quando seus olhos se encontraram, ela

    percebeu que ele a olhava impaciente.

    Ela desviou o olhar e calmamente pegou a pasta e

    abriu. Evitando olhá-lo, tirou os papéis da pasta e

    colocou em cima da mesa dele. Voltou sua atenção paraele.

    Ele pegou os papéis e observou cada um. Raquel ficou a

    olhar a cabeleira negra dele, percebeu alguns fios

    prateados nas laterais.

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      Henrique voltou à atenção para ela e disse-lhe com

    autoridade na voz.

     — Tome nota... — Ele se reclinou na cadeira e fechouos olhos e passou-lhe a ditar o processo. Raquel ficou a

    olhá-lo e se perdeu, não conseguindo acompanha-lo,

    tamanho era o magnetismo daquele homem o sua frente.

     — Desculpe-me, mas eu me perdi.

    Ele abriu os olhos e a olhou impaciente.

     — Qual parte você perdeu?

      Raquel o encarou e disse firme. Embora seu coração

    saísse pela boca.

     — Desde o começo.

      As sobrancelhas dele levantaram-se demonstrandosurpresa. Mas ele não comentou nada e passou a falar

    mais devagar. Raquel sem olhá-lo voltou a concentrar-se

    no que ele ditava.

      Mais tarde abalada. Voltou à mesa e mergulhou na

    papelada que ele tinha lhe dado para datilografar.

     Algum tempo depois olhou para o relógio da parede.Nessa hora a porta dele se abriu. Henrique a observou.

      — Você poderia, antes de almoçar, recolocar os

    documentos na pasta e as guardar no arquivo?

     — Claro.

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    na calçada e por isso perdeu o braço. Na época estava

    noivo de uma modelo profissional.

    Logo que a namorada dele soube da deficiência que oacidente provocou, ela o deixou. Na hora Raquel havia

    ficado chocada com a informação. Segundo Marisa, isso

    havia acontecido há um ano.

    Desde que soube disso, suas emoções andavam à solta.

    Ela se identificou com Henrique, por causa da tragédia

    que ela vivenciou ao lado do noivo e isso despertou umacuriosidade em conhecê-lo mais profundamente.

      Ela e o noivo voltavam de um jantar quando eles

    foram assaltados na calçada, John reagiu e tomou um

    tiro. O ladrão direcionou a arma para ela. A arma na hora

    falhou e o bandido fugiu.

    Raquel afugentou as lembranças, pegou a pasta,

    guardando-a no arquivo.

    Encontrou Henrique pensativo na calçada. Ela

    aproximou-se dele. Ele sentindo sua presença, virou-se

    para ela. Raquel ergueu os olhos e constatou como ele era

    alto. Parecia uma pantera sempre espreitando suas

     vítimas. Raquel nervosamente seguiu ao lado dele, do

    lado da ausência do seu braço.

      Ele se posicionou do lado esquerdo dela para poder

    segurá-la com o braço direito. Raquel não conseguiu

    evitar o estremecimento ao sentir o contato das mãos

    dele.

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      Seguiram calados a um restaurante que tinha mesas

    na calçada. Ele escolheu uma mesa que estava na sombra

    e afastou uma cadeira para Raquel sentar-se. Henrique

    sentou-se de frente a ela.

      Raquel discretamente o examinava, sem que ela

    pudesse evitar.

    Henrique tinha uma presença marcante. Parecia se

    reforçada pela a ausência do braço esquerdo. Seus olhos

    percorreram aquela bela figura como que hipnotizados.

      Henrique se recostou na cadeira e apoiou o cardápio

    na mesa, e abriu.

    Raquel desviou o olhar e tentou prestar atenção no

    cardápio, passou os olhos pelos pratos. Colocou-o de

    lado quando escolheu.

    Henrique pegou o cardápio e colocou em cima do dela.

     — Já escolheu?

    Raquel assentiu.

     — Eu quero capeletti com molho branco.

    Quando o garçom se aproximou ele fez o pedido dela epediu para ele risoto de camarão.

    Raquel ainda estava constrangida com a presença dele.

    Henrique a observou por um tempo antes de falar-lhe.

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      — Você deve estar estranhando eu chamá-la para

    almoçar, mas eu gostaria de tirar a má impressão que eu

    te passei.

    Raquel abriu a boca, mas ele a interrompeu com o

    olhar, fitando-a com seus olhos negros penetrantes.

     — Você percebeu que você terá que me ajudar em

    algumas tarefas, que eu não posso fazer devido a minha

    deficiência. Por isso é importante que nos demos bem.

    Raquel sem saber o que dizer, concordou com um gesto

    de cabeça e voltou à atenção para o seu prato. Enquanto

    empurrava a comida, ficou a pensar como devia ser difícil

    a ausência de um braço. Ele não poderia usar a faca,

    carregar algo e outros detalhes que ela descobriria com o

    passar do tempo.

    Ele a fitou de maneira estudada.

     — Ricardo me contou que você perdeu seu noivo num

    assalto.

      Raquel levantou a cabeça e o observou, se

    surpreendendo em vê-lo manobrar a conversa para o lado

    pessoal.

      — Sim, foi horrível.

     Quando Henrique inclinou-se para servir-lhe um pouco

    mais de vinho, ela viu um brilho estranho nos olhos dele.

    O corpo dele exalava virilidade o que a deixava com a

    cabeça leve e o corpo ligeiramente dormente.

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     — Você o perdeu há muito tempo?

      Raquel se surpreendeu novamente com a natureza da

    conversa e respondeu firme. — Não, já faz dois anos.

     

    Henrique ficou em silêncio por um momento, enquanto

    pegava o copo e tomava outro gole de vinho.

    Logo em seguida pegou a nota fiscal e tirou a carteirade dentro do paletó, colocando-a na mesa e se atrapalhou

    com o botão que a prendia. Raquel estava quase o

    ajudando quando ele conseguiu abri-la.

    Ela notou uma hesitação no modo como ele usava a

    mão direita, sinal de que ainda não estava totalmente

    acostumado com a falta da outra.

      Henrique segurou a carteira entre as pernas e tirou o

    talão de cheques. O coração de Raquel se apertava, em

    presenciar a dificuldade dele.

     — Destaque um para mim e preencha que eu assino.

    Raquel pegou o talão, a caneta e a nota fiscal que ele lheestendia e fez conforme ele pediu. Deu-lhe o cheque

    preenchido e o talão de cheques.

     — Guarde o talão para mim, por favor. — Disse-lhe

    estendendo a carteira.

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      Ela pegou a carteira e guardou o talão. Devolveu-lhe a

    carteira que ele colocou dentro do paletó.

     — Vamos?  Voltaram pelo mesmo caminho lado a lado emudecidos.

    Raquel notou que o defeito físico ainda o perturbava.

    Devia ser difícil para ele que era uma pessoa tão

    independente, torna-se muitas vezes dependente de

    outras pessoas para realizar tarefas tão simples.

      Quando estavam aproximando da entrada do escritório

    Raquel viu ao longe a figura de Ricardo que estava quase

    de frente ao escritório andando em sentido contrário na

    calçada.

      Raquel quando o viu, sentiu-se mal por estar com

    Henrique, sem entender por quê.

      Quando ele avistou Henrique e Raquel juntos, os

    observou atentamente com um olhar especulativo.

    Raquel e Henrique pararam em frente a Ricardo, que a

    estudava o tempo todo.

     — Eu ia te chamar para almoçar. Mas já vi que você já

    almoçou.

      Raquel observou Henrique que estava calado.

     — Sim, nós já almoçamos.

      — Fica então para outro dia.

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     Raquel sorriu-lhe.

     — Tudo bem.

    Sentiu a mão de Henrique em seu braço e estremeceu.Ela ergueu a cabeça e fitou os olhos negros dele, que a

    olhavam impaciente.

     — Vamos entrando, temos muito trabalho pela frente.

    E fitando Ricardo disse-lhe, ainda segurando-a.

     — A papelada está quase pronta. Mais tarde entregareipara você conferir.

      Ricardo assentiu de mau humor. Henrique a conduziu

    para dentro do prédio, soltou-lhe o braço abrindo a porta

    de vidro para ela passar.

    No elevador, esperaram em silencio a chegada aosegundo andar. Raquel evitava olhá-lo o tempo todo e isso

    lhe exigia um grande esforço.

    Henrique logo que chegou fechou-se em sua sala e

    Raquel se envolveu com o trabalho.

    O trabalho despendeu tanto sua atenção que quando se

    deu conta já eram seis horas. Viu Henrique sair comuma expressão cansada. Ele aproximou-se de sua mesa,

    que foi o suficiente para que o coração dela quase saísse

    pela boca.

    Ele a fitou e deu-lhe um envelope de aspirinas.

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     — Por favor, destaque um para mim.

    Raquel rasgou o envelope e deu-lhe o comprimido que

    ele colocou na boca. Quando ele já entrava em sua salaela o chamou e mostrou-lhe o envelope.

     — Não, deixe-o com você. — Você pode ir embora se

    quiser.

    Raquel o viu entrar no escritório e fechar a porta.

      O que tinha em Henrique que a fazia querer estar aolado dele?

      A imagem de Ricardo nessa hora veio-lhe com força.

    Quantas vezes, Ricardo convidou-a para almoçar ou

     jantar fora e ela sempre tinha uma desculpa esfarrapada.

    Hoje Ricardo presenciou a saída dela com Henrique. E o

    pior de tudo, ele viu que ela aceitou logo o convite dele

    para almoçar, sendo que Ricardo há muito tempo a

    convidava.

      Perdida nos seus pensamentos, Raquel ficou mordendo

    o lábio, com os olhos aveludados fitando o vazio, mal

    tomando conhecimento que estava sendo observada por

    Ricardo.

     — Você está de saída?

    Raquel se assustou com a voz profunda dele e deu com

    os olhos dele, que percorreram na calorosamente. Por um

    instante, sentiu um arrepio de gelo, no corpo todo,

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    sentindo-se culpada desviou os olhos, e o fitou

    novamente, não consegui deixar de notar como ele estava

    lindo.

     Vestia um terno verde musgo, camisa branca e gravata

     verde em um tom mais claro que a do terno.

      Ela sabia da intenção dele quando ele fazia por meses

    essa mesma pergunta. Então ela mentiu-lhe.

     — Estou morrendo de dor de cabeça. Não vejo a hora de

    ir para casa e me deitar.

    Ricardo a olhou frustrado por um momento. E insistiu.

     — Eu posso te levar para casa?

     — Obrigada, mas eu vim de carro.

    Ele suspirou. — Você almoça comigo amanhã?

      Raquel escondeu a frustração.

      — Tudo bem.

      Ricardo sorriu como um menino satisfeito.

      — Amanhã ao meio dia venho te pegar. — Ele a olhou

    com ternura e fez um carinho em seu rosto e saiu.

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    Capítulo III

      Henrique abriu a porta, ela o viu com a pasta na boca,fechando a porta com a mão livre. Ela desviou os olhos,

    ainda não estava acostumada em vê-lo se virar nas

    dificuldades que aparecia.

    Ele tirou a pasta da boca e exclamou surpreso.

     — Pensei que já tivesse ido embora! — Estou indo agora.

     — Então vamos juntos.

    Raquel pegou a bolsa e se levantou. Caminharam juntos

    pelo corredor. O segurança, um senhor de cinquenta anos

    rechonchudo, vendo Henrique aproximou-se dele. — Posso fechar tudo?

     — Pode. Só da uma olhada nos banheiros. Lembre-se

    que da outra vez você trancou Marisa. Da uma perguntada

    se não tem ninguém.

    O velho saiu sorrindo. Raquel olhou-o atônita.

      — Ele trancou a empresa, com Marisa no banheiro?

    Henrique parou e a abriu um sorriso. Raquel ficou

    extasiada olhando para ele.

     — Trancou. Ela me ligou em casa desesperada. Tive que

    pedir ao meu motorista para vir aqui e abrir o escritório.

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      Raquel o observou por um momento e sorriu

    imaginando a cena. Nesse momento tudo parou.

    Henrique a fitou sem ação, descendo os olhos para os

    lábios dela, ela na hora parou de sorrir e também

    observou aqueles olhos negros que a olhavam perdidos.

    Escutaram então passos no corredor e o segurança

    apareceu, quebrando a magia do momento.

     — Todos foram embora.

    Henrique fitou o segurança e assentiu, passaram entãoa caminhar lado a lado.

    Na calçada, ela viu um senhor aparentando uns

    cinquenta anos de idade que se aproximou dele. Raquel

    presumiu ser o motorista.

    Henrique se despediu com um meio sorriso.

     — Até amanhã.

    Raquel sorriu.

     — Até amanhã.

    Raquel chegou ao seu apartamento e suspirou,

    colocou uma roupa confortável e se dirigiu a cozinha.

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      Naquele momento, sentada ali na cozinha comendo

    um ensopado de carne, Raquel sentiu os seus olhos

    arderem pelas lágrimas, por causa da solidão que algumas

     vezes a afligia.

     Já estava sozinha há dois longos anos, desde a morte

    de Jonas.

     Jonas era um belo homem, muito religioso ao ponto de

    nunca avançar o sinal com ela. Namoraram por seis

    meses, logo Jonas lhe pediu em casamento.

    Raquel já tinha o apartamento, que fora uma herança

    deixada pelos seus pais mortos. Jonas e ela trocaram

    todos os móveis do apartamento, pois os que ela havia

    herdado eram muito velhos. Cada móvel tinha o bom

    gosto e a visão de Jonas.

      Afastou as lembranças tristes e lavou a louça.

    Entrou no banheiro, e tomou um banho demorado.

    Enquanto sentia a água relaxante no seu corpo ficou

    envolta em pensamentos.

    Quanto tempo não pensava em Jonas? Isso tinha uma

    explicação simples: A imagem de Henrique passou apersegui-la desde o dia em que ela o conheceu.

      Sabia que ele simplesmente a atraía. Não tinha um elo

    com ele. Não se podia dizer apaixonada. Era pura atração

    mesmo! No íntimo do seu coração sentia que poderia

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    amá-lo. Mas para isso precisava conhecê-lo mais

    intimamente, para desvendar os mistérios daquele belo

    homem, que aos poucos a estava envolvendo com sua

    presença marcante.

    Reviveu a dificuldade dele, para as coisas simples no

    dia-dia. Seu coração se apertou no peito.

     A imagem dele sorrindo no corredor do escritório

    apareceu em sua frente e ela sorriu consigo.

      O sorriso dele era lindo.

    Capitulo IV

      Raquel entrou no escritório colocou a bolsa pendurada

    na cadeira, voltou-se aos papéis a sua frente. Precisava

    correr. Henrique precisava urgente daqueles papéis.

     Trabalhava com afinco, quando o telefone tocou e

    ouviu a voz de Ricardo.

     — Daqui a pouco eu te pego para o almoçarmos juntos.

     Ela levantou os olhos e surpresa viu que já era meio dia.

      — Ricardo eu não poderei ir. Estou atolada de trabalho.

     Vou pedir um lanche aqui mesmo.

    Fez-se silêncio do outro lado da linha.

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      Raquel lançou seu último olhar para ele e levantou-se.

    Ele se dirigiu a sua porta colocando a maleta na boca a

    abriu e fechou-se lá.

    Raquel suspirou, saiu do escritório e foi até o banheiro

    escovar os dentes. Observou-se no espelho. Pegou uma

    escova e penteou os cabelos que iam até os ombros, de

    um negro brilhante. Limpou uma mancha de lápis nos

    olhos violetas, passou um batom e saiu. Dirigiu-se para a

    rua. Estava indo até uma praça ali perto quando viu

    Ricardo. Tentou se esconder em um poste, mas ele a viu.

    Seu semblante mudou, ele a olhou com questionamento.

    Ele devia estar bravo, pois ela o havia dispensado no

    almoço, como sempre fazia.

     

     Aproximou-se dela fitando-a intensamente, semdesviar o olhar. Ele parecia estudá-la.

      Raquel ergueu seu rosto e o fitou firme.

      — Você me disse que não ia almoçar. Mudou de ideia?

      — Henrique não permitiu que eu ficasse no escritório.

    Ele me fez sair para o almoço, embora eu já tivessecomido um lanche no escritório.

      Ricardo a observou. Deteve-se em seus cabelos, em

    seus olhos e desceu para os seus lábios. Isso a

    incomodou, seu coração disparou.

    Ele pegou a pela mão.

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      — Tem um parque aqui perto. Vamos dar uma volta.

    Eles caminhavam em silencio de mãos dadas, o

    conforto das mãos de Ricardo lhe fazia bem. O sol estavaquase diretamente por cima deles, refletia-se no asfalto e

    fazia com que ambos tivessem de semicerrar um pouco os

    olhos. Eles chegaram a um banco embaixo da sombra de

    um chapéu de sol de frente havia um playground onde

    crianças brincavam.

    Ele soltou a mão dela e sentaram-se no banco.

     — Eu sempre gostei muito de crianças. — Disse Ricardo

    pensativo. — Deve ser maravilhoso ter um filho.

    Raquel observou as crianças.

    Surpreendia-se em ouvir isso dele. A imagem que ela

    tinha de Ricardo é que ele era um playboy. Sabia quemuitas garotas davam em cima dele.

    Quando trabalhava para ele, vivia atendendo

    telefonemas delas. Mas nunca o viu levar nenhuma para o

    trabalho. Nunca o viu falar de nenhuma delas. Ele devia

    sair com elas sem compromisso nenhum, só pelo prazer

    de levá-las para a cama.

     Já Henrique parecia ser mais sério. Não muito dado a

    relacionamentos.

    Ricardo a observou perdida em pensamentos. E a

    abraçou, tomando-lhe os lábios. Raquel foi pega de

    surpresa, e tentou o afastar tocando-lhe o peito quente,

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      Raquel o viu tomado de emoção e não conseguiu

    fitá-lo nos olhos e baixou o rosto. Ele aproximou-se dela e

    a abraçou.

     — Não me negue isso.

    Raquel comovida pelas suas palavras o fitou.

    Ele a olhou nos olhos com ansiedade.

    Raquel estremeceu e se confundiu com essa nova

    imagem que ela estava vendo nele. Raquel num tomcarinhoso disse-lhe.

     — Eu vou pensar. Prometo que vou pensar.

    Ricardo tomou-lhe os lábios com um beijo terno, um

     beijo contido, embora o que ele desejasse era beija-la com

    toda paixão que explodia no seu coração. Resignado a

    afastou.

     — Vamos. — Tomou-lhe as mãos e andaram

    emudecidos, até o escritório.

    Raquel no caminho ficou perdida em pensamentos

    confusos, observou Ricardo que caminhava triste ao ladodela e seu coração se enterneceu.

    Raquel foi até o banheiro e lavou o rosto. Alisou os

    cabelos e entrou no escritório.

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      Compenetrada se pôs a terminar seu trabalho. Quando

    pronto, abriu a porta da sala de Henrique.

    O viu com o olhar vago, perdido em pensamentos.Quando ele a ouviu, direcionou seu olhar para ela.

     — Terminei.

    Ele a observou e fitou os papéis que ela lhe estendia.

     — Ótimo. Deixe aí, que eu vou conferir.

    Raquel o olhou por um momento. Ele havia voltado asua mesma posição e ficou com o olhar vago novamente.

     A imagem dele fez com que uma questão lhe

    martelasse na cabeça.

    O que o deixava com aquela expressão sombria?

    E concluiu que não devia ser fácil lidar com adeficiência.

      Ela fechou a porta atrás de si. Suspirou e observou sua

    mesa que estava uma bagunça.

    Meia hora depois, Henrique com os papeis embaixo do

     braço, abriu a porta e praguejou, quando os papeis lhe

    escaparam do braço e se espalharam no chão.

    Raquel imediatamente se levantou e recolheu os papéis.

    Ele ficou sem ação por um momento. E nervosamente lhe

    disse brusco.

     — Dê-me, preciso pô-los em ordem novamente.

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     Raquel estendeu os papeis e o viu entrar no escritório

    deixando a porta aberta. Ela voltou para o seu lugar e

    cinco minutos depois ele saiu com os documentos

    organizados entregando-os disse-lhe com voz áspera.

      — Abra uma pasta com o nome Taylor e os guarde na

    pasta, depois leve até Ricardo. E então você poderá ir

    embora. — Raquel pegou os documentos que ele estendia

    e assentiu.

    Mais tarde Raquel entrou na sua antiga sala e viu seulugar vazio. Bateu na porta de Ricardo.

      — Entre. — O ouviu dizer.

      Ele estava sentado e falava ao telefone.

      Ele a observou surpreso quando ela entrou.

    Raquel colocou a pasta na mesa e sentou-se, ficou

    quieta aguardando ele terminar a ligação.

      — Desculpe-me Jéssica, mas não posso, tenho uma

    reunião importante.

    Raquel fitou as mãos no colo enquanto o ouvia.

      — Eu sei. Você já me falou isso. Mas vida de advogado éassim. Desculpe-me. Preciso desligar.

      Ele se levantou e foi o suficiente para Raquel olha-lo

    apreensiva da cadeira. Ricardo a olhou pensativamente e

    resignado confessou.

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     — Não tenho ânimo de sair com ninguém. Porque você

    não sai dos meus pensamentos.

    Raquel o olhou surpresa e confessou.

      — É estranho você falar desse jeito — disse com

    franqueza. — Sempre vi em você um aspecto aventureiro.

      — Você tem um à imagem errada de mim. Eu sou

    homem de uma mulher só. Raquel observava-o com atenção enquanto ele falava.

    Ele olhava diretamente em um ponto fixo como se

    estivessem a ordenar os pensamentos, mas ela podia

    pressentir a sua relutância à medida que ele continuava.

     — Por que você não acaba logo com isso?Ele aproximou-se dela e estendendo a mão a levantou,

    trazendo-a para os seus braços.

     — Eu estou preso a você. Acabe com minha agonia. Eu

    te amo Raquel.

    Raquel pousou a cabeça no peito dele. A dúvida

    permeava seus pensamentos.

    Era certo se envolver com ele?

      Ele buscou seus lábios e a beijou com paixão. Raquel

    foi invadida por ternura àquele homem que parecia sofrer

    tanto. Ela se viu correspondendo o beijo, passando os

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     braços pelo pescoço dele. Os lábios dele eram quentes e

    doces, seu corpo forte e musculoso.

     Ricardo estremeceu de prazer. Quando a afastou sorriacomo um menino.

    Raquel o fitava sem saber o que dizer por um momento.

      Mas impulsionada por princípios que permeavam seu

    coração, deixou claro aquilo que a incomodava.

     — Tudo bem Ricardo, eu vou sair com você. Mas quero

    deixar claro que eu não te amo. Pode ser que eu venha me

    apaixonar por você. Como pode ser que isso não

    aconteça.

    Quando terminou, olhou para ele apreensiva

    esperando-lhe a reação.

     Pronto, dissera-o!

      Ricardo por um momento a olhou intensamente.

    Estreitou-a nos braços procurou-lhe os lábios,

    mordiscando-os, descendo para o pescoço perfumado dela

    e subindo para o seu ouvido onde lhe sussurrou.

    “Eu te amo Raquel. Eu te amo por nós dois. Eu não vou

    decepcioná-la. Quero fazê-la feliz, poder envolvê-la em

    meus braços, poder fazer parte de sua vida. Fico feliz

     por você não me negar isso”.

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     Ricardo a afastou, Raquel ainda estava surpresa com a

    extensão dos sentimentos dele por ela, viu os olhos dele

    úmidos, fazendo-a se sentir pior ainda.

    Ele a afastou e pegou a pasta que ela havia colocado

    sobre a mesa convidando-a.

      — Vamos?

    Caminharam de mãos dadas. Ela caminhava envolta

    em pensamentos confusos. Saíram do prédio e pararam

    um de frente para o outro. Ricardo a envolveu

    ternamente pela cintura e a olhava com adoração nos

    olhos.

      Ele a beijou nos lábios levemente, como se ela fosse de

    porcelana.

     — Eu gostaria de conhecer onde você mora. Dê-me seuendereço e amanhã eu irei te buscar.

     — Não. Eu prefiro vir de carro amanhã. Podemos marcar

    para você ir me ver no Sábado, passaríamos o dia juntos.

     Ricardo sorriu. Um sorriso satisfeito.

     — Ótima ideia! — Seus olhos passeavam pelo rosto delacomo se ele estivesse guardando cada detalhe. Ele

    sussurrou gentilmente. — Boa noite e até amanhã.

     — Até amanhã.

     — Lembre-se que eu te amo. — Ele falou-lhe com

    ternura.

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      Raquel se entristeceu por não poder dizer o mesmo e

    apenas sorriu fraco.

     A verdade é que ela não tinha certezas de seussentimentos, pois sempre o evitou, por causa da imagem

    de playboy que lhe passara. Para ela estava sendo uma

    surpresa ver esse Ricardo apaixonado, respeitador e

    emotivo.

    CAPÍTULO V

     

    No dia seguinte Raquel sai de casa atrasada. Tinhadormido mal, preocupada em ter aceitado sair com

    Ricardo.

     A sensação que tinha é que o ludibriava. Alimentando

    os sentimentos dele e se sentindo uma traidora, por não

    corresponder do mesmo jeito. Mesmo que ela tivesse

    deixado claro que não o amava.Raquel chegou apressada no escritório e viu a porta

    aberta de Henrique e se dirigiu para lá. Ele pensativo

    olhava através da janela. O terno preto que ele usava,

    moldava-lhe as costas largas. Os cabelos negros estavam

    desalinhados.

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     — Até que enfim você chegou!

     — Desculpe-me.

    Ele a fitou com impaciência.

     — Tudo bem. Aproxime-se.

    Raquel olhou-o assustada. Ele impacientemente lhe

    falou.

     — Raquel, eu não vou te morder!

     Raquel aproximou-se dele. Ele fitou os olhos dela muito

    sério e falou-lhe com impaciência.

     — Eu tenho uma audiência agora. E não posso ir assim,

    com o paletó aberto. Já tentei fechá-lo, mas as casas dos

     botões estão muito apertadas. Feche-as para mim, por

    favor. Raquel baixou os olhos e pegou os botões com as mãos

    trêmulas e com dificuldade foi os fechando um a um, a

    sensação era que tinha levado horas fechando, tamanho a

    pressa de sair da presença perturbadora de Henrique.

    Mantendo o rosto neutro, disse simplesmente:

      — Pronto!

      Ele a fitou por um momento. Raquel assustada deu um

    passo para trás e virando-se saiu da sala.

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     Henrique passou pela mesa dela e com a pasta na boca,

    impacientemente lhe deu alguns papeis. Segurou a pasta

    e falou-lhe.

     —Datilografa para mim esses documentos. Eu não

     voltarei mais hoje.

    Raquel assentiu. Quando ele saiu, deixou um rastro de

    perfume.

    Ele era grosso, mal humorado, complicado e mesmo

    assim ele a atraía! Tinha raiva de si mesma!

      A imagem de Ricardo veio-lhe a mente.

     A declaração de amor dele, a emoção na sua expressão e

    na sua voz. Estava conhecendo um novo Ricardo, mas

    mesmo diante desse novo homem, que demonstrava amá-

    la se sentia perturbada com presença de Henrique.

    Henrique a perturbava ao ponto de não sobrar espaço

    para ninguém em seu coração. Sempre deu a desculpa do

    noivo para Ricardo, mas a verdade é que seu coração

    sempre bateu descompassado por Henrique.

      Na hora do almoço quando Raquel estava mergulhada

    no trabalho viu Ricardo que estava parado na soleira da

    porta observando-a. Os olhos castanhos relampejaram ao

     vê-la.

      A boca sorriu gentil. Ela ficou sem jeito, era a primeira

     vez que iam almoçar juntos de uma maneira pessoal.

    Ficou sem saber se devia avançar ou recuar, se mantinha

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    a seriedade ou se sorria também. De novo Ricardo estava

    lindo, de terno escuro e gravata de seda azul.

      Escolheram um restaurante italiano. Passaram umatarde agradável, conversaram sobre gostos musicais,

    falaram de literatura e Ricardo passou a falar de si.

    Raquel descobriu nele um romântico ardoroso e ao

    mesmo tempo sério e com os pés no chão. Ela continuava

    desnorteada.

      Enquanto ele falava, Raquel o olhava com interesse.Ele passou-lhe a contar que sua mãe ainda era viva e que

    morava com Henrique e o ajudava em pequenas tarefas.

    Isso despertou a curiosidade nela. E novamente Henrique

    ocupou sua mente.

      Ricardo vendo-lhe o interesse animou-se. Contou lhe

    que sua mãe era uma mulher excepcional, muito bemhumorada, e que havia contribuído muito para tirar

    Henrique da apatia depois do acidente.

      Depois do almoço, Ricardo conduziu Raquel para a sala

    dela e fechou a porta. Ela virou-se para encará-lo. Ele a

    envolveu nos braços e lhe deu um beijo apaixonado.

    Raquel sentiu sua sensualidade despertando e o afastoulevemente.

      Ao olhar para o rosto decidido e arrogantemente

    masculino de Ricardo, entendeu que toda aquela

    resistência era inútil. Ele era o tipo de homem que

    sempre conseguia alcançar aquilo que desejava ter.

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      Ricardo saiu de sua sala e Raquel sentou-se a sua

    mesa e pensou em tudo que Ricardo lhe dissera.

    No fundo ela sabia que Henrique ainda se mostravaapático. Muitas vezes o pegava com o olhar perdido. Ele

    devia esconder isso de sua mãe para não preocupá-la.

    Raquel tinha muita vontade de ajudá-lo.

    Meu Deus! Já estava ela, pensando em Henrique de

    novo! 

    Sábado enfim chegou, tinha dado o seu endereço a

    Ricardo que iria vê-la.

    Foi até a cozinha preparou costeletas, purê de batatas,

    um arroz branco e salada de palmito. Colocou um vinho

    tinto para gelar na geladeira.

     Cobriu a mesa com uma belíssima toalha de renda e

    usou o seu precioso jogo de jantar.

      Uma hora antes de Ricardo chegar ela se arrumou.

    Colocou um vestido leve branco, estampado de amarelo,

    calçou sandálias de salto alto brancas e maquiou-se

    levemente.

    Quando deu uma hora da tarde ouviu a campainha

    tocar, foi até a porta apreensiva.

      Ricardo estava lá parado a olhá-la com o rosto

    transbordando alegria. Vestia jeans escuro que lhe

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    meus sentimentos por você. Eu te amo há muito tempo.

    Eu serei paciente com você.

    Raquel o afastou com lágrimas nos olhos.Ela precisava esquecer Henrique e deixar-se envolver

     pelos sentimentos ardentes que Ricardo demonstrava

     por ela.

      Depois que Ricardo a ajudou com a louça, ele a puxou

    até a sala envolvendo-a em seus braços. Sua boca se uniu

    a dela num beijo apaixonado. Raquel quando se viu estava

    sem ação em seus braços. A sua sensação era de estar se

    derretendo, se afogando no feitiço dele.

    Quando ele a afastou, Raquel olhou-o confusa, Ricardo

    com muito carinho passou o dedo indicador em todo o

    seu rosto, como se quisesse memorizar cada traço.

     — Raquel, eu te amo. Cada batida de meu coração

    chama por você... Não me decepcione.

    Ricardo o tempo que ficou com ela a respeitou.

     Tratando-a com carinho. Uma ternura que Raquel nunca

    imaginou que ele pudesse ter e ao mesmo tempo teve a

    nítida impressão de que estava sendo observada. Mas nãoeram apenas os inquietantes olhos castanhos que a

    observavam: Ricardo parecia admirá-la com todos os seus

    sentidos, com desejo.

    Eles ficaram abraçados, felizes em sentir o calor dos

     braços um do outro. Raquel percebia que Ricardo era um

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    homem singular, com muitas facetas. Descobria que ele

    tinha um jeito estranho e fascinante de se comportar.

    Parecia ser como ele mesmo dissera-lhe, um homem

    romântico e sentimental, capaz de amar uma mulher para

    o resto da vida.

      Teve uma hora que ele a abraçou com paixão. Ela

    espalmou as mãos contra o peito de Ricardo, numa

    tentativa fraca de se proteger. Ainda assim, ergueu o

    olhar e os lábios, aceitando o beijo. Ele a beijou com força

    e audácia, mostrando a paixão que ele muitas vezes

    reprimia.

      A tardezinha, eles se despediram com a promessa de

    se verem no dia seguinte. Ricardo a levaria para

    conhecer a casa dele.

    Ricardo deixou-lhe a sensação que aos poucos ele aestava envolvendo, com seu amor e carinho.

    CAPÍTULO VI

      No Domingo, Raquel levantou-se cedo e vestiu um

     vestido vermelho, sandálias de salto médio, maquiou-se

    levemente, ressaltando os olhos violetas e a boca

    carnuda, prendeu os cabelos num coque soltando alguns

    fios nas laterais.

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      Quando Ricardo tocou a campainha, Raquel o

    recebeu com um sorriso. Ele a conduziu para a sala e

    fechou a porta.

    Ela virou-se para encará-lo. Ricardo estava parado

    extasiado em vê-la, lentamente avançou e a estreitou nos

     braços. Seu olhar era intenso. Passou o dedo nos lábios de

    Raquel e sussurrou.

     — Você está linda!

      Ela sorriu timidamente e baixou os olhos para a

    camisa dele que estava entreaberta e viu os pelos

    castanhos macios e os tocou com as mãos, Ricardo pegou

    a mão dela e beijou-lhe os dedos.

     — Vamos! Eu preciso me controlar o tempo todo com

     você. Você me faz perder o fôlego e eu não posso perder a

    cabeça.

    Essas palavras martelavam na cabeça e Raquel. E ela

    pensou.

      Ricardo mesmo a desejando-a a respeitava e esperava

     pacientemente a hora certa deles se envolverem mais

     profundamente.

      Ricardo gentilmente pegou-lhe as mãos. Eles

    caminharam assim até a Mercedes conversível vermelha.

    Ele levantou a capota e deu a partida. Raquel viu a

    preocupação dele em não desmanchar-lhe os cabelos e

    sorriu feliz, olhando pela janela.

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      Aos poucos Ricardo estava conquistando seu coração.

    Isso era muito claro.

      Ele estacionou em frente a uma casa linda, revestidade pedras toda gramada. Tinha uma grande janela com

     jardineiras floridas. Nem parecia à casa de um homem

    que vivia só.

    Ele a ajudou descer do carro. Mas o que ele falou a

    deixou-a transtornada.

     — Essa casa é de Henrique, eu te trouxe para conhecer

    minha mãe.

    Raquel ficou trêmula pelo fato de ver Henrique fora do

    ambiente de trabalho. Ele a pegou pelas mãos e as pernas

    de Raquel quase fraquejaram. Ele notou-lhe o nervosismo

    e disse-lhe.

     — Não precisa ficar assim, mamãe é uma pessoa

    agradável. Ela vai gostar muito de você.

    Raquel não soube o que dizer.

    Ele estava pensando que ela estava nervosa por causa

    da mãe dele. Mas seu coração batia descompassado ao

    saber que ia ver Henrique, estava entrando no território

    dele.

      Ele tocou a campainha e depois de um tempo Raquel

    fitou Henrique que abria a porta. Ele estava com uma

    camiseta branca, e calças jeans surradas que delineavam

    toda a sua musculatura. Seus cabelos estavam

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      Raquel fitou Henrique que olhava para o copo calado.

    Catarina levantou-se do sofá.

     — Que bom!Você fez o milagre de trazer Ricardo aqui!Ele quase não aparece.

     A empregada logo apareceu e anunciou que o almoço ia

    ser servido.

      Raquel sentou-se ao lado de Ricardo de frente para

    Henrique e Catarina sentou-se na cabeceira da mesa. Viu

    a empregada cortar a carne para Henrique e voltou os

    olhos para ele, que a observava, fazendo a garganta dela

    secar. Ela tomou um gole rápido do vinho e tossiu.

    Ricardo virou-se para ela e sorriu.

     — Vá devagar. Esse vinho é muito forte.

    Raquel concordou e voltou sua atenção para seu

    prato, cortou a carne e comia o tempo todo evitando

    olhar Henrique. Ricardo conversava com Catarina. A

    conversa fluía em tom amigável. Raquel não conseguia

    prestar atenção a nada que eles falavam, só tinha

    consciência do homem sentado a sua frente.

    Então Ricardo exclamou com impaciência.

     — Raquel, mamãe perguntou se você está gostando de

    trabalhar conosco?

     Raquel a fitou e envergonhada por sua falta de atenção

    respondeu.

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     — Estou gostando muito. Gosto muito do que faço.

     Voltou seus olhos para Henrique que a observava. Seus

    olhos se encontraram, ele a olhava estranhamente, ela baixou os olhos para o prato vazio.

    Mais tarde, Henrique se recolheu.

    Raquel na sala comunicou a Ricardo que precisava usar

    o banheiro. Catarina ouviu seu comentário e lhe explicou.  — Siga esse corredor, é a terceira porta á direita.

    Raquel levantou-se e seguiu o corredor, encontrando o

     banheiro, trancou a porta. Nervosamente se olhou no

    espelho. Retocou o batom e se sentiu péssima por

    Henrique a abalar tanto. Estava com um homem

    maravilhoso do seu lado, e tremia nas bases toda vez que

    se deparava com Henrique. Saiu do banheiro Ao passar

    pelo largo corredor que levava a sala, ouviu a porta de

    trás sendo aberta e Henrique apareceu no corredor. Ele,

    quando a viu a fitou de forma penetrante, Raquel desviou

    os olhos do dele e virou o corpo para voltar para a sala.

    Henrique a deteve.

     — Raquel.

    Raquel se voltou e o olhou nervosa. Ele se aproximou

    como uma pantera negra. Os cabelos negros estavam

    emaranhados, os olhos negros a olhava intensamente.

    Ele parou bem próximo a ela.

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      Raquel saiu rápido da presença dele e entrou na sala.

    Ricardo quando a viu, levantou-se do sofá com umsorriso. Raquel foi até ele, que lhe pegou a cintura.

     Ricardo despediu-se de sua mãe e voltou-se para Raquel

    para ela fazer o mesmo.

    Raquel aproximou-se dela e beijou-lhe as faces. Catarina

    sussurrou-lhe ao ouvido. “Meu filho te ama. Espero que

    você o ame também”.

    Quando Raquel se afastou não conseguiu esconder que

    as palavras dela deixaram-na confusa e ficou a olhar

    Catarina, que a olhava de forma estudada. Raquel

    acabou baixando os olhos.

    Ricardo notou-lhe o mal estar e lhe pegou pela cinturae a conduziu ao carro que estava estacionado de frente a

    casa. Quando eles estavam dentro do carro, Ricardo

     voltou-se para ela.

     — O que minha mãe sussurrou-lhe ao ouvido, que te fez

    se sentir mal?

     Raquel deslocada explicou.

      — Que você me ama. E ela espera que meu sentimento

    por você seja recíproco.

    Ricardo a fitou tristemente. Deu a partida no carro e

    Raquel se afundou no banco. Ele parou em frente a uma

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    casa com muros brancos altos e portões grandes. Os

    seguranças abriram, eles passaram por um caminho de

    pedras que levou a uma casa de estilo colonial, ele se

    dirigiu a garagem e estacionou.

     Ajudou-a descer, abriu a porta interna da garagem e

    entraram no hall. Seguiram até a sala.

     A sala era espaçosa, com um bar equipado e cheio de

     bebidas de diversos tipos. Uma estante grande, repleta de

    livros. Quadros abstrato, um tapete colorido, e sofáspretos com almofadas brancas deixavam a sala atraente.

     — Então? Gostou?

    Raquel voltou sua atenção para Ricardo que parecia

    estar diferente. Ele parecia estar incomodado com alguma

    coisa. A expressão dele, que geralmente era tão gentil,

    estava tensa, como se ele estivesse controlando todos os

    movimentos, pensamentos e sensações.

      — É linda!

      Ele aproximou-se dela e a fitou intensamente.

     — Nenhuma mulher entrou aqui. Só você.

    Raquel desviou os olhos, achando difícil olhar para ele.

      Seus olhares se encontraram, e por um momento Ela

     viu raiva nas pupilas escuras. Raquel nervosa deu um

    passo para trás.

    Ricardo pegou os braços dela impaciente.

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      — Raquel, você se arrependeu de sair comigo? — Ele

    lhe perguntou impaciente.

    Raquel ficou sem fala.Ricardo a soltou e como um leão enjaulado andava de

    um lado para o outro.

     — Toda vez que eu faço planos, você evita me olhar e

    foge do assunto. Hoje quando mamãe te falou do meu

    amor por você eu percebi seu mal estar. Você nem

    conseguiu encará-la.

    Ele parou de andar e olhou por um tempo.

     — Seus olhos são muito expressivos! Eu senti que você

    mudou. Hoje você estava distraída como se estivesse a

    milhas de distância.

    Depois de um minuto a estudá-la, os olhos dele se

    escureceram, como se lhe ocorresse um a ideia. Que o

    levou a olhá-la com olhos hostis.

      — Eu entendi o que se passou com você.

    Ele a fitou por um tempo. O coração de Raquel quase

    saiu pela boca.Será que ele percebeu seu interesse por Henrique?

    Ele então a acusou.

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      — Você não gostou de conhecer minha mãe. A

    impressão que você me passa é que você acha que eu

    estou indo muito rápido com o nosso relacionamento.

    Ele foi até o bar e encheu o copo de uísque que bebeu

    num gole só, fazendo careta. Raquel não sabia o que fazer.

    O viu se dirigir para ela.

    Ela ficou imóvel, a cabeça curvada, as mãos tensas.

    Ele levantou seu rosto. A boca de Ricardo desceu sobre

    os lábios de Raquel com ânsia e rudeza. Ela quase foi

    sufocada com a violência do abraço. Tão rápido como

    começou ele a soltou e disse-lhe rude.

     — Vamos! Vou te levar para casa.

      Raquel sentiu as mãos dele se fecharem sobre o seu

     braço e saíram juntos como dois estranhos. Ela afundou-

    se no banco de couro do carro, e o percurso inteiro até

    seu apartamento ela ficou com o rosto voltado para a

     janela.

    Quando ele estacionou, virou-se para ela e acendeu as

    luzes internas do carro. Ela o encarou, esperando uma

    explosão a qualquer momento. Mas nada aconteceu.

    Ricardo simplesmente fechou os olhos.

      Ao abri-los, não mostrava mais raiva nem mágoa nem

    arrogância. Seus olhos eram atormentados e falou-lhe

    com emoção.

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     — Desculpe-me, eu te amo tanto que está sendo difícil

     ver a sua apatia em relação aos meus sentimentos.

    Raquel se virou e o abraçou apoiando a cabeça nopeito dele, ouvindo as batidas fortes do seu coração e

    chorou. Os nervos de Raquel já não suportavam mais a

    tensão

    Deu-se conta que Henrique a atraía, e isso era muito

     pior.

    Ricardo a afastou e olhou culpado.

     — Eu não deveria ter descontado em você.

    Raquel passou a mão pelos cabelos dele.

     — Ricardo, o problema não é você. E sim, eu. Eu não

    posso levar nosso namoro adiante. Sinto muito. Eu não te

    amo.

    Os olhos de Ricardo ficaram úmidos, ele desviou os

    olhos para a janela tentando contê-las. Voltou-se para ela

    transtornado.

    Ele sussurrou–lhe as palavras, tomado de emoção.

     — Raquel, você me amará! Eu sinto isso. Temos muitoem comum.

     Raquel negou com a cabeça.

      — Ricardo, não se iluda. Você merece alguém que te

    ame!

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     Ricardo a olhou vazio. Raquel não conseguiu encará-lo,

    a dor dele, dilacerava seu coração.

     Abriu a porta e saiu rápido do carro. Ouviu o cantar depneus e o carro de Ricardo sumir ao virar na esquina.

     CAPÍTULO VIII

     

    No dia seguinte ela encontrou Marisa no corredor em

    frente a maquina de café.

    Marisa a segurou e disse-lhe em tom de confidência.

     — Você sabe que bicho mordeu Ricardo? Hoje ele me

    chamou no escritório para me pedir para pesquisar

    algumas leis para ele. Estava mal humorado, impaciente,

    soltando fogo pelas ventas. Pior que sobrou para mim.

    E observando Raquel atentamente disse-lhe.

     — Parece que está difícil encontrar alguém parasubstituir você. Será que pode ser isso? Afinal ele te

    cedeu a Henrique. — O pior de tudo é que tenho me

    desdobrado para atendê-lo e ainda tenho meu serviço

    para fazer.

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      Raquel a observou. Marisa era uma mulher de quarenta

    anos, mas parecia ter trinta. Tinha uma cabeleira loura e

    estava sempre bem maquiada. Era casada e mãe de dois

    filhos que já eram adolescentes.

    Raquel pegou um copo de café e disse-lhe.

     — Marisa, eles estão no meio de um processo difícil. E

     você conhece os Bellinazo, quando eles pegam uma causa

    é para ganhar. Pode ser isso.

     Marisa suspirou.

     — Mesmo que seja isso. Eu não sou paga para aguentar

    desaforos.

    Raquel ficou preocupada, não podiam perder Marisa.

     — Marisa. Eu vou conversar com Ricardo. Pode deixar.

    Ele mudará a atitude dele em relação a você.

     — Espero! Senão, pego minhas coisas e vou embora.

    Meu marido ganha muito bem para eu ficar em um

    emprego para ser maltratada.

      Raquel voltou a sua sala. Henrique ia passar amanhã

    fora. Seu serviço estava adiantado. Ia aproveitar parafalar com Ricardo.

    Resolveu ligar para ele antes de ir. Quando ele atendeu

    era claro o mau humor dele, isso transparecia em sua voz.

      — Ricardo, é Raquel. Posso ir aí falar com você?

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     Depois de um silencio na linha ele lhe disse.

     — Precisa ser agora, pois eu estou de saída.

     Raquel apressou-se em dizer.

     — Estou indo para aí.

      Raquel incomodada afastou o telefone ao ouvir o

    estalido, pois ele tinha desligado com força.

    Raquel suspirou e se dirigiu a sala dele. Encontrou a

    porta aberta e com as pernas bambas entrou. Ricardoestava sentado com os olhos fechados na cadeira.

    Ele estava péssimo. Ela se assustou de ver os cabelos

    emaranhados, a roupa amassada e as olheiras profundas

    no rosto dele. Isso a incomodou muito.

      Ricardo quando a ouviu entrar na sala, abriu os olhose mudamente a observou.

    Raquel sentou-se na cadeira e o fitou firme, embora

    seu coração quase saísse pela boca, tamanho era sua

    apreensão.

     — Ricardo, eu encontrei Marisa no corredor. Ela

    estava chorosa se queixando de sua atitude para com ela.Inclusive ela se abriu comigo e disse que, se você não

    mudar sua atitude, ela irá embora. Você sabe que não

    podemos perdê-la.

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      Ele riu, recostando-se na cadeira. E cuspiu-lhe as

    palavras.

      — Ela que vá embora.Raquel o olhou impaciente.

     — Ricardo, você não pode estar falando sério. È muito

    difícil encontrar alguém no mercado de trabalho como

    Marisa. Ela conhece profundamente as leis. — Então

    exclamou. — Se está difícil encontrar uma simples

    secretária como eu?

      Ricardo se levantou e Raquel observou-o nervosa. Ele

    passou os dedos pelos cabelos e se dirigiu ao pequeno bar

    no canto da sala. Tomou uma dose de uísque em um gole

    só.

      — Eu falarei com ela.— respondeu com firmeza.

    Raquel respirou com alívio e fitando apreensiva,

    levantou-se.

     — Que bom. Eu estou indo então.

      Ela levantou-se e se dirigiu a porta, mas ele foi muito

    rápido e barrou seu caminho. Puxou as mãos dela comforça, machucando-a.

    Pegou o queixo trêmulo e os olhos angustiados de

    Raquel que encontraram os dele que a fitava

    intensamente.

      — Eu a deixo, completamente fria?

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      Raquel tentava entender o que ele queria dizer-lhe com

    essas palavras quando ele tomou seus lábios à força lhe

    dando um beijo violento. Era mais uma punição do que

    demonstração de afeto. Lágrimas brotaram dos olhos de

    Raquel quando ela sentiu sangue na boca.

      Ele a soltou e depois a empurrou em direção à porta.

     — Saia daqui antes que eu faça algo de que vou me

    arrepender.

     — Sinto muito — disse ela.

      Ricardo a olhou com dor nos olhos.

      — Não diga isso, pelo amor de Deus!Não preciso de sua

    piedade. Desde que a conheci, minha vida ficou

    insuportável. Espero que você nunca passe pelo que estou

    passando.

      Raquel chegou abalada no escritório se inclinou na

    mesa e escorou a cabeça com as mãos. Henrique chegou e

    a observou, ela levantou a cabeça e deu com os olhos

    negros que a observavam.

     — Você não está se sentindo bem?

      Raquel meneou a cabeça com um não. Ele respirou

    fundo.

     — Me ajude com um processo e depois pode ir embora.

     Raquel forçou um sorriso.

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     — Daqui a pouco eu vou melhorar.

     Por um momento, Henrique a fitou intensamente, como

    se tentasse entender o que a afligia. Acabou desistindo eentrou na sua sala.

    Depois de um tempo Raquel foi atrás dele. O viu

    massagear a manga vazia e evitou olha-lo. Sentou-se na

    cadeira e esperou ele ditar o processo.

    Raquel o viu procurar algo na gaveta. Ele parecia

    ignorar a presença dela ali. Com um maço de cigarros na

    mão, rasgou o plástico com os dentes, colocou no colo.

    Raquel concluiu que ele devia estar tentando abrir

    segurando entre os joelhos.

     Levantando a cabeça com impaciência pediu-lhe.

      — Abra para mim. Preciso de um cigarro, urgente.

    Ela pegou o maço de suas mãos e seus dedos se

    encontraram, ele a olhou estranhamente e logo tirou as

    mãos, ela tentou não ficar nervosa diante do magnetismo

    daquele belo homem a sua frente.

    Entregou para ele um cigarro e colocou o maço na

    mesa.

     — Você se incomoda se eu fumar?

    Raquel negou. Ele acendeu o cigarro, com um leve

    tremor.

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      Quando se viu, perdeu-se nas alterações que ele lhe

    passava do documento.

     — Você pode me repetir desde o artigo 4 parágrafotrês?

      Henrique a fitou por um momento. Olhou o relógio e

    disse-lhe.

      — Deixe isso aí, nem eu estou conseguindo pensar

    direito. Eu não comi nada no café da manhã. — E de

    maneira estudada perguntou. —Almoça comigo?

    Raquel ficou a olhá-lo aturdida, colocou as mãos

    tremulas no colo e tentou parecer natural.

      — Claro. Eu também estou com fome. — Mentiu-lhe,

    pois seu estômago se embrulhava diante da expectativa

    de almoçar com ele, tamanho era seu nervosismo.

    Henrique se dirigiu a ela. Raquel observou o terno

    preto que ele usava e reparou como o deixava atraente.

    Raquel levantou-se e percebeu que os olhos de Henrique

    correram para o seu vestido verde, observando a pele

    clara e sedosa, nas sobrancelhas levemente arqueadas,

    nos olhos violetas, realçadas por cílios longos e espessos.

    Inspecionou seu nariz reto e pequeno, a boca cheia e

    encantadora.

    Pouco tempo depois, viu-se sentada a mesa de um

    restaurante italiano.

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     Pediram uma lasanha e vinho tinto suave.

      Henrique a observou por um momento. Raquel sem

    fome mexia na comida nervosa. — Você não pretende voltar com meu irmão?

    Henrique esperou atentamente a resposta dela.

      — Não poderia, estaria iludindo-o, alimentando os

    sentimentos dele por mim, sendo que eu não o amo.

    Houve um silêncio rápido e estranho. Ele desviou oolhar do rosto dela, tenso, os olhos semifechados pelas

    pálpebras. Então voltou sua atenção para ela por um

    momento como se tivesse assimilando o que ela lhe

    falara.

      Comeram em silencio. Raquel bebericou seu vinho

    observando o homem a sua frente. Ele mexia com todos

    os sentidos dela. Tudo nela ficava em alerta quando

    estava diante dele.

     Saíram do restaurante e juntos andaram calados lado a

    lado. Raquel estava imersa em pensamentos quando

    ouviu na rua uma brecada forte de carro. Ela voltou a sua

    atenção para o barulho e viu dois carros que se

    envolveram numa batida.

    Seus olhos procuraram Henrique e notou que ele

    estava muito pálido. Ele havia parado de caminhar e

    tremia. Raquel ficou preocupada. Via-se claramente o

    esforço que ele fazia para se controlar.

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      Ela vendo-o naquele estado, o pegou pela cintura e

    percorreu o resto do caminho, abraçada a ele. Abriu aporta de vidro e entraram no elevador. Ele tentava se

    acalmar, mas via-se claramente que ele estava abalado.

     Abriu a porta da sala dele e o ajudou a sentar-se. A

    mão dele tremia. Raquel foi até o armário e o serviu

    uma dose de uísque.

     — Tome, lhe fará bem.

    Ele pegou o uísque com a mão tremula e levou aos

    lábios. Raquel o ajudou a segurar o copo, onde ele tomou

    um gole grande. Reclinando-se no assento, respirou

    fundo. Raquel lembrou-se do acidente dele. E o olhou com

    ternura.

      Ele tinha trauma do acidente. O barulho da brecada

    dos carros fez com que ele o revivesse.

    Raquel passou a mãos nos cabelos negros dele.

    Ele ainda não havia se recuperado, via-se nitidamente

    que ele estava abalado. Lembrou-se de que sua mãe

    sempre a abraçava na infância quando ela tinha medo de

    trovões e sabia que nada melhor do que o calor humano

    para acalmar alguém.

      Com essa intenção ela o embalou como uma criança,

    colocando a cabeça dele entre seus seios, sentiu a

    respiração quente dele penetrar no seu vestido fino.

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     Tentou ignorar o magnetismo daquele homem, mas seu

    coração estava em disparada. Tudo nele mexia com ela, o

    perfume dos cabelos, o calor de seu corpo. Ele a envolveu

    com o braço e ficaram ali por alguns minutos.

      Quando ela percebeu que ele estava mais calmo e

    respirava normalmente, o afastou. Ele não permitiu.

    Levantou o rosto abrindo os olhos negros, onde se

    deteve em sua boca, subiu lentamente os olhos que

    procuraram os dela, os dele intensos os dela confusos.

    Ele a puxou para si, trazendo para o seu colo e seus

    lábios se uniram. Ele a beijou apaixonadamente, a cada

    instante intensificando o beijo.

    Raquel viu-se envolvida num turbilhão de sensações.

    Entregou-se totalmente àquele momento, aquele toque

    mágico. Sentia a cabeça girar, o mundo desaparecer.

    Ele mordiscou o canto de sua boca com os lábios

    quentes, fazendo-a estremecer. Então ele a afastou, seus

    olhos eram duas bolas negras tomadas pelo desejo. Ela

    ficou ali calada, trêmula. Fazendo com que ele esticasse o

     braço e passasse o indicador pelos lábios dela. Raquel

    confusa baixou os olhos. Mas ele não permitiu.

    Levantando o queixo dela com o polegar e o indicador.

    Fitou-a intensamente e disse-lhe com voz rouca.

     — Raquel. Acho que depois do que aconteceu aqui, vai

    ser difícil eu te ver como se nada tivesse acontecido.

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      Raquel não soube o que dizer. Surpreendeu-se consigo

    mesma, nunca havia sentido o que estava sentindo

    naquele momento. Nem seu noivo tinha despertado nela

    tanto desejo ao ponto de se esquecer de tudo á sua volta.

    E Ricardo não se permitiu deixar-se envolver com ele.

    Diante disso, corou, sentindo uma onda de calor subir

    pelo pescoço e rosto. Os olhos negros a observavam como

    se estivessem fascinados.

     — Essa química intensa, que temos um pelo outro éraro de se acontecer. Eu mesmo nunca senti e acho que o

    mesmo acontece com você.

      Raquel levantou a cabeça e o fitou. Observou os olhos

    negros que a olhavam ainda com desejo e se deteve na

     boca sensual.

    Ela levantou a mão e passou o indicador na boca dele,

    fazendo com que ele segurasse sua mão e a levasse para o

    seus lábios e beijasse-lhe os dedos. Raquel estremeceu.

    Ela estava em um sonho. Perfeitamente consciente do

    corpo musculoso e quente em que estava apoiada. Tinha a

    cabeça leve, nebulosa, o fitava totalmente sem ação.

    Ele murmurou com voz estranha e ardente

      — Eu quero te conhecer melhor, se você me permitir.

    Raquel confusa confessou.

      — Pensei que você não gostasse de mim. E agora você

    quer me conhecer?

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      Ele a olhou com ternura. Passando a mão pelos cabelos

    dela. Seus olhos eram intensos quando ele lhe falou.

      — Eu sempre soube do interesse do meu irmão por você. Minha atitude, muitas vezes, em relação a você foi

    uma espécie de defesa, uma forma de eu te evitar.

    Raquel levantou os olhos surpresos. Ele tomou-lhe a

     boca e Raquel correspondeu o beijo com todo seu

    coração. Não media as consequências, não percebia a

    realidade exterior, pois o importante era o que estavaacontecendo por dentro dela. Ela passou os braços em

     volta do pescoço vigoroso, mergulhando os dedos no

    cabelo negros dele. Seu coração começou a bater num

    ritmo selvagem.

      Sentiu as batidas fortes do coração dele contra seus

    seios, o calor da carne que passava para seu própriocorpo. Ele a puxou mais para perto, acariciando-a sem

    parar.

      — Eu te desejo há muito tempo. — murmurou,

    movendo a boca para a garganta de Raquel.

      Ela fechou os olhos com força e deixou-se ficar, a

    cabeça inclinada para trás, deixando que beijasse a pele

    alva e delicada, os lábios escorregando do pescoço para o

    ombro e depois até a curva delicada dos seios exposto

    pelo pequeno decote do vestido. Ele começou a tremer.

    Raquel sentiu seus movimentos convulsivos e gemeu

    depois ele pousou novamente a boca sobre a dela e o beijo

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    tornou-se profundo, mais profundo, até que ambos

    ficaram ofegantes. Raquel o afastou e o olhou cheia de

    desejo.

    Ele buscou seus olhos e com uma ligeira ansiedade na

     voz rouca perguntou-lhe.

      — Você vai me permitir conhecê-la melhor?

      Raquel o abraçou, estranhou a falta de um abraço

    apertado envolvendo-a. A mão dele estava sobre seus

    cabelos.

    Ela o afastou e disse-lhe com simplicidade.

     — Os sentimentos do seu irmão são muito intensos em

    relação a mim. Eu não posso me envolver com você. Vou

    machucá-lo profundamente. Não seria correto.

    Henrique a olhou compreensivo.

     — Poderíamos nos encontrar fora do trabalho. Eu iria

    até sua casa depois do expediente.

    O coração de Raquel disparou, nunca imaginou que ele

    fosse insistir em conhecê-la, pensou que ele iria desistir

    quando ela colocasse o irmão dele como empecilho. Seucoração se alegrou com a atitude dele em arrumar um

     jeito para vê-la.

     — Tudo bem, podemos nos ver depois do trabalho.

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      Henrique a puxou para ele com um gemido e se

     beijaram longamente. Raquel só tinha consciência dele

    naquela hora. E trêmula se levantou.

     Trabalharam o resto da tarde envoltos num clima de

    segredo. Só eles sabiam da existência do acordo de se

    conhecerem melhor depois do trabalho. Contribuindo

    também para a mudança no relacionamento entre os dois.

      Seus olhos de vez em quando mudavam, e ele a olhava

    intensamente, não escondendo mais o desejo. Ela lhesorria envolta na atração que ele lhe provocava.

    Saíram juntos do escritório e Raquel viu o motorista

    dele aproximar-se dele, passou-lhe o endereço e se dirigiu

    ao seu carro, um Dodge Dart.

    CAPÍTULO IX

      Chegaram juntos ao seu apartamento. Viu que

    Henrique dispensou o motorista. Raquel ficou apreensiva

    e ele explicou.

      — Caso meu irmão te procure, ele pode ver o carro de

    meu motorista estacionado em frente ao seu

    apartamento. Então pedi para ele estacionar na outra

    quadra.

      Raquel então sorriu, não havia pensado nisso.

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      Henrique pegou-lhe a cintura e caminharam juntos até

    o elevador. Dentro do elevador ele a puxou para si tomou-

    lhe os lábios com paixão. Ela correspondeu trêmula, suas

    pernas fraquejaram, seu coração batia num ritmo louco.

      Quando o elevador abriu no andar dela, ele a soltou.

    Raquel nem tinha se dado conta que já estavam no andar

    dela. Ela abriu a porta do apartamento com as mãos

    trêmulas.

    Mal ela fechou a porta ele a puxou para si, Raquel seadmirava pela força de seu braço, mesmo com a ausência

    do outro. Ela tremeu e ele deu um gemido, depois cobriu

    o rosto dela de beijos. Raquel passou os braços em volta

    do pescoço dele e sentiu a boca de Henrique mover-se

    sobre as orelhas, o pescoço, os cabelos; ele a abraçou com

    mais força, como se não quisesse soltá-la nunca mais,

    como se precisasse lutar para não perdê-la.

      — Raquel. .. Oh, Deus, Raquel — murmurou.

      Ela procurou a boca de Henrique com um suspiro de

    necessidade, agarrando-se a ele como se fosse cair se a

    soltasse, enquanto uma onda de desejo invadia todo o seu

    corpo. Acariciava as costas dele, a nuca, os ombros,sentindo um calor erótico nos longos beijos apaixonados.

      — Preciso de você, Raquel — murmurou sobre os

    lábios dela. — Preciso ter você.

    Ela o puxou e buscou a sua boca o beijou com paixão.

    Soluçou, quando se deu conta de que com seu noivo

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    nunca tinha agido daquele jeito. Passou-lhe um arrepio de

    prazer. Henrique afastou-se para olhá-la. Soltou um

    gemido sensual e profundo ao perceber a entrega de

    Raquel. Os olhos dele eram duas bolas negras escuras de

    desejo.

     — Vem Henrique. —Raquel o convidou, admirada com

    ela mesma, ficou um ano com Jonas e nunca tinha

    permitido com que ele passasse dos limites, e agora

    chamava Henrique, que passou a conhecer mais

    intimamente em poucas horas.

    Henrique a seguiu até o quarto. Ela tirou-lhe o paletó,

    a gravata, abriu os botões da camisa dele fazendo-o

    estremecer. Ele a puxou e beijou-lhe a boca, procurando o

    zíper do vestido dela nas costas que caiu no chão.

    Quando ela tirou-lhe a camisa, sentiu-o ficar tenso.Sabia que estava para expor o braço mutilado, observou o

    peito moreno cheio de pelos negros e macios viu o

    pequeno toco do braço mutilado. Tocou o pequeno

    membro com dedos firmes. Henrique prendeu a

    respiração quando ela beijou-lhe o membro com os lábios

    quentes.

      Ele tentou tirar-lhe o sutiã. Ela colocou as mãos para

    trás e tirou. Seus seios perfeitos ficaram expostos. Ela

    tirou-lhe as calças e a cueca. Quando eles estavam nus,

    ele a puxou para a cama. Raquel sabia da dificuldade dele

    em permanecer em cima dela, pela ausência do braço,

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    então ela o colocou embaixo dela e o abraçou. Mordiscou-

    o arrancando-lhe gemidos. Ele buscou a boca dela.

    Raquel correspondeu beijando-o profundamente.

    Ela deitou-se ao seu lado ele virou-se para ela,

    tentando entender por que ela estava parada a olhá-lo

    com hesitação. Raquel contou-lhe que era virgem. O rosto

    dele foi se transformando na frente dela primeiro de

    surpresa e depois a olhou com ternura puxando-a para si,

    ela se aconchegou no peito dele.

     — Se você quiser esperamos mais. — Disse ele firme.

    Ela o olhou com ternura beijou-lhe a boca. Ela queria

    ouvi-lo dizer que a amava. Mas ela estava tão atraída porele que a entrega parecia ser natural.

     — Não, eu não quero esperar.

    Ela o abraçou e sorriu. Beijou-lhe com paixão. Ela

    saiu do colo dele e o puxou para si. Ele se desequilibrou e

    caiu em cima dela. Raquel havia se esquecido de que, ele

    não tinha apoio do braço esquerdo.

      — Me desculpe.

    Ele forçou o braço para manter-se em cima dela sem

    machucá-la com seu peso e a beijou, mordiscando lhe o

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    pescoço, a boca, os seios. Abriu as pernas dela com as

    pernas dele, ficando de lado a puxou e a penetrou.

    Raquel segurou-se nele ao sentir dor. Ele se escoroucom o braço e puxou-a para cima dele.

     — Mexa Raquel.

    Ela então passou mexer em cima dele, um prazer

    indescritível tomou conta de seu corpo e ela fechou os

    olhos quando alcançou o prazer. Tinha imaginado aquele

    momento tantas vezes!... Mas nenhuma de suas fantasias

    se comparava ao que sentiu com ele.

      Ele a puxou para si e pediu para ela mexer-se mais

    rápido, ele abriu os olhos e se deliciou de prazer em vê-lo

    apertar os olhos de prazer, crispando as mãos na cama.

    Raquel deitou-se do lado direito dele. Henrique aenvolveu com o braço.

     — Vou embora agora.

    Henrique levantou-se. Raquel nervosa exclamou.

      — Henrique não vá.

    Ele ergueu as sobrancelhas e disse-lhe.

     — Eu também gostaria de ficar aqui. Mas meu motorista

    está na rua. E minha mãe vai notar minha ausência. Ela

     vai começar a fazer perguntas.

     Raquel com os olhos úmidos o abraçou.

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      — O que é isso Raquel? Não estou entendendo você?

     Amanhã depois do expediente nós estaremos juntos

    novamente. Esse será o nosso segredo.

     — É perigoso, você terá que andar no escuro e está

    muito tarde.

     Henrique levantou o rosto dela e a olhou intensamente.

     — Foi assim que você o perdeu?

     Raquel olhou-o emocionada.  — Estávamos na calçada, íamos pegar o carro. Um

    homem se aproximou e disse que era um assalto,

    mostrando a arma. Jonas reagiu, morreu com um tiro no

    peito, o ladrão virou-se para mim e atirou, mas a arma

    falhou e ele correu.

    Henrique beijou-lhe a boca ternamente.

     — Não acontecerá nada comigo.

    Levantou-se e pegou as roupas, sentou-se na cama e

    com dificuldade, colocava as roupas. Raquel colocou um

    roupão e o ajudou com a camisa abotoando os botões.

    Guardou a gravata no bolso do paletó e o ajudou a vestir.Ela se agachou colocou-lhe as meias e os sapatos. Ele

    levantou-se e ela colocou a manga vazia dentro do bolso

    do paletó. O abraçou e o beijou.

      — Raquel amanhã eu estarei fora, tenho uma

    audiência. Encontraremos-nos aqui amanhã a noite.

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      Raquel o abraçou e beijou-lhe os lábios.

     — Eu te espero. Vou te dar meu número de telefone,

    quando você chegar, me liga. — Raquel, não há necessidade.

     Raquel o fitou séria. Henrique a observava.

     — O teu acidente te deixou sequelas físicas e mentais. O

    que aconteceu comigo também me marcou. Eu não vou

    conseguir dormir se você não me ligar. Ele a olhou compreensivo.

     — Eu te ligarei.

    Ela colocou a cabeça no peito dele e emocionada falou.

      — Eu acho que te amo Henrique.

    Ele empalideceu, fazendo com que Raquel estranhasse

    a sua reação. Nada respondendo, saiu.

      Vinte minutos depois o telefone tocou. Raquel correu e

    atendeu.

     — Sou eu. Cheguei bem.

      — Graças a Deus!

    Raquel foi até o banheiro e tomou um banho demorado

    e com a imagem de Henrique, dormiu.

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      Raquel chegou cedo ao escritório. Resolveu, com a

    ausência de Henrique, organizar o arquivo e quando se

    deu conta já passava do meio dia.

    Desanimada por comer pegou o telefone para pedir um

    lanche, quando viu Ricardo entrar na sua sala, ela

    colocou o fone no gancho.

      Ricardo estava ainda abatido, mas sua aparência era

     bem melhor do que ontem. Seus olhos observaram Raquel

    se detendo a cada detalhe do seu rosto.

    Raquel esperou quieta, olhando-o firmemente nos olhos.

     — Raquel, eu arrumei uma secretária para Henrique, ela

    começará amanhã. Você voltará a trabalhar comigo.

     O coração de Raquel se apertou no peito.

     — Você não acha melhor eu ficar com Henrique?

     Ricardo ficou transtornado passou os dedos nos cabelos

     várias vezes. Encaminhou-se com passos decididos para

    a cortina da janela e as abriu, num gesto nervoso, abriu o

     vidro para entrar o ar. Ficou parado ali como se estivesse

    pensando ou se acalmando.

    Raquel ficou sem ação. Ela já se sentia péssima por se

    encontrar com Henrique, sabendo dos sentimentos de

    Ricardo por ela.

    Ricardo virou para observá-la, Raquel baixou os olhos.

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      — Por que isso agora? Você não gosta de Henrique. Eu

    sou tão desprezível assim, para você preferir trabalhar

    com ele, ao invés... — Calou-se, abrupto, voltou-se para a

    cortina da janela e tornou a fechá-la e falou emocionado

    de costas para ela. — de trabalhar comigo?

     — Ricardo, você precisa me esquecer. Se trabalharmos

     juntos, concorda que será difícil isso acontecer?

      Ricardo foi até ela e a puxou, apertando-a em seus

     braços, sussurrou-lhe as palavras com o queixo apoiadoem seus cabelos.

     Eu me odeio, por me permitir amá-la desse jeito, mas

    não posso evitar. Eu estou preso a você. — Calou-se por

    um tempo. —  Tenho tentado inutilmente te esquecer,

    mas não consigo. Ás vezes, eu tenho vontade de morrer.

     — Riu um riso amargo. — Antes de conhecer você, sempre fui muito prático e achava que estava imune a esse

    sentimento.

     Raquel chorou em seu peito. O sentia tão indefeso. Isso

    mexia com ela, Raquel sempre gostou muito dele, mas

    não da maneira que ele queria. Ricardo a afastou, seus

    olhos estavam úmidos.

    Ele secou as lágrimas dela com o polegar.

     — Você trabalhará comigo?

     Raquel respirou fundo, baixou os olhos, sem ação.

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      Raquel chegou seis e meia no seu apartamento.

    Henrique tinha ficado de passar lá. Seu coração estava

    apertado. Não tinha a mínima ideia de como Henrique

    reagiria ao saber da substituição de secretária.

     

    CAPÍTULO XI

      Resolveu tomar um banho rápido, vestiu um vestidoleve branco, penteou os cabelos e passou um batom.

    Estava saindo do quarto quando ouviu a campainha

    tocar. Trêmula, com o coração saindo pela boca abriu a

    porta. Henrique lhe abriu um sorriso, avançou e a

    envolveu no seu braço. Ela entregou seus lábios a

    Henrique para que ele os aquecesse com seu calor, beijaram-se longamente.

      Foram se acalmando aos poucos, ela ainda no seu

     braço, corpos colados. Raquel se afastou e o observou.

    Seus olhos se encontraram e ficaram se olhando por um

    instante, hipnotizados. Raquel ouviu a porta bater pela

    força do vento. Só então se deram conta que não haviamfechado a porta. Ambos riram. Henrique a pegou pela mão

    e a conduziu para o quarto.

    Henrique e Raquel fizeram amor com a mesma entrega

    e paixão de ontem, mas dessa vez Henrique se preveniu

    com camisinha, despertando em Raquel a preocupação

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    que ontem eles não tomaram os devidos cuidados de tão

    envolvidos estavam nos braços um do outro.

      Depois de um tempo Raquel estava sonolenta com acabeça no peito de Henrique ouvindo o coração dele bater

    num ritmo mais calmo.

    Ela saiu do braço dele e foi até o banheiro se envolveu

    em um roupão branco. Quando voltou o viu sentado na

    cama, ele já havia posto a cueca e a calça. Raquel sentou-

    se ao lado dele e olhando para os pés descalços falouresignada.

      — Ricardo me procurou. Amanhã você terá uma nova

    secretária.

    Henrique se acomodou melhor virando-se para ela.

    Levantou o rosto dela e a fitou. Seu rosto expressava uma

    luta interior.

      — Por que você não falou que não haveria mais troca?

    Que você ficaria comigo?

      — Eu tentei, mas não consegui.

      — Meu Deus — disse ele roucamente. Depois saiu da

    cama, apanhando as roupas espalhadas pelo chão, e

     vestiu-se rapidamente, com gestos nervosos que

    indicavam a raiva que estava sentindo.

      Raquel o impediu e o abraçou. Henrique estava

    tremendo com uma raiva contida.

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      — Ele prometeu-me que iria agir com profissionalismo.

      — E você acreditou? — Ele urrou as palavras.

      Ele com as mãos trêmulas a afastou com força,tentava fechar os botões e soltou um palavrão, deixando a

    camisa aberta. Colocou as meias e o sapato. Pegou o

    paletó e jogou no ombro. Raquel o olhava sem ação.

     — Henrique, se ele tentar alguma coisa eu lhe prometo

    que não trabalharei mais para ele.

     — Meu irmão não vai desistir de você. Será que você

    não percebeu isso? Eu sinto por ele. Ou você acha que

    estou feliz por te tira-la dele?

     — Henrique, você não me tirou dele. Ele nunca me

    teve. —Ao dizer isso, um sentimento ruim apertou no

    coração de Raquel, que a confundiu.

      Henrique a fitou por um momento. Ela aproximou-se

    dele e o abraçou. Pousou a cabeça nos pelos negros e

    aspirou-lhe o perfume. Sem olhá-lo fechou-lhe os botões

    da camisa. Ele estava tenso, com a respiração

    entrecortada. Raquel levantou a cabeça e os lábios dele

    tomaram os seus num beijo possessivo, cheio de paixãoreprimida. Ele falou-lhe nos cabelos.

      — Raquel, não vai ser fácil para mim te ver

    trabalhando ao lado dele.

    Raquel o afastou e disse-lhe firme.

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     — Serei fria e dura com ele. Ele verá que eu não o amo

    e vai me esquecer. — Mas no íntimo de seu coração, as

    palavras dela saíram falsas, para si mesma.

    Meu Deus, o que estava acontecendo com ela? Ela não

    amava Henrique? Por que o coração dela se apertava ao

     pensar em Ricardo?Por que o fato de começar a agir de

    maneira fria com Ricardo a fazia sofrer?

      Henrique a olhou por um longo tempo assimilando as

    palavras dela. Com um gesto frustrado a afastou e saiupara a sala. Raquel correu até ele.

     — Me ligue quando chegar.

     A porta bateu violentamente sem que ele lhe

    respondesse, cada vidro do apartamento tilintou.

     Às duas horas da manhã, Raquel percebeu que ele nãoiria ligar. Chorou amargamente, dormiu envolta em

    pensamentos confusos.

    Raquel acordou ás seis, se olhou no espelho e

    desanimada constatou que seus olhos estavam muito

    inchados.

     Às nove horas ligou para o trabalho. Resolveu dar uma

    desculpa. Não iria trabalhar.

    Depois de três toques ouviu a voz de Ricardo

    impaciente.

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     — Ricardo é Raquel. Eu não estou me sentindo bem. Eu

    não poderei ir trabalhar hoje. Acho que peguei uma gripe.

     Fez-se silêncio do outro lado da linha.  — Tudo bem Raquel. Posso dar uma passada aí mais

    tarde para ver você?

      Raquel falou rapidamente, quase gritou.

      — Não. — E logo disfarçou a voz num tom mais

     brando. — Não precisa vir aqui. È só uma gripe mesmo. — Até amanhã então.