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Polyanna Araújo Alves Bacelar Licenciada em Ciências Biológicas Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L. Orientadora: Profª. Drª. Ana Paula Peron Coorientadores: Drª. Lidiane de Lima Feitoza Prof. Dr. Reginaldo de Carvalho Profª. Drª. Ângela Celis de Almeida Lopes Dissertação apresentada à Universidade Federal do Piauí como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento, para obtenção do título de “Mestre”. Teresina PI 2014

Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

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Page 1: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

Polyanna Araújo Alves Bacelar

Licenciada em Ciências Biológicas

Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L.

Orientadora:

Profª. Drª. Ana Paula Peron

Coorientadores:

Drª. Lidiane de Lima Feitoza

Prof. Dr. Reginaldo de Carvalho

Profª. Drª. Ângela Celis de Almeida Lopes

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Piauí como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento, para obtenção do título de “Mestre”.

Teresina – PI

2014

Page 2: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L.

Polyanna Araújo Alves Bacelar

Aprovada em ____/____/______

Comissão julgadora:

Drª. Lidiane de Lima Feitoza – PPGM/UFPI

Profª. Dr. Reginaldo de Carvalho – UFRPE

Profª. Drª. Ângela Celis de Almeida Lopes – CCN/UFPI

Profª. Drª. Ana Paula Peron – CSHNB/UFPI

(Orientadora)

Page 3: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

Aos meus queridos pais,

Maria do Socorro Bacelar e

Francisco Bacelar, que

sempre apoiaram,

incentivaram e aplaudiram em

cada sonho que conquistei.

À minha amada avó Altina

de Araújo, que segurou em

minhas mãos ajudando a

tracejar os rabiscos das

primeiras palavras que

escrevi.

Page 4: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

Dedico!

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela proteção e bênçãos em minha vida;

Ao Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento pela oportunidade de

realização do Curso;

À Universidade Federal do Piauí, pelo afastamento concedido para minha

qualificação;

Ao Prof. Dr. José Baldin Pinheiro e ao Msc. João Paulo Gomes Viana, que

disponibilizaram os acessos de alho do Banco Ativo de Germoplasma da Escola

Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’- Universidade de São Paulo;

À Profª. Drª. Ana Maria Benko Iseppon, por permitir o uso do microscópio de

fluorescência do Laboratório de Biologia Vegetal da Universidade Federal de

Pernambuco;

À Profª. Drª. Ana Paula Peron, pela orientação, dicas, críticas, empenho e

contribuição para a realização deste trabalho;

À Profª. Drª. Ângela Celis de Almeida Lopes, pela coorientação e por agir sempre

com o carinho de mãe com os seus ‘filhos da pós-graduação’;

À pesquisadora Drª. Lidiane de Lima Feitoza pela coorientação, direcionamentos e

críticas no trabalho, por compartilhar um espaço em seu lar (Recife) e principalmente

pelos ensinamentos em citogenética;

Ao Prof. Dr. Reginaldo de Carvalho pelos ensinamentos, valiosas sugestões e por

permitir que eu desenvolvesse as técnicas no Laboratório de Citogenética Vegetal

da Universidade Federal Rural de Pernambuco;

Aos professores Dr. Antônio Aécio de Carvalho Bezerra, Dr. Fabio Barros Brito, Dra.

Gleice Ribeiro Orasmo, Dr. Kaesel Jackson Damasceno e Silva, Dr. Sérgio Emílio

dos Santos Valente, Dr. Maurisrael de Moura Rocha, Dr. José Baldin Pinheiro

(ESALQ), Dr. Alexandre Siqueira Guedes Coelho (UFG), Dr. Carlos Tadeu dos

Page 5: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

Santos Dias (ESALQ), por proporcionarem um grande aprendizado através das

disciplinas ministradas;

Aos meus maravilhosos, tios, tias, primos, irmão, sobrinhos, madrinha, comadres,

afilhados e avôs (in memorian), especialmente para minha querida vozinha Altina

Araújo, pai Francisco Bacelar e ‘super mãe’ Socorro Bacelar, que acreditaram,

torceram e cujo amor é tão grande que não cabe em mim;

Á Mafalda Bacelar, Irenir Bacelar e Jardel Bacelar (Picos), que sempre me

acolheram com afago e em especial, um carinhoso agradecimento ao meu anjo

protetor, Jonatan Bacelar, que cuida de mim e me faz sentir cada vez mais aquilo

que um dia escreveste: a nossa relação é algo que está além dessa vida;

Ao meu namorado Lutyl Sousa, pela compreensão, incentivo, pela imensa paciência

de ter suportado minhas falhas e ausências durante o período de mestrado, em

especial por me fazer perceber o quanto preciso desse amor;

À querida Rosangela López e família por me receberem e ampararem nas inúmeras

sessões de estudo em sua casa;

Aos colegas Hendrie Nunes, José Ribamar Filho e João Viana, que ajudaram muito

nos estudos para ingressar no mestrado;

Ao César Viana, Joseane Silva, Danieles Guimarães, Iolly Galvão e aos demais

colegas de turma, pelos momentos de descontração e apoio durante o curso;

Aos amigos Rafael Almeida, Jéssica Lustosa, Josilane Penha, Larronne Silva,

Sérgio Menezes e Elisa Paiva, pessoas confiáveis e amáveis que admiro;

À Rosimere Xavier, por se tornar mais que um ombro amigo, parceira fundamental

em todas as etapas do mestrado, por me ouvir até nas horas impróprias e me incluir

em suas orações, amiga verdadeira para toda minha existência;

Á Fernanda Rocha e Rosiane Carvalho, amigas irmãs, o meu grande agradecimento

pelo incentivo, torcida e acima de tudo, pela forte amizade que nos une;

Aos colegas de trabalho da UFPI e EAD/PI pela compreensão e incentivo;

À turma de Picos e Oeiras, Sara Iolanda Silva, Naiety Barbosa, Daniela Silva, Anaila

Sales, Ronielson Carvalho, Ellifran Dantas, Terysdalva Costa, Odete Sarmento,

Luciane carvalho, Apoliana Carvalho, Luis carvalho e Junior Cavalcante, pela grande

ajuda e parceria no início do curso;

À turma de Recife, Angélica Marinho (referência em morfometria cromossômica),

Genialdo Ramos (literalmente o gênio), Viviane Moreira, Vanessa Oliveira, Maria

Luiza Silva, Emmanuelly Xavier, Lamonier Ramos, Silmar Silva, Bernarda Gregório

Page 6: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

(Baiana), Prof. Dr. Edson Ferreira da Silva e Rafaela Araújo, pela aprendizagem,

momentos de descontração, companheirismo e por terem tornado leve os momentos

mais difíceis do mestrado;

A todos que contribuíram de alguma forma, o meu sincero obrigada!

Page 7: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

A vida é uma peça de teatro que não permite

ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva

intensamente, antes que a cortina se feche e a

peça termine sem aplausos.

Charles Chaplin

Page 8: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

8

SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................... 8

ABSTRACT.................................................................................................................9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES........................................................................................10

LISTA DE TABELAS.................................................................................................12

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13

2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................15

2.1 Aspectos Gerais da Botânica e Distribuição do Allium sativum L. ............. 15

2.2 Propriedades Químicas e Terapêuticas do Alho ........................................ 17

2.3 Importância Socioeconômica ..................................................................... 18

2.4 Métodos para Caracterização Genética em Bancos de Germoplasma ...... 23

2.5 Citogenética Vegetal: Técnicas e Aplicações..............................................23

2.6 Citogenética em Allium sativum L................................................................25

3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 27

3.1 Germoplasma ............................................................................................. 27

3.2 Obtenção das Raízes e Preparação da Lâmina para Análise

Citogenética....... .................................................................................................. 29

3.3 Coloração Convencional com Giemsa ....................................................... 30

3.4 Bandeamento com Fluorocromos CMA e DAPI. ........................................ 30

3.5 Fotodocumentação e Morfometria.............................................................. 30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 32

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 45

Page 9: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

9

RESUMO

BACELAR, P. A. A. Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L. 52p. Dissertação (Mestrado/Genética e Melhoramento) – UFPI, Teresina, 2014.

Allium sativum L. é uma herbácea da família Alliaceae com sabor e aroma

peculiares, cujas propriedades medicinais e nutracêuticas o fazem ser amplamente

comercializado em diversos países. O Brasil é um dos maiores importadores de alho

do mundo, apesar de possuir capacidade de potencializar sua produção. No entanto,

torna-se necessário explorar a diversidade genética dos alhos comerciais,

principalmente os conservados em bancos de germoplasma. Para isso, uma

ferramenta adequada é a caracterização citogenética desses acessos. Assim, este

trabalho teve como objetivo caracterizar a diversidade citogenética em sete acessos

de alho do Banco Ativo de Germoplasma de Alho da Escola Superior de Agricultura

‘Luiz de Queiroz’ - Universidade de São Paulo (ESALQ-USP). Os cariótipos foram

obtidos pela coloração convencional com Giemsa e bandeamento com fluorocromos

CMA e DAPI. Os acessos analisados apresentaram número cromossômico 2n = 16,

fórmula cariotípica 6M+2SM, cariótipos simétricos, núcleos interfásicos do tipo

reticulado e cromossomos com padrão de condensação uniforme da prófase para

metáfase. No bandeamento CMA/DAPI, os acessos apresentaram pequenos

heteromorfismos de heterocromatina CMA+/DAPI- que variaram quanto à intensidade

do sinal emitido pelo fluorocromo CMA e distribuição nos cromossomos. Com base

no padrão de distribuição desses pequenos polimorfismos foi possível separar os

sete acessos em três grupos, sendo um deles formado pelos acessos do Piauí.

Também foi possível diferenciar alguns dos acessos individualmente. Observou-se

heteromorfismo de distensão da Região Organizadora de Nucléolo nas

prometáfases dos pares cromossômicos 6 ou 7. Sugeriu-se que o cromossomo

CMA+++/DAPI- do par seis do acesso Branco Mineiro Piauí pode ser usado como

marcador na identificação deste genótipo ou associado a algum caráter de interesse

econômico após estudos complementares.

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Palavras-chave: bandeamento cromossômico, heteromorfismo, alho, banco de

germoplasma.

ABSTRACT

BACELAR, P. A. A. Cytogenetic characterization in accessions Allium sativum L. 52p. Dissertation (Master in Genetics and Breeding) – UFPI, Teresina, 2014.

Allium sativum L. is a herbaceous of the Alliaceae family with peculiar taste and

aroma, whose medicinal and nutraceutical properties do be widely marketed in

several countries. Brazil is one of the largest importers of garlic in the world, despite

having the ability to boost their production. However, is necessary to explore the

genetic diversity of commercial garlic, mainly preserved in germplasm banks. For this

purpose, a suitable tool is to characterize cytogenetic these accessions. This study

aimed to characterize the cytogenetic diversity in seven accessions of garlic Active

Germplasm Bank of Leek College of Agriculture ' Luiz de Queiroz ' - University of São

Paulo (USP - ESALQ). The karyotypes were obtained by conventional staining with

Giemsa and fluorochrome banding CMA and DAPI. All accessions analyzed showed

chromosome number 2n = 16 , karyotype formula 6M+2SM, symmetrical karyotypes,

reticulate interphase nuclei, chromosomes with continuous condensing patters from

prophase to metaphase. In banding CMA/DAPI, the accessions had small

heteromorphisms heterochromatin CMA+/DAPI- ranging as the intensity of the signal

emitted by the fluorochromes CMA and distribution in the chromosomes. Based on

the distribution pattern of these small polymorphisms was possible to separate the

seven hits in three groups, one consisting of accesses state of Piauí. It was also

possible to differentiate some of the hits individually. Observed heteromorphism

distension of the Nucleolar Organizer Region in prometaphases of chromosome pairs

6 or 7. It was suggested that chromosome CMA+++/DAPI- the pair six access Branco

Mineiro Piauí can be used as a marker to identify this genotype or associated with

some character of economic interest.

Keywords: Cytogenetic characterization, garlic, germplasm bank.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Bulbo de alho (A). Bulbinho com raiz fasciculada (B). Escala em

centímetros.................................................................................................................15

Figura 2 - Mapa dos centros de diversidade do gênero Allium no mundo. Triângulo,

quadrado e círculo indicam o oeste da América do Norte, região do Mediterrâneo e

região do Paquistão, respectivamente.......................................................................16

Figura 3 - Bulbos dos acessos de Allium sativum L., Sussuapara – PI (A), Santo

Antonio de Lisboa – PI (B), Catetinho do Paraná 1254 (C), Branco Mineiro – PI (D),

Cateto Roxo 99 (E), Roxo de Minas (F) e Sergipe (G). Escala em

centímetros.................................................................................................................27

Figura 4 - Bulbos dos acessos de Allium sativum L. após triagem, identificados e

acondicionados no laboratório de citogenética vegetal da Universidade Federal Rural

de Pernambuco..........................................................................................................28

Figura 5 - Preparação dos bulbinhos de Allium sativum L. para a obtenção de raízes.

Corte da região basal do caule (A), contato com água (B-C), raiz em tamanho ideal

de coleta (D)...............................................................................................................29

Figura 6 - Dados citológicos de Allium sativum L., por coloração convencional com

Giemsa, evidenciando o núcleo interfásico reticulado (A, D e E), o padrão de

condensação (A, B e C), número e morfologia cromossômica (B e D). Prófase (A),

prometáfase (B) e metáfase (C) obtidas com uso de antimitótico, anáfase (D), final

da anáfase (E) e telófase (F). Pontilhado e seta vermelha indicam Região

Organizadora de Nucléolo (RON) distendida. Barra = 10µm.....................................33

Figura 7 - Cromossomos mitóticos com dupla coloração CMA/DAPI dos acessos

Sussuapara PI (A), Santo Antonio de Lisboa (B), Catetinho do Paraná 1254 (C),

Branco Mineiro PI (D), Cateto Roxo 99 (E), Roxo de Minas ESALQ (F) e Sergipe (G).

Insertos destacam as pequenas bandas CMA+/DAPI-. Setas em amarelo indicam as

bandas CMA+/DAPI- mais evidentes nos cromossomos e núcleo interfásico. Setas

em vermelho indicam banda CMA+ em cromossomo sobreposto (B). Setas em

branco indicam gaps formados pela condensação (D). Pontilhado indica Região

Page 12: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

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Organizadora de Nucléolo (RON) distendida (F). Barra representa 10m...............37

Figura 8 – Cariogramas e idiogramas dos acessos Sussuapara PI (A), Santo Antonio

de Lisboa (B), Catetinho do Paraná 1254 (C), Branco Mineiro PI (D), Cateto Roxo 99

(E), Roxo de Minas ESALQ (F) e Sergipe (G). Traço e circulo amarelo representam

banda CMA+/DAPI-. Ordem Cromossômica (OC), Tamanho Cromossômico (TC),

Metacêntrico (M) e Submetacêntrico (SM). Barra vertical no cariograma e idiograma

= 10µm.......................................................................................................................38

Page 13: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Identificação dos acessos utilizados na caracterização citogenética de

Allium sativum L., conduzidas no laboratório de citogenética vegetal da Universidade

Federal Rural de Pernambuco, em 2013 ..................................................................28

Tabela 2 – Acessos, Número cromossômico diplóide, Intervalo do Tamanho

Cromossômico (ITC), média da razão entre os braços do cromossomo (r), Fórmula

Cariotípica (FC), Comprimento Total Cromossômico (CTC), Comprimento Médio

Cromossômico (CMC), Comprimento Total do Lote Haploide (CTLH), índices de

assimetria de Huziwara (1962), TF%, e de Romero Zarco (1986), A1 e A2

.................................................................................................................................35

Tabela 3 – Resumo da Análise da Variância para os caracteres comprimento total do

lote haplóide (CTLH), braço longo (BL) e braço curto (BC), referente às medias dos

parâmetros morfométricos obtidos para 5 repetições de metáfases dos acessos

Santo Antonio de Lisboa – PI, Catetinho do Paraná 1254, Branco Mineiro – PI,

Cateto Roxo 99, Roxo de Minas e Sergipe. Fonte de Variação (FV), Grau de

Liberdade (GL), Coeficiente de Variação (CV) ..........................................................36

Tabela 4 – Valores médios para o comprimento do Braço Longo, Braço Curto e

Comprimento Total, expressos em micrômetros (µm). Acessos seguidos da mesma

letra sobrescrita foram agrupados pelo teste de Tukey a 5% de

significância................................................................................................................36

Tabela 5 – Distribuição das bandas CMA+/DAPI- nos cromossomos e organização

dos acessos em grupos. Sinal + simboliza banda positiva, sinal – simboliza banda

negativa. A quantidade de sinal + simboliza a intensidade dos fluorocromos.

Cromossomo 1 (C1), Cromossomo 2 (C2) ................................................................43

Page 14: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

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1 INTRODUÇÃO

O alho (Allium sativum L.) é uma planta monocotiledônea de clima temperado

cultivada em todo o mundo e utilizado como especiaria no preparo de alimentos

(MOTA et al., 2012). No Brasil, esta olerícola é um condimento de ampla utilização

popular apreciada não somente por seu sabor e aroma, mas por suas propriedades

medicinais e nutracêuticas, tendo em sua composição fitoquímica alto teor de

proteínas, carboidratos, sais minerais e vitaminas (DALONSO et al., 2009). Também

possui importância socioeconômica sendo fonte de renda para muitas famílias de

pequenos e médios produtores rurais (SILVA et al., 2008).

Apesar de sua relevância, a produção do alho entrou em crise no país em

meados da década de 90 com o início da importação desta cultura da China e da

Argentina a preços bastante competitivos (FAO, 2014). Desde lá, os produtores

brasileiros se empenham em alcançar a autossuficiência no abastecimento desta

hortícola por meio de tecnologia adequada, aumento da área cultivada e,

principalmente, pela obtenção de novas cultivares (HONORATO et al., 2013).

A produção desta hortícola no estado do Piauí é realizada por pequenos

agricultores rurais que cultivam o tipo seminobre e estão a mais de um século

presentes principalmente na microrregião da cidade de Picos (SANTOS; GOMES,

2012). Até a década de 70 a produção nessa área supria a demanda regional,

porém o plantio diminuiu consideravelmente devido a concorrência com os alhos

importados e a inviabilidade do cultivo destes, do tipo nobre, nas condições

climáticas do estado (VIANA, 2013).

Além disso, a propagação de A. sativum ocorre exclusivamente por estruturas

vegetativas, onde a ausência de órgãos reprodutivos viáveis não permite a produção

de sementes verdadeiras e nem a utilização de métodos convencionais de

melhoramento genético (SILVA et al., 2010). Dessa forma, a falta de recombinação

meiótica e o acúmulo de mutações somáticas fazem com que a variabilidade

genética do alho seja bastante limitada, fato este que potencializa a disseminação

de doenças através das gerações ocasionando prejuízos aos clones comerciais e

consequentemente baixa produção (HONORATO et al., 2013). Assim, o êxito na

Page 15: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

15

seleção de novas cultivares depende, quase que exclusivamente, dos materiais

existentes em bancos de germoplasma desta cultura que necessitam ser

caracterizados, como por exemplo, por meio de marcadores bioquímicos,

moleculares e citogenéticos, quanto a sua diversidade genética .

A caracterização citogenética tem proporcionado resultados importantes aos

melhoristas sobre a diversidade genética de acessos presentes em bancos de

germoplasma de diversas culturas (CARVALHO et al., 2009). Este tipo de análise

permite realizar o mapeamento físico cromossômico e identificar polimorfismos

cromossômicos numéricos e estruturais dentro e entre os cariótipos (GUERRA,

2000). Pode ser útil ainda para descrever cariotipicamente variedades possibilitando

um melhor gerenciamento do “pool” gênico e uma seleção mais eficiente dos

recursos genéticos presentes nestes materiais (BENKO-ISEPPON, 2001).

Comparado com outras espécies do gênero, para o alho são poucas as

informações disponíveis na literatura científica sobre sua caracterização cariotípica e

descrição detalhada do conjunto diplóide 2x = 2n = 16. Os estudos citogenéticos

para esta espécie se restringem apenas às técnicas mais simples tais como a

coloração convencional com Giemsa ou oreceína acética (KONVICKA; LEVAN,

1972; ORDÓÑEZ et al., 2002; MUKHERJEE; ROY, 2012).

Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a diversidade

genética existente em sete acessos de A. sativum cedidos pela Escola Superior de

Agricultura Luiz de Queiroz – Universidade de São Paulo (ESALQ-USP),

provenientes de coletas em diferentes localidades e intercambio entre bancos de

germoplasma. Essa avaliação foi realizada por meio da técnica de coloração

convencional e bandeamento cromossômico com fluorocromos CMA/DAPI, com o

intuito de gerar informações genéticas sobre os cultivares provenientes do estado

Piauí e demais regiões.

Page 16: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

16

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos Gerais da Botânica e Distribuição do Allium sativum L.

Há uma discordância entre os botânicos e taxonomistas quanto a

classificação do gênero Allium. Friesen et al. (2006) divide o gênero em 15

subgêneros e 72 seções. A classificação feita por Chase e Reveal (2009) na

Angiosperm Phylogeny Group III (APG III) coloca este gênero na tribo Alieae,

subfamília Allioideae, família Amaryllidaceae, ordem Asparagales e clado

Commelinídeas. Porém, a classificação mais utilizada é a de Fay e Chase (1996),

que o descreve como pertencente à família Alliaceae e subfamília Allioideae.

O alho é uma planta herbácea com altura variando de 40 a 60 cm, de folhas

lanceoladas estreitas ou largas, de superfície lisa, com diferentes graus de

cerosidade e limbo com 20 a 30 cm de comprimento. Sob condições climáticas

favoráveis, as gemas de seu caule desenvolvem-se formando cada uma um

bulbinho de formato ovoide arqueado envolto por brácteas provenientes do

crescimento das lâminas foliares e engrossamento da bainha. Estes bulbinhos se

organizam em anéis concêntricos e em seu conjunto formam o bulbo (Figura 1A). O

sistema radicular é do tipo fasciculado (Figura 1B) (BREWSTER, 2008).

Page 17: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

17

Figura 1 - Bulbo de alho (A). Bulbinho com raiz fasciculada (B). Escala em centímetros.

O principal mecanismo reprodutivo do alho é a propagação vegetativa, por

meio dos bulbinhos (BLOCK, 2010). Porém, menos usualmente, pode ocorrer

apomixia obrigatória com a produção de sementes sem que ocorra a fertilização,

tendo como resultado sementes não verdadeiras, geneticamente idênticas à planta

mãe (BESPALHOK et al., 2007). Assim, devido à restrição reprodutiva, a

variabilidade genética do alho é limitada pela ocorrência de mutações somáticas e

alterações cromossômicas estruturais acumuladas ao longo das gerações

(PUITATTI; FERREIRA, 2005).

A família Alliaceae possui distribuição cosmopolita, com espécies oriundas de

áreas tropicais, subtropicais e temperadas, composta por ervas perenes ou anuais e

de caule subterrâneos geralmente em forma de bulbos aromáticos (SIMPSON,

2006). O gênero Allium abrange mais de 800 espécies (FRITSCH et al., 2010), onde

os maiores centros de diversidade destas plantas são a Ásia Central, com ênfase a

região do mediterrâneo e Paquistão, e o oeste da América do Norte (FRITSCH;

FRIESEN, 2002) (Figura 2). No Brasil, algumas dessas espécies foram introduzidas

pelos portugueses na época da colonização (MADEIRA et al., 2008).

Page 18: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

18

Figura 2 – Mapa dos centros de diversidade do gênero Allium no mundo. Triângulo, quadrado e círculo indicam o oeste da América do Norte, região do Mediterrâneo e região do Paquistão,

respectivamente.

Algumas espécies do gênero Allium possuem ampla distribuição em vários

países e são usadas para diversos fins, como por exemplo, a espécie Allium cepa L.,

popularmente conhecida como cebola, apreciada na alimentação e para fins

terapêuticos (KUMARI; AUGUSTI, 2002); a espécie Allium aflatunense B.Fedtsch.,

usada para ornamentação (EVENOR et al., 1997); Allium porrum L., o alho poró,

comumente utilizado como condimento; e o Allium sativum L., o popular alho,

considerado uma das olerícolas mais cultivadas desde a antiguidade e difundido por

diversas regiões do mundo devido o seu uso na alimentação, tendo como

característica marcante o aroma e o sabor, além de suas propriedades medicinais

(KAMENETSKY; FRITSCH, 2002).

2.2 Propriedades Químicas e Terapêuticas do Alho

As propriedades nutricionais e medicinais do alho o torna bastante

comercializado e apreciado na culinária mundial. Anterior ás comprovações

científicas sobre a farmacologia desta hortaliça, os saberes e aplicações dos seus

benefícios provenientes do conhecimento empírico foram repassados por gerações

pela medicina tradicional (REVENE et al., 2008). Levantamentos etnobotânicos

relatam o uso do alho para fins terapêuticos em diversas regiões do Brasil e em

outros países (MONTELES; PINHEIRO, 2007; VALLEJO et al., 2008; SILVA;

BÜNDCHEN, 2011; CRISPIM et al., 2012).

No entanto, sabe-se que o alho é rico em vitamina A, B1, B2, B6 e C, cálcio,

carboidratos, cobre, enxofre, ferro, fibras, fósforo, iodo, lipídeos, magnésio, potássio,

proteínas, selênio, sódio e zinco (TABELA BRASILEIRA DE COMPOSIÇÃO DE

ALIMENTOS, 2006). Tais substâncias são fundamentais no crescimento e

metabolismo celular intervindo em funções básicas como o metabolismo, o equilíbrio

mineral do organismo e a conservação de estruturas moleculares e tecidos

(PINHEIRO et al., 2005). Dentre os componentes ativos estão os compostos

sulfurados, que são metabólitos secundários extremamente voláteis derivados da

cisteína que se subdivide em sulfóxidos de S-alilcisteína e γ-glutamil-S-alilcisteína

(SCHULZ; HÂNSEL; TYLER, 2002). Esses compostos possuem ação tóxica sobre

os nematoides, vírus, insetos e fungos (PREVIERO et al., 2010).

Page 19: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

19

A alicina (alil 2-propenotiossulfinato ou dialil tiossulfinato) representa a maior

parte dos compostos sulfurados (YULI et al., 2007), sendo responsável pelo aroma,

ardor característico, maioria das suas propriedades medicinais (MARCHIORI, 2005)

e pela defesa da própria planta (SOUZA; SOARES, 2009). Estão presentes também

os bioflavonóides rutina, hesperidina e quercetina, que possuem a propriedade de

proteger as células contra radicais livres (BONTEMPO, 2007). Outros componentes

são a pectina, saponina esteroidal, ajoeno e a adenosina, esta quando proveniente

do alho in vitro, promove inibição da agregação plaquetária e é benéfica à pressão

arterial (ABIB JUNIOR, 2004).

A capacidade específica dos componentes químicos proporciona ao alho um

desempenho múltiplo e vários estudos corroboram com sua potencialidade

antimicrobiana (HARRIS et al., 2001), antioxidante (QUEIROZ et al., 2009; OTHMAN

et al., 2011), citotóxica às células tumorais (GORUNOVIC, 2001; WORLD CANCER

RESEARCH FUND/AMERICAN INSTITUTE FOR CANCER RESEARCH, 2007),

reguladora da pressão arterial (DHAWAN; JIAN, 2004), fungicida e ativadora do

sistema imunológico (OTA et al., 2010). O efeito benéfico geralmente é obtido com o

consumo do bulbo in natura ou após seu esmagamento, visto que os compostos

orgânicos são instáveis quando submetidos ao aquecimento (ALMEIDA;

SUYENAGA, 2009).

2.3 Importância Socioeconômica

Quanto a comercialização, no Brasil são produzidos dois tipos de alho, o

nobre e o seminobre. O primeiro possui bulbos de alto valor comercial, com

bulbinhos grandes e uniformes, cultivados por médios e grandes produtores e

produção direcionada para o mercado formal. O segundo possui cultivares mais

rústicas, com bulbos menores e bulbinhos de variados tamanhos, formato e

aparência menos atrativa para o consumidor, o que torna produção restrita aos

agricultores familiares e direcionada para o mercado informal (MELO et al., 2011).

No entanto, a produção de alhos nobres no Brasil começou no final da década

de 70. Antes disso a produção era basicamente localizada no centro oeste brasileiro,

principalmente nos estados de Minas Gerais e Goiás, sendo restrita quase que em

sua totalidade ao plantio de bulbos pequenos, comuns, brancos e de baixo valor

comercial (LUCINI, 2008). O consumo nacional era maior que a produção,

necessitando anualmente da importação desta olerícola (ANAPA, 2009).

Page 20: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

20

Atualmente o alho é comercializado em diversos países na forma in natura e em

subprodutos como o óleo, pó, fatiado, frito, pasta, entre outros.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE (2013), a

produção nacional do alho no último ano foi de 107.054 toneladas e a área total do

plantio sofreu diminuição de 15.099 hectares em 2003 para 10.213 hectares em

2012. Essa quantidade supre apenas 33% do mercado interno, o restante é

importado principalmente da China e Argentina (LUCINI, 2013). Dessa forma, o

Brasil torna-se um dos maiores importadores de alho do mundo. Isso pode ser

reflexo do perfil dos consumidores que consideram as variedades nacionais,

principalmente as seminobres, inferiores às importadas (MARQUES, 2013).

Apesar do Brasil ser um dos maiores importadores da cultura, existe a

viabilidade de elevar a produção nacional podendo até suprir a demanda interna e

também tornar-se um potencial exportador. Isso não ocorre devido alguns fatores

como as peculiaridades do cultivo e a abertura de mercado sem análise de impacto

na produção local e nos produtores (ANAPA, 2009). Para contornar tal situação,

uma das vertentes são as pesquisas que identifiquem as cultivares e técnicas que

produzam bulbos com maior qualidade, além da avaliação do maior número possível

de cultivares visando estabelecer as melhores para cada região e época de cultivo

(TREVISAN et al., 1997).

O Piauí também sofreu o mesmo desfecho que o relatado em nível nacional.

Os municípios produtores neste estado estão todos na microregião da cidade de

Picos. Quiroga et al. (1975) relatam sobre o aspecto comercial, produtivo e o custo

da produção da cultura do alho semi-nobre nos municípios de Picos e Bocaina, no

ano de 1974. Segundo esses autores o plantio de alho era a atividade econômica de

maior expressão com produção de 87,7% do alho produzido no estado. Mesmo

assim, era considerada uma atividade altamente deficitária devido ao pouco

conhecimento dos produtores quanto à otimização dos lucros e diminuição dos

prejuízos.

Santos e Gomes (2012) destacam que a atividade perdeu importância

econômica devido à seleção negativa, a própria forma de cultivar a terra, a

construção da barragem de Bocaina, a exposição à concorrência com alhos vindos

de outras unidades da federação ou de outros países e a incompatibilidade climática

para o plantio do alho nobre. Dados do IBGE (2011) divulgaram a produção no Piauí

Page 21: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

21

de 45 toneladas, o que corresponde a apenas 0,48% da produção na região

nordeste.

O decréscimo na cultura regional do alho seminobre pode ter favorecido a

diminuição da diversidade genética em relação ao alho que era produzido na década

de 1970. Aliado à limitação reprodutiva, isso pode ter acarretado uma erosão

genética e perda de germoplasma adaptado à região. Tais questões tornam

fundamental o estudo e caracterização da diversidade genética existente no alho

cultivado no Piauí (VIANA, 2013).

2.4 Métodos para Caracterização Genética em Bancos de Germoplasma

A conservação dos recursos genéticos é uma forma de preservar a

biodiversidade e pode ser realizada ex situ e in situ. A conservação ex situ é

realizada em bancos de germoplasma e a conservação on farm é um tipo de in situ

feita em cultivares manejadas por comunidades locais, indígenas ou pequenos

produtores (NASS et al., 2001). O conceito de germoplasma é explicado por Pereira

(2010) como sendo qualquer porção de material biológico ou de componente do

patrimônio genético, devidamente acompanhada de informações biológicas,

químicas ou documentais que permitam a identificação taxonômica e a procedência

do material, com capacidade de manter geração após geração as características

genéticas de uma população. As coleções de germoplasma são conjuntos de

genótipos representativos da variabilidade genética da espécie objeto da

conservação (BESPALHOK et al., 2007).

Com a necessidade de preservação da variabilidade genética existente,

diversos acessos são conservados ex situ em bancos ativos de germoplasma no

mundo. Países como o Reino Unido, Japão, Argentina, Chile, Brasil, Estados Unidos

e República Theca, tem mantido coleções de acessos de alho que se adaptaram a

diversos ambientes, visando a utilização dos recursos genéticos deste material

vegetal (STAVELÍKOVÁ, 2008).

Dentre o total de bancos brasileiros, os que mantêm coleções de

germoplasma de alho são o Banco de Germoplasma de Hortaliças da Universidade

Federal de Viçosa-UFV, Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária Hortaliças-

EMBRAPA Hortaliças, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de

Santa Catarina-Epagri, Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de

Page 22: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

22

Queiroz’/Universidade de São Paulo-ESALQ/USP e o Instituo Agronômico de

Campinas-IAC (CUNHA et al., 2012).

Destes bancos, a Embrapa Hortaliças mantem ininterruptamente um Banco

ativo de germoplasma (BAG) de alho no campo desde 1979. É válido ressaltar que

as atividades de melhoramento de hortaliças no Brasil iniciaram em 1938, no

município de Rio Grande-RS e nessa mesma época iniciou-se os programas do

Instituto Agronômico de Campinas-IAC. Os primeiros estudos com alho foram

realizados no IAC, feitos com as cultivares plantadas por pequenos agricultores,

citando-se o alho cateto, caiano branco, caiano roxo e branco mineiro (TRANI,

2009).

Diversas funções são atribuídas aos bancos de germoplasma que vão desde

a prospecção, coleta e introdução até a regeneração de germoplasma. Uma

atividade também desenvolvida é a caracterização, que consiste no estudo e

determinação das informações das espécies que serão conservadas, premitindo ao

melhorista conhecer as qualidades disponíveis sobre a potencialidade do material

(NASS et al., 2001). A caracterização pode ser feita a nível agronômico, morfológico,

molecular, bioquímico e citogenético.

O germoplasma coletado tem o potencial aproveitado de forma mais efetiva

com sua caracterização. As análises agronômicas, morfológicas, bioquímicas,

moleculares e citogenéticas devem identificar e descrever diferenças entre os

acessos, verificar duplicatas, determinar o grau de variabilidade, prospectar genes

de acessos com características relevantes e de interesse aos diversos programas de

melhoramento (COSTA et al., 2009). Desta forma, evita-se desperdício na

manutenção de recursos humanos e financeiros necessários para a manutenção dos

acessos além de beneficiar os agricultores, permitindo o uso racional e direcionado

dos genótipos (SANT’ANA, 2009).

Germoplasma de Allium sativum L. provenientes de coletas realizadas em

diferentes regiões da Índia foram analisados por 14 caracteres morfológicos

facilmente perceptíveis. Foi documentada a variabilidade quantitativa e qualitativa

encontrada, a qual tentou destacar a interação genótipo-ambiente, seu impacto

sobre a expressão de características morfológicas e avaliar as diferentes coleções

para filogenia intraespecífica. Identificaram correlação negativa entre o número de

bulbinhos por bulbo e circunferência, indicando a possibilidade de criar e produzir

uma variedade de alho maior, mas com menos bulbinhos (SINGH et al., 2013).

Page 23: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

23

Os dados agromorfológicos podem ser combinados com os genéticos,

bioquímicos e/ou citogenéticos, para descrever e identificar melhor as diferenças

entre genótipos. As características morfológicas e genéticas de alho foram

estudadas e possibilitaram a identificação de um conjunto de cultivares na região

norte-central do México. Para tal, foram feitas avaliações de campo e análise com o

marcador RAPD. Alta diversidade genética foi encontrada entre todas as variedades,

que foram separados em dois grupos por meio da análise diferencial (HERNÁNDEZ

et al., 2008).

No Brasil, o grau de diversidade genética por meio de marcadores RAPD foi

avaliado em 20 cultivares de alho do Banco de Germoplasma da Empresa de

Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina - EPAGRI. Foram

observadas 57 bandas, das quais 35 (61,42%) revelaram polimorfismo. Os índices

de similaridade revelados pelos marcadores RAPD foram geralmente altos para a

maioria das cultivares o que indicou serem potencialmente duplicados ou com pouca

diferença genética (VIEIRA; NODARI, 2007).

A divergência genética baseada em avaliações fenotípicas quantitativas e

qualitativas foi estudada por análise multivariada entre 63 acessos de alho em

ambientes distintos do estado de São Paulo (Piracicaba e Monte Alegre do Sul). As

medidas de divergência utilizadas foram a Distância de Mahalanobis (D2) e o

complemento aritimético de Jaccard. Os acessos apresentaram maior variabilidade

qualitativa do que quantitativa e as estimativas da dissimilaridade foi mais

influenciada pelo tipo de variável do que o número de ambientes. Avaliações

fidedignas de acessos dessa cultura requerem escolha criteriosa das variáveis e dos

locais de avaliação (HOOGERHEIDE et al., 2009).

Um novo conjunto de marcador microssatélite (SSR) para alho foi

desenvolvido e otimizado em 16 loci, num total de 75 acessos utilizados. Dez loci

polimórficos foram encontrados e 44 alelos foram identificados. Essas informações

serão úteis para estudos de diversidade genética, mapeamento e estudos

associativos, na gestão e conservação de coleções de alho, para estudos genéticos

interespecíficos do gênero Allium e em programas de melhoramento (CUNHA et al.,

2012).

A diversidade genética existente em doze acessos de alho, quatro de origem

piauiense e oito do BAG da ESALQ – USP, foi caracterizada com base em

descritores agromorfológicos e genotipagem a partir de oito locos microssatélites.

Page 24: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

24

Encontrou-se divergência genética entre os acessos e sugere-se que o material

oriundo da ESALQ – USP se trata de um germoplasma distinto do cultivado no

Piauí. Pode haver germoplasma adaptado no Piauí e que reúna outras

características de interesse agronômico, sendo possível a seleção de genótipos

superiores que aumentariam a competitividade do alho piauiense frente ao alho

importado (VIANA, 2013).

2.5 Citogenética Vegetal: Técnicas e Aplicações

A utilização de técnicas citogenéticas para o estudo cromossômico tem sido

observada em diversas áreas como a taxonomia e o melhoramento de animais e

plantas. Neste último, a citogenética passou a ser usada como uma ferramenta na

caracterização da diversidade dos recursos genéticos. Essa técnica é valiosa porque

pode ser aplicada na avaliação dos padrões de evolução cromossômica dentro e

entre táxons (CORREIA-DA-SILVA et al., 2013) e no estudo do cariótipo para a

identificação de alterações cromossômicas tanto numéricas quanto estruturais

(GUERRA; SOUZA, 2002). É útil na observação dos eventos meióticos (BIONDO et

al., 2005), no reconhecimento de híbridos e poliploides (BATTISTIN et al., 2013),

bem como o acompanhamento no cruzamento de indivíduos (CARDOSO et al.,

2009).

A visualização dos cromossomos mitóticos, para estudo do cariótipo e análise

do ciclo celular, é geralmente feita pela coloração convencional. A respeito dessa

técnica, o uso do corante Giemsa é um dos mais empregados para o estudo dos

cromossomos metafásicos, os quais são corados por igual sem nenhuma

preferência por determinado tipo de cromatina, composição de DNA ou de proteínas

(GUERRA; SOUZA, 2002). Essa técnica também mostra o tipo de núcleo interfásico

e o padrão de condensação profásico, conforme mostrou o estudo de Benko-

Iseppon e Morawetz (2000), que utilizaram essas informações para definir a

classificação taxonômica de 98 espécies pertencente à ordem Dipsacales.

Com a obtenção das imagens cromossômicas é possível a utilização de

softwares que implementam parâmetros morfometricos para auxiliar na identificação

de diferenças entre táxons e espécies vegetais, inclusive as de interesse econômico

(MIRZAIE-NODOUSHAN et al., 2006). Estas ferramentas foram utilizadas na

caracterização cariotípica de 33 espécies pertencentes a 20 famílias de

angiospermas ocorrentes no estado de Pernambuco. A análise foi realizada por

Page 25: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

25

meio de coloração convencional, que evidenciou o número e morfologia

cromossômica, padrão de condensação profásico e estrutura do núcleo interfásico

(PEDROSA et al., 1999).

Em outros estudos, o número e morfologia de cromossomos corados

convencionalmente com Giemsa foram determinados para quatro espécies do

gênero Capsicum (SOUSA et al., 2013) e seis espécies de frutíferas nativas do

nordeste brasileiro (ÉDER-SILVA et al., 2007). A evolução cariotípica de 27 espécies

da subfamília Mimosoideae, ocorrentes principalmente no nordeste do Brasil, foi

examinada por meio do estudo dos cromossomos corados com Giemsa (SANTOS et

al., 2012).

Uma das metodologias empregadas para análise diferencial no cromossomo

é o bandeamento CMA/DAPI, que informa a constituição da heterocromatina

detalhando o padrão de distribuição de bases pelo uso dos fluorocromos

cromomicina A3 (CMA) e 4’6-diamidino-2-phenilindol (DAPI), que coram

preferencialmente regiões ricas em GC (CMA) e AT (DAPI). Essa técnica revela as

regiões heterocromáticas e possibilita a compreensão de eventos citogenéticos que

contribuem para o aumento da diversidade genética e evolução cariotípica

(GUERRA, 2000).

Na família Alliaceae, o uso de fluorocromos complementou o estudo para

ratificar a variação do número e morfologia cromossômica de 53 indivíduos no

gênero Nothoscordum (SOUZA et al., 2009). O bandeamento CMA/DAPI associado

às técnicas de morfometria e hibridação in situ com sondas 5S e 45S rDNA, foram

utilizados prara avaliar a circunscrição do gênero Ipheion e três espécies de

Nothoscordum (SOUZA et al., 2010). Em Allium cepa, uma pesquisa desenvolvida

por Kim et al. (2002) verificou os padrões de bandas coradas com CMA/DAPI e a

combinação destes com homólogos do CMA e iodeto de propídio (PI). A coloração

foi repetida após desnaturação e renaturação dos cromossomos, o que resultou na

alteração dos padrões de fluorescência com a revelação de bandas PI+ e o aumento

do contraste das bandas CMA+/DAPI-.

Fluorocromos CMA e DAPI foram utilizados para identificar padrões de

bandas altamente diferenciadas, classificando em 4 grupos os 93 indivíduos

pertencentes a 18 acessos de Citrus reticulata Blanco, seus híbridos e espécies

afins (CORNÉLIO et al., 2003). Essa coloração diferencial também foi usada para

estimar a variação citológica entre as espécies do gênero Tripogandra, o diploide T.

Page 26: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

26

glandulosa, o hexaploide T. serrulata e o octoploide T. diuretica (MARQUES et al.,

2010). As espécies Cichorium endivia L. e Cichorium intybus L. apresentaram

conservadas a posição e número de bandas 5S e 45S rDNA, revelados em FISH, e

padrões de bandas distintos após coloração com fluorocromo CMA e DAPI,

sugerindo a ocorrência de rearranjo cromossômico (BERNARDES et al., 2013).

Com o desenvolvimento, aperfeiçoamento e combinação de técnicas para o

estudo dos cromossomos, inúmeras pesquisas científicas são desenvolvidas, tanto

básicas como aplicadas. Assim, a citogenética subsidia para o direcionamento e

seleção antecipada do material genético de uma determinada espécie (BRAMMER,

2008), ressaltando-se ainda, as suas contribuições na compreensão dos eventos

citológicos, taxonômicos e processos evolutivos.

2.6 Citogenética em Allium sativum L.

O gênero Allium possui variação em seus números cromossômicos,

apresentando número básico x = 7, 8, 10 e 11 (CUI et al., 2008). Em alho os

cromossomos são grandes, cariótipo simétrico, o número básico é x = 8 e o conjunto

diplóide é geralmente 2n = 2x = 16, mas pode apresentar variações com 2n = 2x =

12, 2n = 2x = 18 e poliploidia do tipo 4n = 4x = 32 (BOZZINI, 1991; YÜZBASIOGLU;

ÜNAL, 2004).

Quanto à caracterização citogenética desta espécie, é importante citar um

estudo pioneiro feito por Konvicka e Levan (1972), onde analisaram quatro grupos

de alho de proveniência diferentes e organizados em dois tipos morfologicamente

distintos. Houve diferenciação na morfometria entre os dois grupos morfológicos em

três parâmetros que foram o comprimento total de cromossomos, presença de

satélite, relação entre braço longo e curto. Na Turquia, alguns cultivares de alho

foram investigados demonstrando banda C nos cromossomos 1, 4 e 5, além de RON

presente nos cromossomo 5 e 7 e nos cromossomos 1 e 8 em algumas células

(YÜZBASIOGLU; ÜNAL, 2004).

No gênero Allium, cinco espécies e algumas variedades, A. cepa var. cepa, A.

cepa var. aggregatum, A. cepa var. viviparum, A. sativum, A. porrum, A. stracheyi e

A. tuberosum, tiveram suas metáfases estudadas. Os valores obtidos pela

morfometria, como o número e tamanho total cromossômico, foram analisados

estatisticamente. Com estes dados foi possível demonstrar no dendrograma o

agrupamento das diferentes espécies e variedades (MUKHERJEE; ROY, 2012).

Page 27: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

27

Cariótipos foram investigados em oito diferentes espécies do gênero Allium

coletadas no leste de Azerbaijan e depositadas na coleção do Herbário Central da

Universidade de Tehran. As características cromossômicas foram determinadas

utilizando-se metáfases fotografadas e análise estatística. Os resultados

contribuíram para informação taxonômica e confirmou-se que o cariótipo pode ser

facilmente utilizado para a distinção entre os materiais analisados (MIRYEGANEH;

MOVAFEGHI, 2011).

A caracterização citogenética em alho limita-se geralmente ao uso de técnicas

mais simples, como a coloração convencional. É importante que se agregue

informações sobre o estudo dos cromossomos, a fim de caracterizar com maior

detalhe os recursos genéticos existentes (BRAMMER, 2008). Desta forma, vale

ressaltar a importância dos dados existentes em citogenética para a compreensão

da diversidade genética em acessos de alho conservados em bancos de

germoplasma.

Page 28: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

28

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Germoplasma

Para realização deste trabalho foram utilizados sete acessos da coleção do

Banco Ativo de Germoplasma de Alho da Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de

Queiroz’- Universidade de São Paulo (ESALQ-USP) (Figura 3). Quatro desses

acessos foram procedentes de intercâmbios entre bancos de germoplasma e três

foram provenientes do Piauí, que são o Branco Mineiro, Santo Antônio de Lisboa e

Sussuapara. O Branco Mineiro-PI foi disponibilizado pelo Centro Nacional de

Pesquisa de Hortaliças da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária

(EMBRAPA – CNPH) para a ESALQ-USP e corresponde a um acesso oriundo de

coleta de germoplasma no Piauí em 1976. Os acessos Santo Antônio de Lisboa e

Sussuapara foram coletados junto aos agricultores em área de cultivo, feiras e

mercados populares na Microrregião de Picos-PI (Tabela 1).

Figura 3 - Bulbos dos acessos de Allium sativum L., Sussuapara – PI (A), Santo Antonio de Lisboa – PI (B), Catetinho do Paraná 1254 (C), Branco Mineiro – PI (D), Cateto Roxo 99 (E), Roxo de Minas (F)

e Sergipe (G). Escala em centímetros.

Page 29: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

29

Tabela 1 – Identificação dos acessos utilizados na caracterização citogenética de Allium sativum L.,

conduzidas no laboratório de citogenética vegetal da Universidade Federal Rural de Pernambuco, em 2013.

Nº de Identificação Acesso Proveniência

1 Sussuapara - PI Piauí

2 Santo Antonio de Lisboa - PI Piauí

3 Catetinho do Paraná 1254 IAC

4 Branco Mineiro - PI CNPH

5 Cateto Roxo 99 IAC

6 Roxo de Minas ESALQ

7 Sergipe ESALQ

Do Banco de Germoplasma da ESALQ foram enviados dois bulbos de cada

acesso, que passaram por uma triagem mecânica para a retirada de possíveis

parasitas e bulbinhos podres. Em seguida foram devidamente identificados,

acondicionados em sacos de nylon e guardados em ambiente arejado no

Laboratório de Citogenética Vegetal da Universidade Federal Rural de Pernambuco

(Figura 4).

Figura 4 - Bulbos dos acessos de Allium sativum L. após triagem, identificados e acondicionados no laboratório de citogenética vegetal da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Page 30: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

30

3.2 Obtenção das Raízes e Preparação da Lâmina para Análise Citogenética

Os bulbos de alho, separados em bulbinhos, foram cortados na região basal

e colocados em água para induzir o crescimento de raízes por, em média, três dias.

A água era trocada diariamente para evitar o apodrecimento rápido do bulbinho. O

tamanho ideal de coleta das raízes foi de 1,5 a 2,0 centímetros (Figura 5). Em

seguida, raízes jovens foram coletadas de cada genótipo às 17 horas, pré-tratadas

com colchicina a 0,2% a 10ºC por 18 horas, fixadas em solução de etanol e ácido

acético (3:1 v/v) e estocadas em freezer a -20ºC. Posteriormente, as raízes fixadas

foram lavadas em água destilada três vezes por cinco minutos e tiveram suas

regiões meristemáticas isoladas com auxílio de uma lupa.

Figura 5 - Preparação dos bulbinhos de Allium sativum L. para a obtenção de raízes. Corte da região basal do caule (A), contato com água (B-C), raiz em tamanho ideal de coleta (D).

Algumas raízes fixadas foram usadas para a coloração convencional com

Giemsa. As demais raízes tiveram o tecido isolado, colocado em solução enzimática

de celulase 2% (Onozuka) e pectinase 20% (Sigma) em câmara úmida a 37°C por

uma hora. Após este procedimento, cada lâmina foi preparada pelo método de

esmagamento em uma gota de ácido acético a 45% e as lamínulas retiradas com o

auxílio do vapor de nitrogênio líquido. As lâminas foram secas ao ar e envelhecidas

por três dias à temperatura ambiente.

Page 31: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

31

3.3 Coloração Convencional com Giemsa

A metodologia utilizada foi a de Guerra (1983). As raízes fixadas em Carnoy

foram lavadas em água destilada, hidrolisadas com HCL 5N por 20 minutos e em

seguida lavadas novamente em água destilada três vezes por cinco minutos cada.

Com o auxílio de um microscópio estereoscópio (lupa), macerou-se o meristema das

raízes em ácido acético 45%. Visualizou-se o espalhamento das células no

microscópio óptico, em contraste de fase. Quando necessário, percorreu-se a lâmina

em movimento ziguezague com auxílio de uma seringa de agulha rombuda para

aumentar o espalhamento do material. Para o esmagamento, pressionou-se, entre

folhas de papel filtro, o conjunto lâmina e lamínula. Mergulhou-se a preparação no

vapor do nitrogênio líquido para a retirada da lamínula. Em seguida as lâminas foram

coradas com uma solução de Giemsa a 2% por cerca de 20 minutos, lavadas com

jato de água destilada, secas ao ar e montadas com Entellan.

3.4 Bandeamento com fluorocromos CMA e DAPI

O bandeamento CMA/DAPI foi realizado segundo o protocolo de Schweizer e

Ambros (1994), com modificações. As lâminas preparadas com enzima foram

coradas com 10 µL de CMA (0,5 mg/ml) e mantidas no escuro em câmara úmida por

uma hora. Após este período, foram lavadas com jatos de água destilada e seca

com bomba de ar. Posteriormente foram coradas com 10 µL DAPI (2 µg/ml) por 30

minutos, lavadas, secas e montadas em tampão McIlvaine-glicerol (1:1 v/v).

3.5 Fotodocumentação e Morfometria

Os resultados foram fotografados por meio de câmera digital Leica DFC345Fx

acoplado em microscópio de epifluorescência Leica DM2500. As imagens tiveram

alteração de brilho e contraste no programa Adobe Photoshop CS3 com o suporte

do Paint Shop Pro 5.

Para a morfometria foram utilizadas imagens de cinco metáfases provenientes

da sobreposição do bandeamento CMA/DAPI para cada acesso. O tamanho dos

cromossomos foi determinado por meio do programa Micromeasure 3.3,

complementado pelo Microsoft Excel 2010. Com os cariótipos mensurados foi

possível determinar os valores do comprimento total cromossômico (CTC) e sua

média (CMC); do comprimento total do lote haploide de cromatina (CTLH), obtido

Page 32: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

32

pela somatória do cariótipo haploide; comprimento do braço longo (BL), curto (BC) e

da razão entre os braços longo e curto (r) de cada par cromossômico. Esses valores

foram aproveitados para os índices de assimetria cromossômica de Huziwara

(1962), TF%, e Romero Zarco (1986), A1 e A2:

TF%=

x 100 (1)

A1 = 1- ∑

A2 =

(2)

em que:

qi = comprimento médio do braço curto

pi = comprimento médio do braço longo

SCL= desvio padrão do comprimento cromossômico

XCL= média do comprimento cromossômico

Para a análise estatística foram considerados como variáveis os valores

médios, por metáfase, para o comprimento total e dos braços longo e curto,

adotando-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com cinco

repetições. O modelo adotado foi:

Yij = m + ti + e(ij) (3)

em que:

Yij = observação do acesso i, na repetição j = 1, 2, ..., 5

m = média geral

ti = efeito do acesso i, com i = 1, 2, ... n

e(ij) = erro experimental

Em seguida foi efetuada a análise de variância e o teste Tukey ao nível de 5%

de significância. As análises foram realizadas utilizando-se o software Genes

(CRUZ, 2013).

Page 33: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

33

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os acessos analisados apresentaram número cromossômico 2n = 2x =

16, corroborando a contagem prévia realizada por Konvicka e Levan (1972). As

espécies do gênero Allium têm seus cromossomos descritos desde os estudos

pioneiros de Levan (1932) e Nichols (1940), que citam com igual número diploide

dos acessos de alho, por exemplo, A. albopilosum, A. ammophilum, A. nutans e A.

cepa. Para A. flavum e A. saxatile confirmou-se também 2n = 2x = 16 (DRAGHIA et

al., 2013). Variação cromossômica do tipo poliploidia foi descrita para A.

przewalskianum, com 2n = 2x = 32 (CUI et al., 2008). Em A. sativum, um estudo

expõe sobre algumas variantes do alho comum que apresentaram haploidia 2n = 2x

= 8, aneuploidia 2n = 2x = 6 e 10, e polipolidia com 2n = 2x = 28, 30 e 32

(ORDÓÑEZ et al., 2002).

O núcleo interfásico é do tipo reticulado, no qual a cromatina é densa e

uniformemente distribuída (BENKO-ISEPPON; MORAWETZ, 2002), com pequenos

cromocentros esferoides evidentes que são de heterocromatina ou eucromatina

densamente compactada (Figura 6E). Os cromossomos verificados em prófase,

prometáfase e metáfase apresentam padrão de condensação uniforme, com aspecto

homogêneo em toda a extensão dos braços longos e curtos, exceto nas constrições

primárias e secundárias (Figura 6A-C). Esse tipo de núcleo interfásico e padrão de

condensação cromossômico também foram relatados em Callisia fragrans, C.

repens, C. warszewicziana (ROA, 2007) e Tripogranda glandulosa (MARQUES et al.,

2010).

As regiões organizadoras de nucléolos (RONs) do gênero Allium possuem a

denominaçao de ‘sativum’ e se caracterizam por serem maiores em tamanho que o

seus respectivos braços curtos (MATHEW, 1996; ÜNAL; DUMAM, 2002). Nas

prometáfases cromossômicas foi possível identificar duas RONs proximais

claramente distendidas, geralmente também vizualisadas na metáfase como

grandes gaps (Figura 6B e 6C). Uma dessas constrições secundárias observadas na

prometáfase se apresentou longamente mais distendida que no seu homólogo,

como nos acessos Roxo de Minas (Figura 7F), Branco Mineiro (PI) e Cateto Roxo

99. Esse tipo de heteromorfismo na distenção da RON foi semelhante ao encontrado

em Guazuma ulmifolia (ÉDER-SILVA et al., 2007).

O tamanho cromossômico do alho foi considerado grande, com o

Page 34: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

34

comprimento médio variando de 8,46µm (acesso Sergipe) a 10,02µm (acesso Santo

Antonio de Lisboa-PI) e intervalo do tamanho cromossômico variando de 6,42µm a

12,40µm (Tabela 2). Esses valores são próximos ao intervalo encontrado por

Yüzbasioglu e Ünal (2004), diferindo no menor tamanho (7,32µm) e similar ao maior

tamanho (12,20µm). A pequena alteração encontrada na comparação do menor

tamanho pode ser pela diferente fase de condensação nas metáfases mensuradas

ou pelo uso das imagens de sobreposição da coloração CMA/DAPI na morfometria.

Figura 6 – Dados citológicos de Allium sativum L., por coloração convencional com Giemsa, evidenciando o núcleo interfásico reticulado (A, D e E), o padrão de condensação (A, B e C), número e morfologia cromossômica (B e D). Prófase (A), prometáfase (B) e metáfase (C) obtidas com uso de antimitótico, anáfase (D), final da anáfase (E) e telófase (F). Pontilhado e seta vermelha indicam Região Organizadora de Nucléolo (RON) distendida. Barra = 10µm.

A fórmula cariotípica encontrada, mediante valores da razão entre o braço

longo e curto (r) e parâmetros de Levan et al. (1964), foi 8M (metacêntrico) para

todos os acessos. Essa classificação morfológica considera que cromossomos com r

entre 1,0 e 1,7 são metacêntricos e r entre 1,7 e 3,0 são submetacêntricos (SM).

Entretanto, serão considerados nesse estudo os parâmetros de Guerra (1983), que

Page 35: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

35

estabelece como metacêntrico r entre 1,0 e 1,49, e submetacêntrico r entre 1,5 e

2,99, os pares 5, 6 ou 7 da maioria dos acessos ficaram no limite entre metacêntrico

e submetacêntrico, principalmente o par 5, causando uma diferença na classificação

cromossômica dos acessos (Tabela 2). Konvicka e Levan (1972) também

encontraram mensuração de cromossomos no limiar entre as categorias de

classificação.

Para assimetria cariotípica foram avaliados os índices de Huziwara (1962),

TF%, e Romero Zarco (1986), A1 e A2. Esses índices são utilizados principalmente

entre táxons, para inferir sobre os aspectos taxonômicos e evolutivos (PASZKO,

2006). No presente estudo foram aplicadas para identificar diferenças na assimetria

entre os acessos avaliados. O índice TF% é expresso pela relação da soma dos

comprimentos dos braços curtos e o comprimento total do complemento haplóide,

varia de 0 a 0,5 de acordo com o aumento da simetria. O índice de assimetria

intracromossômica (A1) basea-se na razão entre os braços e a intercromossômica

(A2) pela razão entre a média e desvio obtidos no comprimento do conjunto haplóide,

variam de 0 a 1 de cordo com o aumento da assimetria.

Além disso, um cariótipo simétrico é caracterizado pela predominância de

cromossomos metacêntricos e submetacêntricos de aproximadamente o mesmo

tamanho (PASZKO, 2006). Considerando a fórmula cariotípica e os índices de

assimetria, todos os acessos aqui apresentados são simétricos e exibiram uma

variação pequena de 43,75 a 44,24 para TF%, 0,21 a 0,23 para A1 e 0,15 a 0,17

para A2 (Tabela 2). Esses valores são próximos aos apresentados em clones de

alho, por Ordóñez et al. (2002), sendo o A1 de 0,24 a 0,25 e diferindo mais em A2

que foi de 0,18 a 0,20.

A Análise de Variância (ANAVA) feita com as médias do comprimento total do

lote haplóide (CTLH), braço longo (BL) e braço curto (BC), foi significativa pelo deste

F ao nível de 1% de probabilidade (Tabela 3). No entanto, assim como os resultados

dos índices de assimetria, os valores das médias do comprimento total, braço longo

e curto, submetidas ao teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, não

apresentaram diferença significativa entre os acessos, exceto o acesso Roxo de

Minas que apresentou valores divergentes dos demais por estar com a cromatina

mais descondensada, na prometáfase (Tabela 4). Essa divergência identificada pelo

teste de Tukey a 5% de probabilidade foi o que resultou nos dados significativos da

ANAVA.

Page 36: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

36

Tabela 2 – Acessos, Número cromossômico diplóide, Intervalo do Tamanho Cromossômico (ITC), média da razão entre os braços do cromossomo (r), Fórmula Cariotípica (FC), Comprimento Total Cromossômico (CTC), Comprimento Médio Cromossômico (CMC), Comprimento Total do Lote Haploide (CTLH), índices de assimetria de Huziwara (1962), TF%, e de Romero Zarco (1986), A1 e A2.

Acesso

2n ITC

m

r FC CTC

m

CMC

m

CTLH

m

TF% A1 A2

Guerra (1983)

Sussuapara - PI 16 6,77 – 11,14 1,41 6M+2SM 145,24 9,08 72,62 - - -

Santo Antonio de

Lisboa - PI

16 7,64 – 12,22 1,35 6M+2SM 160,39 10,02 80,20 43,94 0,22 0,15

Catetinho do

Paraná 1254

16 7,28 – 12,50 1,32 6M+2SM 159,48 9,97 79,74 44,19 0,21 0,17

Branco Mineiro -

PI

16 7,03 – 11,51 1,32 7M+1SM 149,29 9,33 74,65 44,24 0,21 0,16

Cateto Roxo 99 16 7,28 – 12,40 1,34 6M+2SM 158,64 9,91 79,32 43,75 0,23 0,17

Roxo de Minas 16 10,27 – 17,79 1,36 6M+2SM 227,47 14,22 13,73 43,82 0,23 0,17

Sergipe 16 6,42 – 10,41 1,33 7M+1SM 135,29 8,46 67,64 43,88 0,23 0,16

Page 37: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

37

Tabela 3 – Resumo da Análise da Variância para os caracteres comprimento total do lote haplóide

(CTLH), braço longo (BL) e braço curto (BC), referente às medias dos parâmetros morfométricos

obtidos para 5 repetições de metáfases dos acessos Santo Antonio de Lisboa – PI, Catetinho do

Paraná 1254, Branco Mineiro – PI, Cateto Roxo 99, Roxo de Minas e Sergipe. Fonte de Variação

(FV), Grau de Liberdade (GL), Coeficiente de Variação (CV).

FV

GL

Quadrados Médios

CTLH BL BC

Acessos 5 20,00** 6,38** 3,80**

Resíduo 24 1,35 0,44 0,86

CV (%) - 11,28 11,48 11,21

**Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste F.

Tabela 4 – Valores médios para o comprimento do Braço Longo, Braço Curto e Comprimento Total,

expressos em micrômetros (µm). Acessos seguidos da mesma letra sobrescrita foram agrupados pelo

teste de Tukey a 5% de significância.

Acessos Braço Longo Braço Curto Comprimento Total

Santo Antonio de Lisboa - PI 5,62b 4,41

b 10,02

b

Catetinho do Paraná 1254 5,56b 4,41

b 9,97

b

Branco Mineiro – PI 5,20b 4,13

b 9,33

b

Cateto Roxo 99 5,59b 4,34

b 9,91

b

Roxo de Minas 7,99a 6,23

a 14,22

a

Sergipe 4,75b 3,71

b 8,46

b

A dupla coloração com os fluorocromos cromomicina A3 e 4’,6-diamidino-2-

phenilindol revelou bandas CMA+/DAPI- bastante reduzidas. As bandas CMA

apresentaram diferentes intensidades de coloração, recebendo o símbolo + de

acordo com a potência do sinal emitido. Os menores blocos ficaram ainda mais

discretos em cromossomos com alto nível de compactação, que só pôde ser

confirmada observando-se os cromocentros formados nos núcleos interfásicos ou no

cromossomo mais distendido (Figura 7).

Os acessos de Allium sativum L. caracterizados apresentaram alguns

cromossomos similares e outros com variação na intensidade, distribuição e

quantidade de bandas CMA+/DAPI-. Alinhando os cromossomos no cariograma é

possível analisar essas diferenças entre pares e entre acessos. Para melhor

compreensão, o esquema do conjunto haploide foi desenhado no idiograma (Figura

8).

Page 38: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

38

Figura 7 - Cromossomos mitóticos com dupla coloração CMA/DAPI dos acessos Sussuapara PI (A), Santo Antonio de Lisboa (B), Catetinho do Paraná 1254 (C), Branco Mineiro PI (D), Cateto Roxo 99 (E), Roxo de Minas ESALQ (F) e Sergipe (G). Insertos destacam as pequenas bandas CMA

+/DAPI

-.

Setas em amarelo indicam as bandas CMA+/DAPI

- mais evidentes nos cromossomos e núcleo

interfásico. Setas em vermelho indicam banda CMA+ em cromossomo sobreposto (B). Setas em

branco indicam gaps formados pela condensação (D). Pontilhado indica Região Organizadora de

Nucléolo (RON) distendida (F). Barra representa 10m.

Page 39: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

39

Em todos os acessos, os pares 1, 2 e 3 não apresentaram bandas

CMA+/DAPI- e foram os maiores cromossomos, similares tanto no tamanho quanto

na morfologia. Nos demais cromossomos do complemento foi possível visualizar

discretos blocos de heterocromatina CMA+/DAPI-, na maioria localizados próximos

ao centrômero. Este padrão diferiu do encontrado em Allium subvillosum, que exibiu

bandas teloméricas em todos os braços curtos e bandas intersticiais em todos os

braços longos (GUERRA, 2000).

Figura 8 – Cariogramas e idiogramas dos acessos Sussuapara PI (A), Santo Antonio de Lisboa (B), Catetinho do Paraná 1254 (C), Branco Mineiro PI (D), Cateto Roxo 99 (E), Roxo de Minas ESALQ (F) e Sergipe (G). Traço e circulo amarelo representam banda CMA

+/DAPI

-. Ordem Cromossômica (OC),

Tamanho Cromossômico (TC), Metacêntrico (M) e Submetacêntrico (SM). Barra vertical no cariograma e idiograma = 10µm. (Continua).

Page 40: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

40

Figura 8 – Cariogramas e idiogramas dos acessos Sussuapara PI (A), Santo Antonio de Lisboa (B), Catetinho do Paraná 1254 (C), Branco Mineiro PI (D), Cateto Roxo 99 (E), Roxo de Minas ESALQ (F) e Sergipe (G). Traço e circulo amarelo representam banda CMA

+/DAPI

-. Ordem Cromossômica (OC),

Tamanho Cromossômico (TC), Metacêntrico (M) e Submetacêntrico (SM). Barra vertical no cariograma e idiograma = 10µm. (Continuação).

Page 41: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

41

Figura 8 – Cariogramas e idiogramas dos acessos Sussuapara PI (A), Santo Antonio de Lisboa (B), Catetinho do Paraná 1254 (C), Branco Mineiro PI (D), Cateto Roxo 99 (E), Roxo de Minas ESALQ (F) e Sergipe (G). Traço e circulo amarelo representam banda CMA

+/DAPI

-. Ordem Cromossômica (OC),

Tamanho Cromossômico (TC), Metacêntrico (M) e Submetacêntrico (SM). Barra vertical no cariograma e idiograma = 10µm. (Conclusão).

Em todos os acessos ocorreram bandas CMA+/DAPI- proximais nos pares

cromossômicos 6 e 7, que podem estar associados a RON (BESENDORFER et al.,

2002), mas a clara distinção de satélite foi possível observar em um dos pares, 6 ou

7, entre os acessos. Esses cromossomos são descritos com região satélite no braço

curto, sendo o par 6 mais assimétrico que o par 7 (KONVICKA; LEVAN 1972). A

intensidade dessas bandas CMA+/DAPI- variou entre os pares e entre acessos,

principalmente no Branco Mineiro PI, que apresentou a banda em um dos

cromossomos do par 6 como a mais intensa dos acessos avaliados, indicando maior

quantidade de sequências GC, podendo ser identificada facilmente como um grande

Page 42: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

42

cromocentro no núcleo interfásico (Figura 7D e 8D). Desta forma, este cromossomo

pode ser utilizado como potencial marcador na identificação deste material.

Ainda no par 6, ocorreram pequenas bandas na região distal do braço curto

nos acessos Sussuapara e Santo Antonio de Lisboa PI (Figura 7A, 8A, 7B, 8B).

Discretas bandas CMA+/DAPI- foram encontradas próximas ao telômero no braço

longo de um dos cromossomos do par 4 nos acessos Catetinho do Paraná 1254 e

Sergipe (Figura 7C, 8C, 7G, 8G). Bandas similares foram identificadas no par 5 do

Acesso Cateto Roxo 99 sendo evidente em apenas um dos cromossomos no acesso

Roxo de Minas ESALQ (Figura 7F, 8F). O acesso Catetinho do Paraná 1254

apresentou blocos CMA+/DAPI- na região mediana do braço longo em um dos

cromossomos do par 8 e uma nítida diferença no comprimento do braço longo em

um dos homólogos do par 7, sugerindo perda de material genético (Figura 7C, 8C).

O acesso Cateto Roxo 99 apresentou heteromorfismo nas bandas CMA+/DAPI- nos

pares 6 e 7 (Figura 7E e 8E).

As variações na distribuição das pequenas bandas heterocromáticas

encontradas possibilitaram a organização dos acessos de alho em três grupos: 1º –

acessos Sussuapara PI, Santo Antonio de Lisboa e Branco Mineiro PI, são os que

apresentaram bandas CMA+/DAPI- apenas nos pares cromossômicos 6 e 7; 2º –

acessos Catetinho do Paraná 1254 e Sergipe, são os que apresentaram bandas

CMA+/DAPI- nos pares cromossômicos 4, 6 e 7; 3º – acessos Cateto Roxo 99 e Roxo

de Minas ESALQ, são os que apresentaram bandas CMA+/DAPI- nos pares

cromossômicos 5, 6 e 7 (Tabela 5).

No gênero Allium, algumas outras variações de bandas heterocromáticas

foram encontradas. Em A. sativum, Yüzbasioglu e Ünal (2004) identificaram bandas

C na região pericentromerica dos pares 1, 4 e na região próxima ao satélite do par 5,

diferindo do resultado apresentado por Cortes et al. (1983), que visualizaram bandas

C na região telomérica do par 4, na região proximal dos braços curtos nos pares 6 e

7, e bandas distais no braços longos dos pares 7 e 8. Em A. cepa, bandas de

heterocromatina CMA+ foram observadas apenas na extremidade dos cromossomos

(KIM et al., 2002). Eventos similares ocorrem em alguns grupos proximamente

relacionados com o gênero Allium, como em Echinodorus, Hydrocley e Limnocharis

que possuem algumas espécies com padrões de bandas diferentes entre si

(FEITOZA et al., 2010).

Acredita-se que as pequenas variações na quantidade e distribuição da

Page 43: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

43

heterocromatina dos acessos de Allium sativum analisados nesse estudo se devem

ao acúmulo de diferentes eventos genéticos, como mutação, duplicação, deleção e

translocação, em genótipos que ocupavam ambientes distintos (PUITATTI;

FERREIRA, 2005). Esses polimorfismos também tem relação com a tendência para

o acúmulo de heterocromatina decorrente do processo evolutivo (GUERRA et al.,

2000). Portanto, a citogenética enquanto ferramenta possibilita inferir sobre o

processo evolutivo e a distinção, mesmo de forma discreta, de diferentes genótipos.

.

Page 44: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

44

Tabela 5 – Distribuição das bandas CMA+/DAPI

- nos cromossomos e organização dos acessos em grupos. Sinal + simboliza banda positiva, sinal – simboliza

banda negativa. A quantidade de sinal + simboliza a intensidade dos fluorocromos. Cromossomo 1 (C1), Cromossomo 2 (C2).

Acessos

Par cromossômico

Grupo 1, 2 e 3 4 5 6 7 8

C1 C2 C1 C2 C1 C2 C1 C2 C1 C2 C1 C2

Sussuapara - PI - - - - - - CMA++

DAPI-

CMA++

DAPI-

CMA+

DAPI-

CMA+

DAPI-

- - 1

Santo Antonio

de Lisboa - PI

- - - - - - CMA++

DAPI-

CMA++

DAPI-

CMA++

DAPI-

CMA++

DAPI-

- - 1

Branco Mineiro

– PI

- - - - - - CMA+++

DAPI-

CMA++

DAPI-

CMA++

DAPI-

CMA+

DAPI-

- - 1

Catetinho do

Paraná 1254

- - CMA+

DAPI-

- - CMA++

DAPI-

CMA+

DAPI-

CMA+

DAPI-

CMA+

DAPI-

- CMA+

DAPI-

2

Sergipe - - - CMA+

DAPI-

- - CMA+

DAPI-

CMA+

DAPI-

CMA++

DAPI-

CMA+

DAPI-

- - 2

Cateto Roxo 99 - - - - CMA+

DAPI-

CMA+

DAPI-

CMA+

DAPI-

- CMA++

DAPI-

- - - 3

Roxo de Minas - - - - CMA+

DAPI-

- CMA++

DAPI-

CMA++

DAPI-

CMA+

DAPI-

CMA+

DAPI-

- - 3

Page 45: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

45

5 CONCLUSÃO

Os acessos avaliados apresentaram cromossomos simétricos, quanto aos

índices de assimetria aplicados, e sem diferença significativa na análise estatística

utilizada para a comparação dos parâmetros morfométricos.

Nas prometáfases observadas foi possível confirmar a presença de

heteromorfismo na distenção da RON, variando do par 6 ou 7, no qual uma das

constrições secundárias se apresentou longamente mais distendida que no seu

homólogo.

Foram observados pequenos polimorfismos cromossômicos de

heterocromatina revelados na dupla coloração CMA+/DAPI- que puderam ser

utilizados para separar os sete acessos em três grupos e até mesmo diferenciar

alguns dos acessos individualmente. Enfatiza-se que, dessa forma, foi possível

distinguir os acessos oriundos do Piauí, pois estes revelaram bandas apenas nos

pares 6 e 7 diferindo dos demais acessos que apresentaram bandas nos pares 4 ou

5, além dos pares 6 e 7.

Sugere-se que o cromossomo CMA+++/DAPI- do par seis do acesso Branco

Mineiro Piauí seja utilizado como marcador na identificação deste material, podendo

ser até associado a algum caráter de interesse econômico.

Page 46: Título: Caracterização citogenética em acessos de Allium sativum L

46

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