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Título: Código Civil - sm.v2.vectweb.ptsm.v2.vectweb.pt/media/116/File/Legislação/Código Civil.pdf · Título: Código Civil Autor: Eurico Santos, Advogado Correio eletrónico

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  • Ttulo: Cdigo Civil

    Autor: Eurico Santos, Advogado

    Correio eletrnico do Autor: [email protected]

    N. de Pginas: 631 pginas

    Formato: PDF (Portable Document Format)

    Data de edio: 16 de Outubro de 2015

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  • CDIGO CIVIL

    Texto atualizado de acordo com os seguintes diplomas:

    Decreto-Lei n. 47344/66, de 25 de Novembro, com a ltima alterao pela Lei n. 150/2015, de 10 de setembro

  • Alteraes legislativas ao Cdigo Civil

    Decreto-Lei n. 47344/66, de 25 de Novembro

    Decreto-Lei n. 67/75, de 19 de Fevereiro

    Decreto-Lei n. 261/75, de 27 de Maio

    Decreto-Lei n. 561/76, de 17 de Julho

    Decreto-Lei n. 605/76, de 24 de Julho

    Decreto-Lei n. 293/77, de 20 de Julho

    Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro

    Decreto-Lei n. 200-C/80, de 24 de Junho

    Decreto-Lei n. 236/80, de 18 de Julho

    Declarao de 12/08 de 1980

    Decreto-Lei n. 328/81, de 04 de Dezembro

    Decreto-Lei n. 262/83, de 16 de Junho

    Decreto-Lei n. 225/84, de 06 de Julho

    Decreto-Lei n. 190/85, de 24 de Junho

    Lei n. 46/85, de 20 de Setembro

    Decreto-Lei n. 379/86, de 11 de Novembro

    Declarao de 31/12 de 1986

    Lei n. 24/89, de 01 de Agosto

    Decreto-Lei n. 321-B/90, de 15 de Outubro

    Decreto-Lei n. 257/91, de 18 de Julho

    Decreto-Lei n. 423/91, de 30 de Outubro

    Decreto-Lei n. 185/93, de 22 de Maio

    Decreto-Lei n. 227/94, de 08 de Setembro

    Decreto-Lei n. 267/94, de 25 de Outubro

    Decreto-Lei n. 163/95, de 13 de Julho

    Lei n. 84/95, de 31 de Agosto

    Decreto-Lei n. 329-A/95, de 12 de Dezembro

    Decreto-Lei n. 14/96, de 06 de Maro

    Decreto-Lei n. 68/96, de 31 de Maio

    Decreto-Lei n. 35/97, de 31 de Janeiro

    Decreto-Lei n. 120/98, de 08 de Maio

    Declarao de Rectificao n. 11-C/98, de 30 de Junho

    Lei n. 21/98, de 12 de Maio

    Lei n. 47/98, de 10 de Agosto

    http://dre.pt/pdf1sdip/1975/02/04200/02640264.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1975/05/12200/07330735.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1976/07/16600/15701571.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1976/07/17200/16701673.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1977/07/16600/17931797.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1977/11/27301/00010050.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1980/06/14301/00060007.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1980/07/16400/17231724.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1981/12/27900/31783179.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1983/06/13600/21312133.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1984/07/15501/00410041.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1985/06/14200/16661667.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1985/09/21700/30413050.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1986/11/26000/33813383.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1989/08/17500/29962996.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1990/10/23801/00050023.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1991/07/163A00/36543655.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1991/10/250A00/55765581.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1993/05/119A00/27922801.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1994/09/208A00/53145325.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1994/10/247A00/64296433.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1995/07/160A00/44314433.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1995/08/201A00/54675468.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1995/12/285A01/01390269.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1996/03/056A00/04440444.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1996/05/127A00/13551355.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1997/01/026A00/05190520.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1998/05/106A00/21342142.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1998/06/148A02/00060006.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1998/05/109A00/21732174.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1998/08/183A00/38543854.pdf

  • Decreto-Lei n. 343/98, de 06 de Novembro

    Lei n. 59/99, de 30 de Junho

    Lei n. 16/2001, de 22 de Junho

    Decreto-Lei n. 272/2001, de 13 de Outubro

    Decreto-Lei n. 273/2001, de 13 de Outubro

    Declarao de Rectificao n. 20-AS/2001, de 30 de Novembro

    Decreto-Lei n. 323/2001, de 17 de Dezembro

    Decreto-Lei n. 38/2003, de 08 de Maro

    Lei n. 31/2003, de 22 de Agosto

    Decreto-Lei n. 199/2003, de 10 de Setembro

    Decreto-Lei n. 59/2004, de 19 de Maro

    Lei n. 6/2006, de 27 de Fevereiro

    Declarao de Rectificao n. 24/2006, de 17 de Abril

    Decreto-Lei n. 263-A/2007, de 23 de Julho

    Lei n. 40/2007, de 24 de Agosto

    Decreto-Lei n. 324/2007, de 28 de Setembro

    Decreto-Lei n. 116/2008, de 04 de Julho

    Lei n. 61/2008, de 31 de Outubro

    Lei n. 14/2009, de 01 de Abril

    Decreto-Lei n. 100/2009, de 11 de Maio

    Lei n. 29/2009, de 29 de Junho

    Lei n. 103/2009, de 11 de Setembro

    Lei n. 9/2010, de 31 de Maio

    Lei n. 23/2010, de 30 de Agosto

    Lei n. 24/2012, de 9 de julho

    Lei n. 32/2012, de 14 de agosto

    Lei n. 31/2012, de 14 de agosto

    Declarao de Retificao n. 59-A/2012, de 12 de outubro

    Lei n. 23/2013, de 5 de maro

    Lei n. 79/2014, de 19 de dezembro

    Lei n. 82/2014, de 30 de dezembro

    Lei n. 111/2015, de 27 de agosto

    Lei n. 122/2015, de 1 de setembro

    Lei n. 137/2015, de 7 de setembro

    Lei n. 150/2015, de 10 de setembro

    http://dre.pt/pdf1sdip/1998/11/257A00/59395946.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/1999/06/150A00/40014001.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2001/06/143A00/36663675.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2001/10/238A00/64736477.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2001/10/238A00/64776490.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2001/11/278A03/00100011.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2001/12/290A00/82888297.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2003/03/057A00/15881649.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2003/08/193A00/53135329.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2003/09/209A00/59035906.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2004/03/067A00/15501551.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2006/02/041A00/15581587.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2006/04/075A00/27872787.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2007/07/14001/0000200008.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2007/08/16300/0565905664.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2007/09/18800/0691106983.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2008/07/12800/0413404196.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2008/10/21200/0763307638.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2009/04/06400/0201702018.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2009/05/09000/0280402806.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2009/06/12300/0419204208.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2009/09/17700/0621006216.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2010/05/10500/0185301853.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2010/08/16800/0376403768.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2012/07/13100/0355003564.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2012/08/15700/0445204483.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2012/10/19801/0000200005.pdfhttp://dre.pt/pdf1sdip/2013/03/04500/0122001235.pdfhttps://dre.pt/application/file/65920535https://dre.pt/application/file/66005954https://dre.pt/application/file/70128879https://dre.pt/application/file/70144397https://dre.pt/application/file/70202879https://dre.pt/application/file/70199921

  • Cdigo Civil

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    LIVRO I

    PARTE GERAL

    TTULO I

    DAS LEIS, SUA INTERPRETAO E APLICAO

    CAPTULO I

    FONTES DO DIREITO

    Artigo 1

    Fontes imediatas

    1 - So fontes imediatas do direito as leis e as normas corporativas.

    2 - Consideram-se leis todas as disposies genricas provindas dos rgos estaduais

    competentes; so normas corporativas as regras ditadas pelos organismos representativos

    das diferentes categorias morais, culturais, econmicas ou profissionais, no domnio das suas

    atribuies, bem como os respectivos estatutos e regulamentos internos.

    3 - As normas corporativas no podem contrariar as disposies legais de carcter imperativo.

    Artigo 2

    Assentos

    (Revogado pelo Decreto-Lei n. 329-A/95, de 12 de Dezembro)

    Artigo 3

    Valor jurdico dos usos

    1 - Os usos que no forem contrrios aos princpios da boa f so juridicamente atendveis

    quando a lei o determine.

    2 - As normas corporativas prevalecem sobre os usos.

    Artigo 4

    Valor da equidade

    Os tribunais s podem resolver segundo a equidade:

    a) Quando haja disposio legal que o permita;

    b) Quando haja acordo das partes e a relao jurdica no seja indisponvel;

  • Cdigo Civil

    5

    c) Quando as partes tenham previamente convencionado o recurso equidade, nos

    termos aplicveis clusula compromissria.

    CAPTULO II

    VIGNCIA, INTERPRETAO E APLICAO DAS LEIS

    Artigo 5

    Comeo da vigncia da lei

    1 - A lei s se torna obrigatria depois de publicada no jornal oficial.

    2 - Entre a publicao e a vigncia da lei decorrer o tempo que a prpria lei fixar ou, na falta

    de fixao, o que for determinado em legislao especial.

    Artigo 6

    Ignorncia ou m interpretao da lei

    A ignorncia ou m interpretao da lei no justifica a falta do seu cumprimento nem

    isenta as pessoas das sanes nela estabelecidas.

    Artigo 7

    Cessao da vigncia da lei

    1 - Quando se no destine a ter vigncia temporria, a lei s deixa de vigorar se for revogada

    por outra lei.

    2 - A revogao pode resultar de declarao expressa, da incompatibilidade entre as novas

    disposies e as regras precedentes ou da circunstncia de a nova lei regular toda a matria

    da lei anterior.

    3 - A lei geral no revoga a lei especial, excepto se outra for a inteno inequvoca do

    legislador.

    4 - A revogao da lei revogatria no importa o renascimento da lei que esta revogara.

    Artigo 8

    Obrigao de julgar e dever de obedincia lei

    1 - O tribunal no pode abster-se de julgar, invocando a falta ou obscuridade da lei ou

    alegando dvida insanvel acerca dos factos em litgio.

    2 - O dever de obedincia lei no pode ser afastado sob pretexto de ser injusto ou imoral o

    contedo do preceito legislativo.

    3 - Nas decises que proferir, o julgador ter em considerao todos os casos que meream

    tratamento anlogo, a fim de obter uma interpretao e aplicao uniformes do direito.

  • Cdigo Civil

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    Artigo 9

    Interpretao da lei

    1 - A interpretao no deve cingir-se letra da lei, mas reconstituir a partir dos textos o

    pensamento legislativo, tendo sobretudo em conta a unidade do sistema jurdico, as

    circunstncias em que a lei foi elaborada e as condies especficas do tempo em que

    aplicada.

    2 - No pode, porm, ser considerado pelo intrprete o pensamento legislativo que no tenha

    na letra da lei um mnimo de correspondncia verbal, ainda que imperfeitamente expresso.

    3 - Na fixao do sentido e alcance da lei, o intrprete presumir que o legislador consagrou

    as solues mais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em termos adequados.

    Artigo 10

    Integrao das lacunas da lei

    1 - Os casos que a lei no preveja so regulados segundo a norma aplicvel aos casos

    anlogos.

    2 - H analogia sempre que no caso omisso procedam as razes justificativas da

    regulamentao do caso previsto na lei.

    3 - Na falta de caso anlogo, a situao resolvida segundo a norma que o prprio intrprete

    criaria, se houvesse de legislar dentro do esprito do sistema.

    Artigo 11

    Normas excepcionais

    As normas excepcionais no comportam aplicao analgica, mas admitem

    interpretao extensiva.

    Artigo 12

    Aplicao das leis no tempo. Princpio geral

    1 - A lei s dispe para o futuro; ainda que lhe seja atribuda eficcia retroactiva, presume-se

    que ficam ressalvados os efeitos j produzidos pelos factos que a lei se destina a regular.

    2 - Quando a lei dispe sobre as condies de validade substancial ou formal de quaisquer

    factos ou sobre os seus efeitos, entende-se, em caso de dvida, que s visa os factos novos;

    mas, quando dispuser directamente sobre o contedo de certas relaes jurdicas, abstraindo

    dos factos que lhes deram origem, entender-se- que a lei abrange as prprias relaes j

    constitudas, que subsistam data da sua entrada em vigor.

  • Cdigo Civil

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    Artigo 13

    Aplicao das leis no tempo. Leis interpretativas

    1 - A lei interpretativa integra-se na lei interpretada, ficando salvos, porm, os efeitos j

    produzidos pelo cumprimento da obrigao, por sentena passada em julgado, por

    transaco, ainda que no homologada, ou por actos de anloga natureza.

    2 - A desistncia e a confisso no homologadas pelo tribunal podem ser revogadas pelo

    desistente ou confidente a quem a lei interpretativa for favorvel.

    CAPTULO III

    DIREITOS DOS ESTRANGEIROS E CONFLITOS DE LEIS

    SECO I

    DISPOSIES GERAIS

    Artigo 14

    Condio jurdica dos estrangeiros

    1 - Os estrangeiros so equiparados aos nacionais quanto ao gozo de direitos civis, salvo

    disposio legal em contrrio.

    2 - No so, porm, reconhecidos aos estrangeiros os direitos que, sendo atribudos pelo

    respectivo Estado aos seus nacionais, o no sejam aos portugueses em igualdade de

    circunstncias.

    Artigo 15

    Qualificaes

    A competncia atribuda a uma lei abrange somente as normas que, pelo seu contedo

    e pela funo que tm nessa lei, integram o regime do instituto visado na regra de conflitos.

    Artigo 16

    Referncia lei estrangeira. Princpio geral

    A referncia das normas de conflitos a qualquer lei estrangeira determina apenas, na

    falta de preceito em contrrio, a aplicao do direito interno dessa lei.

    Artigo 17

    Reenvio para a lei de um terceiro Estado

  • Cdigo Civil

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    1 - Se, porm, o direito internacional privado da lei referida pela norma de conflitos portuguesa

    remeter para outra legislao e esta se considerar competente para regular o caso, o direito

    interno desta legislao que deve ser aplicado.

    2 - Cessa o disposto no nmero anterior, se a lei referida pela norma de conflitos portuguesa

    for a lei pessoal e o interessado residir habitualmente em territrio portugus ou em pas cujas

    normas de conflitos considerem competente o direito interno do Estado da sua nacionalidade.

    3 - Ficam, todavia, unicamente sujeitos regra do n 1 os casos da tutela e curatela, relaes

    patrimoniais entre os cnjuges, poder paternal, relaes entre adoptante e adoptado e

    sucesso por morte, se a lei nacional indicada pela norma de conflitos devolver para a lei da

    situao dos bens imveis e esta se considerar competente.

    Artigo 18

    Reenvio para a lei portuguesa

    1 - Se o direito internacional privado da lei designada pela norma de conflitos devolver para o

    direito interno portugus, este o direito aplicvel.

    2 - Quando, porm, se trate de matria compreendida no estatuto pessoal, a lei portuguesa

    s aplicvel se o interessado tiver em territrio portugus a sua residncia habitual ou se a

    lei do pas desta residncia considerar igualmente competente o direito interno portugus.

    Artigo 19

    Casos em que no admitido o reenvio

    1 - Cessa o disposto nos dois artigos anteriores, quando da aplicao deles resulte a

    invalidade ou ineficcia de um negcio jurdico que seria vlido ou eficaz segundo a regra

    fixada no artigo 16, ou a ilegitimidade de um estado que de outro modo seria legtimo.

    2 - Cessa igualmente o disposto nos mesmos artigos, se a lei estrangeira tiver sido designada

    pelos interessados, nos casos em que a designao permitida.

    Artigo 20

    Ordenamentos jurdicos plurilegislativos

    1 - Quando, em razo da nacionalidade de certa pessoa, for competente a lei de um Estado

    em que coexistam diferentes sistemas legislativos locais, o direito interno desse Estado que

    fixa em cada caso o sistema aplicvel.

    2 - Na falta de normas de direito interlocal, recorre-se ao direito internacional privado do

    mesmo Estado; e, se este no bastar, considera-se como lei pessoal do interessado a lei da

    sua residncia habitual.

  • Cdigo Civil

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    3 - Se a legislao competente constituir uma ordem jurdica territorialmente unitria, mas nela

    vigorarem diversos sistemas de normas para diferentes categorias de pessoas, observar-se-

    sempre o estabelecido nessa legislao quanto ao conflito de sistemas.

    Artigo 21

    Fraude lei

    Na aplicao das normas de conflitos so irrelevantes as situaes de facto ou de

    direito criadas com o intuito fraudulento de evitar a aplicabilidade da lei que, noutras

    circunstncias, seria competente.

    Artigo 22

    Ordem pblica

    1 - No so aplicveis os preceitos da lei estrangeira indicados pela norma de conflitos,

    quando essa aplicao envolva ofensa dos princpios fundamentais da ordem pblica

    internacional do Estado portugus.

    2 - So aplicveis, neste caso, as normas mais apropriadas da legislao estrangeira

    competente ou, subsidiariamente, as regras do direito interno portugus.

    Artigo 23

    Interpretao e averiguao do direito estrangeiro

    1 - A lei estrangeira interpretada dentro do sistema a que pertence e de acordo com as

    regras interpretativas nele fixadas.

    2 - Na impossibilidade de averiguar o contedo da lei estrangeira aplicvel, recorrer-se- lei

    que for subsidiariamente competente, devendo adoptar-se igual procedimento sempre que

    no for possvel determinar os elementos de facto ou de direito de que dependa a designao

    da lei aplicvel.

    Artigo 24

    Actos realizados a bordo

    1 - Aos actos realizados a bordo de navios ou aeronaves, fora dos portos ou aerdromos,

    aplicvel a lei do lugar da respectiva matrcula, sempre que for competente a lei territorial.

    2 - Os navios e aeronaves militares consideram-se como parte do territrio do Estado a que

    pertencem.

    SECO II

    NORMAS DE CONFLITOS

  • Cdigo Civil

    10

    SUBSECO I

    mbito e determinao da lei pessoal

    Artigo 25

    mbito da lei pessoal

    O estado dos indivduos, a capacidade das pessoas, as relaes de famlia e as

    sucesses por morte so regulados pela lei pessoal dos respectivos sujeitos, salvas as

    restries estabelecidas na presente seco.

    Artigo 26

    Incio e termo da personalidade jurdica

    1 - O incio e termo da personalidade jurdica so fixados igualmente pela lei pessoal de cada

    indivduo.

    2 - Quando certo efeito jurdico depender da sobrevivncia de uma a outra pessoa e estas

    tiverem leis pessoais diferentes, se as presunes de sobrevivncia dessas leis forem

    inconciliveis, aplicvel o disposto no n 2 do artigo 68.

    Artigo 27

    Direitos de personalidade

    1 - Aos direitos de personalidade, no que respeita sua existncia e tutela e s restries

    impostas ao seu exerccio, tambm aplicvel a lei pessoal.

    2 - O estrangeiro ou aptrida no goza, porm, de qualquer forma de tutela jurdica que no

    seja reconhecida na lei portuguesa.

    Artigo 28

    Desvios quanto s consequncias da incapacidade

    1 - O negcio jurdico celebrado em Portugal por pessoa que seja incapaz segundo a lei

    pessoal competente no pode ser anulado com fundamento na incapacidade no caso de a lei

    interna portuguesa, se fosse aplicvel, considerar essa pessoa como capaz.

    2 - Esta excepo cessa, quando a outra parte tinha conhecimento da incapacidade, ou

    quando o negcio jurdico for unilateral, pertencer ao domnio do direito da famlia ou das

    sucesses ou respeitar disposio de imveis situados no estrangeiro.

    3 - Se o negcio jurdico for celebrado pelo incapaz em pas estrangeiro, ser observada a lei

    desse pas, que consagrar regras idnticas s fixadas nos nmeros anteriores.

    Artigo 29

    Maioridade

  • Cdigo Civil

    11

    A mudana da lei pessoal no prejudica a maioridade adquirida segundo a lei pessoal

    anterior.

    Artigo 30

    Tutela e institutos anlogos

    tutela e institutos anlogos de proteco aos incapazes aplicvel a lei pessoal do

    incapaz.

    Artigo 31

    Determinao da lei pessoal

    1 - A lei pessoal a da nacionalidade do indivduo.

    2 - So, porm, reconhecidos em Portugal os negcios jurdicos celebrados no pas da

    residncia habitual do declarante, em conformidade com a lei desse pas, desde que esta se

    considere competente.

    Artigo 32

    Aptridas

    1 - A lei pessoal do aptrida a do lugar onde ele tiver a sua residncia habitual ou, sendo

    menor ou interdito, o seu domiclio legal.

    2 - Na falta de residncia habitual, aplicvel o disposto no n 2 do artigo 82.

    Artigo 33

    Pessoas colectivas

    1 - A pessoa colectiva tem como lei pessoal a lei do Estado onde se encontra situada a sede

    principal e efectiva da sua administrao.

    2 - lei pessoal compete especialmente regular: a capacidade da pessoa colectiva; a

    constituio, funcionamento e competncia dos seus rgos; os modos de aquisio e perda

    da qualidade de associado e os correspondentes direitos e deveres; a responsabilidade da

    pessoa colectiva, bem como a dos respectivos rgos e membros, perante terceiros; a

    transformao, dissoluo e extino da pessoa colectiva.

    3 - A transferncia, de um Estado para outro, da sede da pessoa colectiva no extingue a

    personalidade jurdica desta, se nisso convierem as leis de uma e outra sede.

    4 - A fuso de entidades com lei pessoal diferente apreciada em face de ambas as leis

    pessoais.

    Artigo 34

    Pessoas colectivas internacionais

  • Cdigo Civil

    12

    A lei pessoal das pessoas colectivas internacionais a designada na conveno que

    as criou ou nos respectivos estatutos e, na falta de designao, a do pas onde estiver a sede

    principal.

    SUBSECO II

    Lei reguladora dos negcios jurdicos

    Artigo 35

    Declarao negocial

    1 - A perfeio, interpretao e integrao da declarao negocial so reguladas pela lei

    aplicvel substncia do negcio, a qual igualmente aplicvel falta e vcios da vontade.

    2 - O valor de um comportamento como declarao negocial determinado pela lei da

    residncia habitual comum do declarante e do destinatrio e, na falta desta, pela lei do lugar

    onde o comportamento de verificou.

    3 - O valor do silncio como meio declaratrio igualmente determinado pela lei da residncia

    habitual comum e, na falta desta, pela lei do lugar onde a proposta foi recebida.

    Artigo 36

    Forma da declarao

    1 - A forma da declarao negocial regulada pela lei aplicvel substncia do negcio; ,

    porm, suficiente a observncia da lei em vigor no lugar em que feita a declarao, salvo se

    a lei reguladora da substncia do negcio exigir, sob pena de nulidade ou ineficcia, a

    observncia de determinada forma, ainda que o negcio seja celebrado no estrangeiro.

    2 - A declarao negocial ainda formalmente vlida se, em vez da forma prescrita na lei

    local, tiver sido observada a forma prescrita pelo Estado para que remete a norma de conflitos

    daquela lei, sem prejuzo do disposto na ltima parte do nmero anterior.

    Artigo 37

    Representao legal

    A representao legal est sujeita lei reguladora da relao jurdica de que nasce o

    poder representativo.

    Artigo 38

    Representao orgnica

    A representao da pessoa colectiva por intermdio dos seus rgos regulada pela

    respectiva lei pessoal.

  • Cdigo Civil

    13

    Artigo 39

    Representao voluntria

    1 - A representao voluntria regulada, quanto existncia, extenso, modificao, efeitos

    e extino dos poderes representativos, pela lei do Estado em que os poderes so exercidos.

    2 - Porm, se o representante exercer os poderes representativos em pas diferente daquele

    que o representado indicou e o facto for conhecido do terceiro com quem contrate, aplicvel

    a lei do pas da residncia habitual do representado.

    3 - Se o representante exercer profissionalmente a representao e o facto for conhecido do

    terceiro contratante, aplicvel a lei do domiclio profissional.

    4 - Quando a representao se refira disposio ou administrao de bens imveis,

    aplicvel a lei do pas da situao desses bens.

    Artigo 40

    Prescrio e caducidade

    A prescrio e a caducidade so reguladas pela lei aplicvel ao direito a que uma ou

    outra se refere.

    SUBSECO III

    Lei reguladora das obrigaes

    Artigo 41

    Obrigaes provenientes de negcios jurdicos

    1 - As obrigaes provenientes de negcio jurdico, assim como a prpria substncia dele,

    so reguladas pela lei que os respectivos sujeitos tiverem designado ou houverem tido em

    vista.

    2 - A designao ou referncia das partes s pode, todavia, recair sobre lei cuja aplicabilidade

    corresponda a um interesse srio dos declarantes ou esteja em conexo com algum dos

    elementos do negcio jurdico atendveis no domnio do direito internacional privado.

    Artigo 42

    Critrio supletivo

    1 - Na falta de determinao da lei competente, atende-se, nos negcios jurdicos unilaterais,

    lei da residncia habitual do declarante e, nos contratos, lei da residncia habitual comum

    das partes.

  • Cdigo Civil

    14

    2 - Na falta de residncia comum, aplicvel, nos contratos gratuitos, a lei da residncia

    habitual daquele que atribui o benefcio e, nos restantes contratos, a lei do lugar da

    celebrao.

    Artigo 43

    Gesto de negcios

    gesto de negcios aplicvel a lei do lugar em que decorre a principal actividade

    do gestor.

    Artigo 44

    Enriquecimento sem causa

    O enriquecimento sem causa regulado pela lei com base na qual se verificou a

    transferncia do valor patrimonial a favor do enriquecido.

    Artigo 45

    Responsabilidade extracontratual

    1 - A responsabilidade extracontratual fundada, quer em acto ilcito, quer no risco ou em

    qualquer conduta lcita, regulada pela lei do Estado onde decorreu a principal actividade

    causadora do prejuzo; em caso de responsabilidade por omisso, aplicvel a lei do lugar

    onde o responsvel deveria ter agido.

    2 - Se a lei do Estado onde se produziu o efeito lesivo considerar responsvel o agente, mas

    no o considerar como tal a lei do pas onde decorreu a sua actividade, aplicvel a primeira

    lei, desde que o agente devesse prever a produo de um dano, naquele pas, como

    consequncia do seu acto ou omisso.

    3 - Se, porm, o agente e o lesado tiverem a mesma nacionalidade ou, na falta dela, a mesma

    residncia habitual, e se encontrarem ocasionalmente em pas estrangeiro, a lei aplicvel ser

    a da nacionalidade ou a da residncia comum, sem prejuzo das disposies do Estado local

    que devam ser aplicadas indistintamente a todas as pessoas.

    SUBSECO IV

    Lei reguladora das coisas

    Artigo 46

    Direitos reais

    1 - O regime da posse, propriedade e demais direitos reais, definido pela lei do Estado em

    cujo territrio as coisas se encontrem situadas.

  • Cdigo Civil

    15

    2 - Em tudo quanto respeita constituio ou transferncia de direitos reais sobre coisas em

    trnsito, so estas havidas como situadas no pas do destino.

    3 - A constituio e transferncia de direitos sobre os meios de transportes submetidos a um

    regime de matrcula so reguladas pela lei do pas onde a matrcula tiver sido efectuada.

    Artigo 47

    Capacidade para constituir direitos reais sobre coisas imveis ou dispor deles

    igualmente definida pela lei da situao da coisa a capacidade para constituir direitos

    reais sobre coisas imveis ou para dispor deles, desde que essa lei assim o determine; de

    contrrio, aplicvel a lei pessoal.

    Artigo 48

    Propriedade intelectual

    1 - Os direitos de autor so regulados pela lei do lugar da primeira publicao da obra e, no

    estando esta publicada, pela lei pessoal do autor, sem prejuzo do disposto em legislao

    especial.

    2 - A propriedade industrial regulada pela lei do pas da sua criao.

    SUBSECO V

    Lei reguladora das relaes de famlia

    Artigo 49

    Capacidade para contrair casamento ou celebrar convenes antenupciais

    A capacidade para contrair casamento ou celebrar a conveno antenupcial

    regulada, em relao a cada nubente, pela respectiva lei pessoal, qual compete ainda definir

    o regime da falta e dos vcios da vontade dos contraentes.

    Artigo 50

    Forma do casamento

    A forma do casamento regulada pela lei do Estado em que o acto celebrado, salvo

    o disposto no artigo seguinte.

    Artigo 51

    Desvios

    1 - O casamento de dois estrangeiros em Portugal pode ser celebrado segundo a forma

    prescrita na lei nacional de qualquer dos contraentes, perante os respectivos agentes

  • Cdigo Civil

    16

    diplomticos ou consulares, desde que igual competncia seja reconhecida por essa lei aos

    agentes diplomticos e consulares portugueses.

    2 - O casamento no estrangeiro de dois portugueses ou de portugus e estrangeiro pode ser

    celebrado perante o agente diplomtico ou consular do Estado Portugus ou perante os

    ministros do culto catlico.

    3 - Em qualquer dos casos previstos no nmero anterior, o casamento deve ser precedido do

    processo respectivo, organizado pela entidade competente, excepto se for dispensado nos

    termos do artigo 1599.

    4 - O casamento no estrangeiro de dois portugueses ou de portugus e estrangeiro, em

    harmonia com as leis cannicas, havido como casamento catlico, seja qual for a forma

    legal da celebrao do acto segundo a lei local, e sua transcrio servir de base o assento

    do registo paroquial.

    Artigo 52

    Relaes entre os cnjuges

    1 - Salvo o disposto no artigo seguinte, as relaes entre os cnjuges so reguladas pela lei

    nacional comum.

    2. No tendo os cnjuges a mesma nacionalidade, aplicvel a lei da sua residncia habitual

    comum e, na falta desta, a lei do pas com o qual a vida familiar se ache mais estreitamente

    conexa.

    Artigo 53

    Convenes antenupciais e regime de bens

    1 - A substncia e efeitos das convenes antenupciais e do regime de bens, legal ou

    convencional, so definidos pela lei nacional dos nubentes ao tempo da celebrao do

    casamento.

    2 - No tendo os nubentes a mesma nacionalidade aplicvel a lei da sua residncia habitual

    comum data do casamento e, se esta faltar tambm, a lei da primeira residncia conjugal.

    3 - Se for estrangeira a lei aplicvel e um dos nubentes tiver a sua residncia habitual em

    territrio portugus, pode ser convencionado um dos regimes admitidos neste cdigo.

    Artigo 54

    Modificaes do regime de bens

    1 - Aos cnjuges permitido modificar o regime de bens, legal ou convencional, se a tal forem

    autorizados pela lei competente nos termos do artigo 52.

    2 - A nova conveno em caso nenhum ter efeito retroactivo em prejuzo de terceiro.

  • Cdigo Civil

    17

    Artigo 55

    Separao judicial de pessoas e bens e divrcio

    1 - separao judicial de pessoas e bens e ao divrcio aplicvel o disposto no artigo 52.

    2 - Se, porm, na constncia do matrimnio houver mudana da lei competente, s pode

    fundamentar a separao ou o divrcio algum facto relevante ao tempo da sua verificao.

    Artigo 56

    Constituio da filiao

    1 - constituio da filiao aplicvel a lei pessoal do progenitor data do estabelecimento

    da relao.

    2 - Tratando-se de filho de mulher casada, a constituio da filiao relativamente ao pai

    regulada pela lei nacional comum da me e do marido; na falta desta, aplicvel a lei da

    residncia habitual comum dos cnjuges e, se esta tambm faltar, a lei pessoal do filho.

    3 - Para os efeitos do nmero anterior, atender-se- ao momento do nascimento do filho ou

    ao momento da dissoluo do casamento, se for anterior ao nascimento.

    Artigo 57

    Relaes entre pais e filhos

    1 - As relaes entre pais e filhos so reguladas pela lei nacional comum dos pais e, na falta

    desta, pela lei da sua residncia habitual comum; se os pais residirem habitualmente em

    Estados diferentes, aplicvel a lei pessoal do filho.

    2 - Se a filiao apenas se achar estabelecida relativamente a um dos progenitores, aplica-se

    a lei pessoal deste; se um dos progenitores tiver falecido, competente a lei pessoal do

    sobrevivo.

    Artigo 58

    (Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de novembro)

    Artigo 59

    (Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de novembro)

    Artigo 60

    Filiao adoptiva

    1 - constituio da filiao adoptiva aplicvel a lei pessoal do adoptante, sem prejuzo do

    disposto no nmero seguinte.

    2 - Se a adopo for realizada por marido e mulher ou o adoptando for filho do cnjuge do

    adoptante, competente a lei nacional comum dos cnjuges e, na falta desta, a lei da sua

  • Cdigo Civil

    18

    residncia habitual comum; se tambm esta faltar, ser aplicvel a lei do pas com o qual a

    vida familiar dos adoptantes se ache mais estreitamente conexa.

    3 - As relaes entre adoptante e adoptado, e entre este e a famlia de origem, esto sujeitas

    lei pessoal do adoptante; no caso previsto no nmero anterior aplicvel o disposto no

    artigo 57.

    4 - Se a lei competente para regular as relaes entre o adoptando e os seus progenitores

    no conhecer o instituto da adopo, ou no o admitir em relao a quem se encontre na

    situao familiar do adoptando, a adopo no permitida.

    Artigo 61

    Requisitos especiais da perfilhao ou adopo

    1 - Se, como requisito da perfilhao ou adopo, a lei pessoal do perfilhando ou adoptando

    exigir o consentimento deste, ser a exigncia respeitada.

    2 - Ser igualmente respeitada a exigncia do consentimento de terceiro a quem o interessado

    esteja ligado por qualquer relao jurdica de natureza familiar ou tutelar, se porvier da lei

    reguladora desta relao.

    SUBSECO VI

    Lei reguladora das sucesses

    Artigo 62

    Lei competente

    A sucesso por morte regulada pela lei pessoal do autor da sucesso ao tempo do

    falecimento deste, competindo-lhe tambm definir os poderes do administrador da herana e

    do executor testamentrio.

    Artigo 63

    Capacidade de disposio

    1 - A capacidade para fazer, modificar ou revogar uma disposio por morte, bem como as

    exigncias da forma especial das disposies por virtude da idade do disponente, so

    reguladas pela lei pessoal do autor ao tempo da declarao.

    2 - Aquele que, depois de ter feito a disposio, adquirir nova lei pessoal conserva a

    capacidade necessria para revogar a disposio nos termos da lei anterior.

    Artigo 64

    Interpretao das disposies; falta e vcios da vontade

    a lei pessoal do autor da herana ao tempo da declarao que regula:

  • Cdigo Civil

    19

    a) A interpretao das respectivas clusulas e disposies, salvo se houver referncia

    expressa ou implcita a outra lei;

    b) A falta e vcios da vontade;

    c) A admissibilidade de testamentos de mo comum ou de pactos sucessrios, sem

    prejuzo, quanto a estes, do disposto no artigo 53.

    Artigo 65

    Forma

    1 - As disposies por morte, bem como a sua revogao ou modificao, sero vlidas,

    quanto forma, se corresponderem s prescries da lei do lugar onde o acto for celebrado,

    ou s da lei pessoal do autor da herana, quer no momento da declarao, quer no momento

    da morte, ou ainda s prescries da lei para que remeta a norma de conflitos da lei local.

    2 - Se, porm, a lei pessoal do autor da herana no momento da declarao exigir, sob pena

    de nulidade ou ineficcia, a observncia de determinada forma, ainda que o acto seja

    praticado no estrangeiro, ser a exigncia respeitada.

    TTULO II

    DAS RELAES JURDICAS

    SUBTTULO I

    DAS PESSOAS

    CAPTULO I

    PESSOAS SINGULARES

    SECO I

    PERSONALIDADE E CAPACIDADE JURDICA

    Artigo 66

    Comeo da personalidade

    1 - A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.

    2 - Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.

    Artigo 67

    Capacidade jurdica

  • Cdigo Civil

    20

    As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relaes jurdicas, salvo disposio legal

    em contrrio; nisto consiste a sua capacidade jurdica.

    Artigo 68

    Termo da personalidade

    1 - A personalidade cessa com a morte.

    2 - Quando certo efeito jurdico depender da sobrevivncia de uma a outra pessoa, presume-

    se, em caso de dvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.

    3 - Tem-se por falecida a pessoa cujo cadver no foi encontrado ou reconhecido, quando o

    desaparecimento se tiver dado em circunstncias que no permitam duvidar da morte dela.

    Artigo 69

    Renncia capacidade jurdica

    Ningum pode renunciar, no todo ou em parte, sua capacidade jurdica.

    SECO II

    DIREITOS DE PERSONALIDADE

    Artigo 70

    Tutela geral da personalidade

    1 - A lei protege os indivduos contra qualquer ofensa ilcita ou ameaa de ofensa sua

    personalidade fsica ou moral.

    2 - Independentemente da responsabilidade civil a que haja lugar, a pessoa ameaada ou

    ofendida pode requerer as providncias adequadas s circunstncias do caso, com o fim de

    evitar a consumao da ameaa ou atenuar os efeitos da ofensa j cometida.

    Artigo 71

    Ofensa a pessoas j falecidas

    1 - Os direitos de personalidade gozam igualmente de proteco depois da morte do

    respectivo titular.

    2 - Tem legitimidade, neste caso, para requerer as providncias previstas no n 2 do artigo

    anterior o cnjuge sobrevivo ou qualquer descendente, ascendente, irmo, sobrinho ou

    herdeiro do falecido.

    3. Se a ilicitude da ofensa resultar da falta de consentimento, s as pessoas que o deveriam

    prestar tm legitimidade, conjunta ou separadamente, para requerer as providncias a que o

    nmero anterior se refere.

  • Cdigo Civil

    21

    Artigo 72

    Direito ao nome

    1 - Toda a pessoa tem direito a usar o seu nome, completo ou abreviado, e a opor-se a que

    outrem o use ilicitamente para sua identificao ou outros fins.

    2 - O titular do nome no pode, todavia, especialmente no exerccio de uma actividade

    profissional, us-lo de modo a prejudicar os interesses de quem tiver nome total ou

    parcialmente idntico; nestes casos, o tribunal decretar as providncias que, segundo juzos

    de equidade, melhor conciliem os interesses em conflito.

    Artigo 73

    Legitimidade

    As aces relativas defesa do nome podem ser exercidas no s pelo respectivo

    titular, como, depois da morte dele pelas pessoas referidas no nmero 2 do artigo 71

    Artigo 74

    Pseudnimo

    O pseudnimo, quando tenha notoriedade, goza da proteco conferida ao prprio

    nome.

    Artigo 75

    Cartas-missivas confidenciais

    1 - O destinatrio de carta-missiva de natureza confidencial deve guardar reserva sobre o seu

    contedo, no lhe sendo lcito aproveitar os elementos de informao que ela tenha levado

    ao seu conhecimento.

    2 - Morto o destinatrio, pode a restituio da carta confidencial ser ordenada pelo tribunal, a

    requerimento do autor dela ou, se este j tiver falecido, das pessoas indicadas no n 2 do

    artigo 71; pode tambm ser ordenada a destruio da carta, o seu depsito em mo de

    pessoa idnea ou qualquer outra medida apropriada.

    Artigo 76

    Publicao de cartas confidenciais

    1 - As cartas-missivas confidenciais s podem ser publicadas com o consentimento do seu

    autor ou com o suprimento judicial desse consentimento; mas no h lugar ao suprimento

    quando se trate de utilizar as cartas como documento literrio, histrico ou biogrfico.

    2 - Depois da morte do autor, a autorizao compete s pessoas designadas no n 2 do artigo

    71, segundo a ordem nele indicada.

  • Cdigo Civil

    22

    Artigo 77

    Memrias familiares e outros escritos confidenciais

    O disposto no artigo anterior aplicvel, com as necessrias adaptaes, s memrias

    familiares e pessoais e a outros escritos que tenham carcter confidencial ou se refiram

    intimidade da vida privada.

    Artigo 78

    Cartas-missivas no confidenciais

    O destinatrio de carta no confidencial s pode usar dela em termos que no

    contrariem a expectativa do autor.

    Artigo 79

    Direito imagem

    1 - O retrato de uma pessoa no pode ser exposto, reproduzido ou lanado no comrcio sem

    o consentimento dela; depois da morte da pessoa retratada, a autorizao compete s

    pessoas designadas no n 2 do artigo 71, segundo a ordem nele indicada.

    2 - No necessrio o consentimento da pessoa retratada quando assim o justifiquem a sua

    notoriedade, o cargo que desempenhe, exigncias de polcia ou de justia, finalidades

    cientficas, didcticas ou culturais, ou quando a reproduo da imagem vier enquadrada na

    de lugares pblicos, ou na de factos de interesse pblico ou que hajam decorrido

    publicamente.

    3. O retrato no pode, porm, ser reproduzido, exposto ou lanado no comrcio, se do facto

    resultar prejuzo para a honra, reputao ou simples decoro da pessoa retratada.

    Artigo 80

    Direito reserva sobre a intimidade da vida privada

    1 - Todos devem guardar reserva quanto intimidade da vida privada de outrem.

    2 - A extenso da reserva definida conforme a natureza do caso e a condio das pessoas.

    Artigo 81

    Limitao voluntria dos direitos de personalidade

    1 - Toda a limitao voluntria ao exerccio dos direitos de personalidade nula, se for

    contrria aos princpios da ordem pblica.

    2 - A limitao voluntria, quando legal, sempre revogvel, ainda que com obrigao de

    indemnizar os prejuzos causados s legtimas expectativas da outra parte.

  • Cdigo Civil

    23

    SECO III

    DOMICLIO

    Artigo 82

    Domiclio voluntrio geral

    1 - A pessoa tem domiclio no lugar da sua residncia habitual; se residir alternadamente em

    diversos lugares, tem-se por domiciliada em qualquer deles.

    2 - Na falta de residncia habitual, considera-se domiciliada no lugar da sua residncia

    ocasional ou, se esta no puder ser determinada, no lugar onde se encontrar.

    Artigo 83

    Domiclio profissional

    1 - A pessoa que exerce uma profisso tem, quanto s relaes a que esta se refere, domiclio

    profissional no lugar onde a profisso exercida.

    2 - Se exercer a profisso em lugares diversos, cada um deles constitui domiclio para as

    relaes que lhe correspondem.

    Artigo 84

    Domiclio electivo

    permitido estipular domiclio particular para determinados negcios, contanto que a

    estipulao seja reduzida a escrito.

    Artigo 85

    Domiclio legal dos menores e interditos

    1 - O menor tem domiclio no lugar da residncia da famlia; se ela no existir, tem por domiclio

    o do progenitor a cuja guarda estiver.

    2 - O domiclio do menor que em virtude de deciso judicial foi confiado a terceira pessoa ou

    a estabelecimento de educao ou assistncia o do progenitor que exerce o poder paternal.

    3 - O domiclio do menor sujeito a tutela e do interdito o do respectivo tutor.

    4 - Quando tenha sido institudo o regime de administrao de bens, o domiclio do menor ou

    do interdito o do administrador, nas relaes a que essa administrao se refere.

    5 - No so aplicveis as regras dos nmeros anteriores se delas resultar que o menor ou

    interdito no tem domiclio em territrio nacional.

    Artigo 86

    (Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de novembro)

  • Cdigo Civil

    24

    Artigo 87

    Domiclio legal dos empregados pblicos

    1 - Os empregados pblicos, civis ou militares, quando haja lugar certo para o exerccio dos

    seus empregos, tm nele domiclio necessrio, sem prejuzo do seu domiclio voluntrio no

    lugar da residncia habitual.

    2 - O domiclio necessrio determinado pela posse do cargo ou pelo exerccio das

    respectivas funes.

    Artigo 88

    Domiclio legal dos agentes diplomticos portugueses

    Os agentes diplomticos portugueses, quando invoquem extraterritorialidade,

    consideram-se domiciliados em Lisboa.

    SECO IV

    AUSNCIA

    SUBSECO I

    Curadoria provisria

    Artigo 89

    Nomeao de curador provisrio

    1 - Quando haja necessidade de prover acerca da administrao dos bens de quem

    desapareceu sem que dele se saiba parte e sem ter deixado representante legal ou

    procurador, deve o tribunal nomear-lhe curador provisrio.

    2 - Deve igualmente ser nomeado curador ao ausente, se o procurador no quiser ou no

    puder exercer as suas funes.

    3 - Pode ser designado para certos negcios, sempre que as circunstncias o exijam, um

    curador especial.

    Artigo 90

    Providncias cautelares

    A possibilidade de nomeao do curador provisrio no obsta s providncias

    cautelares que se mostrem indispensveis em relao a quaisquer bens do ausente.

    Artigo 91

    Legitimidade

  • Cdigo Civil

    25

    A curadoria provisria e as providncias cautelares a que se refere o artigo anterior

    podem ser requeridas pelo Ministrio Pblico ou por qualquer interessado.

    Artigo 92

    A quem deve ser deferida a curadoria provisria

    1 - O curador provisrio ser escolhido de entre as pessoas seguintes: o cnjuge do ausente,

    algum ou alguns dos herdeiros presumidos, ou algum ou alguns dos interessados na

    conservao dos bens.

    2 - Havendo conflito de interesses entre o ausente e o curador ou entre o ausente e o cnjuge,

    ascendentes ou descendentes do curador, deve ser designado um curador especial, nos

    termos do nmero 3 do artigo 89.

    Artigo 93

    Relao dos bens e cauo

    1 - Os bens do ausente sero relacionados e s depois entregues ao curador provisrio, ao

    qual ser fixada cauo pelo tribunal.

    2 - Em caso de urgncia, pode ser autorizada a entrega dos bens antes de estes serem

    relacionados ou de o curador prestar a cauo exigida.

    3 - Se o curador no prestar a cauo, ser nomeado outro em lugar dele.

    Artigo 94

    Direitos e obrigaes do curador provisrio

    1 - O curador fica sujeito ao regime do mandato geral em tudo o que no contrariar as

    disposies desta subseco.

    2 - Compete ao curador provisrio requerer os procedimentos cautelares necessrios e

    intentar as aces que no possam ser retardadas sem prejuzo dos interesses do ausente;

    cabe-lhe ainda representar o ausente em todas as aces contra este propostas.

    3 - S com autorizao judicial pode o curador alienar ou onerar bens imveis, objectos

    preciosos, ttulos de crdito, estabelecimentos comerciais e quaisquer outros bens cuja

    alienao ou onerao no constitua acto de administrao.

    4 - A autorizao judicial s ser concedida quando o acto se justifique para evitar a

    deteriorao ou runa dos bens, solver dvidas do ausente, custear benfeitorias necessrias

    ou teis ou ocorrer a outra necessidade urgente.

    Artigo 95

    Prestao de contas

  • Cdigo Civil

    26

    1 - O curador provisrio deve prestar contas do seu mandato perante o tribunal, anualmente

    ou quando este o exigir.

    2 - Deferida a curadoria definitiva nos termos da subseco seguinte, as contas do curador

    provisrio so prestadas aos curadores definitivos.

    Artigo 96

    Remunerao do curador

    O curador haver dez por cento da receita lquida que realizar.

    Artigo 97

    Substituio do curador provisrio

    O curador pode ser substitudo, a requerimento do Ministrio Pblico ou de qualquer

    interessado, logo que se mostre inconveniente a sua permanncia no cargo.

    Artigo 98

    Termo da curadoria

    A curadoria provisria termina:

    a) Pelo regresso do ausente;

    b) Se o ausente providenciar acerca da administrao dos bens;

    c) Pela comparncia de pessoa que legalmente represente o ausente ou de procurador

    bastante;

    d) Pela entrega dos bens aos curadores definitivos ou ao cabea-de-casal, nos termos

    do artigo 103;

    e) Pela certeza da morte do ausente.

    SUBSECO I

    Curadoria definitiva

    Artigo 99

    Justificao da ausncia

    Decorridos dois anos sem se saber do ausente, se este no tiver deixado

    representante legal nem procurador bastante, ou cinco anos, no caso contrrio, pode o

    Ministrio Pblico ou algum dos interessados requerer a justificao da ausncia.

    Artigo 100

    Legitimidade

  • Cdigo Civil

    27

    So interessados na justificao da ausncia o cnjuge no separado judicialmente

    de pessoas e bens, os herdeiros do ausente e todos os que tiverem sobre os bens do ausente

    direito dependente da condio da sua morte.

    Artigo 101

    Abertura de testamentos

    Justificada a ausncia, o tribunal requisitar certides dos testamentos pblicos e

    mandar proceder abertura dos testamentos cerrados que existirem, a fim de serem

    tomados em conta na partilha e no deferimento da curadoria definitiva.

    Artigo 102

    Entrega de bens aos legatrios e outros interessados

    Os legatrios, como todos aqueles que por morte do ausente teriam direito a bens

    determinados, podem requerer, logo que a ausncia esteja justificada, independentemente da

    partilha, que esses bens lhes sejam entregues.

    Artigo 103

    Entrega dos bens aos herdeiros

    1 - A entrega dos bens aos herdeiros do ausente data das ltimas notcias, ou aos herdeiros

    dos que depois tiverem falecido, s tem lugar depois da partilha.

    2 - Enquanto no forem entregues os bens, a administrao deles pertence ao cabea-de-

    casal, designado nos termos dos artigos 2080 e seguintes.

    Artigo 104

    Curadores definitivos

    Os herdeiros e demais interessados a quem tenham sido entregues os bens do

    ausente so havidos como curadores definitivos.

    Artigo 105

    Aparecimento de novos interessados

    Se, depois de nomeados os curadores definitivos, aparecer herdeiro ou interessado

    que, em relao data das ltimas notcias do ausente, deva excluir algum deles ou haja de

    concorrer sucesso, ser-lhe-o entregues os bens nos termos dos artigos anteriores.

    Artigo 106

    Exigibilidade de obrigaes

  • Cdigo Civil

    28

    A exigibilidade das obrigaes que se extinguiriam pela morte do ausente fica

    suspensa.

    Artigo 107

    Cauo

    1 - O tribunal pode exigir cauo aos curadores definitivos ou a algum ou alguns deles, tendo

    em conta a espcie e valor dos bens e rendimentos que eventualmente hajam de restituir.

    2 - Enquanto no prestar a cauo fixada, o curador est impedido de receber os bens; estes

    so entregues, at ao termo da curadoria ou at prestao da cauo, a outro herdeiro ou

    interessado, que ocupar, em relao a eles, a posio de curador definitivo.

    Artigo 108

    Ausente casado

    Se o ausente for casado, pode o cnjuge no separado judicialmente de pessoas e

    bens requerer inventrio e partilha, no seguimento do processo de justificao da ausncia, e

    exigir os alimentos a que tiver direito.

    Artigo 109

    Aceitao e repdio da sucesso; disposio dos direitos sucessrios

    1 - Justificada a ausncia, admitido o repdio da sucesso do ausente ou a disposio dos

    respectivos direitos sucessrios.

    2 - A eficcia do repdio ou da disposio, assim como a aceitao da herana ou de legados,

    ficam, todavia, sujeitas condio resolutiva da sobrevivncia do ausente.

    Artigo 110

    Direitos e obrigaes dos curadores definitivos e demais interessados

    Aos curadores definitivos a quem os bens hajam sido entregues aplicvel o disposto

    no artigo 94, ficando extintos os poderes que anteriormente hajam sido conferidos pelo

    ausente em relao aos mesmos bens.

    Artigo 111

    Fruio dos bens

    1 - Os ascendentes, os descendentes e o cnjuge que sejam nomeados curadores definitivos

    tm direito, a contar da entrega dos bens, totalidade dos frutos percebidos.

  • Cdigo Civil

    29

    2 - Os curadores definitivos no abrangidos pelo nmero anterior devem reservar para o

    ausente um tero dos rendimentos lquidos dos bens que administrem.

    Artigo 112

    Termo da curadoria definitiva

    A curadoria definitiva termina:

    a) Pelo regresso do ausente;

    b) Pela notcia da sua existncia e do lugar onde reside;

    c) Pela certeza da sua morte;

    d) Pela declarao de morte presumida.

    Artigo 113

    Restituio dos bens ao ausente

    1 - Nos casos previstos nas alneas a) e b) do artigo anterior, os bens do ausente ser-lhe-o

    entregues logo que ele o requeira.

    2 - Enquanto no for requerida a entrega, mantm-se o regime da curadoria nos termos desta

    subseco.

    SUBSECO III

    Morte presumida

    Artigo 114

    Requisitos

    1 - Decorridos dez anos sobre a data das ltimas notcias, ou passados cinco anos, se

    entretanto o ausente houver completado oitenta anos de idade, podem os interessados a que

    se refere o artigo 100 requerer a declarao de morte presumida.

    2 - A declarao de morte presumida no ser proferida antes de haverem decorrido cinco

    anos sobre a data em que o ausente, se fosse vivo, atingiria a maioridade.

    3 - A declarao de morte presumida do ausente no depende de prvia instalao da

    curadoria provisria ou definitiva e referir-se- ao fim do dia das ltimas notcias que dele

    houve.

    Artigo 115

    Efeitos

    A declarao de morte presumida produz os mesmos efeitos que a morte, mas no

    dissolve o casamento, sem prejuzo do disposto no artigo seguinte.

  • Cdigo Civil

    30

    Artigo 116

    Novo casamento do cnjuge do ausente

    O cnjuge do ausente casado civilmente pode contrair novo casamento; neste caso,

    se o ausente regressar, ou houver notcia de que era vivo quando foram celebradas as novas

    npcias, considera-se o primeiro matrimnio dissolvido por divrcio data da declarao de

    morte presumida.

    Artigo 117

    Entrega dos bens

    A entrega dos bens aos sucessores do ausente feita nos termos dos artigos 101 e

    seguintes, com as necessrias adaptaes, mas no h lugar a cauo; se esta tiver sido

    prestada, pode ser levantada.

    Artigo 118

    bito em data diversa

    1 - Quando se prove que o ausente morreu em data diversa da fixada na sentena de

    declarao de morte presumida, o direito herana compete aos que naquela data lhe

    deveriam suceder, sem prejuzo das regras da usucapio.

    2 - Os sucessores de novo designados gozam apenas, em relao aos antigos, dos direitos

    que no artigo seguinte so atribudos ao ausente.

    Artigo 119

    Regresso do ausente

    1 - Se o ausente regressar ou dele houver notcias, ser-lhe- devolvido o patrimnio no estado

    em que se encontrar, com o preo dos bens alienados ou com os bens directamente sub-

    rogados, e bem assim com os bens adquiridos mediante o preo dos alienados, quando no

    ttulo de aquisio se declare expressamente a provenincia do dinheiro.

    2 - Havendo m-f dos sucessores, o ausente tem direito a ser indemnizado do prejuzo

    sofrido.

    3 - A m-f, neste caso, consiste no conhecimento de que o ausente sobreviveu data da

    morte presumida.

    SUBSECO IV

    Direitos eventuais do ausente

    Artigo 120

    Direitos que sobrevierem ao ausente

  • Cdigo Civil

    31

    Os direitos que eventualmente sobrevierem ao ausente desde que desapareceu sem

    dele haver notcias e que sejam dependentes da condio da sua existncia passam s

    pessoas que seriam chamadas titularidade deles se o ausente fosse falecido.

    Artigo 121

    Curadoria provisria e definitiva

    1 - O disposto no artigo anterior no altera o regime da curadoria provisria, qual ficam

    sujeitos os direitos nele referidos.

    2 - Instaurada a curadoria definitiva, so havidos como curadores definitivos, para todos os

    efeitos legais, aqueles que seriam chamados titularidade dos direitos nos termos do mesmo

    artigo.

    SECO V

    INCAPACIDADES

    SUBSECO I

    Condio jurdica dos menores

    Artigo 122

    Menores

    menor quem no tiver ainda completado dezoito anos de idade.

    Artigo 123

    Incapacidade dos menores

    Salvo disposio em contrrio, os menores carecem de capacidade para o exerccio

    de direitos.

    Artigo 124

    Suprimento da incapacidade dos menores

    A incapacidade dos menores suprida pelo poder paternal e, subsidiariamente, pela

    tutela, conforme se dispe nos lugares respectivos.

    Artigo 125

    Anulabilidade dos actos dos menores

  • Cdigo Civil

    32

    1 - Sem prejuzo do disposto no n 2 do artigo 287, os negcios jurdicos celebrados pelo

    menor podem ser anulados:

    a) A requerimento, conforme os casos, do progenitor que exera o poder paternal, do

    tutor ou do administrador de bens, desde que a aco seja proposta no prazo de um ano a

    contar do conhecimento que o requerente haja tido do negcio impugnado, mas nunca depois

    de o menor atingir a maioridade ou ser emancipado, salvo o disposto no artigo 131;

    b) A requerimento do prprio menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade

    ou emancipao;

    c) A requerimento de qualquer herdeiro do menor, no prazo de um ano a contar da

    morte deste, ocorrida antes de expirar o prazo referido na alnea anterior.

    2 - A anulabilidade sanvel mediante confirmao do menor depois de atingir a maioridade

    ou ser emancipado, ou por confirmao do progenitor que exera o poder paternal, tutor ou

    administrador de bens, tratando-se de acto que algum deles pudesse celebrar como

    representante do menor.

    Artigo 126

    Dolo do menor

    No tem o direito de invocar a anulabilidade o menor que para praticar o acto tenha

    usado de dolo com o fim de se fazer passar por maior ou emancipado.

    Artigo 127

    Excepes incapacidade dos menores

    1 - So excepcionalmente vlidos, alm de outros previstos na lei:

    a) Os actos de administrao ou disposio de bens que o maior de dezasseis anos

    haja adquirido por seu trabalho;

    b) Os negcios jurdicos prprios da vida corrente do menor que, estando ao alcance

    da sua capacidade natural, s impliquem despesas, ou disposies de bens, de pequena

    importncia;

    c) Os negcios jurdicos relativos profisso, arte ou ofcio que o menor tenha sido

    autorizado a exercer, ou os praticados no exerccio dessa profisso, arte ou ofcio.

    2 - Pelos actos relativos profisso, arte ou ofcio do menor e pelos actos praticados no

    exerccio dessa profisso, arte ou ofcio s respondem os bens de que o menor tiver a livre

    disposio.

    Artigo 128

    Dever de obedincia

  • Cdigo Civil

    33

    Em tudo o quanto no seja ilcito ou imoral, devem os menores no emancipados

    obedecer a seus pais ou tutor e cumprir os seus preceitos.

    Artigo 129

    Termo da incapacidade dos menores

    A incapacidade dos menores termina quando eles atingem a maioridade ou so

    emancipados, salvas as restries da lei.

    SUBSECO II

    Maioridade e emancipao

    Artigo 130

    Efeitos da maioridade

    Aquele que perfizer dezoito anos de idade adquire plena capacidade de exerccio de

    direitos, ficando habilitado a reger a sua pessoa e a dispor dos seus bens.

    Artigo 131

    Pendncia da aco de interdio ou inabilitao

    Estando, porm, pendente contra o menor, ao atingir a maioridade, aco de interdio

    ou inabilitao, manter-se- o poder paternal ou a tutela at ao trnsito em julgado da

    respectiva sentena.

    Artigo 132

    Emancipao

    O menor , de pleno direito, emancipado pelo casamento.

    Artigo 133

    Efeitos da emancipao

    A emancipao atribui ao menor plena capacidade de exerccio de direitos,

    habilitando-o a reger a sua pessoa e a dispor livremente dos seus bens como se fosse maior,

    salvo o disposto no artigo 1649.

    Artigos 134 a 137

    (Revogados pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de novembro)

    SUBSECO III

    Interdies

  • Cdigo Civil

    34

    Artigo 138

    Pessoas sujeitas a interdio

    1 - Podem ser interditos do exerccio dos seus direitos todos aqueles que por anomalia

    psquica, surdez-mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar suas pessoas e bens.

    2 - As interdies so aplicveis a maiores; mas podem ser requeridas e decretadas dentro

    do ano anterior maioridade, para produzirem os seus efeitos a partir do dia em que o menor

    se torne maior.

    Artigo 139

    Capacidade do interdito e regime da interdio

    Sem prejuzo do disposto nos artigos seguintes, o interdito equiparado ao menor,

    sendo-lhe aplicveis, com as necessrias adaptaes, as disposies que regulam a

    incapacidade por menoridade e fixam os meios de suprir o poder paternal.

    Artigo 140

    Competncia dos tribunais comuns

    Pertence ao tribunal por onde corre o processo de interdio a competncia atribuda

    ao tribunal de menores nas disposies que regulam o suprimento do poder paternal.

    Artigo 141

    Legitimidade

    1 - A interdio pode ser requerida pelo cnjuge do interditando, pelo tutor ou curador deste,

    por qualquer parente sucessvel ou pelo Ministrio Pblico.

    2 - Se o interditando estiver sob o poder paternal, s tm legitimidade para requerer a

    interdio os progenitores que exercerem aquele poder e o Ministrio Pblico.

    Artigo 142

    Providncias provisrias

    1 - Em qualquer altura do processo pode ser nomeado um tutor provisrio que celebre em

    nome do interditando, com autorizao do tribunal, os actos cujo adiamento possa causar-lhe

    prejuzo.

    2 - Pode tambm ser decretada a interdio provisria, se houver necessidade urgente de

    providenciar quanto pessoa e bens do interditando.

    Artigo 143

    A quem incumbe a tutela

  • Cdigo Civil

    35

    1 - A tutela deferida pela ordem seguinte:

    a) Ao cnjuge do interdito, salvo se estiver separado judicialmente de pessoas e bens

    ou separado de facto por culpa sua, ou se for por outra causa legalmente incapaz;

    b) pessoa designada pelos pais ou pelo progenitor que exercer o poder paternal, em

    testamento ou documento autntico ou autenticado;

    c) A qualquer dos progenitores do interdito que, de acordo com o interesse deste, o

    tribunal designar;

    d) Aos filhos maiores, preferindo o mais velho, salvo se o tribunal, ouvido o conselho

    de famlia, entender que algum dos outros d maiores garantias de bom desempenho do

    cargo.

    2 - Quando no seja possvel ou razes ponderosas desaconselham o deferimento da tutela

    nos termos do nmero anterior, cabe ao tribunal designar tutor, ouvido o conselho de famlia.

    Artigo 144

    Exerccio do poder paternal

    Recaindo a tutela no pai ou na me, exercem estes o poder paternal como se dispe

    nos artigos 1878 e seguintes.

    Artigo 145

    Dever especial de tutor

    O tutor deve cuidar especialmente da sade do interdito, podendo para esse efeito

    alienar os bens deste, obtida a necessria autorizao judicial.

    Artigo 146

    Escusa da tutela e exonerao do tutor

    1 - O cnjuge do interdito, bem como os descendentes ou ascendentes deste, no podem

    escusar-se da tutela, nem ser dela exonerados, salvo se tiver havido violao do disposto no

    artigo 143.

    2 - Os descendentes do interdito podem, contudo, ser exonerados a seu pedido ao fim de

    cinco anos, se existirem outros dependentes igualmente idneos para o exerccio do cargo.

    Artigo 147

    Publicidade da interdio

    sentena de interdio definitiva aplicvel, com as necessrias adaptaes, o

    disposto nos artigos 1920-B e 1920-C.

  • Cdigo Civil

    36

    Artigo 148

    Actos do interdito posteriores ao registo da sentena

    So anulveis os negcios jurdicos celebrados pelo interdito depois do registo da

    sentena de interdio definitiva.

    Artigo 149

    Actos praticados no decurso da aco

    1 - So igualmente anulveis os negcios jurdicos celebrados pelo incapaz depois de

    anunciada a proposio da aco nos termos da lei de processo, contanto que a interdio

    venha a ser definitivamente decretada e se mostre que o negcio causou prejuzo ao interdito.

    2 - O prazo dentro do qual a aco de anulao deve ser proposta s comea a contar-se a

    partir do registo da sentena.

    Artigo 150

    Actos anteriores publicidade da aco

    Aos negcios celebrados pelo incapaz antes de anunciada a proposio da aco

    aplicvel o disposto acerca da incapacidade acidental.

    Artigo 151

    Levantamento da interdio

    Cessando a causa que determinou a interdio, pode esta ser levantada a

    requerimento do prprio interdito ou das pessoas mencionadas no n 1 do artigo 141.

    SUBSECO IV

    Inabilitaes

    Artigo 152

    Pessoas sujeitas a inabilitao

    Podem ser inabilitados os indivduos cuja anomalia psquica, surdez-mudez ou

    cegueira, embora de carcter permanente, no seja de tal modo grave que justifique a sua

    interdio, assim como aqueles que, pela sua habitual prodigalidade ou pelo uso de bebidas

    alcolicas ou de estupefacientes, se mostrem incapazes de reger convenientemente o seu

    patrimnio.

    Artigo 153

    Suprimento da inabilidade

  • Cdigo Civil

    37

    1 - Os inabilitados so assistidos por um curador, a cuja autorizao esto sujeitos os actos

    de disposio de bens entre vivos e todos os que, em ateno s circunstncias de cada caso,

    forem especificados na sentena.

    2 - A autorizao do curador pode ser judicialmente suprida.

    Artigo 154

    Administrao dos bens do inabilitado

    1 - A administrao do patrimnio do inabilitado pode ser entregue pelo tribunal, no todo ou

    em parte, ao curador.

    2 - Neste caso, haver lugar constituio do conselho de famlia e designao do vogal que,

    como subcurador exera as funes que na tutela cabem ao protutor.

    3 - O curador deve prestar contas da sua administrao.

    Artigo 155

    Levantamento da inabilitao

    Quando a inabilitao tiver por causa a prodigalidade ou o abuso de bebidas alcolicas

    ou de estupefacientes, o seu levantamento no ser deferido antes que decorram cinco anos

    sobre o trnsito em julgado da sentena que a decretou ou da deciso que haja desatendido

    um pedido anterior.

    Artigo 156

    Regime supletivo

    Em tudo quanto se no ache especialmente regulado nesta subseco aplicvel

    inabilitao, com as necessrias adaptaes, o regime das interdies.

    CAPTULO II

    PESSOAS COLECTIVAS

    SECO I

    DISPOSIES GERAIS

    Artigo 157

    Campo de aplicao

    As disposies do presente captulo so aplicveis s associaes que no tenham

    por fim o lucro econmico dos associados, s fundaes de interesse social, e ainda s

    sociedades, quando a analogia das situaes o justifique.

  • Cdigo Civil

    38

    Artigo 158

    Aquisio da personalidade

    1 - As associaes constitudas por escritura pblica ou por outro meio legalmente admitido,

    que contenham as especificaes referidas no n. 1 do artigo 167., gozam de personalidade

    jurdica.

    2 - As fundaes referidas no artigo anterior adquirem personalidade jurdica pelo

    reconhecimento, o qual individual e da competncia da autoridade administrativa.

    Artigo 158-A

    Nulidade do acto de constituio ou instituio

    aplicvel constituio de pessoas colectivas o disposto no artigo 280, devendo o

    Ministrio Pblico promover a declarao judicial da nulidade.

    Artigo 159

    Sede

    A sede da pessoa colectiva a que os respectivos estatutos fixarem ou, na falta de

    designao estatutria, o lugar em que funciona normalmente a administrao principal.

    Artigo 160

    Capacidade

    1 - A capacidade das pessoas colectivas abrange todos os direitos e obrigaes necessrios

    ou convenientes prossecuo dos seus fins.

    2 - Exceptuam-se os direitos e obrigaes vedados por lei ou que sejam inseparveis da

    personalidade singular.

    Artigo 161

    (Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de novembro)

    Artigo 162

    rgos

    Os estatutos da pessoa coletiva designam os respetivos rgos, entre os quais um

    rgo colegial de administra o constitudo por um nmero mpar de titulares, dos quais um

    ser o presidente, e um rgo de fiscalizao, que pode ser constitudo por um fiscal nico ou

    por um nmero mpar de titulares, dos quais um ser o presidente.

    Artigo 163

    Representao

  • Cdigo Civil

    39

    1 - A representao da pessoa colectiva, em juzo e fora dele, cabe a quem os estatutos

    determinarem ou, na falta de disposio estatutria, administrao ou a quem por ela for

    designado.

    2 - A designao de representantes por parte da administrao s oponvel a terceiros

    quando se prove que estes a conheciam.

    Artigo 164

    Obrigaes e responsabilidade dos titulares dos rgos da pessoa colectiva

    1 - As obrigaes e a responsabilidade dos titulares dos rgos das pessoas colectivas para

    com estas so definidas nos respectivos estatutos, aplicando-se, na falta de disposies

    estatutrias, as regras do mandato com as necessrias adaptaes.

    2 - Os membros dos corpos gerentes no podem abster-se de votar nas deliberaes tomadas

    em reunies a que estejam presentes, e so responsveis pelos prejuzos delas decorrentes,

    salvo se houverem manifestado a sua discordncia.

    Artigo 165

    Responsabilidade civil das pessoas colectivas

    As pessoas colectivas respondem civilmente pelos actos ou omisses dos seus

    representantes, agentes ou mandatrios nos mesmos termos em que os comitentes

    respondem pelos actos ou omisses dos seus comissrios.

    Artigo 166

    Destino dos bens em caso de extino

    1 Extinta a pessoa coletiva, se existirem bens que lhe tenham sido doados ou deixados

    com qualquer encargo ou que estejam afetados a um certo fim, o tribunal, a requerimento do

    Ministrio Pblico, dos liquidatrios, de qualquer associado ou interessado, ou ainda de

    herdeiros do doador ou do autor da deixa testamentria, atribui-los-, com o mesmo encargo

    ou afetao, a outra pessoa coletiva.

    2 Os bens no abrangidos pelo nmero anterior tm o destino que lhes for fixado pelos

    estatutos ou por deliberao dos associados, sem prejuzo do disposto em leis especiais; na

    falta de fixao ou de lei especial, o tribunal, a requerimento do Ministrio Pblico, dos

    liquidatrios ou de qualquer associado ou interessado, determinar que sejam atribudos a

    outra pessoa coletiva ou ao Estado, assegurando, tanto quanto possvel, a realizao dos fins

    da pessoa extinta.

    SECO II

    ASSOCIAES

  • Cdigo Civil

    40

    Artigo 167

    Acto de constituio e estatutos

    1 - O acto de constituio da associao especificar os bens ou servios com que os

    associados concorrem para o patrimnio social, a denominao, fim e sede da pessoa

    colectiva, a forma do seu funcionamento, assim como a sua durao, quando a associao

    se no constitua por tempo indeterminado.

    2 - Os estatutos podem especificar ainda os direitos e obrigaes dos associados, as

    condies da sua admisso, sada e excluso, bem como os termos da extino da pessoa

    colectiva e consequente devoluo do seu patrimnio.

    Artigo 168

    Forma e comunicao

    1 - O acto de constituio da associao, os estatutos e as suas alteraes devem constar de

    escritura pblica, sem prejuzo do disposto em lei especial.

    2 - O notrio, a expensas da associao, promove de imediato a publicao da constituio e

    dos estatutos, bem como as alteraes destes, nos termos legalmente previstos para os actos

    das sociedades comerciais.

    3 O ato de constituio, os estatutos e as suas alteraes no produzem efeitos em relao

    a terceiros, enquanto no forem publicados nos termos do nmero anterior.

    Artigo 169

    (Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de novembro)

    Artigo 170

    Titulares dos rgos da associao e revogao dos seus poderes

    1 - a assembleia geral que elege os titulares dos rgos da associao, sempre que os

    estatutos no estabeleam outro processo de escolha.

    2 - As funes dos titulares eleitos ou designados so revogveis, mas a revogao no

    prejudica os direitos fundados no acto de constituio.

    3 - O direito de revogao pode ser condicionado pelos estatutos existncia de justa causa.

    Artigo 171

    Convocao e funcionamento do rgo da administrao e do conselho fiscal

    1 - O rgo da administrao e o conselho fiscal so convocados pelos respectivos

    presidentes e s podem deliberar com a presena da maioria dos seus titulares.

  • Cdigo Civil

    41

    2 - Salvo disposio legal ou estatutria em contrrio, as deliberaes so tomadas por

    maioria de votos dos titulares presentes, tendo o presidente, alm do seu voto, direito a voto

    de desempate.

    Artigo 172

    Competncia da assembleia geral

    1 - Competem assembleia geral todas as deliberaes no compreendidas nas atribuies

    legais ou estatutrias de outros rgos da pessoa colectiva.

    2 - So, necessariamente, da competncia da assembleia geral a destituio dos titulares dos

    rgos da associao, a aprovao do balano, a alterao dos estatutos, a extino da

    associao e a autorizao para esta demandar os administradores por factos praticados no

    exerccio do cargo.

    Artigo 173

    Convocao da assembleia

    1 - A assembleia geral deve ser convocada pela administrao nas circunstncias fixadas

    pelos estatutos e, em qualquer caso, uma vez em cada ano para aprovao do balano.

    2 - A assembleia ser ainda convocada sempre que a convocao seja requerida, com um

    fim legtimo, por um conjunto de associados no inferior quinta parte da sua totalidade, se

    outro nmero no for estabelecido nos estatutos.

    3 - Se a administrao no convocar a assembleia nos casos em que deve faz-lo, a qualquer

    associado lcito efectuar a convocao.

    Artigo 174

    Forma de convocao

    1 - A assembleia geral convocada por meio de aviso postal, expedido para cada um dos

    associados com a antecedncia mnima de oito dias; no aviso indicar-se- o dia, hora e local

    da reunio e a respectiva ordem do dia.

    2 - dispensada a expedio do aviso postal referido no nmero anterior sempre que os

    estatutos prevejam a convocao da assembleia geral mediante publicao do respectivo

    aviso nos termos legalmente previstos para os actos das sociedades comerciais.

    3 - So anulveis as deliberaes tomadas sobre matria estranha ordem do dia, salvo se

    todos os associados comparecerem reunio e todos concordarem com o aditamento.

    4 - A comparncia de todos os associados sanciona quaisquer irregularidades da convocao,

    desde que nenhum deles se oponha realizao da assembleia.

  • Cdigo Civil

    42

    Artigo 175

    Funcionamento

    1 - A assembleia no pode deliberar, em primeira convocao, sem a presena de metade,

    pelo menos, dos seus associados.

    2 - Salvo o disposto nos nmeros seguintes, as deliberaes so tomadas por maioria

    absoluta dos associados presentes.

    3 - As deliberaes sobre alteraes dos estatutos exigem o voto favorvel de trs quartos do

    nmero dos associados presentes.

    4 - As deliberaes sobre a dissoluo ou prorrogao da pessoa colectiva requerem o voto

    favorvel de trs quartos do nmero de todos os associados.

    5 - Os estatutos podem exigir um nmero de votos superior ao fixado nas regras anteriores.

    Artigo 176

    Privao do direito de voto

    1 - O associado no pode votar, por si ou como representante de outrem, nas matrias em

    que haja conflito de interesses entre a associao e ele, seu cnjuge, ascendentes ou

    descendentes.

    2 - As deliberaes tomadas com infraco do disposto no nmero anterior so anulveis se

    o voto do associado impedido for essencial existncia da maioria necessria.

    Artigo 177

    Deliberaes contrrias lei ou aos estatutos

    As deliberaes da assembleia geral contrrias lei ou aos estatutos, seja pelo seu

    objecto, seja por virtude de irregularidades havidas na convocao dos associados ou no

    funcionamento da assembleia, so anulveis.

    Artigo 178

    Regime da anulabilidade

    1 - A anulabilidade prevista nos artigos anteriores pode ser arguida, dentro do prazo de seis

    meses, pelo rgo da administrao ou por qualquer associado que no tenha votado a

    deliberao.

    2 - Tratando-se de associado que no foi convocado regularmente para a reunio da

    assembleia, o prazo s comea a correr a partir da data em que ele teve conhecimento da

    deliberao.

  • Cdigo Civil

    43

    Artigo 179

    Proteco dos direitos de terceiro

    A anulao das deliberaes da assembleia no prejudica os direitos que terceiro de

    boa f haja adquirido em execuo das deliberaes anuladas.

    Artigo 180

    Natureza pessoal da qualidade de associado

    Salvo disposio estatutria em contrrio, a qualidade de associado no

    transmissvel, quer por acto entre vivos, quer por sucesso; o associado no pode incumbir

    outrem de exercer os seus direitos pessoais.

    Artigo 181

    Efeitos da sada ou excluso

    O associado que por qualquer forma deixar de pertencer associao no tem o direito

    de repetir as quotizaes que haja pago e perde o direito ao patrimnio social, sem prejuzo

    da sua responsabilidade por todas as prestaes relativas ao tempo em que foi membro da

    associao.

    Artigo 182

    Causas de extino

    1 - As associaes extinguem-se:

    a) Por deliberao da assembleia geral;

    b) Pelo decurso do prazo, se tiverem sido constitudas temporariamente;

    c) Pela verificao de qualquer outra causa extintiva prevista no acto de constituio

    ou nos estatutos;

    d) Pelo falecimento ou desaparecimento de todos os associados;

    e) Por deciso judicial que declare a sua insolvncia.

    2 - As associaes extinguem-se ainda por deciso judicial:

    a) Quando o seu fim se tenha esgotado ou se haja tornado impossvel;

    b) Quando o seu fim real no coincida com o fim expresso no acto de constituio ou

    nos estatutos;

    c) Quando o seu fim seja sistematicamente prosseguido por meios ilcitos ou imorais;

    d) Quando a sua existncia se torne contrria ordem pblica.

  • Cdigo Civil

    44

    Artigo 183

    Declarao da extino

    1 - Nos casos previstos nas alneas b) e c) do n 1 do artigo anterior, a extino s se produzir

    se, nos trinta dias subsequentes data em que devia operar-se, a assembleia geral no

    decidir a prorrogao da associao ou a modificao dos estatutos.

    2 - Nos casos previstos no n 2 do artigo precedente, a declarao da extino pode ser

    pedida em juzo pelo Ministrio Pblico ou por qualquer interessado.

    3 - A extino por virtude da declarao de insolvncia d-se em consequncia da prpria

    declarao.

    Artigo 184

    Efeitos da extino

    1 - Extinta a associao, os poderes dos seus rgos ficam limitados prtica dos actos

    meramente conservatrios e dos necessrios, quer liquidao do patrimnio social, quer

    ultimao dos negcios pendentes; pelos actos restantes e pelos danos que deles advenham

    associao respondem solidariamente os administradores que os praticarem.

    2 - Pelas obrigaes que os administradores contrarem, a associao s responde perante

    terceiros se estes estavam de boa f e extino no tiver sido dada a devida publicidade.

    SECO III

    FUNDAES

    Artigo 185

    Instituio e sua revogao

    1 - As fundaes visam a prossecuo de fins de interesse social, podendo ser institudas por

    ato entre vivos ou por testamento.

    2 - A instituio por atos entre vivos deve constar de escritura pblica, salvo o disposto em lei

    especial, e torna-se irrevogvel logo que seja requerido o reconhecimento ou principie o

    respetivo processo oficioso.

    3 - Aos herdeiros do instituidor no permitido revogar a instituio, sem prejuzo do disposto

    acerca da sucesso legitimria.

    4 - O ato de instituio, bem como os seus estatutos e suas alteraes devem ser publicitados

    nos termos legalmente previstos para as sociedades comerciais, no produzindo efeitos em

    relao a terceiros enquanto no o forem.

  • Cdigo Civil

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    Artigo 186

    Acto de instituio e estatutos

    1 - No acto de instituio deve o instituidor indicar o fim da fundao e especificar os bens

    que lhe so destinados.

    2 - No ato de instituio ou nos estatutos deve o instituidor providenciar ainda sobre a sede,

    organizao e funcionamento da fundao, regular os termos da sua transformao ou

    extino e fixar o destino dos respetivos bens.

    Artigo 187

    Estatutos lavrados por pessoa diversa do instituidor

    1 - Na falta de estatutos lavrados pelo instituidor ou na insuficincia deles, constando a

    instituio de testamento, aos executadores deste que compete elabor-los ou complet-

    los.

    2 - A elaborao total ou parcial dos estatutos incumbe prpria autoridade competente para

    o reconhecimento da fundao, quando o instituidor os no tenha feito e a instituio no

    conste de testamento, ou quando os executores testamentrios os no lavrem dentro do ano

    posterior abertura da sucesso.

    3 - Na elaborao dos estatutos ter-se- em conta, na medida do possvel, a vontade real ou

    presumvel do fundador.

    Artigo 188

    Reconhecimento

    1 - O reconhecimento deve ser requerido pelo instituidor, seus herdeiros ou executores

    testamentrios, no prazo mximo de 180 dias a contar da data da instituio da fundao, ou

    ser oficiosamente promovido pela entidade competente.

    2 - O reconhecimento importa a aquisio, pela fundao, dos bens e direitos que o ato de

    instituio lhe atribui.

    3 - O reconhecimento pode ser negado:

    a) Se os fins da fundao no forem considerados de interesse social pela entidade

    competente, designadamente se aproveitarem ao instituidor ou sua famlia ou a um universo

    restrito de beneficirios com eles relacionados;

    b) Se o patrimnio afetado for insuficiente ou inadequado, designadamente se estiver

    onerado com encargos que comprometam a realizao dos fins estatutrios ou se no gerar

    rendimentos suficientes para garantir a realizao daqueles fins;

    c) Se os estatutos apresentarem alguma desconformidade com a lei.

    4 - A entidade competente para o reconhecimento promove a publicao no jornal oficial da

    deciso de reconhecimento ou da sua recusa.

  • Cdigo Civil

    46

    5 - Negado o reconhecimento por insuficincia do patrimnio, fica a instituio sem efeito, se

    o instituidor for vivo; mas, se j houver falecido, sero os bens entregues a uma associao

    ou fundao de fins anlogos, que a entidade competente designar, salvo disposio do

    instituidor em contrrio.

    Artigo 189

    Modificao dos estatutos

    Os estatutos da fundao podem a todo o tempo ser modificados pela autoridade

    competente para o reconhecimento, sob proposta da respectiva administrao, contanto que

    no haja alterao essencial do fim da instituio e se no contrarie a vontade do fundador.

    Artigo 190

    Transformao

    1 - Ouvida a administrao, e tambm o fundador, se for vivo, a entidade competente para o

    reconhecimento pode ampliar o fim da fundao, sempre que a rentabilizao social dos

    meios disponveis o aconselhe.

    2 - A mesma entidade pode ainda, aps as audies previstas no nmero anterior, atribuir

    fundao um fim diferente:

    a) Quando tiver sido inteiramente preenchido o fim para que foi instituda ou este se

    tiver tornado impossvel;

    b) Quando o fim da instituio deixar de revestir interesse social;

    c) Quando o patrimnio se tornar insuficiente para a realizao do fim previsto.

    3 - O novo fim deve aproximar-se, no que for possvel, do fim fixado pelo fundador.

    4 - No h lugar mudana do fim, se o ato de instituio o proibir ou prescrever a extino

    da fundao.

    Artigo 190.-A

    Fuso

    Sob proposta das respetivas administraes, ou em alternativa deciso referida no

    n. 2 do artigo anterior, e aps as audies previstas no n. 1 do mesmo artigo, a entidade

    competente para o reconhecimento pode determinar a fuso de duas ou mais fundaes, de

    fins anlogos, contanto que a tal no se oponha a vontade dos fundadores.

    Artigo 191

    Encargo prejudicial aos fins da fundao

    1 - Estando o patrimnio da fundao onerado com encargos cujo cumprimento impossibilite

    ou dificulte gravemente o preenchimento do fim institucional, pode a entidade competente

  • Cdigo Civil

    47

    para o reconhecimento sob proposta da administrao, suprimir, reduzir ou comutar esses

    encargos, ouvido o fundador, se for vivo.

    2 - Se, porm, o encargo tiver sido motivo essencial da instituio, pode a mesma entidade

    considerar o seu cumprimento como fim da fundao, ou incorporar a fundao noutra pessoa

    colectiva capaz de satisfazer o encargo custa do patrimnio incorporado, sem prejuzo dos

    seus prprios fins.

    3 - As fundaes s podem aceitar heranas a benefcio de inventrio.

    Artigo 192

    Causas de extino

    1 - As fundaes extinguem-se:

    a) Pelo decurso do prazo, se tiverem sido constitudas temporariamente;

    b) Pela verificao de qualquer outra causa extintiva prevista no acto de instituio;

    c) Com o encerramento do processo de insolvncia, se no for admissvel a

    continuidade da fundao.

    2 - As fundaes podem ainda ser extintas pela entidade competente para o reconhecimento:

    a) Quando o seu fim se tenha esgotado ou se haja tornado impossvel;

    b) Quando as atividades desenvolvidas demonstrem que o fim real no coincide com

    o fim previsto no ato de instituio;

    c