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7/23/2019 TJSP8.pdf http://slidepdf.com/reader/full/tjsp8pdf 1/6 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA REGISTRADO A) SOB N° CÓRDÃO  i mm mu mu um mu  IIIII IJIII IIIII  mi m Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n° 990.10.117061-2, da Comarca de São Paulo, em que é apelante REGINA LÚCIA DE ARAÚJO GRIBEL sendo apelado BANCO SANTOS S A (MASSA  FALIDA). CORD M em Câmara Reservada à Falência e Recuperação do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: DERAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U. , de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores ELLIOT AKEL (Presidente) e ROMEU RICUPERO. São Paulo, 19 de outubro de 2010.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA

REGISTRADO A) SOB N°

C Ó R D Ã O   i m m m u m u u m m u

  I I I I I I J I I I I I I I I

  m i m

Vistos,

  relatados e discutidos estes autos de

Apelação n° 990.10.117061-2, da Comarca de São Paulo,

em que é apelante REGINA LÚCIA DE ARAÚJO GRIBEL sendo

apelado BANCO SANTOS S A (MASSA

  FALIDA).

CORD M

em Câmara Reservada à Falência e

Recuperação do Tribunal de Justiça de São Paulo,

proferir a seguinte decisão: DERAM PROVIMENTO AO

RECURSO. V. U. , de conformidade com o voto do

Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores ELLIOT AKEL (Presidente) e ROMEU

RICUPERO.

São Paulo, 19 de outubro de 2010.

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P O D E R J U D I C I Á R I O

T R I B U N A L D E J U S T I Ç A D O E S T A D O D E S Ã O P A U L O

1

Apelação com Revisão n° 990.10.117061 2

Apelante

 : Regina Lúcia de Araújo Gribel

Apelado  : Banco Santos S.A. (Massa Falida)

Comarca:

 São Paulo (2

a

 Vara de Falências e Recuperações Judiciais -

Proc. 133.254/09)

V O T O N ° 1 3 . 7 3 6

Falência de instituição financeira

Embargos de Terceiro

Improcedência em primeiro grau

Arresto sobre valor de aplicação

financeira Conta conjunta

Levantamento Meação da mulher

Reconhecimento.

Não havendo sido proposta nenhuma ação

contra o cônjuge casado no regime da

comunhão universal de bens, embora esteja

em curso ação civil pública contra seu

marido, na qualidade de ex-administrador

de banco falido, não pode sua meação ser

abrangida pela indisponibilidade prevista

em lei em relação aos bens dos

administradores das instituições

financeiras, para cuja interpretação, aliás,

contribui a falta de ação (necessária para

observância d o devido processo legal)

movida pela massa falida ou pelo

Ministério Público contra a apelante.

Apelação provida

Vistos.

Embargos de terceiro julgados improcedentes

pela r. sentença de fls.  70/71.  Apela a embargante, a qual pleiteia a

reforma da decisão, sob o fundamento de que o arresto efetuado sobre a

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totalidade dos valores constantes nas aplicações bancárias conjuntas, das

quais são co-titulares seu marido e ela, não respeitou sua meação, tendo

em conta que não figura no polo passivo da ação civil pública que apura

eventual responsabilidade dos administradores do Banco Santos S.A., e

tampouco ser devedora solidária das obrigações que porventura possam

ser atribuídas a Ricardo Ancêde G ribel, com quem é casada. Argui que a

titularidade das 292,26960 cotas do fundo de investimneto Real Fiq.

Referenciado D l Extra é CO NJUN TA entre a Em bargante e seu m arido ,

e que todas elas foram adquiridas mediante empenho de recursos do

casal proveniente da conta corrente CONJUNTA , o que faz, nos termos

do art.

  1.420,

  § 2

o

, do CC, apenas ativa e não passiva a solidariedade

entre os co-titulares; o entendimento assentado pelo juízo monocrático

está em total discordância com o que dispõem os arts. 39 e 40 da Lei

6.024/74; não existem elementos que configurem indício de

responsabilidade sua, ante o fato de jama is ter participado de qualquer

gestão ou administração do Banco Santos  S/A. ;  houve ofensa ao art.

333, II, do C PC , por não existir prova de que não tenha contribuído para

a formação da aplicação financeira. Sustenta a possibilidade de ser o

recurso provido m onocraticamente, nos termos do art. 557, § I

o

, do CPC,

para o fim de ser revogado o arresto sobre 50% do saldo do fundo de

investimento Real Fiq. Referenciado Dl Extra (Código de cotista n°

010619560513), do Banco Real, agência 0978, ou, se não for este o

entendimento, requer a concessão da antecipação de tutela recursal, nos

termos dos arts. 558, parágrafo único, e 273, ambos do CPC, para que

lhe seja permitida a movimentação de 50% do saldo da referida conta

bancária , com a condenação da embargada no pagamento das custas e

honorários advocatícios a serem fixado em 20% sobre o valor da causa.

Vieram contrarrazões da Massa Falida pelo desprovimento da apelação

Apelação com revisão n 990.10.117061 2  s*

Voto

 n

13.736

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P O D ER J U D IC IÁ R IO

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3

(fls.

  94/99 ). Parecer do M inistério Público pelo provimento do apelo

para determinar a produção de provas pelas partes .

É o relatório.

A cópia da certidão finda à fl. 62 dá conta de

que desde 30 de dezembro de 1966 a apelante é casada, sob o regime da

com unhão de bens com Ricardo Ancêde Gribel, o qual é réu não ação

civil pública movida contra ex-administradores do Banco Santos S.A.,

falido. Por conseqüência, ocorreu a comunicação de todos os bens

presentes e futuros os cônjuges e suas dívidas passivas , estas com as

exceções do art. 1.668 do CC (art.  1.667),  entre as quais se encontram

as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito

do casal (art. 1.659, IV, do CC).

O art. 36,

 caput,

  da Lei 6.024, de 13 de março

de 1974, ao prescrever que os administradores das instituições

financeiras em intervenção, em liquidação extrajudicial ou em falência,

ficarão com todos os seus bens indisponíveis, não podendo, por qualquer

forma, direta ou indireta, aliená-los ou onerá-los, até apuração e

liquidação final de suas responsabilidades , não está visando ao combate

à prática de crime por eles porventura praticado, ou enriquecimento

pessoal às custas da instituição financeira da qual tenham sido dirigentes;

assim não fosse, não teria sentido a exclusão da indisponibilidade dos

bens considerados inalienáveis ou impenhoráveis pela legislação em

vigor , uma vez que a exceção seria difícil de ser admitida se tais bens

fossem considerados como adquiridos com o produto da ação criminosa

de seus proprietários. O objetivo primordial do dispositivo em causa é a

garantia da responsabilidade dos administradores pelos atos que tiverem

praticado ou omissões em que houverem incorrido . Para incidir a

indisponibilidade decorrente do ato que decretar a intervenção, a

Apelação com revisão

 n 990.10.117061-2

Voto

 n

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liquidação extrajudicial ou a falência, basta que os administradores por

ela alcançados tenham estado no exercício das funções nos 12 (doze)

meses anteriores ao mesmo at o (art. 36, § I

o

, da Lei 6.024/74),

independentemente de serem ou não suspeitos do cometimento de algum

crime.

Por isso, no caso sob exame, há de se ter em

conta estar sujeita à indisponibilidade apenas a meação do cônjuge por

ela abrangido, pois somente a meação dele responde por eventuais

perdas e danos causados à instituição financeira por sua gestão à frente

dela. Além disso, eventual abrangência da responsabilidade da apelante

por eventuais obrigações provenientes de atos ilícitos que tenham

revertido em proveito do casal (art. 1.659, IV, do CC), somente pode ser

apurada e levar à perda da propriedade sobre bens da meação dela, se

respeitado o devido processo legal (art. 5

o

, LIV, da CF). Neste sentido,-

as palavras do D esembargador Cezar Peluso no acórdão proferido em 28

de março de 2000, pela Segunda Câmara de Direito Privado de

Janeiro/99 do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, na Apelação

Cível n° 068.474-4/4-00: Logo , traduzindo obrigações nascidas de atos

ilícitos absolutos, as quais, dada a intuitiva pessoalidade do delito civil e

do criminal, cujo interesse nunca se presume comum, são apartadas da

comunhão de bens no casamento (arts. 263, VI, e 270, II, do Código

Civil) a responsabilidade dos ex-administradores não lhes alcança os

cônjuges, cuja meação subsiste imune à eficácia da execução singular e,

por conseguinte, das medidas cautelares, a menos que, com citação e

r

processo válidos, tenham sido também condenados como cúmplices . E

o caso da apelante, que não consta esteja sendo sujeito passivo de ação

contra ela movida pela massa falida ou pelo Ministério Público. Tendo

havido voto vencido o acórdão relatado pelo Desembargador César

Apelação com revisão n 990.10.117061 2

Voto

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Peluzo deu origem a embargos infringentes (n° 068.474.4/6-01), os quais

foram rejeitados por acórdão relatado pelo Desembargador Linneu

Carvalh o, no qual se lê: Assim, não se pode atribuir culpa ou dolo no

agir da embargante, e responsabilizá-la por eventual má gestão da

empresa, seqüestrando os bens de sua meação, até porque, finalmente,

sequer foi citada, para apresentar defesa, o que se configuraria

cerceamento de defesa pela afronto ao princípio constitucional

consagrado, do devido processo legal .

Por conseguinte, com julgamento de

procedência dos em bargos de terceiro prop ostos,, dou provim ento à

apelação para excluir a meação da apelante da indisponibilidade a que

foi submetida. Custas processuais pela embargada, a qual pagará também

honorários advocatícios à parte contrária, estes, com fundamento no art.

20,  §§ 3

o

  e 4

o

, do CPC, arbitrados em vinte por cento sobre o valor

atualizado da causa (cento e cinco mil novecentos e cinco reais e dez

centavos, na data do protocolo da petição inicial, ou seja, em primeiro de

abril de dois mil e nove).

LIN O M A C H A D O

R E L A T O R

Apelação com revisão

 n

990.10.117061 2

Voto

 n

13.736