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UNIVERSIDAD DO VALE DO ITAJAÍ CURSO DE PSICOLOGIA DISCIPLINA: PSICOLOGIA DA ESPIRITUALIDADE PROFESSOR: AURINO RAMOS FILHO ACADÊMICO: NICOLÁS NÚÑEZ YOSHIKAWA TERAPIA NARRATIVA E ESPIRITUALIDADE

TN Y ESPIRITUALIDAD

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Psicologia Da Espiritualidade

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Page 1: TN Y ESPIRITUALIDAD

UNIVERSIDAD DO VALE DO ITAJAÍ

CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: PSICOLOGIA DA ESPIRITUALIDADE

PROFESSOR: AURINO RAMOS FILHO

ACADÊMICO: NICOLÁS NÚÑEZ YOSHIKAWA

TERAPIA NARRATIVA E ESPIRITUALIDADE

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A Terapia Narrativa tem despertado em muitos terapeutas um renovado e novo

interesse sobre as suas próprias histórias, influenciando positivamente seu jeito de

trabalhar e de pensar a vida e do que acontece na vida das pessoas. Através desta

abordagem, é possível alcançar uma nova compreensão de como as pessoas podem

se relacionar com seus problemas e com as histórias de suas próprias vidas. Muitas

destas histórias encontram-se enfraquecidas e empobrecidas diante da força do

problema. Porém, elas são o interesse principal da intervenção psicológica sob a

perspectiva narrativa, e reconectar-se com elas gera um efeito transformador e

revitalizador.

A prática narrativa é uma proposta respeitosa, no sentido que ela não é patologizante

do problema, separando o problema da pessoa (ou seja, a pessoa nunca é o

problema, o problema é o problema) e habilita para ela o reconhecimento de suas

habilidades, recursos e valores que a mexem na vida, em função de ampliar e

enriquecer a olhada sobre sua própria historia para fortalecer o sentido de controle

pessoal que lhe permitirá resistir aos problemas com os que se relaciona e definir com

liberdade o sentido que quer lhe dar a sua vida, considerando o contexto, as relações

de poder de gênero, etnia, classe, preferência sexual e capacidades que não calçam

com as exigências da cultura dominante.

Todas as terapias desenvolvem um léxico que reflete suas ideias e orçamentos; mas

White(1993) presta particular atenção à precisão linguística porque a linguagem pode

distorcer uma experiência que se está contando, condicionar as formas nas que

agimos ou sentimos ou, pelo contrário, se formular conscientemente como método

psicoterapêutico. Para eles, uma das principais responsabilidades do terapeuta é ser

consciente da linguagem que usa. Em seus escritos. White (1993) mantém

escrupulosamente a neutralidade étnica e de gênero; mas seu cuidado pela linguagem

vai bem mais longe. Ele está particularmente atento aos vocabulários desenvolvidos

pelas instituições que incorporam relações de poder, onde os termos linguísticos têm

sido exportados a outros contextos nos que seus significado implícitos passam

desapercebidos ainda que sigam sendo influentes. Evita cuidadosamente a linguagem

de «modelo médico» de algumas terapias. Pode que o uso da palavra «pessoa» em

vez de «cliente» evidencie sua insatisfação com os envolvimentos de um termo

habitual e muito respeitável.

O terapeuta emprega uma linguagem que transmite, implicitamente, que o problema

«tem efeitos sobre» a vida da pessoa, em lugar de «ser parte de» ela. Este artifício

chama-se «externalização do problema». O terapeuta não diz «você está deprimido»

nem «vocês estavam estressados», senão «a depressão invadiu tua vida» ou «o

estresse os afetou a ambos». A linguagem externalizador utiliza-se ao longo de toda a

terapia, não somente na primeira sessão; seu objetivo é ajudar à pessoa a distanciar-

se de seus problemas e a concebê-los como produto das circunstâncias e os

processos interpessoais, não de sua «personalidade» ou «psicologia». No entanto,

não se emprega a externalização para se referir a ações prejudiciais ou abusivas. A

estas se lhas chama por seu nome: «Maltratou-te durante muito tempo», ou, se a

pessoa é a que causou o maltrato «Maltrataste-a durante muito tempo». Sim podem

se externalizar as crenças que «justificam» o maltrato: «Dominava-te a crença de que

a violência é aceitável».

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A terapia narrativa assume que os fatores sociais, políticos e culturais afetam às vidas

das pessoas e, sobretudo, que as relações de poder são endêmicas nas sociedades

ocidentais tanto interpessoal como globalmente. As pessoas costumam se culpar das

injustiças resultantes destes fatores, coisa que quem está no poder favorecem

implicitamente. Portanto, examinar os paradoxos do poder social pode ajudar às

pessoas a livrar da culpa e a autocensura.

Então, a prática narrativa assume que as identidades das pessoas se constroem em

função das histórias que estas relatam a respeito de suas vidas. As histórias

constroem-se com a união de certos eventos, vinculados numa sequência, através do

tempo e em torno de um tema. Estes eventos estão associados a significados

particulares, os quais constroem nossa identidade, a sensação de “quem sou”.

Os terapeutas narrativos se interessam em que as pessoas possam reescrever sua

vida desde uma perspectiva enriquecida, incorporando experiências (eventos) que têm

sido invisibilizadas por não “calçar” com a cultura dominante, mas que em definitiva

fazem parte da identidade da pessoa e são coerentes com o que ela quer para sua

vida.

A questão que surge agora é a seguinte: qual é a relação da psicoterapia narrativa

com a espiritualidade? Segundo Boff (2001), a espiritualidade designa toda vivencia

que pode produzir mudança profunda no interior do homem e o leva à integração

pessoal e à integração com outros homens. Já se disse, em seus embasamentos

teóricos e filosóficos, que a narrativa fornece de ferramentas que ajudem ao ser

humano a alcançar a liberdade, explicitando uma reflexão sobre a subjetividade do ser

humano com destaque em como afetam os espaços socioculturais na construção da

existência do homem (construção das narrativas pessoais). Então, a terapia narrativa,

no trabalho psicoterapêutico, cultiva a transcendência, isto é, estar aberto para uma

nova realidade mais ampla e estar presente a si mesmo, o que facilita a busca dos

recursos e habilidades da pessoa que consulta. Portanto, o terapeuta é um

acompanhante com a responsabilidade de assegurar uma atmosfera de curiosidade e

respeito, e cuja missão é descobrir junto com a pessoa, qual é a vida que quer viver e

como chegar à viver.

Então, na terapia narrativa trabalha-se com o relato que a pessoa faz de sua

experiência de vida. Não está interessado em definir a identidade da pessoa, nem lhe

dizer o que ‘deve fazer’ para estar melhor. Sua metodologia considera um contexto de

colaboração entre o consultante e o terapeuta, no qual o conhecimento da própria

pessoa com respeito de sua vida adquire um valor fundamental para o

desenvolvimento do trabalho terapêutico.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOFF, L. Espiritualidade. Um caminho de transformação. Río de Janeiro: Sextante,

2001.

EPSTON, D.; WHITE, M. Medios narrativos para fines terapéuticos. España:

Paidós, 1993.