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Toda profissão é sacerdócio ou comércio, segundo seja · O mesmo René Guenón, em sua obra, “Le Roi du Monde”, que teve como Guru ou Mestre o famoso rabino, diz o seguinte,

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Toda profissão é sacerdócio ou comércio, segundo sejaToda profissão é sacerdócio ou comércio, segundo seja

exercida pelo altruísmo ou pelo egoísmo. exercida pelo altruísmo ou pelo egoísmo. Professor Henrique José de Souza

hegamos à metade do ano de 2010 meio que sem perceber. Incrível, pois, há pouco acabava o Carnaval, e corríamos para comprar ovos de

Páscoa; surpreendentemente, já estamos em julho. É o imediatismo de um mundo globalizado, da informação automática, da corrida contra o tempo. A palavra de ordem é bater cotas, vencer limites, superar recordes. A moda é o consumismo desvairado, e o verbo, que está sendo conjugado, é o “Ter”, cada vez mais, custe o que custar, não importando a natureza, tão pouco as próximas gerações.

CC

Respirando os ares da Mantiqueira, na pacata cidade de São Lourenço, em Minas Gerais, cada vez mais, percebemos que acertamos ao sairmos de um grande centro, como o Rio de Janeiro, vindo proteger-nos, em parte, dessa loucura urbana. Qualidade de vida se conjuga com outro verbo: “Ser”. O caminho, para ser feliz, é gostar do que se tem, e não daquilo que gostaríamos de ter; é ter tempo para observarmos a beleza de um sorriso de criança, da harmonia do cantar dos pássaros; é encontrar a alegria e o encantamento na simplicidade, no detalhe de um instante!

A humanidade precisa, mais do que nunca, de reeducação, em todos os sentidos. Reeducar-se no simples ato involuntário de respirar; na mastigação correta em suas refeições, com uma alimentação saudável; no cultivo de bons pensamentos e de emoções sublimes; na prática da boa leitura, elegendo o seu livro de cabeceira. Mas tudo isso nos exige tempo, e tempo, para os dias de hoje, é “dinheiro”. Quando se fala nessa palavra, o “homo sapiens”, já não mais tão “sapiens”, transforma-se e se esquece de que está nesse mundo de ilusão, laboratório do espírito, apenas, “de passagem”, e de que nada de efêmero vai levar quando passar para o outro plano.

Estamos escalando uma imensa montanha. Mais importante do que conquistar o topo é vivenciar a escalada, contemplar o horizonte, aprender com as dificuldades.

Lembremos as palavras de Dalai Lama, em resposta à pergunta que lhe foi feita sobre o que mais o surpreendia na humanidade: “os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E, por pensarem,

ansiosamente, no futuro, esquecem o presente de tal forma, que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido”.

É a essa compreensão que nos faz chegar o texto da Dra. Maria Teodora Guimarães, intitulado “O Diamante”, que abrilhanta a coluna Reflexões. Na tentativa de chamar nossos leitores à razão, com relação aos reais valores da vida e, principalmente, ao momento atual da humanidade, a coluna Destaques oferece a matéria “O Destino do Mundo”, de autoria do saudoso membro da SBE, Sociedade Brasileira de Eubiose, Pizarro Loureiro.

“A História e a Lenda de Prince Hall”, matéria de autoria do Irmão Gabriel Campos de Oliveira, elucida-nos quanto à história da Maçonaria dos Negros Americanos, conscientizando-nos do conceito de Igualdade. Escolhemos, para a coluna Os Grandes Iniciados, a singular figura do grande mestre da magia, da alquimia e do hermetismo, Eliphas Levi, em matéria compilada do site Pitis Sophiah.

Chamo especial atenção para a Matéria da Capa, “A Igreja de Melki-Tsedek”, a qual merece uma leitura pausada e reflexiva, por ser tratar de um assunto extremamente esotérico.

A partir da próxima edição, estaremos lançando a coluna “Ordens ParaMaçônicas”, que visa a apresentar aos nossos leitores a origem, chegada ao Brasil e as peculiaridades dessas Ordens que têm dado uma contribuição muitíssimo importante à humanidade. Começaremos com a Ordem DeMolay, homenageando-a por seus 30 anos de chegada ao Brasil e por tudo que tem feito pelos nossos jovens.

Desejamos a todos uma boa leitura e que as matérias desta edição possam levar até você, além de conhecimentos, a dúvida, semente do estudo e da pesquisa. Que o conteúdo deste Editorial possa te levá-lo à reflexão sobre a vida e o que, de fato, viemos fazer aqui. Pense nisso e seja feliz!

Temos um encontro marcado na próxima edição! ?a b

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CapaCapa – A Igreja de Melki-Tsedek....................................Capa – A Igreja de Melki-Tsedek....................................CapaEditorialEditorial.....................................................................................2.....................................................................................2Matéria da Capa Matéria da Capa – A Igreja de Melki-Tsedek.......................3– A Igreja de Melki-Tsedek.......................3DestaquesDestaques – – O Destino do Mundo O Destino do Mundo.............................................................................................6.6

Os Grandes Iniciados Os Grandes Iniciados - Eliphas Levi...................................7- Eliphas Levi...................................7RRitos Maçônicos –itos Maçônicos – A História e a Lenda de Prince Hall A História e a Lenda de Prince Hall ......99Trabalhos Trabalhos - O Evangelho de São João e o Salmo 133.......- O Evangelho de São João e o Salmo 133....... .....................11.....................11

- VITRIOL..................................................................................12 - VITRIOL..................................................................................12 Reflexões Reflexões - Diamante.................................................................................14 - Diamante.................................................................................14 Boas Dicas Boas Dicas -- Periódico / Livro.......... Periódico / Livro.................................................................................................................................... .15 .15 LançamentosLançamentos - Da Perícia ao Perito......................................................................................- Da Perícia ao Perito......................................................................................1515Ficha TécnicaFicha Técnica......................................................................................15......................................................................................15

A Igreja de Melki-TsedekA Igreja de Melki-TsedekProfessor Henrique José de Souza

á uma antiga tradição que afirma a existência, no mundo, de uma “igreja secreta”, que torna a ligar (religare ou religar; religione ou religião) o

homem a Deus, sem necessidade de sacerdócio nem outro qualquer intermediário. Todo ser iluminado, diretamente ou por iniciação, desde que esteja de posse de certos Mistérios, faz parte do Culto, que tem o nome velado de Igreja de Melki-Tsedek. Tal culto, sempre, existiu, por ser o da mais preciosa de todas as religiões, ou seja, a da Fraternidade Universal da humanidade.

HH

A sua origem procede dos meados da 3ª Raça-Mãe, pouco importa seu nome naquela época. Com o decorrer dos tempos, recebe o de Sudha-Dharma-Mandalam, na antiga Aryavartha, nossa Mãe Índia, mas, para todos os efeitos, Excelsa Fraternidade, quer na razão da sua própria existência, por ser composta dos Verdadeiros Guias ou Instrutores Espirituais da Humanidade, quer por sua vitória sobre o que se concebe como Mal na Terra. Ao lado do Planetário (a Força cósmica dirigente do nosso Globo, em forma humana, à parte opiniões contrárias), após a tremenda queda, ocorrida com a decadência atlante, de que tanto nos temos ocupado, de modo velado, tiveram, os seus primeiros componentes, de combater contra as referidas “forças do mal”, sem falar na sua própria transformação de Homens vulgares em semideuses.

Por isso, tal Fraternidade ou “Culto Universal”,

que, a bem dizer, é o do Amor, da Verdade e da Justiça entre todos os seres da Terra, compõe-se de 7 Linhas, cada uma delas com o respectivo Raio, na razão dos próprios Astros ou Planetas. Seus Chefes, Reis ou Guias são Seres tão elevados, que bem se podem comparar aos mesmos Dhyans-Chohans

ou “Espíritos Planetários”. Na Índia, o termo Maha-Chohan é dado ao mais elevado entre tais Seres, enquanto, outrora, no Egito, recebiam o nome de Ptahmer. São os mesmos “Goros do Rei do Mundo”, nas escrituras transimalaias.

Como Guias ou Instrutores dos Homens (pouco importa, se, para muitos, de modo invisível), não podiam deixar de possuir “regras especiais”, pois, além de guiados por Aqueles Sete Referidos Seres, o são, ainda, por Outro mais elevado, que se firma por trás de tudo isso, em forma Ternária.

Seu Santuário, digamos assim, é Aquele mesmo Apta, creche, manjedoura, presépio, lugar onde o

Sol nasce, e quantos nomes o mesmo possui desde os memoráveis tempos da Atlântida, ali, representado como “8ª cidade”. Razão de ser considerado tal Ser, ao mesmo tempo, Uno Trino, como “Rei dos Reis”.

Os mesmos gnósticos reconheciam o número 888, ou 8 vezes o misterioso 111, como “Número Crístico”, embora o resto seja proibido revelar. O mesmo René Guenón, em sua obra, “Le Roi du Monde”, que teve como Guru ou Mestre o famoso rabino, diz o seguinte, a respeito de tão excelsa Organização: “O chefe de uma tal organização é o próprio

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Manu, que poderá, legitimamente, possuir (ou encarregar a outro) esse título e demais atribuições”. E, ainda: “pelo grau de Consciência atingida, para exercer semelhante função, identifica-se, realmente, com o Princípio que o obrigou a tomar expressão humana, diante da qual sua individualidade desaparece”.

Não vamos comentar semelhantes palavras, por ser isso proibido. Serviram elas, apenas, para exprimir toda a verdade que paira sobre tamanho Mistério, de confronto a tudo quanto dissemos, anteriormente, a respeito dessa mais do que sublime Organização, que tanto se pode chamar, como já foi dito, de Culto de Melki-Tsedek, como de Excelsa Fraternidade, Sudha-Dharma-Mandalam (para o Oriente), mas, hoje, com outro nome ocidental, já revelado em nosso estudo dedicado a Paracelso.

Como se sabe, as Leis, que regulam semelhante Organização, foram codificadas pelo Manu Vaivasvata. E delas, por sua vez, saíram as menores, reguladoras da própria vida humana. Chamem-nas de “Mandamentos da Lei de Deus” os que preferem, apenas, o espírito religioso no sentido puramente dogmático. Mas o fato é que serviram de fundamento aos Códigos regentes de todos os povos da Terra. Por isso, a figura da Justiça, mesmo que terrena, traz os olhos vendados (ocultos, secretos) e uma espada servindo, ao mesmo tempo, de Balança. É aquela, ainda, que traz, na mão, O Arcanjo Mikael (ou Miguel), “onde são pesados os bons ou maus atos e pensamentos da própria humanidade”. Dura lex, sed lex! Manu, Rei do Mundo, Planetário da Ronda, etc., são uma só e mesma Coisa. De tão excelso Tronco, saem outros Manus, maiores e menores, na razão de Raças-Mães, Sub-Raças, Ramos e Famílias, etc. À medida que a Humanidade vai alcançando as várias etapas de sua evolução terrena, tais Regras são modificadas pelo referido Manu, pouco importa em quem, ou de que maneira esteja Ele manifestado, se o fenômeno é tão transcendente, que não pode ser revelado.

Pelo pouco que foi dito anteriormente, logo, depreende-se a razão de se denominar a tais Seres, de que se compõe a “Excelsa Fraternidade Branca”, por outros nomes: Cultores de Melki-Tsedek, Adeptos da Boa Lei”, etc. Existem diversas maneiras de os mesmos se

reconhecerem em qualquer parte do Globo onde se achem: “palavras de passe”, ou mesmo, as credenciais de cada uma das Sete Linhas ou “Raios” a que pertençam. Assunto que não pode ser tratado no mundo profano, no entanto ocasionou enormíssima confusão no espírito da maioria dos membros de “The Theosophical Society”, devido aos escritos, nesse sentido, de sua ex-Presidente, a Sra. Besant e do bispo Leadbeater, além do mais, por não estarem autorizados a fazerem semelhantes revelações. Razão de alguns representantes dessa mesma “Grande Loja Branca”, como é, também, reconhecida, virem, de público, lançar o seu protesto, dentre eles, R. Vasudeva Row (B.A.B.L.) Vakil, do alto tribunal de Madras, etc. E, semelhante erro contrário às referidas leis ou regras deriva, além do mais, da eterna mania de só se reconhecerem Seres Superiores “lá para as bandas do Oriente”, por ignorarem que o mesmo, desde 1924, senão um pouco antes, já se havia fundido no Ocidente, de acordo com as mais antigas profecias, a

começar por aquela da “Serra de Sintra”, em Portugal, por nós inúmeras vezes citada.

Entretanto, quando investidos de missões especiais, ao contrário, alguns devem manter-se em segredo, afastados uns dos outros, etc. São aqueles tradicionais “Homens da Capa Vermelha” (Raio de Marte), um dos quais, ao mesmo Napoleão, dava conselhos, inclusive, nos campos de Batalha, ou “os da Capa Amarela” (Raio Mercuriano), com missão idêntica diante de outros

homens ilustres da história, inclusive, nas cortes, como aconteceu aos mesmos Cagliostro e São Germano, na Áustria, na França, diante de Maria Antonieta, etc., e quantas outras Capas ou “Cores” indicam os “Raios” Planetários, a que pertencem os seus portadores.

Mas, não nos apressemos em falar dos Dois referidos Seres, por não ter, ainda, chegado a hora, mas, de preferência, dessa “Fraternal Ceia ou Comunhão”, em que vivem os preclaros Membros da Excelsa Fraternidade, quer do ponto de vista mental (a prova é que, até hoje, exige-se, em nosso Colégio Iniciático, o termo sânscrito PAX, que quer dizer “comunhão mental ou de pensamento”, atingindo os confins da Terra, através dos mesmos Seres, e não, apenas, o sentido restrito do “pax”, latino, paz, essa mesma que deve existir entre todos os seres da Terra), dizíamos, quer do espiritual.

Daí, nasceu a chamada Ceia do Senhor, levada a

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efeito entre Jeoshua Ben Pandira (o filho do Homem) e seus apóstolos ou discípulos. Era a “comunhão reservada aos maiores pontífices em todos os Mistérios Antigos”. Logo que um Adepto, um Ser qualquer de categoria mais ou menos elevada, ia visitar o Dalai-Lama, este dividia ao meio o pão, lançando-lhe a sua Bênção, e ambos comiam a parte que lhes era reservada. Tal ritual, além dos seus sentidos cabalísticos, abrange, ainda, o do androginismo perfeito (um pão dividido em dois, como aconteceu no começo das coisas...), o do Pai-Mãe das Escrituras, na razão de Adam-Kadmon, para o divino, Adam-Heve, para o humano, e Adam-Chevaoth, para o inferior, que nada tem a ver, como pensa a maioria, com o famoso “inferno das escrituras ocidentais”.

Em seguida, dois copos, contendo o mais precioso vinho ou licor, que, depois de abençoados, cada qual se servia do seu. Não é isso uma espécie de Eucaristia, na razão de “este é meu corpo, comei-o; é meu sangue, bebei-o”? Uma reminiscência, ainda, da “Taça do Santo Graal”, fazendo parte das tradições da verdadeira Rosa-Cruz, hoje, postado em lugar diferente do de outrora, embora muitos centros pseudoespiritualistas estejam abusando de tão excelso quão precioso nome, para fins políticos dos mais condenáveis. Há muitos anos, lançamos um aviso nesse sentido, mas, infelizmente, não fomos ouvidos, porque “ninguém é profeta em sua terra”, do mesmo modo que “santo de casa não faz milagres”.

Nossa mesma Obra, como Síntese de todas as Iniciações passadas, haja vista todos os Grandes Iluminados fazendo parte da sua galeria, no salão de reuniões, ladeando a Diretoria, ou, antes, começando, de um lado, por Vyasa, o codificador da Vedanta, e terminando, no outro, pelo grande místico Ramakrishma, não passou por um ritual idêntico dentro do seu Santuário, onde “o pão foi dividido entre todos”, e, depois, de preferência, a água, como “sangue que corre

nas veias da Terra”? Não o faziam de outro modo, Sacerdote e Sacerdotisa, na razão de Fogo e Água ou Sol e Lua? Quando da distribuição do pão e da água, por sua vez, não foi feita, também, a da menor das moedas usadas naquela época, isto é, o vintém ou vinte réis? Melki-Tsedek, rei de Salém, fez trazer pão e vinho, por ser Ele Sacerdote do Altíssimo (El Elion). E abençoou a Abrahão, dizendo: “Abençoado sejas, Abrahão, em nome de Deus Altíssimo, possuidor dos céus e da Terra. Abençoado o Deus Altíssimo, que entregou os inimigos em tuas mãos. E Abrahão lhe entregou o dízimo de tudo quanto havia tomado". (Gênese, XIV, 18-20.).

Como dissemos em outros lugares, Jeoshua (Jesus) distribui, entre seus discípulos, pão e vinho, o que deu razão ao termo “Ceia do Senhor”, pois, como um Iluminado, Adepto ou Homem Perfeito, conhecia todos esses ensinamentos da referida Igreja de Melki-Tsedek. Ela, até hoje,

ensina os homens, voltados para a mesma, a se religarem, como estiveram em tempos afastados da história, em sua Origem, na razão da sábia sentença de Santo Agostinho, ao dizer que “Vimos da Divindade e, para Ela, havemos de ir”, valendo pela incompreendida “Parábola do Filho Pródigo, que volta à Casa Paterna”. Fenômeno esse comparável ao da Teofania entre os neo-platônicos, e o verdadeiro sentido do termo Teosofia, como “Sabedoria Divina”, dos

Deuses, dos super-homens, Mahatmas, Gênios ou Jinas.Por não aceitar tamanha blasfêmia, esse crime de

“desleal concorrência ao negócio lucrativo, que, em seu tempo, fazia-se com as coisas superiores ou divinas”, foi julgado e condenado Jeoshua, por uma “assembleia de fariseus”, a mesma que teve ocasião de dizer: “Mister se faz matá-lo; deverá sujeitar-se às mais pesadas leis terrenas; crucificado deve ser o impostor”. Muito antes, já selava o pacto infernal de semelhantes “pontífices”, o beijo de um traidor, que aparece, sempre, na vida de todos os Iluminados. ?

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O Destino do MundoO Destino do MundoPizarro Loureiro

Mundo está vivendo a angústia e a incerteza do momento supremo do seu destino. A humanidade inteira sente que se vão

aproximando dias negros de dor e de ruína, que se vai armando, no vasto perímetro do planeta, a carpintaria da cena final, cujo epílogo, multiplicado pelos erros e pelos crimes da civilização, terá, com a visão espectral dos grandes cataclismos, aquele sabor acre de sangue e de desespero das trajetórias clássicas da Grécia antiga ou dos fortes e insondáveis dramas de Shakespeare.

OO

Os homens, completamente vencidos pela irresistível atração daquilo que há de vir, inflexivelmente, vislumbrado através das lentes impressionistas do sentimento de culpa, dividem-se em várias categorias de espectadores ou de comparsas do espetáculo dantesco que se avizinha. Uns se encolhem sob a ação do medo e, como o avestruz que esconde a cabeça sob as asas diante do perigo, recolhem-se ao misantropismo febril da inação; outros se entregam, de corpo e alma, à fruição dos prazeres que, ainda, restam do vasto estoque dos pecados e dos vícios; muitos outros, inconscientes e fanáticos, tentam deter a avalancha, fazendo como o menino de Santo Agostinho que queria esvaziar o mar com uma concha; ainda outros, apáticos e melancólicos, dominados pela morbidez de estados depressivos de consciência, assistem impassíveis, como que hipnotizados, ao desenrolar do filme monstruoso, à espera talvez do “happy end”, que uma cultura e uma arte, completamente mercantilizadas, inocularam no espírito virgem das juventudes modernas.

De um lado, a inconsciência espiritual e a insaciável gula da ambição e do egoísmo; de outro, o ódio, a rebeldia, o desejo de vindicta. E, no meio, sofrendo as dores cruciantes da incompreensão, conclamando, pregando, alertando, uma minoria de seres que, tendo penetrado os mistérios da vida e da evolução dos ciclos, procura salvar, não já a civilização – que esta se condenou a si própria, ao castigo inexorável da destruição, ao camartelo indomável da Lei – mas aquilo que, ainda, resta de bom, nobre, belo e digno no espírito dos homens, tentando formar, com esses resíduos, a sementeira étnico-cultural que deverá ser, amanhã, na limpidez luminosa de uma nova era, a representação tipicamente humana da

redenção de um mundo novo, liberto dos malefícios “ex-libris” de passados de culpas, erros e crimes milenários.

Tarde demais, os homens apelarão para os seus falsos deuses, como os atlantes, nas vascas da agonia, apelaram para Muka, que só lhes pôde dar o consolo de morrer com eles. Bombas atômicas, raios cósmicos, nuvens mortíferas, chuvas de bactérias, armas estratosféricas, poderosos e nunca vistos engenhos de guerra destruirão, por toda a parte, as nações, os povos, as riquezas, os monumentos, as cidades e tudo quanto faz as galas desta civilização corroída pelo câncer da maldade, da mentira, da ambição. Sodoma e Gomorra serão pálidas imagens da destruição e da morte que passearão pela Terra, lavada em sangue e dor, os seus espectros apocalípticos.

Como no Dilúvio bíblico, haverá uma barca à feição da de Noé ou de Osíris, para a salvação daqueles que quiserem, pelo arrependimento, pelo esforço de superação,

pelo encontro com o seu ego imortal, contribuir para o repovoamento civilizador do mundo redimido, que se há de levantar, sob a égide de um novo ciclo, das ruínas dos povos e das nações. Eis um símbolo de esperança para todos os homens de boa vontade, para todos os espíritos despertos, para todas as mentes, ainda, não-enegrecidas de todo pela fuligem do mal, que lhes oferece a Sociedade Brasileira de Eubiose.

Essa Casa vos apontará esse caminho,

aquele mesmo caminho de Damasco que levou Paulo de Tarso, angustiado pelo desespero da sua alma e pela dúvida do seu espírito, a encontrar, no seu tempo, a verdade, o repouso e a consolação que a sua mente aflita procurava, em meio da poeira moral, dos destroços humanos, do desespero espiritual de uma civilização que tombava, levando, de roldão, impérios, césares e tradições.

Uma nova era se aproxima. Volvei, para ela, os vossos olhos, as vossas inteligências e os vossos corações. Deixai que os mortos enterrem os seus próprios mortos e avançai para a luz que dealba nos horizontes trágicos do mundo atual.

Batei às nossas portas e elas se vos abrirão, para dar-vos um lugar ao lado daqueles que voltam, gloriosamente, para levantar, sobre a Terra desgraçada por sua infidelidade ao espírito, o estandarte da Verdade, do Amor e da Fraternidade! ?

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Eliphas Levi*Eliphas Levi*

lphonse Charles Constant (1810-1875) nasceu em Paris no bairro de Odeón. Recebeu uma educação digna. Meigo, piedoso e estudioso, Constant é

motivo de numerosos elogios por parte de seus professores. Merecidamente, Alphonse Charles é admitido no Seminário Maior de Issy, em Paris, o qual recebe a ordem do Diaconato e, posteriormente, do Subdiaconato, em 19 de dezembro de 1835. Nessa época, Aphonse já estava procurando desvendar os mistérios da Alta Magia.

AA

Saindo do seminário em Junho de 1836, para melhor pensar sobre a sua vocação sacerdotal, Aphonse conhece a miséria que imperava em uma Europa em pleno estado de transformações Sociopolíticas. Sua mãe, nessa ocasião, morre de desespero.

Alphonse Charles Constant ou, como ficou conhecido, Eliphas Levi, autêntico Mestre da Loja Branca, sufocado e frustrado com a intempestiva vida social de Paris, sente-se vocacionado à “vida claustral” e, em 1839, ingressa na famosa abadia beneditina de Solesme, permanecendo na mesma por um ano, período rico e frutífero, como o mesmo atesta: “Passei horas maravilhosas na magnífica biblioteca. Tive bastante tempo para estudar a doutrina dos antigos gnósticos, dos pais da igreja primitiva, os livros de Cassiano e outros ascetas; os escritos piedosos dos místicos, principalmente, os livros admiráveis e, ainda, ignorados por Mme Guyon”.

Após sair do monastério, Aphonse é contratado como vigilante de internato” no colégio dirigido pela Congregação do Oratório, em July. Nessa ocasião, escreve o seu primeiro livro, “A Bíblia da Liberdade”, com forte teor revolucionário, a ponto de ser confiscado pelas autoridades francesas, que levam o jovem Aphonse, juntamente com o seu editor, perante o Tribunal Criminal, acusando-os de “ataque à propriedade, à moral pública e religiosa”. Alphonse é recluso por onze meses na prisão. Porém, o tempo é sabiamente aproveitado na biblioteca da prisão. Alphonse se depara com as obras de Swedenborg,

que lhe causaram profunda impressão e sobre as quais ele escreveu: “ Não contêm a verdade, mas conduzem a ela, infalivelmente”. Alphonse foi liberado em abril de 1842.

Procura, então, ganhar o seu sustento através do brilhante talento que possuía para a pintura e o desenho artístico.

Compadecido pelo desperdício de um intelecto notável, associado a uma virtuosidade acima de dúvidas, o arcebispo de Paris, Monsenhor Affre, recomenda o jovem Alphonse ao bispo de Evreux, Monsenhor Oliver, que o

admite na função de pregador, já que o jovem Alphonse estava, eclesiasticamente, revestido da ordem do Diaconato. Porém, como as sombras não suportam a manifestação da luz, Alphonse é vítima de uma intriga movida por clérigos, que se sentiram ameaçados por sua liberdade de espírito e pela crescente influência junto ao povo. Devido a isso, ele abandona a função de pregador.

Alphonse sobrevive escrevendo canções românticas e políticas, aproveitando todo o tempo disponível para aprofundar seus estudos através de obras-primas do hermetismo, na Biblioteca Nacional de Paris.

Por volta de 1845, movido pela degeneração política e social, que, então, imperava na velha Europa, Alphonse estuda, com afinco, todos os escritos socialistas, republicanos e anarquistas, passando a frequentar os

clubes republicanos parisienses e a discursar neles. Um panfleto de sua autoria, intitulado “A Voz da Fome” (defendia os direitos das mulheres), acarreta-lhe mais um ano de prisão.

Com a famosa revolta popular de 1848, em Paris, liga-se a vários clubes políticos, passando a publicar seus trabalhos de conscientização política no jornal libertário “A Tribuna do Povo”. Em uma manifestação, o exército fuzila, no seu lugar, um negociante de vinho de aparência semelhante à sua. Seu coração sensível, diante desse erro trágico, leva-o para longe dos políticos e de seu mundo de violência e ilusão.

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Afastado do contexto revolucionário, encontra aquele que seria seu mestre, Hoëne Wronski, sábio, filósofo e metafísico, sobre o qual Aphonse escreveria mais tarde: “Um homem cujas descobertas só no terreno da matemática teria espavorido o gênio de Newton, acaba de instituir, nesse século de ceticismo, a base, doravante inabalável, de uma ciência, simultaneamente, humana e divina. Foi o primeiro que ousou definir a essência de Deus; nessa própria definição, encontra-se a lei do movimento e da criação universal... Ele descobriu o segredo da vida, e esse alquimista da ciência universal desfruta, agora, do seio de Deus, a imortalidade que ele criou para si”.

Wronski marcou, profundamente, a evolução intelectual e espiritual de Aphonse, a ponto de corroborar na escolha do seu pseudônimo, Eliphas Levy, tradução hebraica de seus prenomes. Nessa ocasião, de ascensão intelectual e espiritual, Eliphas Levy publica, por fascículos, a obra de excelência do ocultismo, “Dogma e Ritual de Alta Magia”. Porém, como a doutrina metafisica de Wronski, apenas, satisfazia-lhe o intelecto, Levy não se dava por satisfeito, já que, por essa ocasião, ele não só era um assíduo estudante dos mistérios herméticos e cabalísticos, como também um praticante da Magia Ritual.

Se ele aprendera a voar como a águia, o seu voo de condor, seu “batismo de luz”, deu-se em Londres, em 26 de julho de 1854, com a sublime evocação ritual do grande mago neopitagórico Apolonius de Thyana, falecido em Éfeso, no ano de 97 d.C.

De volta a Paris, em agosto de 1854, Eliphas Levy é vitimado por uma atividade sufocadora, ocasionada pela afirmação dos meios esotéricos da época, de que o mesmo recebera, em Londres, a mais alta iniciação e o reconhecimento dos Mestres superiores. A vida do mago é preenchida por palestras, consultas, experiências alquímicas e a publicação de obras de alto teor hermético.

Nessa ocasião, é convidado a se iniciar na Franco-Maçonaria.Apesar da saúde abalada pelo excesso de dedicação à

sua sublime missão de luzeiro de espiritualidade, junto a um mundo mergulhado nas trevas do materialismo racionalista, não diminuía o ritmo de uma atividade titânica: vidente, tarólogo, quirólogo, escritor, guia e curador, colaborando para a cura de inúmeras pessoas já desenganadas pela medicina oficial.

A guerra de 1870 ocasiona a partida de seus amigos estrangeiros; Paris mergulha na miséria, na fome e no medo. Por ocasião do cerco da capital francesa, luta contra o intenso frio e a fome, porém a guerra, o temor e a distância não conseguem desfazer os reais laços de fraternidade que transcendem o plano físico, fundamentando-se no espírito, pois seus amigos estrangeiros enviam-lhe, através das

trincheiras, auxílio material e consolo espiritual por cartas e orações.

Com a vida inteira dedicada à auto-realização, ao ressuscitar dos antigos e sublimes mistérios, ao redimensionamento espiritual do homem, não só como ser individual, mas também como elemento social, escreveu, também, “A História da Magia”, ”A Chave dos Grandes Mistérios”, “O Grande Arcano”, “Livro dos Sábios”, “Fábulas e Símbolos”, “Catecismo

da Paz”, “Clavículas de Salomão”, “Feiticeiro de Meudon”, “Origens da Cabala”, “Curso de Filosofia Oculta”, “Mistérios da Cabala”, “Paradoxos da Sabedoria Oculta” e “Ciência dos Espíritos”.

Cumprida a sua missão de “Prometeus”, ascende, tranquilamente, aos planos superiores no dia 31 de maio de 1875, em sua residência.

Muitos estudiosos e a maioria dos leitores não compreendem as obras do abade Eliphas Levy. O que essas pessoas não sabem é que, para compreender a sabedoria dos livros de Eliphas Levy, é fundamental e indispensável possuir os ensinamentos Iniciáticos. ?

*Compilado do site http://www.pistissophiah.org/a b

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A História e a Lenda de Prince HallA História e a Lenda de Prince HallGabriel Campos de Oliveira*

eveeve-se destacar, na figura de Prince Hall, a parte real, mas menos romântica, resgatada pela moderna pesquisa historiográfica, e a lenda,

devida, na maioria das vezes, a Grimshaw, que vem sendo alimentada pelo povo maçônico afro-americano. A moderna historiografia estima que Prince Hall nasceu em 1735, em lugar desconhecido. Alguns especulam que teria nascido em Barbados, nas Índias Ocidentais, outros que teria sido na África, enquanto uma minoria chega a afirmar que o seu local de nascimento seria os Estados Unidos. Documentos analisados mostram que teria exercido várias profissões, tais como: trabalhador braçal, artesão de roupa de couro e fornecedor de alimentos. Outros documentos apresentam-no como líder e eleitor numa pequena comunidade negra, em Boston.

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A versão tradicional, muito aceita, mas de pouca ajuda para a pesquisa científica, afirma que Prince Hall nasceu em Bridgetown, Barbados, nas Índias Ocidentais, em 1748, filho de Thomas Hall, um inglês, mercador de couro, que teria como esposa uma mulher negra livre, de descendência francesa. Teria vindo para a Nova Inglaterra durante a metade do século XVIII, estabelecendo-se em Boston, na colônia de Massachusetts, onde se teria tornado pastor da Igreja Metodista.

A versão tradicional, ainda, afirma que Prince Hall teria pertencido às fileiras do Exército Revolucionário e lutado na Guerra de Independência norte-americana.

Um ponto controverso tem sido a versão de que Prince Hall tenha sido escravo ou não. Sherman afirma: “tive a fortuna de descobrir, na Biblioteca Athenaeum de Boston, uma cópia do documento de alforria, provando que Prince Hall tinha, originalmente, sido escravo na família de um negociante de roupa de couro de Boston, chamado William Hall, que o alforriou em 1770”. Certos historiadores afro-americanos rejeitam alguns documentos que tentam demonstrar ter ele sido escravo da família Hall, como se, em sendo isso verdade, fosse uma desonra para a figura de Prince Hall. Aqui, convém lembrar o dizer da carta de Mahatma Gandhi ao Ir∴ W.E.B. Dubois, em 1929: “Não deixem os 12 milhões de

negros (norte-americanos) se envergonharem pelo fato de serem descendentes de escravos. Não há desonra em ter sido escravo. Há desonra em ter sido proprietário de escravos”. A Maçonaria Prince Hall nunca negou iniciação a qualquer ex-escravo, desde que preenchesse os requisitos mínimos exigidos pela Ordem. A Grande Loja Unida da Inglaterra, após a Abolição da Escravidão nas Índias Ocidentais pelo Parlamento Britânico, em 1º de setembro de 1847, mudou a expressão “nascido livre” para “homem livre”, como requisito para ingresso em suas Lojas.

A tradição afirma que Prince Hall teria sido iniciado em 6 de março de 1775. E, aqui, existe uma controvérsia entre a Loja nº 441 e a Loja Africana , sendo que ambas estariam na gênese da Maçonaria Prince Hall, com as implicações do reconhecimento pela Grande Loja Unida da Inglaterra e o problema de haver duas Obediências em um mesmo território. O historiador Jeremy Belknap afirma que, “tendo, uma vez, mencionado essa pessoa (Prince Hall), tenho a

informar que ele foi um Grão-Mestre de uma Loja de maçons livres, composta, na sua totalidade, de pretos e conhecida pelo nome de ‘Loja Africana’. Isso teria acontecido em 1775, quando essa cidade foi tomada pelas tropas britânicas, possibilitando a montagem de uma Loja e a iniciação de um bom número de negros. Após o estabelecimento da paz, enviou-se, a Londres, um pedido de reconhecimento, obtendo-se uma carta timbrada pelo Duque de Cumberland e assinada pelo Conde de Effingham”.

Nelson King, editor da revista Philalethes, afirma que, “em 29 de setembro de 1784, uma carta de reconhecimento

(warrant) foi outorgada pela Primeira Grande Loja da Inglaterra para 15 homens, em Boston, Massachusetts (inclusive o Ir∴Hall, cujo primeiro nome era Prince), formando a Loja Africana nº 459 no registro inglês. A Loja Africana contribuiu com o Fundo de Caridade inglês, até 1797, e permaneceu correspondendo-se com o Grande Secretário, até início do século XIX. Os livros de registro da Grande Loja, para tal período, entretanto, são incompletos e não é impossível que a correspondência, entre ambos os lados, apareça como tendo sido ignorada. Após 1802, o contato foi perdido, devido, em grande parte, à interrupção que as guerras napoleônicas causaram sobre os transportes e as comunicações com a América do Norte. Em 1797, a Loja Africana,

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contrariamente aos termos da Carta de Reconhecimento e às Constituições de Anderson, às quais estava vinculada, deu autorização a dois grupos de homens para se reunirem como Lojas: a Loja Africana nº 459B, em Filadélfia, na Pensilvânia, e a Loja Hiram (sem número), em Providence, Rhode Island. Autorizações continuaram a ser dadas para outras Lojas a partir de 1808.

Após a união das duas Grandes Lojas inglesas - Antigos e Modernos – em 1813, a fusão dos livros de registro omitiu a Loja Africana (assim como muitas outras lojas na Inglaterra e além-mar), deixando de haver contato por longos anos. A Loja Africana, contudo, não foi, formalmente, extinta”.

Gould, em toda sua monumental obra, não chega a citar a figura de Prince Hall, mas, em um quadro em que lista as Lojas nos EUA, reconhecidas pela Grande Loja da Inglaterra, entre 1733 e 1789, cita a African Lodge de Massachussets, com a data de 1784-86.

Outro historiador chega a afirmar que Prince Hall teria sido iniciado numa Loja militar, a Loja nº 441, sob a jurisdição da Grande Loja da Irlanda, ligada a um dos regimentos do exército do General Gage, cujo Venerável Mestre era o Ir∴ J.B.Watt. Essa Loja volante existiu na vizinhança de Boston, estabelecendo-se, futuramente, em Nova Iorque e participando na formação, segundo a versão da Maçonaria Prince Hall, da Primeira Grande Loja Caucasiana. Com a remoção da Loja para Nova Iorque, supõe-se que aquele Ir∴J.B.Watt tenha dado uma “permissão” (se escrita, o documento perdeu-se; talvez oral) para que Prince Hall continuasse a funcionar em Boston. Daí, talvez, a gênese da “Loja Africana”. O que se especula é que essa “permissão” daria a Prince o direito de fazer reunião e de enterrar seus mortos, quando necessário. As atas da “Loja Africana” deixam muito a desejar sobre o que teria acontecido após a partida dos ingleses, sendo que esse fato concorre para que a Maçonaria branca marginalize a nascente Maçonaria Prince Hall. Na época, Prince Hall mandou uma petição ao Grande Mestre Provincial Joseph Warren, pedindo reconhecimento. Entretanto, Warren foi morto na Batalha de Bunker Hill, antes de poder responder. Convém salientar que, com a morte de Warren, a jurisdição de Massachusetts abateu colunas, e não havia autoridade maçônica na região. Em seguida, buscou conseguir uma autorização legal e regular que substituísse a precária “permissão” de Watt. Primeiramente, tentou-se o Grande Oriente de França, mas o seu intento foi infrutífero. Procurou, então, contatar a Grande Loja de Londres (Modernos), através de duas cartas dirigidas ao Ir∴William M. Moody em Londres. Dessa vez, obteve sucesso, conseguindo, finalmente, o “warrant”, em 20 de setembro de 1784, para a African Lodge nº 459.

Essa autorização chegou às mãos de Prince, em 29 de abril de 1787, e foi noticiada pelos jornais locais. É um documento de importância vital para a Maçonaria Prince Hall, pois é a prova inconteste para fugir da irregularidade que a ela é imputada pela Maçonaria branca. Walkes chega a afirmar que “a carta permaneceu nas mãos da Prince Hall Grand Lodge of Massachussets. Em 1869, foi chamuscada num

incêndio, sendo, contudo, salva pela ação do P.G.M. Kendall, que recuperou o documento. Existe um grande número de maçons Prince Hall que acreditam ter sido o incêndio uma tentativa de a Maçonaria caucasiana destruir o mais valioso de todos os documentos da Maçonaria Prince Hall. Enquanto essa crença não puder ser provada, o fato alegado mostra a frequente relação tensa entre a fraternidade Prince Hall e a sua contraparte caucasiana. Mostra, também, a conexão emocional entre a América Negra e Branca.”.

É preciso ter em mente o “status” colonial do negro norte-americano na época da independência. Não possuíam educação formal, além do mais, sofriam restrição legal para adquiri-la, e os códigos dos negros legais impediam reuniões ou ajuntamentos com mais de três indivíduos da raça negra. Os historiadores negros afirmam que os negros estavam na América Colonial, mas não eram da América. Eram súditos coloniais dos súditos coloniais da Inglaterra. Não estavam sendo explorados por George III, mas, sim, por George Washington, pelos Maçons e pelos donos de escravos.

Os Pais Brancos Fundadores não eram os Pais Negros Fundadores, pois os homens negros viviam uma diferente Declaração de Independência, uma Revolução diferente numa América diferente. A revista maçônica negra Phylaxis Magazine, editada em Boston, comenta, em seus editoriais, que houve, e tem sempre havido, duas Américas, uma Branca e outra Negra.

Defini-las juntas seria impossível. Medir a Maçonaria de cada uma em conjunto, também, é praticamente impossível, pois a convenção constitucional branca não foi a convenção constitucional negra, o começo branco não foi o começo negro.

Prince Hall demonstrou a sua combatividade em diversas ocasiões. Em 13 de janeiro de 1777, conjuntamente com outros companheiros de luta - maçons ou não - endereçou uma petição ao Legislativo de Massachussets, protestando contra a existência da escravidão na Colônia. Documentos demonstram que, novamente, em 27 de fevereiro de 1788, redigiu outra petição, protestando contra o sequestro e subsequente venda como escravos de numerosos negros, que foram levados de Boston para um navio em direção às Índias Ocidentais. Esses negros retornaram a Boston depois de detidos pelo Governador do Maine, que concordou com o pedido de auxílio do Governador de Massachusets.

Deixou vários documentos escritos, inclusive, um livro de cartas, grande manancial para os historiadores. Prince faleceu em 4 de dezembro de 1807, na glória de ter sido o primeiro americano negro a receber os Graus da Maçonaria nos EUA. Sua morte foi noticiada em inúmeros jornais de Boston. Foi enterrado em Copps Hill, ao lado de uma de suas esposas.

A Maçonaria Prince Hall honra a memória de seu fundador em uma cerimônia pública - Prince Hall Americanism Day - que acontece em setembro numa igreja em Boston. Como os São Joões, Prince Hall é considerado um dos santos fundadores da Maçonaria negra nos EUA. A cada dez anos, a Conferência dos Grão-Mestres Prince Hall realiza uma peregrinação a Boston, no seu memorial em Copps Hill.

*Comissão Permanente de Relações Pública PAELMG GOEMG/GOB. ?

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O Evangelho de São João e o Salmo 133 O Evangelho de São João e o Salmo 133

““Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos habitem em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos habitem em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla de seus vestidos. Como o orvalho de Hermom, que que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla de seus vestidos. Como o orvalho de Hermom, que

desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre!”.desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre!”.

Jeová Neves Carneiro egundo alguns autores, a Maçonaria nasceu, cresceu e floresceu à sombra da Igreja, inicialmente, a Católica Romana e,

posteriormente, a Anglicana, a partir de 1539.

SSA Maçonaria especulativa tem suas origens na

Inglaterra, quando, em 24 de junho de 1717, ocorre a unificação da Maçonaria Inglesa, a partir da união de quatro Lojas Maçônicas, originando a Grande Loja de Londres, posteriormente, a Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1813.

Na Maçonaria, os ensinamentos internos, sempre, foram influenciados pela Igreja. Em 1290, o rei Eduardo I expulsou os Judeus da Inglaterra (Grã-Bretanha); com isso, tudo o que era relacionado ao Velho Testamento foi banido, juntamente, com os Judeus.

Segundo Assis Carvalho e Salles Paschoal, o primeiro volume da Lei Sagrada, colocado em um Altar Maçônico, foi um manuscrito do Evangelho, Segundo São João.

A primeira Bíblia impressa é a Alemã, por Guttenberg, em 1534, e a primeira Bíblia, impressa em inglês, é de 1545. Na Inglaterra, portanto, só constava o Novo Testamento. O Evangelho, Segundo São João, passou para a posteridade da Maçonaria como sendo o Volume da Lei Sagrada.

O retorno dos Judeus à Inglaterra ocorreu a partir do ano de 1756, portanto o Salmo 133 só veio para a Maçonaria recentemente.

O uso da Bíblia depende de cada Rito. No Rito de York, por exemplo, ela é aberta, porém sem leitura. No Rito Alemão (Schroeder), não se abre a Bíblia. Já, no Rito Francês ou Moderno, foi abolido o uso da Bíblia, na França. No Brasil, a Bíblia retornou ao Triângulo dos Compromissos em 08 de setembro de 1969, porém fechada.

No Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), a Bíblia é aberta em São João, onde são lidos os primeiros versículos (1, 1-5). No Brasil, adotou-se o Salmo 133. A adoção desse Salmo partiu das Grandes Lojas, após a cisão em 1927; posteriormente, foi adotado por outras Potências.

A leitura do Evangelho iniciava pelo primeiro capítulo e pelo primeiro versículo – “No início era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele e, sem ele, nada existiria. Nele estava a vida, e a vida era a Luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam”.

Esses versículos representam, na realidade, a vitória da Luz sobre as Trevas. Segundo alguns autores, são fundamentais para o grau de Aprendiz.

Salmo 133: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos habitem em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla de seus vestidos. Como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre!”.

Quando da Abertura dos Trabalhos no Grau de Aprendiz, o Mestre de Cerimônias conduz o Irmão Orador ao Altar dos Juramentos para a abertura do Livro da Lei e leitura do Salmo 133, que exalta a união entre os irmãos.

Salmo, do grego psalmos, tem o significado de instrumento musical

feito de cordas. Salmo foi o nome dado aos hinos, destinados aos serviços corais do templo ou sinagogas de Israel. Em outras palavras, salmo significa cântico com o acompanhamento de um instrumento de cordas.

O Livro dos salmos é uma coleção de 150 composições poéticas, as quais, através dos gêneros literários, apresentam conteúdo exclusivamente religioso; manifestam os mais variados sentimentos e circunstâncias, júbilo e pranto, triunfos e derrotas, tranquilidade e angústia, agradecimento e louvor, sempre, com profunda suavidade.

O Salmo133, Cântico dos Degraus de Davi, também, conhecido como o Salmo dos Peregrinos, é a peregrinação que faz o irmão para refrigerar sua alma, para fortalecer o seu corpo espiritual.

Descrevendo os termos citados no Salmo 133, tais como o óleo: “... é como o óleo precioso...”, um perfume raríssimo, cuja fórmula era segredo da tribo de Levi, à base de óleo de oliva, mirra, canela aromática, cálamo aromático, cássia e várias especiarias, para ser usado, unicamente, pelo Sacerdote; “... a barba de Arão...”, era considerada símbolo

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da austeridade moral; os israelitas, a que pertencia Arão, evidenciavam especial estima pela barba, conferindo-lhe forte merecimento, que externava pela sua aparência, sua própria dignidade; “... Arão...”, membro da tribo de Levi, irmão de Moisés e seu principal colaborador, quando da libertação do jugo dos egípcios, possui um peso próprio na tradição bíblica, devido ao seu caráter de patriarca e fundador da classe sacerdotal dos judeus; “... que desce à orla de seus vestidos...”, de especial significado litúrgico e ritualístico, eram as vestes daqueles que tinham por missão exercitar atos religiosos; “Como o orvalho...”, o orvalho representa todo o esplendor da natureza, pois suas gotículas vão nutrir a terra ávida de alimento; “...de Hermon...”, Maciço rochoso situado ao Sul-Sudeste do Líbano, do qual se separa um vale profundo e extenso, onde se cultivam cereais e frutos em abundância, em função do orvalho que desce do topo do monte Hermon,

formando inúmeros regatos; “...Montes de Sião...”, chamado de Monte de Deus, pois o Senhor o escolheu para sua morada, constituindo um refúgio seguro e inabalável; “... Porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre...”, porque a bênção é a invocação das graças de Deus sobre o ser que a recebe; para os Semitas, a bênção possui força própria, e, por isso, é capaz de despertar a sua potencialidade energética, carregada de energia dinâmica e magia.

Meus irmãos, após esse breve relato sobre o Salmo 133, conclui-se que não é, simplesmente, a leitura que vai produzir os efeitos almejados por Davi. As palavras escritas devem ser analisadas, e seu conteúdo compreendido em todo o seu significado!

“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos habitem em união!”.

*O autor é Membro da Academia Maçônica de Letras de Mato Grosso do Sul. ?

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V∴I∴T∴R∴I∴O∴L∴Roberto Carlos Meneghesso

∴I∴T∴R∴I∴O∴L∴ é a abreviatura de palavras de uma frase em latim: “Visita Interiora Terrae, Rectificandoque, Invenies Occultum Lapidem”.

Ao pé da letra, isso significa: “visita o interior da terra e, retificando-te, encontrarás a pedra oculta”. Esse significado e sua interpretação não constam de todos os Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito, constituindo um certo “mistério” que os autores principais, assim, expressam:

VV

“Essa fórmula hermética, que se julga ter sido a divisa dos antigos rosa-cruzes, é atribuída a Basílio Valentim, alquimista do século XV, que se diz ter sido monge beneditino, mas sua existência é posta em dúvida, tanto mais que esse nome significa, em grego, “régulo poderoso”, denominação que os alquimistas davam ao ‘mercúrio’”.

Esse aforismo hermético é um convite para a busca do ego profundo, que não é outra coisa senão a própria alma humana no silêncio da meditação. Referindo-se a essa alquimia mística, Serge Hutin escreve: “A procura do ouro é, na realidade, a descoberta de tesouros incorruptíveis e puramente espirituais.

Aquele que quer trabalhar na grande obra deve

visitar a sua alma, penetrar no mais recôndito do seu ser e nele efetuar um labor oculto, misterioso. Como o grão deve ser sepultado no seio da terra, assim, aquele que ouve o apelo de Deus deve, corrigindo-se, retificando-se, obter a

sublime transmutação do carneiro (ossuário) natal, imunda matéria negra, fazendo do carvão,

esplêndido diamante, e do chumbo vil, ouro puro. “Encontrará assim a Pedra

Oculta que nele guarde” (R. Amadou. L’Ocultisme, p.160).

Nas lojas francesas do Rito Escocês Antigo e Aceito, essa palavra misteriosa, V∴I∴T∴R∴I∴O∴L∴, acha-se inscrita nas paredes da Câmara das Reflexões, onde o candidato

permanece antes de sua iniciação. A retificação de que se trata aqui é a

purificação dos elementos, e a Pedra Oculta, a Pedra Filosofal (Dicionário de

Nicola Aslan).É um lema da alquimia, e a Pedra

Oculta, aqui referida, é a Filosofal, que transforma os metais inferiores em ouro. Mas, do ponto de vista esotérico, a expressão reveste-se de grande profundidade moral, pois nada mais é do que um convite ao homem para que conheça o seu interior, o seu âmago, o ser íntimo que habita o seu corpo (José Castellani, Cartilha do Aprendiz).

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Figurando no painel da Câmara das Reflexões nas lojas, é um convite à busca mística do ego profundo, a essência da alma humana, no silêncio e meditação. Às vezes, escreve-se “VITRIOLUM”, e traduzem-se as duas últimas letras por Verum Medicinam – a verdadeira medicina (Dicionário de Joaquim Gervásio de Figueiredo).

"Pedra que rola não cria limo", diz o dito popular. Na iniciação, os inusitados acontecem vertiginosamente. Para aumentar a tensão, a venda, a tolher, talvez, um dos mais preciosos sentidos, o da visão, eleva a temperatura. Os choques com os inesperados, com os segredos, que os Mestres Maçom, para não lhes tirar o prazer de saborear a reação do iniciando em face de um “obstáculo praticamente intransponível", não revelam aos neófitos.

Momento tão especial, repleto das mais altas indagações e dos mais altos símbolos maçônicos, que deixam aturdido a todo aquele que por ele passa. A vontade é escrever sobre tudo o que ocorreu. Só algum tempo depois, lendo sobre a Ordem, estudando o Ritual e assistindo a uma iniciação é que se pode começar a compreender o ocorrido durante a iniciação. Procura-se estabelecer divisões, estanquizando os fatos para dissecá-los. E, dessa estanquização, surge um símbolo representado pelas iniciais “V∴I∴T∴R∴I∴O∴L∴”.

Qual o seu significado? O que designa? Para que finalidade se encontra na parede da Câmara de Reflexão? Inicialmente, verifica-se que não é ele elemento obrigatório, para o GOB, numa Câmara de Reflexão, segundo dispõe o REAA, edição 1998, p. 10. Elementos obrigatórios são, por exemplo, a ampulheta, o esqueleto humano, o pão e a água. Mas, embora facultativo, ele se encontra presente na maioria das Câmaras de Reflexão, enquanto outros objetos obrigatórios, às vezes, ali não estão.

A profundidade de tal frase salta aos olhos, primeiramente, porque, no interior da terra, ou seja, na Câmara de Reflexão, o Profano morre para nascer um Maçom. A Câmara de Reflexão, na realidade, relembra as cavernas das antigas iniciações, inclusive, religiosas.

Como qualquer iniciação, simboliza a morte material de alguém e o seu ressurgimento num plano mais elevado. O iniciando permanecia no interior de uma caverna da qual, em dado momento, saía por uma fenda ou orifício, como se estivesse nascendo. Segundo José Castellani, ainda, existem tribos na África que, vivendo na idade da pedra, se utilizam desse ritual, quando consideram morta a criança, que ali entrou, e nascido o

homem maduro, pronto para a vida.A Câmara de Reflexão representa, ainda, o útero da

mãe terra, de onde os filhos da viúva nascem para uma nova vida. Esse conceito atual de masmorra foi introduzido pelos franceses na metade do Século XIX, influenciados pela Revolução Francesa e por um certo sentimento antimístico oriundo do Iluminismo francês, mas esses fatos não podem desvirtuar a sua origem.

Em segundo lugar, “retificando-te” significa, na verdade o “seguir em linha reta”, ou seja, agir em si mesmo com profundidade. Nesse momento de solidão, de encontro consigo mesmo, de meditação diante do inusitado, do desconhecido, o novo homem se retifica interiormente, uma “mudança”, que equivale a um “renascimento”, porque a finalidade da iniciação é justamente o renascimento,

deixando, de lado, todos os vícios de uma vida anterior para adotar novos padrões de conduta moral.

É evidente que não há perdas essenciais, uma vez que a “descida” para a “alma” não significa divórcio com a matéria, mas, apenas, uma momentânea separação, processada pela mente; um jogo de palavras que expressa profunda ação. E, ao fazer isso, mostra-se para o novo homem a pedra oculta que há dentro de todos. Tal pedra, ainda, encontra-se em estado bruto, necessitando ser lapidada, trabalhada, o que só acontece com o aprendizado constante, com a prática incessante das boas ações, com o respeito às normas, com a presença constante em Loja, com a aplicação dos

princípios fundamentais da Maçonaria, como a fraternidade e a humildade!

De nada adianta descobrir que, em seu interior, há uma pedra bruta, se essa pedra não é tocada, não tem a sua rusticidade conhecida, se nada se faz para seu polimento. Esse polimento é pesado, o desbaste das arestas, dos excessos, é doloroso, mas necessário para fazer crescer aquele que encontrou, dentro de si, o que o diferencia dos demais animais; a pedra oculta, isto é, a inteligência, a capacidade de raciocinar, de discernir entre o certo e o errado, de dominar o desejo pessoal, de vencer paixões e submeter vontades!

A menção à pedra oculta, ainda, significa atingir o mais profundo do Ego do iniciando e é usada como originária da força dos alquimistas, que acreditavam na Pedra Filosofal, ou seja, aquela que transformava os vis metais nos mais puros e raros, ou os metais inferiores em ouro. Esse processo de transmutação, visto pela alquimia prática como “Pedra Filosofal”, é, também, conhecido como Obra do Sol, ou Crisopeia, ou Arte Real.

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No entanto, para a alquimia oculta, a frase é um convite ao conhecimento do ser interior, da espiritualidade, já que a Obra do Sol é a transmutação do quaternário humano, inferior, no ternário divino, superior ao homem. Ou seja, descendo a profundidade da terra, abaixo da aparência exterior, que esconde a realidade interior das coisas e as revela, corrigindo o seu ponto de vista e a sua visão mental com o esquadro da razão e do discernimento espiritual, encontrará a Pedra Oculta ou a Pedra Filosofal, que constitui o Segredo dos Sábios e a verdadeira sabedoria.

A representação da verdade em uma Pedra não apresenta nada de estranho, quando se pensa que deve constituir a base sobre a qual repousa o edifício de nossos conhecimentos e sobre a qual se fará o Templo de nossas aspirações e de nosso, critério, sob cuja imagem devem enquadrar-se ou retirar-se todos os nossos pensamentos (Magister, Manual Del Aprendiz).

A Pedra Oculta é a do Sábio, que se pode transformar na Pedra Filosofal, ou seja, dentro de cada homem, há uma Pedra Oculta, conhecida, também, como

Pedra do Sábio, que o diferencia do animal irracional e o qualifica como ser humano.

Trabalhada a aquela, tem-se a Pedra Filosofal ou Polida, surgida com a transformação do bruto profano em um novo homem, um Maçom. Encontrada a Pedra Oculta, ou a do Sábio, mas, esquecendo-se de que o trabalho com essa Pedra Bruta deve ser constante, o homem não avança, não cresce espiritualmente, e a Pedra permanece Bruta, não dando a público a sua beleza interior, eivada de jaça, de sujeira, que a obscurece e a torna imprestável para o uso a que se destina.

O Maçom, que mantém a sua Pedra Oculta com traços de impureza, causados por ações ou omissões denominadas vícios, não pode ser chamado como tal, antes, pelo contrário, deve ser alijado do meio sadio para não impregná-lo com seu hálito sujo, pois é ele indigno de ser chamado de Irmão.

Daí poder afirmar-se, sem temor, que o trabalho do Maçom na Pedra Bruta deve ser diário e incessante, devendo ele, com constância, visitar o interior da terra, retificando-se, na busca da Pedra Oculta. E seguir trabalhando-a na busca da evolução contínua e infinita! ?

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DiamanteDiamante

Maria Teodora R. Guimarãesias atrás, um amigo de outros tempos lembrou-se do homem com a eterna imagem do diamante, que se vai lapidando através dos tempos,

buscando atingir sua beleza máxima, quando, finalmente, sua luz brilhará por inteiro e ele não mais precisará lutar tanto, para menos sofrer.

DD

Soubesse o homem que o diamante está dentro de si, compreenderia que o trabalho de lapidação é delicado e demorado. Cada etapa pode precisar de várias vidas para serem vencidas, e, enquanto ele não está polido e concluído, suas inúmeras farpas pontiagudas o ferirão ... de dentro para fora, se se mover bruscamente. Precisa aprender a tomar melhor conta de si, comportando-se com leveza, cuidado e brandura, sem arroubos de impulsividade ou contorções lamentosas, para que a lapidação se processe mais rapidamente e de forma quase imperceptível.

Mas, como o homem pensa pequeno e, portanto, acha que nasceu ontem, julga que sua dor vem de fora para dentro. O diamante em lapidação, que está dentro dos outros, também, tem pontas, mas não podem feri-lo, pois não lhe pertence. É a avaliação que faz dele, com suas raivas, culpas e medos, incrustados cada um num pedaço

pontiagudo de seu próprio diamante, que o machuca.Se aceitasse que, com a sucessão de vidas

individualizadas, no ritmo de cada um, está fazendo suas avaliações do mundo atual e do próximo, geralmente ofuscada pelas emoções, quem sabe, entendesse, também, que não precisaria sofrer tanto, criticar tanto e chorar tanto.

Longa é a estrada, mas linda é a joia, contida em cada homem, mesmo que disso, ainda,

não se tenha dado conta.E mais lindo, ainda, é pensar

que todos chegaremos lá, no momento de vislumbrarmos essa joia em todo o seu esplendor, em

todos os corações, pois a história do homem leva a pensar que as luzes do amor

e da paz tão almejadas, brilharão um dia soberanas sobre todas as contendas, já que o

tempo parece mesmo ser só uma ilusão.E, quando esse diamante tiver

brilhado, pela dor ou pela boa vontade, em cada coração, o homem já não se importará

tanto em ser amado, e, sim, em amar, independente de tudo o mais. Não haverá mais medo, culpa, raiva ou tristeza nesse homem, para alimentar sua dor. Sua nova visão do mundo e sua alegria o farão pensar no todo, antes de pensar em si mesmo.

A pressa de lá chegar... é de cada um. ?a b

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O autor é Desembargador Titular da Quarta Câmara Cível do TJRJ, Professor de Direito e Conferencista em cursos especializados em Perícias Judiciais, Presidente da Banca de Monografia na Escola de Magistratura – RJ e Membro da Academia de Letras, Ciências e Artes Ana Amélia – ALCAN-RJ.

“A Obra, como esclarece o próprio autor, está dividida em quatro partes, de forma a permitir abordagem abrangente, sistêmica, prática e detalhada sobre o tema. Por sua praticidade, clareza e objetividade, conjugadas ao seu ilustre valor didático e jurídico, a obra não poderia ser mais oportuna. Com ela o seu ilustre autor preenche uma lacuna que existia no tema enfrentado, coloca nas mãos dos operadores do Direito um valioso instrumento profissional e presta mais um relevante serviço à Justiça”. ?

Sérgio Cavalieri Filho Desembargador do TJ/RJ

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Conheçam o belo trabalho do Irmão Sérgio Quirino, o Pro-Maçom, periódico eletrônico que tem inspirado o ¼ de Hora de Estudos em muitas Lojas maçônicas. Enviem um e-mail para [email protected] e recebam, semanalmente.

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Indico o livro “REGNVM”, de autoria do Irmão Carlos Alberto Gonçalves, editado pela Editora A Trolha.

rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se

apresenta como mais um canal de informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, diretamente, via Internet, para 15.133 e-mails de Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “¼ de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho.

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Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33ºRevisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ - 33º Colaboradores nesta edição: Gabriel Campos Oliveira – Henrique José de Souza – Jeová Neves Carneiro – Maria Theodora R. Guimarães – Pizarro Loureiro – Roberto Campos Meneghesso.Empresas dos Irmãos Patrocinadores: Adalberto Domingues Advocacia - Arte Real Software – Bisotto Imóveis - CFC Objetiva Auto Escola – CONCIV – Corrêa de Souza Advocacia - Decisão Gestão Empresarial - Gerson Muneron Advocacia - López y López Advogados – Olheiros.com – Perícias & Avaliações - Pousada Mantega - Qualizan – Reinaldo Carbonieri Eventos – Reinaldo Pinto (livro) - Santana Pneus – Studio Allegro.Contatos: MSN - [email protected] E-mail – [email protected] Skype – francisco.feitosa.da.fonseca ( (35) 3331-1288 / 8806-7175

Temos um encontro marcado na próxima edição. Tenham todos uma boa leitura!

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