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DIREITO CIVIL V - CONTRATOS – PROFA. IDIENE VITOR 1º. Ponto: PRINCÍPIOS CONTRATUAIS E FASE PRELIMINAR DO CONTRATO I - PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 1- Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - Ref. direitos e garantias fundamentais: vida, imagem, privacidade, integridade física, etc - proteção do devedor X credor 2 - Princípio da AUTONOMIA DA VONTADE ou do CONSENSUALISMO É a BASE da noção dos contratos Posso optar por contratar ou não (exceção: seguro DPVAT) Posso escolher com quem contratar (cautela). Exceções: monopólio prestação serviços. E posso escolher o conteúdo do contrato (desde que não seja contrario à lei, a moral e a ordem pública. 2.1 RELATIVIZAÇÃO DA AUTONOMIA VISANDO O BEM COMUM (função social) Fundamentos legais: “Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato .” Art. 2.035. Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos . DIRIGISMO CONTRATUAL: proteção dos fracos e reequilíbrio das relações, de trabalho, consumidor, lei do inquilinato. Críticas: atrofia a economia. 2.2 VONTADE x PALAVRA ESCRITA: Art. 112 CC: Nas declarações de vontade se atenderá mais a intenção nelas consubstanciadas do que ao sentido literal da linguagem. Ex: cessão de direitos hereditários e posterior descoberta de bens - aluguel de parte, mas sem especificar 3 - Princípio da FORÇA OBRIGATÓRIA DO CONTRATO - utilidade do contrato É o PACTA SUNT SERVANDA INADIMPLEMENTO - solução conciliatória - medidas extrajudiciais administrativas – medidas judiciais (execução, cumprimento obrigação/ perdas e danos, expropriação de bens do devedor, se os tiver )

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DIREITO CIVIL V - CONTRATOS – PROFA. IDIENE VITOR

1º. Ponto: PRINCÍPIOS CONTRATUAIS E FASE PRELIMINAR DO CONTRATO I - PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 1- Princípio da  DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA- Ref. direitos e garantias fundamentais: vida, imagem, privacidade, integridade física, etc- proteção do devedor X credor 2 - Princípio da AUTONOMIA DA VONTADE ou do CONSENSUALISMO É a BASE da noção dos contratosPosso optar por contratar ou não (exceção: seguro DPVAT)Posso escolher com quem contratar (cautela). Exceções: monopólio prestação serviços. E posso escolher o conteúdo do contrato (desde que não seja contrario à lei, a moral e a ordem pública.

 2.1 RELATIVIZAÇÃO DA AUTONOMIA VISANDO O BEM COMUM (função social) Fundamentos legais: “Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.” Art. 2.035. Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.

 DIRIGISMO CONTRATUAL: proteção dos fracos e reequilíbrio das relações, de trabalho, consumidor, lei do inquilinato. Críticas: atrofia a economia.   2.2  VONTADE  x PALAVRA ESCRITA:Art. 112 CC: Nas declarações de vontade se atenderá mais a intenção nelas consubstanciadas do que ao sentido literal da linguagem.Ex: cessão de direitos hereditários e posterior descoberta de bens- aluguel de parte, mas sem especificar 3 - Princípio da FORÇA OBRIGATÓRIA DO CONTRATO- utilidade do contratoÉ o PACTA SUNT SERVANDA INADIMPLEMENTO - solução conciliatória                        - medidas extrajudiciais administrativas – medidas judiciais (execução, cumprimento obrigação/ perdas e danos, expropriação de bens do devedor, se os tiver)

 3.1 - MUDANÇA NA SITUAÇÃO DAS PARTES – TEORIA DA IMPREVISÃO (ou clausula Rebus sic stantibus = revogável se insustentável)Ex:   - prestações atreladas ao dólar

- Aluguel de casa na praia 4 - Princípio da  RELATIVIDADE SUBJETIVA DOS EFEITOS DO CONTRATOExceções:- herdeiros: limita-se as forças da herança. - estipulação em favor de terceiros.  Ex: seguro de vida. - no contrato com pessoa a declarar: Ex: compromisso de compra e venda

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- promessa de fato de terceiro: Ex: promotor de eventos - convenções coletivas (de consumo e trabalho) –obrigam a todos os trabalhadores e consumidores filiados. 5 - Princípio da  BOA FÉ – art. 422:Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fe. 5.1- Lealdade e confiança recíprocas (fidelidade, transparência, sem omissões dolosas  que prejudiquem a exata compreensão do que se está contratando) Ex: contratos de  seguro (doenças preexistentes, garagem, etc). 5.2 - informação: das características e circunstâncias do negócio e do seu objetoEx: mandato ad  judicia serviços médicos (obs: esterilização) compra de carro que vai sair de linha 5.3 - assistência ou colaboração e cooperação Ex:  dificultar o pagamento dificultar o cumprimento da obrigação pelo empreiteiro 5.4- confidencialidade ou sigilo 

II - FASES DO CONTRATO 

1.  Noções iniciaisCONTRATO VÁLIDO ---------------------------- RELAÇÃO OBRIGACIONAL                                                CRIA 

A)  Deveres Jurídicos Principais (dar, fazer, não fazer)B)  Deveres  Jurídicos Anexos/Acessórios (boa fé objetiva) 

2.  NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES FASE DE PUNTUAÇÃO -----CONSENTIMENTO* -----------CONTRATO POLICITAÇÃO (proposta de contratar) 

- POLICITANTE (proponente, ofertante)                                       - OBLATO (aceitante) A PROPOSTA DE CONTRATAR OBRIGA O POLICITANTE?

A regra é SIM, embora haja exceções.O arrependimento pode causar prejuízos (ex: oferta de carro ou imóvel). 

EXCEÇÕES (arts. 427 e 428):- se o policitante ressalvou a reserva de se retratar/arrepender de concluir o negócio (isso não vale nas relações do CDC);- se a não  obrigatoriedade resultar da natureza do negócio. Ex: (estoque).-  se a não obrigatoriedade resultar de circunstâncias do caso – livre apreciação judicial.  PROPOSTA – PRAZO DE  VALIDADE – art. 428Diferenciação importante: Pessoa PRESENTE: mantem contato DIRETO E SIMULTANEO com a outra – pessoalmente ou virtualmentePessoa AUSENTE

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 - A aceitação deve ser IMEDIATA entre PRESENTES (428, I); - se for pessoa AUSENTE aguarda-se 1 prazo para a resposta chegar        * não valerá a proposta:        - se no prazo dado a resposta/aceitação não tiver sido expedida- se antes da aceitação, chegar a retratação do proponente  TEORIAS A RESPEITO DA FORMAÇÃO DO CONTRATO ENTRE AUSENTES

A)  Teoria da COGNIÇÃO: o contrato se forma quando a resposta do aceitante chega ao conhecimento do proponente 

B) Teoria da AGNIÇÃO: a reposta não precisa chegar. Subdivisão: B1. Da declaração propriamente dita: quando o aceitante emite sua vontade, redige, datilografa ou digita a respostaB2. Da expedição: quando a resposta é expedidaB3. Da RECEPÇÃO: quando o proponente recebe a resposta  - dispensa que leia a mesma– ver 433 CC  ATIVIDADE 1 – DIREITO CIVIL V – CONTRATOS

Caso 1 - Carlos compra um carro  parcelado em dez vezes, mensais e consecutivas,  de seu conhecido João, sem elaborar contrato. A transferência regular do veículo foi feita e Carlos emitiu 10 cheques pre-datados para o pagamento.  O carro tem muita utilidade para Carlos, já que leva suas crianças para a escola, serve para transportá-lo até o trabalho e levar seus pais doentes para consultas e internações. No terceiro mês Carlos  fica desempregado e as prestações ficam impossíveis de se pagar, ameaçando a sobrevivência de sua família. Ele lhe procura para ser orientado a respeito da possibilidade de se rever o valor das prestações ou dilatar o prazo para pagamento.Com base no conteúdo das aulas ministradas até o  momento oriente seu cliente Carlos, fundamentando a resposta. Caso 2 - Carlos compra um carro  parcelado em dez vezes, mensais e consecutivas,  de seu conhecido João, sem elaborar contrato. A transferência regular do veículo foi feita e Carlos emitiu 10 cheques pre-datados para o pagamento.  O carro tem muita utilidade para Carlos, já que leva suas crianças para a escola, serve para transportá-lo até o trabalho e levar seus pais doentes para consultas e internações. No terceiro mês Carlos  fica desempregado e as prestações ficam impossíveis de se pagar, ameaçando a sobrevivência de sua família. João  lhe procura para ser orientado a respeito da possibilidade de  reaver o veículo, pois também está passando por dificuldades financeiras e fez compromisso com o valor que receberia da referida venda. Com base no conteúdo das aulas ministradas até o  momento oriente seu cliente João fundamentando a resposta.  

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2º. Ponto: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

I – CONCEITO

“Contrato é fonte de obrigação” (Gonçalves, 2014, p. 13);

“O contrato é um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas próprias vontades” (Stolze, 2014, p. 49);

“ Contrato é a convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica patrimonial” (Fuher, 2012, p. 37).

II – NATUREZA JURÍDICA

III - CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

1. QUANTO À NATUREZA DA OBRIGAÇÃO

A)CONTRATOS UNILATERAIS, BILATERAIS E PLURILATERAIS

- BILATERAL OU SINALAGMÁTICO : direitos e obrigações recíprocas. Ex: empreitada de mão de obra e materiais.

Consequências:

- Incidência da EXCEPTIO NON ADIMPLETI CONTRATUS – 467 CC;

- 477 CC – previsão de GARANTIA DE EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO A PRAZO;

- 475 CC – CONDIÇÃO RESOLUTIVA PELO INADIMPLEMENTO - incidem perdas e danos (c/ opção de manutenção contratual);

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- VICIOS REDIBITÓRIOS E EVICÇÃO;

- UNILATERAL : implica em direitos e obrigações para apenas um dos contraentes. Ex: doação pura, depósito.

* Bilateral imperfeito: figura intermediária.

- PLURI OU MULTI-LATERAL: quando há mais de 2 contratantes com obrigações. Ex: constituição de uma sociedade ou de um condomínio.

B)CONTRATOS ONEROSOS OU GRATUITOS

- ONEROSOS: sacrifícios e benefícios recíprocos (ex: compra e venda);

- GRATUITOS (OU BENÉFICOS): quando somente uma das partes auferirá benefício, enquanto a outra terá obrigações, ex: - doação pura- depósito- mandato- fiança ............................ obs: há modalidade gratuita e onerosa

PROMESSA DE DOAÇÃO – LIBERALIDADE – discussão doutrinária – precedentes jurisprudenciais.

NO DIREITO DE FAMÍLIA –– exequibilidade.

Caso concreto Escritório Escola – prevalência da vontade real (art. 112 CC).

C)CONTRATOS COMUTATIVOS OU ALEATÓRIOS

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- COMUTATIVOS: quando as prestações se equivalem, conhecendo os contratantes, desde o início as suas respectivas prestações. Ex: compra e venda e contrato de trabalho.

- ALEATÓRIOS: As partes se arriscam a uma contraprestação inexistente ou desproporcional. Ex: seguro

Contrato comutativo acidentalmente aleatório:- compra e venda de uma colheita futura

Subdivisão dos Contratos de COMPRA E VENDA ALEATÓRIOS : - artigos 458 a 461:

C1 – 458 CC - Contrato de compra de coisa futura, com assunção de risco pela existência (EMPTIO SPEI); C2 – 459 CC - Contrato de compra de coisa futura, sem assunção de risco pela existência (EMPTIO REI SPERATAE): não há a assunção total de riscos pelo contratante, tendo em vista que o alienante se comprometeu a que alguma coisa fosse entregue;

C3 – 460 CC - contrato de compra de coisa presente, mas exposta a risco assumido pelo contratante: versa sobre a venda de coisa atual sujeita a riscos. Ex: compra de mercadoria embarcada.OBS: MÁ-FÉ.

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3º. Ponto: CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS - Continuação

1. QUANTO À NATUREZA DA OBRIGAÇÃO:

D) CONTRATOS PARITÁRIOS OU POR ADESÃO

PARITÁRIOS : igualdade das partes;

POR ADESÃO: um dos contratantes impõe as cláusulas do negócio jurídico.

Características:

– oferta a uma coletividade;

- moderno mecanismo negocial (dificuldades da personalização);

- torna as negociações rápidas e baratas;

Questionamentos:

- há um embate entre forte e fraco?

- Existe CONSENTIMENTO nesse tipo de contrato?

- Pode-se incluir clausulas no formulário? Continuará sendo de adesão?

- Contratos de papelaria são de adesão?

- há tamanho mínimo de letra para os contratos de adesão?

Figura intermediária:

CONTRATO-TIPO (contrato de massa, em série ou por formulários): com espaços em branco. Podem ser acrescentadas clausulas. CRG: ex: contratos bancários, espaços para taxa de juros, prazo e condições do financiamento.

E) CONTRATOS EVOLUTIVOS (Arnoldo Wald) – figuras contratuais do DIREITO ADMINISTRATIVO, em que é estabelecida a equação financeira do contrato, impondo-se a compensação de eventuais alterações sofridas no curso do contrato, pelo que o mesmo viria com cláusulas estáticas, propriamente contratuais, e outras dinâmicas, impostas por lei.

2. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DISCIPLINA JURÍDICA :CIVIS COMERCIAIS CONSUMERISTASTRABALHISTAS ADMINISTRATIVOS OBS: diferença dos contratos civis e contratos de direito público.

3. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO À FORMA

A) SOLENES (FORMAIS ou AD SOLEMNITATEM ) ou NÃO SOLENES (INFORMAIS ) – refere-se a imprescindibilidade de uma FORMA específica para a validade do contrato.

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Regra no nosso direito: informais e consensuais (arts. 107, 104, III, CC)

Cautela: art. 227 CC – prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse 10 vezes o valor do sm. vigente no país ao tempo em que foram celebrados.

Ex: SOLENES: compra e venda de imóvel + de 30 s.m.: escritura pública + registro (arts. 108 CC, 1227, 1245).

- doação* somente por ESCRITO (exceção 541, parag. 1º.)- seguro e fiança (1.483): somente por ESCRITO

Ex. NÃO SOLENES/INFORMAIS (têm forma livre): - locação e comodato (que podem ser verbais, bastando o consenso); - compra e venda de bens móveis;- Corretagem: TJSC;

B) CONSENSUAIS OU REAIS – referem-se à maneira/forma pela qual o negócio jurídico é considerado ultimado:

a. Consensuais : se concretizam com a simples declaração de vontade. Ex: locação.Obs: eventual desistência pode acarretar perdas e danos ou até execução compulsória do art. 475.

b. Reais : exigem mais: a entrega da coisa (TRADIÇÃO) . Podem até ser verbais/informais mas não nascem antes da entrega da coisa.

Ex: comodato, mútuo, depósito. Aqui a entrega não é cumprimento do contrato, mas fase da própria celebração.

DIFERENCIAÇÃO DE EFEITOS – Ex. locação e comodato de uma casa:

- no comodato só haverá contrato após a ocupação efetiva da casa;

- na locação: o contrato surge com o acordo de vontades e eventual desistência do locador (mesmo antes da entrega das chaves), enseja perdas e danos (389).

4. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO À DESIGNAÇÃO

A) NOMINADOS : têm terminologia ou nomenclatura prevista expressamente em leiB) INOMINADOS : frutos da criatividade humana.

5. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO À PESSOA DO CONTRATANTEA) PESSOAIS OU IMPESSOAIS

- pessoais/personalíssimos: são os realizados intuitu personae, que tem influência decisiva para o consentimento do outro, por suas características ou qualidades particulares.

ex: contrato um artista para cantar em meu casamento. O inadimplemento resolve-se em perdas e danos.

-impessoais : só interessa o resultado da atividade contratada, independentemente de quem seja a pessoa que irá realiza-la. Nesses contratos se admite a execução forçada do contrato (475). Ex: pagamento de uma dívida.

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B) INDIVIDUAIS OU COLETIVOS

INDIVIDUAIS: As vontades são consideradas individualmente, ainda que envolva várias pessoas – CRG.

COLETIVO (OU NORMATIVO): acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais, sendo denominados convenções coletivas. Há também contrato coletivo no âmbito de Direito de Empresa (por pessoas jurídicas representativas de determinadas indústrias ou sociedades empresárias. Ex: destinado a inibir a concorrência desleal, a incentivar a pesquisa, a desenvolver a cooperação mútua) – CRG.

C) AUTOCONTRATO?

Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.

Conceito: ocorre quando “um dos sujeitos é representado por outro com poderes para celebrar contratos e que, em vez de pactuá-lo, estipula-o consigo próprio” (Stolze).

Validade do contrato:

- se houver autorização prévia e de forma específica para a conclusão do negócio;

- inexistência de conflito de interesses e prejuízo (autorizações genéricas);

- ratificação posterior do titular do direito.

CDC:

Dos Contratos de Adesão

        Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.         § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.

        § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior.

        § 3o  Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.

        § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.

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4º. Ponto: CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS - continuação

2. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO AO TEMPO :

INSTANTÂNEOS - Execução IMEDIATA- Execução DIFERIDA

DE DURAÇÃO - DETERMINADA - INDETERMINADA

A) INSTANTÂNEOS (execução imediata ou execução diferida)

- contratos instantâneos: aqueles cujos efeitos são produzidos de uma só vez (ex: compra e venda a vista de bens móveis, que se consuma com a tradição);

- de execução imediata: consumam-se em um só ato, sendo cumpridos imediatamente após a celebração do contrato (ex: compra e venda à vista)

- de execução diferida: cumprem-se em um só ato, mas em momento futuro (ex: entrega, em determinada data, do objeto vendido).

B)DE DURAÇÃO (de trato sucessivo / de execução continuada ou débito permanente): são aqueles que se cumprem por meio de atos reiterados. - de duração determinada: quando há previsão expressa de termo final ou condição resolutiva a limitar a eficácia do contrato (ex: compra e venda a prazo);

- de duração indeterminada: quando não há essa previsão, e que se cumprem por meio de atos reiterados. Ex: contrato de locação sem prazo.

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3. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO À DISCIPLINA LEGAL ESPECÍFICA

A)CONTRATO TÍPICO: quando está disciplinado/regulado pelo Direito positivo;

B)CONTRATO ATÍPICO: não há previsão legal do contrato (ex: contrato de cessão de clientela). É licito as partes estipular tais contratos, observadas as normas gerais da lei – art. 425 do CC.

4. CLASSIFICAÇÃO PELO MOTIVO DETERMINANTE DO NEGÓCIO

A)CAUSAIS : estão vinculados à causa que os determinou, podendo ser declarados inválidos, se a mesma for considerada inexistente, ilícita ou imoral.

B)ABSTRATOS: são aqueles cuja força decorre da sua própria forma, independentemente da causa que o estipulou. Ex: títulos de credito.

5. CLASSIFICAÇÃO PELA FUNÇÃO ECONÔMICA

A)DE TROCA: caracterizado pela permuta de utilidades econômicas. Ex: compra e venda;

B)ASSOCIATIVOS: caracterizado pela coincidência de fins. Ex: contrato de sociedade e parceria;

C)DE PREVENÇÃO DE RISCOS: caracterizado pela assunção de riscos por parte de um dos contratantes, resguardando a possibilidade de dano futuro e eventual. Ex: contrato de seguro;

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D)DE CRÉDITO : caracterizado pela obtenção de um bem para ser restituído posteriormente, calcada na confiança dos contratantes e no interesse de obtenção de uma utilidade econômica em tal transferência. Ex: mútuo feneratício;

E)DE ATIVIDADE: caracterizado pela prestação de uma conduta de fato, mediante a qual se conseguirá uma utilidade econômica. Ex: prestação de serviços;

6. CONTRATOS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

A)CLASSIFICAÇÃO QUANTO À RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA

a. PRINCIPAIS: são os que têm existência autônoma, independentemente de outro.

b. ACESSÓRIOS: aqueles cuja existência jurídica pressupõe a de outros contratos, a qual servem. Ex: fiança.

Obs: Nulo o principal, o acessório segue o mesmo caminho – art. 184.

CONTRATOS DERIVADOS (ou subcontratos): têm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato, denominado básico ou principal (ex: sublocação).

Nessa espécie de contrato, um dos contratantes transfere a terceiro a utilidade correspondente à sua posição contratual, SEM SE DESVINCULAR.

B)CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DEFINITIVIDADE

B1.PRELIMINARES ou pactum de contrahendo ou pré-contrato: têm por finalidade a celebração de um contrato definitivo (é exceção no nosso sistema jurídico).

- na compra e venda de imóvel:

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- promessa de compra e venda; - ou compromisso de compra e venda, se irretratável e irrevogável.

B2 DEFINITIVOS.

ATIVIDADES:

1. Embora sujeito às constantes mutações e às diferenças de contexto em que é aplicado, o conceito tradicional de contrato sugere que ele representa o acordo de vontades estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos.

Tomando por base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa correta.

a)A  celebração  de  contrato  atípico,  fora  do  rol  contido  na  legislação,  não  é  lícita, pois as partes não dispõem da liberdade  de  celebrar  negócios  não  expressamente  regulamentados por lei. 

b)  A atipicidade  contratual  é  possível,  mas,  de  outro  lado, há regra  específica prevendo não ser lícita a  contratação que tenha por objeto a herança de pessoa viva, seja por meio  de contrato típico ou não

c)   A  liberdade de contratar é  limitada pela  função social do  contrato  e  os  contratantes  deverão  guardar, assim  na  conclusão, como  em  sua  execução,  os  princípios  da  probidade  e da  boa-fé  subjetiva,  princípios  esses  ligados  ao  voluntarismo e  ao  individualismo  que  informam  o  nosso Código Civil. 

d) Será  obrigatoriamente  declarado  nulo o contrato de adesão que contiver cláusulas ambíguas ou contraditórias. 

2.Maria entregou à sociedade empresária JL Veículos Usados um veículo Vectra, ano 2008, de sua propriedade, para ser vendido pelo valor de R$ 18.000,00. Restou acordado que o veículo ficaria exposto na loja pelo prazo máximo de 30 dias. Considerando a hipótese acima e as regras do contrato estimatório, assinale a afirmativa correta.

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 A)O veículo pode ser objeto de penhora pelos credores da JL Veículos

Usados, mesmo que não pago integralmente o preço.

B)A sociedade empresária JL Veículos Usados suportará a perda ou deterioração do veículo, não se eximindo da obrigação de pagar o preço ajustado, ainda que a restituição se impossibilite sem sua culpa.

C)Ainda que não pago integralmente o preço a Maria, o veículo consignado poderá ser objeto de penhora, caso a sociedade empresária JL Veículos Usados seja acionada judicialmente por seus credores.

D)Maria poderá dispor do veículo enquanto perdurar o contrato estimatório, com fundamento na manutenção da reserva do domínio e da posse indireta da coisa.

23.Joana deu seu carro a Lúcia, em comodato, pelo prazo de 5 dias, findo o qual Lúcia não devolveu o veículo. Dois dias depois, forte tempestade danificou a lanterna e o parachoque dianteiro do carro de Joana. Inconformada com o ocorrido, Joana exigiu que Lúcia a indenizasse pelos danos causados ao veículo. Diante do fato narrado, assinale a afirmativa correta. 

A)Lúcia incorreu em inadimplemento absoluto, pois não cumpriu sua prestação no termo ajustado, o que inutilizou a prestação para Joana.

B) Lúcia não está em mora, pois Joana não a interpelou, judicial ou extrajudicialmente.

C)Lúcia deve indenizar Joana pelos danos causados ao veículo, salvo se provar que os mesmos ocorreriam ainda que tivesse adimplido sua prestação no termo ajustado. 

D) Lúcia não responde pelos danos causados ao veículo, pois foram decorrentes de força maior.

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DIREITO CIVIL V - CONTRATOS – PROFA. IDIENE VITOR

5º. Ponto: DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO. DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO. DO CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR. DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS.

3 Exceções ao PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DOS CONTRATOS (títulos 1, 2 e 3):

1 DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO – artigos 436/ 438 CC

1.1 CONCEITO: Por meio da estipulação em favor de terceiro, ato de natureza essencialmente contratual, uma parte convenciona com o devedor que este deverá realizar determinada prestação em benefício de outrem, alheio à relação jurídica-base (Gagliano).

1.2 NATUREZA JURÍDICA :

1.3 FIGURAS:

Estipulante Promitente Beneficiário - alguém determinável

- pode ser futuro (prole eventual)- vedação: doação de homem casado à concubina (seguros também).

1.4 PECULIARIDADES E EFEITOS :

1.4.1 - Quanto à exigibilidade da obrigação:

Ex: faço um seguro de vida e acidentes pessoais para beneficiar meu filho e este se acidenta. Ele pode ajuizar ação contra seguradora?

a) pelo CONTRATANTE– 436.

b) DÚPLICE: depende de anuência expressa do 3º. e ausência de substituição;

c) pelo 3º BENEFICIÁRIO: mediante previsão contratual. Exclui o direito do contratante exonerar o promitente – 437.

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1.4.2 - da possibilidade de SUBSTITUIÇÃO DO BENEFICIÁRIO: a qualquer momento, mediante comunicação ao outro contratante.

Ex: alugo minha casa e determino que o aluguel seja pago a meu irmão desempregado. Ele está contando com esse valor todo mês para comprar alimentos, etc.

- a SUBSTITUIÇÃO depende de ANUÊNCIA do beneficiário ou do outro contratante? - necessidade de RESERVA no contrato – 438.

- FORMA DA SUBSTITUIÇÃO: atos inter vivos ou mortis causa Silvio Rodrigues: estipulação for a título oneroso: injustiça na substituição sem anuência.

2 DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO – 148 a 152

2.1 CONCEITOÉ a possibilidade de um contratante obrigar-se perante outro a obter, de terceiro, determinada obrigação, sob pena de responder por perdas e danos.

Obs: diferença com MANDATO.

2.2 NATUREZA JURÍDICA

A promessa de fato de terceiro é um negócio jurídico submetido a um fator eficacial (com um elemento acidental que limita a obrigação – a responsabilidade civil pelo descumprimento do contrato) – Stolze.

CRG: trata-se de obrigação de fazer.

2.3 EXCLUSÃO DA OBRIGAÇÃO

Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar (obs: regra geral).

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Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este (outrem, 3º.), depois de se ter obrigado , faltar à prestação.

Art. 439....

Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.

Ex. João, casado com Clara pelo regime da comunhão universal, promete que ele e sua esposa irão vender um imóvel para Pedro. Se a transferência não se concretizar, João não poderá ser responsabilizado, porque eventuais perdas e danos recairiam também no patrimônio de sua esposa Clara, que não participou da avença.

3. DO CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR (CLAUSULA PRO AMIGO ELIGENDO)

3.1 CONCEITO: Trata-se de contrato no qual se introduz a cláusula especial pro amigo eligendo ou pro amigo electo, pela qual uma das partes se reserva a faculdade de nomear quem assuma a posição de contratante. A pessoa designada toma, na relação contratual, o lugar da parte que a designou (Orlando Gomes).

Ex: contratos de compromisso de compra e venda.

3.2 FIGURAS:ContratanteContratado3º. que vai tomar o lugar do contratante ou do contratado

3.3 FORMA E PRAZO :

- forma para o 3º. expressar a sua concordância: simetria; - prazo para comunicar a substituição ao outro contraente: 5 dias, se outro prazo não se estipulou - 468- eficácia da nomeação: retroage a data da celebração do contrato

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- ineficácia da cláusula (o contrato vai valer apenas entre as partes originárias) 470, 471:

a- se não houver indicação de pessoa; b- se o nomeado se recusar a aceita-la;c- se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação;d- se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da aceitação.

4 DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS – 227 a 242

4.1 CONCEITO: são defeitos ocultos que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da coisa recebida por força de um contrato comutativo (Gagliano).

4.2 FUNDAMENTO JURÍDICO: princípio da GARANTIA, segundo o qual todo alienante deve assegurar, ao adquirente, a título oneroso, o uso da coisa por ele adquirida e para os fins a que é destinada.

4.3 CONTRATOS EM QUE SE APLICA: Bilaterais e comutativos:

- compra e venda;- dação em pagamento;- permuta;- doações onerosas, até o limite do encargo; - doações remuneratórias até o limite dos serviços prestados (CRG).

Excludentes:

- defeito aparente;- defeito posterior à tradição, por mau uso ou desídia do adquirente;

FIGURAS PARECIDAS:- coisa diversa da contratada: inadimplemento contratual – perdas e danos (389);- erro quanto as qualidades essenciais do objeto (ex:falso relógio de ouro) – anulabilidade em 4 anos (178, II).

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4.4 REQUISITOS:

a) Existência de um contrato comutativo (translativo da posse e da propriedade da coisa), ou doação onerosa ou remuneratória;

b) Um defeito oculto; c) Defeito existente no momento da tradição; d) Defeito desconhecido do adquirente; e) DEFEITOS GRAVES: - que prejudiquem o uso da coisa

- ou lhe diminuam o valor

4.5 AÇÕES EDILÍCIAS: 442 CC

- AÇÃO REDIBITÓRIA

- AÇÃO QUANTI MINORIS OU ESTIMATÓRIA

4.6 EFEITOS

a) BOA-FÉ DO ALIENANTE : a ignorância dos vícios pelo alienante NÃO o exime da responsabilidade (restituirá o valor recebido mais as despesas do contrato);

b) MÁ-FÉ DO ALIENANTE : além de restituir o que recebeu, ainda responderá por perdas e danos.

c) PERECIMENTO DO BEM EM MÃOS DO ALIENATÁRIO: se o vício era oculto, já existente ao tempo da tradição, o alienante deve indenizar.

4.7 PRAZOS (decadenciais – 445 CC)

- bem móvel: 30 dias

- bem imóvel – um ano ......................contados da TRADIÇÃO

REDUÇÃO DE PRAZOS:

POSSE anterior da coisa: redução pela METADE (15 DIAS E 6 MESES)Ex: Stolze – arrendatário que posteriormente adquire a fazenda arrendada.

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JUSTIFICATIVA: existência de decurso de tempo maior para a detecção do defeito, pelo adquirente que já exercia posse.

Mas e se estivesse na posse há apenas 1 dia?

Como fazer? Dependendo do vício, há a alternativa do parág. único do art. 445:

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse , o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

§ 1 o Quando o vício, por sua natureza , só puder ser conhecido mais tarde , o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias , em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis (PRAZOS LIMITES PARA O DEFEITO “APARECER”).

COEXISTENCIA DE DUAS GARANTIAS: legal e contratual

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.

- exige-se BOA FÉ do adquirente.- seu silencio é considerado MÁ-FÉ: os efeitos danosos do vício poderão SE AGRAVAR, em virtude de seu comportamento omissivo.

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DIREITO CIVIL V - CONTRATOS 2015 – PROFA. IDIENE VITOR

6º. Ponto: DA EVICÇÃO – arts. 447 a 457 do CC.

1.NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

latim evincere.

Garante contra venda a non domino.

Semelhanças e diferenças com vício redibitório:

- VR: garante o uso e gozo da coisa, proteção contra vícios ocultos.- EVICÇÃO: garante contra os defeitos do direito transmitido.

2. CONCEITO : a evicção consiste na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa transferida, por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de terceiro, denominado evictor (Gagliano).

3. FIGURAS:

ALIENANTE – deve responder pelos riscos da evicção;

EVICTO – adquirente que perde a coisa;

EVICTOR – terceiro – que vence a ação e recupera a coisa.

4.FORMAS DE PERDA:

- POR SENTENÇA:- art. 447 – hasta pública: ainda que a aquisição se dê em hasta pública;

Contra quem o evicto deverá se voltar para obter ressarcimento do bem perdido?

A deve R$20.000,00 para B e não paga. B executa A e, como esse se nega a pagar, penhora-lhe um veículo, que vai a leilão.No leilão, o veículo é arrematado por C.Posteriormente, D (verdadeiro dono do veículo) entra com uma ação reivindicatória contra C, para reaver seu bem.

C deverá denunciar quem a lide?

- A – devedor executado (Gagliano)- B– credor exequente (Araken de Assis, se insolvente A)

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- O Estado (Araken de Assis, solidariamente com as partes)

- POR ATO ADMINISTRATIVO: apreensão policial, alfandegária ou administrativa (jurisprudência – Fuhrer).

5. CONTRATOS EM QUE SE APLICA :

- translativos de posse ou propriedade, a título ONEROSO;

OBS: DOAÇÃO :

regra - NÃO INCIDE EVICÇÃO.

exceção:

- salvo se for modal (onerosa ou gravada de encargo)

- art. 552 - para casamento com certa e determinada pessoa o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.

6.FUNDAMENTO JURÍDIC0 – princípio da garantia. Decorre de lei, ainda que não haja previsão contratual.

4.EXTENSÃO DA GARANTIA – DIREITOS DO EVICTO:

a) Restituição integral do PREÇO:Calculo: valor da coisa na época em que se evenceu e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial - 450 p. único.

b) Indenização dos FRUTOS que tiver sido obrigado a restituir;

c) Das DESPESAS DO CONTRATO;

d) dos PREJUÍZOS resultantes diretamente da evicção (impostos, lavratura e registro de escritura, juros e correção monetária);

e) CUSTAS JUDICIAIS e HONORÁRIOS.

5. DA COISA EVENCIDA: BENFEITORIAS E DETERIORAÇÃO

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- COISA DETERIORADA: o alienante tem a obrigação de ressarcir os prejuízos mesmo assim, EXCETO se houver DOLO DO ADQUIRENTE – 451Ex: adquirente, percebendo que iria perder o imóvel, o incendeia.

- AUFERIMENTO DE VANTAGENS DA DETERIORAÇÃO, PELO EVICTO: (ex: vendendo material de demolição): serão deduzidas da verba a receber (a não ser que tenha sido condenado a indenizar o terceiro reivindicante – 452)

- BENFEITORIAS feitas na coisa: o evicto tem direito a ser indenizado das necessárias e úteis.

A responsabilidade primeira, pelo pagamento dessas benfeitorias, é do EVICTOR (vai tirar vantagens delas).

Mas, se as benfeitorias tiverem sido feitas pelo alienante e abonadas ao evicto pelo evictor, o valor delas será levado em conta na restituição devida (pelo alienante) – 454.

Ex: O telhado da casa evencida foi trocado e abonado pelo evictor. Na indenização devida pelo alienante ao evicto-adquirente, o valor desse telhado deverá ser abatido (em proveito do alienante).

6 REQUISITOS DA EVICÇÃO

A) PERDA TOTAL OU PARCIAL DA PROPRIEDADE OU POSSE da coisa alienada;

B) ONEROSIDADE DA AQUISIÇÃO

C) IGNORANCIA, PELO ADQUIRENTE, DA LITIGIOSIDADE DA COISA – 457: se a conhecia, presume-se ter assumido o risco de a decisão ser desfavorável ao alienante.

OBS: DENUNCIAÇÃO DA LIDE AO ALIENANTE

Art. – 456 do CC: “Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lho determinarem as leis do processo”.

CÓDIGO PROCESSUAL EM VIGOR:

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A notificação é feita por denunciação da lide – 70, I, CPC

FINALIDADE: para que o alienante venha ajudar o adquirente-réu-denunciante na defesa do direito sobre a coisa.

Instaura-se uma lide secundária entre o adquirente e o alienante, no mesmo processo da lide principal travada entre reivindicante e o adquirente.

Possibilidade de DENUNCIAÇÕES SUCESSIVAS. (NOVO CPC: só 1 denunciação sucessiva).

SE NÃO FOR FEITA DENUNCIAÇÃO DA LIDE PELO ADQUIRENTE RÉU: 2 correntes:

- o adquirente NÃO poderá exercer o direito decorrente da evicção.

- STJ E STOLZE: PERDA APENAS DE UMA OPORTUNIDADE, NÃO DO DIREITO DE DEMANDAR PELA EVICÇÃO ATRAVÉS DE AÇÃO AUTÔNOMA.

NOVO CPC: Art. 125

- A DENUNCIAÇÃO NÃO É OBRIGATÓRIA (É POSSÍVEL AÇÃO AUTÔNOMA);

- Admite-se UMA ÚNICA denunciação sucessiva .

7 ESPÉCIES DE EVICÇÃO

A)EVICÇÃO TOTAL

B)EVICÇÃO PARCIAL:

B1- com perda considerável da coisa – OPÇÕES:

- rescisão do contrato (retorno ao status quo ante);

- restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido.

Ex: evicto comprou 100 alqueires de terra e perdeu sessenta. Pode optar por:- rescindir o contrato - ou ficar com o remanescente, recebendo a restituição da parte do preço correspondente aos 60 alqueires que perdeu.

B2 – perda não considerável:

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- caberá somente direito a indenização proporcional: art. 455.

8 EVICÇÃO E AUTONOMIA DA VONTADE

8.1 FORMA: expressa, O EVICTO DEVE SER INFORMADO DO RISCO DA EVICÇÃO E O ASSUMIDO, RENUNCIANDO A GARANTIA.

8.2 MODALIDADES DE GARANTIA:

a- REFORÇO da garantia – ex: devolução do preço em dobro, multa em percentual;

b- DIMINUIÇÃO da garantia – permitindo a devolução apenas em parte;

c- EXCLUSÃO – art. 448 – NATUREZA DE CONTRATO ALEATÓRIO .

9 -PRESCRIÇÃO

STJ e Gagliano – 3 ANOS, REF. A REPARAÇÃO CIVIL – CONTADOS A PARTIR DO MOMENTO EM QUE PERDEU A COISA.

10. NOVAS REGRAS PROCESSUAIS - LEI Nº 13.105, DE   16 DE MARÇO DE 2015.

OBS: passará a vigorar no dia 17 de março de 2016 – um ano após a publicação oficial.

DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE

Art. 125.  É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:

I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.

§ 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.

§ 2o Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.

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Art. 126.  A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131.

Art. 127.  Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.

Art. 128.  Feita a denunciação pelo réu:

I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado;

II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;

III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.

Parágrafo único.  Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.

Art. 129.  Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide.

Parágrafo único.  Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.