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TOMADA DE DECISÃO COM INFORMAÇÃO DO RISCO NO CONTEXTO DO LICENCIAMENTO DE UMA UNIDADE DE CONVERSÃO DE HEXAFLUORETO DE URÂNIO João da Silva Gonçalves Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Nuclear, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Nuclear. Orientador: Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo Rio de Janeiro Março de 2015

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TOMADA DE DECISÃO COM INFORMAÇÃO DO RISCO NO CONTEXTO DO

LICENCIAMENTO DE UMA UNIDADE DE CONVERSÃO DE HEXAFLUORETO

DE URÂNIO

João da Silva Gonçalves

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Nuclear, COPPE, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Nuclear.

Orientador: Paulo Fernando Ferreira Frutuoso

e Melo

Rio de Janeiro

Março de 2015

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TOMADA DE DECISÃO COM INFORMAÇÃO DO RISCO NO CONTEXTO DO

LICENCIAMENTO DE UMA UNIDADE DE CONVERSÃO DE HEXAFLUORETO

DE URÂNIO

João da Silva Gonçalves

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA NUCLEAR.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Paulo Fernando Frutuoso Ferreira e Melo, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Carlos André Vaz Júnior, D.Sc.

________________________________________________

Dr. Pedro Luiz da Cruz Saldanha, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO DE 2015

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Gonçalves, João da Silva

Tomada de Decisão com Informação do Risco no

Contexto do Licenciamento de uma Unidade de Conversão

de Hexafluoreto de Urânio / João da Silva Gonçalves. – Rio

de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2015.

XV, 114 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo

Dissertação (Mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Nuclear, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 87-95.

1. Informação do Risco. 2. Hexafluoreto de urânio. 3.

Ciclo do combustível nuclear. 4. Licenciamento de uma

Unidade de Conversão. I. Melo, Paulo Fernando Ferreira

Frutuoso. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

COPPE, Programa de Engenharia Nuclear. III. Título.

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“Ninguém pode voltar no tempo e modificar o passado, mas pode começar hoje

a construir um novo futuro.”

(Chico Xavier)

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela oportunidade de estar aqui buscando entender sua criação.

Aos meus pais, Ivone e Jurandir, por todo apoio e incentivo ao estudo e ao

desenvolvimento do homem de bem durante toda a minha vida.

Ao meu orientador Paulo Fernando por ter me incentivado, preparado e

acompanhado durante o mestrado. Pela parceria, amizade, paciência e orientações

precisas, sem as quais eu certamente não teria conseguido chegar tão longe.

Ao professor José de Jesus, por querer sempre obter o melhor de todos nós,

alunos, com críticas objetivas, severas e construtivas. Juntamente com o Professor

Paulo, como malhando o ferro bruto de nossas mentes, preparassem a forja e a têmpera

de nossa melhor formação acadêmica e de desenvolvimento profissional.

Aos Professores Antônio Alvim e Fernando Carvalho, pelo incentivo e

tolerância com minhas falhas.

A toda a equipe do PEN Lili, Jô, Washington e Reginaldo, pelo apoio e

atendimento fraterno durante todo o curso de mestrado.

A minha esposa Ana Paula e meus filhos Melissa, Gabriel e João Paulo pela

paciência, compreensão e incentivo pleno, em todos os momentos em que estive ausente

nesta que foi a minha maior jornada acadêmica. Sem vocês nada disto seria possível.

Aos amigos e amigas de jornada no PEN que tanto me ajudaram nos estudos,

preparação das matérias e para as provas, sem os quais não poderia ter voltado à

Universidade após 28 anos desde minha graduação.

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Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

TOMADA DE DECISÃO COM INFORMAÇÃO DO RISCO NO CONTEXTO DO

LICENCIAMENTO DE UMA UNIDADE DE CONVERSÃO DE HEXAFLUORETO

DE URÂNIO

João da Silva Gonçalves

Março/2015

Orientador: Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo

Programa: Engenharia Nuclear

Este trabalho propõe uma análise das implicações consequentes em relação aos

critérios normativos aplicáveis para o licenciamento de usinas de produção de UF6.

Também, no âmbito do ciclo do combustível nuclear, analisar a aplicabilidade da

tomada de decisão através de informação de risco (RIDM) no contexto do licenciamento

de novas instalações nucleares exceto reator.

Para a realização deste trabalho, foram identificadas as bases normativas nacionais

e internacionais aplicáveis, confrontando-se os possíveis critérios para licenciamento da

nova usina de conversão da INB em relação ao projeto e bases tecnológicas propostas

para esta nova unidade do ciclo do combustível nuclear no Brasil. Através de uma

Análise Preliminar de Riscos foram elencados, classificados e analisados quanto a

criticidade os perigos mais relevantes do projeto. A partir da avaliação prévia quanto à

existência de vulnerabilidades relativas ao completo atendimento dos requisitos das

normas aplicáveis, bem como à robustez das alternativas tecnológicas, de engenharia e

defesa em profundidade instruídos no projeto, foi possível inferir a aplicabilidade dos

conceitos de tomada de decisão com informação do risco para a nova unidade produção

de hexafluoreto de urânio.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

ON THE APLICATION OF RISK-INFORMED DECISION-MAKING

APPLICABILITY TO THE LICENSING PROCESS OF A UF6 CONVERSION

INDUSTRIAL PLANT

João da Silva Gonçalves

March/2015

Advisor: Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo

Department: Nuclear Engineering

This study proposes an analysis of the normative fundamentals and criteria for the

licensing of the new uranium hexafluoride (UF6) production plant. Also, regarding the

nuclear fuel cycle, analyze the applicability of the risk information decision making

(RIDM) concepts through the context of the licensing of new nuclear installations,

except reactors.

For this work, national and international suggested as useful regulatory normative

base were identified and faced to the possible criteria for licensing of a new conversion

plant in study by INB, regarding the design and technological bases proposed for this

new unit of the nuclear fuel cycle in Brazil. Through a preliminary risk analysis (PHA)

were listed, classified and criticized the major hazards and risks of the project. With

such a prior assessment regarding the existence of vulnerabilities in the full compliance

with the requirements and criteria of the applicable regulatory standards, as well

regarding the robustness of the applied technological alternatives, engineering and

defense in depth to the project, it was possible to infer the applicability of the risk

information decision making concepts relied on the future new uranium hexafluoride

production plant.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

1.1. OBJETIVOS .............................................................................................................. 2

1.1.1. Superiores .......................................................................................................... 2

1.1.2. Imediatos ............................................................................................................ 2

1.2. MOTIVAÇÃO ........................................................................................................... 3

1.3. CARACTERIZAÇÃO E METODOLOGIA DA PESQUISA .................................. 6

1.3.1. Metodologia ................................................................................................ 6

1.4. DELIMITAÇÃO ....................................................................................................... 7

1.5. ORGANIZAÇÃO E FORMATAÇÃO DA PESQUISA .......................................... 7

2. CICLO DO COMBUSTÍVEL NUCLEAR ........................................................... 9

2.1. FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS ............................................................ 9

2.1.1. A Energia Nuclear ...................................................................................... 9

2.1.2. O Ciclo do Combustível Nuclear.............................................................. 11

2.1.3. O Ciclo do Combustível e as Centrais Nucleares no Brasil ..................... 16

2.1.4. A Produção de Hexafluoreto de Urânio no Mundo .................................. 22

3. CONCEITOS DE TOMADA DE DECISÃO COM INFORMAÇÃO DO

RISCO (RIDM) E BASE NORMATIVA ............................................................ 24

3.1. CONCEITUAÇÃO DO RIDM ............................................................................... 24

3.1.1. Requisitos Determinísticos ....................................................................... 26

3.1.2. Abordagem Probabilística ........................................................................ 28

3.1.2.1. Critérios Probabilísticos .................................................................... 29

3.2. BASE NORMATIVA APLICÁVEL ...................................................................... 35

4. A TECNOLOGIA DE CONVERSÃO PARA O BRASIL ................................ 36

4.1. A IMPLANTAÇÃO INDUSTRIAL DA TECNOLOGIA DE CONVERSÃO DO

BRASIL ................................................................................................................... 36

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4.2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DE PROJETO DA NOVA USINA DE

CONVERSÃO DA INB E IDENTIFICAÇÃO DE ELEMENTOS PARA

A RIDM .................................................................................................................. 38

4.2.1. Características do processo de produção e tecnologia de processo .......... 39

4.2.2. Descrição geral do processo de produção para a nova unidade ............... 47

4.2.3. Critérios gerais do projeto ........................................................................ 51

4.2.4. Características dos Equipamentos e linhas de processo ........................... 52

4.2.5. Características dos prédios, áreas de produção, de apoio e

almoxarifados .......................................................................................................... 54

4.2.6. Características dos sistemas de instrumentação e controle de processo ... 55

4.2.7. Características dos materiais, matéria-prima e insumos dos processos .... 57

4.2.8. Características das Barreiras de Proteção ................................................. 60

4.2.9. Características dos sistemas de governança de emergência ..................... 60

4.2.10. Características dos sistemas de mitigação de acidentes ........................... 61

5. ANÁLISE PRELIMINAR DE SEGURANÇA PARA O PROJETO

CONCEITUAL DA NOVA USINA ..................................................................... 64

5.1. A ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR) .................................................. 64

5.2. CONSTRUÇÃO DE UMA PROPOSTA DE MATRIZ DE RISCO ...................... 69

5.2.1. Fundamentação a partir de pesquisa junto à órgãos de regulação ............ 69

5.2.2. Proposta de construção de uma nova matriz de risco ............................... 77

6. ANÁLISE DE CONFORMIDADE COM A CONCEITUAÇÃO RIDM E

DISCUSSÕES EM RELAÇÃO À “INSIGHT’S” DETERMINÍSCOS E

PROBABILÍSTICOS ............................................................................................ 80

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS

POSTERIORES ..................................................................................................... 85

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 87

ANEXO A ...................................................................................................................... 96

ANEXO B ...................................................................................................................... 97

ANEXO C ...................................................................................................................... 98

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ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.

Fig. 2.1

Fig. 2.2

Fig. 2.3

Fig. 2.4

Fig. 2.5

Fig. 2.6

Fig. 2.7

Fig. 2.8

Fig. 2.9

Fig. 2.10

Fig. 2.11

Fig. 2.12

Fig. 2.13

Fig. 2.14

Fig. 2.15

Fig. 3.1

Fusão Nuclear.........................................................................................

Fissão Nuclear........................................................................................

Ciclo do combustível nuclear com reprocessamento...............................

Ciclo do combustível nuclear sem reprocessamento................................

Cascata de enriquecimento de urânio......................................................

Vareta e elemento combustível................................................................

Ciclo do combustível nuclear no Brasil...................................................

Localização das reservas e minas de urânio do Brasil.............................

Mina de urânio em Lagoa Real................................................................

Reservas mundiais seguras (RAR)...........................................................

Reservas mundiais inferidas (IR).............................................................

Elemento combustível da Central de Angra 1.........................................

Elemento combustível das Centrais de Angra 2 e futura Angra 3...........

Esquema da fabricação de um Elemento Combustível............................

Central de Angra 3, em construção, com Angra 2 e 1 ao fundo.............

Processo integrado de tomada de decisão...............................................

7

8

9

10

11

12

14

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16

17

17

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19

19

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Fig. 3.2

Fig. 4.1

Fig. 4.2

Fig. 4.3

Fig. 4.4

Fig. 4.5

Fig. 4.6

Fig. 5.1

Fig. 6.1

Fig. 6.2

Integração abordagem determinística e probabilística............................

Etapas de produção do UF6.....................................................................

Formas intermediárias de concentrados de urânio antes da purificação..

Formas intermediárias e final do urânio já purificado durante o

processamento químico para obtenção do UF6.......................................

Cilindro 48Y para UF6 natural e empilhadeira de transporte..................

Esquema básico para produção de UO3 de alta pureza............................

Esquema básico para produção de UF6 de alta pureza............................

Representações do risco individual por meio dos contornos de isorrisco

Instalações de Pierrelate-França – Comurhex I antes da modificação.....

Instalações de Pierrelate-França – Comurhex II obras de modificação...

32

40

45

45

46

47

49

71

84

84

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1

Tabela 4.1

Tabela 4.2

Tabela 4.3

Tabela 4.4

Tabela 4.5

Tabela 4.6

Tabela 4.7

Tabela 4.8

Tabela 4.9

Tabela 5.1

Tabela 5.2

Tabela 5.3

Tabela 5.4

Reservas de urânio brasileiras................................................

Ramos da Engenharia e sua Abrangência.........................

Tecnologias adotadas pelas principais empresas de conversão

no mundo.............................................................................

Principais vantagens e desvantagens das tecnologias utilizadas

no mundo......................................................................................

Tecnologia de Equipamentos Selecionada no Projeto da INB...

Demanda e Estocagem de Matéria-Prima e Insumos................

Efluentes líquidos..................................................................

Efluentes Sólidos...................................................................

Efluentes Gasosos..................................................................

Medidas Preliminares para Mitigação de Eventos.....................

Técnicas Usualmente Aplicáveis às Diversas Fases do Ciclo de

Vida da Instalação Industrial..................................................

Graus de Frequência..........................................................

Categoria de Severidade da Consequência...............................

Matriz de Risco - Severidade da Consequência..............................

Pág.

15

38

41

42

43

56

58

58

59

62

65

66

67

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Tabela 5.5

Tabela 5.6

Tabela 5.7

Tabela 5.8

Tabela 5.9

Tabela 5.11

Tabela 6.1

Classificação de Risco...................................................................

Matriz de Risco com base na US NRC.......................................

Matriz de Risco com base na AREVA

– COMURHEX II........................................................................

Classe de Risco - Matriz de Risco com base na AREVA

– COMURHEX II..........................................................................

Graus de Frequência...............................................................

Matriz de Risco para o projeto INB...............................................

Verificação de itens em relação a Matriz de Risco para o

projeto INB.....................................................................................

69

75

77

77

78

80

82

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LISTA DE SIGLAS

AHF- Ácido fluorídrico anidro

IAEA- International Atomic Energy Agency

AIS- Análise integrada de segurança

ALARA- Nível de risco tão baixo quanto razoavelmente alcançável

ALARP- Nível de risco tão baixo quanto razoavelmente praticável

AQR- Análise Quantitativa de Riscos

APR- Análise Preliminar de Riscos

APS- Análise Probabilística de Segurança

ARAMIS- Accidental Risk Assessment Methodology for Industries

CCN- Ciclo do Combustível Nuclear

CDF- Core damage frequency

CETESB- Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CFTV- Circuito Fechado de Televisão

CLP- Controlador Lógico Programável

CNEN- Comissão Nacional de Energia Nuclear

COPPE- Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia

CTMSP- Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo

EPE- Empresa de Pesquisa Energética

ETN- Eletrobrás Eletronuclear S/A

FCS- Funções Críticas de Segurança

IBQN- Brasileiro de Qualidade Nuclear

HEPA- High Efficiency Particulate Air

HLW– High Level Waste

HVAC- heating, ventilating, and air conditioning

IHM- Interface homem-máquina

INB- Indústrias Nucleares do Brasil S/A

IROFS- Items relied on for safety

LBS- Limite básico de segurança

LERF- Large Early Release Frequency

LLW – Low High Level Waste

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MOX- Mixed-Oxide Fuel

MW- Megawatt

MWe- Megawatt elétrico

OBS- Objetivo básico de segurança

OECD- Organization for Economic Co-operation and Development

P&ID- Pipe and Instruments Drawing

PCO- Painel de Controle Operacional

PCR- Painel de Controle Redundante

PDE- Plano Decenal

PNE- Plano Nacional de Energia

PWR- Pressurized Water Reactor

RAR- Reservas asseguradas

RI- Reservas inferidas

RID- Risco individual

RIDM- Risk information decision making

RMTF- Risk Management Task Force

SDS- Sismo de Desligamento Seguro

SIL- Nível de integridade de segurança intrínseca

SPDA- Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas

U.S.NRC- United States Regulatory Commission

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1. INTRODUÇÃO

A geração de energia elétrica utilizando-se usinas térmicas de fonte nuclear

deverá alcançar uma participação entre 3% a 5% da matriz energética brasileira EPE

(2014). Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no Plano Nacional de

Energia (PNE 2030), EPE (2007), foi considerado um cenário para a construção de pelo

menos mais 4 usinas até 2030, além das usinas Angra 1, 2 e 3, representando um

incremento de cerca de 4.000 MWe na matriz. Contudo, no que concerne ao setor

elétrico, o Plano Decenal de Expansão de Energia 2022 – PDE 2022, EPE (2014), já

incorpora os resultados dos leilões de energia nova e de reserva realizados até agosto de

2013. A potência total dos projetos que comercializaram energia nos anos de 2012 e

2013 foi de 574,3 MW e 2.770,7 MW, correspondendo a uma energia de

aproximadamente 300 MW médios e 1.400 MW médios, respectivamente. Estão

incluídas neste total a geração de origem eólica, com uma potência total de cerca de 282

MW, contratados em 2012 e 1.505 MW em 2013.

Segundo o PDE 2022, EPE (2014), para atender de forma adequada ao

crescimento da carga de energia, optou-se por indicar a expansão do parque gerador,

com termelétricas a gás natural a partir de 2018, totalizando 1.500 MW. A

concretização desta expansão termelétrica está atrelada à disponibilidade e

competitividade dos projetos de gás natural nos futuros leilões para compra de energia

nova. Segundo o plano, em caso de inviabilidade, outras fontes constituem alternativas

para o atendimento à demanda, entre elas as usinas térmicas a carvão. A atual crise do

setor de petróleo, a derrocada da produção hídrica e os problemas de oscilação de preço

no mercado de carvão colocam em risco o planejamento atual, onde a elevação dos

custos da geração já estão gerando forte impacto nas tarifas para o consumidor final.

Ainda segundo o PDE 2022, quanto à termeletricidade, a expansão da geração

com fontes nucleares não foi contemplada neste plano, além da entrada da usina de

Angra 3. Foram citadas como causas: “..., principalmente, os prazos necessários para a

implantação de novas centrais ... e a fase em finalização dos estudos para seleção de

sítios propícios à implantação de centrais nucleares nas regiões Sudeste/Centro-Oeste,

Sul e Nordeste, a data mais provável para início de sua operação seria posterior ao

horizonte deste PDE...”. Porém, aqui inferimos, pela ausência de outras citações da

EPE, que tal planejamento intermediário ainda mantém as premissas e objetivos do PNE

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2030. Assim, tanto a Eletrobrás Eletronuclear S/A (ETN), operadora dos reatores

nacionais, quanto as Indústrias Nucleares do Brasil S/A (INB S/A), empresa pública

responsável pelo fornecimento do combustível nuclear, necessitam continuamente

adequar seus planejamentos operacionais e de investimentos de longo prazo aos

emanados pela EPE. Desta forma, a expansão da frota de reatores nacionais, bem como

a modernização e complementação do ciclo do combustível nuclear que lhe dê suporte

operacional são ações de infraestrutura fundamentais para recomposição da matriz

energética nacional, face a esperada redução na geração primária oriunda da fonte

hidroelétrica.

Este trabalho se refere a implantação industrial da última das etapas do ciclo do

combustível nuclear aberto, adotado pelo Brasil, como consequência do Plano Nacional

de Energia (PNE, 2030).

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Superiores

Propor e analisar a aplicação da tomada de decisão com a informação do risco

no contexto do licenciamento de usinas de produção de UF6, sendo esta a última etapa

do ciclo do combustível nuclear aberto a ser implantada em escala industrial no país.

1.1.2. Imediatos

Considerando como estudo de caso a implantação da nova unidade de conversão

da INB, realizar uma análise prévia quanto à existência de vulnerabilidade no completo

atendimento à requisitos das normas aplicáveis e, também, quanto à robustez das

alternativas tecnológicas e de engenharia normalmente adotadas em projetos

semelhantes, que garantam a melhor segurança operacional para a nova unidade.

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1.2. MOTIVAÇÃO

A Indústrias Nucleares do Brasil S/A é a empresa pública responsável pela

produção do combustível nuclear usado nas usinas brasileiras, exercendo um monopólio

desta atividade aplicado a toda a cadeia produtiva. Ou seja, incluindo a mineração, o

beneficiamento, a conversão, o enriquecimento, a produção de óxidos de urânio e a

montagem do elemento combustível. O serviço de Conversão do urânio em escala

industrial é o único do ciclo do combustível nuclear que atualmente é feito

completamente fora do país. No Plano Plurianual 2012-2015, que é um plano de

diretrizes, objetivos e metas do governo federal, através da ação 13CR, o governo se

une à INB para a implantação de uma usina de produção de hexafluoreto de urânio

(conversão). O objetivo é a obtenção da autossuficiência industrial na produção do

combustível nuclear nacional - iniciando em 2012 e com prazo de até 11 anos para a sua

implantação, a nova usina de conversão da INB entrará em operação a tempo de

produzir hexafluoreto de urânio tanto para as recargas de Angra 1, 2 e 3, como para o

núcleo do quarto reator nacional.

Assim, os principais fatores que levaram à tomada de decisão para a implantação

da produção de hexafluoreto de urânio em escala industrial no Brasil foram:

Logística cada vez mais complexa, elevação de custos e aumento do risco de

insucesso no transporte de material nuclear, para atendimento das usinas

nacionais;

Expansão do programa de implantação modular do processo de

ultracentrifugação para a produção do combustível nuclear para as centrais de

Angra dos Reis;

Indicativo de a médio prazo ser tomada a decisão de implantação do quarto

reator nacional, devido à crise termo-hidráulica que se configurou em relação à

forma estrutural do sistema de geração primária do país (derrocada da produção

hídrica x operação emergencial, custosa e poluidora da geração térmica via

combustíveis fósseis).

As plantas do ciclo do combustível nuclear processam urânio e outros

compostos químicos que, se liberados, podem causar danos a trabalhadores, público,

meio ambiente ou danos materiais (Santos, 2014). A usina de conversão por processar

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4

urânio com enriquecimento natural e utilizar compostos químicos tóxicos e perigosos

em grande proporção se assemelha mais às plantas químicas convencionais do que às

demais plantas nucleares do ciclo.

A causa principal (KHAN, 1999) de problemas de liberação de substâncias

químicas na industria, e de 35% do número total de explosões, é a falha no controle das

reações químicas. Os principais fatores contribuintes são: ruptura de equipamentos

(27%), falhas humanas (18%) e procedimentos indevidos (18%). No caso de incêndios,

as causas principais são: vazões excessivas ou liberações de fluidos inflamáveis (18%),

superaquecimento ou superfícies superaquecidas (16%), falhas em tubulações ou ajustes

(11%) e pane elétrica (11%). Em suma, no caso de acidentes em indústrias químicas,

25% são explosões ou incêndios e em 71% ocorrem liberações de gases tóxicos na

atmosfera. Como a planta de conversão é eminentemente química e que usa uma

substância nuclear (urânio), o licenciamento deste tipo de instalação requer uma

abordagem especial ou diferenciada de avaliação do uso de tecnologias e soluções de

engenharia, capazes de atender aos requisitos normativos, tanto no campo das

instalações industriais químicas, quanto das plantas do ciclo do combustível nuclear.

No Brasil, o modelo de licenciamento de instalações do ciclo do combustível

nuclear é estabelecido como eminentemente determinístico, CNEN (2002), (2014a). Em

1997, a Comissão Nacional iniciou a aplicação dos conceitos de Gerenciamento de

Risco, CNEN (1997), buscando requisitos mínimos para garantir a continuidade

operacional segura de usinas nucleoelétricas, conforme o enunciado do objetivo da

norma; “ ... objetivo desta Norma é estabelecer os requisitos mínimos necessários para

garantir que a condução da operação de usinas nucleoelétricas seja mantida sem risco

indevido à saúde e à segurança da população como um todo e ao meio ambiente. ...”.

Por outro lado, devido às características dos compostos químicos de altíssima

periculosidade e toxidez, bem como aos níveis de energia, inerentes aos processos de

transformação físico-química do urânio até a formação do produto final (UF6), fica claro

que a instituição operadora deve desenvolver, aplicar e aperfeiçoar um modelo para o

gerenciamento do risco associado às diversas configurações operacionais da nova

instalação nuclear. Há que se desenvolver projetos, procedimentos e estruturas de gestão

da segurança capazes de fazer frente aos questionamentos a serem respondidos pelos

órgãos licenciadores quando da execução das análises e deliberação pelo licenciamento

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das novas unidades, segundo os modelos cada vez mais exigentes para avaliações

integradas de segurança.

Pelo exposto, justifica-se a necessidade de serem analisadas previamente as

características e implicações dos possíveis critérios para licenciamento de novas usinas

de produção de UF6, bem como quanto à não existência de vulnerabilidades no projeto

ou na robustez das alternativas tecnológicas e de engenharia adotadas, aferindo e

demonstrando quanto ao completo atendimento aos requisitos instruídos pelas normas e

critérios de licenciamento aplicáveis ao caso.

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1.3. CARACTERIZAÇÃO E METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa propõe analisar a aplicação da tomada de decisão com a informação

do risco (Risk Information Decision Making - RIDM) no contexto do licenciamento de

usinas de produção de UF6 . Para tal é necessário a identificação dos requisitos de norma

aplicáveis, bem como a existência de parâmetros e procedimentos referenciáveis que

possam ser utilizados no âmbito das atividades do ciclo do combustível nuclear.

Tanto na abordagem RIDM quanto para obtenção de parâmetros e bases de

dados para análises de segurança no âmbito do ciclo do combustível, pode ser verificada

a baixa existência de procedimentos e guias de entendimento comum, em comparação

com o campo dos reatores nucleares. Daí a necessidade, neste estudo, de serem

desenvolvidas algumas ferramentas de análise, como, por exemplo, a proposição de uma

matriz de riscos para a utilização no âmbito das análises de segurança afetas ao ciclo do

combustível.

1.3.1. Metodologia

De acordo com os acidentes/eventos base de projeto, e considerando as

referências CNEN (2002), CNEN (2014a), IAEA (2005), IAEA (2008), IAEA(2010a),

Petrobras (2010), CETESB (2011), U.S NRC (2008) e na ausência de uma metodologia

específica, a seguinte metodologia geral foi adotada:

a) Elaboração de uma Análise Preliminar de Riscos (APR) no projeto em

estudo de caso, referenciada inicialmente aos critérios aplicados à industria

química;

b) Estudo e proposição de critérios de classificação, frequência e severidade

para construção de uma matriz básica de riscos, a ser utilizada em estudos

de risco no âmbito das etapas do ciclo do combustível nuclear;

c) Com base na APR e matriz de riscos proposta no item ‘b’, reclassificar os

riscos através dos critérios elencados e identificar quais apresentam maior

criticidade;

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d) Verificar para os itens de maior criticidade se estão assistidos por adequado

nível de defesa em profundidade segundo IAEA (2006);

e) Identificar e evidenciar a existência dos elementos necessários a aplicação

da tomada de decisão com a informação do risco no contexto do

licenciamento de usinas de produção de UF6 segundo IAEA (2005), U.S

NRC (2008) e U.S NRC (2012a);

f) Com base nos resultados e considerando a experiência operacional da INB

no licenciamento e operação de instalações do ciclo do combustível nuclear,

propor as principais avaliações / decisões de análise de risco (insights

determinísticos e insights probabilísticos) que necessitem ser aprofundadas

para garantia da robustez de segurança do projeto e seu alinhamento com os

conceitos RIDM.

1.4. DELIMITAÇÃO

Não serão realizadas análises probabilísticas de segurança (APS), nem análises

quantitativas de Risco (AQR), devido ao fato que o estágio do projeto em estudo de

caso, por ocasião da realização da pesquisa, não possibilitaria a sua adequada

fundamentação.

1.5. ORGANIZAÇÃO E FORMATAÇÃO DA PESQUISA

O presente trabalho está estruturado em sete capítulos, como se segue:

O capítulo 1 apresenta a descrição do problema, a motivação para o trabalho, o

objetivo do trabalho, a metodologia, a organização e delimitação do mesmo.

O Capítulo 2 mostra uma revisão da literatura, apresentando os fundamentos e

conceitos das etapas do ciclo do combustível nuclear e as características do ciclo no

Brasil, bem como as características do processo de conversão no mundo.

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O Capítulo 3 mostra os conceitos de tomada de decisão com informação do risco

(RIDM), e base a normativa sugerida para o estudo de caso do licenciamento da nova

unidade do ciclo do combustível nuclear no Brasil.

O Capítulo 4 apresenta os processos gerais e uma síntese da tecnologia de

produção de uma usina de conversão, bem como um resumo das características de

projeto e das barreiras de proteção consideradas no projeto conceitual da nova unidade

de produção de hexafluoreto de urânio para o Brasil

O Capítulo 5 apresenta a identificação dos perigos, riscos e das medidas de

projeto para sua mitigação, a construção de uma proposta de matriz de risco.

O Capítulo 6 apresenta uma análise crítica contra a conceituação RIDM e

discussões em relação à insight’s determinísticos e probabilísticos.

O Capítulo 7 apresenta conclusões e recomendações.

O Capítulo 8 apresenta os anexos.

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2. CICLO DO COMBUSTÍVEL NUCLEAR

2.1. FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS

2.1.1. A Energia Nuclear

A energia nuclear corresponde a energia liberada sob a forma de calor e

radiações eletromagnéticas, oriunda de interações e/ou reações nucleares afetando as

ligações entre prótons e nêutrons do núcleo dos átomos. As de maior intensidade

ocorrem como resultado das reações de fusão ou fissão nuclear.

No processo denominado de fusão nuclear os átomos leves de determinados

materiais são unidos formando um átomo de outro material mais pesado consumindo e

também liberando grandes quantidades de energia térmica e radiação eletromagnética

(ver Figura 2.1). É o processo que acontece nas estrelas como o nosso Sol, por exemplo,

onde átomos de hidrogênio se fundem para formar átomos de hélio, gerando grande

conteúdo de energia térmica, luz e radiações diversas.

Figura 2.1 – Fusão nuclear – Fonte

http://wikiciencias.casadasciencias.org/index.php/Fusão_nuclear>

Isótopos são átomos de um mesmo elemento químico que possuem o mesmo

número de prótons e diferem em números de nêutrons e de massa.

No caso do processo nuclear de fissão de isótopo físsil, ver a Figura 2.2, quando

um nêutron atinge seu núcleo divide-o, e ocorre a emissão de dois a três nêutrons, sendo

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que parte da energia que os ligava é liberada em forma de calor e outra parte na forma

de radiações (alfa, beta e gama). Os nêutrons liberados na fissão atingem,

sucessivamente, outros núcleos, provocando a chamada reação em cadeia, com grande

liberação de energia térmica.

Figuras 2.2 – Fissão nuclear – Fonte: CNEN

Essa energia é aproveitada, de modo controlado, como fonte de geração de calor

e eletricidade nas centrais nucleares há cerca de cinco décadas, tendo se tornado a

quarta fonte de produção comercial de energia elétrica no mundo.

O isótopo físsil mais utilizado para a geração nucleoelétrica é o urânio -235

(235

U). A descoberta do urânio é atribuída ao professor e farmacêutico alemão Martin

Heinrich Klaporth (TSOULFANIDIS, 2013), que, em 1789, conseguiu isolar um óxido

de urânio. O urânio é o elemento químico metálico de símbolo U, de massa 238, possui

98 prótons e 98 nêutrons e pertencente à família dos actinídeos. Normalmente

encontrado na natureza no estado sólido em forma de minério é mais abundante que a

prata e que o ouro e menos abundante que o ferro e o alumínio (TSOULFANIDIS,

2013).

O mineral urânio é qualquer concentração de minerais que contenha urânio e

permita a exploração econômica. Foram identificados cerca de 100 tipos de minerais

contendo urânio (TSOULFANIDIS, 2013); cada mineral tem sua cor característica os

óxidos são pretos ou marrons, já os fosfatos, carbonados e peróxidos normalmente

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amarelos e a torbenita é verde. A concentração de urânio efetiva depende de cada

depósito de urânio.

Os isótopos de ocorrência natural do urânio são alguns dos mais importantes

radionuclídeos primordiais que ocorrem na biosfera. Estes são: 234

U, 235

U e 238

U. A

abundância média desses isótopos na natureza é de, em peso, 0,00548 % (234

U), 0,7200

% (235

U) e 99,2745 % (238

U), em percentagem atômica (IUPAC, 1997). Existem outros

isótopos como 236

U, 233

U e 239

U, mas não são encontrados naturalmente (BENEDICT,

1981).

2.1.2. O Ciclo do Combustível Nuclear

O conjunto de etapas do processo industrial que transforma o mineral urânio,

desde a sua mineração no estado natural até a sua disposição final, é chamado de ciclo

do combustível nuclear (CCN), (TSOULFANIDIS, 2013).

O ciclo do combustível nuclear é dividido em duas partes, o front end, que são

as etapas que ocorrem antes do uso do combustível em um reator e o back end, que são

as etapas subsequentes. O CCN é classificado em aberto, quando não há

reprocessamento de combustível, ou fechado, quando essa etapa é realizada. As Figuras

2.4 e 2.5 apresentam a sequência de etapas do CCN com e sem reprocessamento,

respectivamente.

Conversão Mineração Enriquecimento Fabricação do Combustível

Geração de Energia no

Reator

Armazenamento do Combustível

Fabricação de MOX Disposição Final Reprocessamento

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Figura 2.3 – Ciclo do combustível nuclear com reprocessamento, adaptado de

(LAMARSH,2001)

Figura 2.4 – Ciclo do combustível nuclear sem reprocessamento, adaptado de

(LAMARSH,2001)

As etapas que compõem o ciclo do combustível nuclear são sumarizadas a

seguir:

Mineração

A primeira etapa do CCN é a mineração, que consiste em obter o minério de

urânio e transformá-lo em um concentrado de urânio, usualmente chamado de

yellowcake devido a que o material se apresenta sob a cor amarela. Para

comercialização é, também, comum se expressar seu teor de urânio em porcentagem de

U3O8 equivalente. Nesta etapa, o urânio está com sua composição isotópica natural.

Conversão

A etapa de conversão tem como objetivo purificar o concentrado de urânio

(yellowcake) e transformá-lo em hexafluoreto de urânio (UF6) natural (0,72 % p/p em

235U).

O UF6 se torna gasoso a uma temperatura relativamente baixa (56°C), bem como

possui um ponto triplo a 64,1 °C e pressão de 1,5 bar abs. Essas propriedades e a sua

estabilidade físico-química favorecem o seu uso como matéria-prima para o processo de

enriquecimento, que é a etapa seguinte do ciclo. Daí se segue a fundamental

importância da etapa de Conversão.

Conversão Mineração Enriquecimento Fabricação do Combustível

Geração de Energia no

Reator

Disposição Final Armazenamento do Combustível

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Enriquecimento

Na maioria dos reatores utilizados no mundo a concentração natural do isótopo

235U (0,72% p/p) não é adequada para estabelecer a reação em cadeia de forma

sustentada. Para produzir o combustível nuclear com a concentração de 235

U adequada,

entre 2% e 5% p/p, é necessário o processo de enriquecimento isotópico em relação ao

isótopo leve.

O método predominante de enriquecimento é baseado na diferença de massa

entre o 235

U e o 238

U. No Brasil, o atual processo utilizado é o da ultracentrifugação

(INB, 2012). O gás UF6 passa por um conjunto de centrífugas que são equipamentos

que giram a altíssima velocidade e fazem com que o isótopo mais pesado (238

U)

caminhe na direção da parede e mais ao fundo, e o mais leve (235

U) mais para o centro e

ao alto do rotor da máquina, gerando a separação isotópica do urânio. Este efeito

elementar de separação é multiplicado inúmeras vezes através da associação em série e

paralelo das máquinas gerando as cascatas de ultracentrífugas.

Através das cascatas de ultracentrífugas se produzem dois tipos de correntes de

urânio, uma contendo o material enriquecido e outra contendo material empobrecido em

relação ao isótopo leve (235

U). A Figura 2.6 apresenta um esquema de cascata de

enriquecimento.

Figura 2.5 - Cascata de enriquecimento de urânio Fonte: INB

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Fabricação do combustível nuclear

Após o enriquecimento isotópico do urânio o UF6 é convertido em UO2. Cada

reator demanda um tipo característico de combustível, nos reatores mais comuns o UO2

é armazenado em cilindros de metal denominados varetas combustíveis, que são

agrupadas no conjunto denominado elemento combustível, como apresentado na Figura

2.7.

Figura 2.6 – Vareta e elemento combustível.........Fonte: INB

Produção de energia no reator

Fabricado o elemento combustível, este é instalado no núcleo do reator e se

inicia a etapa de produção de energia na usina. A vida útil de uma usina é de 40 a 60

anos e durante esse tempo são feitas várias recargas de combustível do núcleo.

Tipicamente, o período entre recargas varia de 12 a 18 meses.

Armazenamento do combustível usado

O combustível removido do núcleo do reator após a geração de energia

(combustível irradiado) ainda produz calor devido ao decaimento radioativo dos

produtos de fissão e deve ser resfriado; normalmente, é armazenado na piscina de

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combustível, que é um grande reservatório com água localizado dentro do próprio sítio

da usina.

Reprocessamento

O combustível irradiado é altamente radioativo, na sua composição existe grande

parte do 238

U original, entre 0,6% e 0,8% de 235

U e parte do 238

U gera o plutônio (239

Pu,

240Pu,

241Pu e

242Pu).

Os isótopos presentes no combustível irradiado podem ser reaproveitados

através do reprocessamento. Após essa etapa os isótopos de urânio e o plutônio

recuperados podem ser usados em usinas novamente.

Após o reprocessamento, dependendo do propósito, o urânio pode ser enviado

diretamente para a fábrica de elementos combustíveis ou para uma planta de

enriquecimento ou simplesmente ser armazenado.

O plutônio é enviado para fábricas de combustível que produzem o MOX

(Mixed-Oxide Fuel – Combustível de Óxido Misto). O MOX é um combustível nuclear

produzido com uma mistura de óxidos de plutônio e urânio que pode ser reusado no

reator.

Disposição final

Durante todo o CCN são produzidos rejeitos radioativos que são classificados

em 2 tipos principais, os rejeitos de alta atividade (HLW – High Level Waste) e os

rejeitos de baixa atividade (LLW – Low Level Waste).

Os HLW são definidos como material altamente radioativo resultante do

reprocessamento de combustível irradiado, o próprio combustível irradiado ou qualquer

material sólido ou líquido que tenha uma concentração de produtos de fissão suficiente

para ser classificado como tal. Esse material deve ser isolado permanentemente em

depósitos que não permitam o contato com o ambiente até que o poder de dano seja

atenuado.

Os LLW são definidos como materiais de baixa atividade radioativa gerados em

todas as etapas que envolvem materiais radioativos. Como exemplos de LLW, podem-

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se citar roupas, papéis, luvas ou instrumentos contaminados. Esse material deve ser

isolado em depósitos adequados.

2.1.3. O Ciclo do Combustível e as Centrais Nucleares no Brasil

O CCN no Brasil é o aberto, onde são feitas apenas as etapas do front end. A

única etapa do back end é o armazenamento do combustível irradiado nas piscinas no

sítio das usinas. A Figura 2.7 apresenta as etapas do ciclo.

Figura 2.7 – Ciclo do combustível nuclear no Brasil Fonte: INB

A exceção do enriquecimento e da conversão, as demais etapas são feitas em

escala industrial para o suprimento da demanda das usinas nacionais. A etapa de

enriquecimento está em expansão modular com previsão de alcançar cerca de 38 t UTS,

unidade de trabalho separativo (UTS), até o final de 2015. Quanto à etapa de conversão,

a usina de demonstração do centro tecnológico da marinha em São Paulo (CTMSP)

entrou em fase de comissionamento dos primeiros sistemas em 2013. É estimada a

conclusão das obras de implantação somente em 2018. A INB iniciou os estudos

preliminares para a retomada da implantação industrial da etapa de conversão em 2011.

O projeto conceitual foi concluído em 2014 e estão planejados o início de licenciamento

de local em 2015 e conclusão do projeto básico em 2018.

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O Brasil se encontra em uma boa posição no cenário internacional em se

tratando de reservas de urânio, apesar de ter apenas 25% de todo o seu território

prospectado (vide Figura 2.10), OECD/IAEA (2014). Atualmente se encontra na sétima

posição mundial, contabilizando entre as reservas asseguradas (RAR) e inferidas (IR)

uma quantidade de 309 mil toneladas de U3O8 e custo de produção menor que U$80/kg

de urânio como mostra a Tabela 2.1.

Tabela 2.1 Reservas de urânio brasileiras Fonte: INB

Ocorrência Medidas e Indicadas Inferidas TOTAL

Depósito-

Jazida

< 400

US$/kgU

< 800

US$/kgU Sub-Total

< 800

US$/kgU

Caldas (MG) 500 t 500 t 4.000 t 4.500 t

Lagoa Real

/Caetité (BA) 24.200 t 69.800 t 94.000 t 6.770 t 100.770 t

Santa

Quitéria (CE) 42.000 t 41.000 t 83.000 t 59.500 t 142.500 t

Outras 61.600 t 61.600 t

Total 66.200 t 111.300 t 177.500 t 131.870 t 309.370 t

A atual mina de urânio em operação no país está localizada no Distrito Uranífero

de Lagoa Real, numa região montanhosa do centro-sul do Estado da Bahia (vide as

Figuras 2.8 e 2.9), a cerca de 20 km a nordeste da cidade de Caetité. Na região foram

identificadas 19 áreas mineralizadas e, posteriormente, descobertas 33 ocorrências

uraníferas adicionais. O projeto básico de mina foi concluído em 1996, indicando uma

lavra de céu aberto na jazida da Cachoeira (anomalia 13). Esta anomalia, com teor

médio de 3.000 ppm, tem sustentado uma produção de cerca 400 toneladas/ano de

urânio.

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Figura 2.8 – Localização das reservas e minas de urânio do Brasil Fonte INB S/A

Figura 2.9 – Mina de urânio em Lagoa Real Fonte INB S/A

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Em termos de reservas mundiais, recém publicada pelas “OECD Nuclear

Energy Agency and the International Atomic Energy Agency - AIEA”, a vigésima-quinta

edição do RED BOOK (2014) divulgou as projeções atuais tanto para aquelas

razoavelmente asseguradas quanto para as inferidas, conforme as Figuras 2.10 e 2.11.

Figura 2.10 – Reservas mundiais seguras (RAR) – Fonte OECD/AIEA, NEA -RED BOOK, 2014

Figura 2.11 – Reservas mundiais inferidas (IR) – Fonte OECD/AIEA, NEA -RED BOOK, 2014

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Em relação a produção de óxidos (pó e pastilhas de dióxido de urânio) a INB

construiu duas fábricas em seu complexo industrial em Resende- Rio de Janeiro. A

fábrica de pó de dióxido de urânio possui capacidade nominal de 160 t/ano (início de

produção em 2000) e foi projetada com infraestrutura suficiente e capaz para dobrar esta

capacidade, apenas com a instalação de uma segunda linha de produção. A fábrica de

pastilhas de dióxido de urânio possui capacidade nominal de 120 t/ano (início de

produção em 1999) e poderá ampliar esta produção até 180 t/ano, através de expansões

e readequação de sua linha de produção. Desta forma, seguindo o PNE 2030, com as

expansões e adequações planejadas estas fábricas poderão atender as demandas futuras

inferidas no cenário de inclusão na matriz de geração energética nacional de mais

4.000 MWe da fonte nuclear.

Nos núcleos dos reatores nucleares nacionais a água leve (Angra 1, com

tecnologia Westinghouse, e Angras 2 e 3, com tecnologia AREVA) a reação acontece

através da interação dos nêutrons térmicos com pastilhas de dióxido de urânio (UO2)

enriquecido (entre 4,25 e 4,5% p/p de 235

U) presentes nos elementos combustíveis

produzidos pela INB. Estes são estruturas rígidas formadas por componentes metálicos,

dentre eles as varetas de uma liga metálica especial (à base de zircônio), onde estão

inseridas as pastilhas de dióxido de urânio enriquecido (ver Figura 2.7)

A seguir, nas figuras 2.12 e 2.13 são apresentados os elementos combustíveis

utilizados nas centrais de Angra 1 e Angra 2.

Figura 2.12 – Elemento combustível da Central de Angra 1 – Fonte INB S/A

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Figura 2.13 – Elemento combustível das Centrais de Angra 2 e futura Angra 3– Fonte INB S/A

Um esquema simplificado da fabricação dos elementos combustíveis pode ser

visualizado na figura 2.14 a seguir:

Figura 2.14 – Esquema da fabricação de um Elemento Combustível – Fonte INB S/A

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22

Como já anteriormente citado, no Brasil estão em operação dois reatores

nucleares do tipo PWR (Pressurized Water Reactor) moderados e refrigerados à água

leve. Angra 1 com 640 MWe, Angra 2 com 1.350 MWe e, num futuro breve, Angra 3

com 1.415 MWe (http://www.eletronuclear.gov.br/AEmpresa/CentralNuclear

/Angra1.aspx). O primeiro com tecnologia do fabricante Westinghouse e os demais com

a do fabricante AREVA. Na Figura 2.15 pode ser visualizado o complexo nuclear da

Eletronuclear em Angra dos Reis-RJ.

Figura 2.15 – Central de Angra 3, em construção, com Angra 2 e 1 ao fundo - Fonte Eletronuclear

2.1.4. A Produção de Hexafluoreto de Urânio no Mundo

Conversão, a segunda etapa do CCN, é o conjunto de processos químicos que

transforma o yellowcake (concentrado de urânio, produto da extração mineral) em

hexafluoreto de urânio (UF6). Trata-se da segunda etapa do ciclo do combustível,

preparatória para o enriquecimento do urânio natural de 0,72% p/p para cerca de 4 a 5%

p/p de proporção em relação ao isótopo físsil (235

U), de modo a possibilitar seu uso

como combustível de reatores a água leve.

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Na fábrica de Conversão, o urânio sob a forma de yellowcake, depois de

dissolvido em meio ácido e extraído por tratamento com compostos químicos orgânicos,

é submetido a outras transformações químicas para a obtenção de urânio nuclearmente

puro, na forma do composto hexafluoreto de urânio (UF6).

De maneira geral, o processo de conversão é dividido em cinco etapas básicas:

1. Purificação do concentrado de urânio;

2. Obtenção do UO3;

3. Obtenção do UO2;

4. Obtenção de UF4;

5. Obtenção de UF6

Além das cinco etapas anteriores, a ampliação do grau de purificação do UF6

poder ser realizada através de processo de destilação fracionada, se constituindo numa

sexta etapa opcional de processamento até a obtenção final do produto puro (UF6).

No mundo, cinco grandes produtores de hexafluoreto de urânio se destacam. São

eles:

Comuhrex (AREVA) - França, capacidade de 14.000 t UF6/ano;

Cameco - Canadá, capacidade de 12.500 t UF6/ano;

BNFL - Inglaterra, capacidade de 6.000 t UF6/ano;

ConverDyn (Honeywell) - USA, capacidade de 15.000 t UF6/ano;

Rosatom-TVEL – Rússia, capacidade 24.000 t UF6/ano.

Fonte: IAEA

Todas estas capacidades estão em franca expansão, sendo que alguns dos novos

projetos poderá alcançar até 21.000 t UF6 natural/ano – como no caso das AREVA

Fonte: AREVA

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3. CONCEITOS DE TOMADA DE DECISÃO COM INFORMAÇÃO

DO RISCO (RIDM) E BASE NORMATIVA

3.1. CONCEITUAÇÃO DO RIDM

Para uma maior exatidão na apresentação dos conceitos do RIDM, atualmente

tidos como aplicáveis aos agentes reguladores, são transcritos a seguir trechos

selecionados dos documentos de referência: IAEA (2005), INSAG-25 (2011) e

U.S.NRC, RMTF Framework (2012). Posteriormente outras referências são

apresentadas para fundamentação da conceituação RIDM. Iniciamos com trechos da

conceituação em IAEA (2005):

“...Estes conceitos estão ligado a:

a) Forma com que a informação de riscos esta sendo usada como parte de

um processo integrado para tomada de decisão em relação aos itens

relevantes de segurança para licenciamento de plantas nucleares;

b) Como a informação de risco esta sendo utilizada pelo agente regulador

como um “input” durante a realização de suas atividades regulatórias:

algumas vezes referida como Regulação através de Informação do Risco.

Uma abordagem através da informação do risco objetiva integrar, de uma

forma sistemática, considerações de segurança quantitativas e qualitativas, bem como,

determinísticas e probabilísticas para a obtenção de decisões balanceadas. Em

particular, há uma explícita atenção com ambos, a probabilidade de eventos ocorrerem

e suas potenciais consequências, em conjunto com fatores como boas práticas de

engenharia e evidenciáveis sistemas de gerenciamento e controle. Os componentes

básicos de risco, probabilidade e consequência são baseados num grande

conhecimento, ou de dados práticos a partir da experiência, ou derivados de uma

análise estruturada formal, numa análise probabilística de segurança (APS). Esta

abordagem integrada pode ser aplicada a todos os tipos de atividades e instalações,

incluindo àquelas não afetas aos reatores nucleares. A Figura 3.1 a seguir sumariza o

processo integrado de tomada de decisão.

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Figura 3.1 – Processo integrado de tomada de decisão – adaptado de IAEA TECDOC1436,

2005

No passado, órgãos reguladores, na maioria dos Estados-Membros da IAEA

usaram uma abordagem determinística como base para a tomada de decisões sobre

questões de segurança e organizar as atividades que realizam. Isso foi feito através da

aplicação de critérios de alto nível, tais como a necessidade de fornecer defesa em

profundidade e margens de segurança adequadas. Estes foram desenvolvidos em

requisitos de nível mais baixo, que foram destinados a garantir que o risco para os

trabalhadores e os membros do público fossem adequadamente controlados. A

necessidade de atender a esses requisitos determinísticos é a base para a maioria dos

Conformidade e com o Requisitos Mandatório

Leis / Regras / Regulação

Especificações Técnicas

Outras Considerações

Custo benefício

Vida remanescente da Planta

Dose para os trabalha- dores

Conformidade com requisitos de Análises

Determinísticas

Defesa em Profundidade

Margens de Segurança

Redundância

Diversidade

Conformidade com requisitos de Análises

Probabilísticas

APS Quantitativa

Risco Qualitativo

TOMADA DE DECISÃO

IMPLEMENTAÇÃO

MONITORAÇÃO

PESOS PESOS

PESOS PESOS

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regulamentos, normas de segurança, orientação, etc., que atualmente direcionam as

práticas dos órgãos licenciadores.

3.1.1. Requisitos Determinísticos

O objetivo da abordagem determinística é definir e aplicar um conjunto de

regras conservadoras e requisitos para a construção e operação de uma instalação

nuclear. Se essas regras e requisitos forem cumpridos, eles fornecerão um alto grau de

confiança de que o nível de risco para os trabalhadores e os membros do público será

aceitavelmente baixo, tão logo a instalação nuclear entre em funcionamento. Essa

abordagem conservadora encontrou também um meio de levar em conta incertezas no

desempenho do equipamento e os seres humanos. Muitos dos regulamentos atuais,

baseados em requisitos determinísticos, não podem ser rapidamente substituídos.

Os princípios determinísticos de alto nível dizem respeito à cláusula de defesa

em profundidade e grandes margens de segurança. Os princípios de nível inferior se

relacionam com um único critério de fracasso, prevenção do insucesso por causa

comum, requerendo equipamentos de grande resiliência e limitando cargas de trabalho

elevadas ou pronta resposta da equipe de operação da planta (falhas comuns), etc.

Estes requisitos estão descritos abaixo:

Prover defesa em profundidade;

Assegurar a existência de adequadas margens de segurança;

Aplicar o critério de falha única;

Evitar falhas de modo comum;

Fornecer equipamentos resilientes, certificados e apropriados;

Reduzir a carga de trabalho sobre as equipes de operação nos casos de

falha.

Em relação à defesa em profundidade, por exemplo, o objetivo é impedir que

desvios ao funcionamento normal ocorram e, se a prevenção falhar, para detectar e

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limitar as suas consequências, e para evitar qualquer evolução para condições mais

graves. A AIEA definiu cinco níveis de defesa em profundidade (IAEA SF-1, 2006):

Nível 1: o objetivo é evitar a ocorrência de falhas de operação e

anormal. Isto é feito através da produção de um projeto conservador e da

garantia de uma elevada qualidade de construção e operação;

Nível 2: o objetivo é controlar o funcionamento anormal e detectar

falhas se estas vierem a ocorrer. Isto é atingido através da incorporação de

sistemas de controle e de monitoração;

Nível 3: o objetivo é controlar acidentes dentro da base do projeto se

estes ocorrerem. Este é atingido através da incorporação de características

de segurança de engenharia e do desenvolvimento operacional de

procedimentos operacionais de emergência;

Nível 4: o objetivo é controlar as condições severas nas plantas se

estas vierem a ocorrer, o que exige a prevenção da progressão de possíveis

acidentes e à mitigação das consequências dos acidentes em condições

além das bases do projeto. Isto é feito através da incorporação de medidas

para gerenciamento de acidentes severos;

Nível 5: o objetivo é atenuar as consequências radiológicas da

libertação significativa de material radioativo da usina. Isto é feito,

desenvolvendo medidas de resposta de emergência para o lado externo da

instalação.

A aplicação da defesa em profundidade na abordagem no projeto e operação de

usinas nucleares assegurou que existem diversos meios para realizar as funções de

segurança e estabelecer múltiplas barreiras proteção para impedir a liberação de

material radioativo para o meio ambiente. O objetivo é assegurar que há um equilíbrio

razoável entre a prevenção de danos ao núcleo, a prevenção da insuficiência de

contenção e mitigação de consequências para fora dos limites da planta. ...”

Contudo, em relação às instalações do ciclo do combustível, a integração entre a

abordagem determinística clássica e os conceitos do RIDM anteriormente citados

apresenta grandes vazios, uma vez que de forma ainda rudimentar vem sendo estudada e

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regulamentada. Em relação à quantidade de trabalhos científicos, relatórios técnicos,

guias e procedimentos de regulação disponíveis sobre a matéria e ligados ao ciclo do

combustível nuclear, como em IAEA (2011) e U.S NRC (2014), pode ser visto que

muito há ainda a ser feito para alcançar os objetivos gerais de segurança já alcançados

no caso dos reatores.

3.1.2. Abordagem Probabilística

Ainda de IAEA (2005) temos que:

“...A situação é que a Análise Probabilística de Segurança (APS) tem sido

desenvolvida para a maioria das instalações nucleares dos estados membros da AIEA.

Em alguns países, há uma exigência legal para os operadores dos reatores produzirem

uma APS; em outras, uma APS foi desenvolvida pelo órgão regulador. Da mesma

forma, para alguns estados membros da AIEA, embora os operadores tenham realizado

APS por muitos anos, o modo pelo qual essas plantas são reguladas ainda é muito

baseado na tradicional abordagem determinística.

A grande maioria das APS que foram realizadas são para as plantas de geração

nucleoelétrica, ou seja, para os reatores. A ideia padrão atualmente emergente é a

realização de uma análise integrada específica de cada planta e que aborde:

Todos os eventos de iniciação interna (transientes e acidentes), todos os

perigos internos (incêndios e inundações) e todos os perigos externos

(eventos sísmicos e condições ambientais extremas);

Ambas as frequências, de danos ao núcleo (Core Damage Frequency -

CDF) e a de grande liberação imediata (Large Early Release Frequency -

LERF), tendo em conta os potenciais modos de falha da cotenção, seguinte

aos danos ao núcleo (isto é, a análise é uma APS Nível 2);

Todos os modos de operação da planta incluindo a operação a plena

potência, operação a baixa potência, e os diversos estados das plantas que

surgem durante o desligamento de emergência e/ou recargas;

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Todas as fontes de material radioativo no complexo nuclear, incluindo o

núcleo do reator, o combustível irradiado depois de ter sido removido do

núcleo e dos rejeitos radioativos.

No entanto, é frequentemente o caso que as APS produzidas são de âmbito

muito mais limitado do que este. Isso introduz limitações sobre os potenciais usos da

APS que precisam ser reconhecidas quando ela é usada como parte do processo de

tomada de decisão reguladora.

As APS produzidas são consideradas como existentes e ativas, de modo que elas

podem ser revisadas regularmente conforme as alterações de projeto ou operação da

planta sejam realizadas. Sempre que possível, dados da planta são utilizados para

frequências de eventos e de probabilidades de falha de componentes, iniciais, e

simuladores de dados são utilizados para avaliação da probabilidade de erro humano.

Quando isto não for possível ou aplicável são usados dados de plantas semelhantes ou

dados genéricos.”

3.1.2.1. Critérios Probabilísticos

Em alguns Estados-Membros da IAEA, foram definidos critérios probabilísticos.

Para reatores nucleares estes normalmente referem-se a Core Damage Frequency

(CDF) e Large Early Release Frequency (LERF) IAEA (2005).

Uma estrutura possível para a definição de critérios probabilísticos foi dada por

INSAG 3 (1999 rev. 1) / INSAG 12 (1999). Isso define um "limiar de tolerância" acima

do qual o nível de risco seria intolerável e os requisitos de projeto abaixo dos quais o

risco seria amplamente aceitável. Entre estes dois níveis, existe uma região onde o

risco só seria aceitável se tivessem sido tomadas todas as medidas razoáveis e

exequíveis para reduzi-lo. Já vimos que a abordagem determinísticas pode propor

critérios e requisitos bem além do que o necessário, o que tornou sua integração com a

abordagem probabilística até uma necessidade, de forma que avaliações balanceadas

entre as duas abordagens levasse a correção dos possíveis exageros da primeira. ...”

Ainda em relação IAEA (2005), pode-se extrair: “...Com base na experiência

atual com o projeto e operação de usinas nucleares, foram propostos valores numéricos

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que poderiam ser alcançados pelos projetos atuais e futuros. Para o CDF, o objetivo é

10-4

por reator-ano para as instalações existentes e 10-5

por reator-ano para futuras

instalações. Para uma grande liberação de material radioativo , o objetivo é 10-5

por

reator-ano para as instalações existentes e 10-6

por reator-ano para futuras

instalações.

O mesmo quadro foi usado no Reino Unido, onde os seguintes critérios de risco

foram definidos para doses para os membros do público (cinco faixas de doses foram

definidas): o risco de morte de trabalhadores, um grande vazamento de radioatividade

da usina, o risco de danos às plantas (que equivale a danos ao núcleo para uma usina

de energia nuclear), e um incidente de criticalidade inadvertida em combustível

armazenado ou resíduos radioativos. Em cada caso, um limite básico de segurança

(LBS) e um objetivo básico de segurança (OBS) foram definidos HMSO (1992/2012).

Apesar de todos esses critérios deverem, idealmente, ser abordados pela APS, o

foco principal para as centrais nucleares tem sido para tratar das sequências de

acidentes que levem à danos na planta ou com geração dose fora dela > 1 Sv, exigindo

que um escopo completo de análise para APS nível 2 seja realizado. Se a frequência

estiver acima da LBS, a operação da planta não seria permitida. Se a frequência estiver

abaixo do OBS, o órgão regulador não buscaria novas melhorias a serem feitas para

na planta (embora a lei exija que os operadores da usina devam considerá-las). Se a

frequência está entre a LBS e a OBS, o órgão regulador exigirá que melhorias sejam

feitas para reduzir o risco até que esteja convencido de que o nível de risco seja tão

baixo quanto razoavelmente praticável (ALARP).

Nos EUA, os critérios de aceitação para abordar as mudanças no projeto ou

operação de uma planta U.S. NRC (2011), e que levariam a uma alteração no risco

(CDF ou LERF), são dados como sendo:

Mudanças que levam a uma redução no risco (CDF e LERF), normalmente,

seriam permitidas;

Mudanças que levam a um pequeno aumento do risco (< 10-6

por reator-

ano para CDF e < 10-7

por reator-ano para LERF ), normalmente, seriam

permitidas a menos que o risco global seja elevado ( > 10-4

por reator-ano

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para CDF ou > 10-5

por reator-ano para LERF), onde neste caso o foco

necessitaria ser encontrar maneiras de reduzir o risco;

Mudanças que levam a um aumento moderado do risco (na faixa de 10-6

a

10-5

por reator-ano para CDF ou 10-7

a 10-6

por reator-ano para LERF),

normalmente, só seriam permitidas somente se puder ser mostrado que o

risco global é pequeno (que é CDF < 10-4

por reator-ano e LERF < 10-5

por reator-ano);

Mudanças que levariam a um grande aumento no risco (> 10-5

por reator-

ano para CDF ou > 10-6

por reator-ano para LERF) não seriam permitidas.

...”

Não se conhece o estabelecimento de critérios semelhantes para as fábricas do

ciclo do combustível. Ou seja, não são claramente propostos limites de consenso para

probabilidades de ocorrência de eventos e nem para tolerabilidade de riscos. Na Europa,

para empresas que trabalham com processos ou produtos perigosos, com ênfase em

plantas químicas e sua problemática de proximidade com os centros urbanos, e dentro

da abrangência de ação reguladora usando-se a conceituação RIDM, o trabalho que

mais se aproximou de uma “procedimentação” para avaliação de risco foi o projeto

ARAMIS (Accidental Risk Assessment Methodology for Industries), com base na

Diretriz SEVESO II (Hourtolou & Slavy, 2003) para uso de áreas adjacentes à

instalações industriais. O método resultante tem sido proposto como uma ferramenta

recomendada, harmonizada e usada por especialistas em risco e reconhecido por alguns

especialistas tidos como referência e com poder decisório no conhecimento dos riscos

nas autoridades competentes da União Europeia. Harmonizar a avaliação de risco

industrial na Europa seria contribuir de forma significativa para os esforços globais da

Comissão Europeia para estabelecer políticas harmonizadas na sequência da Diretiva

Seveso II. As referências Kontić, Kontić (2009, pp 683-700) e Caramelo (2010),

mostram diversos trabalhos dos países membros da Comunidade Europeia na busca da

consecução dos objetivos da Diretiva SEVESO II usando ou não a metodologia do

projeto ARAMIS.

Tanto para as autoridades regulatórias competentes quanto de representação da

indústria, tal procedimento de avaliação de risco (ARAMIS), quando harmonizado,

constituiria uma primeira ferramenta útil de comparação para as zonas industriais e que

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integra os pontos fortes de ambas as abordagens determinísticas e probabilísticas. Na

primeira, mais ligadas a abordagem de consequências, se engajaram países como

Luxemburgo, Finlândia, Bélgica, Espanha, Áustria e também a França, Kontić &

Kontić, (2009, pp 683-700). Na segunda, mais ligada a abordagem baseada no risco, se

engajaram países com Inglaterra e Holanda, Caramelo (2010).

O procedimento de avaliação de risco seria finalmente ligado à estruturação de

planos de progresso nos quadros de um sistema de gestão de segurança. Também

permitiria chegar a um consenso na seleção de cenários de acidentes, que levaria em

conta dispositivos de segurança e eficácia da gestão de segurança específica da planta,

ou seja, frequências adequadas para os cenários conforme exigido num relatório

específico de análise de segurança para a demonstração de controle do risco.

Por outro lado, considera-se os Estados Unidos da América o país que mais

avançou no sentido do uso da informação de risco para a tomada de decisão reguladora.

A agência de regulação norte americana Nuclear Regulatory Commission (NRC)

publicou a declaração da Política de Avaliação Probabilística de Segurança (“Federal

Regulation 60FR-42622, 16/08/95”), que incorporou a avaliação do risco como

ferramenta no processo regulador. Em 1988, emitiu a “Generic Letter GL-88-20”) que

deu origem ao programa IPE (“Individual Plant Examination”), fazendo com que cada

planta fosse considerada na avaliação de risco quando dos estudos de segurança de

reatores em um mesmo sítio. Todas estas iniciativas consistiram nos elementos que

deram origem à Regulamentação de Tomada de Decisão com Informações do Risco

(RIDM) e à Regulamentação Baseada no Desempenho, PB (“Performance Based”). Em

19/11/2001, foi emitido o Parágrafo 69 do 10 CFR 50, regulamentando o RIDM, U.S.

NRC, (2001).

Foram emitidos os guias reguladores do RIDM relacionados à Análise

Probabilística de Segurança (APS), onde destacamos os relatórios: U.S NRC (1998b),

(1998c), (2002), (2009) e (2011b).

Outro relatório de grande importância emitido pela NRC foi a proposta de

formatação padrão para guia de tomada de decisão reguladora com informação do risco

U.S. NRC, RMTF Framework (2012) para materiais nucleares e instalações de rejeitos

radiativos. Os órgãos reguladores “U.S. Nuclear Regulatory Commission (NRC) Office

of Nuclear Material Safety and Safeguards (NMSS) e, Office of Federal and State

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Materials and Environmental Management Programs (FSME) podem, caso a caso, usar

este guia para tomar suas decisões reguladoras.

Deve ser observado que todo este esforço de aumento da segurança através do

uso de guias, procedimentos e modelagens tem sido aplicado para as áreas do projeto,

construção e operação de reatores nucleares. Comparativamente a estes, pouquíssimos

trabalhos têm sido elaborados e/ou aplicados para as unidades do ciclo do combustível.

Só recentemente (a partir de 2005), com o recrudescimento dos processos de

licenciamento, é que outros trabalhos têm sido dedicados às instalações do ciclo.

A proposta de integração da conceituação RIDM, levando em conta as

abordagens determinísticas e probabilísticas, pode ser visualizada na figura 3.2:

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Elemento Determinístico Elemento Probabilístico

Defesa em Profundidade

Barreiras e Níveis

Diversidade e Redundância dentro de um

conjunto de sistemas de segurança

Diversidade de Meios para Implantação das Funções de Segurança

Margens de Segurança

Conformidade Reguladora

Monitoramento de Desempenho

Considerações Organizacionais

Experiência Operacional

ABORDAGEM DETERMINISTICA

Responder às Perguntas:

Os sistemas de segurança estão

cumprindo seus objetivos e requisitos de

projeto?

Quais são as consequências caso não

estejam?

Avaliação qualitativa quanto a Riscos

aceitáveis de consequências indesejáveis:

Se a análise dos ABP confirma o desempenho

de projeto dos sistemas de segurança e de

que outros requisitos determinísticos estão

alcançados, então se acredita que a

segurança está assegurada.

Critérios Determinísticos de

Sucesso

Novos Eventos

Base de Projeto

Reclassificação de Sistemas

Importantes à Segurança

(SSC)

Análise Integrada Abrangente dos

Potenciais Cenários de Acidentes

É possível controlar um irrestrito numero

de falhas potenciais de componentes e de

erros humanos

ABORDAGEM ORIENTADA

AO RISCO

Responder às Perguntas:

O que pode dar errado?

Quão provável ele é?

Quais são as consequências?

Avaliação quantitativa de risco de um

abrangente espectro de perigos internos e

externos, falhas de equipamentos e erros

humanos.

Figura 3.2 – Integração abordagem determinística e probabilística (adaptado de IAEA (2011)

Ambos Satisfazem

Nível de Segurança Aceitável

Implantar Medidas para ampliar os Níveis de Segurança

Avaliação do Nível Geral de Segurança

Comparar Resultados Determinísticos com

os Reguladores

Comparar medições de risco avaliadas

com as metas propostas

Não Satisfazem

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3.2. BASE NORMATIVA APLICÁVEL

A base normativa que está sendo considerada para condução das atividades de

projeto capaz de atender aos processos de licenciamento nuclear, ambiental e industrial

é constituída de normas, guias e critérios de projeto e boas práticas, tanto de origem

nacional, quanto internacional.

No campo nuclear nacional, o processo de licenciamento é instruído pelas

normas nacionais da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), destacando-se as

normas: CNEN (1988), (1997a), (1997b), (1999), (2002), (2011), (2013), (2014a), (2014b),

(2014c) e (2014d).

No âmbito nuclear internacional são relevantes alguns guias e padrões

orientados pela IAEA e da legislação instruída pela US NRC. Para a IAEA destacamos:

IAEA (1996), (1999), (2000), (2001), (2002), (2005), (2006), (2008), (2010a), (2010b) e

(2011). Para a USNRC destacamos: U.S NRC (1991), (1998), (2001), (2007), (2008),

(2011), (2012a), (2012b), (2012c), (2014), (2015a), (2015b), (2015c), (2015d) e (2015e).

No âmbito nacional considerando-se a abrangência ambiental são relevantes as

seguintes normas e guias das resoluções do IBAMA/CONAMA. Para estes destacamos

as seguintes resoluções: CONAMA (1987), (1997), (2006), (2008a), (2008b), (2011) e

(2013).

Ainda no âmbito nacional, as normas da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) devem ser consideradas no desenvolvimento dos projetos das

diversas disciplinas de engenharia em conjunto com o arcabouço de normas

regulamentadoras afetas à Segurança e Saúde no Trabalho (NR’s). Da ABNT

destacamos as ABNT (2000), (2001) e (2009).

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4. A TECNOLOGIA DE CONVERSÃO PARA O BRASIL

4.1. A IMPLANTAÇÃO INDUSTRIAL DA TECNOLOGIA DE

CONVERSÃO DO BRASIL

A tecnologia da conversão no Brasil, cujos processos químicos envolvidos já são

de domínio laboratorial e em escala piloto, ainda não faz parte das atividades nucleares

em nível industrial no país.

Atualmente, os serviços de conversão relativos à operação dos reatores Angra 1

e 2 têm sido contratados junto à empresa AREVA. Esta é a etapa do CCN que possui

maior complexidade em relação aos riscos industriais, por questões econômicas não foi

anteriormente implantada em nível industrial, baseado na baixa demanda interna,

necessidade de altos investimentos frente à pequena participação no custo do

combustível nuclear (cerca de 3%) e preços acessíveis para prestação deste serviço

ofertados no exterior.

Segundo as pesquisas junto à INB, como o combustível nuclear não pode ser

produzido sem a etapa de conversão, a mesma ainda é de importância econômica

relativa, uma vez que a expansão da frota de reatores nucleares esta dependendo de

decisões políticas em nível de governo. E, estrategicamente essa etapa é muito

relevante, posto que afeta a capacidade de produzir um produto final cujo custo é cerca

de cinquenta vezes maior (enriquecimento), bem como, elimina a vulnerabilidade da

ausência de produção nacional de matéria-prima (UF6) para a usina de enriquecimento

da INB. Desta forma, embora a implantação de instalações do ciclo de produção do

combustível nuclear necessite de consideráveis investimentos, há de se levar em conta

que se a conversão não estiver disponível no país em nível industrial, a produção do

combustível nuclear para atendimento à geração nucleoelétrica nacional poderá tornar-

se refém dos fornecedores e mercado externo de serviços de conversão.

Outro fator é que a produção de urânio enriquecido, dependente da

disponibilidade de hexafluoreto de urânio natural como matéria-prima, passa então a ter

importância tecnológica e estratégica para o País, devido à crescente dificuldade de

transporte internacional de compostos radioativos, dificultando as atividades de envio

de concentrado e prestação dos serviços de conversão no exterior. Em resumo, no médio

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prazo, não há como se prescindir da implantação em escala industrial de uma unidade

de conversão em solo nacional.

A importância tecnológica diz respeito ao aproveitamento das pesquisas e

desenvolvimento dos processos físico-químicos realizados pelo Instituto de Pesquisas

Energéticas e Nucleares - IPEN da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN,

bem como dos esperados resultados do projeto de concepção e da operação da Unidade

de Produção de Hexafluoreto de Urânio (USEXA) do Centro Tecnológico da Marinha

em São Paulo – CTMSP, no Centro Experimental de Aramar.

A unidade de produção ora em fase de projeto conceitual pela INB, tem como

objetivo atender à demanda dos reatores Angra 1, 2 e 3, estimada em

1.123 ton UF6 / ano, e mais até cinco reatores nucleares de cerca de 1.120 MWe. A INB

está usando como referência de estudo o reator desenvolvido pela empresa norte-

americana Westinghouse, do tipo AP-1000 (INB, 2012), totalizando uma demanda de

até 3.000 tUF6 / ano, em recargas de combustíveis nucleares para estas usinas. O

modelo de implantação selecionado é o do tipo expansão modular, em que será

construída toda a infraestrutura e sistemas de apoio à produção para uma capacidade

total de 3.000 t UF6 / ano, com área suficiente para expansão até 4.500 t UF6 / ano. Os

prédios de produção formarão linhas de fabricação modulares de 1.500 t UF6 / ano por

módulo, permitindo a expansão modular conforme a progressão das demandas dos

novos reatores nacionais. Deve ser observado que, já na implantação do primeiro

módulo (1.500 t UF6 / ano efetivos), as necessidades de hexafluoreto de urânio para os

reatores de Angra 1, 2 e 3 serão atendidas (estimadas em 1.123 t UF6 efetivos),

existindo, desta forma, lastro de capacidade de fábrica para a produção do núcleo do

reator subsequente.

A estratégia de licenciamento está contemplando, de forma integrada, etapas de

análise de segurança sobre as bases conceituais de projeto dos processos e de

instalações, e também, posteriormente, sobre o projeto básico, de forma que tanto o

projeto conceitual como o próprio projeto básico deverão suportar o crivo dos critérios

destas análises de segurança. Desta forma, por iniciativa da INB, buscar-se-á agregar ao

projeto o “estado da arte” em termo de projetos, materiais, soluções de engenharia e de

gestão de riscos. Mantida esta abordagem de gestão para a implantação da nova unidade

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do ciclo, o projeto da INB estará plenamente alinhado com a conceituação do RIDM,

conforme a referência AIEA (2005).

4.2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DE PROJETO DA NOVA USINA

DE CONVERSÃO DA INB E IDENTIFICAÇÃO DE

ELEMENTOS PARA A RIDM

Buscou-se neste capítulo sumarizar as características do projeto da nova

unidade, por ramo de engenharia, apresentando as alternativas tecnológicas de rota de

processamento, de engenharia e de projeto de processos industriais que estão contidos

nas bases conceituais da planta.

Para fins deste estudo os ramos de engenharia nos quais as bases conceituais e

características do projeto foram avaliadas são as apresentadas na tabela 4.1:

Tabela 4.1 – Ramos da engenharia em projetos e sua abrangência

ITEM RAMO ABRANGÊNCIA

1 Processo

Determina as rotas e condições de todos os processos

industriais, tipo de equipamento, necessidades de performance

mínimo e garantia geral de cumprimento dos requisitos

normativos.

2 Civil

Responsável pelo dimensionamento e projeto de construções,

prédios, estruturas, fundações, arruamentos, drenagens,

envelopes de passagem, galerias, etc.

3 Mecânica

Responsável pelo dimensionamento, seleção e projeto de

estruturas de suporte e apoio, equipamentos industriais,

plataformas, mecanismos de elevação de carga, torres e

chaminés, apoio à produção (manutenção).

4 Elétrica

Responsável pelo dimensionamento, seleção e projeto de redes

elétricas, sistemas de alta, média e baixa tensão, sistemas de

distribuição de alimentação de corrente alternada e contínua,

inversores, geradores, baterias, iluminação, SPDA, cablagem e

apoio a produção (manutenção).

5 Instrumentação e Controle

Responsável pelo dimensionamento, seleção e projeto dos

sistemas de instrumentação e controle, barramentos de

aquisição e distribuição de dados, painéis de controle e

sinalização de alarme de processo e emergências, CFTV

aplicada à monitoração de processo, cablagem e apoio a

produção (manutenção).

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6 HVAC

Responsável pelo dimensionamento, seleção e projeto dos

sistemas de ventilação (normal e emergência), rede de dutos

de ventilação (insuflamento e exaustão), dumpers de

isolamento, controle e corta-fogo, “Plenums”, chaminés, e

sistemas de medição isocinética de vazão nas redes, análises

de gases de efluentes das unidades.

7 Proteção Física e CFTV

Responsável pelo dimensionamento, seleção e projeto dos

sistemas de monitoração de intrusão e proteção física, acesso

de pessoal, muros e cercas de isolamento, força de reação e

apoio à evacuação.

8 Segurança Industrial

Responsável pelo dimensionamento, seleção e projeto dos

sistemas de alarme e combate a incêndio, combate a

emergências químicas, segurança do trabalho, meios de

prevenção de acidentes, resgate e transporte de pessoal

acidentado.

9 Segurança Radiológica

Responsável pelo dimensionamento, seleção e projeto dos

sistemas de monitoração radiológica de ambientes e pontos de

controle, alarme e combate a eventos radiológicos,

gerenciamento e disposição de rejeitos ativos, meios de

prevenção de acidentes, resgate, transporte e atendimento de

pessoal acidentado.

10 Segurança Ambiental

Responsável pelo dimensionamento, seleção e projeto dos

sistemas de monitoração ambiental, gerenciamento e

disposição de rejeitos inativos e acompanhamento de

programas de monitoração ambiental.

4.2.1. Características do processo de produção e tecnologia de processo

Ao longo dos anos, duas rotas de produção foram as mais usadas na etapa de

conversão. Uma, chamada de rota úmida e outra, de rota seca. A primeira, é assim

denominada devido às reações químicas para a obtenção do tetrafluoreto de urânio (UF4

- composto intermediário na produção do UF6) serem feitas com o uso de ácido

fluorídrico (HF) em fase gasosa, porém reagindo com o concentrado de urânio em

solução aquosa. A segunda, é assim denominada devido ao uso do HF em fase gasosa,

mas agora reagindo com o concentrado de urânio em fase sólida. A figura 4.1 apresenta

um fluxo da rota seca, similar a que esta sendo considerada para a nova planta de

conversão da INB.

Ou seja, conforme a rota escolhida, os equipamentos e as condições de processo

nas quais eles operam interferem diretamente no risco global de operação da unidade,

logo sendo um dos fatores a serem considerados nas análises integradas de segurança

(AIS).

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Como já citado, o processo de conversão é dividido em cinco etapas básicas:

1. Purificação do concentrado de urânio;

2. Obtenção do trióxido de urânio (UO3);

3. Obtenção do dióxido de urânio (UO2);

4. Obtenção do tetrafluoreto de urânio (UF4);

5. Obtenção do hexafluoreto de urânio (UF6).

Adicionalmente às cinco etapas anteriores, o processo de ampliação do grau de

purificação do UF6 é realizado por processo de destilação fracionada, se constituindo

numa sexta etapa opcional de processamento até a obtenção final do produto puro

(UF6). A INB optou por introduzir esta etapa na rota de processamento para aumentar a

flexibilidade operacional da unidade. O anexo B apresenta um fluxograma de processo

para a produção do hexafluoreto de urânio. As etapas do processo serão detalhadas mais

adiante no trabalho. A Figura 4.1 apresenta uma sequência de etapas para produção do

hexafluoreto de urânio. No anexo ‘B’ é apresentado um fluxograma do processo de

produção com os principais equipamentos de processo.

A Tabela 4.2 mostra as diferentes tecnologias adotadas pelas empresas que

realizam a conversão no mundo e a unidade de demonstração da Marinha em construção

no Brasil. Mostram, assim, que existem diferentes opções de equipamentos que

realizam uma mesma etapa do processo. Já a Tabela 4.3 mostra as principais vantagens

e desvantagens das tecnologias de equipamentos usadas no processo de conversão, pelas

principais empresas de conversão no mundo.

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Figura 4.1 – Etapas de Produção do UF6 Fonte: INB

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Tabela 4.2 – Tecnologias de equipamentos por etapa de processo Fonte: INB

ETAPA

EMPRESA – PAÍS

USEXA (CTMSP)

BRASIL

COMURHEX

FRANÇA

CAMECO

CANADÁ

BNFL

INGLATERRA

COVERDYN

USA

Purificação Colunas Pulsadas Coluna Mixco e

Pulsadas

Coluna Mixco e

Pulsadas

Misturadores/

Decantadores Não aplicável

Preparação

de UO3

Precipitação e

Calcinação

Precipitação e

Calcinação

(atualizando para

Desnitração)

Desnitração Desnitração Desnitração

Preparação

de UO2

Reator Leito

Contínuo

Reator Leito

Contínuo Leito fluidizado Forno Rotativo Leito fluidizado

Preparação

de UF4

Reator Leito

Contínuo

Reator Leito

Contínuo Via Úmida Forno Rotativo Leito fluidizado

Preparação

de UF6

Reator de Chama e

Reator de Pratos

Reator de Chama

e Reator de Pratos

Reatores de

Chamas Leito fluidizado Leito fluidizado

Destilação Coluna Contínua Não tem Não tem Não tem Coluna Contínua

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43

Tabela 4.3 – Principais vantagens e desvantagens das tecnologias de

equipamentos Fonte: INB

ETAPA EQUIPAMENTOS VANTAGEM DESVANTAGEM

Purificação

Colunas Pulsadas

- Espaço reduzido para

implantação.

- Baixa manutenção.

- Tecnologia desenvolvida pelo

CTMSP

- O NTU deve apresentar baixo

teor de sílica, devido a maior

probabilidade da formação de

emulsões estáveis.

Misturador/decantador

- Maior tolerância à presença de

sílica

- Tecnologia desenvolvida pela

INB

- Maior espaço para implantação

- Maior manutenção (agitadores)

Produção de

UO3

Precipitação/Calcinação

- Maior flexibilidade operacional

- Tecnologia desenvolvida pelo

CTMSP

- Inventário de amônia

- Maior geração de efluentes e

rejeitos

Desnitração

- Menor geração de rejeitos e

efluentes e reciclagem do ácido

nítrico para dissolução

- Menor flexibilidade operacional

Produção de

UO2

Leito Fluidizado

- Tecnologia desenvolvida pela

INB e CTMSP

- Espaço reduzido para

implantação

- Maior consumo de reagentes

Reator Leito Contínuo

- Tecnologia desenvolvida pelo

CTMSP

- Espaço reduzido para

implantação

- Menor consumo de reagentes

- Baixa flexibilidade operacional

- Maior manutenção

- Maior tendência ao entupimento

do leito

Forno Rotativo

- Tecnologia desenvolvida pelo

CTMSP (projeto)

- Maior flexibilidade operacional

- Menor consumo de reagentes

- Maior espaço para implantação

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Produção de

UF4

Leito Fluidizado - Espaço reduzido para

implantação

- Maior consumo de reagentes

- Demanda pelo menos dois

equipamentos em série

Via úmida

- Menor risco operacional

- Reciclagem do ácido fluorídrico

- Materiais de fabricação

nacionais

- Maior espaço para implantação

- Maior quantidade de

equipamentos e etapas de

operação

Forno Rotativo - Maior flexibilidade operacional

- Menor consumo de reagentes - Maior espaço para implantação

Produção de

UF6

Reatores de Chamas e

Pratos

- Tecnologia desenvolvida pelo

CTMSP - Não identificado

Leito Fluidizado - Maior tempo de residência

- Utilização de leitos inertes

(maior probabilidade de

contaminação do UF6)

- Maior consumo de reagentes

Levando-se em consideração as vantagens e desvantagens de cada uma das

tecnologias, as informações e projetos disponíveis na INB e o rigor dos requisitos

necessários para o licenciamento ambiental e nuclear, a equipe de projeto da INB optou

por uma planta híbrida, buscando absorver as melhores práticas produtivas conhecidas

(ver Tabela 4.4).

Tabela 4.4 – Tecnologia de Equipamentos Selecionada no Projeto da INB

ETAPA Purificação Produção

de UO3

Produção

de UO2

Produção

de UF4

Produção de

UF6 Destilação

EQUIPAMENTOS

/ TECNOLOGIA

Colunas

Pulsadas

Desnitração

ou

Precipitação

e Calcinação

Forno

Rotativo

Forno

Rotativo

Reator de

Chamas e

Reator de

Pratos

Coluna

Contínua

O atual projeto conceitual da FCN Conversão é baseado quase em sua totalidade

no projeto francês denominado COMURHEX I, adquirido pelo Brasil nos anos 80 junto

a empresa francesa Uranium Péchiney Ugine Kuhlmann – UPCUK, adaptado com

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melhorias de processo e de equipamentos seguindo as tendências tecnológicas para

redução do risco operacional e aumento da resiliência frente aos cenários de acidentes

postulados (base de projeto) ou de fatores externos extremos (efeito pós-Fukushima).

As tecnologias de processo assim empregadas buscam a eliminação ou redução de

inventário de produtos inflamáveis, explosivos ou tóxicos.

A sequência básica de reações químicas até a obtenção do UF6 é a seguinte:

Fonte: INB

As possibilidades mais usuais de concentrado de urânio são: diuranato de

amônio – DUA (U2O7(NH4)2), peróxido de uranila (UO4.2H2O), diuranato de sódio –

DAS (U2O7Na2) e trióxido de urânio impuro (UO3).

Durante o processamento químico as formas intermediárias do urânio são:

nitrato de uranila – NTU (UO2(NO3)2), trióxido de urânio (UO3), dióxido de urânio

(UO2) e o tetrafluoreto de urânio (UF4), sendo o produto final o gás hexafluoreto de

urânio (UF6). Os principais insumos de processo são: ácido nítrico (HNO3), trifosfato

de butila (TBP), amônia (NH3), gás hidrogênio (H2), ácido fluorídrico (HF) e gás flúor

(F2).

As Figuras 4.2 e 4.3, apresentam as formas intermediárias e final do urânio já

purificado durante o processamento químico para obtenção do UF6.

Precipitação/

Calcinação

ou

Desnitração

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Concentrado de Urânio Nitrato de Uranila Impuro e Filtrado

Figura 4.2 – Formas intermediárias de concentrados de urânio antes da purificação Fonte:

CTMSP.

Trióxido de Urânio

(UO3) Dióxido de Urânio

(UO2) Tetrafluoreto de Urânio

(UF4) Hexafluoreto de Urânio

(UF6)

Figura 4.3 – Formas intermediárias e final do urânio já purificado durante o

processamento químico para obtenção do UF6 Fonte: CTMSP.

Ao final da conversão, o UF6 é armazenado em cilindros especiais de aço (tipo

48Y, segundo a norma ANSI 14.1) para transporte até as usinas de enriquecimento,

conforme Figura 4.4. Em condições ambientes de pressão e temperatura, o UF6 é solido.

O UF6 sublima à 56,4ºC e 1.013,5 mbarg e possui um ponto triplo (coexistência das

fases sólida, líquida e gasosa) em 64,0ºC e 1.516,5 mbarg, possuindo, desta forma,

grande facilidade de manejo nas mudanças de estado.

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Figura 1 - Cilindro 48Y e carro transportador com sobre-embalagem.

Fontes: INB e CAMECO.

Figura 4.4 – Cilindro 48Y para UF6 natural e empilhadeira de transporte

Fonte: INB e CAMECO

4.2.2. Descrição geral do processo de produção para a nova unidade

O concentrado de urânio será transferido para a unidade de Resende em

recipientes herméticos, produzido em Caetité-BA ou na nova mina em Itataia-CE, onde

então será convertido em hexafluoreto de urânio – UF6. Tal transferência poderá ser

realizada via rodovia ou via férrea e por cabotagem até os portos do Rio de Janeiro ou

Santos, e destes até o complexo da INB em Resende.

Ao chegar à unidade de Resende o concentrado será disposto em galpão, dotado

de infraestrutura para manuseio dos embalados de concentrado de urânio. As atividades

de inspeção externa e salvaguardas nucleares serão ali realizadas, em ambiente

semifechado e ventilação natural. As atividades de amostragem e parte em ambiente

confinado, dotado de ambiente controlado por ventilação dedicada.

Do galpão de estocagem intermediária os embalados de concentrado serão

conduzidos para o prédio de produção de concentrado purificado, onde, em ambiente

controlado por ventilação dedicada, serão abertos e amostrados para controle de

qualidade. Após liberados, o concentrado impuro será alimentado à planta conforme a

demanda dos planos de produção.

Para promover a purificação do concentrado de urânio proveniente das minas, o

concentrado é dissolvido em ácido nítrico (grau comercial), de onde é obtida uma

solução de nitrato de uranila (NTU - UO2(NO3)2). Esta solução é filtrada e

posteriormente purificada por meio de extração com solventes (mistura trifosfato de

butila – TBP, com hexano), em colunas misturadoras. A solução já purificada passa

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então por evaporadores concentradores e, posteriormente, por reatores de desnitração ou

de precipitação. No primeiro caso, seguem-se o resfriamento e secagem do UO3 de

elevada pureza e a reabsorção dos vapores nitrosos, com sua concentração e reciclagem

como ácido nítrico regenerado. No segundo caso, seguem-se as etapas de secagem,

calcinação e resfriamento para finalmente ser obtido o UO3 de elevada pureza (ver

Figura 4.5).

A pressão de trabalho nestas etapas varia do médio vácuo (~250 mbarg) até

ligeiramente superior à atmosférica (1,5 barg). A temperatura de trabalho vai da média

ambiente (~28 ºC) até cerca de 420 ºC, no forno de calcinação.

Precipitação e

Calcinação

Concentrado Dissolução e

Filtração

NTU Extração com

Solventes

NTU ou

UO3 puro

Desnitração

Figura 4.5 – Esquema básico para a produção de UO3 de alta pureza

Observação:

a) Uma das alterações da rota clássica de produção, a ser adotada no projeto da

INB, segue a tendência de substituição da precipitação e calcinação do

diuranato de Amônio (DUA), pela tecnologia da desnitração térmica. Esta

mudança tecnológica é benéfica, principalmente em termos ambientais, pois

além de evitar o uso da amônia, composto de elevada periculosidade e que

demanda infraestrutura significativa de tratamento de efluentes e segurança

industrial, insere um sistema de recuperação de gases nítricos e nitrosos para

a produção de ácido nítrico diluído, reduzindo o risco na estocagem e

manuseio de ácido nítrico concentrado.

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Após a produção e estocagem intermediária do UO3, este é pneumaticamente

transportado para equipamentos reatores, onde é, primeiramente, submetido a uma

atmosfera redutora com H2 gás, passando para a forma de UO2. Completada a redução,

o UO2 sólido reage em contracorrente com uma corrente de HF vapor a uma

temperatura em torno de 500 ºC. A reação é exotérmica, produzindo o composto

intermediário UF4 (pó de cor verde), que é descarregado para recipientes especiais, de

cerca de 500 kg de capacidade para ser resfriado até temperatura ambiente. Os gases

residuais de processo são exauridos através de filtros de material sinterizado e enviados

para lavadores de gases para captura do HF residual. Posteriormente, o UF4 é enviado

para silos de estocagem. Dos silos de estocagem, o UF4 é pneumaticamente

transportado para o topo dos equipamentos denominados reatores de chama, onde, a

uma temperatura entre 550 e 600 ºC, reagirá em corrente paralela com o F2 gás para a

produção do UF6, na fase gasosa.

O gás flúor (F2) necessário será produzido na própria unidade em células

eletrolíticas de 6.000 a 9.000 ampères, sendo o eletrólito uma solução de bifluoreto de

potássio – KHF2 em ácido fluorídrico anidro (AHF). A produção global das células de

flúor terá uso imediato no processo, não havendo estoques de flúor na unidade além de

mínimas quantidades para a partida da unidade ou condicionamento (passivação) de

linhas e equipamentos.

A corrente gasosa saindo dos reatores de chama é também passada por filtros

especiais de material metálico sinterizado para a retenção de partículas, e destes para

trocadores de calor especiais (cristalizadores primários), onde, à temperaturas inferiores

a -20 ºC, o UF6 é dessublimado e separado da corrente gasosa do processo. A porção

sólida não reagida dos reatores de chama é enviada para um reator de pratos, bem como

a corrente residual de gás oriunda dos cristalizadores contendo ainda F2 gás residual.

Uma produção secundária de UF6 é obtida no reator de pratos recuperando-se os

materiais não reagidos. A corrente gasosa do reator de pratos é então enviada a outros

trocadores de calor especiais (cristalizadores secundários), onde à temperaturas

inferiores a -20 ºC, o UF6 é dessublimado e separado da corrente gasosa final, a qual

será enviada ao sistema de tratamento de efluentes gasosos para neutralização de

eventuais excedentes de HF ou F2. O UF6 dessublimado nos cristalizadores (primários e

secundários) é aquecido até cerca de 90 ºC, sendo completamente liquefeito. Após a

liquefação, parte da atmosfera gasosa dos cristalizadores pode alimentar um sistema de

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destilação do UF6,onde tanto o HF residual na fase vapor quanto impurezas residuais na

fase líquida (em especial compostos à base de silício) podem ser praticamente

eliminadas. Após a purificação adicional, o UF6 é transferido dos cristalizadores para

um vaso pulmão, com capacidade máxima de estocagem de até 12,8 tUF6 liquefeito. Do

vaso pulmão, por gravidade, o UF6 liquefeito é enviado para a estação de enchimento de

cilindros 48Y, dotada de sistema de amostragem em fase líquida, para possibilitar a

certificação dos lotes de produção (cada cilindro 48Y corresponde a um lote de

12,5 tUF6). A Figura 4.6 a seguir apresenta uma diagrama de blocos esquemáticos da

produção.

H2 HF F2

UO3

Redução

UO2 Hidrofluoração

UF4 Fluoração

UF6 gás

Cilindros 48 Y

Enchimento UF6 liq.

Destilação UF6 gás

Cristalização

Figura 4.6 – Esquema básico para produção de UF6 de alta pureza

Em relação ao projeto conceitual da nova unidade, a seguir são apresentadas as

premissas para a adoção das principais rotas de processo e/ou tecnologias de

equipamentos, para agregar maior segurança operacional e redução dos riscos

industriais:

a) A adoção da etapa de produção do composto intermediário UO3 (de

elevada pureza química), como sendo o processo de desnitração direta de

solução de nitrato de uranila já purificada, além de também eliminar o uso

da amônia anidra liquefeita como insumo de processo, introduz a

possibilidade de reciclagem ao processo principal do ácido nítrico gerado

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no tratamento dos gases exauridos do processo de desnitração. Desta

forma, atendendo aos critérios de redução de riscos declarados (formação

de nuvem tóxica,) com tal rota química simplificada é ampliada a robustez

da segurança operacional, com benefícios complementares de redução da

geração de correntes efluentes (minimização de risco químico e de impacto

ambiental) e aumento da reciclagem de subproduto com alto valor

agregado (ácido nítrico e seus derivados na base nitrato);

b) A rota primária selecionada é a de maior domínio tecnológico e/ou

industrial no país (contém uma fusão dos processos via úmida e seca, e o

uso da desnitração). Incluso, também, em seus subprocessos, uma

alternativa de retorno do uso de amônia na produção do UO3 de alta

pureza, caso a obtenção da tecnologia de desnitração seja inviável. Desta

forma, será usado o conceito de robustez de processo como a rota, sistemas

industriais e capacitação da força de trabalho que, garantindo-se a

segurança ambiental, industrial, nuclear e operacional, ofereça plena

continuidade operacional tanto em condições normais, quanto anormais e

de emergência, com os menores impactos ao homem e ao meio ambiente,

que os meios tecnológicos disponíveis permitirem;

c) Caso o Brasil firme acordos com outros países para aporte de tecnologias,

a rota primária selecionada, incluso seus subprocessos, permite

modificações substanciais em seus desenvolvimentos durante as etapas de

projeto e até de operação da nova usina.

Será garantido pelo projeto, sem prejuízo da implantação inicial, e dentro

de margens de segurança adequadas, que haja espaço físico e meios

técnicos para que substanciais modificações de rota de processamento ou

tecnologia de equipamentos sejam possíveis, com mínimo impacto às

características construtivas gerais da nova unidade.

4.2.3. Critérios gerais do projeto

Com base nas referências IAEA (2000), (2008), (2010a) e CNEN (2014a) e,

conhecidas as características do processo, foram identificados os seguintes critérios

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gerais de projeto de modo a que os objetivos de segurança da nova instalação industrial

sejam alcançados, aqui ordenados por prioridade decrescente:

1. As consequências de qualquer dos acidentes postulados não poderão

ultrapassar os limites de propriedade da INB em Resende;

2. Os princípios de defesa em profundidade, suficiente margem de segurança e

abordagens ALARP/ALARA para proteção radiológica, segurança

industrial e proteção ao meio ambiente serão ampla e sistematicamente

adotados de forma integrada em todos os ramos da engenharia e respectivos

projetos;

3. Considera-se o projeto a primeira barreira de defesa em profundidade, onde

serão aplicadas técnicas de análise integrada de segurança, tanto nas fases de

projeto conceitual e básico, assim como, para o controle de qualidade das

obras civis e de montagem eletromecânica.

4. A experiência operacional e parâmetros reguladores, já implantados e

consolidados no complexo industrial da INB em Resende, serão também

sistematicamente adotados de forma integrada em todas as disciplinas de

projeto;

5. Buscar-se-á a redução da carga de trabalho das equipes de operação,

manutenção e segurança nos casos de falha.

6. Procedimentos e mecanismos para gestão do risco, incluindo a governança

de emergência, serão também sistematicamente adotados de forma integrada

no projeto desta nova unidade do ciclo;

7. As soluções de engenharia deverão garantir, tanto quanto possível, a

possibilidade de melhoramentos futuros, inclusive a troca de tecnologias de

processo ou de equipamentos

4.2.4. Características dos Equipamentos e linhas de processo

Como a rota de produção trabalha com urânio natural, não há necessidade de que

os equipamentos de processo possuam características especiais (geometria anticrítica,

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limitação de massa segura, etc.). O projeto dos equipamentos necessita apenas se

adequar quanto à resistência química e estrutural em relação aos insumos de processo

(altamente agressivos, tóxicos, inflamáveis ou explosivos) e às condições

termodinâmicas dos diversos processos onde estão inseridos. Contudo, em alguns casos,

devido ao critério de projeto relativo ao sismo de desligamento seguro – SDS, CNEN

(2014a), os equipamentos receberão fundações e suporte compatível com este critério.

Da mesma forma, as tubulações de processo necessitam apenas se adequar

quanto a resistência química e estrutural em relação aos insumos de processo e às

condições termodinâmicas. Também aqui, em alguns casos, devido ao critério de

projeto (SDS), um certo grupo deverá possuir suporte compatível com este critério para

redução dos riscos em relação às condições de acidente por fenômenos externos, além

das bases de projeto (uma das aplicações do conceito RIDM).

As principais funções de segurança a serem obtidas no projeto e fabricação de

equipamentos e linhas de processo são: robustez estrutural e alto nível de estanqueidade

frente aos cenários de operação normal, anormal e de emergência.

Em relação ao projeto original adquirido pelo Brasil nos anos 80, estão sendo

consideradas no projeto atual as seguintes alternativas de aplicação de equipamentos

chave, industriais, em pontos específicos da rota principal de processo:

Substituição das células de extração por colunas do tipo pulsadas ou com

agitadores durante o processo de purificação do licor ácido oriundo do

sistema de digestão ácida do concentrado obtido do beneficiamento mineral;

Substituição dos equipamentos de precipitação e calcinação de concentrado

(rota convencional de obtenção de UO3) por equipamentos desnitradores

(tendência de modernização em amplo desenvolvimento junto aos maiores

produtores mundiais);

Substituição do processo de obtenção de UF4 de via seca em um único

equipamento multiestágio (reação do UO3 com AHF em equipamento

adequado à reação sólido - gás) para o processo de obtenção via úmida

realizado em equipamentos multiestágios (reação do UO3 com AHF em

equipamentos adequados à reação sólido - líquido). Processo considerado de

menor risco operacional dentre todos os demais, porém com monopólio

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tecnológico de um único produtor que não deseja ainda comercializar tal

tecnologia;

Substituição do processo de obtenção de UF4 de via seca em um único

equipamento multiestágio (reação do UO3 com AHF em equipamento

adequado à reação sólido - gás) para o processo de obtenção via seca

realizado em fornos horizontais e estágios separados;

Substituição do recebimento e estocagem inicial do insumo de processo

AHF em vaso de pressão hermético, dotados de controle de temperatura e

atmosfera interna do vaso, por estocagem de AHF em carretas tipo

Isotanque, estacionadas em baias unitárias construídas em prédio sísmico,

cada qual dotada de controle de volume, temperatura e sistema automático

de alarme de fuga de AHF, e subsistema de mitigação de emergência,

incluindo ventilação, inundação por spray d’água, coleta e recuperação de

AHF (anidro e solução) e sistemas de lavagem de gases, dedicados;

4.2.5. Características dos prédios, áreas de produção, de apoio e almoxarifados

Os prédios e áreas de produção de produção estão distribuídos de tal forma que

possam ser isolados por diques e arruamentos, buscando o máximo isolamento

preventivo para os casos de incêndio.

Todas as áreas de produção onde haverá manuseio de urânio serão instaladas em

prédios fechados, com controle de acesso único de pessoal, ferramental e de materiais

(para fins de proteção radiológica), segregação de ambientes com barreiras físicas e de

níveis de pressão, ventilação dedicada para exaustão de ambientes e de processos, pisos

e paredes dotados de acabamento com proteção química e descontamináveis, áreas

exclusivas para manutenção local de equipamentos, sistemas de elevação de carga e

facilidades para a ação de equipes de segurança industrial e evacuação de emergência.

O transporte de massa do urânio depende fortemente do tipo e geometria dos

equipamentos ligados aos processos de extração por solventes, hidrofluoração e

fluoração. Assim, os prédios de produção serão projetados para prover espaço físico

suficiente para substituição dos equipamentos por outros de capacidade ampliada;

notadamente se utilizados equipamentos cilíndricos verticais, tais como os reatores tipo

leito contínuo (LC), reator de chamas, colunas pulsadas, dentre outros.

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Onde não houver manuseio de urânio os processos produtivos e/ou sistemas

auxiliares de processo, de utilidades ou de tratamento de efluentes, poderão ser

abrigados em prédios fechados ou em áreas abertas, dotadas de diques de contenção e

cisternas de emergência. As áreas de alto risco, devido ao manuseio de material tóxico,

inflamável e/ou explosivos, também possuirão controle de acesso único de pessoal,

ferramental e de materiais (para fins de segurança industrial), segregação de ambientes

com barreiras físicas e/ou de níveis de pressão, ventilação dedicada para exaustão de

ambientes e de processos (onde aplicável), pisos e paredes dotados de acabamento com

elevada resistência a ataques químicos, áreas exclusivas para manutenção local de

equipamentos, sistemas de elevação de carga e facilidades para a ação de equipes de

segurança industrial e evacuação de emergência.

Os projetos de edificações deverão levar em conta os critérios de segurança

mecânica e estrutural, tais como cargas de vento, inundações, projéteis internos e

externos, sismos, tornados, cargas devidas ao processo e equipamentos, critérios de

combinação de carga e cargas hidrostáticas de subsolo, conforme as normas nacionais e

internacionais aplicáveis. As estruturas deverão ser dimensionadas para condições

previsíveis de incêndio e/ou explosão, ao critério de projeto relativo ao sismo de

desligamento seguro – SDS, CNEN (2014a), visando o desempenho satisfatório de

todas as funções de segurança, mesmo sob condições de acidente.

4.2.6. Características dos sistemas de instrumentação e controle de processo

Serão usados instrumentos “inteligentes” ligados em rede fieldbus, sendo

monitorados e controlados por IHM (Interface Homem-Máquina) integrados aos

equipamentos de processo, e com redundância numérica de sensores, alimentação

elétrica e proteções necessárias e suficientes para conferir elevado grau de segurança e

resiliência operacional, a serem orientados por análises de segurança e redução de riscos

(alimentação elétrica e equipamentos redundantes).

Será previsto um CLP (Controlador Lógico Programável) para cada sistema de

cada linha, as quais estarão sendo monitoradas e controladas, via rede padrão Ethernet,

por sistema supervisor instalado nos diversos painéis de controles locais e central (este

último também redundante em diferentes localidades). Estes CLP deverão ser instalados

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em painéis de instrumentação localizados em corredores adjacentes fora da área

controlada a fim de facilitar a manutenção e acesso aos equipamentos ali contidos, bem

como minimizar exposição à contaminação por urânio ou produtos químicos agressivos.

Todas as informações geradas e controladas nestas IHM deverão ser repetidas

em um Painel de Controle Operacional (PCO), situado fora do prédio da usina, e em

outro painel designado de Painel de Controle Redundante (PCR), onde ambos terão total

autonomia de operação sobre os sistemas existentes mediante hierarquia por senha.

O Painel de Controle Operacional (PCO) será constituído de 12 (doze) estações

de operação com monitores em LED sendo: 05 (cinco) Estações para a Linha 1 e 05

(cinco) estações para a Linha 2, com a possibilidade de todas as estações da mesma

linha se relacionarem entre si através de acesso por senha, funções de forma redundante

permitindo um design operacional hot stand-by. Para o Sistema Auxiliar serão previstas

02 (duas) Estações de Operação, onde serão controlados e monitorados todos os

subsistemas integrantes com a possibilidade de usar qualquer uma das duas estações

deste sistema, no qual deverá ser instalado um CLP no painel de instrumentação

localizado no Painel de Controle Operacional a fim de facilitar a manutenção e acesso

aos equipamentos ali contidos. Uma estação adicional em cada linha abrigará o sistema

de Funções Críticas de Segurança (FCS), responsável pela monitoração das linhas

quanto à identificação de tendências de ocorrência de anormalidades (gestão do risco) e

de orientação à operação quanto à tomada de decisão em situações de emergência

(mitigação de consequências).

No Painel de Controle Redundante (PCR) está prevista a instalação de 04

(quatro) estações de operação, sendo uma para cada linha de processo, uma para os

sistemas auxiliares e outra para as funções críticas de segurança. Além das estações de

operação, estão previstas 02 (duas) Estações de Engenharia, sendo uma para as linhas de

produção e outra para os Sistemas Auxiliares e das Funções Críticas de Segurança.

Cada estação terá acesso aos seus CLP que poderão ser operados, pela área responsável,

para configuração, manutenção ou monitoramento dos programas nelas existentes,

necessários para configurar os controladores de campo, as remotas de I/O, a rede

profibus e a rede AS-i. Todas as alimentações elétricas da parte de instrumentação e dos

painéis de controle deverão ser de fornecimento ininterrupto, por fontes e rotas

independentes.

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Após a análise de segurança na fase de projeto básico, deverá ser considerada

qual área da fábrica necessitará de Controlador Lógico Programável com característica

de redundância (hot stand-by), bem como quais módulos de I/O e instrumentação serão

classificados como nível de integridade de segurança intrínseca (SIL).

4.2.7. Características dos materiais, matéria-prima e insumos dos processos

Em relação às matérias-primas e insumos a serem usados na futura fábrica de

conversão, a grande maioria já é usada em outras etapas do processo produtivo dentro

da INB Resende. As novas espécies químicas com inventários significativos que serão

introduzidas na FCN são: o ácido nítrico, os compostos orgânicos tributil fosfato (TBP),

hexano (ou querosene) e os compostos fluorados ácido fluorídrico e flúor gasoso.

A tabela 4.5 apresenta dados qualitativos e quantitativos referentes aos materiais

empregados na usina de conversão.

Tabela 4.5 – Demanda e Estocagem de Matéria-Prima e Insumos Fonte: INB

Material Quantidade

Específica

Quantidade

Anual Inventário

UO3 (yellow cake) 812,5 kg/t UF6 1.218,75 t 101,6 t 1 mês

Ácido Nítrico HNO3 1284,1 kg/t UF6 1.926,1 t 160,5 t 1 mês

Solvente

TBP (45%) 4,1 kg/t UF6 6,1 t 3,0 t 6 meses

Querosene

(55%) 13,5 kg/t UF6 20,3 t 10,1 t 6 meses

UO3 (purificado) 858,5 kg/t UF6 1.287,8 t 107,3 t 1 mês

Carbonato de Sódio

Na2CO3 17,7 kg/t UF6 26,5 t

Hidróxido de Sódio

NaOH 10,5 kg/t UF6 15, t

UF4 892,3 kg/t UF6 1.338,5 t 2,2 t 8 horas

Hidrogênio 80,0 Nm3/t UF6 119.840 Nm

3 4.609 Nm

3 2 semanas

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Ácido Fluorídrico AHF 365,7 kg/t UF6 548,6 t 52,7 t 5 semanas

Flúor 124,1 kg/t UF6 186,1 t - t -

KOH 110,8 kg/t UF6 166,2 t 6,4 t 2 semanas

Hidróxido de Cálcio

Ca(OH)2 322,5 kg/t UF6 483,6 t 18,6 t 2 semanas

Bifluoreto de Potássio

(Reposição) KHF2 2,7 kg/t UF6 4,1 t 0,4 t 1 mês

Bifluoreto de Potássio

(Carga Anual) KHF2 18,5 kg/t UF6 27,72 t 2,5 t Reposição anual

Carbonato de Potássio

K2CO3 4,0 kg/t UF6 5,95 t 6,0 t Carga inicial

Gás Carbônico CO2 18,1 kg/t UF6 27,12 t 2,3 t 1 mês

Carbonato de Cálcio

CaCO3. 18,3 kg/t UF6 27,43 t 50,0 t

1 isotanque de

HF

Enxofre 7,0 kg/t UF6 10,45 t 0,6 t 3 semanas

Ácido Sulfúrico H2SO4 0,1 l/t UF6 26,40 L 20,0 l 1 bombona

padrão

Nitrogênio 247,6 Nm3/t UF6 371.341 Nm

3 47,9 m

3 1 mês

Água Industrial 12,00 m3/t UF6 18.000 m

3 - m

3 -

Efluente Total 11,5 m3/t UF6 17.233 m

3 76 m

3 2 dias

A estimativa de geração de efluentes da usina de conversão foi determinada com

base no projeto da empresa francesa fornecedora da tecnologia de origem para o Brasil

(UPUK), conforme as Tabelas 4.6, 4.7 e 4.8:

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Tabela 4.6 – Efluentes líquidos Fonte: INB

Substância Vazão

(kg/h)

% massa

(base seca)

Concentração

(g/l)

NaNO3 9,5 2,42% 4,11

NH4NO3 163,2 41,74% 70,93

NH3 3,82 0,98% 1,66

KOH 0,15 0,04% 0,07

K2CO3 0,40 0,10% 0,17

KNO3 44,4 11,37% 19,32

CaF2 11,3 2,87% 4,88

CaCO3 13,2 3,36% 5,72

Ca(NO3)2 133,6 34,18% 58,09

Aux. Filtração 5,1 1,29% 2,19

Insolúveis 6,4 1,63% 2,77

U 0,05 0,01% 0,02

Total 391,1 100,00% -

Total de lançamento de efluentes: 78,18 m3/dia

1 atm 25 °C

Tabela 4.7 – Efluentes Sólidos Fonte: INB

Etapa Composição Vazão Temperatura Pressão

Filtração do

Concentrado SiO2, CaSO4

1,3 m3/dia

(lama) 25 °C 1 atm

Fluoração

Primária /

Secundária

UF4 e Cinzas

não reagidos 0,5 Kg/h 300 °C 0,8 atm

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Tabela 4.8 – Efluentes Gasosos Fonte: INB

Rejeito Vazão

NOx 0,1 ton/ton U

H2, UO3, UO2,

H2O, N2 19,6 Kg/h

HF, UF4, H2O, N2 1,2 Kg/h

SF6 2,75 Kg/h

4.2.8. Características das Barreiras de Proteção

Conforme o item 3.1.1 anterior os níveis de defesa em profundidade foram

definidos conforme IAEA (2006). Adicionalmente a estas recomendações, de forma

inovadora (Santos, 2014), porém seguindo os desenvolvimentos de segurança já

realizados no campo de reatores, a equipe de projeto estabeleceu a implantação de

sistema de gestão de risco operacional com a implantação do conceito de Funções

Críticas de Segurança (FCS). Desta forma, as diversas barreiras de proteção também

possuirão monitoração quanto a sua integridade e operacionalidade.

Assim, cada uma das recomendações acima descritas será aplicada aos ramos de

engenharia citadas na Tabela 4.1, dando origem ao arcabouço de soluções técnicas que

deverá constituir as barreiras de proteção da unidade face aos acidentes postulados,

matriz de riscos e riscos informados.

4.2.9. Características dos sistemas de governança de emergência

Similarmente ao discutido na seção 4.2.8, a equipe de projeto estabeleceu a

implantação de uma infraestrutura para a governança de emergências fundamentada nas

mesmas premissas e recomendações. Desta forma, uma edificação especial que abrigará

um centro de crise, dotada de facilidades de comunicação interna e externa (com enlace

de dados e telefonia via satélite), captação, processamento e análise de dispersões

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atmosféricas em tempo real, monitoramento redundante com interface ativa dos painéis

de controle de processo (principais sistemas de ação de emergência), monitoramento

redundante do sistema de Funções Críticas de Segurança (FCS), monitoração

redundante dos sistemas CFTV de proteção física e ambientes de processo, sala de

gestão de crise, centro de documentações de segurança e área especial de abrigo de

sobrevivência.

4.2.10. Características dos sistemas de mitigação de acidentes

Com base nas referências IAEA (2008), (2010a), a maior parte dos sistemas e

estruturas importantes para a segurança e os eventos iniciadores de anormalidades ou

emergências são conhecidos. Conforme a seção 4.2.8 e a referência CNEN (2014a) o

projeto deve estabelecer as adequadas barreiras de proteção bem como as medidas de

mitigação quando, deterministicamente, se assume que um evento aconteceu e todas as

medidas de proteção falharam.

As funções de segurança a serem consideradas são, IAEA (2010a):

1. Prevenção contra a criticalidade;

2. Prevenção contra dose interna (radiológica) e liberação de compostos

químicos danosos;

3. Prevenção contra dose externa (radiológica).

No caso da etapa de conversão a prevenção de criticalidade é necessária apenas

em plantas que processam urânio com mais de 1% de enriquecimento. A prevenção

contra dose externa é uma preocupação em plantas que usam urânio oriundo de

reprocessamento. Assim, no caso da nova planta da INB, as funções de segurança a

serem consideradas são as inerentes aos perigos relevantes relacionados à dose interna e

liberação de materiais químicos.

A Tabela C1 adaptada de IAEA (2010a), no anexo ‘C’, apresenta um sumário

dos eventos envolvendo a possibilidade de geração de dose interna e os que conduzem

ao vazamento de materiais químicos de alta toxidez, inflamáveis ou explosivos, em

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contraste com as medidas de preliminares de mitigação sugeridas para proporcionar

elevado nível de segurança.

Com base neste levantamento e considerando as referências (Santos, 2014)

(Souza, 2012), os eventos de consequências diretas ou indiretas (como incêndio, queda

geral de energia, exposição ao urânio, vazamentos, etc.) que devem ser,

preliminarmente, considerados para providências de mitigação são apresentados na

tabela 4.9, adaptada de IAEA (2010a):

Tabela 4.9 – Medidas Preliminares para Mitigação de Eventos

Função de Segurança

Inicialmente a ser

atacada

Eventos Medidas Preliminares de

Mitigação (*)

Aumento de dose interna

Liberação de óxidos de urânio;

Liberação de UF4 e UF6;

Derramamento de soluções

com material radioativo;

Manuseio de cilindros vazios

de UF6;

Manuseio/derramamento de

material não queimado

contendo urânio;

Violação de limites de vasos;

Sobreenchimento de cilindro

de UF6

Incêndio

Ampliação do nível de redundância de

barreias físicas (isolamento de processos e

ambientes, efeito cebola);

Implantação do sistema de Funções Críticas

de Segurança;

Aumento do Nível de redundância de

sistemas de ventilação de emergência

(barreiras de pressão, lavagem de gases e

uso de filtros HEPA);

Aumento da disponibilidade e de rotas

independentes de fornecimento de energia

elétrica de emergência;

Aumento da redundância de monitoração de

sobreenchimento de cilindros;

Implantação de medidas administrativas de

controle de qualidade de manutenção dos

Sistemas, Estruturas e componentes

importantes para a segurança;

Implantação de sistemas passivos de

combate a emergências.

liberação de compostos

químicos danosos

Liberação de AHF líquido;

Liberação de HF gás;

Liberação de Flúor (F2);

Liberação de Amônia (NH3);

Derrame de produtos químicos

líquidos com grande projeção

Ampliação do nível de redundância de

barreias físicas (isolamento por

compatibilidade química e uso de diques e

cisternas de emergência);

Implantação do sistema de Funções Críticas

de Segurança;

Aumento do Nível de redundância de

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de gás (ácidos, solventes, TBP,

etc.);

Violação de limites de tanques

e vasos;

Incêndio.

sistemas de ventilação de emergência

(barreiras de pressão, lavagem de gases e

recuperação de solução de lavagens);

Aumento da disponibilidade e de rotas

independentes de fornecimento de energia

elétrica de emergência;

Implantação de sistemas de coleta de

derramamento e recuperação de

confinamento em tanques de emergência

onde possível (uso de coletores tipo sump,

bombas de diafragma/peristáticas com

redundância e tanques/cisternas de

contenção) ;

Implantação de sistemas de abatimento de

nuvem de gases;

Implantação da captação e dique geral de

emergência da instalação (última barreira de

defesa conjugada ao sistema de abatimento

de nuvem);

Implantação de medidas administrativas de

controle de qualidade de manutenção dos

Sistemas, Estruturas e componentes

importantes para a Segurança;

Implantação de sistemas passivos de

combate a emergências.

Comuns às duas anteriores Todos os eventos citados

Implantação do sistema de governança de

emergência;

Implantação de um centro de apoio à

produção e capacitação de pessoal (aumento

da capacitação de pessoal na prontidão de

combate a emergências)

A citação de abordagem preliminar em relação à Tabela 4.9 se deve ao fato de

que a conclusão do projeto básico, seguida da respectiva análise de segurança, poderá

identificar outras necessidades, não identificadas na fase atual do projeto.

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64

5. ANÁLISE PRELIMINAR DE SEGURANÇA PARA O PROJETO

CONCEITUAL DA NOVA USINA

5.1. A ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR)

Com base nas metodologias citadas nas referências U.S NRC (2001), AICHE-

CCPS (2008), Petrobrás (2010), CETESB (2011), U.S NRC (2014), e o apresentado no

capítulo 4.0, foi procedida a realização de uma análise preliminar de riscos (APR) para

aferir e complementar os itens da tabela 4.9. A escolha da técnica (APR) foi adotada

pela fase atual do projeto da nova unidade da INB (fim do projeto conceitual e início da

preparação para o projeto básico) e pode ser referenciada conforme a Tabela 5.1:

Tabela 5.1 Técnicas Usualmente Aplicáveis às Diversas Fases do Ciclo de Vida da

Instalação Industrial (adaptada de Petrobrás N-2782)

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65

Os sistemas produtivos avaliados da nova unidade foram:

1. Recebimento, Manuseio e Armazenamento de UO3;

2. Dissolução, Filtração e Purificação;

3. Produção de UO3;

4. Redução e Hidrofluoração;

5. Produção de F2, incluindo a preparação e estocagem de eletrólito;

6. Fluoração, Produção e Amostragem de UF6;

7. Armazenamento de Produtos Químicos, incluindo a estocagem de AHF;

8. Tratamento de Efluentes Geral e Especial;

9. Sistemas de que podem causar acidentes de causa comum;

10. Estocagem de H2, pátio de inservíveis e DIRBA (Depósito Inicial de Rejeito

de Baixa Atividade).

O modelo de questionário da aquisição de dados da APR está apresentados no

Anexo ‘A’. A equipe de trabalho foi formada por consultores em análise de risco, de

projeto e operação de sistemas de hexafluoreto de urânio, da equipe de projeto da INB e

de especialistas de engenharia civil do Instituto Brasileiro de Qualidade Nuclear

(IBQN). Os dados do questionário geraram 38 cenários para os quais foram

classificados os riscos através das definições de frequência, severidade e classificação

de risco como apresentado nas Tabelas 5.2 e 5.3. As fontes para elaboração das tabelas

foram consideradas para uma primeira classificação dos riscos, sob a ótica de análises

de plantas químicas convencionais, para posteriormente se obter uma matriz de riscos

que possa ser mais adequada à instalações do ciclo do combustível.

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Tabela 5.2 Graus de Frequência

Fonte: MIL-STD-882C (modificado) e CCPS, 2008 (modificado)

GRAU CONCEITO HISTÓRICO FREQUÊNCIA

A- Extremamente

Remota

Conceitualmente possível,

porém improvável de ocorrer

durante a vida útil da

instalação

Não há registro desse acidente.

F < 10-3

/ ano

B- Remota

Não se espera que ocorra

durante a vida útil da

instalação

Há alguns

registros desta

ocorrência

durante o tempo

de operação da

planta.

10-3

/ano ≤ F < 10-2

/ ano

C- Provável Esperado ocorrer pelo menos

1 vez por ano

Há um registro

desta ocorrência

por ano.

10-2

/ano ≤ F < 10-1

/ ano

D- Frequente Ocorre várias vezes por ano

Há mais de um

registro desta

ocorrência por

ano.

F > 10-1

/ ano

Tabela 5.3 Categoria de Severidade da Consequência

Fonte: CETESB (2011), (complementado) e ABNT (2009), adaptada

GRAU CONCEITO DANOS À

SAÚDE

DANOS AO

MEIO

AMBIENTE

DANOS

MATERIAIS E

ECONÔMICOS

DANOS À

IMAGEM

I

LEVE

Nenhum dano ou

dano não

mensurável.

Ferimentos

leves, sem

atendimento

médico.

Sem impactos

significativos.

Geração de

pequena

quantidade de

rejeito que pode

ser reprocessado.

Sem parada da

produção ou

pequena

indisponibilidade da

produção (de 1 a 4

horas). Sem danos a

equipamentos.

Pode haver

reclamação

do cliente.

II

MARGINAL

Danos

irrelevantes ao

meio ambiente e à

comunidade

externa.

Ferimentos

leves, com

atendimento

médico.

Poluição

temporária e

confinada ao

interior da

instalação.

Possibilidade de

odor ou ruído fora

da instalação.

Pode haver parada

da produção.

Comprometimento

da qualidade do

produto. Danos a

equipamentos

menores. Média

indisponibilidade de

produção (1 a 2

dias).

Pequeno

impacto para

o cliente.

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67

III

CRÍTICO

Possíveis danos

ao meio ambiente

devido a

liberações de

substâncias

químicas tóxicas,

radioativas ou

inflamáveis,

alcançando áreas

externas à

instalação. Pode

provocar lesões

de gravidade

moderada na

população externa

ou impactos

ambientais com

reduzido tempo

de recuperação.

Ferimentos

graves com

afastamento

e/ou impacto

radiológico.

É possível

haver

necessidade

de abandono

da

instalação.

Poluição no

exterior da

instalação.

Parada da produção

com produto fora da

especificação.

Danos a

equipamentos

importantes. Grande

indisponibilidade da

planta.

Impacto para

o cliente.

Afeta a

imagem da

empresa.

IV

CATASTRÓ

FICO

Impactos

ambientais devido

a liberações de

substâncias

químicas tóxicas,

radioativas ou

inflamáveis

atingindo áreas

externas às

instalações.

Provoca mortes

ou lesões graves

na população

externa ou

impactos ao meio

ambiente com

tempo de

recuperação

elevado.

Morte ou

invalidez.

Abandono

da planta e

evacuação

de áreas

próximas.

Poluição

importante e

durável ao

exterior da planta.

Requer medidas

de remediação e

recuperação.

Parada da produção

e produto fora de

especificação.

Danos a

equipamentos

importantes.

Grande

impacto para

o cliente.

Afeta a

reputação da

empresa e a

perenidade do

produto/projet

o.

Notas:

1- O grau da severidade adotado pelo órgão ambiental foi alterado de “Desprezível” para

“Leve” em função dos danos à saúde do trabalhador e à imagem da empresa.

A documentação utilizada incluiu diagramas de bloco, desenhos de leiaute,

fluxogramas, plantas planialtimétricas, desenhos P&ID, data book de projetos de

referência e informações geotécnicas de local. A matriz e classificação de risco usadas

inicialmente na APR são apresentadas nas tabelas 5.4 e 5.5.

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68

Tabela 5.4 Matriz de Risco - Severidade da Consequência

FREQUÊNCIA S

EV

ER

IDA

DE

A B C D

I 1 1 1 2

II 1 2 2 2

III 2 2 2 3

IV 2 2 3 3

Tabela 5.5 Classificação de Risco

CLASSE

DE RISCO RISCO MEDIDAS PREVENTIVAS E CORRETIVAS

1 BAIXO

Não é necessário adotar nenhuma medida. Avaliar o custo-

benefício de se incluir medidas adicionais no projeto ou no

plano de melhorias da área

2 MODERADO

Avaliar a aplicação de medidas administrativas ou

operacionais. Incluir medidas adicionais no projeto ou no

plano de melhorias da área

3 CRÍTICO

Medidas adicionais preventivas e corretivas deverão ser

aplicadas para reduzir o risco

A lista de perigos com as respectivas classificações iniciais de frequências, risco

e as medidas preventivas e/ou corretivas de mitigação estão apresentas na Tabela C2 do

anexo ‘C’.

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69

5.2. CONSTRUÇÃO DE UMA PROPOSTA DE MATRIZ DE RISCO

5.2.1. Fundamentação a partir de pesquisa junto à órgãos de regulação

A tabela 2 em Petrobrás (2010, 1ª emenda, pp 05-12) apresenta uma matriz 5 x 4

que fornece critérios para classificação de probabilidades, severidade e composição de

uma matriz de risco com grande número de considerações e faixas de probabilidade

graduando regiões onde o risco é moderado e aceito sob determinadas condições.

Uma outra conceituação CETESB (2011) advoga que este órgão regulador

estabelece risco expresso na forma de risco individual (RID), ou seja, refere-se ao risco

para uma pessoa decorrente de um ou mais cenários acidentais, no intervalo de um ano.

Seu caráter é geográfico, razão pela qual sua expressão se dá pela determinação dos

valores de RID em pontos x,y localizados no entorno do empreendimento. A

determinação do risco individual num ponto x,y qualquer no entorno do

empreendimento pressupõe o conhecimento da frequência de ocorrência de cada cenário

acidental e da probabilidade desse cenário acarretar fatalidade nesse ponto.

O risco individual também tem caráter cumulativo, o que significa que a

resultante em um ponto x,y de interesse advém da soma do RID de cada cenário

acidental com contribuição no citado ponto, conforme equações 1 e 2 a seguir:

RIDx,y= Σn

i=1 RIDx,y,i (1)

Onde

RIDx,y = risco individual total de fatalidade no ponto x,y (chance de

fatalidade por ano ou ano-1);

RIDx,y,i = risco individual de fatalidade no ponto x,y devido ao cenário i

(chance de fatalidade por ano ou ano-1);

n = número total de cenários considerados na análise.

RIDx,y,i = Fi.pf,x,y,i (2)

Onde:

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RIDx,y, i = risco individual de fatalidade no ponto x,y devido ao cenário i

(chance de fatalidade por ano ou ano-1);

Fi = frequência de ocorrência do cenário i;

pf,x,y,i = probabilidade que o cenário i resulte em fatalidade no ponto x,y,

de acordo com os efeitos esperados.

A figura 5.1 apresenta o risco individual por meio de contornos de isorrisco,

onde estes possibilitam visualizar a sua distribuição geográfica no entorno do

empreendimento.

Figura 5.1 Representações do risco individual por meio dos contornos de isorrisco. Destaque para a região

compreendida entre os contornos de 1E-5/ano e 1E-6/ano (casos ‘b’ e ‘c’), em amarelo, onde o risco deve

ser reduzido – (adaptado de CETESB P4.261).

Antes de seguirmos é prudente verificarmos o trabalho mais atual de

padronização do entendimento a respeito de probabilidade e construção de índices de

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segurança como citado na referencia U.S NRC (2014), onde a aplicabilidade para fins

reguladores dentro do conceito RIDM fica mais evidente. Neste guia da NRC (pp. 3-B-

2) a definição e abrangência da frequência e/ou probabilidade de um evento acontecer é

citada como sendo:

“...Definições de Probabilidade

De acordo com 10 CFR 70.65 (b) (9), o resumo ISA deve definir os

termos’,‘improvável’, ‘altamente improvável’, e ‘crível’, propõe que as definições

qualitativas de probabilidade são aceitáveis desde que cumpram duas condições:

1. Elas são razoavelmente claras e com base em critérios objetivos e;

2. Que se possam razoavelmente distinguir de forma consistente acidentes que

são altamente improváveis daqueles que são meramente improváveis (ou

não improváveis).

Isto significa que as definições deveriam ser suficientemente claras, de forma

que exista uma garantia razoável de que irão proporcionar o mesmo resultado quando

aplicada por diferentes revisores e que elas poderão ser usadas para fazer distinções de

significância entre eventos considerando diferentes categorias de frequências. Ambas,

as definições de frequência e dos métodos para a sua determinação devem atender a

esses critérios, uma vez que eles devem trabalhar juntos para garantir que os requisitos

de desempenho sejam atendidos.

Este NUREG afirma que "critério objetivo" significa que o método se baseia em

características específicas e identificáveis do projeto de um processo, ao invés de

julgamentos subjetivos de adequação. Porque a frequência de uma sequência de

acidente é uma função: - da frequência do evento iniciador, das possibilidades de falha

de subsequentes dos itens importantes sobre os quais recai a segurança (em inglês

IROFS) e a relação entre estes (por exemplo, se as IROFS são independentes), se as

características de projeto dos processos as quais o método abordará são as

características específicas identificáveis dos eventos iniciadores, das falhas dos IROFS,

e outros processos falhas de processo que possam afetar a frequência da sequência de

acidentes. ....”.

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Somado à descrição acima e o citado na referência na base reguladora U.S NRC

(2015a), podemos resumir uma orientação reguladora para categorização das

consequências de um evento como se segue:

O risco de consequências elevadas deve ser limitado. Controles de Engenharia e

administrativos deverão ser utilizados para manter a probabilidade de ocorrência de

eventos altamente improváveis (P<1E-5/ano) ou suas consequências menores que as

tidas como elevadas, segundo:

Eventos de consequências elevadas:

– Dose aguda para o trabalhador ou total maior dose equivalente efetiva

≥100 rem (1Sv);

– Dose aguda para pessoa do público ou total maior dose equivalente efetiva

≥25 rem (0,25 Sv) para qualquer individuo fora da área controlada (na

definição para o US NRC. Deve-se fazer as correções em relação à

legislação de cada país);

– Uma absorção de 30 mg ou mais de urânio na forma solúvel para qualquer

individuo fora da área controlada (na definição para o US NRC. Deve-se

fazer as correções em relação à legislação de cada país);

– A exposição química aguda a um indivíduo por material licenciado ou

produto produzido à partir de material licenciado que : - possa pôr em

perigo a vida de um trabalhador ou que possa causar irreversíveis ou outros

sérios e duradouros efeitos à saúde, para qualquer individuo fora da área

controlada (na definição para o US NRC. Deve-se fazer as correções em

relação à legislação de cada país).

O risco de consequências intermediárias deve ser limitado. Controles de

engenharia e administrativos deverão ser usados para manter a probabilidade de

ocorrência de eventos improváveis (f<1E-4/ano ) ou suas consequências as mais baixas

segundo:

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73

Eventos de consequências intermediárias:

– Nenhum evento de consequência elevada;

– Dose aguda para o trabalhador ou total maior dose equivalente efetiva de

≥25 rem (0,25Sv);

– Dose aguda ou total maior dose equivalente efetiva de ≥5 rem (0,05Sv) para

qualquer individuo fora da área controlada (na definição para o US NRC.

Deve-se fazer as correções em relação à legislação de cada país);

– A exposição química aguda de um indivíduo por material licenciado ou

produto produzido à partir de material licenciado que : - possa causar efeitos

temporários leves na saúde, para qualquer individuo fora da área controlada

(na definição para o US NRC. Deve-se fazer as correções em relação à

legislação de cada país).

São propostas também as definições:

Eventos Não Críveis

– Eventos externos com f<1E-6/ano;

– Desvios de processo requerem muitas ações / erros humanos improváveis

para os quais não haja razões ou motivos;

– Desvios de processo para os quais um argumento convincente, baseado em

leis físicas, demonstra que eles não são possíveis ou inquestionavelmente

extremamente improváveis.

Eventos Altamente Improváveis

– Protegidos por dupla contingência

– Índice de probabilidade <-5;

– Frequência<1E-5/ano;

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Eventos Improváveis

– Acompanhados por boa engenharia, controle de equipamentos e meios de

produção com medidas de alto grau de gerenciamento;

– Controles administrativos otimizados;

– Índice de probabilidade > -5 e <-4;

– Frequência estimada abaixo de 1E-4/ano;

Um resumo destes conceitos pode ser visualizado na tabela 5.6.

Tabela 5.6 Matriz de Risco

Fonte: U.S NRC (2014), adaptada

Eventos

Isentos de

controles

Consequência

Elevada

Consequência

intermediária

Consequência

baixa

<1E-6/ano <1E-5/ano <1E-4/ano >1E-4ano

CONSEQUÊNCIA

(severidade)

PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA

Probabilidade

Categoria 1

[1]

Probabilidade

Categoria 2

[2]

Probabilidade

Categoria 3

[3]

Não Críveis? Altamente

Improvável Improvável

Não Improvável

[Crível]

Categoria 3

(elevada)

[3]

Risco Aceitável

[3]

Risco não

Aceitável

[6]

Risco não

Aceitável

[9]

Categoria 2

(intermediária)

[2]

Risco Aceitável

[2]

Risco Aceitável

[4]

Risco não

Aceitável

[6]

Categoria 1

(baixa)

[1]

Risco Aceitável

[1]

Risco Aceitável

[2]

Risco Aceitável

[3]

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Onde a probabilidade de ocorrência é composta pelos dois elementos seguintes :

1. A frequência do evento inicial ocorre apesar das medidas de prevenção;

2. A confiabilidade ou a eficácia das medidas de proteção que protegem

contra a progressão do evento até o acidente são os IROFS.

a) Controles de engenharia Ativos (AECS);

b) Controles de engenharia passivo (PECs );

c) IROFS administrativos (treinamentos, capacitações, procedimentos de

garantia e/ou controle de qualidade etc. ).

Não há, para as instalações do ciclo do combustível, procedimentos e guias de

senso comum que proponham os níveis para classificação e tolerabilidade para os riscos

inerentes a cada instalação, tal qual o já largamente estudado no campo dos reatores

nucleares. O guia NUREG 1.520 (“Standard Review Plan (SRP) for License

Applications for Fuel Cycle Facilities”, Maio/2014) é o único, e recém emitido,

procedimento no campo do licenciamento de instalações do ciclo, dando seguimento ao

pioneirismo do órgão licenciador U.S. NRC em relação ao aprofundamento da

padronização de metodologias para a ação reguladora. Neste guia, que pretende ser um

documento abrangente e integrado que fornece aos analistas ou projetistas orientação

através de métodos ou abordagens consagradas, a NRC não substituiu a regulamentação

já emitida, um vez às tem considerado como de padronização aceitável para atender às

exigências da regulamentação deste órgão. Assim, a conceituação do apêndice A deste

guia, e que deu origem à tabela 5.6, aparece como a mais aplicável a ser tomada como

referência no projeto ou licenciamento de instalações do ciclo do combustível, dentre

elas a da conversão.

Contudo, olhando o processo de licenciamento da planta de conversão da

empresa AREVA em sua unidade de produção de UF4 em Malvesi, França, AREVA

(2014, Vol 3, pp 32-38), vemos que uma matriz de risco 5 x 5 foi o padrão utilizado,

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para esta que é a unidade em modernização de referência para a nova planta da INB. A

Tabela 5.7 apresenta a matriz citada neste relatório.

Tabela 5.7 Matriz de Risco Fonte: AREVA – COMURHEX II

EVENTO

NÍVEL DE PROBABILIDADE

Evento

Frequente

Evento

Provável

Evento

Improvável

Evento muito

Improvável

Evento

extremamente

improvável

NÍV

EL

DE

GR

AV

IDA

DE

5 E D C B A

4

3

2

1

Na tabela 5.8 são apresentados os critérios de classificação de riscos.

Tabela 5.8 Classificação de Risco Fonte: AREVA – COMURHEX II

CLASSE

DE RISCO RISCO MEDIDAS PREVENTIVAS E CORRETIVAS

1 BAIXO Não é necessário adotar nenhuma medida. Avaliar o

custo-benefício de se incluir medidas adicionais no projeto ou no plano de melhorias da área

2 MODERADO

MMR- rang 1 Avaliar aplicação de medidas administrativas ou operacionais. Incluir medidas adicionais no projeto ou no

plano de melhorias da área 3

MODERADO

MMR- rang 2

4 CRÍTICO Nível de risco não aceitável. Medidas adicionais

preventivas e corretivas deverão ser aplicadas para reduzir o risco

Ou seja, aqueles que não possuem uma regulamentação e procedimentos tão

integrados e detalhados, como na estrutura de regulação da U.S. NRC, sempre tendem a

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77

considerar uma faixa de tolerabilidade (classe de risco moderado) ao invés de apenas

tipificar como aceitável ou não aceitável, como na tabela 5.7.

5.2.2. Proposta de construção de uma nova matriz de risco

Com base nestas referências e nas Tabelas 5.9 e 5.10 é proposta a seguinte

construção para uma matriz básica de riscos para a nova unidade de conversão da INB,

bem como demais unidades do ciclo, conforme o estabelecido no item 1.3.1 ‘b’.

Tabela 5.9 Graus de Frequência Fonte: U.S NRC (2014) adaptada

GRAU CONCEITO HISTÓRICO FREQUÊNCIA

A- Extremamente

Remota

Conceitualmente possível,

porém improvável de

ocorrer durante a vida útil

da instalação

Não há registro desse acidente.

F < 10-6

/ ano

B- Remota

Não se espera que ocorra

durante a vida útil da

instalação

Há alguns registros

desta ocorrência

durante o tempo de

operação da planta.

10-6

/ano ≤ F < 10-5

/ ano

C- Provável Esperado ocorrer pelo

menos 1 vez por ano

Há um registro desta

ocorrência por ano. 10

-4 /ano ≤ F < 10

-3 / ano

D- Frequente Ocorre várias vezes por

ano

Há mais de um

registro desta

ocorrência por ano.

F > 10-3

/ ano

Tabela 5.10 Categoria de Severidade da Consequência

GRAU CONCEITO [de acordo com

órgão ambiental]

DANOS

À

SAÚDE

DANOS AO

MEIO

AMBIENTE

DANOS

MATERIAIS E

ECONÔMICOS

DANOS À

IMAGEM

I

LEVE

Nenhum dano ou

dano não

mensurável.

Ferimentos

leves, sem

atendiment

o médico.

Sem impactos

significativos.

Geração de pequena

quantidade de

rejeito que pode ser

reprocessado.

Sem parada da

produção ou pequena

indisponibilidade da

produção (de 1 à 4

horas). Sem danos a

equipamentos.

Pode haver

reclamação

do cliente.

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78

II

MARGINAL

Danos

irrelevantes ao

meio ambiente e

à comunidade

externa.

Ferimentos

leves, com

atendiment

o médico.

Poluição temporária

e confinada ao

interior da

instalação.

Possibilidade de

odor ou ruído fora

da instalação.

Pode haver parada da

produção.

Comprometimento da

qualidade do produto.

Danos a equipamentos

menores. Média

indisponibilidade de

produção (1 a 2 dias).

Pequeno

impacto

para o

cliente.

III

CRÍTICO

Possíveis danos

ao meio

ambiente devido

a liberações de

substâncias

químicas tóxicas

ou inflamáveis,

alcançando áreas

externas à

instalação. Pode

provocar lesões

de gravidade

moderada na

população

externa ou

impactos

ambientais com

reduzido tempo

de recuperação.

Ferimentos

graves com

afastament

o. É

possível

haver

necessidad

e de

abandono

da

instalação.

Poluição no exterior

da instalação.

Parada da produção

com produto fora da

especificação. Danos a

equipamentos

importantes. Grande

indisponibilidade da

planta.

Impacto

para o

cliente.

Afeta a

imagem da

empresa.

IV

CATASTRÓ

FICO

Impactos

ambientais

devido a

liberações de

substâncias

químicas tóxicas

ou inflamáveis

atingindo áreas

externas às

instalações.

Provoca mortes

ou lesões graves

na população

externa ou

impactos ao

meio ambiente

com tempo de

recuperação

elevado.

Morte ou

invalidez.

Abandono

da planta e

evacuação

de áreas

próximas.

Poluição importante

e durável ao

exterior da planta.

Requer medidas de

remediação e

recuperação.

Parada da produção e

produto fora de

especificação. Danos a

equipamentos

importantes.

Grande

impacto

para o

cliente.

Afeta a

reputação

da empresa

e a

perenidade

do

produto/proj

eto.

Fonte: Mantida a tabela 5.3 conforme CETESB (2011) (complementado) e norma ABNT (2009)

adaptada.

Ou seja, na forma de escala de cores, mantidos os critérios de classificação da

tabela 5.5:

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Tabela 5.11 Matriz de Risco para o projeto INB

FREQUÊNCIA

SE

VE

RID

AD

E

A B C D

I 1 1 1 2

II 1 2 2 2

III 2 2 3 3

IV 2 2 3 3

Fonte: Com origem nas tabelas 5.5, 5.9 e 5.10.

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6. ANÁLISE DE CONFORMIDADE COM A CONCEITUAÇÃO

RIDM E DISCUSSÕES EM RELAÇÃO À “INSIGHT’S”

DETERMINÍSCOS E PROBABILÍSTICOS

Em relação ao processo de tomada de decisões regulatórias, a abordagem

baseada em informação do risco representa uma filosofia segundo a qual os resultados e

decisões decorrentes da avaliação de risco são considerados, juntamente com outros

fatores para estabelecer requisitos que melhor atendem em questões relacionadas com o

projeto e operação das plantas do que somente o nível de segurança segundo a ótica de

impactos (consequência) dos eventos e à saúde do público. A abordagem com

informação do risco amplia e melhora o tratamento determinista (Frutoso e Melo, et al,

2014), porque:

a) Permite a consideração explícita de uma ampla gama de mudanças para a

segurança;

b) Fornece justificativa para priorizar essas mudanças com base no risco,

experiência operacional e / ou julgamento de engenharia;

c) Facilita a consideração de uma ampla gama de recursos para apoiar estas

mudanças;

d) Identifica e descreve as fontes de incerteza na análise; e

e) Leva a tomada de decisão adequada, fornecendo um mecanismo para testar a

sensibilidade dos resultados a um conjunto de pressupostos.

Onde aplicável e apropriado, uma abordagem regulatória com informações sobre

o risco pode ser usada para reduzir o conservadorismo excessivo da abordagem

determinista, ou pode ser utilizada para identificar áreas com insuficiente prevenção, em

análises determinísticas, e proporcionar as bases, requisitos ou ações regulatórias

adicionais. O tratamento das incertezas é também outro caminho que deve ser

implementado para redução do conservadorismo da abordagem determinística

(Modarres,2008).

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Como visto no capítulo 3, a abordagem com informação do risco está situada entre a

abordagem baseada no risco (probabilística) e no tratamento puramente determinístico

(consequências). Em qualquer caso dentro desta faixa de ação, o conceito de defesa em

profundidade continua a ser o princípio básico da prática regulatória, IAEA (2011). As

conclusões e decisões decorrentes da avaliação de risco podem fazer os elementos de

defesa em profundidade mais claros, devido à abordagem quantitativa (através de

análises probabilísticas de segurança). Assim, a determinação qualitativa dos perigos, a

determinação dos riscos, o conhecimento das estratégias, critérios, providências e

estruturação das diversas soluções de engenharia ou administrativas para combatê-los

ou minimizar seus efeitos no caso de ocorrência, são as características fundamentais

onde um bom projeto de engenharia pode comprovar que sob uma avaliação regulatória

usando o conceito de informação de risco o projeto se demonstra robusto e adequado ao

atendimento dos requisitos de norma. A Figura 3.2 apresenta e exemplifica os fluxos de

integração da abordagem determinística com a probabilística dentro da conceituação

RIDM.

A avaliação qualitativa dos riscos da nova unidade de Conversão da INB foi

determinada inicialmente como o apresentado nas tabelas 5.2 a 5.5. A matriz de risco

proposta foi apresentada na tabela 5.11 conforme os critérios estabelecidos nas tabelas

5.9 e 5.10. A reclassificação dos riscos em conformidade com a nova matriz de risco

apresentou um enquadramento com apenas uma alteração; o item 32 da Tabela ‘C2’ do

Anexo ‘C’, passou a ser classificado como de moderado para crítico segundo a Tabela

5.5. A verificação da coluna Prevenção / Mitigação da Tabela ‘C2’ do Anexo ‘C’ contra

os conceitos RIDM apresentados no capítulo 3 fornece a conformidade do projeto em

relação a estes, quando considerados os riscos críticos até a coluna B e linha III,

atendendo à alínea ‘e’ do subitem 1.3.1 da metodologia. A tabela 6.1 apresenta os

eventos selecionados da Tabela ‘C2’ do Anexo ‘C’ conforme estas premissas:

Tabela 6.1 Verificação de itens em relação a Matriz de Risco para o projeto INB

Coluna B C D

Itens da

Tabela ‘C2’

III 3, 4, 7, 13,

33, 34 32 -

IV 19, 35 - -

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82

Segundo o item 3.2 que trata dos conceitos do RIDM: “...os componentes

básicos de risco, probabilidade e consequência são baseados num grande

conhecimento, ou de dados práticos a partir da experiência, ou derivados de uma

análise estruturada formal, numa análise probabilística de segurança (APS). ...”.

Atendo-nos aos dois primeiros conceitos, uma vez que ainda não é possível proceder a

uma APS, devido a fase do projeto, podemos identificar que todos os itens identificados

na tabela 6.1 (considerando-se a coluna Prevenção / Mitigação da Tabela ‘C2’ do Anexo

‘C’) satisfazem aos primeiros critérios do RIDM acima citados e ainda conferem:

Defesa em Profundidade

Barreiras e Níveis

Diversidade e Redundância dentro de um conjunto de sistemas de

segurança

Diversidade de Meios para Implementação das Funções de Segurança

Margens de Segurança

Conformidade Regulatória

Monitoramento de Desempenho

Considerações Organizacionais (FCS)

Experiência Operacional (através também de acordos com a AREVA)

Por outro lado, mesmo se incluirmos na premissa original de análise os itens

referidos à coluna ‘A’ da tabela 5.11 (Matriz de Risco) para as linhas III e IV

(respectivamente itens 8, 12, 14, 15, 17, 18, 22, 23, 37 e 38, da Tabela ‘C2’ do Anexo

‘C’), vimos que os conceitos de RIDM e de defesa em profundidade estão atendidos

conforme o citado na coluna Prevenção / Mitigação da Tabela ‘C2’ do Anexo ‘C’. Um

dos maiores exemplos da ampliação da defesa em profundidade para mitigação de

consequências e redução da probabilidade de danos à pessoa do público é a adoção de

contenção em prédio sísmico para sistemas de estocagem e distribuição de AHF e

principal de produção do UF6. A Figura 6.1 apresenta as atuais instalações de produção

de hexafluoreto de urânio da AREVA em Pierrelate-França que serão descontinuadas

até 2016 (Fonte AREVA). Estas que não apresentam mais todas as características de

defesa em profundidade capazes de atender aos atuais de requisitos de licenciamento

nuclear, ambiental e de segurança industrial. A Figura 6.2 apresenta a construção de

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83

novas instalações da AREVA no mesmo sítio industrial porém completamente

modernizadas para atendimento aos atuais de requisitos de licenciamento nuclear,

ambiental e de segurança industrial e, ainda, em conformidade com a conceituação para

a RIDM.

Figura 6.1 – Instalações de Pierrelate-França – Comurhex I antes da modificação

Figura 6.2 – Instalações de Pierrelate-França – Comurhex II obras de modificação

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84

Assim, como estamos lidando com as funções de segurança contra dose interna e

liberação de compostos químicos danosos IAEA(2010a), para o estudo de caso de uma

planta de conversão, juntamos a estes conceitos a determinação de funções críticas de

segurança - FCS (Santos, 2014) como citado nas premissas gerais do projeto. As FCS

identificadas foram:

1. Abastecimento de AHF;

2. Disponibilidade do sistema de ventilação;

3. Formação de mistura explosiva nas células de flúor;

4. Estanqueidade do reator de chamas / pratos;

5. Estanqueidade dos fornos rotativos;

6. Estanqueidade dos cristalizadores;

7. Estanqueidade da coluna de destilação;

8. Estanqueidade de redes de alimentação de insumos;

Também aqui podemos ver que as medidas citadas na coluna Prevenção /

Mitigação da Tabela ‘C2’ do Anexo ‘C’ estão em conformidade com as FCS

identificadas, o que assegurará que o futuro sistema de monitoração das barreiras de

proteção proverá antecipação da identificação de vulnerabilidades, tendendo à deslocar

as probabilidades da tabela 5.11 para a esquerda (menores frequências).

Deve ser observado que em relação aos sistemas produtivos de plantas

industriais nem sempre é possível ou eficaz como ação preventiva de segurança a

redução de inventário de materiais perigosos (tóxicos, inflamáveis e/ou explosivos) ou

que gerem dose. Assim, o uso de adequada contenção e redundância de sistemas de

monitoração e intertravamento continuam a ser as melhores práticas de prevenção e

mitigação de acidentes, considerando as situações adversas de operação anormal e de

situações de emergência.

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85

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS

POSTERIORES

A metodologia adotada se revelou adequada para a consecução dos objetivos do

trabalho, proporcionando a reunião e integração dos conceitos da RIDM, base

normativa sugerida para licenciamento e os elementos técnicos do projeto em estudo

caso, sendo possível sua aplicação às demais etapas do ciclo do combustível,

adaptando-se caso a caso a estrutura de obtenção e crítica de informações de segurança

dos projetos como apresentada na Figura 3.2.

Em conformidade com o estudo dos critérios de projeto e das variantes de

tabelas para matriz de risco de diversos órgãos de regulação (nacionais e

internacionais), e da unidade industrial de referência (em relação a tecnologia de origem

comprada pelo Brasil nos anos 80), foi possível propor os critérios e composição de

uma matriz de risco para a uso em instalações do ciclo do combustível, incluso assim a

nova planta de conversão da INB.

As medidas de prevenção e mitigação estabelecidas no projeto vão de encontro

as premissas gerais e objetivos de segurança do projeto, e através de seu confronto com

os conceitos do RIDM pode ser evidenciado que conferem robustez e condição para que

uma tomada de decisão balanceada entre abordagens determinística e probabilística

possa ser viabilizada, tão logo uma APS confirme a gradação dos riscos e adequação

das camadas de proteção idealizadas pela equipe de projeto da INB para a unidade

considerada no estudo de caso. Neste sentido, é recomendado que tão logo o projeto

básico tenha sido concluído, uma APS seja também realizada, e, através das respectivas

AQR’s, a APR apresentada neste trabalho possa ser revista e uma revisão da Tabela

‘C2’ possa ser realizada onde aplicável.

A validação dos principais “insights” determinísticos quanto a redução das

consequências dos eventos deverá também ser verificada pela APS, através de uma

análise estruturada quanto a ampliação da medidas de contenção e a adoção de margens

de segurança ampliadas (através de múltiplas barreiras de proteção e aumento da

redundância para proteção da falha geral de suprimento de energia elétrica). Isto, em

contraste com a perspectiva de ganhos substanciais em “insights” probabilísticos afetos

à inovadora adoção das funções críticas de segurança (FCS).

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86

É recomendado também que a APS considere o disposto na proposta de

procedimento regulatório citado em U.S NRC (2014), de maneira que a análise

estruturada de segurança possa estar em conformidade com este importante instrumento

de verificação da adequação e robustez do projeto e construção de instalações do ciclo

combustível, e que está em consonância com a norma nacional, CNEN (2014a), para

apresentação dos resultados da análise de segurança de instalações de conversão.

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X do § 5º, ambos do art. 34 da Resolução do Conselho Nacional do Meio

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ANEXO A

TABELA A1 -MODELO DE PLANILHA DE ANÁLISE DE RISCOS

LOGO

ORGANIZAÇÃO : INB DATA: dd/mm/aa

PROJETO: Estudo de viabilidade de licenciamento ambiental e nuclear da USICON REV: 0

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS - APR

ÁREA: SISTEMA: USICON

DOC. DE REFERÊNCIA:

ITEM PERIGO CAUSA P EFEITOS S MEIOS DE

DETECÇÃO E PROTEÇÃO

RISCO Avaliar Impacto no Lic. (S/N)?

MEDIDAS PREVENTIVAS E CORRETIVAS

RESP. PRAZO

B M C

P= Perigo S=Severidade Riscos: B=Baixo M=Moderado C=Crítico

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ANEXO B

FLUXOGRAMA DE PROCESSO – PRODUÇÃO DO HEXAFLUORETO DE URÂNIO

Fonte: WH Springfieldsfuel (SFL).

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ANEXO C

TABELA C1 – SUMÁRIO DE EVENTOS Fonte: IAEA (2010a)

Área do Processo

Sistemas, Estruturas e

componentes importantes para a

segurança

Evento Função de Segurança

Inicialmente a ser atacada

Recebimento e armazenamento de anidro HF

Dispositivos de transferência e mangueira

flexível; Válvulas de fechamento automático;

Tanques refrigerados; dispersores de óleo

Liberação de HF 2

Transferência de HF Tubulação de Transferência Liberação de HF 2

Recebimento e armazenamento de NH3

Dispositivos de transferência e mangueira

flexível; Válvulas de fechamento automático;

Vasos de Estocagem

Liberação de NH3 2

Recebimento de H2 Dispositivos de transferência e mangueira

flexível; Válvulas de fechamento automático; Explosão 2

Produção de F2 anidro Células de eletrólise ; tubulação ; detectores de

H2 Explosão, liberação de HF e F2 2

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99

Recebimento e armazenamento de yellowcake Tambores de Pó Liberação de urânio 2

Dissolução ,

purificação e

armazenagem de

concentrado

(yellowcake)

Dissolução Reatores de dissolução e instalações para o

tratamento de efluentes gasosos

Liberação de urânio e óxidos

nitrosos (NOx) 2

Purificação - Os detectores de incêndio;

- Aparelhos à prova de explosão Incêndio 2

Recebimento e

armazenamento de

urânio purificado , por

exemplo, urânio

reprocessado

Recebimento de

nitrato de uranila

( urânio enriquecido)

Dispositivo de verificação de conteúdo de 235

U

Processamento de urânio além dos

limites de segurança 1

Estocagem

Intermediária de

nitrato de uranila

Tanque, coletor de respingos, detector de

vazamento Violação de operação do tanque 2

Precipitação de ADU vasos, filtro, secadores Liberação de urânio 2

Calcinação

Forno rotativo ou reator de leito fluidizado.

Forno de redução ; dispositivos de detecção do

monitor H2 oxigênio em linha nos quartos.

Unidades de tratamento de efluente gasoso.

Reator de hidrofluoração; - Recursos para

tratamento de efluentes gasosos.

Liberação de urânio 2

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100

Redução

Forno rotativo ou Reator de Leito fluidizado; Liberação de urânio 2

Forno de redução ; dispositivos em linda de

medição de oxigênio;

Medidor de detecção der H2 em ambientes.

Explosão

Liberação de pó de urânio; 2

Unidades de tratamento de efluente gasoso Liberação de pó de urânio; 2

Hidrofluoração

Via seca

Reator de hidrofluoração;

Instalações para tratamento de efluentes

gasosos.

Liberação de HF 2

Blindagem Aumento da taxa de dose 3

Hidrofluoração

Via úmida

- Reator de hidrofluoração;

- Instalações para tratamento de efluentes

gasosos

Liberação de HF 2

Fluoração - Reator de fluoração;

- Lavador para tratamento de efluentes gasosos Liberação de F2, HF e UF6 2

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101

Cristalização e Enchimento de Cilindros

Dispositivo de medição de alta pressão ;

cilindro e válvulas; Dispositivo de medição de

peso; Detector de nível UF6 nos vasos de

estocagem intermediária do sistemas de

retirada de produto para confirmar a

transferência para o interior dos cilindros;

Tubulações ,

vasos e válvulas contendo UF6 ; Sistema de

detecção de liberação de UF6

Liberação de UF6

(violação de confinamento):

— Cilindro defeituoso leva à

violação;

— Sobreenchimento;

— UF6 deixado em linhas de gás

de processo levando a liberação de

UF6;

— Liberação de UF6 líquido.

2

Vasos e tubulações Liberação de UF6 2

A detecção de vazamento Liberação de urânio e HF 2

Manuseio e Estocagem de Cilindros

cilindros de UF6 Liberação de urânio e HF 2

Meios de transporte, guindastes, monovias ,

etc.

Violação do cilindro; Danos a

válvula 2

Recuperação de

urânio

Extração por

Solventes

Tanque, coletor de respingos, detector de

vazamento

Violação do vasos; Derramamento

de soluções de material radioativo 2

Extração por

Solventes Células de mistura ou colunas de extração Liberação de chamas 2

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102

Estocagem

Intermediária de

Resíduos não

queimados

Blindagem Blindagem 3

Tratamento de Gases

de Exaustão

Aerossol e dispositivos de medição de gás Liberação de F2, HF e UF6 2

Colunas, tubulações Liberação de urânio e HF 2

Tratamento de

Efluentes Líquidos

Tanques, tubulações Liberação de urânio e outras

impurezas 2

Dispositivos de medição para as impurezas

radioativas e químicos

Liberação de urânio e outras

impurezas 2

Tubo de Exaustão Liberação de urânio e outras

impurezas 2

Prédios

Áreas para atividades nucleares e químicas Perda de Integridade 2

Tubulações Contendo

Água ou soluções

Tubulações Perda de Integridade 1

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103

TABELA C2 - LISTA DE PERIGOS E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO – APR RESUMIDA

Item Processo Perigo Freq. Sev. Risco Prevenção / Mitigação

1

Recebimento,

Manuseio e

Armazenamento

de UO3

Derramamento de

UO3 (Tambores

200l ou

embalados até

2,5ton).

A II Baixo

Sistema de ventilação com filtros especiais do tipo HEPA.

Procedimentos operacionais e administrativos, métodos de proteção a

exposições ocupacionais, atendendo às normas básicas de proteção

radiológica (Resolução CNEN-06/73).

Constará dos critérios de projeto a instalação de detectores de aerossóis

nos prédios onde o UO3 for manuseado.

2

Dissolução,

Filtração e

Purificação

Vazamento de

HNO3 – Vaso de

estocagem

intermediária

ou gases nítricos

do processo de

Dissolução

B II Moderado

Sistema de ventilação com lavadores de gases e recuperação de soluções

nítricas.

Utilização de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes,

bases e suporte.

Constará dos critérios de projeto medição de nível do vaso dosador e

dosagem automática de HNO3.

3 Vazamento TBP

(extração) B III Moderado

Sistema de ventilação dedicado.

Utilização de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes,

bases e suportações.

A área do prédio será classificada como (EX-0) passível de explosão

/incêndio.

Implantação de sensores de explosividade e detecção de incêndio.

4

Vazamento

Hexano

(querosene)

B III Moderado

Sistema de ventilação dedicado.

Utilização de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes,

bases e suportes.

A área do prédio será classificada como (EX-0) passível de explosão

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104

/incêndio.

Implantação de sensores de explosividade e detecção de incêndio.

5 Vazamento de

NTU B II Moderado

Utilização de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes,

bases e suportações.

Constará dos critérios de projeto medição e controle automático de nível

nos vasos de estocagem intermediária.

6 Produção de

UO3

Derramamento de

UO3 (Tambores

200l ou

embalados até

2,5ton).

A II Baixo

Sistema de ventilação com filtros especiais do tipo HEPA.

Procedimentos operacionais e administrativos, métodos de proteção a

exposições ocupacionais, atendendo às normas básicas de proteção

radiológica (Resolução CNEN-06/73).

Constará dos critérios de projeto a instalação de detectores de aerossóis

nos Prédios onde o UO3 for manuseado.

7

Vazamento de H2 B III Moderado

Detecção de concentração de H2 com alarme e intertravamento, válvulas

de isolamento, medição de pressão de distribuição e intertravamento de

rede.

Sistema de exaustão de topo dos prédios, com detecção de concentração

de H2 com alarme e intertravamento.

8

Vazamento de HF

(linha de

alimentação)

A IV Moderado

válvulas de isolamento, medição de pressão e intertravamento, sensores

de HF e CFTV, tratamento geral de emergência.

O sistema de ventilação comutará para o modo de emergência,

direcionando os gases para o tratamento geral de emergência.

Constará dos critérios de projeto, conforme CNEN 1.11, o acesso restrito

e controlado e máximo de operações remotas.

9 Vazamento de

líquor da absorção

de gases da

B I Baixo piso com revestimento anti corrosivo e descontaminável, tanque coletor.

Utilização de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes,

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105

Redução e

Hidrofluoração

hidrofluoração bases e suportações.

Constará dos critérios de projeto a adoção de sensores de nível

redundantes no tanque coletor e lavadores de gases do sistema de

emergência.

10 Vazamento de

UF4 B II Moderado

Sistema de ventilação com filtros especiais do tipo HEPA.

Procedimentos operacionais e administrativos, métodos de proteção a

exposições ocupacionais, atendendo às normas básicas de proteção

radiológica (CNEN-NE 3.01, 2014).

Constará dos critérios de projeto a instalação de detectores de aerossóis

nos prédios onde o UO3 for manuseado.

11

vazamento de

eletrólito KF.2HF B I Baixo

Uso de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes, bases e

suportações.

Constará dos procedimentos operacionais e administrativos da nova

unidade, métodos para recolhimento, tratamento e regeneração do

eletrólito (ISO 14001, 2004) (OHSAS 18001, 2007)

12 Vazamento de HF

(Day-Tanks) A IV Moderado

válvulas de isolamento, medição de pressão e intertravamento, sensores

de HF e CFTV, tratamento geral de emergência.

O sistema de ventilação comutará para o modo de emergência, com

captação de AHF líquido e de solução resultante do spray d’água via

tanque sump no piso, direcionamento dos gases para o tratamento geral

de emergência.

Haverá procedimento automático para recolhimento do produto do

tanque coletor e destinação para tanques estacionários de emergência.

Constará dos critérios de projeto, conforme (CNEN-NE 1.11, 2014) o

acesso restrito e controlado e máximo de operações remotas.

13 Vazamento de H2

(células de flúor) B III Moderado Detecção de concentração de H2 com alarme e intertravamento, válvulas

de isolamento, medição de pressão de distribuição e intertravamento de

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106

Produção de F2,

incluindo a

preparação e

estocagem de

eletrólito

rede.

Sistema de exaustão de topo dos prédios, com detecção de concentração

de H2 com alarme e intertravamento.

14

Vazamento de HF

(linha de chegada,

em canaleta com

projeto sísmico)

A IV Moderado

A canaleta da linha de HF deve ser sísmica. Linha encamisada dotada de

sensor de HF. Parada segura de produção em caso de vazamento de HF.

válvulas de isolamento, medição de pressão e intertravamento, sensores

de HF e CFTV, tratamento geral de emergência.

O sistema de ventilação comutará preventivamente para o modo de

emergência. Sistema de jato d’água e direcionamento de gases serão

incorporados ao projeto.

Constará dos critérios de projeto, conforme (CNEN-NE 1.11, 2014), o

acesso restrito e controlado e máximo de operações remotas.

15 Vazamento de F2

(células de flúor) A IV Moderado

No caso de detecção de F2 o sistema de ventilação comutará para o modo

de emergência, direcionando os gases para o tratamento geral de

emergência.

Detecção de concentração de HF residual com alarme e intertravamento,

válvulas de isolamento, medição de pressão de distribuição e

intertravamento de rede.

Constará dos critérios de projeto, conforme (CNEN-NE 1.11, 2014), o

acesso restrito e controlado e máximo de operações remotas.

16 vazamento de

KOH B I Baixo

Utilização de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes,

bases e suportes.

Constará dos critérios de projeto que haverá tanque coletor próximo aos

lavadores de gases residuais.

17

Vazamento de F2

gás. A IV Moderado

No caso de detecção de HF residual no prédio de produção, o sistema de

ventilação comutará para o modo de emergência, direcionando os gases

para o tratamento geral de emergência.

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107

Detecção de concentração de HF residual com alarme e intertravamento,

válvulas de isolamento, medição de pressão de distribuição e

intertravamento de rede.

Constará dos critérios de projeto, conforme (CNEN-NE 1.11, 2014), o

acesso restrito e controlado e máximo de operações remotas.

18 Vazamento de

UF6 gás. A III Moderado

No caso de detecção de HF ou UO2F2 no prédio de produção, o sistema

de ventilação comutará para o modo de emergência, direcionando os

gases para o tratamento geral de emergência.

Constará dos critérios de projeto, conforme (CNEN-NE 1.11, 2014), o

acesso restrito e controlado e máximo de operações remotas.

válvulas de isolamento, medição de pressão e intertravamento, sensores

de HF e CFTV, tratamento geral de emergência, sistema de ventilação

com filtros especiais do tipo HEPA

19

vazamento de UF6

líquido (12,7ton

capacidade do

vaso buffer)

B IV Moderado

No caso de detecção de HF ou UO2F2 no prédio de produção, o sistema

de ventilação comutará para o modo de emergência, direcionando os

gases para o tratamento geral de emergência.

Constará dos critérios de projeto que a pressão no prédio de produção é

negativa, será construído sob normas de sismicidade (prédio e suportação

de equipamentos e linhas), menor dimensão possível das salas, bacia

coletora abaixo dos buffers e/ou cristalizadores de UF6.

Constará dos critérios de projeto, conforme (CNEN-NE 1.11, 2014), o

acesso restrito e controlado e máximo de operações remotas.

válvulas de isolamento, medição de pressão e intertravamento, sensores

de HF e CFTV, tratamento geral de emergência, sistema de ventilação

com filtros especiais do tipo HEPA

20

derramamento do

container de

cinzas do reator

de chamas

A II Baixo

Sistema de ventilação com filtros especiais do tipo HEPA.

Procedimentos operacionais e administrativos, métodos de proteção a

exposições ocupacionais, atendendo às normas básicas de proteção

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108

Fluoração,

Produção e

Amostragem de

UF6

radiológica (CNEN-NE 3.01, 2014).

Constará dos critérios de projeto a instalação de detectores de aerossóis

nos prédios onde o UO3 for manuseado.

21

vazamento de

liquor da absorção

de gases da

fluoração

B I Baixo

piso com revestimento anti corrosivo e descontaminável, coletor.

Utilização de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes,

bases e suportes.

Constará dos critérios de projeto a adoção de sensores de nível

redundantes no tanque coletor e lavadores de gases do sistema de

emergência.

Deverá ser previsto procedimento para recolhimento do produto do

tanque coletor e destinação final adequada e segura.

22

vazamento de UF6

líquido durante

amostragem

A III Moderado

No caso de detecção de HF ou UO2F2 no prédio de produção, o sistema

de ventilação comutará para o modo de emergência, direcionando os

gases para o tratamento geral de emergência.

Constará dos critérios de projeto que a pressão no prédio de produção é

negativa, será construído sob normas de sismicidade (prédio e suportação

de equipamentos e linhas), menor dimensão possível das salas, bacia

coletora abaixo dos buffers e/ou cristalizadores de UF6.

Constará dos critérios de projeto, conforme (CNEN-NE 1.11, 2014), o

acesso restrito e controlado e máximo de operações remotas.

válvulas de isolamento, medição de pressão e intertravamento, sensores

de HF e CFTV, tratamento geral de emergência, sistema de ventilação

com filtros especiais do tipo HEPA

23

vazamento de HF

do isotanque

(20,0 t)

A IV Baixo

O de projeto conceitual estabelece que os caminhões deixarão os

isotanques estarão em baias estanques em prédio sísmico, com ventilação

e temperatura controladas, rede de exaustão de emergência e sistema de

Spray d’água.

válvulas de isolamento, medição de pressão e intertravamento, sensores

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109

Armazenamento

de Produtos

Químicos,

incluso

estocagem de

AHF

de HF e CFTV, tratamento geral de emergência.

O de projeto conceitual estabelece haverá corredor isolado para

manobras de válvulas com sensor de HF na caixa de manobras e sensores

de HF em cada baia.

O sistema de ventilação comutará para o modo de emergência, com

captação de AHF líquido e de solução resultante do spray d’água via

tanque coletor no piso, direcionamento dos gases para o tratamento geral

de emergência.

Constará dos critérios de projeto a adoção de sensores de nível

redundantes no tanque coletor e lavadores de gases do sistema de

emergência.

Haverá procedimento automático para recolhimento do produto do

tanque coletor e destinação para tanques estacionários de emergência.

O projeto conceitual estabelece a instalação de canhões de água próximo

aos isotanques para abatimento da nuvem tóxica de HF, acionado local e

remotamente.

Haverá redundância de sistemas de alimentação de energia elétrica.

Constará dos critérios de projeto, conforme (CNEN-NE 1.11, 2014), o

acesso restrito e controlado e máximo de operações remotas

24

vazamento de

produto químico

na área de

tancagem (ácidos,

álcalis, inertes)

B I Baixo

Uso de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes, bases e

suportações

O projeto conceitual estabelece o uso de canaletas coletoras de

emergência, cisternas para armazenamento inetermediário de material

coletado, ponto fixo de descarga de caminhões.

25

vazamento de

amônia liquefeita

anidra (caso

implantada em

alternativa de

B I Baixo

Utilização de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes,

bases e suportações

O projeto conceitual estabelece o uso de canaletas coletoras de

emergência, cisternas para armazenamento inetermediário de material

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110

processo) coletado, ponto fixo de descarga de caminhões.

A estocagem será realizada em local semiaberto e coberto, com sistema

de spray d’água para abatimento de nuvem.

Detecção de concentração de NH3 residual com alarme e

intertravamento, válvulas de isolamento, medição de pressão de

distribuição e intertravamento de rede.

Constará dos critérios de projeto, conforme (CNEN-NE 1.11, 2014), o

acesso restrito e controlado e máximo de operações remotas.

26

Tratamento de

Efluentes Geral

e Especial

Descarte do

rejeito sólido das

colunas de

lavagem de

emergência

B I Baixo Constará dos procedimentos operacionais e administrativos da nova

unidade, métodos para recolhimento, tratamento e regeneração de rejeito

sólido (ISO 14001, 2004) (OHSAS 18001,2007)

27

vazamento de

liquor da absorção

de gases

B I Baixo

Piso com revestimento anti corrosivo e descontaminável, tanque coletor.

Uso de diques de contenção. Proteção química de pisos, paredes, bases e

suportações.

Constará dos critérios de projeto a adoção de sensores de nível

redundantes no coletor e lavadores de gases do sistema de emergência.

Deverá ser previsto procedimento para recolhimento do produto coletor

e destinação final adequada e segura.

28

vazamento de

efluente

contaminado com

urânio na área de

tratamento de

efluentes

especiais

B I Baixo

O projeto conceitual estabelece o uso de bacias/ diques de contenção sob

projeto de fundações sísmicas, uso de tanque coletor, com revestimento

anticorrosivo e descontaminável, base do piso com tratamentos especiais

e aplicação de manta impermeabilizante.

Procedimentos operacionais e administrativos, métodos de proteção a

exposições ocupacionais, atendendo às normas básicas de proteção

radiológica (CNEN-NE 3.01, 2014).

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111

29

vazamento de

efluente

contaminado com

urânio na

transferência

B I Baixo

O projeto conceitual estabelece o uso de bacias/ diques de contenção sob

projeto de fundações sísmicas, uso de tanque coletor, com revestimento

anticorrosivo e descontaminável, base do piso com tratamentos especiais

e aplicação de manta impermeabilizante.

Procedimentos operacionais e administrativos, métodos de proteção a

exposições ocupacionais, atendendo as normas básicas de proteção

radiológica (CNEN-NE 3.01, 2014).

30 vazamento de

rejeito líquido B I Baixo

O projeto conceitual estabelece o uso de bacias/ diques de contenção,

uso de tanque coletor, com revestimento anticorrosivo e lavável, base do

piso com tratamentos especiais e aplicação de manta impermeabilizante.

Constará dos procedimentos operacionais e administrativos da nova

unidade, métodos para recolhimento, tratamento e descarte de efluente

líquido sob liberação por análise (ISO 14001, 2004) (OHSAS

18001,2007)

31

vazamento de

efluentes líquidos

tratados durante

recalque para o

corpo receptor

B II Moderado

O projeto conceitual estabelece o uso de bacias/ diques de contenção,

uso de tanque coletor, com revestimento anticorrosivo e lavável, base do

piso com tratamentos especiais e aplicação de manta impermeabilizante.

Emissão envelopado dotado de caixas de acumulação para redução de

inventário em caso de derramamento por rompimento de linha.

Constará dos procedimentos operacionais e administrativos da nova

unidade, métodos para recolhimento, tratamento e descarte de efluente

líquido sob liberação por análise (ISO 14001, 2004) (OHSAS 18001,

2007).

32

Queda Geral de

Energia C III

Moderado

(reclassifica

do para

crítico)

O projeto conceitual estabelece que todos os IROFS de apoio ao

processo e os equipamentos e meios que compõem o sistemas de

governança de emergência possuirão fontes de alimentação elétrica por

grupos de geradores redundantes e rotas independentes de alimentação.

Equipamentos “No Break”, inversores e bancos de baterias também

alimentarão os sistemas de Instrumentação, controle de processo e

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112

Sistemas que

podem causar

acidentes de

causa comum

automação para permitir parada segura e mínima monitoração dos

sistemas operacionais e de segurança em situações de emergência.

Implantação de subestação de alta tensão com redundâncias nos sistemas

proteção à interconexão com a rede da concessionária, bem como dos

transformadores de entrada.

33

Falta de ar

comprimido de

serviço e/ou de

processo por

efeito dominó da

queda de energia

B III Moderado Implantação de sistemas estáticos de comutação rápida com os sistemas

evaporativos de tanques de nitrogênio líquido, estrategicamente

posicionados juntos aos vasos pulmão de distribuição de ar comprimido.

34

Falta de água para

o sistema de

abatimento de

nuvem para os

eventos de

vazamento de HF

das baias de

estocagem e da

estocagem de

amônia anidra

(NH3) [caso

implantada]

B III Moderado

Implantação de dispositivos de coleta, tratamento, estocagem e

bombeamento de água de chuva, compondo a segunda reserva técnica.

Implantação de boia de captação de água da Represa do Funil, dotada de

bombeamento por motobomba, com operação manual e remota,

compondo a terceira reserva técnica.

35

Falha dos

Sistemas de

Ventilação no

prédio de

produção de HF,

no prédio de

purificação de

concentrado e no

prédio de

A IV Catastrófico

O projeto conceitual estabelece que todos os IROFS de apoio ao

processo e os equipamentos e meios que compõem o sistemas de

governança de emergência possuirão fontes de alimentação elétrica por

grupos de geradores redundantes e rotas independentes de alimentação.

Equipamentos “No Break”, inversores e bancos de baterias também

alimentarão os sistemas de Instrumentação, controle de processo e

automação para permitir parada segura e mínima monitoração dos

sistemas operacionais e de segurança em situações de emergência.

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113

produção de UF6 Implantação de subestação de alta tensão com redundâncias nos sistemas

proteção à interconexão com a rede da concessionária, bem como dos

transformadores de entrada.

Implantação de nível de redundância de equipamentos de ventilação de

maneira a que a disponibilidade em situação de emergência seja

garantida.

36

Estocagem de

H2, pátio de

inservíveis e

DIRBA

(Depósito

Inicial de

Rejeito de Baixa

Atividade)

vazamento de H2

seguido de

incêndio e/ou

explosão se

houver ignição.

B IV Moderado

A área do prédio será classificada como (EX-0) passível de explosão

/incêndio.

Implantação de sensores de explosividade e detecção de incêndio.

sistema de spray de água (DELUBE) de acionamento automático, local e

remoto.

Adoção de gatilho térmico (“tubing” plástico) para o ar de comando de

válvulas automáticas de isolamento (tipo ar para abrir e com retorno por

mola).

Posicionamento do pátio de carretas > que 25m do prédio de produção e

>50m da estocagem de AHF ou amônia anidra.

37

derramamento de

rejeito de baixa

atividade no

DIRBA (máx. 30

operações/ano).

A II Baixo

O projeto conceitual estabelece o uso de bacias/ diques de contenção sob

projeto de fundações sísmicas, uso de tanque coletor, com revestimento

anticorrosivo e descontaminável, base do piso com tratamentos especiais

e aplicação de manta impermeabilizante.

Procedimentos operacionais e administrativos, métodos de proteção a

exposições ocupacionais, atendendo às normas básicas de proteção

radiológica (CNEN-NE 3.01, 2014).

Piso impermeável e descontaminável, cabine de descontaminação com

captação de líquidos.

A IV moderado

O projeto conceitual estabelece que a estocagem de AHF será em baia

estanque em prédio reforçado, com ventilação e temperatura controladas,

rede de exaustão de emergência e sistema de Spray d’água.

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114

38

vazamento de HF

da estocagem do

centro de apoio à

produção

(Estimada em

1m³)

Válvulas de isolamento, medição de pressão e intertravamento, sensores

de HF e CFTV, tratamento geral de emergência.

O de projeto conceitual estabelece haverá corredor isolado para

manobras de válvulas com sensor de HF na caixa de manobras e sensores

de HF na baia.

O sistema de ventilação comutará para o modo de emergência, com

captação de AHF líquido e de solução resultante do spray d’água via

tanque coletor no piso, direcionamento dos gases para o tratamento geral

de emergência do centro de apoio à produção.

Constará dos critérios de projeto a adoção de sensores de nível

redundantes no tanque coletor e lavadores de gases do sistema de

emergência.

Haverá procedimento automático para recolhimento do produto do

coletor e destinação para tanques estacionários de emergência.

O projeto conceitual estabelece que a instalação de canhões de água

próximo aos isotanques para abatimento da nuvem tóxica de HF,

acionado local e remotamente.

Haverá redundância de sistemas de alimentação de energia elétrica.

Constará dos critérios de projeto, conforme (CNEN-NE 1.11, 2014), o

acesso restrito e controlado e máximo de operações remotas.

No caso de detecção de HF na planta piloto, o sistema de ventilação

comutará para o modo de emergência,

Nota:

1- Os riscos inerentes às atividades básicas de transporte de matéria-prima e insumos, fora dos limites de propriedade da INB, não

foram incluídos neste estudo.