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Sumario
1 Topologia de espacos metricos 3
1.1 Espaco metrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.1 Desigualdades provenientes da desigualdade triangular . . . . . . . 11
1.2 Normas e produto interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.1 Produto cartesiano de espacos metricos . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3 Bolas e esferas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.4 Bolas no plano complexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.4.1 Isometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.5 Conjuntos abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.5.1 Fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.5.2 M = intA ∪ ∂A ∪ int(CA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.5.3 Abertos e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.6 Conjuntos fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.6.1 (A)c = int(Ac). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.6.2 A = ∂A ∪ int(A). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.6.3 Ponto de acumulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.7 Espacos topologicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.8 Conjuntos conexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.8.1 A reta e um espaco conexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.8.2 Produto cartesiano de conexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.8.3 Conexidade por caminhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
1.9 Metodo das aproximacoes sucessivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1.10 Sequencias em espacos metricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
1.10.1 Sequencia eventualmente constante . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2
SUMARIO 3
1.10.2 Conjunto de numeros arbitrariamente grandes . . . . . . . . . . . . 52
1.10.3 Unicidade de limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
1.10.4 Sequencias e pseudo-metrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
1.10.5 Sequencias de Cauchy em espacos metricos . . . . . . . . . . . . . . 54
1.11 Sequencias e propriedades topologicas de espacos metricos . . . . . . . . . 56
1.11.1 Sequencias e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
1.11.2 Teorema do ponto fixo de Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
1.12 Espacos metricos completos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
1.12.1 Criterio de Cauchy para convergencia uniforme . . . . . . . . . . . 63
1.13 Espaco de Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
1.13.1 Espaco de Hilbert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
1.13.2 Extensao de funcoes contınuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
1.13.3 Criterio de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
1.13.4 Completamento de um espaco metrico . . . . . . . . . . . . . . . . 67
1.13.5 Espacos metricos topologicamente completos . . . . . . . . . . . . . 67
Capıtulo 1
Topologia de espacos metricos
1.1 Espaco metrico
m Definicao 1 (Metrica). Seja M um conjunto, dizemos que uma metrica1 d e uma
funcao de M ×M em [0,∞) que a cada par de elementos x, y ∈ M associa um numero
real denotado por d(x, y) chamado de distancia de x ate y (ou de y ate x), tais que sejam
validas as seguintes propriedades para quaisquer x, y, z ∈M
d1) Positividade d(x, y) ≥ 0 e d(x, y) = 0 ⇔ x = y.
d2) Simetria d(x, y) = d(y, x)
d3) Desigualdade Triangular d(x, y) + d(y, z) ≥ d(z, x).
b Propriedade 1. Para quaisquer pontos a, b, c ∈M vale
|d(a, b)− d(b, c)| ≤ d(a, c).
ê Demonstracao. Vale d(a, b) − d(b, c) ≤ d(a, c) e −d(a, b) + d(b, c) ≤ d(a, c), de
onde segue a desigualdade. Perceba que usamos apenas a desigualdade triangular para
provar tal propriedade.
1O matematico Maurice Frechet introduziu o conceito de espaco metrico em seu trabalho:Sur quelques
points du calcul fonctionnel
4
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 5
z Observacao 1. A propriedade d2) simetria nao e necessaria como axioma, ela decorre
de d1) e de d3) pois de |d(a, b)−d(b, c)| ≤ d(a, c), tomando c = a tem-se |d(a, b)−d(b, a)| ≤
0 como nao pode ser menor que zero segue que |d(a, b)− d(b, a)| = 0 e d(a, b) = d(b, a).
Alem disso a positividade segue da desigualdade triangular e de que d(x, x) = 0, pois
d(x, y) + d(z, y) ≥ d(x, z)
implica que, tomando z = x
2d(x, y) ≥ 0 ⇒ d(x, y) ≥ 0.
Ou d(a, c) ≥ |d(a, b)− d(b, c)| ≥ 0.
Entao para ser uma metrica e necessario apenas verificar
� d(x, y) = 0 ⇔ x = y
� d(x, y) + d(z, y) ≥ d(x, z)
$ Corolario 1. Em R com a metrica d(a, b) = |a− b|, vale
||a− b| − |b− c|| ≤ |a− c|.
Z Exemplo 1. Se f e injetora entao d(a, b) = |f(a) − f(b)| e uma metrica em R.
Basta provar que vale a positividade, que realmente vale pois d(a, b) = 0 ⇔ f(a) = f(b)
mas como a funcao e injetiva isso implica a = b.
Z Exemplo 2. d(x, y) =√|x− y| e uma metrica em R, pois para ser nula e necessario
que x, y, sendo tambem sempre positiva e valendo a simetria. Vale tambem a desigualdade
triangular pois por desigualdade triangular
|z−y| ≤ |x−y|+ |x−z| ≤ |x−y|+ |x−z|+2√
|x− y|√
|z − x| = (√
|x− y|+√|x− z|)2
tomando a raiz segue que
√|z − y| ≤
√|x− y|+
√|x− z|.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 6
Z Exemplo 3. Seja L12 (R) o conjunto das funcoes reais contınuas tais que∫ ∞
−∞|f(x)|
12dx <∞.
Seja
d(f, g) =
∫ ∞
−∞|f(x)− g(x)|
12dx
entao (L12 (R), d) e um espaco metrico.
Primeiro vamos mostrar que d esta bem definida. Vale que
|f(x)− g(x)| ≤ |f(x)|+ 2|f(x)|12 |g(x)|
12 + |g(x)| = (|f(x)|
12 + |g(x)|
12 )2
tomando raiz segue que
|f(x)− g(x)|12 ≤ |f(x)|
12 + |g(x)|
12
logo por comparacao d(f, g) e finito, alem disso e sempre nao negativo por ser integral de
termos nao negativos. Em geral se a ≤ b+ c entao a12 ≤ b
12 + c
12 com a, b, c nao negativos,
a demonstracao e a mesma que a anterior, usaremos tal propriedade a seguir .
� Se d(f, g) = 0, por continuidade entao a funcao integrada (contınua e nao negativa)
deve ser nula |f(x) − g(x)|12 = 0 o que implica f(x) = g(x)∀x ∈ R logo sao iguais,
e claro que d(f, f) = 0 pois o integrando se anula.
� Vale a simetria pois
d(f, g) =
∫ ∞
−∞|f(x)− g(x)|
12dx =
∫ ∞
−∞|g(x)− f(x)|
12dx = d(g, f).
� Vale a desigualdade triangular pois
|f(x)− g(x)| ≤ |g(x)− h(x)|+ |f(x)− h(x)| ∀x
pelo observacao anterior temos
|f(x)− g(x)|12 ≤ |g(x)− h(x)|
12 + |f(x)− h(x)|
12 ∀x
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 7
logo podemos aplicar
∫ ∞
−∞de onde segue
d(f, g) ≤ d(g, h) + d(f, h).
b Propriedade 2. Dada uma metrica d, entao f definida por f(x, y) =d(x, y)
1 + d(x, y)tambem e uma metrica.
ê Demonstracao.
� Vale que f(x, y) ≥ 0 pois e razao de termos nao negativos e o denominador nao se
anula.d(x, y)
1 + d(x, y)= 0 ⇔ d(x, y) = 0 ⇔ x = y.
� A simetria vale pois
f(x, y) =d(x, y)
1 + d(x, y)=
d(y, x)
1 + d(y, x)= f(y, x).
� Desigualdade triangular2. Como d e uma metrica, temos que
d(x, y)
1 + d(x, y) + d(y, z)≤ d(x, y)
1 + d(x, y),
pois o denominador na primeira fracao e maior, d(x, y) + d(y, z) + 1 ≥ d(x, y), da
mesma formad(z, y)
1 + d(x, y) + d(z, y)≤ d(z, y)
1 + d(z, y),
agora a funcao de lei f(t) =t
1 + te crescente, pois
t
1 + t=t+ 1− 1
t+ 1= 1− 1
t+ 1,
entao se t cresce o valor1
t+ 1e menor e por isso 1 − 1
t+ 1= f(t) e maior, disso
segue usando a desigualdade triangular que
d(x, z)
1 + d(x, z)≤ d(x, y) + d(y, z)
1 + d(x, y) + d(y, z)=
d(x, y)
1 + d(x, y) + d(y, z)+
d(y, z)
1 + d(x, y) + d(y, z)≤
usando agora em cada parcela desigualdades que obtemos acima, segue que
d(x, y)
1 + d(x, y)+
d(z, y)
1 + d(z, y),
2Agradeco a Ivo Terek, Vinicius Rodrigues e Frank Wan por essa solucao .
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 8
por isso temos
≤ d(x, y)
1 + d(x, y)+
d(z, y)
1 + d(z, y),
por isso concluımos que
d(x, z)
1 + d(x, z)≤ d(x, y)
1 + d(x, y)+
d(z, y)
1 + d(z, y).
� Vamos mostrar de outra maneira a desigualdade triangular. Sejam p = d(x, y), q =
d(x, z), r = d(z, y). Como d e metrica temos, p, q, r ≥ 0 e p ≤ q + r implica que
p ≤ q + r + 2qr + pqr︸ ︷︷ ︸≥0
,
somando pq + pr + pqr em ambos lados e colocando termos em evidencia segue
p+ pq + pr + pqr︸ ︷︷ ︸p(1+q+r+qr)
≤ (q + pq + qr + pqr)︸ ︷︷ ︸q(1+p+q+pq)
+(r + pr + qr + pqr)︸ ︷︷ ︸r(1+p+q+pq)
,
que implica por fatoracao
p(1 + q)(1 + r) ≤ q(1 + r)(1 + p) + r(1 + p)(1 + q),
dividindo ambos lados por (1 + p)(1 + q)(1 + r) concluımos que
p
1 + p≤ q
1 + q+
r
1 + r
que garante a desigualdade triangular d′(x, y) ≤ d′(x, z) + d′(z, y).
m Definicao 2 (Espaco metrico). Um espaco metrico e um par (M,d), onde M e um
conjunto e d uma metrica. Chamaremos os elementos do espaco metrico de pontos e
simplificaremos a notacao (M,d) para M quando estiver subentendida a metrica usada.
Chamaremos sempre os elementos de um espaco metrico como pontos de M , isto e, se
x ∈M entao x e um ponto de M .
$ Corolario 2. Todo subconjunto X de um espaco metricoM e um espaco metrico com
a mesma metrica.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 9
Um pouco de historia
Maurice Frechet (2 de Setembro de 1878- 4 de Junho de 1973) foi um matematico
Frances. Fez contribuicoes importantes a topologia, introduziu o conceito de espacos
metricos, fez tambem importantes contribuicoes a probabilidade , estatıstica e calculo.
Considere em geralM um espaco metrico arbitrario, caso nao sejam dadas informacoes
adicionais.
Figura 1.1: Maurice Frechet
$ Corolario 3. Sejam (M,d) um espaco metrico e S ⊂ M , considerado a restricao dS
em S × S entao (S, d) e um espaco metrico, pois a positividade, simetria e desigualdade
triangular valem para todos elementos de M logo valem para todos elementos de S pois
para cada x ∈ S tem-se x ∈M , logo as propriedades de S sao herdadas de M.
m Definicao 3 (Metrica induzida-subespaco ). O espaco metrico S na condicao do
exemplo anterior e chamado de subespaco e a metrica ds de metrica induzida.
b Propriedade 3 (Metrica usual da reta.). (R, ||) onde d(x, y) = |x − y| e um espaco
metrico.
ê Demonstracao. O modulo e sempre positivo e sera zero quando x−y = 0, x = y,
logo vale a propriedade d1. Vale que d(x, y) = |x − y| = |y − x| = d(y, x) logo vale a
simetria. E a desigualdade triangular
|x− y|+ |y − z| ≥ |x− z|
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 10
vale para modulo, implicando que
d(x, y) + d(y, z) ≥ d(x, z).
Entao (R, ||) e um espaco metrico.
m Definicao 4 (Pseudo metrica). Uma pseudo metrica e uma funcao de M ×M →
[0,∞) que satisfaz a desigualdade triangular, a simetria , vale sempre d(x, y) ≥ 0, porem
pode valer d(x, y) = 0 com x = y.
Z Exemplo 4. d(x, y) = |x2 − y2| define uma pseudo metrica em R. A distancia
associa sempre valor nao negativo pela presenca do modulo. Porem
d(x, y) = 0 ⇒ |x2 − y2| = |x− y||x+ y|
podendo ser que x = −y, logo nao temos metrica, temos pseudo metrica pois as outras
propriedades sao satisfeitas, simetria
|x2 − y2| = |y2 − x2|
e desigualdade triangular, proveniente da propriedade para modulos
|z2 − y2| ≤ |x2 − y2|+ |x2 − z2|.
b Propriedade 4. Seja d uma pseudo metrica em X. Dados p, q ∈ X, dizemos que
p ∼ q ⇔ d(p, q) = 0. ∼ define uma relacao de equivalencia.
ê Demonstracao.
� Reflexividade. Vale que p ∼ p, pois d(p, p) = 0.
� Simetria. Se p ∼ q entao q ∼ p pois d(p, q) = d(q, p) = 0 por definicao de metrica.
� Transitividade. Suponha p ∼ q e q ∼ s entao p ∼ s, pois por desigualdade triangular
e nao negatividade temos
d(p, q)︸ ︷︷ ︸0
+ d(q, s)︸ ︷︷ ︸0
≥ d(p, s) ≥ 0
d(p, s) = 0.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 11
m Definicao 5. Dada uma pseudo metrica d em um espaco X, definimos a classe de
de um elemento x ∈ X como
x = {y ∈ x tal qued(y, x) = 0}.
Seja Y = X/ ∼= {x | x ∈ X}, definimos uma metrica em Y como
d(x, y) = d(x, y)
onde x e y sao representantes quaisquer das classes x e y.
b Propriedade 5. A distancia na definicao anterior e uma metrica em Y .
� Positividade. d(x, y) = d(x, y) ≥ 0 sendo nulo apenas quando x esta na mesma
classe de y, logo vale zero apenas quando x = y.
� Vale a simetria pois
d(x, y) = d(x, y) = d(y, x) = d(y, x)
� Vale tambem a desigualdade triangular pois, recaımos na metrica em X.
Falta mostrar apenas que a metrica e bem definida, sejam x, x′, y, y′ representantes de
classes x e y , vamos mostrar que
d(x, y) = d(x′, y′),
isto e , a distancia nao depende dos elementos da classe.
Usamos que
d(x′, y′) ≤ d(x, y) + d(x′, x) + d(y′, y)︸ ︷︷ ︸0
de mesma maneira
d(x, y) ≤ d(x′, y′) + d(x′, x) + d(y′, y)︸ ︷︷ ︸0
logo d(x′, y′) = d(x, y).
ê Demonstracao.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 12
1.1.1 Desigualdades provenientes da desigualdade triangular
b Propriedade 6. Vale a desigualdade
d(xn, xm) ≤m−1∑k=n
d(xk, xk+1)
ê Demonstracao. Dados os pontos xk, xk+1 e xm, vale por desigualdade triangular
d(xn, xk+1) ≤ d(xn, xk) + d(xk, xk+1)
daı
∆d(xn, xk) ≤ d(xk, xk+1)
aplicandom−1∑
k=n+1
segue
d(xn, xm)− d(xn, xn+1) ≤m−1∑
k=n+1
d(xk, xk+1)
d(xn, xm) ≤m−1∑k=n
d(xk, xk+1).
b Propriedade 7 (Metrica zero um- Metrica discreta). Seja A um conjunto nao vazio
e x, y elementos arbitrarios de A, entao d : A → R dada por d(x, y) = 0 se x = y e
d(x, y) = 1 se x = y e uma metrica em A.
ê Demonstracao. Vale d1 pois d(x, y) ≥ 0, pois assume valores 0 ou 1 e vale
tambem d(x, y) = 0 se e somente se x = y pela definicao da funcao.
Vale d2 pois se x = y entao d(x, y) = 1 = d(y, x) se x = y entao d(x, y) = 0 = d(y, x)
entao em todo caso vale a propriedade.
Vale d3
d(x, y) + d(y, z) ≥ d(x, z)
se x = z entao d(x, z) = 0 e a soma do lado esquerdo sera maior ou igual a zero, por ser
soma de numero nao negativos. Se x = z entao d(x, z) = 1, se ainda x = y nao podemos
ter y = z pois implicaria x = z mas por hipotese temos que x = z, entao se x = y implica
y = z e temos igualdade, se x = y entao d(x, y) = 1 e a soma no lado esquerdo e maior
ou igual a 1.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 13
Seja o conjunto Rn = {(xk)n1 , xk ∈ R} dados os pontos x = (xk)n1 , y = (yk)
n1 e
z = (zk)n1 entao
b Propriedade 8 (Metrica do maximo em Rn.).
dM(x, y) = max{|xk − yk|, k ∈ In}
e uma metrica em Rn. Nesta metrica tomamos o maximo do modulo da diferenca das
coordenadas.
ê Demonstracao.
1. dM(x, y) = 0 ⇔ x = y. Os termos estao em modulo logo nao ha numeros negativos
e se houver algum s ∈ In tal que xs = ys entao xs − ys = 0 e |xs − ys| sera positivo,
logo o maximo do conjunto nao sera 0, portanto para que o maximo seja zero e
necessario que xk = yk para todo k ∈ In daı segue que x = y.
2. Simetria, vale que dM(x, y) = dM(y, x).
dM(x, y) = max{|xk − yk|, k ∈ In} = max{| − 1||yk − xk|, k ∈ In} =
= max{|yk − xk|, k ∈ In} = dM(y, x),
logo vale a simetria.
3. Agora a desigualdade triangular,
dM(x, y) + dM(y, z) ≥ dM(x, z), isto e
max{|xk − yk|, k ∈ In}+max{|yk − zk|, k ∈ In} ≥ max{|xk − zk|, k ∈ In}.
Temos para desigualdade triangular para modulo que
|xv − yv|+ |yv − zv| ≥ |xv − zv|,
onde v ∈ In e o ındice tal que |xv − zv| = max{|xk − zk|, k ∈ In}, s ∈ In o ındice
tal que |xs − ys| = max{|xk − yk|, k ∈ In}. Vale |xs − ys| ≥ |xv − yv| pelo primeiro
ser maximo. Seja tambem t ∈ In o ındice tal que |yt − zt| = max{|yk − zt|, k ∈ In},mais uma vez vale |yt − zt| ≥ |yv − zv| pelo primeiro termo ser o maximo, logo
max{|xk−yk|, k ∈ In}+max{|yk−zk|, k ∈ In} = |xs−ys|+|yt−zt| ≥ |xv−yv|+|yv−zv| ≥
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 14
|xv − zv|
como |xv − zv| = max{|xk − zk|, k ∈ In} segue
dM(x, y) + d1(y, z) ≥ d1(x, z)
max{|xk − yk|, k ∈ In}+max{|yk − zk|, k ∈ In} ≥ max{|xk − zk|, k ∈ In}.
Alem disso, temos que
dM(x, y) = dM(x− y, 0) = max{|xk − yk − 0|, k ∈ In},
dS(cx, 0) = max{|cxk|, k ∈ In} = |cxs| = |c||xs| = |c|dM(x, 0).
Entao,
dM(x, 0) = max{|xk|, k ∈ In}
e uma norma.
b Propriedade 9 (Metrica da soma em Rn.).
dS(x, y) =n∑
k=1
|xk − yk|
e uma metrica em Rn.
ê Demonstracao. Vale a positividade poisn∑
k=1
|xk − yk| e soma de elementos nao
negativos logo e nao negativo, se houver algum s ∈ In tal que xs = ys entao |xs − ys| = 0
entao a soma sera maior que zero, para que seja zero e necessario que xk = yk para todo
k ∈ In isso implica x = y.
Vale a simetria
dS(x, y) =n∑
k=1
|xk − yk| =n∑
k=1
| − 1||yk − xk| =n∑
k=1
|yk − xk| = dS(y, x).
Agora a desigualdade triangular vale para todo ındice k ∈ In
|xk − yk|+ |yk − zk| ≥ |xk − zk|
aplicando a soman∑
k=1
segue
n∑k=1
|xk − yk|+n∑
k=1
|yk − zk| ≥n∑
k=1
|xk − zk|
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 15
logo
dS(x, y) + dS(y, z) ≥ dS(x, z).
Alem disso temos que
dS(x, y) = dS(x− y, 0) =n∑
k=1
|xk − yk − 0|
dS(cx, 0) =n∑
k=1
|cxk| = |c|n∑
k=1
|xk| = |c|dS(x, 0)
entao
dS(x, 0) =n∑
k=1
|xk|
e uma norma .
b Propriedade 10. B(A,R) = {f : A→ R | f limitada em A} com
d(f, g) = sup{|f(x)− g(x)|, x ∈ A}
e metrica em B(A,R).
ê Demonstracao. Tal metrica e proveniente da norma do sup ||f || = supx∈A
|f(x)|.
1. Vale a positividade pois |f(x) − g(x)| ≥ 0 para todo x se existe x1 ∈ A tal que
f(x1) = g(x1) entao |f(x1) − g(x1)| := b > 0 e o supremo nao sera zero pois 0 nao
e cota superior do elemento b, logo para que o supremo seja zero e necessario que
f(x) = g(x), ∀x ∈ A, assim as funcoes sao iguais.
2. A simetria mais uma vez se da pela presenca do modulo
d(f, g) = sup{|f(x)− g(x)|, x ∈ A} = sup{| − 1||g(x)− f(x)|, x ∈ A} =
= sup{|g(x)− f(x)|, x ∈ A} = d(g, f).
3. Provamos para a norma, pois temos
supx∈A
|f(x) + g(x)| ≤ supx∈A
|f(x)|+ supx∈A
|g(x)|
por propriedade de supremo.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 16
b Propriedade 11. Sejam (dk)n1 , metricas em M e (ck)
n1 uma sequencia de termos nao
negativos com pelo menos um termo nao nulo entao
d(x, y) =n∑
k=1
ckdk(x, y)
define uma metrica em M .
ê Demonstracao.
� Como dk(x, y) ≥ 0, ck ≥ 0 entao ckdk(x, y) ≥ 0 somando
d(x, y) =n∑
k=1
ckdk(x, y) ≥ 0.
Substituindo y por x o resultado e nao nulo, pois temos pelo menos um ındice j tal
que cj > 0 e daı cjdj(x, x) > 0 e todos outros termos sao nao negativos.
� Simetria
d(x, y) =n∑
k=1
ckdk(x, y) =n∑
k=1
ckdk(y, x) = d(y, x).
� Desigualdade triangular, para cada k vale
dk(x, y) + dk(y, z) ≥ dk(x, z)
multiplicando por ck e tomando a soma temos
n∑k=1
ckdk(x, y) +n∑
k=1
ckdk(y, z) ≥n∑
k=1
ckdk(x, z)
d(x, y) + d(y, z) ≥ d(x, z).
Em especial se d e metrica entao td e metrica, t > 0 real.
1.2 Normas e produto interno
m Definicao 6 (Espaco vetorial normado). Um espaco vetorial V (sobre um corpo
K, real ou complexo) e dito ser normado se para cada elemento v de V e associado um
numero real ∥v∥ tal que valem as propriedades
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 17
1.
Positividade ∥v∥ = 0 ⇔ v = 0.
2.
Produto por constante ∥av∥ = |a|∥v∥.
3.
Desigualdade triangular ∥u+ v∥ ≤ ∥u∥+ ∥v∥.
sendo u ∈ V e a um escalar. Nesse caso dizemos que (V, ∥ ∥) e um espaco vetorial
normado. A norma de um vetor pode ser pensada como o comprimento ou magnitude de
um vetor.
b Propriedade 12. Seja V um espaco vetorial complexo ou real. Se temos uma metrica
d em V , que satisfaz
d(x, y) = d(x− y, 0)
d(cx, 0) = |c|d(x, 0)
entao
||x|| = d(x, 0)
define uma norma em V .
ê Demonstracao.
� Vale a positividade, pois ||x|| = d(x, 0) ≥ 0 e se anula apenas se x = 0.
� Produto por constante ||cx|| = d(cx, 0) = |c|d(x, 0) = |c|||x||.
� Desigualdade triangular, primeiro notamos que d(−y, 0) = | − 1|d(y, 0) = d(y, 0),
por desigualdade triangular de metrica temos
d(x, 0) + d(−y, 0) ≥ d(x,−y) = d(x+ y, 0)
d(x, 0) + d(y, 0) ≥ d(x+ y, 0)
logo
||x||+ ||y|| ≥ ||x+ y||.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 18
b Propriedade 13. Todo espaco vetorial normado (V, ∥ ∥) e um espaco metrico com a
metrica d(x, y) = ∥x− y∥ com x, y ∈ V.
ê Demonstracao.
1. Vale a positividade, pois d(x, y) = ∥x− y∥ = 0 ⇔ x− y = 0, x = y e vale tambem
d(x, y) = ∥x− y∥ ≥ 0.
2. Vale a simetria, pois d(x, y) = ∥x− y∥ e d(y, x) = ∥y−x∥ = |− 1|∥x− y∥ = d(x, y).
3. Vale a desigualdade triangular
d(x, y) + d(x, z) = ∥x− y∥+ ∥ − x+ z∥ ≥ ∥z − y∥ = d(z, y).
$ Corolario 4. Com um produto interno podemos definir uma norma e do espaco
vetorial normado podemos definir um espaco metrico.
$ Corolario 5. O produto interno usual do Rn e definido como
< u, u >=n∑
k=1
x2k
e a norma proveniente desse produto interno e
∥u∥ =√< u, u > =
√√√√ n∑k=1
x2k
a metrica fica
d(u, v) = ∥u− v∥ =
√√√√ n∑k=1
(xk − yk)2
vale a desigualdade triangular
∥x− y∥+ ∥x− z∥ ≥ ∥z − y∥
logo
d(x, y) + d(x, z) =
√√√√ n∑k=1
(xk − yk)2 +
√√√√ n∑k=1
(xk − zk)2 ≥
√√√√ n∑k=1
(zk − yk)2 = d(z, y)
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 19
m Definicao 7 (Metrica proveniente da norma). A metrica d(x, y) = ∥x−y∥ no espaco
vetorial normado (V, ∥ ∥) e chamada de metrica proveniente da norma.
b Propriedade 14. Se uma metrica d provem de uma norma, entao d(x + t, y + t) =
d(x, y) ∀ t, x, y ∈ V.
ê Demonstracao. Temos que
d(x+ t, y + t) = ||x+ t− y − t|| = ||x− y|| = d(x, y).
A distancia e invariante por deslocamento por um vetor t.
b Propriedade 15. Em V espaco vetorial normado vale que
||x− y|| ≥ | ||y|| − ||x|| |.
ê Demonstracao. Por desigualdade triangular sabemos que
||x− y|| ≥ ||y|| − ||x|| pois ||x− y||+ ||x|| ≥ ||y||
da mesma maneira
||x− y|| ≥ ||x|| − ||y|| pois ||x− y||+ ||y|| ≥ ||x||
portanto
||x− y|| ≥ | ||y|| − ||x|| |.
b Propriedade 16. A funcao norma fN : V → R com fN(v) = ||v||, V espaco vetorial
normado, e contınua.
b Propriedade 17. Seja o conjunto Rn = {(xk)nk=1, xk ∈ R} , dados os pontos x = (xk)n1
e y = (yk)n1 entao
d(x, y) =
√√√√ n∑k=1
(xk − yk)2
e uma metrica em Rn.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 20
ê Demonstracao. Vale d1 pois
d(x, y) =
√√√√ n∑k=1
(xk − yk)2︸ ︷︷ ︸
≥0
como soma de numeros positivos e um numero positivo e para que a soma da direita seja
zero e necessario que todas parcelas sejam zero pois caso contrario, se existir uma parcela
positiva a soma tambem sera positiva, daı concluımos que (xk = yk)n1 implicando que
x = y. Vale a propriedade de simetria pois
d(x, y) =
√√√√ n∑k=1
(xk − yk)2 =
√√√√ n∑k=1
(−1)2(yk − xk)2 =
√√√√ n∑k=1
(yk − xk)2 = d(y, x).
A desigualdade triangular provamos pela propriedade da norma e produto interno.
$ Corolario 6. (Rn, d) e um espaco metrico.
m Definicao 8 (Espaco Euclidiano). O conjunto Rn com a metrica
d(x, y) =
√√√√ n∑k=1
(xk − yk)2
e chamado de espaco Euclidiano.
m Definicao 9 (Normas equivalentes). Duas normas ||; ∥|1 e ||; ∥|2 sao equivalentes em
A se existem constantes c1 e c2 tais que vale
c1||x∥|1 ≤ ||x∥|2 ≤ c2||x∥|1 ∀x ∈ A.
b Propriedade 18 (Desigualdade de metricas em Rn.). Para quaisquer elementos x, y ∈
Rn vale
dM(x, y) ≤ d(x, y) ≤ dS(x, y) ≤ ndM(x, y)
onde
dM(x, y) = max{|xk − yk|, k ∈ In|}
dS(x, y) =n∑
k=1
|xk − yk|
e
d(x, y) =
√√√√ n∑k=1
(xk − yk)2.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 21
ê Demonstracao. Primeiro vamos mostrar que dM(x, y) ≤ d(x, y). Como o con-
junto {|xk − yk|, k ∈ In|} e finito, existe s ∈ In tal que dM(x, y) = |xs − ys| e na outra
metrica
d(x, y) =
√√√√ s−1∑k=1
(xk − yk)2 + (xs − ys)2 +n∑
k=s+1
(xk − yk)2 ≥√(xs − ys)2 = |xs−ys| = dM(x, y).
Agora a desigualdade dS(x, y) ≤ ndM(x, y), temos que |xk − yk| ≤ |xs − ys| para todo
k ∈ In, tomando a soman∑
k=1
segue
n∑k=1
|xk − yk|︸ ︷︷ ︸dS(x,y)
≤n∑
k=1
|xs − ys| = n|xs − ys| = ndM(x, y).
Provamos d(x, y) ≤ ds(x, y), que e equivalente a mostrar√√√√ n∑k=1
(xk − yk)2 ≤n∑
k=1
|xk − yk|
temos
(n∑
k=1
|xk−yk|)2 =n∑
k=1
|xk−yk|n∑
k=1
|xk−yk| =n∑
k=1
|xk−yk|n∑
l=1
|xl−yl| =n∑
k=1
n∑l=1
|xl−yl||xk−yk|
=∑
(k,l)∈In×In
|xk − yk||xl − yl| =n∑
k=1
(xk − yk)2 +
∑(k,l)∈In×In,k =l
|xk − yk||xl − yl|
logon∑
k=1
(xk − yk)2 < (
n∑k=1
|xk − yk|)2 ⇒
√√√√ n∑k=1
(xk − yk)2 ≤n∑
k=1
|xk − yk|.
b Propriedade 19. Seja ||x||∞ = maxk∈In
|xk|, vale que
limp→∞
||x||p = ||x||∞
onde
||x||p = (n∑
k=1
|xk|p)1p .
ê Demonstracao. Vale que
(||x||p∞)1p ≤ ||x||p ≤ (n||x||p∞)
1p
tomando p→ ∞ por sanduıche segue o resultado.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 22
1.2.1 Produto cartesiano de espacos metricos
b Propriedade 20. Dados n espacos metricos (Mk)n1 com metricas (dk)
n1 respecti-
vamente, entao as funcoes abaixo sao metricas no produto cartesianon∏
k=1, C
Mk, onde
x = (xk)n1 e y = (yk)
n1
Metrica do maximo
d1(x, y) = max{dk(xk, yk) |k ∈ In}
Metrica da soma
d2(x, y) =n∑
k=1
dk(xk, yk)
Metrica Euclidiana
d(x, y) =
√√√√ n∑k=1
[dk(xk, yk)]2.
ê Demonstracao. Cada dk(xk, yk) e um numero real, como ja demonstramos que
tais propriedades valem para numeros reais entao essa propriedade e verdadeira.
1.3 Bolas e esferas
Sejam a um ponto de um espaco metrico M e r um numero real e X um subespaco
de M .
m Definicao 10 (Bola aberta). Definimos bola aberta de centro a e raio r no subespaco
X de M como o conjunto
BX(a, r) := {x ∈ X | d(x, a) < r}.
m Definicao 11 (Bola fechada). Definimos a bola fechada de centro a e raio r no
subespaco X de M como o conjunto
BX [a, r] := {x ∈ X | d(x, a) ≤ r}.
A Bola fechada tambem pode ser denotada por BX(a, r) ou Br[a].
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 23
m Definicao 12 (Esfera). Definimos a esfera de centro a e raio r no subespaco X de
M como como o conjunto
SX(a, r) := {x ∈ X | d(x, a) = r}.
Caso X =M , omitimos o ındice M e escrevemos B(a, r), B[a, r], S(a, r).
Z Exemplo 5. Em Rn,as bolas e esferas sao os conjuntos
B(a, r) := {x ∈ Rn | ∥x− a∥ < r}
B[a, r] := {x ∈ Rn | ∥x− a∥ ≤ r}
que e chamada tambem de disco n-dimensional de centro a e raio r
S(a, r) := {x ∈ Rn | ∥x− a∥ = r}.
O disco B[0, 1] := {x ∈ Rn | ∥x − a∥ ≤ r} de centro 0 e raio 1 e chamado o disco
unitario de Rn.
m Definicao 13. Denotamos especialmente
Sn−1 = S(0, 1) = {x ∈ Rn | ∥x∥ = 1}.
b Propriedade 21. Vale que B′M ⊂ Bs ⊂ B ⊂ BM em Rn onde as bolas sao de mesmo
centro a e raio r, excluindo B′M que e de raio
r
ne centro a.
ê Demonstracao. x ∈ B′m entao |x − a|M <
r
n⇒ n|x − a|M < r, usamos as
desigualdades das metricas
|x− a|M ≤ |x− a| ≤ |x− a|S ≤ |x− a|M < r.
b Propriedade 22. Valem as identidades
SX(a, r) = S(a, r) ∩X
BX [a, r] = B[a, r] ∩X
BX(a, r) = B(a, r) ∩X.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 24
b Propriedade 23.
B[a, r] = S(a, r) ∪B(a, r)
com uniao disjunta.
ê Demonstracao. Vamos mostrar que S(a, r) e B(a, r) sao disjuntos. Seja x ∈S(a, r) entao d(x, a) = r e x /∈ B(a, r), pois teria que ser d(x, a) < r. Agora seja x ∈ B[a, r]
entao d(x, a) < r ou d(x, a) = r, se d(x, a) = r entao x ∈ S(a, r) logo pertence a uniao,
caso d(x, a) < r entao x ∈ B(a, r) que pertence a uniao, em todo caso vale x na uniao entao
B[a, r] ⊂ S(a, r)∪B(a, r) . Agora seja x ∈ S(a, r)∪B(a, r) se d(x, a) < r entao x ∈ B[a, r]
se d(x, a) = r tambem, entao S(a, r) ∪B(a, r) ⊂ B[a, r] valeB[a, r] = S(a, r) ∪B(a, r).
$ Corolario 7. B(a, r) ⊂ B[a, r] e S(a, r) ⊂ B[a, r].
$ Corolario 8. a ∈ B(a, r), pois como r > 0 segue que d(a, a) = 0 < r daı pela definicao
de bola aberta a ∈ B(a, r).
$ Corolario 9. a ∈ B[a, r].
m Definicao 14 (Ponto isolado). Um ponto a ∈ M e dito um ponto isolado se existe
r > 0 real tal que B(a, r) = {a}.
b Propriedade 24. Seja E espaco vetorial normado, E = {0}, entao E nao possui
pontos isolados na metrica associada a norma.
ê Demonstracao. Vamos mostrar que para todo r > 0 real, existe um elemento
x = a na bola B(a, r), tomando z =ry
2||y||com y vetor nao nulo, tem-se
|z| = r||y||2||y||
=r
2
tomando x = a+ z temos que x = a pois z nao e nulo e temos x ∈ B(a, r) pois d(x, a) =
||x− a|| = ||z|| = r
2< r.
m Definicao 15 (Espaco discreto). M e dito discreto se todo ponto de M e ponto
isolado.
m Definicao 16 (Conjunto discreto). Um conjunto X e discreto quando o espaco X
com a metrica induzida e um espaco discreto.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 25
m Definicao 17 (Espaco limitado). Seja M um espaco metrico e A ⊂ M , entao A e
dito limitado se existe c > 0 tal que d(x, y) ≤ c para todo x, y ∈ A.
Z Exemplo 6. X ⊂ Rn e limitado quando esta contido em alguma bola B[a, r].
b Propriedade 25. Toda bola B[a, r] esta contida em uma bola do tipo B[0, n], o
mesmo valendo para bolas abertas.
ê Demonstracao. Tomamos n = r + |a|. Sendo x ∈ B[a, r] vale |x − a| ≤ r ⇒|x| ≤ |x− a|+ |a| ≤ r + |a|, logo x ∈ B[a, r] ⇒ x ∈ B[0, n].
m Definicao 18 (Aplicacao limitada). f : A → Rn e limitada, A ⊂ Rn quando
f(A) ⊂ Rn e limitado.
b Propriedade 26. Toda bola aberta ou fechada e um conjunto convexo em um espaco
normado.
ê Demonstracao. Dados a, b ∈ B[x0, r] temos |a−x0| ≤ r e |b−x0| ≤ r, vale ainda
x0 = tx0 + (1− t)x0, daı
|(1− t)a+ tb− x0| = |(1− t)a+ tb− tx0 − (1− t)x0| = |(1− t)(a− x0) + t(b− x0)| ≤
(1− t)|a− x0|+ t|b− x0| ≤ (1− t)r + tr = r.
logo o conjunto e convexo.
m Definicao 19 (Distancia de um ponto a um conjunto). Seja E um subconjunto nao
vazio de um espaco metrico M . Definimos a distancia de x ∈M ate E, como
infz∈E
d(x, z) = d(x,E).
b Propriedade 27. Vale que d(x,E) = 0 ⇔ x ∈ E.
ê Demonstracao.
⇐) Se x ∈ E, existe uma sequencia (xn) ∈ E com xn → x, logo para n suficientemente
grande vale d(xn, x) < ε por isso d(x,E) = 0, pois se fosse um numero maior que zero,
poderıamos tomar xn com d(xn, x) menor que esse numero, entao o ınfimo nao seria uma
cota inferior.
⇒) Suponha que x /∈ E, entao temos r > 0 tal que Br(x) ∩E = ∅ logo para qualquer
z ∈ E temos d(z, x) ≥ r por isso nao podemos ter d(x,E) = 0.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 26
m Definicao 20 (Diametro de um conjunto limitado). Seja A ⊂ M um conjunto
limitado, definimos seu diametro por
diam(A) = sup{d(x, y) |x, y ∈ A}.
Como A e limitado, o conjunto de numeros reais {d(x, y) |x, y ∈ A} e limitado superior-
mente por isso possui supremo, entao a definicao faz sentido.
m Definicao 21 (Diametro de um conjunto ilimitado). Quando A nao e limitado
escrevemos diam A = ∞.
b Propriedade 28. Seja E um espaco vetorial normado real ou complexo com E = {0},
com a metrica proveniente da norma, entao E nao e limitado.
ê Demonstracao. Suponha que E seja limitado, entao existe uma constante k > 0
tal que d(w, v) ≤ k para todos w e v em E, isto e, ∥w − v∥ ≤ k. Sejam dois elementos
x = y ∈ E com ∥x − y∥ = u, temos que u > 0, podemos tomar λ real, tal que λu > k,
λx, λy sao ainda vetores de E e
∥λx− λy∥ = |λ|∥x− y∥ = λu > k
o que contradiz a suposicao de ser limitado.
b Propriedade 29. Se X e Y sao limitados em M , entao X ∪ Y e limitado em M .
ê Demonstracao. Fixamos x1, y1 ∈ X, Y , por M ser limitado existe M1 > 0 tal
que d(x, x1) < M∀x ∈ X da mesma forma existe M2 > 0 tal que d(y, y1) < M∀y ∈ Y.
Entao dados x ∈ X, y ∈ Y arbitrarios temos que
d(x, y) ≤ d(x, x1) + d(x1, y1)︸ ︷︷ ︸C
+d(y1, y) ≤M1 + C +M2.
Logo a uniao e limitada.
b Propriedade 30. Toda bola aberta B(a, r) e um conjunto limitado e seu diametro
nao excede 2r.
ê Demonstracao. Tomando x, y ∈ B(a, r) temos pela desigualdade triangular
d(x, y) ≤ d(x, a) + d(a, y) < r + r = 2r.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 27
b Propriedade 31. Em Rn vale que diamB(a, r) = 2r.
ê Demonstracao.
Ja sabemos que 2r e uma cota superior para distancia entre dois elementos da bola,
agora vamos provar que e a menor cota superior, suponha uma outra cota s < 2r, podemos
tomarε
2> 0 suficientemente pequeno tal que s < 2(r − ε
2) = 2r − ε < 2r e os pontos
a− r +ε
2e a+ r − ε
2que pertencem a bola, porem a distancia entre os dois pontos e√
(2)2(ε
2− r)2 = 2(r − ε
2) = 2r − ε
que e maior que a cota superior suposta, logo temos um absurdo e 2r e realmente o
supremo e portanto o diametro do conjunto.
Z Exemplo 7. O diametro do retangulo P = [a, b]× [c, d] e
diam(P ) =√
(b− a)2 + (d− c)2 := v
pois podemos tomar uma bola com centro no ponto de encontro das diagonais do retangulo
e de raio com medida igual a metade do comprimento da diagonal, o retangulo esta contido
propriamente na bola que possui diametro v, porem tambem temos pontos no retangulo
cuja distancia e v, que sao, por exemplo, (a, d) e (b, c).
b Propriedade 32. Se A ⊂ B entao diam(A) ≤ diam(B).
ê Demonstracao. A propriedade vale pois temos
{d(x, y) | x, y ∈ A} ⊂ {d(x, y) | x, y ∈ B}
pois A ⊂ B, logo por propriedade de supremo temos
sup{d(x, y) | x, y ∈ A} ⊂ sup{d(x, y) | x, y ∈ B},
isto e, diam(A) ≤ diam(B).
b Propriedade 33. Vale que diam(A) = diam(A) ∀A ∈ Rn.
ê Demonstracao.[1] Seja c = diam(A). Existem x, y ∈ A tais que
||x− y| − c| < ε
2
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 28
da mesma forma existem v e w em A tais que
||v − w| − |x− y|| < ε
2
daı por desigualdade triangular temos
||v − w| − c| ≤ ||v − w| − |x− y||+ ||x− y| − c| < ε
2+ε
2= ε
logo vale diam(A) = diam(A) .
ê Demonstracao.[2] Prova no caso de espacos metrico E. Como vale E ⊂ E, segue
que diamE ≤ diamE. Por outro lado, sejam x, y ∈ E entao existem x′, y′ em E, tais que
d(x, x′) ≤ ε
2, d(y, y′) ≤ ε
2
daı
d(x, y) ≤ d(x, x′) + d(x′, y′) + d(y′, y) ≤ d(x′, y′) +ε
2+ε
2
d(x, y) ≤ d(x′, y′) + ε ≤ ε+ diam(E)
logo por propriedade de supremo diam(E) ≤ diam(E) + ε como vale para todo ε temos
diam(E) ≤ diam(E) e daı com a outra desigualdade segue que sao iguais.
b Propriedade 34. Se K ⊂ Rn e compacto entao existem x0, y0 ∈ K tais que
diam(K) = |x0 − y0|.
ê Demonstracao.
Seja f : K → K → R com f(x, y) = |x − y|, a funcao e contınua, como K × K
e subconjunto compacto de Rn × Rn = R2n existe um ponto (x0, y0) ∈ K × K tal que
f(x0, y0) = sup{|x− y| ∈ K ×K} = diam(K).
1.4 Bolas no plano complexo
m Definicao 22 (Disco aberto). Definimos o disco aberto de centro z0 e raio r por
∆(z0, r) = {z ∈ C | |z − z0| < r}.
O disco aberto e a bola aberta de centro z0 e raio r.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 29
m Definicao 23 (Disco fechado). Definimos o disco fechado de centro z0 e raio r por
∆(z0, r) = {z ∈ C | |z − z0| ≤ r}.
O disco fechado e a bola fechada de centro z0 e raio r.
m Definicao 24 (Disco aberto deletado). Definimos o disco aberto deletado de centro
z0 e raio r por
∆∗(z0, r) = {z ∈ C | 0 < |z − z0| < r}.
m Definicao 25 (Cırculo). Definimos o Cırculo de centro z0 e raio r por
∆∗(z0, r) = {z ∈ C | |z − z0| = r}.
1.4.1 Isometria
m Definicao 26 (Imersao isometrica). Sejam M,N espacos metricos uma funcao
f :M → N
e uma imersao isometrica sse
dM(x, y) = dN(f(x), f(y))
onde a primeira metrica e em M e a segunda em N , para todos x, y ∈ M . A imersao
isometrica preserva distancias.
$ Corolario 10. Toda imersao isometrica e injetiva, pois se f(x) = f(y) entao d(f(x), f(y)) =
0 e d(f(x), f(y)) = d(x, y) = 0 logo x = y.
m Definicao 27 (Isometria). Isometria e uma imersao isometrica sobrejetiva. Entao
isometria e uma funcao bijetora que preserva distancias.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 30
1.5 Conjuntos abertos
Sejam A um subconjunto de M e a ∈ A.
m Definicao 28 (Ponto interior). O ponto a e dito ser ponto interior de A, quando
existir r > 0 tal que B(a, r) ⊂ A.
Z Exemplo 8. Em C um ponto z ∈ A e interior de A quando existe r > 0 tal que
∆(z, r) ⊂ A.
m Definicao 29 (Interior). Chamamos de interior de A o conjunto dos pontos interiores
de A e denotamos por int(A). int(A) tambem pode ser denotado por A◦.
b Propriedade 35. Se A ⊂ B entao int(A) ⊂ int(B).
ê Demonstracao. Pois x ∈ int(A) entao existe r > 0 tal que Br(x) ⊂ A ⊂ B entao
x ∈ int(B).
1.5.1 Fronteira
m Definicao 30 (Ponto fronteira). Seja A ⊂ M. a ∈ M e chamado ponto de fronteira
de A se
∀r > 0, a B(a, r) ∩ A = ∅, B(a, r) ∩ CA︸︷︷︸M\A
= ∅.
m Definicao 31 (Fronteira). Fronteira de A e o conjunto de todos os pontos fronteira
de A, denotamos esse conjunto pelo sımbolo ∂A.
m Definicao 32 (Aberto). O conjunto A e dito aberto quando todos seus pontos sao
pontos interiores, intA = A. Vale sempre que intA ⊂ A, entao para mostrar que A e
aberto, basta mostrar que A ⊂ intA.
b Propriedade 36. Dado A ⊂M entao
∂A = ∂(CA).
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 31
ê Demonstracao. As definicoes de a ∈ ∂A e a ∈ ∂(CA) sao identicas, pois a
segunda e
∀r > 0, a B(a, r) ∩ CA = ∅, B(a, r) ∩ C(CA)︸ ︷︷ ︸=A
= ∅.
1.5.2 M = intA ∪ ∂A ∪ int(CA)
b Propriedade 37. Sendo A um subconjunto de M , vale
M = intA ∪ ∂A ∪ int(CA)
onde a uniao e disjunta.
ê Demonstracao. Dado A ⊂ M e a ∈ M , uma das possibilidades ocorre exclusi-
vamente existe r > 0 tal que B(a, r) ⊂ A (nesse caso a ∈ intA), ou existe r > 0 tal que
B(a, r) ⊂ CA (nesse caso a ∈ intCA), ou ainda para todo r > 0 vale B(a, r) ∩ A = ∅ e
B(a, r) ∩ CA = ∅ (neste caso a ∈ ∂A).
b Propriedade 38. A ⊂M e aberto sse A ∩ ∂A = ∅.
ê Demonstracao. Se A e aberto entao vale A ∩ ∂A = ∅, pois para todo a ∈ A
existe r > 0 tal que B(a, r) ⊂ A logo nao pode ocorrer B(a, r) ∩ CA = ∅. Agora se vale
A ∩ ∂A = ∅, significa que se a ∈ A entao a /∈ ∂A, entao existe r > 0 tal que B(a, r) ⊂ A.
b Propriedade 39. Em qualquer espaco metrico M , uma bola aberta B(a, r) e um
conjunto aberto.
ê Demonstracao. Dado x ∈ Br(a) vamos mostrar que existe s > 0 tal que
Bs(x) ⊂ Br(a). Para isso e necessario mostrar que se y ∈ Bs(x) implica y ∈ Br(a), isto e,
d(y, x) < s implica d(y, a) < r, mas pela desigualdade triangular tem-se
d(y, a) ≤ d(y, x) + d(x, a)
podemos tomar s de tal maneira que
d(y, a) ≤ d(y, x) + d(x, a) < r
daı d(y, x) < r − d(x, a), tomamos entao s = r − d(x, a) > 0.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 32
b Propriedade 40. Se B(a, r) ⊂ A entao B(a, r) ⊂ intA.
ê Demonstracao. Temos que mostrar que todo ponto x ∈ B(a, r) ⊂ A e ponto
interior, mas mostramos na propriedade anterior que dado x ∈ B(a, r) existe s > 0 tal que
B(x, s) ⊂ B(a, r) ⊂ A, logo todo ponto x nessas condicoes e interior e vale B(a, r) ⊂ intA.
b Propriedade 41. Dado A ⊂M . intA e aberto em M .
ê Demonstracao. Dado x ∈ intA, existe r > 0 tal que B(x, r) ⊂ A logo B(x, r) ⊂intA. Vale entao int(intA) = intA, propriedade de idempotencia .
b Propriedade 42. M e aberto em M .
ê Demonstracao. Para todo x ∈M vale que B(a, r) ⊂M , pois
B(a, r) = {x ∈M | d(x, a) < r}
e por definicao um subconjunto de M .
b Propriedade 43. Se G ⊂ E, G aberto entao G ⊂ Int(E), isto e,
∫(E) e o menor
subconjunto aberto de E.
ê Demonstracao. De G ⊂ E segue que int(G)︸ ︷︷ ︸G
⊂ int(E), portanto G ⊂ Int(E) .
b Propriedade 44. O vazio e aberto em M .
ê Demonstracao. Se o vazio nao fosse aberto em M , haveria algum ponto nele que
nao e ponto interior, o que e absurdo pois o vazio nao possui pontos.
b Propriedade 45. M\B[a, r] e aberto em M .
b Propriedade 46. A interseccao de um numero finito de conjuntos abertos e um
conjunto aberto.
ê Demonstracao.
Sejam (Ak)n1 conjuntos abertos, entao
n∪k=1
Ak e aberto. Seja x ∈n∪
k=1
Ak, entao existem
(rk > 0)n1 tais que Brk(a) ⊂ Ak e tomando r < rk ∀k segue que Br(a) ⊂ Brk(a) ∀k logo
Br(a) ⊂n∪
k=1
Ak, entao o conjunto e aberto.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 33
b Propriedade 47. A uniao arbitraria de conjuntos abertos e um conjunto aberto.
ê Demonstracao. Sejam (Ak)k∈B abertos para todo k ∈ B entao∪k∈B
Ak
e aberto. Dado x ∈∪k∈B
Ak entao x ∈ Ak para algum k entao existe rk > 0 tal que
Brk(a) ⊂ Ak, implicando que Brk(a) ⊂∪k∈B
Ak, logo a uniao e aberta.
b Propriedade 48. Um subconjunto A ⊂M e um conjunto aberto ⇔ e uniao de bolas
abertas.
ê Demonstracao. Um subconjunto A ⊂ M aberto e uniao de bolas abertas, pois
dado x ∈ A podemos escrever
A =∪x∈A
{x}
mas cada x ∈ A esta contido numa bola aberta B(x, rx) ⊂ A, por A ser aberto, logo vale
tambem A =∪x∈A
{x} ⊂∪x∈A
B(x, rx) ⊂ A ,logo A =∪x∈A
B(x, rx).
Se A e reuniao de bolas abertas entao A e aberto , pela propriedade anterior.
b Propriedade 49. Dado um conjunto finito A ⊂M entao M\A e aberto.
m Definicao 33 (Vizinhanca). Um conjunto V e uma vizinhanca do ponto a quando
a ∈ intV.
b Propriedade 50. A intersecao de um numero finito de vizinhancas de a e uma
vizinhanca de a.
1.5.3 Abertos e continuidade
b Propriedade 51. Sejam f : M → N contınua e A ⊂ N um aberto entao f−1(A) e
aberto.
ê Demonstracao.
b Propriedade 52. Sejam M,N espacos metricos. f : M → N e contınua ⇔ para
todo aberto A ∈ N , f−1(A) e um subconjunto aberto de M .
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 34
b Propriedade 53. O produto cartesianon∏
k=1
Ak de conjuntos abertos AK ∈ Mk e um
subconjunto aberto de M =n∏
k=1
Mk.
m Definicao 34 (Funcao aberta). Uma funcao f :M → N e dita aberta quando para
todo A ⊂M aberto f(A) e aberto.
1.6 Conjuntos fechados
m Definicao 35 (Ponto Aderente). Um ponto a ∈ M e dito aderente ao conjunto
A ⊂M quando
∀ε > 0, ∃ x ∈ A | d(a, x) < ε.
Um ponto a e aderente a um conjunto A se existe em A elementos arbitrariamente
proximos de a.
$ Corolario 11. Todo ponto a ∈ A e aderente ao conjunto A, pois d(a, a) = 0.
m Definicao 36 (Fecho). O fecho de A ⊂M e o conjunto A dos pontos deM aderentes
ao conjunto A.
b Propriedade 54.
a ∈ A ⇔ ∀r > 0, Br(a) ∩ A = ∅.
ê Demonstracao. ⇒). Seja a ∈ A, logo vale que para todo r > 0 existe x ∈ A tal
que d(x, a) < r, daı existe x ∈ A tal que x ∈ Br(a), logo a intersecao e sempre nao vazia.
⇐). Se vale ∀r > 0, Br(a) ∩ A = ∅, entao ∀r > 0 existe x ∈ A tal que d(x, a) < r,
daı a ∈ A.
b Propriedade 55. a /∈ A⇔ a ∈ int(Ac).
ê Demonstracao. ⇒). Se a /∈ A vale que existe r > 0 tal que Br(a) ∩ A = ∅, daıtodo x ∈ Br(a) nao pertence a A logo pertence a Ac, daı a ∈ int(Ac).
⇐). Se a ∈ int(Ac) entao existe r > 0 tal que Br(a) ⊂ Ac, logo existe r > 0 tal que
Br(a) ∩ A = ∅ entao a /∈ A.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 35
1.6.1 (A)c = int(Ac).
$ Corolario 12. (A)c = int(Ac). Pois a /∈ A⇔ a ∈ (A)c ⇔ a ∈ int(Ac) .
Concluımos entao que (A)c e um conjunto aberto.
Z Exemplo 9. Nao vale em geral que int(A) = int(A), pois podemos tomar A = Q,
temos int(Q) = ∅ e Q = R , logo int(Q) = R nao valendo entao a igualdade.
Z Exemplo 10. A e int(A) podem ter fechos diferentes, como e o caso de A = {a}.
int(A) = ∅ com fecho vazio e fecho de A e A.
b Propriedade 56. Dado E ⊂M espaco metrico entao vale
M \ int(E) =M \ E.
Ou seja
int(E)c = (Ec).
ê Demonstracao.
x ∈ (Ec) ⇔ ∀ε > 0 | B(x, ε) ∩ Ec = ∅ ⇔
∼ (∃ε > 0 | B(x, ε) ∩ Ec = ∅) ⇔∼ (∃ε > 0 | B(x, ε) ⊂ E) ⇔
∼ (x ∈ int(E)) ⇔ x ∈ int(E)c.
Como querıamos mostrar.
ê Demonstracao.[2]
Vamos provar as duas inclusoes de conjuntos.
M \ int(E) ⊂ M \ E). Seja x ∈ M \ int(E) entao x /∈ int(E), isto e, para qualquer
r > 0 nao vale Br(x) ⊂ E que equivale a dizer
Ar := Br(x) ∩ (M \ E) = ∅ ∀r > 0
supondo que x ∈ Ar entao x /∈ E daı x ∈M \E e por isso x ∈M \ E. Caso x nao pertenca
a nenhum Ar, entao podemos tomar pontos em A 1n, formando uma sequencia de pontos
em M \ E que converge para x e por isso x ∈M \ E o que termina a demonstracao.
M \ E ⊂M \ int(E)).
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 36
Sendo x ∈M \ E, temos que existe sequencia em M \E que converge para x, por isso
para qualquer r > 0 temos
Ar := Br(x) ∩ (M \ E) = ∅ ∀r > 0
o que vimos na demonstracao anterior ser equivalente a x ∈M \ int(E)).
b Propriedade 57. ∂A ⊂ A .
ê Demonstracao. Para todo ponto a ∈ ∂A vale
∀r > 0 B(a, r) ∩ A = ∅.
$ Corolario 13. Da identidade M = intA ∪ ∂A ∪ int(CA) e de CA = int(CA), tem-
se que A ⊂ M , mas A nao possui elementos em int(CA), alem disso ∂A ⊂ A, entao
A = intA ∪ ∂A.
b Propriedade 58.
∅ = ∅.
êDemonstracao. Caso contrario ∅ teria algum ponto nao aderente, o que e absurdo.
b Propriedade 59.
M =M.
ê Demonstracao. Pois para cada a ∈M , tem-se d(a, a) = 0 < r.
b Propriedade 60.
A ⊂ A.
ê Demonstracao. Pois d(a, a) = 0 , logo todo a ∈ A satisfaz a ∈ A.
b Propriedade 61.
A ⊂ B ⇒ A ⊂ B.
ê Demonstracao. Seja a ∈ A entao ∀r > 0 existe x ∈ A tal que d(x, a) < r, mas
x ∈ A implica x ∈ B logo a ∈ B.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 37
$ Corolario 14. Se vale A ⊂ B e B e fechado entao A ⊂ A ⊂ B pois A ⊂ B = B e daı
segue o resultado. Isso significa que A e o menor conjunto fechado que contem A.
b Propriedade 62. Se Bn =n∪
k=1
Ak entao Bn =n∪
k=1
Ak, se B =∞∪k=1
Ak entao∞∪k=1
Ak ⊂ B
e nem sempre vale a igualdade.
ê Demonstracao. Vale que∞∪k=1
Ak ⊂ B en∪
k=1
Ak ⊂ Bn. Dado um ponto x ∈ Ak
existe uma sequencia de pontos (xn) em Ak com lim xn = x ela tem elementos em Bn (
ou B) daı seu limite pertence a Bn (ou B).
Mostramos agora que Bn ⊂n∪
k=1
Ak, seja x ∈ Bn, entao existe um sequencia (xn) em Bn
com limxn = x, existe algum Ak que deve conter uma infinidade de elementos de (xn) logo
tal Ak possui uma subsequencia de (xn), que converge, pois subsequencia de sequencia
convergente e convergente e portanto x ∈ Ak, como x tomado em Bn e arbitrario segue
a inclusao Bn ⊂n∪
k=1
Ak como ja mostramos que Bn ⊃n∪
k=1
Ak entao temos a igualdade de
conjuntos
Bn =n∪
k=1
Ak.
Se tomamos Ak = {1k} entao
∞∪k=1
Ak =∞∪k=1
Ak
e B possui um elemento que nao esta em tal reuniao, que e o elemento nulo 0, pois1
n→ 0.
m Definicao 37 (Conjunto denso). A ⊂M e denso em M quando A =M.
m Definicao 38 (Conjunto fechado). F ⊂M e fechado em M quando M \ F e aberto
em M .
$ Corolario 15. M e fechado em M , pois M \M = ∅ que e aberto em M .
$ Corolario 16. ∅ e fechado em M , pois M \ ∅ =M e aberto em M .
b Propriedade 63. Dado qualquer conjunto A, A e fechado em M .
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 38
ê Demonstracao. Ja mostramos que M \A = int(M \A) como o interior e aberto,
segue que A e fechado.
$ Corolario 17. Se A = A entao A e fechado.
b Propriedade 64. Se A e fechado entao A = A.
ê Demonstracao. Se A e fechado, vale queM \A e aberto, daıM \A = int(M \A)mas vale que M \ A = int(M \ A) daı M \ A =M \ A o que implica A = A.
$ Corolario 18. A e fechado sse A = A.
$ Corolario 19 (Idempotencia). A e fechado, entao A = A.
b Propriedade 65. B[a, r] e fechado.
b Propriedade 66. ∂A e fechado.
ê Demonstracao. Vale a identidade M = intA ∪ ∂A ∪ intCA, logo M \ ∂A =
intA ∪ intCA que e aberto, logo ∂A e fechado.
b Propriedade 67. Um subespaco A de Rn e sempre fechado (topologicamente).
ê Demonstracao. Se A e Rn nada precisamos mostrar, tomaremos entao A = Rn
nao vazio.
Seja A o espaco, tome uma base dele (vk)m1 , complete para uma base de Rn, (vk)
n1 .
Seja y ∈ Ac, vamos mostrar que y e ponto interior de Ac. y se escreve como y =n∑
k=1
ckvk,
tomamos sua projecao x sobre A, x =m∑k=1
ckvk, dado qualquer outro ponto x′ = x de A a
distancia dele ate y e maior que a distancia de x ate y pois tomando x′ =m∑k=1
c′kvk
d(x′, y) =
√√√√ m∑k=1
(c′k − ck)2 +n∑
k=m+1
c2k >
√√√√ n∑k=m+1
c2k = d(x, y)
pois nem todo c′k = ck por tomarmos x = x′ entao se tomamos Bε(y) com ε < d(x, y)
entao Bε(y) ⊂ Ac por isso tal conjunto e aberto o que implica A ser fechado. (ajeitar
solucao)
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 39
1.6.2 A = ∂A ∪ int(A).
b Propriedade 68. Vale que
A = ∂A ∪ int(A).
ê Demonstracao. Temos que M = intA∪ ∂A∪ int(M \A) e M \A = int(M \A),daı segue
A = ∂A ∪ int(A).
b Propriedade 69. A ⊂M finito e fechado.
ê Demonstracao. Seja A = {ak | k ∈ In}, sabemos que A ⊂ A, suponha que exista
a ∈ A tal que a /∈ A, entao tem que valer: ∀ε > 0 existe x ∈ A tal que d(x, a) < ε, porem
nao existe x ∈ A tal que d(x, a) < min{d(a, ak) k ∈ In}, entao se a /∈ A tem-se que a /∈ A.
Daı A = A, logo todo conjunto finito e fechado.
b Propriedade 70. Seja Ek, k ∈ I uma famılia de conjuntos, entao vale
(∪k∈I
Ek)c
︸ ︷︷ ︸A
=∩k∈I
(Eck)︸ ︷︷ ︸
B
.
ê Demonstracao. A ⊂ B).
Seja x ∈ A entao
x /∈∪k∈I
Ek ⇔ ∀k x /∈ Ek ⇔ ∀k x ∈ Eck ⇔ x ∈ B.
B ⊂ A).
Se x ∈ B entao
∀ k, x ∈ Eck ⇔ ∀k x /∈ Ek ⇔ x /∈ A.
b Propriedade 71. A uniao finita de conjuntos fechados e um conjunto fechado.
ê Demonstracao. Sejan∪
k=1
Fk uniao de fechados, entao tomando seu complementar
temosn∩
k=1
(F ck )
que e aberto, portanto a uniao e um fechado.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 40
b Propriedade 72. A interseccao arbitraria de conjuntos fechados e um conjunto fe-
chado.
ê Demonstracao. Seja∩k∈I
Fk intersecao arbitraria de fechados, entao tomando seu
complementar ∪k∈I
(Fk)c
e uma uniao arbitraria de abertos, logo e um aberto, por isso a intersecao e fechada.
Z Exemplo 11. Um conjunto com apenas um ponto e fechado, pois M \ {y} = A e
aberto. Pois se for vazio ja segue o resultado, se nao existe x ∈ A, tomamos r tal que
d(x, y) > r logo a bola Br(x) ⊂ A. Logo a uniao de um numero finito de elementos e
fechada.
Z Exemplo 12. Uniao arbitraria de fechados pode nao ser fechado, como e o caso de
∪x∈(0,1)
{x} = (0, 1)
nao e fechado em R.
b Propriedade 73 (Conjuntos fechados e funcao contınua). f :M → N e contınua ⇔
f−1(F ) e um conjunto fechado para qualquer F ∈ N fechado.
1.6.3 Ponto de acumulacao
m Definicao 39 (Ponto de acumulacao). Dado um conjunto A ⊂M , um ponto a ∈M
e dito ponto de acumulacao de A
∀r > 0, B(a, r) ∩ (A \ {a}) = ∅.
Pontos de acumulacao tambem sao chamados de pontos limite. Pontos que nao sao
de acumulacao sao pontos isolados.
m Definicao 40 (Conjunto perfeito). Um conjunto e dito perfeito se e fechado e sem
pontos isolados.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 41
b Propriedade 74. Seja P ⊂ Rn um conjunto perfeito, entao P e nao enumeravel.
ê Demonstracao. Suponho por absurdo que P seja enumeravel. Seja (xk) uma
enumeracao dos elementos de P . Seja V1 uma bola tal que V1 ∩ P = ∅, construımos uma
sequencia de bolas (Vk) tais que Vk ∩ P = ∅,
1. Vk+1 ⊂ Vk
2. xn /∈ Vn+1
Seja Kn = Vn ∩P , Kn e compacto por ser fechado e limitado, Kn e nao vazio, Kn+1 ⊂Kn pois
Vn+1 ⊂ Vn ⊂ Vn
e∞∩k=1
Kk = K compacto, K = ∅, pois os Kn satisfazem propriedade da intersecao finita,
temos que xn /∈ Kn+1 logo∞∩k=1
Kk
nao possui pontos de P , o que e absurdo, portanto P nao pode ser enumeravel.
b Propriedade 75. Seja x ∈ M um ponto limite de E ⊂ M , entao toda vizinhanca
aberta de x possui infinitos pontos de E.
ê Demonstracao. Suponha que Br(x)\{x} tenha uma quantidade finita de pontos
de E, entao existe um deles z cuja distancia d(x, z) e mınima, definindo s =d(z, x)
2> 0
temos um absurdo pois x e ponto limite e a bola
Bs(x)
deve possui ponto de E diferente de x, absurdo.
$ Corolario 20. Conjuntos finitos nao possuem ponto limite. Pois conjunto que pos-
suem pontos limite sao infinitos.
m Definicao 41 (Conjunto derivado). O conjunto dos pontos limite de E ⊂ M e
chamado de conjunto derivado e denotado por E ′.
b Propriedade 76. E ′ e fechado.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 42
ê Demonstracao. Seja (xn) em E ′ com limxn = x. Vamos mostrar que x ∈ E ′.
Suponha que x /∈ E ′ entao x e ponto isolado de E, existindo r > 0 tal que Br(x)∩E = {x}.Como lim xn = x existe xn ∈ E ′ tal que d(xn, x) <
r
2e como xn ∈ E ′ existe y ∈ E tal que
d(y, xn) <r
2, y = x, por desigualdade triangular temos que
d(y, x) ≤ d(y, xn) + d(xn, x) <r
2+r
2= r
logo temos y = x em Br(x) ∩ E o que e absurdo. Portanto x ∈ E ′, o conjunto e fechado.
b Propriedade 77. F e fechado ⇔ F = F ∪ F ′.
ê Demonstracao. F e fechado ⇔ contem todos os seus pontos aderentes, logo deve
conter tambem seus pontos de acumulacao.
b Propriedade 78. Vale que E e E tem os mesmos pontos limite, isto e ,E ′ = (E)′.
ê Demonstracao. Temos que E ′ ⊂ E′pois E ⊂ E logo todo ponto limite de E
tambem e de E. Mostramos agora a outra inclusao.
Seja x ∈ E′vamos mostrar que x ∈ E ′. Existe (xn) em E \ {x} tal que limxn = x,
como xn ∈ E \ {x} existe yn ∈ E com d(xn, yn) <ε
2e d(xn, y) < d(xn, x) (logo yn = x),
logo para n grande podemos tomar d(xn, x) <ε
2e daı
d(yn, x) ≤ d(xn, yn) + d(xn, x) <ε
2+ε
2= ε
lim yn = x e yn ∈ E \ {x}, portanto x e ponto de E ′.
Z Exemplo 13. Nao e verdade que E e E ′ tem os mesmos pontos limite, isto e,
nao vale sempre que E ′ = (E ′)′. Seja por exemplo E = { 1n, n ∈ N}, temos E ′ = {0} e
(E ′)′ = ∅.
Z Exemplo 14. Construa um conjunto compacto cujo conjunto de pontos limite seja
enumeravel. Podemos tomar trivialmente o conjunto {1}, que e compacto por ser limitado
e fechado, que nao possui ponto limite, logo seu conjunto de pontos limite e o vazio, que e
enumeravel. Para um exemplo nao trivial podemos considerar { 1nn ∈ N}∪{0} o conjunto
e fechado e limitado, logo e compacto (em R essa e uma caracterizacao de compacto), seu
conjunto de pontos limite e {0} que e enumeravel .
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 43
Z Exemplo 15. Construa um conjunto de R com exatamente 3 pontos limite. O
conjunto { 1
n+ 2,
1
n+ 2+ 1,
1
n+ 2+ 2, n ∈ N} possui tres pontos de acumulacao que sao
os numeros 1, 2 e 3. Os elementos do conjunto sao pontos isolados.
b Propriedade 79. Se A e aberto em Rn entao A ⊂ A′.
ê Demonstracao. Seja x ∈ A, vamos mostrar que x ∈ A′. Como x ∈ A e A e
aberto, temos Br(x) ⊂ A para algum r > 0 real, Br(x) possui infinitos pontos. Existe
n0 ∈ N tal que para n > n0 temos B 1n(x) ⊂ Br(x). Podemos construir uma sequencia
(yk) de pontos nas bolas B 1n(x) com yk = x ∀k ∈ N , vale que lim yn = x logo x ∈ A′.
Z Exemplo 16. Caso A seja fechado podemos nao ter A ⊂ A′, como e o caso de
A = {x} ⊂ Rn. Pois A′ = ∅ e nao vale {x} ⊂ ∅.
Z Exemplo 17. Abertos e fechados sao relativos ao espaco em que estao contidos.
Por exemplo (1, 2) e aberto em R, porem nao e aberto em R2. (0, 1] e fechado em (0,∞).
[0, 1) e aberto em [0,∞).
b Propriedade 80. Seja X ⊂ M . E ⊂ X e aberto em X ⇔ ∃G ⊂ M aberto tal que
E = X ∩G.
ê Demonstracao.
⇒). Se E ⊂ X for aberto em X, entao faz ∈ E, existe rz tal que
Bxrz(z) ⊂ E.
Definimos G =∪z∈E
Br(z), G e aberto em M , por outro lado
E =∪z∈E
Bxr (z) =
∪z∈E
(Br(z) ∩X) = X ∩∪z∈E
Br(z) = X ∩G.
⇐).
Se E = G ∩ X , se z ∈ E entao z ∈ G por isso existe r > 0 tal que Br(z) ⊂ G, daı
Br(z) ∩X ⊂ G ∩X e Bxr (z) ⊂ E, logo E e aberto.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 44
1.7 Espacos topologicos
m Definicao 42 (Topologia). Uma topologia num conjunto X e uma colecao P de
partes de X chamados de abertos da topologia que satisfazem as seguintes propriedades
� ∅ e X pertencem a P .
� Se (Ak ∈ P )n1 entaon∩
k=1
Ak ∈ P.
� Dada uma famılia arbitraria de conjuntos Ak ∈ P para k ∈ L entao∪k∈L
Ak ∈ P.
m Definicao 43 (Espaco topologico). Um espaco topologico e um par (X,P ) onde
X e um conjunto e P e uma topologia de X. Quando fica subentendida a topologia P ,
podemos escrever apenas X para simbolizar o espaco topologico.
m Definicao 44 (Espaco de Hausdorff). Um espaco topologico X e chamado de espaco
de Hausdorff quando para cada par x e y distintos em X existem abertos Ux e Uy tais que
x ∈ Ux , y ∈ Uy e Ux ∩ Uy = ∅.
m Definicao 45 (Topologia indiscreta). Dado um conjunto X a topologia {∅, X} = P e
chamada de topologia indiscreta. Tambem chamada de topologia caotica ou antidiscreta.
m Definicao 46 (Topologia discreta). Dado um conjunto X a topologia P (X) = P do
conjunto das partes de X e chamada de topologia discreta.
m Definicao 47 (Espaco topologico metrizavel). Um espaco topologico P e metrizavel,
se e possıvel definir uma metrica em P , que gera a mesma topologia.
b Propriedade 81. A topologia indiscreta nao e metrizavel, por exemplo considerando
X = {1, · · · , n}. Deverıamos ter que X \ {1} fosse aberto, porem nao e na topologia.
ê Demonstracao.
Z Exemplo 18 (Topologia discreta). Sendo X qualquer podemos definir P (x) = P ,
chamada de topologia indiscreta, todos subconjunto e aberto. Caso X = {1, · · · , n}, por
exemplo, com a metrica zero-um todo subconjunto e aberto, entao e compatıvel com a
topologia, e a topologia e metrizavel.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 45
1.8 Conjuntos conexos
m Definicao 48 (Conjuntos separados). Dois conjuntos A e B sao ditos separados num
espaco metrico M , se
A ∩B = ∅ = B ∩ A.
$ Corolario 21. Conjuntos separados sao disjuntos, pois B ⊂ B e o mesmo com A
logo A ∩ B = ∅. Porem a recıproca nao vale, por exemplo Q e R \Q sao disjuntos e nao
sao separados assim como [0, 1] e (1, 2). Entao temos uma condicao necessaria porem nao
suficiente.
Z Exemplo 19. (0, 1) e (1, 2) sao separados .
b Propriedade 82. Dois conjuntos fechados disjuntos sao separados.
ê Demonstracao. Vale A ∩B = ∅ e como sao fechados A ∩B = ∅ , A ∩B = ∅.
b Propriedade 83. Dois conjuntos abertos disjuntos sao separados.
ê Demonstracao. Suponha sem perda de generalidade que exista a ∈ A∩B, entao
a ∈ B, porem a /∈ A, pois A e B sao disjuntos. Como B e aberto existe r > 0 tal que
Br(x) ⊂ B. Como a ∈ A existe (xn) em A tal que lim xn = a, daı para n > n0 temos
d(xn, a) < r e isso implica xn ∈ Br(x) ⊂ B, daı xn ∈ A e B o que e absurdo pois sao
disjuntos. Entao A ∩B = ∅ e o mesmo para A ∩B.
b Propriedade 84. Seja f : M → N uma funcao contınua e A,B separados abertos
na imagem de f entao f−1(A) = A0 e f−1(B) = B0 sao separados.
ê Demonstracao. A0 e B0 sao abertos, pois f e contınua e sao disjuntos, pois se
x ∈ A0 ∩ B0 entao f(x) ∈ A ∩ B = ∅ o que e absurdo, entao os conjuntos sao separados,
pois abertos disjuntos
m Definicao 49 (Cisao de um espaco metrico). Uma cisao de M e a decomposicao
M = A ∪B
onde A ∩B = ∅ e A e B sao conjuntos abertos.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 46
b Propriedade 85. A e B sao abertos e fechados em M .
ê Demonstracao. Vale que M \ A = B como B e aberto, segue que A e fechado,
da mesma maneira M \B = A daı B e fechado pois A e aberto.
m Definicao 50 (Cisao trivial). Cisao trivial de M e a cisao M = A∩B onde A ou B
e o conjunto vazio. Logo o outro conjunto deve ser o proprio espaco M .
$ Corolario 22. Todo espaco metrico admite a cisao trivial.
m Definicao 51 (Espacos metricos conexos). Um espaco M e dito conexo quando ele
admite apenas a cisao trivial.
m Definicao 52 (Espacos metricos desconexos). Um espacoM e dito desconexo quando
ele admite pelo menos uma outra cisao alem da trivial.
b Propriedade 86. Se M for um espaco metrico conexo, com pelo menos dois pontos
entao M e nao enumeravel.
ê Demonstracao. Sejam x, y ∈M e r = d(x, y).
Tome 0 < r′ < r. Se nao existir z ∈ M tal que d(z, x) = r entao A = Br′(x) e
B = M \ Br′(x) sao abertos nao-vazios, separados e A ∪ B = M . A e B sao abertos e
fechados entao A ∩ B = A ∩ B = A ∩ B = ∅ e daı temos cisao nao trivial para o espaco.
Por isso existe z tal que d(x, z) = r. podemos repetir o argumento para todo t em (0, r),
disso concluımos que M e nao enumeravel, pois possui um subconjunto em bijecao com
um conjunto nao enumeravel.
$ Corolario 23. Todo conjunto unitario A = {a} e conexo, pois podemos escrever
apenas A = A ∪ ∅.
Z Exemplo 20.
b Propriedade 87. Todo espaco M nao unitario que possui pelo menos um ponto
isolado e desconexo.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 47
ê Demonstracao. Dado um ponto isolado a do espaco M existe r > 0 tal que
B(a, r) = {a}, temos nesse caso que B(a, r) e aberto e fechado, daı vale que M \ B(a, r)
e aberto e nao vazio , temos entao a cisao nao trivial
M = (M \B(a, r)) ∪B(a, r).
b Propriedade 88. Se M e conexo e A ⊂ M tem fronteira vazia entao A = M ou
A = ∅.
ê Demonstracao. Valem as identidades
M = intA ∪ ∂A ∪ int(M \ A)
A = ∂A ∪ int(A)
como ∂A e vazia, segue que M = intA ∪ int(M \ A), como a uniao e disjunta e M e
conexo, temos entao uma particao que devera ser a trivial, daı intA e vazio ou int(M \A)e vazio. Se a primeira ocorre implica que A = int(A) e vazio, logo A e vazio, ou entao
pelo mesmo argumento M \ A e vazio, que implica M = A.
b Propriedade 89. f : M → N e contınua e sobrejetiva, entao, M conexo implica N
conexo.
êDemonstracao. Suponha uma cisao paraN = A∪B, entaoM = f−1(A)∪f−1(B),
como A e B sao abertos f−1(A) e f−1(B) sao abertos, pois f e contınua, logo temos uma
cisao deM , comoM e conexo ele admite apenas a cisao trivial, daı f−1(A) ou f−1(B) sao
vazios, o que implica A ou B vazios, logo N e conexo, por admitir apenas a cisao trivial.
$ Corolario 24. f :M → N e contınua e A conexo em M entao f(A) e conexo em N .
$ Corolario 25. f :M → N homeomorfismo entao M conexo sse N conexo.
$ Corolario 26. (a, b) e conexo pois e homeomorfo a R.
b Propriedade 90. O fecho de um conjunto conexo e um conjunto conexo, isto e, se
A e conexo em M entao A e conexo em M .
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 48
ê Demonstracao. Seja A ⊂ M conexo tal que A = M , vamos provar que M e
conexo. Escrevemos M = B ∪ C, daı A = (B ∩ A) ∪ (C ∩ A) (as partes sao conjuntos
abertos e disjuntos), como A e conexo, entao (B ∩ A) = ∅ ou (C ∩ A) = ∅, mas como A
e denso em M , segue C = ∅ ou B = ∅, logo M admite apenas a cisao trivial, logo M e
conexo. A e denso em A, sendo A conexo, implica A conexo.
$ Corolario 27. [a, b], [a,∞) e (−∞, a] sao conexos em R.
$ Corolario 28. Se A e conexo e denso em M entao M e conexo.
b Propriedade 91. Sejam A,B tais que A ⊂ B ⊂ A. Se A e conexo entao B tambem
e conexo.
ê Demonstracao. Seja V o fecho de A em B, daı V = A ∩ B = B, isto e , A e
denso em B. V e conexo e portanto B e conexo.
1.8.1 A reta e um espaco conexo
b Propriedade 92. A reta e um espaco conexo.
ê Demonstracao. Suponha uma cisao nao trivial R = A∪B. Sejam a ∈ A e b ∈ B,
tais que a < b , definimos o conjunto F = {x ∈ A |x < b}, tal conjunto e nao vazio, pois
a ∈ A, tambem e limitado superiormente pois b e uma cota superior, entao ele possui um
supremo, que chamaremos de c. Pela definicao de sup temos que para todo ε > 0 existe
x ∈ F (logo x ∈ A) tal que c− ε < x ≤ c, daı c ∈ A = A, pois A e fechado, nao podemos
ter c = b pois os conjuntos sao disjuntos, logo temos c < b, entao c ∈ F , mas como A e
aberto, segue que existe ε > 0, tal que (c − ε, c + ε) ⊂ A e c + ε < b, daı os pontos de
(c, c+ ε) pertencem a F o que contradiz o fato de c ser o supremo.
1.8.2 Produto cartesiano de conexos
b Propriedade 93. O produto cartesiano
M =n∏
k=1
Mk
e conexo ⇔ cada Mk e conexo.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 49
ê Demonstracao.
⇒).
A projecao Pk :M →Mk e continua e sobrejetiva, entaoM conexo implicaMk conexo.
$ Corolario 29. Rn e conexo, pois R e conexo.
1.8.3 Conexidade por caminhos
m Definicao 53 (Caminho em espaco metrico). Um caminho em M , espaco metrico, e
uma funcao contınua f : [0, 1] →M.
m Definicao 54 (Extremos do caminho). Os pontos f(0) = a e f(1) = b em M sao
ditos extremos do caminho. a e chamado de ponto inicial ou origem e b o ponto final ou
fim do caminho f . Dizemos nesse caso que o caminho a liga a e b.
m Definicao 55 (Caminho fechado). f e um caminho fechado quando f(0) = f(1).
m Definicao 56 (Conexidade por caminhos). M e conexo por caminhos quando quais-
quer dois pontos de M podem ser ligados por um caminho contido em M .
b Propriedade 94. Se M e conexo por caminhos entao e conexo.
ê Demonstracao. Suponha que M nao fosse conexo, entao M = A ∪ B. Dados
a ∈ A, b ∈ B existe caminho f : [0, 1] →M tal que f(0) = a, f(1) = b entao
f−1(M) = f−1(A) ∪ f−1(B)
seria uma cisao de [0, 1] o que e absurdo.
b Propriedade 95. Seja A ⊂ E. E conexo, A nao vazio, aberto e fechado em E, entao
A = E.
ê Demonstracao. Temos que Ac e aberto e fechado em E e
A ∪ Ac = E
e uniao disjunta, logo cisao do conjunto, portanto Ac = ∅ pois A nao pode ser vazio, daı
A = E.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 50
b Propriedade 96. Seja (Xk)k∈I famılia arbitraria de conexos em M . Se a ∈ xk ∀k
entao X =∪k∈I
Xk e conexo.
ê Demonstracao. Seja X = A∪B uma cisao, a ∈ A, A∩Xk e B ∩Xk sao abertos
em Xk, logo
Xk = (Xk ∩ A) ∪ (Xk ∩B)
e uma cisao de Xk. Como Xk e conexo e a ∈ A ∩Xk entao Xk ∩B = ∅ ∀k
B = (∪
xk) ∩B =∪
xk ∩B) = ∅
X e conexo.
1.9 Metodo das aproximacoes sucessivas
m Definicao 57 (Ponto fixo). Um ponto fixo de f : M → N , e um ponto x ∈ M tal
que f(x) = x.
m Definicao 58 (Contracao). Uma funcao f :M → N e uma contracao quando existe
c, tal que 0 ≤ c < 1, tal que vale
d(f(y), f(x)) ≤ cd(x, y) ∀x, y ∈M.
$ Corolario 30. Toda contracao e uniformemente contınua.
b Propriedade 97. Se uma contracao f possui ponto fixo, entao ele e unico.
ê Demonstracao. f nao admite dois pontos fixos distintos, pois se a = f(a) ,
b = f(b) e vale
d(f(y), f(x)) ≤ cd(x, y) ∀x, y ∈M
com 0 ≤ c < 1, entao
d(a, b) ≤ d(f(a), f(b)) ≤ cd(a, b)
daı d(a, b) ≤ cd(a, b), d(a, b)(1− c) ≤ 0, como 1− c > 0, concluımos que d(a, b) = 0, logo
a = b.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 51
1.10 Sequencias em espacos metricos
Denotaremos sempre M como espaco metrico.
m Definicao 59 (Sequencia). Dado um conjunto M , uma sequencia em M e uma
funcao de N em M , xn : N →M. Que sera denotada pelos mesmo sımbolos da sequencia
em R.
Uma sequencia em Rn e definida dando-se n sequencias de numeros reais.
m Definicao 60 (Subsequencia). Uma subsequencia, e a restricao de uma sequencia a
um subconjunto infinito de N .
m Definicao 61 (Sequencia Limitada). Uma sequencia (xn) e limitada quando existe
v > 0 tal que
d(xn, xm) ≤ v
para todo n,m ∈ N.
Em Rn uma sequencia e limitada se existe uma bola que contem todos os termos da
sequencia, que e equivalente a dizer que |xk| < c ∀k ∈ N.
m Definicao 62 (Sequencia constante). Dado um espaco conjunto nao vazio M e
a ∈M , podemos definir a sequencia constante de termo xn = a, para todo n natural.
Z Exemplo 21. A sequencia constante e limitada, pois d(xn, xm) = d(a, a) = 0 ≤ v.
b Propriedade 98. Toda subsequencia de uma sequencia limitada e limitada.
m Definicao 63 (Limite de sequencia). Dado a ∈M dizemos que limxn = a quando
∀ε > 0, ∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ d(xn, a) < ε.
Podemos no caso usar a mesma notacao de limites de sequencias de numeros reais.
Se tal elemento a existe em M , diz-se que a sequencia e convergente, se nao existe a
sequencia e dita divergente.
Z Exemplo 22 (Limite de sequencia nos complexos).
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 52
$ Corolario 31. Se lim xn = a entao ∀ε > 0, B(a, ε) contem todos xn , pois
∀ε > 0 ∃ n0 ∈ N | n > n0 ⇒ d(xn, a) < ε
daı xn ∈ B(a, ε).
$ Corolario 32. A sequencia constante de termo xn = a e convergente e tem-se limxn =
a, pois d(xn, a) = d(a, a) = 0 < ε.
1.10.1 Sequencia eventualmente constante
m Definicao 64 (Sequencia eventualmente constante). Uma sequencia (xn) e eventu-
almente constante quando existe n0 ∈ N tal que para n > n0 implica xn = xn0 .
b Propriedade 99. Se a e ponto isolado e limxn = a, entao (xn) e eventualmente
constante.
ê Demonstracao. Se a e ponto isolado entao existe ε > 0 tal que d(xn, a) <
ε implica xn = a, tomando tal ε na sequencia, implica que existe n∈N tal que n >
n0 d(xn, a) < ε) logo xn = a.
Z Exemplo 23. Se uma sequencia de numeros inteiros converge entao ela e constante
a partir de certo ponto, pois os inteiros sao pontos isolados em R. Isso implica tambem
que se uma sequencia de inteiros converge, ela converge para um numero inteiro.
$ Corolario 33. Toda sequencia (xn) eventualmente constante e convergente, pois existe
n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn = a daı d(xn, a) = 0 < ε, daı limxn = a.
b Propriedade 100. Num espaco metrico M discreto uma sequencia e convergente sse
e eventualmente constante.
ê Demonstracao. Dada uma sequencia convergente em M , ela deve convergir para
um ponto isolado, logo e eventualmente constante, agora dada uma sequencia eventual-
mente constante ela e convergente.
b Propriedade 101. Se um espaco metrico possui pelo menos dois pontos a e b distintos,
entao existe nele sequencias divergentes.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 53
ê Demonstracao. definimos xn = a se n par e xn = b se n e ımpar, se tal sequencia
fosse convergente em M ela iria convergir para a ou b, se ela convergisse para a, por
exemplo, terıamos que ter que para n grande d(xn, a) < d(a, b) o que implicaria xn = a
para n grande, o que nao ocorre, se fosse para b poderıamos usar o mesmo argumento.
1.10.2 Conjunto de numeros arbitrariamente grandes
m Definicao 65 (Conjunto de numeros arbitrariamente grandes). Um conjunto A ⊂ N
e dito ter numeros arbitrariamente grandes, quando para todo n0 natural, for possıvel
encontrar n ∈ A tal que n > n0.
m Definicao 66 (Conjunto de todos numeros arbitrariamente grandes). Um conjunto
A ⊂ N e dito ter todos numeros arbitrariamente grandes, quando existe n0 natural, tal
que n > n0 implica n ∈ A.
1.10.3 Unicidade de limite
b Propriedade 102 (Unicidade de limite). O limite quando existe e unico.
ê Demonstracao. Sejam lim xn = a e limxn = b, entao existe x ∈ N tal que n > x
implica d(xn, a) <ε
2e existe y ∈ N tal que n > y implica d(xn, b) <
ε
2, somando ambas
e usando desigualdade triangular temos
d(a, b) ≤ d(xn, b) + d(xn, a) < ε
daı d(a, b) = 0, de onde segue a = b.
b Propriedade 103. Se lim xn = a entao toda subsequencia de (xn) converge para a.
$ Corolario 34. Se lim xn = a entao ∀p ∈ N , lim xn+p = a.
$ Corolario 35. Se uma sequencia possui duas subsequencias que convergem para
limites distintos entao a sequencia e divergente.
b Propriedade 104. Seja o conjuntoM =n∏
k=1
Mk, uma sequencia (xn) emM converge
sse as sequencias coordenadas convergem.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 54
b Propriedade 105. Se lim xn = x e lim yn = y entao lim d(xn, yn) = d(x, y).
ê Demonstracao. Valem as desigualdades
d(xn, yn) ≤ d(x, yn) + d(x, xn)
d(x, yn) ≤ d(y, yn) + d(x, y)
usando as duas desigualdades tem-se
d(xn, yn) ≤ d(x, xn) + d(y, yn) + d(x, y)
como xn → x e yn → y existe n0 tal que n > n0 implica d(x, xn) + d(y, yn) ≤ ε, logo
d(xn, yn) ≤ ε+ d(x, y)
d(xn, yn)− d(x, y) ≤ ε
logo a sequencia converge.
b Propriedade 106. Seja f : M → M uma isometria e x0 ∈ M , definindo uma
sequencia como x1 = f(x0), xn+1 = f(xn), entao se a sequencia (xn) converge vale f(x0) =
x0.
ê Demonstracao. Supondo limxn = a. Vale
d(xk+1, xk+2) = d(f(xk), f(xk+1)) = d(xk, xk+1)
∀ k ∈ N , tomando f(k) = d(xk, xk+1), vale entao f(k + 1) = f(k)
∆f(k) = 0 ⇒n−1∑k=0
∆f(k) = f(n)− f(0) = 0 ⇒ f(n) = f(0)
logo
d(xn, xn+1) = d(x0, x1)
∀n ∈ N , pela continuidade da funcao distancia segue
lim d(xn, xn+1) = d(lim xn, limxn+1) = d(a, a) = 0 = d(x0, x1)
daı segue que xn = x0 para todo n ∈ N , em particular x1 = f(x0) = x0.
Vamos provar por inducao que vale xn = x0 para todo n natural. Para n = 0 esta
provado, suponha que vale xn = x0, vamos provar que xn+1 = x0, vale
d(xn, xn+1) = d(x0, x1) = 0
, logo xn = xn+1 = x0.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 55
1.10.4 Sequencias e pseudo-metrica
b Propriedade 107. Seja d uma pseudo-metrica em M . d e uma metrica em M sse
∀(xn)convergente com d possui um unico limite.
ê Demonstracao. Se d e metrica temos a unicidade de limite como ja foi demons-
trado. Temos que provar agora que se ∀(xn) convergente possui limite unico entao d e
metrica. Usaremos a contrapositiva, que e d nao e metrica implica que existe (xn) con-
vergente que nao possui limite unico. Se d e pseudo-metrica nao sendo metrica, existem
a e b ∈ M , a = b tais que d(a, b) = 0 , se nao, ela seria metrica. Definimos a sequencia
(xn) com xn = a com n par e xn = b se n ımpar, vale d(xn, a) = 0 e d(xn, b) = 0, pois
para qualquer valor xn = a ou xn = b as distancias sao nulas. Logo vale lim xn = a e
limxn = b, pois para qualquer ε > 0 e n ∈ N tem-se d(xn, a) = 0 < ε e d(xn, b) = 0 < ε.
1.10.5 Sequencias de Cauchy em espacos metricos
m Definicao 67 (Sequencia de Cauchy). Uma sequencia (xn) num espaco metrico M
e uma sequencia da Cauchy quando
∀ε > 0, ∃n0 > 0 | m,n > n0 ⇒ d(xm, xn) < ε.
b Propriedade 108 (Toda sequencia convergente e de Cauchy). Toda sequencia con-
vergente e de Cauchy.
ê Demonstracao. Como a sequencia (xn) converge, seja a o seu limite, entao
∀ε > 0 ∃n0 ∈ N |n,m > n0 ⇒ d(xm, a) <ε
2, d(xn, a) <
ε
2
por desigualdade triangular segue que
d(xm, xn) ≤ d(xm, a) + d(xn, a) <ε
2+ε
2= ε
logo (xn) e de Cauchy.
Z Exemplo 24. Nem toda sequencia de Cauchy e convergente.
b Propriedade 109. Toda sequencia de Cauchy e limitada.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 56
ê Demonstracao. Seja (xn) uma sequencia de Cauchy, entao dado ε = 1, existe
n0 ∈ N tal que m,n > n0 implica d(xm, xn) < 1, daı o conjunto {xn|n > n0} e limitado
e como o conjunto {xn|n ≤ n0} e limitado, segue que sua uniao, que e o conjunto dos
termos da sequencia e um conjunto limitado.
$ Corolario 36. Se a sequencia nao e limitada, entao nao e de Cauchy.
Z Exemplo 25. Nem toda sequencia limitada e de Cauchy. Por exemplo a sequencia
de termos dados por xn = 0 se n par e xn = 2 se n ımpar na reta, e uma sequencia
limitada, porem vale que d(xn, xn+1) = |xn+1 − xn| = 2. Entao ela nao e uma sequencia
de Cauchy.
b Propriedade 110. Se uma sequencia de Cauchy possui uma subsequencia conver-
gente, entao ela e convergente e converge para o mesmo limite da subsequencia.
ê Demonstracao.
Sejam (xn) uma sequencia de Cauchy em (xnk)k uma subsequencia com lim
kxnk
= a.
Vale lim xn = a pois
∀ε > 0∃p ∈ N | nk > p⇒ d(xnk, a) <
ε
2
por (xn) ser de Cauchy ∃q ∈ N | m,n > q ⇒ d(xm, xn) <ε
2tomando n0 = max p, q vale que ∀n > n0 existe nk > n0 d(xnk
, a) <ε
2e d(xn, xnk
) <ε
2e por desigualdade triangular
d(xn, a) ≤ d(xn, xnk) + d(xn, a) <
ε
2+ε
2= ε
logo limxn = a.
b Propriedade 111. Toda funcao uniformemente contınua, transforma sequencias de
Cauchy em sequencias de Cauchy.
ê Demonstracao. Como a funcao e uniformemente contınua temos que
∀ε > 0,∃δ > 0 | d(x, y) < δ ⇒ d(f(x), f(y)) < ε
e pela sequencia ser de Cauchy, tem-se que existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica
d(xn, xm) < δ, daı d(f(xn), f(yn)) < ε, logo ela transforma sequencias de Cauchy em
sequencias de De Cauchy.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 57
b Propriedade 112. Sejam (xn), (yn) sequencias de Cauchy em um espaco metrico
entao zn = d(xn, yn) e de Cauchy, logo convergente.
ê Demonstracao. Dadoε
2> 0 existe n0 tal que m ≥ n ≥ n0 temos d(xm, xn) <
ε
2,
existe n1 ∈ N tal que m ≥ n > n1 temos d(yn, ym) <ε
2, tomando n2 > n0 + n1 temos as
duas desigualdades.
Temos que
|d(xm, ym)− d(xn, yn)| ≤ d(xm, xn) + d(ym, yn) ≤ε
2+ε
2= ε
logo (zn) e de cauchy.
1.11 Sequencias e propriedades topologicas de espacos
metricos
1.11.1 Sequencias e continuidade
b Propriedade 113 (Sequencias e continuidade). f :M → N e contınua em a sse ∀(xn)
com lim xn = a implique lim f(xn) = f(a), isto e, funcoes contınuas comutam limite de
sequencias
lim f(xn) = f(lim xn).
b Propriedade 114 (Sequencias e fecho). Seja A ⊂ M . a ∈ A sse existe (xn) ∈ A tal
que lim xn = a.
b Propriedade 115 (Sequencias e conjuntos densos). A ⊂ M e denso M , sse todo
ponto ∀a ∈M ∃(xn) em A tal que limxn = a.
b Propriedade 116 (Sequencias e pontos de acumulacao). a e ponto de acumulacao
de A sse existe (xn) em A de pontos distintos, tais que lim xn = a.
m Definicao 68. Dizemos que (xn) converge subsequentemente para x se possui sub-
sequencia (xnk) que converge para x.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 58
b Propriedade 117. Seja E o conjunto dos limites subsequenciais entao E e fechado.
ê Demonstracao. Seja y ponto limite de E, escolhemos n1 tal que xn1 = y, se
esse ponto nao existir, E consiste de apenas um ponto e o conjunto e fechado. Seja
delta = d(y, xn1). Suponha que ja escolhemos n1, n2, · · · , nk−1 como y e ponto limite de
E, existe z ∈ E tal que
d(z, y) <δ
2k,
como z ∈ E, existe nk tal que
d(nk, z) <δ
2k,
daı
d(y, xnk) ≤ d(y, z) + d(z, xnk
) =δ
2k−1
mas isso quer dizer que limk→∞
xnk= y ⇒ y ∈ E.
1.11.2 Teorema do ponto fixo de Banach
⋆ Teorema 1 (Teorema do ponto fixo de Banach, sobre pontos fixos de contracoes). Se
M e completo entao toda contracao f :M →M possui um unico ponto fixo a ∈M.
ê Demonstracao. Basta mostrar que existe um ponto fixo, pois a unicidade segue
do fato de ser contracao . Tomamos x0 ∈M e definimos x1 = f(x0), xn+1 = f(xn) ∀n ∈ N.
Suponha que lim xn = a, como f e contınua temos
limxn+1 = a = lim f(xn) = f(a)
daı f(a) = a, logo a e ponto fixo de f .
(xn) e de Cauchy, pois vale
d(xk+1, xk+2) = d(f(xk), f(xk+1)) ≤ c d(xk, xk+1)︸ ︷︷ ︸g(k)
daı Qg(k) ≤ c aplicandon−1∏k=0
segue
g(n) ≤ cng(0); d(xn, xn+1) ≤ cnd(x0, x1)
logo ( por uma desigualdade valida para metricas)
d(xn, xm) ≤m−1∑k=n
d(xk, xk+1) ≤m−1∑k=n
ckd(x0, x1) ≤cn
1− cd(x0, x1)
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 59
de lim cn = 0 concluımos que (xn) e de Cauchy, logo convergente.
A passagemm−1∑k=n
ck ≤ cn
1− c
vale poism−1∑k=n
ck = cnm−1−n∑k=0
ck ≤ cn∞∑k=0
ck =cn
1− c.
b Propriedade 118. Sejam M espaco metrico completo e T : M → M. Se existe
m ∈ N tal que Tm e uma contracao, entao T admite um unico ponto fixo.
ê Demonstracao. Como Tm : M → M e contracao e M e completo, entao Tm
possui um unico ponto fixo pelo teorema anterior, digamos a, Tm(a) = a, vale tambem
que Tm(Tm(a)) = Tm(a) = a e Tm(Tm+1(a)) = T (a), logo por propriedade de contracao
temos
d(a, T (a)) = d( Tm(Tm(a)), Tm(Tm+1(a)) ) ≤ c d( (Tm(a), Tm+1(a) ) = c d(a, T (a))
logo vale
d(a, T (a)) ≤ c d(a, T (a)) ⇒ d(a, T (a))︸ ︷︷ ︸≥0
(1− c)︸ ︷︷ ︸>0
≤ 0
daı d(a, T (a)) = 0, logo a = T (a), assim T possui o mesmo ponto fixo de Tm. Supondo
por absurdo que T possua 2 pontos fixos a = b, entao Tm(a) = a e Tm(b) = b o que
implicaria que Tm possui dois pontos fixos, o que e absurdo pois Tm e contracao .
b Propriedade 119. Seja F : X → X contınua, X completo, tal que Fm e uma
contracao para algum m ∈ N entao existe um unico p ∈ X ponto fixo de F , alem disso
ele e atrator.
ê Demonstracao. Pelo resultado anterior ja sabemos que F possui um unico ponto
fixo, porem iremos dar outra demonstracao.
Como Fm e contracao entao ∃p ∈ X ponto fixo atrator, Dado n ∈ N existem kn e rn
com 0 ≤ rn < m tais que
n = mkn + rn
por divisao euclidiana, como rn e limitada temos que se n→ ∞ entao kn → ∞, temos
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 60
limkn→∞
(Fm)k(x) = p ∀x ∈ X
tem-se tambem que F rn(x) ∈ X
limkn→∞
(Fm)kn(F rn(x)) = p
pois todas subsequencias com 0 ≤ rn < m convergem para o mesmo ponto, disso segue
que
limn→∞
F n(x) = p
p e atrator para F , por outro lado
p = limF n(F (x)) = limF (F n(x)) = F (limF n(x)) = F (p)
logo p e ponto fixo.
m Definicao 69 (ε- ponto fixo.). x e ε-ponto fixo de f : X → X se
d(f(x), x) < ε.
b Propriedade 120. Se f : X → X for contınua, X compacto e f tem ε-ponto fixo
∀ε > 0 entao existe x ∈ X tal que
f(x) = x,
isto e, f possui ponto fixo.
ê Demonstracao. Tome εk > 0 para cada εk existe xk com d(xk, f(xk)) < εk. Como
X e compacto, podemos supor que xk → x, pois (xk) possui subsequencia convergente
em X.
Dado ε > 0 temos que para k suficientemente grande vale que ambos os termos
d(x, xk), d(xk, f(xk)), d(f(xk), f(x))
podem ser tomados menores queε
3, o primeiro pois xk → x o segundo pois f possui
ε-ponto fixo e o terceiro por continuidade de f , entao temos por desigualdade triangular
d(x, f(x)) ≤ d(x, xk) + d(xk, f(xk)) + d(f(xk), f(x)) <ε
3+ε
3+ε
3= ε
como ε e arbitrario entao d(x, f(x)) = 0 e daı x = f(x).
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 61
b Propriedade 121. Seja S um conjunto e f : S → S tal que ∀ x0 ∈ S a sequencia
f(xn) = xn+1 tem um ponto fixo. Entao existe uma metrica para X tal que
1. X e compacto.
2. f e uma contracao .
b Propriedade 122 (Perturbacao da identidade). Seja f : U ⊂ Rn → Rn uma con-
tracao, entao
ψ(x) = x+ f(x)
e um homeomorfismo de U em um aberto de Rn.
ê Demonstracao. Primeiro observamos que ψ e uniformemente contınua, por ser
soma de funcoes uniformemente contınuas.
Dados a, b ∈ U vale que
||ψ(a)− ψ(b)|| = ||a− b+ f(a)− f(b)|| ≥ ||a− b|| − ||f(a)− f(b)|| ≥ (1− λ)||a− b|| ⇒
||ψ(a)− ψ(b)|| ≥ (1− λ)||a− b||,
||a− b|| ≤ ||ψ(a)− ψ(b)||(1− λ)
.
onde λ e a constante de continuidade uniforme de f . A desigualdade acima implica que
se ψ(a) = ψ(b) entao a = b, portanto ψ e injetora, sendo bijetora sobre sua imagem.
Agora iremos mostrar que a inversa ψ−1 e uniformemente contınua, na desigualdade
||a− b|| ≤ ||ψ(a)− ψ(b)||(1− λ)
, tomamos a = ψ−1(x), b = ψ−1(y), entao
||ψ−1(x)− ψ−1(y)|| ≤ ||x− y||(1− λ)
.
Agora queremos demonstrar que ψ(U) e um aberto de Rn. Seja w ∈ ψ(U), queremos
mostrar que existe Bε(w) ⊂ ψ(U). Definimos Ew(x) = w − f(x). Temos que
Ew(x) = x⇔ x = w − f(x) ⇔ x+ f(x) = w ⇔ ψ(x) = w.
Seja δ > 0 tal que Bδ[z] ⊂ U , entao
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 62
||Ew(x)−z|| = ||w−f(x)−z|| ≤ ||w−f(z)−z||+||f(z)−f(x)|| = ||w−ψ(z)||+λ||z−x|| ≤
||w − ψ(z)||︸ ︷︷ ︸<(1−λ)δ
+λδ = δ
se x ∈ Bδ[z] e ||w − ψ(z)|| ≤ (1− λ)δ . Entao temos que ||Ew(x)− z|| ≤ δ. Entao temos
Ew : Bδ[z] → Bδ[z], mas
||Ew(x)− Ew(y)|| = ||f(y)− f(x)|| ≤ λ||x− y||
pelo teorema do ponto fixo de Banach (pode ser aplica, pois a bola fechada e completa)
Ew tem um unico ponto fixo, existe um unico x ∈ Bλ[z] tal que Ew(x) = x, portanto
existe um unico x ∈ Bδ[z] tal que ψ(x) = w. Como o argumento vale para qualquer
w ∈ B(1−δ)(ψ(z)) = B entao B ⊂ ψ(U) e ψ(U) e aberto.
1.12 Espacos metricos completos
m Definicao 70 (Espaco metrico completo). Um espaco metricoM e completo quando
toda sequencia de Cauchy em M e convergente.
Z Exemplo 26. O espaco dos numeros racionais com a metrica usual, nao e um
espaco completo, pois dentro dos racionais existe sequencias que convergem para numero
irracionais.
Z Exemplo 27. Nem todo espaco metrico discreto e completo, pois por exemplo o
conjunto A = { 1n|n ∈ N}, temos a sequencia de termo xn =
1
nque e uma sequencia de
Cauchy em A mas seu limite, zero, e um valor nao contido em A.
m Definicao 71 (Metrica uniformemente discreta). Uma metrica d num espaco metrico
M e dita uniformemente discreta quando, existir ε > 0 tal que se x, y ∈ M e d(x, y) < ε
entao x = y.
$ Corolario 37. Se d no espaco metrico (M,d) e uniformemente discreta, entao toda
sequencia de Cauchy em M e convergente, pois d(xm, xn) < ε implica xm = xn logo todos
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 63
os termos a partir de certo ındice sao constantes, logo a sequencia e convergente e o espaco
e completo.
$ Corolario 38. Sejam M e N espacos metricos e f um Homeomorfismo uniforme,
entao M e completo sse N e completo. Pois um Homeomorfismo uniforme e uma funcao
bijetora, tal que f e sua inversa sao uniformemente contınuas, entao pela proposicao ja
demonstrada, se por exemplo M e completo a funcao f leva sequencias de Cauchy em M
em sequencias de Cauchy em N .
b Propriedade 123. A reta e um espaco metrico completo.
ê Demonstracao.
b Propriedade 124. Um subespaco fechado F de um espaco metrico completo M e
completo.
ê Demonstracao. Dada uma sequencia de Cauchy (xn) em F , existe limxn = a ∈M , como F e fechado em M , segue que a ∈ F. Logo F e completo.
b Propriedade 125. Um subespaco completo de qualquer espaco metrico e fechado.
ê Demonstracao. Sejam A o subespaco eM o espaco metrico. Dado uma sequencia
(xn) em A , tal que lim xn = a ∈ M entao (xn) e de Cauchy e vale lim xn = b ∈ A, daı
a = b pela unicidade de limite , logo A e fechado.
b Propriedade 126. M ×N e completo ⇔ M e N sao completos.
$ Corolario 39.n∏
k=1
Mk e completo ⇔ cada Mk e completo.
$ Corolario 40. Rn e completo, pois R e completo e vale Rn =n∏
k=1
R.
b Propriedade 127.∞∏k=1
Mk e completo ⇔ cada Mk e completo.
m Definicao 72. Sejam A um conjunto e g : A→M uma funcao. Definimos
Bg(A,M) = {f : A→M | d(f, g) = supx∈A
d(f(x), g(x)) <∞}.
b Propriedade 128. Se M e completo entao Bg(A,M) e completo.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 64
1.12.1 Criterio de Cauchy para convergencia uniforme
b Propriedade 129 (Criterio de Cauchy para convergencia uniforme). Seja M com-
pleto. fn : A→M converge uniformemente em A ⇔
∀ε > 0,∃n0 ∈ N | m,n > n0 ⇒ d(fm(x), fn(x)) < ε, ∀x ∈ A.
1.13 Espaco de Banach
Sejam E,F espacos vetoriais normados. Usaremos a notacao L(E,F ) para designar o
conjunto das funcoes lineares contınuas de E em F .
b Propriedade 130. L(E,F ) e um espaco vetorial com a norma
∥f∥ = sup{∥f(x)∥ ; x ∈ E, |x| = 1}.
b Propriedade 131. Se F e completo entao L(E,F ) e completo
b Propriedade 132. Se M e completo entao Bg(A,M) e completo.
ê Demonstracao.
m Definicao 73 (Espaco de Banach). Um espaco de Banach e um espaco vetorial
normado completo .
Z Exemplo 28. Rn e um espaco de Banach.
⋆ Teorema 2. Todo espaco vetorial normado de dimensao finita e de Banach.
Z Exemplo 29. O conjunto P [0, 1] das funcoes polinomiais p : [0, 1] → R e um espaco
vetorial. Tomando a norma ∥p∥ = supt∈[0,1]
|p(t)|. Com essa norma o espaco P [0, 1] nao e
completo pois a sequencia de polinomios pn =n∑
k=0
xk
k!converge para a funcao contınua ex
que nao e um polinomio.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 65
1.13.1 Espaco de Hilbert
m Definicao 74 (Espaco de Hilbert). Um espaco vetorial H, munido de um produto
interno e completo em relacao a norma definida por esse produto interno e chamado de
espaco de Hilbert.
1.13.2 Extensao de funcoes contınuas
m Definicao 75 (Extensao de funcao). Dados A,B tal que A ⊂ B, uma funcao F :
B → C e dita uma extensao de f : A → C, quando F (x) = f(x) para todo x ∈ A, nesse
caso escrevemos F |A = f.
m Definicao 76 (Extensao de funcoes contınuas). Dizemos que f contınua se estende
continuamente a M , quando f possui uma extensao F : M → N contınua. Se f e
uniformemente contınua e F uniformemente contınua, entao a extensao e dita extensao
uniformemente contınua.
b Propriedade 133. Seja f : A → N contınua tal que A = M . Se f admite extensao
contınua F :M → N entao para cada a ∈M existe o limite limx→a
f(x).
ê Demonstracao. Para todo a ∈ M faz sentido falar em limx→a
f(x) pois A e denso
em M . Se f admite extensao contınua F : M → N , entao existe o limite limx→a
F (x) =
F (a), dada uma sequencia de pontos (xn) em A com lim xn = a e por continuidade vale
F (xn) = f(xn) , limF (xn) = F (a) = lim f(xn), logo limx→a
f(x) = F (a) (o limite existe)
pelo criterio de sequencias para limite e continuidade.
b Propriedade 134. Nas condicoes da propriedade anterior, se para cada a ∈M existe
o limite limx→a
f(x) entao f admite extensao contınua F :M → N .
ê Demonstracao. Para cada a ∈ M definimos limx→a
f(x) = F (a), nesse caso F e
contınua.
$ Corolario 41. Uma extensao contınua F : M → N de uma aplicacao contınua
f : X → N , X denso em M e unica, pois para todo a ∈M deve valer
limx→a
f(x) = F (a)
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 66
porem o limite e unico.
Z Exemplo 30. Nem toda funcao pode ser extendida continuamente. Por exemplo
f : (2, 3) → R dada por f(x) =1
(x− 2)(x− 3)nao pode ser estendida em qualquer
conjunto que contenha [2, 3], pois nao existem os limites quando x→ 2 e x→ 3, se fosse
contınua teria que valer por exemplo limx→2
f(x) = f(2) .
b Propriedade 135. Seja f : E ⊂ R → R contınua, com E fechado. Existe g : R → Rn
contınua tal que g|E = f.
ê Demonstracao. Se E for fechado, Ec e aberto entao
Ec =∪n∈A
In
onde In = (an, bn), sao intervalos disjuntos, por propriedade de abertos da reta e A e um
conjunto enumeravel. Agora definimos a extensao.
g(x) =
f(x) se x ∈ E
f(an) +f(bn)− f(an)
bn − an(x− an) se x ∈ In
com essa definicao g e contınua, sendo extensao de f .
1.13.3 Criterio de Cauchy
b Propriedade 136. Sejam f : A→ N , N completo, a ∈ A, entao limx→a
f(x) existe sse
∀ε > 0, ∃δ > 0 | x, y ∈ A, d(x, a) < δ, d(y, a) < δ ⇒ d(f(x), f(y)) < ε.
ê Demonstracao. Se limx→a
f(x) = L entao
∀ε > 0,∃δ > 0 | x, y ∈ A, d(x, a) < δ, d(y, a) < δ ⇒ d(f(x), b) <ε
2, d(f(y), b) <
ε
2
tomando a desigualdade triangular segue
d(f(x), f(y)) ≤ d(f(y), b) + d(f(x), b) <ε
2+ε
2= ε
logo nessas condicoes d(f(x), f(y)) < ε.
Para toda sequencia de pontos (xn) em A com limxn = a, com as condicoes dadas a
sequencia (f(xn)) e de Cauchy em N , e como N e completo ela converge o que implica
que existe o limite limx→a
f(x).
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 67
b Propriedade 137. Sejam f : A→ N uniformemente contınua, A =M e N completo,
entao f possui uma extensao uniformemente contınua F :M → N.
ê Demonstracao. Como f e uniformemente contınua, vale
∀ε > 0∃δ > 0 | d(x, y) < δ ⇒ d(f(x), f(y)) < ε
logo se dado a ∈M fixo arbitrario e vale d(x, a) <δ
2, d(y, a) <
δ
2, segue por desigualdade
triangular que
d(x, y) ≤ d(x, a) + d(y, a) <δ
2+δ
2= δ
daı d(f(x), f(y)) < ε e pelo criterio de Cauchy existe limx→a
f(x) = F (a), logo ∀a ∈ M ,
F :M → N e contınua.
Vamos provar agora que F :M → N e uniformemente contınua.
Sejam u, v ∈ M tal que d(u, v) < δ, como A e denso em M , existem sequencias (xn)
e (yn) em A tal que limxn = u e lim yn = v. Pela continuidade da funcao distancia vale
que para n grande d(yn, xn) < δ de onde segue que d(f(xn), f(yn)) <ε
2pela continuidade
uniforme da f . Assim para u, v ∈M
d(u, v) < δ ⇒ lim d(f(xn), f(yn))︸ ︷︷ ︸≤ ε
2
= d(lim f(xn), lim f(yn)) = d(F (u), f(V )) ≤ ε
2< ε.
Logo F e uniformemente contınua.
$ Corolario 42. Seja f : A → B um homeomorfismo uniforme, com A = M , B = N ,
M e N completos. Entao f admite extensao F : M → N , onde F e um homeomorfismo
uniforme.
b Propriedade 138. Seja f : A → B uma isometria tal que A = M e B = N , ambos
M e N completos. Entao f se extende a uma isometria F :M → N.
ê Demonstracao. Isometrias sao funcoes uniformemente contınuas, logo existe um
unico homeomorfismo uniforme F : M → N que estende f . Dados x ∈ M e y ∈ N ,
como A e B sao densos em M e N respectivamente, entao existem sequencias (xn) em A
e (yn) ∈ B tais que limxn = x, lim yn = y. Daı
lim d(xn, yn) = d(x, y) = lim d(f(xn), f(yn)) = d(f(x), f(y))
logo F e uma isometria.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 68
1.13.4 Completamento de um espaco metrico
m Definicao 77 (Completamento). Um completamento de M e um par (M, f) onde
M e completo e f : M → M e uma imersao isometrica(preserva distancias, mas nao e
necessariamente sobrejetiva) com f(M) = M .
Z Exemplo 31. R e um completamento de Q.
b Propriedade 139. Se M e completo, entao para todo A ⊂ M seu fecho A e um
completamento de A.
Z Exemplo 32. [0, 1] e um completamento de (0, 1).
b Propriedade 140 (Existencia de completamento). Todo espaco metrico possui um
completamento.
b Propriedade 141. O completamento do produto cartesiano M ×N e M × N .
1.13.5 Espacos metricos topologicamente completos
Z Exemplo 33. O conjunto (−1, 1) com a metrica induzida da reta, nao e completo,
mas a funcao definida nele na reta dada por f(x) =x
1− |x|e um homeomorfismo sobre
R que e completo.
b Propriedade 142. Todo subconjunto aberto de um espaco metrico completo e ho-
meomorfo a um espaco metrico completo.
b Propriedade 143. Seja B =∞∩k=1
Ak, onde cada Ak ⊂ M e aberto e M e completo.
B e homeomorfo a um espaco metrico completo.
mDefinicao 78 (Espaco metrico topologicamente completo). Um espaco metrico (M,d)
e dito topologicamente completo quando e homeomorfo a um espaco metrico completo.
m Definicao 79 (Conjunto Gδ). A ⊂ M e um Gδ quando A =∞∩k=1
Ak onde cada Ak e
aberto.
CAPITULO 1. TOPOLOGIA DE ESPACOS METRICOS 69
m Definicao 80 (Conjunto Gδ absoluto ). M e um Gδ absoluto quando todo A ⊂ N
isometrico a M e um Gδ em N .
b Propriedade 144. Um espaco metrico e topologicamente completo ⇔ e um Gδ
absoluto.
b Propriedade 145. (fn) nao converge uniformemente em A para f ⇔ dado ε > 0
existem subsequencia (fnk) de (fn) e (xk) em A tais que
d(fnk(xk), f(xk)) ≥ ε0 ∀ k ∈ N.
ê Demonstracao.