16

Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por
Page 2: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

2

Page 3: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

BENTO GONÇALVES

RELATÓRIO

EPIDEMIOLÓGICO

TOXOPLASMOSE EM GESTANTES TOXOPLASMOSE CONGÊNITA

SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO – SINAN

2000 a 2015 Rio Grande do Sul Bento Gonçalves

Secretaria Municipal da Saúde Serviço de Vigilância Epidemiológica

Page 4: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por
Page 5: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

BENTO GONÇALVES

Secretaria Municipal de Saúde

Serviço de Vigilância Epidemiológica

Colaboradores José Antônio Rodrigues da Rosa (coordenador e organizador)

Letícia Biasus Fabiane Giacomello

Márcia Dal Pizzol Jakeline Galski Rosiak

Fevereiro de 2016

Rua Goiânia, nº 590, Bairro Botafogo, CEP 95700-000

e-mail: [email protected]

Os dados desta publicação são de domínio público e podem ser utilizados, desde que citadas as fontes.

Page 6: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por
Page 7: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

Bento Gonçalves – Toxoplasmose em Gestantes 2000 a 2015 SMS – Serviço de Vigilância Epidemiológica

1

SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO (SINAN) O Ministério da Saúde tem estabelecido uma lista composta por doenças e agravos à saúde de interesse nacional e cuja notificação é obrigatória às autoridades públicas de saúde (Portaria GM/MS Nº 204 de 17 de fevereiro de 2016). Estas notificações geram informações que são digitalizadas em um banco de dados denominado de Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN. A utilização efetiva deste sistema possibilita a geração de informações que têm grande utilidade para a elaboração do diagnóstico de saúde da população, podendo fornecer subsídios para explicações causais de diferentes doenças, indicando potenciais riscos aos quais as pessoas estão sujeitas e ajudando na elaboração de estratégias de prevenção e contenção de doenças. É, portanto, um instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir prioridades de intervenção, além de permitir que seja avaliado o impacto das intervenções. Em Bento Gonçalves, o SINAN é coordenado pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica (SVE) da Secretaria Municipal da Saúde. O SVE recebe as informações referentes a doenças transmissíveis e demais agravos à saúde de interesse epidemiológico através das fichas de notificação e/ou de investigação. A partir das informações recebidas, o SVE faz o acompanhamento e monitoramento dos casos, intervindo através de ações voltadas a assistência, educação da população e dos profissionais de saúde, qualificação do diagnóstico, tratamento das doenças, interrupção da cadeia de transmissão (vacinação, por exemplo) e prevenção do agravamento das doenças. A Toxoplasmose encontra-se entre os agravos de notificação obrigatória ao SINAN. No website da Prefeitura de Bento Gonçalves (http://www.bentogoncalves.rs.gov.br), é possível acessar e baixar outros relatórios na página da Vigilância Epidemiológica (link Saúde em Bento), como mostra a figura abaixo.

Page 8: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

2

Page 9: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

Bento Gonçalves – Toxoplasmose em Gestantes 2000 a 2015 SMS – Serviço de Vigilância Epidemiológica

3

TOXOPLASMOSE EM GESTANTES A toxoplasmose é uma zoonose causada por um protozoário, o Toxoplasma gondii. Seus hospedeiros definitivos são os felinos domésticos (gatos) ou silvestres. Assim como o homem, roedores, suínos, bovinos, ovinos, caprinos e aves são hospedeiros intermediários, podendo albergar formas encistadas do parasita nos tecidos, sobretudo músculos, olhos e cérebro. O Toxoplasma pode ser transmitido aos seres humanos por três vias principais: ingestão de carne crua infectada ou mal cozida; exposição e ingestão de oocistos através do contato com as fezes de gatos ou com o solo (jardinagem, agricultura) ou alimentos (frutas ou vegetais) contaminados; infecção do feto por via transplacentária. A toxoplasmose aguda é raramente diagnosticada pela detecção do parasita no corpo, pois seu aparecimento na corrente sangüínea é transitório, e dura um curto período de tempo. O método mais comum de diagnóstico é a detecção dos anticorpos IgG e IgM específicos. Níveis elevados de IgG indicam que a infecção ocorreu em algum momento da vida, mas não distingue entre uma infecção adquirida recentemente e uma adquirida no passado distante. Vários trabalhos têm enfatizado o valor da detecção de IgA específica para o diagnóstico de toxoplasmose aguda recente, que desaparece antes da IgM. A detecção simultânea de IgM e IgA aponta para uma infecção num período inferior a 8 meses. Recentemente, a baixa avidez de IgG específica tem sido referida como bom marcador para infecções primárias recentes causadas por diferentes agentes etiológicos, inclusive o Toxoplasma. Uma avidez de IgG ≤20% sugere infecção toxoplásmica aguda com um período de infecção inferior a 3 meses. Uma avidez acima de 20 e abaixo de 60% pode ser considerada intermediária, sendo importante repetir o teste em duas a três semanas. O fornecimento de medicação constitui um problema complexo, uma vez que, segundo consenso atual na literatura científica mundial, não é necessário tratar a grande maioria dos casos de toxoplasmose, já que seu curso é geralmente benigno e autolimitado. O tratamento estaria indicado apenas em presença de sintomas graves e persistentes, como casos de toxoplasmose ocular ativa, além das gestantes com infecção recente, as crianças com toxoplasmose congênita, e os pacientes imunodeprimidos com toxoplasmose ativa ou com sorologia positiva e alto risco de recrudescimento de focos da doença. Toxoplasmose na Gestação e Congênita Durante o pré-natal, o diagnóstico da toxoplasmose em gestantes, mesmo assintomáticas, deve ser considerado quando a sorologia mostrar a presença de IgM (método de captura) e índice de avidez de IgG inferior a 30%. A IgM específica deverá ser pesquisada por teste de captura. Se reagente nas gestantes, deverá ser efetuado um teste ELISA quantitativo e se for observado um índice alto (superior a 0,8 UI/mL) deve-se iniciar o tratamento; se for observado um índice baixo (até 0,8 UI/mL) deverá ser efetuado teste de avidez de IgG. Quando houver valores inferiores a 20% as pacientes serão tratadas; em caso de valores superiores a 60% (com período gestacional inferior à 16 semanas) será descartada a possibilidade de infecção congênita; em caso de valores intermediários de avidez (superiores a 20% até 60%), serão repetidos após 2 a 3 semanas, sem uso de medicação pela paciente. Por ser menos tóxica, a espiramicina tem sido bastante utilizada, principalmente no tratamento da gestante e de alguns lactentes com infecção congênita. Na gestação, entretanto, seu efeito sobre o feto já infectado é pequeno, pois a droga se concentra no tecido placentário e atinge o feto em concentrações bem menores. É utilizada para reduzir a passagem placentária do Toxoplasma para o feto. Portanto, quanto mais precoce o diagnóstico da infecção na gestante e a instituição do tratamento com a espiramicina, menor a possibilidade de que ocorram infecção e lesões congênitas no feto. A infecção materna durante a gestação não necessariamente leva à infecção fetal. Quando a gestante é acometida até o 6º mês de gravidez (1º e 2º trimestres), a infecção fetal é menos freqüente (15 a 30%) (Desmonts et al. 1984), mas por outro lado os fetos infectados adquirem com maior freqüência a forma grave da doença. A infecção precoce pode resultar em morte fetal no útero com aborto espontâneo, ou em nascimento de um feto vivo com comprometimento do sistema nervoso central. Se a infecção materna ocorre no 3º trimestre, a infecção fetal é bem mais freqüente (60%) (Desmonts et al. 1984), mas geralmente assintomática ao nascimento. O tratamento materno após um diagnóstico precoce visa diminuir a probabilidade de transmissão materno-fetal e/ou diminuir a gravidade das seqüelas (Foulon et al., 1999). O principal problema é determinar o momento exato da infecção, que, quase nunca, se conhece. A toxoplasmose congênita pode manifestar-se basicamente de quatro formas: doença manifesta no período neonatal; doença (grave ou discreta) manifesta nos primeiros meses de vida; seqüela ou reativação de uma infecção prévia não diagnosticada, durante a infância e a adolescência; infecção subclínica.

Page 10: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

4

A maioria das crianças com toxoplasmose congênita é aparentemente normal ao nascer. A doença pode não ser diagnosticada ou apresentar aparecimento tardio, com sinais clínicos generalizados como hepatoesplenomegalia, icterícia, linfadenopatia, sinais de envolvimento do sistema nervoso central e alterações oculares, como estrabismo. Os casos subclínicos merecem uma particular atenção, já que representam 56 a 85% dos casos de toxoplasmose congênita (Sáfadi 2000; Thulliez 1998). Cerca de 25 a 50% das crianças sintomáticas ao nascer são prematuras. Apenas 10% das crianças infectadas apresentam a forma grave ao nascer. A presença de anticorpos IgM no soro de crianças recém-nascidas demonstra que o feto, durante a vida intra-uterina, elaborou uma resposta à infecção materna aguda. Na toxoplasmose aguda adquirida, as IgM podem chegar a níveis máximos no primeiro mês da enfermidade e persistir por cerca de oito meses. Nos casos em que o índice de IgM estiver situado entre 0,6 a 3,9 devem ser feitos testes adicionais para esclarecimento do diagnóstico sorológico. Nos casos em que a reação para IgM estiver negativa ou nos casos em que o índice estiver acima de 4,0 as técnicas empregadas na rotina devem ser suficientes para o estabelecimento do perfil sorológico. Epidemiologia da Toxoplasmose No Rio Grande do Sul, a prevalência da doença está vinculada a fatores como padrões culturais da população, seus hábitos alimentares, procedência rural ou urbana, presença de gatos, entre outros (Ferraroni & Marzochi 1980, Coutinho et al. 1981, Guimarães et al. 1993). O Brasil possui uma das prevalências mais altas já descritas, variando de 54% a 75% (Remington 1974, Ricciardi 1976, Melamed et al. 1981). Em certas áreas do RS, a prevalência é maior que a do resto do país e do mundo (61% a 98% nas populações estudadas). A importância dessa doença na Saúde Pública está associada as lesões da forma ocular e à gravidade da infecção congênita que pode causar deformidades e danos neurológicos importantes nos fetos. No Brasil, estima-se que a incidência de toxoplasmose congênita seja de 1 a 7 casos por 1.000 nascidos vivos. (Williams et al. 1981). Sabe-se que a principal causa de cegueira em jovens e de deficiência visual na população total do RS tem sido a toxoplasmose. No território nacional esta zoonose passou a fazer parte do elenco de doenças de notificação compulsória em 2016. No RS, dada a magnitude do problema, foi criada a lei estadual nº 11.267, de 18 dezembro de 1998, que determina a notificação da toxoplasmose e o fornecimento, pelo Estado, do tratamento. A notificação compulsória no RS foi estabelecida em 23 de outubro de 2001, através da portaria nº 36/2001. 1. Toxoplasmose em Gestantes em Bento Gonçalves Os primeiros casos de gestantes com toxoplasmose, residentes em Bento Gonçalves e notificados ao Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), datam do ano 2000, quando foram contabilizados 12 casos da doença. Entre 2000 a 2015, um total 194 casos de toxoplasmose em gestantes foi notificado ao Serviço de Vigilância Epidemiológica (SVE) de Bento Gonçalves (ver Tabela 1). Em média, são registrados 12 casos novos ao ano da doença em mulheres grávidas. A equipe do SVE, em parceria com a Farmácia da SMS, vinculou a dispensação do tratamento (espiramicina) à notificação dos casos. Deste modo, todas as gestantes que necessitam do medicamento para a toxoplasmose só podem retirá-lo, após a notificação do caso ao SVE. Essa estratégia tem ajudado a reduzir a subnotificação deste agravo em Bento Gonçalves. Durante o tratamento, as gestantes são acompanhadas nas suas respectivas unidades de saúde, ou no Centro de Referência Materno-Infantil. Os casos são encerrados pelo SVE por ocasião do parto ou aborto, com a intenção de verificar as condições de saúde dos recém-nascidos (ou fetos) e verificar se houve a suspeita, ou o diagnóstico propriamente dito de toxoplasmose congênita. Para este relatório, o SVE revisou os dados históricos sobre a toxoplasmose em gestantes do SINAN municipal, bem como, do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Gestão Municipal (G-MUS). 2. Toxoplasmose em Gestantes por Ano Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por 1.000 nascidos vivos. O ano de 2002 apresentou a maior incidência da infecção (24,5 casos por 1.000 nascidos vivos) no período avaliado (ver Gráfico 1).

Page 11: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

Bento Gonçalves – Toxoplasmose em Gestantes 2000 a 2015 SMS – Serviço de Vigilância Epidemiológica

5

3. Toxoplasmose em Gestantes por Faixa Etária A grande totalidade dos casos de toxoplasmose em gestantes tem ocorrido na faixa etária de 20 a 39 anos (80,9%) (ver Tabela 2). De acordo com os dados do SINASC, em Bento Gonçalves, a faixa etária materna com a maior taxa de nascimentos também corresponde a de 20 a 39 anos (82,6%) (Bento Gonçalves, Relatório Epidemiológico – Natalidade, Serviço de Vigilância Epidemiológica, 2014). 4. Toxoplasmose em Gestantes por Método de Diagnóstico da Infecção Até o ano de 2002, as gestantes cuja sorologia resultasse em anticorpos IgM ≥0,6 eram consideradas como estando agudamente infectadas. A partir de 2003, o valor de referência dos anticorpos IgM passou para ≥0,8, conforme as orientações da Norma Técnica da Toxoplasmose da Secretaria Estadual da Saúde (2002). Como resultado disso, em 85,1% dos casos notificados o diagnóstico da infecção foi baseado nos anticorpos IgM específicos (ver Tabela 3). Em alguns casos, também foram consideradas como expostas à infecção aguda pelo Toxoplasma as gestante com aumento de 4 vezes do valor de base da IgG (2,1%). Gestantes com testes de avidez de IgG inferiores a 30%, também têm sido consideradas como potencialmente expostas à infecção pelo Toxoplasma. Elas somaram 6,7% do total de casos notificados. 5. Toxoplasmose em Gestantes por Unidade Notificadora Do total de casos registrados entre 2000 a 2015, as Unidades Básicas de Saúde Não-ESF têm sido responsáveis por 39,7% das notificações, com especial destaque para o Centro de Referência Materno-Infantil (CRMI – 24,7%) e a Unidade de Saúde Central (ver Tabela 4). Estas duas unidades são as que concentram o maior número de atendimentos de gestantes da rede SUS em Bento Gonçalves. 6. Toxoplasmose em Gestantes por Fatores de Risco à Infecção Foram avaliados 6 fatores de risco relacionados à exposição e à infecção das gestantes ao Toxoplasma: contato com gatos, contato com outros animais (gado, cabra, porco, etc.), contato com solo (jardinagem, agricultura), consumo de carne crua, consumo de embutidos (salame, murcilha, lingüiça) e consumo de leite cru. Em Bento Gonçalves, o fator de risco mais relatado pelas gestantes e com a maior freqüência de exposições foi o consumo de embutidos (60,8%), seguido pelo contato com outros animais e o contato com o solo (ver Tabela 5). 7. Toxoplasmose em Gestantes por Características do Nascimento Todos os nascimentos de crianças (ou feto) de gestantes com toxoplasmose notificadas em Bento Gonçalves foram avaliados de acordo com as seguintes características: tipo de parto, idade gestacional, peso ao nascer e malformação congênita. Essas características foram avaliadas através do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). No caso de nascimentos de fetos mortos, a avaliação foi realizada com o auxílio do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). A análise dos bebês cujas mães tiveram toxoplasmose gestacional foi realizada para os nascimentos ocorridos até o final de 2014. A proporção de bebês nascidos por parto vaginal tem sido ligeiramente maior em relação aos nascidos por parto cesariano (44,9% e 42,7%, respectivamente) (ver Tabela 6). A grande maioria dos bebês de mulheres com toxoplasmose gestacional nasceu à termo (77,3%). Entretanto, 13,8% nasceram com algum grau de prematuridade. Apenas 4,3% dos bebês nasceram com baixo peso ao nascer. Quatro bebês apresentaram malformação congênita diagnosticada ao nascimento, quais sejam: ausência de antebraço e da mão; hipospádia; atresia de esôfago; e um bebê com hidrocefalia e descolamento de retina (toxoplasmose congênita).

Page 12: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

6

8. Recém-Nascidos de Gestantes com Toxoplasmose por Características Selecionadas Complementarmente, os nascidos vivos também foram avaliados levando-se em consideração o seu acompanhamento (seguimento) nas unidades de saúde da rede SUS. Para essa avaliação, utilizou-se o sistema de informações G-MUS da Secretaria Municipal da Saúde que permitiu verificar em quais unidades de saúde os bebês estavam sendo acompanhados, bem como, as suas sorologias específicas para a toxoplasmose (quando realizadas). Os dados sobre o seguimentos dos bebês restringem-se ao período de 2010 a 2014, sendo possível rastrear 57 nascimentos. A grande maioria das crianças nascidas de mulheres com toxoplasmose gestacional (80,7%) realizou, ao menos, uma consulta médica nos serviços de saúde pública de Bento Gonçalves. O Centro de Referência Materno-Infantil (CRMI) acompanhou 57,9% dessas crianças, com uma consulta pediátrica, ao menos. Em 40,4% das crianças foi dado acompanhamento nas Unidades Básicas de Saúde, concomitantemente, ou não, ao CRMI. Em 38,6% dos casos, as crianças tiveram a avaliação de um especialista médico em uma das seguintes áreas: neurologia, oftalmologia, endocrinologia, ortopedia, fonoaudiologia e fisioterapia. Apesar de boa parte das crianças terem tido algum tipo de acompanhamento médico na rede SUS, apenas 26,3% (15 crianças) fizeram exames sorológicos específicos para toxoplasmose depois do nascimento (até o ano 2015), mostrando uma deficiência técnica dos profissionais da rede em avaliar a possibilidade de infecção congênita (ver Tabela 7). Estudos têm indicado que um programa de triagem de recém-nascidos que usa um teste para anticorpos IgM específicos para Toxoplasma exclusivamente poderia identificar aproximadamente 75% das infecções nas crianças nascidas de mães não tratadas. Das 15 crianças que realizaram sorologia específica para toxoplasmose após o nascimento, apenas 4 apresentaram resultados de IgG ≥1024 e 3 apresentaram IgM ≥0,6 (ver Tabela 8). No período de 2000 a 2015, foi possível encontrar duas crianças com sinais e sintomas compatíveis com a toxoplasmose congênita. No ano de 2010, uma criança nasceu com alterações do Sistema Nervoso (calcificações), desenvolvendo problemas neurológicos e motores. Está em acompanhamento com neurologista e freqüentando a APAE de Bento Gonçalves. No ano de 2011, outra criança nasceu com alterações do Sistema Nervoso (hidrocefalia+calcificações) e oculopatia. Esta criança está em acompanhamento no Centro de Referência Materno-Infantil. 9. Início e Interrupção do Tratamento da Toxoplasmose nas Gestantes Em Bento Gonçalves, a maioria das gestantes inicia o tratamento para a toxoplasmose no 2º trimestre de gestação (53,5%) (ver Tabela 9). Apesar disso, mais da metade delas (50,7%) interrompe o uso da espiramicina faltando mais de 4 semanas para o parto. Apenas 22,5% utiliza o medicamento até o final da gravidez (isto é, na semana do parto) (ver Tabela 10). 10. Custo do Tratamento da Toxoplasmose em Gestantes Para avaliar o custo do tratamento da toxoplasmose em gestantes, utilizaram-se os dados do setor da Farmácia existentes no sistema de informações G-MUS da SMS de Bento Gonçalves. No período de 9 anos compreendidos entre 2006 a 2014, a Farmácia dispensou um total de 25.255 comprimidos de espiramicina para 77 gestantes com diagnóstico de toxoplasmose. Considerando um custo médio de R$ 2,27 por comprimido, o custo total da espiramicina tem sido de R$ 57.328, 85, ou cerca de R$ 744,53 por gestante tratada. O número médio de comprimidos de espiramicina por gestante tem sido de 328 comprimidos (mínimo 30-máximo 997). Tabela 1. Número de Casos de Toxoplasmose em Gestantes, Bento Gonçalves, 2000 a 2015.

Page 13: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

Bento Gonçalves – Toxoplasmose em Gestantes 2000 a 2015 SMS – Serviço de Vigilância Epidemiológica

7

Tabela 2. Toxoplasmose em Gestantes por Faixa Etária, Bento Gonçalves, 2000 a 2015. N (%) <10 0 0,0 10 a 19 34 17,5 20 a 29 87 44,8 30 a 39 70 36,1 40 a 49 3 1,5 50 e + 0 0,0 Total 194 100,0

Tabela 3. Diagnóstico da Toxoplasmose em Gestantes Segundo Critério Sorológico, Bento Gonçalves, 2000 a 2015. N (%) IgM ≥0,6* 50 25,8 IgM ≥0,8 108 55,7 IgG Aumento 4x 4 2,1 Avidez de IgG 6 3,1 Avidez de IgG e IgM 7 3,6 Outros 9 4,6 Ignorado 10 5,2 Total 194 100,0

*O critério de IgM ≥0,6 foi usado até 2002; a partir de 2003 o critério usado passou a ser IgM ≥0,8. Tabela 4. Toxoplasmose em gestantes por Unidade Notificadora, Bento Gonçalves, 2000 a 2015. N (%) UBS ESF Aparecida 0 0,0 Barracão 1 0,5 CAIC-ZATT 3 1,5 Conceição 4 2,1 Eucaliptos 1 0,5 Licorsul 5 2,6 Municipal 5 2,6 Ouro Verde 2 1,0 Progresso II 0 0,0 Santa Marta 0 0,0 Vila Nova 2 1,0 UBS Urbana Não-ESF Central 26 13,4 CRMI 48 24,7 Maria Goretti 0 0,0 Progresso 0 0,0 Santa Helena 1 0,5 São Roque 1 0,5 Unidade Móvel 0 0,0 Zona Sul 1 0,5 UBS Rural* 0 0,0 Outros Serviços Consultório Privado 30 15,5 Hospital Tacchini 1 0,5 Laboratório SMS 13 6,7 SVE 50 25,8 Total 194 100,0

*Faria Lemos, Pinto Bandeira (emancipado de Bento Gonçalves em 2012), São Pedro, São Valentim, Tuiuti, XV da Graciema.

Page 14: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

8

Tabela 5. Toxoplasmose em Gestantes por Fatores de Risco Associado à Infecção, Bento Gonçalves, 2000 a 2015. N (%) Contato com Gatos 70 36,1 Contato com Outros Animais 92 47,4 Contato com Solo 79 40,7 Consumo de Carne Crua 51 26,3 Consumo de Embutidos 118 60,8 Consumo de Leite Cru 42 21,6 Total* 194 -

*O total não soma 100%. Tabela 6. Toxoplasmose em Gestantes por Características do Nascimento, B. Gonçalves, 2000 a 2014*.

*Não inclui o ano de 2015.

Page 15: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

Bento Gonçalves – Toxoplasmose em Gestantes 2000 a 2015 SMS – Serviço de Vigilância Epidemiológica

9

Tabela 7. Acompanhamento dos Recém-Nascidos de Gestantes com Toxoplasmose por Características Selecionadas, Bento Gonçalves, 2010 a 2014 (n= 57).

*Centro de Referência Materno-Infantil de Bento Gonçalves †Neurologista, oftalmologista, endocrinologista, ortopedista, fonoaudiologista, fisioterapeuta. Tabela 8. Recém-Nascidos de Gestantes com Toxoplasmose que Realizaram Controle Sorológico por Resultado dos Anticorpos IgG e IgM, Bento Gonçalves, 2010 a 2014. N (%) IgG específico da toxoplasmose <1.024 11 73,3 ≥1.024 4 26,7 Não Reagente 0 0,0 IgM específico da toxoplasmose <0,6 10 66,7 ≥0,6 3 20,0 Não Reagente 2 13,3 Total 15 100,0

Tabela 9. Gestantes com Toxoplasmose Segundo o Período da Gestação em que o Tratamento com Espiramicina Foi Iniciado, Bento Gonçalves, 2008 a 2014. N (%) 1º Trimestre 10 14,1 2º Trimestre 38 53,5 3º Trimestre 15 21,1 Não tratou 4 5,6 Ignorado 4 5,6 Total 71 100,0

Page 16: Toxoplasmose Bento Gonçalves 2000 2015 · Em nosso município, a incidência média da toxoplasmose em gestantes, considerando o período de 2000 a 2015, tem sido de 9,4 casos por

10

Tabela 10. Gestantes com Toxoplasmose Segundo o Período da Gestação em que o Tratamento com Espiramicina Foi Interrompido, Bento Gonçalves, 2008 a 2014. Nº (%) Na Semana do Parto 16 22,5 Faltando 1 a 2 semanas para o parto 5 7,0 Faltando 3 a 4 semanas para o parto 5 7,0 Faltando +4 semanas para o parto 36 50,7 Não tratou 4 5,6 Interrompido por indicação 1 1,4 Ignorado 4 5,6 Total 71 100,0

Gráfico 1. Incidência da Toxoplasmose em Gestantes e Ano por 1.000 Nascidos Vivos, Bento Gonçalves, 2000 a 2015*.

*Estimado para 2015. Referências: 1. CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Preventing Congenital Toxoplasmosis. March

31, 2000 / 49(RR02);57-75. 2. SECRETARIA DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE. Departamento de Ações em Saúde. Seção de

Zoonoses e Vetores. Programa de Controle da Toxoplasmose. Norma Técnica e Operacional, 2002.