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Toxoplasmose Valdes Roberto Bollela Divisão de Moléstias Infecciosas Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP

Toxoplasmose - University of São Paulo

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Page 1: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose

Valdes Roberto Bollela Divisão de Moléstias Infecciosas

Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP

Page 2: Toxoplasmose - University of São Paulo

Objetivos de Aprendizagem

• Reconhecer as principais síndromes clínicas relacionadas

ao Toxoplasma gondii

• Compreender as principais caractéristicas do T. gondii e seu

ciclo de vida

• Explicar os mecanismos fisiopatológicos (agressão e defesa)

envolvidos na toxoplasmose

• Compreender as medidas profiláticas para a prevenção da

toxoplasmose

Page 3: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose

• Zoonose causada pelo Toxoplasma gondii

• Protozoário intracelular obrigatório

• Cosmopolita:

– infecciosidade

– patogenicidade

• Hospedeiro definitivo: gato e outros felinos.

• Hospedeiro intermediário:

– aves e diversos mamíferos, incluindo o homem

Page 4: Toxoplasmose - University of São Paulo

Introdução

• 1908 – Descrito Toxoplasma gondii em roedores

no Norte da África.

• 1923 – identificado como causa de encefalite em

uma criança de 11 meses

• 1939 – Identificado como causa de convulsões,

calcificações intracranianas, hidrocefalia e

corioretinite em recém nascido

• 1968 – Descrição de encefalite focal em pacientes

com câncer hematológico (NIH-USA)

• 1983 – neurotoxoplamose em pacientes com AIDS

Page 5: Toxoplasmose - University of São Paulo

Introdução

• T. gondii

– Podem ser agrupados em três genótipos

clonais (Tipos I a III)

• Tipo I e II: associados a doença congênita

• Tipo II: mais frequente em reativação nos HIV+

• Tipo II e III: não acomete adulto

imunocompetente

• Tipo III: mais comuns em animais e raro em

humanos

• Existem cepas recombinantes atípicas (+ virulentas)

Page 6: Toxoplasmose - University of São Paulo

Estágios de Desenvolvimento

• Esporozoítos: são eliminados dentro de oocistos, nas

fezes de felinos infectados, podendo persistir viáveis

por anos, em solo úmido

• Bradizoítos: forma de multiplicação lenta, que ocorre

na infecção crônica em cistos intracitoplasmáticos,

nas células do SNC, retina e músculos

• Taquizoítos: forma proliferativa, intracelular,

presente na infecção aguda e que destrói a célula

hospedeira

Page 7: Toxoplasmose - University of São Paulo

Ciclo Vital - Toxoplasma

Page 8: Toxoplasmose - University of São Paulo
Page 9: Toxoplasmose - University of São Paulo

Ciclo Vital - Resumido

Gato

Outros Animais Homem

Oocisto Oocisto

Oocisto

Cisto tecidual

Transfusão sangue

Acidente Laboratório

Congênita (mãe RN)

Cisto tecidual

Cisto tecidual

Veículos/vetores dedos, moscas, baratas

Ex: verduras e alimentos contaminados

Ex: carnes crua ou mal passada

Page 10: Toxoplasmose - University of São Paulo

Epidemiologia

• Zoonose de distribuição mundial. Prevalência dependente

de hábitos e condições de vida da população

• Soroprevalência no Brasil variando de 54% (Centro-Oeste)

a 75% na região norte

– 81% dos gatos de Manaus possuem sorologia (+)

• Soroconversão decresce com a idade:

– 0 a 5 anos Soroconversão = 10% por ano

– 6 e 20 anos Soroconversão = 1% por ano

– > 20 anos Soroconversão = 0,3% por ano

Page 11: Toxoplasmose - University of São Paulo

Epidemiologia

• Formas de infecção em humanos:

– Alimentos contaminados (oocistos)

– Carne crua (bradizoítas)

– Transmissão acidental (Tx ou Ac. de laboratório)

– Infecção congênita

– Água (RJ, British Columbia no Canadá e Califórnia)

Page 12: Toxoplasmose - University of São Paulo

Homeostase

Page 13: Toxoplasmose - University of São Paulo

Fisiopatogenia

Agressividade do T. gondii

Page 14: Toxoplasmose - University of São Paulo

Fisiopatogenia

Agressividade do T. gondii

Defesa do Hospedeiro

Page 15: Toxoplasmose - University of São Paulo

Infecção Doença

Agressividade do T gondii

Defesa do Hospedeiro

Page 16: Toxoplasmose - University of São Paulo

• Agente infeccioso:

– Inóculo + virulência (Tipos I, II, III)

• Hospedeiro

– Estado imunológico

• Resposta imune

• Imunosupressão?

– Gestação (feto)

Patogênese

Page 17: Toxoplasmose - University of São Paulo

Patogênese

• Lesão

– Ação do Toxoplasma nos órgão alvo

– Resposta imune hiperativa (macrófagos e linfócitos)

• Doença

– Lesão em sistemas sensíveis (retina, SNC) e de baixo

poder de regeneração

– Feto (lesão direta - taquizoítas e isquemia -vasculite)

Page 18: Toxoplasmose - University of São Paulo

Imunodeficiente

Formas Clínicas

Toxoplasmose

Adquirida Congênita

Sd “Mono like”

Imunocompetente

Ocular Gestação

HIV+/AIDS Drogas (Tx)

Toxoplasmose neonatal

Assintomática

Sintomático Assintomático

Page 19: Toxoplasmose - University of São Paulo

Infecção Primária

Crianças e Adultos

10% linfadenite, corioretinite

(raro micardite ou miosiste)

90% Assintomático

Latência (assintomática)

Reativação Imunosupressão (AIDS, Tx, Neo, Drogas)

Toxoplasmose SNC

Page 20: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Aguda

• Síndrome Mono like

Page 21: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Aguda

• PI: 1 a 3 semanas

• Clínica: – Febre

– Linfadenopatia

– Exantema

• Manifestações clínicas incomuns: – Retinite Pneumonite

– Pericardite miocardite, hepatite,

– Meningoencefalite Síndrome de Guillain-Barré

Sd. Mono like

Page 22: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Aguda

• Duração dos sintomas: – 1 a 4 semanas

• Diagnóstico diferencial:

– CMV, Mononucleose, Infecção aguda HIV

– Tuberculose, Colagenoses.

• Diagnóstico laboratorial:

– Sorologia IgM (RIF ou ELISA).

– Teste de avidez de IgG na gestação.

Page 23: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Ocular

• Acometimento da retina

Page 24: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Ocular

• 30 a 60% das retinocoroidite = toxoplasma

• Pode ocorrer por:

– Reativação de infecção congênita

– Durante a infecção aguda

• Patogenia

– Lesão direta pelos taquizoítas

– Focos de coagulação

e necrose na retina

Page 25: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Ocular

• Sintomas:

– Manchas no campo visual

– Embaçamento visual

– Dor ocular

– Fotofobia.

• Diagnóstico:

– Fundo de olho

– Sorologia IgG (não confirmatório)

Page 26: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Ocular

• Pode evoluir com recidivas

• Presença de lesões cicatriciais

– Aspecto atrófico e hiperpigmentado

• Apesar de ser um quadro de recidiva de

infecção congênita, tem aumentado a

sua associação com quadros agudos

Page 27: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose e Imunosupressão

• HIV / AIDS

• Transplante

Page 28: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose e Imunossupressão

• População de Risco:

– HIV + com CD4 < 100 cel/mm3

– Pacientes em uso de imunossupressores

• Corticosteróides e Ciclofosfamida

• Quadro Clínico

– Cefaléia

– Sinais neurológicos focais

– Convulsões (coma)

Page 29: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose e Imunossupressão

• Exames Complementares

– Tomografia de crânio

• Múltiplos granulomas intraparenquimatosos

– LCR

• Pleocitose (< 50 cel/ml); linfócitos

– Sorologia

• geralmente IgG+

• ELISA anti-HIV +

Page 30: Toxoplasmose - University of São Paulo

Neurotoxoplasmose

Page 31: Toxoplasmose - University of São Paulo

Neurotoxoplasmose

Page 32: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose e Imunossupressão

• Exames Complementares

– Biópsia Cerebral

• define o diagnóstico.

• Só faz se não há resposta ao tratamento empírico

• Diagnóstico Diferencial:

– Linfoma Neuro Tuberculose

– Neuro PB Criptococose

– LEMP

Page 33: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Neonatal

Page 34: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Neonatal

• Susceptíveis:

– Fetos de mães infectadas durante a gestação

– Fetos de mães com AIDS que reativaram na

gestação

• Probabilidade de infecção fetal aumenta com a idade

gestacional

Page 35: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Neonatal

Montoya & Liesenfeld, The Lancet . 2004

Rico de Infecção

Frequency of transmission and severity of disease are inversely related.

Page 36: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Neonatal

Montoya & Liesenfeld, The Lancet . 2004

Risco de Manifestação Clínica

Page 37: Toxoplasmose - University of São Paulo

Infecção Primária mulher fértil

Durante a gravidez

Placenta

Potencial para transmissão e infecção

congênita

Toxo neonatal

Assintomático Corioretinite

Adulto

Concepção

Aborto

Page 38: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Neonatal

• Infecções Precoces:

– Quadro Clínico

• calcificações cranianas

• Hidrocefalia

• Retardo mental

• Prematuridade

• Disfunção de múltiplos órgãos

• Óbito intrauterino

Page 39: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose Neonatal

• Infecções Tardias

– Assintomática ao nascimento

– Risco aumentado (82%) para

retinocoroidite a partir dos 20

anos de vida

Page 40: Toxoplasmose - University of São Paulo

Toxoplasmose – Diagn. Diferencial

• Toxoplasmose congênita:

– outros elementos da síndrome TORCH:

• rubéola, citomegalovirose, herpes simples,

– Sífilis

– eritroblastose fetal

Page 41: Toxoplasmose - University of São Paulo

Diagnóstico Laboratorial

• Possibilidades para diagnóstico etiológico?

– Detecção indireta:

• Pesquisa de anticorpos

– IgG; avidez IgG; IgM; IgA, IgE

– Detecção Direta

• PCR

• Histologia (imunohistoquímica)

• Cultura de células ou inoculação

em camundongos

Page 42: Toxoplasmose - University of São Paulo

Diagnóstico Laboratorial

• Conhecer a necessidade para definir método:

– Soroprevalência para estudos epidemiológicos

• Sorologia (pesquisa de Ac IgG ou IG total)

– Investigação da toxoplasmose na gravidez

• Sorologia da mãe (IgM + avidez de IgG)

– Investigação da toxo em neonatos

• Sorologia (IgM) captura

• PCR na criança

Page 43: Toxoplasmose - University of São Paulo

Diagnóstico Laboratorial

• Conhecer a necessidade para definir método:

– Doença ocular

• Sorologia (pouca utilidade) + Fundo de olho

– Pacientes imunocomprometidos

• Imagem + Prova terapêutica

– Biópsia se não responder ao tratamento

• Sorologia

– Pouca utilidade

• PCR no LCR: útil nos primeiros 7 a 10 dias

antes do tratamento.

Page 44: Toxoplasmose - University of São Paulo

Diagnóstico Laboratorial

Infecção

Page 45: Toxoplasmose - University of São Paulo

Tratamento

• Indicações absolutas:

– Gestante com infecção aguda

– Neurotoxoplasmose

– Infecção congênita

• Indicações relativas:

– Retinocoroidite

– Infecção aguda em imunocompetente

• sintomas graves ou prolongados.

Page 46: Toxoplasmose - University of São Paulo

Tratamento

• Toxoplasmose aguda em imunocompetente:

– Assintomática

• NÃO TRATA

– Sintomas persistentes e severos

• Sulfadiazina + Pirimetamina

• Ácido folínico

– Tempo tratamento:

• 2 a 4 semanas

Page 47: Toxoplasmose - University of São Paulo

Tratamento

• Toxoplasmose ocular: (Retinocoroidite adulto)

– Sulfadiazina + Pirimetamina

– Ácido folínico

• Duração: 1 a 2 semanas após a resolução dos sintomas

– Cortoicosteróides:

• 1mg/Kg

• Por 1 semana após término do

tratamento com pirimetamina e Sulfa

Page 48: Toxoplasmose - University of São Paulo

Tratamento

• Toxoplasmose Aguda na Gestante

– Espiramicina

• 3g/dia longe das refeições

– Tempo tratamento

• Tomar até o termo ou

• Até documentar a infecção do feto

Page 49: Toxoplasmose - University of São Paulo

Tratamento

• Neurotoxoplasmose

– Sulfadiazina + pirimetamina

– Ácido folínico

• Tempo tratamento:

– 4 a 6 semanas após resolução

dos sintomas

• Manutenção doses menores

– Corticosteróides: s/n (HIC)

Page 50: Toxoplasmose - University of São Paulo

Tratamento

• Neurotoxoplasmose

– Drogas Alternativas

• Clindamicina

• SMX/Trimetropim

• Dapsona

• Atovaquona

• Azitromicina

Page 51: Toxoplasmose - University of São Paulo

Prevenção Toxoplasmose

• Gestante (IgG negativa)

Page 52: Toxoplasmose - University of São Paulo

Prevenção

• Alimentação:

– Não consumir carne crua ou mal passada,

especialmente de porco ou carneiro.

– Promover seu cozimento completo a 66°C, no mínimo.

– O congelamento diminui a viabilidade do parasita, mas

não o elimina totalmente

– Cuidado na manipulação simultânea de carnes cruas e

cozidas!

Page 53: Toxoplasmose - University of São Paulo

Prevenção

• Alimentar gatos domésticos com

carne cozida ou ração.

• Recolher os gatos de rua.

• Cobrir os tanques de areia para

recreação infantil

• Controlar moscas e baratas.

• Gestante (IgG-) deve evitar contato

com gatos e jardinagem

Page 54: Toxoplasmose - University of São Paulo

Dúvidas

Page 55: Toxoplasmose - University of São Paulo

OBRIGADO