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LAUDO PERICIAL DE EDIFCIO

Carlos Eduardo Braun Cntia Enilda Souza Marluce Vargas

So Leopoldo Junho de 2011

Carlos Eduardo Braun, Acadmico em Engenharia Civil, matrcula 102137-8, Universidade do Vale do Rio dos Sinos,Cntia Enilda Souza, Acadmica em Engenharia Civil, matrcula 0944787-9, Universidade do Vale do Rio dos Sinos e Marluce Vargas, Acadmica em Engenharia Civil, matrcula 0103637-7, Universidade do Vale do Rio dos Sinos apresentam seu parecer acadmico sobre as manifestaes patolgicas encontradas na edificao. Observao: uma abertura no elemento pode ser classificada como fissura, trinca, rachadura, fenda ou brecha, segundo Cnovas (1988). O que diferencia uma denominao de outra , basicamente, a espessura da abertura, segundo a tabela 1. Porm, como esta diferenciao meramente acadmica, sem influncia prtica na inspeo, optou-se por chamar todas as aberturas de fissuras, termo facilmente compreendido por leigos no assunto. Tabela 1 Classificao das anomalias, segundo suas aberturas (Cnovas, 1988)

1. INTRODUO O edifcio educacional da Biblioteca da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, situado na Av. Unisinos, nmero 950, cidade de So Leopoldo, Rio Grande do Sul, conta com uma rea total de 37.000 m distribudos em sete andares, sendo cinco deles destinados ao acervo. O edifcio aparenta bom estado, com sua inaugurao no dia 31 de julho de 2000, sendo assim, uma estrutura com 11 anos. A figura 1 mostra uma das vistas da edificao.

Figura 1 Vista lateral da edificao

Este laudo um trabalho acadmico, com o objetivo de identificar as manifestaes patolgicas encontradas na edificao e suas correes recomendadas. A vistoria do prdio foi feita nos dias 29 de maro de 2011, s 16:00hs, e 19 de abril de 2011, s 16:30hs. Os ensaios foram realizados nos dias 7 e 28 de junho de 2011, s 16:30hs. Observou-se que o estado do prdio bom, no apresentando risco iminente de runa, parcial ou total. Porm, as patologias encontradas devem ser corrigidas, a fim de evitar que se propaguem e venham a ocasionar problemas para os usurios. A vistoria realizada foi basicamente visual, pois indcios de riscos iminentes segurana das pessoas e ao patrimnio no foram constatados. Mesmo assim foram realizados alguns ensaios no destrutivos na estrutura, foram eles a escleometria, o ultrasom e a pacometria.

2. VISTORIA 2.1 Infiltrao junto aos pilares do andar trreo (patologia A) Nos pilares que ficam em volta da estrutura de ao, foram verificados muitos pontos de infiltrao, o que pode estar acontecendo devido a impermeabilizao mal feita das calhas de concreto, situadas no entorno desta estrutura, sobre os pilares. As figuras 2 e 3 mostram a estrutura e os pilares.

Figura 2 e 3 estrutura de ao (esquerda) e pilares (direita)

O problema ocorre nas juntas de dilatao trmica, tanto nos pilares como nas vigas da estrutura, onde em algumas partes j existe um sistema de drenagem improvisado, evitando que a gua atinja o piso do trreo. Nos dias de chuva so utilizados tambores para coleta de gua, pois as calhas so insuficientes pra coleta da gua da chuva. A figura 4 mostra com mais detalhes as infiltraes, que ocorrem em quase todos os pilares em volta da estrutura metlica.

Figura 4 Infiltraes junto junta dos pilares

Verificou-se que a inclinao do piso na parte superior no conduz corretamente as guas pluviais aos ralos, alm de existirem pedras de revestimento soltas no andar superior, indicando que o sistema de impermeabilizao pode apresentar problemas.

Calhas improvisadas para conterem a infiltrao

Figura 5 Viga com infiltrao

Um dos pilares est com sua armadura aparente, apresentando sinais de oxidao. O problema ocorre muito prximo rea onde ocorrem as infiltraes, o que pode intensificar a ao da oxidao.

Figura 6 Pilar com armadura aparente e oxidada

A soluo para este problema seria refazer a impermeabilizao da calha de concreto que existe sobre os pilares, assim eliminando as infiltraes.

E aps, deve ser feita a reconstituio da cobertura nos pilares onde o ao esta exposto. Para isso deve-se remover completamente todo o concreto fraco, solto, laminado ou trincado, leos, graxas, sais e quaisquer outras contaminaes existentes, utilizando as ferramentas adequadas ao tipo de servio, preparar o substrato de forma rugosa, slida e limpa. O permetro do reparo dever ter forma geometricamente simples, evitando-se excesso de quinas. Limpar toda a armadura que estiver com sinais de corroso, seja por meio manual (escova de ao) ou mecnico (pistola de agulha ou hidrojato), recompondo as barras que tiverem mais de 20% do seu dimetro perdido e ento recompor a rea da seco de concreto original. 2.2 Fissuras em torno das muretas, em todos os andares (patologia B) Foram verificadas fissuras contnuas em todo o entorno das muretas, junto capa de muro. Esta manifestao patolgica esta presente em todas as muretas, de todos os andares, se repetindo nos dois lados do conjunto. Acreditamos que a causa desta fissura seja a diferente movimentao trmica dos materiais, pois a mureta constituda de alvenaria, enquanto a capa de muro, de granito.

Figuras 6 e 7 Fissura interna (esquerda) e fissura externa (direita)

Figura 8 Vista das muretas

Esta uma fissura ativa, que no traz maiores riscos a estrutura, mas por motivo esttico pode ser feita a sua recuperao. Para esta recuperao, deve-se abrir na regio um sulco com formato em V, com aproximadamente 20 mm de largura e 10 mm de profundidade. O sulco deve ser limpo e estar completamente seco para a aplicao de um selante flexvel, preferencialmente um poliuretano de cor parecida.

2.3 Infiltrao da fachada sul, em todos os andares (patologia C) Nas fotos abaixo podemos ver a intensidade dos problemas de umidade, na parte externa da edificao, que ocorrem sobre a alvenaria. Entre a alvenaria e as vigas, onde temos o encunhamente, percebemos uma fissura espessa, que se repete em todos os andares dando assim mais uma evidncia de que o encunhamento foi mal feito.

Figura 9 Vista da fachada sul

Figura 10 Detalhe da fachada sul

As paredes internas da fachada sul esto apresentando sinais de infiltrao, a pintura esta descascando e o reboco caindo em algumas partes. Em uma extenso de mais ou menos 9,00m. Das trs paredes da fachada sul, apenas uma apresenta estas manifestaes patolgicas na parte interna do prdio. Esta manifestao patolgica est ocorrendo em todos os andares do prdio, com exceo do terceiro andar que no apresenta nenhuma caracterstica de infiltrao. Foi verificado junto aos funcionrios do Acervo 3A e 3B que no foi feito recentemente nenhum tipo de restaurao nesta parede.

Figura 11 Acervo 4A, parede interna da fachada Sul com sinais de infiltrao

Figuras 12 e 13 Acervo 4A, bolhas na pintura e no revestimento

As bolhas e descolamentos ocorrem nas paredes internas, especificamente onde esta a alvenaria, e com maior intensidade na parte superior da alvenaria de fechamento, o que mostra que esta infiltrao pode ser conseqncia de um encunhamento mal feito. Essa infiltrao ocorre com mais intensidade na parte superior, possivelmente devido a fissura que existe entre o fechamento da alvenaria com a viga. Uma soluo para a parede externa seria fazer a recuperao das fissuras que ocorrem horizontalmente entre a alvenaria e as vigas. Para esta recuperao, deve-se abrir na regio um sulco com formato em V, com aproximadamente 20 mm de largura e 10 mm de profundidade. O sulco deve ser limpo e estar completamente seco para a aplicao de um selante flexvel, preferencialmente um poliuretano de cor parecida da fachada. Aps este procedimento pode-se fazer uma pintura com uma tinta elastomrica para ento minimizar a infiltrao pelo revestimento, com no mnimo trs demos. Aps a correo da umidade decorrente das intempries, deve ser feitos os reparos internos nas reas em que o revestimento esta desagregado, ele deve ser totalmente removido e, em seguida, deve se realizar a limpeza da parede com escova de ao e refazer os revestimentos do piso at o teto, aplicando impermeabilizante e selador, seguindo as instrues do fabricante conforme o produto utilizado.

2.4 Fissuras na paredes que isolam o sistema de ar-condicionado (patologia D) Observamos, nas paredes que isolam o sistema de ar-condicionado, algumas manifestaes patolgicas devido infiltrao, bolores, descascamento da pintura e do revestimento. Alm disso, foram observadas fissuras que ocorrem nas ligaes entre pilar e alvenaria.

Figuras 14 e 15 Acervo 4A, fissura entre alvenaria e pilar (esquerda) bolhas na pintura e no revestimento (direita)

Verificou-se que a espessura da fissura aumenta no ponto mais alto da parede. O sistema de ar-condicionado esta instalado do outro lado desta parede, e no foi permitida a entrada neste ambiente. Da mesma forma que as medidas anteriores, neste caso deve ser feita a recuperao das fissuras com a aplicao de um selante flexvel, e onde o revestimento estiver desagregado, ele deve ser totalmente removido ento refazer os revestimentos do piso at o teto, aplicando impermeabilizante e selador, seguindo as instrues do fabricante conforme o produto utilizado. 2.5 Infiltrao no forro nos andares 5 e 6 (patologia E) Nos ltimos andares do prdio uma das manifestaes patolgicas que mais ocorre so as infiltraes no forro dos corredores. Em alguns pontos pode-se perceber que ocasionado pelo mal funcionamento das calhas hidrulicas, que esto danificadas e provocam assim uma infiltrao. Como o forro de material compensado desagrega e perfurado com facilidade.

Figura 16 Forro danificado pela infiltrao (5andar)

No sexto andar a situao se agrava, por no estar sendo utilizado. Tambm no so feitas as devidas manutenes, ou como podemos ver nas fotos a seguir, so feitas manutenes precrias.

Figura 17 Manuteno precria do forro (6andar)

Tambm no sexto andar, pode-se perceber que as infiltraes no so devidas apenas as calhas danificadas e sim outras infiltraes que vem da laje superior que deve estar com problemas de impermeabilizao. No nos foi permitido o acesso a cobertura do prdio, por isso no possvel fornecer concluses concretas sobre a causa dessas infiltraes, mas acreditamos que seja a falta de manuteno do sistema ou at mesmo uma falha na aplicao do impermeabilizante da cobertura.

Figura 18 Infiltrao nas juntas

Neste caso, a soluo mais recomendada o concerto das calhas e uma manuteno na estrutura de cobertura. 2.6 Fissuras mapeadas (patologia F) As fissuras mapeadas podem ser formadas pela retrao da argamassa, pelo excesso de finos no trao ou por excesso de desempeno. So aberturas superficiais. Estas fissuras mapeadas foram encontradas no subsolo (garagem), e tambm na estrutura da casa de maquinas que fica sobre os elevadores, acima do ultimo andar.

Figura 19 Parede interna com reboco mapeado

As fissuras existentes no interior da garagem apresentam uma espessura de aproximadamente 1mm, com extenso sobre toda a parede.

Figura 20 Parede externa com reboco mapeado

As fissuras existentes na casa de maquinas dos elevadores tambm apresentam uma espessura de aproximadamente 1mm. A recuperao destas fissuras mais fcil, por serem superficiais. Nas fissuras de abertura no mximo igual a 1mm, no esborcinadas, a soluo mais indicada para o reparo a injeo e a selagem com produtos a base de resina epxica. 3. ENSAIOS 3.1 Escleometria um mtodo no destrutivo que mede a dureza superficial do concreto. O princpio de funcionamento baseado na ao de uma massa (martelo) que, ao ser impulsionado por uma mola, se choca atravs de uma haste com a superfcie de ensaio, o aparelho ento registra a energia remanescente (recuo do martelo). Este ensaio foi realizado em um pilar de cada andar do prdio, nos dando assim um comparativo entre esses pilares. 3.1 Ultra-som A utltra-sonografia um mtodo no destrutivo que mede a velocidade de propagao de uma onda ultra-snica no interior de um corpo. Este dado pode ento ser usado para estimar a compacidade e a homogeneidade do mesmo; O gerador de pulsos contido no aparelho excita um transdutor, dito emissor, que produz as ondas ultra-snicas que ento so transmitidas ao concreto outro transdutor, que usado como receptador, para controlar o tempo decorrido entre a emisso e a recepo; V=L/t V- velocidade de propagao (m/s) L distncia percorrida (m) t tempo de propagao (s)

Figura 21 Ensaio com o Ultra-som

Este ensaio foi realizado em dois pilares, um no subsolo e outro no primeiro andar, os resultados foram: PILAR 1 (subsolo): t = 186 x 10-6 = 0,00186s L = 0,805 m V = 432,8 m/s PILAR 2 (primeiro andar): t = 59,4 x 10-6 = 0,000594 L = 0,25 m V = 420,87 m/s

Resultado: Os dois pilares analisados esto com a sua compacidade e a sua homogeneidade classificados como excelente (tabela superior). 3.1 Pacometria O ensaio de pacometria utilizado para determinar o cobrimento e a quantidade de armadura. utilizado na deteco de armaduras e permite estimar sua dimenso, cobrimento e orientao, o que pode ser til na realizao de vistorias em peas estruturais.

4. CONCLUSES Foi realizado um laudo acadmico no edifcio educacional da Biblioteca da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, a fim de se identificar as manifestaes patolgicas presentes, suas causas e procedimentos recomendados de correo. As manifestaes patolgicas descritas no apresentam risco iminente de runa da edificao, nem de parte dela, porm devem ser reparadas para que o dano no progrida e venha no futuro prejudicar o desempenho do prdio. importante que as correes dos problemas sejam executadas com superviso de profissional habilitado, garantindo, assim, a soluo definitiva dos defeitos.