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TECNOLOGIA EDUCATIVA A DISTANCIA: CAPACITAÇÃO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO COMUNICATIVO COM O CEGO
Cristiana Brasil de Almeida Rebouças1 Lorita Marlena Freitag Pagliuca2
Cleano Costa de Figueredo Silva3 Marília Brito de Lima3
Introdução: A Educação a Distância (EaD) é um processo de ensino-aprendizagem que ocorre entre o
professor e o aluno de maneira recíproca(1). Este processo é facilitado pelo uso de tecnologia para
facilitar comunicação entre pessoas, podendo acontecer em ambientes físicos e horários diferenciados.
O principal meio de comunicação é a internet, havendo também outros como rádio, correio, etc. A EaD
não deve ser vista como apenas uma forma para reduzir a distancia entre alunos e professores, mas
também como um meio de comunicação rápido, eficiente, no qual todos estão presentes (professor,
aluno) em tempo e espaços diferentes e assim facilitando o processo de aprendizagem. O professor na
EaD tem um papel cada vez mais redimensionado, onde atua como supervisor, animador, incentivador
ao instigar o aluno no seu processo de aprendizagem e expandindo seu conhecimento(1). Assim como
desenvolver as habilidades do professor e do aluno em um ambiente virtual. Evidenciando desta forma
que não é um conhecimento já pronto onde o aluno só faz se servir e sim de uma construção de
conhecimento, algo que ocorre de maneira rápida, com troca de experiência bidirecional, até encontrar o
resultado que se espera. A comunicação é a capacidade dos seres humanos de expressar suas idéias,
pensamentos, sentimentos, emoções(2). O processo de comunicação pode ocorrer de duas formas, tanto
verbal como não-verbal. A verbal pode ser observada por meio da escrita e da fala. Já a comunicação
não-verbal, engloba os gestos, expressões e comportamentos do corpo, etc. No processo da
comunicação verbal utiliza palavras e signos na sua formação, no qual o homem usa para interpretar e
compreender o mundo. Ela é expressa de forma voluntária, ou seja, o ser humano antes de expressar os
seus pensamentos na forma verbal da comunicação tem consciência do que estar acontecendo, então é
controlado por ele, isso pode ser benéfico para que ocorra uma melhor troca de informação. Entre as
comunicações não-verbais incluem-se sinais que são produzidos; gestos e imagens que são criados ou
percebidos. Elas acontecem por meio das mãos, da cabeça, do rosto, da boca, enfim, ocorrem pela
expressão do corpo. Apesar de nem sempre a expressão não-verbal possuir a objetividade das palavras, 1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Bolsista de Pós-Doutorado do CNPq no Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal do Ceará. Fortaleza-Ceará. E-mail: [email protected]. 2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Titular do Departamento de Enfermagem da Universidade
Federal do Ceará. Pesquisadora do CNPq. Fortaleza-Ceará. E-mail: [email protected]. 3 Acadêmico(a) de enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Bolsista PIBIC/CNPq.
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é carregada de significados(3). Mais emocional e sensitivo, o não-verbal muitas vezes é o elemento de
surpresa na comunicação consciente e programada. Muitos sinais de comunicação reforçam, substituem
ou contrariam a fala; os gestos, a expressão facial, a postura (movimentos e inclinações do corpo), a
ocupação do espaço, o toque (o tato é um sentido que substitui o olhar, principalmente quando há
limitação visual)(4). A Enfermagem é uma profissão que trabalha diretamente com o ser humano
proporcionando ao mesmo um cuidado de maneira holística e humanista, e essa tem a comunicação
como instrumento básico de trabalho. Utiliza-o para obter e transmitir informações junto ao paciente,
família, grupos sociais, equipe de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu cegueira
como a acuidade visual menor do que 3/60 no melhor olho, com a melhor correção óptica, além de
definir a incapacidade visual acentuada (baixa visão) como a acuidade menor do que 6/60 no melhor
olho, com a melhor correção óptica(5). O cego como possui uma limitação no campo visual tenta superar
esta deficiência melhorando os outros sentidos restantes como a audição, o tato, o olfato. O mesmo tem
impedida ou diminuída a comunicação não-verbal que se processa pelo olhar. Por não perceber os
gestos da pessoa com quem está conversando, não responde aos gestos do vidente, por isso, estabelece
uma comunicação fragilizada. Então, o profissional de saúde deve estar ciente de que o processo de
comunicação com esse tipo de paciente deve ter um cuidado especial para que este se torne mais
humanista e eficaz. O profissional deve estar atento para reconhecer as especificidades, valorizando,
durante a consulta, o toque. A deficiência visual é pouco abordada no decorrer do processo de formação
do enfermeiro e isso leva a um despreparo deste profissional diante destes pacientes atrapalhando o
processo de enfermagem. Desse modo, o enfermeiro deve estudar e conhecer melhor a comunicação
entre os cegos e assim decodificar os sinais emitidos por eles com maior aptidão. Objetivos: Capacitar o
enfermeiro sobre o conteúdo de comunicação por meio da EaD; Possibilitar a integração de
conhecimentos anteriores e experiências do enfermeiro; Permitir a aprendizagem e a utilização dos
modelos de comunicação para cegos; Possibilitar a geração de espaços de debates e pesquisas sobre o
assunto. Metodologia: Estudo de desenvolvimento de um modelo de tecnologia educativa acerca da
comunicação verbal descrita por Jakobson(6)e não-verbal de acordo com Hall(7) utilizada na consulta de
enfermagem ao paciente cego e disponível para o acesso à distancia na capacitação de enfermeiros.
Caracterizado como Experimental, de desenvolvimento de tecnologia educativa, desenvolvido no
Laboratório de Comunicação Saúde (LabCom_Saúde) do Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal do Ceará, e no UFC Virtual. O Curso Educativo ora construído será aplicado
durante o curso a um grupo de 25 enfermeiros na modalidade Educação a Distância, utilizando o acesso
à rede web e ferramentas básicas do computador. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
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Pesquisa da Universidade Federal do Ceará com protocolo número 42/10, sendo respeitados os
princípios estabelecidos pelo Ministério da Saúde para pesquisa com seres humanos. Resultados:
Realizou-se revisão de literatura acerca da comunicação verbal e não-verbal para embasar a construção
do curso na modalidade de EaD. O curso foi composto de quatro aulas. A primeira aula abordou uma
introdução a EaD para utilização das ferramentas online e ambientação no Moodle, ambiente virtual de
aprendizagem (AVA) utilizado para aquisição dos conhecimentos. A segunda aula apontou os conceitos
de deficiência visual e a comunicação em saúde com o paciente. A terceira aula apresentou as teorias de
comunicação verbal e não-verbal utilizadas para construção do Modelo de Comunicação Verbal e Não-
verbal a ser utilizado na consulta de enfermagem. A quarta aula explicitou o Modelo de Comunicação
Verbal e Não-Verbal para a consulta de Enfermagem com o cego. Nesta aula foi orientada como
atividade final da elaboração do portfólio a realização de uma consulta de enfermagem com o cego de
acordo com os modelos de comunicação e o conteúdo do curso, que deverá ser filmada para avaliação.
Espera-se que o enfermeiro tenha uma capacitação por meio do curso. Conclusão: Desse modo, o curso
possibilitou um atendimento de qualidade ao cego na consulta de enfermagem de acordo com os
modelos de comunicação ao avaliar o seu comportamento e suas atitudes na comunicação com o cego
durante a consulta de enfermagem, o que engloba a entrevista e o exame físico.
Contribuições/Implicações para a enfermagem: A utilização do ensino a distancia auxilia o
profissional enfermeiro a compreender, através deste inovador método didático, que comunicação
verbal e não-verbal entre profissional e o cego é fundamental para que ocorra uma assistência
qualificada. A EaD é uma ferramenta de grande importância pois torna o conhecimento mais acessível
entre os profissionais e estudantes na área.
REFERÊNCIAS
1. Moran JM. O que é educação a distancia. Rio de Janeiro (RJ): http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm; 2002. 2. Silva MJP. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. São Paulo: Gente; 1996.
3. Bezerra CP, Pagliuca LMF, Galvão MTG. Modelo de enfermagem baseado nas atividades de vida diária: adolescente diabética e deficiente visual. Esc. Anna Nery vol.13 no.4 Rio de Janeiro Oct./Dec. 2009 4. Silva LMG, Brasil VV, Guimarães HCQCP, Savonitti BHRA, Silva MJP. Comunicação não-verbal: reflexões acerca da linguagem corporal. Rev. Latino-am. Enferm, 8(4): 52-8, 2000.
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5. Organização Mundial da Saúde. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Lisboa; 2004. [acesso 2009 abr 30]. Disponível em: http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf. 6. Jakobson R. Lingüística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 2001.
7. Hall ET. A dimensão oculta. Lisboa: Relógio D'água; 1986.
Descritores: Comunicação em Saúde; Enfermagem; Educação a Distância.
Área Temática: Tecnologia em Saúde e Enfermagem.
Eixo Temático: A pesquisa de enfermagem no processo de cuidar e educar: interdisciplinaridade, transculturalidade e difusão do conhecimento.
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