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1 UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEMORIAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BLACK E UNBLACK METAL: O SAGRADO E PROFANO Trabalho apresentado para conclusão de curso, Licenciatura em Ciências Sociais. JOHNNY PEREIRA DE BRITO RA: 909116819 SÃO PAULO JUNHO 2013

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BLACK E ...static.recantodasletras.com.br/arquivos/4531188.pdfMas foi na famosa Rua Azuza numero 312 na cidade de Los Angeles, que tal movimento se

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    UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

    MEMORIAL

    TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

    BLACK E UNBLACK METAL:

    O SAGRADO E PROFANO

    Trabalho apresentado para conclusão de

    curso, Licenciatura em Ciências Sociais.

    JOHNNY PEREIRA DE BRITO RA: 909116819

    SÃO PAULO JUNHO

    2013

  • 2

    Agradecimentos

    Agradeço a todos que colaboraram e apoiaram este projeto, a Professora e Orientadora

    Luciana de Matos Rudi, ao Coordenador do curso de Ciências Sociais René Esteban

    Rojo que sempre deu toda força e motivação em todos os momentos, também a Flávia

    Slompo Pinto que contribuiu fortemente para este trabalho com ideias e palavras de

    apoio. Também ao amigo Ed Carlos Bezerra e a minha companheira Cristiane Lopes

    dos Santos, como a todos os familiares.

  • 3

    Sumário

    Resumo 4

    Introdução 5

    Capitulo 1 -Origem do Pentecostalismo e Neopentecostalismo no Brasil 7

    O poder simbólico 10

    A ideologia 12

    O discurso competente 13

    A indústria cultural 14

    Capítulo 2 - Descrição do movimento Black Metal e Unblack, Ideias e

    identificação ideológica do Black Metal 15

    Estereótipo de um adepto do Black metal 17

    Surgimento do Unblack Metal 20

    Desenvolvimento da tendência Unblack no Brasil e do Movimento Metal

    Cristão 22

    Imagens Poems of Shadows e Marduk 26

    Considerações Finais 27

    Referencias 28

  • 4

    Resumo

    Discutirei neste trabalho de conclusão de curso sobre desenvolvimento dos movimentos

    evangélicos pentecostais e neo pentecostais no Brasil até chegar no objeto de estudo que

    é uma das tendências do Metal Cristão, da qual é denominada Unblack Metal ou Metal

    Cristão Extremo. Observando ideologias como crenças e mensagens no caso as letras de

    suas musicas e fazer referencias a alguns símbolos usados, vendo se estes condizem

    com o ideal de sua religião.

    Palavras-chaves: Black Metal, Metal Cristão, Neo pentecostalismo

  • 5

    Introdução

    Para descrever o que acontece com o cenário musical religioso no Brasil, inclusive

    no meio neo-pentecostal em particular, onde a cada dia surgem mais e mais ritmos

    musicais diversificados, estudarei um movimento que a cada dia cresce mais nas grandes

    cidades: o chamado “White Metal” ou uma ramificação mais específica “Unblack Metal”,

    que no Brasil é traduzido como “Metal Cristão”. Minha hipótese está em demonstrar que o

    “Black Metal” secular1, e o “Unblack” possuem as mesmas “mensagens”, vestimentas,

    dentre outros. A única diferença está no fato de o inimigo ser outro: enquanto o Black

    combate o Deus Cristão, o “Unblack” combate o Demônio. Porém, essa migração rítmica

    para dentro do ambiente religioso, acaba trazendo mensagens que são condenadas pela

    própria Igreja, como preconceito, violência, vestimentas escuras e mal trapilhas, dentre

    outros, causando contradição, ainda mais pela mente religiosa tradicional, associando o

    rock e metal a coisas mundanas e anticristãs.

    Este movimento (Unblack), que surge a partir da banda Australiana “Horde”, no

    início dos anos 90 do século XX, é uma ramificação do rock gospel, do qual utiliza de

    todas vertentes do “Rock e Metal”, desde o “Heavy Metal clássico” até o mais cru e pesado

    do qual é denominado “Black Metal”. Porém ao invés da apologia às drogas, sexo, rebeldia

    à ordem social estabelecida e a dessacralização, há uma defesa e sacralização do divino, ao

    mesmo tempo em que sugere o bem da humanidade em um sentido de harmonia e melhor

    convivência com o próximo, utilizando até os apetrechos do “Black Metal” original.

    De todos os estilos de rock que hoje povoam o cenário religioso (“Heavy”,

    “Thrash”, “Punk”, “Gothic”, “Hard”, “Black”, “Death”, “Doom”, “Power” e diversas

    outras que acabam se entrelaçando e formando uma nova vertente musical), o “Black

    1 A palavra secular arremete a tudo que está à parte do ambiente religioso

  • 6

    Metal” (do inglês, Metal escuro) é o único que muda o seu nome quando transborda para a

    seara religiosa, pois, ao chamar “Black Metal”, estaria reforçando uma palavra que

    referencia algo obscuro e que não condiz com a ideologia que se deseja passar. Assim,

    quando passa a partilhar do convívio religioso, este estilo passa a se chamar, “Unblack

    Metal” (do inglês, aproximado, Metal fora do escuro) ou até mesmo somente de “metal

    extremo”. Antes de aproximarmos o objeto estudado das teorias descritas, farei abaixo um

    apontamento do que é o “Black Metal”.

    Neste trabalho, tratarei, no Capítulo 1, do Referencial Teórico utilizado para

    trabalhar o meu problema. Os Teóricos utilizados aqui serão Pierre Bourdieu, Karl Marx,

    Marilena Chauí, Theodor Adorno, junto também Reginaldo Prandi e Ricardo Mariano para

    descrever sobre o movimento pentecostal e neopentecostal.

    Já no segundo capítulo, trarei uma descrição do movimento “Black Metal” e

    “Unblack”, entrelaçando com os referenciais teóricos, para que em seguida, nas

    Considerações Finais possa amarrar tudo o que foi discutido.

    Ressalto que para melhorar o entendimento, as letras das músicas citadas foram

    traduzidas. Mesmo as letras das bandas nacionais que, em sua maioria, são todas

    produzidos na língua inglesa.

    Dito isso, passarei ao Capítulo 1.

  • 7

    Capítulo 1- Origem do Pentecostalismo e Neopentecostalismo no Brasil

    Para descrever a seguinte pesquisa apontarei o surgimento de tais definições no meio

    Protestante até chegar no objeto de estudo. O termo “Pentecostalismo” tem sua origem no

    acontecimento que ocorreu a pós a ascensão de Cristo aos céus, depois da ressurreição

    descrito no Atos dos Apóstolos (At 1:6-11). O dia de pentecostes é uma festa dos judeus,

    da qual ocorre após as colheitas, ou seja, sete semanas após a páscoa. Neste período os

    discípulos estavam em oração e em certo momento começaram a falar novas línguas, isso

    foi o dia em que o Espírito Santo desceu a terra (At. 2:1-13). (BIBLIA SAGRADA)

    Os pentecostais se voltam a este acontecimento para explicar o batismo no Espírito Santo,

    do qual uma das características é o de falar novas línguas ou línguas espirituais. Então o

    pentecostalismo é o movimento protestante que através de tal experiência espiritual assim

    se denominam. Tal batismo é tido como uma recompensa pela fidelidade e fé dos

    seguidores. (OLIVEIRA 2004)

    O movimento começa nos EUA, a partir de John Wesley que propunha uma vida em

    Santidade e serviço a Deus, tal ideal tem influencia dos movimentos protestantes do século

    XVII, Wesley foi fundador do Metodismo. É possível afirmar que o movimento

    pentecostal desde sua origem sempre esteve voltado para as classes populares da sociedade

    a dizer, um de seus representantes foi William James Seymour (1870-1922), do qual era

    filho de escravos em Louisiana, isto ajudou a configuração e afirmação do movimento

    principalmente nas classes menos favorecidas. (OLIVEIRA 2004)

    Mas foi na famosa Rua Azuza numero 312 na cidade de Los Angeles, que tal movimento

    se propagou para todos os cantos, pois a ação “doutrinária estava com base não em

    doutrinas tradicionais e históricas, mas sim em experiência, da qual foi vivida por

    Seymour, assim também serviu para acesso as camadas pobres principalmente negros, que

  • 8

    não precisavam da autorização de nenhuma liderança para atuarem e propagarem suas

    experiências espirituais, da qual não consistia mais em caridade, mas sim na presença do

    Espírito Santo, Saymour utilizou muito da musica para divulgação do movimento.

    (OLIVEIRA 2004)

    Em 1910 chega ao Brasil Luigi Francescon, em especifico na cidade de São Paulo no

    bairro do Brás, apesar te ter origens presbiterianas, foi a partir de suas experiências que

    foram crescendo seus adeptos que saiam tanto de igrejas tradicionais como Presbiteriana,

    Batista e Metodista que se maravilhavam com tamanhas manifestações e com a nova

    doutrina, e também aderiram muitos católicos que se convertiam ao protestantismo

    (pentecostalismo). Neste período Francescon funda a primeira igreja Pentecostal no Brasil

    que seria a Congregação Cristã no Brasil. (OLIVEIRA 2004)

    No mesmo ano em que a Congregação foi criada, vieram para o Brasil Daniel Berg e W.H.

    Durham, ambos de origem Batista, mas através de uma profecia (ação da qual é uma das

    ações do batismo com Espírito Santo), que indicavam onde eles deveriam ir e quando.

    Fundaram a Igreja em 18 de junho de 1911, que ainda tinha o nome histórico e inspirado

    por W.J. Seymour “Missão Evangélica Apostólica da Fé” que depois foi alterado para

    “Assembleia de Deus” em 1918. Esta denominação é uma das maiores no Brasil, estima-se

    que existam 45 convenções no Brasil, com uma média de 22 mil ministros e quase 8,5

    milhões de membros, e seus números continuam a crescer. (OLIVEIRA 2004)

    A Igreja do Evangelho Quadrangular, que tem suas raízes em manifestações espirituais, foi

    fundada por Aimee Semple McPherson, que sustenta que o Evangelho Quadrangular nas

    seguintes bases: a mensagem de salvação, o batismo no Espírito Santo, a cura divina e a

    iminente volta de Cristo. A primeira igreja foi fundada em 15 de novembro de 1951 em

    São João da Boa Vista, interior de São Paulo. (OLIVEIRA 2004)

  • 9

    Para melhor exemplificar o Movimento Pentecostal este passa por o que podemos chamar

    de “gerações” ou um termo usado por Marinho (1996) que é “onda” sendo a primeira com

    a fundação das primeiras igrejas como, Congregação Crista no Brasil e Assembleia de

    Deus, a segunda “onda com as Igrejas do Evangelho Quadrangular e O Brasil para Cristo,

    fundada em 1955 com Manoel de Melo. Em seguida veio a terceira “onda” da qual é o

    neopentecostalismo por meados de 1970, com igrejas como Universal do Reino de Deus,

    Internacional da Graça e Renascer em Cristo. (MARIANO 1996)

    Esta terceira “onda”, as igrejas vêm com forte influencia “mundana” (não tem as mesmas

    preocupações com a exclusão do “mundo”, ou seja, seus costumes por costumes podem

    entender; vestimentas, como os pentecostais tradicionais defendiam), tem sua teologia

    voltada para conquistas materiais, da qual é preciso que o crente seja vitorioso e prospero

    sempre para poder demonstrar que é filho de Deus. Assim estas igrejas tem como fogo o

    bem estar material como representatividade espiritual, e também a seguinte lógica “é

    dando que se recebe”, então quanto mais eu dou para a igreja, mais Deus vai me dar.

    (MARIANO 1996)

    “Frente às muitas mudanças ocorridas na sociedade, sobretudo na área comportamental, e às

    novas demandas do mercado religioso, várias lideranças optaram por ajustar gradativamente sua

    mensagem e suas exigências religiosas à disposição e às possibilidades de cumprimento por parte

    de seus fiéis e virtuais adeptos. O sectarismo e o ascetismo começaram a ceder lugar à acomodação

    ao mundo, acompanhando o processo de institucionalização de importantes segmentos pentecostais.

    Nos EUA, este processo teve início já nos anos 50 e 60. No Brasil, ele é mais recente, principia nos

    anos 70 e se aprofunda com o nascimento e crescimento do neopentecostalismo.” (MARIANO,

    1996, pg27)

  • 10

    Juntamente com tais ideias as “portas” para novas tendências foram se abrindo, no sentido

    onde, “para servir a Deus você não precisa estar isolado das coisas do mundo”, foi-se

    adotando estratégias de diversas formas para aderirem a mais membros dos quais

    abrangiam todas as tribos e raças, sem a precisão de a pessoa ou adepto mudar seus

    “costumes” culturais. Como exemplo, a igreja “Bola de Neve” que tem sua origem voltada

    para “surfistas, skatistas, fisiculturalistas, lutadores de Jiu-Jitsu”, como também a

    tendências de “Reegue e Rock” e estas abrangências em especial na musica com grande

    foco principalmente em jovens. (FILHO 2010)

    O poder simbólico2

    Por tais definições podemos tratar sobre o poder simbólico discutido por Pierre

    Bourdieu (2011). Este autor coloca que as coisas no geral podem dizer mais que a sua

    simples forma, pois nas suas entrelinhas, as mensagens não ditas podem demonstrar mais

    coisas que algo que é explícito. Assim, nas palavras de Bourdieu:

    (...) num estado do campo em que se vê o poder por toda a parte,

    como em outros tempos não se queria reconhecê-lo nas situações em

    que ele entrava pelos olhos adentro, não é inútil lembrar que - sem nunca fazer dele, numa outra maneira de o dissolver, uma espécie de

    – círculo cujo centro está em toda parte e em parte alguma – é

    necessário saber descobri-lo onde ele se deixa ver menos, onde ele é mais ignorado, portanto, reconhecido: o poder simbólico é, com

    efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com a

    cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou

    mesmo que o exercem. (BOURDIEU, 2011, Pg7)

    Se pensado no contexto das igrejas, existe uma profunda evocação simbólica dentro

    de seus rituais, os quais evocam a figura do “Espírito Santo”, justamente a partir de

    palavras, cantigas, liturgias e rituais de iniciação como Batismo, os quais, para alem do

    próprio ritual, evocam algo que não se pode “ver”, “sentir”, “ouvir”, mas que, mesmo

    assim, está presente numa chamada onipresença. Sendo assim este poder simbólico “é um

    2 Tomo por base neste tópico o livro “O Poder Simbólico” de Pierre Bourdieu, 2011.

  • 11

    poder de construção da realidade que tende a estabelecer uma ordem... sentido imediato do

    mundo” pg9 (BOURDIEU 2011)

    Pode-se colocar também como evidência na questão do movimento cristão

    neopentecostal, de utilizarem suas declarações, afirmações ou reivindicações ao proferir

    algo, principalmente ligados a suas crenças, pois, analisando tal movimento, vemos que

    seus lideres afirmam que todos “fiéis”, tem direitos conquistados por Cristo e, assim sendo,

    tem o dever de exigi-los em suas orações, cantos ou qualquer outra demonstração de fé,

    sempre com foco na vitória ou desejo para este se realizar, porém, havendo uma variação

    nesta certeza, tal coisa pode não se concretizar ou até mesmo demorar mais que o esperado

    e “estabelecido” por Deus. (MARIANO, 1996)

    Com isso, ao transbordar para o campo da música, este “poder simbólico” discutido

    por Pierre Bourdieu acaba se transformando em parte importante do ritual religioso e, fora

    da igreja, principalmente, ajuda a reforçar os padrões que devem permear a existência

    daquele indivíduo que segue a religião, fazendo-o ficar envolvido com sua crença por um

    período que é maior ao do próprio ritual, na igreja. A esses padrões sociais, damos o nome

    de ideologia.

    “À medida que, numa formação social, se estabiliza, se fixa e se repete uma

    forma determinada da divisão social, cada indivíduo passa a ter uma

    atividade determinada e exclusiva que lhe é atribuída pelo conjunto das

    relações sociais, pelo estágio das forças produtivas e pela forma da

    propriedade. Cada um, por causa da fixidez e da repetição de seu lugar e de

    sua atividade, tende a não percebê-los como instituídos socialmente e a

    considerá-los naturais (...)”. (CHAUÍ, 2003, pg170)

    É fato que as ideologias permeiam toda a sociedade, transportando os valores que

    devem ser os perseguidos por todos. Mas, e se esses valores não forem os que, de fato e de

    direito, trazem benefícios para as pessoas, mas que, devido a forma como o discurso é

    passado, as pessoas aceitam sem questionar, devido a uma “esperança” ou convicção

    religiosa, próprias ou impulsionadas por seus líderes?

  • 12

    A ideologia3

    Karl Marx, ao estudar a sociedade, colocava que as mensagens que transbordavam

    a sociedade e ideologizava a todos, não eram as mensagens que trariam independência para

    o povo, mas sim, as que criariam uma visão distorcida da realidade, a qual faria com que as

    pessoas perseguissem coisas que os cimentariam em sua condição. (MARX 1965)

    Essas ideias, que para esse alemão está amparada nas classes que possuem domínio

    sobre o capital econômico, recurso esse que estrutura a sociedade, trarão consigo a

    mensagem que os manterão como dominantes. Como para Marx a Igreja trabalha a favor

    dos grupos dominantes, esta passará a se apropriar dessas formas mais sofisticadas de

    dominação, para ajudar na domesticação do indivíduo, como o discurso, liturgias e até

    mesmo como o caso de estudo a “musica”. Nas palavras de Marx (1965)

    “A produção de ideias, de concepções, e da consciência liga-se, a principio,

    diretamente e intimamente à atividade material e ao comércio material dos

    homens, como uma linguagem da vida real. (MARX, 1965, pg21)

    (...) explica por ela o conjunto das diversas produções teóricas e das formas

    de consciência, religião, filosofia, moral etc.(...)”. (MARX, 1965, pg35)

    Mais que isso, por deter o dinheiro em suas mãos, esses donos do capital poderão

    atingir as pessoas de forma ainda mais precisa, apoiando-se na credibilidade de algumas

    figuras, as quais geram um discurso competente. Mas o que vem a ser um discurso

    competente?

    O discurso competente

    Nas palavras de Marilena Chauí

    “não é qualquer um que pode dizer a qualquer outro qualquer coisa em

    qualquer lugar e em qualquer circunstancia. O discurso competente

    3 Tomo por base para escrever esse tópico o livro “A Ideologia Alemã” de Karl Marx.

  • 13

    confunde-se, pois, com a linguagem institucionalmente permitida ou

    autorizada, isto é, com um discurso no qual os interlocutores já foram

    predeterminados para que seja falar e ouvir e, enfim, no qual o conteúdo e a

    forma já foram autorizados segundo os cânones da esfera de sua própria

    competência”. (CHAUÍ, 2003, pg175)

    Assim, o discurso competente consiste em:

    “O grupo pensante (os intelectuais) de uma sociedade, por pertencer à classe dominante ou por estar unida a ela por meio da educação especializada, pensa

    com 'as ideias dos dominantes; julga, porém, que tais ideias são verdadeiras

    em si mesmas e transforma as ideias de uma classe social determinada em

    ideias universais e necessárias, válidas para a sociedade inteira. (...)Como o

    grupo produtor de ideias (os ideólogos) domina a consciência social, tem o

    poder de transmitir as ideias dominantes para toda a sociedade por meio da

    religião, das artes, da escola, da ciência, da filosofia, dos costumes, das leis e

    do direito, moldando a consciência de todas as classes sociais e

    uniformizando o pensamento de todas as classes.” (Chauí, 2003, pg176)

    Mas onde entra a música nesse debate? Ela se insere no sentido de reforçar os

    dogmas religiosos, pois, a musica garante a portabilidade dos símbolos religiosos que o fiel

    não pode tirar da igreja e levar para a casa dele, mas que, cantando, pode sempre lembrar

    do que lhe é sagrado. (HERBETTA 2011)

    Principalmente nos dias atuais, onde existe uma indústria cultural bastante

    efervescente e que fazem as pessoas consumir a religião como um produto, como algo,

    inclusive, que lhe fornece um lastro social. Como base podemos pegar a Igreja Bola de

    Neve, que tem um trabalho no rádio falando sobre futebol de maneira “sátira” ou melhor

    “engraçada”, da qual os ouvintes podem participar por meio de mensagens pelo celular,

    comunidades do Orkut e MSN. (FILHO 2010)

    Alem disso diversas igrejas em especial as neopentecostais, utilizam de meios

    midiáticos, como TV e Rádio, como principal meio de difusão e propagação do evangelho

    e das crenças fundamentais de suas denominações, com intuído de chamarem a atenção do

    espectador e a aderência deste ao movimento. (MARIANO 1996)

  • 14

    A indústria cultural

    Com a explicação de Adorno (2002), abaixo, sobre indústria cultural, isso fica mais

    claro:

    “A unidade sem preconceitos da indústria cultural atesta a unidade em

    formação da política. Distinções enfáticas, como entre filmes de classe A e B,

    ou entre histórias em revistas de diferentes preços, não são tão fundadas na

    realidade, quanto, antes, servem para classificar e organizar os consumidores

    a fim de padronizá-los. Para todos alguma coisa é prevista, a fim de que

    nenhum possa escapar; as diferenças vêm cunhadas e difundidas

    artificialmente. O fato de oferecer ao público uma hierarquia de qualidades

    em série serve somente à quantificação mais completa, cada um deve se

    comportar, por assim dizer, espontaneamente, segundo o seu nível,

    determinado a priori por índices estatísticos, e dirigir-se à categoria de produtos de massa que foi preparada para o seu tipo”.(ADORNO, 2002, Pg7)

    Assim, a partir de uma indústria cultural pujante, acaba acontecendo uma

    “coisificação” não só dos símbolos sagrados, mas também de todas as esferas da vida.

    Porém, ao que nos interessa, é por conta dessa situação que, inclusive, musicas que até

    então soavam como algo “satânico”, passam a completar o cardápio daquilo que é tido

    como sagrado, pois o importante é, na verdade, consumir coisas boas para o corpo e para a

    alma.

    Juntamente com toda a industria de consumo que se faz presente, movimentos

    evangélicos, principalmente neopentecostais, por não se darem mais com a ideia que se

    tinha e que por muito tempo já se era formada, onde os cristãos principalmente

    pentecostais eram pessoas humildes de classe baixa e que não adeririam a bens materiais,

    da forma como o sistema e a sociedade pregavam. Este movimento vem com principal

    foco que o cristão sendo um verdadeiro filho de Deus, para mostrar isso ao “mundo”,

    deveria ter muitos bens e ser próspero em tudo quanto fizera em especial financeiramente,

    como também sendo saudável e “bom” em tudo ante a sociedade. (MARIANO 1996)

    Tal movimento já com o objetivo consumista e puramente capitalista, também com

    intuito de alcançar massas vieram com ideais que nos escritos de Mariano (1996) são:

  • 15

    “(1) pregar e difundir a Teologia da Prosperidade, defensora do polêmico e

    desvirtuado adágio franciscano "é dando que se recebe" e da crença nada

    franciscana de que o cristão está destinado a ser próspero materialmente,

    saudável, feliz e vitorioso em todos os seus empreendimentos terrenos; (2)

    enfatizar a guerra espiritual contra o Diabo, seu séquito de anjos decaídos e

    seus representantes na terra, identificados com as outras religiões e sobretudo

    com os cultos afro-brasileiros; (3) não adotar os tradicionais e estereotipados

    usos e costumes de santidade, que até há pouco figuravam como símbolos de

    conversão e pertencimento ao pentecostalismo”. (MARIANO, 1996, pg26)

    Assim com a forte demanda do “mercado”, difusão em massa de tal teologia, serviu

    e muito para este movimento que dentro de duas décadas arrebatou multidões com suas

    inovações dentro do cenário evangélico pentecostal. Tais mudanças acarretaram em

    aceitações e adequações de ritmos musicais dentro das igrejas das quais visavam, a

    aproximação de jovens de todas as tribos da sociedade para fazerem parte da igreja, não

    precisando assim mudarem seus “estilos”, mas somente aceitarem a ideia de salvação que

    se passa. (MARIANO,1996)

  • 16

    Capítulo 2 - Descrição do movimento Black Metal e Unblack.

    Ideias e identificação ideológica do Black Metal

    Antes de abordarmos o movimento “Unblack”, que nos propomos a pesquisar,

    descreverei um pouco a sua base inspiradora, que é o movimento “Black Metal”.

    O “Black Metal” é uma das vertentes do Rock Metal e se desenvolve a partir de

    1981, com a banda inglesa “Vênom”. Desde então, varias bandas vieram surgindo e

    ocupando esse cenário musical. Coloca-se que a essa banda da primeira geração do estilo,

    somam-se os grupos Hellhammer, Celtic Frost e Bathory: todos os grupos tem como

    principal foco a propagação de ideias anticristãs, autenticidade do satanismo ou

    luciferianismo, ocultismo e paganismo.4 A letra abaixo, o primeiro hino do “Black Metal”,

    demonstra o que foi dito:

    Black Metal (Vênom – 1982)

    Negra é a noite, metal nós lutamos

    Amplificadores a ponto de explodir

    Gritos enérgicos, magia e sonhos

    Satan grava a primeira nota

    Nós tocamos o sino, caos e inferno Metal puro para os maníacos

    Aço em fusão, sorte nas roletas

    Hemorragia cerebral é a cura

    Para o Black Metal! (...)5

    O movimento tem seu estilo não só em relação às letras, mas também, suas

    vestimentas possuem traços característicos. Geralmente, as roupas utilizadas pelos

    seguidores do “Black Metal”, possuem uma “linguagem” voltada para a guerra, com

    coturnos, cintos porta-balas e braceletes que lembram esses motivos, além de maquiagens

    próprias para demonstrar o que acreditam. (Ian, 2010).

    A figura abaixo6 pode exemplificar meus escritos.

    4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Black_metal acesso em 05\05\2012 5 Este excerto foi retirado de www.letrasterra.com.br/venom. Acesso em 15/05/2012

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Black_metalhttp://www.letrasterra.com.br/venom

  • 17

    Figura 1 – Estereotipo do adepto ao estilo “Black Metal”

    Em termos sonoros, o “Black Metal” incorpora guitarras distorcidas, com passagens

    rápidas de acorde, vocais rasgados com a intenção de demonstrar violência, ódio e

    radicalismo. (Ian 2010)7

    Por tais letras, figuras e musica, já conseguimos ter ideia da dimensão do

    radicalismo que está empregado em tal movimento. Para complementar, segue uma citação

    do vocalista e líder da banda norueguesa “Mayhem”, Euronymous, banda esta já da

    segunda geração8 do movimento, que é ainda mais radical:

    "Há muitas bandas por aí. As pessoas não entendem que se você realmente gosta de Black Metal, então você deveria ter um motivo para tudo o que faz. Nós não

    tocamos por divertimento, tocamos porque sabemos que nossa música é forte o

    bastante para permitir que manipulemos pesadamente. Tantas pessoas estão me

    escrevendo, dizendo que querem começar uma banda de Black Metal e pedindo

    conselhos. Eu sempre digo: 'Não façam isso'. Eu lhes digo que não precisamos

    de mais bandas, precisamos de terroristas..."9

    Nesta segunda “geração” as letras tem suas influencias no satanismo, muitas se

    baseiam em contos de guerra, versos de ódio, revolta e violência, boa parte com sua

    6 http://abibliadorock.blogspot.com.br/2010/11/estereotipos-black-metal-vs-hip-hop.html Acesso em

    17\05\2012 7 Acessando o link http://www.youtube.com/watch?v=oYtVb48fvY07 pode-se ouvir a música “Black Metal”, da banda precursora “Vênom” e assim ter uma ideia do estilo que tento apontar com as palavras acima. 8 Outras bandas da segunda geração: Dark Throne, Marduk, Burzum, Samael e Rotting Christ. 9 Euronymous – 1993, in http://www.evilhorderec.com/aobscuraarte/obscuraarte_principal.htm

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Vocal_rasgadohttp://abibliadorock.blogspot.com.br/2010/11/estereotipos-black-metal-vs-hip-hop.htmlhttp://www.evilhorderec.com/aobscuraarte/obscuraarte_principal.htm

  • 18

    ideologia voltada para propagação de crenças a deuses nórdicos, a intenção disso era tirar

    todo movimento e crença que não fossem escandinavas da Noruega, ou seja, para o povo

    Europeu (em especial Norueguês), deixar as crenças judaico cristas e outras que

    influenciavam naquela sociedade e se voltar a suas origens nórdicas.

    Para fechar as citações, compartilho mais uma letra da banda Sueca “Marduk”,

    banda também da segunda geração do estilo:

    Morte ao nazareno (Marduk – 1990) - Traduzido

    (...) Diante de satan, em teus joelhos

    Mate a escória da terra - filho de uma prostituta de um infiel nascimento

    Tu estás morto

    Mate a escória da terra - sua cruz não possui valor algum

    Teus ensinamentos estão mortos

    Mate a escória da terra - rasgado separadamente com um sádico desejo

    Seu deus está morto

    Mate a escória da terra, mate a escória da terra

    Morto, morto, morto!

    Humilhado como nenhum outro

    Buscai paciência ao tórax fraco do teu pai

    I.n.r.i. Crucificado tu morrerás

    Escarnecido e cuspido

    Rato insignificante

    Mate o nazareno - diante dos olhos cristãos supremos

    Tu morrerás

    Mate o nazareno - seu poder é tão-somente um sonho

    Tu irás morrer

    Mate o nazareno - torturado tu gritarás

    Tu precisas morrer

    Mate o nazareno, mate o nazareno

    Morra, morra! Mate o nazareno 10

    Toda essa simbologia tem em si a demonstração ideológica do movimento,

    simbolizando guerra a tudo o que se chama sagrado, principalmente cristão.

    No Brasil que é onde realizarei o estudo de caso a banda que adotou fortemente e

    podemos dizer precursora do estilo musical foi o “Sarcófago”, formada em meados de

    1985, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Já trazia consigo toda a influência e radicalismo

    10FONTE:http://letras.terra.com.br/marduk/. Acesso em 10/05/2012,

    http://www.youtube.com/watch?v=J36yoh2N2D0 aqui pode-se escutar a musica “Slay the Nazarene”

    Marduk.

    http://letras.terra.com.br/marduk/http://www.youtube.com/watch?v=J36yoh2N2D0

  • 19

    incorporado no movimento, seu primeiro trabalho intitulado “I.N.R.I.”, já demonstrava a

    sua manifestação radical e suas ideologias prevalecentes, junto à primeira geração do

    estilo11

    .

    Neste período também já estava em cena à banda Sepultura que tinha entre suas

    ramificações tendências no Death Metal, o integrante Wagner, que pertencia ao Sepultura,

    antes mesmo de a banda se chamar como tal, saiu da mesma por desentendimento com os

    integrantes, indo participar então da banda Sarcófago. Daí, após seu primeiro trabalho com

    grande repercussão, muitas outras bandas se influenciaram, seguindo suas tendências.

    Sendo uma delas a Banda de Curitiba “Muder Rape” formada em 1992, que em

    uma de suas apresentações como parte de show, Sergio Mazul colunista da pagina EVIL

    HORDE, coloca:

    “As tradicionais estacas com cabeças de porco fincadas de cada lado do palco,

    adornadas com coroas de cristo, sangue e hóstia já preparavam a todos para o espetáculo profano que se seguiria. Após a introdução, uma verdadeira

    invocação satânica, o estreante vocalista Sadistic Punisher profere palavras de

    devoção ao sangue e bebe uma boa quantia real deste liquido, derramando em cima de si todo o restante não ingerido; tudo isto antecedeu a clássica "...And

    Evil Returns" (do álbum homônimo) que entre riffs cortantes do guitarrista

    Maleventum e vocais fortíssimos do novo frontman Sadistic Punisher,

    impressionou a plateia presente... além de tudo, 666 hóstias e muito mais sangue

    de boi foram lançados aos presentes, que receberam muito bem as blasfêmias ao

    vivo.”12

    E também, a citação de outra banda brasileira, “Triump” de Taboão da Serra, São

    Paulo, a frase do líder: “Nosso ódio e revolta ao cristianismo em toda sua forma de

    expressão e sentimento”.13

    Assim, fica claro que as bandas nacionais também defendem o mesmo estilo e

    ideologia adotado por bandas Europeias, na origem do Black Metal.

    11 http://www.cogumelo.com/bandas.php?centro_bandas&centro_bandas=788 e também em

    http://whiplash.net/materias/arquivovalhalla/074818-sarcofago.html acesso em 20\01\2013 12 http://www.evilhorderec.com/portugues/index_port.htm 13 http://www.evilhorderec.com/aobscuraarte/obscuraarte_principal.htm

    http://www.cogumelo.com/bandas.php?centro_bandas&centro_bandas=788http://whiplash.net/materias/arquivovalhalla/074818-sarcofago.htmlhttp://www.evilhorderec.com/portugues/index_port.htmhttp://www.evilhorderec.com/aobscuraarte/obscuraarte_principal.htm

  • 20

    Além de tudo que já foi citado, um ponto importante deste movimento são os

    símbolos usados, como pentagrama (estrela de cinco pontas), o 666 (que biblicamente

    condiz ao número da besta) e a cruz invertida (que representa uma profanação do Cristo).

    Estes são os símbolos mais utilizados por este movimento, porém, existem outros que não

    são tão representativos quanto estes postos em questão.14

    Logo após, por meados de 1995, surge o que foi classificado como terceira geração

    no meio Black metal, mas em muito ainda se impõe as ideologias prevalecentes de seus

    fundadores do gênero, porem com ideais vampirescos, mitológicos, místicos, sociais e

    políticos, tornam-se também linhas fortes dentro do gênero. Vale ressaltar que

    politicamente, as músicas passam a fazer apologia ao nazismo\fascismo15

    .

    Surgimento do Unblack Metal

    Ainda nesta chamada segunda geração (do movimento secular), surge uma das

    primeiras bandas que seria conhecida mais tarde por ser associada com “Unblack Metal”

    ou “Metal Cristão” que foi o grupo Norueguês "Crush Evil", mais tarde “Antestor”. “Crush

    Evil” apareceu na cena Norueguesa durante o tempo em que o radicalismo anti-cristão

    imperava e igrejas eram queimadas constantemente. (Ian 2010)

    “Antestor” tocou um estilo de metal que eles classificaram como "Sorrow Metal",

    onde mais tarde passaram a ser classificados como “Black Metal cristão”. Dai se propagou

    fortemente o movimento e vieram diversas bandas que se inspiraram com a ideologia do

    “Antestor”, da qual tem por base o Cristianismo Protestante. 16

    14 http://www.verdadena.no.comunidades.net/index.php?pagina=1740062204 acesso em 20\03\12 15 http://www.flogao.com.br/helveter/99263928 acesso em 15\05\2012 16 http://sanguearterial.blogspot.com.br/2007/07/antestor.html acesso em 15\05\2012

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Antestorhttp://www.verdadena.no.comunidades.net/index.php?pagina=1740062204http://www.flogao.com.br/helveter/99263928http://sanguearterial.blogspot.com.br/2007/07/antestor.html

  • 21

    Assim como exemplo uma letra de musica da banda Antestor, intitulada, Jesus

    Saves17

    , traduzido Jesus Salva:

    Jesus Salva

    Uma besta se levantou do mar

    E começou a blasfemar

    Tome cuidado, Satanás já começou

    Ele nunca deixará você ir

    Jesus pode ajudar, ELE venceu

    ELE é o Messias

    NELE você deve acreditar

    Não deixe Satanás tratá-lo como amigo

    Satã veio roubar sua alma

    Jesus pode te salvar se você quiser

    Cabe a você fazer a escolha

    Entregue sua vida a JESUS CRISTO

    Podemos ver que no meio secular houve diversos momentos onde se começou a

    mudar, digamos, a ideologia prevalecente, passando pelo anticristianismo, paganismo,

    ocultismo, fascismo, mitológico, vampiresco e políticos, no entanto o metal cristão não

    passou por essa transformação ideológica, ou seja, começou por uma vertente defensora da

    cristandade e assim continua até os dias de hoje. (PINTO 2007)

    Apresento uma musica da banda Australiana “Horde”, que mais influenciou o

    Unblack internacional e, inclusive, servirá de inspiração para o Metal cristão brasileiro:

    Inverta a Cruz Invertida (Invert The Inverted Cross) – Traduzido 18

    (...) Mas a verdade é revelada para os escolhidos

    Cristo arrombou os portais do inferno

    Para tomar as chaves dele

    Agora as chaves da morte e do hades

    Pertencem ao único que é eterno

    O inferno espera as forças demoníacas Que procuram perverter a cruz

    Queimando a destruição com fogo infernal

    É o lugar de sua última batalha

    Então

    17 http://letras.mus.br/antestor/165659/traducao.html acesso em 03\04\2013

    18 FONTE: http://letras.terra.com.br/Horde/

    http://letras.mus.br/antestor/165659/traducao.htmlhttp://letras.terra.com.br/Horde/

  • 22

    O que resta a ser dito

    Inverta a cruz invertida (...)

    Um ponto a se explicar é que no “Black Metal” as ramificações são somente

    expressões do movimento ou entretenimento musical e que o metal cristão saiu de uma

    destas ramificações. Com isso, a ideia de uma indústria de cultura fica ainda mais presente.

    Principalmente no Brasil, em que o chamado “boom” das Igrejas Evangélicas acontece19

    no mesmo momento em que o “Unblack” surge em nosso território.20

    Assim, torna-se bastante justificável, de meu ponto de vista, o fato desses grupos

    surgirem afirmando uma identificação própria e particular, a partir do meio cristão

    protestante. Pois, acima de tudo, é um mercado e se explorar. Veremos mais adiante que a

    própria ideologia é igual, que seria a de combater algo.

    Desenvolvimento da tendência Unblack no Brasil e do Movimento Metal Cristão

    Todo o movimento do Metal Cristão Brasileiro tem sua iniciação dentro da Igreja

    Renascer em Cristo, nos idos de 1990, num núcleo (ou ministério) conhecido como CMF

    (Christian Metal Force) que tem como líder e fundador Claudio Tibério. Tibério, através

    desse trabalho, foi abrindo as portas para grupos que, de certa forma, gostavam do estilo

    musical “Black Metal” e Metal no geral, mas que, por convicção religiosa, não gostavam

    da mensagem de suas letras. Em termos de grupo musical, o primeiro a alcançar um

    relativo sucesso foi a banda “Poems of Shadows”21

    , que, inclusive, teve forte influencia da

    banda “Horde”, do UnBlack metal. (PINTO 2007)

    19http://www.icp.com.br/64materia1.asp e tambem http://www.cacp.org.br/midia/artigo.aspx?lng=PT-

    BR&article=1130&menu=16&submenu=5 demonstram o crescimento espantoso de evangélicos no Brasil.

    Acesso em 05\05\12. 20 http://pt.wikipedia.org/wiki/Unblack_metal acesso em 10\05\2012 21 Cerimonial Sacred, Ira Divina, Soterion e Darkaliel; são bandas nacionais que seguem a mesma tendência

    do Poems of Shadows.

    http://www.icp.com.br/64materia1.asphttp://www.cacp.org.br/midia/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1130&menu=16&submenu=5http://www.cacp.org.br/midia/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1130&menu=16&submenu=5

  • 23

    Como consequência dessa banda pioneira e diante dessa nova possibilidade,

    surgiram várias bandas e, entre elas, uma das principais bandas representantes deste

    movimento no Brasil, que é o grupo “Antidemon”, liderado por Carlos Batista, pastor do

    ministério Crash Church Underground Ministry (CCUM), fundado em 2006 nos gramados

    do parque do Ibirapuera, em São Paulo. Porem antes deste ministério, Batista havia

    fundado na Barra Funda em São Paulo o ministério chamado Zadoque, que acabou sendo

    extinto devido “perder o controle”, deste grupo do qual começou a misturar o movimento

    evangélico com o não evangélico. E isto foi um fator principal para Batista fundar um novo

    movimento sem a mistura secular (não evangélica), da qual esta foi a “Crash Church

    Underground Ministry”. (PINTO 2007)

    Para melhor esclarecimento, a banda “Antidemom” tem suas raízes no chamado

    Death Metal e não no UnBlack metal, mas como já citado, a banda Pioneira foi o grupo

    “Poems of Shadows”, que anteriormente também foi conhecida como “Promessa Divina”.

    Existem também diversos ministérios desse gênero no Brasil, citando alguns,

    temos: Caverna de Adulão (Belo Horizonte), Manifesto Underground (Uberlândia),

    Ministério Metanóia (Niterói), Ministério Milícia (Vila Velha), Ministério Underground

    Ossos Secos (Florianópolis), Missão Urbana Ossos Secos (João Pessoa), Caverna do

    Rock Missões Urbanas (Juiz de Fora), Comunidade Alternativa Restaurar (São Gonçalo),

    Verbo Missões Urbanas (Macaé), Ministério Impacto Urbano (governador Valadares),

    Jocum Underground (Goiânia). (CARDOSO 2009)

    Engana-se quem acredita que por serem ministérios do rock evangélico, todos esses

    são iguais e trabalham seu público da mesma maneira. Alguns destes núcleos, como por

    exemplo o Ministério Metanóia de Niterói, Rio de Janeiro, possui uma forma de trabalhar

    que é diferente do Ministério Crash Church de São Paulo, capital: do qual o Ministério

  • 24

    Metanóia abre espaço para bandas não cristãs tocarem em suas “igrejas” ou “espaços de

    encontro”, deixar que membros não-cristãos participem dos eventos, deixar subir ao palco

    pessoas com camisetas seculares, usar o palco para divulgação de assuntos cristãos ou não,

    dentre outros. Por outro lado, o Ministério Crash Church não permite nada disso, não

    aceitando que pessoas que não façam parte do “Underground Cristão” participem do

    movimento, ou melhor, propaguem seus ideais em eventos de Metal Cristão, do qual é por

    eles patrocinados ou organizados. (CARDOSO 2010)

    Gostaria de chamar a atenção para o fato de que, mesmo sendo um movimento

    cristão, cuja doutrina prega a igualdade entre as pessoas, existe ai um traço muito parecido

    com o que prega o metal secular: radicalismo e preconceito, ou não aceitação. Assim,

    aponto algo importante para minha discussão, no sentido de demonstrar que esse

    movimento, na verdade, traz em seus atos convicções tão seculares quanto os dos grupos

    de metal tradicional.

    Podemos colocar também que pelo fato de existir credibilidade dentro da

    mensagem que é repassada por alguém que tem fama, como é o caso das bandas, gera-se,

    como apontamos em CHAUÍ (2003) um discurso competente, o qual prega certo

    radicalismo e preconceito contra àqueles que não pertencem ao meio evangélico. E isso é

    sentido em nossa sociedade, pois, as vezes, ao acusar alguém de algo errado, se uma das

    pessoa é evangélica, ela acaba ganhando a possibilidade de deixar de ser acusada.

    A ideologia existente na mensagem também é a mesma entre os metaleiros

    seculares e cristãos: a de combater aquilo que é errado. O que muda é apenas o inimigo,

    mas o inimigo existe. Assim, posso afirmar aqui, mais uma parte de minha hipótese, que

    coloca que a mensagem que se persegue dentro do Metal Cristão brasileiro, não é diferente

    do metal secular, mas sim, é apenas, uma mudança de inimigo. Vale também colocar como

  • 25

    ponto, a questão onde o Movimento Underground Cristão, combate fortemente bandas das

    quais se dizem cristãs, mas não agem como tal, assim então são conhecidas como “Falsas”

    ou “desertoras”, por desistir ou fingir ser de tal movimento22

    .

    Continuando, no sentido de continuar demonstrando minha hipótese, o Unblack

    nacional tem as mesmas características do Black nacional e internacional e Unblack

    internacional: da mesma forma que o “Black Metal” usa de ideologias de guerra para

    descrever suas ideias, no meio cristão o Unblack assim faz: suas letras se baseiam em

    contos de batalhas espirituais, passagens bíblicas especialmente do livro de apocalipse (que

    retrata um julgamento vindouro – que Deus virá a terra para destruir Satanás); a morte e

    ressurreição de Cristo e triunfo dele na cruz. Abaixo, duas letras para retratar o que afirmo:

    As letras são da banda Poems of Shadows, atual Devotam23

    :

    Coloque a armadura toda (Poems of Shadows)24

    - Traduzido

    Vista a armadura inteira

    As palavras de Deus - nossa espada

    A fé - nossa proteção

    Em pessoas de Deus

    Verdade é revelada

    Também podemos verificar nesta letra do grupo Devotam:

    Para sempre guerreiros da luz (Devotam)25

    - Traduzido Estou cansado já não tenho mais forças,

    Dia após dia nado contra a correnteza.

    Em todo tempo meus inimigos me cercam desejando o meu fim.

    Anseiam para que eu não seja eterno.

    Acuado no meio de tantas batalhas,

    Me entristece ver tantos guerreiros traidores. Dividindo o mesmo exército, o exército do reino da luz do Rei Poderoso.

    E o meu corpo surrado por tantos confrontos se banha de sangue.

    Em meu rosto o pó e o suor se misturam com as lagrimas.

    Lagrimas que não são sinais de fraquezas.

    Mas representam o suor de uma alma que anseia pela glória.

    Um forte vento vem sobre meu rosto, trazendo consigo grande pó.

    Mas me carrega um som, que me lembra o som de pregos sendo cravados na madeira.

    O meu interior se estremece, pois

    me lembro de meu Pai, meu Rei.

    22 Pesquisa de campo: em geral citação do discurso de integrante da banda Over Death, São Paulo (2012). 23 Essas duas bandas são praticamente a mesma. A diferença está que na última banda citada, existiu a

    mudança de um dos membros do qual foi o baixista. 24 FONTE: http://letras.terra.com.br/poems of shadows/ 25 FONTE: http://letras.terra.com.br/devotan/

    http://letras.terra.com.br/poems%20of%20shadows/http://letras.terra.com.br/Horde/

  • 26

    Chega de auto-piedade, de se lamentar.

    É hora de se levantar, minha espada deseja ser banhada de sangue.

    Pois é hora de mais uma conquista em nome do Senhor Jesus!

    Com base nestas letras acima, se comparadas com as inseridas anteriormente,

    podemos ver que o que descrevi acima não está errado. Além do fato de ainda ficar mais

    claro que existe uma mesma estrutura de ideia nas letras do “Black” quanto no “Unblack

    Metal”. Ou seja, a linguagem de guerra e ódio à oposição, a violência contra o inimigo e o

    “desejo de vingança”.

    Estas roupagens também nos levam a perceber que tanto o meio secular quanto o

    meio evangélico, se portam como se estivessem em constante guerra contra o “mal” (seja

    ele de qual lado for), suas linguagens e expressões nos levam a tais afirmações, pois vivem

    como se a guerra do “apocalipse” já estivessem acontecendo e para ter uma “glorificação”

    devessem agir e demonstrar tais ideais. Em relação às imagens, se observarmos os

    logotipos das bandas, bem como a veste de seus integrantes, símbolos, veremos as mesmas

    aparências entre o Metal Secular e o Metal Cristão. Como exemplo:

    (Poems Of Shadows)26 (Marduk)27

    26 Imagem: http://metalbless.blogspot.com.br/2009/10/poems-of-shadows-unblack-metal.html acesso em

    22\05\12 27 Imagem: http://www.metalinjection.net/black-metal-history-month/essential-black-metal-listening-

    marduks-panzer-division-marduk acesso em 22\05\12.

    http://metalbless.blogspot.com.br/2009/10/poems-of-shadows-unblack-metal.htmlhttp://www.metalinjection.net/black-metal-history-month/essential-black-metal-listening-marduks-panzer-division-mardukhttp://www.metalinjection.net/black-metal-history-month/essential-black-metal-listening-marduks-panzer-division-marduk

  • 27

    Como colocado, o visual de ambas as vertentes são similares, cabelos compridos,

    que já é uma tendência de todo o Rock e Metal, tatuagens, como forma de expressão

    corporal e ideológica, simbolismo de guerra e tudo já mencionado acima, logo, todo

    movimento tem e mantém-se nestas características visuais.

    Bourdieu (2011) coloca:

    “O poder simbólico é um poder de construção da realidade que tende a

    estabelecer uma ordem gnoseológica: o sentido imediato do mundo (e, em

    particular, do mundo social).

    Os símbolos são os instrumentos por excelência da ―integração social:

    enquanto instrumentos de conhecimento e de comunicação..., eles tornam

    possível o consensus acerca do sentido do mundo social que contribui

    fundamentalmente para a reprodução da ordem social: a integração lógica é a

    condição da integração moral”. (BOURDIEU, 2011, Pg9)

    .

    Sendo este mundo social um “início apocalíptico”, no ver social e vivencial destes

    grupos em específico, que propagam suas crenças de forma imediata de guerra e não

    vindoura, no caso “O apocalipse é agora, e temos que mostrar em que lado estamos”.

    Considerações Finais

    Vimos ate aqui que nada se difere muito do meio secular e o meio cristão no que

    diz respeito à aparência, como cabelo, roupas modo de se vestir, tipo de linguagem

    simbólica etc. ate mesmo no que diz respeito a ideologias musicas em sentido de

    linguagem e não de “ideologias” em específicos como “crenças”.

    Entendemos através da pesquisa que o cenário Unblack metal é um movimento que

    se compromete com sua ideologia e crença, mas ao mesmo tempo que procura se mostrar

    diferente quanto a modos, acaba se contradizendo em parte, no que diz respeito aos que

    estão de fora, pois ao olharmos ambos movimentos sem saber a fundo o que de fato cada

    um trata, teremos a visão de que são a mesma coisa.

  • 28

    Neste sentido para se ter uma forte diferença seria preciso talvez uma maior

    divulgação e identificação de tal movimento, talvez teologicamente, mudando mais, como

    já se está mudando a visão cristã num sentido tradicional da coisa. O movimento cresce a

    cada dia e principalmente jovens se adaptam e aderem a tais mudanças neste meio, fazendo

    que o meio cristão protestante em especial neopentecostal acabe se inchando com estas

    tendências que se associam ao grupo evangélico.

    O meio evangélico tem passado por diversas associações e adaptações musicais das

    quais podemos citar o Rap, Pop, Reggae, Samba, Forró entre outras, da qual o Metal é uma

    delas, e certamente logo será mais um movimento dentro do cenário evangélico com forte

    repercussão e será admitido como “normal” por estes grupos evangélicos, que com a ajuda

    da industria e dos meios midiáticos vão se adequando e mudando suas visões de mundo

    para melhor se adaptarem a sociedade que os rodeia.

  • 29

    Referencias:

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    2002

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    BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. 15º edição, Rio de Janeiro, Ed. Bertrand Brasil,

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    CARDOSO, Diogo da Silva. O rock e o metal a serviço de Deus: o “lugar” e os territórios

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    Cristão e Evangélico no Brasil. Revista Brasileira de História das Religiões – ANPUH

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  • 30

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