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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
DANNIEL FERREIRA VILELA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CÁLCIO E FÓSFORO NA NUTRIÇÃO DE BOVINOS
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, apresentado como exigência parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr. Reginaldo Nassar Ferreira
GOIÂNIA 2013
DEDICO,
A minha mãe Maraisa Franco Ferreira e ao meu pai Antônio César Vilela por
terem sempre apostado em mim nesta carreira.
Também dedico a minha esposa Nancy Naara Santos Silva e nossa filha
Nanda Santos Vilela, nascida no dia 12 de junho deste ano, 2013, a qual mudou
todo o sentido da minha vida, dando a ela um verdadeiro rumo a ela..
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pai e minha querida mãe Virgem Maria. Aos
meus pais, aos amigos, e todos que me apoiaram nessa jornada. Aos professores
que me deram oportunidades na faculdade, ao professor Henrique Strighini,
professora Eliane Miyagi, e, professor Reginaldo Nassar que se dispôs a me orientar
neste trabalho de conclusão de curso. Aos amigos Hugo Peron, que me apresentou
à Suplemento Nutrição Animal para estagiar e acompanhar o trabalho da empresa.
Agradeço ao Julliano Augusto de Oliveira que continuou me apoiando e acreditando
em mim como profissional para estar ao seu lado no funcionamento e crescimento
da empresa.
Finalmente agradecer aos professores da Bbanca, Professor Victor Rezende,
Professora Eliane Miyagi e Professor Reginaldo Nassar, que tiveram total
participação na minha formação acadêmica. Tenho honra de tê-los como
avaliadores do meu trabalho de conclusão de curso.
iv
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 6
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................... 8
2.1 Cálcio ......................................................................................................................................... 9
2.1.1 Ossos e dentes ............................................................................................................... 10
2.1.2 Leite .................................................................................................................................. 10
2.1.3 Contração muscular ....................................................................................................... 11
2.1.4 Coagulação Sanguínea ................................................................................................. 12
2.2 Fósforo .................................................................................................................................... 14
2.2.1 Reprodução ..................................................................................................................... 14
2.2.2 ATP e Energia ................................................................................................................. 15
3 EXIGÊNCIAS .............................................................................................................................. 16
3.1 Exigências para mantença ............................................................................................. 18
3.1.1 Cálcio ............................................................................................................................ 19
3.1.2 Fósforo ......................................................................................................................... 20
3.2 Exigências para ganho ................................................................................................... 20
4 ABSORÇÃO ............................................................................................................................... 22
5 FONTES ....................................................................................................................................... 23
5.1 Cálcio ................................................................................................................................... 23
5.2 Fósforo ................................................................................................................................ 23
6. ESTUDO DE CASO ...................................................................................................................... 25
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 29
Formatado: Fonte: 14 pt
Formatado: Fonte: Não Negrito
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Exigências líquidas de cálcio para ganho de peso de animais
Nelore puros e cruzados em diferentes pesos corporais e taxas de
ganho de peso.....................................................................................
21
Tabela 2 - Exigências líquidas de fósforo para ganho de peso de animais
Nelore puros e cruzados em diferentes pesos corporais e taxas de
ganho de peso ....................................................................................
21
Tabela 3 - Exigências líquidas diárias de cálcio e fósforo para ganho de um
quilograma de peso corporal de vacas Nelore lactantes (g/dia).......
22
Tabela 4 - Exigências líquidas diárias de cálcio e fósforo para ganho de peso
corporal de bezerros Nelore Lactantes (g/dia) .................................
22
Tabela 5 - Valores de coeficiente de absorção de cálcio e fósforo observados
na literatura .......................................................................................
23
Tabela 6 - Ingestão, fluxo fecal e absorção aparente total de fósforo, e
ingestão diária de flúor........................................................................
24
Tabela 7 - Níveis de garantia de cálcio e fósforo em diferentes fontes e suas
biodisponibilidades.............................................................................
25
Tabela 8 - Ingredientes como fonte de cálcio e fósforo para nutrição animal
disponível no mercado de Goiânia –GO ............................................
26
Formatado: Fonte: 14 pt
6
1 INTRODUÇÃO
O reconhecimento da importância da nutrição animal se estende desde o
século XVIII. O ramo da nutrição animal apresenta em termos práticos um vasto
campo de ação, desde fazendas que aplicam altas tecnologias à condições em que
nem há cochos nas pastagens (HADDAD E ALVES, 2006).
A grande maioria do rebanho de gado de corte nacional é criado de forma
extensiva necessitando ser suplementado. Dentre as grandes carências destes
animais se destacam a suplementação mineral e proteica (ASBRAM, 2003).
Em algumas condições a complementação de dietas de bovinos por meio de
minerais nem sempre é necessária. Há situações que a dieta fornecida é suficiente,
e em outras condições como em pastagens tropicais, raramente se encontra
cenários onde a mineralização é indispensável (BALSALOBRE e RAMALHO, 2010).
?????? tá certo?
Em várias partes do mundo os animais de produção não consomem dietas
minerais que atendam as suas exigências. Os alimentos disponibilizados podem ser
ricos ou pobres em determinados elementos, frequentemente pobres, ou podem
ocorrer desequilíbrios entre eles (TOKARNIA, DÖBEREINER e PEIXOTO, 2000).
Em regime de pasto o método mais indicado e o mais utilizado para
suplementar minerais é a administração dos elementos deficientes com o sal
comum, deixando em cochos à vontade, com a função de estimular ou limitar a
quantidade de elementos que serão ingeridos pelo animal.
Baruselli (2005), após observar a produção de bovinos e consumo de fosfato
bicálcico, estima que somente 38% do rebanho brasileiro recebem suplementação
mineral devidamente balanceada. Para propor uma suplementação animal é
necessário conhecer a concentração dos minerais contidos na dieta do animal, por
exemplo nas pastagens, quanto estão sob um sistema de produção (BALSALOBRE
e RAMALHO, 2010).
As exigências minerais são dadas de acordo com o estado fisiológico do
animal. As exigências são definidas segundo as atividades fisiológicas, mantença,
ganho de peso, produção de leite, reprodução e perdas endógenas, fecais e
urinárias (BALSALOBRE e RAMALHO, 2010).
7
Depois do ferro, alumínio silício e oxigênio, o cálcio é o quinto elemento mais
abundante da biosfera, podendo ser encontrado tanto na forma sólida, como na
forma líquida. Na natureza é parte constituinte de matérias como calcário, mármore,
coral, pérolas, conchas marinhas, casca de ovos, chifres e ossos (SHILS, 2009,
p.211).
Cálcio é o mineral mais abundante no corpo, 2% do peso vivo da quantidade
total de cálcio encontrada no corpo do animal, 98% deste está nos ossos e dentes, e
os outros 2% estão distribuídos nos fluidos extracelulares e tecidos moles. O cálcio
além de parte fundamental dos ossos, também é parte indispensável nos impulsos
nervosos, na regularização dos batimentos cardíacos, nas contrações musculares,
na coagulação sanguínea e na ativação e estabilização de enzimas (LUCCI, 1997,
p.93).
Após o cálcio, o fósforo é o mineral mais abundante no corpo, fazendo parte
do DNA E RNA, sendo então necessário para todos os tipos de crescimento
(WHITNEY E ROLFES, 2008). O fósforo é um elemento criticamente relevante em
cada célula corporal e está presente na forma de hidroxiapatita nos ossos. As
membranas plasmáticas necessitam do fósforo como componente dos fosfolipídios,
sendo o papel principal na produção e armazenamento de energia no corpo, nas
formas de trifosfato de adenosina, creatina fosfato e outros compostos fosforilados.
É componente chave em praticamente todas as enzimas, mensageiros celulares e
combustíveis de carboidratos, é indispensável na ativação de hormônios, vital na
regulação ácido base, servindo como um dos tampões mais significativos na
superfície óssea e também na regulação renal do balanço de prótons (SHILS, 2009,
p.230).
Da mesma forma, o potássio é o cátion mais concentrado nas células e o
fosfato corresponde ao ânion mais abundante. Cerca de 5 a 10% do fósforo estão
ligados à proteína, 80% encontra-se contidos nos ossos e 9% está nos músculos
esqueléticos (SHILS, 2009, p.229).
8
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os minerais desempenham três funções essenciais ao organismo animal,
primeiro na composição dos tecidos corporais, segundo nos tecidos e fluídos
corporais como eletrólitos para manutenção do equilíbrio acidobásico da pressão
osmótica e da permeabilidade das membras celulares (TORKANIA, DÖBEREINER e
PEIXOTO 2000).
Os minerais atuam de forma independente ou interagindo com outros
minerais. Essas interações podem ser positivas quando aumentam a absorção e
metabolismo dos minerais envolvidos, e também podem ser negativas como
consequência na menor absorção ou interferência no metabolismo do outro
(BALSALOBRE e RAMALHO, 2010).
Segundo Schroeder (2004), o conhecimento da interação entre minerais
incluem a relação entre o cálcio e o fósforo. Esses minerais são estudados juntos
devido à grande participação no organismo animal, principalmente em componentes
estruturais, além de que as fontes comumente usadas de fósforo contém cálcio em
sua composição (BALSALOBRE e RAMALHO, 2010).
Cálcio, fósforo e vitamina D apresentam sinergia, pois 80% do fósforo está
associado ao cálcio em forma de hidroxiapatita Coelho da Silva (1995), onde a
vitamina D torna-se indispensável, pois está totalmente relacionada à absorção de
cálcio e fósforo no intestino.
A concentração de minerais encontrado nas forragens é relativa a
concentração de minerais encontrados no solo. As forragens tropicais têm menor
concentração de minerais do que as leguminosas e forragens temperadas, além de
serem cultivadas em solos com menor concentração de nutrientes (BALSALOBRE e
RAMALHO, 2010).
As deficiências minerais nos bovinos podem ocorrer em diversos graus,
desde deficiência leves até deficiências severas, sendo observadas com sintomas
não-específicos, como desenvolvimento lento, problemas de fertilidade, baixo
rendimento da carcaça e pouca produção de leite (TORKANIA, DÖBEREINER e
PEIXOTO 2000).
9
O fornecimento de minerais em excesso também podem acarretar problemas,
apresentando sintomas imediatos, pois sua toxidade é rapidamente detectada
(SCHROEDER, 2004).
2.1 Cálcio
O cálcio tem a capacidade de se ligar a um grande número de proteínas
celulares, resultando na ativação da função da proteína. Esstas proteínas tanto
podem ser as que estão envolvidas com o movimento celular e a contração
muscular quanto as envolvidas com a transmissão do impulso nervoso, secreção
glandular e até mesmo divisão celular. Nesstsas situações o cálcio atuará como
transmissor de sinais tanto fora para dentro da célula quanto ativador ou
estabilizador das proteínas ali envolvidas (SHILS, 2009, p.210).
As proteínas celulares que ligam ou são ativadas pelo cálcio são várias,
alguns exemplos são a calmodulina, que é modulador e regulador de diversas
proteínas quinases, a troponina C, que é modulador da contração muscular, a
calretina, que é ativador da guanil ciclase, a calneurina B, participa do processo de
fosfatase, a proteína quinase C, que é a proteína quinase amplamente distribuída, a
fosfolipase A2, que participa na síntese de ácido araquidônico, a caldesmona, que é
regulador da contração muscular, e as parvalbumina, calbindina e calsequestrina
que estão relacionados ao armazenamento do cálcio (SHILS, 2009, p.211).
A homeostase do cálcio é umas das prioridades do corpo, envolvendo um
sistema de hormônios e vitamina D, sempre que houver uma queda nos níveis de
cálcio no sangue há uma reação dos intestinos, ossos e rins. Quando ocorre a
queda de cálcio no sangue a glândula paratireoide secretar o paratormônio, sendo
que este hormônio irá estimular a ativação de vitamina D e a vitamina D juntamente
com o paratormônio estimularão a reabsorção de cálcio nos rins. A vitamina D
também age nos intestinos melhorando a absorção de cálcio, onde a vitamina D e o
paratormônio estimularão as células osteoclastos a quebrar os ossos para a
liberação de cálcio no sangue. Aumentando o nível de cálcio no sangue haverá a
inibição de secreção de paratormônio, sancionando o processo (WHITNEY e
ROLFES, 2008).
Caso ocorra um aumento no nível de cálcio no sangue também haverá a
atuação de hormônios, com o aumento a glândula tireoide secreta calcitonina, a
10
calcitonina irá inibir a ativação de vitamina D, irá prevenir a absorção de cálcio nos
rins, limitar a absorção de cálcio nos intestinos e as células de osteoclastos a
quebrar os ossos, evitando a liberação de cálcio no sangue, assim após abaixar os
níveis de cálcio no sangue e é inibida a secreção de calcitocina sancionando o
processo (WHITNEY e ROLFES, 2008).
Ao avaliar o estado nutricional do cálcio apresenta um certo desafio em
relação aos outros nutrientes. Os ossos funcionam como uma grande reserva de
cálcio para manutenção das concentrações de cálcio do líquido extra celular e para
as funções celulares críticas do cálcio. Raramente há deficiência de cálcio a nível
celular ou tecidual. Caso haja uma redução na reserva de cálcio nos ossos, resultará
na diminuição na resistência óssea. O tamanho da reserva pode ser avaliado por
meio de estimativa do mineral ósseo corporal, porém, pode haver problemas na
interpretação dos resultados avaliados, pois a reserva poderá estar baixa não
apenas por motivos nutricionais, pode ser por outras razões, como perda de peso,
deficiência de hormônio gonadal, doenças clínicas e tratamentos relacionados
(SHILS, 2009, p.221).
2.1.1 Ossos e dentes
A maior proporção de cálcio encontrado no corpo está nos ossos e dentes,
correspondendo a 98% do cálcio encontrado, local que desempenha duas funções,
sendo a primeira, parte integrante da estrutura óssea, assim dando rigidez e
resistência ao corpo, sustentação e ponto de conexão para os músculos
proporcionando a condição de locomoção. A segunda função é a de reserva de
cálcio, dando aporte do mineral para os fluidos do corpo, caso haja uma queda de
cálcio no sangue (WHITNEY e ROLFES, 2008).
Nos dentes não acontece como nos ossos, a formação ocorre da mesma
forma, porém, a retirada de minerais não acontece de forma rápida, pois o fluoreto
fortalece e estabiliza os cristais dos dentes, contrapondo-se à retirada de minerais
(WHITNEY e ROLFES,2008).
2.1.2 Leite
A quantidade de cálcio por kg de leite produzida varia ligeiramente com a
quantidade de proteína do leite, que por sua vez, varia de acordo com a raça. A
absorção de cálcio requerida por kg de leite produzida é de 1,22g para vacas
11
Holandesas, 1,45 para vacas Jersey, e 1,37g para outras raças, para produção de
colostro, esses animais requerem 2,1g de cálcio absorvido (NRC, 2001).
No leite encontraremos em torno de 120 mg de cálcio por 100ml/cm3 do
produto. Na produção de leite, em vacas leiteiras de alta produção a hipocalcemia é
frequente, acontecimento é conhecido como febre do leite ou paresia do parto. Em
uma vaca adulta de 500 kg a concentração de cálcio está em torno de 10 kg, dos
quais 98% estão armazenados nos ossos e cerca de 2% está nos tecidos moles e
fluídos extracelulares (LUCCI,1997, p.93). Uma vaca de alta produção, cerca de 30
kg de leite por dia, perde diariamente cerca de 36 g de cálcio, o que quer dizer que
ela perde mais de 4 vezes a quantidade de cálcio sanguíneo, sendo assim que
durante o período de lactação uma vaca perde cerca de 18% do mineral do
esqueleto. Devido a isso a taxa de reposição do cálcio perdido deve ser rápida e
suficiente para cobrir a demanda do mineral evitando a hipocalcemia. A absorção de
cálcio no intestino diminui com a idade, assim animais mais velhos sofrem redução
na capacidade de mobilizar reservas de cálcio quando ocorrem desequilíbrios. Caso
haja qualquer interferência na absorção intestinal a mobilização de cálcio será
prejudicada (GONZÁLEZ, 2000).
2.1.3 Contração muscular
“Os movimentos do esqueleto, alterações no aporte de sangue para todas as
partes do corpo, transporte de ingesta através do trato intestinal, geração de calor
para o aquecimento do corpo e circulação do sangue são exemplos das funções dos
músculos” (REECE, 1991, p.63).
Cada fibra muscular é inervada por uma área especializada, conhecida como
junção neuromuscular, a junção neuromuscular funciona como um amplificador do
impulso nervoso. “A chegada de um impulso de um nervo espinhal ou craniano na
junção neuromuscular resulta na liberação de Acetilcolina para o interior do espaço
entre o ramo terminal da fibra nervosa e a fibra muscular. A liberação de Acetilcolina
é acelerada devido à entrada dos íons cálcio do fluido extracelular na membrana
pré-juncional, quando da chegada do impulso nervoso. A Acetilcolina é o estímulo
que aumenta a permeabilidade da membrana da fibra muscular para íons sódio,
após o que, inicia a despolarização da membrana. Este é conduzido para todas as
partes da fibra muscular pelo sistema sarcotubular. Devido ao impulso iniciar a
contração muscular, uma contração mais sincronizada surge quando todas as partes
12
da fibra são despolarizadas simultaneamente, como resultado da transmissão
sarcotubular” (REECE, 1991, p.70).
“No processo da contração muscular, o primeiro evento que acontece é a
abertura dos canais de cálcio na membrana plasmática para permitir a entrada de
alguns Ca2+ para dentro do citosol. Esses íons imediatamente se ligam a uma ampla
variedade de proteínas ativadoras intracelulares que, por sua vez, liberam um fluxo
de cálcio a partir das vesículas intracelulares de armazenamento, o retículo
sarcoplasmático. A segunda etapa eleva rapidamente a concentração de cálcio no
citosol e leva à ativação do complexo da contração. A troponina C, após ligação com
o cálcio, desencadeia uma sequência de eventos que levam à contração muscular
efetiva, e a calmodulina, uma segunda proteína ligante de cálcio amplamente
distribuída, ativa as enzimas que degradam o glicogênio, liberando energia para
contração. Nesse sentido, os Ca2+ deflagraram a contração e abastecem o processo.
Quando a célula conclui a tarefa designada, as diversas bombas existentes
rapidamente reduzem a concentração de cálcio no citosol, e a célula retorna a um
estado de repouso, o processo repete-se quando a próxima transmissão
neuromuscular causar a despolarização do sistema sarcotubular” (SHILLS, 2009,
p.211).
A paresia da parição ou febre do leite acontece em vacas leiteiras de alta
produção e em vacas recém paridas onde há uma baixa concentração de cálcio no
fluido extracelular, acarretando semiparalisia que é causada pelo corrimento do
bloqueio parcial neuromuscular. Quando acontece da concentração de íons cálcio
ser baixa no fluido extracelular a quantidade de acetilcolina liberada será diminuída
igualmente, essa podendo não ser suficiente para causar a transmissão
neuromuscular, assim, resultando no bloqueio neuromuscular (REECE, 1991, p.71).
2.1.4 Coagulação Sanguínea
Na circulação sanguínea a concentração de cálcio é de 2,25 a 2,5 mmol, onde
40 a 45% dessa quantidade encontra-se ligados a proteínas plasmáticas, 8 a 10%
formam complexos com íons como o citrato e 40 a 50% estão dissociados sob a
forma de íons livres. No líquido extra celular fora dos vasos sanguíneos, a
concentração de cálcio é de ordem de 1,25 mmol, sendo diferente da concentração
no plasma devido à ausência de proteínas plasmáticas, a concentração de cálcio
13
encontrada no líquido extra celular é estritamente regulada pelos sistemas de
controle hormonal da paratireoide, calcitonina e vitamina D (SHILLS, 2009, p.211).
Quando há a lesão de um vaso sanguíneo, a coagulação que impedirá a
perda sanguínea na parte lesionada, é o principal componente do mecanismo
homeostático dos mamíferos, não realizando apenas a função de coagular o sangue
mais também contribuem para os sistemas inflamatórios e imunológicos (DUKES,
1996, p.44).
“Foi notado que o plugue plaquetário é fortalecido pela formação de uma rede
de fibrina, a qual é o produto final do processo de coagulação do sangue. Os
elementos essenciais para a coagulação do sangue estão presentes no mesmo ou
em tecidos simplesmente aguardam um mecanismo de ativação. Com exceção dos
íons cálcio (Fator IV), tromboplastina tecidual (Fator III) e o fator XIII (fator
estabilizador de fibrina), os fatores de coagulação do sangue são formados no
fígado. Os íons de cálcio são necessários para promover quase todas as reações de
coagulação do sangue e a vitamina K é necessária para a produção hepática de
protrombina (Fator II) e dos fatores VII, IX e X” (REECE, 1996, p.107).
“Dois mecanismos são conhecidos como ativadores da coagulação do
sangue. A coagulação pode se processar a partir do contato do sangue com uma
superfície estranha, tal como um endotélio vascular rompido (mecanismo intrínseco)
ou do contato do sangue com o tecido extravascular (mecanismo extrínseco). Em
ambos os mecanismos o Fator X é ativado para tornar-se ativados de protrombina
(Xa). Desse ponto (ativação do Fator X), os mecanismos extrínsecos e intrínsecos
são os mesmos. O fator Xa converte a protrombina na enzima proteolítica trombina,
seguindo pela conversão de fibrinogênio solúvel em fibrina insolúvel pela trombina”
(REECE, 1996, p.108).
“O mecanismo extrínseco fornece uma ativação mais direta do Fator X e,
portanto, produz trombina e fibrina num ritmo mais rápido que o mecanismo
extrínseco. Maior eficiência é necessária quando os vasos sanguíneos são rompidos
e o tecido adjacente é danificado” (REECE,1996, p.108).
“Uma quantidade relativamente maior de trombina é, portanto, gerada de um
pequeno estímulo inicial. A formação de fibrina no sangue de um tubo de ensaio
pode ser observada quando o sangue perde suas características fluidas. O coágulo
que surge consiste de uma massa homogênea e não há líquido identificável A
14
trombina que causa conversão de fibrinogênio em fibrina é um fenômeno que
também ativa o Fator XIII (Fator estabilizador de fibrina), que é liberado pelas
plaquetas agregadas. A ativação do Fator XIII (XIIIa) resulta na formação de
ligações cruzadas entre os monômeros de fibrina adjacentes para produzir um
polímero, que tem grande resistência. A retração do coágulo é provocada pela ação
direta de uma proteína contrátil da plaqueta conhecida como trombostenina. Essa
proteína é exposta quando as plaquetas são estimuladas e interage com a fibrina. A
presença de Ca2+ e trombina causa a contração da trombostenina e o coágulo retrai-
se. A retração do coágulo permite maior fluxo na área danificada enquanto o tecido
está sendo reparado. Falhas da retração do coágulo podem ser associadas a um
número reduzido de plaquetas” (REECE,1996, p.109).
2.2 Fósforo
A absorção do fósforo ocorre em toda a extensão do intestino delgado, esta
está sob controle da Vitamina D e dos transportadores específicos de fosfatos. Em
estados fisiológicos saudáveis, cerca de 80% do fósforo filtrado pelo glomérulo é
conservado pelos rins, esta filtração os paratormônios e o processo de reabsorção
tubular são os principais responsáveis pela regulação do balanço de fosfato pelos
rins (SHILS, 2009, p.229).
Segundo Rosol e Capen (1997), a maior parte da absorção do fósforo ocorre
na parte cranial do duodeno. Ben-Ghedalia et al. (1975) explica que isto acontece
pois o pH é suficientemente baixo para permitir a formação de fosfato solúvel
naquela região. Barcellos (1998), afirma que a absorção nos pré-estômagos ocorre
por transferência passiva através do epitélio ruminal. O fósforo é essencial para o
crescimento microbiano e é importante na constituição das paredes das células
microbinas, segundo Chicco et al. (1965), em meio de incubação as taxas máximas
de crescimento microbiano se dá quando a concentração de fósforo é de 40 a 80 mg
de fósforo por litro.
2.2.1 Reprodução
A produção de bovinos a pasto é o modelo mais comum no Brasil, partindo do
princípio, a cria é a base da produção. Grande parte dos problemas encontrados no
rebanho de cria como baixa taxa de prenhes e baixos pesos à desmama, está
15
diretamente relacionada ao consumo inadequado de energia, proteína, minerais e
vitaminas.
Quando se observa severa deficiência de fósforo é associada a problemas
reprodutivos em bovinos, ocorrendo após outros sintomas clínicos. Alterações no
estro, são algumas das manifestações clássicas de deficiência de fósforo
(NICODEMO et al., 2008). A maioria dos estudos sobre deficiência de fósforo são
com vacas leiteiras de alta produção, os estudos mostram que há bom desempenho
reprodutivo relacionado a suplementação de fósforo, atendendo marginalmente as
exigências nutricionais desses animais (LOPEZ et al., 2004).
A suplementação com fósforo é imprescindível para vacas em lactação em
condições de pastagens deficientes em fósforo, para se ter a manutenção dos
índices reprodutivos, e quando na época da seca as repostas das vacas gestantes
são reduzidas drasticamente (RESOURCE CONSULTING SERVICES, 1986).
Odongo et al. (2007), estudaram o desempenho de vacas leiteiras, e relatou
queda no consumo de 11% de fósforo na ingestão de matéria seca na segunda
lactação de vacas leiteiras, concluindo que vacas primíparas têm maior demanda de
fósforo na dieta.
Preston et al. (1977), concluíram em seus estudos que os requerimentos
mínimos de fósforo na matéria seca variam conforme as fases, chegando a alguns
valores: no momento de estação de monta 0,20%, na gestação 0,18%, lactação e
reprodução 0,32%. Beeson et al. (1941), concluíram que para novilhas em engorda
o seria de 2 g de fósforo para cada 45 kg de peso vivo.
2.2.2 ATP e Energia
O ATP, adenosina trifosfato, é formado no metabolismo intracelular graças a
oxidações biológicas transferindo elétrons para o oxigênio, a energia produzida
nesse processo é capturada na passagem de ADP, adenosina difosfato, para ATP,
adenosina trifosfato, processo esse chamado de fosforilação oxidativa, onde há a
oxidação e incorporação de um átomo de fósforo a molécula resultante. Explicando
assim o por que o fósforo é um elemento mineral indispensável para atender as
exigências energéticas (LUCCI 1997, p.4).
O NAD é receptor de elétrons de vários substratos, e há outros substratos que
transferem seus elétrons diretamente para o FAD, flavoproteínas. Para cada mol de
16
NAD oxidado há formação de três moles de ATP, para cada mole de FAD oxidado
apenas dois moles d ATP são formados (LUCCI 1997, p.4)
A formação de ATP ocorre principalmente nas mitocôndrias celulares,
abundantes em células que exigem grandes quantidades de energia. Presentes
nessas células todas as enzimas e cofatores necessários para a fosforilação
oxidativa para a produção de ATP de forma eficiente, para cada par de elétrons
liberal são produzidos três ATP. Na glicólise que ocorre no citoplasma da célula, fora
das mitocôndrias, são produzidas duas moléculas de ATP por par de elétrons
fornecidos (LUCCI 1997, p.5).
Dentro das mitocôndrias acontece o ciclo de Krebs, o piruvato quando
ingressado no ciclo de Krebs transforma-se em acetil Coenzima A, Acetil CoA, que é
o ponto de partida do ciclo. “O acetil é o ponto de partida para síntese de ácidos
graxos no citoplasma como na mitocôndria, para a degradação e aproveitamento da
energia na forma de ATP”. Uma volta no ciclo de Krebs há transformação de acetil
CoA em CO2, H2O e formação de 12 moléculas de ATP. Também no ciclo o ácido
acético fornece 10 ATP, o propiônico 18 e o butírico 27, enquanto glucose gera 38
ATP (LUCCI 1997, p.5).
3 EXIGÊNCIAS
É indispensável o conhecimento das exigências nutricionais em bovinos nos
diversos sistemas de produção, tanto exigência de mantença quanto de ganho,
tornado importante o conhecimento para formulação de suplementos minerais, com
o objetivo de obter melhores índices reprodutivos e produtivos na pecuária, cada dia
mais tecnificada.
Macro e micro minerais, estão presentes no corpo do animal, porém, quando
comparado a outros nutrientes como as proteínas e gorduras estão presentes em
menor proporção. Desempenham funções vitais no organismo animal e a deficiência
destes podem acarretar alterações nutricionais graves, levando o animal a
apresentar desempenho reprodutivo e produtivo inferiores ao seu potencial.
No Brasil, clima tropical, a exploração pecuária é intensa, os solos de baixa
fertilidade e áreas em franca degradação são os cenários mais encontrados.
Considerando que a ingestão de um certo suplemento mineral em bovinos a pasto
17
se limite a um consumo de 80 a 100 gramas por animal por dia. Morgulis (2005)
calculou que em 2004, o consumo de suplementos minerais no país foi de 1.850.000
toneladas para um rebanho total de 41.000.000 de cabeças, concluindo assim que
apenas 45% do rebanho nacional é mineralizado.
Os elementos minerais constituem de 2 a 5,5% do corpo dos animais
vertebrados, mas dada a diversidade de funções que exercem no organismo, são
importantes em todo campo da bioquímica nutricional (GEORGIEVSKII, 1982,
DAYRELL, 1993).
As exigências totais de cada macroelemento mineral correspondem à soma
das exigências para mantença e produção sendo o método fatorial o mais utilizado
para fins de predição dos requisitos dos minerais para bovinos (ARC, 1980).
Maiores deposições de gordura estão associadas a menores deposições de
minerais, o conteúdo de minerais no tecido adiposo é inferior ao conteúdo nos
demais tecidos. Portanto, os mesmos fatores que afetam a deposição de gordura no
ganho também afetarão o depósito de minerais. Para que estes minerais sejam
assimilados pelo organismo animal, é necessário o fornecimento de nível adequado
de ambos os minerais na dieta, pois o excesso ou a deficiência de um interfere na
utilização do outro (VALADARES FILHO, 2010).
A estimativa das necessidades dos macroelementos minerais para bovinos
variam muito entre os diferentes comitês (ARC, 1980, AFRC, 1991, NRC, 2000,
CSIRO, 2007) tendo como principais fatores de variação as diferenças nos valores
adotados para os requerimentos de mantença e o coeficiente de absorção dos
minerais.
Para o cálculo dos requerimentos de minerais para mantença, normalmente
os valores de perdas endógenas de fezes e urina são estimados pelas regressões
das produções fecais ou urinárias em função da ingestão de determinado mineral
(VALADARES FILHO et al., 2010).
“No Brasil, de acordo com Silva et al. (2002), são escassos os trabalhos de
pesquisa sobre perdas endógenas de minerais em ruminantes, e os poucos
trabalhos desenvolvidos têm encontrado valores muito variáveis, e diferentes
daqueles preconizados por diferentes sistemas de determinação de exigências de
bovinos de corte” (VALADARES FILHO et al., 2010).
18
O cálcio e o fósforo são os principais macrominerais presentes no organismo
animal, e sua exigência líquida, quase exclusivamente, começou a ser determinada
no Brasil a partir da década de 80 (CABRAL et al., 2008).
A relação entre cálcio e fósforo fornecida ao animal é bastante importante,
pois o teor de cálcio presente na dieta pode alterar o metabolismo do fósforo. O
cálcio e o fósforo interagem no trato intestinal, nos fluidos celulares e no sistema
ósseo-sanguíneo, de tal modo que seus metabolismos apresentam comportamentos
biológicos semelhantes (GONZÁLEZ, 2000).
Segundo Portilho (2003), a ingestão de MS não é relacionável com a ingestão
de fósforo, onde observaram consumos constantes de MS quando forneceram
dietas com diferentes níveis de fósforo. Quando há severas deficiências de fósforo
na dieta o consumo de MS será alterado, como resultado da redução na atividade
microbiana no rúmen, responsável pela degradação do alimento (TERNOUTH,
1996).
O principal meio de excreção de fósforo em ruminantes é nas fezes, existindo
relação linear entre o fósforo consumido e o fósforo total excretado (BRAVO et al.,
2003). O excesso deste mineral nas fezes, pode contaminar os meus aquáticos,
uma vez que é um dos nutrientes mais poluentes do ambiente, isso principalmente
em criações intensivas (TAMMINGA, 2003). E isso pode ser controlado através da
formulação adequada da dieta (CAST, 2002).
3.1 Exigências para mantença
As exigências de minerais para mantença são baseadas no gasto para
manter os tecidos do animal que não está crescendo, desempenhando trabalho,
reproduzindo ou gerando qualquer produto (UNDERWOOD, 1981). O animal não é
eficiente ao conservar os minerais no corpo, resultando em perdas através dos rins,
da mucosa intestinal, das glândulas digestivas e da pele, complementando assim as
exigências de mantença (VALADARES FILHO et al., 2010). A manutenção do corpo
do animal envolve o metabolismo, circulação, respiração entre outros processos,
somando as perdas externas e movimentos do animal, sendo essas exigências
calculadas para suprir as necessidade básicas do corpo (FONTES, 1995).
19
3.1.1 Cálcio
O cálcio é o mineral mais abundante no corpo do animal, representando 1 a
3% do peso total do animal (UNDERWOOD, 1981). O ruminante tem pequena
capacidade de excretar cálcio absorvido em excesso, a excressão urinária é
pequena e as perdas endógenas fecais são contantes, mostrando que a regulação
sérica de cálcio é feita a nível intestinal (FIELD, 1983). O cálcio fecal é contituído
pelo cálcio endógeno mais o cálcio dietético que não foi absorvido (VALADARES
FILHO et al., 2010).
Braithwaite (1982), concluiu após avaliar várias pesquisas que o cálcio
endógeno está em maior quantidade nos animais em crescimento do que em
animais adultos, com base no peso corporal.
Hansard et al., (1954., 1957) determinaram a verdadeira disponibilidade de
cálcio, os requerimentos de mantença e a utilização por bovinos utilizando
radioisótopos de cálcio, experimentando em animais que variavam a idade de 10
dias a 190 meses Apartir destes trabalho o NRC (1984) passou a recomendar uma
exigência líquida diária de cálcio para mantença de 15,4 mg/kg de peso vivo, e
manteve essa recomendação nas edições subsequêntes, NRC (1996) e NRC (2000)
por considerar que não havia tido trabalhos para recomendar mundanças neste
valor. Para vacas em lactação há um aumento na exigência de mantença para 31
mg/kg de peso vivo (MARTZ et al., 1990). Este incremento em vacas em lactação é
devido ao aumento da ingestão de matéria seca que causa impacto sobre a
secreção intestinal de cálcio durante a digestão (NRC, 2001).
Já o ARC (1980) conclui que as perdas endógenas diárias é de 16mg/kg de
peso corporal, onde 0,8mg/kg refere-se as perdas urinárias.
Quando há desbalanceamento na relação de cálcio e fósforo adequada, com
deficiência de um dos dois elementos, poderá haver alterações na exigência de
mantença de um dos dois elementos, que será provocada pela variação na excreção
fecal de cálcio. Segundo Tillman et al. (1996), quando há uma proporção maior de
cálcio em relação ao fósforo haverá uma maior excreção de cálcio pela urina,
quando não houver fósforo circulante suficientemente disponível para a deposição
óssea, o cálcio que estaria disponível, porém excedente, que seria depositado
juntamente com o fósforo, será excretado.
20
No Brasil alguns autores fizeram vários trabalhos para estimar a exigência de
mantença, Ezequiel (1987) após experimentos chegou a valores como 33,2 43,5 e
26,1 mg/kg de peso corporal para animais da raça Nelore, Holandês, e ½ HZ.
Gionbelli (2010) por meio de regressão do cálcio retindo em função do cálcio
consumido chegou a uma exigência diária de 26,5 mg/kg de peso corporal vazio e
com um coeficiênte de retenção de 0,55 próximo ao sugerido pelo NRC (2000) que é
de 0,50. Devido aos resultado inconsitentes, é recomendado utilizar o valor de
15,4mg/kg de peso corporal por dia obtido pelo trabalho de Hansard et al.
(1954,1957), e recomendado pelo NRC (2000) (VALADARES FILHO et al., 2010).
3.1.2 Fósforo
Assim como nos outros minerais, as exigências de mantença de fósforo são
cálculadas com a soma das excreções metabólicas fecais e urinárias desse
elemento. O NRC (2000) considera que a exigência diária de fósforo é de 16 mg/kg
de peso corporal. Da mesma forma que foi citado para o cálcio, uma inadequada
relação de cálcio e fósforo pode alterar as exigências de mantença deste elemento,
caso haja deficiência de um deles na dieta. Hasard e Plumlee (1954) observaram
que quando há uma ingestão baixa de cálcio, há uma maior excreção metabólica de
fósforo, devido à uma insuficiência de cálcio para a calcificação óssea, causando um
excesso de fósforo no organismo, causando a excreção deste.
Segundo ARC (1980) a exigência diária de fósforo para mantença é de 12
mg/kg de peso corporal. Valadares Filho et al. (2010) sugere que a exigência de
fósforo para mantença deve ser de 17,6 mg/kg do peso corporal por dia, valor obtido
por Ezequiel (1987) em condições brasileiras apartir de animais Nelore em
crescimento.
A excreção de fósforo pela urina em condições normais é baixa, enquanto
que na saliva há reciclagem de fósforo, a reabsorção salivar acontece pelo intestino
delgado, onde também há perdas por descamação (ARC, 1980). Resultado que o
fósforo metabólico fecal é composto pelas perdas metabólica do intestino delgado e
pelo fósforo que não foi reabsorvido na saliva (VALADARES FILHO et al., 2010).
3.2 Exigências para ganho
Valadares Filho et al. (2010), adaptou o modelo do ARC (1980) para obter
resultados mais reais nas condições brasileiras, com isto ele chegou as seguintes
21
exigências para cálcio, (Tabela 1), e fósforo, (Tabela 2) para Nelore puro e cruzado,
na (Tabela 3) observamos as exigências líquidas para vacas nelore lactantes e na
(Tabela 4) as exigências líquidas para bezerros nelore lactantes.
Tabela 1 - Exigências líquidas de cálcio para ganho de peso de animais Nelore puros e cruzados em diferentes pesos corporais e taxas de ganho de peso (g/dia)
Ganho de peso (kg/dia)
Peso corporal (kg)
200 250 300 350 400 450
Nelore (confinamento)
0,50 6,04 5,52 5,13 4,83 4,57 4,36
0,75 9,06 8,28 7,70 7,24 6,86 6,55
1,00 12,07 11,04 10,27 9,65 9,15 8,73
1,25 15,09 13,80 12,83 12,07 11,44 10,91
1,50 18,11 16,56 15,40 14,48 13,72 13,09
Cruzados (confinamento)
0,50 6,37 5,83 5,42 5,09 4,83 4,61
0,75 9,56 8,74 8,13 7,64 7,24 6,91
1,00 12,75 11,66 10,84 10,19 9,66 9,21
1,25 15,93 14,57 13,55 12,74 12,07 11,52
1,50 19,12 17,49 16,26 15,28 14,49 13,82
Nelore (pastejo)
0,50 6,25 5,72 5,31 5,00 4,74 4,52
0,75 8,37 8,57 7,97 7,49 7,10 6,78
1,00 12,50 11,43 10,63 9,99 9,47 9,04
1,25 15,62 14,29 13,28 12,49 11,84 11,30
1,50 18,75 17,15 15,94 14,99 14,21 13,56
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2010)
Tabela 2 - Exigências líquidas de fósforo para ganho de peso de animais Nelores puros e cruzados em diferentes pesos corporais e taxas de ganho de peso (g/dia)
Ganho de peso (kg/dia)
Peso corporal (kg)
200 250 300 350 400 450
Nelore (confinamento)
0,50 3,11 2,92 2,77 2,65 2,55 2,46 0,75 4,67 4,38 4,15 3,97 3,82 3,69 1,00 4,23 5,84 5,54 5,3 5,09 4,94 1,25 7,79 7,3 6,92 6,62 6,37 6,15 1,50 9,34 8,76 83,1 7,94 7,64 7,39
Cruzados (confinamento)
0,50 3,27 3,06 2,9 2,78 2,67 2,58 0,75 4,9 4,59 4,36 4,17 4,01 3,87 1,00 6,53 6,13 5,81 5,56 5,34 5,17 1,25 8,17 7,66 7,26 6,94 6,68 6,46 1,50 9,8 9,19 8,71 8,33 8,02 7,75
Nelore (pastejo)
0,50 3,21 3,01 2,86 2,73 2,63 2,54 0,75 4,82 4,52 4,28 4,1 3,94 3,81 1,00 6,42 6,02 5,71 5,46 5,25 5,08 1,25 8,03 7,53 7,14 6,83 6,57 6,35 1,50 9,63 9,03 8,57 8,19 7,88 7,62
Fonte: VALADARES FILHO et al. (2010)
22
Segundo o NRC (2000) a exigência de cálcio e fósforo é calculada em
função do ganho diário de proteína, sendo para cálcio 7,1 g por 100 g de acréscimo
de proteína e de fósforo de 3,9 g por 100 g de ganho protéico.
Tabela 3 - Exigências líquidas diárias de cálcio e fósforo para ganho de um
quilograma de peso corporal de vacas Nelore lactantes (g/dia) Peso corporal (kg)
300 350 400 450
Cálcio 12,79 12,36 11,99 11,68
Fósforo 4,15 3,88 3,65 3,46
Fonte: Adaptado de VALADARES FILHO et al. (2010)
Tabela 4 - Exigências líquidas diárias de cálcio e fósforo para ganho de peso corporal de bezerros Nelore Lactantes (g/dia)
Ganho de peso (kg/dia)
Peso corporal (kg)
100 125 150 175 200
Cálcio
0,50 8,22 7,82 7,51 7,26 7,04
0,75 12,33 11,73 11,26 1,89 10,57
1,00 16,44 15,64 15,02 14,51 14,09
Fósforo
0,50 3,48 3,45 3,43 3,41 3,39
0,75 5,22 5,18 5,14 5,11 5,09
1,00 6,96 6,9 6,86 6,82 6,78
Fonte: adaptado de VALADARES FILHO et al. (2010)
4 ABSORÇÃO
Para que haja a conversão das exigências líquidas dos minerais para
exigências dietéticas utiliza-se um coeficiente de absorção para cada mineral
(Tabela 5). Este coeficiente também é conhecido como disponibilidade verdadeira ou
biodisponibilidade do mineral (VALADARES FILHO et al., 2010).
Há uma grande variação desses coeficientes encontrados na literatura, muitas
dessas variações são oriundas de fatores ainda não conhecidos, e outras por fatores
conhecidos, como o fato que o excesso de cálcio e fósforo na dieta provoca uma
menor absorção, sanbendo que a absorção dos mineirais é regulada a nível
intestinal.
Formatado: Fonte: 5 pt
Formatado: Justificado
23
Tabela 5 - Valores de coeficiente de absorção de cálcio e fósforo observados na literatura
Coeficiente de absorção
Fonte Cálcio Fósforo
NRC (1980) 0,68 0,60
AFRC( 1991) - 0,58 a 0,70
NRC (1989) - Gado de leite 0,38 0,58
NRC (1996) - Gado de corte 0,50 0,68
NRC (2001) - Gado de leite (forragem) 0,30 0,80
NRC (2001) - Gado de leite (concentrado) 0,60 -
Fonte: adaptado VALADARES FILHO et al. (2010)
5 FONTES
5.1 Cálcio
De acordo com o NRNRC (1985) calcário calcítico, a farinha de conchas de
ostras e o fosfato bicálcico são os principais ingredientes como fontes de cálcio
utilizados na dieta animal.
Segundo Vitti et al. (2006) o calcário calcítico, o fosfato bicálcico e a farinha
de conchas de ostras são as fontes de cálcio que apresentam maior disponibilidade
do nutriente, sendo que o calcário calcítico disponibilizou 65,38% do cálcio ingerido
para ovinos, enquanto nas fontes orgânicas, poupa cítrica e feno de alfafa verificou-
se a menor disponibilidade do nutriente, tendo o feno apresentado o menor
resultado, disponibilizando apenas 11,7% do cálcio ingerido.
5.2 Fósforo
Dentre os minerais que devem ser suplementados nas dietas de ruminantes,
o fósforo destaca-se devido a importância das funções que desempenha no
organismo animal. As pastagensm de clima tropical apresentam deficiências
generalizadas desse mineral, é indispensável à inclusão de fosfatos na mistura
mineral fornecida aos bovinos em pastejo.
As fontes de fósforo podem corresponder a quase metade do custo de um
suplemento mineral, Fazendo com que a procura por fontes mais baratas, como os
fosfatos de rocha ou de uso agrícola sejam estudados na suplementação animal
(NOGUEIRA et al., 2011).
Sendo o fosfato bicálcico a fonte de fósforo mais utilizada nas misturas
minerais para suplementação de ruminantes no Brasil. Silva FFilho et al. (1992)
24
relataram que o superfosfato triplo e o fosfato monoamônico possuem potencial
como fonte de fósforo para ruminantes. Vitti et al. (1992) levantou que o único ponto
importante ao utilizar os fosfato de rocha como fonte de fósforo, é o seu alto nível de
flúor, podendo ser fator limitante nas dietas para ruminantes (Tabela 6). O fosfato
monoamônico como fonte de fósforo pode causar problemas no campo, como
empedramento e melar (BASALOOBRE et al., 2001).
Tabela 6 - Ingestão, fluxo fecal e absorção aparente total de fósforo, e ingestão diária de flúor
Fontes de Fósforo EPM
Fosfato
Bicálcico Superfosfato
Triplo Fosfato
Monoamônico Fosfato de
Rocha Araxá
Fósforo
Ingestão (g/dia) 14,15 14,06 14,1 14,11 0,2 Fluxo fecal (g/dia) 4,52b 5,78b 5,62b 6,92a ¹ 0,2
Absorção aparente total (%) 61,7aª 58,89ab 60,14a 50, 96b 1,4
Flúor
Ingestão diária por kg de MS 9,21 26,26 33,3 110,48 Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem (<p0,05) pelo teste de Tukey
¹ 23% a mais em relação a média das outras fontes
EPM= Erro-padrão da média
Fonte: Adaptado de BARRETO et al. (2009)
Os bovinos entre as espécies domésticas, é o mais sensível à intoxicação por
flúor, o consumo contínuo de até 40 mg de flúor por kg de matéria seca é tolerável
por novilhas em crescimento, podendo causar lesões patológicas, e em bovinos
adultos este valor é de 50 mg de flúor por kg de matéria seca (NICODEMO E
MORAES, 2000). No trabalho de Barreto et al. (2009), o fosfato de Araxá apresentou
aproximadamente três vezes mais flúor que o limite recomentado pelos diferentes
sistemas de nutrição, já o fosfato bicálcico apresentou doze vezes menos flúor do
que o limite para causar toxidez.
O fosfato bicálcico é obtido através do ácido ortofosfórico (ácido fosfórico),
que tem origem nas rochas fosfóricas. Quanto mais pura for a rocha, maior a
qualidade do ácido originado, tendo menor teor de contaminantes. As rochas ígneas
são mais puras que as metamórficas, que são mais puras que as sSedimentares
(BALSALOBRE et al., 2006).
O fosfato bicálcico pode ser produzido através do cal virgem, o pH varia do
neutro para o básico. Podemos encontrar fosfatos bicálcicos assim produzidos, com
25
excesso de cal não reagido podendo causar sérios transtornos como reações na
mucosa da boca do animal (BALSALOBRE et al., 2006).
Pode-se também produzir usando de cal hidratado, onde o produto será
composto de 90% de fosfato bicálcico e 10% de fosfato monocálcico, com pH
próximo ao neutro. Dependendo do teor de fósforo desejado no produto final o pH
pode ser alterado no produto final ácido. Também apresentará problemas caso
tenha cal livre em excesso (BALSALOBRE et al., 2006).
Quando produzido com calcário será composto por 85% de fosfato bicálcico e
15% de fosfato monocálcio, com pH ácido, próximo a 6, dependendo do teor de
fósforo no produto fina poderá alterar o pH, mantendo-o sempre ácido. Os fosfatos
obtidos desta maneira possuem calcário não reagido, neste caso o excesso de
calcário não reagido não traz nenhum transtorno (BALSALOBRE et al., 2006).
A Empresa Coopebras, situada em Catalão–GO e Cubatão-SP, tem tem
como processo de obetenção do fosfato bicálcico o seguinte, como matérias primas
o ácido fosfórico desfluorizado, água e uma fonte de cálcio, como a cal hidratada em
Catalão-GO, e calcáreo em Cubatão-SP, para produzir o fosfato bicálcico,
garantindo um produto de elevada qualidade. O produto resultante da reação das
matérias primas passa por um secador, ajustando a umidade, e após passar por
uma classificação é, então embalado e comercializado (COOPEBRÁS, 2013).
6. ESTUDO DE CASO
Entre as diferentes fontes, há diferentes níveis do mineral, e diferentes níveis
de disponibilidade do elemento, Hale et al. (2001), em seu trabalho nos mostra
alguns valores, (Tabela 7).
Tabela 7 - Níveis de garantia de cálcio e fósforo em diferentes fontes e suas Biodisponibilidades
Mineral Suplemento Concentração
mineral (%) Biodisponibilidade
Relativa (RV) Mineral
disponível (%)
Cálcio
Carbonato de Cálcio 38 100 38
Farinha de Ossos 24 110 26,4
Cloreto Cálcio (dihidratado) 31 125 38,75
Fosfato bicálcico 20 110 22
Calcário 36 90 32,4
Fosfato Monocálcico 17 130 22,1
Fósforo Farinha de Ossos 21 100 21
Fosfato bicálcico 18 85 15,3
Fonte: HALE et al. (2001)
26
Tabela 8 - Ingredientes como fonte de cálcio e fósforo para nutrição animal disponível no mercado de Goiânia –GO
Mineral Ingrediente Nome
Comercial Empresa
Ca (%)
P (%) Mg (%)
Fl (%) (R$ ton)
Cálcio
Cal. Calcítico Cl 40
Calcítico Serra
Branca 36
3,6
R$ 104,00
Cal.Dolomítico Cl 40
Dolomítico Serra
Branca 28
8,4
R$ 104,00
Cal. Calcítico Fillercal Fillercal 36
3,6
R$ 205,75
Cal. Dolomítico Pirecalfiller Fillercal 30
18
R$ 169,60
Fósforo
Fos. Bicálcico Dynafós Mosaic 24 18,50
0,185 R$
1.605,35
Fos. Bicálcico Fosfica Brasil
Química 24 18
0,180 R$
1.450,00
Fos. Bicálcico Coopefós Coopebrás 27 19,50
0,195 R$
1.536,68
Fos. Bicálcico Serrana Serrana Nutrição
24 18,50
0,185 R$
1.600,00
Cal.= Calcário; Fos. = Fosfato
Fonte: Dados de Pesquisa 2013, cotação feita em 24/06/2013
Após cotar diferentes produtos encontrados na cidade de Goiânia-GO,
produtos estes que são diferentes fontes de cálcio e fósforo, podemos encontrar o
produto mais em conta para trabalhar. A, a partir daí iremos calcular o quanto custa
a inclusão de cálcio e fósforo em um suplemento mineral. Utilizarei como exemplo o
seguinte Ssuplemento, mineralizado: Cálcio (mín.) 150 g, Cálcio (máx) 180 g,
Cobalto 110 mg, Cobre 1500 mg, Enxofre 12 g, Flúor (máx.) 850 mg, Fósforo 85 g,
Iodo 130 mg, Magnésio 15 g, Manganês 1400 mg, Selênio 20 mg, Zinco 5000 mg,
Sódio 130 g, umeste é um exemplo de suplemento mineralizado para bovinos de
corte e leite da empresa Suplemento Nutrição Animal, com consumo de 100 g para
cada 450 kg de peso vivo da mistura final.
FoiNeste suplemento mineralisado exemplificado, foi incluido 43,6% de
fosfato bicálcico, fosfato este que contem 19,5% de fósforo na composição,
representando aproximadamente 68% do custo do suplemento mineral, e o
carbonato de cálcio com 36% de cálcio na composição, teve uma inclusão de
16,32%, representando apenas 1,5% do custo, estes resultados foram comparados
apenas com o custo da matéria prima do produto, e não com o custo final do
suplemento, concluindo que o cálcio e fósforo compreendem 69,5% do custo de
produção.
Se formos suplementar vacas no início da lactação, adultas com peso médio
de 600 kg e produção de 41 a 50 kg de leite por dia, com base nestes dados o NRC
27
(2001) nos fornece a exigência de cálcio e fósforo, para fósforo devemos
suplementar 112,64 g/dia e para cálcio 180,70 g/dia. Terá consumo em média deste
suplemento mineral dado como exemplo de 135 g por cabeça por dia, uma vaca
consumindo 135 g deste suplemento estaria suplementando 11,5 g de fósforo e 22,3
g de cálcio, o que corresponde a 10,2% e 12,3% da exigência do animal para o
nutriente. Quando calculado a suplementação mineral em níveis de microminerais, o
produto supriu mais de 50% das exigências do animal para os nutrientes
específicos, e para cálcio e fósforo o restante será suplementado através de
concentrado e volumoso de boa qualidade.
Utilizando o mesmo suplemento mineral, vamos suplementar agora vacas no
início da lactação, adultas com peso médio de 500 kg e produção de 26 a 30 kg, as
exigências calculadas pelo NRC (2001) para fósforo foi de 77,15 g/dia e para cálcio
123,75 g/dia. Terá um consumo em média deste suplemento mineral 112 g por
cabeça por dia, uma vaca consumindo 112 g deste suplemento estaria
suplementando 9,52 g de fósforo e 18,48 g de cálcio, correspodendo a 12,3% e 24%
da exigência do animal para os nutrientes. Da mesma forma que no exemplo
anterior os níveis de microminerais do produto supri mais de 50% das exigências do
animal para os nutrientes específicos, e para cálcio e fósforo o restante será
suplementado através de concentrado e volumoso de boa qualidade.
Um terceiro exemplo, vamos suplementar vacas já em lactação, adultas com
peso médio de 450 kg e produção de 7 a 15 kg por dia, as exigências calculadas
pelo NRC (2001) para fósforo foi de 28,64 g por dia e para cálcio 43,99 g por dia.
Terá um consumo deste suplemento mineral de 100 g por cabeça por dia, uma vaca
consumindo estes mesmos 100 g por dia estaria suplementando 8,5 g de fósforo e
16,5 g de cálcio, correspodendo a 29,7% e 37,5% das exigências do animal para os
nutrientes. Como nos outros dois exemplos os micromineirais do suplemento mineral
supriram mais de 50% das exigências do animal para os nutrientes específicos, e o
restante da exigência do animal será suplementada através da pastagem.
Para um segundo exemplo de suplemento mineral, utilizarei um suplemento
mineral para bovinos de corte com os seguintes níveis de garantia, Cálcio (mín.) 155
g, Cálcio (máx.) 175 g, Cobalto 80 mg, Cobre 800 mg, Enxofre 10 g, Flúor (máx.)
650 mg, Fósforo 65 g, Iodo 80 mg, Magnésio 10 g, Manganês 800 mg, Selênio 15
mg, Zinco 3500 mg, Sódio 160 g, suplemento mineral também da empresa
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Suplemento Nutrição Animal com consumo estimado de 30 g para cada 100 kg de
peso corporal.
Neste produto a utilização de fosfato bicálcico foi de 33,33% e de carbonato
de cálcio foi de 17,84%, o fosfato nesta formulação está representando 69,8% e o
carbonato de cálcio apenas 3% do custo de produção, compreendendo que o cálcio
e o fósforo corresponde a 72,8% do custo do produto.
Neste primeiro exemplo vamos suplementar animais a pasto, machos com
peso médio de 450 kg, estimando um ganho médio de 680 g por dia. O NRC (1996)
nos dá a exigência destes animais para fósforo de 18,7 g por dia e para cálcio de
26,57 g por dia. Terá um consumo do suplemento mineral para bovinos de corte de
135 g por cabeça por dia, um boi consumindo estas 135 g por dia estará
consumindo 8,77g de fósforo e 22,27 g de cálcio por dia, correspondendo a 46,90%
e 83,83% das exigências do animal para os nutrientes, para microminerais o
suplemento estará suprindo mais de 50% das exigências do animal para os
nutrientes, e o restante da exigência para cálcio e fósforo será suplementada através
da pastagem.
E um segundo e ultimo exemplo, também vamos suplementar animais a
pasto, machos com pesos de 180 a 270 kg, estimando um ganho de 680 g por dia.
O NRC (1996) nos dá a exigência destes animais para fósforo de 11,86 e para cálcio
de 25,19 g por dia. Terá um consumo do suplemento mineral para bovinos de corte
de 70 g por cabeça por dia, um boi consumindo estas 70 g por dia estará
consumindo 4,55 g de fósforo e 11,50 g de cálcio por dia, correspondendo a 38,36%
e 45,65% das exigências do animal para os nutrientes, para microminerais o
suplemento estará suprindo mais de 50% das exigêncais do animal para os
nutrientes, e o restante da exigência para cálcio e fósforo será suplementada através
da pastagem.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cálcio e fósforo são os minerais mais encontrados no corpo do animal. Sendo
estes macroeleminerais essenciais são indispensáveis à vida, devido à sua
importância na constituição do animal e no metabolismo.
Para formular um suplemento mineral deve-se basear nas exigências animal,
utilizandobaseando nas exigências calculadas pelo NRC (1997., 2001), ou podemos
utilizar outras fontes como ARC (1980), Valadares Filho et al. (2010), onde podemos
encontrar resultados pesquisados em condições brasileiras, porém, devemos atentar
a qual fonte utilizar, pois há muitos resultados na literatura que não há fundamentos
que comprovam veracidade dos valores.
Ao escolher a fonte de cálcio e fósforo deve-se ficar atento para escolher a
melhor, pois há no mercado fontes que teram um menor aproveitamento pelo
animal, baixa taxa de absorção, ou encontrar fontes com excesso de alguns
minerais. Para fonte de cálcio a melhor fonte é o carbonato de cálcio, tendo a melhor
absorção e um balanceamento de cálcio e magnésio, para fonte de fósforo a melhor
fonte para se trabalhar é o fosfato bicálcico, onde há balanceamento entre fósforo,
cálcio e flúor, não chegando em valores de intoxicação em bovinos por flúor como
em outras fontes existentes e obtendo boa absorção pelos animais.
Ao usarmos suplementos minerais podemos suprir de 10 a 60% das
exigências de cálcio e fósforo. Para vacas em lactação de produção entre 15 a 50 kg
de leite apenas a suplementação mineral e pastagem não conceguem suprir as
necessidades de cálcio e fósforo destes animais, devendo ser fornecido concentrado
e volumoso de boa qualidade, já vacas de baixa produção, 7 a 12 kg de leite por dia
e bovinos de corte a pasto é possível suplementar suas exigências de cálcio e
fósforo com suplemento mineral e sistema de pastejo.
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