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1 - De que forma a filosofia, a partir de sua atitude crítica, procura superar o mito como visão de mundo? Em que medida o mito constitui um obstáculo para tal tarefa? O mito, apesar de ser o ensejo necessário ao surgimento da filosofia, é também a estrutura contra a qual a filosofia se constitui. Ele é uma narrativa que pretende explicar a natureza de algo que se manifeste sobre a terra, física ou espiritualmente, e tem o objetivo de dar sentido à realidade que não tem explicação, fornecer os elementos para a compreensão do incompreendido. Ao não estar ligado ao pensamento e método empírico científico, o pensamento mítico recorre ao sobrenatural e ao divino nas suas explicações sobre a origem e funcionamento da natureza e seus fenômenos. Deuses, espíritos, forças maiores governam a realidade dos humanos e, assim, o mito expressa a visão de mundo dos povos que o adotam. Além disso, nas sociedades nas quais prevalece, o mito é transmitido oralmente, através da tradição, de canções e rituais. Ao se confundir com a tradição, o mito é responsável por estagnar a visão de mundo de uma sociedade, não incitando os questionamentos e alterações de pensamento, uma vez que as explicações sobrenaturais já são plenamente difusas pela forte tradição e, por isso, aceitas como verdade, sem deixar espaço para discussões. Os membros da sociedade, então, enxergam a realidade sob o prisma do mito, do sobrenatural e do divino, sem recorrer a indagações, críticas, reflexões sobre a veracidade dessas justificativas e, por isso, são sociedades que

Trabalho de Filosofia

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Trabalho de filosofia à distância do professor Caio, sobre mitos.

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1 - De que forma a filosofia, a partir de sua atitude crtica, procura superar o mito como viso de mundo? Em que medida o mito constitui um obstculo para tal tarefa?O mito, apesar de ser o ensejo necessrio ao surgimento da filosofia, tambm a estrutura contra a qual a filosofia se constitui. Ele uma narrativa que pretende explicar a natureza de algo que se manifeste sobre a terra, fsica ou espiritualmente, e tem o objetivo de dar sentido realidade que no tem explicao, fornecer os elementos para a compreenso do incompreendido. Ao no estar ligado ao pensamento e mtodo emprico cientfico, o pensamento mtico recorre ao sobrenatural e ao divino nas suas explicaes sobre a origem e funcionamento da natureza e seus fenmenos. Deuses, espritos, foras maiores governam a realidade dos humanos e, assim, o mito expressa a viso de mundo dos povos que o adotam.Alm disso, nas sociedades nas quais prevalece, o mito transmitido oralmente, atravs da tradio, de canes e rituais. Ao se confundir com a tradio, o mito responsvel por estagnar a viso de mundo de uma sociedade, no incitando os questionamentos e alteraes de pensamento, uma vez que as explicaes sobrenaturais j so plenamente difusas pela forte tradio e, por isso, aceitas como verdade, sem deixar espao para discusses. Os membros da sociedade, ento, enxergam a realidade sob o prisma do mito, do sobrenatural e do divino, sem recorrer a indagaes, crticas, reflexes sobre a veracidade dessas justificativas e, por isso, so sociedades que apresentam relativamente poucas mudanas, uma vez que se resignam com a tradio sobrenatural, no se arriscando no terreno da crtica e dos questionamentos.A filosofia, por outro lado, pretende romper justamente essas barreiras da virtualidade, no caso impostas pelo mito, e alcanar a sabedoria dos questionamentos, a qual poder trazer mudanas, as quais no so motivadas pelo pensamento mtico engessado, poder trazer senso crtico, acabar com a conformidade quanto ao que imposto e reafirmado por tradio, nos inserir no caos da realidade e acabar com a explicao ficcional, sobrenatural, divina, que no condiz com a realidade. Assim a filosofia pretende superar a viso de mundo imposta pelo mito.Logo, ao ser tomado como verdade absoluta, ao tornar a viso de mundo imutvel por causa do elo com a tradio e com o sobrenatural, o mito no abre espao para o reconhecimento da ignorncia, primeiro passo para o debute no plano do senso crtico e da filosofia, a qual pretende questionar aquilo que parece bvio e combater o autoritarismo e a inflexibilidade presentes na opinio da maioria. A transio do pensamento pronto e engessado para o plano dos questionamentos e da atitude crtica obstado por essa centralidade na divindade, pela inflexibilidade devida tradio do pensamento mtico, pela adoo cega s histrias explicativas transmitidas atravs de muitas geraes.

2 - Se o mito corresponde a uma narrativa dotada de fora de verdade, unicamente por se confundir a autoridade, qual (s) o(s) possvel(s) mito(s) criado pela sociedade contempornea a ser superado pela atividade critica?

A literatura e a mdia de massa assumiram a funo de transmisso dos mitos, atravs de suas mensagens. Um exemplo seria o mito do sucesso e o do consumismo. Estas mdias, fices e narrativas transmitem sempre imagens que remetem ao alcance do sucesso, ao trabalho visando ascenso social e econmica, a qual supostamente leva ao maior poder de consumo e felicidade plena. Estas imagens so assimiladas e afetam o comportamento dos indivduos da sociedade, fazendo com que eles conformem suas atitudes sobre o molde desses mitos, sem nem mesmo saber de onde essa ideia surgiu. Competitividade nas escolas, nas universidades, na procura de empregos, quebra dos limites da sade em prol do trabalho e do estudo, supervalorizao de caractersticas padronizadas, como a extroverso, impulsividade ao adquirir bens, crena deslumbrada nas propagandas transmitidas nos meios de comunicao. Todas essas atitudes so adotadas cegamente rumo a um objetivo que no se sabe quem imps, de onde surgiu.Todavia, o que estimula esses comportamentos justamente a ideologia camuflada transmitida pelos meios de comunicao, que, normalmente, esto a servio do sistema poltico e econmico. A reside o abuso ideolgico dissimulado no mito, e o meio para a superao desse abuso, para a libertao dos mitos, o pensamento crtico, a reflexo sobre o que assimilado ao longo dos dias, sobre a realidade concreta em que vivemos.

Bibliografia complementar:SELEPRIN, Maiquel Jos. O mito na sociedade atual. Disponvel em: >. Acesso em: 11 abril 2015.