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ADSON CERQUEIRA SANTANA EDERSON NAVARRO DE SOUZA GLADSON PEREIRA DA CUNHA JAZON VIEIRA DE OLIVEIRA MÁRIO DANIEL DA SILVEIRA SILVINO DA CUNHA DIAS VANDERLY RODRIGUES BARBOSA O EVANGELHO SOCIAL E A IGREJA DE CRISTO Alcides Nogueira Trabalho apresentado Seminário Teológico Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos Eller, em cumprimento às Exigências da Disciplina de História da IPB 2.

Trabalho de História Da IPB

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História da Igreja Presbiteriana do Brasil

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Page 1: Trabalho de História Da IPB

ADSON CERQUEIRA SANTANA

EDERSON NAVARRO DE SOUZA

GLADSON PEREIRA DA CUNHA

JAZON VIEIRA DE OLIVEIRA

MÁRIO DANIEL DA SILVEIRA

SILVINO DA CUNHA DIAS

VANDERLY RODRIGUES BARBOSA

O EVANGELHO SOCIAL E A IGREJA DE CRISTO

Alcides Nogueira

Trabalho apresentado Seminário Teológico

Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos

Eller, em cumprimento às Exigências da

Disciplina de História da IPB 2.

Professor: Rev. Floriano Sant’ana

BELO HORIZONTE

2004

Page 2: Trabalho de História Da IPB

ÍNDICE

1 CAMINHOS DIVERGENTES....................................................................................................3

2 A RAZÃO DA DIVERGÊNCIA..................................................................................................4

3 O DESAFIO DO COMUNISMO................................................................................................4

4 O EVANGELHO SOCIAL..........................................................................................................5

5 DISCÍPULOS DO DR. SHAULL................................................................................................6

6 UMA GRAVE DENÚNCIA.........................................................................................................9

7 A PALAVRA DO DR. SHAULL................................................................................................12

8 REALIZAÇÕES DO PROTESTANTISMO..............................................................................13

9 O LIBELO DE UMA CARTA...................................................................................................14

10 NA MESMA SENDA...............................................................................................................16

11 A MISSÃO DA IGREJA...........................................................................................................16

12 A OBRA SOCIAL DA IGREJA................................................................................................17

13 FINALIDADE DA IGREJA E DO ESTADO............................................................................19

14 EM DEFESA DA IGREJA.......................................................................................................20

15 O CRISTÃO NO MUNDO ATUAL...........................................................................................20

16 PALAVRA FINAL....................................................................................................................21

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1 CAMINHOS DIVERGENTES

Somente com um estudo das origens do Cristianismo e do Comunismo é

que se pode definir suas diferenças; o Cristianismo apesar das afirmações sobre

este favorecer o Capitalismo, ficará através de um estudo de sua origem uma

grande diferenciação entre ambos, o cristianismo está acima do Capitalismo e

também do Comunismo. Assim o Livro o Cristão e o Comunismo conclui “Portanto

a Igreja não ousa identificar a fé Cristã com qualquer programa específico”.

O objetivo deste trabalho será demonstrar os pontos negativos e positivos

tanto do Capitalismo quanto do Comunismo, demonstrando assim que ambos são

sistemas humanos que são permeados de erros e acertos. Para tanto cabe aqui

definir o que é capitalismo e comunismo:

1. Capitalismo : segundo Pio XI é o regime pelo qual os homens

contribuem de ordinário para a atividade econômica, uns com o capital

outros com trabalho.

2. Comunismo : é uma teoria que preconiza a formação de uma

sociedade ideal onde todos teriam as mesmas oportunidades e os

mesmos privilégios.

Vejamos o seguinte quadro:

CAPITALISMO (PONTOS NEGATIVOS) COMUNISMO (PONTOS NEGATIVOS)

Concentração de grande riqueza na

mão de uma minoria.

Determinismo político de uma cúpula de

privilegiados

Domínio de uma minoria rica através da

política e mídia.Controle da imprensa

Miséria, fome Domínio dos meios de produção, e

salário

Má distribuição da rendaDiferença dos salários entre membros

do partido e outros.

Minoria detentora da maioria das

empresas.

Propriedade na mão de uma burocracia

política

Engano do povo: afirmando sua “total”

liberdade

Engano das Classes: promete os ideais

do comunismo, mas mantêm a

ignorância do povo

Estes são os verdadeiros chifres do diabo, mas também estes sistemas

tiveram algo de positivo: em muitos países capitalistas ocorreu um grande

Page 4: Trabalho de História Da IPB

progresso industrial, comercial, cultural e social; nos países comunistas, como a

URSS ( lembrar que este livro foi escrito em 65) o analfabetismo foi abolido e

houve juntamente com este um grande progresso industrial e social, tornando a

URSS uma grande potência mundial. Mas isso não é tudo, ambos os sistemas

necessitam de prover condições econômicas, repouso adequado, instrução

popular, direitos individuais, princípios morais e liberdade religiosa para todos.

Como a Igreja está acima dos dois sistemas, a divergência deveria ser

entre Capitalismo x Comunismo e não Igreja x Comunismo, pois a missão da

igreja é mais divina e mais nobre; porém a Igreja foi envolvida nesse conflito

porque Karl Marx tinha alguns pressupostos contrários a ela por detrás de seus

ensinos.

2 A RAZÃO DA DIVERGÊNCIA

A verdearia motivação do Comunismo gerou um antagonismo para com a

Igreja pois para Marx a realidade das coisas tem como fundamento básico a

matéria em movimento constante, por exemplo idéias e ideais são reflexos do

mundo material em nós. Essa filosofia extremamente materialista ensina somente

um aqui e agora, desse ponto tudo mais é interpretado.

Há portanto um determinismo absoluto onde os fenômenos são regidos por

leis universais e necessárias que subordinam as ações e a vontade humana de tal

maneira que tudo que acontece independentemente do nosso querer.

Aqui o ponto divergente entre Igreja e Comunismo fica explícito, pois os

cristãos crêem que seres humanos têm o livre arbítrio e que há interfer6encia da

Inteligência Divina na ordem universal, além da pregação do amor que contraria o

sistema opressor e sanguinário do Comunismo.

Para o comunismo Deus é uma negação, para o Cristianismo uma

afirmação, Deus permeia toda sua Criação regendo-a e interferindo conforma

melhor lhe apraz.

Nikolai Lenine ligou em 1917 a Igreja, principalmente a Ortodoxa russa ao

antigo sistema dos Czares de opressão a classe trabalhadora, desligando assim o

povo da religião, anunciando assim um céu na terra com uma religião sem Deus.

3 O DESAFIO DO COMUNISMO

As brigas entre Roma e Constantinopla, a fim de dominar o mundo cristão,

durou muito tempo. Em 867 Nicolau I, de Roma, excomungou Fócio, bispo de

Constantinopla, daí veio a 1ª grande divisão entre a igreja oriental e ocidental.

Page 5: Trabalho de História Da IPB

A Igreja Ortodoxa, se apoiou no estado devido sua herança constantina,

que era difícil distinguir entre o que era igreja e que era estado.

Com o advento do comunismo (1917), a igreja ortodoxa russa estava

profundamente envolvida com o estado, naquele tempo governava o Czar Nicolau

II e, por isso, era grandemente privilegiada. Por causa disso sofreu graves críticas

por parte dos comunistas. Naquele tempo, apenas a nobreza e o clero

desfrutavam das riquezas, poderes, cultura e prazeres da vida, enquanto os

pobres eram tratados com descaso e desrespeito.

O comunismo foi enfático, dada a situação, ao afirmar o clero e a igreja

como nocivos aos interesses do povo comum. Inverteram os valores e missão da

igreja tentando desacreditar sua mensagem e levar os crentes a desistirem da fé.

Diziam que o que a igreja não podia fazer, transformar o mundo, o comunismo

faria. Aqui começava uma das maiores lutas que o cristianismo teria de enfrentar.

4 O EVANGELHO SOCIAL

Há uma legítima preocupação de grande número de servos de Deus

perante às condições do mundo atual, atacado pela injustiça social, pela dura e

impiedosa pobreza, da fome cruel que martiriza, com maior ou menor incidência,

dois terços da família humana, há uma preocupação, por ter em mente que o

amor não procura os seus interesses e não se alegra com a injustiça. Sendo

assim, perante essa preocupação devemos ser de parecer que os cristãos,

possuidores do mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, devem

criar e manter em sua consciência o elevado padrão de solidariedade humana.

Uma vez que a igreja tem pensado tanto em sua responsabilidade social,

na pessoa de seus membros, é desafiada e convidada a realizar uma obra social.

É um trabalho que nos cabe obedecer ao “Ide” de Jesus, e não temos por onde

mudar o sentido da obra social, nos termos da inteligência bíblica, para sobre

fundamento exclusivamente sentimentalista construir o que vem se denominando

de evangelho social. Esse evangelho que vem tomando corpo entre nós, é uma

importação modernista da Europa e da América do Norte, cujo maior exportador é

o Conselho Mundial de Igrejas, organização de âmbito internacional que tenta

estabelecer no mundo uma nova ordem social, para, pela união de todos os

credos religiosos, protestante, católico romano, ortodoxo oriental, bem assim

judaico, maometano e budista, se o quiserem, implantar o reino de Deus na terra.

Pensa criar condições tais que o homem será de tal forma dirigido pela sociedade

Page 6: Trabalho de História Da IPB

denominada “Super Igreja”, que não se poderá afastar do destino que lhe for

traçado. Alcançado tal objetivo, a “super-igreja” terá em maior destaque a missão

do que a doutrina, e menos a ortodoxia teológica do que o evangelho social, pois

o evangelho social, preencherá plenamente a missão da igreja no mundo.

Desta forma pode-se definir que esse evangelho social que se tem visto é

de mensagem mais terrena do que eterna. Sua visão é panorâmica e inclui a

humanidade toda, como um todo, como objeto de sua maior preocupação

salvacionista. Aconselha ação definida e resoluta na solução dos problemas

políticos, econômicos e sociais, deixando em plano secundário os interesses

espirituais de cada indivíduo como ser isolado da comunidade. O seu apelo é por

um mundo socialmente melhor, e não por um mundo redimido pelo Sacrifício da

Cruz. Subestima o valor da conversão da alma e destaca a dignidade do bem

estar social da vida humana. Procura identificar a Igreja de Deus como o mundo

descrente, fazendo-lhe concessões, a fim de atraí-lo para a órbita do seu

ecumenismo religioso. Ressalta o valor da mensagem e do bem estar social e

rebaixa a mensagem evangélica . Insinua a irmanação de todos os credos

religiosos, cristão, sub-cristãos e não cristão, pensando com isto mudar as

condições sociais do mundo, como o objetivo utópico de estabelecer o reino de

Deus entre os homens.

Pode-se perceber então que o evangelho social, muito embora traga

consigo um louvável sentido de solidariedade humana, desmanda-se na ousadia

inglória de tentar substituir o sublime e eterno Evangelho do Nosso Salvador por

uma contrafação de finalidade temporal.

5 DISCÍPULOS DO DR. SHAULL

O autor passa a demonstrar aqui os conceitos criados por alguns pastores

que seguiam os mesmos princípios do Dr. Shaull, do evangelho social, e se

empenha em refulá-los, dentre eles:

Rev. Domício Pereira de Matos na revista “Curso Popular” para Escolas

Dominicais, publicada sob os auspícios da Confederação Evangélica do Brasil,

lição 10, de 7 de junho de 1964, demonstra seu pessimismo e censura à Igreja

porque se atrasou na solução do problema social, pois só ela poderia resolvê-lo.

Uma idéia que repousa com bases nos conceitos do Dr. Shaull. Isto é, o desafio

consiste em que a igreja deve passar à frente dos que, porventura, tenham saído

Page 7: Trabalho de História Da IPB

antes dela com a iniciativa de promover solução econômica para quantos sofrem

o drama do estômago vazio.

Perante o problema da questão social, percebe-se que não há

possibilidade da Igreja de Cristo, em sua parte atuante, que se constituiu de uma

notável minoria no meio da comunidade cristã e de uma minoria ainda menor, no

que se diz a população total da humanidade, dispor de meios e recursos para

saciar os que padecem de fome. Porém não pode deixar de pensar no problema

social, discuti-lo, fazer sugestões e cooperar na sua solução. É claro que resolvê-

lo em definitivo, como preconizam os adeptos do “evangelho social”, é um

empreendimento utópico que está muito acima das suas possibilidades.

O Rev. Lemuel C. Nascimento de uma forma mais discreta deixa também

transparecer a sua influência pelo evangelho social, pois declara que somos

chamados para dar testemunho de Jesus Cristo entre os homens e fracassamos

não na medida em que deixamos de desenvolver misticismo ou ortodoxia

formalista, mas na medida em que nos isolamos, indiferentes, das necessidades

daqueles a quem Deus quer salvar e beneficiar por nosso intermédio., desta

forma não há participação em Jesus Cristo sem participação na sua missão no

mundo, pois ele mesmo lutou para restabelecer a dignidade do homem para que

ele tivesse vida humana, realmente humana, nas suas relações com Deus e com

o próximo. Para ele a solução dos problemas humanos deve vir em primeiro lugar,

e só depois a mensagem do Evangelho para a salvação da alma.

É claro que Jesus se empenhou em elevar o homem, do padrão

paganizado em que ele vivia para um padrão de dignidade, porém não se pode

esquecer que a preferência de Deus não é tanto por nossa vida temporal ou

humana, e sim, sobretudo, por nossa vida espiritual. O método de Jesus, não

elevava o homem a um padrão de vida exclusivamente humano, porém o seu

método consistia em ativar as forças morais e espirituais da pessoa humana, para

comunicar-lhe um caráter forte e construtivo, como os mesmos sentimentos que

houve nEle também.

É importante ressaltar que Jesus não foi um socialista, cuja vida e meta foi

lutar constantemente contra as injustiças e opressões de seu tempo para que

assim elevasse o aspecto social da vida humana. Porém se olharmos os seus

desafios, veremos que ele apontava para um padrão de vida mais elevado, não

apenas terreno mais espiritual, como vemos no sermão do monte, capítulos 5, 6 e

7 de Mateus.

Page 8: Trabalho de História Da IPB

O Rev. Nilo Gimeno Rédua Junior também demonstra sua preocupação em

se resolver o problema da questão social de maneira definitiva, pois a multidões

estão famintas. Para ele não se pode dar apenas o pão espiritual, não se pode

deixar a multidão partir apenas com o pão espiritual, mas com o pão material

também, pois se isto continuar a acontecer, elas não atenderão à nossa

mensagem.

Porém ele esquece que o resolver em definitivo a questão social não está

em alcance da igreja, pois a mesma é limitada financeiramente. Se existir solução

definitiva isso não deveria caber aos Governos, a quem as respectivas nações

oferecem o potencial de recursos, as instituições adequadas e o pessoal

tecnicamente qualificado para planificar e resolver?

Outro fator que não se pode esquecer é que não se pode equiparar o pão

espiritual com o pão material, não há comparação, pois Jesus disse que o reino

de Deus e a sua justiça é muito mais importante, pois as outras coisas serão

acrescentadas. Se estivermos debaixo da poderosa mão de Deus, ele cuida de

nós. Desta forma se pretendermos solucionar os problemas sociais do nosso

povo, ou seja, entregar o pão material, para depois evangelizar, entregando o pão

espiritual, nunca evangelizaremos o Brasil.

O Rev. Rubem Alves, segundo o jornal “O Presbiteriano Bíblico” de maio

de 1964, editado em SP, disse a um auditório de estudantes na Universidade de

Ohio, U.S.A., que a igreja tem fracassado frente ao Comunismo e que a presença

incomodante dos marxistas, avançando no território perdido por ela, a tem

incomodado.

Deve-se ressaltar porém, que até aqui o comunismo não apresentou

planos de vida melhores do que os princípios humanos e morais que os

Evangelhos nos indicam. O que se tem verificado lá é a coerção, a violência como

lei, a suspeita, o temor e a delação. Pretender criar uma igualdade econômica no

mundo atual é tentar fugir, sem ter por onde, da dura realidade expressa nas

palavras de Cristo: “Os pobres sempre tendes convosco” (Jo 12.8). A

desigualdade econômica sempre existiu e sempre existirá, pois decorre de uma

série de fatores que se repetem indefinidamente, sem possibilidade de controle.

Como diz o autor, é inútil pensar os idealistas e difusores do evangelho

social, que tentar corrigir os planos de Deus para implantar um socialismo

igualitário no que tange à distribuição da riqueza, seja possível, pois saibam eles

Page 9: Trabalho de História Da IPB

que isso é uma tarefa ousada e inglória, nas condições do mundo atual, rebelde e

impotente.

6 UMA GRAVE DENÚNCIA

Em abril de 1964, subiu à Comissão Executiva do Supremo Concílio da

Igreja Presbiteriana do Brasil um documento subscrito por considerável número

de evangélicos presbiterianos, através do qual se fazia uma representação contra

a infiltração socialista, com tendência comunista, no seio da Mocidade

Evangélica. Esse documento faz referências da mais grave responsabilidade, pois

versa sobre ideologias exóticas para o nosso cenário evangélico e denuncia

pastores, citando nominalmente Richard Shaull, Rubem Alves, Jovelino ramos,

Lemuel Nacimento, Nilo Rédua, Cyro Cormack, João Dias, Almir dos Santos e

Aharon Sapsezian.

Sobre Aharon Sapsezian, o autor comenta que esse ministro evangélico

pertence a um outro ramo denominacional, o que dificulta relatar algo sobre ele e

seus conceitos. O que se sabe porém é que o mesmo, é de pendor socialista que

o arrasta a fazer trabalho organizado de propaganda política entre os moços

evangélicos do Brasil, distribuindo literatura contrária à nossa ortodoxia.

Sabe-se também que o mesmo exalta o pensamento do teólogo alemão

Bultmann, por ele mostrar-se preocupado em promover o encontro do homem

moderno – existencializado – pela vivência do nosso mundo contemporâneo com

o Cristo de todos os tempos, e de restaurar à fé seu conteúdo vivo, operante e

decisivo. Porém Aharon, segundo o autor, parece esquecer que Bultmann duvida

da veracidade histórica dos fatos relatados no Novo Testamento, pois apresenta

uma teologia ficcionista em torno de um Jesus lendário. Esquecendo então que

nem todos estão preparados para ler um livro ou artigos de um escritor com

Bultmann. Não é devido à sua ideologia favorável ao homem, ao seu bem estar

social, que se deve fazer de Bultmann um aliado na missão da igreja. Entretando

deve-se mostrar que o seu pensamento sócio-político e teológico é um distorção

das verdades bíblicas infalíveis.

O autor também menciona o Rev. Cyro Cormack, colega de presbitério,

mas que não pode deixar de ser citado como alguém que apresenta tendências

socialistas. O mesmo diz que “se Cristo voltasse hoje, reformaria muita coisa do

Novo Testamento”, isso demonstra que o mesmo sobre grandes influencias neo-

modernistas de Karl Barth, pois como ele nega que o caráter absoluto da Verdade

Page 10: Trabalho de História Da IPB

revelada, quando considera ser lícito a cada um decidir, para si mesmo, o que na

Bíblia é a palavra de Deus e o que não é.

Desta forma o autor destaca o Rev. Cyro entre suas críticas pois a sua

declaração importa em negação à inerrância das Santas Escrituras, o que,

segundo ele é uma coisa muito grave no ministério presbiteriano, e em seus

conceitos e princípios percebe-se o seu favoritismo ao socialismo conforme o

autor mostra em síntese:

a) A revolução de 31 de março, segundo Rev. Cyro alterou profundamente

a vida do país e a nação foi radicalizada. Isto é, sofreu uma transformação

violenta sem a necessária preparação para defesa de sua estrutura social e

política, pelo que dividiu-se bastante.

b) Como conseqüência da revolução, diz ele que a IPB também sofreu em

suas finanças, pois segundo consta, findou o ano com um déficit de 10 milhões de

cruzeiros.

c) A igreja dividiu-se em dois grupos perfeitamente caracterizados, uma a

dizer ao outro: eu não preciso de ti.

d) O Comunismo é estatizante, autoritário e um tanto escravizador; o

Capitalismo é injusto, explorador e exerce a pior escravidão: a econômica.

e) O cristão encontra no Socialismo a sua alternativa. Mas, em nosso meio

atrasado, socialismo confunde-se com Comunismo.

f) A mensagem evangélica que a Igreja vem pregando é aleatória,

totalmente irrelevante para o presente século, e os homens desta época não a

ouvirão.

No tocante à revolução e sua significação para o Brasil, o autor usa as

palavras do professor do Seminário de Campinas Rev. Jorge Goulart, que em

editorial da revista Teológica daquele Seminário, dezembro de 1964, que se

pronuncia dizendo o seguinte sobre a Revolução Brasileira: Diz ele que o Brasil

entre os países latino-americanos é o de governo mais estável e acomodado, que

não reage muito aos problemas que enfrenta.

Entretanto, depois da espetacular renúncia do presidente Jânio Quadros, o país

entrou num regime de agitação permanente, sob o governo do Sr. João Goulart.

Primeiro foi uma experiência malograda do sistema parlamentarista, mal

executada pela ação do próprio presidente que não se conformava com a

diminuição dos seus poderes. Com o presidencialismo restaurado, esperava-se

que tudo entrasse em bom caminho, porém com o passar do tempo era evidente

Page 11: Trabalho de História Da IPB

o fortalecimento do partido comunista, que o presidente parecia prestigiar

colocando-o em posições chaves e pactuando com a desordem que se

implantava em todas as esferas da administração, a par de uma desenfreada

corrupção nos negócios públicos.

Foi nestas condições que, para surpresa de todos, ocorreu a revolução, a

primeiro de abril do corrente ano. Quem mais foi surpreendido com essa

revolução foi o próprio governo, cujos famosos dispositivos falharam

completamente. Acreditamos que Deus velou pela nossa pátria. Constituiu-se um

governo moderado, sob a presidência de um homem de largo descortino e de

elevado espírito, o marechal Castelo Branco. Eliminou-se quanto possível, o

perigo do domínio comunista, cujas raízes já eram até mais profundas do que

supúnhamos.

O autor mostra com esse relato o porque de não entender as saudades do

Rev. Cyro Cormack pelo regime passado sob o governo de João Goulart, a

menos que isso seja interpretado como um tendência sem disfarce para a

esquerda socialista, sobre cujas pegadas faz caminho o Comunismo.

O autor menciona também não concordar com o fato do Rev. Cyro

mencionar que a revolução abalou terrivelmente a IPB dividindo-a em dois

grupos, o que não foi bem assim, pois em primeiro lugar, o déficit da Igreja foi

devido a despesas e fatores naturais da Igreja, o que foi superado. Em segundo o

mencionado a respeito da divisão diz o autor, ser algo completamente

desconhecido por ele. O que é sabido é que alguns líderes evangélicos, poucos

felizmente, de algumas correntes denominacionais, deixaram-se empolgar por

tendências político-sociais que, nestes últimos anos, vinham agitando o país, e

tentaram aproveitar o ensejo para inovar, dando corpo às suas idéias dentro da

nossa organização eclesiástica. Agora estão inquietos porque não encontraram

ambiente e nem condições para modificar a estrutura bíblica da Igreja, para dar

orientação diversa à missão que o Senhor Jesus Cristo lhe conferiu e para

reformar a crença que os nossos pais nos legaram. Tentaram em vão substituir o

Evangelho da redenção pelo “evangelho social”.

Outra questão que merece ser refutada é o fato do Rev. Cyro comparar o

comunismo e capitalismo: sendo que segundo a sua comparação o comunismo é

apenas um tanto escravizador, e o capitalismo, porém, como o que exerce a pior

das escravidões.

Page 12: Trabalho de História Da IPB

O que o Rev. Cyro esquece, segundo o autor, é que com base no simples

exemplo entre dois países: Estados unidos (capitalista) e Rússia (comunista) o

que se pode perceber é que para o comunismo, o homem é tão somente um

ponto de referência, um dado estatístico, cuja vida pouco importa face ao

interesse do Estado, ou melhor, da cúpula dirigente. Muito mais do que o

capitalismo, o comunismo escraviza o homem porque não leva em conta a sua

dignidade individual como ser humano: escraviza a mente porque não lhe dá

liberdade para pensar, dizer e decidir; e escraviza a alma porque lhe nega o

direito de professar uma religião.

O autor termina o capítulo mencionando o que tem acontecido é que o

socialismo cristão tem crescido com outra roupagem e sob disfarce diferente, a

cujos propagandistas pode-se aplicar, com muita propriedade, a doutrinação de

Paulo: Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou

na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há

alguns que vos perturbem e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda

que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do

que vos temos pregado, seja anátema. (Gl 1.6-8)

7 A PALAVRA DO DR. SHAULL

O comunismo conseguiu atrair muitos cristãos, que achando que a missão

da igreja era mudar a sociedade favorecendo os excluídos, como pensava o

marxismo, ficavam desesperados. Um livro colaborou muito para esse

desvirtuamento, a obra que penetrou nos meios cristãos em 1953, intitulada “O

Cristianismo e a Revolução Social”, do Dr. Richard Shaull.

Apesar da cultura e erudição do Dr. Shaull sua obra apresentava graves

erros contra o cristianismo. Por exemplo: (1) pessimismo insopitável para com o

crsitianismo, (2) via a igreja como o poder civil para conter o comunismo. É

também negativo, pois desvirtua o papel do cristianismo no mundo, e sem

objetivo, pois, quer dá para a igreja uma missão utópica que não é a que ela

recebeu de Jesus nem nenhum escritor bíblico citou em toda a escritura.

Alguns textos do livro são muito claros quanto a este tipo de pensamento

contra a igreja. Vejamos alguns:

“Mas o Comunismo, e não o Cristianismo, é que se tem identificado

com as massas sofredoras. O interesse pela justiça social está escrito

Page 13: Trabalho de História Da IPB

através da Bíblia inteira; mas o Comunismo é que tem tomado a

dianteira na luta contra as injustiças e contra a exploração”.

“Nós precisamos de ser capazes de dar ao mundo cristãos que se

entreguem à vida política com inspiração tão dinâmica, e que se dêem

tão apaixonadamente como os comunistas.”

“O Comunismo desafia os cristãos não somente a repensarem a sua

responsabilidade social e política; ele nos desafia, outrossim, para

uma nova compreensão da essência da fé e da vida cristã.”

“Um movimento ateístico tem dado ao mundo uma tão dinâmica

demonstração de vitalidade religiosa, que nos faz envergonhar” (O

Cristianismo).

“Não o Cristianismo, mas o Marxismo, é que tem dado às massas dos

nossos dias uma razão de esperança.”

Dr. Shaull, inverte a missão da igreja e, é muito pessimista quanto a sua

existência. Consegue confundir profundamente a igreja com o estado. Igreja e

Estado tem missões distintas que às vezes se interagem no campo das ações,

contudo, cada um continua na sua esfera. Por isso, não é justo nem correto julgar

a igreja pelo que ela não é não, e pelo que não é primária e essencialmente a sua

missão.

Dr. Shaull ministrou de um curso no Seminário Presbiteriano de Campinas

e influenciou grandemente alguns jovens pastores. Ao lê-lo se pode perceber sua

profunda tendência a um tipo de evangelismo social, esse que compete contra o

evangelismo espiritual cristão e tenta até mesmo substituí-lo.

8 REALIZAÇÕES DO PROTESTANTISMO

A reforma enfatizou o sentido espiritual da vida e formou um caráter cristão

que atuou poderosamente no destino dos povos sob sua influência.

Os protestantes foram pioneiros em advogar um sistema de educação

popular. Lutero recomendou os magistrados alemães que abrissem escolas em

todas as suas comunidades. Calvino também incentivou a criação de escolas

públicas. O resultado é o contraste no índice de analfabetismo entre os paises

católicos e protestantes; do desenvolvimento educacional decorre o

desenvolvimento tecnológico e comercial.

Page 14: Trabalho de História Da IPB

No Brasil a igreja evangélica realiza obra admirável no setor social. No vale

do amazonas a lanchas a motor Adventistas, dos Batistas e da Sociedade Bíblica;

transportam médicos, enfermeiros, remédios e Bíblias para socorro do corpo e da

alma das populações ribeirinhas [Oi Bodão: você sabia que a 1a IP de Manaus

também tem um barco]. Em Belém, os adventistas instalaram um dos melhores

hospitais da cidade. Os adventistas mantém na bacia do são Francisco: postos

médicos, clinicas-maternidade, orfanato e escolas. No Nordeste, no Centro e no

Sul há instituições de assistência social promovidas por evangélicos. No Brasil, os

evangélicos anunciam a mensagem da cruz e avançam no setor social.

9 O LIBELO DE UMA CARTA

Uma carta de autoria de Marcus Kerr Brochado de Almeida, membro de

uma Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, faz menção e observações a várias

teses apresentadas no VI Congresso de Mocidade da Igreja Presbiteriana do

Brasil, realizado em Campinas – SP, em janeiro de 1964.

Os conceitos abaixo foram defendidos pelo Rev. João Dias de Araújo,

professor do Seminário Presbiteriano do Recife, e como professor tinha a missão

de formar a mentalidade e o caráter ministerial dos jovens pastores.

“O ensino de Jesus tem sido o estopim de todas as grandes revoluções

do mundo nestes dois mil anos de história”. Marcus Kerr afirma não

saber o método que o Rev. João Dias para interpretar a história. Na

verdade, parece que o professor buscou afirmar alguns eventos como:

as Cruzadas, a Reforma (Séc. XVI), Revolução francesa e etc. Kerr

afirma que não há forma de ligar tais eventos com a pessoa de Cristo.

“A revolução industrial capitalista esconde o principio cristão do valor

infinito da pessoa humana e da sua responsabilidade e da sua

responsabilidade diante de Deus e da sociedade”. Kerr refuta este

pensamento dizendo que o Rev. João Dias estava querendo dizer que a

revolução industrial comunista esconde o principio cristão do valor

infinito da pessoa humana. Ë o comunismo e não o capitalismo que

baseia o seu sistema na filosofia determinista para negar a existência

de Deus e da alma humana, assim como, a soberania e a eterna

providência do Senhor.

“A revolução socialista-comunista retirou seu elemento religioso e

messiânico do Cristianismo”. Kerr diz que em nada o Comunismo se

Page 15: Trabalho de História Da IPB

assemelha ao Cristianismo, senão no entusiasmo com que os seus

adeptos se empenham no afã de implantar o seu sistema.

“A Igreja Evangélica ainda não formulou a ética cristã para as novas

gerações”. A ética do Cristianismo não é ciência mutável que a Igreja

esteja reformando como se fosse um programa de ensino do Ministério

da Educação. Uma ética que a Igreja reformasse a seu talante seria

humana e não cristã. É decepcionante saber que um professor de

Seminário revela-se tão incipiente perante uma mocidade em

Congresso Religioso, afirmando que a Igreja, “ainda não tem a ética

cristã para as novas gerações”.

“A filosofia marxista exerce uma atração sobre a terceira e quarta

gerações evangélicas, excepcionalmente sobre os líderes universitários,

os líderes jovens e os seminaristas. O apelo marxista fala forte aos

jovens evangélicos em parte porque fala de perto a realidade brasileira,

e em parte, porque as Igrejas não oferecem apelos deste gênero.

Assim, as Igrejas Evangélicas vão perdendo os jovens de grande

capacidade, que hoje estão militando nas esquerdas extremadas.

Clara e insofismável é a discrepância do pensamento socialista do

professor João Dias da inteligência doutrinária das nossas tradições. Suas

declarações foram:

a) Afirma que a Igreja já não tem mais poder atrativo para a sua

mocidade. Desta forma a Igreja está aceitando que na sua

doutrinação penetrem conceitos da filosofia como negação da

existência de Deus, negação da importância e existência da alma

humana, negação da Bíblia, o Cristo histórico e redentor.

Destruída a verdade da Palavra de Cristo, as portas do inferno

prevaleceriam contra ela.

b) Insinua, por contraste, que o Marxismo atrai porque não tem

ilusões, porque luta pela transformação do mundo, porque clama

contra as injustiças, enquanto a Igreja – fracassou porque é

indiferente a todos os males sociais, vive num mundo de ilusões e

está aliada ao capitalismo explorador. Injustiça sobre injustiça.

c) Ao afirmar que as razões que tiveram os nossos avós para deixar

a Igreja Católica e buscarem o Protestantismo são as mesmas

Page 16: Trabalho de História Da IPB

que seus netos tem para abandonarem a Igreja Evangélica e

buscarem o Marxismo.

d) Certos jovens geralmente os mais inteligentes, sentem-se mal nas

Igrejas por considera-las retrógradas e porque são elas

defensoras do Capitalismo injusto e servem aos partidos políticos

de burgueses exploradores.

e) A situação ficava ainda mais grave porque quando a sua

mocidade fala das suas aspirações é escoiceada pelas Igrejas e

taxadas de comunista e agitadora pelos pastores e crentes mais

velhos.

f) Por fim, recomenda o Rev. João Dias que a Mocidade não

abandonasse a Igreja, apesar de todas as suas falhas. Que se

esforçassem para conhecer as bases da fé cristã por meio do

estudo da Bíblia e da Teologia.

O que observamos é que não é tão simples quanto o Rev. João Dias

julgava e ensinava. As bases filosóficas e teses do Marxismo e do Comunismo

ferem e muito a prática cristã e por isso devem ser evitadas.

10 NA MESMA SENDA

As questões levantadas acima não foram discutidas apenas pelo Rev. João

Dias, mas manifestou-se com um grande levante em diversas partes do País e

por diversos líderes evangélicos, que pensavam ser possível a transformação do

mundo através da Igreja, resolvendo os problemas sociais. Alguns chegaram a

propagar princípios e táticas comunistas no tocante a certos problemas da vida

nacional, como reforma do ensino, reforma agrária e econômica, reforma

previdenciária, sem respeito às nossas tradições políticas e religiosas.

Com a revolução brasileira de 31 de março de 1964, esses elementos se

retraíram, mas não cremos que as suas idéias hajam morrido.

11 A MISSÃO DA IGREJA

A Igreja traz consigo um sentido místico que lhe dá dignidade, colocando-a

bem acima do secularismo com que alguns desejam revesti-la. A Igreja é um

mistério em si mesma. O seu corpo é originalmente humano, constituída de

pessoas de todos os povos, nações e línguas, de todas as cores e de todas as

civilizações, formando a raça eleita (I Pe 2.9).

Page 17: Trabalho de História Da IPB

Mistério é também a sua mensagem, haja visto que fala aos homens

através de uma linguagem totalmente nova. A Igreja fala a linguagem do Deus

eterno, misericordioso e bom, do Deus que ama e perdoa. Igualmente misteriosa

é a vida de relação da Igreja com Deus. Deus em Cristo se encarnou em nossa

humanidade, e a Igreja se tornou participante da sua divindade, recebendo os

sentimentos e da sua mente. É uma vivência em Espírito e em Verdade, no

silêncio de um ambiente fechado ao mundo exterior e das forças do mal, mas

inteiramente aberto para Deus.

Cremos que a organização do Estado está dentro do plano divino e que

Deus deu poder às autoridades para governarem, administrando o mundo para o

bem. Para fins mais nobres, no entanto, deu a existência à sua Igreja,

oferecendo-lhe garantias que ao Estado não prometeu (Mt 16.18). São partes do

Reino de Deus – Igreja e Estado – destinam-se ao bem comum, porém cada um

dentro da suas esfera de atuação.

Comunidade religiosa que é, com uma origem singularmente divina,a Igreja

independe da vontade humana, pois tem uma missão especifica para realizar no

mundo sob a orientação do Espírito Santo.

O fundador da Igreja é o Senhor Jesus Cristo e ele mesmo designou a

missão da sua Igreja (Mc 16.15). Esta é a missão precípua da Igreja do nosso

Salvador. Tudo mais será fruto deste apostolado espiritual em favor das almas

perdidas, de fé na grandeza da providência de Deus e da aplicação do sublime

amor divino que alcança o homem integral, no corpo e no espírito, no tempo e na

eternidade.

12 A OBRA SOCIAL DA IGREJA

O autor descreve a respeito da obra social existente na igreja Primitiva,

dizendo acerca das necessidades existentes naqueles dias, faz também uma

colocação no que se refere a verdadeira obra que a igreja veio realizar aqui na

terra. Ele divide essa idéia em nove partes:

1. (M c: 14: 17). Neste texto podemos ver a passagem que mostra que Jesus

não estava tão interessado no dinheiro que aquele perfume iria render, mas

sim no louvor prestado por aquela mulher. “Aceitando a oferta de Maria,

mesmo sem participação dos pobres, como insinuara Judas, Jesus nos fez

saber que o que deve nortear a caridade cristã é o amor generoso e pródigo e

não o dever imposto por circunstâncias ou regulamentos externos às razões

Page 18: Trabalho de História Da IPB

do coração”. Portanto a maior razão da igreja é a de adorar a Jesus e não

simplesmente partir de pressuposto de caridade.

2. (At: 6:1-6). Surge um problema social, as viúvas estavam sendo esquecidas,

por causa da grande perseguição ocorrida naqueles dias, por causa da

esperança de que Jesus voltaria logo por aqueles dias, mas com certeza isso

não era justificativa para esse problema. Então surge uma grande idéia:

Colocar homens capazes de ajudar aqueles que estavam com necessidade,

os diáconos. Muita gente passou a ajudar e contribuir para a grande causa de

Deus. A ação social mais uma vez é enfocada na igreja de Deus, de maneira

em que não fica pendente o louvor ao Senhor, nem a grande obra de ajuda ao

próximo. .

3. (At: 11: 27-30). Estava acontecendo grande fome naquela região, e o que

fazer para que a igreja de Cristo não sofresse tantos danos? Havia no coração

de cada um uma cooperação mutua e todos estavam empenhados em

contribuir com tudo o que tinham, aliviando de forma bastante significativa a

fome naquelas pessoas que se convertiam ao Senhor.

4. (Rm: 15: 25-27). Passaram-se dez anos depois que Paulo e Barnabé tinham

trazido mantimentos para Jerusalém, devido a grande fome que ocorrera. Mas

uma coisa ficou muito clara as pessoas jamais tiveram problemas desta ordem

novamente. Uma coisa temos que ver e deixar bem claro, a que Paulo não

veio fazer uma obra de caridade, mas sim pregar o evangelho de Cristo.

5. (1Co: 16: 1-4). Neste texto Paulo vai ordenar que se faça doações para as

igrejas daquela época, e Paulo pede ajuda a outras igrejas de outras regiões

onde as perseguições religiosas eram menos agudas, e Paulo faz aquilo que

Jesus disse: Dá pão a quem tem fome, e enquanto tivermos oportunidade

fazer o bem a todos o quanto possível, principalmente aos da família da fé.

6. Gl: 2: 9-10). Neste episódio Paulo demonstra desconfiança naquilo que

estava acontecendo na igreja de Jerusalém, porque vinham recebendo

informações deturpadas a respeito da doutrina pregada a respeito do

evangelho. Paulo então se dedica a evangelização dos gentios, mas Paulo de

maneira nenhuma se esquece de levantar recurso para ajudar a igreja em

Jerusalém.

7. (Hb: 13:3). Segundo o ator ele pensa que quem escreveu a carta aos Hebreus

foi o apóstolo Paulo, segundo ele lá pelo ano de 67. Ele cita algumas

experiências de Paulo em suas angústias e desprazeres em seu ministério e

Page 19: Trabalho de História Da IPB

começa a fazer um paralelo a respeito de como a igreja era e como a igreja é

hoje. Ele diz que os presos são uma classe esquecida os mais necessitados

são deixados de lado, fazendo assim um grande contraste da igreja daquela

época com a igreja nos dias de hoje. Fazendo um apelo para que voltemos os

olhos aos esquecidos da sociedade.

8. (Tg: 1: 27). Tiago em sua carta vai nos dizer acerca das boas obras. “O

objetivo fundamental daquela epistola é apresentar o cristão justificado pela fé

diante de Deus, mas apresenta-lo justificado perante a sociedade humana

pelas obras conseqüentes da fé”.

9. (1Jo: 3: 17-18). Para João a caridade cristão não deve constituir-se de teoria,

mas de fato e de verdade. Deve alcançar o verdadeiro objetivo que é a ação a

contribuição pessoal a distribuição de nós mesmos e de nossos recursos em

favor dos que realmente carecem, e isso vai além do ensinar e doutrinar.

Desses pronunciamentos pontíficos, vê-se que a igreja e o estado tem

funções e responsabilidades perfeitamente definidas e quem em perfeita

cooperação e respeito mútuo se completam na promoção da felicidade social dos

povos.

13 FINALIDADE DA IGREJA E DO ESTADO

A missão fundamental da igreja do Senhor Jesus Cristo é pregar o

evangelho, disseminar os princípios doutrinários hauridos nos ensinos do Divino

Mestre, batizar os conversos integra-los na comunidade cristã dar-lhes

assistência espiritual formar caracteres cristãos salvar e preparar cidadãos dos

céus para o reino de Deus.

Ao estado cabe a responsabilidade maior de um programa mais completo de

assistência social, ao seu dispor há leis que disciplinam os diversos aspectos da

vida nacional existe a autoridade de poderes constitucionais que garantem a a

execução dessas leis.

Se o estado cumprir fielmente as suas responsabilidades de defensor dos

direitos do homem e lhe oferecer assistência social correspondente as suas

necessidades e se a igreja cuidar com desvêlo o amor cristão dos seus

interesses morais e espirituais a pessoa humana será totalmente envolvida no

ambiente de dignidade das suas aspirações.

Page 20: Trabalho de História Da IPB

14 EM DEFESA DA IGREJA

A maior responsabilidade da igreja não é a obra social. Jesus disse à

multidão que o buscara em Cafarnaum: “Trabalhai, não pela comida que perece,

mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará;

porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo” (Jo 6:27). O problema da fome e

injustiça social no foi criado pela igreja. A igreja como povo de Deus constituída

dos salvos pela graça, sempre foi quantitativamente uma minoria no mundo. À

maioria da sociedade humana desajustada com Deus cabe a responsabilidade do

desequilíbrio social. O ateísmo é oficializado e imposto pelos sistema de

educação nos paises socialistas. Não é valida a acusação que se faz à igreja de

que ela se tornou omissa quanto à sua responsabilidade social. A igreja é uma

minoria critica, ela não é responsável pelo homem desajustado com Deus que

gera angustias no mundo.

15 O CRISTÃO NO MUNDO ATUAL

Importantes lideres cristãos evangélicos pronunciam a favor da inserção da

igreja na obra social. Estes lideres são conservadores na doutrina; mas não se

omitem na prática.

O Brasil presbiteriano em 1o. de janeiro de 1965, transcreve um artigo do

Rev. Galdino Moreira escrito há 25 anos: “há o problema da caridade, ou seja a

obra social da Igreja. É um problema vivo e candente em nossa época. Nele se

enquadram múltiplos assuntos e imensas ramificações. A caridade na comuna, na

região, no Estado, no país. A obra ampla de socorro ao velho, à criança, à mãe

pobre, ao operário em crise econômica, ao órfão, à viúva, à moça sem ler ou de

lar deficiente, ao enfermo, ao doente mental. A obra hospitalar, visando à cura é

prevenção de males físicos. A colaboração da Igreja com os poderes públicos e

com outras instituições de socorros gerais. A vida no interior e nos campos, nas

cidades e centros longínquos. O estudante pobre. A miséria. É claro que todos

esses problemas e outros muitos, latejantes no Brasil, defrontam a Igreja

Nacional. Não pode o protestantismo moderno por de lado esses assuntos,

porque eles são imperativos e requererão, mais tarde ou mais cedo, que a Igreja

reconheça e os ajude a resolver, com decisão e clareza”.

Rev. Miquel Rizzo Júnior: “A analise de todos estes fatores lastimáveis deixa

patente que, possuindo os cristãos verdadeiras qualidades morais que são raras,

sobre eles pesa muito especialmente a responsabilidade de agir no sentido de

Page 21: Trabalho de História Da IPB

renovar a sociedade contemporânea. Se eles não o fizerem, quem o fará? As

correntes filosóficas que pregam princípios falsos? Os políticos que costumam por

em primeira plana os interesses de sua grei?.. os cristãos verdadeiros não podem

se eximir de trabalhar para o bem social”.

Em 13 de outubro de 1964 saiu um artigo no Brasil Presbiteriano com o

titulo: “A Soberania de Deus e a Consciência Cristã”; de autoria do Prof. J. M.

Wanderley: “há naturalmente, o perigo de o crente ou a Igreja deixar-se envolver

em excesso pelos problemas sociais ao ponto de secularizar a igreja. Mas

também há o outro perigo extremo, indiferença pela miséria e injustiças”.

Todas estas palavras sobre a missão equilibrada da igreja, correspondem ao

mandato do Senhor de sermos sal da terra e luz no mundo. Terra e mundo são o

lugar da atividade cristã. Como SAL o cristão se dilui na humanidade para lhe

transmitir as virtudes de Cristo. Como LUZ ele esclarece à humanidade o caminho

de Deus. Na igreja o cristão vai buscar luz e força espiritual, no mundo ele

realizará sua missão.

16 PALAVRA FINAL

Em abril de 1964, em Campinas, S. Paulo, a comissão executiva da IPB

tomou conhecimento do MANIFETO: UMA GRAVE DENÙNCIA, subscrito por

meia centena de membros da IPB denunciando a influencia nefasta de

determinados lideres, pedindo providencias à CE-SC: “não se tornar omissa por

deixar que os falsos líderes estejam jogando a nossa mocidade nos braços de um

Comunismo organizado”. A CE nomeou uma comissão de pastores que residem

distantes geograficamente: Orlando de Moraes: Recife; Ageu Lídio Pinto:

Campina grande na Paraíba; Henrique Guedes: Garanhuns interior de

Pernambuco. Sem verba para se locomoverem para a reunião. A Comissão

resolveu recusar o manifesto declarando: “não tem nenhuma restrição a fazer

contra qualquer ministro presbiteriano, inclusive aqueles cujos nomes foram

envolvidos nas acusações que recebeu inadvertidamente”. Os acusados estão

pregando modernismo teológico, comunismo mascarado, socialismo

inconseqüente e ecumenismo insensato. Comprometendo a tradição da IPB e até

mesmo a inspiração do Novo Testamento.

O autor conclui: “mas ainda é tempo oportuno de extirpar o mal. Senhor, dá-

lhes (liderança da IPB) sabedoria e força para faze-lo”.