Erik MirandaProf. Luiz MenaPsicanlise II
Explique o conceito de transferncia em Freud?
Encontramos o termo transferncia desde a cincia dos sonhos, em
que o sonho se apodera do que chamado de restos diurnos, as
lembranas do que aconteceu no dia anterior, como o sonho se apodera
desses elementos para mont-los com um valor diferente, com uma
significao diferente daquela do momento de sua primeira emergncia.
So ento formas esvaziadas de sentido, e o desejo do sonho as
investe de um novo significado. Trata-se dos disfarces do desejo,
permanecendo inconsciente, se exprime apoderando-se das
representaes mais andinas. Expressa-se ao se deslocar do recalcado
para uma representao banal, mas aceitvel para a conscincia. O
desejo se apodera de formas despojadas de significado, que
funcionam separadas da significao primeira, que de fato so
significantes aos quais o desejo proporciona um significado
diferente e novo. Existem trs formas fundamentais de transferncia:
repetio, resistncia e sugesto. A primeira transferncia freudiana o
processo geral das formaes do inconsciente, o sonho, lapso, o
desejo se mascara e se aferra a significantes esvaziados, enquanto
tais de significao. A transferncia tem uma funo de tampa para as
associaes inconscientes que vem a interromp-las, associada a um
tempo de fechamento do inconsciente, no a um tempo de abertura. A
anlise se faz graas transferncia e apesar da mesma. Na transferncia
de repetio o analista exerce uma presso sobre o inconsciente pela
prpria oferta que faz de escutar o paciente e o conduz a
profundidade na zona da libido. Na resistncia o psicanalista
empurra o paciente aos seus ltimos esconderijos, atravessando as
resistncias, irritando e sacudindo-os. Na sugesto devemos entender
como forma de influir sobre uma pessoa mediante os fenmenos de
transferncia possveis em seu caso. Um quarto modo de transferncia
define-se como: neurose de transferncia, a modalidade de conjunto
da cura, a doena artificial prpria da psicanlise. Com a psicanlise
todos os sintomas do paciente adquirem nova significao, sendo o
inconsciente estruturado como uma linguagem. O sintoma um elemento
que tem uma significao que se dirige ao outro. Trata-se de
determinar em que lugar o psicanalista se situa na cura, que no
lugar onde se dirige o sintoma, o receptor essencial do
sintoma.Algo proporcionado pela psicanlise que a vida uma repetio,
que temos a iluso do novo. Precisamos da psicanlise para notarmos
esses limites to estreitos em que estamos capturados por um nmero
extremamente limitado de significantes. Como a religio nos tem
ensinado, vivemos em um sonho. No se sonha simplesmente quando se
dorme, quando acordamos muitas vezes para continuar dormindo com os
olhos abertos, e assim passamos todo o nosso tempo.Freud evoca a
resistncia do recalque, da transferncia, a resistncia do isso e do
super-eu. Temos por um lado uma transferncia extremamente
polimorfa, que pode adquirir diferentes valores e at cobrir o
conjunto da cura. A transferncia aparece sempre como um conceito
evanescente, que se confunde com outros conceitos, em um sentido
com a repetio, em outro com a resistncia, e outro com a sugesto, um
conceito absorvido pelos outros.Os quatro conceitos fundamentais da
psicanlise so: o inconsciente, a repetio, a transferncia e a pulso.
A transferncia fundada no prprio dispositivo de cura, o convite que
se faz ao paciente para dizer tudo em desordem, sem reter nada, sem
ser detido pela decncia ou pelo desprazer.
