8/6/2019 TRABALHO DE SOCIOLOGIA DA EDUCAO - LEITURA GUIADA

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TRABALHO DE SOCIOLOGIA DA EDUCAO I A

Alexandre, Daniela, Guilherme, Otvio e Vincius Turma C

LEITURA GUIADA

TEDESCO, Juan Carlos (2002). Qualidade para todos. In: O novo pacto educativo: educao,competitividade e cidadania na sociedade moderna.So Paulo: tica.

1. Por que o autor afirma que o debate atual sobre educao gira em torno dadefinio do que se ensina e de quem tem acesso a essa aprendizagem?

Juan Carlos Tedesco afirma que a educao na atualidade deve ser vista como um

bloco formado por quem aprende e pelo que ensinado. Isso porque no mais nveis

qualitativos de ensino verificam-se pela menor quantidade de estudantes com acesso a

educao. Antigamente, quem tivesse acesso a educao j se destacava entre os demais.

Hoje, esse quadro outro o ensino acessvel para todas as pessoas (mesmo que nem todas

integrem essa proporo). O acesso universal educao acabou por gerar a chamadacompetitividade. Ao passo que aumentou o acesso a educao, o excesso de certificao de

ensino tambm aumentou. O que se ensina e quem tem acesso a esse ensino so os dois

fatores condicionantes da definio sobre a distribuio do poder e da riqueza.

Quanto maior o grau de ensino de algum, mais bem remunerada ela ser. Houve

tempos que ter apenas o ensino fundamental j proporcionava ao indivduo dar aulas aos

demais. Hoje a qualificao profissional essencial para o destaque pessoal e a sequente

melhor remunerao financeira. Isso real, mas tambm real a desigual distribuio a cada

profisso. Um professor ganha menos que um mdico ou um engenheiro civil, por exemplo.

No que o professor tenha estudado menos, muito pelo contrrio, podem ter o mesmo grau

de estudo ou at maior e continuam ganhando menos.

V-se na educao atual, uma disparidade imensa entre escolas pblicas e

particulares, por exemplo. Mesmo que o ensino de uma escola estadual seja to bom quanto

de alguma escola particular, a estrutura das escolas e as oportunidades oferecidas aos alunos

sero os fatores que os diferenciaro. Tanto isso existe que algumas universidades adotaram

as cotas para estudantes de escola pblica. Pressupe-se que um aluno de escola particular

possua mais condies financeiras e consequentemente mais conhecimento. Mesmo no

tratando de uma realidade generalizada, em parte verdade. Mas o que faz do ensino de

escolas particulares ou estaduais melhor? O que ensinado? Qual a importncia que o aluno

d ao ensino? Esses so alguns dos questionamentos norteadores dos debates educacionais.

2. Explique, segundo o texto, quais so as trs categorias de pessoal que estar-se-ia configurando na estrutura ocupacional da atualidade.

As trs categorias de pessoal so:

- Os servios rotineiros que implicam a execuo de tarefas repetitivas levadas a cabo

seja em atividades de produo em escala, seja em atividades repetitivas de empresas

modernas.

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- Os servios pessoais tambm supem a realizao de tarefas rotineiras e repetitivas

que no requerem muita educao. Mas a principal diferena com os servios rotineiros que

os servios pessoais efetuam-se cara a cara e no podem ser oferecidos globalmente. Ex:

serventes, babs, caixas, taxistas, etc.

- Os servios simblicos so aqueles que se referem aos trs grandes tipos de

atividade que se realizam nas empresas de alta tecnologia: identificao de problemas, soluode problemas e definio de estratgias.

3. Por que o autor afirma que estamos diante de um paradigma no qual ascapacidades para o desempenho no processo produtivo seriam as mesmas requeridas para a

formao do cidado e para o desenvolvimento pessoal?

Segundo o autor, os servios simblicos (aqueles que requerem uma maior

educao) implicam o desenvolvimento de quatro capacidades bsicas pelos trabalhadores;

estas capacidades so: a abstrao, o pensamento sistmico, a experimentao e a capacidade

de trabalhar em equipe.

A capacidade de abstrao consiste que o trabalhador seja capaz de descobrir os

padres que ordenam os diferentes aspectos da realidade. Para isso, preciso que o

trabalhador seja educado para tornar-se criativo e curioso.

Desenvolver o pensamento sistmico dar um passo alm da abstrao. Consiste

em descobrir novas oportunidades ou novas solues para os problemas, o que requer a

compreenso dos processos pelos quais as diferentes partes da realidade se interconectam.

Desenvolver esta habilidade requereria que, alm de resolver problemas, os alunos fossem

treinados a analisar por que ele surgiu e como se relaciona com outros problemas.

Para dominar as formas mais complexas de abstrao e pensamento sistmico,

necessrio aprender a experimentar. Compreender causas e consequncias, explorar

diferentes possibilidades de soluo para um mesmo problema so exigncias indispensveis.

Mas a experimentao tem outra consequncia importante: os estudantes aprendem a aceitara responsabilidade de sua prpria aprendizagem, qualidades necessria para atividades que

exigem reciclagem permanente.

Os trabalhadores simblicos trabalham em equipe, empregam muito tempo em

comunicar conceitos e buscam consensos para prosseguir com a aplicao de seus planos. Em

vez de educar para a competio individual, esse tipo de funcionamento exige que ponha a

nfase na aprendizagem grupal. Aprender a buscar e aceitar a crtica dos pares, solicitar ajuda,

dar crdito aos outros etc. fundamental nesse tipo de trabalhador.

As empresas modernas se apresentam como um paradigma de funcionamento

baseado no desenvolvimento pleno das melhores capacidades do ser humano. No sistema

capitalista tradicional de produo em massa gerava-se um funcionamento paralelo entre as

exigncias da formao do cidado e do desenvolvimento pessoal, por um lado - nos quais asqualidades postuladas eram a solidariedade, a participao, a criatividade, o pensamento

crtico -, e as exigncias da formao para o mercado de trabalho, por outro - a disciplina, a

obedincia, a passividade, o individualismo. Nos novos modelos de produo, porm, existem

a possibilidade e a necessidade de pr em jogo as mesmas capacidades requeridas nos nveis

pessoal e social.

4. Explique em que, segundo o autor, reside o problema atual da relao daeducao, mercado de trabalho e cidadania.

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O autor diz que o problema do sistema capitalista tradicional na relao entre

educao, mercado de trabalho e cidadania est no paralelismodas capacidades requeridas

pelo mercado de trabalho e pelo desenvolvimento social e do cidado. Por um lado, a

educao para o cidado social precisa ensinar solidariedade, participao, criatividade,

pensamento crtico etc., por outro lado, as exigncias da formao para o mercado de trabalho

exigem disciplina, obedincia, passividade e individualismo.

Baseada no sistema capitalista tradicional, a escola tem que formar um indivduo ou

ambguo ou incompleto. Porm, nos novos modelos de produo existem a possibilidade e a

necessidade de pr em jogo as mesmas capacidades requeridas nos nveis pessoal e social

(como nos servios simblicos).

5. Se permanecer a tendncia de apropriao da educao por trabalhadoressimblicos, como o autor v a excluso daqueles (trabalhadores/as) que no tm acesso

educao formal em todas as suas etapas (bsica e superior)? Qual alternativa que ele prope?

Caso permanea esta tendncia, o autor percebe que haver uma segmentao e

uma excluso scio-econmica; num ponto em que os no-trabalhadores simblicos no tero

acesso essa plena educao formal, eles no podero adquirir os mesmos salrios e direitos

dos engenheiros, cientistas, advogados, enfim, profissionais com ensino superior completo.Pela falta de insero social dos no-trabalhadores simblicos ao ensino didtico pleno, alm

de se tornarem desempregados e no-cidados, ocorre que as vagas para profisses

prestigiadas tornam-se relativamente mnimas - como Tedesco menciona no texto, "[...] todas

as evidncias indicam que as empresas de tecnologia avanada s podem garantir postos

estveis a uma reduzida parcela de seu pessoal, gerando - alm de um aumento significativo

de desemprego - um fenmeno de 'precarizao' das condies do restante dos

trabalhadores", ou seja, as pessoas que no possuem condies polticas e "scio-estruturais"

para adquirir uma educao didtica plena, permanecem margem da sociedade ou at

mesmo margem destes empregos de prestgio (como mencionados anteriormente;

engenheiros, advogados etc).

Como alternativa, Tedesco baseia-se em definir estratgias para a manuteno da

coeso (solidariedade) social, com o objetivo de evitar que o trabalho seja monopolizado por

uma elite da sociedade. O que constituiria o aspecto-chave desta alternativa seria a

compartilhao do trabalho e que, do ponto de vista educacional, como ele afirma, "torna-se

crucial definir se o acesso s novas competncias necessrias para as atividades do setor-chave

da economia pode ou no ser universal." E a compartilhao do trabalho s ser possivel com

a democratizao do acesso ao domnio das competncias significativas do trabalho porque,

como ele mesmo afirma, "[...] todos os seres humanos so capazes de aprender."