Trabalho - Direito Do Trabalho

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DIREITO DO TRABALHO ASPECTOS GERAISINTRODUODireito do trabalho o complexo de regras, princpios e institutos jurdicos que regulam as relaes empregatcias, quer no plano especificamente das obrigaes contratuais de carter individual, quer no plano mais largo dos vnculos estabelecidos entre os entes coletivos que representam os sujeitos desse contrato. Regula o direto do trabalho, outras relaes laborativas no empregatcias especificadas em lei.O Direito do Trabalho um ramo especializado que teve seus aspectos individualizados a partir meados do sculo XIX, assim um ramo autnomo das cincias jurdicas que mantm pontos de contato com outros ramos do direito, entre os quais destacamos o Direito Previdencirio; o Direito Civil; o Direito Comercial e, destacadamente, o Direito Constitucional, haja vista que alm de estabelecer princpios que orientam a estruturao do Direito do Trabalho, traz nos 34 (trinta e quatro) incisos e pargrafo nico, de seu art. 7, o conjunto das garantias mnimas ao trabalhador. Seu aspecto individual intensifica principalmente no que diz respeito sua busca histrica no aperfeioamento as condies e pactuao da fora de trabalho no sistema socioeconmico.Desta maneira engloba o Direito do Trabalho dois segmentos, um individual e um coletivo, cada um contando com regras, instituies, teorias, institutos e princpios prprios.Enquanto o Direito individual do trabalho trata da regulao do contrato de emprego, fixando direitos, obrigaes e deveres das partes e outras relaes laborativas especificamente determinadas em lei.O Direito coletivo do Trabalho regula as relaes inerentes chamada autonomia privada coletiva, isto , relaes entre organizaes coletivas de empregados e empregadores e/ou entre as organizaes obreiras e empregadores diretamente, a par das demais relaes surgidas na dinmica da representao e atuao coletiva dos trabalhadores.INTEGRAO DO DIREITO INDIVIDUAL COM O DIREITO COLETIVODireito do Trabalho, ou Direito Laboral: o conjunto de normas jurdicas que regem as relaes entre empregadores e empregados, tratando da complexa relao entre capital e trabalho. No Brasil as normas trabalhistas esto regidas pelo Decreto Lei 5.452 de 1 de maio de 1943 que aprovou a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), alm da Constituio Federal e leis esparsas.

Inicialmente podemos visualizar o Direito do Trabalho em dois ramos distintos, o Individual e o ramo Coletivo do Direito do Trabalho. Temos o Direito Individual do Trabalho, rege as relaes individuais, tendo como sujeitos o empregado e o empregador e a prestao de trabalho subordinado, por pessoa fsica deforma no eventual, remunerada e pessoal, que geralmente mais familiar pelas questes que envolvem o cotidiano de uma empresa. J o Direito Coletivo do Trabalho, tambm conhecido como Direito Sindical conceituado como "o conjunto de leis sociais que consideram os empregados e empregadores coletivamente reunidos, principalmente na forma de entidades sindicais". Versa, portanto, sobre organizaes sindicais, sua estrutura, suas relaes representando as categorias profissionais e econmicas, os conflitos coletivos entre outros.Deste modo, nota-se claramente a diferena, enquanto que o Direito Individual pressupe uma relao entre sujeitos de direito, considerando os interesses concretos de indivduos determinados, o Direito Coletivo pressupe uma relao entre sujeitos de direito, em que a participao do indivduo tambm considerada, mas como membro de determinada coletividade. DESENVOLVIMENTO HISTRICO DO DIREITO COLETIVO A NVEL INTERNACIONALAcredita-se que a sociedade pr-histrica fundamenta-se no princpio do parentesco, assim, natural que se considere que a base geradora do jurdico encontra-se primeiramente nos laos de consanguinidade, nas prticas de convvio familiar de um mesmo grupo social, unido por crenas e tradies. Nasceu espontnea e inteiramente nos antigos princpios que constituram a famlia, derivando das crenas religiosas universalmente aceitas na idade primitiva desses povos e exercendo domnio sobre as inteligncias e sobre as vontades.Posteriormente, num tempo em que inexistiam legislaes escritas, as prticas primrias de controle so transmitidas oralmente, marcadas por revelaes sagradas e divinas. O receio da vingana dos deuses, pelo desrespeito aos seus ditames, fazia com que o direito fosse respeitado religiosamente. FASES ARQUEOLGICASTrabalho desenvolvido de forma primitiva, isto apenas para seu sustento imediato baseado na caa, pesca e luta contra o meio fsico (contra os animais e contra os seus semelhantes) chamado economia apropriativa. O TRABALHO ENTRE OS EGPCIOSO povo egpcio da antiguidade era predominantemente dedicado agricultura, visto que dispunha de condies geogrficas vantajosas. O Egito banhado pelo rio Nilo (as civilizaes egpcias se formaram em torno do rio Nilo), que proporcionava a fertilidade do solo, tornando-o propcio agricultura, bem como navegao fluvial, essencial para o transporte de mercadorias e sofisticao do comrcio. Foram realizadas grandes obras de irrigao e construdos audes e diques. Os perodos de cheia e recuo das guas do Nilo so previsveis e estveis. O TRABALHO NA ANTIGUIDADE CLSSICA ROMA: ESCRAVIDOA estratificao social composta por homens livres e escravos. O trabalho escravo predominava. Na Roma republicana, a reposio de escravos era confiada principalmente s regras expansionistas; no Alto Imprio, a criao e o comrcio do "gado humano" predominaram com a captura de prisioneiros em batalha. Aristteles afirmava que "a arte de adquirir escravos... como uma forma da arte da guerra ou da caa". O trabalho manual exaustivo era exclusivo dos escravos, portanto, considerado atividade subalterna, desonrosa para os homens vlidos e livres. Era tratado como carga, fadiga, penalidade. Isso gerou vrios preconceitos sobre o trabalho humano. Ao lado do trabalho escravo, existia tambm o trabalho livre. A vida de um escravo, do momento da escravizao at a morte, durava cerca de dez anos.Era exigido do escravo um trabalho produtivo. Era um trabalho realizado por conta alheia, visto que a titularidade dos seus resultados pertencia ao amo.OS COLGIOS ROMANOSEram associaes corporativas. Seus objetivos principais eram de ordem religiosa e funerria. Agrupavam pessoas humildes, com cotizaes regulares, para celebrar um culto e assegurar funerais decentes. Nas provncias ocidentais, os colgios se haviam organizado desde o princpio do Imprio. Com seus "patronos" honorrios, escritrios e festas, desempenharam grande papel na formao e na renovao das burguesias municipais. Posteriormente evoluram para os grupos de artesos que se reuniam para exercer a mesma funo. Davam assistncia a seus membros, tendo esses passado a ter o trabalho regulamentado. "Locatio Conductio: Rei, Operarum, Operis"A locatio conductio o contrato de arrendamento ou locao de empreitada. Havia trs diferentes operaes: a locatio rei, a locatio operarum e a locatio operis faciendi. Tinha por objetivo regular a atividade de quem se comprometia a locar suas energias ou resultado de trabalho em troca de pagamento. Assim, estabelecia a organizao do trabalho do homem livre.DIREITO HEBREUO Direito hebraico religioso, e a religio monotesta. Entre os hebreus, a prtica da escravido foi menos dura, graas atuao da lei mosaica e talvez tambm por j terem sido escravos no Egito. So reconhecidos direitos iguais aos homens. Todos os homens so iguais perante o Criador. Probem-se os maus-tratos aos escravos e assalariados, proclama o sentido alimentar do trabalho e tambm condena a preguia. Exalta o trabalho como arena de virtudes e fator de preservao do cio. Probe, ainda, que o trabalho seja utilizado como fator de opresso.Os hebreus prezavam e valorizavam o trabalho, colocando como um santo o homem que constri sua casa, que lavra a terra, que planta o trigo.Foi com a civilizao hebria que o trabalho adquiriu um elevado sentido. Se o reino terreno, pelos hebreus esperado, se estabelecer pela graa de Deus, preciso, entretanto, prepar-lo no s com a prece, mas com o trabalho que cria o esprito da disciplina. O reino no s ddiva, mas tambm conquista.MESOPOTMIA CDIGO DE HAMMURABIA civilizao se formou em torno dos rios Tigre e Eufrates. O solo era propcio agricultura e navegao fluvial. Em regra, havia carncia de minerais (com exceo do cobre) e o solo, apesar de bastante frtil, apresentava problemas quanto dificuldade de drenagem e de conteno do avano da vegetao desrtica. As cidades mesopotmicas dependiam do comrcio.Hammurabi governou na Babilnia entre 1792 e 1750 a.C. autor de 282 sentenas que foram reunidas e publicadas em estelas que constituram o seu Cdigo. Como administrador, retificou o leito do rio Eufrates, construiu e manteve canais de irrigao e navegao, incrementando a agricultura e o comrcio. Aos povos conquistados, permitiu o culto da religio local, enquanto reconstrua suas cidades e ornamentava seus templos. Implantou a noo de direito e ordenou o territrio sob o seu poder. Uma de suas primeiras preocupaes foi a implantao do direito e da ordem no pas. A organizao da sociedade segue os padres j estabelecidos no Cdigo de Ur-Nammu. Hammurabi tambm regulou a aprendizagem profissional ( 188: "Se um arteso tomou um filho, como filho de criao, e lhe ensinou o seu ofcio, ele no poder ser reclamado". 189: "Se ele no lhe ensinou o seu ofcio, esse filho de criao poder voltar para a casa de seu pai".), os direitos e obrigaes de classes especiais de trabalhadores, mdicos, veterinrios, barbeiros, pedreiros e barqueiros. 219: "Se um mdico fez uma operao difcil com um escapelo de bronze no escravo de um musknum e causou-lhe a morte, ele dever restituir um escravo como o escravo". 224: "Se um mdico de um boi ou de jumento fez uma operao difcil em um boi ou em um jumento e curou-o, o dono do boi ou do jumento dar ao mdico, como seus honorrios, 1/6 (de um siclo) de prata". 226: "Se um barbeiro, sem o consentimento do dono do escravo, raspou a marca de um escravo que no seu, cortaro a mo desse barbeiro". 228: "Se um pedreiro edificou uma casa para um awilum e lha terminou, ele lhe dar, como seus honorrios, por cada sar de casa 2 siclos de prata". 234: "Se um barqueiro calafetou um barco de 60 GUR para um awilum, ele lhe dar 2 ciclos de prata como seus honorrios".Graas ao Cdigo de Hammurabi, o trabalhador mereceu tratamento mais suave, pelo reconhecimento de alguns direitos civis. OS PENSADORES GREGOSA filosofia grega a primeira a ter uma preocupao racional, sem base teolgica ou metafsica.Na Grcia havia fbricas de flautas, de facas, de ferramentas agrcolas e de mveis, onde o proletariado era todo composto de escravos. Os gregos consideravam o trabalho manual desprezvel. Desprezavam o trabalho dependente e qualquer atividade que comportasse fadiga fsica ou, de algum modo, a execuo de uma tarefa. O trabalho aprisionava o homem matria, impedindo-o de ser livre. Era aviltante, de sujeio do homem ao mundo exterior, limitando a sua compreenso das coisas mais elevadas. Herdoto assinala o desprezo pelo trabalho que reinava em muitas cidades gregas orientais. Apesar do desprezo pelas artes manuais, algumas atividades (como a fabricao de tecidos) eram praticadas por homens livres, mas esses no tinham qualquer amparo nas leis. Havia duas vises do trabalho: aquele que era o exerccio do pensamento era admirado, enquanto o trabalho manual era renegado, porque era envolvido com as atividades materiais.As principais fases so: Fase Mitolgica, Fase Cosmolgica e Fase Antropolgica.I FASE: MITOLGICAO conhecimento ainda no tinha base racional, era expressado por mitos e lendas. O conhecimento no tinha fundamentao cientfica.Entre os trabalhos independentes tambm existia uma rgida hierarquia de prestgio social: a matemtica e a medicina eram apreciadas, a engenharia e cirurgia desprezadas.Hesodo foi o primeiro filsofo a tentar explicar o trabalho humano com significado tico. Opunha humanidade agitada pela luta e pela conquista uma outra que se fundasse na justia e no trabalho. O trabalho agradava aos deuses e fazia os homens independentes e afamados. Ao desejar riqueza, a alma nos impulsiona ao trabalho.Sua primeira obra, "Theogona" (Gnese dos Deuses) narra a estria da criao do homem. Um tit, Prometeu, roubou o fogo do Divino Olimpo e criou o primeiro homem. Os deuses ficam irados, e, como castigo, a Prometeu, enviam uma mulher encantadora, Pandora. A ela foi entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas nunca deveria ser aberta. Cheia de curiosidade e querendo dar maravilhas aos homens, Pandora abre a caixa proibida. Dela saram todas as desgraas, doenas, pestes, guerras, e sobretudo a morte. Assim explicada a origem dos males da humanidade. Por isso o trabalho torna-se necessrio. uma nova condio do homem. Este, agora, est obrigado a se defender do tormento de Zeus. Hesodo estabelece um elo entre o fardo do trabalho e o surgimento da mulher: esta a responsvel pelo surgimento do trabalho. Para Hesodo, a mulher leva o homem a trabalhar, para sustentar os seus inmeros caprichos.O autor ainda trata o trabalho como uma decadncia experimentada pelo homem em cinco etapas: Idade do Ouro, da Prata, do Bronze, dos Semideuses e do Ferro.As mais importantes para o estudo do trabalho so a Idade do Ouro e a Idade do Ferro. Na primeira, os homens no precisavam trabalhar. Dispunham de todos os frutos da natureza em abundncia. Viviam em paz e alegres, com inmeros bens e riquezas. Na ltima, surge a raa humana, com seres violentos. O trabalho um antdoto violncia, atividade necessria coexistncia humana.II FASE: COSMOLGICA, NATURALISTA OU PEODO PR-SOCRTICO (sc. VII a.C.).Atenas tornou-se o centro da vida social, poltica e cultural da Grcia, vivendo seu perodo de esplendor. a poca de maior florescimento da democracia.A filosofia volta-se para questes morais, se preocupando com o homem, com a organizao social e com os problemas humanos ligados ao direito, igualdade e justia.Os maiores nomes dessa fase so Plato e Aristteles.Plato imaginou o Estado ideal dividido em trs classes. Deus criou trs espcies de homens, a melhor feita de ouro, a segunda de prata e o rebanho vulgar de cobre e ferro. Os que so feitos de ouro servem para guardies; os de prata devem ser soldados, e os restantes devem encarregar-se dos trabalhos manuais. esta classe produtora (agricultores e artesos), que era submetida s outras, cabe a manuteno econmica do Estado, pelo desprezo que Plato tinha pelo trabalho manual. III CRISTIANISMOA dignificao do trabalho vem com o Cristianismo. A palavra de Cristo deu ao trabalho um alto sentido de valorizao, que ganha justa e inegvel sublimao, com o reconhecimento expresso da dignidade humana de todo e qualquer trabalhador.O Cristianismo trouxe um novo conceito de dignidade humana ao pugnar pela fraternidade entre os homens. Tambm condenava a acumulao de riquezas e a explorao dos menos afortunados. A Igreja exerceu uma notvel e no determinante ao no sentido da escassez da escravido, ainda que ela prpria usasse escravos, condenasse a sua insubordinao e justificasse a existncia deles e at lhes tornasse cruel a condio. O que na filosofia pag era imputado natureza, ser na filosofia crist imputado ao pecado original. O abade de Saint-Michel escreveria: "No foi a natureza que fez os escravos, mas a culpa". Isidoro de Sevilha afirma que "a escravido uma punio imposta humanidade pelo pecado do primeiro homem". A verdade crist foi de grande importncia para modificar a tica at ento existente sobre o problema da escravido entre os homens. O trabalho torna-se um meio: o da elevao do homem a uma posio de dignidade, diferenciando-o dos outros animais. A escravido sofre mudanas, por influncia principalmente de Santo Agostinho e So Toms de Aquino. Apesar de no condenarem a prtica escravagista, defendiam tratamento digno e caridoso para os escravos, pois eles constituam imagem viva do Criador, e consideravam todos os homens iguais. O trabalho resgatado, e o cio assume uma conotao negativa, pecaminosa, reprovvel. Jesus era um arteso, os seus apstolos eram pescadores. So Paulo afirmou que "quem no trabalha no tem direito de comer"; So Benedito escreve que os monges "agora so verdadeiros monges, pois vivem do trabalho das suas mos, como os nossos pais e os apstolos". Valoriza-se o trabalho como um corretivo, antdoto ao cio, que inimigo da alma. Santo Agostinho mostra que o trabalho no seria apenas um meio de impedir que o cio criasse campo propcio para os vcios. Para ele, todo trabalho til. Mas tambm afirmava ser legtima a escravido. Para justificar a escravido dos negros, Santo Agostinho supe que seriam descendentes de Cam, o filho de No que fora amaldioado pelo pai por ter zombado de sua nudez. A Bblia fornecia, assim, um argumento racista em favor da escravido. Dizia que a escravido era consequncia do pecado. O pecado era, na verdade, a pior escravido: ele tornava os homens escravos de suas paixes. Santo Agostinho e So Toms acreditavam na escravido como consequncia do pecado original, no podendo ser superada de modo natural, mas somente sobrenatural, atravs da resignao crist de quem escravo e da caridade fraterna do amo. Assim, aceitavam a escravido, mas com tratamento digno. Reputavam legtima a escravido. A prpria Igreja e os eclesisticos possuam escravos.So Toms de Aquino refere-se ao trabalho como um bonum arduum. Bonum porque fator de transformao da natureza e instrumento de produo de bens e servios, o que confere ao trabalho valor e dignidade (Cristo passou a maior parte de sua vida terrena numa oficina de carpinteiro, dedicando-se ao trabalho manual). Arduum porque o seu exerccio provoca fadiga, cansao, dispndio de energia. Para ele, Deus criou as coisas e deu ao homem o direito de us-las para satisfazer suas prprias necessidades, podendo administr-las. Surge uma nova viso a respeito do trabalho, trazida pelo Cristianismo: ganhar para ter o que repartir; trabalhar para ter o que compartilhar com o necessitado.Nas ordens religiosas do perodo, o trabalho sempre foi prtica obrigatria, como antdoto aos males do tdio e forma de prover as necessidades do grupo monstico.SERVILISMOAps a escravido, segue-se o servilismo, apesar da escravido no ter sido completamente abolida. A servido uma caracterstica das sociedades feudais.A maioria das terras agrcolas na Europa estava dividida em reas conhecidas como feudos. Cada propriedade feudal tinha um senhor.A estratificao social da sociedade feudal era assim dividida: a aristocracia (bellatores), com o dever de combater para defender a comunidade; os clrigos e monges (oratores), com o dever de rezar; os camponeses (laboratores), com o dever de trabalhar para criar riquezas e nutrir a comunidade inteira. Mais uma vez, o trabalho produtivo era relegado ao ltimo degrau da hierarquia social.Na poca, o trabalho era considerado um castigo. Os nobres no trabalhavam.A servido comeou a desaparecer no final da Idade Mdia. As grandes perturbaes, decorrentes das epidemias e das Cruzadas, davam oportunidade fuga dos escravos e tambm alforria. A Peste Negra tambm foi um grande fator para a liberdade. Morriam muitas pessoas, sendo atribudo maior valor ao servio dos que continuavam vivos. O trabalhador campons valia mais do que nunca, podia pedir e receber mais pelo seu trabalho. O crescimento do comrcio, a introduo de uma economia monetria, o crescimento das cidades, proporcionaram ao servo meios para romper os laos que mantinha com o senhor feudal. Alm disso, o senhor feudal percebeu que o trabalho livre mais produtivo. Sabia que o trabalhador que deixava sua terra para cultivar a terra do senhor o fazia de m vontade, sem produzir o mximo. Era melhor deixar de lado o trabalho tradicional. CORPORAES DE OFCIOO corporativismo foi o resultado do xodo rural dos trabalhadores para as cidades e da ativao do movimento comercial da Idade Mdia. Suas razes mais remotas esto nas organizaes orientais, nos collegia de Roma e nas guildas germnicas. O progresso das cidades e o uso do dinheiro deram aos artesos uma oportunidade de abandonar a agricultura e viver de seu ofcio.O extremo poder dos nobres sobre os servos determinou o xodo para as cidades, causando uma aglomerao de trabalhadores, que se uniam em defesa de seus direitos. A necessidade de fugir dos campos levava concentrao de massas de populao nas cidades, principalmente naquelas que tinham conseguido manter-se livres. Assim foram se formando as Corporaes. Alm disso, em torno do sculo X, a vida econmica medieval ressurgia de forma intensa.O homem, assim, passa a exercer a sua atividade em forma organizada, mas no gozava de inteira liberdade. As Corporaes eram grupos de produtores, organizados rigidamente, de modo a controlar o mercado e a concorrncia, bem como garantir os privilgios dos mestres. O sistema significava uma forma mais branda de escravizao do trabalhador.Apesar de significar um avano em relao ao servilismo, por ter o trabalhador um pouco mais de liberdade, o corporativismo foi um sistema de enorme opresso. Os objetivos eram os interesses das Corporaes. Este no podia exercer seu ofcio livremente, era necessrio que estivesse inscrito em uma Corporao. Assim, foi simplesmente uma forma menos dura de despojar o trabalhador.As Corporaes regulavam a capacidade produtiva e a tcnica de produo. Nas corporaes de artesos agrupavam-se todos os artesos do mesmo ramo em uma localidade. Cada Corporao estabelecia as suas prprias leis profissionais, e recebia privilgios concedidos pelos reis. Mais tarde, entretanto, os prprios reis e imperadores sentiram a necessidade de restringir os direitos das corporaes, para evitar sua influncia e tambm para amenizar a sorte dos aprendizes e trabalhadores.Possuam um estatuto com algumas normas disciplinando as relaes de trabalho. Alm disso, estabeleciam uma rgida hierarquia. Havia trs categorias de membros: os mestres, os companheiros e os aprendizes. Os mestres eram os proprietrios das oficinas e que j tinham passado pela prova da "obra mestra". Equivalem aos empregadores de hoje. Tinham sob suas ordens os trabalhadores, mediante rigorosos contratos nos quais o motivo no era simplesmente a "locao de trabalho". Alm do salrio, os trabalhadores tinham a proteo de socorros em casos de doenas. Os aprendizes (trabalhavam a partir de 12 ou 14 anos) estavam submetidos pessoa do mestre. Eram jovens trabalhadores que aprendiam o ofcio, e a eles era imposto um duro sistema de trabalho. O mestre poderia impor-lhe inclusive castigos corporais. Os pais dos aprendizes pagavam taxas, muitas vezes elevadas, para o mestre ensinar seus filhos. Se o aprendiz superasse as dificuldades dos ensinamentos, passava ao grau de companheiro. Os companheiros eram trabalhadores qualificados, livres, que dispunham de liberdade pessoal e recebiam salrio salrios dos mestres. O companheiro s passava a mestre se fosse aprovado no exame de "obra mestra", e alm de ter que pagar para realiz-lo, a prova era muito difcil. Quem se casasse com a filha de mestre ou casasse com a viva do mestre, passava a esta condio, desde que fosse companheiro. No era exigido qualquer exame dos filhos dos mestres.A jornada de trabalho era extensa, chegando at a 18 horas no vero. Normalmente, terminava com o pr-do-sol, no para proteger os aprendizes e companheiros, mas para qualidade do trabalho.Apesar de o ajudante de arteso objetivamente ser um operrio dependente, que vendia a seu mestre a fora de seu trabalho, ele tinha, porm, a real esperana de estabelecer-se autonomamente ao cabo de alguns anos.As Corporaes tiveram grande importncia para o surto do moderno capitalismo. O comrcio ento j era realizado por meio de dinheiro, instrumentos de crdito e sistemas de contabilidade ainda imperfeitos. O sistema salarial tornava-se regra e a produo comeou a centralizar-se em grandes grupos incorporados. Em muitos casos os salrios eram fixados pela autoridade pblica da cidade ou pela autoridade eclesistica, sendo severas as penas contra a especulao ou manobras fraudulentas.Com a Revoluo Francesa as Corporaes de Ofcio foram suprimidas, por serem consideradas incompatveis com o ideal de liberdade do homem. Outras causas de extino das Corporaes foram a liberdade de comrcio e o encarecimento dos seus produtos. REVOLUO INDUSTRIALAnteriormente Revoluo Industrial o trabalho era basicamente servil, escravo, realizado em ambiente patriarcal. O trabalho passava de uma gerao para outra, sem visar acmulo, havia trocas. Cada grupo familiar buscava suas necessidades. No havia necessidade de interferir, de normatizar as normas de trabalho. No havia relao entre empregado e empregador. No trabalho servil ou escravo, no h liberdade, e o direito s atua em ambiente de igualdade, o que havia era arbtrio. O direito do trabalho produto da histria recente da humanidade, quando a sociedade passou por modificaes significativas. No sculo XIX, sucedem fatos, ingredientes sociais que propiciaram o surgimento do direito do trabalho. O marco principal a Revoluo Industrial, a mecanizao do trabalho humano em setores importantes da economia.A Revoluo Francesa viera a possibilitar, sobretudo graas ao direito das eleies democrticas da Constituio de 1973 e ditadura revolucionrio-plebia dos jacobinos, a mudana da histria europia no sentido da imposio dos direitos humanos e da democracia. CAUSAS DO SURGIMENTO DO DIREITO DE TRABALHOO trabalho livre era considerado como uma das mais marcantes comprovaes da liberdade do indivduo. Mas a liberdade de contratar no dava meios ao operrio, premido pela fome, a recusar uma jornada que muitas vezes se estendia durante quinze horas, tendo retribuio miservel. Teoricamente livre, o operrio tornava-se cada vez mais dependente do patro. Surgia uma concepo de direito contrria aos interesses do proletariado.O laissez-faire est no cerne da regulamentao das novas atividades industriais. A questo no se limitava apenas represso das reivindicaes dos assalariados. Implicava tambm o controle das relaes de trabalho, da vida das fbricas e da produo pelo governo. A liberdade e a igualdade permitiam que se institusse uma nova forma de escravido, com o crescimento das foras dos privilegiados da fortuna e a servido e a opresso dos mais dbeis. O operrio no passava de um simples meio de produo. Quando eclode a Revoluo Industrial a classe manufatureira parte para o combate legislao protecionista (mercantilista) que remontava ao feudalismo. O individualismo define a nova tica, no s na liberdade de empresa, mas sobretudo na "liberdade do homem em sociedade", mais precisamente no mercado de trabalho. At porque a mobilidade, ou melhor, a liberdade da mo-de-obra para os novos empreendimentos prosperarem, era essencial aos negcios. As novas relaes seriam reguladas por meio do contrato social, e no mais pelos valores fixados rigidamente pelas Corporaes de Ofcio. Os objetivos sociais passam a ser entendidos como a soma dos objetivos individuais. Pressupunham os idelogos do liberalismo que todos os cidados deviam ser "iguais perante a lei" o que certamente era difcil numa sociedade que tendia cada vez mais a separar os proprietrios (capital) dos no-proprietrios (trabalho).O individualismo levava a uma explorao do mais fraco pelo mais forte. O capitalista livremente podia impor, sem interferncia do Estado, as suas condies ao trabalhador. Havia mera igualdade jurdica. Em curto tempo, estavam os mais ricos cada vez mais ricos e os mais pobres cada vez mais pobres. O mais forte subjuga o mais fraco. Aumentava a legio dos empobrecidos. Imaginava-se que as pessoas podiam auto regulamentar seus interesses pelas regras do Direito Natural. O Estado no deveria interferir, as relaes econmicas se auto regulamentam. O homem naturalmente escolhem como viver em sociedade. A submisso da vontade do mais fraco levou prtica de injustias, concentrao da riqueza nas mos de poucos. A desprotegida massa operria sofria, enquanto o Estado assistia inerte, na convico liberal de que seu papel no devia ir alm da ordem pblica, podendo os cidados conduzir-se como melhor lhes aprouvesse. Jonh Locke afirma: "ao Estado no cabe interferir. O homem livre. A interveno do Estado negativa".O Estado no podia servir somente para as finalidades individuais. O legislador precisava tomar medidas para garantir uma igualdade jurdica que desaparecia diante da desigualdade econmica. A prpria dignidade humana estava rebaixada diante da opresso econmica. O individualismo teria que passar a um plano secundrio para que o interesse social tomasse realce.Revoluo Industrial. Foi um fenmeno de mecanizao dos meios de produo. Consistiu num movimento de mudana econmica, social, poltica e cultural. O trabalho artesanal foi substitudo pelas mquinas, que passaram a produzir em grande quantidade, aquilo que antes era fabricado em pequenas quantidades. A Revoluo Industrial representa o momento decisivo da vitria do capitalismo. Houve a substituio do trabalho escravo, servil e corporativo pelo trabalho assalariado em larga escala. A manufatura cedeu lugar fbrica. Foi na Inglaterra, antes de qualquer outra regio, que surgiram as primeiras mquinas, as primeiras fbricas e os primeiros operrios.Antes da indstria, no apenas os nobres no trabalhavam de fato, como at os operrios e os escravos se limitavam a trabalhar no mais de quatro ou cinco horas por dia. Os camponeses ficavam inativos muitos meses por ano. Posteriormente, por volta do fim do sculo XVIII, com a chegada da indstria, milhes de camponeses e artesos se transformaram em trabalhadores "subordinados", os tempos e os lugares de trabalho passaram a no depender mais da natureza, mas das regras empresariais e dos ritmos da mquina, dos quais o operrio no passava de uma engrenagem. O trabalho, que podia durar at quinze horas por dia, passou a ser um esforo cruel para o corpo do operrio e preocupao estressante para sua mente. Quando existia, deformava os msculos e o crebro; quando no existia, reduzia os trabalhadores a desocupados e estes a "sub-proletariado": trapos ao vento, como diz Marx. Na Inglaterra do sc. XVIII houve uma grande concentrao de terras em mos de poucos (os cercamentos) e multiplicao das manufaturas, sobre cuja base se desenvolvero as fbricas. Os agricultores deixaram o campo para vir se engajar nos subrbios industriais, trocando o ritmo solar pelo relgio de ponto. As pessoas desocupadas comeavam a se deslocar para os grandes centros. O objetivo do trabalhador era sair da misria e vir para o centro urbano. A mecanizao da indstria, pelas oportunidades de trabalho que oferecia, melhores ganhos e maior qualidade de vida, seduziram o trabalhador campesino, estimulando o seu deslocamento para as cidades. Mulheres e crianas tambm disputavam o mercado de trabalho. Substitua-se o trabalho adulto pelo das mulheres e menores, que trabalhavam mais horas, percebendo salrios inferiores. Um exemplo que ilustra muito bem a explorao se d com o testemunho de Thomas Heath:Pergunta: "Tem filhos". Resposta: "No. Tinha dois, mas esto mortos, graas a Deus!"Pergunta: "Expressa satisfao pela morte de seus filhos?" Resposta: "Sim. Agradeo a Deus por isso. Estou livre do peso de sustent-los, e eles, pobres criaturas, esto livres dos problemas desta vida mortal".A Revoluo Industrial acabou transformando o trabalho em emprego. Os trabalhadores passaram a trabalhar por salrios.Nos primeiros anos do sculo XIX, as fbricas so numerosas, as cidades industriais abrigam um grande contingente de mo-de-obra. Pelo fato de haver mais procura do que oferta de trabalho, ocorreu o aviltamento dos salrios, e permitiu que os industriais estabelecessem as condies de trabalho. Passou a haver uma excessiva oferta de mo-de-obra e o trabalho humano se tornou mais barato. A mquina importa na reduo da mo-de-obra porque, mesmo com o aparecimento das grandes oficinas e fbricas, para obter um determinado resultado na produo no era necessrio to grande nmero de operrios. Em face de uma legio de desempregados e com menos necessidade de trabalhadores, as regras eram exploradoras.A classe industrial soube se impor, controlando mecanismos de crucial importncia para a afirmao da nova ordem capitalista: no plano das relaes com os trabalhadores e na regulamentao das atividades produtivas. O proletariado nascente estava longe de possuir uma conscincia poltica da situao. As relaes passam a ser mais objetivas, menos dependentes das obrigaes, vassalagens e fidelidades tpicas do modo de produo anterior, o modo de produo feudal. Houve a emergncia de uma nova sociedade: a sociedade de classes do modo de produo capitalista. A classe proletria (numerosa, no dispunha de poder) e a capitalista (impunha ao proletariado a orientao que tinha de ser seguida). As revolues burguesas implantaram a ordem burguesa, separando o capital do trabalho, ou seja, separando o trabalhador dos meios de produo. A separao em classes no mais expresso de um ordenamento medieval, baseado na hereditariedade (o filho de um nobre um nobre; o filho de um alfaiate tambm alfaiate). A sociedade contempornea no mais de estamentos, mas de classes. As revolues burguesas implantaram um sistema separando duas sociedades distintas, com projetos sociais e horizontes mentais conflitantes em seus interesses fundamentais: a burguesia e o proletariado. Assim, a nova sociedade industrial nasce com essa caracterstica trgica: a diviso em sua unidade, "unidade" discutvel que o pensamento liberal se esforar em justificar e defender. A diviso do trabalho levada ao extremo, acelerada pela automatizao das mquinas e por novas fontes de energia. A relao trabalho capital torna-se impessoal e o operrio v-se distante da direo da empresa e dos destinos da mercadoria. Os donos das indstrias ficavam cada vez mais ricos. A mecanizao do trabalho humano propiciou uma otimizao do trabalho produtivo (melhoria e aumento da produo, lucro...). A industrializao trouxe progresso, benefcios, mecanizou o processo de produo, a acumulao. Mas havia a face cruel: problemas sociais, explorao, acidentes de trabalho, aumento da criminalidade, indigncia. No havia proteo sade e segurana do trabalhador. O operrio prestava servios em condies insalubres, sujeito a incndios, exploses, intoxicao por gases, inundaes e desmoronamentos. Ocorriam muitos acidentes de trabalho, alm de vrias doenas decorrentes dos gases, da poeira, do trabalho em local encharcado, principalmente a tuberculose, a asma e a pneumonia. Era imposta uma vida infame s crianas nas fbricas e nas minas, revelada com todos os seus horrores, emocionando a opinio pblica, e os governantes no puderam se manter alheios a esse drama. O trabalhador estava despreparado para lidar com a mquina. No havia preveno contra acidentes de trabalho. A riqueza estava acumulada nas mos de poucos. Ao lado do progresso via-se a explorao. A mquina, para o trabalhador, passou a ter uma conotao diablica: ocupava o seu posto, diminuindo a procura de emprego. Verificaram-se movimentos de protesto e at mesmo verdadeiras rebelies, com a destruio das mquinas. Os ludistas organizavam-se para destruir as mquinas, pois entendiam que eram elas as causadoras da crise do trabalho. Os contratos eram verbais, quase vitalcios, ou ento enquanto o trabalhador pudesse prestar servios, implicando verdadeira servido. No havia direitos, restries legislativas, s explorao. Regras, s as que interessavam ao dono do empreendimento: vontade arbitrria dos industriais. Engels descreveu os processos de misria e fome nas cidades industriais usando as cidades inglesas.Nascem as ideias socialistas, surgidas em resposta aos problemas econmicos e sociais criados pelo capitalismo, a chamada Questo Social. O socialismo criticava o capitalismo e o liberalismo, preconizava nova organizao da sociedade, beneficiando as classes mais numerosas, os mais pobres, o proletariado.O socialismo utpico propunha uma sociedade ideal do futuro, onde houvesse sade, riqueza e felicidade para todos. No capitalismo, os poucos que no trabalhavam, viviam com luxo e conforto, graas propriedade privada dos meios de produo. As falhas e consequentes males causados pelo regime capitalista foram apontados. Os perigos da industrializao fsicos, econmicos, culturais, polticos comeavam a revelar-se medida que a indstria se difundia. A soluo que os socialistas utpicos apresentaram era a propriedade comum dos meios de produo. CONCENTRAO DE MASSAS E DE CAPITALA concentrao de massas leva s lutas e criminalidade. A concentrao de capital leva explorao de classes. Os trabalhadores comearam a reunir-se, associar-se, para reivindicar melhores condies de trabalho e de salrios, diminuio das jornadas excessivas e contra a explorao de menores e mulheres. Muitas pessoas com necessidades comuns se revoltam contra o empregador e contra a mquina. As lutas de classes ludistas, cartistas, revolues, tudo clamando pela ao do Estado na regulamentao da vida econmica provocam comoo social. Assim, a sociedade comeou a despertar para a necessidade do Estado regulamentar as novas relaes. A idia de justia social cada vez mais difundida como reao contra a questo social.Provocavam-se greves, criavam-se organizaes proletrias, travavam-se choques violentos entre essas massas e as foras policiais ainda movimentadas pela classe capitalista. Na poltica, a voz dos trabalhadores j era ouvida nos parlamentos.Os trabalhadores passaram a reivindicar seus direitos atravs dos sindicatos. O direito de associao passou a ser tolerado pelo Estado.Os governos, com a necessidade de manter a tranqilidade e a ordem, faziam concesses medida que as reivindicaes eram apresentadas e reconheciam a importncia do trabalho operrio.A AUTO REGULAMENTAO DE CLASSESComearam a ser tecidas normas no prprio ambiente de trabalho. As classes se antecipavam ao Estado. Algumas categorias se auto regulamentavam, criando verdadeiras normas coletivas de trabalho. Os esforos da burguesia em negar a legitimidade s organizaes operrias foram violentos. Tentaram mostrar que a existncia de entidades operrias com poder de presso era uma ameaa no s ao funcionamento dos estabelecimentos fabris, mas tambm aos prprios fundamentos do Estado.A ENCCLICA RERUM NOVARUMPublicada em 15 de maio de 1891 pelo Papa Leo XIII, e proclama a necessidade da unio entre as classes do capital e do trabalho. Pontifica uma fase de transio para a justia social, traando regras para a interveno estatal na relao entre empregado e empregador. O Papa dizia que "no pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital".O trabalho deve ser considerado, na teoria e na prtica, no mercadoria, mas um modo de expresso direta da pessoa humana. Sua remunerao no pode ser deixada merc do jogo automtico das leis de mercado, deve ser estabelecida segundo as normas de justia e equidade. Falava das condies dos trabalhadores. A questo social (falta de garantias aos trabalhadores) mereceu considerao. Condenou a explorao do empregado, a especulao com sua misria e os baixos salrios. O Estado no poderia apenas assistir quela situao, agora era indispensvel a sua presena para regular, mesmo que de forma mnima, as relaes de trabalho.A propriedade privada um direito natural que o Estado no pode suprimir. Ao Estado compete zelar para que as relaes de trabalho sejam reguladas segundo a justia e a equidade. A Encclica condena a influncia da riqueza nas mos de pequeno nmero ao lado da indigncia da multido. Nela se apontou o dever do Estado de zelar pela harmonia social. A classe indigente, sem riquezas que a protejam da injustia, conta principalmente com a proteo do Estado.A palavra do sacerdote impressionou todo o mundo cristo, incentivando o interesse dos governantes pelas classes trabalhadoras, dando fora para sua interveno nos direitos individuais em benefcio dos interesses coletivos.INFLUNCIA DO MARXISMOEm 1848 foi publicado o Manifesto Comunista por Marx e Engels. Criticava as condies de trabalho da poca e exigia mudanas em benefcio do mundo obreiro. O Manifesto teve grande relevncia nas lutas proletrias, do esprito de luta do proletariado contra o capitalismo. Ajudou a despertar a conscincia dos trabalhadores, a lutar pelos seus direitos. Seu lema bsico era: "Trabalhadores de todos os pases, uni-vos". Karl Marx procurou estudar as instituies capitalistas e compreendeu que o capitalismo se baseia na explorao do trabalho pelos donos dos meios de produo. Prope a Revoluo como nica sada: a classe trabalhadora revolucionria implantaria o Socialismo, derrubando, pela fora, todas as condies sociais existentes. Pregava a unio dos trabalhadores para a construo de uma ditadura do proletariado, para suprimir o capital, com uma passagem prvia pela apropriao estatal dos bens de produo, e posteriormente, uma sociedade comunista. O ponto fundamental do programa do comunismo era a abolio da propriedade privada burguesa, base da explorao capitalista. E se faria atravs da Revoluo Proletria.Os socialistas pretendem substituir a ordem social fundada na liberdade individual, na propriedade privada e na liberdade contratual, por outra ordem, baseada no primado social, quando a prosperidade e o controle dos meios de produo devem estar nas mos do Estado.Karl Marx afirmava que a nova revoluo celebra a vitria dos industriais na pele dos trabalhadores, reduzidos a mercadorias: "Esses operrios, que so obrigados a vender-se por minuto, so uma mercadoria como qualquer outro artigo comercial. (...) Com a difuso do uso das mquinas e a diviso do trabalho, o trabalho proletrio perdeu todo o carter independente e com isso todo o atrativo para o operrio, que passa a ser um simples acessrio da mquina e ao qual se pede apenas uma operao manual simplssima, extremamente montona e faclima de aprender. (...) Operrios concentrados em massa nas fbricas so organizados militarmente e dispostos como meros soldados da indstria, sob a vigilncia de toda uma hierarquia de suboficiais e oficiais". O trabalho, que deveria ser a mais alta expresso do homem, o reduz mercadoria da indstria capitalista, faz regredir cada trabalhador ao nvel de classe subalterna. O remdio est na eliminao da diviso entre produtores e proprietrios dos meios de produo. S quando os trabalhadores se tiverem apropriado das fbricas terminar a sua transformao em mercadoria. Para que isso acontea, preciso que os proletrios se reconheam como portadores de interesses comuns, unam-se a nvel mundial, organizem-se em classe antagonista e cumpram a sua revoluo proletria, fundando uma nova sociedade finalmente sem classes e sem Estado.I Guerra. Houve necessidade do deslocamento de massa masculina para lutar. Para que a produo sustentasse a guerra, era necessrio incentivar os trabalhadores. Os governos de muitas naes precisavam interessar-se pelos problemas do trabalho.O direito do trabalho no surgiu instantaneamente. H uma flutuao de valores, de idias at que o direito surgisse. Esse direito foi sendo processado de forma lenta, em etapas. Fazia-se inadivel a criao de um direito novo, estourando as muralhas do individualismo da sociedade burguesa, para harmonizar as relaes entre capital e trabalho. O direito que surge ter que ser profundamente tutelar, protetivo, valorizando o coletivo. Abertamente se pleiteava o estabelecimento de uma legislao do trabalho e at a criao de um Ministrio para cuidar dos problemas do proletariado. Dessa forma, o Estado comea a limitar, a destruir a diferena entre classes e grupos, a fazer sobressair o interesse coletivo, tornando relativo o direito individual, limitando o seu exerccio quando ele contrasse o interesse da sociedade. O DIREITO DO TRABALHOO Estado comeou a legislar sobre o assunto, impondo peias liberdade de contratao. O individualismo contratual d lugar ao dirigismo contratual, interveno jurdica do Estado, limitando a autonomia da vontade. O Estado passou a buscar um equilbrio entre os sujeitos do contrato, deixando de ser mero espectador do drama social para impor regras conformadoras da vontade dos contratantes. Protege economicamente o mais fraco para compensar a desigualdade econmica, para que a relao se torne mais igualitria. O direito do trabalho vem para igualar juridicamente a diferena econmica.O intervencionismo vem para realizar o bem-estar social e melhorar as condies de trabalho. O trabalhador passa a ser protegido jurdica e economicamente. A lei comea a estabelecer normas mnimas sobre condies de trabalho, que o empregador deve respeitar.Assim, passa o Estado a exercer sua verdadeira misso, como rgo de equilbrio, como orientador da ao individual, em benefcio do interesse coletivo. A FORMAO DO DIREITO DO TRABALHO SEGUNDO GRENIZO E ROTHVOSSFoi feita a diviso em quatro fases com objetivo meramente didtico.1 Fase: FORMAO 1802 (Lei de Peel) at 1848 (Manifesto Comunista)Lei de Peel (Moral and Health Act) foi feita por um industrial ingls, sensibilizado com a condio nefasta a que eram submetidos os menores. Passou a adotar prticas humanitrias em suas indstrias. A lei teve o propsito de diminuir a explorao dos trabalhadores menores de idade, proibindo o trabalho noturno e diminuindo a jornada diurna. Peel lanava os fundamentos de um direito novo e mais humano. O Manifesto Comunista desperta a conscincia de classes, a conscientizao dos trabalhadores. O trabalhador passa a perceber que seu trabalho agrega valor mercadoria. Assim os trabalhadores passaram a reivindicar, resistir. O Manifesto serviu de base para a resistncia, serviu de base para a luta operria.2 Fase: INTENSIFICAO 1848 at 1891 (Encclica Rerum Novarum)O Direito do Trabalho j existe e comea a se intensificar.3 Fase: CONSOLIDAO 1891 at 1919 (Tratado de Versailles)Tratado de Versailles: cada pas se comprometeu a criar normas reguladoras do Direito do Trabalho, seguindo mtodos e princpios. O Tratado se ocupou da questo social, convencendo seus signatrios a regulamentar a questo. Criou a OIT, com a finalidade de lutar por condies dignas de trabalho no mbito internacional, expedindo convenes e recomendaes nesse sentido. Significou a humanizao das condies de trabalho, auxiliando na busca pela paz social. O tratado foi um sopro estimulante em matria de legislao trabalhista. Ele cristaliza o novo esprito, que contribuiu para o aceleramento do processo de regulamentao do trabalho.4 Fase: APERFEIOAMENTO 1919...O direito do trabalho tornou-se disciplina autnoma e foi se aperfeioando. O processo de aperfeioamento contnuo e inesgotvel. Quando se consolida o Direito do Trabalho surge uma nova problemtica: o trabalho subordinado.CONSTITUCIONALISMO SOCIAL:Surge a partir do trmino da I Guerra Mundial. a incluso de preceitos relativos defesa social da pessoa nas Constituies, de normas de interesse social e de garantia de certos direitos fundamentais, incluindo o Direito do Trabalho.CONSTITUIO DE 1917, NO MXICO:Inaugurando o constitucionalismo social. a primeira constituio do mundo que dispe sobre direito do trabalho. Estabelecia jornada de oito horas, proibio de trabalho a menores de 12 anos, limitao da jornada dos menores de 16 anos a seis horas, jornada noturna mxima de sete horas, descanso semanal, proteo maternidade, salrio mnimo, direito de sindicalizao e de greve, seguro social, proteo contra acidentes de trabalho, entre outros.CONSTITUIO DE WEIMAR DE 1919: A Constituio trazia garantias sociais bsicas. A norma constitucional d mais segurana, efetividade a norma, por isso a transferncia desses direitos para a Constituio. A Constituio de Weimar repercutiu na Europa, considerada a base das democracias sociais. Disciplinava a participao dos trabalhadores nas empresas, autorizando a liberdade de coalizao dos trabalhadores; tratou da representao dos trabalhadores na empresa. Criou um sistema de seguros sociais e tambm a possibilidade dos trabalhadores colaborarem com os empregadores na fixao de salrios e demais condies de trabalho.Os Conseils de prudhommes na Frana:A experincia pode ser considerada a primeira com atribuies paritrias e inicialmente extrajudicirias (prudhomme: homem prudente, ntegro). Em Paris, em 1426, o conselho da cidade designou vinte e quatro prudhommes para colaborarem com o primeiro magistrado municipal encarregado de resolver as questes entre fabricantes e comerciantes. No reinado de Lus XI, em 1464 os prudhommes foram autorizados a interferir nos conflitos entre fabricantes de seda radicados em Lyon, poderes mais tarde ampliados para as questes entre esses mesmos industriais e seus operrios. Alm dos industriais de Lyon, os pescadores resolviam suas divergncias por meio de prudhommes radicados em Marselha e outros portos, com faculdade para intervir tambm nas contravenes de pesca. CARTA DEL LAVORO DE 1927:Instituiu um sistema coporativo-fascista, que inspirou outros sistemas polticos, como Portugal, Espanha e Brasil. O corporativismo visava organizar a economia em torno do Estado, promovendo o interesse nacional, alm de impor regras a todas as pessoas. Surge com o fim de organizar os interesses divergentes da Revoluo Industrial. O Estado interferiria nas relaes entre as pessoas com o objetivo de poder moderador e organizador da sociedade. Nada escapava vigilncia do Estado. O Estado regulava praticamente tudo, determinando o que seria melhor para cada um, organizando a produo nacional. O interesse nacional colocava-se acima dos interesses dos particulares. OS PROBIVIRI, NA ITLIA: Eram conselhos semelhantes ao da Frana, institudos em 1800. Eram integrados por representantes do governo, dos empregados e empregadores. Tinham competncia para conhecer as controvrsias surgidas na indstria. Em 1893 seu mbito de atuao ampliou-se para outras categorias alm da indstria. A organizao corporativista na Itlia deu impulso acentuado aos rgos de soluo das questes trabalhistas.

DENOMINAO DE DIREITO DO TRABALHODesta forma, o Direito do Trabalho definido pelo supra citado autor como o complexo de princpios, regras e institutos jurdicos que regulam, no tocante s pessoas e matrias envolvidas , a relao empregatcia de trabalho e outras relaes normativamente especificadas, englobando, tambm, os institutos, regras e princpios concernentes s relaes coletivas entre trabalhadores e tomadores de servios, em especial atravs de suas associaes coletivas.DEFINIO DE DIREITO DO TRABALHO"o Direito Individual do Trabalho define-se como: complexo de princpios, regras e institutos jurdicos que regulam, no tocante s pessoas e matrias envolvidas, a relao empregatcia de trabalho, alm de outras relaes laborais normativamente especificadas".CONTEDO DE DIREITO DO TRABALHOO contedo do Direito do Trabalho se concentra na regulao da relao de emprego.No h que se confundir relao de emprego com relao de trabalho. Esta ltima o gnero do qual a primeira apenas uma de suas inmeras espcies.A relao de trabalho, portanto, abrange a relao de emprego e outras relaes de trabalho (relao de estgio; relao de trabalho autnomo; relao de trabalho avulso; relao estatutria de trabalho etc.).No mbito da relao de emprego, encontraremos empregados diferenciados (aprendiz; domstico; rural etc.).FUNES DE DIREITO DO TRABALHOO fundamento e a principal funo do Direito do Trabalho seria a de impedir a explorao do trabalho humano como fonte de riqueza dos detentores do capital. Luiz Carlos Amorim Robortella, em seu texto "Terceirizao: tendncias em doutrina e jurisprudncia", explica que o Direito do Trabalho tem a funo de organizar e disciplinar a economia, podendo ser concebido como verdadeiro instrumento da poltica econmica. Este ramo do Direito teria deixado de ser somente um direito da proteo do mais fraco para ser um direito de organizao da produo. Ao invs de ser apenas direito de proteo do trabalhador e redistribuio da riqueza, converteu-se em direito da produo, com especial nfase na regulao do mercado de trabalho.AUTONOMIA DO DIREITO DO TRABALHOLembra Delgado que autonomia, no Direito, uma qualidade a ser atingida por certo ramo jurdico de possuir enfoques, princpios, regras, teorias e condutas metodolgicas prprias de estruturao e dinmica.NATUREZA JURDICA DO DIREITO DO TRABALHOAs normas do Direito do Trabalho pertencem ao direito privado (as referentes ao contrato de trabalho) e ao direito pblico (as referentes ao processo trabalhista).

RELAES DO DIREITO DO TRABALHO COM AS DEMAIS CIENCIAS DO RAMO DO DIREITOO Direito do Trabalho pode ser dividido em diferentes sentidos. No sentido amplo, h o Direito Material do Trabalho, que composto do Direito Coletivo e do Direito Individual do Trabalho. H tambm o Direito Internacional do Trabalho e o Direito Pblico do Trabalho. O Direito Pblico do Trabalho pode ser dividido em Direito Processual do Trabalho, Direito Administrativo do Trabalho, Direito Previdencirio e Acidentrio do Trabalho, alm de, finalmente, o Direito Penal do Trabalho. Obs. O Direito Penal do Trabalho, porm, ainda um ramo de efetiva existncia muito controvertida.