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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE DIREITO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ATOS TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS: DOS ATOS PROCESSUAIS, DOS PRAZOS PROCESSUAIS, DA SUSPENSÃO DO PROCESSO, MODOS DE EXTINÇÃO E CUSTAS DO PROCESSO. NULIDADES: CONCEITO, NULIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO. PARTES, REPRESENTAÇÃO, PROCURADORES E TERCEIROS: CAPACIDADE, REPRESENTAÇÃO, ASSISTÊNCIA, AUTORIZAÇÃO, IUS POSTULANDI, ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA, SUCESSÃO PROCESSUAL, SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL, LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS. Trabalho entregue pra obtenção de nota parcial na disciplina Direito Processual do Trabalho, ministrada pelo Msc. Roberto Rafaeli da Cruz. Acadêmicos: Kysa Schlote, Marcela Donateli do Carmo, Naihára Roeder, Susane Ramos, Vinícius Dittrich.

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

CURSO DE DIREITO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

ATOS TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS: DOS ATOS PROCESSUAIS, DOS

PRAZOS PROCESSUAIS, DA SUSPENSÃO DO PROCESSO, MODOS DE

EXTINÇÃO E CUSTAS DO PROCESSO. NULIDADES: CONCEITO, NULIDADES

NO PROCESSO DO TRABALHO. PARTES, REPRESENTAÇÃO, PROCURADORES

E TERCEIROS: CAPACIDADE, REPRESENTAÇÃO, ASSISTÊNCIA,

AUTORIZAÇÃO, IUS POSTULANDI, ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA, SUCESSÃO

PROCESSUAL, SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL, LITISCONSÓRCIO E

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS.

Trabalho entregue pra obtenção de nota parcial na disciplina Direito Processual do Trabalho, ministrada pelo Msc. Roberto Rafaeli da Cruz.

Acadêmicos: Kysa Schlote,

Marcela Donateli do Carmo,

Naihára Roeder, Susane Ramos,

Vinícius Dittrich.

BLUMENAU (SC), 22 DE OUTUBRO DE 2009.

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Msc. ROBERTO RAFAELI DA CRUZ

KYSA SCHLOTE, MARCELA DONATELI DO CARMO, NAIHÁRA ROEDER,

SUSANE RAMOS, VINÍCIUS DITTRICH

ATOS TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS: DOS ATOS PROCESSUAIS, DOS

PRAZOS PROCESSUAIS, DA SUSPENSÃO DO PROCESSO, MODOS DE

EXTINÇÃO E CUSTAS DO PROCESSO. NULIDADES: CONCEITO, NULIDADES

NO PROCESSO DO TRABALHO. PARTES, REPRESENTAÇÃO, PROCURADORES

E TERCEIROS: CAPACIDADE, REPRESENTAÇÃO, ASSISTÊNCIA,

AUTORIZAÇÃO, IUS POSTULANDI, ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA, SUCESSÃO

PROCESSUAL, SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL, LITISCONSÓRCIO E

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS.

BLUMENAU (SC), 22 DE OUTUBRO DE 2009.

2

Page 3: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................06

2. ATOS PROCESSUAIS...........................................................................07

2.1. Conceito......................................................................................07

2.2. Princípio da Publicidade................................................................07

2.3. Classificação.................................................................................10

2.4. Forma..........................................................................................13

2.5. Características..............................................................................14

2.6. Tempo e lugar de realização de atos processuais.........................14

2.7. Comunicação dos atos processuais...............................................16

3. TERMOS PROCESSUAIS...................................................................22

4. PRAZOS PROCESSUAIS....................................................................23

4.1. Conceito........................................................................................23

4.2. Classificação.................................................................................24

4.3. Contagem dos prazos...................................................................26

4.4. Suspensão e Interrupção dos prazos.............................................30

5. SUSPENSÃO DO

PROCESSO.............................................................31

6. EXTINÇÃO DO

PROCESSO.................................................................35

6.1. Modalidades..................................................................................35

6.2. Sentença........................................................................................36

6.3. Extinção do processo sem resolução do mérito.............................37

6.4. Extinção do processo com resolução do mérito.............................40

6.5. Suspensão e Extinção da execução..............................................42

6.5.1. Extinção da execução............................................................42

7. CUSTAS NO PROCESSO DO

TRABALHO..........................................45

7.1. Conceito de Custas Processuais....................................................45

7.2. Cálculo.........................................................................................46

7.3. Forma de pagamento.....................................................................50

7.4. Competência para fixação das custas............................................50

3

Page 4: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

7.5. Outras despesas processuais........................................................50

7.6. Justiça gratuita................................................................................56

8. VALORES DAS CUSTAS PROCESSUAIS TRABALHISTAS DADOS

PELA CLT.............................................................................................60

9. ALGUMAS QUESTÕES PROCESSUAIS REFERENTES ÀS CUSTAS

TRABALHISTAS.................................................................................62

9.1. Custas processuais na fase recursal..............................................63

10. DAS NULIDADES PROCESSUAIS......................................................63

10.1. Introdução......................................................................................63

10.2. Conceito de nulidade......................................................................64

10.3. Nulidade absoluta...........................................................................64

10.4. Nulidade relativa............................................................................66

10.5. Irregularidades ou Atos Irregulares ou Mera Irregularidade...........66

10.6. Inexistência ou atos inexistentes....................................................67

11. ANULABILIDADE................................................................................67

12. NULIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO.................................68

12.1. Princípio da Transcendência ou do Prejuízo – Artigo 794, CLT.....69

12.2. Princípio da Convalidação – Artigo 795, CLT.................................70

12.2.1. Artigo 795, § 1º, CLT.........................................................70

12.2.2. Artigo 795 § 2º, CLT...........................................................70

12.2.3. Artigo 796, CLT..................................................................71

12.2.4. Extensão da Nulidade - Artigos 797 e 798 ambos da

CLT........................................................................................71

12.2.5. Extensão da Nulidade - Artigos 797 e 798 ambos da

CLT........................................................................................72

12.3. Regras Para o Pronunciamento das Nulidades.............................73

12.4. Princípios das Nulidades Processuais no Direito do Trabalho.......74

12.4.1. Princípio da Legalidade......................................................74

12.4.2. Princípio da Instrumentalidade das Formas ou da

Finalidade...............................................................................74

12.4.3. Princípio da Economia Processual....................................75

12.4.4. Princípio do Aproveitamento da Parte Válida do Ato.........75

12.4.5. Princípio do Interesse de Agir............................................75

4

Page 5: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

12.4.6. Princípio da Causalidade...................................................76

12.4.7. Princípio da Lealdade Processual......................................76

12.4.8. Princípio da Transcendência ou do Prejuízo.....................77

12.4.9. Princípio da Convalidação.................................................77

13. PARTES, REPRESENTAÇÃO, PROCURADORES E TERCEIROS...77

13.1. Denominação das partes no processo...........................................77

13.2. Capacidade.....................................................................................78

14. REPRESENTAÇÃO..............................................................................80

14.1. Espécies de Representação...........................................................81

14.1.1. Representação do empregador.........................................81

14.1.2. Representação do empregado...........................................82

14.1.3. Representação por litisconsorte.........................................83

14.1.4. Assistência.........................................................................83

15. AUTORIZAÇÃO....................................................................................85

16. IUS POSTULANDI................................................................................85

17. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA.................................................................90

18. SUCESSÃO PROCESSUAL.................................................................96

19. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL.........................................................99

19.1. Breve Histórico Do Instituto Da Substituição Processual

Trabalhista....................................................................................100

20. LITISCONSÓRCIO..............................................................................103

20.1. Classificação do litisconsórcio......................................................104

20.1.1. Quanto à posição.............................................................104

20.1.2. Quanto ao poder aglutinador das razões que conduzem à

sua formação.......................................................................104

20.1.3. Quanto ao regime de tratamento dos litisconsortes.........106

20.1.4. Quanto ao momento de sua formação.............................106

21. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS.......................................................106

22. CONCLUSÃO....................................................................................109

23. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................110

5

Page 6: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho destina-se a aprimorar o conhecimento dos

acadêmicos, bem como aprofundar os estudos acerca do tema proposto no

início do semestre pelo professor.

Todos os temas abordados neste trabalho são de suma importância para

nossa vida acadêmica e para o exercício de nossa futura profissão, a saber:

atos, termos e prazos processuais, modos de extinção e custas do processo,

nulidades, partes, representação, procuradores, terceiros, capacidade,

representação, assistência, autorização, ius postulandi, assistência judiciária,

sucessão processual, substituição processual, litisconsórcio e intervenção de

terceiros.

Tais temas são amplamente discorridos no decorrer do trabalho.

6

Page 7: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

2. ATOS PROCESSUAIS

2.1. Conceito

Ato significa ação, fazer alguma coisa. Na esfera processual, ato “é a

manifestação de vontade que emana das pessoas vinculadas à relação jurídica

processual, a qual se destina” 1. Neste mesmo sentido, Carlos Henrique

Bezerra Leite assevera que, “são acontecimentos voluntários que ocorrem no

processo, isto é, os que dependem de manifestações dos sujeitos do processo” 2.

Tais atos têm por finalidade constituir, conservar, desenvolver, modificar

ou cessar uma relação processual, podem ser praticados por todos envolvidos

na relação processual.

Segundo Sérgio Pinto Martins, podemos citar como exemplos de atos

processuais, a petição inicial, contestação, sentença, entre outros 3.

O ato processual, esta intimamente ligado com o processo, pois é um

conjunto seqüencial de atos, portanto, este depende daquele, e aquele só

existe em função deste.

Sendo assim, há “uma movimentação dinâmica partindo do plano

subjetivo das pessoas relacionadas com o processo, objetivando-se no

processo materialmente considerado” 4.

2.2. Princípio da publicidade

Amplamente consagrado pela doutrina e jurisprudência, tal princípio vem

estampado no art. 5º, inciso LX, da Constituição Federal de 1988, in verbis

1 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007, pg. 437;2 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 6ª. Ed., 2008, pg. 350;3 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 148;4 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007, pg. 438;

7

Page 8: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

[...]

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos

processuais quando a defesa da intimidade ou o

interesse social o exigirem;

Neste mesmo diploma, disposto também, no art. 93, inciso IX, da

Constituição Federal, que define:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo

Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da

Magistratura, observados os seguintes princípios:

IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário

serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob

pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em

determinados atos, às próprias partes e a seus

advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a

preservação do direito à intimidade do interessado no

sigilo não prejudique o interesse público à informação;

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº. 45, de

2004)

Portanto, não poderia ser diferente, na esfera do direito processual do

trabalho, sendo a publicidade dos atos processuais, a regra geral dos feitos

trabalhista, logo, “as audiências, por exemplo, são realizadas a portas abertas,

podendo ser presenciadas por qualquer pessoa” 5.

Porém, a própria constituição, estabelece exceções a esta regra, nos

casos em que a defesa da intimidade, ou o interesse público exigirem.5 MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008, pg. 76;

8

Page 9: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Tal exceção é justificada pela doutrina:

“Em muitos casos, o interesse é mesmo privado, pois

se o processo for público pode humilhar determinada

pessoa, expor a parte a procedimento vexatório,

causando-lhe embaraço, revelando situação que lhe

seria desfavorável perante a sociedade, como ocorreria

também em determinada hipótese de dispensa com

alegação de justa causa” 6

Ou ainda:

“Em certos casos, pode haver interesse do empregador

em não ser divulgado determinado aspecto para fora

do processo, como na hipótese em que fosse discutido

o direito a um invento, que teria sido produzido durante

o contrato de trabalho” 7.

Neste mesmo sentido, dispõe o Código de Processo Civil:

Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm,

todavia, em segredo de justiça os processos:

I - em que o exigir o interesse público;

II - que dizem respeito a casamento, filiação, separação

dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e

guarda de menores.

Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de

pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus

procuradores. O terceiro que demonstrar interesse

jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da

6 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 149;7 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 149;

9

Page 10: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

sentença, bem como de inventário e partilha resultante

do desquite.

Por fim, cabe salientar que a Consolidação das Leis do Trabalho em seu

art. 770, também determina a publicidade dos atos, salvo quando o interesse

social determinar o contrário.

2.3. Classificação:

Há duas correntes que definem a classificação dos atos processuais,

não havendo unanimidade na doutrina, uma é a objetiva e a outra a subjetiva,

sendo que:

“A corrente objetiva classifica os atos processuais em

postulatórios (ex.: apresentação da petição inicial), de

desenvolvimento (ex.: atos que impulsionam o

processo), de instrução (ex.: alegações no curso do

processo e atos probatórios) e atos de provimento

(sentenças, despachos e decisão interlocutória

proferida pelo juiz).” 8.

Entretanto, o Código de Processo Civil, adotou a corrente subjetiva, ou

seja, classificou os atos processuais, tendo em vista o sujeito que os praticas,

sendo, portanto classificados em atos do juiz, das partes e de terceiros.

Os atos do juiz, de acordo com o art. 162 do CPC, são as sentenças,

decisões interlocutórias e despachos, contudo,

“[...] esse elenco contido não é exaustivo. Há inúmeros

outros atos processuais praticados pelo juiz que não

estão incluídos nesse rol, como, por exemplo, a

audiência [...], a inspeção judicial [...], ou, ainda,

8 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg.158;10

Page 11: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

quando o juiz presta informações [...] no mandado se

segurança [...], quando impetrado contra ato judicial.” 9.

Por seu turno, Amauri Mascaro Nascimento, lecionando sobre o assunto,

descreve que os atos do juiz são:

“[...] a sentença, o interrogatório, o despacho, a

autorização, a advertência à testemunha, a informação

às autoridades judiciárias superiores, etc.” 10.

O art. 162 do CPC, ainda define, em seus parágrafos, o que é cada um

dos atos do juiz, ali descritos, sendo assim, pode-se dizer que:

“Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças,

decisões interlocutórias e despachos.

§ 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das

situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.

§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no

curso do processo, resolve questão incidente.

§ 3o São despachos todos os demais atos do juiz

praticados no processo, de ofício ou a requerimento da

parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.

§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a

vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser

praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz

quando necessários.”

Portanto, sentença é o ato que implica em extinção do processo sem

resolução de mérito (art. 267 CPC), que se chamará sentença terminativa, ou

ainda, implica na extinção do processo com resolução de mérito (art. 269

9 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo: Revista dos tribunais, 2007, pg. 183;10 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007, pg. 438;

11

Page 12: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

CPC), ocorrendo uma sentença satisfativa. Por sua vez, as decisões

interlocutórias são todas as outras decisões, que resolvem questões incidentes

e que não implicam em extinção do processo (com ou sem julgamento de

mérito), porém, haverá sempre um prejuízo para uma das partes. Por fim, os

despachos são “atos de impulso e encaminhamento do processo, que não

causam nenhum dano ou prejuízo à pretensão das partes [...]” 11.

Os atos das partes, por sua vez, estão descritos no art. 158, in verbis:

“Art. 158. Os atos das partes, consistentes em

declarações unilaterais ou bilaterais de vontade,

produzem imediatamente a constituição, a modificação

ou a extinção de direitos processuais [...]”.

É possível classificar os atos das partes em atos de obtenção (“que são

aqueles em que se visa a obter a satisfação de um pedido” 12), que se

subdividem em postulatórios (que são aqueles em que a parte requer uma

providência certa, por exemplo, a petição inicial e a contestação), de evento

físico (não é um requerimento, mas a sua prática demonstra o desejo de

obtenção de um resultado, por exemplo, o pagamento de custas), e, em

instrutórios (são aqueles que visam comprovar os fatos alegados), e ainda, em

atos dispositivos (que “são aqueles em que se pretende a produção de efeitos

processuais, [...], e a produção de efeitos decorre da manifestação da vontade

das partes, e não de um ato decisório do juiz” 13), estes, por sua vez, também

comportam subdivisão, podendo ser submissivos (representam a sucumbência

de uma das partes, por exemplo, quando há reconhecimento do pedido), de

desistência (a parte deixar de cumprir algo que lhe traz conseqüências, ou faz

algo, por exemplo, deixa de arrolar testemunhas, ou confessa) ou negócios

jurídicos processuais (as duas partes concordam sobre um ponto em que não

há controvérsia).

11 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo: Revista dos tribunais, 2007, pg. 185;12 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo: Revista dos tribunais, 2007, pg. 181;13 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo: Revista dos tribunais, 2007, pg. 181;

12

Page 13: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Por fim, “são atos de terceiros a perícia, elaborada pelos peritos, a

diligência, cumprida pelo oficial, a tradução, feita pelo intérprete, o pregão, etc.” 14.

Salienta-se que a secretaria da vara, também pratica atos processuais,

como os atos de documentação (sendo aqueles em que se transferem para um

suporte as declarações emitidas pelos sujeitos processuais, podendo o suporte

ser o computador, um papel, etc.), os de comunicação (ou seja, é responsável

pela comunicação do andamento processual aos sujeitos processuais) e ainda,

outros atos de assessoramento do juiz, como o recebimento e depósito de

valores, de bens, lavrando certidões, etc. Há, ainda, os atos meramente

ordinatórios, previsto no art. 162, § 4º. do CPC, que dispõe que a juntada e a

vista obrigatória, será feita pelo servidor, independentemente de despacho pelo

juiz, podendo este, se for necessário, rever o ato, porém, há outros atos, além

dos previsto na redação do art. 162, que independem de despacho, podendo

ser praticado pela secretaria de ofício, como a remessa dos autos ao Ministério

Público, quando for o caso, a expedição de carta precatória, quando o juiz

deferiu a oitiva de testemunha que resida em outra comarca, e qualquer outro

ato, que não tenham caráter decisório, que se destinem apenas a

operacionalização.

2.4. Forma:

Para Amauri Mascaro Nascimento, “as formas processuais são os atos

concretizados materializando-se no processo” 15, eles podem ser

datilografados, fotocopiados, manuscrito, carimbados, etc., pois, conforme

regra estabelecida pelo art. 154 do CPC, os atos processuais, não depende de

forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir. “De modo geral,

os atos processuais trabalhistas podem ser praticados oralmente; mas, dos

14 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007, pg. 438;15 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007, pg. 439;

13

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atos orais lavra-se um termo, isto é, fica um registro escrito, por vezes um mero

resumo, nos autos” 16.

Ainda quanto à forma, é preciso destacar que, os atos processuais

devem estar escritos em português, outra trazer a devida tradução, feita por

tradutor juramentado, consoante os arts. 156 e 157 do CPC.

2.5. Características:

Os atos processuais possuem algumas características, que divergem

na doutrina, Toste Malta define como características dos atos processuais que:

“a) não se apresentam isoladamente. São sempre

coordenados em uma série contínua; b) ligam-se pela

unidade do fim, realizam-se tendo em vista o ato final, a

sentença; c) são interdependentes, como conseqüência

das características indicadas.” 17.

Por seu turno, Amauri Mascaro Nascimento, diz que “os atos

processuais trabalhistas têm como principais características: a) a publicidade

[...]; b) a documentação [...]; c) a certificação.” 18.

2.6. Tempo e lugar de realização dos atos processuais:

Os atos processuais devem ser praticados em dias úteis, ou seja,

naqueles em que há expediente forense, das 6 às 20 horas, conforme regra

estabelecida pelo art. 770 da CLT, que segue:

Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo

quando o contrário determinar o interesse social, e

16 MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008, pg. 78;17 MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008, pg. 76;18 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007, pg. 438;

14

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realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte)

horas.

Parágrafo único - A penhora poderá realizar-se em

domingo ou dia feriado, mediante autorização expressa

do juiz ou presidente.

Porém, é possível realizar a penhora, nos sábados, domingos e feriados,

se o juiz autorizar expressamente, consoante disposição do parágrafo único do

art. 770, transcrito acima.

Caso o ato seja iniciado antes das 20 horas, aplica-se a regra contida no

art. 172, § 1º., ou seja, continua-se a realização, caso o adiamento possa

causar um grave dano a diligência.

Conforme dispõe o art. 813 da CLT, as audiências devem ser feitas

entre as 8 e às 18 horas, e não podem ter mais de 5 horas seguidas de

duração, não ser em caso de urgência.

O Código de Processo Civil (que, de acordo com o art. 769 da CLT, nos

casos omissos nesta, será aplicado subsidiariamente, exceto, naquilo em que

for divergente com este) dispõe, em seu art. 173, da prática de atos

processuais, durante as férias e feriados, como segue:

Art. 173. Durante as férias e nos feriados não se

praticarão atos processuais. Excetuam-se:

I - a produção antecipada de provas (art. 846);

II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e

bem assim o arresto, o seqüestro, a penhora, a

arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a

prisão, a separação de corpos, a abertura de

testamento, os embargos de terceiro, a nunciação de

obra nova e outros atos análogos.

Parágrafo único. O prazo para a resposta do réu só

começará a correr no primeiro dia útil seguinte ao

feriado ou às férias.

15

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Salienta-se que, com o advento da Lei Orgânica da Magistratura, o

recesso de 20 de dezembro a 6 de janeiro foi suprimido, contudo, na Justiça do

Trabalho, por força da Lei nº. 5.010/66, em seu art. 62, “não há expediente na

Justiça Federal, o que inclui a Trabalhista[...]” 19, como pode-se vislumbrar da

leitura da redação do artigo em questão:

Art. 62. Além dos fixados em lei, serão feriados na

Justiça Federal, inclusive nos Tribunais Superiores:

I - os dias compreendidos entre 20 de dezembro e 6 de

janeiro, inclusive;

II - os dias da Semana Santa, compreendidos entre a

quarta-feira e o Domingo de Páscoa;

III - os dias de segunda e terça-feira de Carnaval;

IV - os dias 11 de agosto e 1° e 2 de novembro.

Portanto, nessas situação, aplica-se o disposto no art. 173 do CPC,

quanto a prática de atos processuais durante os feriados.

Resta ainda, mencionar que o atos processuais, devem ser praticados

na sede do juízo, entretanto, será possível a sua realização em outro lugar,

quando for extremamente necessário, ou quando a natureza do ato assim o

exigir. É o que determina o art. 176 do CPC, in verbis:

Art. 176. Os atos processuais realizam-se de ordinário

na sede do juízo. Podem, todavia, efetuar-se em outro

lugar, em razão de deferência, de interesse da justiça,

ou de obstáculo argüido pelo interessado e acolhido

pelo juiz.

2.7. Comunicação dos atos processuais:

É a forma como as partes tomarão conhecimento do andamento

processual, “torna-se imprescindível para o desenvolvimento da cadeia 19 MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008, pg. 77;

16

Page 17: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

processual que haja comunicação dos atos processuais às partes” 20. O Código

de Processo Civil, traz como forma de comunicação, a citação e a intimação,

porém, o processo do trabalho, utiliza a palavra notificação, de forma

indiscriminada, mas para se referir tanto a citação, quanto a intimação.

A citação está prevista no art. 213 do CPC, e pode ser conceituada

como sendo “o ato de dar notícia ao réu de que existe contra ele uma ação,

para que, se quiser, apresente sua defesa” 21, ou ainda, é o “ato pelo qual se

chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender (art. 213 CPC)” 22, já

a intimação, pode ser conceituada como sendo “o ato pelo qual se dá ciência a

alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma

coisa (CPC, art. 234)” 23.

Justamente pelo fato de que na legislação processual trabalhista, não há

uma diferenciação entre a citação ou a intimação, denominando todas como

notificação, é que Renato Saraiva, diz:

“Na inicial trabalhista, portanto, não há citação do

reclamado, mas notificação do mesmo, por meio de

remessa automática pelo servidor da secretaria da

Vara, dentro de 48 horas do recebimento da ação, via

postal, de cópia da petição inicial ao reclamado,

notificando-o a comparecer à audiência de julgamento

[...] 24

Mas, não há problemas quanto à denominação, pois o que importa é que

o ato alcance sua finalidade, que é de dar conhecimento a parte de que ela

esta sendo demandada em juízo.

20 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg. 160;21 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 158;22LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2008, pg. 252;23 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2008, pg. 353;24 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg. 160;

17

Page 18: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

O art. 841 da CLT descreve como deve ser feita a citação do réu, ou

seja, o escrivão ou secretário, em 48 horas após a protocolização da peça

inicial, deverá remeter uma segunda via para o réu, notificando-o, ao mesmo

tempo, da data da audiência de instrução e julgamento, sendo que, esta, só

poderá ser feita, com o intervalo mínimo de cinco dias após seja efetivada a

intimação.

Essa regra se justifica pelo fato de que, o réu apresentará sua defesa,

durante a audiência de instrução e julgamento, logo após a proposta de

conciliação, caso esta não se efetive, portanto,

“[...] da data do recebimento da notificação até a data

da realização da audiência, há necessidade de um

intervalo de pelo menos cinco dias, sob pena de

nulidade.” 25.

Sendo assim, tal regra aplica-se somente ao réu, pois o autor não

apresentará sua defesa, logo, se for intimado com menos de cinco dias para a

realização da audiência, não haverá nenhuma nulidade.

Conforme dispõe o art. 841, § 1º., as notificações serão feitas em

registro postal com franquia, portanto, a regra é, todas as notificações (citações

e intimações) serão feitas por correio, e a exceção, também prevista neste

mesmo dispositivo legal, é de que, quando o réu não for encontrado, ou criar

embaraços ao seu recebimento, a notificação será feita por edital, porém, na

prática, os juízes mandam fazer a citação por oficial, para evitar gastos com

editais e também, para assegurar o efetivo recebimento da notificação.

Apesar de o Código de Processo Civil, determinar em seu art. 222, ‘c’

que, as pessoas de direito público, não poderão ser citadas pelo correio, a

doutrina, de forma majoritária, entendeu que no processo do trabalho esta

prerrogativa, não se aplica, pois a CLT e o Decreto-lei 779/1969 (que aplicação

de normas processuais trabalhistas à União Federal, aos Estados, Municípios,

Distrito Federal e Autarquias ou Fundações de direito público que não explorem

25 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 159;

18

Page 19: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

atividade econômica), não determinam nenhuma exceção a regra da citação

por edital.

Nesse sentido, Renato Saraiva traz um julgado:

“A 2ª. Turma do TST, em 23.11.2005, no julgamento do

RR 804543/2001.0, firmou igual entendimento, qual

seja de que a notificação das pessoas jurídicas de

direito público também deverá ser feita por via postal,

visto que a legislação específica (art. 841, § 1º., da CLT

e Dec-lei 779/69, art. 1º. II) não prevê qualquer

exceção à regra geral de notificação das partes por

registro postal nos processos trabalhistas, não podendo

o julgador ampliar o alcance da norma, sob pena de

criar desigualdade processual entre as partes

litigantes.” 26.

Caso o correio não consiga encontrar o réu, deve devolver a notificação

ao juízo que a enviou, se isso não ocorrer, por força da súmula n. 16 do TST,

presume-se que a notificação postal foi recebida e que o réu está ciente de que

está sendo demandado em juízo.

É possível, porém, que o correio devolva a notificação, somente após a

revelia já ter sido decretada, neste caso, “o juiz deve anular o processo a partir

da sentença, procedendo-se a nova citação, visto que não houve citação” 27.

Entretanto, não é possível que o réu requeira a nulidade da notificação,

por não ter recebido a mesma pessoalmente, pois,

“[...] a jurisprudência e a doutrina têm considerado

válida a notificação postal entregue na empresa a

empregado do reclamado, zelador ou empregado da

administração do edifício ou mesmo depositada em

26 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg. 161;27 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 160;

19

Page 20: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

caixa postal, uma vez que não há previsão legal de

pessoalidade na realização da comunicação, sendo a

notificação considerada válida com a simples entrega

do registro postal no endereço da parte” 28.

Caso o réu se encontre em alguma das situações do art. 217 do CPC,

ou seja, situações em que não são feitas a citações, ele deverá provar que

recebeu a notificação enquanto se encontrava em alguma daquelas situações e

requerer a nulidade do referido procedimento.

Dificilmente haverá a notificação pelo oficial de justiça, entretanto, caso o

réu resida em um local não servido por correio, a citação será por oficial, e

ainda, pode-se citar como exemplo de exceção a regra, o art. 880 da CLT, que

determina a citação por oficial de justiça da fase da execução, mas, também

não precisa ser pessoal.

É preciso destacar que, no procedimento sumaríssimo, não é possível a

citação por edital, por força do disposto no art. 852-B, II da CLT, in verbis:

Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no

procedimento sumaríssimo:

[...]

II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a

correta indicação do nome e endereço do reclamado;

Todavia, caso o réu encontre-se em local incerto e não sabido, o juiz

deverá converter o procedimento sumaríssimo em ordinário, e não terá outra

opção, a não ser, fazer a intimação por edital.

Acerca da comunicação dos atos processuais, é possível, ainda, que

sejam feitas por cartas, que podem ser de ordem, que “é expedida se o juiz for

subordinado ao tribunal de que ela emanar” 29, rogatória, que é a “comunicação

28 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg. 162;29 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 161;

20

Page 21: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

processual dirigida à autoridade judiciária estrangeira” 30, e por fim, precatória,

que “é expedida nos demais casos, principalmente quando a prova deva ser

feita fora da jurisdição do juízo, como no caso de oitiva de testemunhas que

residem fora desta jurisdição (art. 410, II CPC) ou, até mesmo, para a

realização de prova pericial, mas também poderá ser enviada para citação do

réu” 31. Tais cartas têm caráter itinerante, ou seja, ela pode ser enviada a outros

juízo, independentemente de retorno ao juízo deprecante.

Por fim, resta mencionar que é possível a transmissão de petições

escritas por fac-símile ou afins, é o que dispõe a súmula 387 do TST, in verbis:

SUM-387 RECURSO. FAC-SÍMILE. LEI Nº. 9.800/1999

(conversão das Orientações Jurisprudenciais nº. 194

e 337 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e

25.04.2005

I - A Lei nº. 9.800/1999 é aplicável somente a recursos

interpostos após o início de sua vigência. (ex-OJ nº. 194

da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

II - A contagem do qüinqüídio para apresentação dos

originais de recurso interposto por intermédio de fac-

símile começa a fluir do dia subseqüente ao término do

prazo recursal, nos termos do art. 2º da Lei nº.

9.800/1999, e não do dia seguinte à interposição do

recurso, se esta se deu antes do termo final do prazo.

(ex-OJ nº. 337 da SBDI-1 - primeira parte - DJ

04.05.2004)

III - Não se tratando a juntada dos originais de ato que

dependa de notificação, pois a parte, ao interpor o

recurso, já tem ciência de seu ônus processual, não se

aplica a regra do art. 184 do CPC quanto ao "dies a quo",

30 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 161;31 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 161;

21

Page 22: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

podendo coincidir com sábado, domingo ou feriado. (ex-

OJ nº. 337 da SBDI-1 - "in fine" - DJ 04.05.2004) 32.

3. TERMOS PROCESSUAIS

Pode-se dizer, que são as reproduções gráficas dos atos processuais,

ou ainda:

“É a redução a escrito de certos atos processuais

praticados nos autos de um processo (ex: termo da ata

da audiência, termo da ata onde é realizado o

julgamento do processo, etc.) 33

Ou, ainda, para Tostes Malta, “termo processual tanto pode ser o início e

o fim de um prazo como o registro gráfico de um ato processual constante dos

autos” 34.

A CLT dispôs em três artigos (art. 771, 772 e 773 CLT) sobre o assunto,

de forma muito vaga, sendo, perfeitamente aplicáveis os arts. 166 a 171 do

CPC, portanto, ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão a

autuará, mencionando o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro, os

nomes das partes e a data do seu início; e procederá do mesmo modo quanto

aos volumes que se forem formando, também numerará e rubricará todas as

folhas dos autos.

Conforme a regra da CLT, os termos processuais poderão ser escritos a

tinta, datilografados ou a carimbo, e assinados pelas partes interessadas (art.

771 e 772 CLT), caso as partes não possam assinar, por motivo justificado,

serão firmados a rogo, na presença de duas testemunhas, sempre que não

houver procurador legalmente constituído.

Por fim, é preciso mencionar que, não é admitido nos termos, espaços

em branco, bem como entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles

32 Site: http://www.tst.jus.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da consulta: 6.10.2009;33 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 150;34 MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008, pg. 80;

22

Page 23: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

forem inutilizados e estas expressamente ressalvadas, tal regra é extraída do

art. 171 do CPC.

4. PRAZOS PROCESSUAIS

4.1. Conceito

É possível retirar da doutrina tal conceituação, para Carlos Henrique

Bezerra Leite, “o prazo processual [...] corresponde ao lapso de tempo para

prática ou abstinência do ato processual” 35, já para Sergio Pinto Martins, prazo

“é o período em que o ato processual deve ser praticado” 36, e por fim, para

Tostes Malta, “prazo é o tempo durante o qual um ato processual pode ser

praticado ou o período entre dado acontecimento e o instante final em que se

admite a prática de um ato processual” 37.

Sendo assim, conclui-se que o prazo é o tempo em que o ato processual

pode ser praticado, caso não seja praticado durante este lapso temporal, pode

acarretar, ou não, consequências para a parte.

É de suma importância a existência dos prazos, neste mesmo sentido, é

o entendimento de Amauri Mascaro Nascimento:

“A fixação de prazos é necessária como condição de

desenvolvimento do processo. Sem a rígida

determinação de prazos, o processo poderia ser

comprometido pela inércia das pessoas que nele

figuram. Assim, os prazos resultam da exigência

própria do processo, que é um movimento traçado para

o futuro. A inexistência de prazos traria, como

35 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2008, pg. 356;36 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 150;37 MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008, pg. 82;

23

Page 24: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

conseqüência, a impossibilidade de andamento do

processo.” 38

4.2. Classificação:

A doutrina, de forma majoritária, classifica os prazos, quanto à origem da

fixação, à natureza e aos destinatários.

Portanto, quanto a à origem da fixação, os prazos podem ser legais,

judiciais, e convencionais.

Serão legais, quando estiverem estabelecidos pela própria lei, “como o

prazo para apresentação de recurso, o prazo para o executado pagar ou

garantir a execução (48 horas – art. 880 da CLT)” 39.

Os judiciais, são aqueles fixados pelo juiz. Já os convencionais, são os

acordados entre as partes, “como a possibilidade de suspensão do processo

para tentativa de conciliação (art. 265, II, do CPC)” 40.

Quanto à natureza, os prazos classificam-se em dilatórios e

peremptórios.

Dilatórios, são os prazos que admitem prorrogação pelo juiz, a

requerimento da parte.

Peremptório, é o prazo improrrogável, que decorrem de normas

imperativas de ordem pública, tal regra, vem determina no art. 182 do CPC,

que segue:

Art. 182. É defeso às partes, ainda que todas estejam

de acordo, reduzir ou prorrogar os prazos

peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas onde for

difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas

nunca por mais de 60 (sessenta) dias.

38 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007, pg. 441;39 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg. 175;40 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg. 175;

24

Page 25: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Parágrafo único. Em caso de calamidade pública,

poderá ser excedido o limite previsto neste artigo para

a prorrogação de prazos.

Portanto, somente nos casos do parágrafo único do art. 182 do CPC,

acima transcrito, é que poderá, um prazo peremptório, ser dilatado.

É de extrema importância, ressaltar que, normalmente, os prazos

judiciais e convencionais, são dilatórios, e os prazos legais, são peremptórios.

Por fim, quanto aos destinatários, os prazos podem ser próprios ou

impróprios.

São próprios aqueles que se destinam as partes, e, acarretam

consequências processuais, caso não seja cumprido, sendo portanto, um ônus

processual.

Os impróprios, são os prazos que os juizes e servidores do poder

judiciário tem para realizar os atos processuais, não estão sujeitos a

consequências processuais, entretanto, se não cumprirem o prazo

estabelecido, sem um motivo justo, estão sujeitos as sanções disciplinares.

Salienta-se que, os prazos ainda podem ser comuns, quando corre para

ambas as partes, ou particulares, quando o prazo corre somente para uma das

partes.

Nos casos de prazo comum, é possível que uma das partes, agindo de

má-fé, retire do cartório os autos, devolvendo-o somente após o transcurso do

prazo, neste caso, o juiz devolverá o prazo a parte prejudicada, conforme

dispõe o art._180 do CPC, in verbis:

Art. 180. Suspende-se também o curso do prazo por

obstáculo criado pela parte ou ocorrendo qualquer das

hipóteses do art. 265, I e III; casos em que o prazo será

restituído por tempo igual ao que faltava para a sua

complementação.

4.3. Contagem dos prazos:

25

Page 26: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Os prazos processuais, na esfera do processo do trabalho, seguem as

regras previstas nos arts. 774 e 775 da CLT.

Sendo assim, os prazos contam-se a partir da data em que for feita

pessoalmente, ou recebida a notificação, ou do dia em que for publicado o

edital no jornal oficial, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da

Vara, Juízo ou Tribunal.

Lembrando que, a contagem deve ser feita excluindo o dia do início e

incluindo o dia do término, de acordo com o estabelecido no art. 755 da CLT, in

verbis:

Art. 775 - Os prazos estabelecidos neste Título contam-

se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do

vencimento, e são contínuos e irreleváveis, podendo,

entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente

necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força

maior, devidamente comprovada. 

Parágrafo único - Os prazos que se vencerem em

sábado, domingo ou dia feriado, terminarão no primeiro

dia útil seguinte.

Assim, o prazo inicia com o recebimento da notificação pelo réu, mas a

contagem do prazo inicia somente, no primeiro dia útil após o início do prazo,

caso o termo final do prazo, seja um dia em que não há expediente forense,

aplica-se a regra do parágrafo único do art. 775 da CLT, ou seja, estende-se

até o primeiro dia útil seguinte.

Caso a notificação seja feita por meio de mandado, pois foi impossível

fazê-lo pela via postal, há certa divergência na doutrina, quanto a data em que

começará a contagem dos prazos, mas Sergio Pinto Martins, entende que:

“[...] alguns autores entendem que seria aplicável o

inciso I do art. 241, do CPC, contando-se o prazo a

partir de juntada aos autos do mandado devidamente

cumprido. Inexiste, porém, omissão para se utilizar o

26

Page 27: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

CPC. O art. 774 declara que os prazos são contados a

partir da data em que for feita pessoalmente ou

recebida a notificação. Se a intimação for feita pelo

oficial de justiça, em audiência, ou o advogado tomar

ciência no balcão da Vara, a parte será considerada

intimada no momento da ciência” 41

Acerca deste tema, o Tribunal Superior do Trabalho já editou algumas

súmulas, vejamos:

“SUM-1 PRAZO JUDICIAL (mantida) – Res.

121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Quando a intimação

tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de

intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será

contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se

não houver expediente, caso em que fluirá no dia útil

que se seguir.” 42

E ainda:

“SUM-262 PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU

INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSE

(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº. 209 da

SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do

prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a

contagem, no subseqüente. (ex-Súmula nº. 262 - Res.

10/1986, DJ 31.10.1986);

II – [...].” 43

41 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 15242 Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 7.10.2009;43 Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 7.10.2009;

27

Page 28: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

“SUM-385 FERIADO LOCAL. AUSÊNCIA DE

EXPEDIENTE FORENSE. PRAZO RECURSAL.

PRORROGAÇÃO. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE

(conversão da Orientação Jurisprudencial nº. 161

da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.

Cabe à parte comprovar, quando da interposição do

recurso, a existência de feriado local ou de dia útil em

que não haja expediente forense, que justifique a

prorrogação do prazo recursal. (ex-OJ nº. 161 da SBDI-

1 - inserida em 26.03.1999)” 44.

Neste mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal editou a súmula 310,

in verbis:

“Súmula 310: quando a intimação tiver lugar na sexta-

feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita

nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira

imediata, salvo se não houver expediente, caso em que

começará no primeiro dia útil que se seguir.” 45.

Convém mencionar, que os prazos, conforme estabelecido pelo art. 775

da CLT, são contínuos e irreleváveis, somente podendo ser prorrogados em

virtude de força maior devidamente comprovada.

Porém, há divergência na doutrina acerca da continuidade dos prazos

durante o recesso da Justiça do Trabalho, que, de acordo com a Lei nº.

5.010/66, é o período compreendido entre 20 de dezembro a 6 de janeiro.

Para alguns, o recesso é considerado feriado, sendo aplicado, portanto,

a regra do art. 178 do CPC, ou seja, não suspende o prazo, esse é o

entendimento de Sergio Pinto Marins, que segue:

44 Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 7.10.2009;45Site:http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=310.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas, data da pesquisa: 7.10.2009;

28

Page 29: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

“A lei nº. 5.010, em seu art. 62, é clara no sentido de

que o período compreendido entre 20 de dezembro e 6

de janeiro é contado como feriado. Aplica-se, por

conseguinte, o art. 178 do CPC e não o art. 179 do

mesmo código. Não há suspensão do prazo para o

recurso no período de 20 de dezembro a 6 de janeiro,

até porque os prazos são contínuos e irreleváveis (art.

775 da CLT)” 46.

Ocorre que, a corrente majoritária, encabeçada pelo Tribunal Superior

do Trabalho, firmou o entendimento de que o recesso forense (20/12 a 6/01)

suspense a contagem do prazo processual, pois a situação se equipara às

férias dos juízes, nesse sentido, o TST editou a súmula 262, que segue:

“SUM-262 PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU

INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSE

(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº. 209 da

SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

I – [...];

II - O recesso forense e as férias coletivas dos

Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, §

1º, do RITST) suspendem os prazos recursais. (ex-OJ

nº. 209 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)” 47.

Portanto, durante o recesso forense, suspendem-se todos os prazos,

“não se iniciando, correndo ou vencendo qualquer prazo” 48.

Sabe-se que a Constituição Federal aboliu as férias coletivas, sendo,

agora, obrigatória a presença de juízes de plantão, quando não houver

expediente forense normal, porém, a constituição não aboliu o recesso forense,

permanecendo em vigor a Lei nº. 5.010/66.

46 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 153;47 Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 7.10.2009;48 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg.180;

29

Page 30: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Por fim, é preciso destacar que, na justiça do trabalho, não se aplica a

regra constante do art. 191 do CPC, que determina que os litisconsortes com

advogados diferentes, terão prazos em dobro, isso se justifica pela aplicação

do princípio da celeridade processual.

4.4. Suspensão e interrupção dos prazos:

A Consolidação das Leis do Trabalho, não regula expressamente esta

matéria, sendo necessária a aplicação do Código de Processo Civil.

Suspensão ocorre “quando se paralisa a contagem do prazo processo.

Cessada a causa suspensiva, recomeça-se a contagem do prazo, isto é,

retoma-se a contagem do prazo no estado em que parou” 49, já na interrupção,

“o prazo também se reinicia quando cessada a causa interruptiva, mas o prazo

é devolvido integralmente à parte interessada, como se ele nunca tivesse

iniciado” 50.

Por seu turno, o Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (12ª.

Região), já decidiu:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUSPENSÃO DO

PRAZO RECURSAL. RECURSO APRESENTADO

TEMPESTIVAMENTE. O ato suspensivo do prazo

recursal emanado pelo Tribunal Regional do Trabalho

implica retomar o prazo pelo que remanesce a contar

do primeiro dia útil subseqüente após findo o alcance

da suspensão em delimitados dias. (Processo:  Nº:

08153-2006-036-12-01-6 , Juíza Lourdes Dreyer -

Publicado no TRTSC/DOE em 03-04-2009) “51.

49 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2008, pg. 361;50 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2008, pg. 361;51Site:http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/juris.asp?val=0&tex=suspens%E3o+do+prazo&cb_em=S&dt1_dia=7&dt1_mes=10&dt1_ano=2008&dt2_dia=7&dt2_mes=10&dt2_ano=2009&limpaDatas=on&cdjuiz=0&cdlocal_julg=0&cla_esp=NAOESPECIFICAR&action=Pesquisar, data da pesquisa: 7.10.2009;

30

Page 31: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Somente ocorre a suspensão do processo, nos casos de exceção de

suspeição e incompetência, conforme regra estabelecida pelo art. 799 da CLT.

5. SUSPENSÃO DO PROCESSO

No decorrer do processo, podem ocorrer situações em que este sofrerá

paralisações, que serão momentâneas.

Não há, na CLT, regulamentação acerca do tema, portanto, é necessário

aplicar o processo civil.

É possível, portanto, doutrinariamente, fixar alguns momentos em que a

suspensão vai ocorrer, como quando a as partes, em comum acordo

requererem ao juiz a suspensão, para tentar uma conciliação, e o juiz conceder

a suspensão, quando ocorrer a morte da parte, de seu representante ou

procurador, o mesmo ocorre quando a parte perde sua capacidade processual,

e em outras situações, em que o juiz entenda ser necessário suspender o

processo, como quando a decisão da causa depende de um pronunciamento

de outro órgão jurisdicional ou administrativo.

Quando, por exemplo, o julgamento da causa depende do retorno de

alguma carta que foi expedida no decorrer do processo, o mesmo ficará

suspenso, conforme leciona Sergio Pinto Martins:

“A carta precatória e a carta rogatória suspendem o

processo, quando a sentença de mérito depender de

julgamento de outra causa, ou da declaração da

existência ou inexistência da relação jurídica (art. 265,

IV, a, do CPC), desde que a prova nelas solicitadas

seja imprescindível. A carta precatória e a carta

rogatória, não devolvidas dentro do prazo ou

concedidas sem efeito suspensivo, poderão ser

juntadas aos autos até o julgamento final (parágrafo

único do art. 338 do CPC)” 52.

52 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 307;

31

Page 32: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

É possível ainda, que o processo seja suspenso por decorrência de

força maior, “que tem que ser entendida como todo acontecimento inevitável e

imprevisível, para o qual a parte não concorreu, direta ou indiretamente (art.

501 da CLT)” 53

Entretanto, a suspensão nunca vai ocorrer, se ela for de alguma forma,

capaz de prejudicar o trabalhador, ou a terceiros de boa-fé, nesse sentido, o

Tribunal Regional de Trabalho da 12ª. Região já decidiu:

“SUSPENSÃO DO PROCESSO. LIMITAÇÃO. Ainda

que as partes possam requerer a suspensão do

processo por até 6 meses (art. 265, 3o, do CPC), o juiz

pode indeferir a suspensão ou limitá-la, se houver

prejuízos a terceiros. No caso dos autos, embora as

partes tenham requerido a suspensão por um

semestre, havia pendência de expedição de carta de

arrematação, de forma que a suspensão por seis

meses traria prejuízos a terceiros, impondo-se ao juiz

evitá-los. Prudente assim a limitação do trâmite por

apenas 10 (dez) dias, o que se confirmou pelo decurso

de lapso de vários meses, sem que o propalado acordo

tenha sido noticiado. (Processo:  Nº. 01740-2007-055-

12-00-0, Juiz José Ernesto Manzi - Publicado no

TRTSC/DOE em 15-06-2009 )” 54.

O código de processo civil deixa a cargo de o juiz estabelecer um prazo

máximo para deixar o processo suspenso, no caso de convenção entre as

partes, o juiz pode deferir ou não, e é faculdade do juiz, não sendo nulo o

processo, caso o juiz indefira o prazo requerido pela parte para suspensão do

53 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 307;54Site:http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/juris.asp?val=0&tex=suspens%E3o+do+processo&cb_em=S&dt1_dia=7&dt1_mes=10&dt1_ano=2008&dt2_dia=7&dt2_mes=10&dt2_ano=2009&limpaDatas=on&cdjuiz=0&cdlocal_julg=0&cla_esp=NAOESPECIFICAR&action=Pesquisar,data da pesquisa: 7.102009.;

32

Page 33: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

processo, no mesmo rumo, há julgados no TRT 12ª. Região, conforme o que

segue:

“ART. 265, II DO CPC. SUSPENSÃO DO PROCESSO.

O art. 265, II do Código de Processo Civil assegura a

suspensão do processo quando assim convencionarem

as partes, de modo que inexiste óbice ao indeferimento

pelo Juízo do pedido de suspensão fruto de iniciativa

exclusiva de um dos litigantes. (Processo:  Nº. 01938-

2007-055-12-00-4 , Juiz Gracio R. B. Petrone -

Publicado no TRTSC/DOE em 27-02-2009)” 55

Por força do princípio da instrumentalidade das formas, se forem

praticados atos processuais, durante a suspensão, eles não serão nulos se não

acarretarem nenhum prejuízo as partes, e, ainda, de acordo com o art. 266,

durante a suspensão poderá o juiz, determinar a realização de atos urgentes, a

fim de evitar dano irreparável.

O Código de Processo Civil estabelece expressamente as causas de

suspensão do processo, em seu art. 265, que dispõe:

Art. 265. Suspende-se o processo:

I - pela morte ou perda da capacidade processual de

qualquer das partes, de seu representante legal ou de

seu procurador;

II - pela convenção das partes;

III - quando for oposta exceção de incompetência do

juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de

suspeição ou impedimento do juiz;

IV - quando a sentença de mérito:

55Site:http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/juris.asp?val=0&tex=suspens%E3o+do+processo&cb_em=S&dt1_dia=7&dt1_mes=10&dt1_ano=2008&dt2_dia=7&dt2_mes=10&dt2_ano=2009&limpaDatas=on&cdjuiz=0&cdlocal_julg=0&cla_esp=NAOESPECIFICAR&action=Pesquisar,data da pesquisa: 7.10.2009;

33

Page 34: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

a) depender do julgamento de outra causa, ou da

declaração da existência ou inexistência da relação

jurídica, que constitua o objeto principal de outro

processo pendente;

b) não puder ser proferida senão depois de verificado

determinado fato, ou de produzida certa prova,

requisitada a outro juízo;

c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de

estado, requerido como declaração incidente;

V - por motivo de força maior;

VI - nos demais casos, que este Código regula.

Entretanto, conforme entendimento de Amauri Mascaro Nascimento é:

“Inaplicável a hipótese ‘c’, porque a lei trabalhista rege os

efeitos das exceções: ‘nas causas da jurisdição da

Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com

suspensão do feito, as exceções de suspeição ou

incompetência e as demais serão alegadas como matéria

de defesa (art. 799 CLT) 56.

Ocorre que, há divergência doutrinária acerca do tema, para Sergio

Pinto Martins:

“A exceção de impedimento também pode ser oposta

com a suspensão do feito, pois na época da edição da

CLT ainda não existia, pois só foi criada com o CPC de

1973. Assim, no processo do trabalho o processo fica

suspenso quando da oposição de exceção de

impedimento, suspeição ou de incompetência (art. 265,

III, do CPC)” 57.

56 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007, pg. 446-447;57 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg. 306.

34

Page 35: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Apesar de haver tal divergência acerca das exceções, as demais

situações previstas no art. 265 do CPC, aplicam-se inteiramente ao processo

do trabalho.

Por fim, resta mencionar que no procedimento sumaríssimo, não é

possível ocorrer a suspensão do processo, pois ele deve ser mais célere,

devido a seu procedimento.

6. EXTINÇÃO DO PROCESSO

6.1. Modalidades

O processo trabalhista é subsidiário ao processo civil quanto aos modos de

sua extinção (art. 769, CLT). Sabemos que o processo pode extinguir-se de

duas maneiras: com resolução do mérito, de acordo com o artigo 269 do CPC

(também conhecido como sentença definitiva); e sem resolução do mérito,

definida pelo artigo 267 do CPC (sentença essa terminativa).

O Código de Processo Civil ao elencar nos artigos 267 e 269 os casos de

extinção do processo sem e com julgamento do mérito fez essa distinção com

o objetivo de determinar o efeito das decisões. Se for com mérito, faz coisa

julgada material e não mais pode ser discutida; se for sem julgamento de

mérito, pode ser apreciada em nova ação.

Conforme o entendimento de alguns autores, os modos de extinção do

processo são a sentença, a conciliação, o reconhecimento do pedido, o

abandono da causa, a desistência, a transação. Trata-se, no entanto, salvo a

sentença, de causas da extinção do processo (isso porque a sentença só põe

fim ao primeiro grau de jurisdição, cabendo ainda recurso). A sentença e o

despacho que indefere a inicial são modos de extinção do processo. O

reclamante dá causa, por exemplo, á extinção do processo quando o

abandona. A sentença que declara extinto o processo, por exemplo, é um

modo ou forma de extinção.

6.2. Sentença35

Page 36: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

A sentença já teve seu sentido modificado ao longo de reformas

processuais. Atualmente ela é sim uma das maneiras extintivas do processo,

porém, não eterna. Entende-se como sentença como “Ato do juiz que implica

alguma das situações previstas nos artigos 267 e 269 do CPC” (art. 162 §2º do

CPC); ou ainda, em outras palavras, “pronunciamento do juiz que põe fim ao

primeiro grau de jurisdição”.

Evidente que o conceito não poderia ser o simples da redação original

do artigo 162 §2º do CPC, que dizia que a sentença põe fim ao processo,

porque não a faz. Da sentença proferida pelo 1º grau de jurisdição, pode caber

recurso à outra parte, tornando o processo ainda quase que infindável.

A CLT emprega o termo “decisão” em seus artigos 831, 832 e 850 ao

invés de sentença. A palavra decisão na realidade é o gênero do qual sentença

é espécie, pois decisão também pode ser um despacho proferido pelo juiz, ou

uma decisão interlocutória, não podendo ser equiparado a sentença, ainda que

decida algo nos autos. Como já dito, o processo não se extingue com a

sentença, haja vista que é possível que a parte vencida entre com recurso.

Nos dissídios coletivos, que são de competência dos tribunais, as

decisões são chamadas de sentença normativa. Entretanto, sentença é

privativa do órgão do primeiro grau, por isso talvez o nome mais correto para

decisões dos tribunais fosse apenas acórdão ou acórdão normativo.

A sentença é a peça mais importante do processo, seu dispositivo

consiste na conclusão.

Deve a sentença ser clara, concisa e precisa. O juiz deve proferir a

sentença de maneira que todos os pedidos das partes sejam solucionados, não

dando margens a dúvidas, contradições e obscuridades.

A Constituição Federal em seu artigo 93, inciso IX e o CPC no artigo

131, determinam que os julgamentos serão públicos e todas as decisões

devem ser fundamentadas sob pena de nulidade; assim, o juiz poderá apreciar

livremente as provas, atendendo os fatos e circunstâncias constantes nos

36

Page 37: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

autos, ainda que não alegadas pelas partes, porém, deve o juiz indicar na

sentença os motivos que lhe formaram o convencimento.

Se o juiz se convencer que o autor e réu estão usando do processo para

praticar ato simulado ou conseguir fim vedado em lei, o juiz proferirá a

sentença que obste o objetivo das partes (129, CPC), extinguindo o processo

sem julgamento de mérito. Um exemplo disso no processo do trabalho, é

quando as partes fazem uma reclamação simulada, com o objetivo de

computar tempo de serviço não trabalhado pelo reclamante, para efeitos de

aposentadoria. Percebendo o juiz tal fato, deverá extinguir o processo sem

julgar o mérito.

Pela visão da CLT, atualmente, tem-se quanto à sentença que uma vez

apresentadas às razões finais e rejeitada a última tentativa de conciliação, o

juiz proferirá decisão (sentença) que deverá atender ao cumprimento da lei,

bem como ao interesse social, (segundo determina o art. 850 consolidado, que

foi derrogado pela Emenda Constitucional 24/99).

6.3. Extinção do Processo sem Resolução do Mérito

De acordo com essa modalidade de extinção do processo, o processo se

extingue sem que seja analisada a matéria, ou seja, o mérito da causa. O rol

nos parece taxativo de acordo com o art. 267 do CPC:

Art. 267. Extingue-se o processo, sem a resolução do

mérito:

I – quando o juiz indeferir a petição inicial;

II – quando ficar parado durante mais de um 1 (um) ano

por negligência das partes;

III – quando, por não promover os atos e diligências

que lhe competirem, o autor abandonar a causa por

mais de 30 ( trinta) dias.

37

Page 38: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

IV – quando se verificar a ausência de pressupostos de

constituição e de desenvolvimento válido e regular do

processo;

V – quando o juiz acolher a alegação de perempção,

litispendência ou de coisa julgada;

VI – quando não concorrer qualquer das condições da

ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das

partes e o interesse processual;

VII – pela convenção de arbitragem

VIII – quando o autor desistir da ação;

IX – quando a ação for considerada intransmissível por

disposição legal;

X – quando ocorrer confusão entre o autor e réu

§ 1º - O Juiz ordenará, no caso do n. II e III, o

arquivamento dos autos, declarando a extinção do

processo, se a parte, intimada pessoalmente, não

suprir a falta em 48 ( quarenta e oito) horas.

§ 2º - No caso do parágrafo anterior, quanto ao n. II, as

partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto

ao n. III, o autor será condenado ao pagamento das

despesas e honorários de advogado ( art. 28)

§ 3º - O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e

grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença

de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e VI;

todavia, o réu que não a alegar na primeira

oportunidade em que lhe caiba falar nos autos,

responderá pelas custas de retardamento.

38

Page 39: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

§ 4º - Depois de decorrido o prazo para a resposta, o

autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir

da ação.

Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do

processo não obsta a que o autor intente de novo a

ação. A petição inicial, todavia, não será despachada

sem a prova do pagamento ou do depósito das custas

e honorários de advogado.

Parágrafo único: Se o autor der causa, por três vezes,

á extinção do processo pelo fundamento previsto no n.

III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação

contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe

ressalvada a, entretanto, a possibilidade de alegar em

defesa o direito.

Segundo entende Sérgio Pinto Martins, não se aplicam as hipóteses

previstas nos incisos VII, IX e X do artigo 267 do CPC; embora sejam regras de

extinção sem julgamento do mérito. Essas sentenças transitam em julgado,

porém não fazem coisa julgada material, pois não se ingressa no mérito da

controvérsia.

Destaca-se que também haverá no processo do trabalho extinção do

processo sem resolução do mérito (sentença terminativa) quando o juiz acolhe

exceção de incompetência em razão da matéria ou das pessoas e envia os

autos para o juízo competente. O processo termina na Justiça do Trabalho, o

§2º do art. 799 da CLT utiliza a palavra terminativa.

Na CLT também se observam alguns casos específicos de proferimento

de sentença terminativa, com a extinção do processo sem a resolução do

mérito da causa, como na hipótese prevista pelo art. 844 da consolidação que

determina a possibilidade do arquivamento (sentença terminativa) da

reclamação trabalhista em caso de não comparecimento do reclamante à

audiência.

39

Page 40: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Vale salientar que a sentença proferida com resolução de mérito, por

fazer coisa julgada material, impede que a matéria seja levada novamente a

juízo, ressalvado o caso de ação rescisória ajuizada no prazo de 2 anos do

trânsito em julgado da decisão proferida. Já a sentença sem resolução do

mérito não impede que a causa seja levada novamente a juízo, sendo

suficiente para tanto que sejam solucionados os vícios que levaram a extinção

do processo. Diante disso, é possível afirmar que essa sentença não pode ser

combatida por meio de ação rescisória.

Embora ainda o CPC em seu artigo 268 diga expressamente que, extinto

o processo sem apreciação do mérito do pedido inicial, nas hipóteses previstas

no art. 267, com exceção do n. V, a parte pode renovar a ação, essa tese nem

sempre merece prosperar, quando na primeira se examinarem questões que

não se restringem á matéria estritamente processual (como é desistência da

ação), fica dependendo de alterarem-se as condições de fato. Seria realmente

absurdo que, por exemplo, a ação fosse declarada intransmissível por

determinação legal, que a parte fosse considerada ilegítima ou despida de

interesse e que nova contenda exatamente idêntica á primeira pudesse

prosperar. Seria necessário, por exemplo, que determinados acontecimentos

fizessem surgir um interesse antes inexistente.

6.4. Extinção do Processo com Resolução do Mérito

A sentença que resolve o mérito é também denominada pela doutrina

como sentença definitiva. É um modo de extinção do processo, que é

encontrado no Código do Processo Civil no artigo 269 e incisos.

Segundo Luis Rodrigues Wambier, a lei considera sentenças de mérito

ou definitivas aquelas cujos conteúdos forem encartáveis no art. 269 do CPC.

Só podem ter lugar se presentes os pressupostos de admissibilidade de exame

do mérito, ou seja, as condições da ação e pressupostos processuais, e se

assim também não configurar alguma das hipóteses do art. 267 do CPC.

Art. 269 – Haverá resolução do mérito:

40

Page 41: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

I – quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;

II – quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

III – quando as partes transigirem;

IV – quando o juiz pronunciar a decadência ou a

prescrição;

V – quando o autor renunciar ao direito sobre que se

funda a ação.

O inciso I é denominado pela doutrina como extinção do processo com

resolução do mérito típica, pelo fato de ocorrer na maior parte dos casos.

Embora nas hipóteses dos incisos II, III e V do art. 269, haja uma

manifestação advinda das próprias partes para se chegar à resolução do

processo, é sempre necessário o pronunciamento do órgão jurisdicional para

ocorrer a extinção, assim como nos demais casos.

Ocorre na extinção do processo com resolução do mérito uma sentença

que literalmente resolve o conflito. O juiz ingressa no mérito da questão,

acolhendo ou rejeitando o pedido do autor.

Importante destacar que as alíneas do artigo 895 da CLT fazem

referência à sentença definitiva:

Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância

superior:

I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e

Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e (Incluído pela Lei nº

11.925, de 2009).

II - das decisões definitivas ou terminativas dos

Tribunais Regionais, em processos de sua

competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer

41

Page 42: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.

(Incluído pela Lei nº 11.925, de 2009). (...)

Como já se pode notar pela leitura do próprio artigo transcrito, a

sentença não é considerada definitiva por não caber qualquer recurso, mas

sim, é definitiva porque o autor não poderá ingressar com a mesma pretensão,

como ocorreria quando o processo é extinto sem julgamento do mérito.

Quando ocorrer a hipótese do inciso III, do artigo 269, CPC, ou seja, se

as partes transigirem, chegando assim a um acordo, sendo homologado pelo

juízo, vale como decisão irrecorrível (art. 831 parágrafo único da CLT). Aqui há,

portanto, resolução do mérito. Porém, vale destacar o que diz a súmula 269 do

TST:

Súmula 269, TST: Termo de conciliação. Ação

Rescisória.: Só por ação rescisória é impugnável o

termo de conciliação previsto no parágrafo único do art.

831 da CLT.

Conclui-se que o rol do artigo 269 do CPC será subsidiário ao direito

processual do trabalho, utilizando-se desta forma tais hipóteses na extinção

dos processos trabalhistas.

6.5. Suspensão e Extinção da Execução

Vide itens 5.0 e 6.5.1

6.5.1. Extinção da Execução

Antes da Lei nº 8.953/94, discutia-se, no foro trabalhista, se o exeqüente

tinha a livre disponibilidade da execução e, de conseguinte, se lhe era facultado

renunciar sem prévia audiência do Estado.

Em tempo anterior a vigência da Lei nº 8.953, que acrescentou um

parágrafo ao artigo 267 do CPC, havia consenso sobre a subsidiariedade das

normas do processo de conhecimento quanto ao processo de execução.

42

Page 43: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

De regra, essa complementaridade só é válida se omissa a normação do

processo executivo.

Havia e ainda há debate sobre a norma expressa permitindo ao

Exeqüente renunciar à execução, o que leva a entender que no caso do art.

267, § 4º, do CPC é inaplicável à execução.

“Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de

mérito:

§ 4 - quando se verificar a ausência de pressupostos de

constituição e de desenvolvimento válido e regular do

processo;”

No artigo 569 do CPC:

“Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda

a execução ou de apenas algumas medidas

executivas.

Parágrafo único. Na desistência da execução,

observar-se-á o seguinte:

a) serão extintos os embargos que versarem apenas

sobre questões processuais, pagando o credor as

custas e os honorários advocatícios;

b) nos demais casos, a extinção dependerá da

concordância do embargante.”

A norma limita o poder do Exeqüente de desistir da ação executiva e,

retira por completo a controvérsia a propósito do verdadeiro alcance da regra

no art. 569 CPC.

Momento processual em que é viável a desistência, facultada por lei ao

credor, que nas reclamatórias é o trabalhador:

43

Page 44: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

I – Desde o início da execução até a penhora dos bens

do devedor, a desistência independe da aquiescência

do devedor.

II – O mesmo na hipótese de os embargos abordarem

somente questões processuais.

III – Imprescindível à anuência do devedor se, nos

embargos, o devedor debater matéria que não seja de

índole processual atinente ao crédito ou ao título

judicial.

Determina o art. 794 do CPC que se extingue a execução:

“Art. 794. Extingue-se a execução quando:

I - o devedor satisfaz a obrigação;

II - o devedor obtém, por transação ou por qualquer

outro meio, a remissão total da dívida;

III - o credor renunciar ao crédito.”

Detalhando o inciso I, podemos concluir que é o que mais condiz com a

natureza e os fins do processo executivo. Onde o executado paga

voluntariamente ou coercitivamente o que deve ao exeqüente.

Considerando o inciso II, o devedor obtém, por transação ou por

qualquer outro meio, a remissão (perdão) total da dívida. A transação não

significa, de imediato, a extinção do processo executivo, se, pelo acordo, o

executado ficou de pagar o seu débito parcelado mensalmente.Inadimplente no

pagamento de uma das parcelas fica o exeqüente autorizado a executar a

parcela vencida e as vincendas.

No inciso III, percebemos que renunciar o crédito não é comum na

Justiça do Trabalho, sendo que o trabalhador na maioria das vezes no papel de

exeqüente improvavelmente venha renunciar a um crédito resultante de uma

sentença passada em julgado.

44

Page 45: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Deve ser lembrada a discutível possibilidade de aceitação válida e

conseqüente homologação da renúncia formulada, considerada a natureza do

crédito trabalhista. Segundo o art. 795 do diploma processual, a extinção da

execução somente produzirá seus efeitos através de sentença declaratória

nesse sentido.

7. CUSTAS DO PROCESSO DO TRABALHO

7.1. Conceito de Custas Processuais

Custas são as despesas judiciais que a parte paga para postular em

juízo em razão dos serviços prestados pelo Estado58.

Para Amauri Mascaro do Nascimento, a razão de ser das custas é a

impossibilidade do Estado assumir todos os encargos referentes à

administração da Justiça – não se confundem com honorários advocatícios,

correção monetária e etc (estes podem ser despesas processuais).

Outros doutrinadores, a expressão custas pode ser empregada tanto no

sentido amplo, compreendendo assim todas as despesas processuais previstas

em lei (custas propriamente ditas – da ação de execução, emolumentos,

honorários, gastos com diligências etc.) como em seu sentido restrito, que no

processo trabalhista corresponde a uma porcentagem calculada sobre o valor

da condenação, do pedido, e etc.

Alguns autores sustentam que as custas em sentido restrito, por estas

obedecerem a um cálculo que se vincula em regra ao valor do pedido ou do

pagamento a ser feito, seriam uma taxa judiciária.

Neste momento de nosso seminário, enfocaremos o vocábulo custas no

sentido restrito e relativamente a reclamação.

As custas tão logo se distinguem dos emolumentos, estes representam o

pagamento de despesas relativas a certos atos processuais, como publicações

e traslados de peças constantes nos autos.

58 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009.45

Page 46: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Custas são as despesas com atos judiciais praticados em razão do ofício

e especificados nas tabelas das Corregedorias, compreendendo autuação,

expedição e preparo dos feitos.

Essa distinção tão logo se verifica pela mudança ocorrida com a Lei

10.537/2002, que alterou alguns dispositivos da CLT, inclusive a Seção III do

Capítulo II do Título X, que passou então a ser denominada “Das Custas e

Emolumentos”, não se fala mais apenas em custas.

Uma das mudanças ocorridas com a Lei 10.537/2002 é que antes o

artigo 789 da CLT apenas tratava das custas nos dissídios individuais, sendo

que agora tanto as trata como trata ainda dos dissídios coletivos.

Tornou-se, assim, o artigo 789 da CLT critério básico para pagamento

de custas. Faz menção também às custas nos procedimentos de competência

da Justiça do Trabalho, como inquérito para apurar falta grave, consignação

em pagamento, ação rescisória, mandado de segurança, que são considerados

procedimentos especiais. Assim, entende-se através da leitura do artigo que as

custas serão as mesmas tanto do procedimento ordinário tanto do sumaríssimo

nos dissídios individuais. Entende-se ainda que até mesmo quando a Justiça

Estadual estiver exercendo a jurisdição trabalhista, as custas são as previstas

pelo art. 789 da CLT, e não as fixadas pela tabela de lei estadual. Os

processos do art. 114 da CF, inclusive os que tratam de relações de trabalho

tem suas custas previstas pela CLT.

7.2. Cálculo

À luz do artigo 789 da CLT:

Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios

coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de

competência da Justiça do Trabalho, bem como nas

demandas propostas perante a Justiça Estadual, no

exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas

ao processo de conhecimento incidirão à base de 2%

46

Page 47: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

(dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez

reais e sessenta e quatro centavos) e serão calculadas:

        I – quando houver acordo ou condenação, sobre o

respectivo valor;

        II – quando houver extinção do processo, sem

julgamento do mérito, ou julgado totalmente

improcedente o pedido, sobre o valor da causa;

        III – no caso de procedência do pedido formulado

em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o

valor da causa;

        IV – quando o valor for indeterminado, sobre o

que o juiz fixar.

        § 1o As custas serão pagas pelo vencido, após o

trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as

custas serão pagas e comprovado o recolhimento

dentro do prazo recursal.

        § 2o Não sendo líquida a condenação, o juízo

arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante das custas

processuais.

        § 3o Sempre que houver acordo, se de outra forma

não for convencionado, o pagamento das custas

caberá em partes iguais aos litigantes.

        § 4o Nos dissídios coletivos, as partes vencidas

responderão solidariamente pelo pagamento das

custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão,

ou pelo Presidente do Tribunal.

A antiga redação do 789, CLT trazia uma forma complicada para calcular

custas. O cálculo era efetuado em 2% sobre o valor fixado pelo juiz. A nova

redação determinou que as custas serão calculadas à base de 2% observado o

valor mínimo de R$ 10,64; que é o valor mínimo que pode ser recolhido pela

guia Darf, mesmo que o cálculo de inferior a este valor na realidade.

47

Page 48: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Não se vincula mais a base do cálculo das custas no salário mínimo, já

que a própria CF proíbe isso no art. 7º inciso IV.

Como os incisos do art. 789 da CLT são claros quanto ao modo de

cálculo das custas, seremos breves nas explicações de pormenores.

Quando houver acordo ou condenação, calcula-se sobre tal valor (inciso

I).

O inciso II, calcular-se-á o valor das custas sobre o valor da causa,

quando o processo extinguir-se sem resolução do mérito ou for rejeitado

integralmente o pedido do autor (vide 267, CPC).

No acolhimento da ação declaratória e ação constitutiva, serão

calculadas as custas sobre o valor da causa. Exemplo de declaratória quando o

pedido for somente o reconhecimento do vínculo de emprego. A ação

constitutiva sempre pretende criar, modificar ou extinguir uma dada relação

jurídica, como quando se pretende equiparação salarial (inciso III).

Convém aqui distinguir o pedido ilíquido (§ 2º) daquele que o valor não

foi fixado, e pode-se fazer através de cálculo.

Quando o valor não foi fixado, o juiz não possui livre arbítrio, cumprindo-

lhe desde logo efetuar necessária operação para encontrar o valor do pedido.

Como exemplo se o reclamante afirma que recebe R$ 100,00 diários e tem

direito a 30 dias de aviso prévio. O juiz não terá dificuldade em ficar o valor de

R$ 3.000,00 como condenação. Esse pedido, assim, não deve ser considerado

ilíquido, não funcionando o arbítrio do juiz.

Será ilíquido o pedido quando sua fixação exata do cálculo for

exageradamente complexa ou impossível de fazê-la no momento por depender

ainda de esclarecimentos, ou porque a questão simplesmente não pode ser

calculada em moeda, quando ocorre, por exemplo, com o trabalhador que

pretende ver retificada a sua categoria profissional anotada em sua CTPS.

Nestes casos utiliza-se o arbítrio do juiz que, qual a importância que deverá, no

término da liquidação, ser apurada. Quando não se tratar de reclamação de

pagamento de importância, uma vez que, em tese, é possível converter as 48

Page 49: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

obrigações de fazer em pagamento de moeda, o juiz fixará as custas devidas

com base no critério que adotaria se tivesse realmente de realizar tal

conversão no feito.

Quando o pagamento for em moeda, pode ocorrer que na liquidação se

apure que o montante da dívida é superior a estimativa do juiz. Nessa caso a

parte vencida deverá pagar a diferença de custas resultante da divergência

entre o cálculo do juiz e o valor do débito.

As custas serão pagas pelo vencido (§ 1º). Vencido será o empregador,

ainda que o pedido seja acolhido parcialmente. O empregado somente será

vencido quando perder integralmente sua pretensão. Verifica-se neste caso, a

adoção do princípio da proteção. (Sérgio Pinto Martins). Segundo Tostes Malta,

quando, “empregado e empregador sendo parcialmente vencedores e

vencidos, as custas serão pagas apenas pelo empregador, sobre a parte em

que foi vencido”.

Segundo a Instrução Normativa n° 27, TST, (art. 3º § 3º) se a demanda

não envolver relação de emprego aplica-se o princípio da sucumbência

recíproca para o pagamento das custas, vejamos:

Art. 3º Aplicam-se quanto às custas as disposições da

Consolidação das Leis do Trabalho.

§ 1º As custas serão pagas pelo vencido, após o

trânsito em julgado da decisão.

§ 2º Na hipótese de interposição de recurso, as custas

deverão ser pagas e comprovado seu recolhimento no

prazo recursal (artigos 789, 789-A, 790 e 790-A da

CLT).

§ 3º Salvo nas lides decorrentes da relação de

emprego, é aplicável o princípio da sucumbência

recíproca, relativamente às custas.

49

Page 50: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Quando na forma do § 3º (789, CLT) o pagamento das custas couber em

partes iguais aos litigantes por motivo de acordo, serão as custas denominadas

pro rata, e segundo Tostes Malta, o juiz poderá liberar o empregado de sua

cota.

Desta forma, conclui-se que de acordo com o art. 789 da CLT, nos

processos de competência da Justiça do Trabalho, as custas são as previstas

na CLT. Não se aplica, portanto, o CPC ou legislação federal sobre custas.

7.3. Forma de Pagamento

Passou a prever a redação do artigo 790, caput da CLT:

Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito,

nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a

forma de pagamento das custas e emolumentos

obedecerá às instruções que serão expedidas pelo

Tribunal Superior do Trabalho.

O TST poderá estabelecer a forma de pagamento das custas e

emolumentos, mas não o valor, de acordo com instrução por ele expedida. O

valor será fixado em lei.

7.4. Competência para Fixação das Custas

As custas serão fixadas pelo juiz na própria sentença; e nos dissídios

coletivos, a competência para fixar as custas será do presidente do Tribunal

(art. 832, § 2º da CLT).

7.5. Outras Despesas Processuais

a. Honorários dos Peritos59

A sentença deverá fixar o honorário dos peritos mesmo que estes já

tenham sido pagos. É que os honorários do perito, terminado o processo,

incubem a parte vencida, e pode ocorrer que aquela que pagou não seja a que

deverá arcá-los no final. É necessário que a sentença fixe os honorários do

59 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 200950

Page 51: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

perito a fim de que o vencedor caso tenha-os pago possa ter uma base para o

que receberá do vencido. Pode inclusive ocorrer do perito ter recebido mais do

que o fixado pela sentença, neste caso, o vencedor só poderá cobrar do

vencido o valor dado pela sentença.

O CPC em seu art. 33 preceitua que cada parte pagará a remuneração

do assistente técnico que houver indicado (este é escolhido pelas partes, pode

ser de sua confiança, para que acompanhe a realização da perícia); a do perito

será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando

solicitado por ambas as partes, e também se for determinado de ofício pelo

juiz.

A lei quer assim nos mostrar que os honorários do perito serão

adiantados, mas no final serão pagos pelo vencido. O art. 790-B da CLT

também preceituou a matéria:

Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos

honorários periciais é da parte sucumbente na

pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária de

justiça gratuita.

Importante destacar os preceitos do art. 6º, parágrafo único, da Instrução

Normativa n° 27/2005:

Art. 6º Os honorários periciais serão suportados pela

parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo

se beneficiária da justiça gratuita. Parágrafo único.

Faculta-se ao juiz, em relação à perícia, exigir depósito

prévio dos honorários, ressalvadas as lides decorrentes

da relação de emprego.

Normalmente os honorários periciais serão dados em sentença, pode

ocorrer, porém, que sejam dados através de despachos, antes ou depois da

sentença. Assim, o perito pode aguardar o despacho ou sentença que os

arbitre honorários, ou ainda, pode convencioná-los com as partes. Pode, no

entanto, o perito, requisitar que sejam arbitrados seus honorários antes da

51

Page 52: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

perícia, durante esta, ou até mesmo na ocasião da entrega do laudo. Se o juiz

achar razoável a pretensão do perito, pode desde já, deferi-la, e assim notificar

a parte que deverá pagar os honorários.

Porém, pode o juiz entender que deve ouvir as partes sobre a pretensão

do perito, e assim fixará um prazo (não estipulado em lei, mas em tese, 05

dias).

Caso as partes silenciem quanto à pretensão do perito, implicará em

concordância. Podem, ainda, externarem sua oposição, desde que fundamente

esclarecendo os motivos de sua divergência através de petição.

Pode ocorrer ainda que a parte incumbida do depósito dos honorários

não esteja em situação de depositá-los, estando, mesmo, amparada pelo

benefício da justiça gratuita. Caso isso ocorra, o perito deverá (é obrigado, não

é uma faculdade) realizar a perícia independente de pagamento, sob pena de

sofrer sanções.

Quanto às perícias realizadas por órgão estatal, o funcionário que a

efetua nada percebe pelo seu trabalho, segundo entendimento majoritário da

doutrina.

No pagamento de honorários do assistente, a súmula 341 do TST

solucionou tal problema:

Súmula 341, TST: Perito Assistente Técnico -

Honorários - Processo Judiciário do Trabalho: A

indicação do perito assistente é faculdade da parte, a

qual deve responder pelos respectivos honorários,

ainda que vencedora no objeto da perícia.

b. Honorários do Advogado

Doutrinariamente, há divergência acerca de tal tema, havendo duas

correntes, a minoritária que entende que em caso de sucumbência, os

honorários são sempre devidos ao advogado, e fundamenta tal posição no art.

52

Page 53: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

133 da CF/88, art. 20 do CPC e art. 22 da Lei 8.906/94, portanto, para estes, a

condenação em honorários advocatícios decorre da simples sucumbência.

Entretanto, a segunda corrente, majoritária, a qual é adotada pelo TST,

entende que para o advogado receber os honorários, nas lides decorrentes da

relação de emprego, a parte deve ser beneficiária da assistência judiciária e

estar assistida pelo sindicato profissional, sendo que, a condenação é limitada

a 15 % (quinze por cento), nesse sentido, o TST editou as seguintes súmulas:

“SUM-219 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE DE CABIMENTO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº. 27 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005.

I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (ex-Súmula nº. 219 - Res. 14/1985, DJ 26.09.1985).

II - É incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº. 5.584/1970. (ex-OJ nº. 27 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)”. 60

“SUM-329 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 133 DA CF/1988 (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.

60 Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 20.10.2009;53

Page 54: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Mesmo após a promulgação da CF/1988, permanece válido o entendimento consubstanciado na Súmula nº. 219 do Tribunal Superior do Trabalho” 61.

Tal posicionamento encontra amparo legal na Lei 1.060/50, a qual

dispõe em seu art. 11 qual a porcentagem máxima que o juiz pode arbitrar de

honorário.

Cabe ressaltar que, segundo a Lei 5.584/70, tais honorários são

revertidos ao sindicato assistente.

Todavia, após a EC 45/2004, a competência da justiça do trabalho

aumentou, sendo esta competente para julgar todas as lides decorrentes da

relação de trabalho, e justamente por isso que, o TST editou a Instrução

Normativa nº. 27/2005, que estabeleceu, em seu art. 5º. in verbis:

“Art. 5º Exceto nas lides decorrentes da relação de emprego, os honorários advocatícios são devidos pela mera sucumbência” 62.

Neste mesmo norte, o Tribunal Regional do Trabalho da 23 ª. Região já

decidiu:

“EMENTA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PROCESSO DO TRABALHO. EMBARGOS DE TERCEIRO. A questão dos honorários advocatícios, sumulada pelo C. TST, não comporta grandes discussões, cingindo-se à verificação da presença dos requisitos previstos no Enunciado n. 219, e reforçado pelo Enunciado n 319, independente da natureza da ação ajuizada na Justiça do Trabalho, in casu, embargos de terceiro” 63.

61 Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 20.10.2009;62 Site: http://www.tst.gov.br/DGCJ/instrnorm/27.htm, data da pesquisa: 20.10.2009;63 Site:http://www.trt23.gov.br/acordaos/2002/Pb0254/AP010799.htm, data da pesquisa: 21.10.2009;

54

Page 55: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Do mesmo entendimento, compactua o Tribunal Regional do Trabalho

da 12ª. Região, o qual já decidiu:

“Ementa: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. JUSTIÇA DO TRABALHO. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. REQUISITOS. Os honorários advocatícios assistenciais somente serão devidos nos processos típicos trabalhistas, quando preenchidos os requisitos das Leis ns. 1050/60 e 5584/70, isto é, com a apresentação de declaração de hipossuficiência econômica e credencial sindical (Súmulas ns. 219 e 329 do TST). A especificidade da matéria exclui a aplicação subsidiária dos dispositivos da lei substancial cível (arts. 389, 402 e 404 do CC). Processo:  Nº. 01748-2008-035-12-00-3 , Juíza Sandra Márcia Wambier - Publicado no TRTSC/DOE em 20-08-2009” 64

Por fim, cumpre salientar que, segundo leciona Renato Saraiva:

“Caso o sindicato profissional atue na qualidade de substituto processual, não haverá condenação em honorários, uma vez que não são atendidos os requisitos previstos nas Súmulas 219 e 329 do TST” 65.

7.6. Justiça Gratuita

Segundo Sérgio Pinto Martins, a justiça gratuita irá compreender a

isenção de custas e a assistência judiciária.

64Site:http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/juris.asp?val=0&tex=honor%E1rios+advocat%EDcios&cb_em=S&dt1_dia=21&dt1_mes=10&dt1_ano=2008&dt2_dia=21&dt2_mes=10&dt2_ano=2009&limpaDatas=on&cdjuiz=0&cdlocal_julg=0&cla_esp=NAOESPECIFICAR&action=Pesquisar, data da pesquisa: 21.10.200965 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2005, pg. 222;

55

Page 56: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Preceitua o artigo 790 § 3º da CLT: “É facultado aos juízes, órgãos

julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância

conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive

quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou

inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não

estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento

próprio ou de sua família”.

Essa alteração trazida pela Lei n° 10.537/2002 modificou o que antes se

entendia com a Lei 5.584/70; antes entendia-se que não havia faculdade, mas

obrigação na concessão da justiça gratuita, hoje é certo que fica como

faculdade do juiz, desde que atendidos os requisitos previstos em lei.

A justiça gratuita não só abrange a isenção de custas e despesas

processuais, mas também traslados, instrumentos, emolumentos e honorários

periciais.

O artigo 790 § 3º da CLT fala em justiça gratuita e não em assistência

judiciária, que é a prestada pelo sindicato, da qual falaremos posteriormente.

A lei não menciona a participação do sindicato para ser concedida a

isenção. Assim, atendidos os requisitos do § 3º do art. 790 da CLT, o juiz tem a

faculdade de conceder a justiça gratuita.

Para que se conceda a justiça gratuita, o juiz deve se atentar a verificar

quesitos como a profissão do requerente, seu endereço (se mora em bairro de

classe alta ou baixa), se têm propriedades, declaração de imposto de renda,

além de outras despesas incorridas como medicamentos, médicos e etc. Seria,

portanto, uma presunção relativa à declaração de pobreza.

Assim o artigo supra mencionado passou a prever a possibilidade do

requerente fazer a declaração sob as penas da lei, de que não está em

condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do seu sustento ou de

sua família.

Quem deverá fazer tal declaração é o próprio empregado, e não seu

advogado, já que este não responderá criminalmente pela declaração que fizer.56

Page 57: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Tratando-se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça

gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo

responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas (790, § 1º,

CLT).

A solidariedade no pagamento de custas pelo sindicato só vai ocorrer

quando houver intervenção do sindicato no feito, como na assistência judiciária.

Quando o sindicato presta assistência judiciária, não será condenado no feito

pois não é parte na demanda, nem assistente na forma de intervenção de

terceiros. Já se o sindicato ajuíza ação como parte ou substituto processual,

em que é parte, as custas serão devidas pelo sindicato caso perder a

demanda, não se aplicando a regra da solidariedade.

Se for deferida a isenção de custas ao empregado, o sindicato não ficará

responsabilizado por elas, por estarem isentas, conforme entendimento da

Súmula 223 do STF.

Antes das alterações feitas pela lei 10.537/2002 à CLT, era exigido que

o empregado fosse sindicalizado para que pudesse obter a justiça gratuita ou

isenção das custas. Tal exigência não é mais feita, podendo, portanto, o

empregado não associado fazer jus a tal benefício.

Importante frisar, quanto à assistência judiciária, o que preceitua a Lei

5.584/70:

Art. 18. A assistência judiciária, nos termos da

presente lei, será prestada ao trabalhador ainda que

não seja associado do respectivo Sindicato.

A assistência judiciária na justiça do trabalho encontra-se regida pela Lei

5.584/70. Entende-se como assistência judiciária na justiça do trabalho:

Art.14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária

a que se refere a Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de

1950, será prestada pelo Sindicato da categoria

profissional a que pertencer o trabalhador.

57

Page 58: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

A mesma lei, conforme já acima mencionado, não exige que o

trabalhador esteja sindicalizado para obter tal benefício.

A assistência judiciária igualmente ao que dispõe a redação do artigo

790 da CLT preceitua alguns requisitos para sua concessão:

Art. 14 (...)§ 1º A assistência é devida a todo aquele

que perceber salário igual ou inferior ao dobro do

mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao

trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua

situação econômica não lhe permite demandar, sem

prejuízo do sustento próprio ou da família.

§ 2º A situação econômica do trabalhador será

comprovada em atestado fornecido pela autoridade

local do Ministério do Trabalho e Previdência Social,

mediante diligência sumária, que não poderá exceder

de 48 (quarenta e oito) horas.

§ 3º Não havendo no local a autoridade referida

no parágrafo anterior, o atestado deverá ser expedido

pelo Delegado de Polícia da circunscrição onde resida

o empregado.

Assim, entende-se que a assistência judiciária faz parte da justiça

gratuita, sendo, portanto, prestada pelo Sindicato da categoria profissional a

qual pertence o trabalhador, que será assim representado por advogado.

Existem entendimentos de constitucionalistas que dizem que o termo

assistência judiciária está erroneamente sendo empregado pela Justiça do

Trabalho, o qual deveria ser interpretado à luz do verdadeiro sentido dado pela

Lei 1.060/50. Diz-se inconstitucional por estar tornando a assistência judiciária

atividade exclusiva dos sindicatos, o que estaria dificultando o acesso ao Poder

Judiciário dos trabalhadores, outra garantia constitucional, que não desejam

serem patrocinados pelo sindicato de sua categoria, e sim por advogado

particular66.

66 José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, 11ª edição, São Paulo, ed. Malheiros.

58

Page 59: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Consoante o artigo 5.º, inciso LXXIV da Constituição Federal "é dever do

Estado prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem

insuficiência de recursos".

Voltando-se ao foco da justiça gratuita, essa ainda compreenderá a

isenção de custas, alguns doutrinadores dizem que estas poderão ser aquelas

elencadas na própria Lei 1.060/50, artigo 3º. São elas: I – as taxa judiciárias,

selos e custas; II – emolumentos e custas devidos aos órgãos do Ministério

Público e serventuários da justiça; III – despesas com as publicações no jornal

encarregado da divulgação dos atos oficiais; IV – indenização devida a

testemunhas; V – honorários de advogado, perito e intérprete; VI – despesas

com inspeção judicial, remoção e outras análogas.

O benefício da gratuidade é ato personalíssimo, extingui-se com a morte

do beneficiário, só será concedida aos herdeiros se verificadas as mesmas

condições a que foram concedidas ao antigo beneficiário.

Será concedida a gratuidade ao estrangeiro, desde que este resida no

Brasil e tenha filho brasileiro, ou quando sua lei nacional estabelecer

reciprocidade de tratamento.

A gratuidade abrange todos os graus de jurisdição, estendendo-se à

execução da sentença.

Quanto ao pagamento de multas, estes já não abrangerão a gratuidade.

A concessão do benefício da justiça gratuita poderá ser revogada se o

juiz vier a ter ciência de que o beneficiário da isenção está em condições de

pagar as despesas do processo porque fato superveniente à concessão da

justiça gratuita o deixou em melhor situação financeira, ou porque informações

anteriormente prestadas pelo beneficiário não eram verdadeiras. Entende-se,

assim, que serão revogadas pela inexistência ou desaparecimento das

condições necessárias a concessão.

A justiça gratuita não poderá em nenhuma hipótese ser concedida ao

empregador pessoa jurídica de direito privado, embora haja jurisprudência em

contrário.59

Page 60: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Sérgio Pinto Martins não dá margem a concessão da gratuidade ao

empregador, mesmo que não tenha condições financeiras para arcar com o

processo. Já Tostes Malta, afirma ainda que o empregador pessoa física,

encontrando-se em estado de miserabilidade jurídica, poderá fazer jus a tal

benefício (TST, ROAR nº 33.293/2002-900-06-00-2).

O artigo 790-A da CLT preceitua que além dos beneficiários da justiça

gratuita, são isentos do pagamento de custas a União, os Estados, o Distrito

Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais,

estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica, bem como o

Ministério Público do Trabalho. As pessoas jurídicas referidas no artigo, porém,

não se eximem do reembolso das despesas judiciais realizadas pela parte

vencedora.

8. VALORES DAS CUSTAS PROCESSUAIS TRABALHISTAS DADOS

PELA CLT

A própria CLT fixou valores a serem pagos e a responsabilidade do

pagamento nos casos de processo de execução, bem como, no pagamento de

emolumentos.

Art. 789-A. No processo de execução são devidas

custas, sempre de responsabilidade do executado e

pagas ao final, de conformidade com a seguinte tabela:

        I – autos de arrematação, de adjudicação e de

remição: 5% (cinco por cento) sobre o respectivo valor,

até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil, novecentos e

quinze reais e trinta e oito centavos);

        II – atos dos oficiais de justiça, por diligência

certificada:

        a. em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis

centavos);

        b. em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e

treze centavos);

60

Page 61: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

        III – agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e

quatro reais e vinte e seis centavos);

        IV – agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e

quatro reais e vinte e seis centavos);

        V – embargos à execução, embargos de terceiro e

embargos à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro

reais e vinte e seis centavos);

        VI – recurso de revista: R$ 55,35 (cinqüenta e

cinco reais e trinta e cinco centavos);

        VII – impugnação à sentença de liquidação: R$

55,35 (cinqüenta e cinco reais e trinta e cinco

centavos);

        VIII – despesa de armazenagem em depósito

judicial – por dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor

da avaliação;

        IX – cálculos de liquidação realizados pelo

contador do juízo – sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco

décimos por cento) até o limite de R$ 638,46

(seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis

centavos).

        Art. 789-B. Os emolumentos serão suportados

pelo Requerente, nos valores fixados na seguinte

tabela:

        I – autenticação de traslado de peças mediante

cópia reprográfica apresentada pelas partes – por

folha: R$ 0,55 (cinqüenta e cinco centavos de real);

        II – fotocópia de peças – por folha: R$ 0,28 (vinte

e oito centavos de real);

        III – autenticação de peças – por folha: R$ 0,55

(cinqüenta e cinco centavos de real);

        IV – cartas de sentença, de adjudicação, de

remição e de arrematação – por folha: R$ 0,55

(cinqüenta e cinco centavos de real);

61

Page 62: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

        V – certidões – por folha: R$ 5,53 (cinco reais e

cinqüenta e três centavos).

O conceito de custas e emolumentos não se confundem. Custas são as

despesas com atos judiciais praticados em razão do ofício e especificados nas

tabelas das Corregedorias, compreendendo autuação, expedição e preparo

dos feitos. E, consideram-se emolumentos as despesas com atos extrajudiciais

em razão do ofício próprio.

9. ALGUMAS QUESTÕES PROCESSUAIS REFERENTES ÀS CUSTAS

TRABALHISTAS

Importante lembrar, em sede trabalhista, as custas processuais somente

serão devidas uma única vez. Recolhidas a tempo e a modo de acordo com a

lei, não podem ser exigidas novamente.

Merece destaque na matéria trabalhista, é a inexistência de óbice legal

para que o valor das custas seja fixado individualmente no caso de

litisconsórcio ativo, quando totalmente sucumbentes os autores da ação

trabalhista.

O valor fixado das custas processuais deve ser claro e preciso. Caso a

decisão judicial não determine claramente o quantum das custas processuais

ou se o mesmo estiver em contradição com o montante referente à

condenação, cabe à parte prejudicada interpor embargos declaratórios a fim de

sanar a obscuridade ou a contradição.

9.1. Custas Processuais na Fase Recursal

Uma vez fixado o valor da causa e dada a decisão judicial de mérito que

decide a Reclamatória Trabalhista, as custas deverão ser calculadas no

quantum fixado pela decisão, e a parte recorrente deve ser notificada para

efetuar o preparo do recurso correspondente.

Frisa-se que a mera troca do código de recolhimento das custas

processuais não se confunde com a ausência da indicação do referido código

62

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de recolhimento. A ausência do código de recolhimento das custas implica na

deserção do Recurso, vez que a finalidade do recolhimento das custas

processuais não foi atingida.

10.DAS NULIDADES PROCESSUAIS

10.1. Introdução

O Direito Processual em geral reconhece a necessidade e conveniência

de se adotar princípios quanto à forma dos atos processuais (ex: princípio da

instrumentalidade das formas, princípio da liberdade das formas, princípio da

convalidação e etc).

Embora se adotem princípios como o da liberdade das formas67, é

necessário admitir a existência de certas formas para o desenvolvimento válido

do processo.

No direito Processual do Trabalho, as formas são ainda mais

simplificadas, valendo-se do princípio da oralidade e da concentração. A

maioria dos atos processuais são praticados em audiência, o que, todavia, não

quer dizer que o processo do trabalho seja informal. Ao contrário, o processo

do trabalho também possui várias formalidades, embora menos numerosas do

que o processo civil e o processo penal, fazendo-se, desta forma, um processo

mais simples, breve, e célere possível.

Havendo violação das formas, deve haver a correspondente sanção,

uma penalidade, esta vista no direito processual como nulidade.

10.2. Conceito de Nulidade

Os atos processuais, assim como os demais atos jurídicos, podem

apresentar certos vícios que os tornem inválidos ou ineficazes. E no campo

direito processual, esses vícios em geral são decorrentes da inobservância da

forma pela qual o ato deveria ter sido regularmente realizado.

67 Princípio da Liberdade das Formas: enuncia que os atos processuais não dependem de forma, somente quando a lei expressamente o determinar é que se poderá falar em anular um ato processual por falta de forma. (vide Artigo 154, CPC).

63

Page 64: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Entre os atos jurídicos processuais e o ordenamento jurídico deve existir

uma relação de conformidade. Se a declaração de vontade está harmônica

com a lei, será válida e terá aptidão para produzir os efeitos visados pelo

agente. Caso entre em atrito com a lei, será inválida (não produzirá o efeito

jurídico desejado).

A nulidade é, portanto, uma sanção determinada pela lei, que incide

sobre o ato jurídico que for contrário a forma que se estabelece pela norma

jurídica – a nulidade priva o ato jurídico de seus efeitos normais, em razão

desse descumprimento da forma dada pela norma jurídica.

Essa sanção, porém, admite graus de intensidade, podendo ser a

nulidade do ato relativa ou absoluta. Lembrando-se ainda, que existem atos

processuais que devido ao vício de forma, podem ser sanáveis ou não

sanáveis. Os sanáveis são a nulidade relativa, a anulabilidade e as

irregularidades. Os insanáveis são os atos inexistentes e a nulidade absoluta.

10.3. Nulidade Absoluta

A Nulidade absoluta compromete a execução normal da função

jurisdicional e, por isso, é vício insanável. É ditada por fins de interesse público,

de ordem pública absoluta, (tendo em vista a indisponibilidade da forma). As

partes, mesmo de acordo, não podem dispor desse interesse, já que é

determinado por normas de interesse público, sua infringência acarretará

nulidade absoluta.

Comprovada a ocorrência de nulidade absoluta, o ato deve ser

invalidado, podendo ser por iniciativa do próprio juiz, independente de

provocação da parte interessada, já que compromete todo o processo.

A vida do ato absolutamente nulo é aparente ou artificial, pois não é apta

a produzir a eficácia do ato jurídico processual. Perdura, exteriormente, até que

o juiz reconheça o grave defeito e o declare privado de validade.

É necessário assim, que o juiz o invalide, embora jamais possa ser

convalidado. Havendo a oportunidade para a prática eficaz do ato nulo

realizado, deverá o juiz ordenar sua repetição (249, caput do CPC).

64

Page 65: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Note-se ainda que a nulidade absoluta poderá recair tanto sobre atos

que podem ser repetidos ou supridos quanto atos os quais a repetição ou

suprimento não é permitido no processo. Pode-se suprir, por exemplo, quando

houver nulidade absoluta na citação (que pode ser suprida por nova citação ou

até pelo comparecimento espontâneo do réu), nulidade absoluta da sentença

(cassa-se a existente e profere-se outra). No entanto, não é possível a

repetição ou suprimento do ato absolutamente nulo nos casos de ilegitimidade

ativa, ofensa à coisa julgada e etc. Porém, mesmo nos casos possíveis de

suprimento, não caberá falar-se em “saneamento” da nulidade no sentido de

convalidação. Se o ato tem de ser repetido ou substituído por outro, significa

que a nulidade absoluta não tem como ser consertada, já que nos é claro que

outro ato tem de ser praticado. Por esses motivos, as nulidades absolutas

serão sempre insanáveis.

Outro exemplo bastante freqüente de nulidade absoluta é na ocorrência

de incompetência absoluta do juízo (113, CPC), que poderá ser declarado de

ofício pelo juiz.

Nas nulidades absolutas não se exige demonstração de prejuízo, pois

ele é evidente; viola norma de ordem pública absoluta. Lembrando-se ainda,

que pode ser decretada em qualquer momento do processo, e ainda como

exceção, caso não seja argüida pelo juiz, as partes poderão desta forma argúi-

la.

10.4. Nulidade Relativa

O defeito da nulidade relativa é muito mais leve do que o da nulidade

absoluta, pois este recai sobre interesses privados (disponíveis) do litigante.

Não pode a nulidade relativa ser declarada de ofício, depende de

argüição da parte interessada, no prazo legalmente previsto, (quando não

houver regra de prazo específico, será o prazo geral de cinco dias, 185 do

CPC), sob pena de preclusão.

Caso o legitimado não faça a argüição da nulidade no prazo e forma

previstos, o ato eivado de defeito é convalidado. Ou seja, a lei atribui-lhe

retroativamente o valor integral, sanando tacitamente o vício (artigo 245, caput

65

Page 66: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

do CPC – “A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em

que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão”).

Nas lições de Sérgio Pinto Martins68: “Ocorre a nulidade relativa quando

o interesse da parte for desrespeitado e a norma descumprida tiver por base o

interesse da parte e não o interesse público, sendo o vício sanável. É uma

norma de ordem pública relativa, direcionada para a parte e não para o juiz. Se

a parte não está devidamente representada, assistida ou autorizada a nulidade

é relativa, pois pode o juiz dar prazo à parte para sanar o ato, ou sendo

repetido ou ratificado o ato já praticado, cumprindo sua finalidade. Nesse caso,

como se verifica, o interesse é da parte e não há interesse público.”

10.5. Irregularidades ou Atos Irregulares ou Mera Irregularidade

Este assunto está sendo exposto, no mais, por apenas menção, pois os

atos irregulares possuem defeito que nem mesmo em tese tem como gerar

prejuízo às partes ou terceiros, nem a Jurisdição.

São exemplos de irregularidades, o advogado que realiza sustentação

oral sem utilizar as vestes talares, regimentalmente exigidas; ou as folhas dos

autos que não foram numeradas e rubricadas (podendo ser corrigida esta

última irregularidade).

10.6. Inexistência ou Atos inexistentes

O ato inexistente é aquele que não reúne os mínimos requisitos de fato

para sua existência, do qual não apresenta nem mesmo aparência exterior. O

problema está na própria vida do ato, do ser ou não ser.

Exemplo de ato inexistente é de um ato praticado por um não-juiz, que

ocorreria na sentença assinada por um oficial de justiça.

Com relação ao ato juridicamente inexistente, não se pode sequer falar

de ato viciado, pois há apenas um simples fato, que será irrelevante para a

ordem jurídica. Este ato carece de elemento material necessário à sua

configuração jurídica.

68 MARTINS, Sérgio Pinto – Direito Processual do Trabalho, 29º edição – 2009 – Editora Atlas.

66

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O artigo 37, parágrafo único do CPC dispõe que serão considerados

inexistentes os atos não ratificados em 15 dias, se o juiz der à parte prazo para

regularizar procuração nos autos. Não regularizada a procuração, a sanção

que se impõe é a inexistência dos atos praticados a partir de certo momento.

O ato que for inexistente nunca poderá ser convalidado, e não necessita

nem mesmo ser invalidado.

11.ANULABILIDADE

Quando tratamos da anulabilidade, as coisas se complicam um pouco.

Isso porque alguns autores não mencionam a anulabilidade, e a tratam

igualmente a “nulidade relativa”, outros a tratam, mencionando aspectos quase

iguais com a nulidade relativa.

Isso porque a anulabilidade também é um vício sanável, realmente os

autores que a tratam as conceituam muito aproximadamente com a nulidade

relativa.

Devemos lembrar que o direito civil comum trata com diferença os atos

nulos e os anuláveis, principalmente quanto a seus efeitos. Mas aqui trata-se

de uma carreira processual, diferente do direito material.

Sérgio Pinto Martins69 admite tanto os atos relativamente nulos, quanto

os atos anuláveis, já Christovão Piragibe Tostes Malta, diz até mesmo que “não

existem atos relativamente nulos em nosso direito processual”.

O importante para que se saiba neste caso, não são as discussões

doutrinárias levantadas, pois não podemos ignorar que existem os atos

relativamente nulos, bem mesmo atos anuláveis.

Ficaremos com o seguinte propósito: tanto os atos anuláveis quanto os

relativamente nulos são sanáveis (Sérgio Pinto Martins, Direito Processual do

Trabalho, 29ª edição, 2009).

A anulabilidade segundo Sérgio Pinto Martins é o vício decorrente de

violação de norma dispositiva, e só pode ser anulado por provocação do

interessado. O juiz também não poderá como na nulidade relativa de ofício

mandar suprir ou repetir o ato, por estar na esfera de disposição da parte.

69 MARTINS, Sérgio Pinto – Direito Processual do Trabalho, 29º edição – 2009 – Editora Atlas

67

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Tostes Malta em seu posicionamento: “(...) são atos anuláveis os que

contêm vícios que não impedem que surtam os efeitos a que visam, podendo

tais efeitos ser eliminados por iniciativa do interessado seguindo os tramites

legais. Atos relativamente nulos são os que contêm vícios que impedem os

efeitos a que visam, admitindo-se, no entanto, que tais vícios sejam

eliminados”.

Para efeitos de distinção, acredito que o conceito dado pelo jurista

Tostes Malta tenha ficado mais adequado, já que mais claro. No entanto, Toste

Malta, preceitua que os atos nulos em geral não são sanáveis. Daí há de se

concordar com Sérgio Pinto Martins que diz que não são sanáveis os atos

absolutamente nulos, e sanáveis os relativamente.

12.NULIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO

A lei é o principal alicerce para qualquer resposta de alcance prático. Em

matéria de direito processual trabalhista, consultar-se-á o disposto na CLT,

recorrendo-se subsidiariamente ao CPC e especialmente tendo-se em vista os

princípios gerais de nulidade e anulabilidade do Código Civil.

Iniciaremos o assunto diretamente com os artigos sobre nulidade da

CLT, que se encontram a partir do 794 ao 798 da CLT.

12.1. Princípio da Transcendência ou do Prejuízo – Artigo 794, CLT

Preceitua o artigo 794 da CLT: “Nos processos sujeitos à apreciação da

Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados

manifesto prejuízo às partes litigantes”. Paralelamente, o CPC também tratou

da matéria em seu artigo 249 §2º, ao dizer que “quando o juiz puder decidir o

mérito a favor da parte a quem aproveitaria a declaração de nulidade, não a

pronunciará, nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta”.

Este artigo quer dizer que só haverá nulidade se houve prejuízo às

partes. Este prejuízo é processual, pertinente à defesa da parte, e não qualquer

outro.

68

Page 69: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

O princípio do prejuízo diz respeito apenas aos atos anuláveis; pois a

ineficácia dos atos nulos é declarada ainda que dela não resulte dano a

qualquer dos interessados. Essa a solução adotada pela jurisprudência

trabalhista e que condiz com o conceito de ato nulo, que pela gravidade do

vício que possui, não pode surtir efeitos jurídicos.

Um bom exemplo para explicar o artigo é quanto à citação. A citação é

pressuposto para a validade do processo, torna o juízo prevento, induz

litispendência e faz litigiosa a coisa (219 do CPC). Se, digamos, ocorre algum

vício na citação, e ela não é realizada da forma correta, no entanto, se a parte

comparece espontaneamente à audiência, apresentando defesa, não há que

se falar de nulidade da citação.

Da mesma forma, não haverá nulidade se o juiz puder decidir o mérito

da questão em favor da parte a quem aproveite a declaração de nulidade (249

§ 2º do CPC). Nesse caso, não há prejuízo à parte, pois conseguiu obter o

acolhimento de sua pretensão em juízo, apesar de, por exemplo, não ter-se

realizado a oitiva de uma testemunha arrolada por essa parte, que inquinou o

ato de nulo, por cerceamento de defesa.

Vide também 249 §§ 1º e 2º, 250 caput, ambos do CPC; e 794 CLT.

12.2. Princípio da Convalidação – Artigo 795, CLT

Na transcrição do caput do artigo 795, CLT: “As nulidades não serão

declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las

à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos”.

Este artigo trata do momento em que deve ser argüida a nulidade.

Tratou o legislador nesse caso da nulidade relativa, ou também, na opinião de

Tostes Malta, das anulabilidades.

A primeira vez que a parte tiver de falar, alegará a nulidade sob pena de

preclusão. O CPC trata da matéria de maneira muito semelhante, o legislador

evita desta forma não só o esforço inútil dos atos que mais tarde seriam

anulados como, principalmente, a procura de irregularidades insinceras com a

finalidade de atacar a sentença que contraria a pretensão da parte; a reação

69

Page 70: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

desta deve ser imediata ao conhecimento do ato que lhe parece ilegal e

prejudicial, sem aguardar momentos especiais ou específicos70.

Caso não seja argüida esta nulidade pela parte à primeira vez que tiver

que falar nos autos ou na audiência, ocorrerá a convalidação do ato nulo.

Não seria o caso de se interromper a audiência que estiver se realizando

para se alegar a nulidade, normalmente as partes fazem consignar na ata de

audiência, quando o ato está ocorrendo nesta, seus protestos, para que assim

não se opere a preclusão. Porém muitas vezes tais protestos são irrelevantes

por serem infundados.

12.2.2. Artigo 795, § 1º, CLT

Na transcrição do § 1º do artigo 795 da CLT: “Deverá, entretanto, ser

declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso,

serão considerados nulos os atos decisórios”.

A incompetência que trata este artigo é a absoluta e não a relativa,

embora o texto do legislador a primeira vista nos parece confuso.

Não se refere à competência territorial, mas à incompetência em razão

de matéria, no sentido menos técnico de “foro criminal”, “foro cível” e “foro

eleitoral”. De outra forma se concluiria que o legislador apenas entende

improrrogável justamente a competência que se prorroga naturalmente (a local)

e não as outras que são mais graves (material, funcional etc). Assim o silêncio

das partes, quanto a incompetência territorial fixa o juízo certo, que poderia ser

incompetente inicialmente. (TRT/SP, CJ 6.824/85, Valentin Carrion, 4ª G).

O que quer dizer, é que se uma lide trabalhista for parar em uma Vara

Cível, esta será incompetente absolutamente para julgar a causa, e deve ser

declarado de ofício.

Porém, pode haver a prorrogação de competência de uma Vara do

Trabalho que era incompetente, por se tratar de incompetência relativa,

prorrogável. O réu deve, argüir na audiência onde é apresentada a

contestação, sob pena de não ser mais possível fazê-lo, tornando-se

competente a Vara que era incompetente.70 CARRION, Valentin – Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, página 613, 33ª ed. – 2008, Editora Saraiva.

70

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12.2.3. Artigo 795 § 2º, CLT

“O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma

ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade

competente, fundamentando sua decisão”.

Quando se tratar de incompetência em razão de matéria, das pessoas

ou do lugar, por exemplo: “a Justiça do Trabalho examinar relações envolvendo

funcionários públicos e a Administração Pública o Juiz ou Tribunal, determinará

a remessa dos autos à autoridade competente, fundamentando sua decisão”.

Partindo-se do Princípio de que toda decisão deve ser fundamentada

(art. 93 inciso IX, da CF), a decisão deverá indicar os motivos pelos quais o juiz

se julga incompetente71.

12.2.4. Artigo 796, CLT

“A nulidade não será pronunciada: a) quando for possível suprir-se a

falta ou repetir-se o ato; b) quando argüida por quem lhe tiver dado causa”.

A alínea “a” adota os princípios de aproveitamento da parte válida do ato

e da economia processual. O CPC também preceitua a matéria em

conformidade com a CLT no artigo 249, parágrafos.

Sérgio Pinto Martins nos traz bons exemplos em tratando-se de direito

processual do trabalho, como quando “o juiz poderá ordenar que a empresa

junte seu contrato social, no prazo que assinar, sob pena de declarar nulidade

do ato praticado em audiência e, em conseqüência revelia da empresa”, ou

ainda, “o menor de 18 anos supre sua incapacidade, trazendo na próxima

audiência o responsável legal para assisti-lo em juízo”. Não o fazendo, o juiz

decretará a nulidade do processo (art. 13, I, CPC).

A nulidade não deve ser pronunciada quando argüida pela parte que lhe

tiver dado causa. Parte-se do princípio de que ninguém pode se beneficiar de

sua própria torpeza. Importante relembrar que trata-se no caso das

71 O mesmo se observa no artigo 131 do CPC.

71

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anulabilidades e nulidades relativas, pois as nulidades absolutas devem ser

declaradas de ofício.

Tostes Malta, em sua obra “Prática do Processo Trabalhista”72 faz uma

crítica a questão: “Quem reclama perante juízo absolutamente incompetente,

por exemplo, não fica impedido de sustentar a nulidade da sentença que vier a

ser proferida. Na prática, esse entendimento não deve prevalecer, eis que as

partes não podem se beneficiar de sua própria irregularidade”.

12.2.5. Extensão da Nulidade - Artigos 797 e 798 ambos da

CLT

“O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela

se estende” (CLT, 797).

“A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele

dependam ou sejam conseqüência” (CLT, 798).

Tanto a CLT artigo 797 como o CPC artigo 249, determinam que o juiz,

ao declarar a nulidade, diga os atos a que se estende. Se o juiz não o fizer,

aplicar-se-á a regra da CLT 798, segundo o qual a nulidade do ato só atingirá

os atos posteriores ao nulo e que do mesmo sejam conseqüência.

Utiliza-se aqui o Princípio da Utilidade, aproveitando-se os atos válidos

praticados no processo desde que sejam posteriores ao ato nulo (ou anulado)

ou que dele não sejam conseqüência. Atos independentes do tido por nulo

serão aproveitados, e considerados válidos. Deve, portanto, existir “nexo de

causalidade” entre o ato que foi dado como nulo e o subseqüente para a

nulidade do segundo ato processual.

Coerentemente com essa regra, o CPC preceitua que não se proclama a

nulidade quando, embora não obedecida a forma da lei, o ato atingiu a sua

finalidade. Porém, essa regra é apenas aos atos relativamente nulos e

anuláveis.

12.3. Regras Para o Pronunciamento das Nulidades

72MALTA, Christovão Piragibe Tostes – Prática do Processo Trabalhista , página 113, 35ª ed., 2008 - Editora Lt – São Paulo.

72

Page 73: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

No processo que estiver na fase até a sentença, as nulidades serão

pronunciadas pelo juiz.

Já na fase recursal, serão as nulidades pronunciadas pelo tribunal ou

pela turma, se houver provocação das partes nesse sentido, ou se tratar de

norma de ordem pública a ser observada. Aqui também caberá o suprimento

do ato, podendo o relator supri-lo evitando a declaração de nulidade, como

quando determina à parte contrária apresentar suas contra-razões ao recurso,

que não foram oferecidas por falta de intimação. Na fase da execução, as

nulidades serão declaradas pelo juiz.

O juiz ainda pode de ofício, determinar a nulidade da citação, quando se

verificar que esta não chegou a ser realizada, mesmo que já tenha sido

proferida sentença à revelia da empresa. Desta forma, ao verificar o juiz que a

citação não ocorreu, pode e deve anular todo o processo a partir da sentença,

determinando nova citação da empresa, iniciando-se novamente o processo.

Não é necessário, porém, que se anule a sentença que julga fora ou

além do pedido, pois podem ser aproveitados os atos válidos verificados pela

sentença, por questão de economia processual. Exclui-se neste caso, apenas o

que julgou fora ou além do pedido. Já a sentença que julgou infra petita deve

ser anulada para que se profira outra, pois não apreciou integralmente os

pedidos das partes, não havendo como aproveitar a parte em que se apreciou

o pedido do autor.

12.4. Princípios das Nulidades Processuais no Direito do Trabalho

Esses princípios vêm do processo em geral, e representam uma “teoria

geral das nulidades processuais”.

Narraremos agora apenas os principais, para efeitos de

complementação de conhecimento e melhor entendimento das nulidades.

12.4.1. Princípio da Legalidade

As nulidades dependerão do que estiver previsto em lei para que sejam

observadas as formas nela previstas. Isso quer dizer, que, apenas havendo

73

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previsão de forma, pode-se falar em nulidade. Violadas as formas, a lei irá

determinar a penalidade para a sua não observância. Podemos lembrar que o

processo será nulo quando o Ministério Público não for intimado a acompanhar

o feito em que deveria intervir, sendo que o juiz deverá anular o processo a

partir do momento em que o órgão deveria ter sito intimado (246, CPC). A

nulidade, no entanto, não vem dele participar do processo, e sim dele não ter

sido devidamente intimado.

12.4.2. Princípio da Instrumentalidade das Formas ou da Finalidade

Muitos doutrinadores o consideram um dos principais princípios para a

questão das nulidades processuais. O ato processual deve observar as formas,

porém, se de outro modo o ato atingir sua finalidade, haverá a validade do ato

praticado.

Se por exemplo, o réu não foi citado, e compareceu à audiência, na qual

apresentou inclusive defesa, o comparecimento espontâneo do réu supriu a

citação, pois mesmo que ocorrido de outra forma, atingiu a sua finalidade, e

não há porque se decretar a nulidade. (Vide 244, CPC)

12.4.3. Princípio da Economia Processual

Dentro das nulidades processuais, ele encaixa-se em vários aspectos.

Podemos citar o da convalidação dos atos, o do aproveitamento dos atos não

atingidos pela nulidade de outro, a não repetição de atos quando não prejudica

a parte etc.

Pode-se ainda analisar a economia processual dentro de quatro

aspectos: economia de tempo, economia de custas, economia de atos e

eficiência da administração judiciária.

A não observância da forma legal anula apenas os atos que não possam

ser aproveitados, desde que não resulte prejuízo a parte (113, § 2º do CPC,

248 segunda parte e 249 e § 1º ambos do CPC).

12.4.4. Princípio do Aproveitamento da Parte Válida do Ato

74

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Não se anula todo o processado se houver a possibilidade de se

aproveitar um ato válido praticado no processo. Pode-se chamá-lo também de

Princípio da Utilidade73.

Por esse princípio a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as

outras que dela sejam independentes.

Ligado inclusive a economia processual. Anula-se parte do processo, e

não o todo (artigos 248, CPC e 797 e 798 da CLT).

12.4.5. Princípio do Interesse de Agir

A parte prejudicada é quem deve argüir a nulidade. Não haverá nulidade

se a parte não argüir74. O CPC é expresso ainda em seu artigo 243: “Quando a

lei prescrever determinada forma, sob pena de nulidade, a decretação desta

não pode ser requerida pela parte”.

No caso, a norma processual é dirigida à parte e não ao juiz. Não se

trata de regra de ordem pública absoluta, em que o juiz poderia declarar a

nulidade de ofício75.

12.4.6. Princípio da Causalidade

Para que se declare a nulidade de um ato, deve existir uma causa e um

efeito. Os atos devem ser interdependentes.

Só os atos posteriores e que não sejam conseqüência do que foi

considerado nulo, desde que dele não dependam, podem ser aproveitados

(248, CPC). O juiz deve respeitar a regra, e declarar sempre ao decretar a

nulidade os atos a que ela se estende (249, CPC e 797/798 CLT, vide item

3.4).

73 MARTINS, Sérgio Pinto – Direito Processual do Trabalho, 29º edição – 2009 – Editora Atlas – página 169.74 Mais uma vez trata-se de uma nulidade relativa, pois conforme já estudamos, a nulidade absoluta deverá ser declarada de ofício pelo juiz. Tostes Malta fala sempre da anulabilidade, e nunca da nulidade relativa. Opinião que divergirá entre doutrinadores.75 Martins, Sérgio Pinto – Direito Processual do Trabalho, 29º edição – 2009 – Editora Atlas – página 169.

75

Page 76: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Quando a nulidade tratar de incompetência absoluta, somente os atos

decisórios serão nulos, por questão de inclusive economia processual, os

demais serão aproveitados (artigo 113, §2º do CPC).

12.4.7. Princípio da Lealdade Processual

O artigo 14, inciso II do CPC trata deste princípio ao preceituar que “as

partes e seus procuradores devem proceder com lealdade e boa-fé no

processo”.

Exemplificando o princípio dentro das nulidades, podemos dizer que se

parte que deu causa a uma nulidade pudesse argüi-la estaria beneficiando-se

de sua própria torpeza, agindo de má-fé. E é por isso também que ocorre a

preclusão das nulidades relativas. Assim, devem se alegadas na primeira

oportunidade em que a parte tiver de falar nos autos, artigos 795 e 796 da CLT

e ainda 245 do CPC. (Vide itens 3.2, 3.2.1 e 3.3).

12.4.8. Princípio da Transcendência ou do Prejuízo

Não haverá nulidade se não houver prejuízo processual, (artigo 794 da

CLT, e 249 § 1º, 250, parágrafo único ambos do CPC). (Para melhor

compreensão desse item, rever item 3.1).

12.4.9. Princípio da Convalidação

Não havendo reação da parte, o ato nulo76 não argüido no tempo

oportuno vem a se convalidar, permanecendo válido (artigos 795 CLT e 245

CPC). (Vide item 3.2)

13. PARTES, REPRESENTAÇÃO, PROCURADORES E TERCEIROS

13.1. Denominação das partes no processo

76 Mais uma vez não se trata de matéria de ordem pública, e sim de interesse das partes, matéria disponível, nulidade relativa ou a anulabilidade.

76

Page 77: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

As partes são denominadas sujeitos. As partes, segundo a nomenclatura

adotada na CLT, são denominadas, o autor, reclamante, e o réu, reclamado.

Isto se encontra expresso na Seção V, do capítulo I, do Título II da CLT que

dispõe Das reclamações por falta ou recusa de anotação e no artigo 651 da

CLT que emprega as palavras reclamante e reclamado. No caso de inquérito

para apuração de falta grave o autor, empregador, é chamado de requerente, e

o empregado, réu, de requerido.

O uso dessa nomenclatura se deve ao fato de que a origem da Justiça

do Trabalho é administrativa, de órgão vinculado ao Poder Executivo, como

ocorria antes de 1941, que não se falava em ação, mas de reclamação

administrativa. Outro motivo para a nomenclatura diferente da do processo

cível seria a tendência que a Justiça do Trabalho tem de marcar sua

autonomia, adotando novas designações.

Nos dias atuais, entretanto, não haveria mais interesse de utilizar

denominações diversas que, de resto, não caracterizam distinções profundas,

mas apenas superficiais de rótulo. Segundo a opinião do doutrinar Wagner D.

Giglio77, os termos “reclamação” (em lugar de ação), “reclamante” e

“reclamado”, entretanto, já se incorporam ao vocabulário popular de tal forma

que seria tarefa difícil, e, sobretudo um mau dispêndio de energia à

nomenclatura anterior.

Outras pessoas que intervêm no processo e que não são partes têm

suas denominações e atividades próprias: juiz, testemunha, perito, arrematante

etc. Alguns autores as denominam sujeitos processuais.

Segundo outros, o reclamante e o reclamado são partes principais.

Outras pessoas que intervêm no processo, como os auxiliares da justiça, são

partes secundárias; consoante outra classificação, o autor e o réu são partes

parciais e o juiz é parte imparcial.

Os demais termos utilizados pelo processo civil, são seguidos

normalmente: como agravante e agravado (para o agravo), recorrente e

recorrido (para o recurso), liquidante e liquidado (na liquidação de sentença),

77 Wagner Giglio – Giglio, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 5. Ed. São Paulo: LTr,

1984; 12 ed, Saraiva 2002, pág. 242.

77

Page 78: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

exeqüente e executado (na execução), excipiente e exceto ou exceto (na

exceção).

13.2. Capacidade

“A capacidade em direito é a aptidão determinada pela ordem jurídica

para o gozo e exercício de um direito por seu titular.” 78

Segundo art 1º. Código Civil Brasileiro:

“Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na

ordem civil.”

É importante distinguir a capacidade de ser parte e

capacidade de estar em juízo, ou seja, a diferença da

capacidade de direito, da capacidade processual ou de

gozo e exercício equivalentes do Direito Civil.

a. Capacidade de direito: também chamada de jurídica ou de gozo. É a

aptidão da pessoa gozar seus direitos. O homem adquire essa

capacidade desde seu nascimento, que se designa personalidade civil

do homem (art. 2º Código Civil). O menor e o louco gozam de direitos e

obrigações, pois nasceram com vida, todavia não têm capacidade de

estar em juízo, podendo, porém, ajuizar ação, ou em linguagem mais

técnica carecem de legitimatio ad processum;

b. Capacidade processual: é a capacidade de fato ou de exercício. O

homem, ao nascer com vida, pode pleitear a tutela jurisdicional do

Estado, mas há a necessidade de que tenha capacidade processual. Por

exemplo, o louco tem capacidade de fruir e gozar seus direito, mas não

tem capacidade processual de estar em juízo, apesar de ter o direito de

78 Martins, Sergio Pinto.Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense; modelos de

petições, recursos, sentenças e outros. 29 Ed. – 2.reimpr. – São Paulo: Atlas, 2009, pág. 345.

78

Page 79: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

ação. É por isso, que para um louco estar em juízo, tem que haver a

participação de outra pessoa para verificar seus interesses ao ajuizar a

ação. Daí se falar em representação, assistência e autorização.

É preciso fazer uma distinção entre a capacidade civil e a capacidade no

processo do trabalho, embora tenha doutrinadores que digam que todos que

tem capacidade no processo civil tem também no processo do trabalho.

No Direito Civil, são os absolutamente incapazes:

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer

pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não

tiverem o necessário discernimento para a prática

desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem

exprimir sua vontade.

São incapazes relativamente:

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à

maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os

que, por deficiência mental, tenham o discernimento

reduzido;

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental

completo;

IV - os pródigos.

A maioridade civil se inicia aos 18 anos completos (art. 5º. Código Civil).

Já no processo do trabalho, o menos de 16 anos não pode trabalhar, exceto na

condição de menor aprendiz, a partir dos 14 anos, havendo assim

79

Page 80: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

incapacidade plena, segundo a lei, para o trabalho. Dos 16 aos 18 anos, a

pessoa é relativamente incapaz, já pode firmar recibos de pagamentos, mas no

termo de rescisão do contrato de trabalho terá a necessidade da assistência do

representante legal (art. 439 da CLT). A partir dos 18 anos, o trabalhador tem

capacidade plena para ajuizar a reclamação trabalhista e para assinar o termo

de rescisão contratual.

14. REPRESENTAÇÃO

Na representação, é atribuída a alguém a qualidade para agir em nome

de outrem, manifestando a vontade do representado, substituindo-o.

“O representante é completamente distinto do titular do direito (como

ocorre entre a pessoa jurídica e a pessoa física que a representa: diretor,

gerente etc). O representante é um terceiro. Muitas vezes, não é parte na

relação processual, como ocorre em relação ao advogado.”79 Segundo artigo

1.634, V, do Código Civil reza que os pais devem representar os filhos menores

até os 16 anos, ou seja, até os 16 anos o trabalhador menor seria representado

em juízo.

14.1. Espécies de Representação

A representação pode ser legal (como a do curador em relação ao

curatelado) ou convencional (como a do empregado por um empregado em

audiência), está ultima é também chamada de técnica.

14.1.1. Representação do empregador

“Apesar de representadas, as partes deverão comparecer pessoalmente

à audiência, “independentemente do comparecimento de seus representantes”

(CLT, art. 843). O empregador, entretanto, poderá fazer-se “substituir-se pelo

79 Martins, Sergio Pinto.Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense; modelos de

petições, recursos, sentenças e outros. 29 Ed. – 2.reimpr. – São Paulo: Atlas, 2009, pág. 346.

80

Page 81: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas

declarações obrigarão o prepotente (CLT, art. 843 § 1ª). “A jurisprudência se

firmou no sentido de que só o empregado da firma reclamada pode servir de

preposto, e não qualquer outra pessoa, como parecia indicar a redação do

dispositivo em questão.” 80

O falido perde a gestão de seu negócio, e será representado em juízo

pelo administrador da massa, o qual também poderá ser substituído Poe

preposto, nas mesmas condições facultadas ao empregador. Em recuperação

judicial ou extrajudicial, contudo, este conserva a capacidade processual.

A herança é representada pelo inventariante. A herança jacente ou

vacante é representada pelo curador.

A rigor os zeladores, faxineiros, ascensoristas etc,. que trabalham nas

partes comuns dos prédios em condomínio, seriam empregados dos

proprietários, em conjunto, das várias unidades que dispõem o imóvel.A Lei

número 2.757, de 23 de abril de 1956, que estendeu a esses empregados os

benefícios da legislação trabalhista, equiparando-os aos empregados do

comércio e indústria, determinou que os empregadores fossem representados,

em juízo, pelo síndico do prédio, eleito pelos condôminos. Diante do que

dispõem o atual art. 12, IX, do Código de Processo Civil, vem sendo admitida a

representação também pelo administrador do condomínio, ou por seu preposto

(do administrador).

14.1.2. Representação do empregado

O empregado pode ser representado por sindicato, segundo o disposto

no art. 791, §1º, da CLT, coordenado com o art. 513, a, do mesmo diploma. O

texto desse último inciso legal concede aos sindicatos a prerrogativa de

“representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses

gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou os interesses individuais

dos associados relativos à atividade ou profissão exercida.”

80 Wagner Giglio – Giglio, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 16. Ed.rev., ampl., atual e adaptada

São Paulo: Saraiva, 2007, pág. 248. 81

Page 82: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Não há dúvida sobre o poder de representação da categoria profissional

ou econômica, pelo sindicato respectivo, nos dissídios coletivos. Alguns

problemas, porém, resultam dessa representação, nos dissídios individuais.

Inicialmente o art. 18 da Lei número 5.584. de julho de 1970, revogou

parcialmente o art. 791, § 1º, da Consolidação, na sua parte final, ao dispor que

“a assistência judiciária, nos termos da presente Lei, será prestada ao

trabalhador ainda que não seja associado do respectivo Sindicato”.Não

subsiste, portanto, a exigência de a representação ser conferida apenas ao

associado da entidade de classe.

Além disso, salvo nos casos dos arts. 843, § 2º, e 872, parágrafo único,

o sindicato atuará através de seus advogados, mas tanto a doutrina como a

jurisprudência relutam quanto à necessidade de mandato (procuração) do

empregado.

A questão perde um pouco de seu interesse diante da orientação

jurisprudencial assente, no sentido de se admitir a outorga tácita de mandato:

basta que compareçam à audiência o empregado e o advogado para concluir

que aquele concordou em ser representado por este, dando-lhe procuração

apud acta, ou seja, nos autos.

“Assim sendo, parece que a reclamação deverá ser admitida, distribuída

e enviada à Vara, se assinada apenas pelo advogado do sindicato, ou até

mesmo por um dos seus dirigentes, mencionando nominalmente o reclamante

ou reclamantes, sem a exigência de procuração. O mandato será regularizado

na audiência. A inexistência do instrumento constituiria, de qualquer sorte,

mera irregularidade corrigível, mesmo porque somente em audiência é que o

juiz tomará o primeiro contato com a reclamação.E é óbvio que os funcionários

que encaminharem o processo até a audiência não têm poderes para apontar

ou corrigir irregularidades: não poderiam recusar processamento por falta de

procuração.”81

14.1.3. Representação por litisconsorte

81 Wagner Giglio – Giglio, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 16. Ed.rev., ampl., atual e adaptada

São Paulo: Saraiva, 2007, pág. 249.

82

Page 83: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Há litisconsorte quando a ação é movida por mais de um autor, ou por

um autor contra mais de um réu, ou ainda quando há multiplicidade de autores

e réus, na mesma ação. No primeiro caso, diz-se que há litisconsórcio ativo; no

segundo, passivo; e no terceiro, recíproco ou misto (ativo e passivo).

14.1.4. Assistência

Ocorre assistência quando é suprida a manifestação pessoal de vontade

das relativamente incapazes, quando a lei atribua eficácia adesiva para a tutela

de um interesse determinado à vontade do próprio interessado junto à vontade

de um terceiro. Desta forma, o assistente intervém na lide apenas para auxiliar

a parte. O assistido pode manifestar livremente sua vontade junto com um

terceiro (assistente). Por exemplo, nos casos de semicapacidade processual,

insuficiência de idade ou saúde.

O assistente diferentemente da representação, apenas supre a

deficiência de vontade do assistido, e não a substitui. Desta forma, não pode o

assistente fazer acordo em nome do assistido, mas após a consulta com seu

responsável legal, deve aceitar ou recusar a conciliação proposta. O assistente

não é parte na ação, mas um terceiro, auxiliando a parte.

A assistência pode ser simples ou adesiva e qualificada, autônoma ou

litisconsorcial.

Na assistência simples, há relação jurídica entre o assistente e a parte a

que assiste; na qualificada, o vinculo é entre o assistente e o adversário do

assistido e a prestação jurisdicional regulará também o conflito de interesses

entre o assistente e a parte contrária. A assistência simples quando o terceiro

ingressa em demanda na qual não se discute direito seu, mas, em que se pode

proferir sentença que afete direito dessa natureza. O assistente simples, como

nada pleiteia para si na demanda, não é parte.

Há assistência qualificada quando se justifica a intervenção de terceiro

que porque o direito em litígio é do assistente, mas também do assistido, o qual

poderia debatê-lo em si mesmo ou em litisconsórcio com outros co-titulares

desse direito

83

Page 84: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

A assistência litisconsorcial é um litisconsórcio facultativo ulterior. O

assistente litisconsorcial é tratado como litisconsorte (CPC 54), entretanto

permanece por sua natureza jurídica, a ser assistente.

A assistência pode ser requerida em qualquer fase do processo, não

podendo o assistente praticar qualquer ato pertinente à fase processual já

superada. Se a assistência for inicialmente inferida, mas depois admitida por

causa de recurso, o assistente não poderá praticar atos relativos a fases

processuais que se encerram durante o caminho do processo.

“A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em

todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em

que se encontra.” (CPC 50,parágrafo único).

No processo trabalhista a assistência pode ser requerida oralmente em

audiência.

Nos Dissídios Coletivos não cabe assistência, as empresas que estão

representadas por seus sindicatos não podem peticionar como assistentes.

15. AUTORIZAÇÃO

“Na autorização o concurso o concurso da pessoa ou pessoas diversas

do representado se realiza mediante uma declaração de vontade a efetivar-se

“fora do processo” quer dizer, mediante uma declaração que não se dirige,

como a do representado, ao ofício, mas que se volve ao próprio interessado.”82

16. IUS POSTULANDI

O ius postulandi é a capacidade postulatória. Esta capacidade, em

regra, pertence ao advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB -

Ordem dos Advogados do Brasil. Temos então que, como regra geral, a parte

deverá ser assistida por advogado, cabendo a este praticar todos os atos

processuais necessários à defesa dos interesses da parte patrocinada.

82 Wagner Giglio – Giglio, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 16. Ed.rev., ampl., atual e adaptada

São Paulo: Saraiva, 2007, 252.

84

Page 85: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

O doutrinador Carlos Henrique Bezerra Leite83 assim nos ensina:

“O ius postulandi nada mais é do que a capacidade de

postular em juízo. Daí chamar-se, também, de

capacidade postulatória, que é a capacidade

reconhecida pelo ordenamento jurídico para a pessoa

praticar pessoalmente, diretamente, atos processuais”.

Não obstante a regra geral seja aquela que nos diz que a parte deverá

ser assistida por advogado, há exceções. Isto ocorre na Justiça Trabalhista,

onde a presença do advogado é dispensada no primeiro e segundo graus de

jurisdição, sendo a presença do advogado, no entanto, indispensável quando o

litígio encontra-se no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho - TST,

consoante comando do art. 791 da CLT, fazendo-se aqui oportuna a sua

transcrição, para melhor entendimento:

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão

reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e

acompanhar as suas reclamações até o final.

A título ilustrativo, veja-se que o mesmo ocorre nos Juizados Especiais,

na Ação Direta de Inconstitucionalidade, na Ação Declaratória de

Constitucionalidade, e no Hábeas Corpus. Imperioso salientar que tal fato se dá

mediante expressa autorização legal, como é o caso do artigo 791 da CLT, pois

note-se que no processo civil, salvo nos casos previstos nestas exceções, o ius

postulandi é conferido exclusivamente aos advogados.

Em mais uma lição, Carlos Henrique Bezerra Leite84 nos diz que

“pode-se dizer, portanto, que o ius postulandi, no processo do trabalho, é a

capacidade conferida por lei às partes, como sujeitos da relação de emprego,

83 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, pág. 340.84 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, pág.341.

85

Page 86: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

para postular diretamente em juízo, sem necessidade de serem representadas

por advogado”.

Muito se discute sobre o tema, pois repare-se que a CLT – que é de

1.943 – dispensa a presença do advogado, enquanto a Constituição Federal –

que é de 1.988, portanto posterior, e também sabidamente superior – considera

o advogado essencial à administração da Justiça. Desta feita, alguns

doutrinadores nos dizem que o artigo 791 da CLT não foi recepcionado pela

Constituição Federal, que em seu art. 133 consigna:

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da

justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no

exercício da profissão, nos limites da lei.

Contudo, o Tribunal Superior do Trabalho, em sua súmula de n. 329,

buscando pacificar o tema, firmou-se no seguinte sentido:

“HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – ARTIGO 133 DA

CONSITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988. Mesmo

após a promulgação da Constituição da República de

1.988, permanece válido o entendimento

consubstanciado na súmula n. 219 do Tribunal Superior

do Trabalho” (RA 21/93 – DJU 21.12.1993)

A Súmula 219 do TST, por sua vez no diz que:

SUM-219    HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

HIPÓTESE DE CABIMENTO (incorporada a

Orientação Jurisprudencial nº 27 da SBDI-2) - Res.

137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005

I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao

pagamento de honorários advocatícios, nunca

superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura

e simplesmente da sucumbência, devendo a parte

86

Page 87: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

estar assistida por sindicato da categoria profissional e

comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do

salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica

que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio

sustento ou da respectiva família. II - É incabível a

condenação ao pagamento de honorários advocatícios

em ação rescisória no processo trabalhista, salvo se

preenchidos os requisitos da Lei nº 5.584/1970. (ex-OJ

nº 27 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

Consultando-se o sítio na internet do TST - Tribunal Superior do

Trabalho85, é possível verificar, inclusive, o histórico das Súmulas. Observe-se

que a Súmula de n. 219 tem sido mantida ao longo dos anos:

“Histórico: Súmula mantida - Res. 121/2003, DJ 19, 20

e 21.11.2003

Redação original - Res. 14/1985, DJ 19.09.1985 e 24,

25 e 26.09.1985

Nº 219. Honorários advocatícios. Hipótese de

cabimento

Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários

advocatícios, nunca superiores a 15%, não decorre

pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte

estar assistida por sindicato da categoria profissional e

comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do

mínimo legal, ou encontrar-se em situação econômica

que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio

sustento ou da respectiva família.”

85 Tribunal Superior do Trabalho, sítio: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_html_atual.html , consulta em 12.09.09.

87

Page 88: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Acerca destas Súmulas, Carlos Henrique Bezerra Leite86 salienta que

“muito embora os verbetes acima (súmulas n. 329 e 219, do TST) tratem

apenas de honorários advocatícios, não há negar que eles deixam implícito

que, no processo do trabalho, as partes continuam tendo a faculdade de

utilizarem o ius postulandi”. (Grifo nosso)

Muito embora sumulada, a questão não ficou estanque, e muitas são as

divergências. Amador Paes de Almeida87, citando Adilson Bassalho Pereira

nos diz: “(...) favorável à extinção (do art. 791 da CLT), observa Adilson

Bassalho Pereira que: “...com a promulgação da Nova Constituição da

República, deixou de ter vigência, claramente, o art. 791 da CLT, que previa o

‘jus postulandi’ (...)” (Grifo nosso)

Mais adiante, Amador Paes de Almeida88, utilizando-se das palavras

de Orlando Teixeira, demonstra a clara divergência doutrinária configurada no

meio intelectual do Direito, quando transcreve:

“Com a acuidade decorrente das suas funções de

Ministro do Tribunal Superior do Trabalho e no

magistério superior, escreve Orlando Teixeira da Costa,

com inequívoca propriedade: ‘A expressão

‘indispensável à administração da justiça’, não

assegura aos advogados nenhum monopólio e nenhum

cerceio a qualquer pedido de prestação jurisdicional da

própria parte, assegurado, por exceções legais à regra

geral publicista, de que o jus postulandi compete ao

advogado... elevado à dignidade de servidor da

justiça’...”

Muito embora haja divergências doutrinárias, a jurisprudência tem se

mostrado uníssona no sentido de que o artigo 791 da CLT permanece em

86 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, pág.341.87 ALMEIDA, Amador Paes de. Curso Prático de Processo do Trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, pág. 72.88 ALMEIDA, Amador Paes de. Curso Prático de Processo do Trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, pág. 73.

88

Page 89: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

vigor. Até mesmo porque o STF - Supremo Tribunal Federal julgou, já em 1994

- época em que eram acaloradas as discussões acerca do tema -, Ação Direta

de Inconstitucionalidade de n. 1.127-8, proposta pela AMB – Associação dos

Magistrados do Brasil, decidindo já em sede de provimento liminar que a

capacidade postulatória do advogado não é obrigatória nos Juizados de

Pequenas Causas (atuais Juizados Especiais), na Justiça do Trabalho e na

chamada Justiça de Paz. Nestes, então, as partes podem exercer diretamente

o ius postulandi.

Todavia faz-se necessário atentar ao seguinte: a desnecessidade de

assistência de advogado só é possível enquanto a ação estiver tramitando no

âmbito da Justiça Trabalhista até o seu segundo grau de jurisdição (TRT). Ou

seja: em havendo interposição de Recurso ao TST ou Extraordinário para o

Supremo Tribunal Federal, esgota-se a possibilidade de o

trabalhador/empregador não estar assistido por advogado, esgotando-se, no

segundo caso, a jurisdição trabalhista (STF), razão pela qual a parte deverá

estar necessariamente representada por advogado regularmente inscrito nos

quadros da Ordem dos Advogados do Brasil.

Neste sentido, cumpre-nos salientar que até pouco tempo o TST admitia

que o trabalhador/empregador não estivesse assistido por advogado, tendo

recentemente decidido, no entanto, que é essencial a presença do advogado

nos litígios que forem levados ao TST.

Da mesma forma, se os sujeitos do processo não forem empregado ou

empregador, não poderão exercer por si os ius postulandi, devendo

necessariamente ser assistidos por advogado.

17. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Tema já abordado de forma superficial no item 7.3

Consoante disposto nos artigos 14 e 18, da Lei de n. 5.584/1970, a

assistência judiciária é prestada exclusivamente ao trabalhador, pelo sindicato

da categoria profissional à qual pertence, mesmo que este não seja seu

associado, não sendo lítico ao sindicato tentar esquivar-se deste ônus,

alegando que o trabalhador não é associado.

89

Page 90: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Renato Saraiva89 explica ainda que “antigamente, era necessário que a

situação econômica do trabalhador fosse comprovada por meio de atestado

fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho ou mesmo pelo

Delegado de Polícia da região onde residia o obreiro, mediante diligência

sumária no prazo de 48 horas”

Em 1.983 foi editada a Lei de n. 7.115, que em seu art. 1º derrubou a

obrigatoriedade da apresentação do atestado de pobreza, bastando que o

interessado, de próprio punho, ou por procurador com poderes específicos, sob

as penas da lei, declare na petição inicial que não tem condições de arcar com

as custas e despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento ou da sua

família.

Da leitura dos dispositivos acima elencados pode resultar aparente

divergência. Isto porque, por um lado, a Lei de n. 5.584/1970 a coloca como um

dever do sindicato. Por outro, a Lei de n. 7.115 coloca como um benefício que

deve ser requerido ao Juiz. Bem por isto se faz necessário esclarecer alguns

pontos.

Primeiramente, importante deixar claro que a Lei de n. 5.584/1970 fala

sobre a obrigação do sindicato de aparar juridicamente o trabalhador da

categoria a que pertence, independentemente se o trabalhador é ou não filiado

ao sindicato.

O segundo ponto que deve ser esclarecido concerne ao benefício da

justiça gratuita, de que trata a Lei de n. 7.115/1983. Este benefício compreende

todos os atos do processo até a decisão final do litígio, em todas as instâncias,

abrangendo, conforme previsto no art. 3º, da Lei de n. 1.060/1950 (esta Lei

estabelece normas específicas para a concessão de assistência judiciária) as

seguintes isenções de pagamento:

a) taxas judiciárias e selos;

b) emolumentos e custas devidos as Juízes, órgãos do Ministério Público e

serventuários da Justiça;

89 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: Método, 2007, pág. 209.

90

Page 91: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

c) despesas com publicações indispensáveis ao jornal encarregado da

divulgação de atos oficiais;

d) indenizações devidas às testemunhas que, quando empregados,

receberão do empregador salário integral, como se em serviço estivessem,

ressalvado o direito regressivo contra o poder público federal, no Distrito

Federal e nos Territórios, ou contra o poder público estadual, nos Estados;

e) honorários de advogado e perito;

f) despesas com a realização de exame de DNA, quando for requisitado

pela autoridade judiciária nas ações de investigação de paternidade ou

maternidade.

O terceiro ponto a ser considerado é que a assistência judiciária é mais

ampla que o benefício da justiça gratuita, tendo em vista eu engloba a

assistência e o acompanhamento jurídico do trabalhador pelo sindicato, ou

seja, nada impede que o trabalhador tenha um advogado particular e possa

usufruir do benefício da justiça gratuita, desde que, conforme foi dito acima,

afirme e demonstre que não tem condições de arcar com as custas do

processo e honorários sem prejuízo próprio ou da sua família. E no mesmo

passo, a assistência judiciária englobará também os benefícios da justiça

gratuita, sendo prestada pelo sindicato.

Fique também claro que a parte contrária poderá, a qualquer momento,

em qualquer fase que o processo se encontre, requerer a revogação dos

benefícios de assistência, desde que comprove a inexistência ou o

desaparecimento dos requisitos essenciais à sua concessão, conforme

redação do artigo 7º da Lei de n. 1.060/1950, in verbis:

Art. 7º. A parte contrária poderá, em qualquer fase da

lide, requerer a revogação dos benefícios de

assistência, desde que prove a inexistência ou o

desaparecimento dos requisitos essenciais à sua

concessão.

91

Page 92: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Além disto, é facultado aos Juízes, órgãos julgadores e presidentes dos

tribunais do trabalho conceder de ofício o benefício da justiça gratuita à parte

que entender necessitada, in verbis:

Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito,

nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a

forma de pagamento das custas e emolumentos

obedecerá às instruções que serão expedidas pelo

Tribunal Superior do Trabalho. 

§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e

presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer

instância conceder, a requerimento ou de ofício, o

benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a

traslados e instrumentos, àqueles que perceberem

salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou

declararem, sob as penas da lei, que não estão em

condições de pagar as custas do processo sem

prejuízo do sustento próprio ou de sua família.

Nos casos em que o empregado não tenha obtido o benefício da justiça

gratuita, o sindicato que interveio no processo responderá solidariamente pelo

pagamentos das custas processuais:

§ 1o Tratando-se de empregado que não tenha

obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de

custas, o sindicato que houver intervindo no processo

responderá solidariamente pelo pagamento das custas

devidas. 

Engana-se aquele que pensa que o benefício da justiça gratuita

estende-se tão somente ao empregado. O empregador que provar que não

possui mais recursos para arcar com custas, tem direito a isentar-se do

pagamento. A própria Constituição Federal, em seu artigo 5ª, inciso LXXIV,

92

Page 93: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

assegura a assistência jurídica integral e gratuita do Estado aos que

comprovarem insuficiência de recursos, sem fazer qualquer distinção entre

pessoa física ou jurídica. Da jurisprudência colhe-se diversos julgados:

“BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA -

EMPREGADOR - DEPÓSITO RECURSAL - A

assistência judiciária prevista na Lei n.º 1060/50

configura benefício concedido ao hipossuficiente para

que ele possa movimentar o processo de

forma gratuita. Rege-se no âmbito da Justiça do

Trabalho de acordo com os requisitos contidos no

artigo 14 e seguintes da Lei n.º 5.584/70. O artigo 14

da Lei n.º 5.584/70, no entanto, excluiu deste benefício

o empregador. Basta fazer uma exegese literal do

aludido preceito para se chegar a esta conclusão. Na

hipótese vertente, há dois óbices para o não

deferimento da assistência judiciária: primeiro, trata-se

de empregador (pessoa jurídica), enquanto o artigo 14

da Lei n.º 5.584/70, tão-somente, prevê tal

possibilidade ao hipossuficiente; segundo, que mesmo

que se entendesse que a Lei n.º 1.060/50 não

excepcionou a figura do empregador, existiria outro

impedimento, pois o artigo 3.º da aludida Lei exime

apenas o pagamento das despesas processuais, e o

depósito recursal trata-se de garantia do juízo de

execução. Agravo a que se nega provimento.” (TST -

AIRR 713 - 5.ª T. - Rel. Min. Rider Nogueira de Brito -

DJU 09.05.2003). 

“BENEFÍCIO

DA JUSTIÇA GRATUITA - EMPREGADOR - A

discussão que se coloca, hodiernamente, é sobre a

possibilidade de concessão do benefício

93

Page 94: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

dajustiça gratuita à pessoa jurídica. O simples fato de

ser empregador não a desautoriza, principalmente em

se tratando de empregador doméstico. O benefício da

Assistência Judiciária Gratuita tem sede na

Constituição e na Lei n.º 1.060/50, que disciplina os

requisitos para a sua concessão, quais sejam, não ter a

parte condições para demandar sem prejuízo do

próprio sustento e o de sua família, sendo bastante a

declaração do próprio interessado. O Regional registra

a existência dessa prova. Destarte,

o empregador doméstico, desde que declarada a sua

miserabilidade jurídica, é também destinatário do

benefício da justiça gratuita. Entretanto, o benefício se

limita às custas processuais, visto que a Lei exime

apenas do pagamento das despesas processuais, e o

depósito recursal trata-se de garantia do juízo de

execução. Recurso provido. (...)” - TST - RR 771197 -

4.ª T. - Rel. Min. Antônio José de Barros Levenhagen -

DJU 14.02.2003).  

“JUSTIÇA GRATUITA - DEPÓSITO RECURSAL

- EMPREGADOR - O depósito recursal e o

adimplemento das custas processuais constituem

requisitos indispensáveis ao conhecimento dos

recursos interpostos, conforme disposição legal

contida, respectivamente, nos arts. 899, § 1.º e 789, §

4.º da CLT. O fato de oempregador encontrar-se em

situação de dificuldade financeira não garante, por si

só, quer a isenção, quer a suspensão da

obrigatoriedade de efetuar o depósito recursal, vez que

o art. 3.º da Lei N.º 1.060/50 não abarca, em seu rol,

referida hipótese, sendo, pois, vedado seu deferimento.

A inexistência de efetivação do depósito recursal

acarreta deserção, não havendo falar em violação do

94

Page 95: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

princípio da isonomia. Mister destacar, ainda, que a

assistência judiciária na Justiça do Trabalho, de que

trata a Lei N.º 5.584/70, pode ser deferida ao

trabalhador, não agasalhando a figura

do empregador.” (TRT 15.ª R. - Proc. 17652/03 -

29963/03 - 3.ª T. - Rel. Juiz Ernesto da Luz Pinto Dória

- DOESP 03.10.2003 - p. 74). 

“RECURSO - JUSTIÇA GRATUITA - EMPREGADOR -

A apresentação de atestado de pobreza não tem o

condão de elidir a obrigação de o reclamado realizar o

pagamento do depósito recursal, pois sua natureza

jurídica é de garantia recursal, de garantia do juízo para

futura execução. Recurso ordinário deserto.”(TRT 21.ª

R. - RO 03281-2002-921-21-00-2 - 46.716 - Relatora

Juíza Joseane Dantas dos Santos - DJRN

20.08.2003). 

“EMPREGADOR - JUSTIÇA GRATUITA -

Ao empregador, pessoa física, é garantida gratuidade

da justiça, nos termos estabelecidos no inciso LXXIV

do art. 5.º da Constituição Federal. Tal gratuidade,

todavia, não abrange o depósito recursal, que não é

despesa do processo, mas decorre da condenação e

visa à garantia do juízo. Ademais, o depósito recursal

não está no elenco contido nas Leis 1.060/50 e

5.584/70.” (TRT 24.ª R. - AI 0082/2003-002-24-40-0 -

Rel. Juiz João Marcelo Balsanelli - J. 25.09.2003).  

Cumpre-nos esclarecer, também, acerca do papel da Defensoria Pública

em relação ao tema. A portaria de n. 1, de 08 de janeiro de 2007, da

Defensoria Pública da União, publicada no Diário Oficial da União em

09.01.2007, em seu artigo 3º. dispõe que a atuação da Defensoria Pública da

95

Page 96: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

União no âmbito das causas trabalhistas deverá ocorrer de forma integral nas

Unidades em que isso for possível, atendendo a população carente junto à

Justiça do Trabalho, e dando preferência aos hipossuficientes não

sindicalizados.

Não sendo possível que a Defensoria Pública da União atenda a algum

trabalhador, deverá o Defensor Público informar sobre isto, alegando então a

falta de estrutura física da Defensoria Pública, observando o prazo de cinco

dias, contando da data do primeiro atendimento ao trabalhador. Caso este

prazo seja descumprido, a assistência deverá ser regularmente prestada se

presumida ou comprovada sua necessidade, nos termos do art. 4º. e do

parágrafo único da Portaria.

18. SUCESSÃO PROCESSUAL

A sucessão processual é a substituição das partes, ou de uma delas, no

decorrer do processo, podendo ocorrer inter vivos ou causa mortis, podendo

ocorrer tanto em relação ao empregado como ao empregador.

A sucessão processual de pessoa física se dá pela sua morte (causa

mortis), de modo que, falecendo o empregado ou o empregador no transcorrer

do processo, serão estes substituídos por seu espólio, representado,

naturalmente, pelo inventariante.

Pode ocorrer que o empregado, sendo hipossuficiente, não tenha bens,

de modo que não há inventário. Neste caso, haverá a habilitação no processo

de seus dependentes inscritos perante a Previdência Social. Em não sendo

este inscrito perante a Previdência Social, serão seus sucessores os

habilitados.

Sérgio Pinto Martins90, nos ensina sobre o tema:

“Normalmente, se o empregado não deixa bens ou tem

filhos maiores não há por que se falar em inventário.

Nesses casos, tem-se entendido que a viúva e os filhos

ingressarão no pólo ativo da ação em curso, mediante

90 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2008, pág. 198.96

Page 97: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

apresentação da certidão de casamento e nascimento

dos filhos ou por meio de certidão do INSS que

comprove dependência das pessoas anteriormente

mencionadas. Não havendo qualquer impugnação da

reclamada, o fato é tolerado.”

Em havendo inventário, o processo trabalhista ficará suspenso até que

seja nomeado o inventariante, devendo este então requerer sua habilitação nos

autos. Atente-se à redação do Código de Processo Civil neste sentido:

Art. 265. Suspende-se o processo:

I – pela morte ou perda da capacidade processual de

qualquer das partes, de seu representante legal ou de

seu procurador;

Art. 1.055. A habilitação tem lugar quando, por

falecimento de qualquer das partes, os interessados

houverem de suceder-lhe no processo.

Art. 1.056. A habilitação pode ser requerida:

I – pela parte, em relação aos sucessores do falecido;

II – pelos sucessores do falecido, em relação à parte.

Art. 1.060. Proceder-se-á à habilitação nos autos da

causa principal e independentemente de sentença

quando:

I – promovida pelo cônjuge e herdeiros necessários,

desde que provem por documento o óbito do falecido e

a sua qualidade;

Ademais, caso venha o empregado a morrer anteriormente ao

ajuizamento da ação, naturalmente não haverá sucessão processual, e sim a

propositura da ação diretamente por seus sucessores, desde que,

97

Page 98: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

evidentemente, comprovem sua legitimidade para tal, nos autos, quando da

propositura da ação.

Já quando falece o empregador, isto não importará, necessariamente,

na extinção do contrato de trabalho, considerando-se que a atividade

econômica pode perdurar e ser desenvolvida por seus herdeiros, facultando-se

ao empregado a permanência no emprego ou, se for de sua vontade, a

resilição do seu contrato.

Também da mesma forma que ocorre na hipótese de morte do

empregado, quando o empregador morre, o Juiz intimará o inventariante de

seu espólio. Em verdade, é bastante comum que quando o empregador morre,

seus herdeiros não tenham interesse em, voluntariamente, habilitarem-se nos

autos, naturalmente para evitar perda de valores com eventual condenação.

Neste caso, o empregador poderá requerer a intimação do inventariante do

espólio para habilitar-se no processo, conforme o já visto comando do artigo

1.056, inciso I, do Código de Processo Civil.

Por outro lado, quando o empregador é pessoa jurídica, a sucessão

processual ocorrerá nas hipóteses dos artigos 10 e 448 da Consolidação das

Leis do Trabalho, ou seja, estamos aqui falando da sucessão processual inter

vivos. Para otimizarmos a compreensão deste tema, transcrevemos a seguir o

teor dos artigos supracitados:

Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da

empresa não afetará os direitos adquiridos por seus

empregados.

Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura

jurídica da empresa não afetará os contratos de

trabalho dos respectivos empregados.

Entende-se, então, que em havendo qualquer alteração na propriedade

ou na estrutura da pessoa jurídica, tais como cisão, incorporação, fusão ou

transferência, isto não afetará os direitos do empregado, respondendo o novo

proprietário por todas as obrigações atinentes.

98

Page 99: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Caso a mudança na propriedade ou estrutura da empresa ocorra antes

da propositura da ação, o empregado poderá ajuizar a ação diretamente contra

o novo proprietário, utilizando-se, inclusive, caso houver, a nova denominação

da empresa.

19. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL

Verifica-se a substituição processual quando a parte, em nome próprio,

pleiteia direito alheio, desde que expressamente autorizado por lei, conforme a

regra do artigo 6º do Código de Processo Civil:

Art. 6º. Ninguém poderá pleitear, em nome próprio,

direito alheio, salvo quando autorizado por lei.

Assim, diz-se que a substituição processual confere à parte a

legitimidade extraordinária, podendo o substituto praticar todos os atos

processuais como a propositura da ação por meio da peça exordial, a defesa,

produção de provas, interposição de recurso, dentre outros.

Cumpre-nos salientar, todavia, que não é dado ao substituto o poder

para transigir, renunciar ou reconhecer o pedido, eis que o direito material não

lhe pertence.

Sobre este aspecto nos fala Nelson Nery Junior91:

“Poderes do substituto. Tem atividade autônoma da

vontade do substituído. Pode praticar todos os atos

processuais permitidos às partes (produzir prova,

recorrer, etc.). Como autor pode ajuizar ação; como

réu, contestar. Para poder reconvir ou ajuizar

declaratória incidental, deverá também estar legitimado

ordinária ou extraordinariamente para tanto. Como a

91 NERY JUNIOR, Nelson. Código de Processo Civil comentado. São Paulo: RT, 2008, pág. 388.99

Page 100: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

pretensão discutida em juízo não lhe pertence, não

pode o substituto processual praticar atos de

disposição do direito material, como a transação,

renúncia e reconhecimento jurídico do pedido. Para

tanto, deverá ter anuência expressa do substituído.”

19.1. Breve Histórico Do Instituto Da Substituição Processual Trabalhista

Antes da promulgação da Constituição de 1.988, a substituição

processual trabalhista ocorria pelo sindicato da categoria, todavia de forma

bastante limitada, restrita tão somente àquelas hipóteses previstas

expressamente no ordenamento jurídico até então vigente, tais como:

a) Art. 195, parágrafo único, da CLT – Reclamações trabalhistas promovidas

pelo sindicato da categoria profissional, postulando pagamento de adicional de

insalubridade ou periculosidade em favor de grupos de associados;

b) Art. 872, parágrafo único, da CLT – Ações de cumprimento promovidas pelo

sindicato profissional em favor dos associados objetivando o pagamento de

salários fixados em sentença normativa;

c) Lei de n. 6.708 de 1979, art. 3º, parágrafo 2º, e Lei de n. 7.238 de 1984, art.

3º, parágrafo 2º - Ações trabalhistas promovidas pelo sindicato em favor de

todos os integrantes da categoria, objetivando o pagamento das correções

automáticas dos salários.

Posteriormente, com a promulgação da Constituição Federal de 1.988,

verificando-se a redação do art. 8º, inciso III, conferiu-se ao sindicato a defesa

dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em

questões judiciais ou administrativas. Este dispositivo constitucional gerou

grande polêmica doutrinária e jurisprudencial, no sentido de que muitos

doutrinadores e Magistrados entenderam que a Constituição havia autorizado a

substituição processual ampla e irrestrita aos sindicatos. Todavia,

100

Page 101: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

posteriormente surgiram algumas Leis, que trouxeram uma legitimação

extraordinária aos sindicatos. Vejamos algumas delas:

a) Lei de n. 7.788/1.989 – Versava sobre política salarial, estabelecida em seu

artigo 8º., que, nos termos do artigo 8º., inciso III, da Constituição Federal, de

1.988, as entidades sindicais poderiam atuar como substitutos processuais da

categoria, não tendo eficácia a desistência, a renúncia e a transação

individuais. Todavia, esta Lei foi revogada pela Lei de n. 8.030 de 1.990, em

seu artigo 14;

b) Lei de n. 8.036/1.990 – Trouxe autorização para o sindicato profissional a

ajuizar ação trabalhista acionando diretamente a empresa, para compeli-la a

efetuar o depósito das importâncias devidas a titulo de FGTS, em autêntica

hipótese de substituição processual;

c) Lei de n. 8.073/1.990 – Previu no art. 3º. que as entidades sindicais

poderiam atuar como substitutos processuais dos integrantes da categoria.

Inicialmente, o TST adotou uma posição bastante restritiva acerca do

tema. Já o STF adotou desde início posição favorável à substituição processual

por parte do sindicato. Posteriormente, o TST curvou-se ao entendimento do

Supremo, por meio da Resolução de n. 119/2003, cancelando o enunciado

310, que impedia a substituição processual ampla e irrestrita pelos sindicatos.

Atualmente, o TST e o STF tem admitido a substituição processual por

parte do sindicato, por meio de diversos julgados, como o Recurso

Extraordinário de n. 210.029, interposto pelo Sindicato dos Empregados em

Estabelecimentos Bancários de Passo Fundo (RS), em face de decisão anterior

proferida pelo TST, o qual havia entendido que o art. 8º., III, da Constituição

Federal não autorizava a substituição processual ampla pelo sindicato,

estabelecendo a Suprema Corte que o sindicato poderá atuar tanto nas ações

de conhecimento como na liquidação e nas execuções das sentenças

trabalhistas, entendendo, portanto, que os sindicatos detêm legitimidade para

defender todo e qualquer direito do trabalhador relacionado ao vínculo

101

Page 102: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

empregatício. Posteriormente o TST, por meio da súmula de n. 406, entendeu

desta forma:

“Súmula 406, do TST – AÇÃO RESCISÓRIA.

LITISCONSÓRCIO. NECESSÁRIO NO PÓLO

PASSIVO E FACULTATIVO NO ATIVO. INEXISTENTE

QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO SINDICATO.

(Conversão das orientações jurisprudenciais 82 e 110

da SDI-II – Res. 137/2005 – DJ 22.08.2005.)

I – (...)

II – O Sindicato, substituto processual e autor da

reclamação trabalhista, em cujos atos fora proferida a

decisão rescindenda, possui legitimidade para figurar

como réu na ação rescisória, sendo descabida a

exigência de citação de todos os empregados

substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio

passivo necessário. (ex-OJ 110 – DJ 29.04.2003)”

Por fim, ainda nos cabe destacar que no âmbito da jurisdição civil

coletiva, quanto aos direitos individuais homogêneos, este de natureza

individual e divisível, em que cada titular pode buscar a reparação individual do

dano, a legitimação para propositura de eventual Ação Civil Pública é

extraordinária, ocorrendo também a denominada substituição processual por

parte dos entes legitimados, dentre eles o Ministério Público e os Sindicatos.

20. LITISCONSÓRCIO

No processo trabalhista, assim como no civil, pode haver um autor ou

vários, da mesma forma que pode haver um ou mais réus. Portanto é admitida

a pluralidade de pessoas demandantes ou demandadas. Assim, diz-se que há

litisconsórcio. O artigo 46 do Código de Processo civil nos diz que duas ou

mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou

passivamente, quando:

102

Page 103: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

“I – entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações

relativamente a lide.

II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo

fundamento de fato ou de direito.

III – entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa

de pedir.

IV – ocorrer afinidade de questão por um ponto comum de fato

ou de direito.”

Ademais, o CPC, em seu artigo 46, parágrafo único, declara que o

Magistrado pode limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de

litigantes, quando este compromete a rápida solução do litígio ou da dificulta a

defesa, e pedido a limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça

da intimação da decisão.

O procurador tem o direito de requerer a limitação, e o Juiz de deferi-la

mesmo de oficio, quando houver entendimento por parte do Juiz que o número

de litisconsortes facultativos pode dificultar o normal andamento do processo.

20.1. CLASSIFICAÇÃO DO LITISCONSÓRCIO

20.1.1. Quanto à posição

a) litisconsórcio ativo: vários autores e um único réu;

b) litisconsórcio passivo: vários réus e um único autor;

c) litisconsórcio misto: vários autores e vários réus.

20.1.2. Quanto ao poder aglutinador das razões que conduzem à sua

formação

a) litisconsórcio necessário: diz-se que o litisconsórcio é necessário

quando a presença de todos os litisconsortes for essencial para a

correta prestação da tutela jurisdicional pelo Estado. Este tipo de

103

Page 104: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

litisconsórcio é formado por determinação legal, à exemplo do artigo 10,

inciso I do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 10. O cônjuge somente necessitará do

consentimento do outro para propor ações que versem

sobre direitos reais imobiliários.

§ 1º. Ambos os cônjuges serão necessariamente

citados para as ações:

I – que versem sobre direitos reais imobiliários;

Na Justiça do Trabalho, um exemplo de litisconsórcio necessário ocorre

quando o Ministério Público do Trabalho interpõe Ação Anulatória de Cláusula

Convencional, em que ambos os sindicatos convenentes, necessariamente,

integrarão o pólo passivo da demanda.

O artigo 47, do CPC, nos trás a regra do litisconsórcio necessário:

Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por

disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o

juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas

as partes; caso em que a eficácia da sentença

dependerá da citação de todos os litisconsortes no

processo.

Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que

promova a citação de todos os litisconsortes

necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de

declarar extinto o processo.

b) litisconsórcio facultativo: é a regra geral, na qual a reunião das partes

se dá por opção delas, e não por imperativo de lei, devendo este tipo de

litisconsórcio ser formado no início da ação, não podendo haver, assim,

formação posterior. O artigo 46, do Código de Processo Civil, elenca as

hipóteses de formação de litisconsórcio passivo, quais sejam, in verbis:

104

Page 105: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no

mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente,

quando:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de

obrigações relativamente à lide;

II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo

fundamento de fato ou de direito;

III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou

pela causa de pedir;

IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum

de fato ou de direito.

Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio

facultativo quanto ao número de litigantes, quando este

comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a

defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para

resposta, que recomeça da intimação da decisão.

20.1.3. Quanto ao regime de tratamento dos litisconsortes

a) litisconsórcio unitário: a sentença é igual para todos os litisconsortes,

uniforme;

b) litisconsórcio simples: também chamado de litisconsórcio comum, o

litisconsórcio simples ocorre quando a sentença contém particularidades

atinentes a cada um dos litisconsortes, ou seja, cada um deles poderá

contrair direitos e obrigações diferentes dos demais.

20.1.4. Quanto ao momento de sua formação

a) litisconsórcio original ou inicial: ocorre logo no momento da

propositura da ação, na petição inicial;

b) litisconsórcio ulterior ou superveniente: ocorre apões a distribuição e

andamento da ação, sendo comum nos casos de sucessão processual;

105

Page 106: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

21. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

A intervenção de terceiros ocorre quando uma terceira pessoa, por

provocação de uma das partes, ou voluntariamente, ingressa no processo, para

defender interesse próprio. O doutrinador Carlos Henrique Bezerra Leite92

ensina que “pelo fenômeno da intervenção, um terceiro, até então estranho ao

processo, se torna parte, ou seu coadjuvante. Ao tornar-se parte na relação

processual, o terceiro poderá sofrer os efeitos da coisa julgada”.

A CLT é omissa acerca da intervenção de terceiros, de modo que utiliza-

se o Código de Processo Civil como diploma subsidiário. São cinco os tipos de

intervenção de terceiro, a saber:

a) Assistência: é o ato pelo qual um terceiro, voluntariamente, intervem no

processo, tendo interesse jurídico em que a sentença venha a ser favorável ao

assistido. Este procedimento é chamado de assistência adesiva;

b) Oposição: só pode ser admitida no processo de conhecimento, até ser

proferida a sentença de acordo com o art. 56 do CPC. Não cabendo na

execução;

c) Nomeação à Autoria: encontra-se regulada no art. 62 ao 69 do CPC.

Ocorre quando o possuidor ou detentor de determinada coisa alheia nomeia o

proprietário ou possuidor direto desta coisa, a fim de evitar as conseqüências

processuais pertinentes;

d) Denunciação da Lide: o Código de Processo Civil classifica a Denunciação

da Lide como uma medida obrigatória, que leva uma sentença sobre a

responsabilidade do terceiro em face do denunciante, de par com a solução

normal do litígio de início deduzido em juízo, entre autor e réu. Consiste em

chamar  o terceiro (denunciado), que mantém um vínculo de direito com a parte

92 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006, pág. 371.

106

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(denunciante), para vir responder pela garantia do negócio jurídico, caso o

denunciante saia vencido no processo.

Os casos em que tem cabimento a denunciação da lide, segundo o

artigo 70, são, in verbis:

  I – o de garantia da evicção;

 II – o da posse indireta;

III – o do direito regressivo de indenização;

e) Chamamento ao Processo: encontra-se disciplinado nos artigos 77 a

80 do Código de Processo Civil, sendo admissível o chamamento ao

processo:

a) do devedor na ação em que o fiador for réu;

b) dos outros fiadores quando para a ação for citado

apenas um deles;

c) de todos os devedores solidários quando o credor

exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente a

dívida comum.

O objetivo do chamamento ao processo é promover a liquidação da

responsabilidade recíproca existente entre os devedores, e para tornar isto

possível, na mesma sentença em que o Magistrado condenou os réus, o réu

primitivo deverá requerer, no prazo para contestar, a citação do chamado ou

chamados.

Cumpre-nos salientar que, enquanto se procede à citação, obedecendo-

se aos prazos acima aludidos do art. 73 do Código de Processo Civil para a

denunciação da lide, o processo ficará suspenso.

107

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22. CONCLUSÃO

Baseado no que foi exposto no presente trabalho de pesquisa denota-se que o

direito processual do trabalho será ordenado pelo que consta na CLT, socorrendo-se

subsidiariamente ao CPC quando aquele for omisso.

Os temas estudados estão interligados, sendo a maneira pela qual se regem os

dissídios trabalhistas tanto em primeiro grau de jurisdição quanto nos Tribunais.

Não há de se negar à importância de tal estudo, pois o direito processual do

trabalho rege-se de forma diferente do direito processual civil ou penal.

Há também outras leis esparsas as quais são utilizadas para os procedimentos

trabalhistas, como por exemplo para a obtenção da justiça gratuita, custas

processuais, entre outras, devendo ainda lembrar dos regimentos internos dos

tribunais, os quais são importantíssimos em causas originárias desses e para os

procedimentos recursais, além das custas e emolumentos.

Contudo, quem deseja laborar com o direito trabalhista, deve-se atentar as

diferenças dos outros direitos; quais momentos se deve socorrer ao direito processual

comum, quando será usada a CLT, e etc., pois muitas vezes um procedimento errado

pode prejudicar todo o processo.

108

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23. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São

Paulo: Saraiva, 2007;

2. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São

Paulo: LTr, 6ª. Ed., 2008;

3. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª.

Ed., 2009;

4. MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São

Paulo: Ltr, 2008;

5. SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo:

Método, 2007;

6. WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo:

Revista dos tribunais, 2007 e 2008;

7. Site: http://www.tst.jus.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da consulta:

6.10.2009;

109

Page 110: trabalho direito processual do trabalho pronto impressão

8. Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa:

7.10.2009;

9. Site:http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/juris.asp?val=0&tex=suspens

%E3o+do+processo&cb_em=S&dt1_dia=7&dt1_mes=10&dt1_ano=2008&dt2_

dia=7&dt2_mes=10&dt2_ano=2009&limpaDatas=on&cdjuiz=0&cdlocal_julg=0&

cla_esp=NAOESPECIFICAR&action=Pesquisar,data da pesquisa: 7.10.2009;

10. José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, 11ª edição, São

Paulo, ed. Malheiros;

11. Valentin Carrion – Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, página

613, 33ª ed. – 2008, Editora Saraiva;

12. Wagner Giglio – Giglio, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 5. Ed. São

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13. Tribunal Superior do Trabalho, sítio:

http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_html_atual.html , consulta em 12.09.09;

14. ALMEIDA, Amador Paes de. Curso Prático de Processo do Trabalho. 19. ed.

São Paulo: Saraiva, 2008;

15. NERY JUNIOR, Nelson. Código de Processo Civil comentado. São Paulo: RT,

2008.

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