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Técnica de conservação
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PÓS GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
MÓDULO 12
TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO, CONSOLIDAÇÃO E RESTAURAÇÃO DOS MATERIAIS
ESTUDO DE CASOS:
• DOURAMENTO DA TALHA DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO DA ANTIGA SÉ
• CANTARIA DA FACHADA DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL
Mônica Góes Arquiteta & Urbanista
MATRÍCULA Nº 200903002861
Rio de Janeiro/RJ Fevereiro/2011
Rio de Janeiro/RJ Fevereiro/2011
MÔNICA GÓES
ESTUDO DE CASOS: • DOURAMENTO DA TALHA DA IGREJA DE NOSSA
SENHORA DO CARMO DA ANTIGA SÉ
• CANTARIA DA FACHADA DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL
Trabalho de conclusão da disciplina Técnicas de Conservação, Consolidação e Restauração dos materiais, do curso de pós-graduação em Gestão e Restauro Arquitetônico.
Lecionada pelos Profª.: Maria Cristina Coelho.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
Sumário:
Introdução 02
Tribunal Superior Eleitoral
1. Histórico 03
2. Descrição arquitetônica 03
3. Estado de conservação 05
4. Definição do material 05
5. Patologias 06
6. Método do tratamento 09
7. Proposta de intervenção por tipo de material 11
8. Técnica utilizada no restauro 24
Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé
1. Histórico 26
2. Descrição arquitetônica 27
3. Estado de conservação 28
4. Definição do material 30
5. Patologias 30
6. Processo de intervenção 31
7. Relatório fotográfico das etapas da restauração 33
Referências bibliográficas 36
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
2
INTRODUÇÃO
O trabalho consiste em descrever a metodologia utilizada de restauração das cantarias das fachadas
da antiga sede do Tribunal Superior Eleitoral - TSE, atual Centro Cultural da Justiça Eleitoral –
CCJE, ocorrida no ano de 2008. E, a restauração do douramento do forro da nave da Igreja de
Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé.
Ambas as edificações localizadas no Centro da cidade do Rio de Janeiro, na Rua Primeiro de
Março, dentro do perímetro do Corredor cultural da Praça XV, são dois exemplares arquitetônicos
do patrimônio cultural brasileiro, em distintas épocas.
A antiga sede do TSE, por ser uma edificação que representa o que se fez de melhor no século XIX,
por construtores vindos da Europa, principalmente da Itália e da Alemanha, mas também da Áustria
e outros países, e que respondia a uma demanda nova que se criou no Brasil, em função de uma
aristocracia enriquecida pelo café e pela borracha. E a Antiga Sé, representa toda a nossa história da
colonização aos tempos atuais, é sem dúvida o templo de maior relevância histórica do Brasil. Foi
restaurada para a comemoração do bicentenário do desembarque da Família Real portuguesa no
Brasil.
A escolha dos materiais a serem estudados surgiu ainda em aula quando visitei essas edificações,
dentre outras. A cantaria da antiga sede do TSE, que aparentemente antes do restauro parecia está
totalmente danificada e na verdade com uma boa metodologia de limpeza recuperou-se, digamos,
90%, necessitando de poucas interferências. E a talha dourada da Antiga Sé, que é algo realmente
impressionante, por sua beleza e técnica construtiva.
Na verdade são duas obras de restauro bem sucedidas ao meu ponto de vista, que vem valorizar
patrimônio histórico, artístico e cultural da cidade do Rio de Janeiro.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RE
3
STAURO ARQUITETÔNICO
TRIBUNAL SUPERI
1. Histórico
Localizada na Rua Primeiro de Março, nº 42, esquina
com a Rua do Rosário, no Centro da cidade do Rio de
Janeiro. O edifício foi projetado, em 1892, pelo
engenheiro Luiz Schreiner1, e inaugurado em 1896.
Em estilo eclético, destaca-se pela beleza arquitetônica,
requinte artístico e o emprego das mais avançadas
técnicas de engenharia da época. Sua fachada contém
elementos do neoclássico e do barroco, com toques de
art nouveau. Formado por dois pavimentos e um porão,
possui mais de 4 mil m² de área construída.
Foi erguido para ser sede do Banco do Brasil que, no
entanto, jamais chegou a ocupá-lo. No entanto, sediou
outros órgãos como, o STF (de 1896 a 1909), o TSE (de
1946 a 1960) e o Tribunal Regional Eleitoral do Rio
(TRE-RJ), até 1996. Nos dez anos seguintes, o edifício, com piso de ladrilhos hidráulicos, paredes
com pinturas de Antônio Parreiras e plenário emoldurado por lambris de madeira trabalhada, ficaria
sem uso administrativo. Em 2006, o TSE reassumiu o imóvel, que foi transformado em depósito de
urnas eletrônicas2.
2. Descrição arquitetônica
Localizada na esquina da Rua Primeiro de Março com a Rua do Rosário, no centro da cidade do Rio
de Janeiro, a edificação de dois pavimentos possui fachadas simétricas marcadas pelo contraste
cromático entre o branco do mármore de Carrara, dos elementos artísticos e da rotunda e o tom
OR ELEITORAL
Fachada do prédio da Antiga Sede do TSE Fonte: http://www.flickr.com/photos/rickipanema3/3260329433/ > acessado em: 15/02/2011
1 Formado na Real Academia de Belas-Artes de Berlim 2 Fonte: <<http://www.tse.gov.br/sadAdmAgencia/noticiaSearch.do?acao=get&id=1007347>>
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
4
róseo, do mármore Rosso Verona, da fachada do segundo pavimento. Destaca-se, ainda, o
embasamento de granito Gnaisse e os gradis e esquadrias de ferro fundido pintados a óleo.
Na fachada do segundo pavimento, nichos acomodam quatro estátuas em ferro representando
figuras mitológicas, trabalhadas na Fundição Val d’Osne, na França, pelo escultor parisiense
Marthurin Moreau
Internamente está dividido em dois pavimentos e um subsolo, denominado semi-enterrado por ter
abertura para a rua, o prédio tem aproximadamente quatro mil metros quadrados. A entrada
principal é realizada pela esquina, através de portão de bronze, fabricado em Portugal. Uma
escadaria de mármore conduz o visitante ao saguão que precede o salão central, onde estão os
caixas do banco.
O salão pode ser comparado a uma catedral, tem pé-direito duplo, de 14 metros de altura,
iluminação natural, por meio de grande clarabóia, e, de ambos os lados, colunata intercalada por
quatro guichês de ferro fundido. O piso é de ladrilho hidráulico, cuja complexidade dos desenhos e
a precisão das cores comprovam-lhe a qualidade superior. A grande área termina no que seria o
altar do banco: o cofre-forte. No interior do cofre, dispõem-se armários em ferro fundido, com
trabalho em rendilhado nas portas, e escada helicoidal para acesso ao subsolo.
Sobre o salão central, erguem-se duas alas laterais, construídas no segundo pavimento, onde ficaria
a administração do banco. O antigo plenário do Tribunal situa-se na ala esquerda, em sala ricamente
ornamentada. Na parede de fundo, sobressai o grande painel pintado por Antônio Parreiras, em
1901, denominado “Inconfidência”. O artista assina dois outros trabalhos da mesma série – “A
Partida” e “A Chegada” – localizados nos demais ambientes do segundo pavimento.
O piso do plenário é de tábua corrida com moldura em motivos geométricos, em tom mais escuro.
As paredes revestem-se de lambris de madeira, e o teto, decorado, é precedido por pintura de
cartelas com figuras eminentes da história nacional. Duas grandes janelas e três lustres de bronze
garantem a luminosidade do auditório, que também se beneficia da imensa clarabóia central.
Além dos painéis de Parreiras, o imóvel abriga pinturas de dois outros grandes artistas da época,
Rodolfo Bernardelli e A. Silva.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
5
Ao esmero das obras de arte e do acabamento soma-se a moderna técnica construtiva aplicada ao
prédio. Planejado apenas três anos depois da inauguração da Torre Eiffel, em que se consagrou o
uso do aço na construção civil, o edifício apresenta arrojada estrutura metálica na cobertura. Tal
estrutura é apontada como uma das razões da integridade da obra ao longo de mais de um século.
Também são admiráveis as soluções tecnológicas encontradas para assegurar temperatura amena no
interior do prédio, a ventilação natural é proporcionada pelas clarabóias vazadas e pelas chaminés
acopladas aos lustres principais, transformados em caminhos de fuga para o ar quente. O ar dirige-
se para a caixa do telhado, que o libera através de telhas cerâmicas com aberturas. As grandes
janelas, por sua vez, permitem a entrada de ar fresco3.
3. Estado de conservação
A edificação, que pertence ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é do ponto de vista arquitetônico,
uma das precursoras do estilo eclético no Brasil. Passou doze anos fechado, e atualmente foi
restaurado, tornando-se sede do Centro Cultura da Justiça Eleitoral - CCJE.
Antes da restauração, ocorrida entre os anos de 2006 e 2008, havia infiltrações na cobertura
causadas pela corrosão dos metais da estrutura metálica. E, sua fachada com uma variedade de
cores em cantaria, encontrava-se apagada pelo acúmulo de sujeira e de resíduos provenientes da
poluição. Mas, segundo José Carlos Barbosa, coordenador de projetos do Instituto Herbert Levy,
responsável pelo plano de restauro da edificação, define como o estado de conservação da
edificação é bom. E diz que: "Ao longo dos anos, sofreu poucas intervenções. Ele só envelheceu."4
4. Definição do material
O material a ser analisado é a cantaria de revestimento das fachadas da antiga sede do TSE, atual
Centro Cultural da Justiça Eleitoral, restaurada em 2008. As pedras encontradas são:
- Mármore Rosso Verona, produto importado da Itália, utilizado no segundo pavimento da
fachada.
3 Fonte: <http://veja.abril.com.br/vejarj/200607/patrimonio.html> 4 Fonte: <<http://www.tse.gov.br/servicos_online/centrocultural/>>
ÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
6
PÓS-GRADUA
- Mármore Carrara, produto im
- Granito Gnaisse, pedr
portado da Itália, utilizado no pavimento térreo da fachada.
a encontrada no Rio de Janeiro, na edificação é utilizada em todo seu
embasamento.
5.
Tipo de degradação Descrição
Patologias
Foto
Formação dendritica
Tipo de crosta negra particularmente espessa, geralmente pouco aderida à superfície e com aspecto de bola.
Alteração cromática
Variação de cor da superfície, associada geralmente à presença de um tom cinza claro devido à pequenas formações biológicas mortas.
Deposito elevado
Formação de crosta negra particularmente aderida à superfície, de aspecto liso e aderente (não permitindo a legibilidade da superfície lapídea).
Deposito leve
Formação de crosta negra com espessura sutil, que permite a legibilidade da pedra.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
7
Pátina
Alteração cromática da superfície sob tonalidade amarelada, devido a alteração de velhos tratamentos protetivos (ossalatização).
Dilavamento
Forte esbranqueamento da superfície lapídea em correspondencia da área delimitada pelo percolamento de água meteórica.
“Spolvero”
Descoesão superficial de caráter leve, característico geralmente a superfície de mármore exposto a chuva. O fenômeno é difuso neste caso, desenharemos para simplificar em mapeamento somente a zona sã.
Fissura
Formação de fenda de espessura que podem provavelmente trazer um futuro descolamento.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
8
Fratura
Descolamento de fragmentos de grandes dimensões de pedra.
Degrado diferencial
Alteração da textura lapídea, com isso o degrado localizado em correspondência ao plano sedimentar.
Lacuna stuccature
Falta de rejunte entre os elementos lapídeos.
Desagregação massiva
Forte descoesão da matriz lapídea com conseqüente distacamento de fragmentos de grandes dimensões (granitos).
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
9
Scaglitura
Destacamento de fragmentos lapídeos de pequenas e media dimensões, geralmente correspondente à consistência argilosa.
6. Método do tratamento
Após mapear os danos existentes nas cantarias, a intervenção iniciou com a limpeza a base de água,
química e mecânica nas fachadas, utilizando as seguintes técnicas:
Foto Técnica Descrição
Limpeza com água nebulizada
Consiste em uma ação físico-
química, pela capacidade
solvente e emoliente da água.
É uma lavagem com água a
baixa pressão que favorece a
solubilização da sujidade.
Limpeza com vapor
Baseia na ação solvente do vapor que condensa sobre a superfície. Junto com a leve ação mecânica que vai diretamente sobre a superfície.
Escovação mecânica
Em casos de depósitos mais tenazes, após a ação físico-química do vapor, vem a escovação mecânica da superfície com uma escova de cerdas macias.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
10
Limpeza com Compressa:
1. De Betonita
2. De Carbonato de amônia
De acido acetil tetrassódico (EDTA) - Método puramente
ico.
1. Argila especial, absorvente constituída principalmente de silicato hidratado de magnésio, aplicada com uma espátula e revestida com filme plástico.
2. A aplicação é conduzida pelo suporte absorvente e em seguida a rinsagem e escovação.
3. Ácidos em solução aquosa que ataca os metais alcalinos presentes no material lapídeo. Ao termino do tratamento conduzir a um tratamento de rinsagem para eliminar os produtos de reação.
3.
quím
Limpeza com Emplastro
Biologico
Técnica relativamente recente,
que ainda hoje em fase de
estudo no que diz respeito ao
mecanismo químico.
Portanto, foram feito diversos testes de limpeza nos diferentes tipos de pedras para ver qual técnica
se adequava melhor em cada caso.
ESTAURO ARQUITETÔNICO
11
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E R 7. Proposta de intervenção por tipo de material
Limpeza das Cantarias 7.1.
7.1.1. Limpeza e proteção sobre o Mármore Rosso Verona
TESTE DE LIMPEZA DA SUPERFÍCIE LAPIDEA EM ROSSO VERONA AREA A
CLASSIFICAÇÃO
DO DEPÓSITO
LEVE MODALIDADE DE
INTERVENÇÃO
• Aguarraz burrifada
• Aquecimento a vapor
Foto 1: vista geral da área de teste, estado de conservação a esquerda e a parte tratada a direita
Foto 2: imagem em microscopia otica relativa a superfície não tratada – aumento 10x. São observados sensíveis depósitos correspondentes a cavidade superficial do material lapideo, no entanto o depósito difuso sobre a superfície plana é classificada como leve
Foto 3: imagem em microscopia otica relativa a superfície tratada – aumento 10x. Percebe-se uma substancial remoção geral do depósito leve da superfície plana, dentro da
cavidade não se notam alterações significativas de redução da espessura do estrato de degrado.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
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TESTE DE LIMPEZA DA SUPERFÍCIE LAPIDEA EM ROSSO VERONA AREA B
CLASSIFICAÇÃO
DO DEPÓSITO
LEVE
MODALIDADE DE INTERVENÇÃO
• Compressa com Bentonita e água com tempo de contato progressivamente longo (de 40 a 60 minutos), enxague com água e branda esfregação.
ba
cd
Foto 1: vista geral da área de teste, o quadrante “a” representa a condição anterior ao teste. No quadrante “b” após tratamento com águarraz foi aplicado compressa de bentonita por 40’. Para os quadrantes “c” e “d” foram aplicados compressas diretamente sobre superfície tal qual, com tempo de contato respectivamente de 40min e 60 minutos.
Foto 2: imagem em microscopia otica relativa a superfície não tratada – aumento 10x. São observados sensíveis depósitos correspondentes a cavidade superficial do material lapideo, no entanto o depósito difuso sobre a superfície plana é classificada como leve
Foto 3: imagem em microscopia otica relativa a superfície tratada – aumento 10x.
Para todas as 3 áreas tratadas com a bentonita, independentemente do tempo de contato utilizado se encontra uma substancial remoção geral do depósito leve da superfície plana e
ainda uma ótima remoção da microcavidade superficial da pedra.
ÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
13
PÓS-GRADUA
TESTE DE LIMPEZA DA SUPERFÍCIE LAPIDEA AREA C
CLASSIFICAÇÃO
DO DEPÓSITO
LEVE
MODALIDADE DE INTERVENÇÃO
• Nebulização por 2 horas, seguido de aplicação de tensoativo e seguinte rinsagem.
Foto 1: vista geral da área de teste, a parte superior não está tratada
Foto 2: imagem em microscopia otica relativa a superfície não tratada – aumento 10x. São observados depósitos difusos de partículas atmosféricas sobre superfície lisa de calcário
rosso Verona, há acúmulo pouco acentuado nas escamas e nas bordas das veias.
Foto 3: imagem em microscopia otica relativa a superfície tratada – aumento 10x. A limpeza permitiu de um lado, a remoção substancialmente completa da sujeira superficial, e ainda dentro da cavidade do material, de outro lado se revela uma perda do brilho superficial.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
14
TESTE DE LIMPEZA DA SUPERFÍCIE LAPIDEA EM ROSSO VERONA
Area B Area A2
Area A1
Foto 1, vista geral da superfície experimental com subdivisão da área tratada
MODALIDADE DE TRATAMENTO AREA A1: Cêra de alta viscosidade AREA A2: Cêra fluida AREA B: Aplicação com pincel em duas demãos de SAN MARCO ISOGRAFF
- Conclusão da avaliação dos testes executados sobre o Mármore Rosso Verona:
Para o mármore com depósito de partículas atmosféricas – a metodologia da nebulização de água e
compressa com bentonita e água, deu um resultado particularmente satisfatório, permitindo em
ambos os casos a obtenção de um bom grau de limpeza com tempo preciso e fácil controle.
Somente no caso do teste em que foi empregada somente a águarraz, não se obteve resultado
esperado. Para ambos os métodos (bentonita e água nebulizada) nota-se uma leve perda de brilho da
superfície, para recuperar um valor cromático adequado escolhe-se a aplicação, após conclusão da
limpeza, e de eventuais stuccaturas necessárias, uma proteção a base de cêra polímera em dispersão
aquosa (ISOGRAFF)
STAURO ARQUITETÔNICO
15
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RE
7.1.2. Limpeza e proteção so
TESTE DE LIMPEZA DA SUPERFÍCIE LAPIDEA
bre o Mármore Carrara
AREA E
CLASSIFICAÇÃO
DO DEPÓSITO
MÉDIO LEVE
MODALIDADE DE INTERVENÇÃO
• Nebulização com água, e prévia aplicação de tensoativo (sabão a pH neutro) por 3 horas. Foto 1: vista geral da área de teste, a zona não tratada é a
região delimitada pela linha vermelha
Foto 2: imagem em microscopia otica relativa a superfície não tratada – aumento 10x. São observados depósitos difusos de partículas atmosféricas sobre toda a superfície.
Foto 3: imagem em microscopia otica relativa a superfície tratada – aumento 10x A limpeza proporcionou uma boa remoção dos depósitos permitindo recuperar a leitura do tecido lapideo ainda ao nível microscópico; visível somente resíduos puntiformes de partículas.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
16
TESTE DE LIMPEZA DA SUPERFÍCIE LAPIDEA AREA F
CLASSIFICAÇÃO
DO DEPÓSITO
MÉDIO LEVE MODALIDADE DE INTERVENÇÃO
• Compressa com bentonita e água deionizada por 1 dia;
• Enxague mediante água e leve percolamento de nebulização conduzida sob porção superior.
Foto 1: vista geral da área de teste, a zona não tratada é a região delimitada pela linha vermelha
Foto 2: imagem em microscopia otica relativa a superfície não tratada – aumento 10x. São observados depósitos difusos de partículas atmosféricas sobre toda a superfície.
Foto 3: imagem em microscopia otica relativa a superfície tratada – aumento 10x A limpeza proporcionou uma boa remoção dos depósitos permitindo recuperar a leitura do
tecido lapideo ainda ao nível microscópico; visível somente resíduos puntiformes de partículas.
ÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
17
PÓS-GRADUA
TESTE DE LIMPEZA DA SUPERFÍCIE LAPIDEA AREA G
CLASSIFICAÇÃO
DO DEPÓSITO
LEVE
MODALIDADE DE INTERVENÇÃO
• Compressa com carbonato de amônia a 10%, suporte de algodão mantida em contato por 3 horas.
Foto 1: vista geral da área de teste, tratamento sobre a área a direita
Foto 2: imagem em microscopia otica relativa a superfície não tratada – aumento 10x. São observados depósitos difusos de partículas atmosfericas sobre superfície lisa do calcário;
bem visível na outra (sobretudo na foto 1) a tonalidade amarelada da superfície, que é resultado associado ao processo de oxalatação do pregresso tratamento de natureza orgânica
Foto 3: imagem em microscopia otica relativa a superfície tratada – aumento 10x. A limpeza permitiu a remoção substancialmente geral da sujeira superficial.
ÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
18
PÓS-GRADUA
TESTE DE LIMPEZA DA SUPERFÍCIE LAPIDEA AREA H
CLASSIFICAÇÃO
DO DEPÓSITO
LEVE
MODALIDADE DE INTERVENÇÃO
• Compressa com bentonita e água por 24 horas.
Foto 1: vista geral da área de teste, tratamento sobre a área a direita
Foto 2: imagem em microscopia otica relativa a superfície não tratada – aumento 10x. São observados depósitos difusos de partículas atmosfericas sobre superfície lisa do calcário,
caracterizados de um grau de cobertura que pode definir-se leve.
Foto 3: imagem em microscopia otica relativa a superfície tratada – aumento 10x.. Seguinte ao tratamento se encontra a obtenção de um bom grau de limpeza da superfície.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
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TESTE DE PROTEÇÃO DA SUPERFÍCIE LAPIDEA EM MÁRMORE CARRARA
Area A Area B Area C
Foto 1, vista geral da superfície experimental com subdivisão da área tratada MODALIDADE DE TRATAMENTO AREA A: Aplicação de composto à base de SAN MARCO Nanorep 10 e fosfato de titânio AREA B: Aplicação a pincel de fosfato de titânio AREA C: Aplicação a pincel de SAN MARCO Nanorep 10
- Conclusão da avaliação dos testes executados sobre o Mármore Carrara:
O teste de limpeza conduzido permitiu verificar a obtenção de bons resultados na remoção dos
depósitos superficiais, seja com um tratamento mediante nebulização de água seja mediante
compressa com carbonato de amônia e polpa de papel (Arbocel) ou bentonita.
Em relação ao processo de limpeza descrito deve-e considerar a extensão do teste sobre uma área
representativa da condição média existente, perfeccionando em tal modo a técnica executiva.
Na área tomada em exame a intervenção segue esta metodologia:
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
20
- Lavagem generalizada sobre a superfície com água e escova;
- Nebulização de água por três horas;
- Remoção dos resíduos de depósito superficial ineficientes com a nebulização mediante
compressas localizadas de carbonato de amônia sobre polpa de papel, nas partes menos
acessíveis do ornato em trattamento.
As fotos abaixo resumem as fases e os resultados finais obtidos.
Área seguida de limpeza generalizada com água e escova
Área seguida de nebulização
Área seguida de compressa com carbonato de amônia sobre plano (amarelo) e sobre bentonita (vermelho).
Área ao fim da intervenção da limpeza
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
21
7.1.3. Limpeza e proteção sobre o Granito
TESTE DE LIMPEZA DA SUPERFÍCIE LAPIDEA AREA M
CLASSIFICACÃO DO DEPÓSITO: ELEVADO
MODALIDADE DE INTERVENÇÃO
• Compressa com bentonita e água por 24 horas.
• Rinsagem com água e escovação, prévia remoção completa dos resíduos de bentonita
Foto 1: Amostra do estado de conservação Foto 2: Fase de limpeza, a compressa è protegida com filme para limitar a evaporação da água
Foto 3: Superfície ao fim da intervenção. A remoção do depósito resultou particularmente eficaz e permetiu recuperar completamente a legibilidade da textura lapídea.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
22
• Conclusão da avaliação dos testes executados sobre o Mármore Carrara:
A escolha da compressa com bentonita e água foi determinada pela particular natureza do material e
da consequente necessidade de emprego de um sistema baixo contendo água (ver apendice 1). Para
a porção em que o depósito é de expessura mais elevada, a compressa è repetida par obter-se um
resultado de limpeza mais uniforme.
A parte acima da cimala notou-se uma particulridade do estrato de depósito superficial, foi tratada
com uma primeira compressa com água e bentonita e, uma vez removido, é procedida uma segunda
compressa com EDTA bissódico em solução a 10% sempre com a bentonita.
A foto abaixo evidencia o estado de uma porção significativa do revestimento antes e depois da fase
de limpeza com os métodos acima indicados.
7.2. Reconstituição de cantarias -Estucatura
O sistema de estucatura baseia-se essencialmente no preenchimento das fissuras e pequenas perdas
de material pétreo ocasionados pelo degrado de origem diversa (fissura, fratura, escagliatura,
desagregação massiva e lacunas). Do ponto de vista prático esta metodologia prevê o estancamento
de pequenas infiltrações, que fragilizam o material pétreo.
7.2.1 Estucatura do Mármore Rosso Verona
Procedimento: Inicia-se com aplicação de solução 1:1 de água e álcool para limpeza da área a ser
estucada; preparação do mástique (pasta de cal, pó de mármore e pigmentos óxidos); nivelamento
das superfícies estucadas.
ANTES DEPOIS
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
23
Material: espátulas do tipo “Van Gogh”, pasta de cal da marca Pastacal (produto pararestauro da
empresa CalTec), pigmentos da marca Maimeri e pó de mármore malha 320.
7.2.2 Estucatura do Mármore carrara
Procedimento: Inicia-se com aplicação de solução 1:1 de água e álcool para limpeza da área a ser
estucada; preparação do mástique (pasta de cal e pó de mármore); nivelamento das superfícies
estucadas.
Material: espátulas do tipo “Van Gogh”, pasta de cal da marca Pastacal (produto para restauro da
empresa CalTec) e pó de mármore malha 320.
7.2.3 Estucatura do Granito Gnaisse
Procedimento: Inicia-se com aplicação de solução 1:1 de água e álcool para limpeza da área a ser
estucada; preparação do mástique (pasta de cal e pó de granito); nivelamento das superfícies
estucadas.
Material: espátulas do tipo “Van Gogh”, pasta de cal da marca Pastacal (produto para restauro da
empresa CalTec) e pó de granito
7.3. Consolidação das cantarias
O princípio deste método é puramente de caráter químico, a solução aplicada estanca o processo de
descoesão superficial e massiva do material pétreo. Propõe-se alguns tipos de
aplicação:
• Percolação : aplicação do produto através de trinchas de cerdas macias, nos casos de
descoesão superficial (pulverulência e degrado diferencial).
• Injeção: aplicação do produto através de seringas nas fissuras e capilares e sondas nas
rachaduras e perdas.
7.4. Proteção das cantarias
Após os processos de intervenção no material pétreo deve-se aplicar o protetivo, com a finalidade
de evitar o desgaste e igualar o brilho da superfície. Para a escolha do produto, deve-se ter em conta
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
24
um cuidado para que o mesmo tenha resultado duradouro, que não amarelem, tampouco desgastem
com facilidade e tenham propriedades hidrofugantes.
8. Técnica utilizada no restauro
8.1. Estucatura
Mármore Rosso Verona Mármore Carrara Granito Gnaisse
Aplicação do mástique: - Pó de mármore; - Pastacal; - Pigmentos maimeri nas
cores ocre, vermelho e preto;
- Espátula.
Aplicação do mástique: - Pó de mármore; - Pastacal; - Espátula.
Aplicação do mástique: - Pó de granito; - Pastacal; - Pigmento maimeri ocre e
preto; - Espátula.
8.2 Consolidação
Consolidação do Granito Gnaisse
Aplicação do produto ATOMO:
- Aplicação por percolação.
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
25
8.3 Protetivo
Mármore Rosso Verona Mármore Carrara
Foto 1
Aplicação do produto ISOGRAF P.
• Aplicação por percolação. (foto 1)
• Antes & depois (foto 2)
Aplicação doproduto NANOREP.
• Aplicação por percolação
Foto 2
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E RESTAURO ARQUITETÔNICO
26
IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO DA ANTIGA SÉ
1. Histórico:
Localizada na Rua Primeiro de Março, esquina com a Rua
Sete de Setembro, no Centro histórico da cidade do Rio de
Janeiro, em frente à histórica Praça XV, e ao lado dos edifícios
coloniais do antigo Convento do Carmo e da Igreja da Ordem
Terceira do Carmo.
Foi a Sede Episcopal da Diocese até 1976, quando foi
concluída a nova Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro,
razão pela qual também é referida como Antiga Sé.
O estilo arquitetônico da igreja guarda em suas formas
elementos que exprimem os vários anos de história do
edifício.
strução de seu novo convento, em
terreno ao lado da capela.
rmida de Nossa Senhora de Ó, os carmelitas
construíram um novo templo, por volta de 1761.
e foi transformada em Capela Real, onde se realizaram os grandes rituais e sacramentos no
Brasil.
roj_igreja_nscarmo.shtm > acessado em 17/02/2011
Instalada pelos carmelitas, por volta de 1590, nas antigas
habitações dos beneditinos, a Ermida de Nossa Senhora do Ó,
convertida em Capela da Ordem do Carmo. Em 1619, os
frades deram início à con
Fachada Igreja de N. Sra. do Carmo da Antiga Sé Fonte:<www0.rio.rj.gov.br/patrimonio/p
Em um dia de festa a antiga ermida desabou, deixando dezenas de fieis soterrados, devido o estado
precário da edificação. Sobre as ruínas da E
Com a chegada da Família Real, em 1808, a Ermida passou a sediar a catedral do bispado do Rio de
Janeiro
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Em 1822, com a independência do Brasil, a Capela Real transformou-se na Capela Imperial e foi o
local da coroação de D. Pedro I, Imperador Constitucional do Brasil. Foi acrescido, durante o
reinado de D. Pedro I, um terceiro pavimento na fachada da Capela Imperial projetado pelo
5 de novembro de 1889, a Capela Imperial passa por
remodelações em sua fachada Principal, comandadas pelo Cardeal D. Joaquim Arcoverde, que
as comemorações do Centenário da Independência do Brasil, a fachada foi
ornamentada, a Capela do Santíssimo Sacramento foi construída, em um dos braços do transepto, e
Um mausoléu foi construído, em 1930, sob a área da capela para guardar os restos mortais do
o e Artístico Nacional. Em 1976, a
Arquidiocese do Rio construiu uma nova catedral na Avenida do Chile, transformando a antiga
hora do Carmo da Antiga Sé.
fachada setecentista; já o segundo e o terceiro predominam as características arquitetônicas do
a cruz latina no transepto,
com uma capela em cada lado. A direita dedicada a São Pedro de Alcântara e a esquerda a Capela
o Santíssimo Sacramento, com planta circular coberta por uma cúpula.
engenheiro português Alexandrre Cavroé.
Após a Proclamação da República, em 1
esteve à frente da diocese de 1897 a 1930.
A Igreja foi inaugurada como Catedral Metropolitana, em 1º de maio de 1900. E, em 1905, houve a
demolição da velha torre sineira, reconstruída pelo arquiteto italiano Rafael Rebecci. Nova reforma
ocorreu, em 1922, para
em estilo neoclássico.
Cardeal Arcoverde.
A Igreja foi tombada, em 1941, pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artítico Nacional –
SPHAN, atual IPHAN – Instituto do Patrimônio Históric
ermida na Igreja de Nossa Sen
2. Descrição arquitetônica:
Com elementos acrescidos e modificados ao longo do tempo, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo
da Antiga Sé, apresenta diversos estilos arquitetônicos em sua fachada e no interior da edificação.
Na fachada principal, o pavimento térreo é remanescente do século XVIII, mantendo a cantaria da
século XX. Sua decoração interna é em estilo rococó, difundido no Rio de Janeiro no século XVIII.
Sua planta baixa (imagem 01) apresenta nave única e retangular e forma
d
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que
preocupava as autoridades da época. Similarmente ao que mostram as fontes históricas, a mesma
precariedade existia em 2006, ano em que foi firmado o contrato para a restauração da igreja.
Legenda
térreo
.
5
S ta
ão Nepomuceno
S ação de
. edro de
7. antíssimo
. dos
. Capela Cristo
anta baixa do 1º pavto. . Tribuna
12. Coro
Imagem 01: planta baixa do térreo e do 1º pavto. da Igreja N. Sra. do Carmo da Antiga Sé. 35.
Planta baixa do1. Nártex 2. Nave 34
Transepto . Capela-mor . Capelas laterais
À direita: ão João Batis
N. Sra. das Dores N. Sra. da Cabeça
Á esquerda: São JoSagrada Família
agrado CorJesus Capela São P6Alcântara
Capela SSacramento
Capela Senhor8Passos
9Crucificado
10. Batistério
Pl11
Fonte: CASTRO, 2008, p. 34 –
3. Estado de conservação
Segundo SARINHO (2010), mesmo antes de analisar o estado de conservação da Igreja existia uma
preocupação com a precariedade construtiva da edificação. Fato este, que desde os tempos em que
era a Capela Real, um edifício de grande importância dentro da dinâmica da cidade, que se
sobressaía por abrigar grandes celebrações, ele possuía uma precariedade construtiva
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Essa precariedade está registrada no Estudo preliminar para o restauro arquitetônico1,
desenvolvido pela empresa Velatura Restaurações Ltda, parceira da Fundação Roberto Marinho
neste e em outros projetos coordenados pela instituição.
Neste documento, que faz parte do conjunto de registros técnicos que foram gerados pelas empresas
responsáveis pela execução das obras, existe um memorial descritivo, plantas arquitetônicas e
registros fotográficos do estado em que a igreja se encontrava antes das obras de restauração. Nesta
fonte de pesquisa, os técnicos ressaltam duas principais preocupações: o estado do monumento em
função da pouca ou nenhuma manutenção e as intervenções “pouco criteriosas” realizadas nas
instalações, que foram feitas sem acompanhamento técnico, e que tinham o intuito de modernizá-
las. Essas intervenções se mostraram por vezes desastrosas, como foi o caso do incêndio ocorrido
em 2005 que se iniciou no nártex da igreja em função de um curto circuito. Esse incêndio ocorreu
concomitante às obras de restauração das fachadas da Rua Primeiro de Março e Rua Sete de
Setembro que, através de um convênio realizado entre a Mitra Arquidiocesana e a Prefeitura do Rio
de Janeiro, estavam em andamento desde 2004. A Mitra e a SAMAS vinham, desde 2002, firmando
parcerias com o poder público, o Iphan e a iniciativa privada com o intuito de promover obras que
melhorassem o estado da construção. Porém, os projetos que foram desenvolvidos até o convênio
firmado em 2006 atendiam parcialmente às necessidades da igreja.
A precariedade das instalações era uma preocupação dos atores sociais que vivenciavam o espaço e
dependem dele para a execução das suas atividades. Todos os depoimentos enfatizam que a situação
da construção era limítrofe, ameaçando a integridade física daqueles que a usam.
Segundo Padre Roque, Pároco da Igreja Nossa Senhora do Carmo da antiga Sé, disse:
“ (...)encontrei a igreja, da antiga Sé caindo aos pedaços (...). Inclusive, o Ministério do
Trabalho foi fazer logo uma fiscalização do ambiente de trabalho e apresentou vários
pontos, até mês o para os nossos funcionários trabalharem: iluminação, os assoalhos, todos
cedendo e tudo mais; quanto mais para uma freqüência de missa, participação do povo e
visitação (...).”
O impacto que a ausência de conservação da igreja trazia para o grupo social ligado a ela fez com
que estes atores vissem no processo de restauração implantado em 2006 uma maneira de salvar esta
1 Não tive acesso ao Estudo Preliminar do Projeto este texto é baseado na descrição de SARINO (2010).
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construção e perpetuar sua ligação com ela. Fica claro, porém, que durante os dezoito meses de obra
os conflitos e dúvidas com relação ao futuro da igreja existiram e que houve um processo de intensa
articulação para que, ao final, o resultado pudesse ser entendido como satisfatório por todos.
4. Definição do material
Dentre a diversidade materiais a ser estudado na Igreja de Nossa
Senhora do Carmo da Antiga Sé, o douramento da Talha utilizada
na Nave, da Igreja Nossa Senhora do Carmo da antiga Sé, foi o
selecionado como objeto de estudo, para este trabalho, por ser o
local que melhor simboliza a fé dos fieis,
5. Patologias
A talha de autoria do mestre Inácio Ferreira Pinto, compreende as
forrações de madeira lisa e elementos entalhados, aplicados à
forração da parte superior do corpo central e capela-mor da Igreja.
Todo conjunto encontra-se em razoável estado de conservação
(CASTRO, 2008).
Nave da Igreja– forro e tribunas, depois do restauro. Fonte:<< http://www.marcillio.com/rio/encepmir.html >> acessado em 17/02/2011
Os danos mais encontrados foram:
1. Lacuna – com perdas significativas, causadas por lixiviações provocadas por infiltração e
intenso ataque de xilófagos. Principalmente no forro da nave da Igreja.
2. Alteração cromática – utilização de diferentes técnicas de douramento em um mesmo
ornato, provavelmente ocorrido em intervenções danosas.
3. Desgaste da talha – principalmente na lateral direita da nave, junto ao coro, reforçado
principalmente pelo incêndio de 2005. Além, da deformação da madeira, fissuras e
rachaduras.
4. Camada espessa de sujidade – provocada pela falta de conservação e pela poluição.
5. Infestação biológica – sobre tudo no forro da Igreja, que resultaram na perda de ornatos e em
outros casos ficou somente a “capa” do douramento.
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6. Processo de intervenção
A igreja foi fechada para obras desde em setembro de
2006, e só foi reaberta em abril de 2008, totalmente
restaurada. Equipes interdisciplinares de arqueólogos,
restauradores, arquitetos, historiadores, educadores,
engenheiros, trabalharam nas diversas frentes do
trabalho de restauração e nas pesquisas realizadas.
Na restauração da talha da nave, especificamente, o
trabalho foi dividido em três etapas: a primeira a
higienização de toda talha e douramento, a segunda a
consolidação, e em seguida a reitegração do douramento.
Nave da Igreja antes da restauração. Fonte: << http://www0.rio.rj.gov.br/patrimonio/proj_igreja_nscarmo.shtm>> acessado em 17/02/2011
6.1. Primeira etapa – Higienização
− Limpeza seca - começa com a remoção das peças a serem retiradas ou substituídas para o
restauro. Remoção de poeira, fuligem e resíduos soltos e também remoção de lixo
acumulado e excrementos de insetos com o uso de aspirador de pó e trinchas de cerdas
macias.
− Limpeza química – ação desengordurante e remoção de sujidade superficial com aguarrás
mineral. E teste com produtos químicos sugeridos para a limpeza das áreas e sujidades mais
impregnada.
− Fixação do douramento – nas áreas em que o douramento encontravam-se craquelado ou
despreendido do suporte, optou-se pela pré-fixação com adesivo BEVA 371 e Xitol com
concentração a 10% por injeção e percolação e ativação com espátula térmica.
O resultado dessa primeira fase dos trabalhos foi fundamental para o reconhecimento do real estado
de conservação da talha e o dimensionamento do volume de serviços a serem realizados.
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6.2. Segunda etapa – Consolidação
Para preenchimento das galerias de cupins e demais partes “ocas” da talha e réguas das forrações de
madeira, sendo empregado um consolidante (Paraloid B72) mais a carga inerte (microesfera de
vidro) com uso de sondas, injeções e espátulas odontológicas. Para as galerias mais rasas utilizou-se
a Paraloid a 10% ou 15%, já para as áreas com galerias mais profundas o Paraloid teve que ser
utilizado a uma concentração de 35%.
A recomposição volumétrica de pequenas perdas de dimensões foi recuperada por técnicas de
modelagem in loco, utilizando Resina Araltec (resina epóxi com carga) com auxilio de espátulas e
estiletes. Para as perdas de grandes dimensões, nos frisos boleados e nas forrações, optou-se pela
reprodução em madeira similar à original.
6.3. Terceira etapa – Reintegração do douramento
Após a obturação e nivelamento das lacunas, foi recomposta a base de acabamento da madeira e
procedeu-se à sua preparação para a aplicação do douramento. Seguem-se os seguintes passos:
− Lixamento da madeira com lixas variando a gramatura de 80 a 120.
− Aplicação da encolagem – matriz da cola de coelho diluída em água deionizada a 10% com
pincel de cerdas macias.
− Aplicação da primeira base de preparação: carbonato de cálcio + cola de coelho com
consistência bem fluida, aplicada em tramas sobre o suporte com pincel de cerdas macias.
− Aplicação da segunda base de preparação: carbonato de cálcio + cola de coelho com
consistência pastosa, aplicada em tramas, de 4 a 6 demãos.
− Nivelamento com lixas d’água de granulometria variada, 320 a 600.
− Aplicação do bolo armênio diluído em cola animal, também lixado e polido com lixa
d’água.
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Após a preparação final da base, os ornatos receberam a folha de 22k e posterior brunimento, com
finalidade de ativar o brilho do ouro e fixá-lo à base. O processo foi finalizado com a aplicação de
verniz protetor.
Em áreas de pequenos desgastes do douramento original, utilizou-se a reintegração do douramento
com tinta polycolor (Maimeri).
Uma vez que as forrações de madeira encontram-se consolidadas e com a volumetria recomposta,
iniciou-se o processo de nivelamento superficial com massa óleo (uso comercial), assumindo os
encaixes das réguas de forração. Para se obter uma melhor ancoragem na repintura, optou-se pela
remoção da última camada de tinta.
7. Relatório fotográfico das etapas da restauração
Preenchimento de galerias de xilófagos
e partes “ocas”.
− Aplicação de Paraloid B72 +
microesferas de vidro.
Recomposição volumétrica.
– modelagem in loco com Araltec
para reintegração de partes faltantes
Aplicação de Araltec para
calafetagem da talha e das réguas de
forração.
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Base de preparação do forro da nave
Nivelamento da base de preparação
para douramento do forro da Nave
− Uso de lixa d’água 120, 280 e
400 e polimento com papel
toalha do carbonato de cálcio
Recomposição volumétrica de ornato
no forro da Nave
− Finalização in loco com Araltec
para reintegração de partes
faltantes, após aplicação de
microesfera + Paraloid B72
Recomposição volumétrica do ornato
do forro da nave
− Confecção de forma de silicone
para fundição em resina Poliéster.
Base de preparação do forro da nave
− Uso de lixa para nivelamento
do carbono de cálcio dos
ornatos
Douramento – forro da nave.
− Aplicação de folha de ouro com
a técnica “adesiva” nos frisos.
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Douramento – forro da nave.
− Aplicação da folha de ouro
Douramento – forro da nave.
− Fixação da folha de ouro.
Douramento – forro da nave.
− Brunimento da folha de ouro.
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• Entrevista:
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