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Genabú Baldé – José Pires – Paulo Alexandre Silva 1 ÍNDICE Agradecimentos ................................................................................................................1 Introdução ........................................................................................................................ 3 1. TRÁFICO DE ESTUPFACIENTES POR VIA AÉREA: PRESPECTIVA INTERNACIONAL. 1.1.Cocaina e Paises produtores........................................................................................4 1.2. Rotas internacionais mais representativas no tráfico da cocaina ...............................6 2. O PAPEL DE PORTUGAL NO COMBATE AO TRÁFICO DE COCAINA .....................................................................................................................................9 2.1. A necessidade de uma política de fiscalização nos aeródromos Portugueses: he e os Maastricht e os acordos Schengen ............................................................................11 2.2. A legislação nacional e Europeia aplicável..............................................................14 3. Conclusão..................................................................................................................22 4. Lista de Ilustrações ..................................................................................................24 5. Bibliografia ..............................................................................................................27

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    NDICE

    Agradecimentos ................................................................................................................1

    Introduo ........................................................................................................................ 3

    1. TRFICO DE ESTUPFACIENTES POR VIA AREA: PRESPECTIVA INTERNACIONAL.

    1.1.Cocaina e Paises produtores........................................................................................4

    1.2. Rotas internacionais mais representativas no trfico da cocaina ...............................6

    2. O PAPEL DE PORTUGAL NO COMBATE AO TRFICO DE COCAINA

    .....................................................................................................................................9

    2.1. A necessidade de uma poltica de fiscalizao nos aerdromos Portugueses: he e os

    Maastricht e os acordos Schengen ............................................................................11

    2.2. A legislao nacional e Europeia aplicvel..............................................................14

    3. Concluso..................................................................................................................22

    4. Lista de Ilustraes ..................................................................................................24

    5. Bibliografia ..............................................................................................................27

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    AGRADECIMENTOS

    Os nossos agradecimentos vo para a nossa famlia, pelo apoio incondicional que nos deram, aos nossos colegas, pela fora que muitas das vezes nos faltava, aos funcionrios da Biblioteca da UAL, pela a ajuda na pesquisa bibliogrfica, ao Sr. Abdul e os restantes funcionrios da reprografia da UAL.

    O agradecimento especial Professora Doutora Maria Nazar Gomes Santos, pela disponibilidade e pelos conhecimentos que nos transmitiu e , sobretudo por ter acreditado na nossa capacidade para realizar um trabalho de investigao.

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    INTRODUO

    Pretende se com esta dissertao, procurar fazer alguma luz sobre um fenmeno que , apesar de ser uma realidade aterradora, passa constantemente inclume nossa anteno enquanto cidados, refere-se ao trfico de cocana.

    Porquanto, verifica-se que o flagelo universal que o consumo de cocana tanto serve propsitos ideolgicos e polticos, como meras organizaes criminosas que visam apenas o lucro, uma vez que, tanto se apresenta como principal meio de financiamento de algumas das mais activas organizaes terroristas a operar a nvel global, como de redes que se dedicam exclusivamente ao trfico de cocana, ou ainda de organizaes criminosas cuja actividade se prende com o trfico de armas ou de pessoas. Todas estas organizaes tm um ponto em comum, as fragilidades dos seus principais mercados alvo, essencialmente a Europa e os Estados Unidos da Amrica.

    Existe assim um claro aproveitamento das debilidades, no que concerne no s ao controlo de fronteiras, mas tambm a nvel legislativo, por parte dos Estados Unidos e da Unio Europeia, sendo ainda mais flagrante neste ltimo caso, principlamente a partir da criao do espao Schengen e dos seus sucessivos alargamentos.

    Procura-se assim, abordar este fenmeno, cingindo-se contudo ao papel que Portugal desempenha em toda esta dinmica e como pode, enquanto membro da Unio Europeia, contribuir para mudar o rumo desta guerra sem quartel que o combate ao trfico de droga.

    A questo dos transportes ser igualmente alvo de ateno, com especial relevo para o meio areo. No entanto, procura-se explicar os mecanismos utilizados para o transporte da cocana, em que por vezes utilizam vrios tipos de transportes at chegar ao mercadode retalho e por sua vez ao consumidor final.

    Indissocivel deste tema , sem sombra de dvida toda a panplia de legislao que vem sendo emanada e actualizada ao longo dos tempos, tanto a nvel nacional como europeu, visando a resposta a um fenmeno, para o qual o legislador carece de algum entendimento. Assim, afloram se alguns diplomas legais, no seu todo ou em parte, que de alguma forma contribuiram ou se destacaramno combate a este fenmeno.

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    1.1. COCANA E PASES PRODUTORES

    A cocana, benzoilmetilecgonina ou ster do cido benzico, uma droga alcalide, obtida com o auxlio de produtos qumicos (lcalis, cido sulfrico, querosene entre outros), a partir das folhas da planta da coca (ver Anexo, Ilustrao 1), arbusto perene de folha persistente e designada cientificamente por Erythroxylon Coca, que comum em alguns pases da Amrica Latina, nomeadamente na Bolvia, Per e Colmbia.

    Os dados mais recentes continuam a indicar um crescimento global do consumo de cocana na Europa. Os inquritos populao realizados em vrios pases registaram um acentuado aumento do consumo entre os jovens desde meados da dcada de 1990. Estas concluses so confirmadas pelos resultados de estudos especficos, que observaram nveis muito elevados de consumo de cocana em alguns contextos recreativos (locais de vida nocturna e de msica de dana). Em paralelo, os indicadores da disponibilidade de cocana na Europa, incluindo o nmero de apreenses e da quantidade apreendida, aumentaram drasticamente.

    A apresentao do produto feita sob a forma de p branco, muito fino e cristalino (ver Anexo, Ilustrao 2), vendido em panfletos semelhantes aos utilizados para vender a herona, sendo que, quando transaccionada em quantidades elevadas, normalmente acondicionada em embalagens tipo tijolo com o peso aproximado de 1kg cada (ver Anexo, Ilustrao 3).

    No que concerne aos efeitos, verificamos tratar-se de um estimulante de origem natural que actua ao nvel do sistema nervoso central especialmente nas zonas motoras, produzindo agitao intensa, sendo-lhe igualmente reconhecidos efeitos anestsicos e desinibidores, podendo ser consumida da forma fumada, injectada ou inalada.

    Verifica-se ainda, embora com uma expresso marginal, a existncia de um derivado da Cocana, designado por Crack. O crack a cocana alcalina, no salina e obtido da mistura da pasta de cocana com bicarbonato de sdio (ver Anexo, Ilustrao 4). O motivo pelo qual certos consumidores optam por esta substncia, em detrimento do produto original, tem sobretudo a ver com preo de mercado, substancialmente inferior, mas no s, acresce a particularidade de o efeito do crack ser mais forte que o da Cocana, apesar de bem menos duradouro. O Crack consumido com recurso a um cachimbo que utilizado para fumar o produto estupefaciente (ver Anexo, Ilustrao 5).

    Curioso o mtodo recentemente descoberto para detectar as quantidades de cocana consumida por uma determinada populao, a aplicao dos recentes progressos da qumica analtica deteco de cocana nas guas residuais introduziu uma nova abordagem demonitorizao do consumo de drogas ilegais na comunidade,

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    denominada "epidemiologia das guas residuais".Este mtodo consiste na medio dos nveis de produtos de degradao das drogas ilegais excretadas na urina dos consumidores. Esses nveis medidos nas guas residuais so depois extrapolados de forma proporcional a fim de calcular o consumo de drogas ilegais entre a populao. No caso da cocana, o principal metabolito excretado na urina a benzoylecgonine . Como a degradao da cocana no corpo humano a nica fonte provvel de benzoylecgonine presente nos sistemas de tratamento das guas residuais, utilizando determinadas premissas possvel recalcular, a partir da quantidade de metabolito presente nas guas residuais, a quantidade de cocana consumida na comunidade (mas no o nmero de consumidores).

    A epidemiologia das guas residuais ainda se encontra numa fase inicial de desenvolvimento e, para alm de importantes questes tcnicas e ticas, as informaes que oferece devem ser integradas na perspectiva actual da investigao. Estas questes so abordadas na nova publicao do OEDT sobre a anlise de guas residuais (OEDT, 2008b) . Reunindo peritos de uma grande variedade de disciplinas, o relatrio conclui que, apesar de ainda necessitar de aperfeioamentos, a epidemiologia das guas residuais tem potencialidades para ser usada na vigilncia anti-droga a nvel da comunidade. Esta abordagem tambm poderia ser eventualmente utilizada como instrumento de vigilncia anti-droga para ajudar as autoridades responsveis pela sade pblica e pela aplicao da lei a identificarem os padres de consumo de droga, em municpios de diversas dimenses. Alm disso, uma vez que a amostragem e a anlise das guas residuais se podem efectuar com uma periodicidade diria, semanal ou mensal, os dados poderiam ser usados para produzir uma avaliao mais rpida, de modo a que as comunidades tenham possibilidade de monitorizar melhor o impacto e a eficcia das actividades de preveno e interveno.

    A diversidade manifesta-se no s nos nveis globais de consumo de cocana referidos pelos Estados-Membro mas tambm nas caractersticas dos prprios

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    A substncia, de nome benzoylecgonine, ou seja restos sintetizados da droga que expulsa atravs da urina dos consumidores, aparece no rio atravs do sistema de esgotos. Quem utiliza esta droga, expulsa atravs da urina uns 5% a 6% de cocana pura e uns 50% como metabolito, Fonte: Ettore Zuccato, lder da equipa de investigadores do Instituto di Ricerche Farmacologiche Mario Negri, em Milo.

    OEDT O Observatrio Europeu da Doga e da toxicodependncia (OEDT) uma das agncias descentralizadas da Unio Europeia.Criado em 1993 e sediado em Lisboa a mais completa fonte de informao sobre a droga e a toxicodepndencia na Europa. As publicaes do observatrio so uma fonte de informao fundamental para uma grande variedade de pblicos, incluindo os responsaveis polticos e seus consultores, profissionais e investigadores que trabalham no domnio da droga e de um modo mais geral os meios de comunicao social e o grande pblico.O relatrio anual apresenta a panormica geral anualmente traada pelo OEDT do fenmeno da droga nos Estados-Membros da UE e na Noruega, sendo uma obra de consulta essencial para quem procura os dados mais recentes sobre este fenmeno na Europa.

    Relatrio Anual do Observatrio Europeu da Droga e da Toxicodependncia Pgina 65.

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    consumidores de cocana, que se repartem por um vasto espectro social onde se encontram desde alguns dos membros mais privilegiados da sociedade at alguns dos mais marginalizados. Os padres de consumo de cocana podem ser igualmente diversificados, indo desde o consumo ocasional e recreativo at ao altamente compulsivo e dependente.

    A forma em que a cocana consumida (hidrocloreto de cocana ou cocana crack) e a via de administrao usada no seu consumo so outros factores que complicam a situao.Esta diversidade um importante aspecto a considerar, tanto para compreender os vrios problemas que podero estar associados aos diferentes padres de consumo de cocana, como para direccionar e desenvolver de forma mais fundamentada os servios destinados a um grupo dspar de consumidores de droga.

    1.2. ROTAS INTERNACIONAIS MAIS REPRESENTATIVAS NO TRFICO DA COCANA

    A articulao geogrfica dos vrios espaos envolvidos e referenciados pela actividade do trfico de estupefacientes deve-se essencialmente especificidade das substncias que so objecto do negcio.

    Se nos colocarmos propositadamente no papel daquilo que somos, europeus situados na parte mais ocidental da Europa, reconhecemo-nos por oposio aos locais onde predominantemente as substncias psicotrpicas e estupefacientes so produzidas, transformadas, e consumidas. Situarmo-nos no globo representa um exerccio que nos permite compreender o fenmeno nos locais onde reportamos as suas origens ao nvel da produo e da transformao, nos espaos onde os modus de dissimulao vo traando as rotas comerciais do trfico, e procedem ao escoamento nos locais da procura. A dinmica da oferta e da procura.

    Nesse sentido, a posio geogrfica de Portugal reveste-se de especial relevncia estratgica. O territrio nacional continental localiza-se no extremo ocidental da Europa, com fronteira martima a sul com o Norte de frica, a ocidente com o continente americano, e terrestre, a norte e oriente com o parceiro ibrico, o Reino de Espanha. Face descrita localizao do territrio nacional continental, a exposio do continente diferenciada consoante o tipo de estupefaciente a que nos possamos referir.

    Importa salientar que a integrao territorial nacional na Pennsula Ibrica, a qual partilhamos com o Reino de Espanha, em requerido uma intensa colaborao entre as vrias instituies com responsabilidades na matria. Em razo da proximidade geogrfica com Espanha geram-se lgicas negociais muito importantes entre pessoas e organizaes de ambos os pases, quer ao nvel da

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    prossecuo de elevadas quantidades de estupefaciente no territrio europeu, seja na prpria proviso dos mercados de ambos os pases.

    So pases que mantm laos histricos estreitos com outros inseridos na Amrica Latina, com repercusses ao nvel do fluxo de pessoas entre a Pennsula Ibrica e esses pases, assim como ao nvel comercial. Tal facto parasitado sempre pelos grupos organizados que se dedicam ao trfico internacional e transcontinental de estupefacientes, e que tendencialmente se aproveitam da estrutura legal de transportes para a realizao dos seus objectivos.

    Para alm dos contactos comerciais ilcitos que se processam entre Portugal e Espanha, enquanto forma de alimentao da actividade de indivduos que actuam ao nvel local e regional, eminentemente utilizando a via terrestre, existe uma importante dimenso negocial do trfico que utiliza a Pennsula Ibrica, e em particular o espao continental nacional como janela de introduo de quantidades substanciais de estupefacientes para a Europa, utilizando para tal as vias area e martima. Portugal eminentemente territrio de chegada e de trnsito de cocana, para fornecimento da Pennsula Ibrica e Europa, e abastecimento dos respectivos mercados nacionais.

    A cocana introduzida por dois tipos de vias; em elevadas quantidades, na ordem das centenas ou mesmo toneladas de quilos, utilizada a via martima, seja mediante o transbordo do produto em alto mar e consequente descarregamento nas praias, seja atravs da utilizao de mtodos engenhosos de dissimulao em mercadorias legitimas importadas em contentores atravs de empresas criadas propositadamente para o efeito, ou utilizando a actividade legitima e experimentada de outras estruturas empresariais na rea da importao e exportao de mercadorias. A via area tem-se revelado um crescente e importante meio de introduo de quantidades mdias de cocana, atravs das linhas areas internacionais regulares, e tambm atravs das linhas areas que servem o trfego interno essencialmente para fazerem chegar vrios tipos de drogas aos Arquiplagos da Madeira e dos Aores.

    Em qualquer das vias referidas, e dos meios empregues, o recurso s estruturas legais de transportes uma constante por parte de quem empreende a actividade do trfico de estupefacientes. Desse modo, cabe ao Estado, atravs das instituies investidas de poder pblico proceder ao controlo e fiscalizao de pessoas e bens, e prossecuo da investigao criminal, avaliando o risco e o grau da ameaa, estruturando a aco em conformidade para no s reagirem aquando da identificao das situaes, como proverem capacidade proactiva, e como tal preventiva.

    A adeso de Portugal Unio Europeia (UE), e sua insero no espao Schengen, concomitante com a especificidade da sua localizao geogrfica, imprime a Portugal especiais deveres para com os seus parceiros europeus,

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    e que se fundam na defesa e preservao dos princpios fundadores da democracia europeia: liberdade em segurana.

    O acesso ao territrio nacional continental faz-se, ora mediante o recurso via martima, pela extensa fronteira que Portugal tem com o Atlntico, ora utilizando as ligaes rodovirias e ferrovirias, pela no menos extensa fronteira terrestre com Espanha. Se ao nvel terrestre j no se processa o controlo e fiscalizao de pessoas e mercadorias, pelo menos de forma sistemtica, nos portos de mar, e nos aeroportos, decorrente de especiais deveres comunitrios importa manter os mecanismos de controlo e fiscalizao, na medida em que essas plataformas so terminais de transportes que fazem a interface entre a UE e os pases que no fazem parte desse crculo. pois com o fito de ultrapassarem esses pontos nevrlgicos que os criminosos trabalham de forma a iludir a vigilncia e as aces de fiscalizao das autoridades. Os aeroportos so nesta matria de especial melindre, no s pelo nmero de voos internacionais, como pelos inmeros passageiros que transitam por essas aerogares. As questes da vigilncia, e fiscalizao desses espaos radicam em simultneo em razes de segurana, controlo imigratrio e fiscal.

    O servio areo low-cost tem constitudo uma espcie de txi areo, de baixo custo, e de fcil aquisio, adequado crescente procura europeia de meios de deslocao econmica. No obstante o factor positivo de desenvolvimento do sector, tal implica que as autoridades estejam atentas no sentido de salvaguardar o controlo e a segurana, e em particular o controlo do trfico internacional de estupefacientes, sempre associado aos meios de transporte globais e massificados.

    Todavia no so s e apenas os espaos aeroporturios que preocupam as autoridades, como tambm a regulamentao e controlo de todo o espao areo. De que forma se fazem as aproximaes ao espao areo nacional, a que requisitos obedecem? Que entidades que so responsveis pelo controlo e fiscalizao do trfego areo? Que papel e que competncias que cada entidade detm na articulao funcional das vrias instituies que operam nesse domnio?

    Atendendo ao descrito, existe a necessidade de se explorar o conceito de espao areo e sua regulamentao no captulo que se segue. Nesse sentido, no obstante a exposta relevncia do estudo da evoluo do trfico de estupefacientes pela via area, importa determo-nos um pouco, explorando o conceito de espao areo nacional, assim como abordar o sistema de regulamentao, controlo, e fiscalizao do mesmo.

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    2. O PAPEL DE PORTUGAL NO COMBATE AO TRFICO DE COCANA

    O territrio enquanto elemento de um Estado, contempla a esfera do espao onde vigora a ordem jurdica desse Estado, e onde os rgos detentores do poder poltico podem impor a sua autoridade, e exercer a sua soberania. Significa que dentro dos limites que fixam e delimitam o domnio do territrio de um Estado, no poder ser exercido qualquer outro poder que seja exterior ao poder exercido pelos rgos nacionais, salvo conveno internacional ou acordo bilateral entre Estados, o que traduz uma ideia de invulnerabilidade do territrio nacional face ao poder de rgos de outros Estados.

    Portugal tem incorporado no seu territrio cinco domnios completamente distintos e perfeitamente autonomizveis, embora interdependentes que so: os domnios terrestre, fluvial, lacustre, martimo e areo. O domnio areo, tal como est definido no art. 2. da Conveno sobre Aviao Civil Internacional (conhecida por Conveno de Chicago 4) compreende todo o espao areo superior ao domnio terrestre e s guas territoriais.

    Existem no entanto excepes, que se concretizam, nomeadamente por razes militares ou de segurana pblica, ou ainda em situaes de emergncia, decorrentes das quais o Estado pode limitar ou proibir que as aeronaves de outros Estados voem sobre certas zonas do seu territrio, desde que tal no se revele uma clara discriminao entre aeronaves estrangeiras e nacionais.

    Em caso de eventual invaso de espao areo nacional, o Estado portugus dever actuar com os meios legtimos adequados para defesa dos interesses nacionais, atravs da actuao dos meios militares, onde se inclui a Fora Area Portuguesa (FAP) e a Marinha. Enquanto ramo das Foras Armadas Portuguesas, a FAP tem responsabilidades de defesa nacional e deveres dela decorrentes, que em muito se traduzem no controlo do espao areo nacional, garantindo a segurana contra qualquer agresso ou ameaa externa 5.

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    4 A Conveno de Chicago foi assinada em 7 de Dezembro de 1944 e entrou em vigor a 4 de Abril de 1947, aps a sua ratificao por um nmero suficiente de Estados. Portugal ratificou a Conveno de Chicago em 28 de Abril de 1948 (Carta de Ratificao da Conveno sobre Aviao Civil Internacional, do Ministrio dos Negcios Estrangeiros, publicada no Dirio do Governo n 98, de 28 de Abril de 1948, I Srie). Perspectivando que o desenvolvimento da aviao civil internacional poderia transformar-se numa ameaa ou perigo para a segurana em geral, e por forma a evitar decorrentes conflitos entre povos, a Conveno de Chicago representa o esforo conjunto dos inmeros pases aderentes, que buscam, conforme expressaram no prembulo que inicia o texto da conveno (...)que os servios do transporte areo internacional, se estabeleam numa base de igualdade de oportunidades, funcionem eficaz e economicamente(...).A Conveno estabeleceu uma organizao -Organizao Internacional de Aviao Civil/Internacional Civil Aviation Organization, ( fim da nota de rodap ) adjacentes/mar territorial (no caso portugus a largura do mar territorial foi fixada em 12 milhas martimas, pelo n.1 do art. 1. da Lei 33/77 de 28 de Maio - diploma que define a delimitao do territrio martimo). Pode-se afirmar que neste espao a soberania do Estado completa, exclusiva e absoluta. Da que um avio s poder sobrevoar um Estado com a sua autorizao ou conhecimento (nos casos em que existam acordos ou convenes internacionais). OIAC/ICAO que tem como objectivo a definio comum de princpios e acordos que permitam a evoluo da aviao civil internacional de forma segura e ordeira e o estabelecimento de

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    Os trgicos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos da Amrica (em que foram utilizadas como armas, aeronaves civis em voos comerciais), o 11 de Maro de 2003 no Reino de Espanha, seguidos dos mais recentes acontecimentos no Reino Unido, constituram claras revelaes de aces terroristas, as quais fizeram surgir novos factores de instabilidade junto dos Estados europeus que se traduzem em novos riscos e ameaas, e que vieram diluir e esbater a fronteira estabelecida entre Segurana e Defesa.

    As vulnerabilidades dos Estados esto agora intimamente ligadas a factos como o narcotrfico, o terrorismo, o trfico de pessoas, todas manifestaes do crime organizado, fazendo emergir uma crescente necessidade de uma intima interaco entre meios de defesa e foras de segurana por forma a serem salvaguardados com eficcia os princpios basilares de uma Europa democrtica, compatibilizando liberdade e segurana.

    Como referem vrios especialistas, os grupos radicais apoiam-se mutuamente, constatando-se a existncia de uma rede de solidariedade activa que se estende da Chechnia s Filipinas, passando pelo Qunia, pelo Sudo, pela Somlia, pela Malsia e pela Indonsia, e passando igualmente pela Europa, onde possui uma muito elevada capacidade nos seguintes domnios:

    a) Recolha de fundos; b) Recrutamento; c) Trnsito; d) Aquisio de material no letal ;

    As comunicaes entre clulas, para alm dos objectivos de misso, tm por fim o desenvolvimento de actividades criminosas de apoio, a saber:

    a) Trfico de estupefacientes,

    b) Imigrao ilegal

    c) Falsificao de cartes de crdito,

    d) Trfico de viaturas, etc.

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    servios relacionados com o transporte areo internacional que assegurem os princpios de igualdade, eficincia, economia e segurana acima enunciados.

    5 Conforme previsto no n. 2 do art. 273 da Constituio da Repblica Portuguesa - Ttulo Defesa Nacional: A defesa nacional tem por objectivos garantir, no respeito da ordem constitucional, das instituies democrticas e das convenes internacionais, a independncia nacional, a integridade do territrio e a liberdade e a segurana das populaes contra qualquer agresso ou ameaa externas.

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    O crime organizado transnacional constitui-se num potencial objecto de agresso externa, e ameaa interna, dirigida contra a vida das pessoas, a autoridade dos Estados e a instabilidade das sociedades. Atendendo localizao geogrfica de Portugal como fronteira externa da Unio Europeia, conjugada com a sua extenso martima, apresenta-se eminentemente como potencial rota do narcotrfico internacional.

    Se at relativamente pouco tempo a grande preocupao dos intervenientes na gesto, fiscalizao, e controlo do espao areo adstrito a infra-estruturas aeroporturias, direccionavam a sua actuao para a eficincia econmica do sistema aeronutico, onde o conceito safety detinha primordial importncia, por forma a acreditar e rentabilizar a aviao comercial, hoje inegvel que os meios areos so um instrumento apetecvel para a prtica de crimes graves, como o trfico de estupefacientes.

    A noo de security emerge, tornando-se necessrio conferir ao sistema aeronutico todo um conjunto de meios e recursos que, potenciados por um enquadramento jurdico capaz, e em conjunto com as autoridades policiais competentes, permitam uma reaco eficaz e incisiva no combate ao trfico de estupefacientes.

    2.1. A NECESSIDADE DE UMA POLTICA DE FISCALIZAO NOS AERDROMOS PORTUGUESES: MAASTRICHT E OS ACORDOS SCHENGEN.

    O Tratado da Unio Europeia tambm conhecido como Tratado de Maastricht 6 o culminar da vontade poltica de transformar a Comunidade Econmica Europeia, entidade eminentemente econmica, numa unio com competncias polticas. referido como uma estrutura composta por trs pilares de forma a designar as trs categorias pelas quais se reportam os diferentes domnios na qual a UE intervm. Um pilar central comunitrio: Composto pelo mercado nico, a Unio Econmica e Monetria (UEM), a cidadania da Unio e polticas comunitrias; o pilar das comunidades europeias que consubstancia a forma mais avanada da construo comunitria na qual as instituies podem promulgar decises, nos domnios da respectiva legislao directamente aplicvel nos Estados Membros, e que prima sobre o Direito Nacional; ____________________ 6 Assinado a 7 de Fevereiro de 1992 na cidade holandesa de Maastricht.

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    Dois pilares intergovernamentais: O da Poltica Externa e Segurana Comum (PESC); abarca a rea da cooperao no domnio da poltica externa e de segurana, manuteno da paz, zelando pelos direitos humanos, pela democracia, pelo direito de ajuda a pases terceiros; O da cooperao em matria de Justia e Assuntos Internos (JAI); visa, criar uma verdadeira liberdade de circulao de pessoas, sem controlos nas fronteiras internas, prevendo em simultneo medidas de acompanhamento nos domnios de controlo das fronteiras externas, em poltica de vistos, na cooperao policial e judiciria em matria penal, mediante aces comuns no domnio do combate criminalidade, racismo, facultando a todos os cidados um espao de liberdade e justia (artigo 29. do TUE). Actualmente em matria de poltica externa comum foram criados instrumentos de aco que deram contornos jurdicos claros cooperao entre Estados no mbito dos 2. e 3. pilares e tomaram-se decises de princpio, defendendo posies comuns. A cooperao judiciria visa simplificar e acelerar a cooperao que respeita tramitao dos processos e execuo das decises, facilitar a sua execuo entre Estados Membros, instaurar regras mnimas relativas a constitutivas das infraces penais e s sanes aplicveis nos domnios do terrorismo e do trfico de droga (artigos 31. e 32. TUE 7). A livre circulao de pessoas e mercadorias, reconhecidos como principais liberdades para a realizao de polticas do mercado interno, assim como a necessidade de segurana do cidado europeu deu origem a uma cooperao intensa em matria de justia e assuntos internos. Criaram-se novos institutos jurdicos para se combater de modo eficaz a internacionalizao de redes de actividade criminosa de forma a dar resposta adequada s necessidades de segurana da Europa. Tais evolues institucionais introduzem novos tipos de decises que permitiram a adopo de medidas mais eficazes, no sentido de uma cooperao mais estreita entre Estados Membros. ____________________ 7 Abreviatura de Tratado da Unio Europeia.

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    No decurso dos anos 80 alguns desses estados adoptaram textos mais coercivos (o Acordo Schengen de 1985 8 e a Conveno Schengen de 1990 9 que instauraram novas estruturas operacionais com o objectivo de assegurar a cooperao entre entidades policiais e aduaneiras de forma a garantir uma maior eficcia nas aces desenvolvidas e uma maior coordenao na actividade de todos os organismos envolvidos, evitando desse modo uma duplicao de tarefas. Os Acordos Schengen instituram assim um regime de livre circulao de pessoas, independentemente da sua nacionalidade, no territrio desses Estados, atravs da abolio dos controlos nas respectivas fronteiras (terrestres, areas e martimas) implementando um conjunto de medidas destinadas a garantir essa livre circulao, sem prejuzo para a segurana dos cidados. So consideradas fronteiras internas as fronteiras terrestres comuns entre Estados Schengen, os aeroportos no que diz respeito aos voos entre Estados Schengen e os portos martimos no que se refere s ligaes regulares, sem escala, efectuados por navios entre portos no territrio dos Estados Schengen. No que concerne s fronteiras externas, as fronteiras terrestres com pases no Schengen, so considerados os aeroportos internacionais para o trfego areo com origem ou destino em pases no Schengen e os portos de mar, excepto os que tm ligaes regulares provenientes ou com destino no espao Schengen, que s podem ser transpostas nos pontos de passagem fronteirios e durante as horas de abertura fixadas por lei. Nestas fronteiras so exercidos controlos pelas autoridades nacionais competentes e segundo o direito nacional de cada Estado Schengen tendo como objectivo o combate criminalidade em geral e em particular a preveno dos trficos ilcitos e da imigrao ilegal. Sendo objecto de estudo o trfico de droga por via area, importa neste contexto, enquanto fronteira externa terrestre definir os conceitos de aeroporto, aeroporto Schengen e aeroporto comunitrio internacional: ____________________ 8 Alemanha, Frana e os Pases do Benelux. 9 Blgica, Alemanha, Frana, Luxemburgo e os Pases Baixos.

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    Aeroporto; rea aberta a operaes comerciais de transporte areo, dentro de um Estado Membro e por ele designado; Aeroporto comunitrio e ou Schengen; espao onde so efectuados de forma regular, movimentos de entrada e sada de trfego de e para a Comunidade e ou Espao Schengen; Comunitrio Internacional; espao reconhecido pela UE como aeroporto de entrada e sada de trfego areo de e para pases terceiros (extra-Schengen), onde so levadas a efeito as formalidades de controlo aduaneiro, imigrao, sade pblica, fitossanitrio e outros procedimentos similares. Os aeroportos comunitrios internacionais, so espaos aeroporturios divididos fisicamente para pessoas de voos Schengen e no Schengen, permitindo assim separar fluxos de passageiros, organizando um movimento de pessoas sistematicamente monitorizado e acompanhado, prestando especial ateno aos voos de trnsito. Importa pois perceber como efectivado o controle nos espaos aeroporturios e quais os mecanismos utilizados para o exercer com eficcia.

    2.2. LEGISLAO NACIONAL E EUROPEIA APLICVEL

    Dada a imensido legislativa de diplomas que povoam o nosso ordenamento jurdico, tanto a nvel interno como a nvel da Unio Europeia, procura-se neste ponto, por um lado, abordar uma perspectiva de evoluo histrica em que se tentar perceber como, ao longo dos anos se visou adequar os instrumentos jurdicos a um fenmeno que evoluiu exponencialmente. Iremos igualmente perceber que, as reformas ou alteraes legislativas que foram sendo progressivamente introduzidas, o foram, muitas vezes sem haver um prvio estudo da situao e frequentemente, os caminhos a seguir sugerem um parco conhecimento do fenmeno por parte do legislador. Nas palavras do Professor Adriano Moreira (2008) () os Estados tm uma vocao conservadora e uma vocao inovadora. A primeira das vocaes, conservadora, lida com a identidade e com a necessidade de preservar valores essenciais que preenchem a parte mais valiosa do que se chama a tradio. A vocao inovadora, relacionada com a prpria subsistncia do Estado, traduz a sua necessidade de encontrar respostas novas para os problemas novos . ____________________ Moreira, Adriano, Teoria das Relaes Internacionais, Coimbra, 6 Ed, 2008, cit., p. 57

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    Porquanto, vem-se assistido elaborao de uma panplia de diplomas que, entram em vigor e que posteriormente sofrem sucessivas alteraes, deixando transparecer que no haver uma estratgia bem definida no combate a este tipo de criminalidade, pelo menos a longo prazo. Assim, desenganem-se os que pensam que a sociedade poder vencer esta batalha sem instrumentos legislativos, adequados s necessidades repetidamente solicitadas pelos organismos e foras de segurana. H ainda quem fundamente as expectativas de sucesso desta politica legislativa, com o aumento das quantidades de produtos estupefacientes que todos os anos so interceptadas e apreendidas pelas autoridades, no entanto e neste ponto que, em meu entender, esta teoria cai pela base, no se constata uma diminuio de drogas venda nas ruas, ou nos mercados de retalho. Quem no se cinge aos, sem sombra de dvida importantes, estudos e relatrios emanados por uma pluralidade de organismos e organizaes e vai para o terreno em busca de informao, percebe prontamente que nenhum toxicodependente deixou de consumir a sua droga de eleio, pelo facto de as apreenses terem aumentado. Quanto muito, quando h alguma escassez de um determinado produto estupefaciente verifica-se uma ligeira inflao no preo de venda ao consumidor, ou seja, aplicam-se as regras gerais de mercado, oferta e procura. Estes princpios macroeconmicos verificam-se em todas as fases de comercializao dos estupefacientes, alis, os traficantes chegam ao ponto de, promover determinados produtos, em detrimento de outros, junto dos consumidores, atravs de pequenas ofertas ou mesmo de preos promocionais. Esta lgica de mercado leva-nos ainda mais longe, no sentido de perceber se um determinado produto mais consumido porque detm a preferncia dos consumidores, ou se o , apenas porque interessa mais aos traficantes escoar uma determinada produo. Em determinados momentos, por factores conjunturais, verifica-se um incremento da produo de um determinado produto estupefaciente, numa determinada zona do globo, o que faz imediatamente com que a rede de distribuio que se encontra previamente montada procure dar vazo| a esse excedente de produo. Situao anloga descrita ocorreu com a Herona, que sofreu um decrscimo de produo aquando da invaso do Afeganisto, por parte dos aliados, liderados pelos Estados Unidos da Amrica em Outubro de 2001. Nesse mesmo ano, como consequncia dos bombardeamentos que tiveram como alvo os vastos campos de papoilas, de onde extrado o pio que alimenta o trfico do chamado crescente dourado|, assistiu-se a uma diminuio na produo de pio de 3,276 toneladas, em 2000, para 185 toneladas em 2001 . Ora, este decrscimo fez com que tornasse impossvel o abastecimento dos mercados a retalho, por parte das organizaes criminosas que se dedicam a este tipo de trfico, logo, na lgica de mercado anteriormente vertida, verificou-se um ascendente da Cocana em detrimento da Herona. ____________________ Fonte: United Nations Office on Drugs and Crime.

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    Obviamente, os traficantes tm que garantir o habitual incomemonetrio pelo que tendem a promover a venda de outro tipo de substncias, apesar dos efeitos no consumidor sejam bem diferentes. Relativamente evoluo legislativa sobre a qual versa o presente capitulo, podemos comear por referir que este tema profcuo para a produo de diplomas legais, podendo dizer-se que o legislador tarde acordou para esta realidade tendo por esse motivo vindo sempre a reboque desta, nunca ousando antecipar-se ao fenmeno, uma vez que, para tal, teria de se rodear de quem efectivamente percebesse esta realidade de perto e de informao recolhida no terreno, coisa que na realidade no acontece. Podemos identificar como o primeiro momento em que o Estado Portugus intervm, em termos internacionais nesta matria, a conferncia de Xangai no ano de 1909, onde catorze pases entre os quais Portugal, discutiram entre si a melhor estratgia de combate ao narcotrfico. Importa referir que nesta altura, proliferava o pio, muito consumido na China e pelas comunidades Chinesas emigrantes. Aqui o papel de Portugal evidente devido ao territrio de Macau. No entanto, apesar de Portugal avanar com medidas proibitivas do consumo do pio era mais reticente quando o tema era a exportao, uma vez que o pio compunha a maioria dos medicamentos existentes naquela poca e havia que proteger a produo nacional. Apesar disso, em 1914 so tomadas medidas no sentido reduzir a importao e progressivamente suprimir a sua utilizao na produo de frmacos. Podemos afirmar que o actual sistema mundial de controlo de drogas baseia-se nas trs Convenes internacionais: a Conveno nica de Drogas Narcticas de 1961, emendada pelo Protocolo de 1972; a Conveno de Substncias Psicotrpicas de 1971; e a Conveno Contra o Trfico Ilcito de Drogas Narcticas e Substncias Psicotrpicas de 1988. Estas convenes multilaterais foram estabelecidas pela comunidade internacional para prevenir a produo, oferta e uso de drogas narcticas e psicotrpicas. As aludidas convenes tm por funo fornecer um quadro legal internacional para o controlo de drogas mediante a definio de medidas de controlo que cada estado membro deve observar. No sendo auto-executveis, os estados membros devem permanecer-lhes fiis aquando da formulao de legislao nacional, obrigando-se a interpretar os tratados de boa f respeitando o seu objecto e propsito, aderindo desta forma aos standards e normas do sistema de controlo global de drogas. A nvel nacional, publicada no Dirio da Repblica em 1924, a Lei n 1687, de 6 de Agosto de 1923 que regulamentava a importao, o armazenamento, o comrcio e a prescrio mdica de estupefacientes. ____________________ Lei n 1687, de 6 de Agosto de 1923, publicada Dirio da Repblica no 2 Semestre de 1924 e Decreto n 10375, de 9 de Dezembro.

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    A prxima alterao legislativa, viria a ter lugar em 1970, com a entrada em vigor do Decreto-Lei n 420 / 70, de 3 de Setembro. Este diploma vem agravar as sanes pecunirias e penais em vigor at ento, bem como intensificar a fiscalizao das prescries mdicas para efeitos teraputicos e medicinais (ver Anexo, Ilustrao 5). Este diploma representa o incio da luta penal contra a droga, uma vez que apesar de no punir o seu consumo, reprime fortemente a sua obteno. Como base do actual sistema, substitui as medidas anteriores de controlo desenvolvidas desde a Conveno Internacional de pio, The Hague, 1912, no incio do sculo XX. Tem o seu enfoque nas drogas-planta como opiceos, cocana e cannabis, sendo o seu objectivo restringir o uso de drogas narcticas a fins mdicos ou cientficos, assegurando a supresso da produo, distribuio e uso de drogas ilcitas, e fornecendo e regulando a procura lcita para fins mdicos ou cientficos. Em termos sintticos, o sistema descreve-se da seguinte forma: as Partes obrigam-se a limitar, exclusivamente a fins mdicos e cientficos, a produo, fabrico, exportao, importao, distribuio, comrcio e uso dos estupefacientes constantes da lista anexa Conveno lista que deve ser actualizada conforme as informaes disponveis sobre a perigosidade das substncias; as Partes declaram ao organismo de superviso das Naes Unidas (o OICE) as suas necessidades anuais que, uma vez aprovadas, devem ser tidas em conta pelos pases fornecedores, inclusive quanto necessidade da sua satisfao; nas relaes de comrcio, especialmente internacional, adoptam um conjunto de medidas que impeam o desvio das substncias para o mercado ilcito; aplicaro disposies de carcter penal aos comportamentos violadores dos preceitos convencionais. A universalidade da sua aplicao , inclusive pela cooperao dos pases no Partes e o rigor no controlo das drogas mais usadas (pio, coca e cannabis), sob a superviso do OICE, so os esteios do sistema. Pela Conveno de 1971 sobre as Substncias Psicotrpicas doravante designada por CSP71 inverte-se de certo modo a posio dos pases produtores e consumidores, aqueles agora situados no Norte, dado que as substncias a includas so de origem industrial (sinttica). Tem o seu enfoque nas drogas manufacturadas como anfetaminas, barbitrico, alucingenios (LSD) e tranquilizantes menores. Embora menos severa e restritiva em certas matrias no criminaliza o consumo, tem por objectivo restringir a produo, distribuio e uso de drogas psicotrpicas a fins mdicos e cientficos. Tal como a conveno anterior, estabelece uma classificao das drogas ilcitas, mas vai mais alm da Conveno. nica ao procurar equilibrar o controlo e as sanes contra danos e efeitos da dependncia de substncias, tendo em conta a sua utilidade teraputica. Visveis se mostram as mesmas preocupaes que na CUE61: proteco da sade fsica e moral da humanidade, limitao do uso destas substncias para fins mdicos e cientficos, a necessidade de medidas coordenadas e de

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    tipo universal, enfim, o mesmo modelo de controlo e atravs dos mesmos organismos Simplesmente, a pretexto da burocracia que viria a incidir na venda a retalho dos medicamentos, os mecanismos aplicveis so menos severos, o que levou crtica de que estando agora em causa outros pases produtores j no se observavam critrios to apertados. O que pode dizer-se que a CSP71 se destina a completar as medidas constantes da CUE61, autonomizando uma lista de substncias de uso mais frequente que as desta, e de forma geral menos perigosas. Como, por outro lado, muitas dessas substncias so de uso clnico, assume particular relevo a exigncia da prescrio mdica respectiva, para alm das cautelas de licenciamento, registo de operaes, no publicidade, etc. Todavia, se o controlo a nvel das Naes Unidas, nomeadamente em termos de estimativa prvia de necessidades e informao estatstica sobre consumos, apreenses e sua afectao, no exigido pela CSP71, j as medidas adoptadas no comrcio internacional, designadamente o sistema de autorizao de exportao dependente de um certificado de importao, podem estender-se, se as partes o desejarem, a todas as substncias. Subsiste sempre a mesma questo: a circulao destas substncias no interior de um pas ou unio econmica exige um controlo administrativo que tem um custo econmico; nos pases menos desenvolvidos nem sempre existem os recursos humanos e tcnicos que permitem p-lo de p e mant-lo, enquanto que nos mais desenvolvidos os esforos vo muitas vezes no sentido de tentar aligeir-lo porque limita a expanso do mercado. Ora, bem sabido que os interesses comerciais raramente coincidem com os da sade da populao.

    Atravs da CSP71 visa-se hoje o controlo de 111 substncias. Neste momento, 149 Estados ratificaram ou aderiram Conveno. Nesta sequncia, publicado a nvel interno o Decreto-Lei n. 430/83, de 13 de Dezembro, no qual se encontram vertidas vrias medidas de carcter repressivo no que concerne ao trfico e consumo de droga. Estas revestem-se basicamente na tipificao de novos ilcitos penais e contravencionais bem como as respectivas sanes ao nvel da estatuio das normas. Com este diploma avana-se no sentido de que o toxicodependente no um criminoso, mas sim algum que, por estar doente, necessita de ajuda da sociedade, mesmo que esta ajuda seja ministrada contra a vontade do mesmo. A componente pedaggica prevalece em detrimento das sanes, ao nvel do mero consumo de estupefacientes, procura-se educar a populao, com especial incidncia para a franja mais jovem da sociedade. No panorama internacional, o principal relevo dado Conveno das Naes Unidas contra o trfico ilcito de estupefacientes e substncias psicotrpicas de 1988.

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    certo que as convenes de 1961 e de 1971, bem como as anteriores (com excepo da de 1936), se interessaram especialmente pelo controlo do mercado lcito de drogas e o seu reflexo na sade e bem-estar dos indivduos. Com a Conveno de 1988, o acento tnico colocado nos efeitos devastadores e crescentes do trfico de estupefacientes e de substncias psicotrpicas e o seu reflexo igualmente nos fundamentos econmicos, culturais e polticos da sociedade. Ao minar a economia legtima, so tambm ameaadas a estabilidade, a segurana e at mesmo a soberania dos Estados. Por isso, a ateno posta no trfico, como fonte ilcita de ganhos financeiros e de fortunas, bem como nos efeitos de contaminao provocada nas actividades comerciais e econmico-financeiras normais. Por outro lado, d-se mais um passo no controlo de outras substncias precursores, produtos qumicos essenciais e solventes que a experincia revelou serem susceptveis de desvio para o fabrico ilcito de drogas. Substncias de uso industrial e comercial corrente v. g. a efedrina, a acetona, o anidrido actico, o ter etlico, a que se juntaram logo o cido sulfrico, o permanganato de potssio, num total de 22 substncias cujo circuito interno de produo e distribuio, bem como o seu comrcio internacional, vo ficar sujeitos a um certo controlo, de menor peso evidentemente que o das substncias includas nas convenes de 61 e 71, na medida em que o seu uso ainda mais vulgar. Ambiciona-se especialmente um reforo da cooperao internacional, ao mesmo tempo que se visa colmatar lacunas das outras duas convenes. Nesta conformidade, atribui-se especial relevo a aspectos de incriminao de condutas ligadas ao trfico de estupefacientes, psicotrpicos e precursores, e s actividades de aproveitamento dos ganhos dele derivados, o designado branqueamento de capitais e outros valores obtidos, e a sua consequente apreenso e perda para o Estado. O aludido reforo da cooperao internacional repercute-se em medidas, tais como, a extradio de criminosos, a entreajuda judiciria destinada preparao das provas e ao julgamento dos arguidos, a transferncia dos prprios processos por este tipo de infraces quando necessria ao interesse numa boa administrao da justia, a troca segura e rpida de informao, o emprego de equipas mistas de investigao, o apoio na formao, enfim, o uso da tcnica das entregas controladas. Sob um ngulo inovatrio, pelo menos para alguns pases, cuida-se de obter a colaborao das transportadoras comerciais, de modo a prevenir a prtica das infraces nos meios de transporte e mesmo informar as autoridades sobre as circunstncias suspeitas de actuao. De modo semelhante, procura-se evitar que os servios postais sejam utilizados como veculo do trfico ilcito. No artigo 14. desta Conveno, alis escassamente referido, diga--se de passagem, preconiza-se um conjunto de medidas no apenas para erradicar a cultura

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    ilcita de plantas de onde se extraem estupefacientes, como tambm para eliminar ou reduzir a procura ilcita de drogas. Ainda no paradigma antigo de pases produtores versus pases consumidores de drogas de origem vegetal, o preceito constitui um compromisso evidente. O seu entendimento deixa margem para dvidas, no somente nas intenes, mas sobretudo quando se impe a cada Parte que tome as medidas apropriadas para impedir a cultura ilcita de plantas como a papoila do pio, o arbusto da coca e a cannabis e para levar a efeito a sua destruio em caso de cultivo ilcito. Acrescenta- se ento (n. 2): As medidas adoptadas devem respeitar os direitos humanos fundamentais e ter devidamente em conta as utilizaes lcitas tradicionais, quando existam provas histricas dessa utilizao, assim como a proteco do meio ambiente. Se bem que pela regra do n. 1 se pretendam ressalvar as disposies de erradicao de culturas ilcitas das convenes de 1961 e 1971, ficam dvidas quanto a saber se por esta forma no se recuperou o contedo das reservas transitrias referidas no artigo 49. da CUE61, onde se autorizava o uso temporrio do pio, da folha da coca e da cannabis para fins no mdicos.

    No plano nacional e na sequncia da ratificao pelo Estado Portugus, da Conveno das Naes Unidas contra o Trfico Ilcito de Estupefacientes e Substncias Psicotrpicas de 1988 , publicado o Decreto- Lei n. 15/93, de 22 de Janeiro, onde se encontra vertido o novo regime jurdico relativo ao trfico e consumo de produtos estupefacientes. Se no mbito interno, o acento tnico uma vez mais colocado no combate ao trfico, o legislador confere ainda uma ateno especial s matrias: produo, fabrico, cultivo, venda, transporte e mera deteno, deixando para segundo plano a penalizao do consumidor. Coloca-se neste ltimo um nus de censurabilidade perante a restante sociedade, o legislador passa o olhar para o toxicodependente como este sendo algum que desrespeitou o contrato social quebrando o vnculo tcito de confiana, que se pressupe existir entre todos os cidados que partilham entre si, a convivncia sob a alada de um estado de direito democrtico. Com base do sistema, substitui as medidas anteriores de controlo desenvolvidas desde a Conveno Internacional de pio, The Hague, 1912, no incio do sculo XX. Tem o seu enfoque nas drogas-planta como opiceos, cocana e cannabis, sendo o seu objectivo restringir o uso de drogas narcticas a fins mdicos ou cientficos, assegurando a supresso da produo, distribuio e uso de drogas ilcitas, e fornecendo e regulando a procura lcita para fins mdicos ou cientficos. ____________________ Resoluo da Assembleia da Repblica n. 29/91, publicada no Dirio da Repblica no dia 6 de Setembro de 1991.

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    Porquanto, pode levantar-se ento a questo de, qual o bem jurdico que se visa proteger com este tipo de normas, ora nesta matria o entendimento apenas pode ser a do bem jurdico sade pblica, uma vez que, se o toxicodependente equiparado a um doente, que, apesar de ter violado o pr-estabelecido ordenamento jurdico e social, se encontra numa situao de fragilidade fsica e psicolgica necessitando por isso do apoio do Estado. Neste sentido, e por se entender e dar especial relevncia diminuio psicolgica do elemento volitivo do toxicodependente, em virtude da sobejamente conhecida dependncia destes em relao aos produtos que consomem, tipifica-se no art. 26 do referido diploma, a figura do Traficante/Consumidor. Ainda no sentido de dissociar os consumidores dos traficantes, procurou-se estabelecer, com a publicao da portaria n. 94/96, de 26 de Maro, os quantitativos mximos, dirios, de cada estupefaciente(92) , que seriam admissveis a um consumidor ter na sua posse, a fim de no ser considerado trfico. De referir que no Decreto-Lei n. 15/93, de 22 de Janeiro, art. 71, n. 1 alnea c) estabelece-se a referida regulamentao por portaria. Uma vez que uma das dificuldades mais notadas era a falta de informao fidedigna, que pudesse ser tomada por base para fundamentar e delinear o rumo a seguir. Assim, foi constituda uma comisso, como referido no prprio diploma, por: reputados especialistas, cujo objectivo era o de entregar um relatrio sobre esta matria, relatrio esse que veio a ser classificado pelo legislador como: um documento notvel. E foi com base neste documento que se veio a basear o essencial da estratgia nacional da luta contra a droga e como neste referido: A estratgia nacional de luta contra a droga um documento essencialmente voltado para o futuro, que pressupe a apreciao do passado constante do relatrio final da comisso e do j referido relatrio parlamentar.Refere ainda o mesmo Relatrio de Segurana Interna, que foi mantido o acompanhamento sistemtico de estruturas do crime organizado transnacional com interesses e influncia em Portugal, de maneira a identificar modus operandi e caracterizao dos elementos, assim como as ligaes internas e externas existentes. Decorreu deste acompanhamento que um dos tipos de criminalidade mais identificada foi o trfico de estupefacientes, tendo sido igualmente verificada a existncia de actividades criminosas, em territrio nacional, ligadas ao branqueamento de capitais, efectuadas por organizaes criminosas transnacionais. Importa referir que, no ano de 2008, o crime de trfico de estupefacientes, configura-se como um dos crimes subjacentes ao branqueamento de capitais, sendo apenas ultrapassado, como alis seria de esperar, pela fraude fiscal 14 . ____________________ 14 Fonte: Relatrio de Segurana Interna do ano de 2008 Gabinete do Secretrio-Geral do Sistema de Segurana Interna pg. 213.

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    3. CONCLUSO

    Vertidas no texto que antecede, encontram-se as razes que fazem de Portugal um ponto estratgico fundamental em toda a problemtica do combate ao trfico de estupefacientes a nvel Europeu e mesmo Mundial.

    Consubstancia-se da mais elementar importncia o facto de Portugal se encontrar geograficamente localizado, na ponta ocidental do Continente Europeu e de ser detentor de uma vasta fronteira martima, apresentando-se por si s,como a melhor alternativa para as organizaes criminosas que se propem a introduzir produto estupefaciente no seio do continente europeu.

    Vrios outros factores se aliam, como se pode ver, a este elemento geogrfico, cabendo-se destacar o parco investimento nestas matrias de segurana e controle de fronteiras. Inerente a esta temtica do trfico por via area, verificmos que, se no mbito da aviao comercial regular sempre se exerce um controle efectivo dos aeroportos existentes em Portugal Continental e regies autnomas, muitas vezes decorrente de imposies externas, j no que concerne aos aerdromos e pistas de baixo trfego a situao bem diferente.

    Quanto a esta matria, podesse concluir que, de momento, existe uma impossibilidade de facto de controlar todos os locais passveis de acolher um avio de pequeno porte bem como as pistas onde estes facilmente aterram.

    Aliado a estes factores encontra-se alguns circunstancialismos que, tornam Portugal um verdadeiro den para o trfico de estupefacientes via aeronaves de pequeno porte.

    A todos estes factores, acrescem outros, que embora do conhecimento geral, importa mencionar. Um destes factores, que se contrape supra mencionada falta de meios das autoridades fiscalizadoras e rgos de Polcia Criminal o sobejamente conhecido oramento praticamente ilimitado, disposio das organizaes criminosas que se dedicam a este tipo de prticas. Este factor de desequilbrio proporciona aos referidos grupos criminosos a aquisio de meios materiais e humanos que em muito ultrapassam a capacidade de resposta das autoridades.

    Trata-se de um flagelo capaz de destabilizar governos, de afectar os seus valores, de perturbar o funcionamento da economia, de parasitar os rendimentos, de explorar viciosamente os avanos cientficos e tcnicos, de paralisar o desenvolvimento, de dinamizar uma atitude securitria que atinja os direitos, liberdades e garantias os cidados.

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    ANEXOS E ILUSTRAES

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    BIBLIOGRAFIA

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    Decreto Lei n 15/1993 de 22 Janeiro (o regime jurdico aplicavel ao trfico e consumo de estupfacientes e substncias nacionais.

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    MOREIRA, Adriano Teroria das Relaes Internacionais. 6. ed. Coimbra: Almedina, 2008. ISBN 978-972-40-3623-6

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    Lisboa, 03 de Janeiro de 2011