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MGA Bovinocultura de Corte - 6 Semestre M.Veterinria FMU

1. Introduo

O melhoramento animal a atividade envolvida no processo de criao (prticas de alimentao, manejo, reproduo, sanidade), seleo e reproduo dos animais domsticos, com o objetivo bsico de alterar as caractersticas dos animais produzidos na gerao seguinte, na direo desejada pelo homem. O melhoramento da produo animal pode ser obtido, ento, pelo melhoramento do ambiente, por meio de mudanas nos manejos: nutricional, sanitrio e reprodutivo e pelo melhoramento gentico, que pode ser realizado por meio de sistemas de acasalamento e por meio da seleo. Para atingir a meta desejada, o melhoramento do ambiente e o melhoramento gentico, devem caminhar juntos. Aumentar a produtividade o objetivo principal da comunidade cientfica mundial com enfoque no melhoramento gentico da pecuria de Corte. No Brasil, o desenvolvimento cientfico e tecnolgico contribuiu para transformar o pas numa das mais respeitveis plataformas mundiais do agronegcio. O desenvolvimento de tcnicas inovadoras no melhoramento gentico da bovinocultura de corte tem contribudo para o aumento da qualidade da industria frigorfica, assim como a melhoria da qualidade da carne no cenrio mundial.

2. Espcies e principais raas

2.1 Espcies

2.1.1 Bos taurus

Taurinos so mquinas de rendimento econmico. So muito eficientes na converso alimentar mas esta virtude os torna frgil diante do clima tropical. Seu alto metabolismo e baixa dissipao de calor provocam grande aquecimento do corpo e contraria a regra de viver bem num clima tropical. um animal tpico de clima temperado ou frio. Nos trpicos, estes bovinos sofrem estresse calrico e padecem de subnutrio nas entressafras.

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2.1.2 Bos indicus

Comparado s raas europias, os zebunos possuem baixas taxas de crescimento, baixos ndices reprodutivos e baixa qualidade de carcaa, mas possuem excelente taxa de sobrevivncia, boa habilidade materna e so extremamente tolerantes a parasitas e as altas temperaturas. O metabolismo do zebuno mais adequado ao clima tropical. Os zebunos so mais aptos ao aproveitamento dos derivados da digesto da fibra, e acabam produzindo menos caloria dissipante. A maior rea corporal serve justamente para dissipar calor.

2.2 Raas puras de corte

2.2.1 Hereford Originrio da Inglaterra, o gado Hereford uma das mais famosas raas selecionadas para produo de carne. O Hereford (Fig.1) o gado de pastejo e engorda fceis em pastagens inferiores, mostra excelente aptido para recuperao de peso aps as chuvas. A cara branca um carter dominante e se transmite aos produtos oriundos de cruzamentos, independente de qual seja a raa utilizada. No cruzamento com o gado zebuno (zebu americano e brasileiro) deu origem a raa Braford, hoje muito difundida no Brasil.

Fig 1: Hareford. Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

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2.2.2 - Aberdeen Angus

A raa Aberdeen Angus (Fig.2) possui a pelagem preta ou vermelha, uma raa mocha muito utilizada em cruzamentos industriais e na formao de novas raas de corte. No Brasil, entrou juntamente com a raa Nelore na formao do gado Ibag, no Rio Grande do Sul e nos Estados Unidos na formao da raa Brangus, juntamente com a raa Brahman.

Fig 2: Aberdeen Angus. . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.2.3 Charols

Devido sua extraordinria produo de carne, essa raa esta espalhada por todo o mundo. No Brasil, o gado Charols (Fig.3) tem prestado inestimveis servios, principalmente na formao da raa Canchim. A carne do gado Charols de excelente qualidade, com pouca gordura superficial, embora marmorizada internamente. O rendimento de carcaa varia de 58 e 65%, em regime de campo, e de 65 e 70%, em regime de confinamento.

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Fig 3: Charols . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.2.4 Limousin

A raa Limousin (Fig. 4) est presente no Brasil desde o incio do sculo XX, quando em 1872 foi trazido um touro e uma vaca, por Henri Goreix, convidado por D.Pedro II para dirigir uma escola de minerao em Ouro PretoMG.

Atualmente, uma raa muito utilizada principalmente em Gois e Mato Grosso, mas podemos encontr-la tambm em Minas Gerais e So Paulo nos programas de cruzamentos industriais, bem como em programas de seleo e vendas de reprodutores e matrizes.

Fig 4: Limousin . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

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2.2.5 - Blanc-Blue-Belge No incio do sculo XX, j existia a raa Azul, na Blgica, tambm conhecida com o nome de raa de Mons, a qual parecia ser uma derivao da raa Holandesa (A.M.E. Gastart, 1913, in Cotim, p.196).

O gado Blanc-Blue-Belge (Fig. 5) foi importado para o Brasil em 1994, para o municpio de Alvorada do Sul, no Paran. O desenvolvimento muscular de origem gentica, ou seja, sua carne no contm qualquer tipo de aditivo.

Fig 5: Blanc Blue Belge. Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.2.6

- Blonde DAquitaine

O Blonde DAquitaine (Fig.6) foi introduzido no Brasil em 1972 na exposio de Esteio, no Rio Grande do Sul. Vrios fazendeiros utilizam o Blonde em cruzamento industrial, obtendo excelentes resultados, principalmente quando a raa usada a Nelore, mas precisamente no Brasil Central. Uma grande utilidade do Blonde no Brasil o cruzamento com a raa Caracu, para formao da raa Aquitnica.

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. Fig 5: Bonde DAquitaine.

Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.2.7

- Red Angus

O Red Angus famoso pelas virtudes de precocidade sexual, velocidade de ganho de peso e fixao de caractersticas . O gado Red Angus, em cruzamentos industriais, contribui para o aumento da prolificidade, qualidade de carcaa e rusticidade sobre a raa absorvida. Os animais Angus so precoces, com excelente converso alimentar e rpido acabamento de carcaa. A raa Red Angus apresenta maior resistncia a enfermidades e a sua grande adaptabilidade ao solo brasileiro, seja seco ou alagadio, regies acidentadas ou planas, em pastagens ricas ou pobres. Os bezerros Angus nascem pequenos, mas ganham peso rapidamente. comum verificarem-se animais em plena produo com 14 a 15 meses de idade. Entre 18 e 20 meses, o macho chega a pesar em mdia 450 kg, em condies timas para abate.

Fig 7: Red Angus Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

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2.2.8

- Piemontesa

A raa Piemontesa (Fig. 8) foi introduzida no Brasil em 1974, em Araatuba, So Paulo. Nesse mesmo ano foi fundada a Associao Brasileira de Criadores da Raa Piemontesa. Essa raa apresenta uma produo de leite mdia de 2.300 litros em 305 dias com recordes de 5.000 litros. So famosos os queijos produzidos com o leite da raa, tais como Bra e Castelmagno, seguidos por Murozzano e Raschera.

Os machos pesam em mdia entre 750 e 900 kg e as fmeas entre 450 e 600 kg. O destaque dado para os animais de musculatura dupla (variedade Alba), que representam a maioria do rebanho e cujos primeiros registros so de 1886, embora novos estudos tenham comeado em 1926.

A anlise qumica da carne mostra que a mdia de colesterol no Piemonts de 44,0 mg para cada bife de 100 gramas, enquanto que a mdia dos bovinos em geral de 63,9% ( sunos = 79,0 mg; frangos = 74,0 mg; vitelo = 84,0 mg). Um bife de 100 gramas apresenta 2,9 gramas de gordura, contra 0,87 gramas na raa Piemonts.

O gado de dupla musculatura (hipertrofia muscular) produz 10% a mais de rendimento, segundo pesquisadores do mundo inteiro. Em geral, o Piemonts garante um rendimento de carcaa acima de 65%, podendo chegar a 72%. O rendimento de msculos chega a 84%,significando 432 kg de carcaa aos 16 meses de idade.

Fig 8: Piemontesa . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

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2.2.9

Marchigiana

uma raa originria da Itlia e foi introduzida no Brasil h aproximadamente 30 anos. Tem a pelagem branca com a pele preta e com grande nmero de glndulas sudorparas. A raa Marchigiana (Fig.9) muito utilizada em cruzamentos industriais para a produo de novilhos precoces. No Centro-Oeste, os produtores esto usando muito a raa para cruzamentos com o zebuno, obtendo animais mestios que so utilizados em confinamento e tambm em regime de engorda e em regime de campo. Os touros da raa Marchigiana respondem muito bem, quando so colocados em regime de monta natural, com excelente desempenho, quando comparados com touros zebunos.

Fig 9: Marchigiana. Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.3 - Raas zebunas para corte

2.3.1 Nelore A raa Nelore (Fig.10) vem liderando com segurana e tranqilidade o nmero de animais registrados dentro da raa e das demais raas zebunas. Com o crescimento do rebanho Nelore, surgiram novas variedades, como o Nelore Mocho e, agora, oficialmente reconhecidas, as pelagens vermelha, amarela e pintada de preto. O gado Nelore vem sendo utilizado em cruzamentos industriais com as raas europias especializadas para produo de carne com a finalidade de obter novas raas ou simplesmente para produo de novilhos precoces para o abate.

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Fig 10: Nelore Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.3.2 - Nelore Mocho

As primeiras famlias mochas foram formadas em meados da dcada de 50, intensificando-se a partir de 1960. Durante muito tempo atribuiuse o surgimento de animais mochos a eventuais mutaes, hiptese hoje posta de lado pela quase totalidade dos especialistas e estudiosos. O mocho (Fig. 11) vem do gado nacional que, por sua vez, descende de bovinos europeus sem chifres, introduzidos no pas no passado remoto.

Fig 11: Nelore Mocho Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

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2.3.3 - Nelore Malhado de Preto

O Dr. Alberto Alves Santiago, renomado agrnomo, que em 1943 trabalhava na Sociedade Rural Brasileira, visitou uma criao no municpio de Jardinpolis em So Paulo, onde observou que criadores locais j possuam rebanhos com animais malhados de preto (Fig. 12). Esses , na ocasio, no foram registrados, porque isso no era permitido para animais com essas caractersticas.

Desde 1906, j se tinham notcias de animais com esse tipo de pelagem. Por esse motivo, a ABCZ (Associao Brasileira dos Criadores de Zebu) resolveu admitir o registro dos animais malhados de preto.

Fig 12: Nelore Malhado de Preto . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.3.4 - Nelore Vermelho

Foi no Estado da Bahia que surgiu o primeiro rebanho Nelore Vermelho (Fig. 13) pelo aproveitamento de reprodutores dessa cor, surgidos em plantel Nelore tidos como puro de origem. O pioneiro Octavio Ariani Machado possua uma novilha de pelagem vermelha denominada Itabira, filha de casal Nelore, vindo em 1906 de Madre, na ndia, que era de pelagem cinza-claro. Os filhos de Itabira nasciam vermelhos, como freqente na raa Nelore, mas com a diferena de que a colorao persistia at a idade adulta. Originou-se, assim, uma linhagem que, com a chegada da vaca ndia, em 1930, tambm totalmente vermelha, permitiu a formao de um plantel10

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com essa pelagem fixada atravs de trabalho seletivo e emprego conveniente da consanginidade .

Fig 13: Nelore Vermelho . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.3.5 Tabapu

A raa Tabapu uma raa nacional, originria do municpio de Tabapu, So Paulo. O Tabapu (Fig. 14) vem sendo muito utilizado em cruzamentos, garantindo um produto mocho, rstico e lucrativo. Atravs do cruzamento do touro Tabapu com vacas Nelore, surgiu a raa Tabarel. Outros cruzamentos tambm so realizados com as raas Guzer, Holandesa e outras raas europias, principalmente as raas de corte, no Rio Grande do Sul, Paran e Santa Catarina.

Fig 14: Tabapu . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

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2.3.6 Brahman

A raa Brahman (Fig. 15) foi aprovada para a criao no Brasil, em l994. O gado Brahman caracterizou-se pela resistncia s condies adversas do meio e pelo desenvolvimento e aptido para a produo de carne. Os caracteres raciais so irrelevantes, dando-se pouca importncia pelagem, perfil craniano, tamanho dos chifres e tamanho das orelhas.

Fig 15: Brahman Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.4 - Raas sintticas para corte2.4.1 Ibag Os cruzamentos que deram origem raa Ibag (Fig. 16) comearam a ser feitos a partir da dcada de 40. Em 1955, nasceram em Bag os primeiros animais 5/8 de sangue Aberdeen Angus + 3/8 de sangue Nelore, assim nasceram os pioneiros da raa denominada Ibag em homenagem a um ndio, personagem histrico do municpio.

Fig 16: Ibag. Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

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2.4.2 Canchim A raa Canchim (Fig. 17) resultou do cruzamento da raa europia Charolesa com as raas zebunas Indubrasil, Guzer e Nelore. O incio dos trabalhos de cruzamentos e seleo dos animais foi em 1940, na fazenda de Criao de So Carlos, em So Paulo. O nome Canchim foi dado em funo a uma espcie de rvore muito comum na regio. O gado Canchim vem sendo muito utilizado em cruzamentos industriais em todo pas.

Fig 17: Canchin . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.4.3 Santa Gertrudis No ano de 1940, o governo americano reconheceu a raa Santa Gertrudis como gado de corte. A raa possui 5/8 de sangue Shorthorn e 3/8 de sangue Brahman. Tem a pelagem vermelho-escuro retinta. No Brasil, pode ser encontrado em So Paulo, Minas Gerais, Gois e Bahia, onde vem sendo muito utilizado nos cruzamentos com o gado zebuno, produzindo mestios rsticos e precoces para o abate.

Fig 18: Santa Gertrudis . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

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2.4.4 Braford A formao da raa Braford (Fig. 19) foi iniciada na dcada de 60, pelos cruzamentos das raas Hereford e do gado zebuno (zebuamericano e brasileiro), sendo reconhecida pelo Ministrio da Agricultura do Brasil em 1993. Na condio de animal sinttico, todos os graus de sangue so considerados como reprodutores para formao da raa.

Fig 19: Bradford . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

2.4.5

Beefmaster

O grau de sangue da raa desconhecido. Teoricamente possui de sangue de Hereford, de sangue de Shorthorn e sangue zebu. Em 1954, o Beefmaster foi reconhecido pelo USDA como raa pura, existindo hoje mais de 100 criadores. Atualmente, somam mais de 7.000 animais, ficando atrs no total de animais registrados apenas para as raas Angus, Hereford e Simental.

Fig 20 : Beefmaster . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

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2.4.6

Beefalo

No final da dcada de 1940, o governo do Canad comeou uma experincia que durou 40 anos para a obteno da raa. O Beefalo (Fig. 21) um animal hbrido resultante do cruzamento do Bison (3/8 de sangue) com o bovino (5/8 de sangue das raas Shorthorn, Hereford e Charols). Em 1957, teve seu primeiro touro frtil, com de sangue de Bison . O nome Beefalo originou-se no incio da dcada de 70 como resultado da produo de animais frteis com 3/8 de sangue Bison e 5/8 de sangue bovino.

Fig 21: Beefalo . Fonte www.medicinaveterinaria.UFBA/racas.ppt

3 - Histrico da entrada da espcie no BrasilContribuindo para a ocupao territorial desde o descobrimento do Brasil, e para expanso da fronteira agrcola, at os dias atuais, destaca-se o bovino de corte como elemento histrico do desenvolvimento brasileiro. Aliado a ele destacam-se, ainda, a perseverana, o esprito empreendedor e a dedicao dos criadores brasileiros de bovinos. Essa combinao se constituiu na mola propulsora da pecuria nacional e tem servido de base para o desenvolvimento do melhoramento animal no pas. Como mencionado por Domingues (1975), com os erros e acertos dos criadores possvel estabelecer um caminho para a cincia. A pecuria de corte brasileira , sem dvida, prova concreta disso. Nos trs primeiros sculos aps o descobrimento do Brasil, os animais domsticos tinham finalidade precpua de trabalho, alimentao e agasalho e eram criados de forma extrativista e emprica. A criao orientada para produo com intuito comercial s teve incio nos primrdios do sculo XIX, a partir das primeiras importaes do gado bovino da ndia, assim, inicia-se um processo de seleo emprico que teve como objetivo principal, a fixao de caractersticas ligadas forma e beleza.

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Essa fase teve importncia fundamental por possibilitar a padronizao racial, que resultou no s no estabelecimento das diferentes raas de origem indiana, mas, principalmente, pelo fato de que estas se formaram com padres indiscutivelmente brasileiros.

4. Critrios de seleo utilizados no Brasil para bovinos de corte

O que se espera de uma raa de corte? Cada sistema de produo necessita de um diferente comportamento fisiolgico dos animais para garantir uma adequada lucratividade. De maneira geral, os animais destinados ao abate tendem a apresentar a seguinte descrio, que serve como modelo para todos os tipos de cruzamentos de corte, no importando as raas envolvidas: Cabea curta, focinho largo e profundo, membros afastados e com bons aprumos, cernelha larga e plana, espduas largas e bem fixadas no corpo, linha do dorso retilnea, costelas longas e bem arqueadas, ventre no distendido, rins bem fixados, garupa longa, larga e plana, cauda bem fixada, coxa espessa, arredondada e descendente, porte mdio, estrutura ssea forte, porm leve e boa conformao de bere.

Nas duas ltimas dcadas, vrios programas de avaliao gentica foram implementados no Brasil, para vrias raas bovinas de corte. Esses programas, geralmente, estimam DEPs (Diferena Esperada na Prognie),direta e/ou materna, para caractersticas de crescimento, reprodutivas e morfolgicas. A seguir so apresentadas algumas dessas caractersticas,utilizadas em alguns desses programas.

4.1. Caractersticas reprodutivas

A eficincia reprodutiva dos rebanhos fator dos mais importantes na determinao da eficincia biolgica e econmica dos sistemas de produo de carne bovina. Do ponto de vista econmico, na bovinocultura de corte, a eficincia reprodutiva a caracterstica mais importante, seguida das caractersticas de crescimento e, por ltimo, das caractersticas de carcaa. A despeito da sua importncia econmica, as caractersticas de fertilidade foram pouco utilizadas nos programas de melhoramento no Brasil, em conseqncia da sua baixa herdabilidade e da dificuldade de medio.16

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Na ltima dcada, entretanto, algumas caractersticas ligadas eficincia reprodutiva foram incorporadas nos programas de avaliao gentica. O permetro escrotal, normalmente medido desmama, ao ano e ao sobreano, uma caracterstica indicadora, de fcil medio, que apresenta herdabilidade de mdia a alta (0,30 a 0,77) e est correlacionada positiva e favoravelmente com caractersticas de peso e negativa e favoravelmente com a idade ao primeiro parto de fmeas, indicando que, alm de responder seleo, deve resultar em mudanas nos pesos de machos e fmeas e na precocidade reprodutiva das fmeas.

Existem evidncias, tambm, de que a seleo para maior permetro escrotal no deve prejudicar o tempo de permanncia (longevidade) das fmeas no rebanho e nem aumentar o peso adulto e reduzir a taxa de maturao de fmeas. A idade ao primeiro parto, outra caracterstica utilizada como indicativo de precocidade reprodutiva, apresenta herdabilidade de magnitude baixa a mdia (0,01 a 0,46) mas principalmente baixa, indicando que a seleo no deve resultar em grandes progressos.

O perodo de gestao do bezerro tambm outra caracterstica contemplada em programa de avaliao gentica no Brasil. Apresenta herdabilidade de baixa a alta (0,06 a 0,71) e est relacionada positivamente com o peso do bezerro ao nascimento.

O intervalo de partos, caracterstica de herdabilidade baixa, tambm utilizado para avaliar a eficincia reprodutiva de vacas. Entretanto, h tendncia de essa caracterstica ser substituda pelo nmero de dias para o parto (nmero de dias do incio da estao de monta at o prximo parto), que tambm apresenta herdabilidade baixa (0,02 a 0,16) e d idia da fertilidade da vaca, ou seja, permite identificar aquelas vacas que emprenham mais cedo na estao de monta. A probabilidade de permanecer no rebanho (stayability), caracterstica tambm utilizada para medir a eficincia produtiva da vaca, apresenta herdabilidade baixa. medida como caracterstica 1 ou 0, dependendo se a vaca permanecer ou no no rebanho, seguindo-se determinado critrio.

Outra caracterstica reprodutiva, que surgiu recentemente e contemplada em pelo menos um programa de avaliao gentica no Brasil, a probabilidade de prenhez da novilha aos 14 meses de idade (PP14), de fcil medio e que apresenta herdabilidade mdia-alta. Para obteno dessa caracterstica, as novilhas so colocadas em reproduo ainda jovens, e recebem a nota 0 se no conceberem e 1 se conceberem.

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um critrio de seleo para precocidade reprodutiva, que parece responder bem seleo.

4.2. Caractersticas de crescimento

Outro grupo importante de caractersticas em bovinos de corte aquele ligado produo, que engloba as caractersticas de crescimento. Essas caractersticas so de fcil obteno e apresentam herdabilidade de mdia a alta, sugerindo elevado progresso gentico pela seleo. Por esse motivo, so mais atraentes ao produtor durante o processo de seleo e so j h algum tempo consideradas nos programas de seleo em bovinos de corte no Brasil. Dentro deste grupo de caractersticas esto os pesos, normalmente tomados ao nascimento, aos 120 dias de idade, desmama, ao ano, ao sobreano e idade adulta. Esses pesos do nascimento ao sobreano apresentam herdabilidade de magnitude baixa a alta (mdias de estimativas obtidas em trabalhos com vrias raas em regies de clima tropical, variando de 0,30 a 0,37, para vrios pesos), mas principalmente de mdia a alta, e so positivamente correlacionados, indicando que, em geral,respondem bem seleo e que a seleo para qualquer um deles deve provocar mudanas nos outros, na mesma direo. A DEP do peso ao nascimento estimada mais para monitorao, para evitar aumento significativo nessa caracterstica, com conseqente aumento nos problemas departo. Os pesos aos 120 dias de idade e desmama so utilizados para avaliar a habilidade materna das vacas e o potencial de crescimento dos bezerros. Os pesos ao ano (365 dias de idade) e ao sobreano (450 e/ou 550 dias de idade)so utilizados para avaliar o potencial de crescimento aps a desmama. O peso adulto, caracterstica de herdabilidade mdia (0,26 a 0,42) tambm utilizado para monitorar o tamanho dos animais, visando evitar animais excessivamente grandes, o que poderia comprometer o desempenho produtivo do rebanho de vacas e aumentar seus custos de manuteno. Ganhos em peso, normalmente do nascimento desmama, dadesmama ao sobreano e do nascimento ao sobreano, caractersticas de herdabilidade baixa a mdia (mdias de estimativas obtidas em trabalhos com vrias raas em regies de clima tropical, variando de 0,13 a 0,33, para vrios ganhos em peso), so tambm consideradas em alguns programas de avaliao gentica no Brasil. Outra caracterstica de crescimento o nmero de dias para ganhar determinado peso em determinada fase da vida do animal. As caractersticas nmero de dias para ganhar 160 kg do nascimento desmama (D160) e nmero de dias para atingir 400 kg (D400) do nascimento ao sobreano so utilizadas em programas de avaliao de touros no Brasil.

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Essas caractersticasapresentam herdabilidade de baixa a mdia (0,09 a 0,40) e tm mostrado correlao gentica favorvel (-0,27 a -0,47) com o permetro escrotal.

4.3. Caractersticas morfolgicas

Algumas caractersticas morfolgicas foram includas em programas de avaliao gentica de bovinos de corte no Brasil na ltima dcada, com o objetivo de melhorar caractersticas de carcaa e de acabamento, sem promover aumento no tamanho. Dentre elas, podem ser citadas: altura doanimal e CPM (conformao, precocidade e musculatura). A altura do animal, normalmente medida na garupa, apresenta herdabilidade de magnitude mdia a alta (0,27 a 0,69), quando medida em diferentes idades. Normalmente, quando includa em programa de avaliao gentica, medida ao sobreano. A conformao (C) definida como sendo a caracterstica que combina presena de massas musculares e quantidade estimada de carne na carcaa; a precocidade (P) usada para avaliar a capacidade de o animal chegar a acabamento mnimo de carcaa com peso vivo no muito elevado; e a musculosidade (M) uma caracterstica que avalia o desenvolvimento das massas musculares pela observao de pontos como antebrao, paleta, lombo e garupa. Essas caractersticas, normalmente tomadas desmama e ao sobreano, apresentam herdabilidade de baixa a mdia (0,09 a0,34). Outra caracterstica morfolgica importante que considerada em programas de avaliao gentica o tamanho do umbigo, normalmente avaliado desmama e ao sobreano. Esta caracterstica importante, pois comum a perda de um reprodutor ou mesmo a reduo no seu desempenho reprodutivo como resultado de leses de prepcio.

4.4. Caractersticas de produtividade

Outro grupo de caractersticas formado por aquelas que procuramcombinar crescimento e eficincia reprodutiva. Assim, a caractersticaProdutividade Acumulada (PAC) indica a produtividade da fmea, emquilogramas de bezerros desmamados por ano, durante a sua permanncia norebanho. A PAC expressa a capacidade da fmea de reproduzir regularmente,com menor idade, e de desmamar animais com maior peso.

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5. Principais ferramentas utilizadas pelo MGA na espcieQuando se considera o melhoramento gentico de uma raa bovina, necessrio analisar o objetivo do rebanho. Estes podem ser agrupados e, rebanhos puros (produo e venda de reprodutores) e rebanhos comerciais (produo de animais para o abate). Esta diviso implica em plantis geneticamente diferentes dentro da raa. Duas so as ferramentas disponveis para se promover o melhoramento gentico de qualquer espcie: seleo e cruzamento. Seleo o processo decisrio que indica quais animais de uma gerao tornar-se-o pais da prxima, e quantos filhos lhes sero permitido deixar. Em outras palavras, pode-se entender seleo como sendo a deciso de permitir que os melhores indivduos de uma gerao sejam pais da gerao subseqente. Acasalamento, por outro lado, um termo amplo que para animais domsticos, criados com fins comercias, importante quando resulta em concepo, gestao e nascimento de filhos. Dessa forma, um elemento complementar fundamental no processo de seleo. Quando o acasalamento ocorre entre indivduos pertencentes a raas ou espcies diferentes denomina-se cruzamento. A seleo, de modo geral, tem o objetivo de melhoria e/ou fixao de alguma caracterstica de importncia. Isso quer dizer que ela tem por finalidade aumentar, na populao, a freqncia de alelos favorveis. A melhoria obtida em caractersticas quantitativas vai depender da herdabilidade da caracterstica em questo, e do diferencial de seleo. No entanto, importante ressaltar que a seleo, apesar de possibilitar a mudana da freqncia gnica da populao, aumentando a freqncia de alelos favorveis, no cria novos genes. A mudana na freqncia dos genes resultado da definio de quais sero os pais da gerao subseqente e do nmero de filhos que estes pais deixaro. O cruzamento sem dvida uma forma de se conseguir melhoria gentica e incrementos de produo e de produtividade. Contudo, isso no elimina a necessidade, e muito menos diminui a importncia da seleo como mtodo de melhoramento gentico a ser realizado concomitantemente. Raas puras melhoradas so, na verdade, elementos fundamentais ao sucesso de qualquer programa de melhoramento. A seleo, alm de fundamental para a melhoria das raas puras, tem de ser componente essencial em um programa de cruzamentos. Cruzamento sem seleo resulta em vantagens facilmente superveis pela seleo em raa pura, ao passo que a associao das duas conduz a uma sinergia positiva.

A combinao da seleo e sistema de acasalamento define o Plano de Melhoramento.20

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5.1 Plano de Melhoramento

Para implantar qualquer plano de melhoramento necessrio definir os objetivos biolgicos e econmicos (interesses do produtor comercial e do produtor de reprodutores). A escolha dos objetivos determina a conduo, eficincia e custo do plano.

5.2 Seleo

Aps definir o objetivo, o prximo passo consiste em determinar medies ou pesagens que sero feitas na populao ou nos candidatos seleo, as quais sero utilizadas como critrios de seleo.

Os princpios para a escolha dos critrios de seleo so: Critrio de seleo deve estar relacionado com o objetivo do programa; Apresentar medio ou pesagem fcil, rpida, precisa e barata; Possibilidade de ser medida o mais precocemente possvel, antes da maturidade sexual, em ambos os sexos; Estar relacionada ao mtodo de seleo a ser usado.

5.3 Fontes de informao

As fontes de informao disponveis para a seleo de reprodutores so as medies, pesagens e observaes tomadas no indivduo e seus parentes. Podemos distinguir a seleo com base na: performance individual, pedigree, prognie e colaterais (irmo ou meio-irmos). Um programa de melhoramento necessita do desenvolvimento e manuteno de um programa sistemtico de coleta, registro e processamento de dados obtidos de uma porcentagem significativa dos animais daquela raa. Os dados coletados dever ser utilizados para avaliar o possvel valor gentico dos indivduos, possibilitando a seleo eficiente de reprodutores.

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5.4 Mtodos de Seleo

Seleo de reprodutores dentro do prprio rebanho. O melhoramento gentico de uma raa conseqncia tanto da seleo dentro dos rebanhos como da seleo entre rebanhos. Apesar das possibilidades de melhoramento atravs de um programa de inseminao artificial, a seleo de reprodutores dentro do prprio rebanho continua a exercer papel importante no melhoramento das raas de bovino de corte.

5.5 Possibilidades de seleo

Seleo de machos e fmeas de reposio, com base na performance individual, medida antes e aps a desmama. Seleciona dentro de um grupo de animais do mesmo sexo, nascidos na mesma estao de nascimento e submetidos s mesmas condies de alimentao e manejo. Seleo de vacas com base na habilidade materna ou da fertilidade, ou combinao destes dois caracteres; Avaliao de touros com base na performance da prognie. As conseqncias esperadas da seleo dentro de um rebanho so: aumento da produo da gerao corrente e aumento na produo das geraes futuras. O aumento da produo da gerao corrente depende da repetibilidade do carter em questo. A seleo de vacas quanto habilidade materna deve acarretar aumento de peso desamama pois esse caracter apresenta repetibilidade alta. O peso desmama na primeira cria um bom indicador da performance futura dessa vaca. Melhores vacas podero ser retidas no rebanho, aumentando a performance da gerao corrente. O aumento na produo denominado progresso gentico, depende: das geraes futuras, tambm

da herdabilidade dos caracter usados como critrio de seleo; da intensidade de seleo empregada, que varia com a fertilidade do rebanho, do intervalo entre geraes, que mede o tempo necessrio para a substituio de uma gerao por outra.

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5.6 Seleo entre rebanhos

A seleo est relacionada ao problema de introduzir, em um plantel, indivduos selecionados em outros rebanhos. A introduo de reprodutores pode ser feita tanto para melhorar a gentica do plantel como para manter baixa a consaguinidade do rebanho. Nos rebanhos comerciais, uma das maneiras mais eficientes de introduzir material gentico superior. A seleo entre rebanhos apresenta grande flexibilidade para o melhoramento de uma rao. As vantagens so: aumento das possibilidades de seleo, pode-se selecionar um pequeno numero de touros a partir de um grande nmero de candidatos possibilidade de evitar qualquer reduo na variao gentica e aumento da endogamia, que ocorre normalmente na seleo dentro do rebanho.

5.7 Limitaes no melhoramento gentico de bovinos de corte

Os rebanhos puros podem mudar sua composio gentica atravs da seleo de reprodutores dentro do prprio rebanho ou na introduo de novos reprodutores. No caso da introduo, implica em aquisio de animais selecionados em outros rebanhos ou uso de smen das centrais de inseminao. Os rebanhos comercias deveriam exercer alguma forma de seleo sobre as vacas, e os touros serem adquiridos dos rebanhos puros. Dentre as vrias limitaes que retardam o progresso gentico de populaes de bovinos de corte, podemos citar:

Ausncia de informaes sobre a estrutura da populao, as caractersticas dos rebanhos que sofrem alguma forma de seleo, o modo de difuso de genes atravs da populao. Limitaes nos programas de coleta de dados. Utilizao inadequada dos dados para estimar o valor gentico dos indivduos, confundindo-os com fatores ambientais ou ao uso isolado das fontes de informao. Ausncia de informaes quanto natureza das diferenas entre os rebanhos. Ausncia dos princpios de otimizao gentica e econmica nas etapas do programa.

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6. Tendncias futurasUma das maiores dificuldades para se definir critrios de seleo parabovinos de corte no Brasil a variedade de sistemas de produo existentes. No Brasil existem diferenas climticas, topogrficas e de qualidade do solo e desigualdades sociais muito grandes, o que propicia uma gama de sistemas de produo. Entretanto, esto acontecendo mudanas na direo de maior intensificao dos sistemas de produo, o que dever facilitar a definio dos objetivos de seleo. Alm disso, com a competio de outros tipos de carne e de outros mercados e com as mudanas de hbito dos consumidores finais, que esto se tornando mais exigentes em termos de qualidade (organolptica e livre de resduos) do produto, necessrio determinar novos critrios de seleo, mais adequados nova situao, para que a bovinocultura de corte brasileira torne-se competitiva.

6.1. Aumento da precocidade e da eficincia reprodutiva

Hoje j se consideram vrias caractersticas ligadas eficincia reprodutiva nos programas de avaliao gentica de bovinos de corte no Brasil.A maioria dessas caractersticas, entretanto, apresenta baixa herdabilidade,indicando a necessidade de muito esforo para se obter progresso gentico. Apesar de o permetro escrotal (PE) constituir-se em bom critrio de seleo,como caracterstica indicadora de precocidade reprodutiva e do potencial de o touro emprenhar vacas, e a probabilidade de prenhez aos 14 meses de idade(PP14) surgir como opo de critrio de seleo que mede diretamente a precocidade reprodutiva das fmeas, necessria a busca contnua de critrios de seleo que realmente possibilitem a identificao de machos e fmeas mais frteis e mais precoces para os sistemas de produo brasileiros. Alm disso, considerando-se a probabilidade de o touro emprenhar vacas, necessrio definir, para cada raa, o permetro escrotal mnimo aceitvel ou desejvel para monta natural. No caso de PP14, necessrio avaliar os efeitos da concepo em idade jovem sobre os desempenhos reprodutivo e produtivo futuros das fmeas, em diferentes sistemas de produo.

6.2. Aumentar a resistncia a parasitas

De acordo com Andrade (2001), a eficincia da explorao comercial bovina em regies tropicais depende, em grande parte, do potencial de produo dos animais, bem como da capacidade de adaptao ao ambiente, e a ocorrncia de infestaes parasitrias nos trpicos tem acarretado acentuadas quedas nos ndices de produo.24

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O grau de infestao por carrapato e mosca-dos-chifres, avaliado por meio de contagem ou por escore de infestao, tem apresentado, em geral, no Brasil, baixa herdabilidade em bovinos mestios de leite, Mantiqueira, Gir e Caracu, o que sugere dificuldades na obteno de progresso por seleo. O estabelecimento de critrio de seleo para aumento da resistncia a esses e outros parasitas (berne, helmintos) um desafio para os selecionadores,principalmente para aqueles que trabalham com raas sintticas ou compostas formadas a partir de raas europias.

6.3. Mudana da curva de crescimento e aumento da precocidade de acabamento

Como dito anteriormente, a seleo para caractersticas de crescimento vem sendo praticada h muito tempo nos rebanhos bovinos brasileiros. Essa seleo, apesar de necessria, deve ser cuidadosa, pois alguns autores observaram correlaes genticas desfavorveis de pesos com a idade ao primeiro parto e com a taxa de concepo, e outros mostram relao gentica positiva e alta (0,60 a 0,89), portanto desfavorvel, entre pesos em vrias idades e o peso adulto ou o peso assinttico (peso maturidade; parmetro A) de fmeas bovinas de corte. Mudar a forma da curva de crescimento de bovinos de corte no tarefa fcil, em virtude do antagonismo gentico existente entre os parmetros da curva. As estimativas de herdabilidade para o peso assinttico (parmetro A) e para a taxa de maturao (parmetro k) so, respectivamente, de magnitude baixa a alta (0,05 a 0,69) e baixa a mdia (0,13 a 0,37) e a correlao gentica entre eles negativa, indicando ser possvel modific-los pela seleo e que a seleo para aumentar um deles deve resultar em reduo no outro, ou vice versa. Alm desses aspectos, necessria a definio do tamanho adulto aceitvel ou desejvel, para as vrias raas nos diferentes sistemas de produo brasileiros, o que contribuir para o delineamento de objetivos de seleo. Apesar da utilizao das caractersticas CPM, talvez um critrio de seleo do futuro seja tempo para atingir determinado peso de abate com o animal terminado, e esse um desafio. possvel que o uso da ultrasonografia possa contribuir.

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6.4. Obteno de animais com melhor eficincia de utilizao de alimentos

Alm do crescimento do animal, necessrio que seja medida sua converso alimentar, pelo monitoramento do consumo de alimentos, pelo menos para uma parcela dos animais selecionados. Em regime de pastagens,essa tarefa difcil, mas nas provas em confinamento mais fcil. De qualquer maneira, esse um desafio para o futuro.

6.5. Melhorar a maciez da carne

Dentre os fatores organolpticos de qualidade, a maciez dos mais importantes na aceitao da carne por parte do consumidor. Apesar da existncia de mtodos no-genticos (processos qumicos e mecnicos) que podem induzir ou preservar a maciez da carne, existem variaes de origem gentica que podero ser exploradas pelo setor produtivo no futuro. Existem diferenas genticas, por exemplo, quanto ao grau de marmoreio (Fig. 22) e a atividade da calpastatina, caractersticas que, entre outras, esto ligadas maciez da carne. Os custos na obteno dessas informaes, entretanto, limitam sua utilizao em programas de melhoramento. A determinao de critrios de seleo diretos ou indiretos para maciez de carne, de aplicao mais fcil, um desafio a ser vencido pela pesquisa.

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Fig 22. Marmore. Arquivo pessoal

6.6. Temperamento

O temperamento caracterstica importante, porque o manejo mais fcil quando os animais so menos reativos, porm no letrgicos, e porque o estresse pode afetar a qualidade da carne. Encontrar a maneira fcil e segura de avaliar o temperamento dos animais essencial para incluir esse tipo de caracterstica nos programas de avaliao de bovinos de corte.

7 .Concluso

Finalmente, o nmero de programas de avaliao gentica de bovinos de corte no Brasil cresceu nas ltimas duas dcadas e novas caractersticas, principalmente ligadas eficincia reprodutiva, foram incorporadas nesses programas; entretanto, necessria a busca contnua de novos critrios de seleo, alternativos aos convencionais, para que a eficincia de produo seja aumentada, os anseios do consumidor sejam cada vez mais satisfeitos e o setor torne-se efetivamente competitivo.

O desenvolvimento e a modernizao da atividade agropecuria se tornam cada vez mais necessrio devido ao crescimento populacional e necessidade de elevao do bem estar da sociedade, mas sobre tudo pela exigncia do mercado e a competitividade imposta pela economia atual.

O alcance da competitividade do agronegcio em uma economia global depende da capacidade do sistema produtivo de disponibilizar produtos que atendam aos crescentes critrios de qualidade e especialidade. Assim, o desenvolvimento de tcnicas inovadoras no melhoramento gentico da bovinocultura de corte tem contribudo para o aumento da qualidade nas atividades frigorficas, assim como a melhoria da qualidade da carne no cenrio mundial.

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8. Referncias www.medicinaveterinaria.ufba.br/racas.ppt www. ainfo.cnptia.embrapa.br www.manera.feis.unesp.br/pdf/trabalhos%20exterior%202009/Geneplus.ppt

PEIXOTO, Aristeu Mendes; MOURA Jos Carlos; Faria, Vidal Pedroso de, Bovinocultura de corte:fundamentos da explorao racional, 3 edio, Piracicaba, FEALQ, 1999.

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FARIA, Carina Ubirajara de , Impactos da Pesquisa Cientfica no Melhoramento Gentico de bovinos de corte para qualidade da Carne, PUBVET, v.2, N32, Ago 1, ISSN 1982-1263,2008.

OLIVEIRA, Carlos Antonio Lopes, Avanos em Melhoramento Gentico de raas de bovinos de corte: Melhoramento da Habilidade materna, , Prof. Zootecnia Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, II SIMBOI, 2006 , Braslia DF.

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