Trabalho poluição do solo

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    Definio de poluio do solo

    Poluio pode ser definida como a introduo no meio ambiente de qualquermatria ou energia que venha a alterar as propriedades fsicas ou qumicas oubiolgicas desse meio, afetando, ou podendo afetar, por isso, a "sade" das

    espcies animais ou vegetais que dependem ou tenham contato com ele, ouque nele venham a provocar modificaes fsico-qumicas nas espciesminerais presentes. A poluio do solo consiste numa das formas de poluio,que afeta particularmente a camada superficial da crosta terrestre, causandomalefcios diretos ou indiretos vida humana, natureza e ao meio ambienteem geral. Consiste na presena indevida, no solo, de elementos qumicosestranhos, de origem humana, que prejudiquem as formas de vida e seudesenvolvimento regular.A poluio do solo pode ser de duas origens: urbana eagrcola.

    Origem

    A revoluo industrial iniciada no sculo XVIII nem de longe poderia prever queem apenas cerca de 250 anos poderia se ter atingido a atual fase dedesenvolvimento tecnolgico e cientfico. Porm, esta rpida industrializao eo aumento do consumo causou srios problemas ao meio ambiente.Atualmente a poluio do ar, gua, solos, a contaminao de alimentos e ovolume de resduos slidos so suas maiores heranas e afetam grandementea sade da populao e o meio ambiente. Nesse sentido, muitos trabalhos tminvestigado as diversas substncias qumicas quanto aos efeitos sadehumana e a Universidade tem dado importante contribuio para esses

    estudos. Dentre os compostos considerados altamente txicos destacam-se asdioxinas e os furanos. Assim, a presente atualizao bibliogrfica teve comoobjetivo relatar a origem e os riscos sade pblica e possibilitar oconhecimento de algumas reas de pesquisa sobre esses compostos. Aatualizao considerou 16 referncias selecionadas, cobrindoaproximadamente doze anos (1986 a 1997).

    Pesquisas tm mostrado que esses compostos no ocorrem naturalmente, sofrutos principalmente da era industrial, em especial no sculo XX, formadoscomo subproduto no intencional de vrios processos envolvendo o cloro ousubstncias e/ou materiais que o contenham, como a produo de diversos

    produtos qumicos, em especial os pesticidas, branqueamento de papel ecelulose, incinerao de resduos, incndios, processos de combusto(incinerao de resduos de servios de sade, incinerao de lixo urbano,incinerao de resduos industriais, veculos automotores) e outros.

    A seqncia de reaes de formao dos PCDD e PCDF no bem entendidaou conhecida. Existem trs teorias bsicas que tm sido propostas para aocorrncia desses compostos em incineradores de resduos slidos municipais(WHO/EURO16, 1987):

    a) Ocorrem como constituintes em pequenssimas quantidades, traos, no

    prprio resduo e uma parte passa atravs do incinerador, sem transformao;

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    b) so produzidos durante a incinerao ou em caldeiras, atravs deprecursores, como o PCB [polychlorinated biphenyl - bifenila policlorada], ospentaclorofenis e os benzenos clorados;

    c) so produzidos a partir de materiais no diretamente relacionados a esses

    compostos (ex: produtos do petrleo em geral, hidrocarbonetos clorados, onscloreto inorgnico e plsticos).

    A primeira hiptese tem sido descartada nos casos em que a temperatura dacmara de combusto alta o suficiente para destruir os PCDD e PCDF, comoocorre na incinerao de resduos em que a temperatura em geral est prximaou acima de 900C e o tempo de residncia alto (1 a 2 segundos).

    Na terceira hiptese, esses compostos podem ser formados por mecanismoconhecido como sntese "de novo" atravs de reaes elementares entrecarbono, hidrognio, oxignio e cloro. Tem sido observada a formao de

    dioxinas, furanos e compostos relacionados com o benzeno e fenis cloradosno carbono residual coletado na sada do sistema de combusto (regio detemperatura entre 300 a 400C), quando na presena de cido clordrico,oxignio e gua. Essas reaes so catalisadas por vrios metais, xidosmetlicos e silicatos, presentes no material particulado arrastado (Milligan8,1993; Dickson2,1987).

    Na faixa de temperatura de 250 C a 400 C ocorre a maior formao dedioxinas (PCDD e PCDF), na combusto de resduos qumicos, como PCB(Porteous11, 1992).

    As fontes de PCDD e PCDF (WHO/EURO16, 1987) podem ser divididas em doisgrandes grupos, o dos produtos qumicos e o dos processos de combusto:

    a) Produtos qumicos: PCB (formao de furanos somente), componentes doagente-laranja (2,4,5-T e 2,4-D), pentaclorofenol, hexaclorofeno, herbicidas dogrupo difenileter, benzenos clorados, compostos de cloro e bromoassemelhados;

    b) processos de combusto: incineradores de lixo municipais, incineradores deresduos industriais, incineradores de lodos, incineradores hospitalares, plantas

    de preparao de carvo, termeltricas a carvo, recuperao de arames,produo de papel e celulose, queima ao ar livre de resduos de madeira,veculos automotores, fumaa de cigarro, lareiras que queimam madeira,aciarias, fundies de cobre, e outros.

    Caractersticas

    As dibenzo-p-dioxinas policloradas (PCDD - polychlorinated-p-dibenzodioxins)e os dibenzofuranos policlorados (PCDF - polychlorinated-p-dibenzofurans),comumente chamadas de dioxinas e furanos, so duas classes de compostosaromticos tricclicos, de funo ter, com estrutura quase planar e que

    possuem propriedades fsicas e qumicas semelhantes. Os tomos de cloro seligam aos anis benznicos, possibilitando a formao de um grande nmero

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    de congneres: 75 para as dioxinas e 135 para os furanos, totalizando 210compostos. Os ismeros com substituies de cloro na posio 2,3,7 e 8 sode interesse especial devido sua toxicidade, estabilidade e persistncia. AsPCDD e os PCDF 2,3,7,8-substitudos so encontrados em quase todo o meioambiente.

    As seguintes definies so importantes para entender os diversos compostosqumicos dentro da famlia das dioxinas e furanos (Bellin 1986 citado emOliveira10, 1996):

    Congnere - denominao de um dado composto pertencente a uma classe de

    substncia qumica. Neste caso, qualquer composto com 1 a 8 tomos decloro, pertencente classe das dioxinas ou dos furanos, corresponde a umcongnere.

    Homlogos -denominao dos compostos com o mesmo nmero de tomosde cloro e pertencentes mesma classe de substncias. H 8 grupos dehomlogos das dioxinas policloradas e 8 para os furanos policlorados.

    Ismeros - so compostos diferentes com mesma frmula molecular(molculas dentro do mesmo grupo homlogo, com diferentes localizaes dostomos de cloro). A mostra os ismeros e os congneres das dioxinas e

    furanos.

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    Formas de poluio e disponibilidade

    As rotas de exposio incluem exposio direta pelas emisses atmosfricas e

    de chamins e exposio indireta pela contaminao do solo e produtosalimentcios, gua e outros.

    Estudos nos EUA tm mostrado que l a maior fonte de dioxina a daalimentao. Como a dioxina solvel na gordura, ela bioacumula na cadeiaalimentar e encontrada principalmente na carne e no leite e seus derivados. Adose diria total mdia recebida pelos norte-americanos de cerca de 100 pgTEQ/dia (pg=10-12g) (Usepa/SAB15,1995).

    Outro estudo efetuado em Montgomery, Estado de Maryland, nos EUA,mostrou a seguinte distribuio do risco estimado, em relao a dioxinas efuranos (Jones6, 1994):

    87,1% pelo consumo de carne e de laticnios;

    5,1% pelo consumo de vegetais;

    4,6% pela ingesto de poeiras;

    2,8% por inalao;

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    menos de 1% pelo consumo de peixes e outras fontes.

    Atravs da parte gordurosa dos animais ela se acumula, podendo atingir o topoda cadeia alimentar. A principal via parece ser ar-vegetais at atingir oshumanos ou outros animais. Nos peixes, a principal rota de exposio a

    gua. Plantas e animais so expostos principalmente atravs de particuladossuspensos no ar. As partculas sedimentam na vegetao que pode servir dealimento para animais, podendo passar para o homem.

    ESTIMATIVAS DE EMISSO

    Conhecer a emisso total de uma dada regio e a participao das diversasfontes neste total de grande importncia na determinao do risco a que aspessoas e outros receptores esto expostos e para o estabelecimento de

    polticas pblicas de controle desses poluentes. Conforme j mencionadoanteriormente, vrias so as fontes de emisso de dioxinas e furanos, algumasdelas ainda no muito bem estudadas.

    Um levantamento recm-completado o da Usepa, cujo relatrio foi emitido emjunho de 1997. A base de referncia para as emisses o ano de 1990, mas orelatrio menciona que a participao das diversas fontes estaria modificadaatualmente, no s pela reavaliao dos fatores de emisso (quantidadeemitida por uma dada fonte em funo de algum parmetro da mesma), comotambm pela implantao de sistemas de controle de poluio do ar maiseficientes, como por exemplo nos incineradores de lixo municipal, fornos deproduo de cimento e incineradores de resduos de servios de sade. O totalde emisso desses compostos na atmosfera nos EUA foi de 5,49 kg TEQ, noano de 1990. A maior fonte de emisso foi a incinerao de resduosmunicipais com 60,18% (3,3 kg TEQ/ano), em segundo lugar ficou aincinerao de lixo de servios de sade, com 10,88% (0,597 kg TEQ/ano), eem terceiro lugar os fornos de produo de cimento que queimavam resduosperigosos, com participao de 3,85% (0,211 kg TEQ/ano) (Usepa12, 1997).

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    A participao da emisso de dioxinas e furanos por veculos ainda alvo de

    controvrsias. Estudo desenvolvido na Sucia, por Marklund et al.7

    (1990)mostrou que os veculos a gasolina com adio de chumbo tetraetilaapresentavam emisso de dioxinas, enquanto os veculos a gasolina semchumbo emitiam furanos. Os veculos diesel testados no apresentaramemisso nem de dioxinas nem de furanos acima do limite de deteco domtodo empregado, ressalvando-se que o leo diesel utilizado no continhacloro. Outro estudo desenvolvido na Noruega, por Oehme et al.9 (1991),resultou em fatores de emisso de 0,04 a 0,5ng TEQ/km ( ng=10 -9g) paraveculos leves a gasolina e 0,8 a 9,5 ng TEQ/km para veculos pesados adiesel, ou seja, os veculos diesel emitiam 20 vezes mais que os veculos agasolina. O fator de converso para determinao da TEQ seguiu o modelo

    nrdico. Jones5 (1993) considera a participao dos veculos diesel de grandeimportncia para explicar a diferena entre a emisso total estimada para osEUA de 80 kg/ano, assim como a uniformidade geogrfica dos nveis dedioxina no tecido adiposo sugere a existncia de fontes mais uniformementedistribudas espacialmente. Utilizando modelagem de disperso atmosfrica,Jones5 (1993) verificou nveis altos de dioxinas prximos a vias de trfego. Aconcentrao anual em termos de TEQ foi de 8,6 x 10-8 g/m3, correspondenteao risco de cncer por inalao de 3,9 chances em um milho (3,9x10-6). Oautor considera tambm outro aspecto bastante significativo, a rea abrangidapelas emisses de incineradores e aquela abrangida por emisses de veculos.Para 400 unidades de incinerao nos EUA, a rea total de impacto (2 km deraio) corresponderia a 5.040 km2. A rea total de impacto pelas emisses deveculos associadas s principais rodovias daquele pas, numa faixa de 2 kmda rodovia, resulta em 4,51 x 106 km2 . Isso representa 18% de toda a extensodas rodovias nos EUA, sendo que da rea afetada pelos veculos, 79% est nazona rural e 21% na zona urbana. Com base nessas informaes, Jones 5

    conclui que isso um fator a mais para que as fontes mveis, em especial osveculos diesel, sejam mais importantes que os incineradores, pois a maioriados incineradores est em regies urbanas.

    Influencias das caractersticas qumicas e toxidade

    Das 210 dioxinas e furanos existentes, 17 compostos com substituies naposies 2,3,7 e 8 destacam-se sob o ponto de vista toxicolgico. A toxicidadeaguda mais elevada para a 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina (2,3,7,8-TCDD) que ultrapassada somente por algumas outras toxinas de origemnatural (Grossi3, 1993).

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    A toxicidade da 2,3,7,8-TCDD muito varivel para diferentes tipos de animais.Para cobaias a dose letal (via oral) cerca de 1 g/kg de peso corporal,enquanto para hamster a dose txica aguda cerca de 3.000 - 4.000 g/kg depeso corporal (Grossi3, 1993). Para seres humanos, em vrios estudosepidemiolgicos com pessoas expostas mistura de dioxinas, furanos e outrosprodutos qumicos, tem-se observado o aumento da incidncia de cncer emdiferentes locais do organismo, mas vrios fatores limitam a confiana nessesachados (IPCS4, 1989). O nico efeito comprovado at o momento acloroacne. Em 1994, a Agncia de Proteo Ambiental dos EUA (Usepa -United States Environmental Protection Agency) completou uma reavaliaodos efeitos das dioxinas e furanos e algumas das concluses esto relatadas a

    seguir:

    Em relao ao desenvolvimento de tumores malignos, a reavaliao feita pelaUsepa conclui que as evidncias disponveis apontam fortemente que a TCDDexerce seu efeito carcinognico, primariamente atravs de sua efetividadecomo agente promotor de estimulao de replicao de clulas de maneirareversvel, e inibindo apoptosis. Ambos os mecanismos so mediadospresumivelmente atravs do receptor Ah (receptor de hidrocarbonetoaromtico) e mecanismos transducionais associados. Portanto, a TCDD no um carcingeno completo e no deveria ser designado pela Usepa como tal,assim entendendo o Comit Consultivo para Cincia (SAB - Science Advisory

    Board). Quase todos os membros do Comit concordam com o julgamento daUsepa de que a 2,3,7,8-TCDD, sob certas condies de exposio, capaz deaumentar a incidncia de cncer em humanos. As TCDDs esto classificadospela Usepa no grupo B1 (provvel carcinognico humano com base eminformao limitada de estudos em humanos assim como em animais)(USEPA/SAB15,1995).

    Estudos realizados em vrias espcies animais, primariamente roedores, mastambm cobaias, coelhos, macacos e gado so suficientes para demonstrarque o sistema imune alvo para as dioxinas e furanos. O efeito dessescompostos no sistema reprodutivo tem sido reconhecido h vrios anos,

    considerando-se inclusive que este pode estar entre os "end points" maissensveis da dioxina. Os estudos em animais de laboratrio tm demonstrado

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    que a dioxina carcingeno em vrios pontos do organismo, em ambos ossexos e em diversas espcies. Vrios estudos indicam que, em grande parte,os humanos parecem responder semelhantemente aos animais submetidos ateste, no que diz respeito aos efeitos bioqumicos e carcinognicos (Usepa14,1994).

    Documento de 1995 da "American Public Health Association"(APHA) apia asconcluses da Usepa, nos seus documentos "Health Assessment Documentfor 2,3,7,8-Tetrachlordibenzo-p-dioxin (TCDD) and Related Compounds" e"Estimating Exposure to Dioxin-like compounds". A APHA1 afirma que "em faceda incerteza cientfica, embora menos que a existente no passado, asconcluses da Usepa parecem proteger adequadamente a sade pblica e asade de outras espcies".

    Como resultado da expanso das pesquisas na ltima dcada, o grandeespectro de conseqncias sade agora creditadas s dioxinas incluem

    cnceres, efeitos reprodutivos e no desenvolvimento, deficincia imunolgica,disrupo endcrina incluindo diabetes mellitus, nveis de testosterona e dohormnio da tiride alterados, danos neurolgicos incluindo alteraescognitivas e comportamentais em recm-nascidos de mes expostas dioxina,danos ao fgado, elevao de lipdios no sangue, o que se constitui em fator derisco para doenas cardiovasculares e danos pele (APHA1, 1995).

    Toxicidade equivalente (TEQ) tem sido utilizada para correlacionar a toxicidadedos diversos compostos do grupo das dioxinas e dos furanos, com aquelaconsiderada mais txica, ou seja, a 2,3,7,8-TCDD, tomada como valor 1 (um).Assim, cada composto deve ter sua participao absoluta multiplicada pelofator de equivalncia, e a soma desses valores para todos os PCDD e PCDFpresentes resultar na toxicidade total relativa 2,3,7,8-TCDD.

    Os fatores de equivalncia foram introduzidos por rgos competentes dediversos pases, existindo divergncias entre os valores de conversoadotados. Em 1988, o Comit de Desafios da Sociedade Moderna daOrganizao do Tratado do Atlntico Norte (OTAN/CCMS) estabeleceu fatoresde equivalncia internacionais (I-TEF) com o objetivo de eliminar diferenasentre os valores empregados por diversos pases (Oliveira 10, 1996). Na Tabelaso apresentados os fatores de converso adotados pela Usepa e pela

    OTAN/CCMS.

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    BIBLIOGRAFIA

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    http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-poluicao/index.php

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