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Trabalho Social em Habitação: para quê e para quem? SEMINÁRIO INTERNACIONAL TRABALHO SOCIAL EM HABITAÇÃO: DESAFIOS DO DIREITO A CIDADE 15 de março de 2016. Rosangela Paz

Trabalho Social em Habitação: para quê e para quem? · trabalho social. • A consistência do TS depende da discussão coletiva e do compartilhamento de conceitos-chaves, como

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Trabalho Social em Habitação:

para quê e para quem?

SEMINÁRIO INTERNACIONALTRABALHO SOCIAL EM HABITAÇÃO: DESAFIOS DO DIREITO A CIDADE

15 de março de 2016.

Rosangela Paz

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Trabalho Social:

para quê para quem

SEMINÁRIO INTERNACIONALTRABALHO SOCIAL EM HABITAÇÃO: DESAFIOS DO DIREITO A CIDADE

Rosangela Paz

Campo:

DisputasTensões

Contradições

Trabalho Social em Habitação: para quê e para quem?

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A trajetória do trabalho social em habitação

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• O Trabalho social tem que ser compreendido situado historicamente.

• A trajetória do trabalho social em habitação pode ser vista de diferentes anglos. Há muita história para ser contada e analisada, que depende muito dos lugares (cidades) e de seus atores.

• Períodos históricos e algumas marcas desse processo. Responde a convocações da política e do contexto social.

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Contextos – Políticas - Trabalho Social

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• visões conservadores, higienistas, “educadoras/disciplinadoras”, erradicação de favelas, remoçõesAnos 40/50

• período BNH - 64-85: Destaque o trabalho realizado pelas COHABS e Cooperativas Habitacionais, criadas para atender aos trabalhadores sindicalizados. É desse período a discussão sobre demanda, participação e organização

Anos 64-85

•pressão popular nos municípios, iniciativas municipais (políticas alternativas),•Constituição de 1988, estados e municípios passam a ter o papel de promotores de programas habitacionais, mas desprovidos de uma política nacional com diretrizes e financiamento

Anos 86-90

• Neoliberalismo

• Privatizações, terceirizações

• TS: contrapartida

Anos 90

• criação do Ministério das Cidades: amplia-se a concepção e o reconhecimento do trabalho social que passa a ser entendido como COMPONENTE DA PNH, financiado.

Anos 2000

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Trabalho Social

Visão assistencial (diferente de assistência social)

Atendimentos pontuais emergenciais nas secretarias de AS

Componente da política

habitacional

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Habitação popular: (paradigma dos anos 70/80/ditadura ainda

presente....)

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“pobre é problema da assistência social”

“casa de má qualidade”

“não é direito é favor”

“pra pobre”

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SEMINÁRIO INTERNACIONALTRABALHO SOCIAL EM HABITAÇÃO: DESAFIOS DO DIREITO A CIDADE

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O trabalho social tem posição, tem lado, não é neutro e deve ter como pressupostos:

Trabalho Social em Habitação: para quê e para quem?

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Pressupostos para o Trabalho Social:

• O direito à cidade e o direito à moradia, ao trabalho e renda, à educação, ao transporte, à saúde, cultura e lazer, ao ir e vir, à preservação do patrimônio, à infância, à juventude, à aposentadoria, ao futuro.

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Pressupostos para o Trabalho Social:

• O direito a participação. A população deve ser respeitada no seu direito à cidade e a moradia, a informação e incentivada à organização. A moradia é o terreno do cotidiano, dá o sentido de pertencimento a um determinado território e coletividade, estrutura a vida e as relações de trabalho e convívio, carregado de história, de subjetividade, de desejos, de possibilidades objetivas, de formas de ser e viver; o elemento mais presente na vida das pessoas.

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Pressupostos para o Trabalho Social:

• As políticas e ações públicas são concretização de direitos sociais, por meio dos quais são distribuídos ou redistribuídos bens e serviços em resposta a demandas da coletividade.

• A busca por superação da fragmentação das políticas sociais por meio do planejamento e da concretização de ações intersetoriais necessárias ao desenvolvimento de projetos integrados.

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Pressupostos para o Trabalho Social:

• A convicção de que a moradia projetada e construída pelo Poder Público deve respeitar um padrão construtivo e estético no que se refere ao desenho arquitetônico, à qualidade do material de construção, ao revestimento e acabamento de tal forma a evitar estigmatização que a identifique como destinada a pobres.

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Pressupostos para o Trabalho Social:

• A competência e primazia do governo municipal na condução da política municipal de habitação, com participação ativa da sociedade civil nos processos de definição e controle de sua execução. Nesse sentido, cabe ao executivo municipal a responsabilidade pela definição de diretrizes e metodologias referentes ao trabalho social, operacionalizadas pela ação direta de seus quadros funcionais, ou pela intervenção de agentes contratados para este fim (terceirizados), sob regulação e supervisão estatal.

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O PÚBLICO: A POPULAÇÃO -MORADORES

O AGENTE FINANCEIRO

O EXECUTOR :

prefeitura, empresa, assessoria, movimento

O CONTRATANTE:

ENTE PÚBLICO

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TRABALHO SOCIAL EM HABITAÇÃO: para quê e para quem?

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Aliado dos movimentos

sociais? (fortalecimento de

lutas e cidadania), ou controle da população?

RECURSOS

Operador de programas

x

processo social

Sustentabilidade

da obra?

O QUE ESTÁ EM DISPUTA?

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Natureza e especificidade do Trabalho Social

Lugar do TS na política e na estrutura administrativa (direto/terceirizado, etc.)

TS por empreendimento X no território

Instrumentalidade do Trabalho Social (repertórios)

Relações com os diversos agentes

PUC/SP

TRABALHO SOCIAL – está em DISPUTA!

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Mas onde estão os problemas?

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1. A armadilha das normas, regras e normativos para o TS

– É um componente da Política Habitacional e Urbana;– Mas é essencialmente um processo de trabalho em

territórios, através de um amplo leque de ações;– Tem como horizonte à melhoria da qualidade de vida

das famílias, à defesa dos direitos sociais, o acesso a cidade a moradia, aos serviços públicos, o incentivo e o fortalecimento da participação e organização autônoma da população.

– NÃO PODE ENGESSAR O TRABALHO SOCIAL– NÃO PODE SER FORMALIDADE, RITUAL

– MÍNIMO TORNA-SE O MÁXIMO.

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Mas onde estão os problemas?

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2. Trabalho Social faz a diferença, mas não resolve problemas estruturais do Programa, como:

• questões do projeto, obra,

• inserção urbana, mobilidade, serviços públicos e ainda,

• questões relativas ao contexto social, como a violência e o tráfico,

• Interesses do mercado imobiliário.

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3. Os avanços não foram acompanhados de investimentos no que chamamos de estruturação institucional, ou desenvolvimento institucional, ou ainda reordenamentoinstitucional que dota os municípios de capacidades gerenciais e de estrutura.

Em muitos municípios, o trabalho social em HIS está locado,equivocadamente, nas secretarias ou departamentos de assistênciasocial, sem que a habitação seja reconhecida como lócus próprio dapolítica pública e as ações são reduzidas à prestação de alguns serviçose atendimentos individualizados e imediatistas com vistas a minimizarcondições precárias de habitabilidade, além de sobrecarregar a área daassistência social com funções que não são suas.

• A efetividade do TS depende da sua inserção nas estruturas administrativa e política da secretaria responsável pela política habitacional, com definição de competências e responsabilidades, condições de trabalho e equipe dimensionada e capacitada de acordo com as necessidades das frentes de trabalho.

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4. Papéis dos agentes públicos

– Com os novos normativos, há uma ampliação do papel do agente financeiro.

– A relação das equipes das prefeituras é muito mais com o agente financeiro do que com o Ministério, o que traz impactos na concepção e implementação dos projetos sociais.

– O ente municipal deve ter maior autonomia.

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5. Formação

– Acadêmica: matrizes conceituais

– As análises apontam a necessidade de investimentos em programas de formação dos quadros técnicos sobre a política urbana e habitacional, a concepção de trabalho social, competências, metodologia e estratégias de ação, afinadas com a política habitacional, a qualidade da moradia, a participação e organização social.

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• É com o olhar para a construção de cidades, que deve se inserir o trabalho social.

• A consistência do TS depende da discussão coletiva e do compartilhamento de conceitos-chaves, como moradia digna, qualidade de vida, trabalho, participação, movimentos sociais, etc. Mas isso só se faz com equipe fixa e permanente. Cabe ao ente público dimensionar a equipe e prover as condições para o seu funcionamento, como concurso e contratações.

Trabalho Social

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Trabalho SocialA natureza do TS é essencialmente relacional eprocessual.Trabalhar com a população, as famílias, os movimentossociais, as redes e organizações, implica conhecer asrelações que se estabelecem nos territórios, as disputase os conflitos e intervir respeitando as característicassocioculturais.Essa processualidade impõe a interlocução e oplanejamento entre as diferentes equipes, aengenharia, arquitetura, o jurídico e as equipessociais, e, ainda, a articulação com as outras áreas depolíticas públicas.