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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE METODOLOGIA DE ENSINO ENSINO DE TRIGONOMETRIA: UM ENFOQUE METODOLÓGICO 1

Trabalho trigonometria

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOSCENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANASDEPARTAMENTO DE METODOLOGIA DE ENSINO

ENSINO DE TRIGONOMETRIA: UM ENFOQUE METODOLÓGICO

Disciplina: METODOLOGIA DO ENSINO DE MATEMÁTICADocente: Profa. Dra. Maria do Carmo de SousaAlunos: Ailton Barcelos da Costa

Fábio Domingues Gabriel Lopes da Rocha

Marcelo Aguiar Dias

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AILTON BARCELOS DA COSTAFÁBIO DOMINGUES

GABRIEL LOPES DA ROCHAMARCELO AGUIAR DIAS

ENSINO DE TRIGONOMETRIA:UM ENFOQUE METODOLÓGICO

SÃO CARLOS

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2007ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

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1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TRIGONOMETRIA

A origem da trigonometria é incerta. Entretanto, pode-se dizer que o início do

desenvolvimento da trigonometria se deu principalmente devido aos problemas gerados

pela Astronomia, Agrimensura e Navegações, por volta do século IV ou V a.C., com os

egípcios e babilônios. É possível encontrar problemas envolvendo a cotangente no Papiro

Rhind e também uma notável tábua de secantes na tábua cuneiforme babilônica Plimpton

322.

Para considerar a gênese, devemos discutir qual o significado que daremos ao termo

Trigonometria. Se o tomarmos como a ciência analítica estudada atualmente, teremos a

origem no século XVII, após o desenvolvimento do simbolismo algébrico. Mas, se o

considerarmos para significar a geometria acoplada à Astronomia, as origens remontarão

aos trabalhos de Hiparco, no século II a.C., embora existam traços anteriores de seu uso. Se

o considerarmos, ainda, para significar literalmente medidas do triângulo, a origem será no

segundo ou terceiro milênio antes de Cristo.

De acordo com EVES (1997), temos que:

“ Um certo número de papiros egípcios de algum modo resistiu ao

desgaste do tempo por mais de três milênios e meio. O mais

extenso dos de natureza matemática é um rolo de papiro com cerca

de 0,30 m de altura e 5 m de comprimento, que está agora no

British Museum, exceto uns poucos fragmentos que estão no

Brooklin Museum. Foi comprado em 1858 numa cidade à beira do

Nilo, por um antiquário escocês, Henry Rhind, que lhe emprestou o

nome. Às vezes, é chamado Papiro Ahmes em honra ao escriba que

o copiou por volta de 1650 a.C. O escriba conta que o material

provém de um protótipo do Reino do Meio, de cerca de 2000 a

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1800 a.C., e é possível que parte desse conhecimento tenha

provindo de Imhotep, o quase lendário arquiteto e médico do

Faraó Zoser, que superintendeu a construção de sua pirâmide há

cerca de 5000 anos. De qualquer modo, a matemática egípcia

parece ter ficado estagnada por cerca de 2000 anos, após um

início bastante auspicioso. Talvez a mais notável das tabulas

matemáticas babilônias já analisadas. O nome indica tratar-se da

tabula da coleção G.A. Plimpton da universidade de Colúmbia,

catalogada sob o número 322. A tabula foi escrita no período

Babilônico Antigo - aproximadamente entre 1900 e 1600 a.C. - e os

primeiros a descrever seu conteúdo foram Neugebauer e Sacs em

1945".

Então, podemos dizer que os primeiros indícios de rudimentos de trigonometria

surgiram tanto no Egito quanto na Babilônia, a partir do cálculo de razões entre números e

entre lados de triângulos semelhantes.

No Egito, isto pode ser observado no Papiro Ahmes, conhecido como Papiro Rhind,

que data de aproximadamente 1650 a.C., e contém 84 problemas, dos quais quatro fazem

menção ao seqt de um ângulo.

Ahmes não foi claro ao expressar o significado desta palavra mas, pelo contexto,

pensa-se que o seqt de uma pirâmide regular seja equivalente, hoje, à cotangente de um

ângulo.

Na construção das pirâmides era essencial manter uma inclinação constante das

faces, o que levou os egípcios a introduzirem o conceito de seqt, que representava a

razão entre afastamento horizontal e elevação vertical.

Além da utilização da trigonometria nas medições das pirâmides, apareceu no

Egito (1500 a.C. aproximadamente) a idéia de associar sombras projetadas por uma vara

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vertical a seqüências numéricas, relacionando seus comprimentos com horas do dia

(relógios de sol).

Poderíamos dizer então que essas idéias estavam anunciando a chegada, séculos

depois, das funções tangente e cotangente. Os predecessores da tangente e da cotangente,

no entanto, surgiram de modestas necessidades de medição de alturas e distâncias.

Como já mencionamos, os primeiros vestígios de trigonometria surgiram não só no

Egito, mas também na Babilônia. Os babilônios tinham grande interesse pela Astronomia,

tanto por razões religiosas, quanto pelas conexões com o calendário e as épocas de plantio.

É impossível o estudo das fases da Lua, os pontos cardeais e as estações do ano sem

usar triângulos, um sistema de unidades de medidas e uma escala.

Os babilônios foram excelentes astrônomos e influenciaram os povos posteriores.

Eles construíram no século 28 a.C., durante o reinado de Sargon, um calendário

astrológico e elaboraram, a partir do ano 747 a.C, uma tábua de eclipses lunares. Este

calendário e estas tábuas chegaram até os nossos dias (Smith, 1958).

Papiro Rhind, Museu de Londres.

Uma trigonometria primitiva foi encontrada no Oriente. Na China, no reinado de

Chóu-pei Suan-king, aproximadamente 1110 a.C., os triângulos retângulos eram

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freqüentemente usados para medir distâncias, comprimentos e profundidades. Existem

evidências tanto do conhecimento das relações trigonométricas quanto do conceito de

ângulo e a forma de medi-lo mas, infelizmente não temos registro de como eram feitas

as medições e quais as unidades de medida usadas.

Na literatura chinesa, segundo COSTA, encontramos uma certa passagem que

podemos traduzir por: "O conhecimento vem da sombra, e a sombra vem do gnômon", o

que mostra que a trigonometria plana primitiva já era conhecida na China no segundo

milênio a.C

Também na China, em 152 a. C., há indícios que Chuan Tsanom sistematizou todo

o conhecimento matemático conhecido na coleção "A Matemática em Nove Livros", a

qual foi modificada mais tarde no século I d. C. por Lin Sing, onde já se usava o π =

3,1547, obtido de maneira semelhante a que Arquimedes (287 – 212 a. C.) conseguiu na

Grécia.

Ainda na China Antiga, no século III d. C, Lin Hui, fazia aplicações do teorema de

Pitágoras.

A primeira amostra documentada de contribuição grega para o estudo da

trigonometria apareceu por volta de 180 a.C. quando Hipsícles, influenciado pela cultura

babilônica, dividiu o zodíaco em 360 partes. Essa idéia foi posteriormente generalizada por

Hiparco para qualquer círculo (Eves, 1995).

O astrônomo Hiparco de Nicéia, por volta de 180 a 125 a.C., ganhou o direito de

ser chamado "o pai da Trigonometria", pois na segunda metade do século II a.C., fez um

tratado em doze livros em que se ocupou da construção do que deve ter sido a primeira

tabela trigonométrica, incluindo uma tábua de cordas. Evidentemente, Hiparco fez esses

cálculos para usá-los em seus estudos de Astronomia. Hiparco foi uma figura de transição

entre a astronomia babilônica e a obra de Ptolomeu. As principais contribuições à

Astronomia, atribuídas a Hiparco se constituíram na organização de dados empíricos

derivados dos babilônios, bem como na elaboração de um catálogo estrelar, melhoramentos

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em constantes astronômicas importantes - duração do mês e do ano, o tamanho da Lua, o

ângulo de inclinação da eclíptica - e, finalmente, a descoberta da precessão dos equinócios.

Assim, podemos dizer que na Grécia, durante os dois séculos e meio

compreendidos entre Hipócrates e Eratóstenes, a trigonometria esteve engatinhando, o que

nos leva a concordar com a afirmativa de BOYER (1974, p. 118):

"De Hipócrates a Eratóstenes os gregos estudaram as relações

entre retas e círculos e as aplicaram na Astronomia, mas disso não

resultou uma trigonometria sistemática".

A "Trigonometria" era então baseada no estudo da relação entre um arco arbitrário

e sua corda. Hiparco escreve a respeito do cálculo de comprimentos das cordas. Apesar da

corda de um arco não ser o seno, uma vez conhecido o valor do seu comprimento, pode-se

calcular o seno da metade do arco, pois a metade do comprimento da corda dividido pelo

comprimento do raio do círculo é justamente esse valor, ou seja, para um círculo de raio

unitário, o comprimento da corda subtendida por um ângulo x é .

A palavra cosseno surgiu somente no século XVII, como sendo o seno do

complemento de um ângulo. Os conceitos de seno e cosseno foram originados pelos

problemas relativos à Astronomia, enquanto que o conceito de tangente, ao que parece,

surgiu da necessidade de calcular alturas e distâncias.

Outro matemático grego, Menelau de Alexandria, por volta de 100 d.C., produziu

um tratado sobre cordas num círculo, em seis livros, porém vários deles se perderam.

Felizmente o seu tratado Sphaerica , em três livros, se preservou numa versão árabe e é o

trabalho mais antigo conhecido sobre trigonometria esférica.

Entretanto, a mais influente e significativa obra trigonométrica da Antigüidade foi a

Syntaxis mathematica, obra escrita por Ptolomeu de Alexandria que contém 13 livros.

Este tratado é famoso por sua compacidade e elegância, e para distinguí-lo de

outros foi associado a ele o superlativo magiste ou "o maior". Mais tarde na Arábia o

chamaram de Almajesto, e a partir de então a obra é conhecida por esse nome.

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Mostrando a mesma influência babilônica apresentada por Hiparco, Ptolomeu

dividiu a circunferência em 360 partes e o diâmetro em 120 partes. Usou 120

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como

aproximação para o número π. Embora não fizesse uso dos termos seno e cosseno, mas das

cordas, utilizou o que pode ser considerado o prenúncio da conhecida relação fundamenta

(sen x)2 + (cos x)2 = 1.

Semelhantemente, em termos de cordas, Ptolomeu conhecia as propriedades de

seno e cosseno.

De posse do equivalente dessas fórmulas, Ptolomeu construiu uma tabela de cordas

de uma circunferência, para ângulos que variam de meio em meio grau, entre 0º e 180º.

Calculou comprimentos de cordas, inscrevendo polígonos regulares de 3, 4, 5, 6 e 10 lados

num círculo. Isso lhe possibilitou encontrar a corda subtendida por ângulos de 36º, 60º, 72º,

90º e 120º. Descobriu então, um método para encontrar a corda subtendida pela metade do

arco de uma corda conhecida. Esse fato que, em nossa simbologia, é o mesmo que sen

/( ), juntamente com interpolação, permitiu-lhe calcular cordas com um

bom grau de precisão.

Posteriormente, surgiu a necessidade de uma nova unidade de medida para os

ângulos. Foi quando surgiu o radiano, denominado radian, pois os estudiosos discutiam

uma "expressão" do ângulo em termos de , que primeiramente foi chamada " -medida",

"circular" ou "medida arcual". Nenhum autor explica por que fizeram uso dessa unidade,

mas o seu uso simplificou várias fórmulas matemáticas e físicas.

Durante seis séculos, O Almajesto, representou a mais importante fonte de consulta

para os astrônomos de todo o mundo. Porém no século VIII é que os cientistas voltariam a

sua atenção para as obras trigonométricas de um povo, que sempre surpreendera o mundo

com sua Matemática original e criativa, os Hindus.

Sobre a trigonometria na Índia, entre os séculos VIII – VII a. C, onde temos dois

mais antigos monumentos da cultura matemática dos hindus, os livros religiosos Sutras e

Vedas, escritos em Sânscrito. Neles encontramos, de acordo com RIBNIKOV (1987),

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construções geométricas que constituem parte importante da parte dos rituais na construção

de obras para o culto, como templos e altares. Neles podemos encontrar os primeiros

métodos da quadratura de círculos e aplicações do teorema de Pitágoras.

Assim, no século IV da nossa era, a Europa Ocidental entrou em crise com as

invasões dos bárbaros germânicos e com a queda do Império Romano. O centro da cultura

começou a se deslocar para a Índia, que revolucionou a trigonometria com um conjunto de

textos denominados Siddhanta, que significa sistemas de Astronomia.

O que chegou até nós foi o Surya Siddhanta, que quer dizer Sistemas do Sol e é

um texto épico, de aproximadamente 400 d.C, escrito em versos e em sânscrito. Os hindus

diziam que o autor do texto foi Surya, o deus do Sol. Esta obra contém poucas explicações

e nenhuma prova pois, afinal, tendo sido escrita por um Deus, seria muita pretensão exigir

provas. (Boyer, 1974).

A importância do Surya, para nós, é que ele abriu novas perspectivas para a

Trigonometria por não seguir o mesmo caminho de Ptolomeu, que relacionava as cordas de

um círculo com os ângulos centrais correspondentes. Nas aplicações da .função. corda, na

Astronomia, era necessário dobrar o arco antes de usá-lo na tábua de cordas. Naturalmente,

era mais conveniente ter uma tábua na qual o próprio arco fosse a variável independente.

No Surya, a relação usada era entre a metade da corda e a metade do ângulo central

correspondente, chamada por eles de jiva. Isto possibilitou a visão de um triângulo

retângulo na circunferência.

Por volta de 500 d.C., o matemático hindu Aryabhata já calculava semi cordas e

usava também o sistema decimal, desenvolvido aproximadamente em 600 d.C. Ao

surgirem, os numerais hindus continham nove símbolos e não havia símbolo para o zero.

Quando os hindus introduziram os conceitos de semi corda e de seno,

demonstraram algumas identidades, e encontramos em Varahamihira, no ano 505 d.C., o

equivalente verbal de (sen x)2 + (cos x)2 = 1.

O primeiro aparecimento real do seno de um ângulo se deu no trabalho dos hindus.

Aryabhata, por volta do ano 500, elaborou tabelas envolvendo metade de cordas que agora

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realmente são tabelas de senos e usou jiva no lugar de seno. Esta mesma tabela foi

reproduzida no trabalho de Brahmagupta, em 628, e um método detalhado para construir

uma tabela de senos para qualquer ângulo foi dado por Bhaskara em 1150.

Durante algum tempo os matemáticos árabes oscilaram entre o Almajesto e a

Trigonometria de jiva - de origem hindu - o conflito chegou ao final quando, entre 850 e

929, o matemático árabe al-Battani adotou a Trigonometria hindu, introduzindo uma

preciosa inovação - o círculo de raio unitário - surgiu o nome da função seno.

Após os hindus, foram os árabes e os persas a dar sua contribuição à trigonometria.

O Império Muçulmano ou Árabe, além da expansão econômica, viveu

extraordinário avanço nos diversos campos das artes e da ciência do fim do século VIII até

o século XI, com destaque ao século IX. A expansão do saber muçulmano deveu-se,

sobretudo, à difusão da língua árabe, que substituiu o grego na condição de língua

internacional. O emprego do árabe permitiu a fixação e a preservação de obras antigas, que

foram traduzidas e assim difundidas entre os intelectuais muçulmanos.

Podemos dizer que a influência árabe começou com a fundação da Escola de

Bagdad, no século IX, e um dos seus maiores expoentes foi o príncipe da Síria Mohamed-

ben-Geber, conhecido como AL Battani (aproximadamente 850 a 929 d.C.), ou

Albategnius, nas traduções latinas, chamado o Ptolomeu de Bagdad.

Os estudos de AL Battani ficaram entre o Almagesto e Siddhanta e foi por sua

influência que a trigonometria hindu foi adotada pelos árabes, principalmente a partir de

sua genial idéia de introduzir o círculo de raio unitário e com isso demonstrar que a razão

jiva é válida para qualquer triângulo retângulo, independentemente do valor da medida da

hipotenusa.

Depois de Al-Battani, digno de nota entre os matemáticos árabes foi Abu'l Wafa

que, em 980, iniciou uma organização, uma sistematização de provas e teoremas de

trigonometria.

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Os árabes trabalharam com senos e cossenos e, em 980, Abu'l Wafa sabia que

sen2x = senx. Cosx, embora isso pudesse facilmente ter sido deduzido pela fórmula de

Ptolomeu sem(x+y)=senx.cosy+seny.cosx, fazendo x = y.

De acordo com STRUIK (1992), quando a Escola de Bagdad entrou em declínio, o

centro das atividades intelectuais deslocou-se para o sul da Europa, na Península Ibérica,

e com ele o estudo da trigonometria, particularmente nos triângulos esféricos necessários

aos estudos astronômicos. A cidade de Toledo tornou-se o mais importante centro da

cultura, a partir de 1085, quando foi libertada pelos cristãos do domínio mouro. Isto

ocorreu porque para ela afluíram os estudiosos ocidentais, visando a adquirir o saber

muçulmano. O século XII na História da Matemática foi, então, um século de tradutores

dos quais citamos Platão de Tivoli, Gerardo de Cremona, Adelardo de Bath e Robert de

Chester . Com isso, a Europa teve acesso à matemática árabe e à herança grega que havia

sido conservada, na medida do possível, por eles.

A palavra hindu jiva - meia corda, dada ao seno foi traduzida para o árabe que

chamou o seno de jiba, uma palavra que tem o mesmo som que jiva. Daí, jiba se tornou

jaib nos escritos árabes. A palavra árabe adequada que deveria ter sido traduzida seria jiba,

que significa a corda de um arco, em vez de jaib, pois foi o estudo das cordas de arcos

numa circunferência que originou o seno.

O nome seno vem do latim sinus que significa seio, volta, curva, cavidade. Muitas

pessoas acreditam que este nome se deve ao fato de o gráfico da função correspondente ser

bastante sinuoso. Mas, na verdade, sinus é a tradução latina da palavra árabe jaib, que

significa dobra, bolso ou prega de uma vestimenta que não tem nada a ver com o conceito

matemático de seno. Trata-se de uma tradução defeituosa que dura até hoje. Quando os

autores europeus traduziram as palavras matemáticas árabes em latim, eles traduziram jaib

na palavra sinus. Em particular, o uso de Fibonacci do termo sinus rectus arcus

rapidamente encorajou o uso universal de seno.

Uma justificativa para esse erro de tradução seria o fato de que em árabe, como em

hebraico, é freqüente escrever-se apenas as consoantes das palavras, cabendo ao leitor a

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colocação das vogais. Além de jiba e jaib terem as mesmas consoantes, a primeira dessas

palavras era pouco comum, pois tinha sido trazida da Índia e pertencia ao idioma sânscrito.

Diversos dos astrônomos árabes se deslocaram para a Espanha para trabalhar e

passaram a difundir o saber. Os mais importantes escritores foram os astrônomos

Ibrâhîm ibn Yahyâ al Naqqâsh, (conhecido como Abû Ishâq ou Ibn al-Zarqâla ou, nas

traduções latinas como Arzachel, e que viveu em Córdoba) autor de um conjunto de tábuas

trigonométricas em 1050, e Jabir ibn Aflah (conhecido como Jeber ibn Aphla, tendo

vivido em Sevilha), cujos estudos astronômicos de 1145 se mostraram tão interessantes

que, séculos mais tarde (1543), foram publicados em Nuremberg.

O matemático europeu mais habilidoso do século XIII foi Fibonacci (1170-1250).

Ele estudou no norte da África e depois viajou pelo Oriente como mercador, com isso

sofreu grande influência dos árabes. Sua obra .Practica Geometriae., de 1220, é uma

aplicação da trigonometria árabe na Agrimensura.

O rei Alfonso X de Castela ordenou, no ano 1250, a estudiosos (cristãos, mouros e

judeus) de Toledo que traduzissem os livros de Astronomia e modernizassem as tábuas

trigonométricas árabes. Em 1254 foram concluídas as Tábuas Afonsinas, que junto

com Os Libros del Saber de Astronomia foram considerados de grande valia.

Na Europa do século XIV alguns importantes passos foram dados para o

desenvolvimento da Matemática. Pela primeira vez, as noções de quantidades variáveis e

de função são expressas e, tanto na Escola de Filosofia Natural do Merton College de

Oxford quanto na Escola de Paris, chega-se à conclusão de que a Matemática é o principal

instrumento para o estudo dos fenômenos naturais. Com o início do estudo da velocidade

instantânea ou pontual e a atenção especial dada ao movimento, tornou-se necessário

desenvolver um suporte matemático.

Paralelamente ao desenvolvimento da trigonometria, que já vinha ocorrendo na

Europa desde o século XI com a retomada do conhecimento árabe, ocorreu o

desenvolvimento das funções. Neste campo surgiu Nicole Oresme (1323 – 1382) com seu

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Treatise on theconfiguration of Qualities and Motions., no qual introduziu a representação

gráfica que explicita a noção de funcionalidade entre variáveis (no caso velocidade por

tempo). Seu trabalho influenciou Galileu (1564-1642) e Descartes (1596-1650) nos

séculos XVI e XVII. Com os estudos de Oresme, começou a se consolidar o conceito de

função.

No século XIV, Purbach, na Inglaterra, retomou a obra de Ptolomeu e computou

uma nova tábua de senos, muito difundida entre os estudiosos europeus. Purbach foi

o mestre de Regiomontanus (1436-1475), um dos maiores matemáticos do século XV,

cujo trabalho teve grande importância, estabelecendo a Trigonometria como uma ciência

independente da Astronomia.

Regiomontanus escreveu um Tratado sobre triângulos., em cinco livros, contendo

uma trigonometria completa. A invenção posterior dos logaritmos e alguns dos teoremas

demonstrados por Napier (1550-1617) mostram que a Trigonometria de Regiomontanus

não diferia basicamente da que se faz hoje em dia. No .Tratado. ele calculou novas

tábuas trigonométricas, aperfeiçoando a de senos de Purbach, e introduziu na trigonometria

européia o uso das tangentes, incluindo-as em suas tábuas. Podemos dizer que foi ele

quem lançou as fundações para os futuros trabalhos na trigonometria plana e esférica.

Copérnico (1473-1543) também contribuiu ao completar, em 1520, alguns trabalhos

de Regiomontanus, que incluiu em um capítulo de seu De Lateribus et Angulis

Triangulorum., publicado separadamente por seu discípulo Rhaeticus em 1542, e este

também produziu tabelas importantes de senos e cossenos que foram publicadas após a sua

morte.

O primeiro trabalho impresso em trigonometria provavelmente foi a Tabula

Directionum. de Regiomontanus, publicado em Nuremberg certamente antes de 1485, pois

a segunda edição data deste ano, em Veneza.

As seis funções trigonométricas foram definidas como funções do ângulo, em

vez de funções do arco, e subentendidas como razões, pela primeira vez, no .Canon

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DoctrinaeTtriangulorum. De Joachim Rhaeticus em Leipzig, 1551, embora ele não tenha

dado nomes para seno, cosseno ou cossecante, exceto perpendiculum, basis e hypotenusa.

O termo seno certamente não foi aceito imediatamente como a notação padrão por

todos os autores em tempos, quando a notação matemática era por si mesma uma nova

idéia, muitos usaram a sua própria notação. Edmund Gunter foi o primeiro a usar a

abreviação sen em 1624 em um desenho. O primeiro uso de sen em um livro foi em 1634

pelo matemático francês Hérigone, enquanto Cavalieri usava Si e Oughtred S.

Por sua vez, o cosseno seguiu um curso semelhante no que diz respeito ao

desenvolvimento da notação. Viète usou o termo sinus residuae para o cosseno, Gunter em

1620, sugeriu co-sinus.

A próxima figura notável na trigonometria foi Pitiscus que publicou um tratado,

em 1595, no qual corrigiu as tábuas de Rhaeticus e modernizou o tratamento do assunto. A

palavra trigonometria aparece pela primeira vez, como título de um livro seu.

Seguindo Pitiscus, destacamos o britânico Napier, que estabeleceu regras para

triângulos esféricos, que foram amplamente aceitas, enquanto sua maior contribuição,

os logaritmos, ainda estavam sendo analisados e não eram reconhecidos como válidos por

todos.

Suas considerações sobre os triângulos esféricos foram publicadas postumamente

no .Napier Analogies., do .Constructio. no ano de 1619, em Edinburgh.

Outro grande expoente em trigonometria foi Oughtred. Em seu trabalho, de 1657,

preocupou-se em desenvolvê-la do ponto de vista simbólico. No entanto, como o

simbolismo algébrico estava pouco avançado para tornar isto possível, a idéia não foi

aceita até que Euler exercesse sua influência neste sentido no século XVIII.

John Newton (1622-1678) publicou em 1658 o tratado Trigonometria Britannica

que, embora baseado nos trabalhos de Gellibrand e outros escritores, era o mais completo

livro do tipo que havia surgido em seu tempo. Newton e Gellibrand anteciparam a

tendência atual de introduzir divisões centesimais do ângulo nas tábuas trigonométricas.

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O próximo importante passo em trigonometria foi dado por John Wallis (1616-

1703) ao expressar fórmulas usando equações em vez de proporções, e por trabalhar com

séries infinitas.

Sir Isaac Newton (1642-1727) também deu sua contribuição à trigonometria pois,

paralelamente aos seus estudos de cálculo infinitesimal apoiados fortemente na geometria

do movimento, trabalhou com séries infinitas, tendo expandido arcsen x em séries e, por

reversão, deduzido a série para sen x. Além disso, comunicou a Leibniz a fórmula geral

para sen (nx) e cos(nx) tendo, com isso, aberto a perspectiva para o sen x e o cos x

surgirem como números e não como grandezas, sendo Kastner, em 1759, o primeiro

matemático a definir as funções trigonométricas de números puros.

A trigonometria toma a sua forma atual quando Euler (1707-1783) adota a medida

do raio de um círculo como unidade e define funções aplicadas a um número e não mais a

um ângulo como era feito até então, em 1748. A transição das razões trigonométricas para

as funções periódicas começou com Viète no século XVI, teve novo impulso com o

aparecimento do Cálculo Infinitesimal no século XVII e culminou com a figura de Euler.

O tratamento analítico das funções trigonométricas está no livro .Introductio in

Analysin Infinitorum., de 1748, considerado a obra chave da Análise Matemática. Nele, o

seno deixou de ser uma grandeza e adquiriu o status de número obtido pela ordenada de um

ponto de um círculo unitário.

Assim, a trigonometria, no início uma auxiliar da Agrimensura e da Astronomia,

tornou-se primeiramente autônoma e por fim transformou-se em uma parte da Análise

Matemática, expressando relações entre números complexos, sem necessidade de recorrer a

arcos ou ângulos.

Para encerrar, fica a nossa mensagem ao professor para que, ao ensinar

trigonometria, de alguma forma se discuta com os alunos questões que os levem a perceber

que o conhecimento matemático não "caiu do céu" ou surgiu pronto e acabado e que de

alguma forma a evolução possa ser acompanhada e alguma parte do caminho feita com

eles.

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2. ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS

(i) Década de 1960

a) Introdução

A análise dos livros didáticos da década 60 traz um grande clássico dos livros

didáticos, que é o “CURSO DE MATEMÁTICA”, de MANUEL JAIRO BEZERRA, e

mostra bem a característica da matemática antes do advento da chamada “Matemática

Moderna”.

Em geral, segundo LOMAS, podemos dizer que o livro didático é visto muitas

vezes como instrumento de trabalho para o professor ou como material de estudo para os

alunos, tem muito mais a nos mostrar historicamente, pois ele esteve presente em vários

momentos importantes para o ensino, com todas as mudanças e adaptações, sejam essas

mudanças pelo interesse de grupos, seja por modismos ou fatores políticos. Sendo

fundamental no processo de ensino-aprendizagem de matemática, o livro didático pode se

constituir na mais forte referência para a prática docente, como ressaltado por MANSUTTI

(1993).

De acordo com MIORIM (2005), podemos situar a década de 1950 como aquela em

que são iniciadas ações que provocariam mudanças significativas relacionadas ao ensino de

matemática brasileiro.

Durante a década de 1950, ao lado de livros didáticos mais recentes, que estavam de

acordo com as orientações da Portaria Ministerial nº 966, de 1951, tal como o de Jairo

Bezerra, que continuou a ser editado e utilizado.

Apesar de algumas modificações terem sido realizadas em edições

mais recentes de alguns desses livros, MIORIM (2005) afirma que essa

permanência de livros de períodos anteriores parece apontar para a

existência de uma certa estabilidade da matemática escolar, apesar das

reformas e mudanças oficiais.

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Este cenário começa a mudar a partir dos congressos de nacionais

de ensino de matemática, de 1955, 1957 e 1959, que será tema para os

capítulos seguintes.

Então, vamos ao livro de BEZERRA (1962), propriamente dito.

b) Análise

Então, vamos ao livro de BEZERRA (1962), propriamente dito.

Resumindo, pretendemos colocar em evidência as semelhanças e

diferenças dos conteúdos programáticos para a trigonometria com o

passar de cada década, observando as variações que aparecem tanto

no conteúdo, como na forma de ser “transmitida”. Para tanto,

deixaremos exposto o que cada um dos livros das décadas de 60, 70, 80

e 90 traz para o professor aplicar em cada um dos ciclos, sempre

vertendo para o assunto que interessa, e também levando em

consideração o livro Matemática Moderna Para o Ensino Secundário, que

em 1965 foi o marco da transição do conteúdo clássico para o moderno.

Em sua oitava edição, em 1962, o livro traz os seguintes temas

para o primeiro ano: Retas e Planos, Poliedros, Seções Cônicas,

Progressões, Equações Exponenciais, entre outros temas. Para o

segundo ano: Determinantes Sistemas lineares, Relações

Trigonométricas, Transformações Trigonométricas, Equações

trigonométricas, Vetores, entre outros. Finalmente o terceiro ano, onde

além de Geometria Analítica, o aluno era apresentado aos Limites,

Derivadas e Primitivas, conteúdos hoje vistos apenas na graduação de

cursos da área de ciências exatas e tecnológicas.

A princípio, nota-se que este livro ainda não se enquadra na

chamada matemática moderna, apesar de MIORIM (2005) constar que

19

Curso de Matemática se encaixou na portaria ministerial nº 966, de 1951

que apresentava os programas para o curso secundário, e continuou a ser editado e usado.

Deve-se considerar em segundo lugar o contexto da época e levar em consideração que

movimentos para a mudança no ensino da matemática eram muito recentes e por isso os

conteúdos didáticos ainda eram complexos, sendo que aos olhos atuais, exagerados para o

que hoje é o ensino médio.

Isso vai ser notado com relação à trigonometria, quando já eram ensinados aos

alunos do segundo ano conceitos de geometria que estão longe de serem vistos nas nossas

escolas atuais. Além das teorias e conceitos de trigonometria, podemos observar os

exercícios, que exigem apenas aplicação das fórmulas e as mesmas são dadas de forma

sintética e sem aplicação clara com o cotidiano. Ainda com relação aos exercícios, fica

evidente que muitos estudantes deviam ter muitas dificuldades na resolução dos mesmos,

pois eram de alto grau de dificuldade. No livro constam muitos exercícios que eram

retirados de testes e provas de escolas militares, de engenharia e técnicas, como a E. N.

Engenharia, E. Aeronáutica, E. Fluminense de Engenharia, Escola Militar, Escola Naval e

Escola Técnica do Exercito, com problemas datados de 1938 até 1959.

Além disso, na própria apresentação, BEZERRA (1962, sem pg.), mostra

que:

“Esperamos que este nosso trabalho, contendo todo o

programa de matemática do segundo ciclo, venha facilitar aos

nossos colegas e ajudar aos estudantes. Além de estar menos

sujeito às modificações de programas, facilitará a revisão da

matéria nas vésperas dos vestibulares, auxiliará ao professor

quando (numa série mais adiantada) desejar recordar um assunto

da série anterior e possibilitará ao estudante a compra dos livros

do segundo ciclo por um preço mais acessível.”

20

Visualizando todo conteúdo de trigonometria do livro, observa-se que Curso de

Matemática deve ser considerado como um didático como muito que vê atualmente em

cursos técnicos e de pré-vestibular, com um conteúdo extenso, porém pobre nas origens e

aplicações, mas com características típicas do que o ensino da década de 60 exigia.

Poderemos fazer uma comparação mais detalhada após a análise dos livros da

matemática moderna, e para isso colocaremos os temas que estão inclusos nesse programa.

Trigonometria para o segundo colegial – Tabela 1

Noções sobre

vetores:

Grandezas

escalares e

vetoriais,

Classificação

dos vetores,

Resultante

entre dois

vetores,

Teorema de

Chasles.

Projeções: Projeção

ortogonal de

um ponto sobre

um eixo,

Projeção

ortogonal de

um vetor sobre

um eixo,

Projeção de

vetores

eqüipolentes,

Teorema de

Carnot.

Relações

trigonométricas

:

Arcos

côngruos,

Expressão

geral da

medida

algébrica de

um arco,

Generalização

da noção de

ângulo, Seno,

cosseno,

tangente,

cotangente,

cosecante,

secante,

Expressões das

funções

trigonométrica

s de um arco

em função do

seno desse

arco.

21

Agora iremos ao segundo livro, de 1965, “Matemática Moderna

Para o Ensino Secundário”, do Grupo de Estudos do Ensino da

Matemática (G. E. E. M.).

No ano de 1965, o G.E.E.M lançou a segunda edição do livro em

questão, no qual será feita a análise sobre os aspectos da trigonometria,

para comparação com as técnicas e peculiaridades da forma clássica do

ensino-aprendizagem.

De início, o livro nos informa que a sua primeira edição foi feita

em 1962, mesma data da publicação da edição do livro de BEZERRA

(1962), e sabe-se que daí em diante todos os livros começaram a usar a

forma da era modernista do ensino matemático e tão importante foi

essa mudança, que achamos importantes colocar duas das frases

encontradas no prefácio G.E.E.M. (1963, sem p.) ditas por participantes

da Conferencia Internacional do Ensino da Matemática que foi realizada

em Atenas, em 1963:

“... depois de 50 anos os matemáticos resolveram

introduzir, não somente conceitos novos, mas

essencialmente uma linguagem nova que satisfaz as

necessidades atuais dos jovens alunos de hoje e

recebe a aprovação universal dos educadores.”

(J.Dieudonné do Grupo Bourbaki).

“... é necessário, incontinenti, que os jovens alunos

da escola secundária possam ainda crer na

Matemática recebendo o espírito que caracteriza a

Matemática contemporânea.” (A. Lichnerowicz –

22

Presidente da Comissão Internacional de Educação

Matemática.).

Tais opiniões demonstram que era realmente preciso uma

mudança no conteúdo programático da escola secundaria e isso foi

feito, como também é dito no prefácio: “Pela oportunidade, constará

dessa segunda edição a publicação das sugestões para um roteiro de

Programa para a cadeira de Matemática...”, sugestões essas que serão

citadas mais para frente, mas antes colocaremos o que deve ser

entendido como Matemática Moderna, explicada também pelos próprios

autores.

O que se deve entender por Matemática Moderna nas escolas

secundárias.

Em um dos capítulos iniciais de G.E.E.M. (1963), é dito que o que

se entende por modernização da matemática é a mudança nas

linguagens dos assuntos, uma vez que o conteúdo da matemática

clássica possuía uma metodologia difícil específica para “adultos

acostumados com rígidos pensamentos lógicos” e assim brecar uma

herança de mais de 50 anos que deixava a entender que a disciplina era

para poucos privilegiados e que, segundo está escrito no próprio livro,

estava longe de atender as exigências de muitos tempos de ciência que

tinham sido atravessados.

Portanto, não se esperava que se abrisse mão de tudo que já tinha

sido usado antes das discussões sobre a mudança das metodologias e

dos objetos de estudo e sim que se achasse uma forma de abranger

esse conhecimento para os ciclos primários e conseqüentemente

superar a situação de desenvolvimento que nosso país se encontra.

23

Para isso, foi posto em G.E.E.M. (1963, p. 97) os assuntos que

teriam que ser considerados mínimos para um moderno programa de

matemática para o colégio, cujo enfoque nosso será na trigonometria, e

novamente para facilitar as comparações, será colocada uma tabela

citando o que se vê como matéria essencial seguido das sugestões

dadas pelo G.E.E.M para o segundo ciclo.

Tabela 2

Assuntos Minimos Sugestões

Identidades, equações

e inequações

trigonométricas

simples.

Discussão das

soluções, levando em

consideração a

periodicidade e

simetria.

Coordenadas de um

ponto da

circunferência com

centro na

origem.Aplicações das

relações

trigonométricas nos

triângulos.

Ressaltar a

significação das

medidas de arco e de

ângulo em radianos,.

No estudo das

funções, destacar as

relações entre elas e

as propriedades da

simetria e

periodicidade.

Introduzir a noção de

vetor no estudo do

teorema das

projeções.Examinar os

24

casos simples de

resolução de

triângulos.

O livro também trás considerações sobre as sugestões que vão

além dos assuntos mínimos já citados aqui, que vão desde o primeiro

ano do ginasial até o terceiro ano colegial. Como colocamos aqui as

disciplinas que eram aplicadas no curso do livro de BEZERRA (1962) do

primeiro até o terceiro ciclo do colégio, colocaremos aqui também o que

se sugere nesses 3 anos, dando ênfase ao primeiro ano, onde aparece o

objeto de nosso estudo.

Tabela 3 - Primeiro ano colegial e o estudo das funções

trigonométricas

Funções Seqüências Funções

trigonométricas

Introdução à

geometria

espacial.

Noções gerais; Exemplos de

seqüências;

Estudo das funções

trigonométricas,

periodicidade,

simetria,

representação

gráfica;

Axiomas e

teoremas

fundamentais;

Função Linear;

representação

gráfica, estudo

da reta;

Princípios da

indução;

Relações

fundamentais,

funções do tipo

a(+ou-), 2 a, a/2

onde a e b

Perpendicularis

mo e

paralelismo;

projeção e

distancia;

25

representam

medidas de arcos;

Função

exponencial e

logarítmica;

Progressões

aritmétrica e

Geométrica.

Transformações de

sem(a)

(+ou)sen(b),cos(a)

( +ou-)cos(b) em

produto;

Diedros.

Função

trinomial.

Equações

trigonométricas

elementares.

Para o 2º ano colegial, propõe-se Análise Combinatória e Binômio

de Newton, Sistemas de Equações Lineares, Ângulos Poliédricos e

Poliedros, Superfícies e Sólidos Redondos e finalmente Áreas e Volumes

dos Principais Sólidos.

Para o 3º ano colegial, Conjunto dos Números Complexos,

Polinômios e Equações Algébricas, Geometria Analítica, Introdução ao

calculo infinitesimal e finalmente Transformações Geométricas.

(ii) Década de 70

a) Introdução

Na analise da década de 70 utilizamos o livro de Gelson Iezzi, autor muito

conhecido inclusive para graduandos em exatas, uma vez que seus livros são de agrado

para muitos professores. No nosso caso, pegamos o Matemática: 1a série, 2o grau – V. 1,

data de 1973, da ATUAL EDITORA LTDA., São Paulo.

26

Importante dizer que mais autores ajudaram na criação do material didático, e eles

escrevem alguns pontos interessantes também no prefácio (sem página) no qual

destacamos:

“Ao escrever um livro para determinada população,

necessita-se fazer uma escolha quanto ao tratamento a ser dado à

matéria. Alunos do 2o grau que dominam todos os conceitos

incluídos no programa do 1o grau e gostam de matemática ou estão

suficientemente motivados para ela existem, indubitavelmente. São

muitos? Não acreditamos.”

“Decidimos escrever um livro acessível para o aluno

normal do curso colegial, na maioria dos casos com deficiência de

formação. Para atingirmos nossos objetivos optamos por um

tratamento onde a formalização, necessária, foi reduzida ao

mínimo.”

Neste em especial, poderemos fazer uma comparação sobre o que é dito pelos

autores e o que realmente acaba acontecendo, levando em consideração que muito se

comenta contra o livro didático como único apoio para os professores, com o argumento de

que todos trazem sempre o mesmo conteúdo, mudando apenas a capa.

Além disso, durante nossa busca pelas bibliografias da pesquisa vimos o volume 3

deste mesmo livro, que deveria ser para o terceiro ano do colegial, também de 1973 e assim

como o clássico de BEZERRA (1962), apresenta em seu programa noções de Limite,

Derivada e técnicas de encontrar as primitivas, deixado claro que o autor ainda traz

vestígios da Matemática Clássica.

Podemos antes da análise em si, por fim, colocar outro fato curioso encontrado na

folha introdutória desta quinta edição do livro do IEZZI (1973), o que indica que o

conteúdo do livro que será analisado a seguir vem pelo menos em parte, da época mais

tradicional do ensino da Matemática.

27

A intenção do mesmo é tratar a trigonometria já no primeiro ano do colegial, talvez

porque nesse caso haja mesmo uma síntese nas formalizações e a aplicação também seja

menos formal. Em todo caso, no índice a trigonometria é encontrada em último lugar, o

que nos leva a crer que seria no final do primeiro ano, passando antes por Conjuntos,

Números, Relações e Funções, Função do 1o grau, Função Quadrática, Função Modular,

Função Exponencial, Função Logarítmica e finalmente Funções Circulares, onde esta

enquadrada a trigonometria, em IEZZI (1973, p. 199).

b) Análise

Quando buscamos, desde o inicio, as semelhanças e diferenças entre as décadas em

relação ao ensino da trigonometria observamos principalmente como é apresentado cada

tópico, em qual proporção aparecem os exemplos com relação ao número de exercícios e

principalmente quais disciplinas foram acrescentadas e/ou retiradas ao longo do tempo.

Nota-se que a década de 70 é também um marco importante uma vez que foi a

década seguinte a mudança aconselhada pelo G.E.E.M, para melhoria na qualidade do

ensino, ampliando o conhecimento para camadas antes não atingidas e com isso

percebemos sim, uma significativa melhora no que diz respeito ao linguajar usado na

elaboração dos conceitos e teoremas, além de darem maior importância para a Matemática

Concreta, tentando levar figuras que mostram o que esta sendo pedido ou demonstrado.

Um exemplo disso esta no trabalho de fundamentar a função seno, em IEZZI (1973,

p. 200):

"A idéia fundamental do que vamos estudar está sugerida na

ilustração que segue: uma escada de 15 m de comprimento esta

28

encostada a uma parede num ponto B e ao solo num ponto C. Em A

temos um ângulo reto."

Após é colocada a figura, com cada medida destacada ao lado, e após as

considerações do autor, é colocada a generalização da fórmula nos triângulos retângulos.

Imaginamos que as próximas décadas serão muito mais semelhantes a de 70 do que

as de antes, e possivelmente por isso nossas análises não abrangeram detalhes que

acreditarmos serem menos importantes. Entretanto, colocaremos, como já pusemos, tabelas

que ajudaram na conclusão final. Esta que segue será a das disciplinas de trigonometria que

estão no programa do livro de G. IEZZI

Introdução A

Trigonometria.

1.Noções

Fundamentais

2.Seno 3.Cosseno 4.Relações

entre Seno

e Cosseno

5.Tangente.

As Funções

Circulares.

Arcos e

ângulos

A função

Seno

Propriedades

das funções

seno e

cosseno

A função

tangente

Outras Funções

trigonométricas/

Redução ao

primeiro

quadrante.

Relações

Fundamentais.

As cinco

relações

fundamentais

Relações

decorrentes

Identidade

Transformações

Trigonométricas.

Formulas de

adição

Conseqüência

das formulas

de Adição.

Formulas de

transformação

em produto.

Equações Equação sen Equação cos Equação tg x Equações Equações

29

Trigonométricas. x = a x = a = a redutíveis

a uma

equação

do 2o grau

fatoraveis.

Inequações

Trigonométricas.

Inequação

sen x>a ou

sem x<a

Inequação

cos x > a ou

cos x < a

Inequação tg

x > a ou tg x

< a

Inequações

que

recaem nas

anteriores.

Funções

Circulares

Inversas.

Função Arco

Seno

Função arco-

cosseno

Função Arco-

tangente.

Resolução de

triângulos.

Triângulos

retângulos

Triângulos

quaisquer.

(iii) Década de 80.

a) Introdução

O quarto livro que foi analisado, Matemática por Assunto 3, trigonometria, de

Fernando do Coltro Antunes da editora Scipione, tem na sua 2a edição em seu conteúdo

exclusivamente trigonometria. Segundo o autor, na Apresentação, temos:

“A seqüência proposta para este volume de Trigonometria visa

tornar o assunto menos abstrato.

Iniciamos o estudo das razões trigonométricas mostrando como

foram formulados os conceitos de seno, cosseno e tangente a partir

de ângulos dos triângulos retângulos.

No segundo capítulo, os conceitos já estudados são entendidos

para ângulos entre 0o e 360o. Para tanto, abordamos inicialmente

arcos e ângulos de uma circunferência, apresentando a seguir a

circunferência trigonométrica.

30

Desenvolvemos então, em maior detalhe, o estudo das razões

trigonométricas na circunferência e das relações trigonométricas.

O capítulo é complementado com uma seção que trata de algumas

das aplicações dos conhecimentos trigonométricos na Geometria e

na Topografia. No terceiro capítulo retomamos a circunferência

trigonométrica, agora para estudos das funções trigonométricas,

bem como as funções trigonométricas inversas.”

Pelo depoimento do autor, observamos que o livro não possui mais vestígios da era

clássica do ensino da matemática, mas iremos agora a análise do conteúdo propriamente

para visualizamos melhor as características da década.

b) Análise

Por se tratar de um livro que traz somente o assunto da trigonometria, fica mais

difícil de relatar as possíveis mudanças ocorridas nessa década em comparação com os

outros, por não existirem outros assuntos que também auxiliam no embasamento teórico

que deixa notável para todas as novas e antigas características. Como exemplo, no livro de

BEZERRA (1962), os limites, derivadas e técnicas de encontrar as primitivas nos deixou

perceber que a época exigia conteúdos mais amplos para estudantes que naquele tempo se

formavam e iam continuar o estudo na Europa, e conseqüentemente a trigonometria seguiu

a tendência e era aplicada naquela forma abstrata e de difícil linguagem.

De qualquer forma, logo de início, ANTUNES (1987, pg. 7), se vê algo que não era

muito comum aparecer nos didáticos pesquisados anteriormente:

“A origem da palavra Trigonometria (do grego trígonon,

‘triângulo’, e metria, ‘medição’, nos indica que uma das

aplicações mais comuns dessa área da matemática consiste no

cálculo de medidas de triângulos. Entre os Egípcios e os

31

babilônios, povos que primeiro desenvolveram esse ramo de

estudo, os conhecimentos trigonométricos eram empregados

basicamente na determinação de distância, recorrendo-se, para

isso, à proporcionalidade entre os lados paralelos de dois

triângulos semelhantes.”

Esta demonstração histórica da utilização da trigonometria pode ser considerada um

avanço, apesar de que hoje só isso não basta, pois envolve de certa forma os alunos na

curiosidade e na percepção de que a matemática não surgiu do nada e para tudo nós

usamos.

Como foi feito anteriormente, colocaremos em forma de tabela os principais temas.

Na década de 70, em função do livro que esta sendo usado, será colocada três tabelas, por

se tratarem de muitos assuntos.

Capitulo 1 Trigonometria no Triangulo Retângulo.

Introdução ------------------------------- ------------------------------

Trigonometria no Triangulo

Retângulo.

Razões trigonométricas no

triangulo retângulo.

Ângulos Notáveis.

Capítulos 2 Trigonometria na circunferência.

Introdução.

Arcos e Ângulos na

Circunferência.

Unidades de medida.

Trigonometria na

Circunferência.

Seno e Cosseno,

Tangente.

Cotangente, Secante,

Cossecante.

Extensão do

Conceito de Arco.

Relações Trigono. na

Circunferência.

Relações

Fundamentais.

Razões Trig. Da

soma e diferença de

dois arcos.

Arcos Dobro e Arco

metade.

32

Resolução de

Triângulos

quaisquer.

Capítulo 3 Funções Trigonométricas.

Introdução.

Representação

dos Números

Reais na

Circunferência

Trigonométrica.

Funções

Trigonométricas.

A função Seno. A função

Cosseno.

A função

Tangente.

Funções

Cotangente,

Cossecante e

Secante.

Funções

Trigonométricas

Inversas.

Arco-seno. Arco-cosseno Arco-tangente.

Novamente, em uma rápida comparação com o primeiro livro analisado, observou-

se que há notória diferença nos exercícios exigidos com relação principalmente no que diz

respeito aos tipos de escola que os exigiram. Parece óbvio, já que muitas das escolas já

comentadas nem existem mais, porém quando colocamos em foco a dificuldade de cada

questão, percebe-se mais uma vez que o que se exige hoje, após a publicação do livro do

G.E.E.M., é bem menos severo do que antigamente. Alguns exemplos de faculdades e

escolas são: FGV-SP, ITA-SP, AMAN-RJ, FUVEST-SP (os problemas não são datados).

Para concluir, na apresentação do livro (sem pág), aparece:

33

“Os nove volumes desta coleção tratam de assuntos básicos da

Matemática, usualmente desenvolvidos ao longo das três séries do

2o grau. Ao optar pela subdivisão dos assuntos de cada série,

consideramos a possibilidade de o professor compor um currículo

conveniente seus propósitos e aos de seus alunos.”

Isso, citado acima, é com certeza é um progresso significativo, levando em

consideração o fato de que poucas décadas atrás era tudo programado em um rígido

esquema, onde o professor seguia a risca o conteúdo e a forma, na hora que eles apareciam.

O docente tendo mais controle de sua aula pode ensinar mais e melhor.

(iv) Década de 90

(v) Década de 2000.

34

3. ANÁLISE DAS PROPOSTAS CURRICULARES

a) A Matemática no Brasil: De 1900 a 1960

De acordo com PARANÁ (2007), no inicio do século XX, surgiram preocupações

relativas ao ensino da matemática, resultado de discussões realizadas em encontros

internacionais de Matemática, onde começaram a ser elaboradas propostas pedagógicas

para o ensino da matemática.

Com o advento da era industrial, e a mudança do cenário sócio-político-econômico,

em conjunto com as ciências modernas, fez surgir uma nova forma de produção de bens.

Agora os matemáticos até antes pesquisadores, tornaram-se também professores e

passaram a preocupar-se com as questões do ensino. Para isso os docentes, procuraram

fundamentações nas teorias matemáticas e nos estudos psicológicos, filosóficos e

sociológicos para produzirem um guia curricular para o ensino da matemática.

Surgiram então discussões sobre a Educação Matemática, que deveria orientar as

ações didáticas pedagógicas para o Ensino da Matemática.

35

As primeiras idéias foram obtidas nos congressos internacionais, entre 1900 e 1914,

vindas ao Brasil por intermédio do Imperial Colégio D. Pedro II. O ensino da Matemática

era divido em outras disciplinas, cujo programa garantiu o ensino de Aritmética,

Geometria, Álgebra e Matemática. A disciplina de Matemática incorporava a

Trigonometria e a Mecânica.

O professor Euclides de Medeiros Guimarães Roxo se destacou nas discussões do

Ensino de Matemática no Colégio D. Pedro II.

Felix Klein professor da Universidade de Erlangen, Leipzig e Göttingen, defendeu,

didática e pedagogicamente, que fazia sentido criar uma única disciplina que agregasse o

objeto de estudo abordado pela Matemática.

Assim com base nas discussões internacionais, Euclides Roxo solicitou ao Governo

Federal a junção das disciplinas aritmética, álgebra, geometria e trigonometria numa única,

denominada Matemática.

O início da modernização do ensino da Matemática no país aconteceu, segundo

PARANÁ (2007), num contexto de mudanças que promoviam a expansão da indústria

nacional, do desenvolvimento da agricultura, do aumento da população nos centros

urbanos e das idéias que agitavam o cenário político internacional, após a Primeira Guerra

Mundial.

As idéias reformadoras do ensino da Matemática estavam ligadas ao movimento da

Escola Nova, que propunha um ensino norteado por concepções empírico-ativistas, ao

valorizar os processos da aprendizagem e o envolvimento do estudante em atividades de

pesquisa, atividades lúdicas, resolução de problemas, jogos e experimentos.

Além de caracterizar a Matemática como disciplina, esta tendência orientou a

formulação da metodologia de ensino na Reforma.

Além de contribuir para a caracterização da Matemática como disciplina, esta

tendência do escolanovismo orientou a formulação da metodologia do ensino da

Matemática na Reforma Francisco Campos, em 1931.

36

A proposta básica da tendência escolanovista era o desenvolvimento da criatividade

e das potencialidades e interesses individuais. O estudante era considerado o centro do

processo e o professor, o orientador da aprendizagem. Outras tendências,

concomitantemente a empírico-ativista (escolanovista), influenciaram o ensino da

Matemática em nosso país. FIORENTINI (1995) destacou as seguintes tendências:

formalista clássica, formalista moderna, tecnicista, construtivista, sócio-etno-cultural,

histórico-crítica.

A tendência formalistica clássica permaneceu no ensino da Matemática no Brasil

até o fim da década de 1950. Esta tendência baseava-se no "modelo euclidiano e na

concepção platônica de Matemática", a qual se caracteriza pela sistematização lógica e pela

visão estática, a-histórica e dogmática do conhecimento matemático.

Nesta tendência, a aprendizagem era centrada no professor e no seu papel de

transmissor e expositor do conteúdo, pelos desenvolvimentos teóricos em sala de aula. O

ensino livresco e conteudista e a aprendizagem consistia na memorização e na repetição

precisa de raciocínios e procedimentos.

Após a década de 1950, a tendência formalista moderna que valorizava a lógica

estrutural da idéias matemáticas, foi então reformulando o currículo escolar, pelo

Movimento da Matemática Moderna.

O ensino era centrado no professor que demonstrava os conteúdos em sala de aula.

Enfatizava-se o uso preciso da linguagem Matemática, o rigor e as justificativas das

transformações algébricas por meio das propriedades estruturais.

Com o movimento da Matemática Moderna, acreditava-se que o rigor e a precisão

da linguagem matemática facilitariam o seu ensino.

Tal abordagem não respondeu às propostas de ensino, e, em contrapartida, as

críticas se intensificaram e as discussões no campo da Educação Matemática se

fortaleceram.

37

b) Década de 60: A proposta da Matemática Moderna

Em 1964, segundo PARANÁ (2007), foi instaurado o regime militar brasileiro,

trazendo a tendência pedagógica tecnicista. FIORENTINI (1995) afirmou que a escola, na

concepção tecnicista, tinha a função de manter e estabilizar o sistema de produção

capitalista, cujo objetivo era preparar o indivíduo para ser útil e servir ao sistema.

Até a década de 60, era focado essencialmente o domínio do conhecimento

específico, sendo que os de ordem pedagógica eram pouco valorizados. É marcado nesta

época, no ambiente escolar brasileiro, pelo movimento da matemática moderna.

Eram distinguidos dois tipos de livros didáticos editados que circulavam nos meios

escolares: os formalistas clássicos e os formalistas modernos.

Ambos têm em comum a concepção platônica de matemática e como fundamento

metodológico euclidiano.

Segundo BÚRIGO (2006), tanto formalismo clássico quanto o moderno têm em

comum a concepção platônica de matemática e como fundamento metodológico o modelo

euclidiano. Vale lembrar que a Matemática – concepção platônica – é entendida como

entidades que têm existência objetiva, independente da mente do matemático e do mundo

empírico. Se nos reportarmos à clássica antinomia filosófica entre objetivismo e

subjetivismo referente à natureza da Matemática para saber se o homem a descobre ou a

cria, a concepção platônica diz que ela não é inventada ou construída. Tem existência

absoluta, independente do pensamento. As idéias matemáticas existem em um mundo ideal

e estão adormecidas na mente do homem.

A análise do livro didático, no período determinado, toma como ponto de partida a

concepção formalista clássica de matemática como o conhecimento reprodutivo, uma das

categorias anteriormente mencionada. Tal afirmação pode ser ilustrada com a definição de

potenciação em dois livros didáticos que circularam nos meios escolares.

Os autores, no prefácio ou apresentação de seus livros, chamam a

atenção dos alunos e professores para a necessidade de se apoiar numa

linguagem concisa como condição para o rigor científico e o

38

entendimento exato e preciso da lógica matemática de cada conceito. A

linguagem, o rigor e as justificativas dos procedimentos adotados pelas

propriedades das operações garantiriam as definições das estruturas

matemáticas (ordem, algébrica e topológica). Entretanto, essa

preocupação passa a ser periférica, pois os autores referidos não

apresentam em seus livros um estudo sobres as estruturas algébricas.

De antemão, vale destacar que em nenhum dos livros adotados nas

escolas estudadas na presente pesquisa trata-se das referidas

estruturas.

c) Proposta Curricular da década de 70

Segundo PARANÁ (2007), o desenvolvimento do caráter mecanicista e pragmático

do ensino da Matemática foi marcante no decorrer da década de 1970. O método de

aprendizagem enfatizado era a memorização de princípios e fórmulas, o desenvolvimento e

as habilidades de manipulação de algoritmos e expressões algébricas e de resolução de

problemas. A pedagogia tecnicista não se centrava no professor ou no estudante mas, sim,

nos objetivos instrucionais, nos recursos e nas técnicas de ensino. Os conteúdos eram

organizados por especialistas, muitas vezes em kits de ensino, e ficavam disponíveis em

livros didáticos, manuais, jogos pedagógicos e recursos audiovisuais.

Nos anos 1970, segundo DAMAZIO (2006), algumas obras mais adotadas foram de

Name, Zambuzzi e Ens, novos autores que não descartam nem o brilhantismo de seus

antecessores como também o formalismo matemático. Entretanto, fazem uma crítica sutil à

aridez como, até então, eram tratados os conteúdos e à finalidade implícita do ensino de

39

Matemática: desenvolvimento do espírito, da disciplina mental e do rigor lógico. A

preocupação é de traduzir a matemática para uma linguagem mais simples e concisa, com a

finalidade de se tornar acessível aos alunos. Também, há um esforço de fazer uma

aproximação mais estreita do formalismo moderno ao clássico.

Essa preocupação e tentativa de aproximação explicitam um elemento criativo

reprodutor dos novos livros: os aspectos didático-metodológicos, isto é, os conteúdos

matemáticos permanecem os mesmos, porém muda seu enfoque e sua forma de

apresentação. Os autores recorrem ao estudo dirigido como metodologia para “lecionar”

Matemática sem as tradicionais aulas expositivas que cansam os alunos e principalmente os

professores atarefados, segundo ZAMBUZZI (1973). A crença explicitada pelos autores é

que o estudo dirigido aumenta a capacidade de reflexão dos alunos, pois dá a oportunidade

de, por si mesmos, chegarem à conclusões e elaborar deduções das questões propostas.

Concorrem para a aprendizagem: a simplicidade da apresentação dos assuntos e os

exemplos dos exercícios tirados da própria vivência do aluno, isto é, o conhecimento de

domínio dos alunos aprendido anteriormente.

Segundo DAMAZIO (2006), o pressuposto de que o aluno teria a

oportunidade de concluir e generalizar, explicitado na apresentação dos

livros, se restringe, no caso da potenciação, à observação de duas

multiplicações: uma de fatores diferentes e a outra de fatores iguais. Da

mesma forma, a pergunta - “O que você observou nas multiplicações

dadas?” - admite que ambas as alternativas sejam consideradas, o que

de modo algum levaria os alunos às conclusões e soluções próprias do

conceito de potenciação, sem a intervenção do professor. É ilusório que,

ao sugerir apenas duas multiplicações seguidas de uma pergunta, o

aluno chegaria à definição de potenciação, pois são restritas as

possibilidades de estabelecer relações, de filtrar informações, de

evidenciar aspectos essenciais e de perceber regularidades,

40

consideradas fundamentais no processo de aprendizagem de qualquer

noção matemática e de elaboração conceitual.

Um aspecto ainda a ressaltar é a fuga do referido autor da

definição de potência dada pela Matemática Moderna que outros livros

didáticos, lançados nesse período e que adotam a modalidade de

estudo dirigida. Há autores que seguem as mesmas noções iniciais

dadas por ZAMBUZZI (1973), porém destacam a definição envolvendo a

linguagem da teoria dos conjuntos.

d) Proposta Curricular da década de 80

Embora estivessem em vigor às diretrizes gerais do currículo estabelecido pela Lei

5.692/71, iniciou-se um movimento no governo, a fim de revisar e reformular os guias

curriculares em vários estados. O poder público federal durante está época não tinha muito

poder sobre os guias curriculares dos estados.

Segundo SOUZA (2006), a reestruturação curricular no Estado de São Paulo

iniciou-se com a implantação, em 1983, do ciclo básico (Decreto 21.833, de 21.12.1983),

ponto de partida para a reorganização da escola pública de 1º grau.

Este decreto do ponto de vista político visava diminuir a seletividade escolar, para

cumprir metas do governo de São Paulo para a democratização do ensino, com essa

iniciativa, grandes transformações ocorreram na prática da alfabetização nas séries iniciais.

O segundo passo da reestruturação paulista foi à elaboração das propostas

curriculares para o ensino de 1º grau que ocorreu a partir de 1985. As versões preliminares

das propostas curriculares contemplaram as sugestões de novas abordagens teóricas e

metodológicas das diferentes áreas do conhecimento que eram produzidas ou divulgadas

nas principais universidades paulistas.

A maior parte das propostas curriculares foi construída entre 1986 e 1987 e

distribuídas à rede de ensino público a partir de 1988.

41

Ao iniciar a década de 1980, a CENP continuava a executar o projeto de elaboração

dos Subsídios para a implementação dos guias curriculares. Os subsídios foram construídos

com uma linguagem bem coloquial; apresentavam-se sob a forma de manuais para o

professor, como um “receituário” indicando a distribuição do conteúdo, do tempo, a

avaliação e até palavras que o professor deveria usar. A implantação do ciclo básico, a

partir de 1984, exigiu da Secretaria de Educação de São Paulo iniciativas de capacitação de

professores, uma vez que a proposta de ciclo significou não apenas uma reordenação da

organização pedagógica, união da 1ª e 2ª séries e dissertação, mas, essencialmente, uma

nova forma de trabalhar a aprendizagem da leitura e da escrita.

Segundo SOUZA (2006), no final da década de 1980, a Cenp passou a investir na

produção de outro tipo de material, com novas características em relação à composição

gráfica e configuração lingüística. O ideal da articulação teoria-prática, mencionado

insistentemente nos textos do início da década de 80, era viabilizado mediante nova forma

de elaboração e produção dos textos em que os conteúdos, mais simplificados, falavam ao

professor de uma prática fundamentada teoricamente, cuja teoria era, porém, mostrada

implicitamente. Outra mudança dizia respeito ao suporte material do texto (o livro)

trazendo maior número de ilustrações, com o intuito de tornar o material mais agradável ao

leitor.

A Matemática era vista como uma construção constituída por estruturas e relações

abstratas entre formas e grandezas. Por este motivo, o construtivismo dava mais ênfase ao

processo e menos ao produto do conhecimento. A interação entre os estudantes e o

professor era valorizada e o espaço de produção individual se traduzia como um momento

de interiorização das ações e reflexões realizadas coletivamente. A Psicologia era o núcleo

central da orientação pedagógica.

A tendência pedagógica socioetnocultural surgiu a partir da discussão sobre a

ineficiência do Movimento Modernista. Valorizou aspectos socioculturais da Educação

Matemática e tinha sua base teórica e prática na Etnomatemática.

42

O conhecimento matemático passou a ser visto como saber prático, relativo, não

universal e dinâmico, produzido histórico-culturalmente nas diferentes práticas sociais e

podia aparecer sistematizado ou não. A relação professor-estudante, nesta concepção, era a

dialógica, isto é, privilegiava a troca de conhecimentos entre ambos e atendia sempre à

iniciativa dos estudantes e problemas significativos no seu contexto cultural.

A tendência histórico-crítica, por sua vez, concebe a Matemática como um saber

vivo, dinâmico, construído historicamente para atender às necessidades sociais e teóricas.

Nesta tendência, a aprendizagem da Matemática não consiste apenas em

desenvolver habilidades, como calcular e resolver problemas ou fixar conceitos pela

memorização ou listas de exercícios, mas criar estratégias que possibilitam ao aluno

atribuir sentido e construir significado às idéias matemáticas de modo a tornar-se capaz de

estabelecer relações, justificar, analisar, discutir e criar.

A ação do professor é articular o processo pedagógico, a visão de mundo do aluno,

suas opções diante da vida, da história e do cotidiano. O auge das discussões da tendência

histórico-crítica aconteceu num momento de abertura política no país, na década de 1980.

No final da década de 1980, a Cenp passou a investir na produção de outro tipo de

material, com novas características em relação à composição gráfica e configuração

lingüística. O ideal da articulação teoria-prática, mencionado insistentemente nos textos do

início da década de 80, era viabilizado mediante nova forma de elaboração e produção dos

textos em que os conteúdos, mais simplificados, falavam ao professor de uma prática

fundamentada teoricamente, cuja teoria era, porém, mostrada implicitamente. Outra

mudança dizia respeito ao suporte material do texto (o livro) trazendo maior número de

ilustrações, com o intuito de tornar o material mais agradável ao leitor.

e) Propostas Curriculares da década de 90

43

A aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (N° 9.394, de 20

de dezembro de 1996 – LDBEN) introduziu novas interpretações sobre o ensino da

Matemática.

Desde a vigência de tal, as escolas trabalham com certa autonomia no seu projeto

político-pedagógico. Oferecendo aspectos curriculares tanto na oferta de disciplinas quanto

no elenco de conteúdos das disciplinas da Base Nacional Comum.

A partir de 1998, iniciou-se a distribuição dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN) através do Ministério da Educação, ao qual a crítica contemporânea se concentra na

defesa da concepção neoliberal de homem, mundo e sociedade.

Quanto ao avanço nas pesquisas de Educação Matemática, pode-se dizer que os

PCN são as sínteses das tendências metodológicas na Educação Matemática e os

procedimentos de avaliação.

A crítica ao PCN de 1998 é pelo fato, da forte indicação do ensino de Matemática

voltada o para a aplicação no trabalho, minimizando o valor científico da disciplina.

Nos últimos anos acentuou-se, visivelmente, a atuação do governo federal no

âmbito das prescrições curriculares em todos os níveis de ensino que passou a assumir,

inclusive, competências que vinham sendo historicamente exercidas no âmbito dos

governos estaduais, tais como a produção de materiais de orientação curricular para o

ensino fundamental e médio.

No final da década de 1990, atenção da Secretaria da Educação voltou-se para a

compra de material didático (jogos e livros) e para a formação de professores mediante a

educação à distância, investindo na aquisição de antenas parabólicas e equipamentos

necessários a esse tipo de formação.

A promulgação da Lei Federal nº 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional e da Legislação Complementar trouxe a necessidade de reelaborarão dos

currículos dos cursos formais, desde a educação infantil até o nível universitário. Como

resultado pode-se observar que ocorreu uma aproximação aos princípios norteadores dos

44

currículos referidos, propiciando ainda uma socialização da terminologia específica e

melhoria da comunicação intra-grupal.

f) Proposta Curricular da primeira década de 2000.

Segundo PORTANOVA (2007), os grandes temas a serem trabalhados nas três

séries do ensino médio são: Geometria, Álgebra e Análise de Dados.

Inicialmente, fazemos uma análise de como esses temas são abordados nos

Parâmetros Curriculares Nacionais (1999) e nos chamados PCN+ (2002). A partir dos

tópicos apresentados nos referidos documentos, estabelecemos critérios para a elaboração

de uma proposta de abordagem dos referidos temas.

Para estabelecer esses critérios, relativamente à Geometria, promovemos um breve

estudo teórico sobre cada item que consideramos importante para ser trabalhado no ensino

médio: geometria euclidiana, geometrias não-euclidianas e dimensionalidade, localizando-

os na História da Matemática, a fim de verificar a sua importância para o desenvolvimento

de conhecimentos, habilidades e competências através do ensino de Matemática.

Analisando os PCN+, BRASIL (2002, p.111), relativos ao ensino médio,

considerado como etapa final da escolaridade básica, verifica-se que:

“[...] a Matemática deve ser compreendida como uma parcela do

conhecimento humano essencial para a formação de todos os

jovens, que contribui para a construção de uma visão de mundo,

para ler e interpretar a realidade e para desenvolver capacidades

que deles serão exigidas ao longo de sua vida social e

profissional”.

Inserir diferentes geometrias nos currículos é, antes de tudo, trabalhar com estilos

de raciocínios que desenvolvem variadas formas de pensar, o que dá mobilidade ao

pensamento do homem, qualidade essencial para o sujeito do século XXI.

45

Segundo PORTNOVA (2007), a Álgebra pode-se entender como a generalização da

aritmética. Pode-se, ainda, encará-la como um meio eficaz na resolução de problemas. No

entanto, é no desenvolvimento e análise de relações e na compreensão das estruturas

matemáticas que a álgebra assume, hoje, um papel de destaque no estudo das matemáticas,

nos diferentes graus de ensino, em especial, no ensino médio. Isso fica mais evidente, se

considerarmos que a sociedade de hoje e, principalmente a do futuro onde viverão nossos

alunos, passa por um período de intensa matematização. É necessário que a álgebra seja

compreendida de forma ampla, pois fornece recursos para analisar e descrever relações em

vários contextos, matemáticos e não matemáticos. Pretendemos destacar a importância de

uma metodologia de ensino da álgebra que permita ao aluno construir significados, lidando

com diferentes contextualizações.

Também consideramos que a abordagem no contexto geométrico para questões

algébricas possibilita expressivamente que se estabeleçam conexões em vários tópicos da

Matemática, não por desconsiderarmos a importância de outras significações, inclusive

não-matemáticas, pois é possível lermos e interpretarmos argumentos matemáticos

valendo-nos do raciocínio geométrico.

A Álgebra, no ensino médio, segundo os PCN+, é um dos eixos estruturadores do

ensino da Matemática, sendo desenvolvida concomitantemente com a Geometria e a

Análise de Dados.

A Análise de Dados foi dividida em três grandes temas: Combinatória, Estatística e

Probabilidade. Analisamos através de um estudo das Orientações Educacionais

Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCN+), a

forma como esses assuntos são abordados, se são viáveis e se têm condições de serem

aplicados nas escolas. Buscamos, ainda, descrever a melhor maneira para o

desenvolvimento desses temas, tendo um olhar especial para tecnologias como a

calculadora e o computador, buscando qual a melhor forma pela qual elas podem ser

inseridas na sala de aula para contribuírem com o seu desenvolvimento. O contexto

histórico, a estrutura e a forma dada a cada um dos temas é o ponto de partida para

46

entendê-los e, também, uma forma de verificar o que eles têm para contribuir com o

desenvolvimento do pensamento matemático e do raciocínio lógico trabalhado nas escolas.

Não conseguimos vislumbrar nenhuma desvantagem em abordar no Ensino Médio,

o ensino da Estatística e da Probabilidade, pois nossa preocupação é com a formação de

alunos críticos, reflexivos e capazes de avaliar a consistência das informações que recebem

tanto na escola como na sociedade, através da mídia e, para isso, o tema Análise de Dados

é um conteúdo formador valioso.

Conclui-se que abordando os referidos temas, de uma forma integrada e

contextualizada, nas três séries do ensino médio, os alunos poderão completar a educação

básica, tendo desenvolvido as competências esperadas para um cidadão capaz de viver

neste novo século.

4. ANÁLISE METODOLÓGICA DO ENSINO DE

TRIGONOMETRIA

a) Metodologia de História da Matemática

47

Antes de começar a análise metodológica, nos vem uma questão em mente: como as

informações geradas pela história da matemática podem ser utilizadas no ensino de

matemática?

Mendes nos diz que a investigação em história da matemática atualmente pode ser

considerada uma alternativa metodológica para o ensino de matemática escolar e baseia-se

em pressupostos que defendem o uso dessas informações através de atividades de

aprendizagem para o aluno. Assim, podemos buscar na história fatos, descobertas e

revoluções que nos mostrem a criatividade do homem quando se dispõe a elaborar e

disseminar a ciência matemática no seu meio sócio-cultural.

Mendes ainda diz que o aluno tem mais condições de construir a matemática como

um conjunto de idéias que são não somente inter-relacionadas, mas também relacionadas a

outros aspectos da conjuntura que as deu origem. Assim, será facilitada tanto a sua

compreensão da própria matemática quanto as suas aplicações.

De acordo com um estudo realizado por MENDES & FOSSA (1996), citado por

MENDES, procurando verificar as concepções, atitudes e experiências dos professores de

Matemática com relação ao uso da história em sala de aula, pode ser detectada que os

professores investigados apontam para a necessidade de um aprofundamento acerca do

conteúdo histórico de alguns tópicos matemáticos como a trigonometria, justificando ser

possível e necessária a utilização do mesmo durante as suas atividades de ensino. Desse

modo buscamos desenvolver um estudo que procurasse apresentar a eles um

aprofundamento teórico acerca do conteúdo histórico de trigonometria para que se torne

possível utilizá-lo como alternativa de aprendizagem de conceitos trigonométricos básicos

no ensino secundário.

Bem, agora falando um pouco sobre as relações metodológicas na história do

ensino de matemática, podemos dizer que a busca de estabelecer possíveis relações

metodológicas entre a história da matemática e o ensino desta disciplina, tem se

apresentado cada vez mais presente em vários estudos realizados atualmente por um

número cada vez crescente de educadores matemáticos.

48

Segundo MENDES, com relação ao uso da história como recurso de ensino de

matemática, há na literatura referente a esse tema, um estudo exaustivo, realizado por

MIGUEL (1993), ele caracteriza diversas fontes de utilização na história da matemática,

dentre as quais destacamos a de motivação da aprendizagem, a de seleção de objetivos de

ensino, a de recreação através de atividades lúdicas e heurísticas, a de desmistificação, para

mostrar a matemática acessível às atividades educativas do homem; a de formalização de

conceitos, a de dialética, a de unificação de vários campos da matemática, a de

conscientização epistemológica e de significação, a de cultura e a de epistemologia. Além

disso, seu trabalho culmina com a apresentação de um estudo histórico-pedagógico-

temático voltado para o ensino-aprendizagem dos números irracionais, material este

bastante útil para o trabalho dos professores que atuam no ensino secundário.

O ensino de matemática baseado em atividades pressupõe a aprendizagem como

uma construção constante das noções matemáticas a partir da experimentação, discussão

posterior dos resultados obtidos e elaboração final dos conceitos em construção. Cabe,

porém, ao professor preocupar-se com a elaboração das atividades e com as orientações

dadas aos estudantes durante a realização das mesmas, pois isso poderá ser decisivo no

processo de aprendizagem. Essa abordagem de ensino prevê a experiência direta do

aprendiz, com situações reais vivenciadas onde a abordagem instrucional é centrada no

aluno e em seus interesses espontâneos.

Assim, MENDES encerra, dizendo que para que se efetive um ensino-

aprendizagem significativo, é proposto uso da história através de atividades centradas na

aprendizagem por descoberta, pois o material histórico servirá de referencial para a

elaboração e testagem das atividades de ensino de trigonometria. Essa forma de abordagem

de ensino pressupõe uma colaboração mútua entre professor e alunos durante o ato de

construção do saber, pois a característica essencial desse modo de encaminhar as atividades

de ensino está no fato de que os tópicos a serem aprendidos estão por ser (re)descobertos

pelo próprio aluno durante o processo de busca que é conduzido pelo professor até que ele

seja incorporado à estrutura cognitiva do aprendiz. Além disso, esse modo de atividade

49

conduz o aprendiz através de experiências semelhantes às etapas vivenciadas pelos

matemáticos do passado e por isso o material histórico torna-se imprescindível para o

desenvolvimento desse tipo de ação docente.

Uma atividade que pode ser sugerida diz respeito à medição de altura de objetos

sem a utilização de sombras, cujos objetivos são; relacionar ângulos e lados de dois ou

mais triângulos retângulos semelhante, visando determinar a razão entre os lados desses

triângulos através dos processos de medição desses objetos.

Essa atividade suscita fatos históricos ligados às experiências de Tales e ao conhecimento

sobre a construção de tábuas trigonométricas realizadas na antigüidade, através da

determinação da tangente de um ângulo agudo.

b) Uma proposta alternativa para o ensino e aprendizagem de trigonometria

(i) Principais aspectos da teoria de David Ausubel

50

Segundo BRIGUENTI (1998), Ausubel define aprendizagem como organização e

integração do novo conhecimento com conceitos já existentes na estrutura cognitiva do

aprendiz e a estrutura cognitiva é entendida como um corpo de conhecimento estabelecido,

organizado e adquirido de forma cumulativa, e sempre ancorado em conhecimentos já

existentes, a qual é chamada de aprendizagem significativa.

A aprendizagem significa é ponto alto da teoria de Ausubel, pois para ele esse tipo

de aprendizagem só ocorre se, alem de se ter proporcionado ao aluno a conexão entre o eu

ele já sabe e o novo conhecimento, o conteúdo lhe for significativo, originando uma

curiosidade em aprender.

Também temos o conceito de diferenciação progressiva, que é o de se oferecer aos

alunos as idéias mais gerais em primeiro lugar, para depois detalhá-las. Já outro conceito

defendido por Ausubel para facilitar a aprendizagem do conteúdo é o conceito de

reconciliação integrativa que envolve uma aprendizagem superordenada ou combinatória,

pois engloba varias ideais, integrando o novo conhecimento aos outros já existentes.

(ii) A nova proposta

BRIGUENTI (1998) diz que as praticas de ensino vem sendo realizadas em nossas

escolas na concepção segundo a qual se acredita ser suficiente apresentar aos alunos os

conceitos já sistematizados.

Nessa concepção, os alunos são meros espectadores e o professor como aquele

indicado para apresentar as definições e regras já sistematizadas. Assim, segundo

BRIGUENTI (1998), não é dada ao aluno a oportunidade de ser co-produtor do seu

conhecimento.

Dessa forma podemos considerar que o aluno deve participar da construção do

conhecimento, ou seja, que a aquisição do saber historicamente acumulado adquirido na

escola só se dá quando o aluno é objeto e também sujeito da educação, o que nos leva a

considerar a sala de aula um espaço importante para a formação do aluno.

51

Ao elaborar atividades de ensino de trigonometria diferenciadas, BRIGUENTI

(1998), apoiou-se no conceito de aprendizagem significativa de AUSUBEL (1968), onde

estas forneçam momentos através de reflexões e de discussões das idéias pertinentes ao

problema proposto, do desenvolvimento da criatividade e do pensamento hipotético ao

elaborar hipóteses na tentativa de encontrar a solução do problema, e ainda promover a

interação social entre os alunos e o bom relacionamento entre professor e alunos. Então, as

atividades oferecem modos de ações para ajudar o aluno a construir os conceitos estudos,

possibilitando a aprendizagem significativa dos conceitos, favorecendo e estimulando o

pensamento reflexivo.

Durante o desenvolvimento da atividade, segundo BRIGUENTI (1998), procura-se

estabelecer conceitos relevantes e inclusivos que o aluno já possui, apoiando-se na

estrutura cognitiva do aluno.

Então, a dinâmica utilizada influi nos aspectos afetivos e lúdicos, considerando que

a maneira de trabalhar motiva fortemente o aluno ao possibilitar que este manipule

materiais concretos.

Bem, agora vamos passar à idéia da hierarquização dos conceitos, onde em

matemática alguns conceitos relevantes, pois serve de ancora desde os primeiros contatos

com o assunto, o que é o caso de semelhança de triângulos, segundo BRIGUENTI (1998).

Aqui podemos chegar à conclusão que os livros didáticos apresentam os conteúdos

em trigonometria numa ordem que não proporciona hierarquização dos conceitos e nem

aprendizagem significativa.

Outro fator importante a ser considerado são as condições para a aprendizagem

significativa, ou seja, que segundo AUSUBEL (1968), o conteúdo a ser aprendido deve ser

significativo para o aluno, originando as condições que desperte no aluno a curiosidade e

uma pré-disposição para aprender.

Assim, BRIGUENTI (1998), diz que antes de iniciar-se a apresentação de um novo

conceito na aula de matemática, o professor deveria utilizar-se de filmes envolvendo os

52

conceitos a ser iniciado, o que pode motivar os alunos para a aquisição de novo

conhecimento.

A seguir um mapa conceitual, mostrando relações entre ensino de trigonometria

tradicional e a nova proposta de ensino diferenciada:

53

ENSINO DE TRIGONOMETRIA

LIVROS DIDÁTICOS

DEFINIÇÕES E FÓRMULAS

PROPOSTA SUGERIDA:POSSIBILITA AÇÕES METODOLÓGICAS DIFERENCIADAS POR MATERIAL CONCRETO.

NOVO CONHECIMENTO ANCORADO EM CONCEITOS BÁSICOS E RELEVANTES.

O ALUNO TRABALHARÁ APENAS NA 1a VOLTA, COM OS VALORES DOS PRIMEIROS ARCOS EM TODOS OS QUADRANTES.

(iii) Aprendizagem receptiva x aprendizagem por descoberta

Segundo BRIGUENTI (1998), a grande preocupação de Ausubel era que a

aprendizagem do novo conhecimento esteja relacionada com os conceitos estabelecidos na

estrutura cognitiva do aluno, portanto que esta aprendizagem seja feita através da

descoberta do conceito. Para ele a aprendizagem significativa de um conceito pode se der

através de uma aula expositiva, pois a principal condição para acontecer à aprendizagem

não está na descoberta das propriedades de um conceito, mas na interação entre o novo

conceito e os já conhecidos pelos alunos.

Segue um mapa conceitual das aprendizagens:

54

ALUNOS CONSTROEM CONCEITOS DAS RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS NO TRIANGULO RETÂNGULO, POR AÇÕES CONCRETAS.

GENERALIZANDO OS PRINCIPAIS CONCEITOS TRIGONOMÉTRICOS, PODE-SE APRESENTAR FUNÇÕES TRIGONOMETRICAS UTILIZANDO –SE PROGRAS COMPUTACIONAIS.

PROPOSTA SUGERIDA

(iv) Relação entre teoria de Ausubel e atividades

Neste item, segundo BRIGUENTI (1998), vamos apresentar o relacionamento entre

as ações propostas nas atividades com a teoria de AUSUBEL (1968).

Antes de entrarmos nas atividades, vale ressaltar BRIGUENTI (1998), que não se

trata de oferecer aos professores de Matemática “fórmulas mágicas” ou “receitas” para o

desenvolvimento dos conceitos trigonométricos, com a intenção de substituir os livros

didáticos, mas sim de sugerir ações que poderão ajudar o aluno na construção dos

conceitos trigonométricos.

Segue abaixo a analise das dezesseis atividades, retirados de BRIGUENTI (1998).

ATIVIDADE I: MEDINDO ALTURAS

Esta atividade envolve dois conceitos relevantes – semelhança de triângulos e

proporcionalidade – que tem por objetivo que os alunos determinem alturas de árvores, de

pilares, etc., utilizando-se de dois procedimentos diferentes.

55

APRENDIZAGENS DOS ALUNOS

MANIPULAÇÃO DE MATERIAIS CONCRETOS

DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍNIO

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DOS CONCEITOS

RETOMADA DOS CONCEITOS

INDÍCIOS DE DESENV. DE AUTONOMIA

Como já citado anteriormente, recomenda-se que o professor deveria recorrer a

fatos históricos que se relacionam com os conceitos matemáticos abordados nessa

atividade (semelhança de triângulos).

Apoiado e um conceito fundamental – medida - acabam esclarecendo para os

alunos como foi que Thales de Mileto determinou a altura da pirâmide mais alta do mundo,

Queops, sem escalá-la. Aqui, para reforçar o desenvolvimento da atividade, poderá ser

exibido o filme “Teorema de Thales de Mileto”, da TV Escola, produzido pela

Coordenadoria de Ensino e Normas Pedagógicas (CENP), encontrado nas Delegacias de

Ensino que retrata Thales de Mileto (600 a.C.) determinou a altura dessa pirâmide.

Com a intenção de verificar se os conceitos de semelhança de triângulos e

proporcionalidade estão presentes na estrutura cognitiva do aluno é propostas atividades

extraclasse presente no ANEXO DE I de BRIGUENTI (1998).

Assim, é importante mostrar que a matemática não surgiu como é apresentada hoje,

mas foi fruto de um aperfeiçoamento e amadurecimento de idéias.

Para encerrar, são propostos alguns exercícios, pois para Ausubel a repetição

também é importante.

ATIVIDADE II: RAZÔES TRIGONOMÉTRICAS NO TRIANGULO

RETÂNGULO

Essa atividade tem dois objetivos: primeiro que o aluno deverá concluir que a razão

entre dois lados quaisquer de um triângulo é a mesma tomando-se os lados homólogos nos

triângulos semelhantes a ele e elaborar o conceito de razões trigonométricas.

Aqui o aluno deverá perceber que a razão entre as medidas de dois lados quaisquer

de um lado de um triangulo é a mesma quando se faz a razão entre lados homólogos de

56

outro triângulo semelhante, e assim ele estará construindo o conceito de razões

trigonométricas nos no triângulo retângulo, sem que o professor tenha iniciado este assunto

pela apresentação das fórmulas já sistematizadas. Então, dessa forma, o aluno terá a

oportunidade de realizar uma aprendizagem por descoberta significativa dos conceitos de

razões trigonométricas nos triângulos retângulos, pois estes foram ancorados em conceitos

anteriormente estudados – semelhança e proporcionalidade – que, por sua vez, serão pontos

de apoio para outros conceitos trigonométricos que deverão ser estudados.

Ao deixar os alunos a manipular material concreto (triângulos recortados em papel

dobradura), eles terão oportunidade de vivenciar o desenvolvimento da atividade, sob

auxilio do professor.

Na 2ª parte desta atividade, deve possibilitar ao aluno rever a nomenclatura para os

lados dos triângulos retângulos.

Na 3ª parte dessa atividade, devem possibilitar o fortalecimento e a assimilação dos

conceitos estudos através da resolução de exercícios, e só após todas estas etapas que o

professor poderá apresentar aos alunos os nomes de cada razão trigonométrica,

sistematizados através de formulas.

ATIVIDADE III: APLICAÇÕES DAS RAZÕES TRIGOMÉTRICAS NO

TRIÂNGULO RETÂNGULO

Esta atividade tem por objetivo a resolução de exercícios e problemas gerais, de

modo que os alunos, inseridos em situações-problema, tenham de interpretar os enunciados

e esquematizar a situação descrita.

Aqui seria conveniente que o professor explorasse situações próximas às das vidas

dos alunos, o que farão com eles resolvessem problemas do dia-a-dia.

57

Na 1ª parte da atividade propõem-se exercícios que exijam para sua resolução

esquemas gráficos.

Na 2ª parte os exercícios exigem soluções mais analíticas, embora seja necessária a

ajuda de esquemas gráficos para facilitar a representação da situação. Então, tanto na 1ª ou

na 2ª parte, o principio da reconciliação integrativa estará sendo utilizado, pois vários

conceitos terão sua parcela de contribuição na resolução dos exercícios ali propostos.

Seguindo, antes da 3ª parte da atividade, que abrange todos os conceitos estudados

até aqui, é interessante que o professor faça algumas considerações importantes sobre os

mesmos, supondo que o triângulo retângulo considerado tenha hipotenusa unitária. Tais

considerações serão ancoras para o comportamento das razões trigonométricas no ciclo

trigonométrico e possibilitarão aumentar o nível de discriminalidade dos conceitos até aqui

desenvolvidos.

Assim, com este procedimento, segundo AUSUBEL (1968), estaria utilizando os

princípios de diferenciação progressiva e de reconciliação integrativa, pois o conceito de

razões trigonométricas no triangulo retângulo estaria sendo ampliado para uma

determinada especificidade e este fato, relacionado com outros conceitos já conhecidos

pelos alunos, influenciariam na compreensão de algumas formulas, o que levaria a uma

integração vertical e horizontal entre os conceitos, facilitando a aprendizagem significativa.

ATIVIDADE IV: SISTEMATIZAÇÃO DOS CALCULOS DAS RAZÕES SENO

E COSSENO DE UM ÂNGULO AGUDO

O objetivo desta atividade é que o aluno determine os calores de sen α e cos α,

quando α varia de 10° em 10° (até 180°) e estabeleça a tendência dos números

trigonométricos para α tendendo a 0° e a 90°.

Ela oferece oportunidades para os alunos, por meio de ações concretas como

construir triângulos retângulos conforme as especificidades dadas, medir os seus lados e

58

comparar os resultados, possam refletir sobre o comportamento das razões trigonométricas

sen α e cos α.

Assim sendo, além dos alunos utilizarem conceitos âncoras - razões trigonométricas

no triângulo retângulo – o fato de construírem os vários triângulos com a medida da

hipotenusa constante, possibilita fazer analogias com o que foi estudado anteriormente.

Desta forma, os alunos terão seus primeiros contatos com os comportamentos das funções

trigonométricas.

Após, os alunos devem calcular os valores dos senos e cossenos dos ângulos, e

observando o comportamento assumido pelos valores. Então, para provocar mais

discussões, o professor deverá perguntar o que aconteceria se α estivesse variando de 5° em

5° ou de 1° em 1°. Depois o professor pode apresentar uma transparência para visualizarem

o que acontece com valores das razoes trigonométricas dos triângulos retângulos que estão

sendo modificados.

Assim, podemos dizer que o citado acima é mais um exemplo de aprendizagem

significativa, pois se chegou à definição de ciclo trigonométrico, através da utilização de

conceitos já concebidos.

ATIVIDADE V: SISTEMATIZAÇÃO DA TANGENTE

Antes de começar a atividade, o professor deverá comentar que a tangente além de

ser obtida por fórmula, também pode ser representada graficamente.

Procedendo dessa forma, novamente os conceitos de semelhança e

proporcionalidade estarão sendo utilizados para definir a tangente como medida de

segmento, proporcionado a aprendizagem significativa do conceito.

59

Para fortalecer as idéias apresentadas, propõe-se que os alunos determinem os

valores ta tg α, para α variando de 10° em 10°, até 80°, e estabeleçam os valores da

tangente do arco muito próximo de de0° e 90°. Assim, os alunos visualizam o rápido

crescimento dos valores das tangentes e que tg 90° não existe.

Esta maneira de proceder motiva os alunos, porque alem de trabalhar de maneira

diferenciada do que normalmente se tem feito, também constatam que houve aprendizagem

do que foi estudado, tendo em vista, sempre que possível esses conceitos são retomados e

utilizados.

ATIVIDADE VI: TRABALHANDO COM ÂNGULOS MAIORES QUE 90°

É importante comentar a rudimentaridade e a impressão e a imprecisão do processo

realizado até aqui e que, até o presente momento, foram trabalhados apenas com os ângulos

agudos do triangulo retângulo. Devido à necessidade de se utilizar cálculos trigonométricos

mais complexos, por exemplo, ampliam-se os conceitos estudados para arcos maiores que

90°.

Para iniciar o trabalho com arcos contidos na primeira volta do ciclo trigonométrico

é conveniente que os alunos conheçam e trabalhem com as duas unidades de arcos mais

utilizadas: graus e radianos deverão saber localizá-los no ciclo trigonométrico e converte-

los de uma unidade para outra.

Na 1ª parte desta atividade, a partir da razão entre a medida do comprimento de um

arco e a medida do raio da circunferência que o contém, os alunos descobrem que os

valores das razões são sempre iguais a uma mesma constante e encontram a medida do

ângulo central.

Essa constante obtida quantas vezes a medida do raio “cabe” na medida do arco,

chegando assim a formula para determinar a medida do ângulo central e iniciando o

trabalho com radianos.

60

Na 2ª parte da atividade, trabalha-se a correspondência existente entre o ângulo

central da meia volta e o numero irracional π, determinando todas as correspondências

entre a medida do ângulo central e os números irracionais.

Para finalizar, a 3ª parte contém exercícios que aplicam e reforçam os conceitos

aprendidos.

Como vemos esta atividade não está ancorada nos conceitos de semelhança e

proporcionalidade, mas são construídos a partir de idéias relevantes particulares anteriores,

menos inclusivas, mas já conhecidas pelos alunos.

Uma motivação é que os alunos conseguem estabelecer relações com aprendizagens

anteriores.

ATIVIDADE VII: ARCOS TRIGONOMÉTRICOS

Esta atividade é praticamente a extensão da anterior, coloca os alunos em contato

com arcos de mais de uma volta ou arcos negativos. Pretende-se com ela que o aluno

localize no ciclo trigonométrico qualquer arco representado pela sua expressão geral,

escrito em radianos ou em graus. Assim, o aluno terá os primeiros contatos com os arcos

trigonométricos que poderão ser, alem daqueles já estudados, arcos maiores que 360° ou

menores que 0° (arcos negativos).

O professor deverá comentar que um ponto do ciclo trigonométrico poderá ser

representado por infinitos arcos com a mesma posição na circunferência, mas com medidas

diferentes, e que a localização dependerá do sentido escolhido para percorrer o arco.

ATIVIDADE VIII: VALORES DO SENO E COSSENO PARA ARCOS DO 2°

QUADRANTE

61

Antes de começar a atividade, vale ressaltar que as atividades VIII, IX e X têm

como conceitos fundamentais: simetria e congruência entre triângulos, ou seja, caso o

professor verifique falhas conceituais é conveniente que ele tente saná-las antes de

desenvolver esta atividade.

Nesta etapa da proposta, objetiva-se ampliar os conceitos estudados anteriormente,

para os principais arcos contidos na primeira volta do ciclo trigonométrico. Então,

utilizando-se dos conceitos de simetria e congruência entre os triângulos existentes, é

possível determinar os valores das razoes trigonométricas de arcos da primeira volta do

ciclo trigonométrico, comparando com valores já conhecidos dessas razões do 1°

quadrante, onde as razões trigonométricas já estudadas serão retomadas.

Para introduzir os valores do seno e do cosseno de arcos do 2° quadrante, o

professor deverá desenhar na lousa um ciclo trigonométrico e arco de medida β. Assim,

usando simetria, o professor deve chegar geometricamente à conclusão que os arcos são

congruentes. Então da congruência citada, deve chegar-se a conclusão que α + β = 180°,

assim torna-se um momento propicio para se nomear estes ângulos como suplementares,

pois a soma de suas medidas é 180°.

Apesar de a atividade ser expositiva, segundo AUSUBEL (1968), é possível

acontecer uma aprendizagem significativa, pois os conceitos utilizados não foram

apresentados de forma isolada e desconexa de outros.

ATIVIDADE IX: VALORES DO SENO E COSSENO PARA ARCOS DO 3° E 4°

QUADRANTES

Esta atividade tem por meta que os alunos determinam os valores do seno e do

cosseno dos principais arcos do 3° e 4° quadrantes e que estabeleçam a relação existente

entre os senos e cossenos de arcos explementares, (β – α = 180°) e replementares (α + β =

360°).

62

Antes de começar a atividade, o professor deve fazer observações envolvendo os

conceitos de simetria e de congruência entre triângulos, sempre fazendo relações com os

conhecimentos já assumidos pelos alunos.

O professor deverá traçar um circulo e marcar um arco β, de extremidade no 3°

quadrante. Também deverá fixar um ponto e marcar um arco simétrico no 1° quadrante, e

concluindo que os triângulos retângulos formados são congruentes, porém algebricamente

opostos. Daí fica fácil visualizar que β – α = 180° ou que β = 180° - α.

Conclusão análoga deverá ser feita ao termino da 2ª parte.

Para encerrar, são passados exercícios, mas vale ressaltar que a hierarquia dos

conceitos prepara o desenvolvimento das próximas atividades.

ATIVIDADE X: VALORES DA TANGENTE PARA ARCOS DO 2°, 3° e 4°

QUADRANTES

Esta atividade, utilizando-se dos mesmos procedimentos realizados nas atividades

recém-desenvolvidas, amplia o estudo da tg α, para os outros quadrantes, anteriormente

feitos pra o 1° quadrante. Para isso, será considerado um arco com a extremidade no 2°

quadrante.

63

É conveniente relembrar que a tangente de α pode ser determinada pela relação

entre seno e cosseno.

Com a intenção de relembrar o conceito de tg α para os arcos do 2° quadrante, é

importante que o professor trace no quadro um ciclo trigonométrico, e deverá mostrar a

simetria e congruência entre os dois triângulos formados pelo 1° e 2° quadrantes.

As ações sugeridas para esta atividade, não abrangem somente a descoberta dos

valores da tangente para os arcos do 2° quadrante, mas também possibilitam, ainda na 1ª

parte, que trabalhem com arcos do 3° e 4° quadrantes.

Aqui a aprendizagem significativa é realizada através de estudos anteriores, quando

o aluno observou o comportamento do seno e cosseno dos arcos do 3° e 4° quadrantes, o

que fez com que os alunos visualizassem o comportamento da tangente para arcos do 3° e

4° quadrantes.

ATIVIDADE XI: REDUÇÃO DE ARCOS AO PRIMEIRO QUADRANTE

Antes do inicio desta atividade, o professor deverá explicar a utilização de se

reduzir arcos ao 1° quadrante. Para isso, deve-se comentar que, embora as tabelas

trigonométricas nos livros didáticos tragam valores das razoes trigonométricas somente dos

arcos que estão no intervalo de 0° a 90°, é possível determinar esses valores de arcos

64

maiores que 90°, ou menos de 0° fazendo uso da mesma tabela trigonométrica, medindo a

redução do arco considerado ao 1° quadrante.

O objetivo aqui é relacionar o valor de seno, do cosseno e da tangente de um arco

qualquer, com o valor destes no 1° quadrante. Ao desenvolver o 1° item desta atividade, o

aluno terá de utilizar o conceito de simetria para transportar a extremidade do arco do 2°

quadrante para o 1°, determinando o novo arco do 1° quadrante que lhe permitirá

determinar os valores trigonométricos doa arco do 2° quadrante procurado.

Aqui é importante os alunos utilizarem esquemas gráficos no ciclo trigonométrico,

pois este procedimento traz vantagens para resolver exercícios, facilitando a escolha do

sinal a ser adotado.

Todos esses procedimentos, o retorno constante aos conceitos estudados

anteriormente, indicam que a aprendizagem aqui realizada é do tipo superordenada, pois

abrange vários conceitos relevantes ao mesmo tempo, sem os quais, não seria possível a

concretização de uma aprendizagem significativa.

Também vale enfatizar que esta habilidade é muito importante para o

desenvolvimento de conceitos trabalhados anteriormente, dele depende muito outros já

estudados e muitos outros dependerão.

ATIVIDADE XII: OUTRAS RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS

Esta atividade apresenta novas razões trigonométricas: a cotangente, a secante e a

cossecante e determina seus valores trigonométricos para os principais arcos do ciclo.

Dependendo do grau de desenvolvimento dos alunos e do aprofundamento que se

pretende dar a este estudo, o professor poderá mostrar o comportamento e a variação destas

65

novas razões nos seus respectivos eixos do ciclo trigonométricos ou apenas relacioná-las

com as outras já estudadas, através da divisão entre a medida dos lados dos triângulos

semelhantes, para chegarem às fórmulas dessas novas razões trigonométricas.

Embora, o conceito mais abrangente e relevante continue sendo o de semelhança

entre triângulos, o professor pode apresentar as novas razões trigonométricas utilizando-se

da representação geométrica.

Entendendo que para realizar a aprendizagem significativa desses conceitos, seria

conveniente trabalhar com os aspectos geométricos, para depois chegar aos algébricos.

Para resolver os exercícios sugeridos, foram utilizados os dois princípios propostos

por Ausubel – diferenciação progressiva e reconciliação integrativa. O primeiro porque

idéias gerais precedem os conceitos mais específicos e o segundo porque foram

estabelecidas comparações entre o novo conhecimento e o já estabelecido. Aqui pode

acontecer uma aprendizagem superordenada, pois para o aluno determinar a sec 120°, ele

teve de aplicar muitas outras idéias relevantes, particulares e menos inclusivas.

ATIVIDADE XIII: EQAUÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Até aqui, conhecendo-se a medida de um ângulo era possível determinar o valor de

uma razão trigonométrica ou a medida de um lado do triangulo retângulo. Agora, com esta

atividade, pretende-se fazer o caminho inverso, ou seja, determinar a medida de um ângulo

que satisfaça uma igualdade trigonométrica composta.

66

Pretende-se com esta atividade que os alunos saibam resolver equações

trigonométricas e, para isso, o aluno deverá saber que uma equação trigonométrica é

determinar todos os possíveis valores de x, que satisfaçam a igualdade proposta. Para

garantir a aprendizagem significativa de um novo conhecimento desenvolvido nesta

atividade, caso o professor detecte dificuldades referentes à “equação”, será conveniente

que este conceito seja retomado.

Para o aluno resolver uma equação trigonométrica, deverá primeiro reconhecer que

se trata de uma equação e saber trabalhar com os procedimentos algébricos exigidos para

reduzir a equação numa igualdade representada de um lado, por uma razão trigonométrica

e do outro lado, por uma igualdade numérica. Somente depois disso, o aluno terá condições

de determinar os valores de x que satisfação aquela igualdade para resolver a equação

inicialmente proposta.

Com estes procedimentos, apesar do professor realizar uma aula expositiva e os

alunos ouvirem passivamente os exemplos dos vários tipos de equações, pode ter

acontecido uma aprendizagem significativa superordenada, pois além do novo conceito se

apoiar na estrutura cognitiva existente, o mesmo abrange vários outros conceitos relevantes

menos inclusivos, como os conceitos de equação.

ATIVIDADE XIV: INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

As inequações trigonométricas, normalmente não fazem parte do programa de

matemática do atual ensino médio, mas pode ser conveniente propor que se desenvolva

este conceito, tendo em vista que o modo como os conceitos trigonométricos foram

desenvolvidos até aqui. Os alunos acostumados a utilizar o esquema gráfico representando

67

a situação no ciclo trigonométrico determinam com facilidade o valor de seno, cosseno e

da tangente dos principais arcos do ciclo trigonométrico. O professor desenvolverá ou não

este conceito.

Nesta atividade os procedimentos são análogos ao da atividade anterior e exige que

aluno interprete o esquema gráfico feito no ciclo trigonométrico.

Estes procedimentos oferecem oportunidade de aprendizagem significativa

superordenada já desenvolvidos e também outros conceitos relevantes menos inclusivos,

como é o caso do conceito de inquação.

ATIVIDADE XV: CORRESPONDENCIA ENTRE UM NÚMERO REAL E UM

PONTO DO CICLO TRIGONOMÉTRICO

Até esta etapa os alunos tiveram a oportunidade de trabalhar com os alunos os

conceitos trigonométricos para os arcos pertencentes ao intervalo 0 ≤ α ≤ 2πrd.

Desenvolveram e aplicaram conceitos como: redução de arcos para o 1° quadrante,

equações e inequações trigonométricas.

Como já dito, a proposta de BRIGUENTI (1998) se diferencia muito do que

normalmente tem sido feito para trabalhar este assunto da Matemática.

É vital importância que os alunos apresentem na sua estrutura cognitiva o conceito

de função. Caso haja alguma falha neste conceito, o professor deverá saná-la para que não

exista um comprometimento da aprendizagem significativa.

Antes de aplicar os conceitos trigonométricos para todo numero x real, propõe-se

que os alunos desenvolvam esta atividade que objetiva localizar um numero real no ciclo

trigonométrico.

Será conveniente que o professor comente com seus alunos que a trigonometria

surgiu para relacionar as medidas dos lados e dos ângulos de um triangulo. Entretanto, com

68

o passar do tempo, esses conceitos foram ampliados para movimentos circulares e para

resolver problemas que envolviam periodicidade de todos os tipos, até chegar a envolver

números reais.

Para facilitar o entendimento, o professor pode surgir que seus alunos imaginem

uma reta real numerada, cuja finalidade é a medida do raio do ciclo trigonométrico, que

seja ajustada sobre o ciclo trigonométrico.

Não se pode deixar de observar que cada nuumero real tem seu ponto correspndente

no ciclo trigonométrico e que é represento por infinitos números reais.

ATIVIDADE XVI: GRÁFICO DAS FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS NO

PLANO CARTESIANO

Nesta etapa os alunos já sabem que é possível relacionar arcos com números reais

no ciclo trigonométrico. Dessa forma, este é momento ideal para generalização e

construção de gráficos das funções trigonométricas no plano cartesiano.

Caso o professor tenha oportunidade é bastante oportuno fazer uso de um

computador para visualizar os gráficos das funções trigonométricas no plano cartesiano,

observando as variações de crescimento e sua periodicidade.

Apesar da proposta alternativa sobre o ensino e a aprendizagem da trigonometria

encerrar com esta atividade XVI, o estudo realizado para determinar os conceitos

relevantes deste assunto, bem como a hierarquia existente entre eles, apontou também

outros conceitos trigonométricos como: adição, multiplicação e bisseção de arcos, poderão

ser estudos no ensino superior, num momento oportuno.

69

(iv) Mapa Conceitual dos procedimentos da implantação da proposta

5. BIBLIOGRAFIA

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edição, São Paulo, 1962.

70

PROCEDIMENTOS

TRABALHO EM EQUIPE

RELACIONAMENTO ENTRE ALUNOS E PROFESSORAS

ASPECTO LÚDICO DA PROPOSTA

ALUNOS PROFESSORAS

REFLEXÃO A PARTIR DOS ERROS

MOTIVAÇÃO REL. ENTRE GRUPOS

TROCA DE INFORMAÇÕES

MELHORIA DO REL. ENTRE PESSOAS

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curriculares nacionais: matemática. Brasília: SEF/MEC, 1997.

5. BRASIL, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros

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Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC,SEMTEC, 1999.

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