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10 2009, Os autores 10 2009, Editor.\ UFMG Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor. T 758 Trabalho : diálogos multidisciplinares / Daisy Moreira Cunha , João Bosco Laudares, organizadores . - Belo Horizonte: Editora UFMG , 2009. 239 p. - (Humanitas) Inclui referências. ISBN: 978-85-7041-710-7 1. Trabalho. 2. Tr.lbalhadores. 3. Educação para o trabalho. \. Cunha, Daisy Moreira. 11. Laudares, João Bosco. li\. Série. CDD: 371.425 CDU: 37.035.3 Elaborada pela Central de Controle de Qualidade da Catalogação da Biblioteca Universitária da UFMG DIRETORA DA COLEÇÃO Heloisa Maria Murgel Starling EDITORIAL Euclídia Macedo e Letícia Féres EDITORAÇÃO DE TEXTO Maria do Carmo Leite Ribeiro PROJETO Glória Campos - Mangá REVISÃO E NORMALIZAÇÃO Deborah Ávila REVISÃO DE PROVAS Alexandre Vasconcelos, Beatriz Trindade, Lira Córdova, Renata Passos, Renilde Silveira e Vanderlucia Costa MONTAGEM DE CAPA E FORMATAÇÃO Robson Miranda PRODUÇÃO GRÁFICA Warren Marilac EDITORA UFMG Av . Antônio Carlos, 6.627 Ala direita da Biblioteca Central - Térreo Ca mpus Pampulha CEP: 31270-901 Belo Horizonte/MG Brasil Te\.: +55 31 3409-4650 Fax: +5531 3409-4768 www.editora.ufmg.breditora@ufmg.br SUMÁRIO Apresentação p il.T E TRABALHO: ASPECTOS CONCEITUAIS EM DEBATE Trabalho, classe ope rá ria e luta de classes João Antôni o de Pa ula A divisão intern<l cional do tr aba lh o sob a mode rnidade líquida do capitalismo globalizado Do ming os Leite Lima Filho Trabalh o: um o bj eto transdi s ciplin ar espe rando re-conhecimento Daisy Moreira Cunha João Bosco Laudares P ilrE TRABALHO E INFORMALIDADE NO ESPAÇO DA CIDADE Dimensões psi copo líti cas da prostituição: a re la ção prostituta e trabalho Vanessa Andrade de Bnrros Mônica Queiroz de OlIVei ra Crist ian e Veloso Neves Trabalho e cidade: os camel ôs e a co nstrução dos siJ o ppings pop ulares em Belo Horizo nt e Magda de Almeida Neues Juliana Gonzaga Jayme Paulina Za mbell i 7 16 33 50 76 98

Trabalho - Um Objeto Transdisciplinar Esperando Re-conhecimento

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10 2009, Os autores

10 2009, Editor.\ UFMG

Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor.

T 758 Trabalho : diálogos multidisciplinares / Daisy Moreira Cunha, João

Bosco Laudares, organizadores. - Belo Horizonte: Editora UFMG , 2009. 239 p. - (Humanitas)

Inclui referências. ISBN: 978-85-7041-710-7

1. Trabalho. 2. Tr.lbalhadores. 3. Educação para o trabalho. \. Cunha, Daisy Moreira . 11. Laudares, João Bosco. li\. Série.

CDD: 371.425

CDU: 37.035.3

Elaborada pela Central de Controle de Qualidade da Catalogação da Biblioteca Universitária da UFMG

DIRETORA DA COLEÇÃO Heloisa Maria Murgel Starling ASSIST~NCIA EDITORIAL Euclídia Macedo e Letícia Féres EDITORAÇÃO DE TEXTO Maria do Carmo Leite Ribeiro PROJETO G1~ÁFlCO Glória Campos - Mangá REVISÃO E NORMALIZAÇÃO Deborah Ávila REVISÃO DE PROVAS Alexandre Vasconcelos, Beatriz Trindade, Lira Córdova, Renata Passos, Renilde Silveira e Vanderlucia Costa MONTAGEM DE CAPA E FORMATAÇÃO Robson Miranda PRODUÇÃO GRÁFICA Warren Marilac

EDITORA UFMG Av. Antônio Carlos, 6.627 Ala direita da Biblioteca Central - Térreo Campus Pampulha CEP: 31270-901 Belo Horizonte/MG Brasil Te\. : +55 31 3409-4650 Fax: +5531 3409-4768 [email protected]

SUMÁRIO

Apresentação

pil.T E TRABALHO: ASPECTOS CONCEITUAIS EM DEBATE

Trabalho, classe operária e luta de classes João Antônio de Paula

A divisão intern<lcional do trabalho sob a mode rnidade líquida do capital ismo globali zado

Domingos Leite Lima Filho

Trabalho: um objeto transdisciplinar esperando

re-conhecimento Daisy Moreira Cunha João Bosco Laudares

PilrE TRABALHO E INFORMALIDADE NO ESPAÇO DA CIDADE

Dimensões psicopolíticas da prostituição: a relação prostituta e trabalho

Vanessa Andrade de Bnrros Mônica Queiroz de OlIVei ra Cristiane Veloso Neves

Trabalho e cidade: os camelôs e a construção dos siJoppings populares em Belo Horizonte

Magda de Almeida Neues Juliana Gonzaga Jayme Paulina Zambell i

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DAISY MORE I RA CUNHA JOÃO BOSCO lAUDARES

TRABAlHO UM OBJETO TRANSD/SClPUNAR

ESPERANDO RE·CONHECIMENTO

INTRODUÇÃO

O interesse em compreender a complexidade do trabalho requer uma abordagem de conjunto dos aspectos sociocultu­rais , políticos, biológicos, psicológicos, econômicos e jurídicos, considerando-se tais realidades no espaço e no tempo, ou seja, de modo situado. A perspectiva transdiscip/inar aparece como um desafio na lida com a totalidade concreta do trabalho, pois exige evidenciar passagens secretas entre estes recortes disciplinares, assumir objetos obscuros, vasculhar possibilidades escondidas no compartilhamento dos mé todos próprios de cada campo disci­plinar, além de buscar gerar procedimentos extra metódicos na geração de novos saberes sobre realidades ainda não investigadas no trabalho. Esse movimento interroga campos disciplinares cons­tituídos, mas ele não avança na construção de conhecimento novo caso não parta da experiência real de trabalho. Esta introdução pohtua problemas teóricos em alguns campos disciplinares e apresenta reflexões teórico-metodológicas para uma abordagem do trabalho real - trabalho em atos, realização prática.

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TRABALHO : INTERFACES ) BARREIITh.S E PASSAGENS ...

o olhar plural de Otávio Du lci nos guia pelas várias dimensões do fato trabalho:

A questão do mercado ele traba lho, abordada, sohre tudo, pela Economia, entende-se para a área educaCIonal , de treinamento e qualificação dos tra balhado res . Já as re lações de trabalho, o processo de trabalh o, () seu ambiente socia l, , hem como o desenvolvimento das profissões, são preocupaçoes e minente­me nte socio lógicas, mas que interessa m muito aos historiado res (História Social) . As implicaçôes do processo de traba lho , por sua vez, se desdobram nos cl mpos da Engenharia CErgo no mia, por exemplo) e da Medicina, ao lado de ou tras áreas clínicas, como a Psicologia , a Enfermage m e a Terapia Ocupacional. Trata-se , aí, dos problemas relati vos à saúde, aos acidentes de ,trabalho , às doenças ocupa cio nais, ~IS atividade insa luhres. Alem dISSO, o traba lho to rno u-se, com o tempo, um campo relevante de cod ificaç,'!o e análise jurídicas (D ireito do Tr~dxdho), Os direitos trabalhistas representam um :I\'am,'o sign ificl ti vo da cidadan ia ao longo do sécul o JC..'<, embora :Iha lados pelo desem~rego estrutural, fruto da exp<lnsào tecnológic:J, pela rreCaflz.;I~·:J() do trabalho e pela informalidade. Essas questôes que conhecemos bem no Brasil e que têm a ve r com a din~ micl do mercado de trabalho, o que n;s traz de volta 11 esfera econômica. E envol~em, o bviamente , consideracôes polílicas, le ndo em vista as polItlcas de emprego e re nda que passam contrabalança r os problemas socia is ge rados pe lo mercado .'

O trabalho aqui é trata clo como um fato l11ultidimensional que pode ser lido a partir de ca mpos disciplinares difer~ntes, mas que guardam, ainda assim, passagens a ex plorar. Um unlco fato do trabalho pode ser ['e presentado de maneiras diferentes em funçào do enfoque dado de um ponto de vista disciplinar, em que a abordagem de um aspecto pode nos ab rir :1S portas ao entendimento de aspectos relacionados. Esse entendimento pode nos conduzir a abordagens do tipo multidisciplinar, em ,que dividimos o objeto em suas múltiplas dimensões para estuda-las no recorte específico de clda discip lina, segundo protocolos disciplinares que sào os seus - o objeto é dividido em dimensões que possam se r estudadas pe las disciplinas constituídas.

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A produ çüo do conhecimento sobre o traba lho humano -fenô meno socia l mult id imensio nal - nem sempre esteve sItuada na confluênc ia dos dife rentes campos d isciplina res ci tados por Dulc i. Os conheci mentos nen. sem pre fo ram produ zidos nas interfaces das disci rli nas cientí fi c ls tradicionais e consolidadas. Mas tais interfac\.:s se mostram muito profícuas quando resultam de projetos de pesquisa l11ultidiscirlinares em que as mais diversas disciplinas cooperam com um projeto, mas cada qual trabalhando um aspecto do objeto com seus r rotocolos científicos.

Numa pe rspec tiva mais ava nçada , podería mos pensar a: potencialidades abe rtas por uma i n te rdisc ip l ina ~idade onde ha s ituações em que uma disci plina nova aclota metodos d~ outra ma is antiga, mas ainda ocorre a manu tenção da fonte dlSClpltnar. Nesse se ntido, um passo ad iante rode ria ser o esforço em reunIr, reintegrar ta is dimensões divid idas ante rio rmente. A a bordagem in te rdisciplinar se caracteriza pela part ilha de um objeto comun; resguardando ~I S especialidades suas especificidades, mas Ja numa tentativa de uni fi cação para se gerar um conheClmento

novo sobre o mesmo. Entretanto, os desafios atua is postos pelos estudos sobre

trabalho humano apontam para uma pe rspectiva transdisciplinar em que a meta seria instaurar uma ~eto~o logia un~~ca?a para pesquisar, nessas interfaces , zonas de 19noranCla das ClenClas. Ma~ como pode ríamos conceber esse transcltSClplmar? Se tomarmos a pe rspectiva de Domingues / tere mos q ue o ~reflxo t~an= ~os remete a duas acepções: "através", "passa r por e tambem ~a ~~ alé m", "passage m", "transiçüo" ,. "mudança", "transfo rmaçao , entre outros. O transdisciplinar ta la de conheCImentos gerados na transmutaçào ou no traspassa me nto das d isciplinas que se freqüentam o u se aproximam. Para o autor,

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além de suge rir a idéia de mov imento, da freqüentaçà~ das d isc iplinas e da quebra de ba rre iras, a tra nsdlsc lpltnandade pe rmite pensar () cruzamento de especial idad:s, o trabalho nas interfaces , a superaç~lo das frotlle iras, a mlgraçao de um conce ito de um campo de saher pa ra outro, além da pr~pria u~ific~çào do conhec imento ( ... ) Trata-se, pon:mto, de uma Interaçao dlr.â ml~a conte mplando processos de auto-regulaçào e de retroaltmentaçao e n~l () de lima in tegraç;lo ou anexaçào pura e simples.

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Como exemplo de estudos transdisciplinares, lembramos as novas necessidades postas pela pesquisa na área da biologia foca­lizadas no novo curso de Doutorado em Bioinformática da UFMG , que associa biologia, ciências exatas e engenharia . O objetivo é formar profissionais capazes de processar dados necessários para desvendar códigos genéticos (seqüenciamento de genomas) em seres humanos e animais. A participação em pesquisas integnlntes do genoma brasileiro demanda aos biólogos competências na área de informática ou , no mínimo, com competências para trabalhar com profissionais que criam e decifram códigos de inform'ática .4

Voltando a Ivan Domingues, temos que a perspectiva trans­disciplinar nos coloca a missão de "evidenciar as pontes secretas dos campos do conhecimento; as passagens desconhecidas das teorias; as operações escondidas compartilhadas pelos métodos; os procedimentos extra metódicos da geração do conheci­mento ... ". S Mas no caso dos estudos sobre trabalho, pensamos que uma abordagem interdisciplinar ou transdisciplinar poderiam nos conduzir a um esforço investigativo centrado em conceitos já formulados pelos campos disciplinares. Seria o caso de nos perguntarmos se essa perspectiva, centrada num movimento' entre disciplinas, será suficiente para compreender e explicar as atuais configurações do trabalho .

IMPORTA CONHECER O TRABALHO PARA PENSAR A EDUCAÇÃO

A educação é colocada em questão enquanto prática social a partir dos problemas e crises que vivencia. A educação é prática social no sentido que é ação educativa exercida por grupos sociais e/ ou indivíduos sobre outros grupos ou indivíduos no quadro de sua formação, de seu desenvolvimento e aperfeiçoamento. Tal como a prática da medicina, essa prática se inscreve no prolonga­mento da vida. Ela se apresenta para os homens como um meio de renovar as condições de sua própria existência ; nesse sentido, podemos observar uma função de tradição e, portanto, portadora de um certo conservadorismo. Teorias pedagógicas exprimem e se nutrem de teorias gerais de hominização, de concepções de cultura, de teorias epistemológicas, mas também de práticas

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sociais dos grupos nesse terreno e das atividades práticas dos educadores. Tais teorias são perpassadas por saberes e valores humanos de sua época ou grupo social onde emergem. Assim sendo, importa conhecer maneiras de pensar e agir em educação .

A educação supõe uma intencionalidade a partir de um modelo de homem que quer produzir e/ ou reproduzir, portanto, um terreno marcado por "matérias estrangeiras",6 abrindo sobre numerosas questões filosóficas , posto que todo ato educativo tem por razão de ser o próprio homem e seus ideais históricos de humanidade. Entretanto, nem toda educação se produ z a partir de atos educativos voluntários; o homem se educa na sua atividade de transformação do meio.

Importa , especialmente, saber como no campo das idéias pedagógicas o trabalho foi tomado como objeto e/ou matéria estrangeira para desvelar em que esta experiência evidencia o fenômeno educativo nos homens. Somos confrontados às rela­ções estabelecidas entre idéias pedagógicas e o conceito e fato do trabalho. Quais seriam as contribuições do trabalho, enquanto atividade humana, para conhecê-lo e transformá-lo em fenômeno educacional? Como melhor compreender tal fenômeno educativo a partir do aprofundamento e da incorporação de uma reflexão sobre o trabalho? Como a teoria pedagógica pensou e incor­porou as dimensões educativas do trabalho em sua concepção de educação? As incorporou? Como as chamadas "pedagogias do trabalho" o fizeram? E a partir de que concepção de trabalho e educação? E como encontraram o trabalho enquanto experi­ência que teria algo a dizer sobre o fenômeno educativo, posto a partir de evoluções em pesquisas de tipo disciplinar, exigência dos movimentos sociais ou a partir de problemas concretos enfrentados no trabalho de mestre e alunos? Como o homem se forma, e que esclarecimentos podemos tirar do interrogar sobre o trabalho? O homem ·se forma também por sua atividade de trabalho? Se for possível uma teoria da formação humana, ela não pode prescindir da experiência humana do trabalho, de uma experiência de trabalho entendida também como lugar do agir humano. Mas qual é o valor educativo do trabalho?

Um dos maiores legados dos trabalhos da linha de pesquisa Trabalho e Educação para as pesquisas sobre educação no Brasil consiste, desde os anos de '1980, no pressuposto central de que

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a teoria educativa não pode ficar alheia ~IS transformações nas relações societá ri as e na liociali zação dos ho mens no e pelo trabalho. Apresentando o trabalho como princípio educativo, uma vez que é consti tui nte e organ izaelo r dos processos de produção e reprodução humana e, ao mesmo tempo, efetivando a crítica ao trabalho alienado, as pesquisas elo campo Trabalho e Educação revelam sua importância e inegável contri buiç~IO no sentido de ca ptar e problem:ltizar os elementos materiais da formação humana,

Essa perspectiva teó ri ca contribuiu em muito para que, no Brasil, as práticas institucionais e pedagógicas sejam convidadas a se abrir às relações entre trabalho e educação. É o Artigo 1" da Lei de Diretri zes e Bases da Educação que define a educação como uma experiência que "abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar , na convivê ncia humana, no trabalho, na instituição ele ensino e pesquisa , nos movimentos sociais e organização da sociedade civil ; e nas manifestações cultu ra is". O parágrafo 2Q deste mesmo artigo amplia a signifi­cação da educação form al :lO prever que "a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e á prá tica social ". Se a escolarização regul amentada prevê lima vi ncu lação dos programas escolares à realidade vivida do estudante, como uma ação contínua educativa, a abranger um raio estendido a todas esferas da atuação humana da família, do traba lho , do lazer, da convivência social em geral, a educação só se fará integral na inserção do cidadão em relações sociais diversas a partir da quali­ficação para o trabalho e ra ra a atuação como agente produtor de cu ltura.

Entretanto, a crise do traba lho assa lariado e o aumento do desemprego estrutural n:1 contemroraneiclade levaram a uma interrogação quan to ~l ce nt ralidade do traba lh o e quanto ü va lidade dos referenciais do campo marx ista para explicar os fenômenos sociais da contcmporaneidade. Essa nova rea lidade deixou certo mal-estar à linha de pesquisa Trabalho e Educação, posto que interroga a cent ra lidade do trabalho na vid:l social e como elemento de forma ção humana. O traba lho poderia ser este eleme nto homini zador/ humanizador? A expe riência de trabalho seria importante na fo rmação de individua lidades'; O trabalho guardaria ainda sua dimensão ontológica' Que vínculos

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estabelecer entre trabalho e a formação humana e, de modo mais rest ri to, a educação escolar e a (jualificação técnico-profissional?

Diante desse impasse, ao menos três posições se revelaram no Grupo de Trabalho e Educação da 20a Reu nião da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - ANPED

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Uma perspectiva que abandona o traba lho como categoria de aná lise da realidade social e a conseqüente atribuição de centra­lidade da vida social em detrimento de o utras categorias, por exemplo, ação comunicativa (Habermas). Outros reconhecem que o marxismo, e nquanto concepção epistemológica e o rientação é tico-política, está efetivamente em crise e que, portanto , há necessidade de não apenas reco nhecer a superação de algumas análises datadas de Marx, mas de histo ricizar o núcleo funda­mental de sua teoria. Nesta perspectiva, defende-se levar em conta as formulações mais avançadas das abordagens conflitantes ou antagônicas e, até mesmo, incorporá-las de forma subordinada.

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Enclausurados entre essas três posições, ocupou-nos muito , nos anos de 1990, o debate sobre a centralidade do trabalho como categoria que expl ica o con junto da vida social. Como veremos a seguir, esse impasse que o ra vivemos no campo Trabalho e Educação não é sem impactos em outros campos científicos cu jo

objeto é o traba lho humano. Não se trata de deixar o refe rencial teó rico que o rientou e

orienta os trabalhos na área , mas de buscar novas ênfases ou incorporar novas contribuições a ta l referencial, de priorizar outros e nfoques e objetos, de buscar compreender o trabalho de modo situado, de resgatar suas dimensões subjetivas o u de auscultar o su jeito que traba lha em outras tantas situações de vida e trabalho para além do espaço da indústria moderna . Diante da crise , que é do trabalho assalariado, trata-se de rever nossas leituras sobre o que é o trabalho, buscando discutir o conceito de trabalho , sem levar em consideração apenas sua dimensão abstrata; de avançar na compreensão das subjetividades para além daquelas formadas pelo capital; de buscar compreender os processos de qualificação/ requalificação como fruto das re lações sociais mais amplas que são estabelec idas pelo trabalhado r em situações de trabalho real ; de captar o trabalho em dive rsificadas situações reais.

Busca-se, portanto, contri b uir no debate com reflexões mais propositivas a partir do entendimento de si por parte dos traba lhadores e de suas instituiçôes nesse contexto de crise do trahalho assa lariado. D~ssa mal)e ira, se rá necessário , mais que

compreender os processos atuais de des-construção das formas de sociabilidade, resgatar os processos instituintes que emergem no bojo de tais mudanças, ou seja, resgatar a ação de sujeitos socioculturais em interação com tais mudanças . Um esforço teórico é necessário para um resgate do lugar desses sujeitos no contexto de crise do trdbalho, tendo em vista, em nosso caso, recuperar ligações fundamentais entre trabalho e educação numa perspectiva dialética .

Um outro esforço conceitual se torna necessário: problema­tizar o conceito de trabalho para a lém dos epítetos com os q~ais Marx o pensou: trabalho simples/complexo, trabalho produtivo/ improdutivo, trabalho concreto/ abstrato. Será preciso praticar aberturas integrando novos aportes às contrihuições marxianas numa interrogaçào sobre o conceito de trabalho: ação? Ato? Práxis? Atividades? Experiência?

O que seria a experiência do trabalho num contexto de mudanças tecnológicas e organizacionais, de capitalismo neoli­beralizante e com glohalização produtiva e econC>mica? O que seria a experiência que fazem homens e mulheres em situas;ões de trabalho marcadas pela acumulação flexível com a difusão das novas tecnologias de produ (,'à o e de: novas técnicas de organização e gc:st~lO <! el:.ts associadas' Para Carvalho," a Glpacidade contínua e <!celer'dda de inovação no contexto da chamada acumu lação flexível exige a recuperação da "inteligência da produç~lo", que foi considerada como ruído i ndc:sej{t ve: I no taylorismo.

No capitalismo contemporâneo, produzir é cada vez mais "produzir inovação" a qualquer custo, isto é, com boas condi­ções de trahalho ou sem elas, com a intensidade do trabalho pela mais-valia absoluta ou a inserção de tecnologias com mais­valia relativa, o que Carvalho 10 denomina o "uso predatório do trabalho", especialmente no Brasil, em razão da pequena parti­cipação das atividades de inovação na agregação de valor e da permanência de princípios tayloristas, fordistas, a continuidade da divisão do trabalho.

Ainda segundo Carvalho, baseado em Coriat, "face à inten­sificação da competição com base na inovação tecnológica, o conhecimento acumulado pelos trabalhadores é uma fonte crucial de inovações incrementais, que nào pode ser subestimada".!! Para extração e expropriação dos saberes do trabalhado r, os setores de RH têm elevado os parâmetros qualificacionais e a exigência

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de competências diversas dos trabalhadores , mesmo para funções que não requerem conhecimentos para a realização de tarefas, com o objetivo da apropriação de uma "qualificação supérflua ou superior" à exigida, com a finalidade de o trabalhador agregar à sua atuação pequenas e contínuas melhorias, denominadas incrementais - a exemplo do modelo de trabalho japonês -, e, não remuneradas,

Como entender a experiência que fazem os homens de sua subjetividade e a construção de sua identidade nessas novas configurações do trabalho? Que referenciais podem captar a complexidade da experiência do trabalho atual? Que campos científicos ousam explicar a experiência do trabalho e da escola com categorias de análise próprias, e que recortes epistemológicos a fazer? Fugindo da interpretação generalista e buscando foco para o estudo e produção de saberes sobre o trabalho, na pers­pectiva da educaçào profissional e tecnológica, na compreensão de profundas mutações históricas, socioculturais e pedagógicas na sociedade capitalista, pode-se ousar falar em transdisciplinaridade, repensando as categorias de análise tradicionais na abordagem do trabalho e da educação,'2

Avançando em análises do trabalho real , novas dimensões problemáticas vào se evidenciando:

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• o trabalho pensado como experiência do uso de si, ex­periência do e no trabalho;

• a corporeidade daquele trabalho nos usos que faz de si, tanto quanto nas novas formas de adoecimento presentes nas experiências atuais de trabalho;

• a atividade linguageira e a memória como trabalho e seus usos no trabalho como sinal da complexidade dessa ex­periência ;

• as aprendizagens, os valores e os saberes que são produ­zidos, que circulam e que são re-trabalhados em situação de trabalho;

• o estatuto epistemológico e político dos saberes (tácitos e da experiência) no e do trabalho;

• o lugar do trabalho e seus saberes e valores na ciência e na cultura em geral;

as competências e as qualificações como pat rimônio do trabalhador, fruto ele suas t"xperiê nci;\s no e par" além do trabalho,

O trabalho, toma do enquanto traba lho concreto que é pe rpas­sado pelo abstrato, como experiência do trabalho real , como "experiência do uso de si" - trabalho ati vidade -, é sempre educ l­tivo, Nessa perspec ti va, podemos resga tar o trabalho edu cativo por suas dimensões axio lógicas, ~ ris (emo l óg i cas e o nto lógicas,

A SOCIOLOGIA EM FACE DAS TRANSFORMAÇÕES NO TRABALHO REAL

Zarifian 13 r.os convida a dia loga r nas fronte iras da socio logia , economia e filosofi a po lítica ao rontuar as dificuldades e desafios na compreensão do trabalho postos à socio logia do trabalho em razão do conceito de trabalho com o qual a mesma se instituiu e às crescentes implicações éticas embutidas nos novos modelos de gestão empresa ria l.

Ao denominar como "socio logia críti ca" aque la que é capaz de criar novos conceitos teóri cos a 1';\ rtir da confl uência de confron­tações de interesses dos dive rsos gru pos soci:\ is - "socio logia da confrontação" - , Za rifi an mostra quão refém esteve a socio logia do trabalho, que emerge nos anos de 1950-1960, do conceito de trabalho desenvolvido pe la economi a c1~\ ss i ca, Nesta últim:\, o trabalho é compreendido como "rea li zação de um conjunto de operações elementares de proc!u <,:Clo q ue r odem Sl' r ohjeti v;\d ;\s e definidas de 'manei ra precisa , independentemente da r essoa que va i realizá-Ias (",) seqüênci:\ de orerac,'ôes ohjeti vúve is",1I

Segundo o auto r, o conceito he rd ado da econo mia c1 úss ica permitiu o desenvolvimento de uma sociologia do trabalho que pode critica r o tay lo rismo e a d ivisão G\ riralista do trahalho, falar dos ato res sociais, das rela(ôes de trab;t1ho, da regulaç~\ o

social, mas não permitiu a essa d isciplina cunhar um conceito capaz de ca ptar realidades fu ndamentais do trahalho inova ndo na abordagem da prod uti vidade , do "valo r" e da comrreensüo do lu gar do indivídu na produc;'\o, Entretanto, Za rifian vê um a saída para a crise teó ri ca na qual se encontra essa socio logia, n:\ emergência do "pós-taylo rismo" este novo momento da orga­nização industrial do trabalho, h:\veria um duplo des loca mento

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na materia lidade das ati vidades de trabalho abrindo novas possi­hi lidades conceitua is para a sociologia.

Que deslocame ntos se ria m esses' Primeiramente, a ocor­rência dos eventos qua lificados como si tu ações que se produzem de maneira não prevista e n~l()-rotine ira, como uma pane de sistema técnico, um problema de qua lidade e tc., e que exigem um e nga jamento por parte ele quem trabalha para agir neles com competê ncia e, em segundo lu gar, o forta lecime nto da d imensão ele prestação de serviço a um destinatário (interno ou externo à produção que pressupõe atendimento particularizado e just-in-time das demandas cios cl ientes. Haveria então uma "inte lectuali zação" das fo rmas ele traba lho e isso enfraqueceria o conceito econô mico de trabal ho. Nessa tendência, o trabalho propriamente di to e o trabalhador, ante riormente separados pela defi nição econô mica do trabalho, to rnam-se reunificados.

Finalmente, e m decorrência dessa tenelência à intelectuali­zação, no pós-tay lo rismo, com a mudança da o rganização há crescente incorpo ração da tecno logia em todos os setores da fúbrica e nos serviços, a demanda r outras competências do traba­lhado r. E para Zarifian , as o rgan izações buscam ser qualificantes _ aquelas nas quais o trabalhador, em todos os níve is, aprende ,

logo se qua lifica :

Aprende-se em conta to com as si tuaçõ es de trabalho; uma primeil'a forma de aprendiz.lgem consiste em explorar sistematica­mente os Cl'Cll lOS relati vamente imprevistos , que podem sobrevir em uma situação de trabalho, de modo a compreender suas causas e implicaçôes e , como co nseqüência, apre nder coisas novas.l~

Para o autor, esse mo mento exige d iá logos interdisciplinares para um desvelamento da "ca ixa-preta" trabalho .

A pluralidade c1e perspect ivas , de paradigmas e de objetos de estudo sobre traba lho humano nas duas últimas décadas do final do século XX re presenta ri a matu ridade científica ou um atestado cle crise na socio logia elo tra ba lho; é a questão que dá origem ao ha la nço crítico realizado por François Dubet. 1h O autor sublinha ainda que, nessa te ndência :\ diversificação crescente, os estu­diosos do campo partilham uma visão comum quanto ao declínio do trabalho como o centro da vida social na sociedade industrial. Mas para Duhet , se é ve rdade que o trabalho se transforma , não h ~l indícios do fim cio traba l~ () , e, sim , da representação sobre

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trabalho que imperou nos últimos 30 anos. A sociologia teria sido uma forma particular de filosofia social que percebeu a moder­nidade como um processo de integração, de racionalização e de institucionalização no qual a divisão do trabalho foi U~1 dos elementos estruturantes.

Dubet fundamenta suas análises sobre as transformações do trabalho no pressuposto de que há um aprofundamento da racio­nalização do mundo anunciado por Max Weber. A fragmentação dos elementos que compõem a vida social e que organizam a ação em nossas sociedades atuais - a economia, a cultura e a . política - não forma mais um sistema, o que explica a fragmen­tação das situações de trabalho. Estaríamos vivendo num mundo esquizofrênico, onde o mundo vivido e a organização social, a subjetividade e a racionalidade e o mundo da economia e aquele da cultura estão em confronto, onde os critérios de justiça não podem mais ser homogêneos. Uma mutação profunda estaria q uebrando progressivamente a identificação da sociedade ao modelo Estado-nação. Essa tendência acarreta um estilhaçamento e conseqüente complexificação das situações e atividades de trabalho. O estatuto social , a atividade de trabalho, a qualificação, o sentido atribuído ao trabalho estariam se apresentando como elementos separados aos estudos sociológicos. Mais que o efeito dessa crise da modernidade, o estilhaçamento das situações de trabalho, a distância entre o estatuto e o trabalho real represen­tariam essa mutação profunda na modernidade. E no trabalho de modo especial, se enfrentam, sem jamais se reconciliar, ~ subjetividade da ação e as racionalidades dos sistemas técnicos econômico e jurídico. '

Na perspectiva deste autor, nesse contexto, o estatuto do trabalho se transformou, mas a experiência guarda o essencial de suas "funções"; constitui identidades - sua ausência oferece fortes crises de pertenci menta social aos desempregados, e nenhuma forma de estágio ou programas de inserção preenchem o vazio deixado por esta experiência, possibilitando a adultificação dos jovens; permite um "salto sociológico" na medida em que possibilita pagar suas próprias dívidas, depender somente de si mesmo; nesse sentido é fonte de satisfação individual, base de uma autonomia social, modo de expressão de si (os estudos sobre stress e sofrimento atestam esse fato), mais do que estabelece solidariedade de classe; continua fazendo entrar os sujeitos' num

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universo de justiça onde certos bens e direitos sào assegurados aos indivíduos em função do que fazem.

Ainda nesse contexto, o encontro entre o trabalhador e o trabalho ocorre em situações de trabalho mais complexas, a lea­tórias e heterogêneas em face da evolução dos sistemas técnicos e organizacionais. Essa nova realidade estaria demandando uma abordagem a partir das dimensões que estruturam a experiência do trabalhador. Experiência de tràbalho integradora, estratégica e que coloca à prova os vários elementos que compõem o trabalho e que vêm se esfacelando progressivamente:

... a unidade da experiência do trabalho não é dada nem por um papel, nem por uma organização; ela é produzida pelo ator a partir dos recursos que ele dispõe. Neste sentido, o trabalho é tamhém um trabalho sobre si, uma construção de si no trAbalho, a confrontação de um sujeito às coerções impostas pelas diversas racionalidades que constituem a situação de trabalho.17

Dubet finaliza apresentando à sociologia do trabalho o qu e deveria ser sua questão central: que tipos de atores e sujeitos emergem destes encontros?

OS DIREITOS DO TRABALHO ENTRE MERCADO E ESTADO DE DIREITO: DIFICULDADES CRESCENTES

Para Schwartz, IH o direito do trabalho é um aspecto inte r­mediário e revelador das circulações e/ ou conflitos de valo res entre as organizações de trabalho e as esferas política e jurídica. Ele diz respeito sim às relações de uso da força de trabalho se inscrevendo entre as requisições do mercado e as novas normas e valores presentes nas políticas sociais a regulamentar as formas ,de uso dos trabalhadores, mas ultrapassa em muito os problemas relacionados aos interesses em torno ela codificação das relações profissionais.

Tomado em sua especificidade, o direito do trabalho tem uma contradição fundamental herdada, por um lado, de seu enraiza­menta no direito comercial (alguém comprà e alguém vende a força de trabalho), e, por outro lado, no direito fundamental pelo qual o ser humano é considerado mercadoria nào comercializável.

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o direito do trabal ho é a tentativa de enco ntl~\I' um equilíbrio entre essas duas contrad ições e,:\ re la(:ão de for(,'as entre grupos

sociais e seus inte resses. Há aqueles que argume ntam que compra mos uma fo rça de

trabalho e nào um ser humano Essa argu mentaçüo funda no campo do direito do trabalho a idéia de subordinaçi"\o jurídica - contrato entre duas pessoas pelo qual uma delas se coloca soh comando de outra para execução de uma atividade remune rada .

I') Essa

subordinação jurídica do trabalhador se coloca muitas vezes em contradição com os demais direitos de cidaclania. Os debates que permeiam os conflitos jurídicos em to rno dos acidentes de trabalho elucidam bem a que ponto podem chegar tais contracliçôes. !t)

As contradições que atravessa m o dire ito do trabalho pode m ter se amortecido num período histó rico rece nte , principalmente em países onde hou ve evol ução dos co ntratos individu a is para a lógica da contratação coleti va do trabalho.

LI No caso da

experiência brasilei ra se ria necessúio faze r um balanço desta evolução para cont ratos coleti \'os: pode mos considerar em geral que passamos de contratos in(li viduais ;\ contrata ç~\ () co letiva e m

algum momento de nossa hist()ria'" Nas transformações socioeconômicas de nossas sociedades

mercantis e de dire ito, constatam-se diversifica(,;ôes crescentes nas formas de contrato/ emprego: individualização crescente co m flexibiliza çào de d ireitos. Z.l Ta is transfo rmações têm colocado novament'e na o rdem do dia uma cresce nte indivic.!ualizar,.:üo nas relações de trabalho a ponto de se interrogar a pertinência do campo do dire ito elo trab;dho. A compreens~1O clessa nova realidade tem levado ü busca de novoS contornos do trabalho no espaço da cidade H Duas qUestões se colocam: quais novas configurações assume o trahalho no espaço urbano e rural' Quais efeitos da crescente desregul:l menta ç~\O do liame empregatício para o mercado de trabalho brasileiro onde sempre esteve presente , em grandes propo r\.:óes , o trahalho informal'

As dificuldades pa ra bem definir () liame empregatício tê m acarretado mais obscuridade ao que seja subordinação jurídica . As novas configurações do traba lho têm tornado opaco u direi to do trabalho e é necessá rio um enquadrame nto legislativo respon­dendo ao conjunto das necessidades de todos os trahalhadores. Mas existe muito Li faze r para cobrir todas as formas de trabalho remunerado, entre estes o trabalho independente e () trabalho em

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domicílio, bem como todas as formas de trabalho não remunerado (entre e las as ta refas domésticas e as a tividades benevo lentes). Veja, por exemplo, a discussão em to rno da tradicional dicoto mia e nt re trabalho autônomo e trabalho subordinado (impasses mu ito presentes no enquadramento jurídico de trabalho d itos intelectuais)/' ou o debate jurídico entre relações de traba lho e

re lações de consumo u,

As transformações socioeconômicas recentes têm trazido d ificu ldades também para o campo da econo mia , onde, por exemplo , é necessário hoje espec ificar que no seio da "população ativa" existem continge ntes de pessoas que estão em exercício profissional e o utras "sem atividade" (desempregados) , mas que se encontram aptas a exercê-lo . Ou no setor de serviços onde o produto do trahalho é uma realidade impalpável, para discernir , delimitar e qualificar o trabalho realizado , trabalho fornecido P

Como sabemos, essa nO\'a informalidade e precarização se expressam de maneira forte no te rceiro setor, nas suas diversificadas formas organizacionais CONG 's, cooperativas, formas gerais de empree ndedorismo). Uma conseqüência imediata dessas trans­formaçôes soc i et~lr ias é o enfraquecimento das ações coletivas de tir~) sind ical (ator rolítico c social). Desse enfraquecimento advêm novas d ificuldades e fragil idades no tratamento dos direitos

do trabalho . Constatam-se mudanças rroi'undas na organização dos tempos

associada :l conseqüente des-te rritoria lização dos locais de trabalho. Diversificam-se slI.jeilos. Alteram-se conteúdos das tarefas nas funções , nos rostos de traha lho: terciarização da .economia,

!H traba lho imate rial. 1<)

A reestruturação rroduti va - mudanças advindas princi­ralmente da introdução de novas tecno logias no processo de trabalho - tem \evado, tendencia lmente, à reafirmação da insepa­rabilidade e ntre a força de trabalho e o ser humano que a possui , através, por exemplo, dos novos modelos de gestão. Por sua vez, a globalizaçào e as reformas neoliberais têm levado ao con~tante questionamento dos direitos do traba lho. Essa nova realidade socioeconô mica que associa reestruturação produtiva, reformas neolibe ralizantes do Estado e globalização econômica evidencia e refo rça a imprecisão dos lim ites da subordinação jurídica que estrutura as re lações de trabalho. Mas as imprecisões do termo

. na anCdise de situ açóes concre tas estão também relac io nadas ao I

fato de que as mesmas estão permanentemente em movimento, inclusive porque são parcialmente recompostas pelas lógicas da atividade industriosa dos trabalhadores. Em tendência, as transformações em curso recolocam no horizonte o debate em torno dos direitos de cidadania daqueles que vivem do trabalho. Isto porque uma conflitualidade mais intensa se inscreve nos locais de trabalho em virtude da invisibilidade crescente e das desregulamentações que o trabalho vem sofrendo como parte de suas transformações.

A TERRITORIALIZAÇÃO CRESCENTE DOS DIREITOS SOCIAIS: (DES)CENTRAMENTO DO TRABALHO

Os direitos sociais, objeto das ações coletivas que tanto têm transformado a sociedade brasileira, devem ser concretizados em políticas públicas. Estas , por sua vez, estão referenciadas num conjunto de valores e o rientam as definições e estratégias em diversas dimensões da vida social. Muitas vezes, tais políticas não convergem entre si numa mesma base territorial em função de separações artificiais, como, por exemplo, aquela que separa políticas econômicas e sociais.

A associação no plano macro-estrutural entre reformas neoli­berais,30 globalização econômica e reestruturação produtiva, no contexto dos anos de 1990, ampliaram a informalidade do mercado de trabalho brasileiro, colocando problemas ao desen­volvimento das políticas sociais que são desafiadas a romper com as estreitas vinculações entre proteção social e inserção laboral. Em lugar de esperar que a inserção laboral preceda à política social determinando seus mecanismos e conteúdos, muitos autores falam em inverter a ordem; a proteção social deve incluir a questão do trabalho.31 As políticas atuais de inserção buscam reafirmar a natureza contratual do elo social em novas bases, com a revalorização do local e do comunitário e a transformação do Estado em um animador e mobilizador de recursos societários. De um lado, essa reorientação pode levar que o Estado, redu­zido a mantenedor da estabilidade de uma ordem econômica que produz a fragmentação e a exclusão social , busque atuar de maneira compensatória e focalizada, atendendo a grupos mais

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vulneráveis e/ou potencialmente ameaçadores da ordem social, por meio da convocatória da solidariedade lançada aos diferentes setores inseridos na ordem econômica (políticas de ativação).

Por outro lado, diante do diagnóstico multi facetado e proces­sual da exclusão social, que envolve a inter-relação entre preca­riedade - no âmbito do trabalho e no residencial (território e habitação) - e a impossibilidade prática de acesso aos mecanismos públicos de proteção e inserção social, defendem a articulação das políticas numa agenda centrada na renda básica de cidadania e as políticas de inclusão no 'emprego e no espaço urbanoY A dimensão espacial ganha força na ação política para atenuar a exclusão social. O território vem sendo apontado como um componente simbólico e material da esfera pública.

É nessa perspectiva do território que tem aparecido, de maneira intensa, a idéia de intersetorialidade e transversalidade entre as várias políticas urbanas e sociais. 33 Tendência que deve ser fortalecida tendo em vista maior eficácia e eficiência das políticas públicas. Mas é preciso pensar de que modo essa articulação de políticas de modo intersetorial e transversal integra e se apóia necessariamente a políticas ativas de emprego e renda por, pelo menos, duas razões. Primeiramente, porque não podemos pros­seguir na democratização de bens e serviços sem articularmos as políticas públicas a fortes políticas de trabalho e emprego nos territórios, nas cidades, nos cantões das metrópoles . Em segundo lugar, devemos considerar que os funcionários públicos são os agentes práticos da intersetorialidade e da transversalidade na ação política do Estado nos territórios onde as mesmas se aplicam, e não se pode obter eficácia e eficiência na integração de políticas em detrimento dos direitos de cidadania dos mesmos, entre tais direitos, os direitos do trabalho. Ignorar este último aspecto pode levar ao fracasso qualquer desenho conceitual de articulação intersetorial, transversal e territorial de políticas públicas.

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A ATIVIDADE INDUSTRIOSA À ESPERA DE RE-CONHECIMENTÓ ENTRE NORMAS,

VALORES E SABERES

O ato de trabalho é perpassado por miuoescolhas feitas pelo homem produtor com base em saberes e va lores que são seus. Poderíamos falar de um confronto de va lores econômicos e sociaIS que perpassam os atos de trab:.dho, e que escolhas são feitas em microdecisões tomadas a partir desse con flito ele va lores. Haveria hiatos, "margens de micromanobras", " reserva~ de alternativas""\ de outras formas de trabalhar que não somente o one best way taylorista, e que poderiam se r captados numa análise fina das microdecisões dos traba lhadores no seu cotid iano de trabalho.

Podemos acompanhar com uma lupa o processo de tratamento e re-tratamento dos saberes e va lo res, o debate de normas e as "re-normalizações" efetu:1cbs nas normas antecedentes pela atividade humana em açào de traba lho. Em todas as formas da vida social, existiria a dimensào dessas normas an tecedentes, que permitem compreender e antecipar :1S atividades a serem desenvolvidas, mas sempre estaria presente também a dimensão da atividade que recai oca permanentemente em questão tais normas, seja re-normalista , se ja re-centra , em torno de outros tipos de valor e de saber a construir e a reconhecer. O trabalho é o trabalho do valor e do saber coletivo e individual. O saber e o valor seriam como substâncias, que, em permanência , se desenvolvem, transformam-se, apreendem-se e eventualmente se aplicam nas atividades de traba lho configurando-se no que chamamos competências. Portanto, se tomarmos o ponto de vista da atividade humana em situação de trabalho, as compe­tências se referem à " fermenlaç~to" entre o saber e o valor do/ no trabalho e da/ na vida. Tem sentido compreender e se interrogar sobre as competências para melhor entender a interpenetraçào do saber técnico, social e dos va lores que as perpassam, para melhor assimilá-las como exp ressão de um sujeito sociocultural e sócio-histórico em ação.

O exercício de não importa qual ofíc io é cenário de re-alUa­!ização de múltiplas experiências anteriormente adquiridas, memorizadas e incorporadas no gesto técnico, e que são, então, requisitadas em situação, nào permanecendo inal[eradas, o que permite falar em transferência de competências entre situações,

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uma vez que, conq uanto q ualidade humana , refletem experiência de vida, de formar;ào e de outros trabalhos exercidos anterior­mente. Elas representa m apre ndizagens de todos os tipos , entre os qua is saber relaciona l, de conhecimento técnico, provenientes de toda ex periê ncia de formaç~lo vivenciada. Seria, po rtanto, em si tuação ele trabalho dada , que a competência entra em ação, podendo ge rar maio r ou me nor eficácia, maio r o u meno r produ ­tividade, be m como favo rece r e ge rir os malefícios do trabalho nas o rga nizações atuais tão marcadas pelo risco da saúde e do e mprego.

À GUISA DE CONCLUSÃO

Como podemos e ntrever, uma conflitu osidade inédita que permeia todas as d ime nsões da vida soc i a l ·l~ perpassa também a at ividade inelustriosa no trabalho , os dire itos que a cercam e os va lo res que a atravessam na atualidade, fruto das transfo rmações societá rias e m curso.

O trahalho se transforma pe las novas configurações qu e vêm assumindo as re lações de traba lho, as lógicas organizacio­nais e os conteúdos das atividades em postos que também se reconfiguram. Para além do debate sobre a suposta perda de sua central idade na organi zação social , o impacto de tais trans­fo rmações no campo dos estudos sobre trabalho é inegável. Ele pe rde impo rtância como o bjeto de estudo em diversas áreas científicas, e o que é mais complexo nessa tendência , deixa de ser encarado como matéria estrangeira,Y' cujas práticas podem nos levar a re-interrogar nosso faze r científico em diversos campos, bem como as fo rmas de vive r junto em sociedade . Perde espaço como objeto de estudo e, ao qu e parece, co mo objeto de ação e m política pública.

Nesse contexto socioeconô mico de fragilização dos direitos sociais e de crescente respo nsab il ização do trabalhador pela sua trajetó ria socio profissio nal po r meio da noção de empregabilidade na adoção, pe lo Estado, de po líticas neoliberalizantes, inte rro­gamo-nos se não seria pe rigoso demais colocar na penumbra esse territó rio da experi ê ncia hu mana.

Dialogar sobre o trabalho imp lica consolidar enfoques mais plurais nas zonas de fronte iras entre os diversos campos disciplinares.

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Nesse sentido, nossas análises têm nos levado a considerar a necessidade do diálogo permanente com os mais diversos tipos de trabalho, dos mais qualificantes aos mais degradantes, trazendo sua contraditoriedade intrínseca para o debate com os mais variados campos disciplinares que possam nos auxiliar na compre­ensão da atualidade dessa experiência . Implica, ainda, fazer dialogar a análise macro da conjuntura ampla institucional, ambiental, o universo de relações sociais e a ação individual no coletivo funcional do trabalho, a dimensão micro do processo do trabalho, nos postos de trabalho.

Pesquisadores de várias áreas, entre elas, educação, sociologia, direito e políticas públicas (áreas problematizadas nesta coletânea) vêm se defrontando com o problema da experiência real de trabalho e re-interrogando seus respectivos campos disciplinares .

Por essa razão, ao retomarmos o diálogo com Domingues acerca dos caminhos necessários ao trabalho transdisciplinar quando este autor se interroga - "A transdisciplinaridade é uma questão de atitude e de olhar, e, como tal, algo intuitivo e rela­tivo ao sujeito, ou é uma questão de método e de parâmetro, e , como tal, algo regrável e relativo ao objeto?"37 -, somos levados a responder que tanto construir conhecimentos fragmentados sobre o trabalho em perspectivas multi e interdisciplinares se mostra insuficiente, quanto estudos· do trabalho numa perspectiva transdisciplinar exigem fazer do trabalho conceitual não somente um esforço de aproximação de métodos, procedimento e/ ou conceitos. No caso dos estudos sobre trabalho humano, é neces­sário incluir um terceiro elemento: a experiência real de trabalho , ou seja, se re-interrogar sobre o próprio trabalho enquanto experiência, colocando novas dificuldades aos diversos campos científicos e buscando ultrapassar os obstáculos epistemológicos que se evidenciam nesse percurso.

Dois autores supracitados, Supiot e Schwartz, lembram-nos o quanto o debate sobre a regulamentação e a desregulamentação entre o setor público e o privado oculta um certo número de problemas ao balizar as transformações em curso no mundo do trabalho pela distinção entre mercado e Estado, negligenciando a importante questão do interesse geral que perpassa o trabalho. Segundo Schwartz, a tendência à atribuir ao trabalho somente valor mercantil tende a ignorar sua função pública e os valores de interesse geral que nele circulam, valores sem dimensão.

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o trabalho é um bem comercial, mas é também expressão da pessoa enquanto ser humano; ele constrói riquezas econômicas, mas também participa de nossa vida social. E são as evoluções recentes no campo socioeconômico que repõem a questão da unidade entre trabalho e pessoa no trabalho, que nos indicam também nào ser possível avançar consolidando direitos sociais _ no terreno jurídico-normativo, nas ações coletivas ou nas políticas sociais - deixando na penumbra as experiências de cidadania vivenciadas pelos homens em seu trabalho quotidiano.

Indo além nessa perspectiva, a abordagem ergológica de Schwartz, nos permite pensar que as experiências vividas no trabalho, nos dramas do uso de si que todo trabalho (público ou privado) representam, são experiências prenhes de problemas de cidadania, pois recolocam, sem cessar, a questão dos valores que permeiam o viver em comum no território das cidades.

NOTAS

I DULCI, 2003, p. 13.

2 DOMINGUES, 2005 .

3 DOMINGUES, 2005, p . 10.

, REVISTA DIVERSA, UFMG, 2003 .

, DOMINGUES, 2005, p. 10.

(, Segundo George Canguilhem (1966), a filosofia é uma disciplina para a qual toda matéria estrangeira é boa. E é nesse sentido que o termo é empregado por Schwartz (2000) ao se referir ao trabalho como matéria estrangeira- portador de problemas que convidam ao exercício filosófico.

7 Para aprofundamentos sobre este debate interno ao GT Trabalho e Educação, ver coletânea organizada por Gaudêncio Frigotto (1998).

• FRIGOTIO, 1998, p. 26.

" . CARVALHO, 1994.

111 CARVALHO, 1994.

11 CARVALHO, 1994, p. 101.

12 ARANHA; CUNHA; LAUDARES, 2005.

1.\ ZARIFIAN, 2001.

14 ZARIFIAN, 2001, p. 75 .

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I~ ZARl FIA N , 200 1, p. 112-11 3

16 DUBET, 2001 .

17 DUBET, 2001 , p. 32

18 SCHW ARTZ, 2000.

19 SUPIOT, 1994.

l<) Cf. SALlN, 200S.

21 SUPIOT, 1984 .

12 Cf. aspectos interessantes d:1 experiência com a contratação coletiva de trabalho no ramo metalClrgico em G:tlv~IO (200 1).

23 Para compreender a fragment;t<;ào da força de trabalho, cf. Harvey (989); sobre a nova desfiliação social a CJue sào submetidos aqueles CJue vivem do trabalho ou desempregados, ver Castel (998); para verificar formas heterogêneas de inserção no mercado de trdbalho brasi leiro ver Cacciamali, (2001)

" Cf. Neves, Jayme e Zambe ll i ( nesta coletânea) .

2~ Cf. BARROS, 2004

26 Cf. MERÇON, 2005.

27 Cf. MERÇON, 2005 .

28 Cf. ° Trabalho no setor terci:lrto - emprego e desenvolv imento tecnoló­gico, DIEESE/ CESIT-UNIC,\l\II' / CNPq, 200'í .

29 Cf. NÉRI, 2005.

}O Para Scherer-Warren (999 ). tra ta-se de um conjunto heterogêneo de diretri zes econômico-político-ideológ icas para a reorganizaç3o do cap ita­lismo em esca l" mundial e para adequar-se aos desafios da globalização da economia. Cf. também Dr:libe (1993).

JI FLEURY, 2004.

12 FLEURY, 2004.

3J Cf. Prefeitura Municipa l de 13elo Horizonte, 2005. Ver também Ve iga e Bronzo (2004).

J' SCHWARTZ, 2COO .

II TELLES, 1994

\6 Conforme Canguilhem (] 966l.

J7 DOMINGUES, 2005.

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