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T R A B A L H O S D E A R Q U E O L O G I A 5 4

M a r i a d e J e s u s S a n c h e s ( c o o r d . )

1.a MESA-REDOnDA

Artes rupestres da Pré-História e da Proto-História: paradigmas e metodologias de registo

TRABALHOS DE ARQUEOLOGIA; 54

COORDEnAÇÃO EDITORIALAntónio Marques de Faria – DGPC/Divisão de Documentação, Comunicação e Informática

DESIGn GRÁFICOwww.tvmdesigners.pt

PRÉ -IMPRESSÃO E IMPRESSÃOTextype

DATA DE IMPRESSÃODezembro de 2012

TIRAGEM400 exemplares

ISSn o871 -2581ISBn 978-989-8052-30-8

Depósito Legal245 720/06

EDIÇÃODireção-Geral do Património CulturalPalácio nacional da Ajuda1349-021 Lisboatel. +351 21 361 42 00fax +351 21 363 70 47

A DGPC respeita os originais dos textos que lhe são enviados pelos autores, não sendo, assim, responsável pelas opiniões expressas nos mesmos, bem como por eventuais plágios, cópias, ou quaisquer outros elementos que de alguma forma possam prejudicar terceiros.

Índice

DA ARTE DE ESTUDAR, PROTEGER E DIVULGAR EM ARQUEOLOGIA… 7

INTRODUÇÃO

Linhas programáticas e breve apresentação do volume 9 ■ Maria de Jesus Sanches

Programa da mesa-redonda 13

SESSÃO DE AbERTURA 19

■ João Pedro Cunha Ribeiro ■ Raquel Vilaça ■ Alexandra Cerveira Lima ■ Maria de Jesus Sanches ■ Gustavo Duarte

SESSÃO 1 | O SAGRADO E O PROfANO NOS ESTUDOS DE ARTE RUPESTRE

Pensar a arqueologia do ritual: breve apontamento 25

■ Susana Oliveira Jorge

Breve comentario sobre la relación de arte rupestre y religión 33

■ María Cruz Berrocal

Reflexões sobre a arte paleolítica do Côa: a propósito 39 da superação de uma persistente dicotomia conceptual■ André Tomás Santos

Desenhos animados! Uma gramática do movimento 69 para a arte paleolítica do vale do Côa■ Luís Luís

As teorias da arte no estudo da arte rupestre: limites 81 e possibilidades■ Sofia S. Figueiredo ■ Pedro Xavier ■ Dário Neves ■ Rodrigo Dias ■ Sílvia Coelho

Debate. Sessão 1 95

SESSÃO 2 | TécNIcAS, cADEIAS OPERATóRIAS E ESTILOS: SObRE O cONTRIbUTO AcTUAL DO ESTUDO DAS TécNIcAS DE ExEcUÇÃO E ANáLISE ESTILíSTIcA PARA A INVESTIGAÇÃO DA ARTE PRé-hISTóRIcA

Técnicas, estilo y cronología en el arte paleolítico del sur de Europa: 105

cuevas y aire libre■ Rodrigo de Balbín Behrmann ■ Primitiva Bueno Ramírez

■ José Javier Alcolea González

Debate. Sessão 2 125

SESSÃO 3 | DA cRIAÇÃO à REcRIAÇÃO: MéTODOS DE REGISTO: MéTODOS DE REPRESENTAÇÃO E RéPLIcA ExPERIMENTAL

La frontera ideológica: grafías postglaciares ibéricas 139

■ Primitiva Bueno Ramírez ■ Rodrigo de Balbín Behrmann

■ Rosa Barroso Bermejo

Pensar a arte rupestre através dos métodos e técnicas de registo 161 e de representação: uma abordagem ensaística■ Maria de Jesus Sanches

novos dados para a abordagem técnica da arte rupestre 185

e móvel do vale do Côa■ Thierry Aubry ■ Jorge Davide Sampaio

Debate. Sessão 3 207

SESSÃO 4 | A “ARTE ATLâNTIcA” NO cONTExTO EUROPEU: cONcEITOS, PRObLEMáTIcAS E PERSPEcTIVAS

Unha visión diacrónica da arte atlántica dentro 219 dun novo marco cronolóxico■ Manuel Santos Estévez

Beyond the borders: some thoughts on Galician rock art 239

■ Carlos Rodríguez Rellán ■ Ramón Fábregas Valcarce

Debate. Sessão 4 249

OUTROS TExTOS

Orientação da arte rupestre do vale do Côa: um caso de estudo 261 na distribuição espacial da arte paleolítica ao ar livre■ António Pedro Batarda Fernandes

Grafías y territorios de la Prehistoria Reciente 273 en la cuenca interior del Tajo: Toledo y Madrid■ M.a Ángeles Lancharro Gutiérrez

Relación entre grafías prehistóricas y áreas de ocupación 283 en las sierras occidentales de Cádiz■ M.a Piedad Villanueva Ortiz

Abrigos ciclópicos com grafismos rupestres nas margens 293 dos rios Erges e Ocreza ■ Francisco Henriques ■ João Carlos Caninas ■ Mário Chambino

Casos de grafismos rupestres em calcários no centro de Portugal 313

■ João Carlos Caninas ■ Francisco Henriques ■ Álvaro Batista ■ Mário Monteiro

SESSÃO DE ENcERRAMENTO 328

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Linhas programáticas e breve apresentação do volume

■ MARIA DE jESUS SAnCHES

Linhas programáticas

O Departamento de Ciências e Técnicas de Património da Faculdade de Letras da Uni-versidade do Porto, em parceria com o grupo de investigação do Centro de Estudos Arqueo-lógicos das Universidades de Coimbra e Porto (CEAUCP) “Espaços e Territórios da Pré-His-tória” e Instituto de Gestão do património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR, IP) programou realizar uma reunião científica sob a forma de mesa-redonda destinada à discus-são das artes rupestres, associando-se a outros organismos dedicados à investigação e divul-gação. Programado para ter uma periodicidade anual, este ciclo de mesas-redondas, a inau-gurar no ano de 2010, dedicar-se-á a temáticas tão diversificadas quanto as abordagens que este “tema” naturalmente suscita, quer no seio da comunidade académica, ou dos arqueólo-gos, quer no de outros investigadores de outras áreas do saber, ou mesmo do público em sen-tido alargado. Desta forma, optou-se por sujeitar cada mesa-redonda, em cada ano, à discus-são de problemas concretos. Procurar-se-á implementar um diálogo interdisciplinar com outras áreas científicas que têm a ‘arte rupestre’ como seu objecto de estudo, designadamente a História da Arte e a Antropologia da Arte.

O grupo de investigação do CEAUCP “Espaços e Territórios da Pré-História” desde a sua génese está ligado simultaneamente à pesquisa e à docência no ensino superior onde se dá a formação a futuros profissionais (arqueólogos). nessa articulação, a discussão de algumas questões prioritárias que de seguida enumeramos, tem-se revelado como uma necessidade urgente:

a) o que se entende por estação (arqueológica) de arte rupestre? b) Como definimos e enquadramos no pensamento actual os paradigmas (que vemos serem de natureza e alcance variados) que guiam os estudos de arte rupestre? c) Qual a relação, mostrada pela investigação corrente, entre paradigmas e métodos de registo (pois os registos, diferentes tipos de registos, são ou não entendidos como repre-sentações nossas dos “artefactos” que queremos apreender)? d) Por que vias encaminhamos os discursos, ou seja, como argumentamos quando arti-culamos os estudos de arte rupestre com os de outros “objectos” arqueológicos que tam-bém suscitam interpretações sobre o entendimento das sociedades de cariz pré-histórico (sem Estado)? e) Qual o relevo que conferimos às (variadas) técnicas de execução, às “cadeias” opera-tórias? f) Poderemos continuar a usar conceitos que a gíria arqueológica utiliza sem discussão e que moldam de modo assertivo, em paradigmas antigos, todo o pensamento alterna-tivo que tentemos definir nos estudos de arte rupestre? Será o caso, por ex. dos concei-tos de (i) “santuário de arte rupestre” — quando devemos entender e definir o que enten-demos por santuário e/ou sagrado-profano em sociedades pré-históricas; (ii) de “arte

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atlântica”, “arte megalítica “arte/pintura esquemática” ou de “arte esquemática peninsu-lar” —, quando tal não diga respeito a uma classificação estilística, mas seja entendido como “artefacto ideológico formalizado”.

Poderíamos acrescentar muitos outros, como seja o da discussão do conceito de “arte”, ou de “representação” que por certo decorrerão daqueles já elencados. Mas, em boa verdade, o objectivo é o de criar uma plataforma de exposição e de debate sobre um ou mais temas acima, escorada tanto em casos de estudo como em perspectivas mais abrangentes, de carác-ter crítico. Tais exposições e debates serão objecto de publicação. Esta irá assinalar, pela repeti-ção anual, o estado das pesquisas, constituindo-se como referência teórica e metodológica da multiplicidade de paradigmas e métodos que, de modo implícito ou explícito, enformam os estudos actuais.

na realidade, não poderemos deixar de fazer notar que periodicamente se criam e refor-mulam manuais de arqueologia, de modo a acompanhar e a dar resposta às orientações e neces-sidades que a disciplina formula. Porém, destes manuais estão quase sempre ausentes, mesmo a título de exemplo, orientações, ainda que generalistas, sobre métodos de estudo de arte rupestre. Refira-se, apesar disso, o contributo do GRAPP (Groupe de Réflexion sur l’Art Parié-tal Paléolithique) nos estudos da arte paleolítica. Com estes debates relativos à arte rupestre em geral que agora se iniciam, queremos contribuir também para criar um corpo de orientações metodológicas de que a formação académica, universitária, tem necessidade urgente.

breve apresentação do volume

Este volume dá conta quer através dos textos publicados, quer dos debates, da plurali-dade das perspectivas metodológicas e interpretativas, mas também das preocupações dos intervenientes na mesa-redonda relativamente aos estudos da arte rupestre, ou representa-ções gráficas da Pré-História e Proto-História.

na realidade, os autores das conferências, comunicações e posters mostraram que as linhas programáticas e paradigmas delineados para discussão eram relevantes, quiçá estrutu-rantes, na investigação que conduziam.

Além das linhas programáticas orientadoras, esta reunião científica estava organizada em temas — 4 grandes temas— estando os conferencistas encarregados de fazerem uma abordagem específica, de carácter crítico ou analítico, ao tema em questão; aos comunicantes caberiam estudos relacionados com os temas maiores propostos. Ambos, conferencistas e comunicantes foram objecto de convite. Os posters só tinham de se sujeitar às linhas progra-máticas gerais, embora tivessem sido apresentados no final de cada dia de trabalhos de acordo com a sua correspondência com os temas das 2 sessões desse dia.

Foram feitas 23 apresentações, entre conferências (4) comunicações (8) e posters (11). Recebemos para publicação os textos de 16 delas; nos casos em que se tratou de conferências e/ou comunicações, as sessões temáticas acusam essa ausência. Contudo, esta acabou por ser menorizada em termos de publicação pela inclusão, nas respectivas sessões, de comunica-ções em posters cuja qualidade científica e relação temática, ou paradigmática estreita com alguma das 4 sessões, o justificavam. É o caso, por ex., do texto de C. Rodríguez Rellán e R. Fábregas: Beyond the borders: some thoughts on Galician rock art, incluído na sessão — A “arte atlântica” no contexto europeu. Conceitos, problemas e perspectivas.

Os textos dos posters que se afastam mais daquelas sessões foram incluídos num grupo denominado “Outros textos”, versando sobretudo estudos regionais (Orientação da arte rupes-

11MARiA DE JESuS SANCHES ■ LiNHAS PROGRAMÁTiCAS E BREVE APRESENTAçãO DO VOLuME ■ PP. 9–12

tre do Vale do Côa: um caso de estudo na distribuição espacial das vertentes com arte rupestre paleo- lítica ao ar livre, de A. P. Batarda Fernandes; Grafías y territorios de la Prehistoria reciente en la cuenca interior del Tajo: Toledo y Madrid, de M. A. Lancharro Gutiérrez; Relación entre grafías prehistóricas y áreas de ocupación en las sierras occidentales de Cádiz-España, de M. P. Villanueva Ortiz; Abrigos ciclópicos com grafismos rupestres nas margens dos rios Erges e Ocreza, de F. Henri-ques & alii), ou estudos de caso (Casos de grafismos rupestres em calcários no centro de Portugal, de j. C. Caninas & alii). Os 4 primeiros merecem atenção porque explicitamente ou implici-tamente alinhados pelos princípios teóricos da Arqueologia da Paisagem (ou Arqueologia do território conceptualmente e fisicamente construído, em dois dos textos, desde o Paleolítico superior), uma perspectiva não elencada nas linhas programáticas, mas afinal, transversal aos estudos de arte e, aliás, presente, mas menos desenvolvida, noutros textos deste volume. no segundo porque se trata de gravuras da Idade Moderna-Contemporânea mas nos chama a atenção para o facto de a marcação do território e dos espaços com imagens ser um fenó-meno de todos os tempos, como S. S. Figueiredo & alii, com o texto: As teorias da arte no estudo da arte rupestre: limites e possibilidades, nos dá também conta.

Uma apresentação crítica do volume por paradigmas tratados, ou por grandes ideias defendidas, seria muito morosa e cremos que de pouca utilidade dada a versatilidade de abor-dagens dos diferentes textos, onde correríamos o risco de os “reduzir” a uma ou outra ideia--chave que poderia nem ser aquela que o respectivo autor gostaria de ver destacada. Ficamo--nos por algumas ideias pois a melhor orientação de leitura encontra-se efectivamente nos debates e no enquadramento dado pelos títulos das sessões temáticas.

De modo transversal, e por períodos cronológico-culturais, podemos dividir os textos deste volume em 3 grupos. Um grupo de 5 textos relativos à arte do pós glaciar (de uma apre-sentação original de 10 comunicações), incluindo a arte de ar livre, em abrigo pouco profundo e em monumentos megalíticos, e um que percorre territorialmente a arte desde o Paleolítico Superior à Idade do Ferro (de M. A. Lancharro Gutiérrez). A arte do período glaciar, ou paleo- lítica, conta também com 5 textos (originalmente foram apresentadas 8 comunicações), sendo de destacar uma maioria de artigos (4) sobre a arte do vale do Côa; no conjunto dedicam-se sobretudo à arte paleolítica de ar livre, embora o texto de R. de Balbín & alii seja transversal a contextos de gruta e ar livre. Cabe realçar aqui a importância dos estudos da arte paleolítica de ar livre do vale do Côa/Alto Douro, quer na quantidade dos textos apresentados (e das comu-nicações) — o que mostra uma vitalidade investigadora de inegável valor no panorama deste tipo de estudos arqueológicos —, como nas inovadoras perspectivas analíticas e interpretati-vas que suscitam noutros estudos de arte rupestre. Esperamos que a Fundação Côa-Parque/Museu do Côa, em conjunto com o Estado Português, encontrem modos de prosseguir esta actividade investigadora e divulgadora, a despeito do período de crise económica que o nosso país atravessa.

A discussão sobre o carácter sagrado e/ou profano da arte, bem como o uso do termo “ritual” é tema de dois textos (de S. O. jorge e de M. Cruz Berrocal); o do conceito de arte é o tema central e único do texto de S. Figueiredo & alii, e os métodos de registo e de representa-ção da arte rupestre da Pré-História e da Proto-História, vistos numa perspectiva histórica, de um outro de M. j. Sanches.

Embora sejam feitas referências, comparações, etc., à arte da Pré-História e Proto-Histó-ria europeias, os artigos que estudam casos concretos (sobre regiões e/ou sítios arqueológi-cos) centram-se no território da Península Ibérica já que a comunicação relativa à arte “atlân-tica” da Escócia não foi entregue para publicação.

no seu conjunto, este volume respondeu claramente ao apelo para o estudo das artes rupestres da Pré-História e da Proto-História focadas pelos paradigmas e metodologias de

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registo, mas os leitores aí estão para o julgar. O caminho só se faz caminhando, mesmo que o percurso seja estabelecido antes do início da marcha. Este é o primeiro troço do percurso. Por isso, deve ser claramente referido que a publicação da 1.a Mesa-Redonda, no seu suporte em papel, se deve ao empenho da Sra. Subdirectora da DGPC (antes IGESPAR), Professora Ana Catarina Sousa, a quem é justo agradecer.