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FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX
SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. – SOEGAR
TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO
ENGENHARIA CIVIL 2018-2
VOLUME 2
MATIPÓ 2018
SUMÁRIO
INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE CURA DO CONCRETO EM SUA RESISTÊNCIA
FINAL .......................................................................................................................... 3
ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS ENTRE AS ESTRUTUAS EM ALVENARIA
ESTRUTURAL E CONCRETO ARMADO CONVENCIONAL ................................... 21
INFLUÊNCIA DA UMIDADE NAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NO
CONCRETO ARMADO EM PISCICULTURAS NA REGIÃO DE MIRADOURO – MG
.................................................................................................................................. 72
AVALIAÇÃO TÉCNICA E ECONÔMICA ENTRE O CONCRETO USINADO E O
CONCRETO IN LOCO NA CIDADE DE RAUL SOARES ....................................... 104
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA IMPLANTAÇÃO DE
LOTEAMENTOS ..................................................................................................... 128
AVALIAÇÃO DO ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS DESTINADOS À
FABRICAÇÃO DE CONCRETO EM OBRAS DA CIDADE DE MATIPÓ-MG .......... 167
UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA
PAVIMENTAÇÃO DE ESTRADAS VICINAIS ......................................................... 202
INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE CURA DO CONCRETO EM SUA RESISTÊNCIA FINAL
Acadêmicos: Herik César do Nascimento Bastos e Sérgio Xavier
Orientador: Mateus Zanirate de Miranda
RESUMO
O concreto, sendo um dos materiais mais utilizados no mundo, necessita de alguns cuidados, a fim de garantir sua resistência e durabilidade e um desses cuidados é a
realização da cura. A cura do concreto é um conjunto de medidas que devem ser tomadas para manter a umidade interna do concreto e garantir que o processo de hidratação ocorra da forma mais adequada possível. Buscou-se avaliar a influência da cura na resistência à compressão do concreto, por meio do método de cura por aspersão, quando é feita a molhagem dos corpos de prova com uso de mangueiras ou aspersores, considerando que é o método mais utilizado na região em que o estudo foi realizado. Os corpos de prova foram analisados em um período de 28 dias, sendo rompidos em quatro idades diferentes. Os corpos de prova rompidos aos três dias foram os que apresentaram uma maior variação na resistência à compressão devido ao fato de terem sido moldados em um dia quente, aumentando a taxa de evaporação da água interna. À medida em que a idade avançava,
observou-se uma queda dessa variação, sendo que a menor variação ocorreu aos 28 dias. Concluiu-se, por fim, que a cura por irrigação terá efeito benéfico tanto para a resistência quanto para evitar a deterioração das faces do concreto, sendo mais eficaz nas primeiras idades.
PALAVRAS-CHAVE: cura do concreto; efeitos da cura; resistência à compressão.
1. INTRODUÇÃO
O concreto é uma mistura obtida a partir do uso de um meio aglomerante,
resultado da reação entre um cimento hidráulico, água e agregados (NEVILLE e
BROOKS, 2013). O concreto de cimento Portland é o material de construção mais
utilizado no mundo e isso se deve, dentre outros fatores, ao fato de ser um material
de fácil obtenção e utilização e por possuir certa versatilidade de aplicação (ISAIA,
2005).
Silva, et al. (2012) apontam que o concreto, sendo um material amplamente
disseminado na construção civil, necessita de alguns cuidados a fim de garantir
melhores propriedades quando endurecido, tais como resistência e durabilidade,
sendo essas propriedades de extrema importância, devendo ser conhecidas para
correta utilização do concreto.
Para Bauer (2014), dentre os vários cuidados a serem levados em conta para
que se obtenha um concreto de qualidade e com boas características, destaca-se a
cura do concreto. A cura é um procedimento realizado após a pega do cimento cujo
objetivo é promover a hidratação do cimento e consiste em controlar a entrada e
saída de umidade para o concreto (NEVILLE, 2016).
É fundamental realizar esse procedimento para que as reações de hidratação
ocorram de forma adequada, visto que essas reações são importantes para o ganho
de resistência mecânica do concreto e da sua vida útil. Da mesma forma, a
manutenção da umidade do concreto, por meio da cura, evita a formação de fissuras
na superfície do material provocada pela retração, garantindo sua durabilidade
(SILVA et al., 2012).
Nesse sentido, é de extrema importância realizar a cura da forma mais correta
possível e, segundo Bauer (2014), quanto mais demorada for, melhores serão suas
características.
Porém, o tempo de cura ideal nem sempre é realizado, principalmente em
pequenas obras, devido às exigências econômicas, que tendem a restringir esse
tempo ao máximo e, na maioria dos casos, o procedimento de cura não vai além de
molhar a estrutura poucas vezes ao dia e sem periodicidade (NEVILLE e BROOKS,
2013).
Existem diversos métodos de cura e, em cada caso, de acordo com sua
especificidade e escolha do projetista, é adotado um desses procedimentos. Neste
trabalho foram citados alguns desses métodos e dado enfoque no processo de cura
úmida por aspersão, que consiste em aspergir ou irrigar a superfície do concreto,
mantendo a umidade interna, evitando sua perda para o ambiente.
Busca-se, portanto, avaliar a influência do processo de cura na resistência
característica à compressão do concreto (fck) em corpos de prova curados pelo
método da aspersão.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. O CONCRETO E SUA IMPORTÂNCIA
“O concreto de cimento Portland é o mais importante material estrutural e de
construção civil da atualidade [...] podendo ser considerado como uma das
descobertas mais importantes da história do desenvolvimento da humanidade”
(HELENE e ANDRADE, 2010, p. 905). É o material mais consumido em todo o
mundo, perdendo apenas para o consumo de água. Sua utilização ocorre pelas boas
características de durabilidade, resistência e plasticidade. Outro fator que contribui
para sua ampla utilização é a economia, uma vez que, para a maioria dos casos, o
concreto continua sendo a melhor solução, pois sua versatilidade não é alcançada
por outro material (DINIZ, 2009).
De acordo com Pedroso (2009), cerca de 11 bilhões de toneladas de concreto
são consumidas anualmente, resultando em um consumo médio aproximado de 1,9
toneladas por habitante por ano. No Brasil, cerca de 30 milhões de metros cúbicos
saem das centrais dosadoras todos os anos.
O concreto, de forma geral, é definido como uma mistura homogênea,
composta por agregados, um tipo de aglomerante e água, podendo conter aditivos
com a finalidade de melhorar suas características iniciais (LIMA et al., 2014).
Segundo Albuquerque (2014, p.63), “agregado é o material particulado,
incoesivo, de atividade química praticamente nula, constituído de misturas de
partículas cobrindo extensa gama de tamanhos”. De acordo com a NBR 7211
(2009), agregado miúdo é todo aquele cujos grãos passam pela peneira de abertura
de 4,75mm e agregado graúdo é todo aquele cujos grãos ficam retidos na peneira
de 4,75mm.
O aglomerante mais utilizado no processo de obtenção do concreto no Brasil
é o cimento Portland. De acordo com Kaefer (1998), o cimento é uma “mistura
finamente moída de compósitos inorgânicos que, quando combinados com água,
endurecem por hidratação”.
Segundo a Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP (2002), “O
cimento Portland é um pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou
ligantes, que endurece sob ação da água. Depois de endurecido, mesmo que seja
novamente submetido à ação da água, o cimento Portland não se decompõe mais.
2.2. RESISTÊNCIA DO CONCRETO
A resistência de um material é definida como sendo a capacidade de resistir
aos esforços sem que ocorra ruptura. Como o concreto, diferentemente da maioria
dos materiais, possui, antes de ser submetido aos esforços solicitantes, excessivas
fissuras muito finas, então, no concreto, a resistência está relacionada à tensão
necessária para que ocorra a ruptura. Essa tensão é definida como a tensão máxima
que o concreto pode suportar, sem que sofra ruptura (MEHTA e MONTEIRO, 2006).
Para Teixeira e Pelisser (2007), a resistência à compressão do concreto
representa sua capacidade de resistir às solicitações previstas. É uma característica
que está diretamente ligada à sua durabilidade, demonstrando a sua qualidade, e
utilizada para demonstrar as demais propriedades mecânicas do concreto.
Segundo Petrucci (2005), o concreto trabalha melhor quando submetido à
esforços de compressão quando comparado a esforços de tração. A resistência à
tração é da ordem da décima parte da resistência à compressão.
2.3. CURA DO CONCRETO
Para que o concreto novo atinja resultados satisfatórios, é preciso que sejam
tomadas algumas providências que visam minimizar a interferência do ambiente nas
reações internas do concreto, como manutenção do calor e da umidade, proteção
contra temperaturas elevadas, frio intenso, vento e chuva forte (LEONARD e
MÖNNING, 2008).
A cura do concreto é um conjunto de procedimentos e medidas que deve ser
tomado com a finalidade de manter o concreto úmido, impedindo a perda da água
necessária para o processo de hidratação do cimento (NUNES, 2005). Conforme a
NBR 14931 (2004), a cura deve ser realizada com a finalidade de evitar a perda da
água de amassamento por meio da superfície exposta, garantindo uma resistência
adequada à superfície e uma capa superficial durável.
2.4. IMPORTÂNCIA DA CURA
O concreto novo, aquele lançado há pouco tempo, é muito sensível à ação do
sol e do vento, o que causa a evaporação da água de amassamento,
impossibilitando a hidratação completa do cimento e contribuindo para o aumento da
retração, causando o aparecimento de fissuras e trincas, tornando o concreto menos
resistente (BAUER, 2014, p.260).
Para Petrucci (2005), realizar o procedimento de cura do concreto é crucial
para obtenção de sua resistência mecânica e, por meio dos compostos da
hidratação, garantir sua vida útil com o desenvolvimento da resistência ao longo do
tempo.
De acordo com Santana e Costa (2009), há uma ligação direta entre o ganho
da resistência nas estruturas de concreto e a realização adequada do processo de
cura e, segundo Bauer (2014), à medida que a cura é prolongada e quanto mais
bem feita for, melhores serão suas características.
De acordo com a NBR 14931 (2004), “enquanto não atingir endurecimento
satisfatório, o concreto deve ser curado e protegido contra agentes prejudiciais” e,
segundo a NBR 12655 (2015), quando se tratar de estruturas de superfície, como
lajes, a cura deve ser realizada até que sua resistência característica à compressão
seja igual ou superior a 15 MPa.
2.5. TIPOS DE CURA
Os métodos de cura do concreto existentes são variados. O mais adequado
processo deve ser escolhido de acordo com a situação e condições climáticas ao
qual o concreto está submetido, além dos tipos de materiais disponíveis na obra, o
formato da estrutura, bem como seu tamanho e considerando os aspectos
econômicos (PEINADO, 2013).
Bauer (2014) destaca que existem diversos métodos para cura do concreto
que, por mais simples e econômicos que sejam, possuem elevada eficiência.
2.5.1. Cura por Recobrimento
Muito utilizada nas obras, esse método garante a proteção do concreto contra
a ação direta do sol e do vento, evitando a evaporação da água. Podem ser
utilizados sacos de aniagem, areia, terra, entre outros, cujas peças a serem curadas
são envolvidas com tais materiais, estando eles preferencialmente úmidos (BAUER,
2014).
2.5.2. Cura a Vapor
Neste método, as peças são submetidas à ambientes de vapor de água à
temperatura de 70º C, podendo estar sob pressão ou não. Favorece o rápido
endurecimento do concreto que, após 1 dia de cura, atinge resistência próxima à
aquela desenvolvida aos 28 dias quando utilizada cura úmida (BAUER, 1991).
Segundo Szeremeta e Silva (2013), a cura a vapor, além de garantir a
umidade necessária ao concreto, acelera a velocidade de ganho de resistência pelo
aquecimento. É normalmente aplicada em estruturas pré-moldadas de pequeno
porte.
2.5.3. Cura Química
Segundo Anvar et al. (2005), também conhecido como cura com membrana,
esse método caracteriza-se pela aplicação de emulsões aquosas, soluções
resinosas ou parafínicas na superfície a ser curada. Essa aplicação pode ser feita no
instante em que a água livre da superfície desaparece ou, segundo Bauer (2014), no
caso de superfícies moldadas, a aplicação do produto só poderá ser feita após a
remoção do molde.
É um método vantajoso para proteção de lajes, pisos e pavimentos e de
grande importância quando o concreto utilizado possui cimentos pozolânicos ou de
escórias, visto que estes cimentos possuem reação mais lenta e,
consequentemente, menor capacidade de retenção de água (BAUER, 2014).
2.5.4. Cura Úmida
De acordo com Neville (2016), este método consiste em fornecer água
suficiente para ser absorvida pelo concreto, permitindo que a superfície do concreto
esteja permanentemente em contato com a água por um período de tempo
determinado.
A cura úmida deve ser iniciada logo após a hidratação do cimento para
garantir maior resistência e durabilidade da estrutura, visto que, quanto maior for o
prazo de cura, melhores serão as características do concreto endurecido
(PETRUCCI, 2005).
Este método pode ser realizado por meio de molhagem, como por exemplo,
aspersão ou irrigação, submersão ou imersão, entre outros, e evita a perda da água
presente no interior do concreto, garantindo uma boa umidade para as reações de
hidratação e controlando a temperatura da estrutura (SZEREMETA e SILVA, 2013).
O método de cura por submersão, segundo Melo (2017), consiste em cobrir
toda a superfície a ser curada com água, de modo a alagar a superfície por completo
logo após adensamento. Bauer (2014) afirma que a submersão é um dos métodos
mais satisfatórios, porém de aplicação restrita.
A cura submersa geralmente é utilizada em superfícies planas como lajes,
pisos e pavimentos, onde é possível realizar o represamento da água (SZEREMETA
E SILVA, 2013).
A cura por irrigação ou aspersão é um método simples de ser aplicado, porém
com algumas limitações. Utiliza-se de aspersores ou mangueiras microperfuradas
(irrigação) que devem ser dispostos de forma a abranger a maior área da estrutura
possível, evitando que algumas partes fiquem secas. São recomendados para
superfícies planas e expostas, não sendo viável seu emprego em áreas inclinadas
(PEINADO, 2013).
Bauer (2014) afirma que se devem tomar alguns cuidados, com relação ao
método de aspersão, de modo a impedir um secamento muito profundo da estrutura,
ou seja, não é recomendado seu uso de forma intermitente por ocasionar a
paralisação da cura, para assim evitar fadiga superficial.
Para Tutikian e Helene (2011), é o método mais prático para manter a
umidade da peça durante a cura, desde que realizado uniformemente e de forma
controlada.
3. METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa quantitativa exploratória.
Segundo Fonseca (2002) a pesquisa quantitativa é centrada na objetividade e
recorre à linguagem matemática, onde os resultados podem ser quantificados, para
descrever as causas de um fenômeno. A pesquisa exploratória, de acordo com Gil
(2002), tem como objetivo familiarizar o problema, tornando-o explícito, aprimorando
ideias ou a descoberta de intuições.
Foram moldados corpos de prova de dimensões 100 x 200 mm, utilizando
amostras de concreto usinado, preparado em uma central dosadora de uma usina
de concreto da cidade de Manhuaçu-MG e misturado em caminhões betoneiras,
conforme a NBR 12655 (2015).
O procedimento para moldagem dos corpos de prova foi realizado de acordo
com a NBR 5738 (2015).
O traço adotado foi calculado, seguindo o disposto na NBR 12655 (2015), por
uma empresa de concretagem da cidade de Manhuaçu-MG, para atingir uma
resistência característica à compressão (fck) de 25 MPa, sendo esse traço: 1 : 1,67 :
1,40 : 1,01 : 2,36 : 0,75 : 1,48 (cimento : areia natural : areia artificial : brita 0 : brita 1
: a/c : aditivo). O aditivo utilizado foi da linha Erca PlastoFluid, e o cimento foi o CP-
V-ARI, de alta resistência inicial.
Para garantir um número de repetições adequado, a fim de balancear as
variações dos rompimentos, foram moldados 40 corpos de prova (CP) no total,
sendo que 20 CP’s não foram submetidos ao processo de cura e 20 CP’s foram
submetidos à cura por irrigação (Figura 1). As idades para rompimento, tanto para
os CP’s curados, quanto para os CP’s não curados, foram 3 dias, 7 dias, 14 dias e
28 dias, sendo que para cada idade, foram moldados 5 CP’s.
Figura 1: Corpos de prova submetidos à cura
Fonte: Autores (2018).
A moldagem dos corpos de prova foi feita de forma que todos os CP’s fossem
rompidos no mesmo dia, a fim de evitar variações nas condições dos equipamentos,
como por exemplo calibragem da prensa em dias diferentes, bem como variações
das condições ambientais, sendo que tais variações poderiam afetar o resultado
final.
Com isso, foram moldados primeiramente os CP’s que seriam rompidos com
28 dias. Passados 14 dias, foram moldados os CP’s que seriam rompidos com 14
dias. Após 21 dias que os primeiros CP’s foram moldados, foi feita a moldagem dos
CP’s que seriam rompidos com 7 dias e, posteriormente, moldados os CP’s de idade
de 3 dias. Dessa forma, ao se passar 28 dias da moldagem dos primeiros corpos de
prova, todos os outros já tinham sido moldados e atingido a idade de rompimento.
Depois de moldados, os corpos de provas foram etiquetados para facilitar a
posterior identificação, armazenados em local protegido de intempérie, conforme
exige a NBR 5738 (2015) e, após 24 horas da sua moldagem, foram colocados em
condições semelhantes às condições que as obras da região de Manhuaçu são
expostas, para realizar a cura das amostras desejadas.
A cura foi realizada utilizando-se uma mangueira como mostra a Figura 2,
irrigando os corpos de prova por inteiro, ou seja, fornecendo água suficiente para
molhar completamente os corpos de prova, garantindo que todas as faces dos CP’s
sejam molhadas. A frequência de realização da cura foi realizar a aspersão três
vezes ao dia, molhando os corpos de prova ao iniciar o dia, ao meio dia e, em
seguida, no fim da tarde.
Figura 2: Corpos de prova sendo curados por irrigação.
Fonte: Autores (2018).
Ao atingirem a idade de rompimento, os corpos de prova foram recolhidos
(Figura 3) e levados para laboratório, onde foram rompidos em uma máquina
computadorizada de medição da resistência à compressão (prensa hidráulica)
(Figura 4), seguindo normas descritas na NBR 5739 (2007).
Figura 3: Corpos de prova sem cura sendo recolhidos para rompimento.
Fonte: Autores (2018).
Figura 4: Rompimento dos corpos de prova.
Fonte: Autores (2018).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Visando minimizar a influência das condições do equipamento, bem como a
influência do clima no resultado dos rompimentos, todos os corpos de prova foram
moldados em datas pré-determinadas de modo que os rompimentos de todas as
amostras ocorressem na mesma data, a fim de garantir que as condições dos
equipamentos fossem as mesmas para todos os corpos de prova. A tabela 1
demostra as datas em que os corpos de prova foram moldados, bem como as
temperaturas máximas e mínimas registradas no dia da moldagem:
Tabela 1: Datas de moldagem dos corpos de prova e suas respectivas temperaturas
Idades Datas de moldagem Temperatura (ºC)
3 dias 03/09/2018 30º/23º
7 dias 30/08/2018 24º/18º
14 dias 23/08/2018 27º/18º
28 dias 09/08/2018 25º/19º
Fonte: Autores (2018)
O rompimento ocorreu na região da Zona da Mata mineira próxima às serras
do Caparaó e do Brigadeiro que, segundo Ferreira et al (2016), são áreas com
microclimas classificados, de acordo com a classificação climática de Köppen, como
temperado úmido com inverno seco e verão ameno.
O processo de cura foi realizado no inverno, período em que a média da
temperatura é baixa em relação às outras estações do ano, podendo a temperatura
influenciar os resultados. Isso porque a evolução da hidratação do cimento depende
da concentração e da temperatura dos elementos reagentes, é acelerada em altas
temperaturas e reduzida em temperaturas mais baixas (BARBOSA, et al., 2006).
A Figura 5 expõe os resultados obtidos por meio das médias dos
rompimentos dos corpos de prova:
Figura 5: Resistência à compressão axial de corpos de prova sem cura e com cura. Fonte: Autores (2018)
Analisando e realizando uma relação entre os resultados dos rompimentos
dos CP’s curados e não curados de cada idade, é possível obter a variação
percentual da resistência, como mostra a Figura 6:
Figura 6: Aumento percentual da resistência à compressão entre os corpos de prova curados e não curados de cada idade. Fonte: Autores (2018)
Analisando a Figura 6, é possível observar que houve uma variação
considerável na resistência nos corpos de prova rompidos ao terceiro dia, quando
comparadas às variações nas outras idades. Isso pode ser explicado devido ao fato
dos CP’s moldados no dia 03/09/2018 terem sido submetidos a altas temperaturas
(30º C), pois, de acordo com Neville (2016), a temperatura ambiente elevada faz
com que o concreto necessite de uma quantidade maior de água devido ao fato da
velocidade da perda de água interna aumentar em relação a dias com temperaturas
amenas.
Outro fator que influenciou na grande variação da resistência dos corpos de
prova de 3 dias, foi o uso do cimento CP-V-ARI, que possui a característica de
proporcionar ao concreto o aumento da resistência já nas primeiras idades, atingindo
assim, alta resistência inicial.
Com isso, é possível afirmar que a cura foi extremamente importante,
evitando que as amostras curadas perdessem água interna, importante para o
adequado processo de hidratação do concreto.
Ainda analisando a Figura 6, aos 7 dias, observa-se que a diferença na
resistência entre os corpos de prova curados e os não curados reduziu
consideravelmente comparado com os resultados dos CP’s de 3 dias. Tal fato pode
ser explicado pelo fato de a temperatura no dia da moldagem não estar tão elevada
quanto a temperatura aos 3 dias, fazendo com que houvesse redução na perda de
água do interior dos corpos de prova rompidos aos 7 dias, reduzindo os efeitos da
cura nesses CP’S.
Aos 14 dias, os corpos de prova curados apresentaram resistência mais
elevada em comparação com os corpos de prova não curados, ocasionando em
uma variação percentual da resistência maior comparado com os CP’s de 7 dias,
porém não maior quanto aos CP’s moldados aos 3 dias. Tal situação pode ter sido
ocasionada pelo aumento da temperatura, comparada com a temperatura aos 7
dias, proporcionando uma perda maior da água no interior do concreto.
Analisando o rompimento aos 28 dias, é possível observar que a relação
entre as resistências dos corpos de prova curados e os não curados apresentou
uma baixa variação.
Tais resultados podem estar atrelados ao fato de os corpos de prova terem
sido afetados por precipitações ocorridas nas idades inicias desses CP’s, fazendo
com que a perda de água no interior do concreto fosse pequena e, nessas
condições, os efeitos da cura foram triviais.
Os efeitos das ações naturais, como a ocorrência de precipitações sobre a
resistência do concreto, podem ser evitados fazendo o uso de materiais que evitem
o contato com as peças de concreto, realizando o cobrimento temporário delas. As
lonas plásticas são um bom exemplo desses materiais, devido a sua fácil remoção.
Além disso, os corpos de prova rompidos aos 28 dias, sejam eles curados ou
os sem cura, apresentaram visualmente uma pequena deterioração em suas faces,
como mostra a Figura 7. Esse problema pode estar relacionado à cura insuficiente,
pois, de acordo com Roque e Moreno Junior (2005), a cura realizada de forma
inadequada faz com que o concreto tenha uma superfície permeável, além de
ocasionar em baixa durabilidade das peças.
Figura 7: Corpo de prova de 28 dias apresentando deterioração em suas faces
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível concluir que, independentemente da idade de rompimento, os
corpos de prova que foram submetidos ao processo de cura por irrigação
apresentaram um acréscimo em sua resistência à compressão, demonstrando, de
maneira clara e objetiva, a importância desse processo na produção do concreto. O
fornecimento e as reações de hidratação são importantes e, quando ocorrem de
forma adequada, garantem o ganho de resistência para o concreto.
Em corpos de prova, cuja temperatura no dia da moldagem foi maior que
27ºC, a cura foi mais influente devido ao fato de que, em altas temperaturas, o
concreto perde mais rapidamente sua água interior. De acordo Neville (2016), a
evaporação dos capilares preenchidos com água deve ser evitada devido ao fato de
a hidratação do cimento ocorrer somente nesses capilares.
Com esse estudo pôde-se perceber que, com as condições apresentadas, a
cura por irrigação irá influenciar na resistência do concreto, porém com maior efeito
nas primeiras idades. Pois, de acordo com Neville (2016), a velocidade de
hidratação inicial é aumentada quando o concreto é submetido à altas temperaturas,
porém retarda a hidratação subsequente, o que afeta negativamente a resistência
em longo prazo. Isso ocorre devido à rápida evaporação da água externa e interna
do concreto, por consequência da sua exposição à altas temperaturas, sendo
necessário o fornecimento de água para que as reações de hidratação ocorram.
Além disso, a cura irá agir de forma benéfica em relação à degradação das
faces do concreto, evitando que tal efeito ocorra.
Caso o estudo fosse realizado em uma época com temperaturas mais altas
ou em regiões cujo clima fosse diferente do local onde esse estudo foi executado, é
possível que houvesse alterações nos resultados apresentados, chegando a
conclusões diferentes das obtidas neste estudo.
Hoffmann (2001) realizou um estudo cujos corpos de prova foram rompidos
na mesma idade (14 dias) que o estudo em questão, porém expostos a
temperaturas diferentes. Naquele estudo, então, identificou-se que os corpos de
prova submetidos à temperatura maior (30ºC) apresentaram maior resistência à
compressão do que outros corpos de prova expostos a temperatura menor (15ºC).
Sugere-se que seja avaliada a influência da cura do concreto em corpos de
prova moldados e curados nos meses mais quentes do ano, realizando uma
comparação com corpos de prova moldados e curados em meses mais.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Guia básico de utilização do cimento Portland. 7.ed. São Paulo, 2002. 28p. (BT-106).
______. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro. 2015.
______. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto - Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro. 2007.
______. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: Agregados para Concreto – Especificação. Rio de Janeiro. 2009.
______. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655: Concreto de cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento. Rio de Janeiro. 2015.
______. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14931: Execução de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro. 2004.
ALBUQUERQUE, A. S. Agregados. In: BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. 5.ed. vol. 1. Rio de Janeiro: LTC, 2014. p. 63-120.
ANVAR, D.; PEDROSO, T.; BRITO, T. Cura do concreto. Salvador, p.14-15, 2005.
BARBOSA, M. P, et al. Avaliação da energia aparente de ativação do cimento CP-II e CP-V com adição de superplastificantes. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto, 2006. 15 p.
BAUER, L. A. F. A Cura do Concreto: Métodos e Materiais. Boletim n. 32, São Paulo, 1991, 33 p.
BAUER, L. A. F. Preparo, transporte, lançamento, adensamento e cura. In: BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. 5.ed. v. 1. Rio de Janeiro: LTC, 2014. p. 240-266.
DINIZ, J. Z. F. Personalidade Entrevistada. Concreto e Construções. Concreto: material construtivo mais consumido no mundo. São Paulo, ano XXXVII, nº 53, p. 8-13, jan. fev. mar. 2009. Disponível em: http://www.ibracon.org.br/publicacoes/revistas_ibracon/rev_construcao/pdf/Revista_Concreto_53.pdf. Acesso em: 15.maio.2018.
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ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS ENTRE AS ESTRUTUAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO ARMADO
CONVENCIONAL
Acadêmicos: Lucas de Souza Oliveira e Taynara Cristina de Souza Calinçani
Orientador: Rafael Macedo de Oliveira
A busca incessante por construções que apresentem menores custos sem perdas de qualidade no setor da construção civil tem levado as construtoras a novas possibilidades de aumentar sua produtividade, mantendo a qualidade da obra. Neste contexto, o presente trabalho visa uma comparação entre dois sistemas construtivos, o de alvenaria estrutural e o já conhecido sistema convencional em concreto armado, com enfoque no consumo e custos de seus elementos estruturais, possibilitando, ainda, ao decorrer do trabalho, o estudo e a disseminação de prescrições importantes verificadas ao caso do sistema por alvenaria. O trabalho baseou-se em um projeto arquitetônico/estrutural em concreto armado, aplicado ao sistema em alvenaria estrutural de acordo com as prescrições de norma aplicáveis em relação às solicitações e resistências. Pôde-se observar, então, que a alvenaria estrutural apresentou vantagem significativa em relação ao concreto armado convencional, devido à redução de materiais utilizados como fôrmas, armaduras e concreto.
PALAVRAS-CHAVE: Custo; Alvenaria estrutural; Concreto armado.
1. INTRODUÇÃO
Devido à competitividade no setor da construção civil, torna-se necessário e
significativo o emprego de novas técnicas e métodos construtivos, possibilitando
crescimento e melhores investimentos no setor (DELLATORRE, 2014).
Segundo Mello (2004), a crescente procura pela casa própria promove um
aumento do investimento imobiliário e, por sua vez, em sistemas construtivos que
promovam a diminuição do tempo de execução e custos de obra, mantendo a
qualidade do empreendimento. Com isso, sistemas estruturais mais avançados —
como o sistema de construção por alvenaria estrutural — vêm tomando espaço em
relação ao sistema convencional em concreto armado.
O sistema por alvenaria estrutural é um processo construtivo em que a
alvenaria é responsável por resistir a grande parte dos esforços existentes,
apresentando uma importante função estrutural na obra como um todo, e sendo
indispensável, no momento da concepção, a interação entre os projetos
arquitetônicos, estruturais, elétricos e hidráulicos (KALIL, 2010).
De acordo com Machado (2014), inúmeros são os estudos que comprovam
que edificações em alvenaria estrutural têm vantagens econômicas em critérios de
custo e tempo, quando comparadas com o convencional concreto armado. Isso
ocorre devido a quesitos como: economia de fôrmas, redução significativa de
revestimentos e desperdícios de materiais e mão de obra, além do fato de que os
serviços de armadores e carpinteiros mostram-se reduzidos.
O emprego do sistema por alvenaria estrutural tem avançado
significativamente, tanto no aspecto de fabricação dos materiais quanto em
execução, assim cada vez mais se consolidando como método construtivo. Diante
das grandes vantagens encontradas, destacando as de origem econômicas, o
interesse por este sistema vem crescendo. As construtoras vêm descobrindo na
alvenaria estrutural uma alternativa bastante competitiva para construção (PORTO,
2010).
Nesse sentido, para elaboração deste trabalho, abordamos uma comparação
de custos e viabilidade entre as estruturas em alvenaria estrutural e concreto
armado convencional, direcionado ao projeto estrutural de uma obra de engenharia
civil. Seu desenvolvimento foi baseado a partir de um projeto convencional de uma
residência unifamiliar, e demonstrando valores de consumos que comprovem a
viabilidade de um ou outro método em estudo realizado.
O estudo e conhecimento de diferentes técnicas de construção possibilitam
ao profissional obter uma maior excelência no seu projeto final, pois haverá uma
melhor previsão das condições aplicáveis às diversas condições de projeto. Sendo,
por isso, muito importante que se tenha uma visão abrangente sobre como é
desenvolvido o sistema construtivo em alvenaria estrutural, possibilitando, assim, a
comparação entre as estruturas, o foco deste trabalho.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. HISTÓRIA DA ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO ARMADO
Desde a antiguidade, o ser humano tem usado a alvenaria estrutural em suas
moradas, templos e monumentos, sendo uma das mais antigas formas de
construções utilizadas pelo homem (ACETTI, 1998).
No início, a alvenaria estrutural era construída baseada em conhecimentos
empíricos e experiências dos construtores. Como prova do potencial e da qualidade
que já havia no passado, temos muitas obras de grande porte que estão em bom
estado de conservação até os dias de hoje. Entretanto, as estruturas eram
superdimensionadas devido ao fato de o método utilizado não possuir garantias de
segurança, então se optava por grandes espessuras de paredes. Um exemplo é o
edifício Monadnock construído em Chicago de 1889 a 1891. A construção chegou a
ter paredes com espessura de 1,80m, fazendo com que esse sistema se tornasse
pouco econômico (MOHAMAD, 2015).
O surgimento do concreto armado no século XX tornou possível construções
de edifícios mais esbeltos, com peças de dimensões reduzidas. As limitações da
alvenaria estrutural em relação ao comportamento, a tração e projeto arquitetônico
fizeram com que ocorresse uma redução do emprego desse sistema, passando a
ser prioritário em construções de pequeno porte (STEIL, 2003). O desenvolvimento
de códigos de obras e normas para procedimentos de cálculos na Europa na década
de 50 impulsionou novamente a alvenaria estrutural (ACCETTI, 1998).
2.2. ALVENARIA ESTRUTURAL
De acordo com Ramalho e Corrêa (2003), a alvenaria estrutural se torna
viável para edifícios de no máximo 16 pavimentos, pois, para um número maior de
pavimentos, os blocos utilizados teriam a necessidade de atingir uma resistência
desejada quanto à compressão. Os esforços laterais causados pela força do vento
iriam gerar elevadas tensões à tração, assim tornando necessárias mais armaduras
e grauteamento, o que comprometeria a economia.
Para os arranjos arquitetônicos que saem dos padrões geralmente utilizados,
a situação pode ser melhor ou pior. Recomenda-se considerar a densidade de
paredes estruturais por m² de pavimento. O parâmetro bom é que se use de 50 a
70% de paredes estruturais por m² de pavimento, assim se pode fazer a avaliação
se vai optar por alvenaria estrutural ou não (RAMALHO e CORREA, 2003).
Para alvenaria estrutural, não é interessante que os vãos sejam grandes, como em
edifícios comerciais e residenciais de alto padrão. Com atenção especial para
construções que tem a necessidade de fazer frequentes mudanças no layout
(RAMALHO E CORREA, 2003).
Segundo Tauil e Nese (2010), devido à utilização de armadura ou não, a
alvenaria pode ser classificada em:
● Alvenaria não armada: O aço quando utilizado é, por razões construtivas,
aplicados em vergas e contravergas de portas e janelas e para prevenção de futuras
patologias como trincas e fissuras geradas pela acomodação da estrutura,
movimentação por efeitos térmicos, de vento e concentração de tensões.
● Alvenaria armada: tipo de alvenaria que recebe reforço por necessidade
estrutural. São utilizadas armaduras passivas de fios, barras e telas de aço dentro
dos vazios dos blocos e em seguida grauteados, além do preenchimento de todas
as juntas verticais.
● Alvenaria parcialmente armada: é um processo misto, pois os elementos
resistentes são projetados como armados e outros como não-armados.
No sistema por alvenaria estrutural também temos alguns tipos de paredes que
podem ser classificadas de acordo com a função estrutural que exercem, como
apresentadas a seguir (CAMACHO, 2006):
● Parede de vedação: é aquela que suporta apenas seu peso próprio, onde
ela faz a separação de ambientes e pode embutir as instalações elétricas e
hidráulicas.
● Paredes estruturais: é aquela dimensionada para resistir cargas verticais, do
seu peso próprio e de cargas acidentais aplicadas sobre ela.
● Paredes de contraventamento: são aquelas que resistem as cargas verticais
e horizontais, que podem ser da ação do vento ou por desaprumo da estrutura.
● Paredes enrijecedoras: são aquelas que têm função de fortalecer as paredes
estruturais contra flambagem.
2.3. PRINCIPAIS COMPONENTES DE ALVENARIA ESTRUTURAL
Os principais componentes da alvenaria estrutural são: unidades, argamassa,
graute e armadura (RAMALHO e CORREA, 2003).
● Unidades ou blocos: os blocos e tijolos são os componentes mais
importantes constituintes da alvenaria estrutural, pois eles definem a resistência à
compressão e determinam a escolha da coordenação modular nos projetos. Os
principais tipos são: cerâmicos; concreto; sílico-calcáreos, que podem ser maciços
ou vazados (CAMACHO, 2006).
● Argamassa: é uma mistura homogênea de agregado miúdo, aglomerantes,
água e cal, fazendo a ligação entre as unidades. Com exceção de algumas
argamassas que apresentam outras propriedades superiores devido a adições
suplementares evitando pontos de concentração de tensões (CAMACHO, 2006).
● Graute: segundo Camacho (2006), graute é um concreto composto de
cimento, agregado miúdo, agregado graúdo, água e cal, destinado a conferir
trabalhabilidade e retenção de água para a hidratação da mistura. Caracteriza-se
pela alta fluidez, de modo a preencher todos os vazios dos blocos adequadamente.
Suas principais funções são aumentar a resistência da parede sem a necessidade
de aumentar a resistência da unidade e provocar aderência com as armaduras tendo
como propriedades características a trabalhabilidade e adequada resistência à
compressão.
● Armaduras: de acordo com Camacho (2006, p.13) "as armaduras
empregadas na alvenaria estrutural são as mesmas utilizadas no concreto armado e
estão sempre presentes na forma de armadura construtiva ou de cálculo". Suas
funções são: absorver esforços de tração e compressão e cobrir necessidades
construtivas.
Segundo Santos (2008), os prismas são obtidos com a justaposição de dois
ou mais blocos estruturais, unidos por juntas totais (em toda superfície do bloco) de
argamassa que pode ter variação 7 a 13 milímetros de espessura, destinados ao
ensaio de compressão. Ele ainda ressalta que os ensaios desses prismas são a
base de um projeto em alvenaria estrutural, pois seus valores são essenciais para os
cálculos estruturais. Eles são mais precisos quanto aos ensaios somente com os
blocos, pois estes não levam em consideração o conjunto da real estrutura.
2.4. COORDENAÇÃO MODULAR
A coordenação modular baseia-se em acertar as dimensões horizontais e
verticais, como múltiplo das dimensões da unidade, podendo ser M15 e M20
(múltiplos de 15 e 20 cm), cujo objetivo principal é evitar cortes e desperdícios na
fase de execução. Nessa fase, devem ser previstos todos os encontros de paredes,
aberturas, pontos de graute e ferragem, ligação laje/parede, e instalações em geral
(CAMACHO, 2006).
De acordo com Kalil (2010), quando houver a necessidade de adaptações no
projeto — em a medida interna não for múltipla de M15 ou M20 — podem ser
utilizadas peças de pequenas dimensões que permitam pequenos ajustes. Essas
peças são chamadas de compensadores, pastilhas ou bolachas. No entanto,
qualquer adaptação em alvenaria estrutural implica em uma perda de racionalidade,
do tempo e do ritmo da construção.
A modulação vertical tem o objetivo de definir distâncias como a altura da
porta, da janela e do pé-direito. Na modulação vertical, o ideal é que as medidas
verticais sejam múltiplas de 20 cm. Quando se utiliza a modulação vertical de piso a
teto, a última fiada das paredes externas será composta por blocos “J”. No caso da
modulação de piso a piso, a última fiada será composta pelos blocos canaleta “U”
(KALIL, 2010).
2.5. INSTALAÇÕES
Nas paredes estruturais, não devem ser feitos rasgos para o embutimento das
instalações, pois esse procedimento provoca a redução da seção resistente, além do
desperdício e do elevado consumo de material e mão de obra empregada nessa
operação. Por isso, para as instalações hidráulicas, são utilizadas as paredes de
vedação — as chamadas paredes hidráulicas — procurando projetar cozinhas e
banheiros e áreas semelhantes o mais próximo possível, agrupando ao máximo as
instalações (KALIL, 2010).
Nos projetos elétricos, é comum os eletrodutos passarem pelos vazados dos
blocos, sem a necessidade de rasgos na alvenaria. Para a instalação de
interruptores ou telefonia são fabricados blocos especiais para o embutimento
desses itens (KALIL, 2010).
2.6. FUNDAÇÕES
De acordo com Santos Neto (2013), o terreno é muito importante para uma
boa viabilidade do sistema em alvenaria estrutural, indicando áreas que não
precisem de aterros e que sejam naturalmente bem sedimentadas. Em terrenos com
aclive ou declive é utilizada uma estrutura de concreto armado para sustentar a
alvenaria estrutural.
Segundo Cavalheiro (2013), no concreto armado, as cargas nas estruturas
são conduzidas para as vigas, que as transferem para os pilares, que por fim, de
forma pontual, as transferem para as fundações. Assim as cargas concentradas
induzem à escolha das fundações em sapatas isoladas, o que originam tensões
relativamente elevadas no solo.
Já em alvenaria estrutural, as paredes são os elementos estruturais, assim as
cargas chegam na fundação de forma distribuída, por esse fato favorece o emprego
de sapata corrida (Kalil, 2010).
2.7. VANTAGENS E DESVANTAGENS
De acordo com Camacho (2006), o adequado emprego da alvenaria estrutural
pode trazer as seguintes vantagens técnicas e econômicas:
● Redução de custos: a redução de custos obtida está diretamente
relacionada à adequada aplicação das técnicas de projeto e execução, podendo
chegar, segundo a literatura em torno de 30%, sendo proveniente basicamente da
Simplificação das técnicas de execução e economia de formas e escoramentos.
● Menor diversidade de materiais empregados: reduz o número de
subempreiteiras na obra, a complexidade da etapa executiva no método
convencional e o risco de atraso no cronograma de execução em função de
eventuais faltas de materiais, equipamentos ou mão de obra.
● Maior rapidez de execução: essa vantagem é notada nesse tipo de
construção, devido principalmente da simplicidade das técnicas construtivas, que
permitem maior rapidez no retorno do capital empregado.
● Robustez estrutural: decorrente da própria característica estrutural,
resultando em maior resistência a danos patológicos decorrentes de
movimentações, além de apresentar maior reserva de segurança frente a ruínas
parciais.
Segundo Figueiró (2009), mesmo diante de tantos pontos positivos como visto
anteriormente, não se pode desconsiderar as desvantagens desse sistema, assim
veremos as de maior relevância:
● Limitação na adaptação da arquitetura após a construção: após a execução
do sistema em alvenaria estrutural concluído, não se pode ter mudanças relevantes
no layout arquitetônico.
● Interferência entre projetos: as instalações elétricas e hidráulicas causam
conflitos nos projetos de arquitetura e estrutural, assim quando adotado o sistema
em alvenaria estrutural, tem-se a impossibilidade de se furar as paredes sem um
controle rigoroso, assim limitando as instalações.
● Utilização de mão de obra qualificada: a alvenaria estrutural, diferente da
convencional necessita de mão de obra qualificada, para se aplicar todos
instrumentos adequados, assim evitando problemas durante a execução e riscos
após a ocupação do edifício.
3. METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma pesquisa quantitativa, partindo de um
estudo de caso, desenvolvido a partir da obtenção de um projeto arquitetônico e
estrutural pelo sistema em concreto armado de uma residência unifamiliar de um
pavimento. O projeto foi fornecido por escritório de engenharia local, dimensionado
pelo software da AltoQi, o Eberick V8, respeitando os coeficientes de segurança e
qualidade citados pelas normas vigentes.
Este projeto possui laje maciça (como cobertura) com 10 centímetros de
espessura, onde foi considerado 100 kgf/m² de revestimento e uma caixa d’água de
500 litros sobre a laje 04, conforme figura 06. As solicitações que as lajes provocam
sobre as vigas se encontram na tabela 01 no ANEXO 1. O solo considerado possui
capacidade de suporte igual 2,00 Kgf/cm², e a residência possui área construída de
65,76 m². A quantidade de blocos cerâmicos componentes da alvenaria de vedação
não foi contabilizada, pois o orçamento será realizado considerando somente as
estruturas dos sistemas construtivos.
Figura 01: Vista da fachada frontal
Fonte: Escritório de engenharia local (2018)
Figura 02: Planta baixa do projeto em concreto armado desconsiderando a entrada
Fonte: Escritório de engenharia local (2018)
Para lançamento da alvenaria estrutural foram considerados os blocos cerâmicos,
por serem mais leves comparados com os blocos estruturais de concreto, e
facilitarem o manuseio na obra, além de provocarem menores cargas sobre a
fundação.
Após a escolha do material do bloco, realizou-se a coordenação modular
horizontal e vertical, alojando os blocos estruturais na planta baixa arquitetônica
existente, da melhor forma.
Para se elaborar uma modulação objetivando economia e racionalização do
projeto, alguns procedimentos são necessários, tais como:
● Todas as dimensões devem ser moduladas, ajustes até podem ser
realizados, mas em pouquíssimos pontos e apenas sob condições muito
particulares;
● Os blocos não devem ser cortados;
● Enchimentos entre blocos (compensadores) levam a custos maiores e uma
racionalidade menor para a obra: mão de obra para a execução dos enchimentos e
no princípio dimensionamento das paredes (isoladas);
● Amarrar duas ou mais paredes que se encontrem para garantir a
transmissão de ações de uma parede para outra, o que alivia uma parede mais
carregada e acrescenta tensões numa menor carregada;
● A uniformização leva à economia (uma necessidade menor de resistência
dos blocos);
O resultado dessa primeira etapa culminou em paredes divisórias entre área
de serviço e cozinha. As do banheiro social e banheiro da suíte continuaram sendo
em alvenaria de vedação para passagem das instalações hidráulicas, as demais
utilizando de alvenaria estrutural. O resultado pode ser observado conforme figura
04.
Nesse primeiro momento, cabe-se ressaltar que o projeto arquitetônico
original não foi elaborado especificamente visando o método construtivo em
alvenaria estrutural, ou seja, as dimensões arquitetônicas não satisfazem
perfeitamente as modulações usuais M15 e M20 citadas no tópico (2.4). Assim, para
a definição da espessura e comprimento dos blocos modulares, foi verificado a
seguinte condição:
● Modulação M15, por esta modulação resultar em um menor reajuste com
blocos especiais e compensadores, e ser equivalente à espessura das paredes
utilizadas no projeto arquitetônico em concreto armado. Logo, o grupo de blocos
com melhor atendimento ao projeto original foi a família de 14 cm, com categoria de
bloco estrutural principal (14x19x29), este então definindo a modulação horizontal.
Figura 03:Blocos constituintes da família 14 categoria 14x19x29 Fonte: Autores (2018)
Dados do bloco família 14 categoria 14x19x29 disponibilizados por empresa
comercial:
● Peso do bloco: 4,90 kg
● Resistência característica: 4 Mpa
● Resistência do prisma com argamassa de fak 4,0 Mpa: 2,5 MPa
● Carga da parede sem revestimento: 135 kgf/m²
Figura 04: Modulação horizontal da primeira e segunda fiada dos blocos
Fonte: Autores (2018).
Já para a modulação vertical, houve a necessidade de compatibilização com
os valores fornecidos do projeto arquitetônico original, onde, nesse caso, o pé-
esquerdo exige 3,0 metros de altura. Obteve-se, assim, o valor de 14 fiadas de
blocos estruturais, com altura de 19 cm + 1 cm de junta horizontal, e uma fiada de
bloco canaleta não estrutural para o recebimento da laje, que, por sua vez é idêntica
a do projeto em concreto armado convencional, em que nas paredes externas são
utilizados os blocos canaletas “J” e para as internas os blocos canaletas “U”. Assim
contabilizando os 3,0 metros de altura, finalizando a modulação vertical.
Figura 05: Modulação vertical da parede estrutural 05
Fonte: Autores (2018)
A partir do arquitetônico e informações do projeto de estruturas original, foi
realizado o pré-dimensionamento, em alvenaria estrutural, considerando as mesmas
geometrias e condições de carregamentos (tabela 01, ANEXO 1), visando então a
obtenção do orçamento final do projeto estrutural em alvenaria, e comparação entre
os métodos construtivos aqui abordados.
Os detalhamentos como o de fundação, pilares e vigas da estrutura, para o
projeto estrutural convencional pode ser observado no ANEXO 4. Os carregamentos
e esforços são baseados neste mesmo, como diferença apenas no peso próprio em
relação à alvenaria estrutural, onde se adotou peso específico do mesmo.
Na etapa de pré-dimensionamento, as aplicações seguiram de acordo com o
trabalho de Amaru (2010) e NBR 15812-1, (2010) “Alvenaria estrutural – Blocos
cerâmicos”.
3.1. DIMENSIONAMENTOS E VERIFICAÇÕES
Para obtenção do modelo em alvenaria estrutural e possível comparação
entre os métodos, conforme consumos, houve a necessidade de avaliação e
dimensionamento do projeto em alvenaria estrutural em blocos cerâmicos. Portanto,
a seguir, é apresentada uma breve sequência de resultados dos dimensionamentos
do modelo em alvenaria seguindo as prescrições das normas vigentes. O mesmo
realizado para o elemento de fundação, abordado neste trabalho e definido como a
sapata corrida. Para maiores detalhes dos dimensionamentos, vide ANEXOS 1 e 2.
3.1.1. Compressão Simples
O primeiro passo é o cálculo da compressão simples, que considera somente
ações que provocam compressão na parede, como permanentes e acidentais.
Nesse ponto, é possível encontrar o primeiro resultado da resistência característica
do prisma (fpk), necessária para suportar o carregamento solicitado para cada parede
estrutural, conforme obtidos pela fórmula no ANEXO 1 e descritos na tabela 01.
Para cada PAR. (parede) foi necessário repetir as mesmas equações, a figura 06
demonstra a locação de cada com seus respectivos nomes.
Tabela 01: Resistência necessária do prisma (fpk), quanto à compressão simples
Paredes A (m²/m) Nk (kN/m) fpk (MPa)
PAR. 01 0,14 1,13 0,0264
PAR. 02 0,14 1,13 0,0264
PAR. 03 0,14 1,5 0,0350
PAR. 04 0,14 1,13 0,0264
PAR. 05 0,14 1,13 0,0264
PAR. 06 0,14 1,69 0,0394
PAR. 07 0,14 1,69 0,0394
PAR. 08 0,14 1,13 0,0264
PAR. 09 0,14 1,69 0,0394
Fonte: Autores (2018)
Figura 06: compatibilização das vigas em concreto armado para as paredes estruturais (Par.) Fonte: Adaptado de escritório de engenharia local (2018)
3.1.2. Cisalhamento
O valor característico da resistência da argamassa ao cisalhamento (fvk) é
obtido segundo a norma NBR 15812-1 em seu tópico 6.3.6.
Diante do dimensionamento (ANEXO 1), e os valores da pré-compressão
definidos pela tabela 02, é obtido a resistência média característica da argamassa
(Fvk) para cada parede estrutural.
Tabela 02: resultado da resistência média característica da argamassa ao cisalhamento (fvk)
Paredes σ Fvk (Mpa)
PAR.01 0,00726 0,1536
PAR.02 0,00726 0,1536
PAR.03 0,00964 0,1548
PAR.04 0,00726 0,1536
PAR.05 0,00726 0,1536
PAR.06 0,01086 0,1554
PAR.07 0,01086 0,1554
PAR.08 0,00726 0,1536
PAR.09 0,01086 0,1554
Fonte: Autores (2018)
Diante dos primeiros cálculos, notou-se então a necessidade da força cortante
de cálculo (Vk). Esta cortante se dá no sentido horizontal da argamassa, e seu valor
é obtido por meio da consideração da força do vento que, nesse caso, é o único a
solicitar a estrutura nesse sentido. A ação do vento foi determinada de acordo com
as prescrições da NBR 6123- “Forças devido ao vento em edificações’’ de (1988),
ainda conforme apresentado no ANEXO 1.
Assim, finalmente, podendo fazer a verificação citada, no ANEXO 1, onde os
valores obtidos estão demonstrados na tabela 03.
Tabela 03: Verificação quanto à necessidade de armadura de cisalhamento
Paredes Vk
atuante (kN)
A (m²) Solicitação
(Mpa) Fvk/γm (MPa)
PAR. 01 3,602 0,980 0,00515 0,0768
PAR. 02 1,214 0,532 0,00319 0,0768
PAR. 04 0,431 0,980 0,00157 0,0768
PAR. 05 3,602 0,385 0,00515 0,0768
Fonte: Autores (2018)
Como todos os esforços para consideração do vento a 90º estão menores que
o valor admissível e a maior solicitação equivale a aproximadamente 10% da
resistência permitida, torna-se desnecessário a avaliação para as demais paredes
que receberão a pressão do vento a 0º, quando receberão parcelas menores de
esforços. Isso se deve às fachadas apresentarem área menor e paredes estruturais
perpendiculares a estas terem área resistente maior. Dessa forma, verificou-se que
as paredes não necessitarão de armaduras de cisalhamento.
3.1.3. Flexão composta
A Flexão Composta é obtida a partir de combinações das cargas críticas dos
esforços de flexão, compressão e cisalhamento. Há, portanto, necessidade de
verificar as máximas tensões de tração e compressão, fazendo uma comparação
dos resultados característicos obtidos agora relacionados aos resultados do
dimensionamento à compressão simples, verificando a maior solicitação para
escolha do prisma. Para maiores detalhes, estes estão reproduzidos no anexo
citado, o ANEXO 1.
(07)
(08)
Com os valores das tensões definidas, finalmente as combinações são
aplicadas e seus valores demonstrados no ANEXO 1.
Em seguida, é realizado o dimensionamento para a máxima tração, caso ainda da
flexão composta. Para este, deve-se considerar segundo a norma NBR 15812-1.
(09)
Os resultados obtidos pela combinação 09 são demonstrados na tabela 04.
Os valores encontrados positivos significam que a parede sofre tração e os
negativos, compressão. Como os resultados estão abaixo do admissível, não será
necessário o uso de armaduras verticais nas extremidades.
Tabela 04: Tração máxima referente a cada parede considerada
Paredes
Qvento
(kN/m²)
G
(kN/m²)
Resultado
(MPa) ftk / γm
PAR. 01
8,854 8,071 0,00513 0,1
PAR. 02
4,984 8,071 -0,00029 0,1
PAR. 04
2,935 8,071 -0,00315 0,1
PAR. 05
8,854 8,071 0,00513 0,1
Fonte: Autores (2018)
Os valores de fpk representam a resistência característica que o prisma deve
possuir para cada parede, como este trabalho aborda uma residência unifamiliar de
um pavimento, já era esperado que estes valores fossem baixos, porém, para
método comprobatório, foi calculada cada situação e os resultados são comparados
na tabela 06.
Tabela 05: Comparação entre as resistências de prismas (fpk) encontradas
Paredes
Compressão simples
(MPa)
Compressão na flexão (equação 07)
(MPa)
Compressão na flexão (equação 08)
(MPa)
PAR. 01 ( 0,0264 0,0537 0,0496
PAR. 02 ( 0,0264 0,0614 0,0515
PAR. 04 ( 0,0264 0,0598 0,0496
PAR. 05 ( 0,0264 0,0549 0,0502
Fonte: Autores (2018)
Realizados os dimensionamentos, nota-se que a maior resistência necessária
foi devido à compressão na flexão obtida pela equação 07, situada na parede 02
com valor de 0,0614 Mpa, ou seja, menos que 10% de 1 MPa. Então, verificado que
o valor é irrelevante, finalmente se pode adotar a resistência do prisma com o bloco
mínimo de norma (3 MPa), assim obtendo o prisma com a menor resistência
possível.
Não sendo possível realizar ensaios para determinação da resistência
característica dos prismas ( ) com tal bloco, foi adotado o prisma mais próximo
da solicitação encontrada, sendo este de 2,5 MPa ensaiado com bloco e argamassa
com resistência característica de 4 MPa, disponibilizado por empresa especializada
em blocos estruturais cerâmicos, com respectivo catálogo de desempenho. Onde
também disponibilizou outros valores descritos na página 16.
Obtidos assim os dados necessários quanto à estrutura em alvenaria
estrutural em blocos cerâmicos, a partir de sua definição, avaliação e
dimensionamentos, e do dimensionamento em sapata corrida, demonstrado no
ANEXO 2, partiu-se para a última etapa do trabalho: o levantamento de consumos e
gastos quanto ao projeto em questão a fim de comparação com o sistema
convencional. Para o levantamento de quantitativos e preço final dos sistemas, foi
usada, como referência, a tabela SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos
e Índices da Construção Civil), disponibilizada pelo site da Caixa Econômica
Federal. Os custos dos materiais foram obtidos nas tabelas de insumos e
composições analíticas não desonerados de Minas Gerais, do mês de setembro de
2018.
Para a composição do orçamento estimativo, foram considerados os custos
diretos, ou seja, custos de materiais, mão de obra e equipamentos utilizados no
conjunto estrutural. Os projetos complementares adotados igualmente nos dois
sistemas construtivos não foram contabilizados, como as lajes que foram comuns
aos projetos, as instalações elétricas e hidráulicas, e os elementos de finalização da
obra como revestimentos cerâmicos, esquadrias, forro, entre outros.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o término do pré-dimensionamento em alvenaria estrutural, é possível
fazer o levantamento do orçamento das estruturas para comparação (disponibilizado
no ANEXO 3). A comparação é demonstrada nas tabelas 06 e 07.
Tabela 06: Comparação entre as estruturas analisadas quanto à Infraestrutura
COMPOSIÇÕES
(MATERIAL, MÃO DE OBRA E EQUIP.)
CONCRETO ARMADO
CONVENCIONAL (R$)
% ALVENARIA
ESTRUTURAL (R$)
%
ESCAVAÇÃO/REATERRO E LASTRO
4598,8 24,46 1551,9 20,84
AÇO 4690,57 24,95 878,18 11,79
FORMAS 6548,31 34,83 3542,55 47,56
COMCRETO/GRAUTE 2963,01 15,76 1475,78 19,81
TOTAL PARCIAL (R$) 18800,69 100 7448,41 100,00
Fonte: Autores (2018)
Tabela 07: Comparação entre as estruturas analisadas quanto à Superestrutura
COMPOSIÇÕES
(MATERIAL, MÃO DE OBRA)
CONCRETO ARMADO
CONVENCIONAL (R$)
% ALVENARIA
ESTRUTURAL (R$)
%
AÇO 2032,66 18,78 0 0,00
FORMAS 6517,11 60,21 0 0,00
COMCRETO/GRAUTE 2273,79 21,01 223,99 1,92
BLOCO CERÂMICO COM ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO,
VERGAS E CONTRA VERGAS
0 0 11423,71 98,08
TOTAL PARCIAL (R$) 10823,56 100 11647,7 100
Fonte: Autores (2018)
Ao compararmos os valores finais obtidos pela soma dos totais parciais das
tabelas 06 e 07, pode-se verificar que há uma diferença de valores favoráveis para
alvenaria estrutural de 35,64 %, referentes a R$10.528,30. Quando separamos a
estrutura em partes, como demonstrado nas mesmas, em infraestrutura que é a
parte de fundação, e superestrutura que é acima da fundação, podemos observar
melhor as etapas em que as diferenças ocorreram.
De acordo com Arcari (2010), que considerou em sua pesquisa cinco
pavimentos, na comparação entre custos totais das fundações entre as mesmas
estruturas, foram encontrados valores próximos. No estudo, ainda se ressalta que
não existe uma diferença significativa entre as fundações, mas sim nas composições
que constituem cada estrutura final. Já para o presente trabalho, este resultado não
se confirmou e pode ser observado que, a etapa da fundação (infraestrutura), foi a
fase em concreto armado que houve a maior diferença de valores em seus totais
parciais. E isso ocorreu pelo fato de a fundação escolhida para alvenaria estrutural
ser pelo método de sapata corrida (tópico 2.6), e pelo fato de as ações solicitantes
não atingirem às geometrias mínimas de norma, ela foi dimensionada com seção
mínima (ANEXO 3), o que ocasionou em consumo mínimo de materiais como
demonstrado na tabela 06. Os custos globais das estruturas são demonstrados a
seguir pela figura 07.
Figura 07: Gráfico de comparação de custos globais entre os sistemas estruturais Fonte: Autores (2018)
Ao analisarmos os valores globais da estrutura, podemos observar a
diferença ocorrida em cada composição. O concreto armado obteve um maior custo
na parte de escavação, reaterro e lastro; fôrmas de madeira; uso do aço e
concreto/graut, e seguem, respectivamente, as proporções: 7,38% para primeira
composição, o que equivale a R$ 3.046,9; para as fôrmas houve diferença de
25,52%, equivalente a R$ 9.522,87; para o aço houve diferença de 18,09%
equivalente a R$ 5.845,05 e para o concreto/graut a diferença de 9,04% equivalente
a R$ 3.567,03. Devemos ressaltar que no sistema em alvenaria estrutural o uso
dessas mesmas composições ocorreu somente nas fundações, ressalvando o
concreto/graute que é utilizado para preenchimento da última fiada de blocos “J” e
“U” que recebem a laje.
Podemos, então, observar que somente na composição blocos cerâmicos
com argamassa de assentamento, vergas e contra vergas, ocorreu um maior custo
para o sistema em alvenaria estrutural em 59,92% equivalente a R$ 11.423,71. Isso
se deve ao fato de o presente trabalho considerar a comparação somente entre as
estruturas dos sistemas enfatizados. No sistema em concreto armado a composição
de blocos cerâmicos e argamassa de assentamento não são componentes da
estrutura, servindo apenas como vedação. Devido a esse fato, torna-se inviável a
consideração de vergas e contra vergas onde são executadas, junto com a vedação
citada, e idênticas às utilizadas no sistema em alvenaria estrutural. Estimando a
quantidade de alvenaria de vedação para o sistema em concreto armado, chegamos
a 113,82 m² de parede de vedação, descontados as aberturas de portas e janelas.
Com esse valor de área, aplicado à SINAPI, obteve-se o valor de R$7.649,84, a que
ainda devem ser somados as vergas e contra vergas (R$895,00). Assim o valor final,
se considerado a estrutura de vedação, seria ainda mais favorável economicamente
para o sistema em alvenaria estrutural.
Kageyama; Kishi; Meirelles (2009) — em um estudo de análise comparativa
de custos entre os sistemas estruturais em alvenaria estrutural armada e concreto
armado considerando a vedação, ambos constituídos por dez pavimentos —,
concluíram que a análise comparativa mostrou uma redução no custo da obra de 10
a 30 % para o sistema em alvenaria estrutural, ressaltaram, também, que tal
percentual depende de a mão de obra ser própria do construtor ou terceirizada.
Dellatorre (2014) realizou um estudo sobre um edifício de sete pavimentos
considerando as estruturas e vedação com as mesmas características dos sistemas
citados a cima, e a vantagem para alvenaria estrutural se deu 36,37 %, equivalente
a R$ 249.590,16 do custo total em relação ao concreto armado.
Ainda fazendo um levantamento das horas trabalhadas na execução de cada
sistema estrutural, disponibilizado nas tabelas 20 e 21 do ANEXO 03, obteve-se,
também, para alvenaria estrutural, uma vantagem de tempo de execução de 12,6
dias
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como citado anteriormente, este trabalho baseia-se, inicialmente, em um
projeto arquitetônico e estrutural, previamente elaborado para o sistema em concreto
armado convencional, o que sinaliza antecipadamente uma modulação fora de certa
padronização requerida por alguns métodos, nos quais haverá uma influência nos
consumos e custos em relação a um projeto elaborado especificamente ao método.
Esse aspecto não foi significante no presente trabalho por se tratar de uma
residência de um pavimento.
Ressalta-se a importância da fase do planejamento e projeto, quando deve
ser levado em conta o tipo de sistema estrutural que será executado, nesse caso, de
alvenaria estrutural. Em residências com múltiplos pavimentos o descuido no
projeto, como afirma Beckenkamp (2013), pode ser prejudicial ao valor final da
construção.
O pré-dimensionamento das paredes estruturais, que demandou uma
considerável parte da elaboração do trabalho, serviu para comprovar a dispensa do
uso de alguns materiais como o aço e grauteamento nos furos verticais das paredes
estruturais. Os blocos cerâmicos e argamassa de assentamento, que são os
principais componentes da estrutura não armada, têm sua resistência necessária
para resistir às solicitações aplicadas.
Após as análises quanto à comparação entre as estruturas, concluiu-se que a
alvenaria estrutural obteve vantagem em critério de custo sobre o sistema em
concreto armado convencional de 35,64 %, referente a R$10.528,30, e em critério
de tempo de execução de 12,6 dias. Portanto, os resultados obtidos confirmam a
eficiência do sistema construtivo em alvenaria estrutural, já concretizado por alguns
autores, alguns deles, inclusive, citados neste trabalho.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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______ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812: Alvenaria estrutural - Blocos cerâmicos. Rio de Janeiro,2010.
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CAMACHO, Jefferson Sidney. Projeto de edifícios de alvenaria estrutural. Ilha solteira, 2006. Universidade Estadual Paulista – USP.
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DELLATORRE, Lázaro Augusto. Análise comparativa de custo entre edifício de alvenaria estrutural e de concreto armado convencional. Santa Maria, 2014. Universidade Federal de Santa Maria.
FIGUEIRÓ, Wendell Oliveira. Racionalização do processo Construtivo de Edifícios em alvenaria estrutural. Belo Horizonte, 2009. 88p. Monografia. Curso de
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VALLE, Thompson Ricardo do. Comparativo de custos de sistemas construtivos, alvenaria estrutural e estrutura em concreto armado no caso do empreendimento Piazza Maggiore. Curitiba, 2011. Universidade Federal do Paraná.
ANEXO 1
DIMENSIONAMENTOS: ALVENARIA ESTRUTURAL
Tabela 1: Maiores esforços solicitantes nas vigas (figura 06, pagina 19) em concreto armado
VIGAS CARGA G (kN/m) CARGA Q (kN/m)
VIGA.01 1,13 0,00 VIGA.02 1,13 0,00
VIGA.03 1,5 0,00
VIGA.04 1,13 0,00
VIGA.05 1,13 0,00 VIGA.06 1,69 0,00
VIGA.07 1,69 0,00 VIGA.08 1,13 0,00
VIGA.09 1,69 0,00
Fonte: Escritório comercial (2018)
Dimensionamento à Compressão Simples
A resistência característica da parede fk, é admitida sendo igual a 70% de fpk
(resistência característica do prisma).
(01)
Tabela 2: Resistência necessária do prisma (fpk), quanto a compressão simples
Paredes A
(m²/m)
Nk
(kN/m) fpk (MPa)
PAR. 01 0,14 1,13 0,0264
PAR. 02 0,14 1,13 0,0264
PAR. 03 0,14 1,5 0,0350
PAR. 04 0,14 1,13 0,0264
PAR. 05 0,14 1,13 0,0264
PAR. 06 0,14 1,69 0,0394
PAR. 07 0,14 1,69 0,0394
PAR. 08 0,14 1,13 0,0264
PAR. 09 0,14 1,69 0,0394
Fonte: Autores (2018)
Dimensionamento ao Cisalhamento
O valor característico da resistência da argamassa ao cisalhamento (fvk), é
obtida segunda a norma NBR 15812 em seu tópico 6.3.6, pela seguinte análise:
Tabela 3:Resistência Média de Compressão da Argamassa
Resistência Média de Compressão da Argamassa (MPa)
1,5 a 3,4 3,5 a 7,0 Acima de 7,0
Fvk 0,10 + 0,5σ ≤1,0 0,15 + 0,5σ ≤ 1,4 0,35 + 0,5 σ ≤1,7
Fonte: Adaptado NBR 15812-1 (2010)
Nesse caso foi utilizada uma argamassa de 4 Mpa., onde a tensão de pré-
compressão (σ) é calculada apenas com cargas permanentes e minoradas com um
coeficiente de 0,9. Sendo, então, demonstrados os resultados para a equação
abaixo na tabela 03.
(02)
Tabela 4: valores da tensão de pré-compressão (σ), para as parede estrutural.
Paredes Carga G (kN/m)
A (m²/m) σ (MPa)
PAR.01 1,13 0,14 0,00726
PAR.02 1,13 0,14 0,00726
PAR.03 1,5 0,14 0,00964
PAR.04 1,13 0,14 0,00726
PAR.05 1,13 0,14 0,00726
PAR.06 1,69 0,14 0,01086
PAR.07 1,69 0,14 0,01086
PAR.08 1,13 0,14 0,00726
PAR.09 1,69 0,14 0,01086
Fonte: Autores (2018)
Com os valores da pré-compressão definidos, é obtida a resistência média
característica da argamassa (Fvk) para cada parede estrutural.
Tabela 5: resultado da resistência média característica da argamassa ao cisalhamento (fvk)
Paredes σ Fvk (MPa)
PAR.01 0,00726 0,1536
PAR.02 0,00726 0,1536
PAR.03 0,00964 0,1548
PAR.04 0,00726 0,1536
PAR.05 0,00726 0,1536
PAR.06 0,01086 0,1554
PAR.07 0,01086 0,1554
PAR.08 0,00726 0,1536
PAR.09 0,01086 0,1554
Fonte: Autores (2018)
A partir desses valores, é possível fazer a verificação na equação 03, quanto
à necessidade ou não de armadura de cisalhamento que resiste à força cortante que
solicita a argamassa, neste caso somente no sentido horizontal, sendo comumente
pela ação do vento.
(03)
Nota-se, então, a necessidade da força cortante de cálculo (Vk). Essa cortante
se dá no sentido horizontal da argamassa, e seu valor é obtido por meio da
consideração da força do vento que, nesse caso, é o único a solicitar a estrutura
nesse sentido. A ação do vento foi determinada de acordo com as prescrições da
NBR 6123- “Forças devido ao vento em edificações’’ de (1988).
Nessa consideração, foram utilizados os fatores disponibilizados pelo
escritório comercial utilizados para dimensionamento em concreto armado, onde:
S1: fator topográfico = 1,0;
S2: fator rugosidade do terreno = 0,82;
S3: fator estatístico em função do uso da edificação = 1,0;
V0: velocidade básica de vento = 33 m/s.
A partir desses dados, é obtida a velocidade característica do vento pela equação 04, que na norma em questão também é descrita como (Vk), e aqui descrita como Vk’
(04)
Assim:
Após calcula-se a pressão estática de vento (qv), pela equação 05.
(05)
Assim:
Os coeficientes de pressão interna foram adotados conforme a melhor
avaliação, pelo tópico 6.2.6 e coeficientes de pressão externa pela tabela 6, ambos
da norma em questão.
Coeficientes de pressão interna: Cpi=-0,2 e 0,0
Tabela 6: Coeficientes de pressão externa (Cpe)
Parede Vento 0° Vento 90°
Par. 01 -0,4 -0,8
Par. 05 0,7 -0,8
Par. 06 -0,8 -0,4
Par. 09 -0,8 0,7
Fonte: Autores (2018)
Com os valores de pressão interna e externa definidos, calcula-se a pressão efetiva pela equação 06:
(06)
Os resultados da equação 06 são obtidos e apresentados na tabela 7.
Tabela 7: valores para pressão do vento a 0º e 90º para barlavento e sotavento.
Paredes Região (Vento 0° - Cpi 2)
(kN/m²)
(Vento 90°- Cpi2) (kN/m²)
.Par. 01 Sotavento -0,180 -0,359
Par. 05 Barlavento 0,314 -0,359
Par. 06 Sotavento -0,359 -0,180
Par. 09 Barlavento -0,359 0,314
Fonte: Autores (2018)
Temos, então, a pressão efetiva para o vento a 0º e 90º, onde as paredes 01
e 05 correspondem às fachadas no eixo x e as paredes 06 e 09, as fachadas do eixo
y (sendo estas consideradas como principais por terem a maior área). Segundo a
NBR 6123 (1988), barlavento é a “região de onde sopra o vento, em relação a
edificação” e sotavento a “região oposta àquela de onde sopra o vento, em relação a
edificação”.
Os eixos do plano cartesiano e direção do vento são demonstrados na figura
1.
Figura 1: Sistema de eixos e direção do vento Fonte: Autores (2018)
A maior solicitação é provocada pela pressão do vento na fachada de maior
área da residência. Nesse caso, a fachada no eixo y do plano cartesiano, onde estão
as paredes (Par. 06 e 09), que recebem a pressão do vento com sentido a 90º.
Assim, para efeitos de cálculo, será utilizada a parede que recebe diretamente a
pressão do vento, ou seja, a parede (09) que está no sentido de barlavento.
Obtemos o valor resultado da pressão do vento, multiplicando o valor encontrado
para barlavento (0,314), pela área de sua fachada (9,4 x 3= 28,2 m²), encontrando,
assim, uma força pontual no centro da parede de 8,85kN. Essa força é dividida para
as paredes que estão no sentido do eixo x (mesmo sentido a pressão do vento), e
cada uma deve resistir o esforço proporcional a uma relação entre a inércia da
parede considerada e a inércia total das paredes em questão, neste caso: Par. 01;
02; 04 e 05.
O maior momento que a força de 8,85 alcança é obtido colocando-a no ponto
mais superior da parede (z=3 m) e multiplicando-a pela maior distância
perpendicular à força, chegando ao valor de: .
Na tabela 8, estão os resultados obtidos da força cortante atuante que cada
parede citada deve resistir.
Tabela 8: Solicitações devido ao vento
Parede Iy ( I total
(
Iy / Itotal (
Vk
total (kN)
Vk
atuante (kN)
Par. 01 6,724 16,519 0,4070 13,93 3,602
Par. 02 2,266 16,519 0,1372 13,93 1,214
Par. 04 0,805 16,519 0,0487 13,93 0,431
par. 05 6,724 16,519 0,4070 13,93 3,602
Fonte: Autores (2018)
Assim, finalmente, podendo fazer a verificação citada a princípio, onde os
valores obtidos estão demonstrados na tabela 9.
Tabela 9: Verificação quanto à necessidade de armadura de cisalhamento
Paredes Vk atuante
(kN) A (m²)
Solicitação (MPa)
Fvk/γm (MPa)
PAR. 01 3,602 0,980 0,00515 0,0768
PAR. 02 1,214 0,532 0,00319 0,0768
PAR. 04 0,431 0,980 0,00157 0,0768
PAR. 05 3,602 0,385 0,00515 0,0768
Fonte: Autores (2018)
Como todos os esforços para consideração do vento a 90º estão menores que
o valor admissível e a maior solicitação equivale a aproximadamente 10% da
resistência permitida, torna-se desnecessário a avaliação para as demais paredes
que receberão a pressão do vento a 0º, onde receberão parcelas menores de
esforços. Isso se deve às fachadas apresentarem área menor e paredes estruturais
perpendiculares a estas terem área resistente maior. Dessa forma, verificou-se que
as paredes não necessitarão de armaduras de cisalhamento.
Dimensionamento a Flexão Composta
A Flexão Composta é obtida a partir de combinações das cargas críticas dos
esforços de flexão; compressão e cisalhamento, onde há a necessidade de verificar
as máximas tensões de tração e compressão, fazendo uma comparação dos
resultados característicos obtidos com os resultados da tabela 2 e verificando a
maior solicitação para escolha do prisma. As combinações para compressão máxima
são verificadas a seguir nas equações 07 e 08:
(07)
(08)
Segundo o raciocínio quanto às cargas acidentais, nesta etapa denominadas
como (Qacidental), estas foram disponibilizados pelo projeto original com valores iguais
a zero, sendo necessário levantar este dado. Assim considerando um terraço
inacessível a pessoas, a NBR 6120 (1980) - “Cargas para o cálculo de estruturas de
edificações” nos disponibiliza uma carga de 0,5 KN/m². Na tabela 10 são
demonstrados os valores obtidos para cada parede estrutural devido ao
carregamento da área de influência que cada uma recebe em seu trecho mais
solicitado.
Tabela 10: carregamento acidental devido às áreas de influência das lajes
Sobrecarga (kN/m²)
Paredes Trecho mais
solicitado (m²)
Total (kN) L parede
(m)
Carga Qacidental
(kN/m)
0,5 Par.01 3,59 1,795 7 0,256
0,5 Par.02 4,68 2,34 3,8 0,616
0,5 Par.03 5,13 2,565 4,4 0,583
0,5 Par.04 4,79 2,395 3,8 0,630
0,5 Par.05 3,54 1,77 7 0,253
0,5 Par.06 5,5 2,75 9,4 0,293
0,5 Par.07 7,68 3,84 9,4 0,409
0,5 Par.08 1,86 0,93 3,15 0,295
0,5 Par.09 2,69 1,345 9,4 0,143
Fonte: Autores (2018)
Figura 2: Áreas de influência para cálculo da sobrecarga Fonte: Autores (2018)
Partiu-se para determinação da tensão normal permanente (G), a tensão
normal aqui denominada como acidental (Q) e a tensão normal de cisalhamento
denominada de (Qvento). A tensão Qvento é determinada levando em consideração a
solicitação cortante lateral devido ao vento e, como já citado, o esforço recebido por
cada parede é proporcional a uma relação entre a inércia da parede considerada e a
inércia total das paredes em questão, aqui denominado como ( ), assim a
tensão é obtida com a equação 09:
(09)
Os resultados da tensão Qvento, para cada parede estrutural considerada, são
demonstrados na tabela 11, e os valores das demais tensões na tabela 12.
Tabela 11: Tensões normais de cisalhamento devido ao vento
Paredes Iy (m4) Xmáx (m) Iy / Xmax M (kNx m) Iy/Itotal Qvento(kN/m²)
Par.01 6,7240 3,5 1,921 41,79 0,407 5,625
Par.02 2,2660 1,97 1,150 41,79 0,137 3,166
Par.04 0,8051 1,16 0,694 41,79 0,049 1,864
Par.05 6,7240 3,5 1,921 41,79 0,407 5,625
Fonte: Autores (2018) Tabela 12: Tensões normais devido às cargas permanentes (G) e acidentais (Q)
Força sobrecarga
(kN/m)
Área resistente
(m²/m)
Tensão Q (kN/m²)
Força permanente
(kN/m)
Área resistente
(m²/m)
Tensão G (kN/m²)
0,256 0,14 1,829 1,13 0,14 8,071
0,616 0,14 4,400 1,13 0,14 8,071
0,583 0,14 4,164 1,5 0,14 10,714
0,630 0,14 4,500 1,13 0,14 8,071
0,293 0,14 2,093 1,13 0,14 8,071
0,293 0,14 2,093 1,69 0,14 12,071
0,409 0,14 2,921 1,69 0,14 12,071
0,295 0,14 2,107 1,13 0,14 8,071
0,143 0,14 1,021 1,69 0,14 12,071
Fonte: Autores (2018)
Com os valores das tensões definidas, finalmente as combinações são
aplicadas e seus valores demonstrados nas tabelas 13 e 14.
Tabela 13: Resultado para fpk devido à aplicação da combinação da equação 07
Paredes Q (kN/m²) G (KN/m²) Qvento (kN/m²) Resultado fpk (Mpa)
PAR. 01 1,829 8,071 5,625 0,0537
PAR. 02 4,400 8,071 3,166 0,0614
PAR. 04 4,500 8,071 1,864 0,0594
PAR. 05 2,093 8,071 5,625 0,0549
Fonte: Autores (2018)
Tabela 14: Resultado para fpk devido aplicação da combinação da equação 08
Paredes Q(KN/m²) G(kN/m²) Qvento
(kN/m²) Resultado fpk (Mpa)
PAR. 01 1,829 8,071 5,625 0,0496
PAR. 02 4,400 8,071 3,166 0,0515
PAR. 04 4,500 8,071 1,864 0,0496
PAR. 05 2,093 8,071 5,625 0,0502
Fonte: Autores (2018)
A seguir, é realizado o dimensionamento para a máxima tração, caso ainda
da flexão composta. Para isso, deve-se considerar segundo a norma NBR 15812.
(10)
Para as edificações, as ações permanentes e variáveis são usualmente
utilizadas como favoráveis. Assim segundo a tabela 7 da NBR 15812-1, para os
coeficientes de ponderação, no caso de ações permanentes (G) tem-se �fg= 0,9
considerando a ação como favorável e para ações variáveis (Q) o coeficiente �fq=1,4
também favoráveis.
Quando se tem ações temporárias como no caso do vento o valor de (ftk) é
obtido por meio de uma análise obtida na tabela 3 da NBR 15812-1. Análise
demonstrada na tabela 15.
Tabela 15: Resistência média de compressão da argamassa
Direção da tração Resistência média de compressão da
argamassa (MPa)
(1,5 a 3,4) (3,5 a 7,0) (Acima de 7,0)
Normal a fiada (ftk) 0,1 0,2 0,25
Paralela a fiada (ftk) 0,2 0,4 0,5
Fonte: Adaptado NBR 15812-1 (2010)
Os resultados obtidos pela combinação 10 são demonstrados na tabela 16,
cujos valores positivos encontrados significam que a parede sofre tração e os
negativos, compressão.
Tabela 16: Tração máxima referente a cada parede considerada
Paredes
Qvento
(kN/m²)
G
(kN/m²)
Resultado
(MPa) ftk / γm
PAR. 01
8,854 8,071 0,00513 0,1
PAR. 02
4,984 8,071 -0,00029 0,1
PAR. 04
2,935 8,071 -0,00315 0,1
PAR. 05
8,854 8,071 0,00513 0,1
Fonte: Autores (2018)
Os valores de fpk representam a resistência característica que o prisma deve
possuir para cada parede. Como este trabalho aborda uma residência unifamiliar de
um pavimento, já era esperado que esses valores fossem baixos, porém, para
método comprobatório, foram calculadas cada situação e os resultados são
comparados na tabela 17.
Tabela 17: Comparação entre as resistências de prismas (fpk) encontradas
Paredes
Compressão simples
(MPa)
Compressão na flexão (equação 07)
(MPa)
Compressão na flexão (equação 08)
(MPa)
PAR. 01 ( 0,0264 0,0589 0,0547
PAR. 02 ( 0,0264 0,0643 0,0544
PAR. 04 ( 0,0264 0,0615 0,0513
PAR. 05 ( 0,0264 0,0601 0,0553
Fonte: Autores (2018)
ANEXO 2
DIMENSIONAMENTOS: FUNDAÇÃO EM SAPATA CORRIDA
Para o dimensionamento da fundação primeiramente foi necessário levantar a ação nela atuante obtida por combinação das ações. Para isso foram calculados os seguintes dados considerando os maiores carregamentos:
Ação permanente: 1,69 kN/m
Ação sobrecarga: 0,630 kN/m
Ação vento: 0,941 kN/m
Peso do bloco canaleta concretado: 0,352 KN/m
Peso da parede sem revestimento: 3,78 kN/m
Revestimento da parede em argamassa de cal, cimento e areia: 2,755 kN/m
Coeficientes de redução pela NBR 15812-1
Q: = 0,5
Qvento: =0,6
Coeficientes de ponderação pela NBR 15812-1
G= 1,4
Q= 1,4
Combinação 01=
Combinação 02=
Combinação 02=
Os dimensionamentos foram elaborados seguindo os conceitos do autor Rebello
(2008):
Dimensionamento geométrico
Figura 3: unidades geométricas da seção Fonte: Autores (2018)
A NBR 6122:2010 define que h’ deve ter, no mínimo, 10 cm de altura, o Np
encontrado (1,465 tnf/m) não atinge esta altura mínima em seu cálculo, portanto é
adotado h’ sendo (10 cm), obtendo assim os demais dados:
; assim
Sendo �s (tensão admissível do solo) e n (número de pavimento)
considerando 2 para mínimo de norma, A= 25 cm;
Sendo ap (espessura da parede= 15 cm), Ca= 5 cm;
Verificação do concreto
onde = Tensão tangencial no concreto
(kg/cm)
(cm)
por metro linear de sapata
1,86 ≤ 26,78 kg/cm² → OK
Avaliação do momento na sapata
M= momento
M= 0,0525 ton.m/m
(ton/m) = Resistência a tração do aço
Figura 4: localização do maior Momento na seção Fonte: Autores (2018)
Dimensionamento da armadura principal
= Área de aço a tração
de sapata
= Resistência ao escoamento do aço
Consumo:
= número de barras ( )
=0,36 barras por metro de sapata; adotar mínimo de 2 barras
(cm) ; = espaçamento, cobrimento= 5 cm
= 15 cm ≤ 33 cm ( ) → OK
Portanto: 2 Φ 10 mm c/ 15 cm
Dimensionamento da armadura secundária
→ →
por metro de sapata
Consumo:
= 0,22 barras por metro de sapata (adotar mínimo de 4 barras para não superar o
espaçamento máximo)
= 30 cm ≤ 33 cm ( ) → OK
Portanto: 4 Φ 6,35 mm c/ 30 cm
ANEXO 3
PLANILHAS ORÇAMENTÁRIAS E DE TEMPO DE EXECUÇÃO: Concreto Armado e
Alvenaria estrutural.
Tabela 18: Planilha orçamentária de estrutura em concreto armado
CÓDIGO DESCRIÇÃO UNI. Coef. CUSTO UNIT.
R$
TOTAL POR
UNI. R$ QUANT.
TOTAL GERAL
R$
*93358 ESCAVAÇÃO MANUAL DE VALA COM PROFUNDIDADE MENOR OU IGUAL A 1,30 M. AF_03/2016
M³
52,54 2853,45
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 3,956 13,73 54,31
*95240 LASTRO DE CONCRETO MAGRO, APLICADO EM PISOS OU RADIERS, ESPESSURA DE 3 CM. AF_07/2016
M²
17,8 201,03
88309 PEDREIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,163 19,43 3,160
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,044 13,73 0,604
94968
CONCRETO MAGRO PARA LASTRO, TRAÇO 1:4,5:4,5 (CIMENTO/ AREIA MÉDIA/ BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 600 L. AF_07/2016
M³ 0,034 221,69 7,530
*96546 ARMAÇÃO DE BLOCO, VIGA BALDRAME OU SAPATA UTILIZANDO AÇO CA-50 DE 10 MM - MONTAGEM. AF_06/2017
KG
99,9 794,21
337 ARAME RECOZIDO 18 BWG, 1,25 MM (0,01 KG/M)
KG 0,025 9,27 0,23
39017
ESPACADOR / DISTANCIADOR CIRCULAR COM ENTRADA LATERAL, EM PLASTICO, PARA VERGALHAO 4,2 A 12,5 MM, COBRIMENTO 20 MM
UN 0,466 0,13 0,06
88238 AJUDANTE DE ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,029 14,35 0,41
88245 ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,089 19,29 1,71
92794 CORTE E DOBRA DE AÇO CA-50, DIÂMETRO DE 10,0 MM, UTILIZADO EM ESTRUTURAS DIVERSAS, EXCETO LAJES. AF_12/2015
KG 1,000 5,54 5,54
*96535 FABRICAÇÃO, MONTAGEM E DESMONTAGEM DE FÔRMA PARA SAPATA, EM MADEIRA SERRADA, E=25 MM. AF_06/2017
M²
9,08 880,31
2692 DESMOLDANTE PROTETOR PARA FORMAS DE MADEIRA, DE BASE OLEOSA EMULSIONADA EM AGUA
L 0,017 5,28 0,08
4517 SARRAFO DE MADEIRA NAO APARELHADA 2,5 X 7,5 CM (1 X 3 ") PINUS, MISTA OU EQUIVALENTE DA REGIAO
M 4,612 1,1 5,07
5073 PREGO DE ACO POLIDO COM CABECA 17 X 24 (2 1/4 X 11)
KG 0,047 8,81 0,41
5074 PREGO DE ACO POLIDO COM CABECA 15 X 18 (1 1/2 X 13)
KG 0,016 9,68 0,15
6189 TABUA DE MADEIRA NAO APARELHADA 2,5 X 30 CM, CEDRINHO OU EQUIVALENTE DA REGIAO
M 1,278 14,09 18,00
40304 PREGO DE ACO POLIDO COM CABECA DUPLA 17 X 27 (2 1/2 X 11)
KG 0,010 10,67 0,10
88239 AJUDANTE DE CARPINTEIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 1,086 15,86 17,22
88262 CARPINTEIRO DE FORMAS COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 2,769 19,31 53,46
91692 SERRA CIRCULAR DE BANCADA COM MOTOR ELÉTRICO POTÊNCIA DE 5HP, COM COIFA PARA DISCO 10" - CHP DIURNO. AF_08/2015
CHP 0,079 21,48 1,69
91693 SERRA CIRCULAR DE BANCADA COM MOTOR ELÉTRICO POTÊNCIA DE 5HP, COM COIFA PARA DISCO 10" - CHI DIURNO. AF_08/2015
CHI 0,039 19,76 0,77
*96556 CONCRETAGEM DE SAPATAS, FCK 25 MPA, COM USO DE JERICA – LANÇAMENTO, ADENSAMENTO E ACABAMENTO. AF_06/2017
M³
2,05 905,79
88309 PEDREIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 4,906 19,43 95,32
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 3,296 13,73 45,25
90586
VIBRADOR DE IMERSÃO, DIÂMETRO DE PONTEIRA 45MM, MOTOR ELÉTRICO TRIFÁSICO POTÊNCIA DE 2 CV - CHP DIURNO. AF_06/2015
CHP 0,423 1,15 0,48
90587
VIBRADOR DE IMERSÃO, DIÂMETRO DE PONTEIRA 45MM, MOTOR ELÉTRICO TRIFÁSICO POTÊNCIA DE 2 CV - CHI DIURNO. AF_06/2015
CHI 1,225 0,3 0,36
94965
CONCRETO FCK = 25MPA, TRAÇO 1:2,3:2,7 (CIMENTO/ AREIA MÉDIA/ BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 400 L. AF_07/2016
M3 1,100 273,13 300,44
*96995 REATERRO MANUAL APILOADO COM SOQUETE. AF_10/2017
46,9 1544,42
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 2,399 13,73 32,93
*92412
MONTAGEM E DESMONTAGEM DE FÔRMA DE PILARES RETANGULARES E ESTRUTURAS SIMILARES COM ÁREA MÉDIA DAS SEÇÕES MENOR OU IGUAL A 0,25 M², PÉ-DIREITO SIMPLES, EM MADEIRA SERRADA. AF_12/2015
42,57 3182,11
2692 DESMOLDANTE PROTETOR PARA FORMAS DE MADEIRA, DE BASE OLEOSA EMULSIONADA EM AGUA
L 0,017 5,28 0,08
40304 PREGO DE ACO POLIDO COM CABECA DUPLA 17 X 27 (2 1/2 X 11)
KG 0,027 10,67 0,28
88239 AJUDANTE DE CARPINTEIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,426 15,86 6,75
88262 CARPINTEIRO DE FORMAS COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 2,324 19,31 44,87
92269 FABRICAÇÃO DE FÔRMA PARA PILARES E ESTRUTURAS SIMILARES, EM MADEIRA SERRADA, E=25 MM. AF_12/2015
M2 0,275 82,8 22,77
*92778
ARMAÇÃO DE PILAR OU VIGA DE UMA ESTRUTURA CONVENCIONAL DE CONCRETO ARMADO EM UMA EDIFICAÇÃO TÉRREA OU SOBRADO UTILIZANDO AÇO CA-50 DE 10,0 MM - MONTAGEM. AF_12/2015
KG
527,4 4171,73
337 ARAME RECOZIDO 18 BWG, 1,25 MM (0,01 KG/M)
KG 0,025 9,27 0,23
39017
ESPACADOR / DISTANCIADOR CIRCULAR COM ENTRADA LATERAL, EM PLASTICO, PARA VERGALHAO 4,2 A 12,5 MM, COBRIMENTO 20 MM
UN 0,543 0,13 0,07
88238 AJUDANTE DE ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,016 14,35 0,22
88245 ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,096 19,29 1,85
92794 CORTE E DOBRA DE AÇO CA-50, DIÂMETRO DE 10,0 MM, UTILIZADO EM ESTRUTURAS DIVERSAS, EXCETO LAJES. AF_12/2015
KG 1,000 5,54 5,54
*92775
ARMAÇÃO DE PILAR OU VIGA DE UMA ESTRUTURA CONVENCIONAL DE CONCRETO ARMADO EM UMA EDIFICAÇÃO TÉRREA OU SOBRADO UTILIZANDO AÇO CA-60 DE 5,0 MM - MONTAGEM. AF_12/2015
KG
147,3 1757,29
337 ARAME RECOZIDO 18 BWG, 1,25 MM (0,01 KG/M)
KG 0,025 9,27 0,23
39017
ESPACADOR / DISTANCIADOR CIRCULAR COM ENTRADA LATERAL, EM PLASTICO, PARA VERGALHAO 4,2 A 12,5 MM, COBRIMENTO 20 MM
UN 1,190 0,13 0,15
88238 AJUDANTE DE ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,037 14,35 0,53
88245 ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,225 19,29 4,34
92791 CORTE E DOBRA DE AÇO CA-60, DIÂMETRO DE 5,0 MM, UTILIZADO EM ESTRUTURAS DIVERSAS, EXCETO LAJES. AF_12/2015
KG 1,000 6,68 6,68
*92718
CONCRETAGEM DE PILARES, COM USO DE BALDES EM EDIFICAÇÃO COM SEÇÃO MÉDIA DE PILARES MENOR OU IGUAL A 0,25 M² - LANÇAMENTO, ADENSAMENTO E ACABAMENTO. AF_12/2015
M³
2,13 927,47
94965
CONCRETO FCK = 25MPA, TRAÇO 1:2,3:2,7 (CIMENTO/ AREIA MÉDIA/ BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 400 L. AF_07/2016
M³ 1,050 273,13 286,78
88262 CARPINTEIRO DE FORMAS COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 1,846 19,31 35,64
88309 PEDREIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 1,846 19,43 35,86
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 5,538 13,73 76,03
90586
VIBRADOR DE IMERSÃO, DIÂMETRO DE PONTEIRA 45MM, MOTOR ELÉTRICO TRIFÁSICO POTÊNCIA DE 2 CV - CHP DIURNO. AF_06/2015
CHP 0,672 1,15 0,77
90587
VIBRADOR DE IMERSÃO, DIÂMETRO DE PONTEIRA 45MM, MOTOR ELÉTRICO TRIFÁSICO POTÊNCIA DE 2 CV - CHI DIURNO. AF_06/2015
CHI 1,174 0,3 0,35
*92448
MONTAGEM E DESMONTAGEM DE FÔRMA DE VIGA, ESCORAMENTO COM PONTALETE DE MADEIRA, PÉ-DIREITO SIMPLES, EM MADEIRA SERRADA. AF_12/2015
m²
109,66 9003,09
2692 DESMOLDANTE PROTETOR PARA FORMAS DE MADEIRA, DE BASE OLEOSA EMULSIONADA EM AGUA
L 0,017 5,28 0,08
6193 TABUA DE MADEIRA NAO APARELHADA *2,5 X 20* CM, CEDRINHO OU EQUIVALENTE DA REGIAO
M 0,328 9,63 3,15
40304 PREGO DE ACO POLIDO COM CABECA DUPLA 17 X 27 (2 1/2 X 11)
KG 0,066 10,67 0,70
88239 AJUDANTE DE CARPINTEIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,309 15,86 4,90
88262 CARPINTEIRO DE FORMAS COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 1,686 19,31 32,55
92270 FABRICAÇÃO DE FÔRMA PARA VIGAS, COM MADEIRA SERRADA, E = 25 MM. AF_12/2015
M2 0,419 68,67 28,77
92273 FABRICAÇÃO DE ESCORAS DO TIPO PONTALETE, EM MADEIRA. AF_12/2015
M 1,879 6,36 11,95
*92741
CONCRETAGEM DE VIGAS E LAJES, PARA QUALQUER TIPO DE LAJE COM BALDES EM EDIFICAÇÃO TÉRREA, COM ÁREA MÉDIA DE LAJES MENOR OU IGUAL A 20 M² - LANÇAMENTO, ADENSAMENTO E ACABAMENTO. AF_12/2015
M3
6,87 3403,54
94968
CONCRETO FCK = 25MPA, TRAÇO 1:2,3:2,7 (CIMENTO/ AREIA MÉDIA/ BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 400 L. AF_07/2016
M³ 1,050 273,13 286,78
88262 CARPINTEIRO DE FORMAS COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 1,190 19,31 22,97
88309 PEDREIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 3,571 19,43 69,38
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 8,407 13,73 115,42
90586
VIBRADOR DE IMERSÃO, DIÂMETRO DE PONTEIRA 45MM, MOTOR ELÉTRICO TRIFÁSICO POTÊNCIA DE 2 CV - CHP DIURNO. AF_06/2015
CHP 0,615 1,15 0,70
90587
VIBRADOR DE IMERSÃO, DIÂMETRO DE PONTEIRA 45MM, MOTOR ELÉTRICO TRIFÁSICO POTÊNCIA DE 2 CV - CHI DIURNO. AF_06/2015
CHI 0,575 0,3 0,17
TOTAL GERAL (R$) = 29624,42
Nota: * Composições Fonte: Autores (2018)
Tabela 19: Planilha orçamentária de estrutura em alvenaria estrutural
CÓDIGO DESCRIÇÃO UNI. Coef. CUSTO UNIT.
R$
TOTAL POR
UNI. R$ QUANT. TOTAL R$
*93358 ESCAVAÇÃO MANUAL DE VALA COM PROFUNDIDADE MENOR OU IGUAL A 1,30 M. AF_03/2016
M³
17,08 927,61
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 3,956 13,73 54,31
*95240 LASTRO DE CONCRETO MAGRO, APLICADO EM PISOS OU RADIERS, ESPESSURA DE 3 CM. AF_07/2016
M²
15,22 171,83
88309 PEDREIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,163 19,43 3,16
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,044 13,73 0,60
94968
CONCRETO MAGRO PARA LASTRO, TRAÇO 1:4,5:4,5 (CIMENTO/ AREIA MÉDIA/ BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 600 L. AF_07/2016
M³ 0,034 221,69 7,53
*96534
FABRICAÇÃO, MONTAGEM E DESMONTAGEM DE FÔRMA PARA SAPATA, EM MADEIRA SERRADA, E=25 MM. AF_06/2017
M²
36,54 3542,55
2692 DESMOLDANTE PROTETOR PARA FORMAS DE MADEIRA, DE BASE OLEOSA EMULSIONADA EM AGUA
L 0,017 5,28 0,08
4517 SARRAFO DE MADEIRA NAO APARELHADA 2,5 X 7,5 CM (1 X 3 ") PINUS, MISTA OU EQUIVALENTE DA REGIAO
M 4,612 1,10 5,07
5073 PREGO DE ACO POLIDO COM CABECA 17 X 24 (2 1/4 X 11)
KG 0,047 8,81 0,41
5074 PREGO DE ACO POLIDO COM CABECA 15 X 18 (1 1/2 X 13)
KG 0,016 9,68 0,15
6189 TABUA DE MADEIRA NAO APARELHADA 2,5 X 30 CM, CEDRINHO OU EQUIVALENTE DA REGIAO
M 1,278 14,09 18,00
40304 PREGO DE ACO POLIDO COM CABECA DUPLA 17 X 27 (2 1/2 X 11)
KG 0,01 10,67 0,10
88239 AJUDANTE DE CARPINTEIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 1,086 15,86 17,22
88262 CARPINTEIRO DE FORMAS COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 2,769 19,31 53,46
91692
SERRA CIRCULAR DE BANCADA COM MOTOR ELÉTRICO POTÊNCIA DE 5HP, COM COIFA PARA DISCO 10" - CHP DIURNO. AF_08/2015
CHP 0,079 21,48 1,69
91693
SERRA CIRCULAR DE BANCADA COM MOTOR ELÉTRICO POTÊNCIA DE 5HP, COM COIFA PARA DISCO 10" - CHI DIURNO. AF_08/2015
CHI 0,039 19,76 0,77
*96546 ARMAÇÃO DE BLOCO, VIGA BALDRAME OU SAPATA UTILIZANDO AÇO CA-50 DE 10 MM - MONTAGEM. AF_06/2017
KG
82,66 657,15
337 ARAME RECOZIDO 18 BWG, 1,25 MM (0,01 KG/M)
KG 0,025 9,27 0,23
39017
ESPACADOR / DISTANCIADOR CIRCULAR COM ENTRADA LATERAL, EM PLASTICO, PARA VERGALHAO 4,2 A 12,5 MM, COBRIMENTO 20 MM
UN 0,466 0,13 0,06
88238 AJUDANTE DE ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,029 14,35 0,41
88245 ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,089 19,29 1,71
92794 CORTE E DOBRA DE AÇO CA-50, DIÂMETRO DE 10,0 MM, UTILIZADO EM ESTRUTURAS DIVERSAS, EXCETO LAJES. AF_12/2015
KG 1,000 5,54 5,54
*96544 ARMAÇÃO DE BLOCO, VIGA BALDRAME OU SAPATA UTILIZANDO AÇO CA-60 DE 6,3 MM - MONTAGEM. AF_06/2017
KG
21,67 221,03
337 ARAME RECOZIDO 18 BWG, 1,25 MM (0,01 KG/M)
KG 0,025 9,27 0,23
39017
ESPACADOR / DISTANCIADOR CIRCULAR COM ENTRADA LATERAL, EM PLASTICO, PARA VERGALHAO 4,2 A 12,5 MM, COBRIMENTO 20 MM
UN 1,190 0,13 0,15
88238 AJUDANTE DE ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,049 14,35 0,70
88245 ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,151 19,29 2,91
92792 CORTE E DOBRA DE AÇO CA-50, DIÂMETRO DE 6,3 MM, UTILIZADO EM ESTRUTURAS DIVERSAS, EXCETO LAJES. AF_12/2015
KG 1,000 6,21 6,21
*96556
CONCRETAGEM DE SAPATAS, FCK 25 MPA, COM USO DE JERICA – LANÇAMENTO, ADENSAMENTO E ACABAMENTO. AF_06/2017
M³
3,34 1475,78
88309 PEDREIRO COM ENCARGOS H 4,906 19,43 95,32
COMPLEMENTARES
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 3,296 13,73 45,25
90586
VIBRADOR DE IMERSÃO, DIÂMETRO DE PONTEIRA 45MM, MOTOR ELÉTRICO TRIFÁSICO POTÊNCIA DE 2 CV - CHP DIURNO. AF_06/2015
CHP 0,423 1,15 0,48
90587
VIBRADOR DE IMERSÃO, DIÂMETRO DE PONTEIRA 45MM, MOTOR ELÉTRICO TRIFÁSICO POTÊNCIA DE 2 CV - CHI DIURNO. AF_06/2015
CHI 1,225 0,3 0,36
94965
CONCRETO FCK = 25MPA, TRAÇO 1:2,3:2,7 (CIMENTO/ AREIA MÉDIA/ BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 400 L. AF_07/2016
M3 1,100 273,13 300,44
*96995 REATERRO MANUAL APILOADO COM SOQUETE. AF_10/2017
13,74 452,46
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 2,399 13,73 32,93
*89311
ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS CERÂMICOS 14X19X29, (ESPESSURA DE 14 CM), PARA PAREDES COM ÁREA LÍQUIDA MENOR QUE 6M², COM VÃOS, UTILIZANDO COLHER DE PEDREIRO E ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO COM PREPARO MANUAL. AF_12/2014
M²
149,17 10526,93
34548
TELA DE ACO SOLDADA GALVANIZADA/ZINCADA PARA ALVENARIA, FIO D = 1,20 A 1,70 MM, MALHA 15 X 15 MM, (C X L) 50 X 17,5 CM
M 0,87 2,52 2,19
34586 BLOCO ESTRUTURAL CERAMICO 14 X 19 X 29 CM, 4,0 MPA (NBR 15270)
UN 12,24 1,14 13,95
34649 CANALETA ESTRUTURAL CERAMICA, 14 X 19 X 29 CM, 4,0 MPA (NBR 15270)
UN 2,86 1,53 4,37
34788 MEIO BLOCO ESTRUTURAL CERAMICO 14 X 19 X 14 CM, 4,0 MPA (NBR 15270)
UN 4,43 0,72 3,18
87367
ARGAMASSA TRAÇO 1:1:6 (CIMENTO, CAL E AREIA MÉDIA) PARA EMBOÇO/MASSA ÚNICA/ASSENTAMENTO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO, PREPARO MANUAL. AF_06/2014
M³ 0,02 408,06 8,16
88309 PEDREIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 1,47 19,43 28,56
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,74 13,73 10,16
*89995 GRAUTEAMENTO DE CINTA SUPERIOR OU DE VERGA EM ALVENARIA ESTRUTURAL. AF_01/2015
M3
0,418 223,99
88309 PEDREIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 7,238 19,43 140,63
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 5,120 13,73 70,29
90279
GRAUTE FGK=20 MPA; TRAÇO 1:0,04:1,6:1,9 (CIMENTO/ CAL/ AREIA GROSSA/ BRITA 0) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 400 L. AF_02/2015
M3 1,203 270,12 324,95
*93183 VERGA E CONTRAVERGA PRÉ-MOLDADA PARA JANELAS COM MAIS DE 1,5 M DE VÃO. AF_03/2016
M
29,48 896,78
2692 DESMOLDANTE PROTETOR PARA FORMAS DE MADEIRA, DE BASE OLEOSA EMULSIONADA EM AGUA
L 0,007 5,28 0,03
39017
ESPACADOR / DISTANCIADOR CIRCULAR COM ENTRADA LATERAL, EM PLASTICO, PARA VERGALHAO 4,2 A 12,5 MM, COBRIMENTO 20 MM
UN 6,000 0,13 0,78
87294
ARGAMASSA TRAÇO 1:2:9 (CIMENTO, CAL E AREIA MÉDIA) PARA EMBOÇO/MASSA ÚNICA/ASSENTAMENTO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO, PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 600 L. AF_06/2014
M³ 0,002 337,68 0,67
88309 PEDREIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,068 19,43 1,32
88316 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 0,094 13,73 1,29
92270 FABRICAÇÃO DE FÔRMA PARA VIGAS, COM MADEIRA SERRADA, E = 25 MM. AF_12/2015
M² 0,217 68,67 14,90
92793 CORTE E DOBRA DE AÇO CA-50, DIÂMETRO DE 8,0 MM, UTILIZADO EM ESTRUTURAS DIVERSAS, EXCETO LAJES. AF_12/2015
KG 0,790 6,68 5,27
94970
CONCRETO FCK = 20MPA, TRAÇO 1:2,7:3 (CIMENTO/ AREIA MÉDIA/ BRITA 1) - PREPARO MECÂNICO COM BETONEIRA 600 L. AF_07/2016
M³ 0,024 256,8 6,16
TOTAL GERAL (R$) =
19096,12
Nota: * Composições
Fonte: Autores (2018)
A partir da planilha de orçamento das duas estruturas consideradas, foi então
feito o levantamento das horas trabalhadas em cada sistema para comparação do
tempo de execução das estruturas, demonstradas nas tabelas 20 e 21.
Tabela 20: Planilha de horas trabalhadas na estrutura em concreto armado convencional
DESCRIÇÃO UNI. TOTAL
SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES H 397,42
PEDREIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES H 41,41
AJUDANTE DE ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 16,77
ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES H 92,66
AJUDANTE DE CARPINTEIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 61,87
CARPINTEIRO DE FORMAS COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 321,05
TOTAL GERAL (H)
931,18
Fonte: Autores (2018)
Tabela 21: Planilha de horas trabalhadas na estrutura em Alvenaria Estrutural
DESCRIÇÃO UNI. TOTAL
SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES H 230,32
PEDREIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES H 243,15
AJUDANTE DE ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 3,45
ARMADOR COM ENCARGOS COMPLEMENTARES H 10,62
AJUDANTE DE CARPINTEIRO COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 39,68
CARPINTEIRO DE FORMAS COM ENCARGOS COMPLEMENTARES
H 101,17
TOTAL GERAL (H)
628,39
Fonte: Autores (2018)
INFLUÊNCIA DA UMIDADE NAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
NO CONCRETO ARMADO EM PISCICULTURAS NA REGIÃO DE MIRADOURO – MG
Acadêmicos: Elieber dos Santos Mendes e Karina Figueiredo
Orientador: Mateus Zanirate de Miranda
RESUMO
O concreto armado é um material que, desde o seu surgimento, tem grande desempenho em construções civis, porém, devido à falta de conhecimentos e técnica na maneira de se trabalhar com esse material, surgem diversos problemas relacionados a sua durabilidade e vida útil. A partir dessa baixa qualidade, começam a surgir as doenças do concreto, que se iniciam com as manifestações patológicas podendo levar essas estruturas à ruína. No Brasil, principalmente em Minas Gerais, valoriza-se muito o trabalho com pisciculturas. E, muitas vezes, esses locais são construídos a partir do uso do concreto armado, o qual, com o passar do tempo, apresenta certos tipos de manifestações patológicas. Para o desenvolvimento da atividade de piscicultura, há necessidade da movimentação e presença de água diária em reservatórios, contribuindo para que estes ambientes fiquem sujeitos à intensa umidade. Sendo assim, este estudo analisou as manifestações patológicas existentes em pisciculturas da região de Miradouro-MG, decorrentes da umidade. Os resultados obtidos apresentaram que essas manifestações realmente surgiram devido à da umidade local e que, por meio de melhorias nos métodos construtivos ou a substituição dos reservatórios, é possível inibir esse problema. PALAVRAS-CHAVE: concreto; umidade; manifestações patológicas.
1 INTRODUÇÃO
Trindade (2015) afirma que, desde o fundamento das construções, o homem
tem procurado novos recursos para o uso das estruturas a fim de melhoria nas
construções, abrangendo desde construções de pequeno porte a construções de
grandes dimensões. Esses novos recursos visam não somente a área da construção
civil, mas também alternativas à sobrevivência e ao desenvolvimento. Nesse
contexto, surge a necessidade de buscar novas técnicas e materiais para suportar
essas estruturas, entre elas o concreto.
O aumento do uso do concreto resultou, como consequências, no
crescimento de acidentes e falhas, os quais ocorrem devido à projetos inadequados,
uso de materiais de baixa qualidade e erros na execução. (KAEFER, 1998).
Entretanto, tais problemas foram solucionados após o surgimento do
concreto armado, associando materiais e pesquisas, criando estruturas mais
seguras e eficientes (TRINDADE, 2015).
Em meados dos anos 1900, surgiram as primeiras construções em concreto
armado em território brasileiro, utilizando este material em unidades habitacionais na
cidade do Rio de Janeiro (VASCONCELOS, 1992).
Nesse meio tempo, o desenvolvimento deste material avançou no Brasil. Tal
evolução permitiu melhorias na qualidade das construções brasileiras, possibilitando
construções maiores, desenvolvidas, a partir da resistência gerada por este novo
material (GONÇALVES, 2015).
Apesar da falta de experiência, registrou-se um crescimento acelerado na
construção civil, empregando novas técnicas de projeto e execução. Surgiram novos
materiais, proporcionando vantagens para o setor. Por outro lado, a falta de
conhecimento dos materiais e de experiência na execução resultaram em
manifestações patológicas nas estruturas, causando um comprometimento na vida
útil do concreto e, dependo do grau da falha, até mesmo causando acidentes fatais
(TRINDADE, 2015).
Com o objetivo de estudar o surgimento das manifestações patológicas no
concreto armado, Souza e Ripper (1998) desenvolveram um estudo referente à
origem do aparecimento de doenças no concreto, chamada de patologias do
concreto armado.
Explica-se patologia do concreto armado a ciência que analisa os
mecanismos, causas e origens dos problemas patológicos desenvolvidos nas
estruturas de concreto armado. Esclarecendo que, para qualquer dano, há a
possibilidade de vários fatores responsáveis que podem apenas causar incômodos
na utilização, na estética e bem-estar, até maiores problemas que podem levar a
estrutura à ruptura (HELENE, 1992).
As decorrentes causas das manifestações patológicas possuem diversas
origens, destacando, entre elas, as falhas humanas — passando pela elaboração, e
execução dos projetos — a estrutura química presente na composição dos materiais
e, até mesmo, os ataques de agentes agressivos à massa de concreto e às
armaduras (TRINDADE, 2015), acontecimentos que podem ter a necessidade de
alto custo de reparação, recuperação ou reforço para estrutura afetada (SANTOS,
2012).
As manifestações patológicas surgem em decorrência de frequente umidade
e representam um dos maiores problemas da estrutura de uma construção durante
sua vida útil (PARISI JONOV et. al, 2013).
O concreto, por ser um material poroso, tem facilidade na absorção de água
presente no ambiente e perde essa água absorvida muito lentamente. Por meio
deste processo, surge a sua deterioração, ou seja, a decomposição do material
relacionado com a facilidade que a água tem de se movimentar no seu interior
(FIGUEIREDO, 1994).
Meira (2017) cita, em seus estudos, a teoria descrita por Andrade (1988).
Segundo essa teoria, no geral, quanto maior a presença de água no ambiente, maior
será a presença de umidade no concreto. Mesmo que o concreto aparente estar
seco, o teor de umidade no seu interior tende a ser maior do que a umidade do
ambiente (HELENE, 1992).
Em áreas como as das pisciculturas — devido à necessidade da água para o
trabalho, sobrevivência e desenvolvimento da criação de peixes — há intensa
movimentação de água, que contribui para a presença da frequente umidade nestes
ambientes.
O trabalho com piscicultura vem se tornando uma importante atividade
econômica na agropecuária de Minas Gerais. A mais recente pesquisa sobre este
crescimento teve o resultado divulgado pelo IBGE, em 2016, e o estado passou a
ocupar o sexto lugar no ranking nacional dos maiores criadores de peixes do país
(EMATER / MG, 2017).
Na região de Miradouro – MG há uma concentração de pisciculturas que, no
decorrer dos últimos anos, vem passando por um crescimento, sendo a atividade
uma das principais fontes de renda desta região. Este crescimento tem o concreto
armado como uma das alternativas de construção de reservatórios e estufas. E o
uso desse material nessas áreas está sujeito aos surgimentos de manifestações
patológicas decorrentes da umidade ali presente. É muito comum encontrar, nesses
ambientes, diversos tipos de manifestações patológicas que podem ter sido
desenvolvidas devido à umidade local.
Com os estudos deste trabalho, pretende-se contribuir para um melhor
esclarecimento dos fenômenos patológicos que se manifestam nas estruturas de
concreto armado em áreas de intensa umidade. Este estudo é importante para que
responsáveis técnicos, em geral da área de construção civil, tenham conhecimentos
sobre as causas e mecanismos da degradação dessas estruturas, bem como os
processos de prevenção patológica.
Conforme o problema apresentado, esta pesquisa tem como objetivo geral realizar
um levantamento nas pisciculturas da região de Miradouro - MG, para descobrir se
existem manifestações patológicas nestes ambientes por consequência da
piscicultura.
Como objetivos secundários pretende-se: especificar os diferentes tipos de
influência da umidade no concreto armado; pesquisar e demonstrar se realmente os
ambientes das pisciculturas contribuem para o surgimento de manifestações
patológicas originadas a partir da umidade; apresentar os diferentes tipos
encontrados; demonstrar as possíveis causas dessas manifestações e meios para a
prevenção, para que estas construções possam ser edificadas, projetadas e
executadas de forma a se tornarem mais duráveis, seguras, confiáveis e com a
máxima vida útil possível.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS E PATOLOGIA NO CONCRETO
A influência de manifestações patológicas é um fato comum de se acontecer com o
passar do tempo em uma estrutura de concreto sem técnicas de prevenção para
estas influências. As mudanças nas propriedades decorrentes desses
acontecimentos resultam na baixa resistência e permanência dos elementos que
compõe essa estrutura, facilitando a partir daí as patologias. (NASCIMENTO et al,
2017).
Arivabene (2015) descreve que a patologia nada mais é do que um estudo
dos parâmetros responsáveis por originar as doenças em estrutura de concreto.
Essa análise permite obter as possíveis informações e conhecimentos sobre as
manifestações patológicas e permitir escolher a forma ideal para intervir em cada
situação.
2.2 DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO
A Norma NBR 6118/2014 explica que a durabilidade das estruturas de
concreto armado consiste na capacidade de resistência desse material às
influências ambientais, previstas pelo responsável técnico do projeto e o proprietário,
no inicio dos trabalhos de elaboração, de maneira que essas informações
conservem a segurança, estabilidade e vida útil da estrutura. Essa norma define vida
útil como o período de tempo no qual se mantém as características das estruturas
de concreto sem intervenções significativas.
Andrade (2005) mencionou, em sua obra, que a vida útil de projeto é a fase
em que os agentes agressivos ainda estão penetrando na estrutura através da rede
de poros presentes no cobrimento, sem causar danos efetivos à estrutura. O autor
ainda cita que há dificuldade de se especificar e quantificar ao certo a vida útil. Para
ele, o valor usual adotado para as estruturas de concreto armado convencionais é
de 50 anos, sendo difícil introduzir o fator “tempo” na abordagem da durabilidade das
estruturas de concreto em função da complexidade dos mecanismos de deterioração
envolvidos.
2.4 DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO
O concreto é um material de origem porosa, devido aos vazios formados no
processo de execução e cura serem interligados, deixando o concreto permeável,
(SANTOS, 2012). Ribeiro et al (2002), afirmam que o principal agente para a
vulnerabilidade do concreto a deterioração é a umidade.
O concreto estará vulnerável à deterioração através dos poros, fissuras e
influência ambiental. Essas influências são decorrentes da umidade relativa,
periodicidade das chuvas, orientação dos ventos, temperatura e concentrações de
substâncias agressivas presentes no meio (NEPOMUCENO, 2005). Conforme Lima
(2005), ainda que o concreto tenha sido devidamente especificado e executado, faz-
se necessário conhecer o meio ambiente e sua interação com a estrutura, cuja vida
útil pode ser significativamente reduzida devido à influência ambiental.
Os principais processos para a deterioração do concreto podem ser
definidos, de acordo com sua natureza, em processos mecânicos, físicos, químicos,
biológicos e eletromagnéticos. Estes processos alteram a capacidade do material
desempenhar as suas funções, e nem sempre podem ser visuais. Os principais
sintomas desses processos se apresentam isolada ou simultaneamente em formas
de fissuração, destacamento e desagregação dos materiais (LAPA, 2008).
Souza e Ripper (1998) descreveram, em sua obra, que não é difícil entender
que quanto maior a capacidade de transação de meios agressivos no concreto,
maior será a probabilidade da sua degradação, assim como também a do aço, pelo
fato de o concreto ser o material responsável pela sua proteção. Nesse caso, não
fica difícil de concluir que a degradação dependerá diretamente dos fatores
permeabilidade do concreto e condições ambientais da superfície.
FIGURA 1: Deterioração da estrutura. Fonte: Autores (2018).
2.5 PRESENÇA DA UMIDADE EM ESTRUTURAS DE CONCRETO
Os diversos problemas relacionados à umidade relatam um dos grandes
transtornos em edificações durante sua vida útil, bastante frequentes devido aos
inúmeros fatores de sua origem, que sempre será um fator com poucas chances de
modificação, como por exemplo, o clima, idade da construção e aos materiais e
técnicas empregadas durante a construção (PARISI et al, 2013).
FIGURA 2: Presença de umidade na estrutura. Fonte: Autores (2018).
2.5.1 Manifestações Patológicas Decorrentes da Umidade no Concreto
Carbonatação do Concreto
Como conhecido, a reação do cimento com a água resulta em compostos
hidratados. Dessa reação, resulta o hidróxido de cálcio que, em combinação com os
hidróxidos ferrosos do aço, formam uma capa protetora para a armadura. A
carbonatação do concreto — que ocorre em concretos porosos ou com baixo
cobrimento das armaduras — reduz a alcalinidade do concreto, tendo como
consequência a destruição da capa protetora da armadura, permitindo o início do
processo de corrosão, quando em presença de água, oxigênio e diferença de
potencial da armadura (HUSSEIN, 2013).
O processo de carbonatação é dependente do teor de umidade do concreto
e da umidade presente no ambiente, esse processo aumenta com o aumento da
relação água/cimento (GENTIL, 2007).
FIGURA 3: Carbonatação e corrosão no concreto armado. Fonte: Autores (2018).
Eflorescência (HUSSEIN, 2013, p.33)
A eflorescência é constituída de sais de metais alcalinos e alcalino-ferrosos.
Expostos à água, estes sais se dissolvem e vão para a superfície e a evaporação da
água resulta na formação de depósitos salinos. Ela pode alterar a aparência do
elemento onde se deposita e até causar sua degradação.
FIGURA 4: Eflorescência e Degradação da estrutura (Autoria própria). Fonte: Autores (2018).
Trincas, fissuras e gretamento
Barreto, et al. (2016) descreveram que trincas são aberturas maiores ou
iguais a 1 mm e fissuras são pequenas aberturas que dão origem as trincas com
espessuras abaixo ou iguais 0,5 mm. Já o gretamento pode ser considerado como
um grupo de fissuras com aberturas menores que 0,5 em formato de uma teia de
aranha. Essas manifestações podem ser originadas por diversos fatores, sendo os
mais comuns decorrentes da variação da temperatura e umidade.
FIGURA 5: Trincas, fissuras e gretamento em estruturas de concreto. Fonte: Autores (2018).
Bolor
Este fenômeno é decorrente das precipitações ou presença de água diária
no local. A presença de umidade se manterá alto por longo tempo, impossibilitando a
evaporação deste conteúdo devido ao fato de a umidade do ambiente estar alta. A
partir da elevada concentração de umidade no local surge às manifestações
patológicas do tipo bolor e manchas superficiais (DIAS, J. F; TOFFOLI, S. M;
AGOPYAN, 2004).
FIGURA 6: Surgimento de Bolor. Fonte: Autores (2018).
2.6 SISTEMAS DE PREVENÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
CAUSADAS PELA UMIDADE
A determinação das propriedades físicas e estruturais do concreto é
decorrente das reações químicas do cimento com a água, fenômeno conhecido
como hidratação do cimento (SILVA, 2006).
Este processo de hidratação é o momento em que se faz a cura do concreto,
fase em que se desacelera a evaporação da água presente na mistura do concreto,
para permitir a completa hidratação do cimento. Esta cura pode ser feita por diversas
técnicas usadas no dia a dia da construção, tais como: manter as peças imersas em
água, manter as estruturas sempre molhadas, cobrir as peças com sacos mantendo-
os sempre úmidos, manter fôrmas úmidas e aplicar produtos como
impermeabilizantes de proteção. O tempo para essa cura irá depender das
condições ambientais dos locais e da composição do concreto.
O termo água/cimento é um dos parâmetros mais importante do concreto
quando falando em durabilidade, pois por meio dele é determinada a porosidade do
concreto em estado endurecido. Essa água adicionada é indiretamente responsável
pela permeabilidade do concreto, pelo fato de a parcela de água que não é
consumida no processo de hidratação ser evaporada para o meio ambiente,
deixando assim maior número de vazios em sua massa e aumentando a
permeabilidade deste concreto (SOUZA, 1999).
Para que o concreto seja considerado durável, deverá ser caracterizado como
um material com baixa porosidade. Normalmente apresentando uma baixa relação
água/cimento. Consequentemente, o uso de uma baixa relação água/cimento
implica numa menor trabalhabilidade ou no aumento do teor de cimento para a
finalidade desejada (SOUZA, 1999).
Sendo a permeabilidade um dos principais mecanismos de manifestações
patológicas e deterioração das estruturas de concreto, é importante esclarecer um
pouco sobre o uso dos impermeabilizantes como prevenção desses casos.
O sistema de impermeabilização é o conjunto formado pelos materiais de
demais insumos dispostos em camadas ordenadas que objetivam a
impermeabilidade de uma construção (NBR 9575, 2010).
O processo de impermeabilização é uma atividade na engenharia que visa a
proteção das obras e edificações a qualquer possibilidade de ataque pela água. Na
maioria dos casos que há a necessidade deste procedimento, existe um conceito de
desempenho questionável por parte de muitos engenheiros e arquitetos, acreditado
ser um processo caro, mas comparando com o caso de haver a necessidade de
reparação, que foi caracterizada por falta do uso destes, esse item tem suas
vantagens, pois garante a impermeabilidade desta estrutura, assegurando-as de que
esses elementos construtivos sejam atacados, podendo perder sua durabilidade e
resistência. A partir desses conceitos, a impermeabilização é um conjunto de
operações e técnicas construtivas que visam proteger as construções contra a ação
de fluídos, vapores e umidade (ARANTES, 2007).
O principal agente atuante é a água, responsável por 85% dos problemas das
edificações, segundo levantamentos realizados por Arantes (2007), contribuindo
para esse processo das seguintes formas:
a) Água por percolação (ex.: chuva, lavagem): paredes, coberturas e pisos.
b) Umidade do solo (água capilar): fundações, cortinas, pisos sobre solo.
c) Água por pressão (unilateral ou bilateral): piscinas e reservatórios.
d) Água de condensação: superfícies expostas ao calor e ao frio.
O tipo de material a ser usado é relacionado basicamente nas propriedades
físicas, químicas e mecânicas destes, conforme as solicitações do elemento
construtivo que se está impermeabilizando (VASCONCELOS, 2015).
Esses materiais são compostos por produtos impermeabilizantes que possuem a
capacidade de bloquear a transição de fluídos em qualquer estado, agrupados de
acordo com a NBR 9575/2010 em cimentícios, asfálticos e poliméricos.
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada no segundo semestre de 2018, na região de
Miradouro/MG, na Zona da Mata Mineira. Segundo site da prefeitura, o município
possui área de 302,38 Km² e sua principal fonte de renda é a pecuária e a
agropecuária. De acordo com o IBGE (2010) esta região possui uma população de
10.251 habitantes, com população estimada para 2017 de 10.837. Dessa população
11,52% retiram sua renda do trabalho com pisciculturas, o que representa uma área
de 92 hectares em tanques, lagos e açudes, distribuída em 59 unidades.
A presente proposta foi baseado em três tipos de pesquisas, com o objetivo
de analisar, observar, registrar e correlacionar aspectos que envolvem os fatores
que contribuem ou agem como causa para a ocorrência de determinados
fenômenos, sem manipulá-los (UDESC, 2018).
Segundo Hussein (2013), estas pesquisas são registradas da seguinte
forma:
Exploratória, concentram-se as importantes descobertas científicas,
exploradas a partir dos levantamentos bibliográficos feitos por meio de
pesquisas em livros, revistas, teses, normas técnicas e dissertações sobre
o assunto;
Descritiva, realiza-se o estudo, a análise, o registro e a interpretação dos
fatos sem a interferência do pesquisado. Serão realizadas visitas, e
observada a presença de manifestações patológicas resultantes da
umidade no local;
Explicativa, registra, interpreta e identifica suas causas, visando obter
dados por meio de estudo dos casos, da razão dos problemas ocorridos,
e dos métodos de recuperação que podem ser empregados.
Considerando os dados abaixo, realizou-se o cálculo para a seleção do
número de locais que serão necessários para concluir com ajuda do método de
cálculo para a determinação do tamanho da amostra (TRIOLA, 2008).
3.1 TAMANHO DA AMOSTRA COM FATOR DE CORREÇÃO PARA A POPULAÇÃO FINITA (TRIOLA, 2008, p. 275)
Sendo a população em estudo finita, é adotado um fator de correção para
essa população, de maneira a obter uma margem de erro segura para o número de
amostra definido pela formula a seguir:
n= Representa o tamanho da amostra que será necessário conhecer.
N= Tamanho da população.
Em geral, o resultado de p·q é obtido do histórico de trabalhos anteriores,
mas, no caso de ser desconhecido, é substituído por 0,25, sendo este o valor
máximo para a proporção do cálculo conservador do tamanho da amostra.
Z= É o grau de confiança que será adotado para a obtenção dos resultados
(fator de segurança), sendo esses valores especificados na tabela de determinação
da amostra.
e = Margem de erro adotada para um numero de amostra seguro.
Tabela 1: Valores correspondentes ao grau de confiança desejado.
Grau de Confiança α Valor Crítico Zα/2
90% 0,10 1,645
95% 0,05 1,96
99% 0,01 2,575
Fonte: Introdução a Estatística (TRIOLA, 2008. p 256).
A partir do resultado do cálculo anterior, foram escolhidas aleatoriamente 21
pisciculturas para o desenvolvimento deste trabalho. Para a coleta de dados, foi
apresentado a cada proprietário um Termo de Consentimento Livre para termos a
permissão para realizar esta pesquisa. A partir daí, relacionamos todos os dados
coletados e discutimos com ajuda de bibliografia e apresentação de imagens das
manifestações encontradas. Foram verificadas as causas dos problemas por meio
de identificação visual, para concluir se verdadeiramente são resultantes do excesso
de umidade presente no ambiente. Após concluir a pesquisa, foi feito um
levantamento por meio dos resultados preenchidos na tabela elaborada para a
coleta dos dados.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com ajuda dos dados coletados por meio da tabela de vistoria foi encontrado
nas 21 pisciculturas algum tipo de manifestações patológicas, geralmente causadas
pela umidade, conforme apresentado na Tabela 1.
Tabela 1: Manifestações patológicas identificadas nas pisciculturas.
Quantidade de pisciculturas
Principais manifestações patológicas decorrentes da umidade
Número de pisciculturas com determinada
manifestação
21
Bolor 19
Carbonatação 14
Eflorescência 19
Fissuras 16
Gretamento 15
Trincas 16
Corrosão 8
Fonte: Autores (2018).
É necessário esclarecer que dessas 21 pisciculturas todas apresentam
algum tipo de estrutura de concreto além dos reservatórios. Dessas estruturas 05
são compostas por lajes, vigas e pilares; 15 contêm concreto em pilares sendo
cobertas por telhas e 04 tem seus reservatórios compostos por vigas, pilares e
alvenaria.
Silva (2011) cita, em seu estudo, a importância de destacar que a frequência
de problemas patológicos relacionados à umidade está associada a quatro fatores
fundamentais, que são a idade da edificação, o clima do lugar, os materiais
construtivos empregados e as técnicas aplicadas para construir a edificação.
A partir desse contexto é importante informar que dentre as pisciculturas
visitadas 12 possuem idade acima de 20 anos; 05 estão entre 10 e 20; 02 delas se
destacam com idade maiores que 30 anos e 02 não ultrapassam os 5 anos de
existência.
Os proprietários nos informaram que não sabem ao certo a verdadeira idade
desses locais, porque desde o inicio do trabalho com pisciculturas estão em
ampliação devido ao crescimento do setor ou, em alguns casos, à mudança de
proprietários.
Outro fato importante abordado durante a identificação das manifestações
patológicas foi que nas 02 pisciculturas com idade acima de 30 anos, apresentadas
nas figuras 7 e 8, há uma maior presença de manifestações patológicas. As
anomalias presentes nessas edificações configuram uma situação que pode ser
considerada de risco, uma vez que existem recalques, e o aço já não suporta mais
as solicitações necessárias devido ao processo de corrosão avançado. Sendo
assim, os reservatórios perderam sua capacidade, pelo fato de a quantidade de
trincas, fissuras e gretamentos permitirem a percolação da água de dentro para fora
dos reservatórios.
FIGURA 7: Piscicultura com idade acima de 30 anos. Fonte: Autores (2018).
FIGURA 8: Piscicultura com idade acima de 30 anos. Fonte: Autores (2018).
Os locais de idade entre 10 e 30 anos são mostrados na figura 9 e 10.
Nesses ambientes, obtiveram-se todas as manifestações em estudo, porém, ao
serem analisados visualmente, pode ser notado que são doenças que ainda
apresentam possibilidades de intervenção, pois são locais que estão em
funcionamento diário, os quais ainda estão com capacidade de manter o
desenvolvimento do trabalho.
FIGURA 9: Pisciculturas com idade entre 10 e 30 anos. Fonte: Autores (2018).
FIGURA 10: Pisciculturas com idade entre 10 e 30 anos. Fonte: Autores (2018).
As Figuras 11 e 12 mostram alguns locais em que foram possíveis identificar
tentativas de intervenções, como preenchimento das trincas com nata de cimento,
pintura acrílica, revestimentos cerâmicos e lonas plásticas, com intenção de ajudar
na impermeabilização. Não se pode dizer que conseguiram solucionar esses
problemas, mas constatou-se que esses procedimentos ajudaram a impedir a
infiltração de água nas paredes de concreto dos reservatórios.
FIGURA 11: Pisciculturas com tentativa de melhor impermeabilização. Fonte: Autores (2018).
FIGURA 12: Pisciculturas com tentativa de melhor impermeabilização. Fonte: Autores (2018).
Os locais apresentados nas figuras 13 e 14 identificam as pisciculturas com
menos de cinco anos de existência, os quais também possuem diversas
manifestações patológicas, porém em um estado menos perceptível, provavelmente
por encontrar-se em fase inicial de modificações das qualidades do concreto ou por
serem revestidas por cerâmica que, dependendo de sua qualidade, contribuem para
uma melhor impermeabilização. Nesses locais, não houve a incidência de
vazamentos, destacamentos do concreto e corrosão, apresentam-se apenas
fissuração, trincas, gretamento, eflorescência e bolor em estado inicial de
desenvolvimento, que podem estar interferindo nas propriedades do concreto, mas
ainda não se manifestando visualmente.
FIGURA 13: Piscicultura com idade abaixo de 5 anos. Fonte: Autores (2018).
FIGURA 14: Piscicultura com idade abaixo de 5 anos. Fonte: Autores (2018).
Durante a coleta de dados, os proprietários foram questionados sobre a
existência de algum tipo de projeto dos reservatórios. Todos responderam,
claramente, que, por serem construções rurais, usadas apenas para o trabalho com
piscicultura, não viram a necessidade de investimentos em projetos, opinando pela
construção com ajuda dos conhecimentos empíricos dos pedreiros contratados. A
respeito da falta de projetos para a construção dos reservatórios, Klein (1999 apud
SOUZA, 2008, p.33) afirma, conforme Tabela 2, que essas manifestações são
ocasionadas por erros na elaboração de projetos e do processo de construção
desses ambientes.
Tabela 2. Manifestações patológicas em reservatórios
Erros de Causas Manifestações
Projeto
• Falta de impermeabilização
• Manchas brancas devidas a carbonatação do concreto
• Dimensionamento Estrutural
• Especificação inadequada para os materiais e Traços
• A não observância das ações produzidas pelo inclinamento e esvaziamento de cálculo
• Surgimento de eflorescência e bolor na superfície do concreto
Execução
• Concretagem mal executada, produzindo:
• Manchas marrons devido a oxidação da armadura falhas, concreto desagregado
• Formas mal executada
• Instalações das tubulações mal • Manchas circulares ou elípticas
executadas indicativas de falhas de concretagem
• Impermeabilização mal executada
• Juntas de concretagem mal executadas
Materiais • Baixa qualidade, pouca resistência, muito permeável
• Fissuras, tricas e gretamento
Manutenção • Falta de inspeções periódicas
• Falta de limpeza interna
Fonte: Souza (2008 apud KLEIN, 1999)
Portanto, das manifestações patológicas encontradas, a eflorescência e o
bolor ocorreram com maior frequência nesses locais conforme, a Figura 15. As
principais causas para o surgimento de eflorescência, segundo Fioriti et al (2017),
são a decorrência do excesso de umidade presente no ambiente, o acúmulo de
água e as infiltrações através das trincas e fissuras que facilitam uma alta
permeabilidade do concreto, resultando na alta percolação da água que acarretará
na dissolução e carreamento do hidróxido de cálcio existente no cimento por meio
da ação da água possibilitando a evaporação de soluções aquosas salinizadas,
originando as eflorescências.
FIGURA 15: Percentual de manifestações patológicas encontradas. Fonte: Autores (2018).
Menezes (2006) observou que uma das principais causas da eflorescência
são os sais solúveis, facilmente encontrados nas matérias-primas que constituem o
concreto, que tem sua solubilidade devido à presença de água, tanto como
componente deste material ou da água que já esteve em contato com um destes,
sendo a fonte provável para seu aparecimento.
Souza (2008), em seu estudo, realizou uma análise do ciclo da água até
chegar aos devidos locais para o uso na construção ou para outros fins. Afirma,
também, que um dos fatores causadores dessas manifestações é a qualidade da
água, dependendo de sua origem. Ela pode ser pura quando se encontra na forma
de vapor, mas também, quando armazenada em nuvens, ao passar pelo processo
de precipitação, absorve substâncias presentes no ar, como o oxigênio, dióxido de
carbono e outros gases, tornando-se chuvas ácidas. A partir daí, ela percorrer pela
superfície dissolvendo substâncias orgânicas e inorgânicas. Além disso, há também
o uso de fertilizantes nas zonas rurais que contribuem para a contaminação da água,
o que ocasiona modificações na sua qualidade. Souza (2008) ainda sugere que, de
um modo geral, é mais usual em construções água potável, a qual é livre de
contaminações ou poluições. Entretanto, no caso das construções rurais, é normal o
uso de água de mananciais que devem ter a sua qualidade testada em laboratório,
para que as propriedades dos materiais de construção não sejam contaminadas ao
entrarem em contado com ela. Assim, é possível que o resultado da alta
porcentagem de eflorescência e bolor encontrados podem estar associado às
bactérias, limos, algas e sólidos suspenso presentes tanto na água utilizada para a
construção quanto para o desenvolvimento do trabalho com pisciculturas (GENTIL,
2007).
Conforme pode ser analisado nas Figuras 16 e 17, esses locais possuem uma
considerável movimentação e predominância de água o que, consequentemente,
resulta na concentração de umidade. Além disso, ainda pode ser afirmado, de
acordo com as figuras, que há uma concentração de bolor em fases avançadas,
quando já comprometem a estética e o conforto desses ambientes. Os estudos de
Fioriti et al (2017) comprovam que a existência dessa manifestação patológica
nesses locais é devido à predominância de umidade no ambiente.
Figura 16: Identificação da predominância de água nas pisciculturas. Fonte: Autores (2018).
Figura 17: Identificação da predominância de água e bolor nas pisciculturas. Fonte: Autores (2018).
Devido à alta ocorrência de eflorescência e bolor pode ser observada a
contribuição das trincas e fissuras para essas manifestações que, conforme os
resultados da Figura 15, estão associadas a esses locais em segundo lugar em
grandeza porcentual.
Moreira (2009) afirma que as trincas e fissuras são decorrentes da má cura do
concreto, ou do uso de matérias inconvenientes na fabricação. Ele ainda explica que
a cura deve ser feita com temperatura controlada, para que o controle do fator
principal da hidratação do cimento não seja evaporado. A água, com sua
evaporação, deixa vazios no interior desse material que, juntamente com a retração
plástica, dão origem a fissuras e, no caso de um consumo elevado de cimento na
dosagem, causam as trincas, comprometendo a estrutura. O surgimento dessas
manifestações patológicas na superfície do concreto acarreta diminuição da sua
durabilidade, pois facilita a permeabilidade, resultando na redução da resistência.
A partir daí se torna mais compreensível afirmar que as trincas e fissuras
encontradas nesses locais estão relacionadas aos erros de execução e falta de
conhecimentos técnicos para a construção desses locais. A respeito dos erros na
cura do concreto não se pode afirmar sem análises mais específicas. Entretanto,
analisando o fato do uso da quantidade, qualidade e dos tipos de materiais terem
sido incorretos, provavelmente se chega à conclusão de que resultaram na baixa
resistência e alta permeabilidade dessa estrutura.
Devido a esse fato, a Figura 18 apresenta o único local visitado em que
houve 1 reservatório desativado, por sua condição estar impossível de se manter
cheio, resultado do alto índice de trincas e fissuras.
Figura 18: Reservatório desativado. Fonte: Autores (2018).
O site da Fibersals (2018) confirma que piscinas e outras estruturas do
mesmo tipo recebem o empuxo da água forçando essas paredes e, então, ocorrem
as trincas e fissuras. A partir daí essa água se infiltra nos poros presentes no
concreto que, além de causar danos à armadura, servem como porta para a entrada
de meios agressivos, tanto para o concreto quanto para a carbonatação e corrosão
das armaduras.
Pelos resultados obtidos, como mostrado na Figura 15, a carbonatação e
corrosão correspondem as menores frequências das manifestações patológicas
presentes nestes locais. Entretanto, mesmo apresentando esta baixa porcentagem,
é necessário haver atenção com essas manifestações, devido à identificação ter
sido obtida apenas por análise visual. Vitório (2003) afirma que se deve ficar atento
aos sinais destas manifestações, pois esse processo tem em comum o surgimento
de trincas, fissuras e o desprendimento da camada de cobrimento. Como nosso
estudo apresentou uma considerável manifestação patológica relacionada a essas
situações, é possível que essa porcentagem seja pelo fato de estar acontecendo
esse processo no interior da estrutura. Como o ambiente em estudo é de intensa
umidade o autor ainda esclarece que esse fator influencia o avanço da
carbonatação, agindo juntamente com a quantidade de CO2 presente no ambiente e
a permeabilidade do concreto. Com isso, tem a capacidade de atingir a armadura
onde essa capa protetora é destruída dando início ao processo de oxidação e
corrosão (BAULER, 2014).
Para que essas estruturas sejam projetadas de forma a resistir a essas
manifestações patológicas citadas, a ABNT NBR 6118/2014 especifica que para
qualquer estrutura de concreto deve ser considerada a classe de agressividade do
meio ambiente, relacionando ações químicas e físicas que possam atuar sobre a
estrutura no local. Isso porque a durabilidade dessas estruturas é diretamente
proporcional à qualidade do concreto e o cobrimento da armadura. Conhecendo a
classe de agressividade deste ambiente, é possível estabelecer a relação
água/cimento na fabricação desse concreto e o cobrimento nominal mínimo para os
ambientes como os das pisciculturas. Assim, devem ser adotadas as exigências
conforme os resultados na Tabela 3.
Tabela: Especificações para projeto de estruturas de concreto conforme a agressividade ambiental.
Classe de agressividade ambiental (Tabela 6.1,
NBR 6118)
Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto (Tabela 7.1, NBR 6118)
Correspondência entre a classe de agressividade
ambiental e o cobrimento nominal mínimo (Tabela 7.2,
NBR 6118).
Classe de agressividade ambiental - l
Relação água/cimento em massa para Concreto armado classe l –
≤ 0,65
Laje - 20 mm
Agressividade - Fraca Vigas/pilar - 25 mm
Tipo de ambiente - Rural ou Submerso
Elementos estruturais em contato com o solo - 30 mm
Risco de deterioração da estrutura - Insignificante
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 6118/2014. p 17, 18 e 20.
Como pode ser visto, nos ambientes das pisciculturas não se podem mudar
as condições ambientais. Nesse caso, a melhor saída para se evitar essas
manifestações é optar por reservatórios de materiais construtivos diferentes ou o
controle na qualidade e especificação do concreto, com vistas à máxima redução
possível da permeabilidade do concreto. Essas medidas de prevenção poderão ser
tomadas durante a elaboração dos projetos, com a inclusão de aditivos que agem
diretamente no processo de impermeabilização da estrutura, inseridos no processo
de fabricação do concreto ou após a concretagem e também intervenções nas
estruturas que já se encontram em uso.
Para a construção dos reservatórios de concreto nesses locais que
provavelmente usam águas de mananciais, Silveira (2001) sugeriu em seus estudos
o uso de argamassas polímeras, um composto aplicado em forma de pintura,
formado por cimentos especiais e látex de polímeros acrílicos. Esse composto forma
uma película impermeável que dá garantia à impermeabilidade do local aplicado,
não modifica a qualidade da água, mas impede a entrada de sulfatos e cloretos no
material. Assim, os reservatórios existentes poderão ser impermeabilizados de
maneira a continuar desenvolvendo suas funções. O uso de argamassa com
polímeros poderá contribuir tanto para os novos locais a ser construídos quanto para
os que já se encontram em uso. Para os que já se encontram em funcionamento,
poderá parar a influência da umidade aumentando sua vida útil, e para os que ainda
serão construídos resultará uma maior durabilidade, pelo fato de inibir a umidade.
Em seus estudos Soares (2014) apresentou os aditivos hidrófugos como
impermeabilizantes que reagem juntamente com o cimento no processo de
hidratação. Esses aditivos são compostos de sais metálicos e silicatos, adicionados
na massa de concreto no momento de dosagem, os quais trabalham em favor da
redução da permeabilidade e absorção capilar, resultando no preenchimento dos
vazios do concreto deixando-os impermeáveis à influência de água e umidade. Além
de poder ser adicionado no concreto, esse impermeabilizante age na proteção da
estrutura por meio da adição de revestimento diretamente nas argamassas,
prevenindo o surgimento de eflorescências e bolor. Tudo isso pelo fato de haver
baixa possibilidade de o meio causador dessa manifestação ter acesso e se
armazenar no interior dessa massa no estado endurecido (SOARES, 2014).
Mas, em se tratando das trincas e fissuras já existentes nos concretos em
pisciculturas, o tratamento pode ser feito com a impermeabilização por injeção de
poliuretano hidro expansivo em gel ou resina. Esse material foi desenvolvido para a
impermeabilização de qualquer tipo de vazamentos ou infiltração de água no
concreto (BORGES, 2008). “Essa resina reage somente em contado com a água ou
umidade formando um selamento elastomérico e impermeável” (BAUCHEMIE. p 2,
2018). O material, que se expande em contato com a água, é injetado com ajuda de
uma bomba, preenchendo todo o local da trinca ou fissura, fazendo a
impermeabilização dessa estrutura (BAUCHEMIE, 2018).
Uma forma desenvolvida recentemente de inibir a corrosão da armadura no
concreto armado obtém resultados positivos tanto no concreto fresco quanto na
aplicação após a cura. Trata-se de um composto orgânico derivado da amida — um
produto resultante da reação da carboxílica e amida — cuja formulação não pode
ser descrita por ainda ser restrita por fornecedores. Esse inibidor age na forma de
proteger a armadura por meio de uma película protetora aderente. E processo
consiste na migração do inibidor pela massa do concreto até atingir a armadura
(GENTIL, 2007 p.215 e 216).
Essa fórmula de inibição da corrosão da armadura por do composto orgânico
derivado da amida pode ser aplicada como uma solução para a proteção das
estruturas dessas pisciculturas, pois, além de a corrosão diminuir a resistência do
concreto armado, as trincas e fissuras podem ter sido derivadas desse processo.
Pode-se, também, optar por substituir esses reservatórios de concreto por
reservatórios do tipo polietileno ou o de fibra de vidro. “Dos quais o polietileno é
produzido com polímeros a base de petróleo, possuindo alta durabilidade e vida útil
com cerca de 30 anos, sendo um material leve, flexível e de simples instalação e
limpeza, com boa resistência a raios UV, o que diminui a incidência de luz impedindo
o desenvolvimento de algas e bactérias (H2OSOLUTIONS, 2018)”. Já o material de
fibra de vidro é uma mistura de resina e fibra de vidro, também é de fácil manuseio,
mais leve e de baixo desenvolvimento de algas e bactérias, porém possui baixa
resistência a impactos, podendo, assim, ser um material frágil para os locais como
os das pisciculturas (H2OSOLUTIONS, 2018).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O surgimento das manifestações patológicas além de servir como meio para
a deterioração e degradação do concreto armado ainda modifica o aspecto e a
estética do ambiente, deixando-o desagradável e desconfortável (HELENE, 1992).
As manifestações patológicas em pisciculturas, com o passar do tempo, tem
se tornado um problema para o desenvolvimento do trabalho nesses locais, pois a
necessidade de movimentação diária de água resulta em frequente umidade. A partir
dessa constatação e os dados coletados nos locais foi possível realizar um estudo
dessas manifestações.
Com este estudo foi possível concluir que a umidade nesses locais
realmente contribui para o surgimento dessas manifestações patológicas e que
aumentam com o passar dos anos, chegando ao ponto de os próprios proprietários
tentarem intervir nessas doenças por meio de métodos empíricos, que até o
momento contribuíram para a continuidade do desenvolvimento do trabalho com
pisciculturas. Obteve-se, também, resultado de que a eflorescência e o bolor são
decorrentes da falta de aditivos impermeabilizantes na massa do concreto ou
impermeabilização superficial deste. O principal meio para o desenvolvimento das
manifestações patológicas nessas estruturas ocorre por meio da permeabilidade do
concreto, nas trincas, fissuras e gretamentos. Através dessas manifestações os
meios agressivos se infiltram no concreto armado, dando origem à carbonatação,
oxidação e corrosão.
Foi possível definir meios de prevenir e inibir essas manifestações com
métodos de impermeabilização por adições na massa do concreto no estado fresco,
endurecido ou já em serviço. Entretanto uma solução que será bem mais viável é a
substituição desses reservatórios de concreto pelo de polietileno que irá
proporcionar os mesmos resultados, porém sem a necessidade de gastos com
manutenção e perdas com a paralisação e às vezes desativação de reservatórios
(BAUCHEMIE, 2018).
O estudo a partir desse tema é importante para que essas consequências
possam ser levadas em consideração tanto para os profissionais da área quanto
para a conscientização dos proprietários destes locais. Levando estes a
compreender a necessidade de conhecimentos técnicos, projetos estruturais e de
impermeabilização para que essas estruturas possam ser construídas de modo a
resistir e impedir essas doenças, como também mostra a possibilidade de substituir
esses reservatórios, ficando a critério de cada proprietário escolher qual será mais
viável.
Este estudo poderá ser usado para futuras pesquisas em trabalhos
referentes à influência da umidade em estruturas de concreto, em que foram
especificadas as principais manifestações patológicas decorrente da umidade, suas
possíveis causas e métodos de prevenção e inibição e também a possibilidade de
substituir esse material dependendo da finalidade de uso. E para que possa dar
seguimento neste estudo, é importante o desenvolvimento de uma análise para o
tratamento das manifestações patológicas nesses locais, de modo a mantê-los e
proporcionar-lhes uma maior vida útil. Como pôde ser visto algumas já não possuem
mais a capacidade de se manterem em funcionamento o que, neste caso,
representaria a possibilidade da restauração desses reservatórios.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 9575 – Impermeabilização – Seleção e projeto. 3ª edição, 2010. 256p.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 6118 – Projeto de estrutura de concreto - Procedimento. 2ª edição, 2014. 18p.
ANDRADE, Tibério. Tópicos sobre Durabilidade do Concreto. In: ISAIA, Geraldo Cechella (Ed.). Concreto: ensino, pesquisa e realizações. 1v. IBRACON. São Paulo, 2005.
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AVALIAÇÃO TÉCNICA E ECONÔMICA ENTRE O CONCRETO USINADO E O CONCRETO IN LOCO NA CIDADE DE RAUL SOARES
Acadêmicos: Igor Mange e Werlan Gomes da Silva
Orientador: Mateus Zanirate de Miranda
RESUMO
Atualmente, na indústria da construção civil é fundamental conhecer os processos, os resultados e as relações econômicas entre eles para um bom desenvolvimento da atividade profissional. Nesse sentido, este trabalho teve como foco principal comparar a qualidade de dois meios de produção de concreto: o usinado e o fabricado in loco, para a cidade de Raul Soares-MG. Para tal, foram realizados rompimentos de corpos de prova, em que se avaliou qual apresenta melhor resistência aos 28 dias. Também foi realizada a análise do custo apresentada tendo como base a produção e lançamento do concreto, em que, pela composição de materiais e mão-de-obra, foram avaliados e comparados. Diante deste processo, foi possível concluir que o concreto usinado obteve melhores resultados, tendo melhor qualidade e sendo mais econômico que o concreto feito na obra.
PALAVRAS-CHAVE: concreto; resistência; custo.
1. INTRODUÇÃO
Na construção civil, o concreto se destaca como o material mais utilizado nas
edificações, sendo também em questão volumétrica o material mais produzido hoje
no mundo. Fatores que levam à eficiência deste produto estão relacionados ao seu
custo baixo, a sua disponibilidade no mundo, o fácil manuseio e a sua resistência à
água (MEHTA e MONTEIRO, 2008).
O concreto, em sua produção, pode atingir duas formas: a manual —
que é utilizada em pequenas obras e cujo preparo é feito para volumes de concreto
menores — e a de forma mecânica (RIBEIRO et al., 2002). A produção mecânica é
feita em betoneiras e o tempo de produção é variável, determinado pela
homogeneização do concreto. O concreto dosado em centrais, por sua vez, é
misturado em usinas, que permitem a mistura tanto em equipamentos estacionários
quanto em caminhões betoneiras. Segundo Ribeiro et al. (2002), o emprego do
concreto dosado em central diminui o custo em se tratando em mão de obra, além
de racionalizar o espaço e os materiais no canteiro de obras.
Para Botelho e Marchetti (2011), o concreto estrutural pode ser misturado
manualmente, método normalmente aceitável para pequenas obras, pois a produção
é limitada; em betoneira fixa, denominada estacionária, pois algumas construtoras,
por razões econômicas ou por falta de concreteiras nas imediações, preferem
produzir o concreto na própria obra.
A vantagem do controle tecnológico do concreto usinado em relação ao virado em
obra torna aquele cada vez mais predominante. A tendência é o crescimento no fator
de utilização, principalmente, em países em desenvolvimento (MASCOLO, 2012).
O concreto tem sua resistência de compressão que atende às exigências das
estruturas atuais, tornando esta uma de suas principais características. Segundo
Mehta e Monteiro (2008), esta é a propriedade mais importante do composto e
amplamente valorizada. Entretanto, a resistência do concreto é determinada por
uma série de fatores.
O ensaio de compressão axial é o mais utilizado para verificar a resistência à
compressão do concreto. De acordo com Lima (2003), esta é medida por meio de
corpos de prova em ensaios destrutivos a fim de obter a resistência do concreto, em
idade de 28 dias (Fck).
Para comprovar a resistência mecânica do concreto, realizam-se ensaios de
compressão. Estes testes são realizados em corpos de prova feitos no local da obra
e moldados segundo a NBR 5738 (ABNT, 2003).
O presente trabalho tem por objetivo comparar a viabilidade financeira e
técnica do concreto usinado com o concreto moldado in loco em uma cidade do
interior de Minas Gerais. Para tanto, será necessária a coleta, produção e análise de
amostras para realização dos dois métodos para posterior comparação dos
resultados. Tem-se por base o concreto usinado de uma obra situada no centro da
cidade de Raul Soares e o concreto moldado in loco na mesma localidade, levando
em consideração a resistência, viabilidade e custo dos dois tipos de mistura.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND
De acordo com Helene e Andrade (2007), o concreto de cimento Portland é a
maior descoberta do ser humano, considerada uma das mais interessantes tanto
para o desenvolvimento humano quanto para a qualidade de vida. É ainda
considerado o material mais importante do âmbito da construção civil, mesmo sendo
um material muito recente da construção de estruturas.
Helene e Andrade (2007) afirmam que o concreto de cimento Portland é
composto por cimento, água e agregados, devendo possuir algumas propriedades
como aditivos, pigmentos, fibras, agregados especiais e adições minerais. Para
atender a todas as propriedades necessárias pelo concreto, ele deve ter suas
proporções bem dosadas e bem especificadas, buscando sempre o melhor controle
tecnológico.
Battagin (2011) cita que o Brasil, com suas normas baseado no modelo
europeu, dispõe de oito tipos básicos normatizados de cimento Portland, os quais
com seus subtipos e classes de resistência chegam a mais de duas dezenas
disponíveis para as mais diversas aplicações. São os seguintes tipos de cimento
normatizados, cada um com especificidades e características diferentes:
I. Cimento Portland Comum (CP I);
CP I – Cimento Portland Comum;
CP I-S – Cimento Portland Comum com Adição;
II. Cimento Portland Comum (CP II);
CP II-E – Cimento Portland composto com Escória;
CP II-Z – Cimento Portland composto com Pozolana;
CP II-F – Cimento Portland composto com Fíler;
III. Cimento Portland de Alto-Forno (CP III);
IV. Cimento Portland Pozolânico (CP IV);
V. Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI);
VI. Cimento Portland Resistente a Sulfatos (RS);
VII. Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC);
VIII. Cimento Portland Branco (CPB).
2.2. RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA
O Fck é um valor estatístico em que estão 95% dos resultados experimentais. Dessa
forma se até 5% dos resultados forem inferiores, esse concreto poderá ser aceito.
As variações de qualidade do concreto, de dosagem ou de seus insumos em si são
dadas pela resistência à compressão, sendo esta uma propriedade muito sensível
(PACHECO e HELENE, 2013, p.18).
Ainda segundo Pacheco e Helene (2013), no Brasil, a resistência à
compressão diz respeito à tensão de ruptura à compressão axial de um cilindro de
concreto, que deve ter altura igual ao dobro do diâmetro. Esta é a propriedade
adotada por ocasião do dimensionamento da estrutura. Portanto, está diretamente
ligada à segurança e estabilidade estrutural.
Para garantir a qualidade do concreto, para saber se a resistência solicitada pelo
engenheiro no projeto foi a mesma que foi entregue na obra, existem uma série de
testes e ensaios que, eventualmente, devem ser executados a fim de garantir e
comprovar a qualidade. Estes testes são feitos moldando corpos de prova no local
da obra durante a concretagem, seguindo a NBR 5738 (ABNT, 2015).
2.3. CUSTOS
De uma maneira geral, os encargos gerais de uma obra são a base para o
cálculo do custo do concreto. Estes encargos sendo, matéria, locação de máquinas,
mão-de-obra, etc. Segundo Mattos (2010), por trás de um projeto de construção,
estão envolvidos uma série de custos; distribuídos desde a execução das diversas
atividades, supervisão dos serviços e gastos correntes para o funcionamento do
escritório, entre outras tantas fontes de despesa.
Para a ABESC (2007), outro fator que influencia no custo e na qualidade do
concreto são os métodos de lançamento. No lançamento do concreto envolvendo a
forma convencional, ele é levado até as formas por meio de instrumentos como
carrinhos, padiolas, caçambas, calhas etc.
2.4. CONCRETO DOSADO EM CENTRAL
O Concreto usinado, por ocasião de possuir um controle tecnológico mais
rigoroso nos processos de sua execução, tem maiores probabilidades de possuir
melhores resultados técnicos do que o concreto produzido em obra. (PEREIRA,
2017).
Com a necessidade das obras de maior porte, em ser atendidas com
quantidades elevadas de concreto, em curto espaço de tempo e com baixa variação
em de resistência mecânica, surgiu-se a necessidade das centrais de dosagem
(REGATTIERI e MARANHÃO, 2011, p. 501).
Podem-se destacar algumas vantagens de se aplicar o concreto dosado em
central em relação ao convencional, tais como: a eliminação das perdas de areia,
brita e cimento, racionalização do número de operários, redução de materiais,
equipamentos, áreas de estoque com melhor aproveitamento do canteiro de obras e
redução do custo total da construção (ABESC, 2007).
Segundo Vaquero (2013), o concreto dosado em central, por sua vez, recebe
uma quantidade de aditivos que depende da sua forma e aplicação de aditivos
superplastificantes inseridos nos concretos auto adensáveis. Quando a distância da
central até o local de aplicação do concreto é grande, é necessária a aplicação de
retardadores de pega, entre outras situações que gerem a necessidade de adicionar
alguma outra característica especifica à mistura.
2.4.1. Controle Tecnológico
Antes de iniciar uma operação com o concreto, deve-se definir, de maneira
bem rigorosa, as características e propriedades do mesmo (NBR 12655, 2006). A
documentação que mostrará a comprovação da qualidade do concreto e o
cumprimento da norma deve ser de responsabilidade do proprietário e do
responsável técnico por ele designado.
As patologias existentes no concreto devem ser evitadas por meio do controle de
qualidade, que visa também boas especificações dos materiais utilizados na
dosagem, bem como as propriedades exigidas pelo projeto de acordo com as
normas técnicas vigentes. Esses testes são realizados em laboratórios que analisam
desde os agregados até os aditivos utilizados, fazendo este controle do concreto
(ABESC, 2007).
2.5. CONCRETO MOLDADO IN LOCO
Segundo Isaia (2001, p.537):
a expressão “concreto feito em obras” deve ser entendida como a produção de concreto dentro dos limites do canteiro. Em obras, um concreto pode ser produzido a partir do emprego de betoneiras estacionárias com capacidade de misturas de um volume de concreto em cada operação definido a partir
do emprego de um número inteiro de sacos de cimento, quanto pode ser produzido em modernas centrais misturadoras ou simplesmente dosadoras.
Segundo Recena e Pereira (2011), a presença de uma grande quantidade de
concreto produzido em obras com uso de betoneiras estacionarias ou misturados,
até mesmo, a próprio punho será notada em pequenas cidades ou periferias de
grandes cidades, onde não se vê serviços de concreteiras.
O espaço para armazenar equipamentos e materiais torna muitas das vezes o
concreto in loco inviável, sendo um problema se o local da obra for pequeno,
ocasionando congestionamento em todo o âmbito (BRITO, 2010).
Por sua vez, o concreto virado na obra traz como forma de desvantagem a
desorganização no espaço disponível no canteiro de obra, ocasionando grande
ocupação da mão-de-obra, afetando, de forma significativa, a limpeza, gastando
mais água, energia elétrica, além da perda considerável de materiais devido a uma
série de fatores, como dosagens sem precisão (PORTAL DO CONCRETO).
3. METODOLOGIA
O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa quantitativa que, segundo
Moura Rocha (2011), trata-se de um tipo de investigação, uma das fases mais
importantes para o início de um empreendimento que visa o levantamento de dados
estatísticos. Esta pesquisa visa comparar a resistência e o custo entre o concreto
usinado e o concreto produzido na obra.
3.1. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
Cimento do tipo CP IV 32;
Brita 1;
Areia;
Lata (18L);
Peneira;
Enxada;
Colher de pedreiro;
Fôrma cilíndrica de plástico 10x20cm;
Haste metálica para o adensamento;
Óleo queimado para untar as fôrmas.
3.2. COLETA DE DADOS REFERENTE À RESISTÊNCIA
Na primeira parte do estudo, foi levantado o questionamento sobre qual seria
dosagem a trabalhar com o concreto usinado. Foi analisada a qualidade e a
eficiência da concreteira, em que se obteria um estudo mais eficaz e viável para o
rompimento dos corpos de prova, pois era para onde seriam levados os moldados in
loco.
Os ensaios foram realizados no período entre os meses de junho e outubro
de 2018, em uma obra situada na cidade de Raul Soares-MG. Nesta obra foi
utilizado o concreto usinado para a concretagem de uma laje. Como todo
recebimento desse tipo de concreto, devem ser realizados procedimentos para
garantir que ele esteja de acordo com o especificado no projeto, que é normatizada
pela NBR 12.655 – Norma de Preparo de controle e Recebimento do Concreto. E
um destes procedimentos é a moldagem de corpos de prova que servirão para
verificar a resistência característica do concreto à compressão.
Logo, foi retirada uma amostra para a moldagem dos corpos-de-prova na
própria obra e, um dia depois, foram encaminhados para a usina de concreto
responsável, GM Concreto, situada na Cidade de Abre Campo-MG, onde foram
realizados os rompimentos deles.
Já o concreto moldado in loco foi produzido exclusivamente para este ensaio,
com base no traço 1:3 (onde para cada lata de cimento utilizou-se 3 latas de areia e
3 latas de brita 1, e o fator água/cimento de 0,65), o mais utilizado na nossa região
para a concretagem de elementos estruturais.
Para o concreto produzido in loco, primeiramente, limpou-se toda a área onde
seria realizado o preparo do concreto, verificando, também, se as fôrmas não
estavam danificadas ou com as dimensões incorretas. Com base no traço
especificado, foi feita uma proporção, utilizando 1/3 da lata com cimento, uma lata
de areia e uma de brita e fator água/cimento de 0,65, sendo 4 litros de água. Em
seguida, lubrificaram-se as fôrmas com óleo queimado de modo a evitar a aderência
entre concreto e molde. Após isso, foi colocado uma lata de areia e 1/3 da lata com
cimento no local de preparo do concreto e, assim, com o auxílio da enxada, foi
misturado até ser colocado uma lata de brita, que novamente foi misturado até ser
adicionado a água, conforme a Figura 1. Após o preparo do concreto, ele foi
colocado em duas camadas nas fôrmas cilíndricas e, com ajuda da haste metálica,
foram adensados em 12 golpes por camada, de acordo com a NBR 5738 (ABNT,
2015). Logo, foram moldados 12 corpos de prova cilíndricos nas dimensões de
10x20cm de acordo com a Figura 2, sendo 3 corpos de prova para cada idade de 7,
14 e 28 dias.
Foram moldados 3 corpos de provas sobressalentes, como forma de
segurança, caso algum viesse a quebrar durante a desmoldagem. Posteriormente à
moldagem, foram armazenados em um local coberto e arejado, até que fossem
levados à concreteira. Logo, após o período de repouso por 24 horas, foram
desmoldados e permaneceram na cura submersa. Após 4 dias da moldagem, todos
os corpos de prova foram levados até a concreteira e foram rompidos nas idades
desejadas, conforme a NBR 5739.
Na obra em análise para o concreto usinado, foi exigida uma resistência
característica à compressão de 25 MPa. Para o moldado in loco, foi produzido para
atingir uma resistência de 20 MPa.
Figura 1: Preparo do concreto. Fonte: Os autores (2018).
Figura 2: Corpos-de-prova moldados. Fonte: Os autores (2018).
3.3. COLETA DE DADOS REFERENTE AO CUSTO
Além da resistência à compressão realizou-se um estudo do custo dos dois
diferentes tipos de concretos.
Para ser realizada essa comparação de custos, foi feito um levantamento dos
componentes constituintes do concreto em três lojas de materiais de construção em
Raul Soares. Para melhor visualização dos preços de cada material, foi elaborada
uma média dos valores encontrados, de acordo com a Tabela 1.
Tabela 1: Custo médio dos materiais constituintes do concreto produzido in loco.
Material Unid. Preço (R$)
Cimento Sc 20,00
Areia m³ 60,00
Brita 1 m³ 100,00
Fonte: Os autores (2018).
Para o concreto usinado, a unidade de volume de entrega é
o metro cúbico. E os preços variam bastante de região para região, principalmente
pela quantidade de concreteiras disponíveis no mercado regional. O custo do
transporte e lançamento do concreto também é embutido no preço final do concreto.
Destaca-se que a GM Concreto, usina que forneceu o concreto para análise,
não comercializa apenas um metro cúbico, fornecendo minimamente a quantidade
de 3m³, de acordo com NBR 7212. Entretanto, como base de comparação de
custos, o valor analisado foi referente a um metro cúbico.
Para o concreto produzido in loco, o custo para um metro cúbico foi relativo
ao traço. Também foi analisada a quantidade de materiais utilizados por meio de
orçamentos realizados na cidade de Raul Soares e a mão de obra calculada,
conforme a convenção coletiva de trabalho do Sindicato dos trabalhadores da
Construção Civil SINDUSCON para a região estudada. O documento possui
informações referentes ao Custo Unitário Básico, sendo amplamente utilizado pelo
setor da Construção Civil em todo o País. É calculado e divulgado com base na Lei
Federal 4.591/64 e na Norma Técnica ABNT NBR 12721:2006.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após realizados todos os rompimentos a compressão dos corpos de prova
nas suas respectivas idades, foi verificado os resultados para o concreto usinado e o
produzido in loco.
Para cada idade foram rompidas três amostras, sendo que para uma melhor
demonstração de resultados foi considerada a média das resistências, conforme a
Tabela 2.
Tabela 2: Resultados de todos os rompimentos e suas médias.
Produzido em obra Usinado
Idade CP1 CP2 CP3 Média Idade CP1 CP2 CP3 Média
7 5,6 5,03 4,55 5,06 7 20,7 21,3 21,0 21,0
14 11,6 10,8 10,27 10,89 14 23,8 23,2 23,2 23,4
28 15,4 16,1 16,5 16,0 28 26,5 27,4 27,1 27
Fonte: Os autores (2018).
Observa-se que a resistência à compressão do concreto usinado foi superior
à resistência do concreto produzido in loco em todas as idades. Entretanto, a Figura
3 demonstra que o concreto usinado alcançou maior resistência nas primeiras
idades e, posteriormente, diminui a intensidade de crescimento, estabilizando aos 28
dias (KRUG; HABITZREITTER; BUENO, 2016).
Já o concreto produzido in loco apresenta um progresso mais lento e regular nas
idades iniciais, aumentando a resistência na idade de 28 dias (KRUG;
HABITZREITTER; BUENO, 2016).
A resistência a compressão do concreto usinado e do produzido in loco aos 28 dias,
apresentou uma diferença de 68,75%. Na primeira idade de rompimento, ocorreu
maior diferença. A resistência do concreto usinado superou entorno de 315% a
resistência do concreto produzido in loco, valor extremamente alto.
Figura 3: Comparação das resistências dos dois diferentes tipos de concreto. Fonte: Os autores (2018).
De acordo com a forma como foram produzidos, era de se esperar uma
diferença nos resultados obtidos. Com isso, estes resultados demonstram que o
concreto usinado, por ter um controle tecnológico, apresenta boa vantagem em
relação ao concreto feito in loco, por este não ter um controle dos materiais, o que
determina a qualidade final do concreto. Porém, de acordo com NBR 12655 (2015),
assim como o concreto usinado, é preciso também ter certos cuidados no preparo
do concreto produzido in loco. Na execução do concreto in loco também a variação
pode ter ocorrido devido a falhas na sua execução.
Outra grande vantagem do concreto usinado é o tempo gasto na produção e
lançamento de grandes volumes de concreto, o que acaba influenciando em um
menor custo (THOMAZ, 2001).
O concreto usinado por ter o uso de aditivos. Isso acaba que influenciando no
abatimento e reduzindo o fator água/cimento. O que contribui para maior resistência
do concreto (NEVILLE e BROOKS, 2013).
4.1. RESULTADOS REFERENTE AO CUSTO
4.1.1. Concreto usinado
O preço de um caminhão betoneira com volume de 8m³ é de R$ 2.640,00
para a cidade de Raul Soares. A concreteira só consegue fornecer acima de 3m³, o
que ficaria por R$ 990,00. Porém, como forma de comparar o preço final do
concreto, foi analisado o custo para um metro cúbico de R$ 330,00.
Foi avaliada a produção do concreto levando em consideração o transporte e o
lançamento, uma vez que este valor varia de cidade para cidade.
4.1.2. Concreto produzido in loco
Quanto a este tipo de concreto, foram detalhados os materiais constituintes
para que se pudesse orçar. Esses valores foram encontrados de acordo com a
quantidade de materiais gastos e a mão-de-obra.
Os cálculos referentes as horas trabalhadas foram gerados conforme a
composição do TCPO (Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos) que
fornece um banco de dados confiável para elaboração da estimativa de consumo de
mão de obra.
Para a realização dos cálculos, foi levado em consideração o traço utilizado.
Com base nisso, foi calculado o valor final para um metro cúbico do concreto feito in
loco.
4.1.2.1. Cálculo Orçamentário
Primeiramente, para encontrar a quantidade de insumos para um metro
cúbico, foi relacionado o material gasto para a moldagem de 12 corpos de prova.
Sendo assim, foi descoberto o volume de um cilindro 10x20cm, que logo foi
multiplicado por 12 para saber o volume total de concreto produzido. Tendo por base
a quantidade de materiais gastos, posteriormente, foram encontrados os resultados
pelo seguinte método.
Volume total de concreto produzido
= 0,00157m³
V = 0,00157 x 12 Volume total = 0,01884m³
O traço utilizado foi o 1:3, sendo 1/3 da lata com cimento, uma lata de areia,
uma de brita, e 0,65 de água/cimento.
Sabendo que o volume da lata é de 18 litros, temos:
1 lata – 18L = 0,018m³
Dessa forma foi gasto 0,018m³ de areia e este mesmo volume para a brita, e
0,006m³ de cimento. Com isso, foi obtido esses resultados para um metro cúbico:
Consumo de areia e brita
0,018m³ de areia – 0,01884m³ volume total produzido
A - 1m³ A = 0,955m³ de areia
A brita também será de 0,955m³.
Consumo de água
Foi usado 4 litros de água na produção do concreto, onde isto representa 65%
do volume de cimento utilizado, sendo assim:
4L – 0,01884m³
Ca – 1m³ Ca = 212,3L de água/m³
Consumo de cimento
Foi utilizado a fórmula seguinte que necessita da massa específica dos
materiais, principalmente para calcular o peso que é usado na determinação do
traço das argamassas e concretos.
Segundo Nepae (2012), a massa específica dos materiais são:
Mc: massa específica de cimento 3,125kg/l
Ma: massa específica da areia 2,6kg/l
Mb: massa específica da brita 2,75kg/l
Mag: massa específica da água 1kg/l
C = 311kg de cimento/m³ de concreto
Para a produção de um metro cúbico de concreto medido em latas, o traço
em volume ficaria:
311kg 50kg (saco) = 6,22 sacos de cimento (6 sacos + 11kg);
0,955m³ consumo de areia 0,018m³ volume da lata = 53 latas de areia;
0,955m³ consumo de brita 0,018m³ volume da lata = 53 latas de brita;
212,3 litros 18 litros (lata) = 11,8 latas de água (11 latas + uma lata até a altura de
27cm);
Custo dos materiais
O saco de cimento tem um valor de R$20,00, logo, foi feito o cálculo referente
ao custo por quilograma. Desta forma:
Cimento R$20,00/50kg (saco cimento) R$0,40kg de cimento
311kg x R$0,40 R$124,40
Areia 0,955m³
R$60,00 – 1m³
X – 0,955m³ X = R$57,30
Brita 0,955m³
R$100,00 – 1m³
X – 0,955m³ X = R$95,50
Destaca-se que, não foi levado em consideração o custo da água.
Tempo e custo da produção e lançamento do concreto para um metro cúbico
Foram gastos 5min45s para produzir 0,01884m³ de concreto. Sendo assim,
para um metro cúbico:
5min45s 5,75min 0,0958h
0,0958h – 0,01884m³
X – 1m³ X = 5,085h 5h51min/m³
Com base nos dados do Sinduscon, o salário por hora do servente com
encargos é de R$9,96.
R$9,96 – 1h
X – 5,085h X = R$50,65
Com base nos dados do TCPO, o servente delonga 4,50h/m³ para o
lançamento do concreto em estrutura.
R$9,96 – 1h
X – 4,50 X = R$44,82
O valor da mão-de-obra total da produção e lançamento do concreto é
de R$95,47.
Custo total do concreto produzido in loco
Cimento - R$124,40
Areia - R$57,30
Brita - R$95,50
Mão-de-obra - R$95,47
Total = R$372,67
Conforme os cálculos acima, a Figura 4 demostra os resultados obtidos.
300
310
320
330
340
350
360
370
380
Usinado
Produzido in loco
330
372.67
Cu
sto
(R
$)
Concreto
Figura 4: Comparação do custo dos dois diferentes tipos de concreto. Fonte: os autores (2018).
De acordo com esta pesquisa, o concreto feito in loco apresentou um total de
12,93% mais caro que o concreto usinado.
O concreto usinado mesmo sendo de 25 Mpa, ficou mais barato que o concreto
feito in loco, este sendo de 20 Mpa.
Como já dito anteriormente, o preço do concreto usinado é incluído o transporte
até o local da obra, sendo assim, este valor pode variar de região para região de
maneira diretamente proporcional à distância do local da produção ao local do
lançamento. O mesmo ocorre para o concreto produzido na obra, pois os valores de
materiais e mão-de-obra oscilam de acordo com as regiões consideradas.
A mão-de-obra é um fator que eleva muito o preço final do concreto. Assim, a
produção na obra necessita de mais operários que o usinado. Com isso, leva-se
maior tempo para a produção e lançamento do concreto que, consequentemente,
torna o custo maior.
Um fator que atualmente ainda é observado é de empregadores não
registrarem seus funcionários segundo a legislação vigente, no intuito de economizar
nos encargos sociais e direitos trabalhistas. Tal pratica realmente diminui o custo
total do serviço, fazendo com que o concreto virado na obra torne-se
economicamente viável. Porém a não observância no cumprimento dos deveres
legais de empregador pode, eventualmente, gerar multas e prejuízos financeiros
ainda maiores (MATTOS, 2010).
Outro fator que interfere diretamente no custo são os métodos de lançamento.
O concreto virado na obra tem um rendimento de aproximadamente 6h/m³, ao passo
que, para este mesmo volume, o usinado é lançado na estrutura em bem menos
tempo. Neste quesito, o concreto usinado possui maior velocidade de concretagem,
e, consequentemente, menor gasto com mão-de-obra.
Nesta análise, percebe-se que o concreto usinado possui um menor custo. Dessa
forma, seria mais favorável financeiramente comparado ao concreto feito na obra.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O concreto usinado destaca-se, principalmente, na produção e concretagem
de grandes volumes e na rapidez da execução do serviço. Além disso, como se
observou, pode apresentar menor custo. Esses fatores tornam o concreto usinado
mais vantajoso em relação ao produzido na obra para a cidade de Raul Soares. Os
resultados obtidos levam a observar que o concreto usinado atinge maiores
resistências devido ao seu controle tecnológico, além do menor desperdício por
contar com alto nível de dosagem dos materiais.
A comparação destes dois métodos de produção torna-se importante para o
conhecimento profissional, uma vez que é necessário compreender acerca das
opções disponíveis para otimizar uma obra, sobretudo no campo econômico e
técnico.
O concreto produzido de forma manual ou usinado é o principal material
utilizado na construção, vindo ocasionar resultados diferentes quanto a sua
resistência e custo em suas diversas aplicações (RIBEIRO et al., 2002).
Ainda muito notório grandes construtores deixarem de lado o fato da
assinatura da carteira do trabalhador, visando evitar possíveis encargos trabalhistas,
esquecendo de antemão que, caso ocorra uma fiscalização, poderia ocasionar um
transtorno no andamento da obra.
Visando quantidade de mão-de-obra, o número de funcionários necessários
para o bombeamento do concreto é bem menor que a quantidade de funcionário
necessária para a concretagem em obra.
O uso de concreto usinado apresentou custo satisfatório em comparação ao
concreto produzido no canteiro de obras. Apresentou algumas vantagens como, por
exemplo, o fato de ser produzido com equipamentos especializados, ficando
evidente, assim, que o concreto usinado sobressaiu tanto na qualidade final quanto
no custo. O presente trabalho configura uma quebra de paradigma da construção
civil ao revelar a viabilidade, sobretudo econômica, do concreto produzido em
centrais. Além das vantagens citadas, ele permite atender aos cronogramas de
execução das edificações, concluindo, assim, o planejamento do Engenheiro Civil.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ALLAN, Edward, IANO, Joseph. Fundamentos da Engenharia de Edificações – Materiais e Métodos. 5.ed. Porto Alegre: BOOKMAN, 2013.
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MALHOTRA, N. Pesquisa de marketing. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
MARCONI, M. A. e LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2011.
MASCOLO, Rafael. Concreto Usinado: Análise da variação da resistência à compressão e de propriedades físicas ao longo da descarga do caminhão betoneira. 2012. 130 f. Tese (mestrado em engenharia civil) – Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.
MATTOS, Aldo Dórea. Planejamento e controle de obras. São Paulo. Pini, 2010.
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, Paulo J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. 1. ed. São Paulo: IBRACON, 2008.
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REGATTIERI, Carlos Eduardo Xavier; MARANHÂO, Flávio Leal. Concreto: ciência e tecnologia. São Paulo: IBRACON. 2011. v. 1.
RIBEIRO, Carmen Couto; PINTO, Joana Darc da Silva; STARLING, Tadeu. Materiais de construção civil. Editora UFMG; Escola de Engenharia da UFMG, 2002. 102p.
SINDUSCON – custo unitário básico. Disponível em: http://www.sinduscon-mg.org.br/wp-content/uploads/2016/11/aac487118adb8016d7e9a0692360d6cb-1.pdf. Acesso em: 02.out.2018.
TCPO – Tabela de Composição de Preços para Orçamentos. 13ª ed. São Paulo: PINI, 2010.
THOMAZ, Ercio. Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção. 1.ed. São Paulo: PINI, 2001.
ANEXO 1
ANEXO 2
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA IMPLANTAÇÃO DE LOTEAMENTOS
Acadêmicos: Adonias Gomes Ricardo e Everaldo Julio Vieira
Orientador: Marcos Paulo de Oliveira
RESUMO
Atualmente o crescimento desordenado das cidades juntamente com diversas ações antrópicas têm fortes influências negativas sobre o meio ambiente. Devido a todos estes reflexos negativos existe hoje uma grande necessidade de realizar as Avaliações de Impacto Ambiental, pois permitem prevenir e elaborar medidas mitigadoras para os diversos tipos de impactos ambientais existentes. Este trabalho tem como objetivo realizar uma AIA (Avaliação de Impactos Ambientais) para 3 loteamentos situados na cidade de Matipó-MG. Esta avaliação foi feita com base na metodologia denominada de checkliste também classificou os impactos ambientais de todos os loteamentos segundo o potencial de dano oferecido ao meio ambiente. Além disso, foram feitas análises de declividade dos loteamentos objetivando encontrar possíveis relações entre a declividade e processos erosivos, verificou-se também, se estes loteamentos interagem ou não com Áreas de Preservação Permanente, existentes nas proximidades. Concluiu-se que todos os loteamentos apresentam impactos ambientais negativos significativos para o meio ambiente, apenas um deles se encontra em uma Área de Preservação Permanentee que todos apresentam alguma forma de processo erosivo instalado. PALAVRAS-CHAVE: Loteamentos Urbanos; Avaliação de Impacto Ambiental;
Degradação Ambiental em Áreas Urbanas.
1. INTRODUÇÃO
O crescimento populacional acelerado das cidades é uma das principais
causadoras de alterações ambientais nos dias de hoje, sendo considerada uma das
principais causas da degradação ambiental, principalmente quando se diz a respeito
da implantação de loteamentos (CARRIJO; BACCARO, 2000).
Conforme Pohlens (2016) desde os tempos antigos, a ocupação no território
brasileiro tem como característica a ausência de planejamento, acarretando a
degradação dos recursos naturais. Por essa razão, é importante conhecer como se
ordenam os conflitos referentes ao processo de ocupação irregular das áreas de
preservação permanente, propondo uma meditação acerca dos problemas
ambientais que contornam a proteção desse recurso natural.
A propriedade privada é um bem de difícil acesso à maior parte da população.
Dessa maneira a falta de condições financeiras para pagar aluguéis ou aquisição de
imóveis, expulsam essas pessoas para lugares densamente ocupados, sem as
mínimas condições de habitação, colocando em risco a sua saúde e de seus
familiares (GALVAN, C. T, G, 2007).
Outro problema é que ao procurar outras alternativas de moradia, muitas
pessoas acabam invadindo APP’s (Áreas de Preservação Permanentes). Um dos
principais objetivos destas APP’s é proteger o solo visando a proteção do mesmo
contra possíveis impactos ambientais negativos associados a uso e ocupação
inadequada de todos de morro e encostas, uma ocupação inadequada vai
claramente contra essa proposta(GALVAN, C. T, G, 2007).
Essas ocupações podem trazer riscos sérios, principalmente quando
localizadas a margem de rios ou em terrenos de grande inclinação. A remoção da
mata ciliar favorece o assoreamento e o aumento do escoamento superficial,
consequentemente a intensificação de efeitos erosivos. Quanto a ocupação de
taludes com grande declividade, esta, pode ocasionar a desestabilização dos
maciços de solo, além de severas erosões (GALVAN, C. T, G, 2007).
Tendo em mente os diversos problemas ocasionados pela ocupação
inadequada do solo, este trabalho tem como objetivo apresentar dados sobre os
diversos impactos ambientais gerados pela ocupação irregular de áreas de proteção
ambiental e os impactos ambientais causados pelo crescimento desordenado de
áreas que, mesmo estando fora de áreas de preservação permanente - APP, ainda
sim causam efeitos maléficos à saúde das pessoas e ao meio ambiente.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Segundo Corrêa (1996) o Brasil possui umas das melhores e mais completas
legislações ambientais do mundo, são cerca de 9 leis principais que, em teoria,
deveriam garantir a preservação das grandes riquezas naturais encontradas no país.
Fazem parte desta legislação ambiental as seguintes leis:
Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – Número 6.938 de 17/01/1981.
Lei de Crimes Ambientais – Número 9.605 de 12/02/1998.
Lei de Recursos Hídricos – Número 9.433 de 08/01/1997.
Novo Código Florestal Brasileiro – Número 12.651 de 25/05/2012.
Lei do Parcelamento do Solo Urbano – Número 6.766 de 19/12/1979.
Lei da Exploração Mineral – Número 7.805 de 18/07/1989.
Lei da Ação Civil Pública – Número 7.347 de 24/07/1985.
Lei da Política Nacional dos Resíduos Sólidos – Número 12.305 de
02/08/2010.
Estatuto das Cidades– Número 10.257 de 10/07/2001.
Além da criação de leis, outras medidas são necessárias para garantir a
preservação ambiental, é preciso que o governo se proponha a identificar e analisar
ações que conduzam o meio ambiente ao desequilíbrio, para este fim, foi criado o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Este importante órgão tem como
principal finalidade propor ao governo estratégias e regulamentos tanto para a
exploração quanto para a proteção do meio ambiente (CUNHA, 2013).
Em Minas Gerais, assim como nos demais estados existe um órgão
denominado Conselho estadual de política ambiental - Copam, cujo o objetivo é
argumentar sobre as diretrizes e políticas estudais adotadas e estabelecer diversas
normas e regulamentos, assim como técnicas e padrões a serem seguidos com
objetivo de preservar o meio ambiente e os recursos naturais (CUNHA, 2013).
Atualmente o Copam tem como principal responsabilidade conduzir a
elaboração de normas relacionadas a diversos tipos de licenciamento ambiental e
fornecer autorizações para intervenções no meio ambiente, inclusive as relacionadas
ao estabelecimento de empreendimentos e as atividades realizadas por estes. Um
grande exemplo da delimitação que este órgão governamental proporciona é a
deliberação Normativa COPAM nº 156, de 11 de agosto de 2010, cujo o objetivo é
descrever o procedimento para realizar a intervenção ambiental em relação a
vegetação em lotes (CARNEIRO, 2011).
Outra norma extremamente importante e recente é a deliberação normativa COPAM
n° 217, de 06 de dezembro de 2017 que trata a respeito de critérios de classificação
das atividades segundo seu porte e potencial de impactar o meio ambiente. Está
deliberação normativa inclui também as definições quanto ao licenciamento
ambiental de empreendimentos e quaisquer meios utilizadores de recursos naturais
(COPAM, 2017).
2.2 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS
Algumas situações são descritas constantemente como aspetos ambientais,
entre elas temos: Produção de efluentes líquidos, emissão de poluentes, produção
de ruídos ou vibrações e resíduos sólidos. Podemos argumentar que, a produção de
ruídos não é o objetivo real de um empreendimento mas este aspecto está
diretamente ligado ao processo produtivo de um empreendimento, logo, podemos
concluir que aspectos ambientais são os elementos de um processo produtivo com
capacidade de interagir com o meio ambiente (SÁNCHEZ, 2008). É possível
classificar os aspectos ambientais em diretos ou indiretos. Em relação aos aspectos
ambientais diretos se relacionam com os produtos e serviços sobre os quais uma
instituição tem controle, entretanto, quando não se trata de instituições industriais
geralmente o foco é a respeito dos aspectos ambientais indiretos, por exemplo, o
gerenciamento de resíduos individuais gerados por funcionários de terceiros
contratados para realizar alguma tarefa (BOCHNER, 2004).
Ao analisar um empreendimento é comum aparecerem diversos aspectos
ambientais, assim deve-se definir se os aspectos encontrados são ou não
relevantes.Os aspectos significativos são o foco de qualquer instituição que busque
elaborar um Plano de Gestão Ambiental. Os critérios para a delimitação dos
aspectos mais relevantes variam de acordo com a instituição analisada, porém, é
possível listar 4 critérios de extrema influência (BOCHNER, 2004):
Potencial para gerar danos ambientais;
Proporção deste aspecto e a frequência com que ocorre;
A importância do aspecto identificado para a organização analisada;
As determinações da legislação;
Observando agora os impactos ambientais, Silva (1999) diz que é
considerado impacto ambiental qualquer alteração, tanto benéfica como adversa,
causadas por atividades naturais como (vulcões, tsunamis, enchentes, terremotos,
etc.) como também ações antrópicas como a poluição causada em cursos d’água
pelo lançamento de efluentes, desmatamento, poluição do ar, etc.Já o artigo 1° da
Resolução n° 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) define
impacto ambiental como:
[...] Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: A saúde, a segurança e o bem-estar da população; As atividades sociais e econômicas; A biota; As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; A qualidade dos recursos ambientais.
Dessa maneira percebe-se que a legislação deixa claro a limitação da
atuação do homem como meio gerador dos impactos, a fim de garantir que essas
ações possam ser fiscalizadas, evitando problemas de interpretação das ações
antrópicas e de origem natural.
2.3 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
Durante muito tempo as questões ambientais eram deixadas de lado, não
sendo motivo de preocupação da população em geral. Para atender as
necessidades da população e das grandes empresas, o desmatamento avançou
destruindo grandes faixas de florestas (destruindo a fauna e a flora) para produção
de insumos. Essas questões ambientais só passaram a ser motivo de preocupação
para a sociedade, a partir do momento em que começaram a perceber os problemas
causados pela degradação ambiental ocorrida (TAKEDA, 2001).
A partir da percepção dos efeitos desses impactos, observou-se uma atenção
maior dos governos em relação a fatores ambientais e, a partir de 1970, as questões
ambientais passaram a ser de conhecimento público. A partir desse momento a
sociedade passou a ter uma preocupação maior com o meio ambiente, com habitats
naturais, com a diminuição da degradação ambiental e a recuperação das áreas
degradadas (TAKEDA, 2001).
No final dos anos 60 surgiu nos Estados Unidos da América, por influência de
movimentos ambientalistas, uma lei federal com nome“NationalEnvironmental
PolicyofAct” - NEPA. Esse instrumento legal tinha a função de ordenar os objetivos
principais da política ambiental norte americana, observando os seguintes pontos:
identificação de impactos ambientais, os efeitos negativos da proposta, as
alternativas de ação em relação a utilização dos recursos a curto prazo e a
manutenção ou até mesmo a melhoria de seu padrão ao longo do tempo (SILVA,
1999).
Adotada por vários países, esse documento consiste em uma política nacional
ambiental que tem como instrumento a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA).
Exigida inicialmente apenas para ações no âmbito do governo federal americano, a
AIA avançou também para as tomadas de decisões, programas, licenças,
autorizações e empréstimos. Com a realização da conferência das Nações Unidas,
em Estocolmo no ano de 1972, a percepção da problemática ambiental passou a ter
maior atenção, devido aos requisitos estabelecidos na AIA (Avaliação de Impactos
Ambientais) para a concessão de empréstimos internacionais (ADREAZZI, 1990).
Por fim a AIA (Avaliação de Impactos Ambientais), foi introduzida inicialmente no
Brasil a partir de 1980 em decorrência da lei federal n°6803/1980. Essa lei abordava
a delimitação e a autorização para a implantação de zonas de uso estritamente
industrial. A sua adoção exigia que fossem realizados estudos específicos, dentre
esses, a avaliação de impactos ambientais (ROCHA, 2005).
2.4 LOTEAMENTOS E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS
Um lote pode ser definido como uma parte do solo delimitada para a
execução de uma edificação, também pode ser definido como uma parcela do solo
que tenha comunicação com uma via pública. Este parcelamento do solo realizado
em meios urbanos visa dividir o solo de forma que cada lote possua independência
jurídica. Dessa maneira, classifica-se como loteamento a abertura de lotes no solo
onde se faça necessária a criação de novas vias públicas de acesso (OLIVEIRA,
2017).
O parcelamento urbano do solo no registro imobiliário consiste:
[...] Na subdivisão de gleba, situada em zonas determinadas do território municipal urbano, em lotes destinados à edificação. Sendo que o parcelamento compreende dois tipos: Loteamento - tem necessidade de
abertura, modificação ou ampliação de logradouros públicos na área; Desmembramento - aproveita o sistema viário existente (BRASIL, 1979).
Segundo Barros (2003), o principal fator da degradação ambiental é o
crescimento da população, isso porque atividades humanas podem provocar
problemas no funcionamento do ambiente natural e muitas vezes consomem e
esgotam todo tipo de recursos.
Desde o início de seu desenvolvimento o Brasil apresentou indícios de um
crescimento desordenado, esse crescimento contribuiu e muito para a degradação
dos recursos naturais. Este processo caótico de urbanização se deu, pois a
urbanização desenfreada não foi acompanhada de um planejamento capaz de suprir
suas necessidades (SMOLKA, 2003).
Como uma alternativa para melhorar esta ocupação descontrolada do
território nacional, no ano de 1979 o governo federal criou a lei 6766/79 que fora
denominada Lei do Parcelamento do Solo. Esta lei foi elaborada com
direcionamento para a divisão do solo urbano relacionado a moradias, lazer,
comércio, indústrias e instituições que possuam infraestrutura urbana. Entretanto,
essa legislação não foi eficaz por muito tempo, principalmente no que se refere ao
meio ambiente, e logo precisou ser alterada através da lei 9785/99. Esta alteração
tinha o objetivo estimular o crescimento ordenado e debates acerca dos problemas
encontrados nas questões referentes a parcelamentos do solo, no entanto, é
possível observar, mesmo nos dias atuais, que o governo não obteve sucesso em
controlar esse tipo de atividade (SMOLKA, 2003).
Segundo Pinto (2013) os principais impactos causados pela implantação de
loteamentos são:
Alteração do clima local;
Interferência no efeito dos ventos;
Alteração das superfícies de absorção e condutibilidade térmica;
Aumento do escoamento superficial.
Enchentes e secas mais frequentes;
Deposição de sedimentos no solo;
Assoreamento;
Interferências negativas em ecossistemas locais;
Erosão.
Vale salientar que a implantação de loteamentos sem controle adequado
causam ainda mais danos, interferindo tanto no meio ambiente quanto na vida das
pessoas, prejudicando questões como o conforto e salubridade. Além disso, podem
também interferir na funcionalidade e na estética de uma cidade (SMOLKA, 2003).
2.5 PRINCIPAIS FERRAMENTAS UTILIZADAS NA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS
AMBIENTAIS
A avaliação de impactos ambientais é um dos componentes mais difíceis de
se executar com plenitude e talvez um dos menos compreendidos entre todas as
etapas de um processo de gestão ambiental e isso se deve, em grande parte, ao
seu caráter subjetivo. A forma mais eficiente de lidar com esta subjetividade é utilizar
algumas das técnicas desenvolvidas para o tratamento de dados. Com objetivo criar
uma análise clara e com a menor subjetividade possível sugiram os check list’s e as
matrizes de interação (OLIVEIRA e MOURA, 2009).
As principais ferramentas para avaliação de impactos ambientais utilizadas na
atualidade são: checklist, diagrama de Ishikawa, 5w2h, Matriz de Leopold e Matriz
GUT. A lista de verificação, conhecida como checklist, é uma sequência de itens
definida com antecedência com objetivo de verificar as condições de um programa
ou tarefa, este método facilita a identificação de problemas e uma posterior solução
(OLIVEIRA e MOURA, 2009).
Os diagramas de causa e efeito (diagramas de Ishikawa) também chamados
em alguns lugares de “espinha de peixe” tem como foco a identificação de
problemas ou falhas, analisando todas as partes constituintes de processo.
Resumidamente busca identificar e eliminar as causas de um problema (OLIVEIRA e
MOURA, 2009).
Quanto ao método 5w2h é um tipo de checklist específico para atividades
selecionadas e que precisam ser elaboradas com grande clareza e objetividade
pelos integrantes de uma determinada empresa. Este método funciona como um
mapeamento de tudo que é analisado onde se estabelece o que será feito, quem
fará, em qual período de tempo, enfim, todos os detalhes, sendo muito utilizado para
fins de administração (OLIVEIRA e MOURA, 2009).
Com relação a matriz GUT é utilizada principalmente para a priorização da
solução de problemas, por isso, também é chamada de matriz de prioridades. De
forma clara quando se tem vários problemas onde são necessárias intervenções a
matriz GUT permite que seja identificado a ordem na qual estes devem ser
resolvidos (OLIVEIRA e MOURA, 2009).
Por fim, temos a Matriz de Leopold que é uma matriz de duas dimensões que
objetiva relacionar um projeto aos diversos fatores ambientais relevantes. A matriz
original criada por Leopold em 1971 continha 100 colunas onde estão situadas as
ações e 88 linhas relacionadas aos fatores ambientais, isso significa que a matriz
proposta pro Leopold possui 8800 interações disponíveis. Devido ao grande número
de combinações acabou se tornando um processo complexo e difícil de ser
trabalhado, nos dias atuais, muitos buscam simplificar e adaptar a tabela de acordo
com o objetivo (OLIVEIRA e MOURA, 2009).
2.6 ÁREA DE PROTEÇÃO PERMANENTE (APP)
Com o crescimento populacional, passou-se a ter uma necessidade crescente
de produzir alimentos em quantidades cada vez maiores, em virtude disso a
sociedade promoveu grandes mudanças nomeio ambiente. A expressão “área de
proteção permanente” é utilizada há muito tempo e o seu uso é justificado, pois é um
ambiente onde a vegetação nativa deve estar presente. No entanto uma APP
também está ligada ao solo, não somente a vegetação ali presente, pois tanto a
vegetação quanto o solo são considerados partes das áreas de proteção
permanente, pela função protetora que essa área exerce os corpos hídricos
(MACHADO 2009, p. 737).
Podemos chamar de Área de Preservação Permanente - APP uma
determinada área, que pode ou não possuir vegetação, mas que deve ser
preservada conforme alei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, visando a proteção de
recursos naturais contidos no local, como: recursos hídricos, paisagens, diversidade
biológica e geológica] (COUTINHO, 2013).
O principal objetivo de uma APP é proteger os solos e principalmente as matas
ciliares. De acordo com o Código Florestal, Lei nº12.651/12:
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - (...). II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
Essas áreas protegidas por lei recebem um sistema rígido de proteção,
apenas órgãos ambientais podem criar exceções quanto à utilização de uma APP,
para isso, os órgãos competentes devem comprovar necessidade de utilização
pública, interesse social ou individual cabível em lei ou identificar que a possível
atividade a ser realizada proporciona baixo impacto ambiental. (ARAÚJO, 2002).
2.7 CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO ESTUDADO
O município de Matipó está localizado no interior de Minas Gerais e possui
população estimada de 18808 habitantes, sendo que no último senso realizado em
2010 possuía 17639 habitantes. A média salarial dos trabalhadores formais do
município é de 1.6 salários mínimos, entretanto, a proporção de pessoas ocupadas
em relação a população total do município é de 9,5% (IBGE, 2010).
Quanto a educação, o município de Matipó-MG, no senso mais recente
realizado em 2015, ocupa a posição 417 dos 853 municípios avaliados em Minas
Gerais, a taxa de escolarização entre pessoas de 6 a 14 anos é de
aproximadamente 97,7% e a avaliação das escolas públicas realizada pelo IDEB
indicam que nos anos finais a nota média de todos os acadêmicos é de 4.2 (IBGE,
2015).
Com relação a saúde, a taxa de mortalidade infantil no município é de cerca
de 15.38 para 1000 mil pessoas nascidas com vida. Comparando a saúde do
município com os demais estados, o município de Matipó-MG ocupa a posição 273
de 853 (IBGE, 2014).
A cidade e o município de Matipó apresentam alguns problemas no quesito
ambiental, somente cerca de 70,7% das residências possuem esgotamento sanitário
adequado e apenas 25,9% possuem presença de fatores urbanos adequados
(presença de bueiros, calçadas, pavimentação e meio-fio). Em uma comparação
estadual ocupa a posição de 346 de 853 (IBGE, 2010).
3. METODOLOGIA
A presente pesquisa é de caráter investigativo, qualitativo e quantitativo tem
como objetivo identificar os impactos ambientais provenientes da implantação de
loteamentos nos arredores da cidade de Matipó-MG.
O método quantitativo busca, por meio de uma avaliação numérica, analisar o
comportamento ou os resultados de uma determinada pesquisa. Por outro lado a
pesquisa qualitativa é apropriada para avaliação formativa e também para melhorar
a efetividade de um programa ou plano. Pode ser usada, ainda, para a proposição
de planos, ou seja, quando se trata de selecionar as metas de um programa e
construir uma intervenção.Entretanto não é adequada para avaliar resultados de
programas ou planos (ROESCH, 2005).
O município de Matipó-MG tem área territorial aproximada de 266,990 km² (IBGE,
2017). Com auxílio do programa Google Maps Pro foi possível identificar que este
município se encontra entre as coordenadas de latitude e longitude representadas
pelos seguintes pontos,ver Tabela 01:
Tabela 1: Coordenadas de latitude e longitude dos pontos que delimitam o município de Matipó-MG (Datum: WGS84; Zona 23S).
Ponto Latitude Longitude
P1 -20.403970 -42.365700
P2 -20.206007 -42.315244.
P3 -20.348903 -42.414439
P4 -20.295683 -42.200927
Fonte: Google Maps ( 2018).
As áreas estudadas pertencem a zona urbana da cidade de Matipó - MG,
localizada na zona da mata mineira que se encontra a uma altitude de 615 m e está
situada na coordenada 20°17'02"S e 42°20'28"W (IBGE).
Foram realizadas visitas de campo a 3 loteamentos localizados na periferia da
cidade, com objetivo de identificar aspectos ambientais e identificar e avaliar
potenciais impactos ambientais de áreas ainda não povoadas. Para fins de
organização os loteamentos foram nomeados de L1, L2 e L3. Ver Figura 01.
Figura 1: Representação gráfica dos loteamentos onde a avaliação de impactos ambientais foi
realizada. Data da Imagem:09/04/2017. Fonte: Adaptado, Google Earth Pro (2018).
Seguindo a metodologia de CARVALHO (1998), este trabalho foi dividido em
4 etapas principais para realização da Avaliação de Impactos Ambientais. Estas
etapas foram necessárias para que a análise tenha relevância e possa ser
considerada eficiente. Além destas etapas foi realizada uma avaliação da
declividade de cada loteamento, com auxílio de dados fornecidos pelo software
Google Earth Pro.
Etapa 1: Identificação dos aspectos ambientais por atividade, produto ou serviço (ou
grupos ou famílias destes).
Os dados nesta etapa foram obtidos por meio da observação em campo. Este
trabalho considerou como atividades impactantes todas as ações desenvolvidas e
necessárias a instalação do empreendimento (loteamento). Além disso, os aspectos
ambientais identificados ao longo do processo foram relativos a problemas
produzidos por influência de todo o processo de implantação do mesmo(SILVA,
2001).
Etapa 2: Identificação dos impactos ambientais.
Os impactos ambientais foram identificados através de uma listagem de
controle (check list), que consiste em uma listagem simples de indicadores. Além
disso este método propõe observação e a listagem das consequências dos impactos
ambientais. Após a identificação dos impactos (realizada de forma individual para
cada loteamento) estes, foram relacionados aos aspectos ambientais identificados.
Etapa 3: Atribuição da significância do aspecto em função da avaliação do(s)
impacto(s) associado(s).
Para determinar a siginificância do impacto ambiental negativo em
relação ao aspecto ambietal foram atribuidos índices a cada impacto
individualmente, sendo que, quanto maior o índice maior o risco ao meio ambiente,
conforme apresentado na Tabela 02.
Tabela 2: Atribuição de índices aos impactos em relação aos aspectos.
Gravidade do Impacto Índice
Dificilmente causará danos significativos ao meio ambiente. 1 Impacto baixo ou muito baixo ao meio ambiente. 2 Prejuízo moderado ao meio ambiente. 3 Sérios prejuízos ao meio ambiente. 4 Prejuízos gravíssimos ou irreparáveis e ao meio ambiente. 5
Fonte: Adaptado, Vanderbrande (1998).
Critérios para a classificação dos impactos:
Dificilmente causará danos ao meio ambiente (1) – Serão incluídos nesta
categoria impactos totalmente reversíveis de forma quase imediata e de risco
baixíssimo ao meio em que se localiza.
Impacto baixo ou muito baixo ao meio ambiente (2) – São todos os impactos
ambientais reversíveis a curto prazo e restritos ao local de ocorrência.
Prejuízo moderado ao meio ambiente (3): Impacto de magnitude considerável
mas que ainda pode ser revertido por meio de ações mitigadores.
Sérios prejuízos ao meio ambiente (4): Impacto que pode ou não ser
irreversível, porém, (só atinge a área onde foi gerado), pode ser amenizado.
Prejuízos irreparáveis e gravíssimos ao meio ambiente (5): Impactos que
podem ser ou não irreparáveis e que afetam o meio ambiente em larga escala
(dentro ou nas proximidades da área específica onde foi gerado).
Etapa 4: Elaboraçãoe Proposição das medidas de controle
Uma vez identificados e classificados os impactos ambientais foram
identificadas as Áreas de Proteção Permanente afetadas e sugeridas propostas de
intervenção visando controlar a ação destes impactos.
Ao final das 4 etapas os dados foram organizados em tabelas abrangendo os
3 loteamentos
Este trabalho buscou analisar os impactos ambientais negativos, pois os
impactos ambientais positivos, caso sejam identificados, serão listados na
classificação, porém, não serão tratados nas demais tabelas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 DELIMITAÇÃO DAS APP’S
Segundo a lei Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012 que compõe o novo
Código Florestal Brasileiro é possível determinar se um local será considerado APP
(Área de Preservação Ambiental) através da largura do rio, conforme a Tabela 03.
Tabela 03: Deterinação de uma app pela largura do Rio.
Largura do Rio (m) Comprimento da APP (m)
Até 10 30 10 a 50 50
50 a 200 100 200 a 600 200
Maior que 600 500
Fonte: Adaptado, lei Nº 12.651, (2012).
Com auxílio da ferramenta “Medir” presente no Google Earth Pro foi possível
medir o perímetro e calcular a área dos loteamentos L1, L2 e L3. Foram delimitadas
apenas as APP’s necessárias para demonstrar se o loteamento possui APP dentro
de seus limites. O loteamento denominado L1, foi o primeiro a ser analisado. Este
loteamento possui área aproximada de 23.305 m² e um perímetro com cerca de
0,804 km.
Ainda com o auxílio do Google Earth foi possível concluir que a menor
distância entre o loteamento L1 e o rio Matipó é de aproximadamente 108 metros e
que a largura do rio nas proximidades varia de 5 a 10 metros, sendo assim, a largura
da APP neste local seria de 30 metros de largura, em síntese, isso significa que a
área do loteamento L1 se encontra fora da APP referente ao rio existente nas
proximidades do loteamento,ver Figura 02.
Figura 02: Localização da APP do trecho do rio Matipó em relação ao loteamento L1.
Fonte: Adaptado, Google Earth Pro (2018).
Quanto ao loteamento L2 e também utilizando a ferramenta “medir” do Google
Earth foi possível verificar que este loteamento possui 1.203 metros de perímetro e
área aproximada de 57.322 m². Além disso, a largura máxima do rio Matipó nesta
área é de 45 metros e a distância da margem do rio até a área do loteamento neste
ponto de largura máxima é de aproximadamente 90 metros. Apesar da considerável
distância entre o loteamento e o rio Matipó neste ponto, essa distância não se
mantem ao longo de todo o curso que envolve o loteamento, fazendo com que em
alguns pontos ele ocupe locais que são por lei Áreas de Preservação Ambiental. A
figura 03 apresenta uma representação destas áreas.
Figura 03: Localização da APP do trecho do rio Matipó em relação ao loteamento L2. As áreas em
vermelho vibrante representam partes da APP invadidas pelo loteamento. Fonte: Adaptado, Google Earth Pro (2018).
Analisando o Loteamento L3 ainda com auxílio do Google Earth Pro, foi
possível verificar que sua área é de aproximadamente 141.245m² e seu perímetro é
de aproximadamente 1.593m. Além disso, a menor distância do loteamento L3 até a
margem do rio é de 250 metros e neste ponto a rio possui 14 metros de largura, ou
seja, a área de APP neste caso seria de 50 metros, logo o loteamento se encontra
fora da área de APP,conforme apresentado na figura 04.
Figura 04: Localização da APP do trecho do rio Matipó em relação ao loteamento L3. Fonte: Adaptado, Google Earth Pro (2018).
4.2 ANÁLISE DO LOTEAMENTO L1
A forma do talude no qual se encontra o loteamento L1 é um dos principais
agravantes de seus riscos ambientais, pois, este é bastante íngreme. É possível
identificar pelo Google Earth Pro que sua altitude vária entre 629 a 660 metros
acima do nível do mar. Estes aclives e declives propiciam o surgimento de elevados
índices de escoamento superficial o que, associado a remoção de vegetação, pode
ocasionar um desgaste da superfície do solo, denominado de erosão (Júnior e Cruz,
2008).
Buscando mensurar a real inclinação do loteamento L1 foi traçada no Google
Earth Pro uma linha com 165 metros de comprimento passando pelos seus
principais pontos de variação de inclinação. Estes pontos foram identificados com o
auxílio de curvas de nível obtidas no software Global Mapper 16 e com base em
observações feitas em campo, além disso, a linha sempre é iniciada na parte mais
baixa do trecho analisado.Ver Figuras 05 e 06.
Figura 05: Curvas de nível dos loteamentos avaliados.
Fonte: Global Mapper 16 (2018).
Figura 06: Linha utilizada para produção do perfil de inclinação do loteamento L1.
Fonte: Google Earth Pro (2018).
A linha traçada foi produzida com base nas curvas de nível e com as
informações obtidas em campo, sendo traçada no sentido principal do loteamento,
desta forma, o software Google Earth Pro pode relacionar a altitude do loteamento
ao nível do mar com diversos pontos do comprimento da linha traçada. O resultado é
que aos 60,1 metros de comprimento da linha foi encontrada a inclinação máxima de
58,8%. Ver figura 07.
Figura 07: Representação gráfica do perfil de inclinação do loteamento L1.
Fonte: Adaptado, Google Earth Pro (2018).
A coloração do solo é uma das características mais fáceis de serem
observadas e pode ser usada para ressaltar as características de um talude. O solo
encontrado no loteamento possui coloração amarelado/avermelhado. Tons de
amarelo e vermelho geralmente estão presentes em solos que possuem boa
condição de drenagem natural, porém, não necessariamente são solos secos. O tom
amarelado/avermelhado também está ligado a presença de ferro no solo
(WOOODS, 2009), ver figura 08.
O escoamento superficial na área do loteamento L1 é suficientemente alto
para transportar parcelas de solo. Isso se deve principalmente a 3 fatores: a
remoção da cobertura vegetal da área, a impermeabilização do solo pela instalação
de vias públicas e ao elevado grau de inclinação presente no loteamento. Este
transporte de partículas contribui para uma queda na fertilidade do solo e
consequentemente instalação de processos erosivos(BERTOL,2007), conforme
apresentado nas figuras 08 e 09.
Figura 08: Processo de erosão do solo presente no loteamento L1.
Fonte: Autores (2018).
Figura 09: A ausência de aparelhos de drenagem atuando como facilitador da ação do escoamento
superficial no transporte de partículas de solo. Ver solo depositado na parte inferior da imagem. Fonte: Autores (2018).
Antes da implantação do loteamento o terreno comportava vegetação
predominantemente de gramínea, assim como em seus arredores. Após a
implantação, parte dessa vegetação foi removida, o que expos a camada menos
resistente do solo a, por exemplo, fenômenos erosivos (BERTOL,2007). A alteração
de uso do solo ao longo do tempo de construção do loteamento L1 pode ser
observada nas figuras 10, 11, 12, 13 e 14.
Figura 10: Imagem de satélite fotografada em 08/05/2014. Terreno antes da implantação do
loteamento L1. Fonte: Google Earth Pro (2014)
Figura 12: Imagem de satélite fotografada em
10/05/2016. Terreno após uma segunda execução de serviços relacionados a corte e
aterro. Fonte: Google Earth Pro (2016)
Figura 11: Imagem de satélite fotografada em
15/04/2016. Terreno após o início da implantação do loteamento L1. Fonte: Google Earth Pro (2014)
Figura 13: Imagem de satélite fotografada em
09/04/2017. Terreno após a execução de pavimentação por blocos intertravados em
algumas de suas vias. Fonte: Google Earth Pro (2017)
Figura 14: Atual situação do terreno em que se localiza o loteamento L1, fotografia data de
13/10/2018. Fonte: Autores (2018).
Pode ser observado que após a implantação do loteamento L1 ocorreu uma possível
intensificação dos processos erosivos no local devido à perda de parte da
vegetação, que atuava na proteção deste maciço de solo,e ocorrência com o
escoamento superficial.Durante o processo de implantação do loteamento L1 muitos
outros impactos podem ter sido produzidos. A análise completa dos impactos
ambientais pode ser observada na Tabela 04.
Tabela 04: Análise e Avaliação dos Impactos Ambientais presentes no loteamento L1.
4.3 ANÁLISE DO LOTEAMENTO L2
Assim como no loteamento L1, com auxílio das curvas de nível expressas
graficamente na Figura 5 e com observações feitas em campo, foi determinada a
linha de avaliação da declividade do loteamento L2, esta linha segue no loteamento
da parte mais baixa até a principal via de acesso, pois é neste sentido que o
escoamento superficial tende a afetar de forma mais séria o loteamento, o
comprimento da linha analisada é de 199 metros. Ver Figura 15.
Figura 15: Linha utilizada para produção do perfil de inclinação do loteamento L2.
Fonte: Google Earth Pro (2018).
Com a utilização desta da linha de avaliação da declividade foi possível gerar o
seguinte perfil de inclinação do terreno:
Figura 16:Perfil de inclinação do loteamento L2.
Fonte: Google Earh Pro (2018).
Com as informações descritas nas figuras 15 e 16 é possível identificar que a
altitude do loteamento L2 é varia entre 600m e 628m metros acima do nível do mar,
além disso, este loteamento apresentouuma inclinação máxima de35,3%.
Durante o processo de implantação do loteamento L2 ocorreu a remoção de
boa parte de sua vegetação, o que deixou o solo bastante vulnerável a efeitos
erosivos. Além disso, sua inclinação apesar de não ser extrema é alta o suficiente
para interferir no escoamento superficial, ampliando a degradação do solo. Ver
Figura 17.
Figura 17: Trecho do loteamento L2 com solo exposto pela falta de vegetação.
Fonte: Autores (2018).
Segundo Muehe (2006) a erosão pode ser influenciada pela ação dos ventos,
chuvas e dos mais diversos aspectos do clima, além disso, um processo erosivo
pode ocorrer de forma natural (Erosão geológica) ou de forma acelerada (com uma
possível interferência do homem).Foi possível identificar no loteamento L2 a
instalação de um processo erosivo acelerado, onde existe desgaste do solo, o
transporte de suas partículas pela água e a deposição destes sedimentos em áreas
mais baixas, como apresentado na Figura 18.
Figura 18: Trecho do loteamento L2 degradado por processos erosivos.
Fonte: Autores (2018).
Foi possível identificar com visitas de campo que o loteamento L2 não possui
nenhum tipo de pavimentação ou sistema de drenagem. A ausência de sistemas de
drenagem pode acarretar na desestabilização dos taludes construídos nas
operações de corte e aterro durante a implantação do loteamento.
Segundo Bertol (2007), a drenagem é, na grande maioria das vezes, a
intervenção mais importante na estabilização de um talude, pois, a absorção de
água pelo solo pode reduzir sua resistência, com isso, é certo dizer que uma
estrutura de estabilização de taludes não têm eficiência plena sem a utilização de
alguma forma de drenagem. O desbarrancamento é causado por falta de coesão
dos materiais que compõe o solo -a argila é uma material que possui coesão
bastante elevada, o silte possui coesão um pouco menor e a areia quase não possui
nenhuma coesão. Mesmo um talude formado de argila de boa qualidade pode sofrer
deformação e degradação caso exposto constantemente as intempéries, pois, uma
sequência de períodos de chuva seguidos de períodos de estiagem faz com que a
argila perca sua coesão (AUGUSTO E VIRGILE, 1998). A medida que a coesão
diminui aparecem trincas no talude que vão aumentando em tamanho e em número
até que este desestabilize, o que geralmente ocorre em períodos chuvosos.Alguns
taludes encontrados no loteamento L2 apresentam sinais de ruptura por
desbarrancamento,ver figuras 19 e 20.
Figura 19:Rachaduras aparentes em taludes do loteamento L2.
Fonte: Autores (2018).
Figura 20: Rachaduras aparentes em taludes do loteamento L2.
Fonte: Autores (2018).
Como pode ser observado na delimitação das APP’s (Figura 03)o loteamento
L2 invade Áreas de Preservação Permanente referentes ao rio Matipó. Uma das
principais funções de uma APP é proteger corpos de água no sentido de prevenir
enchentes, poluição e o assoreamento dos rios (CORRÊA, 1996).
O assoreamento é um processo que ocorre quando existe uma grande
deposição de sedimentos no leito de um rio. Este processo tende a ocorrer
naturalmente, porém, também é extremamente intensificado por ações antrópicas,
principalmente a remoção da vegetação presente nas margens dos rios (MORAIS,
1972).
O processo de assoreamento de um rio se dá da seguinte forma: com a
ocorrência de chuvas o solo desprotegido tem sua camada superficial removida e
então é transportada, se acumulando nas partes mais baixas. Quando não existe
vegetação suficiente para conter esta ação, os sedimentos são transportados até o
rio, causando o assoreamento de seu curso (MORAIS, 1972).
O loteamento L2 interfere claramente neste processo, segundo dados
levantados pelo Google Earth Pro, contribuindo para o assoreamento do rio Matipó,
uma vez que, ao invadir Áreas de Preservação Permanente se aproxima mais do
que o permitido do leito do rio, removendo a vegetação local para implantação do
loteamento. Ver Figura 21.
Figura 21:Extrema proximidade entre as áreas ocupadas pelo Loteamento L2 e Rio Matipó.
Fonte: Autores (2018).
Quanto a vegetação presente antes da implantação do loteamento, pode-se
observar a predominância de gramíneas associadas com algumas árvores
espaçadas.As mudanças físicas ocorridas no loteamento ao longo do tempo de
implantação podem ser vistas nas Figuras 22,23,24, 25 e 26.
Figura 22: Imagem de satélite fotografada em 22/05/2001. Terreno antes da implantação do
loteamento L2. Fonte: Google Earth Pro (2018).
Figura 24: Imagem de satélite fotografada em
15/04/2016. Terreno após uma segunda execução de serviços relacionados a corte e
aterro Fonte: Google Earth Pro (2018).
Figura 23: Imagem de satélite fotografada em
31/07/2013. Terreno após o início da implantação do loteamento L2.
Fonte: Google Earth Pro (2018).
Figura 25: Imagem de satélite fotografada em 09/04/2017. Terreno meses após a finalização
de obras de corte e aterro. Fonte: Google Earth Pro (2018).
Figura 26: Representação da atual situação do loteamento L2. Foto tirada em 13/10/2018.
Fonte: Autores (2018).
Os demais impactos ambientais identificados no loteamento L2, bem como a
análise completa dos dados obtidos, estão dispostos na Tabela 05.
Tabela 05 Análise e Avaliação dos Impactos Ambientais presentes no loteamento L2.
4.4 ANÁLISE DO LOTEAMENTO L3
A declividade no loteamento L3 também foi analisada no programa Google
Earth Pro com auxílio de uma linha de avaliação da declividade que foi traçada
levando em consideração as curvas de nível exibidas na Figura 05 e observação
feita em campo, sendo traçada no mesmo sentido das principais vias deste
loteamento. A linha utilizada possui 293 metros de comprimento. A inclinação em
máxima encontrada foi de 32,5%. Ver figuras 27 e 28.
Figura 27: Linha utilizada para produção do perfil de inclinação do loteamento L3.
Fonte: Google Earth Pro (2018)
Figura 28:Perfil de inclinação do loteamento L3.
Fonte: Adaptado, Google Earh Pro (2018)
A altitude do loteamento L3 varia bastante, principalmente devido a sua
extensão relativamente grande, além disso, possui inclinações relativamente
acentuadas. Foi possível encontrar no Google Earth uma altitude mínima de 643m e
a máxima é de 709m acima do nível do mar.
A elevada inclinação apresentada pelo loteamento L3 reforça a ideia de que
com a retirada da vegetação do local o solo possa apresentar erosões, devido às
chuvas, uma vez que, um solo desprotegido exposto a intempéries tem sua
superfície desgastada com muita facilidade(MUEHE, 2006).
No loteamento L3 existe uma presença muito grande de gramíneas que
atuam como proteção do solo, nesse sentido, não foram encontradas erosões nas
áreas destinadas a construção de casas. Entretanto, este loteamento não possui
nenhum sistema de drenagem que, segundo (MUEHE, 2006), é um dos principais
métodos de prevenção da erosão em meios urbanos. Também não possui nenhum
tipo de pavimentação, logo, quando chove o escoamento da água no loteamento é
concentrado em suas vias provocando grande desgaste do solo, que passa a
apresentar erosão. Outra desvantagem deste processo erosivo associado a falta de
drenagem e de pavimentação é que a lama arrastada pelo escoamento superficial
se acomoda nas ruas mais baixas,ver Figura 29.
Figura 29: Rua do loteamento L3 degrada pela erosão.
Fonte: Autores (2018)
Além disso, devido ao seu porte e sua proximidade com moradias já
existentes, os impactos relacionados e emissão de material particulado (poeiras em
geral) e poluição sonora, devido a utilização de maquinário, se tornam bastante
relevantes. O alto nível de decibéis caracteriza a poluição sonora e pode prejudicar a
saúde física e mental das pessoas nas proximidades. Já a emissão de material
particulado pode provocar irritações e agravar problemas respiratórios (MACHADO,
2004). As figuras 30, 31, 32, 33 e 34 permitem visualizar as alterações da superfície
do solo na área do loteamento ao longo do tempo.
Figura 30: Imagem de satélite fotografada em 22/05/2001. Terreno antes da implantação do
loteamento L3. Fonte: Google Earth Pro (2018)
Figura 32: Imagem de satélite fotografada em
31/07/2013. Terreno após a segunda operação de corte e aterro e construção das primeiras
moradias. Fonte: Google Earth Pro (2018)
Figura 31: Imagem de satélite fotografada em
27/09/2011. Terreno após as primeiras operações de corte e aterro.
Fonte: Google Earth Pro (2018)
Figura 33: Imagem de satélite fotografada em 09/04/2017. Terreno após a terceira operação
de corte e aterro. Fonte: Google Earth Pro (2018)
Figura 34: Loteamento L3 em 13/10/2018.
Fonte Autores (2018)
Os demais impactos e aspectos ambientais, assim como a atribuição de
índices estão expostos e medidas mitigadoras estão descritos na Tabela 6.
Tabela 06 Análise e Avaliação dos Impactos Ambientais presentes no loteamento L3.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível com esta pesquisa identificar impactos possíveis impactos
ambientais decorrentes da implantação dos loteamentos avaliados e posteriormente
classifica-los, deixando claro a grande gama de efeitos negativos que as ações
antrópicas podem causar.
Os principais impactos estão claramente ligados a remoção de cobertura
vegetal e compactação do solo uma vez que estes causam problemas graves com a
erosão e o deslizamento de taludes.
É importante salientar que pelos possíveis impactos observados e
identificados ao longo do trabalho atividades de construção civil executadas em
áreas de APP, além de um atividade ilegal, podem causar impactos ambientais de
alta agressividade.
Contudo é preciso observar a importância dos cuidados com o meio
ambiente, bem como implantar com eficiência as medidas mitigadoras ao se
construirum loteamento. Se faz necessário também a estimulação e a criação de
projetos que ajudem e conscientizem a sociedade como um todo a respeito da
importância do meio ambiente e de como evoluir como sociedade preservando o
mesmo.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AVALIAÇÃO DO ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS DESTINADOS À FABRICAÇÃO DE CONCRETO EM OBRAS DA CIDADE DE
MATIPÓ-MG
Acadêmicos: Alex Junio Alves de Oliveira e João Marcos Santos Ribeiro
Orientador: Marcos Paulo de Oliveira
RESUMO
O correto armazenamento dos agregados e do cimento Portland é basicamente um conjunto de ações que tem como finalidade assegurar a qualidade do concreto utilizado na obra. São muitas as variáveis que influenciam na qualidade final do concreto, desde o armazenamento dos agregados até o tempo de cura. O controle desses fatores é importante, pois permite prevenir, de forma adequada, possíveis patologias. Adotando medidas preventivas e o correto armazenamento de materiais como um fator indispensável nas obras de engenharia civil, este trabalho tem como finalidade verificar as condições de armazenagem dos agregados e aglutinantes utilizados na produção do concreto em algumas obras localizadas na cidade de Matipó – MG. Pela aplicação de questionários, foi possível identificar diversos problemas na armazenagem. Este estudo possibilitou a identificação de falhas de armazenamento recorrentes na maioria das obras avaliadas.
PALAVRAS-CHAVE: concreto, armazenamento, controle de qualidade.
1 INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil brasileira está passando por um período difícil
na economia nacional, amargando sua 27ª queda consecutiva nos últimos 4 anos
(SEBRAE, 2018). Na atual conjuntura, além das pressões do mercado imobiliário
causadas pela grande concorrência, os curtos prazos para execução dos
empreendimentos vêm causando bastante preocupação em relação à gestão dos
materiais e sua rentabilidade.
Grandes avanços tecnológicos na construção civil ocorreram ao longo da
história, porém mesmo com o grande movimento provocado pela revolução
industrial, a industrialização na construção civil ainda não alcançou um nível
significativo. Apesar de surgir uma variedade imensa de materiais como, por
exemplo, os advindos do petróleo, os materiais de relevância na criação do espaço
em uma edificação continuam sendo: concreto, aço, madeira, tijolo e pedra (COLIN,
2000).
O efeito positivo que o concreto proporcionou para a sociedade moderna é
notório, sendo utilizadas em grandes obras como edifícios, pontes, estradas,
estruturas de drenagem e casas, devido a sua forte resistência à compressão.
Constituído de uma mistura de areia, rocha, água e aglomerante cimento Portland,
além de uma série de possibilidades de aditivos que podem ser incorporados, o
concreto é um dos materiais mais utilizados na construção civil, perdendo somente
para a água, que é o mais utilizado (MEHTA & MONTEIRO, 1994).
Atualmente, a Engenharia Civil tem se caracterizado por uma grande
preocupação com a qualidade e a durabilidade das edificações e obras em geral. O
sucesso de um projeto de Engenharia Civil é fruto da união entre a qualidade e a
segurança da estrutura. A preocupação do emprego de um bom controle não deve
se restringir apenas à qualidade dos materiais, mas também a qualidade da
execução durante todo o processo construtivo até a sua conclusão, tendo em vista a
quantidade de pessoas que estarão expostas aos problemas da edificação (ADES,
2015).
Devido ao aprimoramento do aglomerante cimento Portland, várias
propriedades do concreto foram melhoradas, tais como: resistência à compressão,
resistência à tração, plasticidade, módulo de elasticidade, consistência,
permeabilidade ao ar e à água, etc. Com o passar do tempo, essas características
tornaram-se fundamentais na elaboração dos projetos estruturais e na forma como
as obras são conduzidas e executadas, o que possibilitou uma enorme evolução nos
sistemas construtivos (BAUER, 1994).
Com tudo, mesmo com a grande melhora tecnológica do cimento Portland, o
concreto precisa de alguns cuidados em relação aos outros materiais que o
compõem. Sendo formado, basicamente, por cimento, areia, rocha e água, a
qualidade e o adequado armazenamento desses materiais estão diretamente ligados
à confiabilidade estrutural de elementos compostos pelo concreto (SANTIAGO,
2011).
Alguns cuidados devem ser tomados com esses materiais ao serem levados
às obras. Faz-se necessário criar ambientes adequados para seu armazenamento,
chamados de canteiro de obras (considerando o terreno limpo) e este deve ser
preparado de maneira a atender a todas as necessidades da obra. (AZEREDO,
1997).
A armazenagem incorreta dos agregados e aglutinantes que compõe o
concreto pode expor estes componentes a fatores que prejudiquem sua qualidade e
desempenho. O cimento é vulnerável à interferência de umidade. Esse contato pode
causar o empedramento dos seus grãos, já a areia e a brita devem ser armazenadas
de forma a impedir que entrem em contato com impurezas, evitar a absorção de
excesso de umidade e a água utilizada deve ser potável (FORTES, 1996).
Diante da importância do adequado armazenamento dos agregados, água e
cimento, esse trabalho tem como objetivo verificar as condições de armazenagem
dos agregados, água e aglutinantes utilizados na produção de concreto em algumas
obras localizadas na cidade de Matipó – MG, identificando possíveis não
conformidades com base nas normas de construção aplicáveis.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 OS PRIMÓRDIOS DO CIMENTO
Durante quase todo século XIX, os métodos construtivos mais comumente
utilizados eram baseados em estruturas de madeira e alvenaria. O concreto, como
conhecemos hoje, é um material de construção relativamente novo. Com o passar
do tempo, a utilização da madeira na construção civil começou a apresentar
problemas relacionados à combustão e durabilidade das obras (algumas cidades
sofreram incêndios de grandes proporções). Sendo assim, as obras de grande
importância passaram a ser executadas em alvenaria de pedra ou algum tipo de
tijolo (CARVALHO, 2008).
A primeira forma de cimento foi descoberta em Roma — capital do império
romano — que chegou a ter mais de 1 milhão de habitantes. Logo, possuir uma
técnica de construção civil eficiente era uma necessidade. Os romanos já tinham o
conhecimento da cal desde tempos antigos (600 a.C), porém o grande marco na
engenharia romana, que possibilitou a melhoria da infraestrutura, foi a descoberta do
material conhecido como pozolana, que é formado principalmente por uma cinza
que, quando misturada à argamassa de cal, produzia um material bastante
semelhante ao cimento atual (CARVALHO, 2008).
Apesar de o concreto simples ter sido magnificamente aplicado em centenas
de quilômetros de rodovias e pavimentos do império romano como na Via Apia,
existente até hoje nos arredores de Roma, seu uso mais espetacular foi na cúpula
de maior vão livre da antiguidade, o Panteão de Roma, com 44 metros de luz, cujo
vão livre somente foi superado em 1912, na cobertura de um centro de exposições
na Alemanha (FORTES, 1996). O cimento inventado por eles era usado,
principalmente, como aglomerante para argamassas estanques, impermeáveis e
também para obter um material de resistência mais elevada, o concreto.
Evidentemente, o concreto utilizado por eles tem pouco em comum com o concreto
atual, entretanto, sua importância no desenvolvimento da engenharia foi gigantesco
(CARVALHO, 2008).
Todavia, o concreto como o conhecemos só veio a ser desenvolvido e
pesquisado no século XIX. O concreto pode receber nomes distintos, dependendo
do projeto: quando armado com ferragens passivas, recebe o nome de concreto
armado e, quando for armado com ferragens ativas, recebe o nome de concreto
protendido. Existem vários tipos de concretos especiais, como o concreto auto
adensável, concreto leve, concreto pós-reativo, concreto translúcido, concreto
colorido, concreto com fibras, concreto leve polimerizado que são utilizados de
acordo com as necessidades especificas de cada projeto (KAEFER, 1998, p.32).
2.2 O SURGIMENTO DO CIMENTO ATUAL
O cimento Portland foi inventado por Joseph Aspdin em 1824. Ele
queimou uma mistura de calcário e argila, moídos e muito bem misturados. O
material era exposto a altas temperaturas, com o objetivo de realizar a retirada do
gás carbônico. Após isso, o material resultante era novamente moído. Esse material
foi chamado de cimento Portland em homenagem às grandes jazidas de rocha para
construção existente na cidade de Portland (KAEFER, 1998, p.21).
Juntamente com a água, o cimento Portland forma uma pasta mais ou menos
fluída, dependendo do percentual de água adicionado. Essa pasta distribui seus
agregados com diversas dimensões para produzir um material que, nas primeiras
horas, apresenta-se em um estado moldável em variadas formas geométrica. Com o
tempo, a mistura endurece pela reação irreversível da água com o cimento,
adquirindo resistência mecânica capaz de torná-lo um material de excelente
desempenho estrutural (VARELA & VIEIRA, 2005).
A definição atual de cimento não poderia ser aplicada ao que foi descoberto
por Aspdin, pois o cimento Portland dos dias atuais é feito a partir da queima em
temperaturas muito mais elevadas, até a fusão do material. Além disso, possui uma
mistura definida de rocha calcária e argila finamente moída, resultando no clínquer
(KAEFER, 1998, p. 21).
Em 18 78, Joseph Monier desenvolveu sua patente de cimento. Logo após,
passou-se a usar rocha e areia limpas, sem materiais orgânicos e sem grãos que
esfarelam quando apertados entre os dedos, além de água limpa, para fazer o
concreto. O engenheiro alemão Gustav Adolf Wayss, percebendo o potencial que
esse material apresentava no campo estrutural, comprou a patente de Monier e, logo
após, desenvolveu o uso do concreto armado como conhecemos (HELENE;
ANDRADE, 2007, pg.9).
2.3 CONCRETO: DEFINIÇÃO E PREPARO
Com o passar dos anos os materiais foram se modernizando. Nas civilizações
primitivas, o homem utilizava o material primitivo da natureza. Com o passar do
tempo, a técnica foi se atualizando até que eram utilizados basicamente barro e
madeira. Os metais eram pouco utilizados e assim permaneceu até o surgimento do
concreto. Depois, com o aperfeiçoamento, para se vencer grandes vãos, surgiu o
concreto armado para que, por meio de estudos, fosse criado o concreto protendido,
afirma BAUER (1994 p.2).
A figura 1 apresenta o concreto produzido com o cimento Portland sendo
utilizado em obra.
Figura 1: Exemplo de concreto preparado com cimento Portland. Fonte: cimento.org, novembro de 2018.
O concreto, segundo a NBR 12655 (ABNT, 2015), é definido como sendo uma
mistura homogenia composta por agregados graúdos, miúdos e água, podendo
conter ou não aditivos, pigmentos, sílica e outros materiais de origem pozolânica. De
forma simples, o concreto é o resultado da mistura de cimento, água, pedra e areia,
sendo que o cimento, ao ser hidratado pela água, forma uma pasta resistente e
aderente aos agregados (pedra e areia), formando uma unidade.
Um ponto muito importante a ser levado em consideração é o cuidado que se
deve ter com a qualidade e a quantidade de água utilizada, pois ela é a responsável
por ativar a reação química que transforma o cimento em uma pasta
aglomerante. Se sua quantidade for muito pequena, a reação não ocorrerá por
completo e se for superior a ideal, a resistência diminuirá em função dos poros que
ocorrerão quando este excesso evaporar (VARELA; VIEIRA, 2005).
A relação entre o peso da água e do cimento utilizados na dosagem é
conhecida por fator água/cimento (a/c) e deve ser equilibrada para obter uma boa
concretagem. O concreto por sua vez, deve ter uma boa distribuição granulométrica,
a fim de preencher todos os vazios, pois a porosidade tem influência na
permeabilidade e na resistência das estruturas de concreto (BARROS; MELHADO,
1998, p.19).
Segundo a ABNT NBR 7211 (2009, p.4), os agregados utilizados na
produção de concreto devem ser:
... compostos por grãos de minerais duros, compactos, estáveis, duráveis e limpos, e não devem conter substâncias de natureza e em quantidade que possam afetar a hidratação e o endurecimento do cimento, a proteção da armadura contra a corrosão, a durabilidade ou, quando for requerido, o aspecto visual externo do concreto.
A Tabela 01 apresenta a definição dos agregados utilizados na produção de
concreto segundo a NBR 7211/2009.
Tabela 1: Definição dos agregados do Concreto segundo NBR 7211/2009.
Agregados do Concreto Definição
Agregado Miúdo Agregados cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de150 µm.
Agregado Graúdo
Agregados cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha de 4,75 mm.
Fonte: Adaptado NBR 7211/2009, (ABNT, 2009)
A proporção entre todos os materiais que fazem parte do concreto é também
conhecida por dosagem ou traço, sendo possível obter concretos com
características especiais, ao acrescentarmos à mistura, aditivos, isopor, pigmentos,
fibras ou outros tipos de adições. Cada material a ser utilizado na dosagem deve ser
analisado previamente em laboratório (utilizando normas como a NBR 7217 -
Agregados - Determinação da composição granulométrica, NBR NM 52 Agregado
miúdo - Determinação da massa específica e massa específica aparente, NRB NM
53 Agregado graúdo – Determinação de massa específica, massa específica
aparente e absorção de água, etc.), a fim de verificar a qualidade e para se obter os
dados necessários à elaboração do traço (massa específica, granulometria, etc.)
(SANTIAGO, 2011).
A NBR 12654 (ABNT, 2000) estabelece procedimentos para realização do
controle tecnológico dos materiais empregados na produção do concreto. Segundo
essa norma, deve-se elaborar um programa de controle tecnológico, levando em
consideração o grau de responsabilidade da estrutura, as condições de
agressividade existentes no local da obra e o conhecimento prévio das
características dos materiais disponíveis para a execução, além de outras condições
estabelecidas pelos tecnologistas.
Outra norma brasileira de grande importância é a NBR 12655 (ABNT, 2015)
que trata do preparo, controle e recebimento do concreto. Essa norma estabelece
responsabilidades para a produção do concreto e critérios gerais para recebimento,
estocagem e produção. Define também cálculo da resistência de dosagem e
resistência característica à compressão máxima a ser adotada no projeto, em função
das condições de preparo do concreto.
Barros e Melhado (1998) estabelecem especificações para o concreto que
está exposto a ambientes sulfatados e percentuais máximos de contaminação com
cloretos, a partir da contaminação individual dos seus componentes e em função do
tipo de concreto (armado ou protendido), bem como da agressividade do meio. Os
autores determinam, ainda, critérios para aceitação do concreto, definindo
parâmetros para amostragem e análise estatística para aprovação dos lotes.
Além de todos os cuidados com a armazenagem dos agregados do cimento e
com a qualidade da água, ao tratarmos do concreto feito em obras, devem ser
seguidas algumas orientações. Segundo Helene (1997) deve-se observar o
seguinte:
A betoneira utilizada na preparação do concreto deve estar livre de
impurezas e garantir que o concreto adquira homogeneidade e
adequada consistência, uma vez que não deve ficar retido na betoneira
um volume maior do que 2% do concreto produzido, uma retenção
mais elevada pode indicar problemas com o concreto ou com a
betoneira.
Para preparar o concreto, primeiramente, deve-se colocar o agregado
graúdo. Logo em seguida, adicionar metade da água e misturar por 1
minuto. Após isso devem ser adicionados o cimento, a areia e o
restante da água. O tempo mínimo previsto para a mistura estacionária
na betoneira é de 60 segundos. Além disso, este tempo deve ser
aumentado em 15 segundos para cada metro cúbico de capacidade
nominal da betoneira.
Nas figuras 2 e 3 é possível observar agregados que possuem impurezas,
comprometendo a qualidade final do concreto.
Figura 2: Exemplo de agregado impuro. Fonte: Revista Mercado e Construção, agosto de 2011
Figura 3: Exemplo de agregado impuro. Fonte: Revista Mercado e Construção, agosto de 2011
Quando bem executado, o concreto tem boa resistência à compressão, na
ordem de 200Kgf/cm2 (20MPa) a 500Kgf/cm2 (50MPa). Porém, o concreto tem
pequena resistência à tração, da ordem de 10% de resistência à compressão.
Quando o concreto não é bem executado, a retração do mesmo pode provocar
fissuras que eliminam a resistência à tração do concreto, antes mesmo de sofrer
qualquer solicitação.
2.4 ARMAZENAMENTOS DOS COMPONENTES DO CONCRETO
Hoje o concreto é, sem sombra de dúvida, o material estrutural mais utilizado
na construção civil brasileira, podendo ser moldado no local ou comprado de
empresas. A qualidade desse material está diretamente ligada à qualidade de seus
agregados e das proporções dos mesmos. Logo, é necessário um cuidado rigoroso
não apenas no preparo, para garantir a qualidade do concreto, mas também o
cuidado com o armazenamento e a procedência dos seus agregados (BARROS;
MELHADO, 1998, p.19). Na figura 4, é possível observar um exemplo de materiais
armazenados de forma inadequada.
Figura 4: Materiais armazenados inadequadamente. Fonte: Cimento.org, novembro de 2018.
O concreto naturalmente sofre deformações quando exposto a um
carregamento mecânico. Essa deformação depende das características dos
materiais que compõe o concreto e da coesão entre eles. Assim, no caso de não
utilizar materiais que foram corretamente armazenados e de qualidade na obra,
essas deformações podem se tornar patologias graves, causando grandes danos a
estabilidade da estrutura (ADES, 2015).
Para Skoyles & Skoyles (1987), a direção do canteiro de obras deve definir
claramente as responsabilidades de manuseio, armazenagem, proteção e compra
para que ocorra a diminuição dos índices de perdas de materiais, bem como evitar
sua contaminação.
2.4.1 Armazenamento da água e sua importância
A água deve ser adicionada ao cimento para permitir que ocorram reações
químicas denominadas reações de hidratação. Essas reações permitem que o
concreto adquira a resistência e durabilidade desejadas. Além disso, a água confere
ao concreto a trabalhabilidade necessária para sua aplicação. Para evitar
problemas, devido à presença de impurezas na água, é indicado que se utilize água
potável na confecção do concreto (GONÇALVES, 2015).
A água possui uma gigantesca influência no concreto, podendo deixá-lo seco
ou fluído. Caso o concreto fique muito seco, pode ocorrer a segregação —
principalmente pela grande dificuldade em moldá-lo — entretanto, um concreto com
excesso de fluidez, compromete a resistência do mesmo. Logo, é necessário um
controle rigoroso da quantidade de água contida nos agregados para assegurar
equilíbrio entre estes aspectos (ADES, 2015).
De acordo com Cimento.org (2010) a água é um componente essencial para
a produção do concreto, sendo ela responsável pelas reações de endurecimento e
no processo de cura, chegando a compor cerca de 20% do seu volume. A queda de
resistência, a alteração do tempo de pega, a ocorrência de eflorescência, o
aparecimento de manchas e a corrosão da armadura são os efeitos adversos
citados como os mais significativos relacionados a sua armazenagem inadequada.
Portanto, para um mesmo grau de hidratação, a melhoria das características
mecânicas da pasta e a redução de sua porosidade estão diretamente relacionadas
à redução da relação água/cimento.
De modo geral, toda água potável pode ser utilizada para fabricação de
concreto. A contaminação com matérias orgânicas prejudica a durabilidade da
estrutura, resultando no aparecimento de manchas e até fissuras. Dessa maneira,
açúcar dissolvido ou sulfato (sais de enxofre) não são indicados para a fabricação do
concreto. A água utilizada para abastecimento público pode ser perfeitamente
utilizada, mas deverá passar por ensaios de qualidade como aborda a NBR 15900
(ABNT, 2009) (ADES, 2015).
A figura 5 apresenta o correto modo de armazenamento da água, e a forma
como deve ser adicionada à betoneira.
Figura 5: Esquema de armazenamento correto de água e forma correta de adição de água na betoneira.
Fonte: Revista Mercado e Construção, agosto de 2011.
Na figura 6, é possível observar o armazenamento inadequado de água na
construção civil, podendo comprometer o processo de endurecimento e resistência
do concreto. Segundo a NBR 12655/2015, a água deve ser armazenada em caixas
d’água, toneis ou tambores, desde que estejam limpos.
Figura 6: Exemplo de armazenamento inadequado de água. Fonte: Cimento.org, novembro de 2018.
Segundo Souza e Ripper (1998) a água utilizada deverá ser potável (caso não
seja, não deverá apresentar sabor ou cheiro), não apresentando qualquer tipo de
matéria em suspensão, impurezas químicas (cloretos e sulfatos) e resíduos
industriais, especialmente os hidratos de carbono que, mesmo em pequenas
quantidades, podem retardar bastante e até mesmo impedir a pega do concreto. A
presença de matérias suspensas ou dissolvidas irá causar alterações nas
propriedades do concreto, como manchas e fissuras, além de comprometer sua
funcionalidade estrutural. Dessa forma, poderá acarretar o impedimento da
cristalização dos produtos da reação do cimento com a água, e consequentemente a
perda de coesão do concreto. Segundo Gonçalves (2015), as partículas dissolvidas
poderão apresentar três cenários:
A presença de íons que combinados com o cálcio do cimento,
retardarão ou até mesmo irão impedir a pega e o endurecimento do
concreto, como no caso das águas magnesianas;
A presença de íons álcalis ou sulfatos, que podem exercer sua ação
sobre o cimento ou agregados, levando a reações expansivas;
A presença de íons capazes de promover a corrosão das armaduras,
tais como cloretos, sul fetos, amônio e nitratos.
Segundo Bonin et al. (1993), a precisão dos cálculos da relação água/cimento
é feita por meio do estudo de dosagem, que precisa analisar o objetivo daquele
concreto. De modo geral, os valores são obtidos com auxílio da seguinte equação:
Quanto menor o valor da relação A/C, maior a resistência do concreto,
menor sua permeabilidade e maior a durabilidade e a qualidade.
Segundo Ribeiro (2002) mesmo que a água chegue potável a obra, deve-se
conservá-la de maneira correta. O recipiente utilizado para transportá-la e
armazená-la deve ser capaz de evitar a contaminação da água por óleos, sais, e
todo tipo de matéria orgânica, evitando, assim, desperdício e possíveis perdas,
garantindo a manutenção da qualidade do insumo.
2.4.2 Armazenamento dos agregados graúdo e miúdo e sua importância
As propriedades físicas e químicas dos agregados e das misturas ligantes
são essenciais para a vida das estruturas. São inúmeros os exemplos de falência de
estruturas em que é possível chegar à conclusão que a causa foi a seleção e o uso
inadequado dos agregados (VALVERDE, 2001).
De modo geral, os agregados são considerados inertes, no entanto, possuem
características físicas e químicas que intervém no comportamento do concreto.
Decorrente disso, só deve ser utilizados quando isentos de substâncias nocivas
(torrões de argila, materiais que contenham carbono, material pulverulento e
impurezas orgânicas), tendo grãos resistentes e, de preferência arredondados, pois
a forma dos grãos facilita o adensamento do concreto. Outro fator importante é o
teor de umidade dos agregados, pois a quantidade de água presente nos agregados
pode alterar consideravelmente a relação água/cimento (SOUZA; RIPPER, 1998).1 A
tabela 02 relaciona algumas das características dos agregados às principais
propriedades do concreto, segundo Ribeiro (2002) e a NBR12655 (ABNT, 2015).
O agregado miúdo é aquele que, como areia de origem natural, possui grãos
que ficam retido entre as peneiras ABNT 4,8mm e ABNT 0,075 mm. Devem possuir
tamanho granulométrico heterogêneo (respeitando o intervalo granulométrico das
1 O teor de umidade é um valor percentual relacionado à massa de água contida na areia e que o possível
inchamento se refere ao volume acrescido na areia por causa dessa mesma água.
peneiras citadas), além de boa distribuição dos grãos (BONIN et al., 1993, apud
GARCIA, 2017). De acordo com Souza e Ripper (1998), os agregados miúdos não
devem conter limo e outras matérias orgânicas, assim como siltes e argilas que
diminuem a aderência da pasta de cimento ou prejudicam o endurecimento do
concreto.
Tabela 2: Propriedades do Concreto influenciadas pelas Características do Agregado, segundo Ribeiro (2002).
Propriedades do Concreto Características relevantes do agregado
Resistência Mecânica Resistência mecânica, Textura superficial, Limpeza, Forma
dos grãos, Dimensão máxima
Retração Módulo de elasticidade, Forma dos grãos, Textura
superficial, Limpeza, Dimensão máxima
Massa Unitária Massa específica, Forma dos grãos, Granulometria,
Dimensão máxima
Resistência à derrapagem Tendência ao polimento
Economia Forma dos grãos, Granulometria, Dimensão máxima,
Beneficiamento requerido, Disponibilidade
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
A armazenagem dos agregados graúdos e miúdos deve ser realizada
utilizando-se baias para sua organização, evitando o contato entre as pilhas de areia
e brita e, também, o contato destas com o solo. Para os casos em que os agregados
fiquem expostos ao clima, faz-se necessário recobri-los de alguma forma, evitando
que absorvam umidade e que seja feita uma base cimentada ou de outro material
que evite a contaminação dos agregados pelo solo ou substâncias e materiais
presentes nele (BONIN et al., 1993, apud GARCIA, 2017). A figura 7 apresenta uma
situação de armazenamento inadequado de agregados.
Figura 7: Armazenamento inadequado de agregados. Fonte: Revista Mercado e Construção, agosto de 2011.
Segundo a NBR 12655/2015, durante o processo de recebimento e
armazenamento dos agregados miúdos, a areia deve ser guardada em baias
drenadas, para evitar que as parcelas dos grãos finos sejam carregadas (BONIN et
al., 1993, apud GARCIA, 2017), como apresentado na figura 8.
Figura 8: Esquema de armazenamento correto de agregados. Fonte: Revista online Mercado e Construção, agosto de 2011.
Segundo Varela & Vieira (2005), os produtores de agregados para uso em
construção civil devem dar atenção especial ao controle de qualidade dos
agregados, sendo necessário propriedades que:
garantam à construção cumprir a função desejada durante um período
projetado. Exemplo: um pavimento precisa funcionar como um sistema
de suporte para uma carga de tráfego solicitada, oferecendo as
condições necessárias para garantir sustentação e fluxo para uma
operação segura, econômica e confortável dos veículos;
permitam aos agregados serem manipulados e manuseados
satisfatoriamente durante a construção;
A falta de um armazenamento de agregados, de forma eficiente, do ponto de
vista da qualidade do concreto, abre a porta para inúmeros fatores que podem tornar
o concreto inadequado para a função que desempenha, podendo adquirir patologias
como: trinca, fissuras, falta de consistência, segregação e deformações excessivas
(ADES, 2015).
2.4.3 Armazenamento do cimento Portland e sua importância
O cimento é responsável pela união dos demais componentes do concreto.
Toda a resistência do concreto é basicamente determinada pela relação
água/cimento. Caso os sacos de cimento sejam armazenados incorretamente, a
resistência final do concreto pode ser prejudicada, pois, quando o cimento é exposto
à umidade, seus grãos podem sofrer empedramento ou endurecimento,
comprometendo sua utilidade como aglutinante (VARELA; VIEIRA, 2005).
Para Yazigi (2004), o armazenamento dos sacos de cimento pode ser feito
por cerca de 3 meses. Porém, é necessário que o local seja coberto e livre de fontes
de umidades. O cimento Portland exige o máximo de cuidado em seu
armazenamento. Os sacos de papel não garantem a impermeabilização necessária,
razão pela qual não se deve armazená-lo por muito tempo. Para armazenagem por
curto espaço de tempo, pode-se cobrir as pilhas de sacos de cimento com lona,
sendo as pilhas colocadas sobre um estrado (tablado) de madeira covenientemente
elevados do solo.
Segundo Garcia (2017) e com base nas orientações da NBR 12655/2015,
para garantir uma conservação adequada do cimento, a melhor forma de
armazenamento do cimento nas obras é seguindo as seguintes recomendações:
Afastamento mínimo das paredes: 30 centímetros;
Armazenado sobre tablado de madeira;
Empilhamento máximo de 10 unidades.
Nas regiões de clima frio, a temperatura ambiente pode ser tão baixa que
ocasionará um retardamento do início de pega. Para que isso não ocorra, convém
estocar o cimento em locais protegidos de temperaturas abaixo de 12ºC (YAZIGI,
2004).
A figura 9 mostra o armazenamento correto de cimento Portland.
Figura 9: Registro fotográfico de armazenamento correto de cimento Portland. Fonte: Revista online Mercado e Construção, Agosto de 2011.
Tomados todos os cuidados para estocagem adequada do cimento, de
maneira que prolongue sua vida útil, ainda sim, é possível que alguns sacos de
cimento venham ser inutilizados, em algumas situações, o empedramento pode ser
apenas superficial. Se esses sacos forem tombados sobre uma superfície dura e os
torrões de cimento de desfazerem ou se for possível esfarelar os torrões neles
contidos entre os dedos, estes ainda se prestarão ao uso normal (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2004). No caso de empedramento, o
cimento Portland pode ser usado como resíduo de construção civil no assentamento
de blocos com areia reciclada ou agregado reciclado em calçada, pois se insere na
Classe A de resíduos reaproveitáveis conforme resolução CONAMA (CONSELHO
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE) nº 307/2002 (BESCOROVAINE, 2016).
3 METODOLOGIA
A abordagem utilizada nesta pesquisa é tanto qualitativa quanto quantitativa.
Segundo Gonsalves (2011) uma pesquisa quantitativa busca obter e apresentar
dados de maneira objetiva, exibindo resultados de forma numérica, já a pesquisa
qualitativa se preocupa, principalmente, com as respostas não objetivas. Neste
trabalho, foi utilizado um questionário como forma de aquisição de informações.
Para tanto, é composto por questões de múltipla escolha e discursivas,
demonstrando aspectos quantitativos e qualitativos.
As informações utilizadas neste trabalho foram obtidas por meio da aplicação
de um questionário. Amaro, Póvoa e Macedo (2011, p.3) afirmam que:
Um questionário é um instrumento de investigação que visa recolher informações baseando-se, geralmente, na inquisição de um grupo representativo da população em estudo. Para tal, coloca-se uma série de questões que abrangem um tema de interesse para os investigadores, não havendo interação direta entre estes e os inquiridos.
Assim os quesitos que compõem o questionário foram formulados com base
nas normas ABNT NBR 12655:2015 Concreto de cimento Portland — Preparo,
controle, recebimento e aceitação — Procedimento e também na ABNT NBR
7211:2009 Agregados para concreto — Especificação. Dessa maneira, pretende-se
identificar possíveis falhas na organização dos materiais utilizados para a fabricação
do concreto nos depósitos de canteiros de obra.
Durante os trabalhos de campo, foi possível averiguar as condições de
armazenamento dos agregados nas obras avaliadas identificar que eles se
encontravam livres de impurezas. Os canteiros de obras foram registrados por meio
de fotos para análise posterior, além de estudo empírico realizado no local.
Em cada obra, seguiu-se uma lista de verificações e lugares que foram
checados, analisados e registrados, estes foram a armazenagem de cada um dos
agregados utilizados nas obras e a aplicação do questionário, conforme os quesitos
do formulário, ver Anexo 1. Posteriormente, os dados foram organizados e reunidos
para análise e discussão.
Os sujeitos desta pesquisa foram operários de 11 obras da construção civil,
localizadas na cidade de Matipó-MG, em fase de concretagem, representando um
total 34 indivíduos. Foram avaliadas obras que possuíam de 2 a 4 andares e os
operários questionados possuíam envolvimento direto no armazenamento dos
agregados e insumos utilizados na obra, na produção e aplicação do concreto,
sendo estes pedreiros e serventes. Esse tipo de construção foi escolhido por,
teoricamente, apresentar responsáveis técnicos, e estruturas de concreto armado na
sua execução (Fundação, Lajes, vigas, etc). Temendo uma possível dificuldade dos
operários em interpretar o questionário e alguns termos presentes, foi apresentada a
eles a explicação prévia a respeito dos questionamentos e termos utilizados na sua
elaboração. Os questionários foram aplicados e recolhidos entre os meses de abril e
julho de 2018 e analisados nos meses seguintes.
Após a análise e investigação realizadas nas 11 obras visitadas, foi possível
elaborar uma tabela quantitativa a respeito das situações encontradas nos canteiros
de obra.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A obtenção destes dados, por meio de questionários, permitiu que os
operários expressassem sua opinião sem qualquer tipo de temor, uma vez que não
foram identificados, tornando os dados obtidos mais concretos e confiáveis.
Os questionamentos específicos identificaram a forma com a qual o
armazenamento dos materiais utilizados na fabricação do concreto é realizado pelos
profissionais responsáveis. Os funcionários de todas as obras visitadas afirmaram
que algumas estruturas dos prédios são construídas por concreto usinado e o
restante com concreto feito na própria obra. Todas as obras avaliadas executavam
seus pilares com o concreto produzido in loco, entretanto, 81,81% dessas executam
suas vigas com concreto usinado.
Com relação às fundações, foi identificado que 72,72% dos prédios que
utilizavam o concreto produzido na obra para sua execução e, em relação as lajes
avaliadas, todas foram executadas com concreto usinado, como pode ser observado
no gráfico a seguir.
Figura 10: Tipo de concreto utilizado nas obras visitadas. Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Nas obras avaliadas, foi possível verificar que todas as tarefas executadas
podem ser comprometidas pela falta de treinamento da mão de obra, inclusive o
adequado armazenamento dos componentes do concreto. Entre os profissionais
avaliados, 88,23% declararam nunca terem recebido nenhum tipo de treinamento no
âmbito da construção civil. O restante, 11,77%, afirmaram ter passado por algum
treinamento, mas não forneceram nenhuma informação adicional sobre o tipo de
treinamento e seu conteúdo.
Segundo Lima (1995) a grande rotatividade da mão de obra e a má qualidade
da educação básica na construção são um dos principais fatores que explicariam a
ausência de treinamento no setor. Essa deficiência na formação profissional dos
operários reflete diretamente em todo o processo construtivo, que pode se tornar
falho ou com elevados riscos, podendo comprometer a qualidade do produto final.
As soluções para o problema são ações de curto e longo prazo, como
investimento em capacitação dos operários pelas empresas, tanto treinamento
oferecido pelas próprias empresas como em instituições de ensino (LIMA, 1995).
Um fator de grande influência a respeito dos agregados utilizados para
produção do concreto é a sua pureza, pois devem estar limpos e livres de
impurezas. Como apresentado no item 2.4.2, os agregados graúdos e miúdos
devem ser entregues para o uso livres de matéria orgânica e outras impurezas,
porém, 70,58% dos operários afirmam que os agregados chegam a obra com vários
tipos de impurezas.
Um adequado armazenamento também é importante para impedir que
agregados de boa qualidade se tornem impróprios para produção de concreto.
Segundo especificações da ABNT NBR 12655 (2015), o correto é que os agregados
não entrem em contato direto com o solo ou com outros sólidos ou líquidos que
possam ser prejudiciais a resistência do concreto. As informações fornecidas pelos
operários em todas as obras divergem da norma Tanto a brita quanto a areia são
colocadas diretamente sobre o solo e em contato direto com o clima, ou seja, sem
qualquer tipo de proteção contra a umidade ou contaminação pelo contato direto
com o solo, ver Figuras 11, 12 e 13.
Figura 11: Exemplo de agregado impuro Fonte: Registrado pelo autor durante a
pesquisa, 2018
Figura 12: Armazenamento de agregados nas obras visitadas.
Fonte: Foto registrada pelos autores (2018)
Figura 13: Armazenamento dos agregados nas obras visitadas. Fonte: Foto registrada pelos autores (2018).
De acordo com Bonin et al. (1993) é necessário também que as pilhas dos
agregados possuam no máximo 1,5 m de altura. Isso seria ideal para garantir que os
agregados não retenham umidade suficiente para influenciar na resistência final do
concreto. Nesse sentido, 82,25% dos operários declararam que nas obras onde
trabalham essa altura de 1,5 m, tanto para as pilhas de areia quanto para as pilhas
de brita, é respeitada.
Em relação ao cimento, segundo dados fornecidos pelos operários, todas as
obras utilizam o CP IV-32 RS e realizam seu armazenamento da mesma forma.
Porém, quando são recebidos e descarregados, alguns acabam com as embalagens
danificadas sendo utilizados o mais rápido possível. Seu armazenamento é feito
empilhando 10 unidades ou menos por pilha, colocados sobre uma cama de tábuas
de madeira suspensa por tijolos, não entrando em contato com o solo e informaram,
ainda, que os sacos são utilizados em menos de 3 meses, ver Figura 14, 15 e 16.
A norma técnica ABNT NBR 12655 (2015) prevê que os sacos de cimento
sejam armazenados sobre estrados de madeira e devam formar pilhas de no
máximo 10 sacos, caso sejam armazenados por um período maior do que 15 dias.
Apesar da tentativa de armazenar os sacos de cimento Portland de forma ordenada
em cima da cama de madeira, é notório que, mesmo com um engenheiro civil
responsável fiscalizando esses ambientes, o correto armazenamento desse material
de maneira fiel à NBR 12655 de 2015 ainda não é uma prioridade para os
profissionais da construção civil, nas 11 obras visitadas na cidade de Matipó-MG.
Figura 14: Materiais armazenados inadequadamente. Fonte: Registrado pelo autor durante a pesquisa, 2018
Figura 15: Armazenamento do aglutinante cimento Portland nas obras visitadas. Fonte: Foto registrada pelos autores (2018).
Figura 16: Armazenamento do aglutinante cimento Portland nas obras visitadas. Fonte: Foto registrada pelos autores (2018).
O traço é o que define as proporções de cada componente do concreto, logo,
tem grande influência sobre sua resistência final. Ao serem questionados sobre o
profissional responsável pelo traço do concreto, engenheiro, mestre de obra ou
pedreiro, o percentual as respostas obtidas foram as apresentadas na Figura 17.
Figura 17: Profissional responsável pelo traço do concreto. Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Ao analisarmos as informações da Figura 17, é possível verificar que, mesmo
com a falta da presença física do engenheiro no canteiro de obras em tempo
integral, a obra pode ser executada por profissionais capacitados que sigam as
instruções do Engenheiro Civil responsável. Logo, a mão-de-obra especializada no
setor da construção é de extrema importância, pois garante que os profissionais
tenham o conhecimento sobre suas responsabilidades na execução de uma
construção, os métodos adequados de armazenamento de insumos, as técnicas de
preparo de insumos para sua aplicação, formas corretas de aplicação para evitar a
contaminação e o desperdício, etc.
O controle da quantidade e qualidade da água utilizada nesta etapa é de
extrema importância. Esse fator não depende simplesmente da água adicionada de
forma direta. É necessário controlar, também, a umidade absorvida pelos agregados
durante todo o período em que ficou armazenado na obra.
Nas obras visitadas foram encontradas situações de armazenamento
incorreto de água, em tambores sujos e com presença de resíduos, como
apresentado nas Figuras 18 e 19.
Figura 18: Armazenamento inadequado de água nas obras visitadas. Fonte: Próprios Autores, 2018.
Figura 19: Exemplo de armazenamento inadequado de água. Fonte: Próprios Autores, 2018.
Garcia (2017) afirma que a água influencia diretamente na resistência do
concreto, sendo que sua falta pode provocar fissuração e o excesso dificulta o
adensamento do concreto, exigindo que a estrutura passe por reparos posteriores.
Apesar da grande relevância da água, apenas 29,41% dos operários
declaram que ela é sempre medida com cuidado, levando em consideração o traço
adotado. Dois operários afirmaram que nem sempre é possível adicionar a
quantidade exata de água descrita no traço, pois os agregados muitas vezes estão
com a umidade elevada devido à armazenagem incorreta, o que os leva a reduzir a
quantidade de água empregada no concreto, porém, a “correção” ocorre sem o
devido controle.
Com relação ao armazenamento de água nas obras, foi observado que
72,72% delas realizam essa ação. Foi informado, também, que o armazenamento é
feito em caixas de água, tambores ou galões. Valverde (2001) ressalta que estes
modos de armazenamento estão corretos desde que a água seja conservada limpa,
ver figuras 20 e 21.
Figura 20: Armazenamento inadequado de água nas obras visitadas. Fonte: Próprios Autores, 2018.
Figura 21: Presença de impurezas no fundo do tambor de armazenamento de água. Fonte: Próprios Autores, 2018.
Após a análise e investigação realizada sobre as deficiências encontradas
nas 11 obras visitadas, foi possível elaborar a tabela 03 que apresenta a relação
entre as deficiências no armazenamento de insumos e o número de obras onde foi
observado o problema no armazenamento dos insumos: água, agregados graúdo e
miúdo e cimento Portland.
Tabela 3: Principais deficiências encontradas nos canteiros de obras analisados.
Número de Canteiros de Obras
Deficiência
9 Armazenagem incorreta de areia
7 Armazenagem incorreta de brita
7 Armazenagem incorreta de água
2 Armazenagem incorreta de cimento Portland
Fonte: Elaborado pelos autores (2018).
Diante desse resultado, é possível constatar que o maior número de material
armazenado incorretamente, em ordem decrescente é: areia, pedra, água e cimento
Portland. Algumas das obras visitadas apresentavam mais de um tipo de material
armazenado de forma inadequada, o que pode piorar ainda mais o resultado final da
obra. Por meio da análise desses dados, é possível obter um panorama geral da
situação do armazenamento desse tipo de material nos canteiros de obras na cidade
de Matipó-MG e observar que, os materiais de menor custo, como a areia, obtêm um
menor cuidado no processo de armazenagem do que os materiais mais caros, como
o cimento por exemplo.
Segundo Helene (2002), o mau uso e armazenamento desses materiais
podem apresentar as seguintes patologias nas estruturas:
Bolhas de Superfície;
Manchas;
Retração;
Trincas;
Fissuras;
Rachaduras;
Quebras;
Falha na resistência.
Essas patologias podem ser evitadas ao se armazenar corretamente os
agregados do concreto. Assim, observar as recomendações expressas em normas e
descrita por diversos autores da área de construção é fundamental para garantir a
qualidade do concreto produzido nas obras.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal deste trabalho foi avaliar o armazenamento dos materiais
utilizados na fabricação do concreto em obras da cidade de Matipó-MG, propiciando
a quem o lê um momento de reflexão sobre a importância a armazenagem dos
elementos que compõem o concreto.
A elaboração desta pesquisa possibilitou observar os detalhes do
armazenamento dos componentes do concreto na obra, como o local, a forma e o
tempo de armazenagem e, por meio da coleta de dados, identificar as falhas que
podem comprometer a qualidade final do concreto produzido in loco e, por
consequência, da obra.
De modo geral, foram encontradas falhas no armazenamento dos materiais
constituintes do concreto, principalmente no que se refere ao armazenamento de
areia, brita e água. Todavia, também foi possível observar que, de maneira geral,
existe um cuidado elevado no armazenamento do cimento, se comparado aos
demais insumos.
A areia foi o agregado mais desprezado durante a pesquisa, uma vez que
apresentou o maior índice de armazenagem incorreta nos canteiros de obra
analisados.
Na maioria das obras visitadas, foi possível verificar a presença de material
depositado no fundo do reservatório, indicando possibilidade de contaminação da
água utilizada. Também foi possível aferir restos de pedra e até espuma nesses
tambores.
Uma vez que foram verificadas as condições de armazenamento dos
agregados, do cimento e da água utilizados na produção do concreto, conclui-se que
o objetivo deste trabalho foi alcançado.
Considerando os benefícios e a pertinência da garantia de qualidade
oferecida pelo adequado armazenamento dos componentes do concreto e
observando que as obras atendem parcialmente ao que seria a situação ideal de
armazenagem, faz-se necessário a elaboração de projetos e ações que permitam a
conscientização dos profissionais da área sobre os fatores e normas a serem
observados para o armazenamento adequado destes materiais. Essas melhorias
podem ser alcançadas por meio de qualificação da mão de obra utilizada nesse tipo
de atividades, além de investimentos em cursos de aperfeiçoamento oferecidos pela
própria empresa que contrata os serviços destes profissionais, de forma a garantir
que o concreto e todo o trabalho executado atendam às exigências técnicas
definidas em projeto e nas normas técnicas vigentes.
Por fim, a conscientização dos profissionais do setor de construção civil sobre
a importância do armazenamento correto de agregados e da água requer um
esforço permanente de promoção de mudanças de comportamento de caráter
técnico, gerencial e financeiro. Tais mudanças devem ser estruturadas em um
processo de planejamento eficaz que incentive a capacitação desses profissionais,
sendo necessária uma estratégia de comunicação clara entre o Engenheiro Civil e
os funcionários da obra.
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SKOYLES & SKOYLES, Adam M., Julie V. Tecnologia do concreto. Bookman Editora, 1987.
SOUZA, Vicente; RIPPER, Thomaz. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. 1. Ed. São Paulo: Pini, 1998. 257p.
VALVERDE, Fernando Mendes. Agregados para construção civil. Balanço mineral brasileiro, 2001.
VARELA, Noel; VIEIRA, Fernando Sales. Cimento: Uma matéria-prima essencial no fabrico de argamassas. In: 1º Congresso Nacional de Argamassas de Construção, APFAC, Lisboa. 2005.
YAZIGI, W. A técnica de edificar 6ª. Ed. Pini, 2004.
ANEXO 1
Questionário de pesquisa científica
Prezado (a) respondente,
Este questionário é parte fundamental do meu Trabalho de Conclusão de Curso, realizado com intuito de obter informações sobre o preparo do concreto e armazenamento dos agregados nas obras de construção civil.
Informo, ainda, que na elaboração do trabalho não haverá identificação da pessoa responsável pelo preenchimento deste formulário.
1- Qual a fonte do concreto utilizado na obra?
2- Caso a obra utilize concretos vindos de uma concreteira, quais estruturas são executadas com este concreto?
______________________________________________________________________________________________________________________________________.
3- Quais estruturas são executadas com o concreto produzido na obra?
______________________________________________________________________________________________________________________________________.
4- Você passou por algum treinamento na área da construção civil? Se sim, descreva.
Produção na própria obra. Provém de um concreteira.
Parte é feita na obra e parte vem de uma concreteira.
Vigas Pilares Outros
Lajes Fundação
Vigas Pilares Outros
Lajes Fundação
Sim. Não.
____________________________________________________________________________________________________________________________________.
5- A areia e a brita ao chegarem na obra estão limpas e livres de impurezas?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________.
6- Em relação à armazenagem da BRITA, marque as opções que ocorrem na obra.
7- Em relação à armazenagem da AREIA, marque as opções que ocorrem na obra.
Sim. Não.
A brita é colocada diretamente sobre o solo.
A brita é posta sobre uma superfície impermeável.
São feitos montes de brita com altura máxima de 1 metro e meio.
São feitos montes de brita sem se preocupar com sua altura do monte
A brita está em contato direto com o clima.
A brita é coberta por lonas, ou está abaixo de algum tipo de cobertura.
A areia é diretamente colocada sobre o solo.
A areia é colocada em uma superfície impermeável.
São feitos montes de areia com altura máxima de 1 metro e meio.
São feitos montes de areia sem se preocupar com sua altura do monte.
A areia está em contato direto com o clima.
A areia é coberta por lonas, ou está abaixo de algum tipo de cobertura.
8- Em relação a armazenagem dos SACOS DE CIMENTO, marque as opções
que ocorrem na obra.
9- Como é definido o traço utilizado para fazer o concreto?
O traço é escolhido pelo Engenheiro.
O traço é escolhido pelo Mestre de obras.
O traço é escolhido pelo Pedreiro.
10- A quantidade de água utilizada no concreto é sempre medida com cuidado, observando o traço definido? Se sim, qual método utilizado para verificar a quantidade de água.
Sim. Não.
Quase sempre.
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
11- Quais os tipos de cimento utilizados para produzir o concreto?
CP I CP I-S CP II-E
Os sacos de cimento são colocados sobre ou diretamente sobre algum pavimento.
Os sacos de cimento são colocados em paletes.
São empilhados 10 sacos ou menos de cimento.
São empilhados mais de 10 sacos de cimento.
Os sacos de cimento ficam guardados por mais de 3 meses.
Os sacos de cimento são utilizados em menos de 3 meses.
CP II-Z CP III CP IV 32 RS
CP V-ARI CP RS CP BC
CPB
12- A água utilizada para a produção do concreto é em algum momento armazenada na obra? Se sim descreva o local do armazenamento.
Sim. Não.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA PAVIMENTAÇÃO DE ESTRADAS VICINAIS
Acadêmicos: Thaís Lopes de Castro e João Marcos Barbosa Brandão de Resende
Orientadora: Maria de Faria Gardingo Diniz
RESUMO
A construção de novos edifícios, bem como as atividades da construção civil resultaram em uma quantidade significativa de resíduos de construção e demolição (RCD). A separação dos materiais provenientes da indústria da construção civil e
demolição tem grande influência em favorecer o reaproveitamento destes resíduos. Uma das formas de aproveitamento dos resíduos de construção e demolição, consiste na substituição, em pavimentação de vias não pavimentadas. Esta pesquisa centrou-se na análise do uso do RCD como material reciclado aplicado em bases e sub-bases para estruturas de pavimento de estradas vicinais, na cidade de Matipó (MG). Os resultados obtidos afirmam que os resíduos gerados nas obras do município podem ser utilizados como agregado reciclado tendo potencial adequado para ser utilizado em camadas (base e sub-base) de pavimentos de estradas vicinais.
PALAVRAS-CHAVE: Resíduos da Construção Civil; Sustentabilidade;
Pavimentação.
1. INTRODUÇÃO
A construção civil é uma das áreas mais antigas da humanidade e desde o
início, foi executada gerando como um dos produtos finais uma grande quantidade
de resíduos sólidos (GUERRA, 2016).
O desenvolvimento das cidades brasileiras aumenta a demanda por obras
mais sofisticadas, estradas e novas industrias; essa demanda acarreta um consumo
maior dos recursos naturais e a destinação final desses resíduos é feita
normalmente de maneira incorreta, ocasionando problemas sociais e ambientais
(GUERRA, 2016).
A construção civil é responsável por aproximadamente 50% dos resíduos
gerados no Brasil e por 75%de todo o resíduo sólido, no país são produzidos
850.000 t/mês de entulhos (CUNHA et al., 2014).
Segundo Ângulo et al., (2004), os resíduos de construção e demolição (RCD),
são de maneira geral uma preocupação de pouca relevância no Brasil, diferente da
realidade de outros países como EUA, Alemanha e Holanda, onde já existem
políticas que privilegiam a compra de produtos ambientalmente sustentáveis. Os
autores salientaram que em cidades onde não existem políticas modernas de
gerenciamento de RCD, estes são depositados irregularmente pela malha urbana,
gerando altos custos socioeconômicos, assoreamento de rios, entupimento de
bueiros, degradação de áreas urbanas, entre outros. A remoção desses resíduos
depositados irregularmente em locais impróprios custa aos municípios uma
quantidade significativa de recursos, os quais poderiam estar sendo direcionados
para a criação de melhor infraestrutura para a população em geral (PINTO, 1999)
Com uma produção elevada de resíduos sólidos espera-se um alto
reaproveitamento dos mesmos, porém esse assunto ainda é pouco discutido no
Brasil. Esse desperdício pode ser proveniente da falta de fiscalização do poder
público, seleção dos fornecedores, recebimento e armazenamento (FRAGA, 2006).
Dentre as possíveis alternativas de uso dos agregados reciclados de RCD na
atualidade, encontra-se a sua utilização em pavimentação. O pavimento é uma
estrutura de múltiplas camadas e espessuras finitas, construída sobre a superfície
fina de terraplanagem, destinada técnica e economicamente a resistir aos esforços
oriundos do trafego de veículos e do clima classifica – se tradicionalmente em tipos
básicos: rígidos e flexíveis (BERNUCCI, 2012).
Diante do exposto o presente trabalho tem como objetivo principal mensurar a
utilização dos resíduos sólidos gerados na construção civil na pavimentação de
estradas vicinais através da quantificação média de resíduos gerados no município
de Matipó/MG. Mostrando o aproveitamento do material reciclado para a
pavimentação e apresentando vantagens como utilização de quantidade significativa
do material reciclado na pavimentação de estradas vicinais.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DEMOLIÇÃO (RDC)
Segundo a definição da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT
(2004), através da NBR-10004, os resíduos sólidos são resultantes de atividades da
comunidade de origem industrial, doméstica, de serviços de saúde, comercial,
agrícola, de serviços e de varrição, são resíduos cujas particularidades tornem
inviável seu descarte. (HORTEGAL, FERREIRA & SANT’ANA, 2009).
De acordo com a definição da Resolução CONAMA nº 307 (BRASIL, 2002, p.
1), os chamados resíduos da construção civil são:
“Art. 2º .... I - ...os provenientes de construções, reformas, reparos e tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha”.
Para Fernandes (2004) os resíduos da construção são todos os resíduos de
atividade de construção, seja de novas construções, reformas, demolições ou
atividades de obras-de-arte, solos e resíduos de vegetação presentes em limpezas
de terreno. Inclui-se a vegetação, pois a contaminação é inerente ao resíduo, devido
ao poder de aderência no agregado. Por entulho ser um termo amplo, usa-se a
denominação RCD, que remete a ideia da natureza dos resíduos, provenientes de
atividades da construção e demolição.
A construção civil, é uma das atividades mais antigas que se tem
conhecimento, e a medida que a humanidade se desenvolvia, se tornava necessária
a mudança do meio ambiente para atender as suas necessidades. É uma das
atividades responsáveis pela maior produção de resíduos sólidos (LEVY, 2007).
Pesquisas apontamquemaisde50% dos resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados no
Brasil são provenientes da construção civil (IBGE 2010).
Segundo Levy (2006), o RCD (resíduos da construção e demolição) não
apresenta um padrão, composição única e homogeneidade, uma vez que, cada obra
emprega materiais distintos em sua execução, além de variar muito em função da
disponibilidade de cada material em cada região. Os materiais que aparecem em
maior frequência nas disposições finais são: asfalto, vidro, concreto, argamassa, cal,
material cerâmico, material de poda, pedra britada, madeira, entre outros.
Pensando em novas tecnologias e materiais vêm sendo desenvolvidos para
que possam substituir ou diminuir a exploração de recursos naturais já escassos.
Visando a preservação e controle do meio ambiente, no que se refere à exploração
de novas jazidas de materiais para as obras civis, o tratamento do entulho advindas
das obras, reformas e demolições provenientes da construção civil torna-se uma boa
opção de reciclagem. Os RCD vermelhos são restos de tijolos, blocos e telhas
cerâmicas e os RCD brancos são constituídos por argamassas, concretos em geral,
cimento, cal. (RUDNITSKI; NAKANISHI; MOHAMAD, 2014)
2.2. LEGISLAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Os resíduos sólidos da construção civil são regulamentados pela Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e Resolução CONAMA 307/2002. Diante dos
agravantes problemas ocasionados pelo descarte impróprio dos resíduos da
construção e demolição (RCD), foi criada diversas políticas e práticas que visam
buscar um melhor destino aos entulhos.
No Brasil foi criada a Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) que tem como objetivo levantar dados acerca da situação
atual dos resíduos da construção e demolição e, a partir destas informações, criar
planos e ações, além de fiscalizar e responsabilizar as empresas, poder público e a
sociedade em geral, acerca do descarte e ou reutilização correta dos RCD. A lei é
bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário
ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e
econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos (BRASIL,
2012).
Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta
a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para
propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e a
destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2012).
Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos
fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de
serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos
e embalagens e pós-consumo (BRASIL, 2012).
Na Resolução 307 do CONAMA (BRASIL, 2002, p. 3), são encontradas várias
definições de termos relacionados à gestão de resíduos da construção, além de
estabelecer uma classificação para estes resíduos, a saber:
CLASSE A – Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados. CLASSE B - Resíduos recicláveis para outras destinações. CLASSE C - Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis. CLASSE D - Resíduos perigosos oriundos do processo de construção.
Estes deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de
modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.
A Resolução nº 307 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
(BRASIL, 2002), entre inúmeras ações referentes aos resíduos sólidos da
construção estabelece obrigações para os geradores e para os municípios. Para o
gerador, salienta que ele deve ter como objetivo prioritário a não geração de
resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação
final. Além disso, o gerador é responsável pela implantação de programas de
gerenciamento de resíduos da construção civil nos seus empreendimentos. Isto
envolve o estabelecimento de procedimentos necessários para o manejo e
destinação ambientalmente adequados dos resíduos. Já para os municípios,
determina que estes devem implementar a gestão dos resíduos da construção civil
através da elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil. Assim, os gestores municipais e as empresas construtoras
necessitam adaptar seus processos de modo a garantir a destinação
ambientalmente correta dos resíduos de construção civil.
Esta salienta que os geradores devem ter como objetivo prioritário a não
geração de resíduos o que favorece sensivelmente a limpeza do canteiro de obras.
Com relação a isso, Pinto et al., (2005) salienta que a utilização de projetos e
sistemas construtivos racionalizados, além das práticas de gestão da qualidade já
consolidadas podem propiciar enormes contribuições para a redução do volume de
resíduos gerados. A maneira que os materiais são estocados no canteiro de obras e
como acontece o fluxo destes materiais pode favorecer a redução de perdas, ou
aumentá-la significativamente (BRASIL, 2002).
2.3. IMPACTO AMBIENTAL
A definição de impacto ambiental, segundo a Resolução do CONAMA, nº 001
(BRASIL, 1986), leva em consideração qualquer tipo de alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, ocasiona pela atividade humana e,
de alguma forma possa afetar: a) a saúde e a segurança da população; b) as
atividades sociais e econômicas; c) a biota; d) a qualidade do meio ambiente do
ponto de vista estético e sanitário; e) as características dos recursos ambientais.
Além do esgotamento dos recursos naturais, a geração de RCD também
causa impactos ambientais devido à saturação de espaços disponíveis na cidade
para descarte desses materiais. Para Ferreira e Moreira (2013), a disposição
inadequada do entulho desperdiça um material que pode ter um destino mais nobre
através da reutilização e reciclagem. O reaproveitamento deste resíduo é uma
alternativa econômica vantajosa, na medida em que introduz no mercado um novo
material com grande potencialidade de uso para diferentes fins.
É evidente a preocupação com o meio ambiente e sua escassez de recursos
naturais, e para isso tem explorado a busca por recursos sustentáveis. Nesse novo
cenário nenhuma sociedade poderá atingir sustentabilidade sem que a construção
civil passe por transformações, já que sua cadeia produtiva apresenta grandes
impactos para o meio ambiente, desde a extração de matéria prima, produção de
materiais, construção, uso e demolição (HOOD, 2006).
2.4. UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Segundo Bagatini (2011), a preocupação mundial com a utilização dos
resíduos cresce cada vez mais devido ao consumo desenfreado e por muitas vezes
inconsequente dos materiais de origem natural. Para minimizar o perigo da poluição
do espaço urbano por meio da disposição irregular de resíduos, políticas ambientais
vêm sendo discutidas ao longo dos anos com a preocupação a respeito da
quantificação e destinação adequada que o mesmo devem receber. Desta forma,
torna-se indispensável para a qualidade do meio ambiente a conscientização da
população a respeito da destinação final correta que deverão receber os resíduos
provenientes da construção civil.
Devido ao crescimento e as grandes demandas da infraestrutura urbana,
rodoviária, de portos e aeroportos que o País tem enfrentado, discute-se de forma
abrangente sobre o aumento do emprego de materiais alternativos, destacando a
utilização como agregados, já que hoje existe grande parcela destes materiais que
não são utilizados corretamente ou podem estar sendo descartados irregularmente.
Atualmente, os tipos mais comuns de materiais descart0ado, adequada ou
inadequadamente, são os entulhos de construção civil e demolição, provenientes de
obras de edificações e de estruturas de concreto. (BALDO, 2007).
Como uma solução de destinação final, estes materiais descartados podem
ser incorporados aos agregados utilizados nas camadas de base e sub-base na
pavimentação de estradas, devendo obrigatoriamente passar por um prévio
processo de seleção, com o objetivo de não haver mistura de materiais
considerados de qualidade inferior que possam interferir na vida útil e no perfeito
funcionamento do pavimento. Entende-se por base a camada de pavimentação
destinada a resistir aos esforços verticais, que são distribuídos adequadamente à
camada subjacente, e sub-base a camada de pavimentação subjacente a esta,
também destinada a absorver os esforços verticais devido aos veículos, sustentadas
pelas camadas do subleito, que se apresenta como um maciço teoricamente infinito,
funcionando como a fundação para a estrutura do pavimento (BAGATINI, 2011).
Segundo Levy (2007), a reciclagem do RCD no Brasil, ainda não tem
mercado definido, já em muitos países da Europa, a reciclagem tem mercado
desenvolvido, principalmente, devido à escassez de recursos naturais em muitos
países europeus.
“A produção de agregados reciclados, utilizando a fração cerâmica do entulho
de construção como fonte de matéria-prima é uma atividade que, nos últimos anos,
tem se consolidado no território nacional ” (LEVY, 2007, p. 1633). “Economia não é a
única razão de se usar agregado, pois este material atribui vantagens técnicas
consideráveis ao concreto, que passa a ter maior estabilidade dimensional e melhor
durabilidade do que a pasta de cimento pura” (SANTANA, et al., 2011, p.2).
O agregado reciclado pode ser usado em obras de pavimentação, na adição
em concretos não estruturais e em elementos de alvenaria, pois, possui composição
heterogênea, sendo constituído de frações de diversas dimensões. “Deve ser
lembrado o fato de que o Brasil é um dos poucos países a terem aprovado normas
específicas para utilização de agregados reciclados ” (LEVY, 2006, p. 377).
Visto que, no Brasil, não é comum a utilização de material reciclado, há uma
tendência, por parte do poder público e privado, em equacionar e administrar essa
geração de entulho, que aos poucos está se tornando um problema de grandes
proporções, principalmente, nas maiores metrópoles do país, fazendo parte de
inúmeras agendas públicas (WIENS; HAMADA, 2006).
A reciclagem de resíduos tem se mostrado como uma alternativa para a
redução dos impactos causados ao meio ambiente. Esta forma alternativa de
produção de matéria-prima é um desafio para o setor técnico-cientifico (HOOD,
2006).
A grande quantidade de resíduos sólidos de construção e demolição (RCD)
gerada nas cidades de médio e grande porte é uma quantia imensurável, gerando
forte preocupação, pois agride de forma severa o meio ambiente, e economicamente
e socialmente se forem dispostos de forma inadequada. Experiências realizadas no
país e no mundo demonstraram que os resíduos sólidos das construções e
demolições é uma alternativa para aplicarmos em futuras pavimentações
(HORTEGAL, FERREIRA, SANT’ANA, 2009).
As coletas finais de resíduos sólidos são importantes para a higiene das áreas
urbanas, assim removendo um grande volume de resíduos que são deixados sem
tratamento (HORTEGAL, FERREIRA, SANT’ANA, 2009).
A reutilização desses rejeitos tem sido cada vez mais exigida na construção
civil, tanto na função econômica quanto ao meio ambiente. E o seu
reaproveitamento está diretamente relacionado a redução dos impactos ao meio
ambiente, e assim minimizando a retirada de matéria-prima de origem natural
(BAGATINI, 2011).
2.5. PAVIMENTAÇÃO
Segundo Senço (2001), pavimento é a estrutura construída sobre a
terraplanagem e destinada econômica, técnica e simultaneamente a resistir e
distribuir os esforços verticais oriundos do tráfego; melhorar as condições de
rolamento quanto ao conforto e segurança; resistir ao desgaste. A estrutura do
pavimento que se constrói pode variar quanto a espessura, aos materiais utilizados
e também com a própria função que a via poderá exercer.
De acordo com Balbo (2007) as funções dos pavimentos são: apresentar
uma superfície mais regular, onde haja melhor conforto para passagem do veículo,
uma superfície mais aderente, com mais segurança para pista úmida ou molhada e
uma superfície menos ruidosa, com menor desgaste ambiental nas vias urbanas e
rurais.
O pavimento é composto por camadas sobrepostas de diferentes materiais
compactados a partir do subleito, adequada para atender estruturalmente e
operacionalmente o tráfego, de forma durável e ao mínimo custo possível,
considerando o serviço de manutenção e reabilitação obrigatórias (BALBO, 2007).
O pavimento é composto por várias camadas de espessuras finitas, e com a
função de resistir aos esforços solicitantes pelo tráfego de veículos e ao clima,
além de auxiliar na melhoria das condições de rolamento, com segurança, conforto
e economia aos usuários (SENÇO, 1997).
A utilização de entulho como agregado reciclado em camadas de
pavimentos urbanos é uma das formas de reciclagem mais difundidas para esse
resíduo. Com a evolução das técnicas de pavimentação, que vem permitindo o
aprimoramento de várias alternativas para a execução de pavimentos, têm-se
desenvolvido estudos sobre formas de aproveitamento do RCD, sobretudo em
camadas de base e sub-base de vias urbanas (SOUSA et al., 2015).
2.6. PAVIMENTAÇÃO EM ESTRADAS VICINAIS
As estradas não pavimentadas, também chamadas de estradas vicinais ou
estradas rurais são as principais ligações entre as propriedades rurais e povoados
vizinhos, além de servirem de acesso às vias principais. Também podemos
encontrar estradas destinadas exclusivamente à movimentação interna das
propriedades rurais, que possuem como principal função o trânsito de moradores,
máquinas, equipamentos e produtos agrícolas até as estradas vicinais (GRIEBELER
et al., 2009).
São caracterizadas pela ausência de revestimento, com pavimento
constituído com materiais locais apenas conformados ou por possuírem algum tipo
de revestimento primário (OLIVEIRA, 2005).
As estradas vicinais são importantes elos entre as áreas rurais e urbanas,
proporcionam o escoamento e comercialização das atividades produtivas e insumos
agrícolas fundamentais à produção, além de serem, também, o principal acesso aos
serviços de saúde, educação e de lazer disponíveis nas áreas urbanas para os
habitantes das localidades mais distantes, aumentando, assim, os laços de
desenvolvimento econômicos e sociais, principalmente das comunidades
camponesas ou agricultores familiares (DALOSTO,et.al.,2016).
Desta forma estradas em boas condições de tráfego são importantes para a
economia agrícola, para a convivência social e o acesso a recursos fundamentais da
sociedade (GRIEBELER et al., 2009).
2.7. UTILIZAÇÃO RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA
PAVIMENTAÇÃO DE ESTRADAS VICINAIS
Os resíduos da construção e demolição (RCD) por serem materiais nobres do
ponto de vista da engenharia, apresentam através de ensaios laboratoriais
resistência e baixa expansão, tais características mostram o seu grande potencial de
reciclagem como agregado para pavimentação (LEITE, 2007).
Dentre as possíveis alternativas de uso dos agregados reciclados de RCD na
atualidade, encontra-se a sua utilização em pavimentação. O aproveitamento do
material reciclado para a pavimentação apresenta vantagens como utilização de
quantidade significativa do material reciclado, tanto na fração miúda, quanto na
graúda, simplificado dos processos de execução do pavimento e de produção do
agregado reciclado (BERNUCCI, 2012).
Nos EUA, o agregado reciclado apresenta, em média, custo inferior em torno
de 30% se comparado com a brita graduada simples (BGS). Esta economia tem
incentivado órgãos e construtoras a substituir o material natural pelo reciclado
(BLANKENAGEL e GUTHRIE, 2006).
Em função da variabilidade na composição, os agregados reciclados de
resíduo sólido da construção civil possuem particularidades de comportamento em
relação aos materiais convencionais naturais empregados na pavimentação
(MOTTA e FERNANDES, 2003). Para projetar e empregar o agregado reciclado é
muito importante conhecer as especificações e normas existentes, procurando
respeitar sempre as recomendações e limites estabelecidos (BENNERT et. al.,
2000).
Para constituição da base e sub-base da pavimentação, os resíduos utilizados
necessitam ter uma boa absorção de esforços verticais, alta resistência. Assim, os
resíduos são divididos em três categorias, a saber: Entulhos vermelhos, nos quais
predominam materiais cerâmicos (tijolos, telhas, cerâmicas); Entulhos brancos,
principalmente compostos por materiais de argamassa, concretos e uma pequena
quantidade de gesso; e outros, no qual se incluem os diferentes tipos de solos e o
não aproveitável na pavimentação, como por exemplo o ferro, a madeira, plásticos e
o lixo em geral (TRICHES; KRYCKYJ, 1999).
3. METODOLOGIA
A metodologia para realização do presente trabalho foi aplicada de modo a
conhecer o resíduo sólido oriundo da construção civil produzido na cidade de
Matipó/MG durante o mês de dezembro de 2018, por meio do estudo de obras de
construção civis típicas ocorridas na cidade.
Para a estimativa de geração dos resíduos da construção civil no município
foram utilizados métodos indiretos. O método indireto foi desenvolvido por Pinto
(1999) e leva em consideração a geração de 150 kg de resíduo por cada metro
quadrado de área construída.
Os dados sobre a área construída foram obtidos na prefeitura municipal de
Matipó/MG. É importante destacar que no método indireto, Marques Neto (2015)
considera a média dos últimos quatro anos, afirmando que este dado representa
melhor a variação na taxa de geração.
Para o presente estudo foram utilizados os métodos qualitativos e
quantitativos. A pesquisa qualitativa de acordo com Lakatos e Marconi (2011, p.198)
têm como objetivo: “obter respostas sobre o tema ou problema a investigar”. Os
autores afirmam ainda que essas pesquisas “podem-se usar diversas ferramentas, a
fim de conseguir informações importantes e valer-se de gravações, anotações, fotos,
computadores, para registrar os dados”.
A análise quantitativa se efetua ‘com toda informação numérica resultante da
investigação’, que se ‘apresentará como um conjunto de quadros, tabelas e medidas
(Lakatos e Marconi, 2011, p.283).
Para estimar o peso do RCD no período utilizamos o cálculo observado na
expressão (1):
Massa do RCD = Área x 150 (kg/m²) (1)
Onde:
Massa do RCD = Estimativa anual da geração de RCD
Área = Valor em m² de alvarás emitidos pela Prefeitura referente à construção.
150 (kg/m²) = coeficiente de perda baseado na teoria de Pinto (1999) referente à
geração de resíduos em novas construções, sendo 150 quilogramas por m².
Segundo Polillo (1987), o peso específico do entulho é de 1.200 kg/m³ ou 1,2 t/m³,
volume transportado (ou coletado).
A área de referência escolhida para o presente estudo está localizada na
cidade de Matipó-MG, situado na região da Zona da Mata Mineira. De acordo com o
senso de 2018 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
sua população é de 18.808 habitantes urbanos e rurais, com uma forte fonte de
renda a agropecuária e a cafeicultura.
Os dados coletados e os resíduos da construção foram recolhidos em 20
(vinte) obras de construção distribuídas dentro do município cadastradas na
prefeitura municipal de Matipó/MG, as obras de reparos, reformas e demolições
foram desconsideradas no presente trabalho.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em conformidade com o levantamento de dados realizados no presente
trabalho sobre utilização de resíduos da construção na pavimentação, seguem os
gráficos e tabelas demonstrando, comparando e discutindo os resultados obtidos.
Tabela 1: Quantidade total de resíduos após o término das obras.
OBRAS ÁREA PROJETADA
DA OBRA (m²)
NÚMERO DE PAVIMENTOS
ÁREA TOTAL DA
CONSTRUÇÃO (m²)
QUANTIDADE TOTAL DE RESÍDUOS
(KG) 1 168 3 504 75600 2 450 4 1800 270000 3 510 6 3060 459000 4 180 2 360 54000 5 170 3 510 76500 6 180 2 360 54000 7 180 2 360 54000 8 120 4 480 72000 9 414 6 2484 372600
10 306 3 918 137700 11 100 2 200 30000 12 120 2 240 36000 13 120 3 360 54000 14 117 4 468 70200 15 204 4 816 122400 16 200 2 400 60000 17 352 6 2112 316800 18 80 2 160 24000 19 396 6 2376 356400 20 150 5 750 112500
TOTAL 18718 2807700 Fonte: Autores (2018).
O cálculo da massa (Kg) dos resíduos gerados em cada obra foi obtido
através da área total (m²) de cada obra considerando o número de pavimentos
multiplicada por 150 kg que é gerado de resíduo por cada metro quadrado de área
construída segundo os estudos indiretos de Pinto (1999).
Alguns estudos relatam a importância do uso dos resíduos da construção
para pavimentação de estradas vicinais, considerando seu uso em base e sub-base
dessa pavimentação, a espessura dessas estruturas (base e sub-base) pode variar
sendo a mais utilizada para estradas vicinais a sub-base com 45 cm de espessura e
a base com 20 cm de espessura (ABDOU; BERNUCCI; BAGATINI; 2008).
De acordo com os valores obtidos através da literatura mencionada acima
para pavimentação de 1km de estrada seria necessário 2700 m³ (metros cúbicos) de
RCD. Segundo Polillo (1987), o peso específico do entulho é de 1.200 kg/m³ ou 1,2
t/m³. Então:
1 m³ —— 1200 Kg
X ––– 2.779.623 Kg
X = 2.316,35 m³.
Onde o valor de 2.779.623 é referente a 99% dos resíduos gerados pelas 20
obras em estudo (conforme visto anteriormente na tabela 01), pois 1% são resíduos
descartados, segundo classificação como será mostrado na (figura 4).
Para os resíduos gerados no município pelas obras avaliadas e de acordo
com os cálculos referidos a quantidade de resíduos recicláveis gerados após o
término das 20 obras é de 2.316,35 m³, sendo suficiente para pavimentar
aproximadamente 0,86 Km de estrada vicinal, considerando uma estrada com
largura média de 6 metros.
Figura 1: Demonstração de como seria a utilização do RCD em 45 cm de sub-base. Fonte: Autores (2018).
Em estudos realizados por Castro e Figueiredo (2012), para implantação de
projetos de gerenciamento de resíduos na construção civil utilizando os RCD em
pavimentação de estradas, estes além de pavimentar e estruturar a via, este tipo de
ação consegue promover a redução de custos de produção, aumentar de eficiência
e competitividade além de melhoria da imagem da empresa junto a consumidores,
fornecedores e poder público vinculada as questões ambientais.
Durante o desenvolvimento do trabalho as 20 obras cadastradas foram
visitadas e nestas foram recolhidos uma média de 3 kg de resíduo em cada
construção em andamento na cidade de Matipó (MG), com intuito de determinar os
principais tipos de resíduos presentes no entulho.
Figura 2: Separação dos resíduos em laboratório. Fonte: Autores (2018).
Figura 3: Resíduos descartados.
Fonte: Autores (2018).
Obtivemos o total de 68,129 kg de resíduos, após a separação de resíduos
baseados no estudo de Triches e Kryckyj (1999) considerando resíduos vermelhos
e resíduos brancos (figura 2) de resíduos que foram descartados (figura 3). Os
resíduos vermelhos foram obtidos em maior proporção em relação aos resíduos
brancos (figura 4):
Figura 4: Porcentagem dos resíduos. Fonte: Autores (2018).
Bagatini (2011), em seus estudos relacionando uso de resíduos da
construção na pavimentação, conclui que como uma solução de destinação final,
estes materiais descartados podem ser incorporados aos agregados utilizados nas
camadas de base e sub-base na pavimentação de estradas, devendo
obrigatoriamente passar por um prévio processo de seleção, como objetivo de não
haver mistura de materiais considerados de qualidade inferior que possam interferir
na vida útil e no perfeito funcionamento do pavimento, considerando ainda que os
resíduos vermelhos e brancos são mais indicados para sub-base e base
respectivamente, devido as suas diferenças de resistência e absorção de esforços.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O emprego dos agregados reciclados na pavimentação não só proporciona
uma redução considerável na extração da matéria – prima provenientes de jazidas,
como também apresenta soluções para destinação dos resíduos sólidos da
construção civil.
O grande volume de resíduos gerado pelas atividades da construção civil no
município, na maioria das vezes, não apresenta uma destinação correta e causa
diversos transtornos à sociedade e prejuízos ao meio ambiente.
Com tudo, é de suma importância que se proceda a esclarecimentos sobre o
tema junto aos profissionais da construção civil que não foram devidamente
treinados ou orientados acerca dos resíduos e de sua gestão.
Considera-se que as empresas do ramo da construção civil deveriam priorizar
a gestão de seus resíduos com planejamento que esteja em concordância com a
legislação, que promova diminuição do desperdício e destinação adequada dos
mesmos.
Dentro desta perspectiva sugere-se a elaboração de um projeto, onde seria
realizada palestras explicativas entre profissionais da construção civil, estudantes e
comunidade de um modo geral para que todos, juntos, se mobilizem no intuito de
encontrar soluções possíveis para os resíduos gerados nos canteiros de obras bem
como na aplicação desses resíduos na pavimentação na cidade de Matipó e região.
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