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Inclusão digital para deficientes visuais
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UNIVERSIDADE DE BRASLIA (UnB)
Faculdade de Cincia da Informao (FCI)
Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao (PPGCInf)
INCLUSO DIGITAL E USURIOS COM DEFICINCIA VISUAL NO DF:
ESTUDO DE ACESSIBILIDADE NA SOCIEDADE DA INFORMAO
MARIA DAS GRAAS PIMENTEL
Braslia DF
2011
UNIVERSIDADE DE BRASLIA (UnB)
Faculdade de Informao e Documentao (FCI)
Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao (PPGCInf)
INCLUSO DIGITAL E USURIOS COM DEFICINCIA VISUAL NO DF:
ESTUDO DE ACESSIBILIDADE NA SOCIEDADE DA INFORMAO
Tese apresentada Faculdade de Cincia da Informao da
Universidade de Braslia como requisito parcial para obteno
de ttulo de Doutor em Cincia da Informao.
Orientador: Prof. Dr. Emir Jos Suaiden
MARIA DAS GRAAS PIMENTEL
Braslia DF
2011
P644i Pimentel, Maria das Graas.
Incluso digital e usurios com deficincia visual no DF: estudo de
acessibilidade na sociedade da informao / Maria das Graas Pimentel.
Braslia: Universidade de Braslia, 2011.
ix, 350 f.: il.
Tese (Doutorado em Cincia da Informao) Faculdade da Cincia da Informao da Universidade de Braslia.
1.Sociedade da Informao 2.Incluso Digital 3. Excluso Social 4.
Deficincia Visual 5. Tecnologia Assistiva para o Deficiente Visual 6.
Ambientes Digitais 7. Acessibilidade. I.Ttulo.
FOLHA DE APROVAO
Ttulo: Incluso Digital e Usurios com Deficincia Visual no DF: Estudo de Acessibilidade
na Sociedade da Informao
Autor: Maria das Graas Pimentel
rea de concentrao: Transferncia da Informao
Linha de Pesquisa: Gesto da Informao e do Conhecimento
Tese apresentada Faculdade de Cincia da Informao da
Universidade de Braslia como requisito parcial para obteno
de ttulo de Doutor em Cincia da Informao.
Tese aprovada em: 20 de abril de 2011
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Prof. Dr. Emir Jos Suaiden - Presidente - Orientador (UnB/FCI)
_____________________________________________________
Prof. Dr. Edgar Merchn Hamann - Membro Interno UnB/ FS
__________________________________________________________________
Prof. Dr Lllian Maria Araujo Resende Alvares Membro Interno (UnB/FCI)
________________________________________________________________
Prof Dr Ceclia Leite Oliveira - Membro Externo (Pesquisadora da Embrapa)
___________________________________________________________
Prof. Dr Walda de Andrade Antunes - Membro Externo - (IPECE/SP)
___________________________________________________________
Prof. Dr. Murilo Bastos da Cunha - Membro Interno - (UnB/FCI) (Suplente)
Dedico esta tese s pessoas que acreditam no paradigma da incluso
social como caminho ideal para se construir uma sociedade para
todos.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade de experimentar as maravilhas de sua criao.
Ao professor Emir Suaiden, meu mestre e orientador, pessoa de grande valor que vem
trabalhando incansavelmente pelo Brasil em prol da democratizao da informao enquanto
elemento de incluso social.
Aos meus grandes mestres da Universidade de Braslia / FCI, Professores Doutores Sely
Costa, Suzana Mueller, Murilo Bastos, Walda Antunes, Dulce Baptista e Lllian Alvares que
contriburam para o meu crescimento profissional e pessoal aos quais devo todo o
aprendizado acadmico.
Ao professor Doutor Edgar Merchn Hamann da Faculdade de Cincias da Sade da
Universidade de Braslia pelas orientaes quanto interpretao e cruzamento dos dados
coletados com a pesquisa.
Ao Embaixador Pedro Borio que me incentivou a prosseguir na carreira acadmica.
Aos Centros de Incluso Digital do Distrito Federal que acolheram o nosso trabalho nos
auxiliando com as informaes necessrias, propiciando as condies prprias e fundamentais
para o seu enriquecimento.
Aos deficientes visuais que participaram desta pesquisa com quem aprendi novas formas de
perceber as coisas.
A todos aqueles que se dispuseram a contribuir direta ou indiretamente para a realizao deste
projeto, em especial os entrevistados.
minha querida amiga Liliane que muito contribuiu para o desenvolvimento deste trabalho
dando apoio quanto discusso e reflexo dos temas a serem abordados no estudo.
Aos meus familiares e em especial ao meu querido pai (in memorian) pelo apoio e estmulo
empreendidos.
Ao meu esposo Ronildo e filhos, pelo apoio incondicional a este projeto.
As ferramentas computacionais abrem um espao de oportunidades,
principalmente para as pessoas cujos padres de aprendizagem no
seguem os quadros tpicos de desenvolvimento. Estudos mostram que
pessoas limitadas por deficincias no so menos desenvolvidas, mas se
desenvolvem de forma diferente
Lucila Santarosa
RESUMO
No mundo das tecnologias da informao e da comunicao - TICs, no possvel mais
admitir a idia de que as pessoas com deficincias devem ser consideradas, como em outros
tempos, objetos das polticas de assistncia social. Hoje, graas s mudanas tecnolgicas
verificadas nas ltimas duas dcadas, particularmente no que diz respeito crescente
globalizao da economia e das atividades humanas, as pessoas comeam a ser vistas como
seres humanos que devem exercer todo o espectro de direitos civis, polticos, sociais, culturais
e econmicos. A presente investigao apresenta um estudo de usurios que so deficientes
visuais e frequentam os ambientes digitais do Distrito Federal. O objetivo dessa pesquisa
identificar e analisar polticas que orientam programas de acessibilidade nesses ambientes que
oferecem servios de informao. O estudo tem a inteno de identificar como programas e
polticas pblicas de incluso digital podem contribuir para reduo da excluso social desse
segmento. Procura-se centrar a questo da incluso digital em conjunto com os principais
fatores: a disponibilizao da tecnologia e a abordagem educacional voltada para a atuao do
educador/multiplicador capaz de preparar o indivduo para apropriar-se das tecnologias da
comunicao. Tem como foco ainda, pontuar as principais questes norteadoras desse debate
principalmente no que diz respeito aos aspectos da incluso e excluso digital; a dimenso
tecnolgica; suas interfaces com o mundo globalizado em torno do papel da informao e do
conhecimento nos dias de hoje, principalmente no que se refere elevao da qualidade de
vida e da dignidade da pessoa com deficincia visual, a partir da efetiva garantia de acesso
informao e aprendizagem. Espera-se que os resultados desse estudo possam apontar para
uma reflexo cientfica que converge para o campo da Cincia da Informao, onde a
oposio entre incluso e excluso social possa ser mais bem observada para validar a eficcia
dos programas e projetos de acessibilidade existentes. Os resultados obtidos revelaram que:
os programas de incluso digital para deficientes visuais no Distrito Federal vem passando
por um processo de desenvolvimento e enfrentam os desafios oriundos das transformaes
scioculturais e se esforam para incorporar o novo papel que lhes cabe na transferncia de
conhecimentos e informaes para incluir esses usurios na sociedade da informao; as
desigualdades sociais tem sido um fator determinante quanto ao uso e acesso dos meios de
comunicao digital, dificultando a interatividade dos usurios com as novas tecnologias de
informao. Conclui que h necessidade de estabelecer polticas pblicas para fortalecer os
mecanismos de acesso de informao digital para deficientes visuais e promover a incluso
social e digital como forma de diminuir as desigualdades e barreiras existentes.
Palavras-Chave: Sociedade da Informao. Incluso Digital. Excluso Social. Polticas
Pblicas. Educao. Cincia da Informao. Deficincia Visual. Ambientes Digitais.
Tecnologia Assistiva. Acessibilidade.
ABSTRACT
In this world of information technology and communication TICs, the idea that people with
handicaps should be considered objects of political and social assistance, is not admissible .
Today, thanks to the technological changes of the last ten years, especially in regards to the
growing globalization of the economy and of human activities, people are now seen as human
beings that have a right to exercise the whole spectrum of their civil, political, social, cultural
and economic rights. This investigation presents a study of visually impaired users of the
digital environment in the Distrito Federal. The objective of this study is to identify and
analyze the policies that regulate programs of accessibility where information services are
offered. The study intends to identify how public programs and policies of digital inclusion
can contribute to the reduction of the social exclusion of this segment of society Digital
inclusion focuses on the following factors: the availability of technology; the educational
approach, with emphasis on the preparation of the individual who is to make use of
communication technology, by a capable educator. The study also seeks to point out the main
questions of this debate, those concerning the aspects of digital inclusion/exclusion; the
technological dimension; Its interfaces with a globalized world and the role of information
and knowledge today, especially when referring to the betterment of the quality of life and
dignity of a visually impaired person, through the effective access to information and
education. The results of this study are expected to bring about some thought which will
converge into the field of information science, where the difference between social inclusion
and social exclusion can be better observed so as to validate the efficiency of the existing
programs and projects of accessibility. The results showed that: the programs of digital
inclusion for the visually impaired in the Distrito Federal have been going through a process
of development, while. facing challenges which stem from sociocultural changes, and are
making an effort to incorporate the new role of knowledge and information transfer, to
include these users in the information society. Social inequalities have been a determining
factor for the access and use of digital communication, making the interactivity of new
information technologies difficult for the user. It is then concluded that there is a need to
establish public policies to strengthen the mechanisms of the accessibility of digital
information for the visually impaired which will promote social and digital inclusion as a
form of bringing down the existing barriers and inequalities.
Keywords: Information society. Digital inclusion. Social exclusion. Public policies.
Education. Information science. Visually impaired. Digital environments. Assistive
Technology. Accessibility.
LISTA DE FIGURAS E MAPAS
Mapa 1 - ndice das desigualdades Digitais (Brasil, 2005).......................................................49
Figura 1- Tabela de Snellen ............................................................................................................. 77
Figura 2 - Alfabeto braille ............................................................................................................... 82
Figura 3 - Mquina em braille .......................................................................................................... 83
Figura 4 Soroban ou baco ........................................................................................................... 89
Figura 5 - Tecnologia Assistiva ...................................................................................................... 117
Figura 6 - Aparelho de leitura..................................................................... ............................. ..........................151
Figura 7 - Telecentro da APAE/DF ................................................................................................. 151
Figura 8 - Computadores com teclados ampliados ............................................................................. 151
Figura 9 - Impressora braille .......................................................................................................... 151
Figura 10 - Equipamento leitor de documentos .................................................................................. 152
Figura 11 - Biblioteca Braille de Taguatinga ..................................................................................... 158
Figura 12 - Biblioteca Itinerante ..................................................................................................... 158
Figura 13 - Telecentro da Biblioteca Braille ...................................................................................... 159
Figura 14 - CEEDV ..................................................................................................................... 164
Figura 15 - CEEDV ..................................................................................................................... 164
Figura 16 - Telecentro CEEDV ...................................................................................................... 164
Figura 17 - Telecentro CEEDV ...................................................................................................... 164
Figura 18 - Ambientes digitais pesquisados................ ...........................................................228
Figura 19 - Dados da situao visual dos usurios.................................................... .............229
Figura 20 - Dados sobre a causa de deficincia........................................................ ..............229
Figura 21 - Dados sobre o sexo dos usurios............................................................ ..............230
Figura 22 - Dados sobre a faixa etria dos usurios........................................................ .......230
Figura 23 - Dados sobre o estado civil dos usurios...................................................... ........231
Figura 24 - Dados sobre o grau de instruo dos usurios............................................ .........231
Figura 25 - Dados sobre as principais atividades que os usurios encontram............. ..........232
Figura 26 - Dados sobre as dificuldades que os usurios encontram no trabalho......... .........232
Figura 27 - Dados sobre a situao empregatcia dos usurios...............................................233
Figura 28 - Dados sobre a renda familiar dos usurios................................................. ..........234
Figura 29 - Dados sobre a moradia dos usurios............................................................ ........234
Figura 30 - Dados sobre a moradia dos usurios e dependncia.................................... ........235
Figura 31 - Dados sobre a utilizao dos usurios dos CIDs.................................. ................237
Figura 32 - Dados sobre os motivos de uso dos CIDs..................................................... .......237
Figura 33 - Dados sobre a satisfao das expectativas informacionais......................... .........238
Figura 34 - Dados sobre fonte de informao.................................................................. .......239
Figura 35 - Dados da deficincia do CID.......................................................................... .....239
Figura 36 - Dados sobre o atendimento do CID................................................................ .....240
Figura 37 - Dados sobre o tempo de utilizao do CID.................................................... ......240
Figura 38 - Dados de como tomou conhecimento dos servios do CID............................ .....241
Figura 39 - Dados sobre o grau de preferncia dos softwares............................................ ....241
Figura 40 - Dados sobre o grau de uso de preferncia dos softwares................................ .....242
Figura 41 - Dados dos servios que utiliza na Biblioteca do CID....................................... ...242
Figura 42- Dados das opinies sobre o braille.............................................................. .........243
Figura 43 - Dados sobre a rea dos CIDs................................................................................257
Figura 44 - Dados sobre a acessibilidade fsica........................................................... ...........258
Figura 45 - Dados sobre as dificuldades encontradas pelos CIDs.............................. ............258
Figura 46 - Dados sobre orientao de atividades pelos monitores............................ ............259
Figura 47 - Dados sobre cursos de capacitao tcnica............................................ ..............260
Figura 48 - Dados sobre a integrao com a comunidade.......................................... ............260
Figura 49 - Dados dos servios prestado comunidade....................................................... ..261
Figura 50 - Dados sobre a formao da clientela................................................................. ...261
Figura 51 - Dados sobre o grau de instruo dos coordenadores............................................262
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Ranking dos Estados de Pessoas com Deficincias .............................................. 33
Quadro 2 - Tipos de Deficincias ............................................................................................. 34
Quadro 3 - Vantagens e desvantagens do sistema leitor de tela Dosvox ............................... 124
Quadro 4 - Vantagens e desvantagens do sistema leitor de tela Vitual Vision ...................... 130
Quadro 5 - Vantagens e desvantagens do sistema leitor de tela Jaws .................................... 134
Quadro 6 - Legislao Federal para PNEs.............................................................................. 189
Quadro 7 - Normas Tcnicas da ABNT para PNEs ............................................................... 192
Quadro 8 - Desenho Metodolgico da Pesquisa ..................................................................... 207
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Proporo de deficientes no mundo e no Brasil ...................................................... 29
Tabela 2 - Deficincia no Brasil...............................................................................................30
Tabela 3 - Populao residente por tipo de deficincia (Brasil 2000) ...................................... 30
Tabela 4 - Tipo de deficincia por sexo - Brasil....................................................................... 30
Tabela 5 - Produtos e Servios da Fundao Dorina Nowill .................................................... 93
Tabela 6 - Distribuio dos Questionrios por Instituio ..................................................... 223
Tabela 7 - Distribuio dos Questionrios por Instituio.....................................................224
Tabela 8 - Distribuio dos Questionrios por Instituio.....................................................225
Tabela 9 - Dados sobre bens que os usurios possuem..........................................................235
Tabela 10 - Dados sobre o que os usurios fazem no seu tempo livre...................................236
Tabela 11 - Percepo das deficincias que os Centro de Incluso Digital apresentam quanto
s Instalaes Fsicas pelos DVs........................................................................244
Tabela 12 - Percepo das deficincias que os Centros de Incluso Digital apresentam quanto
ao Acesso Internet pelos DVs...........................................................................245
Tabela 13 - Percepo das deficincias que os Centros de Incluso Digital apresentam quanto
ao Atendimento do Instrutor pelos DVs..............................................................246
Tabela 14 - Percepo das deficincias que os Centros de Incluso Digital apresentam quanto
s barreiras arquitetnicas pelos DVs.................................................................247
Tabela 15 - Percepo das deficincias que os Centros de Incluso Digital apresentam quanto
ao Mobilirio inadequado pelos DVs.................................................................248
Tabela 16 - Percepo das deficincias que os Centros de Incluso Digital apresentam quanto
ao Horrio pelos DVs..........................................................................................249
Tabela 17 - Dados sobre a disponibilizao interna do ambiente...........................................257
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
AIDS
ACS
Sndrome da Imunodeficincia Adquirida
Assessoria de Comunicao Social
APAE
AT
Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais do DF
Ajudas Tcnicas
AVAS Atividades da Vida Autnoma e Social
BCE Biblioteca Central
BDS
BIA
CAT
Biblioteca Digital e Sonora
Bloco de Iniciao a Alfabetizao
Comit de Ajudas Tcnicas
CDI
CID
Comit para a Democratizao da Internet
Centro de Incluso Digital
CEEDV Centro de Ensino Especial para Deficientes Visuais
CERMI
CESPE
Comit Espanhol de Representantes de Pessoas com Incapacidade
Centro de Seleo e de Promoo de Eventos
CETIC Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informao e Comunicao
CGI Comit Gestor da Internet
CF Constituio Federal
CNE Conselho Nacional de Educao
CENESP Centro Nacional de Educao Especial
CODEPLAN Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central
COLESP Colees Especiais
CONFINS Contribuio para Financiamento da Seguridade Social
CORDE Coordenadoria Nacional para Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia
CPS Centro de Polticas Sociais
DAC
DEG
DF
DV
Decanato de Assistncia Comunitria
Decanato de Ensino e Graduao
Distrito Federal
Deficiente Visual
EAPE Escola de Aperfeioamento dos Profissionais da Educao
EICs Escolas de Informtica e Cidadania
EJA Educao de Jovens e Adultos
EPT Educao Profissional e Trabalho
FBB Fundao Banco do Brasil
FE
FGV
FT
Faculdade de Educao
Fundao Getlio Vargas
Faculdade de Tecnologia
FOAL Fundao Once para a Amrica Latina
GESAC Governo Eletrnico Servio de Atendimento ao Cidado
GID Gerenciamento da Informao Digital
GPL Licena Pblica Geral
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IBRE Instituto Brasileiro de Economia
ICDH International Classification of Functining, Disability and Health
ICIDH International Classification of Impairment, Disability and Handicap
IDH ndice de Desenvolvimento Humano
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional
LDV
MCT
Laboratrio de Apoio ao Deficiente Visual da UnB
Ministrio da Cincia e Tecnologia
MDIC Ministrio do Desenvolvimento, Industria e Comrcio Exterior
MEC Ministrio da Educao
NBR Norma Brasileira
NCE Ncleo de Computao Eletrnica
NEB Notaes Especficas em Braille
NIC Ncleo de Informao e Coordenao do Ponto BR
NVDA Acesso No-Visual ao Ambiente de Trabalho
OIT Organizao Internacional do Trabalho
OMS Organizao Mundial de Sade
ONCB Organizao Nacional dos Cegos no Brasil
ONGS Organizaes no Governamentais
ONU Organizao das Naes Unidas
OPT Oficinas Protegidas Teraputicas
PAMPD Programa de Ao Mundial para Pessoas Deficientes
PC Computador Pessoal
PCNs Parmetros Curriculares Nacionais
PDAD Pesquisa Distrital por Amostra de Domiclio
PDV Pessoa com deficincia visual
PDVs Pessoas com deficincias visuais
PED Plano de Desenvolvimento da Educao
PIS
PNAD
Programa de Integrao Social
Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios
PNE Plano Nacional de Educao
PNEE Poltica Nacional de Educao Especial
PNEs Pessoas com necessidades especiais
PNEEs Portadores de necessidades educacionais especiais
PPNE Programa de Apoio s Pessoas com Necessidades Especiais
PNLL Plano Nacional do Livro e Leitura do Minc
SESC Servio Social do Comrcio
SEDEST Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferncia de Renda
SEE-DF Secretaria de Estado de Educao do Distrito Federal
SEESP
SNPD
Secretaria de Educao Especial MEC
Secretaria Nacional de Promoo das Pessoas com Deficincia
SOCINFO
SOT
Programa Sociedade da Informao no Brasil
Servio de Orientao ao Trabalho
TA
TDA
TDAH
Tecnologia Assistiva
Transtorno de dficit de ateno
Transtorno de dficit de ateno e hiperatividade
TI Tecnologia da Informao
TIC Tecnologia da Informao e da Comunicao
TICS Tecnologias da Informao e da comunicao
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UnB Universidade de Braslia
UTI Unio Internacional de Telecomunicaes
UNESCO Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura
USP Universidade de So Paulo
SUMRIO
CAPTULO 1
1. INTRODUO...................................................................................................................23
1.1 PROBLEMA QUE SER OBJETO DA PESQUISA .................................................... 27
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 32
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ......................................................................................... 36
1.3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 36
1.3.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ................................................................................................. 36
1.4 PRESSUPOSTOS ........................................................................................................... 37
CAPTULO 2
2. REVISO DE LITERATURA ......................................................................................... 38
2.1 SOCIEDADE DA INFORMAO E PESSOAS COM DEFICINCIA...........................41
2.1.1 DESIGUALDADES SOCIAIS: UM DURO DESAFIO A SER ENFRENTADO 43
2.1.2 AS BARREIRAS DA INCLUSO DIGITAL ..................................................... 47
2.1.3 DESENVOLVER UM PROCESSO DE INCLUSO DIGITAL NA
SOCIEDADE BRASILEIRA ................................................................................................. 51
2.1.4 FORMULAO DE POLTICAS PBLICAS CONTRA EXCLUSO
DIGITAL ................................................................................................................................ 55
2.1.5 EDUCAR PARA EVITAR A EXCLUSO SOCIAL .......................................... 58
2.1.6 MOMENTOS HISTRICOS DA DEFICINCIA E DA INCLUSO ................ 60
2.1.7 MOMENTOS HISTRICOS DA EDUCAO ESPECIAL ............................... 65
2.1.8 AS CONQUISTAS LEGAIS DOS DEFICIENTES NO MEIO INTERNACIONAL
E NO BRASIL ....................................................................................................................... 68
2.2 DEFININDO DEFICINCIA ........................................................................................... 72
2.2.1 DEFININDO DEFICINCIA VISUAL ................................................................ 76
2.2.2 O SISTEMA BRAILLE ......................................................................................... 80
2.2.3 O DEFICIENTE VISUAL E O PROCESSO DE ALFABETIZAO.................84
2.2.4 A IMPORTNCIA DA FUNDAO DORINA NOWILL NO CENRIO
EDUCACIONAL...................................................................................................................91
2.2.5 ONCB ORGANIZAO NACIONAL DE CEGOS DO BRASIL .................. 95
2.2.6 FUNDAO ONCE PARA A SOLIDARIEDADE COM PESSOAS CEGAS
DA AMRICA LATINA (FOAL) ......................................................................................... 97
2.2.7 ATENDIMENTO ADEQUADO S PESSOAS COM DEFICINCIA VISUAL 99
2.2.8 O PROCESSO DE INCLUSO E O PAPEL DO PROFESSOR ...................... 105
2.3 MECANISMOS DE INFORMAO DIGITAL PARA OS DEFICIENTES VISUAIS .. 108
2.3.1 A INCLUSO DIGITAL DOS DEFICIENTES VISUAIS NA PERSPECTIVA DA
TECNOLOGIA ASSISTIVA ............................................................................................... 113
2.3.2 SOFTWARES DESENVOLVIDOS PARA DEFICIENTES VISUAIS .................... 119
2.3.2.1 DOSVOX............................................................................................................119
2.3.2.2 VIRTUAL VISION.............................................................................................126
2.3.2.3 JAWS..................................................................................................................130
2.3.2.4 NVDA.................................................................................................................135
2.3.3 ITENS IMPORTANTES A SEREM CONSIDERADOS PARA A INSTALAO DE
UM AMBIENTE TELETEMTICO PARA DEFICIENTES VISUAIS ...........................138
2.3.4 CONHECENDO OS AMBIENTES TELEMTICOS INSTALADOS NO DF QUE
DO ATENDIMENTO A PESSOA COM DEFICINCIA VISUAL .............................. 145
2.3.4.1 APAE- ASSOCIAO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS DO DF ...... 145
2.3.4.2 BIBLIOTECA BRAILLE DORINA NOWILL ............................................................. 153
2.3.4.3 CEEDV - CENTRO DE ENSINO ESPECIAL DE DEFICIENTES VISUAIS ......... 159
2.3.4.4 BIBLIOTECA DIGITAL E SONORA DA UnB ............................................................ 165
2.3.4.5 LABORATRIO DE APOIO AO DEFICIENTE VISUAL DA UnB ....................... 167
2.3.5 PPNE-PROGRAMA DE APOIO S PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS DA
UNIVERSIDADE DE BRASLIA ........................................................................................... ....... 171
2.3.6 OS DEFICIENTES VISUAIS E O AMBIENTE DE APRENDIZAGEM TENDO
COMO MEDIADOR O COMPUTADOR...........................................................................174
2.3.7 ACESSO AOS CONTEDOS DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAO E O
DEFICIENTE VISUAL ......................................................................................................177
2.4 ACESSIBILIDADE: RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................................... 181
2.4.1 BRASIL ACESSVEL ........................................................................................... 184
2.4.2 LEGISLAES ESPECFICAS QUE DO SUPORTE S PESSOAS COM
DEFICINCIA ..................................................................................................................... 187
2.5 CONCLUSO DA REVISO DE LITERATURA .......................................................... 195
CAPTULO 3
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 198
3.1 TIPO DE PESQUISA ................................................................................................... 198
3.2 ESTRUTURA DA PESQUISA .................................................................................... 204
3.2.1 DEFINIO DO OBJETO DE ESTUDO A SER INVESTIGADO .............................. 204
3.3 DELIMITAO DO ESTUDO ................................................................................... 208
3.4 DEFINIO DO UNIVERSO DA PESQUISA .......................................................... 208
3.5 DEFINIO DOS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................ 209
3.6 VARIVEIS .................................................................................................................211
3.6.1 VARIVEIS ESTUDADAS.................................................................................213
3.7 QUESTIONRIOS ....................................................................................................... 218
3.8 PR -TESTE E APLICAO DE QUESTIONRIO ................................................. 222
CAPTULO 4
4. ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS ............................................................. 227
4.1 RESULTADOS DO ESTUDO DE USURIOS DOS AMBIENTES DIGITAIS DO
DF.........................................................................................................................................228
4.1.1 ANLISE DE ASSOCIAO ENTRE VARIVEIS INDEPENDENTES E A
PERCEPO DE DEFICINCIA NOS CIDs...............................................................244
4.1.2 CONCLUSO DA ANLISE E INTERPRETAO DE DADOS...................249
4.2 RESULTADOS DO QUESTIONRIO PARA COORDENADORES DOS
AMBIENTES DIGITAIS DO DF........................................................................................257
4.2.1 CONCLUS DA ANLISE E INTERPRETAO DE DADOS......................262
4.3 CONCLUSO DA ANLISE DOS QUESTIONRIOS PARA PROFESSORES E
MONITORES DOS AMBIENTES DIGITAIS DO DF.......................................................265
4.4 RESULTADO DA ANLISE DOS DADOS DA ENTREVISTA.............................267
4.4.1 CONCLUSO DA ANLISE DOS DADOS DA ENTREVISTA ......................272
CAPTULO 5
5. CONSIDERAES FINAIS..................................................................................275
5.1 RESULTADOS DA PESQUISA E SUA CONTRIBUIO COM A CINCIA DA
INFORMAO E COM A GESTO DA INFORMAO E DO CONHECIMENTO.280
5.2 PROPOSTAS PARA O FORTALECIMENTO DE POLTICAS PBLICAS
VOLTADAS PARA OS SERVIOS DE INFORMAO A SEREM OFERECIDOS
PELOS CENTROS DE INCLUSO DIGITAL INSTALADOS NO DF PARA
DEFICIENTES VISUAIS..................................................................................................284
REFERNCIAS....................................................................................................................289
GLOSSRIO.........................................................................................................................301
APNDICES..........................................................................................................................308
ANEXOS................................................................................................................................333
23
CAPTULO 1
1 INTRODUO
A informao e o conhecimento sempre estiveram presentes na histria da
humanidade e hoje passaram a ser fora produtiva direta, promovendo novas formas de
interao e de participao social.
Na sociedade atual, as tecnologias da informao e da comunicao permeiam todas
as reas do conhecimento tornando a vida das pessoas mais fcil. A capacidade de acesso e
uso da informao vem consolidando-se como principal elemento para o desenvolvimento
econmico e social, alm de requisito para o exerccio da cidadania.
Se para uns, conhecimento poder e por conseqncia, instrumento de dominao,
para outros, d-se como patamar indissocivel da gesto democrtica na sociedade moderna,
que passou a ser regida tambm pelos preceitos do conhecimento, da educao e do
desenvolvimento cientfico e tecnolgico (BRASIL. MINISTRIO DA CINCIA E
TECNOLOGIA, 2000).
As aes e problemas decorrentes da abundncia de informao permeiam a
sociedade da informao1. Para minimizar a tica dominante e excludente do acesso
informao e ao conhecimento, a sociedade da informao se apia no desenvolvimento de
tecnologias da informao e comunicao (TICs) que suportam o intercmbio e a
interatividade em meio digital entre indivduos e organizaes. Campello (2003) corrobora a
afirmativa quando cita o documento 2020 Vision que traa as polticas de informao no
Reino Unido:
Se a sociedade da informao ambiente de abundncia informacional, a tecnologia
o instrumento que vai permitir lidar com o problema, potencializando o acesso
informao e conectando as pessoas aos produtos da mente.
1 Sociedade da informao um termo usado normalmente para definir o novo contexto em que vivemos, no
qual todas as atividades humanas esto cada vez mais dependentes das infraestruturas eletrnicas da informao
(Castells, 1999).
24
O fenmeno da globalizao da informao tal como vem se apresentando hoje, faz
do mercado informacional um dos que mais cresce no mundo. Tal realidade requer uma
sociedade mais preparada para enfrentar os desafios oriundos das transformaes
socioculturais, para que possa incorporar o novo papel que lhes cabe na sociedade do
conhecimento tendo em vista que cada vez maior o uso da informtica e de seus
subprodutos em todas as atividades da sociedade. Entretanto seja pelo alto custo ou pelo
difcil acesso, as tecnologias atendem apenas a uma pequena parcela da populao sendo as
pessoas com deficincia uma das mais prejudicadas.
Sob esse aspecto, Jambeiro (2005) se pronuncia ao revelar que a sociedade brasileira
passou por profundas mudanas sociais, onde parte da populao se transformou em grande
consumidora de produtos e servios digitais. No entanto, um extrato significante da sociedade
continua margem desse movimento, apesar das inmeras iniciativas privadas e
governamentais de incluso digital. De Norte a Sul do pas, so identificadas aes de
infoincluso fundamentais para o exerccio da cidadania. Para o autor, o desenvolvimento da
democracia alcanado pelo Brasil indica que comeamos a aceitar, tambm como natural
(assim como a excluso e a incluso), uma tendncia reduo das distncias sociais. sob
essa tica que se deve vislumbrar a incluso dos indivduos na sociedade da informao
dando oportunidade tambm queles com algum tipo de limitao como o caso dos
deficientes visuais, objeto de estudo desta tese.
A acessibilidade da pessoa com deficincia aos recursos informais hoje, portanto,
um grande desafio que deve merecer a ateno do poder pblico como uma prtica
permanente, responsvel e inclusiva necessria condio humana j que o pas tem cerca de
24,5 milhes de pessoas convivendo com algum tipo de deficincia de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2000).
Nesse sentido, um pas desigual e de dimenses continentais como o nosso precisa
repensar suas prticas e suas possveis aes complementares que possam subsidiar polticas
que visam proporcionar a insero social das pessoas com deficincia nas diversas reas
(sade, educao, trabalho, transferncia de renda, etc), junto ao setor pblico, privado e da
sociedade civil no intuito de reduzir os danos sociais e melhorar o retrato da deficincia no
Brasil.
25
Para efeito deste trabalho, foi adotada a denominao pessoa com deficincia visual
representada pela sigla PDV ou PDVs quando se referir as pessoas com deficincias visuais e
ainda DVs quando se tratar simplesmente de deficientes visuais.
Nesta pesquisa ser feito um estudo de usurios que frequentam os ambientes digitais
instalados no Distrito Federal tendo como o foco a pessoa com deficincia visual, de modo a
detectar suas necessidades informacionais e os fatores que possam estar interferindo e ou
dificultando a sua acessibilidade para a efetiva insero na sociedade da informao.
O estudo tem a inteno de identificar como programas e polticas pblicas de
incluso digital podem contribuir para a reduo da excluso social da pessoa com deficincia
visual. Para tal, procura-se centrar a questo da incluso digital em conjunto com os principais
fatores: a disponibilizao da tecnologia; a necessidade de contedos ou recursos digitais e a
abordagem educacional voltada para a atuao do educador ou do multiplicador capaz de
preparar o indivduo para apropriar-se das tecnologias da comunicao.
Tem como foco ainda, pontuar as principais questes norteadoras desse debate
principalmente no que diz respeito aos aspectos da dimenso tecnolgica; suas interfaces com
o mundo globalizado em torno do papel da informao e do conhecimento nos dias de hoje,
principalmente no que se refere elevao da qualidade de vida e da dignidade dos DVs a
partir da efetiva garantia de acesso por meio da mediao e da aquisio de conhecimento.
A outra questo a ser analisada para a PDV se a disponibilidade dessas tecnologias
atende as suas reais necessidades por informao e o resultado que o uso das TICs promove
na sua vida. Nesse sentido, uma sociedade inclusiva aquela que se utiliza desses avanos
tecnolgicos para oportunizar a pessoa com deficincia visual um passo em direo a esse
novo tempo, que valoriza a diversidade humana e fortalece a aceitao das diferenas.
H que se considerar ainda, a contribuio do estudo para validar os impactos das
aes apoiadas nas tecnologias da informao e da comunicao, como ferramenta
imprescindvel para a formao da cidadania, carter, conscincia e crescimento intelectual
permanentes dos DVs. A popularizao dos recursos tecnolgicos para esse grupo social
26
pressupe mais habilidade para o consumo da informao e crescimento pessoal que se
constituir como uma porta aberta para o acesso ao conhecimento, o desenvolvimento cultural
e a profissionalizao.
O cerne dessa pesquisa reconhecer o fato de que a principal ferramenta desse novo
milnio no ser mais o computador, e sim o prprio conhecimento, modelado pelas novas
estratgias cognitivas que facilitam a tomada de deciso e a soluo de problemas adotados
pelos DVs. Em um ambiente digital para DVs, mediar ensinar a classificar, a discriminar, a
selecionar e a analisar as informaes transformando-as em conhecimento e melhoria da
qualidade de vida.
Para atingir os objetivos propostos na tese, o presente trabalho apresenta-se num
escopo contendo reviso de literatura e uma metodologia que implica estudo de usurios e de
gestores de ambientes telemticos, alm de entrevistas voltadas para programas de
acessibilidade e de incluso social, cujas anlises de dados nortearo todo o processo de
investigao.
A tese est dividida em cinco captulos. O primeiro constitudo pela introduo que
contempla o problema da pesquisa, a justificativa, os objetivos e os pressupostos.
O segundo captulo introduz a reviso da literatura bem como os aspectos tericos
voltados para a incluso e excluso social, incluso e excluso digital, referncias a respeito
da deficincia visual nos cenrios nacional, internacional, social e educacional, legislao,
polticas pblicas voltadas para DVs, dentre outros assuntos. Ainda neste captulo tratada a
questo da tecnologia assistiva disponibilizada e utilizada no Brasil pelos deficientes visuais,
alm de suas principais caractersticas e modo de funcionamento.
No terceiro captulo apresentada a metodologia de investigao utilizada que se
concentra em um estudo etnogrfico, descritivo de carter exploratrio e de natureza
quantitativa e qualitativa que possibilitar uma investigao dos programas e projetos de
incluso digital mediados pelos recursos tecnolgicos, implantados no Distrito Federal para
PDV. O quarto captulo traz os resultados das observaes referentes s investigaes atravs
dos instrumentos de pesquisa como questionrios e entrevistas realizadas nos ambientes
27
digitais junto aos usurios, gestores de polticas pblicas, coordenadores, professores e
monitores. As consideraes finais sobre o estudo so tratadas no quinto e ltimo captulo que
traz tambm as contribuies do estudo com a Cincia da Informao e sugestes de melhoria
para os Centros de Incluso Digital.
Posteriormente so apresentadas as obras consultadas, o glossrio, os apndices e os
anexos que tem a funo de ilustrar os instrumentos utilizados na pesquisa de campo.
nesse cenrio que surge a indagao objeto da pesquisa: A falta de atendimento
informacional adequado prejudica a incluso do deficiente visual na sociedade da
informao?
Espera-se que o resultado desse estudo possa colaborar com a reduo da
desinformao e do preconceito que norteiam o tema, incentivar novas pesquisas, fomentar a
discusso da diversidade e contribuir para a mudana cultural da sociedade. Espera-se ainda
que esses resultados possam apontar para uma reflexo cientfica que converge para o campo
da Cincia da Informao, onde a dualidade da incluso e excluso social possa ser mais bem
observado para verificar parmetros utilizados para validar a eficcia dos programas e
projetos de acessibilidade existentes visando uma sociedade mais inclusiva.
1.1 PROBLEMA QUE SER OBJETO DA PESQUISA
A mediao da informao e da comunicao no mundo contemporneo cada dia se
torna mais complexa e dinmica necessitando de indivduos autnomos e que saibam lidar
com as exigncias dessa nova era. Esse dilema propiciado pela revoluo tecnolgica tem
afetado a vida do cidado comum pelo seu efetivo impacto e poder transformador nas prticas
sociais.
Entretanto, no momento em que a sociedade vive esse processo de comunicao
massivo, de reconfigurao das informaes, verifica-se uma crescente disponibilidade
tecnolgica que no se reflete no acesso e no uso da Internet pela maioria da populao
brasileira.
28
A 2 Pesquisa sobre Uso da Tecnologia da Informao e da Comunicao no Brasil
TIC DOMICLIOS e USURIOS 2006, do Comit Gestor da Internet no Brasil (CGI),
publicada em 2007, mostra que a regio Sudeste do Brasil possui o maior nmero de includos
digitais (18,74%), seguidos da regies: Sul (16,90%), Regio Centro-Oeste (13,05%), Norte
(6,15%) e Nordeste com (5,54%). Dentre os estados da federao mais includos esto: Rio de
Janeiro (22,90%), Esprito Santo (22,45%), Distrito Federal (21,45%), Santa Catarina
(19,89%) e o Paran com (19,56%). Os menos includos so o Maranho (4,7%), Rio Grande
do Norte (4,72%), Bahia (5,07%), Piau (5,11%) e Sergipe (5,54%). Esses indicadores
demonstram que o acesso Internet concentra-se no meio urbano e nos Estados mais ricos da
Federao.
As barreiras incluso digital incluem preos de computadores, aquisies de
softwares, disponibilidade e custo de conexes e de provedores de servios, alm de fatores
educacionais e culturais associados concentrao de renda e baixo poder aquisitivo. O grupo
mais pobre da populao no tem recursos para comprar computador e, menos ainda para
pagar uma conta de telefonia fixa de um provedor de Internet.
Se por um lado a disponibilizao interativa, viabilizada pelos meios tecnolgicos,
tem sido um desafio capacidade de inserir os indivduos para contracenar com as
sofisticadas teias de comunicao que geram dados e informaes, do outro, a situao
ainda mais crtica para a pessoa com deficincia. Quando no excludas do convvio das
outras pessoas e segregadas em espaos especiais, so submetidas a situaes que no levam
em conta suas necessidades e garantias, conforme o que preceitua o artigo 2, da Lei Federal
n 7.853, de 1989, que dispe sobre o apoio s pessoas com deficincia. Esta lei tambm
explicita que:
Ao Poder Pblico e seus rgos cabe assegurar s pessoas portadoras de deficincia
o pleno exerccio de seus direitos bsicos, inclusive dos direitos educao.
H que se considerar ainda que as informaes que esto disponveis, em sua grande
maioria, ocultam uma excluso informacional para a pessoa com deficincia por
desconhecimento ou descumprimento das normas de acessibilidade. As barreiras
informacionais podem ser percebidas em livros convencionais e documentos impressos ou
mesmo em meio eletrnico inacessvel.
29
Um livro, por exemplo, deve ser impresso em braille, lido e gravado em formato de
udio por outra pessoa ou ento disponibilizado em formato digital acessvel2 cujas formas de
disponibilizao para a pessoa com deficincia no so imediatas logo aps a sua publicao.
Esta uma das razes do dficit informacional destes usurios.
Segundo a ONU (Organizao das Naes Unidas) h cerca de 500 milhes de
deficientes no mundo e 80% vivem em pases em desenvolvimento como o Brasil. J as
estimativas da Organizao Mundial de Sade (OMS) diz que h no mundo cerca de 600
milhes de pessoas com alguma deficincia visual, das quais 40 a 45 milhes so cegas, 135
milhes tem baixa viso e 75% so provenientes de regies de baixo poder scio - econmico.
Esses dados foram divulgados em 2000, quando a estimativa da populao mundial era de 6,1
bilhes.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2000), informam
que existem 24,5 milhes de pessoas com deficincia no pas representando 14,5% da
populao. Desses, 16.644,842 so pessoas com deficincia visual.
O Censo Demogrfico demonstra essas informaes e visualiza as principais
deficincias pesquisadas conforme as tabelas 1, 2, 3 e 4, a saber:
Tabela 1 - Proporo de deficientes no Mundo e Brasil
Populao Deficientes em
geral
% de deficientes
na populao
Cegos % de cegos no
universo dos
deficientes
Mundial
6 bilhes
600 milhes
10%
40 a 45
milhes
6,7% a 7,5%
Brasil
180 milhes
24 milhes
14,5 %
1,4 milho
0,6%6
Fonte: IBGE; WHO; FGV/IBRE
Com os dados do ltimo censo do IBGE do ano de 2000 comparados com os dados
apresentados pela Organizao Mundial de Sade em relao populao mundial de cegos, 2 Digital: informao armazenada e processada por computador (dispositivo eletrnico)
Acessvel: formato que segue as regras de acessibilidade para portadores de necessidades especiais
30
possvel inferir que aproximadamente 4% da populao do planeta que possui algum tipo de
deficincia visual vivem no Brasil. A tabela 01 demonstra essa comparao.
Tabela 2 - Deficincia no Brasil
Tipo de
Deficincia
Porcentagem em
relao
populao
brasileira
Nmero de
habitantes
deficientes no Brasil
Porcentagem em relao populao
deficiente brasileira
Mental 1,24% 2.09 milhes 8.3%
Fsica 0,59% 0.99 milhes 4.1%
Auditiva 2,42% 4,08 milhes 16,7%
Visual 6,97% 11,77 milhes 48,1%
Motora 3,32% 5,6 milhes 22,9%
Total 14,5% 24,5 milhes 100%
Fonte: IBGE , Censo Demogrfico(2000)
A tabela 2 mostra que a porcentagem de deficientes visuais a maior em relao s
outras deficincias, seguida da deficincia motora, auditiva, mental e fsica.
Tabela 3 - Populao residente por tipo de deficincia Brasil 2000
Tipo de Deficincia Populao Residente
Mental 2.844.937
Fsica 1.416.060
Visual 16.644.842
Auditiva 5.735.099
Motora 7.939.784
Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 2000.
A populao residente de deficientes visuais maior entre as deficincias, seguida da
motora, auditiva, mental e fsica conforme a tabela 3.
Tabela 4 - Tipo de deficincia por sexo Brasil
IBGE Censo
Demogrfico
2000/Tipo
de
deficincia
Visual
Motora
Auditiva
Mental
Fsica
Total de
Deficincias
Homem 7.259.074 3.295.071 3.018.218 1.545.462 861.196 15.979.021
Mulher 9.385.768 4.644.713 2.716.881 1.299.474 554.846 18.601.700
Total 16.644.842 7.939.784 5.735.099 2.844.936 1.416.060 34.580.721
Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 2000.
31
A Tabela 4 mostra que as deficincias auditivas, mental e fsica predominam no
gnero masculino. As mulheres so em maior nmero na deficincia visual e motora.
Conforme dados pesquisados pelo IBGE no Censo de 2000, das 24,5 milhes de
pessoas que se declararam com deficincia, 18,8 milhes estavam nas zonas urbanas e 4,8
milhes nas zonas rurais. O Sudeste a regio que tem a menor proporo de pessoas com
deficincia (13,1%), enquanto o Nordeste apresenta o maior percentual (16,8%).
O Ministrio da Educao estima que 30% das deficincias so causadas por doenas
diversas; 20% por problemas congnitos; 20% por desnutrio; 7% por acidentes domsticos;
5,5% por acidentes de trnsito; 2,5% devido a acidentes de trabalho e 15% por outras causas.
No Brasil, segundo Moraes (2004) o nmero de pessoas com deficincia est
diretamente associado a fatores como: acidentes automobilsticos, ausncia de cuidados na
preveno de acidentes diversos, violncia, erros mdicos ou utilizao de medicamentos com
efeitos colaterais desencadeadores de deficincias, falta de acompanhamento da parturiente e
da criana, fatos congnitos e, at mesmo, a desinformao e a ignorncia.
Especificamente no Distrito Federal onde se prope desenvolver o estudo, existem
188.779 pessoas convivendo com deficincia visual conforme os dados disponibilizados pelo
IBGE (2000).
O Distrito Federal possui vrios programas e projetos de incluso digital instalados
em instituies como escolas, biblioteca e organizaes associativas para DVs. Esses
ambientes, disponibilizam recursos tecnolgicos como ferramentas de acessibilidade
informao e ao conhecimento.
Considerando, portanto: 1) a importncia do uso das tecnologias da informao e da
comunicao na vida cotidiana das pessoas enquanto ferramenta fundamental para o exerccio
da cidadania; 2) o nmero de pessoas no Distrito Federal com deficincia visual; 3) a
dificuldade de acesso aos recursos da tecnologia da informao em funo de aspectos
relativos ao baixo poder aquisitivo, a fatores educacionais e culturais; 3) a existncia de
32
programas locais para este segmento; 4) a existncia de legislao federal que dispe sobre o
apoio pessoa com deficincia; o que se pretende analisar :
- A falta de atendimento informacional adequado prejudica a incluso do deficiente
visual na sociedade da informao?
A resposta a essa indagao parece indicar um estudo cientfico para a compreenso
de como determinados fenmenos ocorrem ao converg-los para o campo da Cincia da
Informao.
1.2 JUSTIFICATIVA
No Brasil, alarmante o quadro de excluso social. O fosso que se estabelece entre
ricos e pobres decorrente de um processo histrico e contnuo, marcado por uma dvida da
velha excluso social e econmica. O analfabetismo, no Brasil, precede a incluso digital. Os
dados estatsticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2006) revelam que
14,9 milhes de brasileiros com mais de 10 anos de idade so analfabetos e que 10,4% de
pessoas com 15 anos ou mais so analfabetos funcionais apresentando dificuldades para
interpretar textos simples.
As condies do mercado capitalista tambm acumulam desigualdades sociais,
apesar do aumento de posse de ativos para a populao referentes telefonia fixa ou mvel
(74,5%), acesso ao rdio (87,9%) e televiso nos domiclios (93%). Apenas em 22,1% dos
domiclios no Brasil h computadores, embora esse percentual corresponda a quase o dobro
em relao ao ano de 2000 (12,3%). No que diz respeito ao acesso Internet, o ndice tambm
apresentou crescimento significativo: de 8,6%, em 2003, para 16,9%, em 2006 (BRASIL.
IBGE, 2006).
O cenrio que hoje se apresenta com cerca de 24,5 milhes de brasileiros convivendo
com algum tipo de deficincia precisa ser melhor observado pelas empresas governamentais
sendo que cerca de 48% deste total (16,5 milhes ) possuem algum tipo de deficincia visual
fazendo dessa deficincia a de maior incidncia no Brasil. De acordo com o Censo
Demogrfico desse Instituto, os estados que mais apresentam as maiores taxas de pessoas com
33
deficincia so a Paraba (18,76%), Rio Grande do Norte (17.64%), Piau (17,63),
Pernambuco (17,4%) e Cear (17,34), enquanto que os cinco estados que apresentam as
menores taxas so: So Paulo (11,35%), Roraima (12,5%), Amap (13,28%), Distrito Federal
(13,44%) e Paran (13,57%) conforme quadro abaixo:
Quadro 1- Ranking dos Estados de Pessoas com Deficincia
Estados Porcentagem de Pessoas com Deficincia
So Paulo
Roraima
Amap
Distrito Federal
Paran
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Rondnia
Acre
Santa Catarina
Amazonas
Gois
Esprito Santo
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Rio Grande do Sul
Par
Bahia
Tocantins
Sergipe
Maranho
Alagoas
Cear
Pernambuco
Piau
Rio Grande do Norte
Paraba
11.35
12.05
13.28
13.44
13.57
13.63
13.72
13.78
14.13
14.21
14.26
14.31
14.74
14.81
14.09
15.07
15.26
15.64
15.67
10.01
16.14
16.78
17.34
17.04
17.63
17.64
18.76
Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos micro dados do Censo Demogrfico de 2000/IBGE.
O censo mostra ainda que o Nordeste a regio que concentra a maior proporo de
pessoas com deficincia: 16,7% em relao a 12,9% na regio Sudeste, 13,7%, na regio Sul,
14,1% na regio Centro-Oeste e 16,1% na regio Norte . no Nordeste que tambm se
encontra o maior nmero de pessoas cegas. Pessoas com deficincia constam ainda em maior
proporo na populao negra, na indgena, entre as mulheres e nas pessoas idosas.
De maneira geral, h uma relao direta e recproca entre deficincia e pobreza. A
pobreza contribui diretamente para o aumento do nmero de pessoas com deficincia. As
pessoas com deficincia, por sua vez, encontram difcil acesso educao, sade e
notadamente ao trabalho, o que contribui para sua permanncia na condio de pobres,
34
excludas e, no melhor dos casos, assistidas. Segundo a ONU, 82% das pessoas com
deficincia vivem abaixo da linha de pobreza, e cerca de 400 milhes de pessoas com
deficincia vivem em condies precrias em pases em desenvolvimento.
O Censo 2000 incorporou no apenas uma maior variedade de tipos de deficincias,
como seus respectivos graus distribudos da seguinte forma:
Quadro 2 - Tipos de Deficincias
Tipo de deficincia %
Mental 11,5%
Tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia 0,44%
Falta de um membro ou parte dele 5,31%
Alguma dificuldade para enxergar 57,16%
Alguma dificuldade de ouvir 19%
Alguma dificuldade de caminhar 22,7%
Grande dificuldade de enxergar 10,50%
Grande dificuldade de ouvir 4,27%
Grande dificuldade de caminhar 9,54%
Incapaz de ouvir 0,68%
Incapaz de caminhar 2,3%
Incapaz de enxergar 0,6%
Fonte: IBGE Censo de 2000.
O censo escolar de 2002 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(INEP), registra 20.257 alunos com deficincia visual na educao bsica do sistema
educacional brasileiro. A anlise desses dados reflete que muitas crianas, jovens e adultos
com deficincia visual encontram-se fora da escola.
Esses dados servem para despertar, mobilizar e corrigir o retrato da deficincia no
Brasil e ainda, servem para conscientizar das conseqncias que isso representa para a nao
quando polticas pblicas srias deixam de ser estabelecidas para este pblico em particular.
35
Novamente, preciso levar em conta que a incluso digital deve estar amparada nos
fundamentos da alfabetizao informacional, pois muitos, apesar de terem acesso aos servios
informatizados, no sabem como utiliz-los na sua total capacidade.
Com o avano das tecnologias da informao que favorecem a insero do homem
em novas formas de se relacionar com o mundo, como podemos utilizar os recursos das
tecnologias da comunicao e da informao a favor das pessoas com deficincia, se para
muitas que se encontram em boas condies fsicas e psicolgicas, elas ainda no
aconteceram?
No Distrito Federal, o retrato dos desconectados indica que 31,6% dos brasilienses
possuem computadores em suas residncias e, apenas 22,6% esto conectados Internet. o
que afirma a Pesquisa Distrital por Amostra de Domiclio PDAD, realizada em 2004 pela
CODEPLAN - Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central/Subsecretaria de
Estatstica e Informaes da Coordenao do Distrito Federal. No que se refere as pessoas
com deficincia, no estudo de Retratos da Deficincia no Brasil realizada em 2003, a
Fundao Getlio Vargas (FGV) e a Fundao Banco do Brasil (FBB) divulgaram que 6,5%
das pessoas com deficincia possuem computador em casa, contra 10,2% da populao em
geral.
Esses dados demonstram que a desigualdade tecnolgica aumenta o abismo social
evidenciando as diferenas sociais no Distrito Federal, impossibilitando a interatividade dos
cidados com o mundo globalizado. A pesquisa, entretanto, no oferece dados concretos de
indicadores sociais voltados especificamente para o cidado com necessidades especiais de
um modo geral.
Pessoas com deficincia ou algum tipo de limitao precisam, acima de tudo, de
oportunidades que hoje so representadas pela posse de ativos ligados s tecnologias de
comunicao. A negao desse direito implica numa insero desigual. O uso dos meios de
tecnologia por essas pessoas vem possibilitar a insero social para acesso Internet quanto
busca de servios, permitindo ao usurio automao e independncia para melhor atender suas
necessidades informacionais.
36
Nesse contexto, importante lembrar que pessoas com deficincia possuem
limitaes fsicas ou mentais que muitas vezes no as incapacitam, ou provocam desvantagens
para determinadas atividades, mas geram estigmas individuais e coletivos. Essas deficincias
sociais se apresentam como desvantagens, uma vez que esteretipos e discriminaes
impedem que a pessoa com deficincia tenha vida normal em sociedade. Uma das principais
fontes de preconceitos a desinformao existente acerca das potencialidades, desejos e
dificuldades deste grupo da populao. O presente estudo tem, como inteno, ajudar a
compreender esta situao, contribuir para o seu melhoramento e fornecer elementos sua
soluo.
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.3.1 OBJETIVO GERAL
Esta pesquisa tem como objetivo geral identificar e analisar polticas que orientam
programas de acessibilidade em ambientes digitais que oferecem servios de informao no
Distrito Federal, tendo como foco o deficiente visual.
1.3.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Conhecer as principais abordagens nacionais e internacionais no que se refere aos
princpios de incluso social e digital para o deficiente visual;
perceber na literatura da rea o estado-da-arte da mediao e a transferncia de
informao como elemento importante de incluso digital;
mapear e analisar os programas de incluso digital para pessoas com deficincia
visual existentes no Distrito Federal;
identificar e analisar nos ambientes de servios de informao os recursos
tecnolgicos utilizados e a acessibilidade aos contedos disponibilizados;
identificar os fatores que dificultam a acessibilidade para o deficiente visual e sua
efetiva insero na sociedade da informao;
37
1.4 PRESSUPOSTOS
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram indicados alguns pressupostos, os quais
serviro de base para a elaborao das questes dos instrumentos para a coleta de dados.
Esses dados sero confirmados ou no pelos resultados obtidos. Para a execuo da presente
tese apresentam-se os seguintes pressupostos:
Os programas de incluso digital voltados para pessoas com deficincia visual
implantados no DF, no atendem as suas reais necessidades de informao;
as desigualdades sociais e a falta de ambientes de servios de informao no DF
tem sido um fator determinante ao uso e acesso dos meios de comunicao dificultando a
interatividade dos usurios com deficincia visual nas novas tecnologias de informao;
a oportunidade, o conhecimento da existncia de ambientes de servios de
informao, a capacidade das pessoas com deficincia visual usar as novas tecnologias com
autonomia e independncia so fatores de incluso digital.
38
CAPTULO 2
2 REVISO DE LITERATURA
O direito de tomarem as suas prprias decises e de participarem em
todas as esferas da vida um ponto de partida dos trabalhos para
estabelecer uma conveno internacional sobre os direitos e
dignidade das pessoas com deficincia.
Kofi Annan
Essas palavras de Kofi Annan quando era Secretrio-Geral da ONU, proferidas em
seu discurso por ocasio do Dia Internacional das Pessoas com Deficincia em 3 de
Dezembro de 2004, data em que todos os pases promovem eventos em comemorao a esse
dia, propicia pensar sobre o mundo contemporneo em que vivemos no qual nenhuma
sociedade pode afirmar basear-se na justia e na igualdade, enquanto as pessoas com
deficincia no puderem tomar decises como membros de pleno direito.
No mundo das tecnologias da informao e da comunicao, no possvel mais
admitir a idia de que as pessoas com deficincia ou mobilidade reduzida devem ser
consideradas, como fora em outros tempos, objetos das polticas de assistncia social. Hoje,
graas s mudanas tecnolgicas verificadas nas ltimas duas dcadas, particularmente no que
diz respeito crescente globalizao da economia e das atividades humanas, as pessoas
comeam a ser vistas como cidados que devem exercer todo o espectro de direitos civis,
polticos, sociais, culturais e econmicos.
certo que este processo tem sido lento e inconstante, mas est a registrar-se em
todas as partes do mundo.
Kofi Annan
Com a evoluo da Internet ampliaram-se tambm as formas de busca do
conhecimento e da informao. Apesar desse fato ter proporcionado um aumento da incluso
social, deve-se frisar que nem todas as pessoas tm acessibilidade a tais meios o que leva a
conseqncias trgicas como a fome, a violncia e a desesperana.
39
Sobre esse assunto, Waiselfisz (2007), relata que existe o reconhecimento dos
diferentes ritmos de expanso das novas tecnologias denominado brechas digitais. Aplicado
inicialmente para indicar as distncias de acesso digital que separam os pases avanados dos
restantes h que se considerar que sem superar as fraturas internas decorrentes da falta desse
acesso, ser impossvel diminuir essas distncias.
Para o autor, esses avanos internos dependem de um grande conjunto de fatores. De
um lado, do crescimento econmico, dos progressos na equidade da distribuio da renda, da
extenso dos benefcios sociais, culturais, educacionais aos setores da populao
historicamente excludos. De outro, tambm depende de marcos regulatrios no campo das
telecomunicaes, que no discriminem reas ou setores da populao, da formao de capital
humano especializado nessas novas tecnologias, da modernizao tecnolgica do aparelho
produtivo, do setor comercial e de servios e da administrao pblica.
Sob esse aspecto, o diferencial na quantidade e qualidade de conhecimentos que cada
um absorve, na realidade, que representa qual a capacidade social do indivduo de insero
nas novas tecnologias de comunicao.
Com relao ao assunto incluso social, Mota (2005, p. 47) assim se manifesta:
A abordagem do tema incluso social feita freqentemente a partir da mirade de
problemas associados ao seu plo oposto: a excluso social. Analfabetismo,
desemprego, pobreza e marginalizao, segregao tnica de minorias, de portadores
de necessidades especiais, de grupos etrios e de gneros, distribuio desigual de
riquezas entre cidados e regies etc. so fatores que refletem e retratam os diversos
matizes do apartheid social.
Fenmeno de mltiplas dimenses, a excluso social pode estar associada falta de
bens e servios, como educao, sade, segurana, justia, cidadania e diversos tipos de
discriminaes e privaes quanto aos direitos humanos. Uma sociedade inclusiva aquela
que valoriza a diversidade humana e fortalece a aceitao das diferenas individuais.
Diversos estudiosos (citados abaixo) que defendem a incluso digital acreditam que
as tecnologias da inteligncia podem ser reconfiguradas para novos usos. As tecnologias da
informao e comunicao podem ser instrumentos de combate pobreza e de incluso
social. Para pessoas com deficincia, podem favorecer a cidadania e motivam as comunidades
40
e os indivduos a exercerem seus direitos bsicos e acima de tudo: so meios para mudar o
cotidiano de misria social e cultural.
Para Jambeiro e Silva (2004), a sociedade da informao est alicerada nas
tecnologias de informao e comunicao: integrao entre a informtica, a telemtica e a
indstria de equipamentos eletro-eletrnicos, que possibilitam o rpido e contnuo fluxo de
informaes, diminuindo distncias e relativizando o fator tempo em uma srie de atividades
humanas. A informao, assim, migra para o meio digital e tem a Internet como seu principal
canal de transmisso e transferncia.
Lima (2004), em suas consideraes afirma que a Internet tal como existe hoje no
Brasil, vem retratar o agravamento das desigualdades sociais, econmicas e polticas, uma vez
que privilgio de poucos o acesso a bens de computadores e linhas telefnicas. Criam-se,
ento, duas categorias sociais: as que tm acesso Internet e os que no o tm. A tecnologia
passa a ser a vil da histria e a responsvel para a elevao do desemprego e a busca pelo
trabalho informal.
Levy (2005), explica ainda que a Internet favorece a democracia e que o principal
obstculo participao no falta de computador, mas o analfabetismo e a falta de recursos
culturais, opinio compartilhada por Tarapanoff, Suaiden e Oliveira (2004), ao afirmarem que
no poder haver sociedade da informao sem cultura informacional e o maior problema da
incluso social no a falta de computadores, mas o analfabetismo em informao. Para esses
autores, uma pessoa alfabetizada em informao seria aquela capaz de identificar a
necessidade da informao para transform-la em conhecimentos para a soluo de
problemas. A incluso de pessoas com deficincia possibilitar formar aprendizes com o uso
da tecnologia assistiva ao propiciar a ampliao de habilidades funcionais, a incluso digital o
que, conseqentemente, ir promover uma vida independente para estes cidados.
Os pases com baixo ndice de Desenvolvimento Humano (IDH), como o Brasil,
devem preocupar-se com a questo da excluso social, oportunizando aos cidados com
deficincia a difuso da informao como item fundamental ao seu desenvolvimento social,
educacional e cultural. O resgate dos aspectos fundamentais de cidadania oportunizada pelos
41
recursos tecnolgicos, eleva a auto-estima e o aprendizado destes indivduos, inserindo-os
numa sociedade em redes.
Neste aspecto, Castells (1999), em suas consideraes, afirma que vivemos em uma
sociedade em rede e que a presena na rede ou a ausncia dela e a dinmica de cada rede
em relao s outras so fontes cruciais de dominao e transformao de nossa sociedade.
Por conseguinte, a excluso digital significa a excluso do conhecimento, a qual
retira das pessoas menos favorecidas economicamente e, principalmente daquelas com
deficincia ou mobilidade reduzida, a possibilidade de mudar suas vidas e de participar
democraticamente das decises importantes para o desenvolvimento pleno do pas.
Segundo Macadar e Reinhard (2002), o termo excluso digital ( apartheid digital,
digital gap, digital divide, brecha digital,etc) significa a disponibilizao do acesso s
Tecnologias de Informao e da comunicao (TICs), em especial Internet.
Sob essa tica, as novas tecnologias de informao e comunicao so requisitos
fundamentais para a educao transformadora e inclusiva as quais contribuiro para a
melhoria da qualidade de vida destas pessoas.
2.1 SOCIEDADE DA INFORMAO E PESSOAS COM DEFICINCIA
Durante os ltimos anos, o mundo tem assistido o crescimento da revoluo da
informao o que conduz a sociedade a um novo patamar de desenvolvimento a Sociedade
do Conhecimento que oferece extraordinrias oportunidades as pessoas e naes que
potencializam talentos e recursos rumo a novas conquistas. O conhecimento aplicado ao
trabalho passou a gerar valor. A conquista da informao e a sua aplicao na gesto dos
negcios e nas atividades coletivas da sociedade passaram a ser sinnimo de riquezas.
Com a sociedade em processo de mudana em que as novas tecnologias so as
principais responsveis, vrios autores salientam que um novo paradigma de sociedade se
apresenta onde a informao um bem precioso na sociedade do conhecimento (NAISBITT,
1988; DRUCKER, 1993; TOFFLER, 1984; SANTOS, 2004:255-268). Castells (1999), nessa
42
mesma linha de pensamento afirma que a informao a matria prima da nova sociedade,
onde as tecnologias se desenvolvem para permitir ao homem atuar sobre a informao.
A sociedade da informao e do conhecimento que passou a ser utilizada, nos ltimos
anos desse sculo, como substituto para o conceito complexo de sociedade ps-industrial,
traz consigo impactos sociais capazes de levar a uma transformao que incidir diretamente
na economia acabando com o conceito atual de trabalho e valorizando mais que tudo o
conhecimento e a aprendizagem.
Esta sociedade poder ser responsvel por grandes diferenas sociais, tendo em conta
o seu grau de exigncia. Como uma sociedade que vive do poder da informao, tendo
como base as novas tecnologias ela poder ser muito discriminatria, quer entre pases, quer
internamente, entre empresas e entre pessoas. A emergncia de novas foras de excluso se d
tanto em nvel local quanto global e requer esforos em ambos os nveis no sentido de super-
las. fundamental que aes nessa direo promovam acesso universal aos servios de
informao a preos acessveis a todos os cidados.
De acordo com a Declarao Universal dos Direitos do Homem que constitui a base
dos direitos informao na sociedade da informao, o novo Programa Informao para
Todos dever prover uma discusso sobre acesso informao e a participao de todos nessa
nova sociedade. Isso poder facilitar integrao de todos os cidados incluindo ai as
pessoas com deficincias.
Nesse novo paradigma, as polticas educativas desempenham um papel primordial
para diminuir as dissimetrias sociais uma vez que a informao o principal recurso onde a
sua utilizao correta, seu armazenamento, processamento, gerao e compartilhamento
exigem que o cidado tenha de aprender a lidar com esta realidade. Para que isso ocorra,
manusear corretamente as tecnologias no so suficientes. necessrio desenvolver as
competncias necessrias para compreender este novo processo. O indivduo tem de ser capaz
de acompanhar as inovaes para ter uma adequada integrao na sociedade e no mercado de
trabalho cada vez mais competitivo e exigente conforme o que observam os autores
(DRUCKER, 1993; FORESTER, 1989; LYON, 1992; MARTINS, 1999; NAISBITT, 1988).
43
Nesse aspecto, a sociedade do conhecimento apresenta muitas exigncias e quem no
se preparar ficar excludo. Perante este panorama ser fcil constatar que a escola tambm
necessita mudar e evoluir de forma a dar respostas s necessidades da sociedade atual, cada
vez mais exigente.
A sociedade do conhecimento em que vivemos s pode desenvolver-se atravs do
forte reforo da capacidade humana promovendo a excelncia na educao, do
bsico ao tercirio, e apostando na aprendizagem ao longo da vida como novo
paradigma educativo, ()
Conselho Nacional de Educao, 2002
Sob essa tica, a educao tem o desafio de preparar o cidado para uma boa
utilizao das novas tecnologias. Num pas de desigualdades sociais como o Brasil, onde
ainda no foi possvel erradicar o analfabetismo e grande parte da populao vive abaixo da
linha de pobreza, cabe ao Poder Pbico tomar medidas legais e institucionais de forma a
promover a incluso social e digital de todos inclusive das pessoas com necessidades
especiais e com mobilidade reduzida de forma a integr-las na sociedade do conhecimento
com foco no uso e acesso da informao e no no da informtica simplesmente.
Por conseguinte, a implantao da sociedade da informao traz consigo uma nova
proposio, uma nova forma de estruturao, um novo modelo de organizao social. As
potencialidades das novas tecnologias da comunicao e informao presentes na sociedade
do conhecimento so visveis, facilitam o fluxo de comunicao nas vrias performances. As
pessoas com deficincia encontram nelas uma preciosa aliada na aquisio de conhecimento
alm de contriburem consideravelmente para a melhoria da sua qualidade de vida.
2.1.1 DESIGUALDADES SOCIAIS: UM DURO DESAFIO A SER ENFRENTADO
O desafio poltico global no superar a excluso digital, mas
expandir o acesso e o uso das TICs para promover a incluso social.
Mark Warschauer
O movimento de idias e debates acerca dos conceitos e dos discursos sobre a
incluso e excluso tem tomado significativas dimenses em espaos institucionais, sociais
e mediticos.
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De acordo com Waiselfisz (2007), infoincluso, infouso, acesso universal, incluso,
alfabetizao digital entre outros, so termos que tm sido recentemente adotados para
designar um fenmeno tambm novo: as pessoas que tm condies de acesso s novas
tecnologias da informao e da comunicao. Notcias frequentes tem aparecido no Brasil
sobre realizaes nesse campo: os milhes de pessoas que tem acesso Internet, o tempo
mdio que passam navegando na rede ou os milhes de computadores vendidos nos ltimos
anos. Porm, pouco se fala dos excludos dando destaque apenas aos avanos das tecnologias.
A excluso digital uma brecha scio - poltico - econmica que marginaliza as
pessoas e a sociedade em funo do acesso s diferentes formas das tecnologias da
informao e da comunicao. A alfabetizao digital, entendida como processo educativo de
consequente educao inclusiva, uma das peas fundamentais da luta contra a brecha digital.
No Brasil, existem vrios estgios de excluso social atrelados ao baixo
desenvolvimento econmico, social e territorial os quais levam segundo Sorj (2003), a
mltiplas desigualdades. Na linha abaixo da pobreza absoluta, assistimos uma realidade dura,
devido brecha social, mas ao mesmo tempo surge um campo sedento por um debate objetivo
e o nascedouro de novas propostas para solucionar a excluso social, provocada por essa
mesma brecha.
Manuel Castells (2000), ao final da sua trilogia, volume 3: Fim do Milnio, alerta
para um lado sombrio da sociedade da informao:
A fronteira entre a excluso social e a sobrevivncia diria est cada vez mais
indistinta para grande nmero de pessoas em toda as sociedades. Aps perder boa
parte de segurana, sobretudo no caso das novas geraes da era ps-Estado do bem-
estar social, as pessoas no conseguem acompanhar a constante e necessria
atualizao profissional. Com isso, ficam para trs na corrida competitiva e
transformam-se em provveis candidatos prxima rodada de "enxugamento" dessa
camada intermediria, que constituiu a fora das sociedades capitalistas avanadas
durante a era industrial e agora se encolhe cada vez mais.
Ainda, segundo Castells (2000), atualmente, os processos de excluso social no
apenas afetam aqueles que esto em:
Verdadeira situao de desvantagem, mas tambm os indivduos e as categorias
sociais que constituram a vida com base em luta constante para no cair em um
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submundo estigmatizado de mo-de-obra desvalorizada e de pessoas socialmente
incapazes.
Sob esse aspecto, pases em desenvolvimento como o Brasil precisam se preparar
para lidar com as questes da excluso social como fator principal de desenvolvimento, dada
a realidade multidimensional tecnolgica mundializada que se apresenta.
O acesso aos direitos sociais tambm desigual. Segundo Henriques (UNESCO,
2003, pag. 63) a pobreza a questo mais urgente que o pas necessita enfrentar neste novo
milnio. As condies do mercado capitalista acumulam desigualdades sociais apesar do
aumento de posse de ativos no que se refere a telefonia fixa ou mvel com um aumento de
74,5%; acesso ao rdio num percentual de 87,9% e 93,0% de televiso nos domiclios.
Apesar do aumento da existncia de computador (em 22,1% dos domiclios no pas), assim
como o acesso Internet (em 16,9%), a pesquisa indica desigualdades regionais fortes (IBGE,
2006).
J a 3 Pesquisa sobre Uso das Tecnologias da informao e da Comunicao no
Brasil, a TIC Domiclios 2007 do Ncleo de Informao e Coordenao do Ponto BR
NIC.br (WWW.nic.br), indica que o percentual de domiclios com computador aumentou com
ritmo de aquisies onde o equipamento est presente em 24% das residncias brasileiras
representando um aumento de quatro pontos percentuais em relao a 2006. Isso um bom
sinal, mas h muito ainda para ser feito, pois a pesquisa revela que a maioria destes usurios
so residente em centros urbanos e pertencentes s classes dos que podem pagar pelos
servios de telefonia e conexo, alm do computador.
Entretanto, muitos brasileiros ainda no dispem desse equipamento devido falta
de recursos financeiros se incluindo ai os professores que poderiam utilizar desse acesso para
melhorar a sua prtica pedaggica. A compreenso do fenmeno da excluso digital refere-se,
ainda, ao desigual acesso aos meios de informao e comunicao rdio, televiso, telefone,
internet, etc e desigual capacitao do usurio para fazer o melhor proveito das
potencialidades oferecidas por cada um destes meios. O que, vem culminar com o
pensamento de Sorj (2003, p. 59):
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A excluso digital no pode ser dissociada do acesso a essas outras tecnologias da
comunicao, com as quais tem vrias complementaridades e, at mesmo,
tendncias convergncia.
Considerando tal proposio, preciso atuar em duas frentes. Na incluso social,
com a erradicao da pobreza, a melhoria e ampliao de oportunidades de educao tanto
para alunos quanto para professores, e, na incluso digital, com o uso das ferramentas das
tecnologias da informao e da comunicao para fomentar a produo e os servios.
Sob esse ponto de vista, preciso levar em conta que o acesso informao rpida e
precisa no se resume apenas a terem um micro em casa conectada Internet, pois muitos
apesar de ter acesso aos recursos tecnolgicos, no sabem como utiliz-los ou no sabem
como trabalhar com a informao o que, demonstra uma grande necessidade de educadores
capacitados em larga escala para reverter a situao.
Seabra ( 1993, p.46), ilumina esse pensamento ao afirmar que,
Levando em considerao a quantidade de informao produzida diariamente,
impraticvel absorv-la toda. No basta que os alunos simplesmente se lembrem das
informaes, eles precisam ter a habilidade e o desejo de utiliz-las, precisam saber
relacion-las, sintetiz-las, analis-las e avali-las. A escola com sua tarefa de
preparar o aluno para a vida, precisa propiciar-lhe condies de conhecer os novos
recursos tecnolgicos, pois o cidado do futuro ter como uma das principais
necessidades aprender a aprender, pois para executar tarefas rotineiras, existem
robs e ao homem compete ser criativo, imaginativo, inovador.
Nesse aspecto, Castells (1999), ressalta que a tecnologia da informao junto com a
habilidade para us-la e adapt-la, so fatores crticos para gerar e possibilitar acesso
riqueza, poder e conhecimento no nosso tempo.
Observando a contribuio dos autores acima citados, o grande desafio que se
coloca, ento, como tornar a Internet democrtica e til para todos na decantada sociedade
da informao para que os indivduos possam usufruir do pleno exerccio da cidadania?
No h dvida a respeito das barreiras significativas que um indivduo em situao
de excluso social enfrenta quanto ao acesso informao. Mas as barreiras para insero
social do excludo digital parecem ser ainda maiores: enquanto um indivduo com acesso
fsico e cognitivo ao mundo digital tem sua frente inmeras possibilidades de informao
atravs de stios de comunicao e de interao multiplicadas atravs do correio eletrnico, o
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