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Tradução: Silvia Sarzana - Martins Fontes€¦ · fatos, o livro inclui afirmações somente de fontes mais acreditadas – aqueles em posição de saber – sobre um fenômeno

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Tradução: Silvia Sarzana

Com prefácio de John Podesta

Diretor Editorial e PublisherRodrigo Coube

EditorMarcos Torrigo

TraduçãoSilvia Sarzana

RevisãoThais Tardivo

Projeto gráfico, diagramação e capaEdinei Gonçalves

1ª edição – 2011

Rua Antonio Prudente, n3-90, Jd. EstorilCEP 17016-010 – Bauru/SP

Tel.: (14) 3879-0288 – Fax: (14) 3879-0287e-mail: [email protected]

Site: www.ideaeditora.com.br

A reprodução desta obra é ilegal e configura uma apropriação indevida.

Impresso no Brasil

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Couto, Sérgio Pereira2012 x Nostradamus : o futuro da vida na Terra e do mundo como o

conhecemos / Sérgio Pereira Couto. -- São Paulo : Idea Editora, 2010.

ISBN 978-85-88121-34-8

1. Apocalipse 2. Calendário Maia 3. Desastres – Previsão 4. Fim do mundo 5. Nostradamus, 1503-1566 6. Profecias 7. Brasil – Século 21 – Previsões I. Título.

10-11431 CDD-133.3

Índices para catálogo sistemático:1. Profecias : Ocultismo 133.3

UFOs – GENERALS, PILOTS, AND GOVERNMENT OFFICIALS GO ON THE RECORDWITH A FOREWORD BY JOHN PODESTA

Copyright © 2010 by Leslie Kean.“The UAP Wave over Belgium” copyright © 2010 by Wilfried De Brouwer. All rights reserved.

Published in the United States by Harmony Books, an imprint ofthe Crown Publishing Group, a division of Random House, Inc., New York

Publicado mediante acordo com Crown Publishers, editora da The Crown Publishing Group, uma Divisão da Random House, Inc.

Todos os direitos desta edição reservados à Idea Editora Ltda.

Para Paul

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S u m á r i o

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11Por John Podesta

introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

PArTE 1: oBJEToS DE oriGEm DESCoNHECiDA . . . . . . 31

CAPÍTuLo 1 – Aeronave majestosa com Poderosos Holofotes radiantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

CAPÍTuLo 2 – A onda FANi sobre a Bélgica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41Pelo major General Wilfried de Brouwer

CAPÍTuLo 3 – Pilotos: uma Janela Única para o Desconhecido . . . . 59

CAPÍTuLo 4 – Circundado por um oVNi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67Pelo Capitão Júlio miguel Guerra

CAPÍTuLo 5 – Fenômenos Aéreos Não identif icados e Segurança da Aviação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

por richard F . Haines, PhD

CAPÍTuLo 6 – incursão no Aeropor to o’Hare, em 2006 . . . . . . . . . . 87

CAPÍTuLo 7 – oVNis Gigantes sobre o Canal da mancha, em 2007 . 97Pelo Comandante ray Bowyer

CAPÍTuLo 8 – oVNis como Alvos da Força Aérea . . . . . . . . . . . . . . 107

8 u F o s

CAPÍTuLo 9 – Combate Aéreo sobre Teerã . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113Pelo General Parviz Jafari (Aposentado), Força Aérea iraniana

CAPÍTuLo 10 – Combate Próximo com um oVNi . . . . . . . . . . . . . . . 121Pelo Comandante oscar Santa maria Huer tas (Aposentado), Força Aérea Peruana

PArTE 2: No CumPrimENTo Do DEVEr . . . . . . . . . . . . 127

CAPÍTuLo 11 – As raízes do Descrédito dos oVNis na América . . . 129

CAPÍTuLo 12 – Assumindo Seriamente o Fenômeno . . . . . . . . . . . . 147

CAPÍTuLo 13 – o Nascimento de ComETA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155Pelo major General Denis Let ty (Aposentado)

CAPÍTuLo 14 – A França e a Questão dos oVNis . . . . . . . . . . . . . . . 163Por Jean-Jacques Velasco

CAPÍTuLo 15 – oVNis e o Problema da Segurança Nacional . . . . . . 179

CAPÍTuLo 16 – “um Poderoso Desejo de Não Fazer Nada” . . . . . . . 193

CAPÍTuLo 17 – os Verdadeiros Arquivos X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203Por Nick Pope

CAPÍTuLo 18 – o Ex traordinário incidente na Floresta de rendlesham . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221

Pelo Sargento James Penniston (aposentado) da Força Aérea Americana e pelo Coronel Charles Halt (aposentado), da Força Aérea Americana

CAPÍTuLo 19 – Chile: Casos Aeronáuticos e a resposta oficial . . . 233Pelo General ricardo Bermúdez Sanhueza (aposentado), da Força Aérea Chilena, e pelo Capitão rodrigo Bravo Garrido, da Aviação do Exército do Chile

CAPÍTuLo 20 – oVNis no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243Pelo General Brigadeiro José Carlos Pereira (aposentado)

9S u m á r i o

PArTE 3: um CHAmADo À AÇÃo . . . . . . . . . . . . . . . . . 253

CAPÍTuLo 21 – Entrando na Briga: uma Nova Agência sobre oVNis na América . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255

CAPÍTuLo 22 – FAA investiga um Evento oVNi “Que Nunca Aconteceu” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271

Por John J . Cal lahan

CAPÍTuLo 23 – ocultação do Governo: Polí t ica ou mito? . . . . . . . . . 279

CAPÍTuLo 24 – o Governador Fife Symington e o movimento para a mudança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297

CAPÍTuLo 25 – Esclarecendo a História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 313Por Fife Symington iii Governador do Arizona, 1991-1997

CAPÍTuLo 26 – Envolvendo o Governo dos Estados unidos . . . . . . . 317

CAPÍTuLo 27 – Agnosticismo mili tante e o Tabu dos oVNis . . . . . . 323Pelo Dr . Alexander Wendt e pelo Dr . raymond Duvall

CAPÍTuLo 28 – Enfrentando um Desafio Ex tremo . . . . . . . . . . . . . . 339

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351

Sobre os Contribuidores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355

Sobre a Autora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361

Índice remissivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363

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P r E F á C i oPor John Podesta

Como alguém interessado na questão dos OVNIs, acho que sempre compreendi a diferença entre fato e ficção. Você poderia me chamar de um cético curioso. Mas sou cético sobre muitas coisas, incluindo a

noção de que o governo sempre sabe e que o povo não é confiável em relação à verdade. É por isso que dediquei três décadas da minha vida – na prática privada e como conselheiro do Comitê Judicial do Senado, na Casa Branca, no governo do Presidente Clinton e, agora, no Centro para o Progresso Americano – ao princípio fundamental de proteger a abertura no governo.

Por causa desse compromisso, apoiei o trabalho da jornalista investigado-ra Leslie Kean e sua organização, a Aliança pela Liberdade de Informação, em sua iniciativa, lançada em 2001, de obter documentos sobre OVNIs através do Ato de Liberdade de Informação. No espírito da investigação, Kean solicitou, com sucesso, uma injunção na Corte Federal sobre um caso importante, como era seu direito perante a lei.

O tempo de puxar a cortina sobre esse assunto está ultrapassado. OVNIs: Generais, Pilotos e Oficiais do Governo Falam dos Registros envolve tal esforço e apela para a pessoas de mente aberta, como eu mesmo. Apresentando os fatos, o livro inclui afirmações somente de fontes mais acreditadas – aqueles em posição de saber – sobre um fenômeno fascinante, cuja natureza ainda precisa ser determinada. Kean e sua impressionante equipe de contribuidores não fazem reivindicações inconvenientes, mas fornece uma análise racional da maior parte das informações pertinentes, muitas apresentadas aqui em primeira mão e detalhadamente, afirmando que são necessárias investigações posteriores. Kean fez mais do que sua lição de casa como obstinada repórter investigadora, diligentemente lutando com este perplexo assunto por dez anos,

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ao mesmo tempo tendo que enfrentar atitudes de zombaria e negação pelo governo. Mas ela perseverou, e seu livro claramente coloca o tabu a respeito dos OVNIs sem pernas para se apoiar.

Kean e seus distintos co-autores pedem o estabelecimento de uma pe-quena agência governamental que coopere com outros países que já estão formalmente investigando, revisando e liberando informação relevante sobre OVNIs. Essa nova agência lidaria com a liberação de documentos e quaisquer futuras investigações, com abertura e eficiência. É uma ideia a se considerar e é definitivamente o tempo para que o governo, os cientistas e os especialistas em aviação trabalhem juntos na revelação das questões sobre OVNIs, que há muito tempo permanecem no escuro. É hora de descobrir qual verdade está realmente lá fora. O povo americano – e os povos ao redor do mundo – quer saber e ele pode lidar com a verdade. OVNIs: Generais, Pilotos e Oficiais do Governo Falam dos Registros representa um passo essencial nessa direção, lançando as bases para um novo caminho a seguir.

oVNis

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i N T r o D u Ç Ã o

Dez anos atrás, trabalhando como repórter investigativa para uma es-tação de rádio pública da Califórnia, fui repentinamente confrontada por uma realidade aparentemente impossível. Um colega, em Paris,

enviou-me um novo e extraordinário estudo realizado por antigos oficiais de alta patente franceses, documentando a existência de objetos voadores não identificados e explorando seu impacto potencial sobre a segurança nacional. Agora conhecido como Relatório COMETA1, esse trabalho sem precedentes marcou a primeira vez em qualquer país que um grupo deste tamanho e estatura declarou que os OVNIs – sólidos, mas ainda inexplicáveis objetos no céu – constituem um fenômeno real, justificando uma imediata atenção internacional.

Os distintos autores de COMETA – treze generais aposentados, cientistas e especialistas espaciais trabalhando independentemente do governo da França – passaram três anos analisando encontros de pilotos e militares com OVNIs. Nos casos que apresentam, todas as explicações convencionais de alguma coisa natural ou feita pela mão do homem foram eliminadas pelos autores e suas equipes de especialistas associadas e, contudo, tais objetos foram obser-vados em uma faixa estreita por pilotos, rastreados pelo radar e oficialmente fotografados. Eles alcançaram velocidades e acelerações tremendas, giraram em ângulos agudos e retos num lampejo e podiam parar e permanecer no ar, desafiando as leis da física. O que significaria isso? Uma vez que alguns oficiais militares do COMETA estavam servindo no Instituto Francês de Altos Estudos

1. O acrônimo COMETA é a sigla formada pela abreviação de Comitê de Estudos Aprofundados (Comitê d’Études Approfondies), o nome do comitê que conduziu o estudo.

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para a Defesa Nacional – uma agência de planejamento estratégico financiada pelo governo – sua caracterização de OVNIs como um fenômeno com possíveis implicações para a segurança nacional assumiu séria importância.

Em seu relatório de noventa páginas, escrito com objetividade, clareza e lógica, os autores explicaram que cerca de 5% dos avistamentos – aqueles para os quais há documentação suficientemente sólida para eliminar outras possibilidades – não podem ser facilmente atribuídos a fontes terrestres, tais como exercícios militares secretos ou fenômenos naturais. Estes 5% parecem ser de “máquinas voadoras completamente desconhecidas, com desempenhos excepcionais, que são guiadas por uma inteligência natural ou artificial”. Em sua conclusão surpreendente, os autores estabelecem que “numerosas manifes-tações, observadas por testemunhas confiáveis, poderiam ser obra de origem extraterrestre”. De fato, escreveram eles, a explicação mais lógica para esses avistamentos2 é a “hipótese extraterrestre”.

Isso não significa que aceitaram essa conclusão como um fato ou tive-ram quaisquer crenças particulares sobre este ou outro caminho. Deixaram muito claro que a natureza e origem dos objetos permanecem desconhecidas. Por “hipótese”, quiseram exprimir uma teoria não provada, uma explicação possível, plausível, que precisasse ser testada antes que pudesse ser decidida, e seria apenas uma tese até que isso acontecesse. Porém, a convicção com que de-senvolveram essa teoria como a solução “mais provável” para o quebra-cabeça, já que outras tinham sido excluídas em inúmeros casos, era provocadora. Os dados oficiais sobre os OVNIs de todas as partes do mundo estavam acessí-veis aos membros do grupo, e eles estavam determinados a dar uma resposta racional, sem preconceitos. E assim o fizeram, sem reservas.

Quem eram essas pessoas que fizeram tais afirmações? Entre elas, todas aposentadas, estavam um general de quatro estrelas3, um almirante de três

2. O Relatório Cometa, “OVNIs e Defesa: Para o que Devemos nos Preparar?”, escrito pela asso-ciação francesa COMETA, 1999. “Le rapport Cometa, les Ovni et la Defense, A quoi doint-on se preparer?”, G.S. Presse Communication, 1999. Editions du Rocher, 2003. Apareceu na revista VSD, na França, em julho de 1999.

3. Os membros do COMETA e contribuidores incluem: General Bernard Norlain, antigo coman-dante da Força Aérea Tática francesa; André Lebeau, antigo chefe do CNES; General Denis Letty, da Força Aérea, antigo auditor (FA) do IHEDN; General Bruno Lemoine, da Força Aérea (FA do IHEDN); Almirante Marc Merlo (FA do IHEDN); Jean-Jacques Velasco, chefe do SE-PRA/GEPAN; Michel Algrin, doutor em Ciências Políticas, advogado (FA do IHEDN); General

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estrelas, um general major e um antigo chefe do equivalente francês da NASA. Foram suas credenciais que tornaram o relatório digno de séria consideração. Outros oficiais militares, engenheiros, cientistas, um chefe de polícia nacional e o chefe de uma agência do governo que estudava o fenômeno completavam esse grupo impressionante. O estudo não foi sancionado pelo governo, mas foi realizado independentemente e, depois, apresentado aos escalões mais altos do governo da França.

O prefácio estabelece que o relatório “contribui para retirar a camada irracional do fenômeno dos OVNIs” e, de fato, o estudo atingiu seu objetivo. Porém, o grupo chegou a uma determinação que a maioria dos oficiais do go-verno e cientistas dos Estados Unidos ainda consideraria artificial. Enquanto isso, todo mundo concorda que se fosse provado que esses OVNIs eram sondas ou veículos de fora da Terra, isso seria um desenvolvimento monumental na história da humanidade, um marco na evolução da civilização. Se houvesse mesmo uma leve possibilidade de tal descoberta, eu pensei, parecia que valia a pena o esforço dos cientistas em tentar descobrir. E aqui estava um grupo altamente respeitável, de um país europeu sofisticado, estabelecendo que tal resultado era uma expectativa plausível e até provável.

Isso explica porque e como me interessei pelo assunto dos OVNIs, sobre a questão do que realmente sabemos e não sabemos sobre eles, e como pode-ríamos descobrir mais. O Relatório COMETA foi um catalisador. Por mais que eu quisesse, era difícil deixá-lo passar e simplesmente voltar ao meu trabalho normal, colocando-o de lado. Ficava imaginando: poderia realmente haver objetos tecnológicos voadores que não fossem feitos pelo homem? Será que esses artefatos não eram possivelmente construções americanas altamente secretas ou artefatos militares avançados de algum outro país? Não, disseram os generais e o restante dos outros contribuidores do grupo francês de alto nível. Os países não fazem voos experimentais repetidamente em espaço aéreo estrangeiro, sem informar as autoridades locais e, depois, mentir a respeito disso. Conforme eu cavava mais, aprendi que esses objetos têm aparecido há

Pierre Bescond, engenheiro de armamentos (FA do IHEDN); Denis Blancher, superintendente nacional do Ministério do Interior; Christian Marchal, engenheiro-chefe de Mineração Nacio-nal, diretor de pesquisa no Escritório Nacional de Pesquisa Aeronáutica (ONERA); General Alain Orszag, PhD em Física, engenheiro de armamentos. Outros contribuidores incluem: François Louange, presidente da Fleximage, especialista em análise fotográfica; General Joseph Domange da Força Aérea.

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décadas em uma grande variedade de formas e tamanhos, algumas vezes em “ondas” por todo o globo, demonstrando capacidades além de nossa com-preensão científica. Isso não era um mito. E talvez, eu pensei, os generais e seus colegas franceses soubessem até mais do que revelaram.

Não apenas todos os membros apoiaram a conclusão, como também in-sistiram em uma ação internacional. Os autores recomendaram que a França estabelecesse um “acordo de cooperação setorial com países europeus e outros países interessados” no assunto dos OVNIs, e que a União Européia empre-endesse uma ação diplomática com os Estados Unidos, “exercendo eficiente pressão para esclarecer este assunto crucial, que precisa constar do âmbito de alianças políticas e estratégicas”. O relatório, intitulado “OVNIs e Defesa: Para o que precisamos nos preparar?”, é fundamentalmente um chamado para a ação, um pedido à prontidão, em antecipação de encontros futuros com objetos desconhecidos.

Eu não tinha ideia de onde isso tudo poderia levar – a mim, a qualquer governo ou ao nosso futuro.

Meu colega francês foi chamado para fazer o acompanhamento, e ele explicou que tinha secretamente desviado para mim uma cópia em inglês do relatório, que tinha acabado de ser traduzida. A notícia estava sendo retida para posterior liberação e até agora foi publicado apenas na França. Meu amigo sabia que eu era uma repórter freelance de mente aberta, com vínculos com muitas editoras, e ele queria que eu fizesse um avanço nesta história, em vez de deixá-la para a mídia convencional, que raramente leva os OVNIs a sério. “Você é a única repórter na América a ter a versão em inglês”, me disse ele excitadamente ao me ligar de Paris. “É todo seu. Mas não deixe ninguém saber onde você o conseguiu”.

O desafio era sedutor e enervante. Secretamente, comecei a procurar o assunto OVNIs mais extensivamente, sem contar nada nem para meus colegas mais íntimos da estação de rádio. Eu sabia que estava explorando algo que a maioria dos jornalistas considerava ridículo ou, no melhor dos casos, exci-tante, mas, por outro lado, irrelevante para as lutas de vida-e-morte dos seres humanos, questões que devem ser o foco de qualquer repórter responsável e progressista. Conforme os meses foram passando, tornei-me cada vez mais preocupada em manter silêncio sobre esse meu interesse, enquanto produzia e apresentava um programa diário de notícias investigativas. Comecei a me sentir como se estivesse escondendo algo vergonhoso e proibido, semelhante

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ao uso de uma droga ilegal. Em retrospecto, a intensidade de minha preocu-pação e insegurança era avassaladora, pois o tabu em relação aos OVNIs tinha grande poder sobre mim, e foi necessário um tempo antes que eu me sentisse armada com fatos suficientes para lidar com as atitudes daqueles com os quais eu trabalhava e que eram tão compatíveis comigo em todos os outros aspectos.

Esse não era um assunto fácil de assumir, e compreendi porque outros jornalistas não o fizeram. Inicialmente, senti-me oprimida pelo que parecia ser obstáculos quase intransponíveis. A história dos OVNIs era, jornalisticamente, esquiva, contaminada por teorias conspiratórias, desinformação e simples desleixo, e tudo tinha de ser cuidadosamente separado do material legítimo. As questões levantadas pelo fenômeno OVNI eram profundamente perturbadoras para nosso modo de pensar costumeiro. O assunto carregava um estigma terrí-vel e, portanto, era um risco profissional para aqueles publicamente engajados nele. Mas também apontava para algo possivelmente revolucionário, algo que podia desafiar toda a nossa visão de mundo. Embora assustador, tenho de confessar que isso o tornou ainda mais atraente para mim. E quanto mais eu aprendia, melhor compreendia a validade de estudos de caso adicionais, bem como de documentos do governo que lançassem alguma luz sobre o assunto. Os dados reunidos, o acúmulo de evidências durante décadas, finalmente se tornou convincente e completamente mistificador. Apesar dos problemas, simplesmente não havia maneira de eu me forçar a ignorar o assunto.

Como se verificou, esse relatório não solicitado mudou radicalmente o curso de minha carreira como jornalista, de maneiras que eu jamais poderia imaginar naquela época. Os OVNIs tornaram-se o foco4 de minha vida pro-fissional após a publicação de minha primeira história sobre eles no Boston Globe. A editora do Fórum Dominical do Globe, uma seção de análise semanal das notícias na qual eu tinha previamente feito publicações, ficou apreensiva sobre cobrir o assunto dos OVNIs. Isso compreensivelmente a enervou, mas, após muita discussão, ela foi suficientemente corajosa para prosseguir com minha longa história. Fiquei extremamente nervosa sobre “sair do armário” profissionalmente, como uma repórter que – Deus me livre! – achou esse assunto tolo digno de atenção. Mas eu sabia que esse era um furo jornalístico, e como poderia eu resistir a isso? Revelei a notícia do Relatório COMETA,

4. Leslie Kean, “Teóricos dos OVNIs Ganham Apoio no Exterior, mas Repressão em Casa”, Boston Sunday Globe, 21 de maio de 2000.

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exatamente como meu colega francês tinha me pedido seis meses antes, e a estatura dos generais e dos outros colaboradores autorizando o relato ganhou a batalha, isentando-me do ridículo. Eu mesma incluí análises adicionais baseadas em informações reveladoras enunciadas em documentos oficiais do governo americano relativas a OVNIs e segurança nacional, que apoiavam a perspectiva francesa. Para meu deleite, o artigo foi distribuído através do serviço de notícias do New York Times e captado por jornais de todo o país. Claramente havia interesse nacional.

As pessoas que seguiam o assunto OVNIs extasiaram-se com o fato de que pelo menos um jornal de prestígio tinha levado a história a sério, e um funcionário do Congresso até enviou uma carta elogiosa para o Globe. Recebi numerosos e-mails de testemunhas de eventos OVNIs em resposta ao artigo, incluindo alguns pilotos, que nunca até então tinham ousado se apresentar. Meus olhos foram abertos por isso e, agora, eu tinha cruzado aquele ponto em que não há volta.

A história apresentava aquela citação inquietante – impressa em preto e branco, clara como as outras histórias do dia com as quais ela estranhamente se misturava – de “máquinas voadoras completamente desconhecidas, com desempenhos excepcionais, que são guiadas por uma inteligência natural ou artificial”, como descritas pelos oficiais franceses aposentados. Ingenuamente, pensava que isso teria de gerar algum tipo de rumor e que outros jornalistas avidamente procurariam saber de onde eu tinha obtido o relatório. Eu sabia que havia um desdém pelos OVNIs em nossa cultura, mas também sabia que essa era uma notícia de última hora, que assumiria um papel de liderança. Surpreendentemente, nada aconteceu. Fui exposta a um outro aspecto deste mundo estranho. Foi o início de um rude despertar, um rito de passagem para a realidade desconcertante de que os OVNIs não podem ser absolutamente reconhecidos, mesmo como simples objetos voadores não identificados que são. Era como se todo mundo estivesse fingindo que eles não existiam.

Desde então, a história do Globe solidificou meu interesse e aumentou minha confiança. Focalizei-me na investigação e em chegar a um acordo com esse assunto – um processo que nunca termina. Fundamentalmente, depois de muitos anos de pesquisa e em entrevistas abrangentes com pessoas-chave, aprendi que os OVNIs são um mistério científico genuíno. Tem havido ex-traordinários avistamentos de OVNIs na América por mais de sessenta anos, muitos por pilotos e pessoal militar, e muitos produzem evidências físicas.

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Volumes de estudos de caso foram publicados5 por pesquisadores e cientistas qualificados desde os anos 50 do século passado, documentando incidentes com OVNIs por todo o globo e deixando um registro sólido, que pede uma análise posterior por cientistas contemporâneos.

As fontes mais acreditadas claramente reconheceram, e estabeleceram repetidamente, que não sabem ainda o que são os objetos – contrariamente às opiniões do público de que os OVNIs, por definição, são espaçonaves ex-traterrestres. Mas eu tinha sempre de chegar a um acordo com o fato de que esses surpreendentes objetos não identificados de alta performance existem, sem dúvidas – exatamente como os autores do COMETA tinham inequivo-camente estabelecido. Há dados suficientes disponíveis para esclarecer isso a qualquer pessoa que decida estudá-los. Porque só isso é tão potencialmente explosivo, que eu não conseguia entender a indiferença gerada entre aqueles que levaram isso suficientemente a sério para se elevarem acima do ridículo, mas que permaneceram indiferentes e desinteressados.

Finalmente compreendi – repetidamente, através da pesquisa e publica-ção de minhas histórias subseqüentes, cada uma das quais se assemelhava a uma notícia avassaladora para mim, mas nunca era suficiente para estimular

5. Há muitos para mencionar, incluindo documentos oficiais, traslados, histórias em revistas, artigos de jornal, e livros sobre um caso específico ou um determinado aspecto da pesquisa OVNI. Muito trabalho proeminente também publicado em uma série de websites confiáveis, e outros livros foram escritos mais recentemente. Os seguintes trabalhos cobrem o tópico OVNI em geral, e foram de particular importância para mim pessoalmente, durante meus primeiros anos de estudo, de 1999 a 2001: Edward J. Ruppelt, The Report on Unidentified Flying Objects (Doubleday, 1956; edição revisada em 1959); Richard H. Hall, editor, The UFO Evidence (NICAP, 1964); Edward U. Condon, Scientific Study of Unidentified Flying Objects (Bantam Books, 1969); J. Allen Hynek, The UFO Experience: A Scientific Inquiry (Marlowe & Company, 1972); David Jacobs, The UFO Controversy in America (Indiana University Press, 1975); Lawrence Fawcett e Barry J. Greenwood, Clear Intent (Prentice-Hall, 1984); Timothy Good, Above Top Secret (William Morrow, 1988); Don Berliner, UFO Briefing Document (Dell, 1995); Budd Hopkins, Witnessed (Pocket Books, Simon & Schuster, 1996); Stantaon T. Friedman, Top Secret/Majic (Marlowe & Co., 1996); Clifford E. Stone, UFOs are Real (SPI Books, 1997); Jerome Clark, The UFO Encyclopedia, 2a. edição, vols. 1 e 2 (Omnigraphics, Inc., 1998); Peter A. Sturrock, The UFO Enigma: A New Review of the Physical Evidence (Warner Books, 1999); Richard M. Doland, UFOs and the National Security State (Keyhole Publishing Company, 2000); Terry Hansen, The Missing Times (Xlibris, 2000); Bruce Maccabee, UFO/FBI Connection (Llewellyn Publications, 2000); Richard H. Hall, The UFO Evidence: A Thirty-Year Report, vol.2 (The Scarecrow Press, 2001). Mais leitura abrangente pode ser encontrada em http://www.cufon.org/cufon/rlist/a-n.htm e http://cufos.org/books.html.

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uma mudança – que a história dos OVNIs não poderia ser apropriadamente contada, e nem o tabu poderia ser ultrapassado, através de pequenas notícias6, não importando quantas delas houvesse. Agora acredito que a única maneira de transmitir a história toda – para realmente dar a notícia sobre a existência dos OVNIs e transmitir o impacto do material para a pessoa ainda não exposta a ele – é através de um livro como este, que inclui algumas das melhores fontes do mundo, contando pessoalmente todos os detalhes. Pequenos informes e citações curtas não podem transmitir uma história desta magnitude.

Os capítulos que você vai ler tratarão de questões fundamentais sobre OVNIs, que preocupam tanta gente. O que nós realmente sabemos sobre eles? É realmente possível que alguns desses objetos sejam do espaço sideral? Os pilotos sempre os vêem? Como governos e militares lidam com avistamen-tos? Por que, na América, há tanta negação e exposição ao ridículo no que se refere aos OVNIs? As respostas, sob todos os aspectos, são nada menos que surpreendentes.

Como qualquer jornalista faria, eu confiava nas fontes oficiais, docu-mentos liberados através do Ato de Liberdade de Informação, relatos de casos corroborados, evidência física e numerosas entrevistas com testemunhas mili-tares e da aviação, e nos investigadores do governo de todo o mundo. Cheguei a conhecer pessoalmente muitas dessas testemunhas oficiais, e não tive dúvida quanto à credibilidade de seus relatos, que são quase sempre corroborados por outros. Algumas possuíam informação transmitida e me mostraram documentos que não podem ser registrados por causa de sua sensibilidade, e outros documentos fornecidos por fontes muito fidedignas, que não podem ser verificados ou corroborados, mas ainda são valiosos como conhecimento. Também encontrei, entrevistei e conheci numerosas testemunhas civis durante anos, pessoas comuns, com vários estilos de vida, que me impressionaram

6. Alguns exemplos de minhas histórias são: “Encontros de Pilotos com OVNIs: Um Novo Estudo Desafia o Sigilo e a Negação”, Providence Journal e serviço de notícias Ridder, 3 de maio de 2001; “Abram os Arquivos OVNIs para o Sossego de Nós Terráqueos”, Atlanta Journal-Constitution e serviço de notícias Knight Ridder/Tribune, 13 de dezembro de 2002; “Quarenta Anos de Sigilo: NASA, os Militares e a Queda em Kecksburg de 1965”, International UFO Reporter (IUR), o jornal do Centro J.Allen Hynek de Estudos OVNI, vol. 30, n. 1, outubro de 2005; “O Que era Aquele Objeto flutuando sobre o O’Hare?”, Scripps-Howard News Service, 26 de fevereiro de 2007; “Antigo Governador do Arizona Agora Admite ver OVNI”, Arizona Daily Courier, 16 de março de 2007. Ver www.freedomofinfo.org para mais informações sobre meu trabalho.

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com seus relatos sinceros e claros de surpreendentes incidentes com OVNIs. Elas também fizeram contribuições essenciais para a busca da compreensão a respeito do fenômeno.

Meu papel aqui é de escrever como um observador objetivo e como um guia. Ao mesmo tempo, coloco-me em posição de apoio a um esforço de resol-ver as muitas questões não resolvidas sobre os OVNIs, mais do que ignorá-las, e em apoio às testemunhas e especialistas que se apresentaram. Ao fazer isso, estou direta e abertamente confrontando atitudes irracionais e má informação. Isso significa que estou praticando uma espécie de “jornalismo de defesa”, algo que eu nunca tive como objetivo e que é o modus operandi de muitos repórteres investigativos, que cavam uma história para servir a uma causa maior. Não sou uma “crente” em relação a qualquer coisa, exceto quanto a fatos, mesmo quando não estão de acordo com nossa visão de mundo estabelecida. O assunto OVNIs é tão não ortodoxo, que mesmo uma abordagem franca e racional pode parecer que se está cruzando uma linha para um território questionável. Fiz o melhor que pude para manter clara, lógica e bem documentada toda essa informação.

É por isso que muito deste livro consiste de relatos pessoais de investiga-dores especialistas e testemunhas, que falarão diretamente de OVNIs, alguns pela primeira vez. Através de suas palavras, os leitores terão, em primeira mão, acesso ao material e podem tirar suas próprias conclusões.

Esses indivíduos, de nove países diferentes, são homens altamente trei-nados, que se atribuíram o trabalho assustador de confrontar esse fenômeno através de profunda investigação, ou que diretamente o testemunharam, não por qualquer escolha própria. Alguns deles tiveram acesso a arquivos secre-tos, testemunhas informantes, e o desdobramento de investigações de caso que estavam além do alcance de qualquer jornalista ou qualquer pessoa de fora de seu mundo privilegiado, fechado. Eles se apresentaram coletivamente aqui para dar acesso a todos nós, e explicar o que sabem sobre OVNIs, em sua capacidade profissional como pilotos, funcionários do governo e oficiais militares de alta patente.

De um ponto de vista pessoal, cada um foi transformado de um modo ou de outro, algumas vezes muito drasticamente, por esta interação com o “im-possível”. Todos ficaram confusos e querem respostas para as mesmas sérias perguntas de todos nós, mas geralmente por suas próprias razões. Cada um deles começou sua relação com o assunto como um cético e, muito embora muitos estejam agora aposentados de seus trabalhos oficiais de investigação

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dos OVNIs, a maioria não conseguiu se libertar do impulso intenso de querer descobrir o que eles são. Permaneceram envolvidos de várias maneiras. Um deles está planejando dar um curso sobre a história dos OVNIs em uma uni-versidade proeminente; outro é contatado frequentemente pela mídia para dar palestras sobre o assunto; um antigo cientista da NASA comanda um grupo de pesquisa que estuda fenômenos aéreos anômalos; um antigo investigador do governo recebe freqüentes ligações em seu celular do pessoal nervoso da Força Aérea que está observando fenômenos estranhos em localizações remo-tas. Assim, nesse sentido, esses homens não estão realmente “aposentados”. E alguns estão trabalhando como comandantes para linhas aéreas comerciais.

Observei que muitos, até mesmo aqueles que cheguei a conhecer bem, hesitavam em revelar o aspecto emocional de suas experiências com os OV-NIs. Algumas testemunhas lidam há anos com o impacto de um encontro incompreensível. Meu trabalho era cutucar, tanto quanto eu pudesse, as mentes desses militares reticentes e pilotos da Força Aérea não propensos a revelar seus temores. São homens orientados primeiro para o dever, e o significado de suas afirmações deve ser enfatizado. Esse grupo corajoso está revelando uma história imensa para o mundo.

Durante muitos anos, eles todos descobriram uma grande negociação a respeito dos OVNIs, apesar da capacidade do fenômeno de permanecer não identificado, mesmo quando fazia aparições repetidas, tentadoras, nas chama-das ondas, ou engajadas em perseguições do tipo gato-e-rato com pilotos da Força Aérea. Os objetos vêm e vão, algumas vezes deixando um “bip” no radar, uma imagem num filme ou uma impressão no solo. Esse grupo diverso pode fornecer tanto um olhar íntimo e factual deste fenômeno misterioso quanto podemos esperar conseguir como leigos.

Nenhum desses escritores foi privado das afirmações dos outros, nem, para minha surpresa, sequer me fez perguntas sobre o que os outros contribui-dores estavam escrevendo. Mesmo assim, há similaridades impressionantes, não apenas em seus próprios relatos dos OVNIs, mas também em suas inter-pretações, atitudes e ideias de resolução futura. Para mim, essa uniformidade valida a natureza mundial do fenômeno e também mostra que, quando ade-quadamente investigado, as mesmas conclusões são obtidas não importa onde ocorra a investigação.

Existe uma curiosidade universal, que aumenta com o tempo, sobre o mistério OVNI. Eu o vi crescer e tenho observado um aumento concreto na

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cobertura que a mídia faz a respeito dos OVNIs, desde que comecei este estu-do, dez anos atrás. Quanto mais aprendemos, mais confuso se torna. Muitas pessoas, ainda, continuam a pensar que o assunto se baseia em fantasia ou falsa identidade, ou algum tipo de piada e, portanto, uma perda de tempo. Minha esperança mais profunda é que essas pessoas em particular lerão este livro, do começo ao fim, e chegarão a uma conclusão. Podemos todos concordar, eu assumo, que ninguém pode repudiar um assunto sem saber alguma coisa sobre ele.

Fiz o melhor que pude para destilar, de uma imensa quantidade de ma-terial, alguns dos fatos mais interessantes e essenciais. Neste país, os OVNIs tornaram-se um assunto nacional no final dos anos 40, quando houve muitos avistamentos de grande interesse e preocupação púbica, que foram amplamente cobertos pela mídia. A Força Aérea Americana assumiu a tarefa de falar desses eventos, complicados pelo início da Guerra Fria, na tentativa de explicar o maior número possível de casos, para desviar a atenção pública do mistério. Por trás dessa cena, o tema levou grande preocupação até os níveis mais altos e a Força Aérea não estava equipada para proteger o público de um fenômeno inteiramente desconhecido, mas aparentemente tecnológico, que poderia ir e vir à vontade. No início dos anos 50, estabeleceu-se o Projeto Livro Azul, uma pequena agência que recebia relatos dos cidadãos, investigava tais relatos e oferecia explicações para a mídia e o público. O Livro Azul gradualmente solidificou-se como um esforço de relações públicas com a intenção de des-mascarar os avistamentos de OVNIs. Centenas de arquivos se acumularam, e a Força Aérea encerrou o projeto em 1970, terminando todas as investigações oficiais – ou, assim disseram eles publicamente – sem ter encontrado uma explicação para muitos incidentes chocantes com OVNIs. Os casos apresen-tados por nossos contribuidores ocorreram todos depois do encerramento do Projeto Livro Azul, entre 1976 e 2007.

Nosso governo ainda fica de fora da controvérsia em relação aos OVNIs e não tem qualquer política em relação à crescente preocupação. Dentro da estrutura histórica, os próximos capítulos examinarão o papel da CIA no esta-belecimento do protocolo para desmascarar os OVNIs: o forte contraste entre a manipulação dos OVNIs por nosso próprio governo e o governo de outros países; as questões relativas à segurança da aviação e a segurança nacional no que se refere aos incidentes com OVNIs; a psicologia do tabu OVNI; e a questão de um encobrimento do governo americano.

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Grande parte do público americano está se tornando cada vez mais frustrado com o padrão das negações do governo a respeito dos OVNIs, espe-cialmente quando a evidência vem aumentando com o tempo. Como câmaras digitais e telefones celulares são agora coisas comuns, fotos de OVNIs surgem quase todo o dia, embora sejam mais facilmente falsificáveis, tornando a nova tecnologia uma faca de dois gumes. Enquanto novos exoplanetas estão sendo descobertos e os cientistas reconhecem a probabilidade de vida em outros lu-gares do universo, a demanda pelo estudo do negligenciado fenômeno OVNI tornou-se imperativa. Acho que você concordará, no final da leitura, que há agora renovada esperança de solução do enigma OVNI e também concordará com a importância desse esforço.

DEFiNiNDo o iNDEFiNÍVEL: o QuE É um oVNi?É extremamente importante estabelecer bem no início que nem eu nem

os outros escritores estamos afirmando que haja veículos espaciais em nossos céus, simplesmente porque não negamos os dados que mostram a presença física de alguma coisa lá. O termo “OVNI” tem sido mal empregado e tornou-se tão parte da cultura popular que sua definição original (e precisa) está quase completamente perdida. Praticamente todo mundo equaliza o termo “OVNI” a veículo espacial extraterrestre e, assim, numa torção perversa do significado, a sigla transformou-se mais em algo identificado do que algo não identificado. A falsa, mas amplamente difundida, suposição de que um OVNI é necessaria-mente uma espaçonave alienígena é geralmente a razão do termo criar uma gama exagerada e confusa de respostas emocionais. Um reconhecimento da hipótese extraterrestre como válida, embora não provada – uma explicação possível digna de um escrutínio científico futuro – é algo inteiramente diferente de abordar o assunto dos OVNIs como se essa descoberta já tivesse sido feita.

Historicamente, foi a Força Aérea Americana que, cerca de cinqüenta anos atrás, inventou a expressão “objeto voador não identificado” para substituir a popular, mas mais lúgubre, expressão “disco voador”. A Força Aérea definiu um “OVNI” como “qualquer objeto no céu que, por desempenho, características aerodinâmicas ou formas incomuns não se conformam a qualquer aeronave ou míssel atualmente conhecido, ou que não pode ser positivamente identi-ficada como um objeto familiar”. Essa é a definição abraçada por todos os

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contribuidores deste livro, e a definição empregada por todos os documentos relevantes do governo e relatos oficiais de pilotos.

Se um objeto no céu não pode ser identificado, mas nós ainda não pode-mos excluir a possibilidade do que ele poderia ser, se tivéssemos mais dados, então não é uma verdade desconhecida. Nessa situação, não podemos deter-minar o que ele é ou o que ele não é. Novamente, um OVNI genuíno, o OVNI com o qual estamos interessados neste livro, é um objeto que, por exemplo, exibe capacidades extraordinárias, que estão além da tecnologia conhecida, ao ser captado pelo radar e observado por inúmeras pessoas qualificadas, e numa tal extensão que dados suficientes são obtidos, bem como estudo suficiente é empreendido para eliminar outras possibilidades conhecidas.

Por existir tanta bagagem associado ao termo OVNI, alguns cientistas e outros especialistas empregaram uma nova terminologia para separar estudos sérios daqueles mais frívolos. Em vez de OVNI, alguns de nossos contribuidores escolheram usar “fenômenos aéreos não identificados” ou “FANI”. Richard Haines, antigo cientista sênior da NASA e especialista em segurança da aviação, define FANI da seguinte maneira:

O estímulo visual que produz um relato de avistamento de um objeto ou luz vista no céu, a aparência e/ou dinâmica de voo que não sugere um objeto voador lógico, convencional, e que permanece não identifi-cado após íntimo escrutínio de toda evidência disponível, por pessoas que são tecnicamente capazes tanto de fazer uma identificação técnica completa, bem como uma identificação baseada no senso comum, se uma for possível.7

No contexto deste livro, os termos OVNI e FANI significam essencial-mente a mesma coisa e serão usados indistintamente, embora alguns autores prefiram usar um ou outro exclusivamente. “FANI” sugere um escopo mais amplo, incorporando talvez uma gama maior de fenômenos, que, por exemplo, podem não parecer ser um objeto voador. Não importando qual a sigla usada, o fenômeno é frequentemente imóvel ou flutuante, não voador, e algumas ve-zes é visto simplesmente mais como luzes incomuns do que um objeto sólido, especialmente à noite, quando a iluminação brilhante subjuga a observação de

7. Richard Haines, Observing UFOs: An Investigative Handbook (Nelson-Hall, 1980), capítulo 2.

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qualquer estrutura física. FANI mantém a clareza de que esses objetos e luzes po-dem representar muitos tipos de fenômenos que se originam de fontes diversas.

Um segundo ponto fundamentalmente importante é que cerca de 90 a 95% dos avistamento de OVNIs podem ser explicados. Nos 5 a 10% restantes, uma vez que se tenha determinado que um objeto é genuinamente um OVNI pelos padrões apropriados, então tudo o que sabemos é que não é algo natural ou feito pelo homem, ou uma fraude definitiva, o que, infelizmente, ocorre muito. Exemplos de fenômenos algumas vezes confundidos com OVNIs são: balões metereológicos, sinalizadores, balões, aviões voando em formação, aeronaves militares secretas, pássaros refletindo o sol, aviões refletindo o sol, dirigíveis, helicópteros, o planeta Vênus ou Marte, meteoros ou meteoritos, lixo espacial, satélites, parélios, cristais de gelo, luz refletida por nuvens, luzes no solo ou luzes refletidas sobre uma janela de cabine, inversões de temperatura, nuvens de perfuração; e a lista continua! Sim, a grande maioria dos relatos geralmente pode ser explicada por alguma dessas coisas, mas, naturalmente, estamos interessados naqueles que não o podem.

Segue-se, portanto, que aquela pergunta frequentemente feita: “Você acredita em OVNIs?” realmente não tem base, mas é geralmente feita e cria problemas intermináveis de comunicação. Realmente não faz sentido, porque sabemos que objetos não identificados existem, são oficialmente documenta-dos e definidos como tal pela Força Aérea Americana e de outros governos ao redor do mundo. Por mais de cinqüenta anos, a realidade dos objetos voadores não identificados não constituiu objetos de crença ou questão de fé, opinião ou escolha. Antes, ao usarmos a definição correta de OVNIs, é uma questão de fato. Do mesmo modo que com os objetos identificados – tais como aviões, mísseis e outros tipos de equipamento feitos pelo homem – estes objetos não identificados também podem ser fotografados, criar retornos de radar, deixar marcas no solo e ser observados e descritos por múltiplas testemunhas inde-pendentes em localizações separadas. Em termos de crença, o interrogador está realmente perguntando: “Você acredita em espaçonaves alienígenas?” Essa é uma questão inteiramente diferente.

Para abordar racionalmente o assunto OVNIs, precisamos manter a posição agnóstica em relação à sua natureza ou origem, porque simplesmente não sabemos ainda a resposta. Ao sermos agnósticos, estamos dando um passo enorme. Assim, frequentemente, o debate sobre OVNIs alimenta duas polaridades, ambas representando posições insustentáveis. De um lado, os

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“crentes” proclamam que os extraterrestres chegaram do espaço e que nós já sabemos que os OVNIs são veículos alienígenas; e, do outro lado, os “des-mistificadores” argumentam com agressividade que os OVNIs não existem. Essa batalha contraprodutiva tem infelizmente dominado o discurso público há muito tempo, aumentando a confusão e criando uma distância maior da abordagem científica (para o agnóstico).

O ceticismo como princípio é a premissa fundamental deste livro. O as-trofísico Bernard Haisch, antigo editor científico do The Astrophysical Journal e do The Journal of Scientific Exploration, define o verdadeiro cético como “aquele que pratica o método do não julgamento, está engajado no raciocínio racional e desapaixonado como exemplificado pelo método científico, mos-tra vontade em considerar explicações alternativas sem preconceito baseado em crenças anteriores, e que busca evidência e cuidadosamente investiga sua validade”. Convido você a olhar o material apresentado aqui pela perspectiva de um agnóstico – objetivamente, com mente aberta e verdadeiramente cética.

Agora podemos iniciar uma jornada fascinante. Apresentarei alguns dos materiais mais poderosos, que muito profundamente me impactaram durante meu próprio processo de exploração e descoberta. Durante esse processo, os outros escritores e eu pedimos ao leitor para considerar a veracidade dos seguintes pontos. A serem revisados no final do livro, que destilei dos meus dez anos de exame cuidadoso do assunto OVNI. Estas cinco premissas são completamente avaliadas e ilustradas pela evidência ao longo de todo o livro:

(1) Existe em nossos céus, no mundo todo, um fenômeno físico sólido, que parece estar sob controle inteligente e é capaz de velocidades, mano-brabilidade e luminosidade além da tecnologia comumente conhecida.

(2) Incursões de OVNIs, frequentemente em espaço aéreo restrito, po-dem causar riscos à segurança da aviação e aumentar a inquietação quanto à segurança nacional, muito embora os objetos não tenham demonstrado abertamente atos hostis.

(3) O governo americano rotineiramente ignora os OVNIs e, quando pressionado, libera explicações falsas. Sua indiferença e/ou rejeições são irresponsáveis, desrespeitosas, com testemunhas dignas de con-fiança e frequentemente especializadas, e potencialmente perigosas.

(4) A hipótese de que os OVNIs são de origem extraterrestre ou interdi-mensional é razoável e precisa ser levada em conta, segundo os dados

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que temos. Porém, a origem e a natureza reais dos OVNIs ainda não foram determinadas pelos cientistas e permanecem desconhecidas.

(5) Dadas suas implicações potenciais, a evidência pede uma investigação científica sistemática envolvendo o apoio do governo americano e cooperação internacional.

Acredito que, depois de ler este livro, o leitor perspicaz aceitará – ou pelo menos reconhecerá como plausíveis – essas cinco posições como notáveis ou inconcebíveis conforme pareceram no início.

Leslie KeanNova York

PA rT E 1

o B J E T o S D E o r i G E m D E S C o N H E C i D A

“Toda verdade passa por três estágios. Primeiro, ela é ridicularizada; segundo, é rejeitada com violência; e terceiro, é aceita como evidente por si própria”

Arthur Schopenhauer

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C A P Í T u L o 1

Aeronave Majestosa com Poderosos Holofotes Radiantes

Começamos esta investigação sobre uma base muito sólida, com a crônica em primeira mão de um Major General sobre um dos mais vívidos e bem documentados casos de OVNIs que já existiu. O que

você irá ler demonstrará a materialidade dramática e muito misteriosa dos OVNIs – neste caso, aqueles que foram incomumente ousados. Embora al-gumas partes possam soar como ficção científica, elas não são. O fato é que objetos flutuantes ou deslizantes, geralmente triangulares, foram vistos por milhares de pessoas e investigados por cientistas das universidades e funcio-nários do governo e, contudo, nunca foram explicados. Deixaram impressões em filmes e, ainda que virtualmente impossível de serem detectados por radar, dispararam o lançamento de F-16s da Força Aérea em ansiosa perseguição. Os avistamentos ocorreram em uma “onda” de mais de dois anos sobre a Bélgica, iniciando-se no final de 1989.

Para iniciar a exploração deste livro sobre o fenômeno OVNI, o Major General belga Wilfried de Brouwer, agora aposentado, forneceu um relato exclusivo que inclui algumas respostas pessoais, que ele nunca expressou an-tes. Como chefe da Divisão de Operações do Staff Aéreo, o então Coronel de Brouwer desempenhava um papel importante, junto a funcionários de outros ramos do governo, na mobilização de vários departamentos para tentar iden-tificar os estranhos intrusos que viviam se mostrando de maneira não anun-ciada sobre as cidades e o campo. “Centenas de pessoas viram uma aeronave triangular majestosa com uma extensão de aproximadamente cento e vinte pés (mais de 3.600 metros), com poderosos holofotes radiantes, movendo-se muito lentamente, sem fazer qualquer ruído significativo, mas, em vários casos, acelerando a velocidades muito altas”, disse de Brouwer publicamente

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alguns anos atrás, descrevendo apenas a primeira noite da onda. Numerosos oficiais de polícia estavam entre o grupo inicial de testemunhas, reportando de diferentes localizações, conforme múltiplas aeronaves deslizavam, pairavam e iluminavam os campos ao longo de suas rotas – os mesmos oficiais que tinham gracejado descaradamente quando houve o primeiro chamado de rádio sobre os avistamentos. E os estranhos objetos continuaram voltando, por alguma razão insondável, a se mostrar sobre o calmo território da Bélgica.

O Coronel de Brouwer recebeu a tarefa de lidar com a onda de OVNIs pelo ministro da defesa do país, Guy Coëme. Depois de passar vinte anos como piloto de combate da Força Aérea Belga, de Brouwer tinha sido indicado para o ramo de Planejamento Estratégico da OTAN, em 1983, como coronel. Ele, então, tornou-se Comandante da Ala de Transporte da Força Aérea Belga e, em 1989, chefe da Divisão de Operações do Staff Aéreo. Promovido a Major General em 1991, tornou-se Delegado Chefe de Staff da Força Aérea Belga, no cargo de operações, planejamento e recursos humanos. Começando em 1995, após sua aposentadoria da Força Aérea, ele trabalhou por mais de dez anos como consultor das Nações Unidas, para melhorar as capacidades de resposta rápida da Logística da ONU durante emergências. Homem de grande integridade e responsabilidade, de Brouwer estava determinado a fazer tudo o que pudesse para descobrir o que estava invadindo o espaço aéreo belga e repetidamente cometendo infrações às regras básicas da aviação.

Encontrei, pela primeira vez, o General de Brouwer pessoalmente ao arranjar sua viagem para Washington, DC, em novembro de 2007, para falar em uma conferência internacional de imprensa, que eu tinha organizado com o cineasta James Fox. Nós reunimos um painel de antigos oficiais militares de alta patente e funcionários do governo e da aviação de sete países, para falar à imprensa sobre incidentes e investigações de OVNIs, e que foi filmado para um novo documentário. Também queríamos dar a esses corajosos palestrantes a oportunidade de encontrar suas contrapartes de outros países e conversar privadamente por um período de dias. Muitos contribuidores deste livro se encontraram então pela primeira vez.

O General de Brouwer é extremamente preocupado com a precisão factual, conservador em suas estimativas e meticuloso na atenção aos detalhes. É um homem que não tira conclusões precipitadas, nem tende ao exagero ou embelezamento. Ele se preocupa em salvaguardar o relato preciso dos acon-tecimentos na Bélgica, apesar da passagem do tempo. “Recentemente, quando

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estava na internet, descobri um acúmulo de informações erradas sobre a onda de OVNIs na Bélgica”, escreveu-me ele em um e-mail, enquanto trabalhávamos na edição de seu longo texto. “Isso me levou a reagir; não posso aceitar que os chamados pesquisadores venham com afirmações baseadas em informação incorreta. Testemunhos de centenas de pessoas são negligenciados e são feitas tentativas para convencer as pessoas que as observações não foram nada mais do que equívocos de aeronaves comuns. Também as afirmações oficiais do Ministro da Defesa e da Força Aérea foram negligenciadas ou mal interpretadas por estes ‘pesquisadores’.”

Em uma de nossas conversas mais recentes, pedi ao general para refletir sobre sua experiência durante a onda OVNI de vinte anos atrás – que ele diz que foi única, mas também frustrante, uma vez que foram incapazes de identificar a aeronave invasora. O que mais o impressionou foi a extrema sinceridade das testemunhas com as quais falou, muitas das quais eram “intelectuais altamente qualificados, genuinamente confusos com o que tinham visto e convencidos de que não estavam lidando com tecnologia convencional”. Infelizmente, fre-quentemente tinham medo de vir a público, por causa do estigma ligado aos OVNIs. “Uma pessoa, que eu conhecia há anos, trabalhava na OTAN naquela época”, disse de Brouwer. “Ele estava tão surpreso, que não ousava mencionar isso para ninguém, nem mesmo para sua esposa. Ele apenas falou de sua ex-periência para mim com a condição de que eu não revelasse seu nome.”

Tive a boa sorte de conversar com uma testemunha especialista, de posi-ção bastante elevada, que não se conteve, apesar dos riscos. O coronel André Amond, um engenheiro civil aposentado, era o diretor de infra-estrutura militar do Exército belga e também, antigamente, responsável por questões de impacto ambiental do Exército a nível do Estado Maior, cooperando intima-mente com oficiais americanos. Como relata De Brouwer no próximo capítulo, Amond e sua esposa olharam amplamente para uma dessas máquinas de voo baixo, enquanto dirigiam por uma estrada e estacionavam no acostamento. Amond não teve absolutamente nenhuma dúvida sobre a natureza excepcional daquilo que viu. Com total convicção, ele percorreu todo o caminho para o topo, registrando um relatório escrito e fornecendo uma série de desenhos para o Ministro da Defesa belga.

No que lhe diz respeito, o coronel Amond foi capaz de eliminar todas as explicações possíveis para o objeto, e afirma que era alguma espécie de “veí-culo aéreo desconhecido”. Ao refletir sobre esse evento duas décadas depois,

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ele escreveu em um e-mail: “Ainda não há hoje qualquer explicação! Isso foi uma pena, porque eu queria saber antes de morrer. Dê uma explicação correta de meu avistamento. Isso é tudo o que posso pedir”. Ele fala de milhares de outros que nunca tinham pensado em OVNIs antes de terem a experiência de ver um. Para muitos, o efeito disso perdura por toda a vida.

Para ter compreensão plena do significado da evidência a ser apresentada pelo General de Brouwer, precisamos reconhecer as circunstâncias especiais desta série extraordinária de eventos. A maioria dos casos de OVNIs não é de “ondas” e não oferece tantos dados como este o fez. Geralmente eles en-volvem um único incidente e naturalmente são mais difíceis de documentar e investigar. As muitas centenas de relatos vívidos e consistentes coletados ao longo do tempo na Bélgica – acumulados e investigados por um grupo de cientistas que trabalhava com a Força Aérea – criaram oportunidades para a detecção por radar e outras aplicações técnicas que beneficiam a preparação avançada. O grande número de avistamentos aumentou a probabilidade de se obter fotos e vídeos válidos. Os militares tiveram o tempo adequado para ter acesso e testar uma gama de opções do que poderiam ser os objetos, que poderiam ser verificadas ou eliminadas com base em investigações oficiais, tais como se havia qualquer helicóptero no ar em uma determinada hora. Oficiais poderiam se preparar para futuras visitas de OVNIs, treinando especialistas em radar para lidar com esses alvos excepcionais e aprontando jatos da Força Aérea para serem lançados no momento da notícia. Conforme os eventos se desenrolaram por meses e anos na Bélgica, todas as explicações mundanas e convencionais foram descartadas. Tornou-se muito claro o que os objetos não eram, mas ainda não estava claro o que eles eram.

Finalmente, a única opção possível que restou, não importa o quão remota seja, era que os objetos fossem caças F-117A Stealth ou outras aeronaves militares secretas americanas, enviadas em algum tipo de exercício clandestino experi-mental. O General de Brouwer achava extremamente improvável que aeronaves secretas pudessem ser enviadas em voos repetidos sobre a Bélgica sem qualquer notificação oficial, em violação às normas aéreas, uma vez que nenhum pedido de sobrevoo por parte da Força Aérea Americana foi recebido. Ele também tinha consciência de que as habilidades tecnológicas apresentadas pelos objetos esta-vam além da capacidade mesmo de aeronaves experimentais – o que, o general aponta, ainda é o caso hoje. Contudo, ele perguntou à Embaixada americana em Bruxelas e à OTAN, através de contatos informais com seus adidos.

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A resposta foi exatamente a que ele esperava. E os resultados desse inqué-rito foram descobertos em um documento do governo americano, confidencial naquela época, mas liberado através do Ato de Liberdade de Informação. O memorando “Bélgica e a Questão OVNI”, de março de 1990, observa que De Brouwer perguntou se os objetos eram aeronaves militares B-2 ou F-117, afir-mando que ele fez a pergunta apesar de saber que “as alegadas observações não correspondiam de maneira nenhuma às características observáveis das aeronaves americanas”. O documento posterior afirma que “a USAF (Força Aérea Americana) confirmou à BAF (Força Aérea Belga) e ao MOD belga (Mi-nistro da Defesa) que nenhuma aeronave Stealth da USAF estava operando na área de Ardennes8 durante os períodos em questão”. De Brouwer contou-me que um oficial americano assegurou-lhe privadamente que os Estados Unidos não tinham um “programa sinistro” que pudesse ter causado esses múltiplos avistamentos.

Em 1992, o Ministro da Defesa belga, Leo Delcroix, confirmou isso uma vez mais, ao responder uma carta de um pesquisador francês. “Infelizmen-te, nenhuma explicação foi encontrada até hoje”, escreveu ele. “A natureza e origem do fenômeno permanecem desconhecidas. Uma teoria pode ser definitivamente descartada, porém, uma vez que autoridades americanas garantiram às Forças Armadas Belgas que nunca houve qualquer tipo de teste de voo americano9.”

Esse é um ponto importante a se ter em mente, quando se lê os relatos de testemunhas fornecidos por De Brouwer. Ficamos presos a um sério dilema. Os militares de algum país tinham testado aeronaves novas extremamente avançadas desde a metade dos anos 70, que foi quando relatos de tais aeronaves triangulares começaram? A Bélgica tinha sido escolhida como lugar para testes de voos repetidos, monitorados de uma base secreta em algum lugar? O bom senso nos diz que, se um governo desenvolveu imensas aeronaves, que podem flutuar sem movimento a apenas algumas centenas de metros do solo, e então disparar em alta velocidade num piscar de olhos – tudo sem fazer qualquer ruído –, tal tecnologia teria revolucionado tanto a viagem aérea e a guerra mo-derna quanto, provavelmente, a física também. Nas duas décadas seguintes à

8. Staff da Junta, Washington, D.C., Relatório de Informação #5049, “Bélgica e o Assunto OVNI”, 30 de março de 1990.

9. Don Berliner, UFO Briefing Document (Dell Publishing/Random House, 1995), p. 144.

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onda belga, os Estados Unidos envolveram-se em três guerras. Se tivessem tais capacidades avançadas, eles certamente as teriam colocado em uso. Se algum governo estava, secreta e inexplicavelmente, voando essa maravilha sobre a Bélgica, teria que ter mentido para as autoridades belgas quando inquirido e, assim, teria rompido a parceria entre os membros da OTAN, que se baseia em respeito e confiança mútuos. E cada pessoa envolvida com a criação e voo desta aeronave altamente avançada teria tido que manter em segredo a tecnologia milagrosa e seus repetidos testes de voo – de fato, ninguém se apresentou e nada sobre esse empreendimento nunca vazou. Contudo, nas mentes de alguns, isso permanecerá como uma possibilidade, não importa quão improvável seja.

No que se refere ao General de Brouwer, essa possibilidade foi comple-tamente descartada. Assim, em sua mente, o que restou? “Estou abordando o assunto FANI de maneira pragmática. Reduzo-me aos fatos e evito extrapola-ções para possíveis atividades extraterrestres”, respondeu o General por e-mail. “Contudo, encorajo a pesquisa científica, que deve se basear na análise objetiva de uma série de observações relatadas durante a onda belga. Essa pesquisa não deve excluir a opção extraterrestre.”

Finalmente, quero indicar a significância de fotografias coloridas, em close-up, de um objeto não identificado que De Brouwer apresentará – uma das imagens mais reveladoras de OVNI de todos os tempos. Os leitores pode-riam perguntar, com razão, por que não há mais fotos e vídeos inequívocos dos objetos na Bélgica, já que foram muitos os avistamentos. Em parte, isso se deve às exigências estritas das autoridades em relação à aceitação de fotografias; seus métodos de triagem eliminaram todas as imagens questionáveis e inveri-ficáveis. Além disso, é fácil esquecer que, vinte anos atrás, ainda não estavam em uso câmeras de vídeo, câmeras digitais relativamente baratas e telefones celulares. Muito frequentemente, as pessoas não carregavam consigo câmeras manuais naqueles tempos imprevisíveis, em que os OVNIs passavam sobre as cabeças, enquanto dirigiam. Em minhas conversas com muitas testemunhas de OVNIs ao longo dos anos, aprendi que ao observarem alguma coisa terrí-vel e algumas vezes assustadora, como um OVNI gigantesco em voo baixo, as pessoas se tornam quase petrificadas. Estão vendo algo que supostamente não existiria, algo ameaçador, imenso e silencioso, previamente inimaginável. A maioria não tira os olhos dessa coisa de outro mundo, exceto talvez para rapidamente reunir os membros da família ou os amigos. Elas ficam olhando fixamente, e a distração de tirar uma fotografia não está em suas mentes. A

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aeronave geralmente vai embora tão logo esteja fora de vista. Elas não querem correr para procurar uma câmera dentro de casa, ou abrir uma mala, no porta-malas do carro, para achar uma, ou se preocupar se a máquina tem filme. O momento é muito incomum e empolgante.

Mesmo quando uma foto é tirada, nem sempre vem a público. Se as luzes estão a alguma distância e a exposição é muito curta, não aparece nada. Tam-bém, outras características dos OVNIs podem inibir o registro de suas luzes brilhantes no filme. Em um caso, um produtor de filmes belga, junto com dois colegas10, usando um filme de alta sensibilidade, fotografou um dos objetos que passava diretamente sobre suas cabeças. O fotógrafo estimou sua altitude como de aproximadamente 300 metros, com um diâmetro de seis vezes aquele de uma lua cheia. Como um controle, ele fotografou um avião comum alguns minutos depois, usando as mesmas definições da câmera.

Nas fotos, porém, os “holofotes” brilhantes do OVNI, que eram para os olhos do observador muito mais brilhantes do que as luzes de um avião, ficaram muito pouco discerníveis. A forma triangular do OVNI, claramente visível a olho nu, também se perdeu no filme. Ao mesmo tempo, as luzes do avião ficaram muito mais brilhantes do que aquelas do OVNI, aparecendo exatamente da maneira que eles tinham visto do solo, muito embora o OVNI estivesse muito mais perto dos observadores do que o avião. Experimentos de laboratório mostram que isso provavelmente se deveu ao efeito da luz in-fravermelha ao redor do OVNI, o que pode até causar o desaparecimento do objeto na foto. Essa poderia ser a razão do porquê poucas fotos úteis foram recebidas pelos investigadores durante a onda belga, e porque fotos de OVNIs de confiança não são tão comuns quanto se poderia esperar.

Desenhos de testemunhas desempenharam um papel importante, en-capsulando detalhes impressos na memória dos observadores imediatamente após os avistamentos. Os investigadores podem, então, fazer comparações entre versões feitas em diferentes localizações, em tempos diferentes ou por múltiplas testemunhas do mesmo evento, visto de pontos diferentes – pessoas que não sabiam umas das outras. “Vai chegar o dia em que, indubitavelmente, o fenômeno será observado com os meios tecnológicos necessários, para não haver nenhuma dúvida sobre sua origem”, comentou o General De Brouwer

10. Marie-Thérèse de Brosses, de uma entrevista com o Professor Auguste Meessen, “Um Objeto Voador Não Identificado no Radar de um F-16”, Paris Match, 5 de julho de 1990.

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recentemente. Nesse meio tempo, algo física e tecnologicamente real, contudo completamente desconhecido por nós, repetidamente se inseriu nos céus de toda a Bélgica. Não sabemos de onde surgiu, para onde estava indo ou por que estava lá. Mas o fato de sua existência é suficientemente notável e desafiador para aqueles de nós abaixo dele, incapazes de fazer qualquer coisa a respeito.