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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MOZÂNIA REIS DE MATOS TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS E VALIDAÇÃO DO QUESTIONÁRIO DE INTERPRETAÇÃO DA NEUROPATIA PELO PACIENTE (PIN) SÃO PAULO 2015

TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS E VALIDAÇÃO DO … · Weinstein (estesiometria), pelo diapasão de 128Hz e palpação de pulsos. 14-15. O teste de capacidade de discriminação térmica

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

MOZÂNIA REIS DE MATOS

TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS E VALIDAÇÃO DO

QUESTIONÁRIO DE INTERPRETAÇÃO DA

NEUROPATIA PELO PACIENTE (PIN)

SÃO PAULO 2015

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MOZÂNIA REIS DE MATOS

TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS E VALIDAÇÃO DO

QUESTIONÁRIO DE INTERPRETAÇÃO DA

NEUROPATIA PELO PACIENTE (PIN)

Dissertação de Mestrado apresentada a Universidade Nove de Julho para obtenção do titulo do Mestrado em Medicina sob orientação do Prof. Dr. Daniel Giannella Neto e Drª Maria Cândida Parísi

SÃO PAULO 2015

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Matos, Mozânia Reis de. Tradução para o português e validação do questionário de interpretação da

neuropatia pelo paciente (PIN). /Mozânia Reis de Matos.2015.

46 f.

Dissertação (mestrado) – Universidade Nove de Julho - UNINOVE,

São Paulo, 2015.

Orientador (a): Prof. Dr. Daniel Giannella Neto.

1. Pé diabético. 2. Neuropatia diabética. 3. Úlcera. 4.Amputação.

I. Neto Giannella, Daniel. II. Titulo

CDU 616

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Dedico este trabalho a todos aqueles que possam vir afazer o bem com a

utilização do mesmo.

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AGRADECIMENTOS

Inicio meus agradecimentos por Deus, já que ele colocou pessoas tão especiais

a meu lado, sem as quais certamente não teria dado conta.

A meus professores, Dr. Daniel Giannella e Dra Cândida Parísi, pela paciência,

confiança e companheirismo. Além de terem acreditado em meu potencial de uma forma

que eu acreditava não ser capaz de corresponder.

A meus amigos do mestradoRê, Zé, Adriano, Fabio, Adilson, Otavio, Gabi e Lucas.

Pelo carinho, incentivo e pelos momentos divididos juntos. E especialmente a minhas

grandes amigas Lidy, Cris e Malu, por nunca terem permitido que eu desistisse.

A meus pais, Mozart e Lia, e minha irmã, Micaela, meu infinito agradecimento.

Sempre acreditaram em minha capacidade mesmo nas vezes que até eu mesma duvidei,

isso só me fez ter mais forças para continuar. Obrigada pelo amor incondicional.

Agradeço em especial a meu querido esposo, Bruno (Tito), por estar sempre ao meu

lado, devido a seu companheirismo, amizade, alegria paciência e principalmente amor,

este trabalho pode ser concretizado. Obrigada por sempre fazer do meu sonho o nosso

sonho!

Finalmente gostaria de agradecer a Universidade Nove de Julho e ao Ambulatório de Pé

Insensível do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clinicas da

Universidade de São Paulo, por abrirem as portas para que eu pudesse realizar este

sonho que era a minha Dissertação de Mestrado.

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“Tenha fé em Deus, tenha fé na vida... tente outra vez”

Raul Seixas

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 –Dados demográficos da população estudada ........................................ 31

TABELA 2 – Dados clínicos da população estudada ................................................ 32

TABELA 3 – Valores representativos sobre a avaliação do nível de compreensão dos

pacientes .................................................................................................................. 33

TABELA 4 – Valores representativos dos dados demográficos dos três países

estudados ............................................................................................................. .....34

TABELA 5 –Valores representativos dos dados clínicos dos três países

estudados...................................................................................................................35

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LISTA DE FIGURA

FIGURA 1 –Comparação entre as medias dos escores ........................................... 36

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LISTA DE ABREVIATURAS

DM Diabetes Mellitus

IWGDFInternational Working Group on the Diabetic Foot

ND NeuropatiaDiabética

PINPatient Interpretation of Neuropaty

SUSSistema Único de Saúde

TLTimelime

USAEstados Unidos da América

UK Inglaterra

ID Identidade

C Causa

CC Cura

CONS Consequência

EM Emocional

DM1Diabetes Mellitus tipo 1

DM2 Diabetes Mellitus tipo 2

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 13

1. Diabetes Mellitus .............................................................................................................. 13

2NEUROPATIA DIABETICA ................................................................................................ 15

2.1 Avaliação clínica ............................................................................................................ 15

2.2 Manifestações da Neuropatia Diabética ......................................................................... 16

3PÉ DIABÉTICO .................................................................................................................. 17

3.1 Ùlceras ........................................................................................................................... 17

3.2 Amputação ..................................................................................................................... 17

4PATIENT INTERPRETATION OF NEUROPATY ................................................................ 19

4.1 Domínio identidade ........................................................................................................ 20

4.2 Domínio causal .............................................................................................................. 20

4.3Domínio cura ................................................................................................................... 21

4.4Domíniotimelime ............................................................................................................. 21

4.5Domínioconsequências ................................................................................................... 22

4.6Domínio emocional ......................................................................................................... 22

5HIPOTESE ......................................................................................................................... 24

6JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 25

7OBJETIVOS ...................................................................................................................... 26

8MATERIAL E METODOS ................................................................................................... 27

8.1 Tradução ........................................................................................................................ 27

8.2 Projeto Piloto....................................................................................................................27

8.3 Coleta de dados ............................................................................................................. 28

8.4 Análise Estatística .......................................................................................................... 29

9RESULTADOS .................................................................................................................. 30

10 DISCUSSÃO .................................................................................................................. 37

11 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 43

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 44

ANEXOS .............................................................................................................................. 48

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RESUMO

Nas práticas de prevenção, os instrumentos que ampliem o autocuidado são bem

vindos. Soma-se a isto o estimulo a promoção, a educação em saúde e o atendimento

interdisciplinar. O PatientInterpretationofNeuropaty (PIN), é um questionário de

Interpretação da Neuropatia pelo Paciente, desenvolvido e validado nos USA e na

Inglaterra(UK). Por meio deste instrumento o paciente faz a auto avaliação do seu pé e

dos cuidados de saúde a serem realizados com ele, visando à prevenção da úlcera de

pé diabético. Sendo assim o presente estudo tem como objetivo traduzir e validar o

questionário de interpretação da neuropatia para o português e avaliar o grau de

compreensão dos pacientes sobre as indagações do (PIN). Participaram deste estudo

100 pacientes do ambulatório de pé insensível do Instituto de Ortopedia e Traumatologia

da Universidade de São Paulo. Foram usados testes paramétricos e não paramétricos

na análise de dados. Os valores obtidos com a versão Brasileira do PIN são muito

semelhantes aos valores das versões originais, dos USA e da U.K. Julgamos ser um

instrumento valioso que propicia ao paciente observar alterações neuropáticas que

aumentam o risco de úlcera nos pés.

O questionário traduzido e validado para a língua portuguesa, parece assim ser um

instrumento confiável e aplicável paraavaliar o autocuidado do paciente,ao mesmo

tempo quepermite ao profissional de saúde desenhar medidas efetivas para prevenção

da úlcera de pé diabético,ocasionando um melhor prognostico e qualidade de vida dos

portadores de diabetes com ND.

Palavras-chave:Pé diabético – Neuropatia diabética – úlcera – amputação

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ABSTRACT

In practical prevention , the instruments that extend self-care are welcome. Added to this

the stimulus promotion, health education and the interdisciplinary care. The Patient

Interpretation of Neuropaty (PIN), is a questionnaire of Interpretation of neuropathy by

patient, developed and validated in the USA and in England (UK). By means of this

instrument, the patient makes the self-evaluation of your foot and health care to be carried

out with it, aiming at the prevention of ulcer diabetic foot. Thus, the aim of the present

study is to translate and validate the questionnaire of interpretation of neuropathy for the

Portuguese and assess the degree of understanding of the patients on the questions of

(PIN). Participated in this study 100 patients at the outpatient clinic of foot insensitive of

the Institute of Orthopedics and Traumatology, University of Sao Paulo. Were used

parametric and non-parametric tests in the analysis of data.The values obtainedwith the

BrazilianversionPINare verysimilar to the valuesof the original versions,

theUSAandtheUK.We think it isa valuabletool providingthe

patientobserveneuropathicchangesthat increase the risk of ulcers on the feet. The

questionnairetranslated and validatedfor the Portuguese language, soit seemsto be a

reliableandapplicabletool to evaluate theself-careof the patientat the same timethat allows

thehealthcare professionalto designeffective measuresforprevention ofdiabetic footulcer,

resulting in a betterprognosisandquality of life ofdiabetes patientswithND.

Keywords: Diabetic foot, diabetic neuropathy, ulcer, amputation

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INTRODUÇÃO

1. DIABETES MELLITUS

O diabetes mellitus (DM) representa um grupo de doenças metabólicas que se

caracterizam por hiperglicemia resultante de defeitos na secreção ou também na ação

da insulina.. O DM é um importante e crescente problema de saúde em todos os países

independente do grau de desenvolvimento.

Em 1985, estimava-se que existissem 30 milhões de adultos com DM no mundo.

E este número cresceu para 135 milhões em 1995, atingindo 285 milhões em 2010 com

projeção de chegar a 439 milhões em 2030, dos quais dois terços estariam em países

em desenvolvimento2-3.

Pode ser classificada de diversas maneiras, variando de acordo com a etiologia,

evolução clínica e tratamento1. Os principais tipos de DM são: DM de tipo 1 (DM1) e DM

de tipo 2 (DM2).

No DM1, ocorre destruição das células beta do pâncreas, decorrente de um

processo autoimune ou idiopático que leva a deficiência absoluta na secreção de

insulina4.O DM1 é mais frequente na população caucasiana do que em negros, asiáticos

ou hispânicos. Sua incidência é maior no hemisfério norte do que no sul5.Essa doença

representa cerca de 10% de todos os casos de DM, e tem-se constatado aumento da

incidência global de cerca de 2% a 5% por ano, principalmente em crianças de baixa

idade (faixa etária de 0-4 anos)5. Na Europa o número de novos casos em 2005 era

estimado em 15 mil pacientes.Em 2020, o número previsto de novos casos será de

24.400, com uma duplicação em crianças menores de 5 anos. A prevalência para

menores de 15 anos está prevista para aumentar de 94 mil em 2005 para 160 mil em

20206.

Já o DM2, é responsável por 90% a 95% de todos os casos de diabetes, o defeito

pode variar desde uma resistência insulínica, mais predominante, a um defeito

essencialmente secretório, com ou sem resistência insulínica2. Tanto a prevalência

quanto a incidência do DM2 estão aumentando entre homens e mulheres, nos Estados

Unidos da América (USA) afeta 8% dos adultos e atinge, atualmente, 17,5 milhões de

pessoas7.

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O número de pessoas com DM2 deverá triplicar nos próximos 10 a 25 anos,

particularmente nos países em desenvolvimento ou recentemente industrializados2-3.

Todavia foi realizadoestudo em 2002 que relatou um percentual de 50% de

diabéticos que ainda não conheciam o diagnóstico, fator que vem a aumentar o risco das

complicações crônicas associadas à doença8. Estas complicações são responsáveis por

um grande número de problemas de saúde no Brasil e no mundo.

Segundo DataSUS, a prevalência de DM no Brasil, em 2009, em adultos acima

de 34 anos foi de 9,5%. E suas complicações são responsáveis pelas maiores taxas de

morbimortalidade, principalmente, a úlcera do pé diabético que pode resultar em

incapacidade e amputação9.

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2. NEUROPATIA DIABÉTICA

O fator principal que debilita o paciente portador de DM e causa 80% das úlceras

do pé diabético, é a neuropatia diabética (ND)10. A ND é definida pela presença de

sintomas ou sinais de disfunção do nervo periférico em pessoas com diabetes, após a

exclusão de outras causas49. A ND atinge mais de 50% dos pacientes com diagnóstico

de DM, com mais de 20 anos de doença, sua principal alteração é uma diminuição na

amplitude das respostas sensitivas e motoras dos nervos periféricos, podendo haver

desmielinização dos nervos devido à hiperglicemia crônica11.

Os sintomas podem ser classificados em sensitivos, motores e autonômicos.

Sensitivos: formigamento, queimação ou dormência nas pernas, pés e mãos, dores

locais e desequilíbrio. Motores: estado de fraqueza e atrofia muscular. Autonômicos:

ocorrência de pele seca, pressão baixa, distúrbios digestivos, excesso de transpiração e

impotência12.

Conforme o espectro das fibras nervosas envolvidas os sinais e sintomas variam.

O dano às fibras sensoriais grossas produz diminuída sensação ao toque leve e

posicional, enquanto os danos às fibras finas produz sensação diminuída de dor e de

percepção da temperatura13.

2.1 Avaliação clínica

Os testes ou avaliações da presença de ND mais utilizados são: teste de

sensibilidade vibratória com a técnica do diapasão de 128 Hz, teste de sensibilidade tátil,

teste de capacidade de discriminação térmica, teste de sensação dolorosa e teste do

reflexo motor14.

Teste de sensibilidade vibratória com a técnica do diapasão de 128 Hz, o indivíduo

sem comprometimento da sensibilidade vibratória perceberá o estímulo vibratório,

enquanto que o paciente com comprometimento de fibras grossas ou não, percebe o

estímulo, ou se percebe, tem esta percepção reduzida (normalmente o diapasão ainda

está vibrando mais o paciente deixa de sentir)15.

O pé de risco para úlcera é avaliado pelo monofilamento de 10 g Semmes-

Weinstein (estesiometria), pelo diapasão de 128Hz e palpação de pulsos. 14-15.

O teste de capacidade de discriminação térmica avalia o comprometimento de

fibras finas, a alteração mais precoce do DM, e é realizado na prática com um objeto em

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que o paciente possa identificar a diferença de temperatura entre frio e quente (tubos de

ensaio preenchidos um com água à temperatura ambiente e outro com água tépida) 15.

O Teste de sensação dolorosa é feito com um pino, agulha ou palito, enquanto que o

Teste do reflexo motor é feito com um martelo16.

2.2 Manifestações da Neuropatia Diabética e Avaliação do Pé de risco

As principais manifestações da ND são a perda da sensibilidade, não percepção

da temperatura, ausência ou diminuição de sudorese, perda da percepção da pressão,

hiperemia, pele seca, reflexos diminuídos ou ausentes. Estas manifestações clinicas

associados a fatores de risco como: calosidades, presença de rachaduras e fissuras17,

caminhar descalço e usar calçados inadequados, são fatores que isolados ou em

conjunto causa a úlcera de pé diabético11.

Observa-se também como fator causal para úlcera de pé diabético a falta de

assistência adequada como: acesso limitado aos serviços de saúde, falta de

conhecimento sobre prevenção, não adesão ao tratamento e educação terapêutica

precária tanto do paciente quanto dos profissionais de saúde1.

Estes fatores podem ser detectados através da história do paciente e de exames

clínicos. Após o exame clínico o paciente deve ser identificado de acordo com um

sistema de classificação de risco para melhor tratamento e acompanhamento do

paciente. O Consenso sobre o Pé diabético sugere a adoção do sistema de Classificação

do risco que abrange na categoria 0 (zero): paciente não possui ND, seu retorno será

uma vez ao ano. Categoria 1: Paciente com ND presente, frequência de avaliação uma

vez por ano. Categoria 2: ND presente, sinais de doença vascular periférica e ou

deformidade nos pés, frequência de avaliação uma vez a cada três meses. E a última

categoria e a 3: amputação e/ou úlcera prévia, frequência de avaliação entre uma a três

vezes.

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3. PÉDIABÉTICO

A Organização Mundial de Saúde define pé diabético como “situação de infecção,

ulceração e ou destruição dos tecidos profundos associados a anormalidades

neurológicas e vários graus de doença arterial periférica nos membros inferiores”21.

3.1 Úlceras

As úlceras são lesões abertas, com perda de substância, em tecido cutâneo ou

mucoso, causando desintegração e necrose; qualquer ferida ou chaga17.

As úlceras nos pés de pacientes diabéticos têm sido associadas à tríade que constitui a

via básica para ulceração: insensibilidade, trauma e deformidade decorrente da ND21. A

úlcera do pé diabético localiza-se abaixo do tornozelo, os locais mais frequentes são:

face plantar dos dedos dos pés 51-52%; seguidos de áreas na projeção da cabeça dos

metatarsos, médio pé e calcâneo 28-37%;menor frequência na região dorsal do pé 14-

11% e, múltiplas úlceras em média em 7%. Essas úlceras acometem portadores de

diabetes, independentemente do tempo de doença23. Elas também são a causa mais

frequente de internação hospitalar, nos USA, por exemplo, são responsáveis por 25%

das admissões hospitalares, com custos elevados19.

No Brasil a incidência de úlcera foi estimada em 484 mil, 169,6 mil admissões

hospitalares, 81 mil amputações, com 22 mil mortes o que corresponde a um custo total

de 222,3 milhões de dólares18.

Segundo o Ministério da Saúde, em 2010, a taxa de mortalidade específica por

DM foi de 28,8% por 100.000 habitantes9. Úlceras e amputações associadas ao DM têm

uma frequência duas vezes maior do que em pessoas que não tem esta doença, o risco

do portador de DM apresentar problemas nos pés é de 25%19. Esta frequência muda

quando esta complicação resulta em amputação. Isto é, pacientes que possuem DMtem

um risco de 10 a 30 vezes maior de sofrer amputação em membro inferior do que

pacientes que não possuem, com taxas de prevalência de 40% a 85%11.

3.2 Amputação

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As amputações diminuem a produtividade, a qualidade de vida e sobrevida destes

indivíduos, cursando com elevada mortalidade e morbidade além de elevado custo pelo

tratamento prolongado ambulatorial ou hospitalar, absenteísmos e aposentadorias

precoces19.

Dados sobre amputações em pacientes diabéticos no Brasil são também

escassos. Na cidade do Rio de Janeiro, nos anos de 1992 a 1994, a taxa de amputação

por DM foi de 13 vezes maior do que a de não diabéticos atingindo a significativa

incidência de 180,6 por 100 mil pacientes/ ano20.

Estudos demonstram que, a prevalência de úlcerasnos pés atinge 4% a 10% das

pessoas portadoras de diabetes. Cerca de 40% a 60% das amputações não traumáticas

de membros inferiores ocorrem nestes pacientes, sendo que 85% destas são precedidas

por úlceras nos pés14.

Tendo em vista que as ações em saúde efetivas com o cuidado com os pés

visando a prevenção do pé diabético podem evitar e 44% a 85% das amputações9. Esses

dados demonstraram a importância de tornar viável a prevenção destas úlceras.

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4. PATIENT INTERPRETATION OF NEUROPATY (PIN)

O PatientInterpretationofNeuropaty (PIN), é um questionário de Interpretação da

Neuropatia pelo Paciente, desenvolvido e validado nos USA e na Inglaterra (UK)24. Por

meio deste instrumento o paciente faz a auto avaliação do seu pé e dos cuidados de

saúde a serem realizados com ele, visando à prevenção da úlcera do pé diabético.

Nessa investigação será empregada uma ferramenta sob a forma de questionário

desenvolvido para avaliar o grau de entendimento e interpretação da ND no que se

referem à auto avaliação e aos cuidados de saúde reservados ao pé do portador de DM.

O PIN é composto por 39 questões, cujos subitens visam abranger:

(1) Equívocos de senso comum sobre a natureza e as complicações, e seus esforços

para fundir as crenças com o diagnóstico de ND, ou seja, identidade da doença.

(2) Avaliação dos níveis de compreensão das relações causais entre ND, úlcera do

pé diabético e autocuidado.

(3) A percepção da prevenção da úlcera de pé diabético.

(4) Percepção dos profissionais da saúde sobre o quanto seu trabalho poderia

prevenir úlcera do pé diabético.

(5) Prevenção deúlcera e amputações.

(6) Preocupação com as consequências da ND, e responsabilizar os profissionais de

saúde sobre a falta de compaixão e a transmissão inadequada do que é ND, seus

sinais, sintomas e consequências.

As respostas a cada questão são marcadas numa escala Likert. A escala Likert é

uma escala psicométricas que pretende registrar o nível de concordância ou

discordância de uma declaração dada. Trata-se de uma escala composta por 5 pontos,

são eles: 1- Discordo totalmente, 2 – Discordo, 3 – Não sei, 4 – Concordo e 5 – Concordo

plenamente24.

Os itens para avaliar autocuidado com os pés, visando à prevenção da úlcera,

foram baseados nas diretrizes de cuidado com o pé diabético6. Por exemplo: Inspecionar

os pés diariamente, usar sapatos adequados, realizar hidratação dos pés, comparecer

as consultas medicas.

Outros itens avaliados são as possíveis causas de úlcera, como: caminhar

descalço, usar sapatos sem meia, usar sapatos apertados, usar sandálias.

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Para ser avaliado de uma melhor forma, o PIN divide-se em domínios e fatores. Cada

domínio e fator são compostos por seus subitens (Anexo 1).

4.1 Domínio identidade (DI)

O Domínio identidade da doença foi representado por três fatores, classificados

por ID1, ID2 e ID3.

O ID1 avalia circulação e possui quatro subitens, tais:

1- Perda ou redução da sensibilidade significa má circulação nos pés;

2- Boa circulação nos pés significa que eu não vou ter úlceras no pé;

3- Boa circulação nos pés significa pés saudáveis;

4- Se os pés sentem calor ao toque, significa que os pés estão saudáveis.

ID2 avalia a interpretação da neuropatia com três subitens, tais:

1- Perda ou redução da sensibilidade significa lesões nos nervos em meus pés;

2- É possível ter perda ou reduçãoda sensibilidade ao mesmo tempo ter dor nos

meus pés;

3- É possível ter redução da sensibilidade nos pés apesar de ter sensibilidade ao

toque.

ID3 avalia dor em caso de úlcera com três subitens, tais:

1- Se eu tivesse uma úlcera nos pés eu deveria sentir dor nos meus pés;

2- No caso de uma úlcera nos pés, seria pior e deveria ser doloroso;

3- Eu poderia desenvolver uma úlcera no pé, sem sentir dor nenhuma.

4.2 Domínio causal (DC)

O domínio causal é composto por dois fatores C1 e C2.

C1 avalia causas físicas das úlceras do pé diabético com quatro subitens, tais:

1- Mudanças na forma do pé podem causar úlceras nos pés;

2- Sapatos mal ajustados podem causar úlceras nos pés;

3- Formação de pele grossa (calo) podem causar úlceras nos pés;

4- O ressecamento da pele nos pés pode causar úlceras.

C2 avalia a causa da úlcera pela falta de cuidado do paciente ou do profissional

de saúde com quatro subitens, tais:

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1- Perda ou redução da sensibilidade nos meus pés foi causada por má assistência

medica no passado;

2- Perda ou redução da sensibilidade nos meus pés foi causada por não cuidar bem

do meu diabetes;

3- Úlceras nos pés são causadas por falta de cuidados médicos;

4- Úlceras nos pés são causadas por não cuidar de mim mesmo.

4.3 Domínio cura (DCC)

O domínio cura é representado por dois fatores, CC1 e CC2.

CC1 avalia a eficácia do auto cuidado com cinco subitens, tais:

1- Verificar meus pés todos os dias pode prevenir que úlceras do pé aconteçam;

2- Ir ao meu especialista em cuidados com os pés regularmente pode prevenir que

úlcera do pé aconteça;

3- O uso de sapatos que se encaixam corretamente pode prevenir que úlceras do pé

aconteçam;

4- Hidratando os pés pode prevenir que úlceras do pé aconteçam;

5- Removendo pele grossa pode prevenir que úlceras do pé aconteçam.

CC2 avalia o controle da úlcera do pé diabético feito pelo medico, é composto por três

subitens, tais:

1- Médicos de diabetes podem prevenir que úlceras do pé aconteçam;

2- O meu médico de família pode prevenir que úlceras do pé aconteçam;

3- Especialistas em cuidados com os pés podem prevenir que úlceras do pé

aconteçam.

4.4 Domínio “timeline” (TL)

É composto por um único fator que avalia a percepção sobre o período de tempo

durante o qual surge uma úlcera no pé, é composto por três subitens, tais:

1- Úlceras no pé levam muito tempo para se desenvolver;

2- Úlceras no pé podem se desenvolver muito rápido;

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22

3- Eu posso desenvolver uma úlcera no pé a qualquer momento.

4.5 Domínio consequências (CONS)

Aborda o conhecimento sobre as consequências da ND e é composto por quatro

subitens, tais:

1- Perda ou redução da sensibilidade em meus pés pode levar a lesões nos meus

pés;

2- Perda ou redução da sensibilidade em meus pés pode levar a gangrena nos meus

pés;

3- Perda ou redução da sensibilidade em meus pés pode levar a úlcera no pé;

4- Perda ou redução da sensibilidade em meus pés pode levar a amputação.

4.6 Domínio emocional (EM)

Finalmente, os dois últimos fatores que avaliam o domínio emoção, EM1 e EM2. O

EM1avalia a preocupação com as consequências da ND e é composto por quatro

subitens, tais:

1- Perda ou redução da sensibilidade em meus pés faz com que eu me preocupe

com uma lesão ou machucado;

2- Perda ou redução da sensibilidade em meus pés faz com que eu me preocupe

com uma úlcera;

3- Perda ou redução da sensibilidade em meus pés faz com que eu me preocupe

com uma gangrena;

4- Perda ou redução da sensibilidade em meus pés faz com que eu me preocupe

com uma amputação.

EM2 avalia o sentimento de indignação dos pacientes perante os médicos, é

composto por dois subitens, tais:

1- Perda ou redução da sensibilidade em meus pés me deixa com raiva dos médicos

que parecem não se importar comigo;

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23

2- Perda ou redução da sensibilidade em meus pés me deixa com raiva dos médicos

que não falaram realmente o que estava acontecendo com meus pés.

5. HIPÓTESE

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24

A utilização do PIN em uma população de portadores de DM do Estado de São

Paulo pode contribuir em praticas de prevenção no pé de risco para úlcera.

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25

6. JUSTIFICATIVA

Nas práticas de prevenção, os instrumentos que ampliem o autocuidado são bem

vindos. Soma-se a isto o estimulo ao autocuidado, a educação em saúde e o atendimento

interdisciplinar.

Tendo em vista que a úlcera do pé diabético está entre as complicações mais

graves e onerosas do DM, é preciso desenvolver uma estratégia que inclua prevenção,

treinamento dos pacientes e dos profissionais, tratamento multidisciplinar das úlceras

nos pés, monitorização e principalmente promover o autocuidado.

O presente estudo tem como objetivo traduzir e validar para a língua portuguesa

o “PatientInterpretationofNeuropaty (PIN)”. Essa investigação poderá beneficiar tanto o

profissional de saúde quanto os portadores de DM. Pois, permitirá ampliar práticas que

visam à redução de situações que possam, potencialmente, culminam com a úlcera do

pé diabético.

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26

7. OBJETIVOS

Primário

Traduzir e Validar o questionário de interpretação da neuropatia para o português.

Secundário

Avaliar o grau de compreensão dos pacientes sobre as indagações do

questionário de interpretação da neuropatia pelo paciente (PIN).

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27

8. MATERIAL E METODOS

8.1. Tradução

A sequência para tradução e validação do questionário PIN, seguiu os seguintes

passos.

Primeiro foi realizado o pedido de autorização para autora principal do PIN,Drª

Loretta Vileikyte,que realizou a pesquisa nos USA e na UK, a partir da autorização foi

realizada a tradução reversa do questionário original do inglês para o português. A

tradução reversa (“backtranslation”) foi empregada no processo de validação: (1) O

primeiro tradutor realizou a tradução do documento do inglês para o português; (2) O

segundo tradutor recebeu o artigo em português e realizou a tradução do mesmo para o

inglês, caracterizando então, a tradução reversa. É importante salientar que nas duas

traduções foram tradutores diferentes para que fosse fidedigno o processo de

(“backtranslation”). Após, ambas as traduções foram comparadas pela autora principal

do PIN juntamente com um integrante do seu grupo de pesquisa que fala português. Este

realizou algumas adequações para a língua portuguesa que achou necessária para o

processo de validação, após essa adequação concordamos que a versões em português

era semelhantes à em inglês, o que significa que a tradução está correta e o processo

de tradução reversa serviu para ajudar na validação e garantir a excelência na qualidade

da tradução do questionário. Caso fossem encontradas muitas diferenças na tradução,

este processo ajudaria na identificação das diferenças com maior facilidade e de forma

prévia a publicação do questionário. A retradução foi realizada para o inglês e enviada

para a autora.

8.2. Projeto piloto

Foi realizado um projeto piloto no Ambulatório de Pé Insensível do Instituto de

Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (IOT-

FMUSP). Participaram do projeto piloto 10 pacientes, que concordaram e assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O projeto piloto teve sua relevância

principalmente na identificação do tempo de preenchimento do questionário, este

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28

alcançou em media 10 minutos por paciente. Foi também de suma importância para

observar a linguagem do questionário se estava adaptado culturalmente. Tendo em vista

que segundo Beaton e Cols: Para validação do instrumento em populações diferentes é

importante que ocorra adaptação cultural do instrumento de coleta de dados, para

utilização de outro idioma diferente da sua origem, requer metodologia única para que

seja obtida equivalência entre a forma original e o idioma a qual se destina48.

8.3. Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada no Ambulatório dePé Insensível do ( IOT-FMUSP).

Este é um serviço de saúde com atendimento em nível de atenção terciário. O nível de

atenção terciário é constituído por serviços ambulatoriais e hospitalares de alta

complexidade. Tem como característica o atendimento de pacientes para realizar

diagnostico e tratamento51.

Os profissionais que atuam no ambulatório realizam tratamento (medicamentoso,

cirurgias e curativos), e também realizam orientações de prevenção e promoção à saúde

para aqueles pacientes que não tem a úlceras nem complicações, mas que já possuem

ND. O ambulatório em questão é composto por uma equipe formada por médicos

endocrinologistas, vascular, ortopedistas, infectologistas, fisiatras, enfermeiros, técnico

de gesso, auxiliares e técnicos de enfermagem. A frequência do acompanhamento é

feita de acordo com cada caso, pois ela dependendo da necessidade do paciente, pode

ser desde duas vezes por ano até semanalmente.

Participaram voluntariamente da pesquisa 100 pacientes, todos os participantes

assinaram o Termo de Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo 3).

Esta amostra equivale a um percentual de cerca de 99% dos pacientes registrados

anualmente no Ambulatório de Pé Insensível do ( IOT-FMUSP), segundo levantamento

realizando com responsáveis pela triagem destes pacientes. Foi também realizado um

levantamento da literatura que constatou o numero de pacientes participantes de

pesquisas que tem como objetivo validações, ser menor do que a dos participantes do

PIN, o que faz crer que somados estes fatores com a amostrar do PIN original dos USA

e UK, que a amostra para validação do PIN na língua portuguesa esta de acordo com as

normas para este tipo de pesquisa.

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29

A realização da pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa CEP,

da Universidade Nove de Julho – UNINOVE (Processo número 525.889) (Anexo 4) e

pelo CEP do Hospital das Clinicas da Universidade de São Paulo (Processo número

604.937-0) (Anexo 5).

Os pacientes incluídos apresentavam ND com ou sem úlcera, ativa ou prévia17 de

ambos os sexos. Foram excluídos pacientes que possuíam doença vascular periférica.

Foi realizado um levantamento sobre a população participante do estudo, os

dados coletados foram demográficos e clínicos. Dados demográficos: Altura, peso,

idade, tipo de DM, escolaridade, etnia e estado civil. Dados clínicos: número de

complicações diabéticas, números de doenças concomitantes, número de deficiências

neuropáticas e número de úlceras no pé anteriores. Tanto os dados demográficos como

os dados clínicos, foram coletados diretamente do prontuário do paciente (Anexo 2).

O tempo de preenchimento do questionário durava em torno de 10 minutos. Antes

do preenchimento do PIN, foi explicado para os pacientes sobre o questionário e o

objetivo da pesquisa. Após foi entregue termo de consentimento livre e esclarecido

(TCLE) para ser preenchido e assinado.

8.4. Analise Estatística

Na analise dos dados demográficos e clínicos não seguiram distribuição normal,

sendo a mediana e a amplitude do intervalo semi-interquartílico (Q) representando as

características da distribuição. O coeficiente de Spearman foi calculado em todas as

análises de correlação. O programa JMP 9.0 (SAS InstituteCorp. Cary, NC, EUA) Foi

utilizado para todas as análises.

Na análise dos dados do questionário para validação, as variáveis seguiram uma

distribuição normal, os dados da comparação com os três centros internacionais do

estudo foram expressos em média e desvio padrão. A comparação entre as variáveis foi

realizada pelo One-Way ANOVA que compara três ou mais grupos independentes

(Figura 1). O nível de significância foi fixado em P< 0,05.

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30

9. RESULTADOS

Os dados descritivos da população estudada e as características clínicas estão

apresentados nas Tabelas I e Tabela II.

Participaram do estudo 44% de pessoas do sexo feminino e 56% do sexo

masculino com Mediana e intervalo interquartílico (Q) da idade de 61,0±7,3 (Min-Max:

28-93).

Na escolaridade, 60% do total com ensino fundamental completo, outros, 27%

ensino médio completo e 13% com graduação completa, não foram observados

pacientes com pós-graduação.

Ao analisar o estado civil foram observados 62% de indivíduos casados, 17%

solteiros, 12% viúvos e 9% divorciados. Quanto a etnia 60% dos indivíduos que

participaram da pesquisa era caucasoides, 37% negroide e 3% orientais, não foram

identificados pacientes ameríndios.

O número de complicações diabéticas teve uma média de 1,45 por participante,

já a média de doenças associadas foi de 1,14.

A análise do número de úlceras anteriores ou atuais teve uma porcentagem de

1,6 úlceras.

Para avaliar a compreensão dos pacientes sobre neuropatia diabética o PIN foi

composto por 39 questões, ele é dividido em 11 domínios, destes, 9 domínios avaliam

fatores cognitivos e 2 domínios, fatores emocionais. A análise estatística dos dados está

descritos na Tabela III.

Os dados foram expressos em média e desvio padrão. Os dados da U.K e USA

foram obtidos da referência (24)

Os dados expressam que a média do Brasil foi maior que a dos dois grupos

controle, em 10 dos 11 domínios. Apenas no domínio que avalia a interpretação da

neuropatia o ID2 o Brasil teve a média menor que os outros países.

Nos domínios ID1, ID2, ID3, ID4, CI, TL, CC1, CC2, Cons e Em1 o valor de P é

de P<0,0001 versus grupos controle. Já no domínio C2 o valor de P versus grupos

controle é de P<0,005.

Não houve diferença significativa entre os dados dos três países no domínio Em2,

que avalia o sentimento de indignação dos pacientes perante os médicos.

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31

Tabela 1. Dados demográficos da população estudada.

A idade foi expressa pela Mediana e Q e o restante dos dados em porcentagem (%).

IDADE SEXO

(MedianaeQ) (%)

61/7,3 F:44/M:56 Fundamental 60 Casado(a) 62 Caucasoide 71

Médio 27 Solteiro(a) 17 Negroide 26

Superior 13 Viúvo(a) 12 Oriental 3

Divorciado(a) 9

ESCOLARIDADE

(%)

ESTADOCIVIL

(%)

GRUPOÉTNICO

(%)

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32

Tabela 2. Dados clínicos da população estudada.

Os dados foram expressos em porcentagem (%). RD= retinopatia diabética; ND=

neuropatia diabética; Nf= nefropatia; HAS= hipertensão arterial sistêmica; IRC=

insuficiência renal crônica; DCV= doenças cardiovasculares.

Tipo1 14 0 4,0 50,0 0 23 HAS 51,4 0 34

1 48,0 45,8 1 45 HAS+IRC 24,3 1 24,7

3 1,0 3,1 3 5 IRC 4,3 3 6,2

Outras 14,3 4 5,2

5 2,1

6 5,2

22,7

OutraTipo2 86

1,0 2 27 DCV 5,7 2

RD+ND

ND

2 47,0RD+ND+

NF

TIPODEDIABETES

(%)

COMPLICAÇÕES COMORBIDADES NºDEÚLCERAS

(%)Nº(%) TIPOS(%) Nº(%) TIPOS(%)

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33

Tabela 3.Valores representativos sobre a avaliação do nível de compreensão dos pacientes.

Os dados foram expressos em média e desvio padrão. ID= identidade da doença; C= causa; CC= cura; TL= timeline; CONS= consequências; EM= emoção.

BALTIMOREE

CENTRECOUNTY,USA

Média±DP

ID1(Circulação) 4,0±0,7 3,6±0,7 2,9±0,7

ID2(Neuropatia) 3,4±0,8 3,8±0,6 4,0±0,5

ID3(Graudador) 3,8±0,9 3,1±0,8 2,6±0,9

C1(Alteraçõesósseas) 4,3±0,7 3,5±0,6 3,6±0,6

C2(Cuidadocomospés) 3,1±1,3 2,7±0,7 2,7±0,7

CC1(Prognóstico) 4,3±0,6 3,5±0,6 3,8±0,6

CC2(Autocuidado) 3,7±0,9 3,6±0,6 3,4±0,7

TL(Tempodeinício) 3,6±0,6 3,0±0,8 2,7±0,8

CONS(Consequência) 4,7±0,8 3,8±0,7 4,1±0,5

EM1(Preocupação) 4,6±1,0 3,6±0,9 3,8±0,8

EM2(Assistênciamédica) 2,7±1,8 2,4±1,0 2,5±1,1

SÃOPAULO,BR MANCHESTER,UK

DOMÍNIOS

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34

Tabela 4. Valores representativos dos dados demográficos dos três países estudados

Os dados foram expressos em média e (%) e a idade pela mediana e Q. Os dados de U.K e U.S.A foram obtidos da referência (24).

BALTIMOREE

CENTRECOUNTY,USA

Médiae(%)

N 100 325 170

Sexo(M) 56 72,2 60,7

Idade 61/7,3 61,50/11,54 62,56/9,82

EstadoCivil(casado) 62 6,9 73,2

EnsinoFundamentalCompleto 60 4,1 1,8

EnsinoMédioCompleto 27 58,5 41,7

EnsinoSuperiorCompleto 13 7,3 25,6

SÃOPAULO,BR MANCHESTER,UK

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35

Tabela 5.Valores representativos dos dados clínicos dos três países estudados.

Os dados foram expressos em média±DP e (%). Os dados de U.K e U.S foram retirados do artigo: PatientInterpretationofNeuropaty (PIN) Questionnaire.

BALTIMOREE

CENTRECOUNTY,USA

Médiae(%)

DMTIPO1(%) 14,0 34,5 16,7

NºComplicaçõesDiabéticas 1,45±1,05 1,54±1,06 1,54±1,18

NºdeDoençasAssociadas 1,14±1,01 0,74±0,89 1,43±1,24

NªdeÚlceras(%) 66 29,1 48,8

MANCHESTER,UKSÃOPAULO,BR

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36

Figura 1. Comparação entre as médias dos escores dos diferentes domínios

obtidos na atual investigação em comparação aos obtidos em Manchester no Reino Unido, Baltimore (MA) e no Condado de Centre (PA) nos Estados Unidos da América.

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37

10. DISCUSSÃO

A qualidade de estudos epidemiológicos baseados em questionários depende da

qualidade do instrumento utilizado. Há um amplo consenso de que os questionários

devam ser validados44. Somente questionáriosvalidados, ou sejam, que meçam o que se

propõe medir, qualificam com fidelidade as conclusões pertinentes.Existem

recomendações mais adequadas para os métodos estatísticos de avaliação tal como

sugerido por Bland e Altman45.

Segundo Beaton e Cols, basicamente instrumentos e questionários que visam à

melhora na qualidade de vida do paciente, em sua grande maioria foram formulados na

língua inglesa, direcionados para a utilização na população que fala esse idioma46. No

entanto não há como aplicar um instrumento de avaliação (questionário) estrangeiro sem

realizar a sua validação para o país em que se deseja aplica-lo, quando se objetiva usá-

lo em uma população de cultura e idioma diferentes do país onde o instrumento foi

gerado47.

O instrumento em estudo teve uma boa aceitação junto aos participantes,

mostrando-se adaptado as diferentes características populacionais e clínicas do Brasil

relacionado aos grupos controle. Segundo, Souza TC e cols, para que o instrumento seja

considerado validado é necessário que exista concordância entre os dados obtidos 43.

Os resultados obtidos sobre a descrição das características demográficas e

clínicas da população estudada só agregam que, em relação aos cuidados com as

extremidades inferiores nos diferentes níveis hierárquicos assistenciais destacam-se os

valores culturais, científicos e a percepção que cada ser humano tem de si 25-26.

Comparado com os grupos controle da U.K e dos USA27, no Brasil o número de

participantes de ambos os sexos seguem a mesma margem que, acima de 50% são

pacientes do sexo masculino. Relacionado à idade, também não foi encontrada

diferença, o que já era de se esperar. Pois, segundo Whiting DR e cols. o número de

pessoas diabéticas numa faixa etária mais avançada está aumentando devido ao

crescimento e envelhecimento populacional bem como uma maior sobrevida dos

indivíduos, com uma prevalência na faixa etária de 45 a 64 anos 28.

Em relação à escolaridade houve diferença significativa entre os países em

relação ao nível fundamental. Nos grupos controle esse nível de escolaridade se

manteve similar, porém, quando comparados ao Brasil à diferença foi expressiva, ou

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38

seja, 30% da população estudada com nível fundamental completo. O que se observa

em estudo brasileiro realizado em nove capitais onde foi encontrado a prevalência de

DM2 no Brasil maior em pessoas com 4 anos ou menos de estudo29.Em relação ao nível

médio não houve diferença significante entre Brasil e USA, porem em relação a U.K foi

encontrado um percentual de mais de 20% de pacientes com nível médio completo se

comparado com o Brasil. O que contrasta comparado ao nível superior, no Brasil e na

UK não houveram diferenças, já se comparado Brasil com USA foi encontrado uma

diferença de mais de 13% de pacientes com nível superior completo, nos USA.

Já ao estado civil, nos USA e do Brasil foram semelhantes, a maior parte da

população era de pacientes casados, respectivamente 73,2% e 62%.E na Inglaterra esse

número foi pouco expressivo não chegando a 7% de sua amostra de pacientes casados

(Tabela IV).

Todos os anos mais de 1,3 milhões de pessoas no mundo perdem uma perna em

consequência do DM. Isso significa que a cada 20 segundos um membro inferior é

amputado por esta causa30. Na maioria dos pacientes a neuropatia diabética

desempenha um papel central: até 50% das pessoas com DM tipo 2 tem neuropatia e

pés em risco31. O DM tipo 2 é responsável por 90% a 95% de todos os casos de

diabetes32.

Nos dados apresentados na Tabela V, é evidente um percentual maior de DM tipo

2 nos três grupos. No Brasil, foram 14% da população estudada, DM tipo 1 os outros

86% DM tipo 1.

As complicações associadas ao DM comprometem a qualidade de vida e a

sobrevida dos indivíduos e são responsáveis pelas maiores taxas de morbi-

mortalidade33. Como diagnóstico primário de internação hospitalar, o DM no Brasil

aparece como a 6ª causa mais frequente e contribui de forma significativa(30% a 50%)

para outras causas, como cardiopatia, isquemia, insuficiência cardíaca, colecistopatias,

acidente vascular encefálico (AVE) e hipertensão arterial sistêmica (HAS)34.

Diante a essa realidade, tratando-se de doenças associadas ao DM, novamente

não houve diferença entre os países da pesquisa. No Brasil os mais presentes foram

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), cardiopatias, Insuficiência Renal Crônicas (IRC) e

hipotireoidismo.Quanto às complicações do DM, os países estudados têm praticamente

a mesma mediana no número de complicações diabéticas, no Brasil 100% dos pacientes

estudados possuem neuropatia diabética, e quase 80% estão acompanhadas por

retinopatia diabética.

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39

A ND está entre as complicações mais comuns do DM35. Em pacientes com DM

tipo 2 a presença de complicações crônicas eleva o custo da doença e isso se verifica

também no sistema público brasileiro37. Não há dados específicos sobre amputações

decorrentes no DM no Ministério da Saúde do Brasil.

O Internacional WorkingGroupoftheDiabeticFoot, relata, entretanto, que 40% a

60% das amputações não traumáticas de membros inferiores são realizadas em

pacientes portadores de diabetes e que, destas, 85% são precedidas por úlceras nos

pés36-37.Nos três países estudados o número de pacientes com úlceras anteriores foi

muito elevado, porém, o Brasil atingiu a maior margem, de 66% das pessoas que

participaram da pesquisa, já tiveram ou estão tratando de úlceras nos pés. Estes 66%

relataram o número de úlceras anteriores e deram um total de 166 úlceras.A causa mais

frequente de hospitalizações entre pacientes diabéticos são as ulceras nos pés,

implicando em 25% das admissões hospitalares nos EUA38.No PIN os domínios estão

diretamente relacionados a prevenção da úlcera de pé diabético englobando todos os

fatores citados anteriormente.

Para validar o questionário PIN no Brasil foi preciso que houvesse similaridade

entre as respostas dos três países. Para tal, seguiram-se todas as etapas recomendadas

o processo de tradução e aplicação. Observamos que a versão brasileira do questionário

PIN foi facilmente aplicada com boa aceitação e compreensão pelos entrevistados

Como demonstra a (Tabela III) e a (Figura 1)o primeiro domínio identidade traz

como importância da validação a prevenção da úlcera de pé diabético por meio da

percepção e do conhecimento do paciente sobre circulação, avaliação da neuropatia por

intermédio de sinais e sintomas como a perda da sensibilidade e sua associação ou não

com a dor. Neste domínio foi possível observar que houve diferença entre os três países

e no ID2 o Brasil teve uma média menor, podendo estar relacionado com o grau de

escolaridade, que no Brasil como dito anteriormente foi menor do que a dos demais

países, tendo em vista que este fator avalia a interpretação da ND.

Segundo Bakker, a perda da sensibilidade, deformidade nos pés e limitação da

mobilidade articular podemcursar com alterações biomecânicas nos pésque causam

alterações de pressão plantar e, consequente espessamento local da pele(calo). 39.

Observa-se a partir desta afirmação a importância de inspecionar o pé para realizar as

avaliações propostas no domínio identidade.

Todas as pessoas com DM devem ser examinas pelo menos uma vez por ano,

quanto a potenciais problemas nos pés40. Durante essa avaliação os pacientes devem

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40

ser orientados quando as causas da úlcera sejam elas físicas ou por deficiência no

autocuidado.

A ação do autocuidado é a pratica de atividades que os indivíduos desempenham

de forma deliberada, em seu próprio beneficio, para manutenção de sua vida, saúde e

bem-estar, enquanto a capacidade para o autocuidado é a possibilidade de desempenho

adquirido pelo individuo para efetuar de modo satisfatório as atividades relativas ao

cuidado de si próprio39.

O domínio causal tem como objetivo investigar o conhecimento e ao mesmo

tempo orientar o paciente quando a causa das úlceras. Quatro causas físicas principais

são abordadas no PIN e são defendidas pela literatura, são elas, mudança na forma do

pé, sapatos mal ajustados, formação de pele grossa (calo) e ressecamento da pele41.

Um dos aspectos a serem superados é a problemática da negligência médica, da

equipe de saúde e dos próprios pacientes em examinar os pés com regularidade21.

O PIN reforça que deverá existir uma investigação tanto sobre a má assistência médica

quanto odesapego do paciente por sua saúde como causas da diminuição da

sensibilidade e por consequência formação de úlcera. Esse domínio visa à

conscientização do profissional, do paciente e família, e é de suma importância sua

associação com o próximo domínio abordado, que é o da cura, que visa formas de

prevenção.

O domínio da cura ou prognóstico tem o intuito de orientar o paciente quando a

prevenção por meio da eficácia do autocuidado e do controle da úlcera feito pelo médico.

Pessoas com DM devem aprender a reconhecer potenciais problemas nos pés e

saber que cuidados tomar. Além disso, médicos e profissionais de saúde devem receber

treinamento periódico para melhorar o cuidado de indivíduos com risco de úlcera42.

O Consenso Internacional sobre o Pé Diabético determina como meta a inspeção

regular do pé, a conscientização do paciente quanto à necessidade de ter o pé

examinado periodicamente por profissionais de saúde, utilizar cremes e óleos

lubrificantes contra pele seca, mas não entre os dedos dos pés e orienta que calos e

calosidades devem ser removidos por um profissional da saúde treinado.

Outro destaque do Consenso Internacional é que o calçado impróprio é uma das

principais causa da ulceração. E orienta que calçados apropriados devem ser usados

em ambiente interno como ao ar livre, devendo ser adaptado a deformidade e

biomecânica alterada11-41.

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41

O conhecimento, a interpretação da neuropatia e a percepção sobre o tempo de

surgimento de uma úlcera no pé ganham destaques no fator TL. Tendo em vista que um

estudo recente demonstra que a maioria dos casos de ND evolui sem sintomas, o que

favorecem traumas, numa amostra populacional significativa, constatou que cerca de

40% são assintomáticos, podendo ser a úlcera a primeira manifestação clinica41.

As úlceras de pé diabético tem evolução e instalação variada: podem demorar muito

tempo para desenvolver como também podem surgir rapidamente e a qualquer

momento. Assim o primeiro passo que se recomenda é estabelecer a prioridade clinica

não apenas para a úlcera, mas também para a pessoa com risco para úlcera avaliando

o conhecimento sobre as consequências da neuropatia.

As consequências abordadas no PIN são: trauma, úlceras, gangrena e

amputações. Deve-se questionar ao paciente se ele tem conhecimento de que a perda

da sensibilidade pode cursar com as consequências acima citadas e se o mesmo

preocupa-se com o surgimento de umas delas.

A preocupação com a aparecimento das consequências da ND faz parte do

primeiro domínio emocional. Já foi constatado por diversos trabalhos citados no texto as

consequências destes agravos, tanto para a qualidade de vida do paciente e família,

quanto para a saúde pública.

Um estudo feito em Uberlândia, Minas Gerais, em 2008, relata o sentimento do

paciente sobre as consequências na neuropatia, principalmente sobre a amputação.

Nele podemos observar que quando o paciente tem consciência dos riscos e se

preocupa com eles a prevenção dos agravos é maior42.

Nota-se que a principal preocupação sobre o acometimento de alguns agravos, e

principalmente a amputação, é depender de outros para realizar as atividades de vida

diária42.

Outro sentimento avaliado no último domínio é o de indignação dos pacientes

perante os médicos e a equipe de saúde, pois durante a realização do presente estudo

muitos deles antes mesmo de chegar ao último domínio já relatavam esse sentimento de

indignação por não terem sido melhororientados sobre ND, pé diabético e suas

consequências.

Observa-se esse sentimento de indignação nos três países, onde não houve

diferençaentre eles.

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42

No Brasil, em 2005, por ocasião da realização do Global Conference in

theDiabeticFoot, em Salvador, Bahia, foi aplicada uma pesquisa on-line com internautas

e verificou que 65% dos pacientes com DM relataram nenhum exame prévio nos pés23.

Outro ponto é a diferença nos desfechos do pé diabético que estão muito

relacionadas à organização do serviço, além, obviamente, do perfil do paciente e seus

familiares. A necessidade de tratamento continua é evidente e o acesso deve ser

felicitado porque a mobilidade muitas vezes é limitada23- 42.

Vários estudos mostram que, se houver uma equipe multidisciplinar de cuidados

dos pés, ocorre uma queda no numero de amputações. Se não for possível estabelecer

uma equipe completa desde o inicio, ela deve ser definida passo a passo introduzindo-

se a varias disciplinas em diferentes fases30.

Além disso, é preciso que ocorram mais avanços no Brasil no que diz respeito a

programas de promoção e prevenção para sensibilização do problema do Pé diabético,

os instrumentos que ampliem o autocuidado são bem vindos para que possamos

estimular ao autocuidado, a educação em saúde e o atendimento multidisciplinar com o

intuito de prevenir a úlcera de pé diabético.

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43

11. CONCLUSÃO

Os valores obtidos com a versão Brasileira do PIN são muito semelhantes aos

valores das versões originais, dos USA e da U.K. Julgamos ser um instrumento valioso

que propicia ao paciente observar alterações neuropáticas que aumentam o risco de

úlcera nos pés além de abordar cuidados simples realizados em casa, como: hidratar os

pés, usar sapatos apropriados, ir ao serviço de saúde regularmente, para

acompanhamento e inspecionar diariamente os pés.

O questionário traduzido e validade para a língua portuguesa, parece assim ser

um instrumento confiável e valido para assim avaliar o autocuidado do paciente,como

também permite profissional de saúde desenhar medidas efetivas para prevenção da

úlcera de pé diabético,ocasionando um melhor prognostico e qualidade de vida dos

portadores de diabetes com ND.

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44

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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(3) Shaw JE, Sicree RA, Zimmet PZ, Global estimates of the prevalence of diabetes for 2010 and 2030 .Diabetes Res ClinPract. 2010;87:4-14

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5) Maahs DM, West NA, Lawrence JM, Mayer- Davis EJ. Epidemiology of Type 1 Diabetes.EndocrinolMetabClin North Am. 2010 September; 39(3):481-97

(6) Patterson CC, Dahlquist GG, Gyurus. Incidence trends for childhood type 1 dibetes in Europe during 1989-2003 and predicted new cases 2005-20: a multicenter prospective registration study: EURODIAB Study Group SO. Lancet. 2009: 373(9680):2027

(7) Dall T, Mann SE, Zhang Y. Economic Costs of Diabetes in the US in 2007. Diabetes Care. 2008;31:596-615.

(8) Reinauer H, Home PD, Kanagasabapathy AS, Claus-Chr H. World Health Organization Laboratory and Monitoring of Diabetes Melitus 2002.

(9) Ministério da saúde. Rede Interagencial de Informações para a Saúde – RIPSA. DataSUS. 2011. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2011/matriz.htm#mort

(10) Lyra. Ruy, Cavalcante. Ney. Diabetes mellitus. 3 ed. Cap 60; p. 585. São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2013.

(11) Consenso Internacional sobre Pé Diabético. Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Brasília. 2001.

(12) Stevens MJ, Feldman EL, Greene DA. The aetilogy of diabetic neuropathy: the combined roles of metabolic and vascular defects. Diabet Med. 1995; 12(7):566-79.

(13) GROSS JL, NEHME M. Detecção e tratamento das complicações crônicas do diabetes melito: Consenso da Sociedade Brasileira de Diabetes e Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 45, n. 3, July 1999. Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42301999000300014-&script=sci_arttext

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45

(14) Pedrosa HC, Macedo GC, Ribeiro J. Pé diabético. In: Diabetes Mellitus. 1ª Ed. p. 609 – 621.2013.

(15) Ministério da saúde. Prevenção e Cuidado da Doença Crônica Não- Transmissível. Pé diabético no contexto da neuropatia diabética e da doença arterial periférica. Brasília 2013.

(16) Boulton AJM. The diabetic foot: grand overview, epidemiology and pathogenesis. Diabetes Metab Res Rev 2008;24 ( suppl 1): S3- S6.

(17) Apelqvist J, Bakker K, VAN Houtum WH, Nabuurs-franssen M &Schaper NC. International consensus and practical guidelines on the management and the prevention of the diabetic foot.International Working Group on the Diabetic Foot. Diabetes Metabolism 2000 S 84-92

(18) Rezende KF, Ferraz MB, Malerbi DA, Melo NH, Nunes MP, Pedrosa HC, Chacra AR. Direct costs and outcomes for inpatients with diabetes mellitus and foot ulcers in a developing country: The experience of the public healthy system of Brazil. Diabetes Metabol Syndrome: Clinical Res Rev 3(2009); 228-32.

(19) Trautner C, Haaster B, Gianti G, Berger M. Incidence of lower extremity diabetes. DiabeticCare. 1996; 19: 1006-9.

(20) Pereira G. Quatro amputações por dia em diabéticos. Jornal de noticias. 2011.

(21) International Working Group on the Diabetic Foot (IWGDF). Internacional Consensus on the Diabetic Foot and Practical Guidelines.Disponívelem: http://iwgdf.org/consensus.

(22) Reiber GE, Vileikyte L, Boyko EJ, Boulton AJM, Casual pathway for incidence lower-ex-tremity ulcers in patients with diabetes from two settings. Diabetes Care. 1999;22:157-62

(23) Pedrosa CH, Tavares SF. Neuropatia e Pé Diabético. 1ª Ed. Capitulo 10, vias para úlcera;pag 145:25-28

(24) Vileikyte L, Gonzalez JS, Leventhal H, Peyrot MF, Rubin RR, Garrow A, Ulbrecht JS, Cavanagh PR andBoulton AJM. Patient Interpretation of Neuropathy (PIN) Questionnaire.Diabetes Care, vol 29, n 12.Dez 2006.

(25) Moreira RO, Castro AP, Papelbaum M, Appolinário JC, Ellinger VC, Coutinho WF, Zagury L. Translation into Portuguese and assessment of the reliability of a scale for the diagnosis of diabetic distal polyneuropathy. ArqBrasEndocrinolMetabol. 2005 Dec;49(6):944-50.

(26) Parisi CRP, Game FL, Jeffcoate W. Neuropatias e pé diabético: Atualizações no diagnostico e no tratamento da ulceração. Cap 12.Pag 174.Editora GEN. São Paulo, 2014.

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(27) Malerbi D, Franco LJ, and the Brazilian Cooperative Group on the Study of Diabetes Prevalence. Multicenter Study of Prevalence of Diabetes Mellitus and Impaired Glucose Tolerance in the Urban Brazilian PopulationAged 30-69 years.Diabetes Care. 1992;15:1509-16.

(28) Whiting DR, Guariguata L, Weil C, Shaw J. IDF Global estimates of the prevalence of the diabetes for 2011 and 2030. Diabetes Res ClinPract. 2011;94:311-21

(29) Boulton AJ, Vileikyte L, RagnarsonTennvall G, Apelqvist J. The Global burden of diabetic foot disease.Lancet. 2005; 366:1719-24.

(30) Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) 2013-2014. Pé Diabético. Disponívelem: www.diabetes.org.br

(31) Mueller D. Electrically evoked nociceptive potentials for eraly detection of diabetic small-fiber neuropathy. Eur J Neurol. 2010; 17(6):834-41

(32) Lyra. Ruy, Cavalcante. Ney. Diabetes mellitus. Diabetes Aspectos Epidemiológicos. 3 ed. Cap 4; p. 33: 31-32.. São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2013.

(33) Lyra. Ruy, Cavalcante. Ney. Diabetes mellitus. Epidemiologia das Complicações do Diabetes Mellitus. 3 ed. Cap 52; p. 508: 10-14.. São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2013.

(34) Calsolari MR, Machado JAN, Vilar L, Pedrosa HC. Neuropatias e Pé Diabético. Mecanismos Patológicos Envolvidos na Neuropatia Diabética Periférica. Cap2. Pag 17. São Paulo.

(35) Nauk MA, Vardarli I, Deacon CF, Holst JJ, Meier JJ. Secretion of glucagon like peptide-1(GLP-1) in type 2 diabetes: what is up, what is down? Diabetologia. 2011 Jan; 54(1):10-8.

(36) Pecoraro RE, Reiber GE, Burguess EM. Pathways to diabetic limp amputation: basis for prevention. Diabetes care.1990; 15:513-2.

(37) Prynce TD, A case of perforating ulcers of both feet associated with diabetes and ataxic symptoms. Lancet. 1987; 2:11-2

(38) Boulton AJM. The diabetic foot: grand overview, epidemiology and pathogenesis. Diabetes Metab Res Rev 2008; 24 ( suppl 1): S3-S6

(39) Siitonen OI, Niskanen LK, Laakson M, Siitinen JT, Pyorala K. Lower extremity amputations in diabetic and non-diabetic patients: a population-based study in Eastern. Diabetes Care. 1993; 16:16-20.

(40) Luce M, Madilha MI, Almeida RLV, Silva MO. O preparo do autocuidado do cliente diabético e família. Re. Esc, Enf. USP. 1991;25(2)137-52

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47

(41)Oyibo SO, Jude ED, Tarawneh. The effets of ulcer size and site, patient´s age, sex, ad type and duration of diabetes on the outcome of diabetic foot ulcers.Diabetic Med. 2001; 18:133-8

(42)Lucas LPP, Barichello E, Zuffi FB, Barbosa MH. A Percepção dos

portadores de DM tipo 2 em relação a amputação. Ver. Eletr. Enf. 2010; 12(3):535-8.

(43) Souza TC, Jardim JR, Jones P. Validação do questionário do Hospital San George na doença respiratória(SGRQ)em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica no Brasil. J Pneumol 26[3] – mai- jun 2000.

(44) Hoffmann W, Latza U, Terschuren C. Guidelines and recommendations for ensuring Good Epidemiological Practice (GEP) – revised version after evaluation. Gesundheitswesen 2005; 67: 217-25.

(45) Bland JM, Altman DG. Statistical methods for assessing agreement between two methods of clinical measurement.Lancet 1986; 1: 307-10.

(46) Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W, Meinão I, Quaresma MR. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de de vida SF-36 (Brasil SF-36). RevBrasReumatol – vol 39 – Nº 3 – Mai/Jun, 1999.

(47) Marx FC, Oliveira LM, Bellini CG, Ribeiro MCC. Tradução e validação cultural do questionário algofuncional de Lequesne para osteoartrite de joelhos e quadris para a língua portuguesa.Rev Bras Reumatol, v. 46, n. 4, p.253-260, jul/ago, 2006.

(48) Beaton DE, Bonbardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross- cultural adaptation of self-report measures. Spine 2000;25:(24) 3186-91.

(49) Consensus Statements.San Antonio conference. D Care 1988Vinik AI, Med Clin N Am 88 (2004) 947–999

(50) Dyck PJ, Sherman WR, Hallcher LM, Service FJ, O'Brian PC, Grina LA.Human diabetic endoneurial sorbitol, fructose, and myo-inositol related to sural nerve morphometry. Ann Neurol1980;8:590-6.

(51) Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. O SUS de A a Z garantindo saúde nos municipios. 3ª ed. 2ª impressão. Brasili – DF 2009.

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48

ANEXO 1

QUESTIONÁRIO DE INTERPRETAÇÃO DA NEUROPATIA PELO PACIENTE (PIN).

- Um instrumento para avaliação dos fatores cognitivos e emocionais associados com o

autocuidado com os pés.

Preditores psicológicos de autocuidados com os pés.

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49

19

Verificando os meus pés todos os dias pode prevenir que úlceras do pé

(feridasabertas)aconteçam.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

20Ir ao meu especialista em cuidados com os pés regularmente pode

prevenirqueúlcerasdopé(feridasabertas)aconteçam.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

21O uso de sapatos que se encaixam corretamente pode prevenir que

úlcerasdopé(feridasabertas)aconteçam.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

22Hidratando os pés pode prevenir que úlceras do pé (feridas abertas)

aconteçam.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

23Removendo a pele grossa (calo) pode prevenir que úlceras do pé (feridas

abertas)aconteçam

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

24Médicos de diabetes podem prevenir que úlceras do pé (feridas abertas)

aconteçam.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

25O meu médico de família pode prevenir que úlceras do pé (feridas

abertas)aconteçam.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

26Especialistas em cuidados com os pés podem prevenir que úlceras do pé

(feridasabertas)aconteçam

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

27 Úlcerasnopé(feridasabertas)levammuitotempoparasedesenvolver.Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

28Úlceras no pé (feridas abertas) podem se desenvolver muito

rapidamente.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

29Eu posso desenvolver uma úlcera no pé (uma ferida aberta) a qualquer

momento.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

30Perda ou redução da sensibilidade em meus pés pode levar a lesões

(machucados)nosmeuspés.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

31Perda ou redução da sensibilidade em meus pés pode levar a gangrena

nosmeuspés.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

32Perda ou redução da sensibilidade em meus pés pode levar a úlceras do

pé(feridasabertas).

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

33 Perdaoureduçãodasensibilidadeemmeuspéspodelevaraamputação.Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

34Perda ou redução da sensibilidade em meus pés faz com que eu me

preocupecomoquevaiaconteceremseguida.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

35Perda ou redução da sensibilidade em meus pés faz com que eu me

preocupecomumalesão(machucado)nopé.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

36Perda ou redução da sensibilidade em meus pés faz com que eu me

preocupecomumaúlceranopé(umaferidaaberta).

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

37Perda ou redução da sensibilidade em meus pés faz com que eu me

preocupeemperderumaperna(amputar).

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

38Perda ou redução da sensibilidade em meus pés me deixa com raiva dos

médicosqueparecemnãoseimportarcomigo.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

39

Perda ou redução da sensibilidade em meus pés me deixa com raiva dos

médicos por não me falarem o que realmente está acontecendo com

meuspés.

Concordo

totalmenteConcordo Nãosei Discordo

Discordo

totalmente

DomínioCuraCC1avaliaeficáciadoautocuidado

DomínioCuraCC2avaliaocontroledaúlceradepédiabeticofeitopelomedico

FatorTLPercepçãosobreotempodesurgimentodeumaúlceradepédiabético

FatorCons.AvaliaoconhecimentosobreasconsequênciasdaNeuropatiaDiabética

DomínioEmoçãoEm1AvaliaapreocupaçãocomasconsequênciasdaNP

DomínioEmoçãoEm2avaliaosentimentodeindignaçãodospacientesperanteosmédicos

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ANEXO 2

CARACTERÍSTICA DA POPULAÇÃO ESTUDADA

Dados Demográficos

Participante Numero: __________ Nome:__________________________________________________________ Documento de Identidade Nº:_____________________ Sexo: M ( ) F ( ) Data de Nascimento: ___/____/____ Telefone: ( ) ____________________ Escolaridade: ____________________________________________________ Estado Civil: _____________________ Tipo de Diabetes: _______________ Etnia:___________ Peso:___________ Altura: ____________ Características Clínicas PRONTUÁRIO Numero de Complicações diabéticas: ________________________________ Numero de doenças concomitantes (associadas): _____________________ Numero de deficiência neuropática:_____________________ Numero de ulceras no Pé anteriores: _______________________

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51

ANEXO 3

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA

OU RESPONSÁVEL LEGAL

NOME:______________________________________________________________________.

DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : _____________________________ SEXO : .M □ F □

DATA DE NASCIMENTO: ____/____/_____

ENDEREÇO______________________________________________Nº: ___________.

APTO:___________________.BAIRRO:______________CIDADE:_____________________

CEP:___________________________ TELEFONE: (____)______________

____________________________________________________________________________________

DADOS SOBRE A PESQUISA

1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA

Tradução para o Português e Validação do Questionário de Interpretação da Neuropatia

pelo Paciente (PIN)

PESQUISADORES: Mozânia Reis de Matos; Daniel Giannella Neto; Maria Cândida

Ribeiro Parisi e Túlio Diniz Fernandes. A quem os participantes da pesquisa poderão

contatar e consultar a qualquer momento que julgar necessário através do telefone 11

98034-4210 ou e-mails: [email protected]/[email protected]

2. OBJETIVOS DA PESQUISA: Primário: Traduzir e Validar o questionário de

interpretação da neuropatia para o português.

Secundário: Avaliar o grau de compreensão dos pacientes sobre as indagações do

questionário de interpretação da neuropatia pelo paciente (PIN).

3. LOCAL DA PESQUISA: Será desenvolvida na Universidade Nove de Julho -

UNINOVE. A coleta de dados será realizada, voluntariamente com os pacientes do

Ambulatório de Pé Diabético do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Universidade

de São Paulo - SP e no Ambulatório de Pé Diabético da Faculdade de Ciências Medicas

da Universidade de Campinas – SP.

4. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA: NÃO HAVERÁ RISCO

Risco: não haverá nenhum desconforto e nenhum risco.

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Benefícios: “Essa investigação poderá beneficiar tanto profissional de saúde, quanto

paciente, pois permitirá ampliar praticas que visam à redução de situações que culminam

com úlcera do pé diabético”.

5. DURAÇÃO DA PESQUISA: 1,5 anos

6. COLETA DE DADOS DEMOGRAFICOS E DADOS CLINICOS: Os dados

demográficos: Altura, peso, idade, tipo de Diabetes Mellitus, escolaridade, etnia e estado

civil. Serão coletados diretamente do prontuário do paciente, assim como também os

dados clínicos que são: numero de complicações diabéticas, números de doenças

concomitantes, número de deficiências neuropáticas e número de úlceras no pé

anteriores. Todas essas informações estão presentes nos prontuário dos pacientes das

instituições que será realizada a coleta de dados

Será Aplicado o questionário PIN que deverá ser respondido pelo paciente. Antes da

aplicação do questionário o paciente realizará um teste de compreensão, chamado teste

Cloze. Este teste consiste na seleção de um texto de aproximadamente 150 vocábulos,

do qual, na proposta original do autor, omite-se o quinto vocábulo, como forma mais

adequada para o diagnóstico da compreensão. Os participantes da pesquisa devem

preencher a lacuna com a palavra que julgarem ser a mais apropriada para a constituição

de uma mensagem coerente e compreensiva. Os escores são obtidos somando-se os

números de lacunas preenchidas corretamente. Ao final aqueles que estiverem aptos

responderão ao questionário individualmente, para os demais será realizado o

preenchimento em forma de entrevista.

Estimasse que o tempo de preenchimento do questionário é de 10 minutos segundo

projeto piloto realizado anteriormente, enquanto ao teste de compreensão a media do

tempo de preenchimento é 15 minutos. Garantia de acesso: em qualquer etapa do

estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para

esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é o Dr. Daniel Giannella

Neto, que poderá ser encontrado no endereço: Rua Vergueiro, 235, Liberdade São

Paulo. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Av. Francisco Matarazzo, 612

prédio C, térreo – Fone: 36659310 – E-mail: [email protected]

É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de

participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na

Instituição;As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros pacientes,

não sendo divulgada a identificação de nenhum paciente; Direito de ser mantido

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53

atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas, quando em estudos abertos, ou

de resultados que sejam do conhecimento dos pesquisadores;

Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo,

incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à

sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo

orçamento da pesquisa. Compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o material

coletado somente para esta pesquisa.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que

foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Tradução para o Português e Validação do

Questionário de Interpretação da Neuropatia pelo Paciente (PIN)”

Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a

serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de

despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar quando necessário.

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu

consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou

prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu

atendimento neste Serviço.

____________________ Data __/__/__

Assinatura paciente/representante legal

____________________ Data __/__/__

Assinatura da testemunha

Para casos de pacientes menores de 18 anos, analfabetos, semianalfabetos ou

portadores de deficiência auditiva ou visual.

(Somente para o responsável do projeto)

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido

deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.

_______________________________ Data ___/_____/______

Assinatura do responsável pelo estudo