TRÁFICO DE DROGAS I

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    1/11

    TRFICO DE DROGAS (L. 11.343/2006)

    LCIO VALENTE ([email protected])

    Ol amigos, vamos comear nossa caminhada!

    A Lei 11.343/2006, que recebeu o nome doutrinrio de Lei de Drogas, institui o SistemaNacional de Polticas Pblicas sobre Drogas - Sisnad; prescreveu medidas para preveno douso indevido, ateno e reinsero social de usurios e dependentes de drogas; estabeleceunormas para represso produo no autorizada e ao trfico ilcito de drogas e definiu crimes(art. 1). Para respeitar o disposto no edital, nossa aula ter como objeto apenas os aspectospenais e processuais penais da referida lei.

    O primeiro ponto que deve ser esclarecido diz respeito ao que devemos entender pelo termoDroga. Sim, porque em sentido amplo, qualquer substncia que cause um malefcio ou tenha opoder de causar dependncia poderia ser chamada de Droga. Se pensarmos bem , em um

    termo mais antigo, Droga usada como sinnimo de remdio. Assim, em sentido mais amplo,at uma aspirina poderia ser considerada uma Droga.

    Bem amigos, se voc teve a oportunidade de estudar a Teoria Geral do Direito Penal, aprendeuque os tipos penais so modelos de conduta proibida. Quando a lei penal descreve, por exemplo,que matar algum resulta em uma pena de seis a vinte anos, quer ela dizer que caso uma

    pessoa pratique uma conduta que se encaixe perfeitamente no modelo matar algum poder

    receber tal pena. De tal modo, caso Jos desfira um tiro em Joo com dolo de mat-lo, o queacaba ocorrendo, haver uma adequao perfeita entre a conduta humana e o tipo penal matar

    algum (ou seja, o que estava apenas escrito na lei como um modelo acabou ocorrendo de

    verdade).

    Resumindo, o modelo est escrito na lei como matar algum (tipo penal do homicdio). S

    ocorrer um crime de matar caso algum pratique exatamente a conduta modelada pela lei.

    Essa informao importante, porque os tipos penais foram criados para que o princpio dalegalidade seja respeitado de forma efetiva. Assim sendo, no h como algum ser punido porpraticar uma conduta cujo modelo j no esteja descrito na lei. Imagine, como exemplo, que voc esteja estudando em uma biblioteca determinada obra de teor comunista. Essa condutano pode ser punida (como j fora em outros tempos), uma vez que a lei penal no descrevequalquer punio para esse ato. De outra forma, se voc resolver subtrair esse livro de dentro dabiblioteca, poder responder por crime de furto, previsto no art. 155 do CP.1

    O que tem isso a ver com a Lei de Drogas? Tudo!Perceba que vamos estudar tipos penais (modelos de condutas proibidas) relacionadas sDrogas (ex.: vender drogas sem autorizao legal). Deste modo, devemos entenderprimeiramente o que significa o termo Droga nos tipos penais da lei em comento. Caso

    contrrio, no poder haver punio por vender algo que o sujeito no tenha ideia que sejadroga.

    1Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia mvel: Pena - recluso, de um a

    quatro anos, e multa.

  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    2/11

    Responda: comprar cola de sapateiro crime?

    Acompanhe a aula e descubra.

    Drogas Conceito legal

    O conceito que importa para nosso estudo aquele acatado pela lei. Nesse sentido, o pargrafonico do art. 1 da Lei assim conceituou Droga:

    Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substncias ou os produtos capazes de causardependncia, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamentepelo Poder Executivo da Unio.

    Ora, a lei descreveu que para que uma substncia seja considerada Droga ela deve ser

    especificada em outra lei ou relacionadas em listas do Poder Executivo. Ou seja, as substnciasconsideradas como Drogas estaro descriminadas em outra norma.

    Essa tcnica utilizada pela Lei de Drogas bastante comum no Direito Penal. a norma penalem branco.

    Norma Penal em Branco

    Esse no o momento adequado para me aprofundar nesse assunto, mas, basicamente, normaspenais em branco so normas que exigem uma complementao a ser dada por outra norma.

    Todos os tipos penais da Lei de Drogas so normas penais em branco porque precisam de outranorma que descreva o que seja o termo Droga. E qual seria essa outra norma?

    O art. 66 da Lei de Drogas descreve que se denominam drogas substncias entorpecentes,psicotrpicas, precursoras e outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS n o 344, de 12 demaio de 1998.

    Amigos, essa Portaria foi expedida pela ANVISA. No necessrio que o aluno conhea assubstncias, mas caso tenha curiosidade acessehttp://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/344_98.htm.

    S para termos um exemplo, a citada Portaria lista como substncia psicotrpica o CLORETODE ETILA (Lista F2). Essa substncia utilizada para a produo da droga popularmenteconhecida como lana-perfume. Portanto, o lana-perfume considerado Droga para fins

    penais.

    A cola de sapateiro no possui em sua composio qualquer substncia listada na Portaria daANVISA, portanto no considerada Droga para fins penais.

    (TJ-SC - 2010 - TJ-SC - Juiz ) A Lei n. 11.343/2006 prev a configurao de normaspenais em branco, as quais, diante disso, dependem de norma complementar dergo administrativo do Poder Executivo da Unio.

    A retirada de uma substncia da Lista da ANVISA gera abolitio criminis?

    Ocorre a denominada abolitio criminis quando a lei deixa de considerar determinado fato comocriminoso.

    http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/344_98.htmhttp://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/344_98.htmhttp://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/344_98.htm
  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    3/11

    Vamos supor que a ANVISA resolva atualizar sua lista de psicotrpicos. Aps pesquisa de seusespecialistas, chega concluso que determinada substncia ali listada, em verdade, no causadependncia ou danos sade. Por esse motivo, a substncia retirada da respectiva lista.

    Nesse ponto surge um questionamento importante. Ser que essa alterao tem o poder dedescriminalizar as condutas relacionadas quela substncia?

    O Supremo Tribunal Federal entendeu que sim. Por ocasio do julgamento do HC n 94397, oSTF afirmou que a retirada da substncia extingue a punibilidade do crime.

    Entenda o caso: no ano 2000 a ANVISA publicou uma Resoluo que retirava o CLORETO DEETILA da sua lista de psicotrpicos. Oito dias depois, percebendo o erro, incluiu novamente asubstncia. Um traficante que havia cometido crime de trfico de lana-perfume em 1998impetrou o referido HC para que o Supremo reconhecesse que a Lei Penal foi alterada paramelhor e que fosse aplicado o art. 2 do CP (Ningum pode ser punido por fato que lei posteriordeixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais da sentena

    condenatria. Pargrafo nico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentena condenatria transitada emjulgado) e art. 5.

    O Supremo, ento, concordou com a tese do impetrante e afastou o crime para os fatoscometidos anteriormente retirada da substncia da referida lista j que a nova lei penal maisbenfica sempre retroage para beneficiar o ru.

    Guarde, ento, que caso ocorra qualquer alterao na lista da ANVISA, retirando desta qualquersubstncia, haver incidncia da causa extintiva da punibilidade denominada abolitio criminis.

    (Cespe/Delegado Federal/2004) No dia 1./3/1984, Jorge foi preso em flagrantepor ter vendido lana-perfume (cloreto de etila), substncia consideradaentorpecente por portaria do Ministrio da Sade de 27/1/1983. Todavia, no dia4/4/1984, houve publicao de nova portaria daquele Ministrio excluindo ocloreto de etila do rol de substncias entorpecentes. Posteriormente, em13/3/1985, foi publicada outra portaria do Ministrio da Sade, incluindonovamente a referida substncia naquela lista. Nessa situao, de acordo com oentendimento do STF, ocorreu a chamada abolitio criminis, e Jorge, em 4/4/1984,deveria ter sido posto em liberdade, no havendo retroao da portaria de13/3/1985, em face do princpio da irretroatividade da lei penal mais severa.

    Do crime de Porte de Droga para uso Prprio (art. 28)

    O primeiro tipo penal (modelo de conduta proibida) exposta pela Lei de Drogas descreve aconduta de adquirir (comprar, tomar, receber), guardar, ter em depsito, transportar ou trazerconsigo, para consumo pessoal, drogas sem autorizao ou em desacordo com determinaolegal ou regulamentar.

    Nessa primeira situao, o agente no pretende traficar a Droga. Ele, em verdade, um merousurio. Mas, preste ateno que usar droga no crime. O crime consiste em praticar as

  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    4/11

    condutas descritas, por exemplo, trazer consigo a droga para consumo pessoal. No existeo verbo usar, inalar, ingerir etc.

    Nesse momento voc pode estar se perguntando: como o juiz vai saber que o sujeito estportando a Droga para traficar ou para consumo pessoal?

    Na prtica, isso bastante complicado. Entretanto, a lei d alguns direcionamentos para que o juiz interprete a situao da melhor maneira. Nesse sentido, o art. 28, 2 da Lei de Drogasassim descreve:

    Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atender natureza e quantidade da substncia apreendida, ao local e s condies em que se desenvolveu a ao, scircunstncias sociais e pessoais, bem como conduta e aos antecedentes do agente.

    Muito bem. Vamos supor que Jos esteja em uma esquina de uma grande cidade. Est ali hhoras parado em p. Policiais percebem que vrias pessoas vm ao encontro de Jos, que

    sempre sai e retorna com algo, trocando o objeto por dinheiro.

    Os policiais resolvem, ento, abordar Jos, que tenta correr, mas alcanado e preso. Com Josfoi encontrado pequena quantidade da Droga conhecida popularmente como maconha, alm deR$ 300,00 em dinheiro trocado. Os policiais sabem que Jos, possivelmente, estivesseguardando parte da Droga em outro local, mas isso no ficou comprovado.

    O juiz, ao analisar tal situao, pode dizer: bom, o ru foi encontrado com pequena quantidadeda droga, mas o local conhecido como ponto de trfico de drogas, foi visto comercializando adroga, est com dinheiro trocado, o que comum entre traficantes, j foi preso anteriormentepor trfico etc.

    Quero dizer que o juiz se guia mais pelo bom senso, porque a quantidade da droga em si nosignifica, necessariamente, que o sujeito traficante ou no. Claro que se o agente forencontrado com um caminho carregado com cocana ficar muito difcil alegar que a Droga destinada a consumo pessoal. Em suma, o juiz deve pautar-se pelo bom senso, repito.

    (CESPE - 2010 - MPE - ES - Promotor de Justia) Segundo a Lei Antidrogas, paradeterminar se a droga apreendida sob a posse de um indivduo destina-se aconsumo pessoal, o juiz deve-se ater natureza e quantidade da substnciaapreendida, ao local e s condies em que se desenvolveu a ao,desconsiderando as circunstncias sociais e pessoais e tambm a conduta e osantecedentes do agente, sob pena de violao do princpio da presuno de

    inocncia.

    Outra pergunta importante a seguinte: e se o agente, num mesmo contexto, praticasse mais deuma conduta? Por exemplo, adquire, transporte e depois guarda a Droga para consumo pessoal.Pratica mais de um crime?

    De forma alguma. O tipo do art. 28 misto alternativo, o que significa que a realizao de maisde uma conduta, dentro do mesmo contexto ftico, no resulta em pluralidade de crimes, masde crime nico.

    Dessa forma, caso Jos importe cocana da Colmbia, mantendo a droga em depsito,

    comercializando-a posteriormente, responder por apenas um crime de trfico.

  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    5/11

    Despenalizao x Descriminalizao do Porte de Drogas para Uso Prprio

    (CESPE - 2008 - STF - Analista Judicirio - rea Judiciria ) A legislaodescriminalizou a conduta de quem adquire, guarda, tem em depsito, transportaou traz consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorizao ou em desacordo

    com determinao legal ou regulamentar. Atualmente, o usurio de drogas serisento da aplicao de pena e submetido a tratamento para recuperao ereinsero social.

    Uma discusso muito importante ocorreu quando da publicao da Lei de Drogas. Com apublicao da Lei 11.343/2006, a lei anterior (Lei 6.368/76) ficou totalmente revogada. Na leiantiga o crime de Porte de Drogas Para uso prprio tinha um tratamento mais grave para ousurio do que a lei atual.

    A lei 6.368/76 previa pena de priso de seis meses at dois anos, alm de multa, para o sujeitoportava a Droga para consumo pessoal. Hoje, no existe pena de priso para o usurio. Deacordo com a nova Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), as penas previstas so as seguintes:

    I - advertncia sobre os efeitos das drogas;

    II - prestao de servios comunidade;

    III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

    Mais a frente vou apresentar detalhes sobre as penas acima. No momento, s quero ilustrar queas penas ficaram muito mais benficas. Percebe-se que o tratamento dispensado pela Lei11.343/2006, quanto ao usurio muito mais branda do que na lei revogada, na medida em

    que as penas tm carter muito mais educativo (preventivo) do que repressivo.

    Essa mudana gerou um questionamento importante: como a Lei de Drogas no mais prevpenas de priso, ser que a conduta foi descriminalizada, ou seja, deixou de ser crime, ou foiapenas despenalizada, ou seja, ficou com penas mais brandas sem deixar de ser crime?

    As duas posies foram defendidas, mas o que se firmou no Supremo Tribunal Federal foi que anova lei no descriminalizou a conduta de porte para uso prprio. Houve, como se viu, apenasum abrandamento das penas (despenalizao).

    Essas foram as palavras do STF (RE-430105):

    (...) Considerou-se que a conduta antes descrita neste artigo continua sendo crime sob a gideda lei nova, tendo ocorrido, isto sim, uma despenalizao, cuja caracterstica marcante seria aexcluso de penas privativas de liberdade como sano principal ou substitutiva da infraopenal. Afastou-se, tambm, o entendimento de parte da doutrina de que o fato, agora,constituir-se-ia infrao penal sui generis, pois esta posio acarretaria srias conseqncias,tais como a impossibilidade de a conduta ser enquadrada como ato infracional, j que no seriacrime nem contraveno penal, e a dificuldade na definio de seu regime jurdico. Ademais,rejeitou-se o argumento de que o art. 1 do DL 3.914/41 (Lei de Introduo ao Cdigo Penal e Lei de Contravenes Penais) seria bice a que a novel lei criasse crime sem a imposio de penade recluso ou de deteno, uma vez que esse dispositivo apenas estabelece critrio para adistino entre crime e contraveno, o que no impediria que lei ordinria superveniente

    adotasse outros requisitos gerais de diferenciao ou escolhesse para determinado delito penadiversa da privao ou restrio da liberdade. Aduziu-se, ainda, que, embora os termos da Nova

  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    6/11

  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    7/11

    A prestao de servios comunidade e a medida educativa de comparecimento a programa oucurso educativo ter prazo mximo de cinco meses. Em caso de reincidncia, o juiz poderestabelecer o prazo mximo de 10 meses para as referidas medidas. A prestao de servios comunidade ser cumprida em programas comunitrios, entidadeseducacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congneres, pblicos ou privados semfins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da preveno do consumo ou da recuperaode usurios e dependentes de drogas.

    Obs.: Todas as medidas descritas tm natureza de pena (sano penal) e geramreincidncia.

    ( CESPE - 2009 - DPE - AL - Defensor Pblico ) As medidas alternativas impostasem razo de uma transao penal e aquelas previstas no art. 28 da Lei n.11.343/2006 (usurio de droga) no geram os efeitos penais gerais prprios deuma sano penal.

    Vamos supor que o juiz determine que o agente preste servios gratuitos por trs meses em umhospital para tratamento de dependentes qumicos. Entretanto, no comparece ao local ou nocumpre todo o tempo determinado de pena, o que poder fazer o juiz?

    A lei determina que o juiz deve submeter o agente a admoestao verbal(uma bronca). Casono surta efeitos, o juiz pode aplicar uma multa ao agente que ser creditada ao Fundo Nacionalde Antidrogas.

    As penas do art. 28 prescrevem em 2 anos.A prescrio a perda do poder de punir do Estado,que se baseia na fluncia do tempo. Se a pena no imposta ou executada dentro do prazo dedois anos, no caso, cessa o interesse da lei pela punio, passando a prevalecer o interesse pelo

    esquecimento e pela pacificao social. Sim, porque o sujeito no pode ficar a vida angustiadopor uma pena que nunca vem por ineficincia do Estado.

    SEMEIO, PLANTIO E COLHEITA DE DROGAS PARA USO PRPRIO (ART. 28, 1)

    A nova Lei de Drogas corrigiu uma falha da lei anterior criando o crime de semeio, plantio, ecolheita de pequena quantidade de drogas para uso prprio. Na lei antiga, essa figura noexistia. Na verdade, havia apenas o crime de plantio para o trfico de drogas. Isso gerava umproblema prtico.Vamos supor que Jos tenha em sua casa um pequeno p de maconha plantado em um vaso.

    Jos usurio da droga e pretende utiliz-la para esse fim.

    Na lei antiga, no havia diferena entre plantar para uso prprio ou para o trfico. Assim, Jospoderia ser condenado por uma pena semelhante a um grande plantador da droga (trs a quinzeanos de priso). No fazia sentido algum.

    Nesse passo, a nova Lei corrigiu o problema e diferenciou o plantio de pequena quantidade parauso prprio daquele para finalidade diversa.

    As penas so as mesmas previstas para o porte para uso prprio, devendo o aluno considerartodas as informaes aprendidas quando do estudo daquele crime.

    (CESPE - 2008 - STF - Analista Judicirio - rea Judiciria ) atpica a conduta doagente que semeia plantas que constituam matria-prima para a preparao de

  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    8/11

    drogas, ainda que sem autorizao ou em desacordo com determinao legal ouregulamentar.

    PROCEDIMENTO PENAL

    Os crimes de porte para uso prprio sero sempre submetidos ao procedimento da Lei dosJuizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95), sendo portanto uma infrao de menor potencialofensivo.

    Caso um usurio seja levado delegacia, o delegado no poder prend-lo em flagrante,devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juzo competente ou, na falta deste,assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado eprovidenciando-se as requisies dos exames e percias necessrios.Termo circunstanciado ,em verdade, uma ocorrncia policial mais detalhada, devendo conter a verso de todos osenvolvidos, inclusive do autor.

    Concludos os procedimentos, o agente ser submetido a exame de corpo de delito, se o requerer

    ou se a autoridade de polcia judiciria entender conveniente, e em seguida liberado.(CESPE - 2009 - PC - PB - Delegado ) No caso de porte de substncia entorpecentepara uso prprio, no se impe priso em flagrante, devendo o autor de fato serimediatamente encaminhado ao juzo competente ou, na falta deste, assumir ocompromisso de a ele comparecer.

    ANTES DE PROSSEGUIR, MEMORIZE AS SEGUINTES INFORMAES

    1. Todos os tipos penais da Lei de Drogas so normas penais em branco porqueprecisam de outra norma que descreva o que seja o termo Droga.

    2. Normas penais em branco so normas que exigem uma complementao a serdada por outra norma.

    3. A retirada de uma substncia da Lista da ANVISA gera abolitio criminis.

    4. Usar droga no crime.

    5. Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atender natureza e quantidade da substncia apreendida, ao local e s condies em que

    se desenvolveu a ao, s circunstncias sociais e pessoais, bem como conduta eaos antecedentes do agente.

    6. O tipo do art. 28 misto alternativo, o que significa que a realizao de mais deuma conduta, dentro do mesmo contexto ftico, no resulta em pluralidade decrimes, mas de crime nico.

    7. A nova legislao no descriminalizou a conduta de quem adquire, guarda, temem depsito, transporta ou traz consigo, para consumo pessoal, drogas semautorizao ou em desacordo com determinao legal ou regulamentar.

    8. No se aplica o princpio da insignificncia nos crimes de Drogas.

  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    9/11

    9. As sanes penais do art. 28 so A.P.M: advertncia sobre os efeitos das drogas;prestao de servios comunidade; medida educativa de comparecimento aprograma ou curso educativo.

    10. As penas do art. 28 prescrevem em dois anos.

    11. Os crimes de porte para uso prprio sero sempre submetidos aoprocedimento da Lei dos Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95), sendo,portanto, uma infrao de menor potencial ofensivo.

    QUESTES

    1. (TJ-SC - 2010 - TJ-SC - Juiz ) A Lei n. 11.343/2006 prev a configurao denormas penais em branco, as quais, diante disso, dependem de normacomplementar de rgo administrativo do Poder Executivo da Unio.2. (Cespe/Delegado Federal/2004) No dia 1./3/1984, Jorge foi preso em flagrantepor ter vendido lana-perfume (cloreto de etila), substncia consideradaentorpecente por portaria do Ministrio da Sade de 27/1/1983. Todavia, no dia4/4/1984, houve publicao de nova portaria daquele Ministrio excluindo ocloreto de etila do rol de substncias entorpecentes. Posteriormente, em

  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    10/11

    13/3/1985, foi publicada outra portaria do Ministrio da Sade, incluindonovamente a referida substncia naquela lista. Nessa situao, de acordo com oentendimento do STF, ocorreu a chamada abolitio criminis, e Jorge, em 4/4/1984,deveria ter sido posto em liberdade, no havendo retroao da portaria de13/3/1985, em face do princpio da irretroatividade da lei penal mais severa.

    3. (CESPE - 2010 - MPE - ES - Promotor de Justia) Segundo a Lei Antidrogas, paradeterminar se a droga apreendida sob a posse de um indivduo destina-se aconsumo pessoal, o juiz deve-se ater natureza e quantidade da substnciaapreendida, ao local e s condies em que se desenvolveu a ao,desconsiderando as circunstncias sociais e pessoais e tambm a conduta e osantecedentes do agente, sob pena de violao do princpio da presuno deinocncia.

    4. (CESPE - 2008 - STF - Analista Judicirio - rea Judiciria ) A legislaodescriminalizou a conduta de quem adquire, guarda, tem em depsito, transportaou traz consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorizao ou em desacordo

    com determinao legal ou regulamentar. Atualmente, o usurio de drogas serisento da aplicao de pena e submetido a tratamento para recuperao ereinsero social.

    5. (CESPE - 2009 - DPE - ES - Defensor Pblico) O STF rejeitou as teses de abolitiocriminis e infrao penal sui generis para o delito de posse de drogas para oconsumo pessoal, afirmando a natureza de crime da conduta perpetrada pelousurio de drogas, no obstante a despenalizao operada pela Lei n.11.343/2006.6. (CESPE - 2009 - DPE - AL - Defensor Pblico ) As medidas alternativas impostasem razo de uma transao penal e aquelas previstas no art. 28 da Lei n.

    11.343/2006 (usurio de droga) no geram os efeitos penais gerais prprios deuma sano penal.7. (CESPE - 2008 - STF - Analista Judicirio - rea Judiciria ) atpica a condutado agente que semeia plantas que constituam matria-prima para a preparao dedrogas, ainda que sem autorizao ou em desacordo com determinao legal ouregulamentar.8. CESPE - 2009 - PC - PB - Delegado ) No caso de porte de substncia entorpecentepara uso prprio, no se impe priso em flagrante, devendo o autor de fato serimediatamente encaminhado ao juzo competente ou, na falta deste, assumir ocompromisso de a ele comparecer.

  • 8/3/2019 TRFICO DE DROGAS I

    11/11

    GABARITO

    1- CORRETO 6- ERRADO2- CORRETO 7- ERRADO3- ERRADO 8- CORRETO4- ERRADO5- CORRETO