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Traga Cristo Para o Círculo da Família 2009 Manual dos Mintérios da Família Karen & Ron Flowers com Peggy & Roger Dudley * Valerie Fidelia * Paul Godfrey * Ivan Góes * Karen Holford Noelene Johnsson * Gordon & Waveney Martinborough * John McVay * Willie Oliver Gottfried Oosterwal * Alicia & Geoff Patterson * Marti Schneider * Virginia Taylor * Doug Tilstra * David Yeagley * John & Millie Youngberg

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Traga Cristo Para o Círculo da Família

2009 Manual dos Mintérios da Família

Karen & Ron Flowers

com

Peggy & Roger Dudley * Valerie Fidelia * Paul Godfrey * Ivan Góes * Karen Holford

Noelene Johnsson * Gordon & Waveney Martinborough * John McVay * Willie Oliver

Gottfried Oosterwal * Alicia & Geoff Patterson * Marti Schneider * Virginia Taylor *

Doug Tilstra * David Yeagley * John & Millie Youngberg

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Página 3 Índice

INDICE

Sermões

Testemunho na Unidade por Karen e Ron Flowers 5

Como Apreciar Sua Família Imperfeita por John McVay 11

Evangelismo e Família: Partes I,II,III 23

Minisseminários

Deixe a Luz do Amor Brilhar por Karen e Ron Flowers 39

No Parapeito da Janela por Karen e Ron Flowers 53

Todos São Bem-vindos? por Karen Holford e Paul Godfrey 67

Corações e Lares para Ele por Karen e Ron Flowers 87

Histórias para as Crianças

Um Papá para o Reino por Virgina Taylor e Karen Flowers 97

O Baptismo do Carcereiro e de Toda Sua Família por Karen Flowers 99

Graças a Deus Temos uma Família por Karen Flowers 103

Materiais Para os Ministérios da Família

Escolha a Lente Certa para a Foto por Karen e Ron Flowers 105

Traga a Igreja para o Lar por David Yeagley 113

Evangelismo na Família por Millie e John Youngberg 119

O Poder do Pai por Millie e John Youngberg 125

Apreço: Estimulante para o Bem-estar Geral por John B.Youngberg 141

Crie uma Igreja Amiga da Família por Noelene Johnsson e Willie Oliver 157

Contextualize a Educação da Vida Familiar por Valerie Fidelia 165

Missão da Amizade por Gottfried Oosterwal 171

101 Ideias Para o Evangelismo na Família por Karen e Ron Flowers 179

Materiais Para Liderança

Com o Canto de Seus Olhos por Larry Libby 187

Desabafo dos Marginalizados por Dorothy Grace 191

Uma Luz na Comunidade por Ellen G. Whi-

te

195

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Página 5 Sermão—Testemunho na Unidade

TESTEMUNHO NA UNIDADE

Karen e Ron Flowers

Cristo orou para que houvesse unidade entre Seus seguidores. Onde mais Ele poderia buscar tal unidade senão no coração dos

casais que encontraram a salvação n‟Ele e que demonstram a Sua graça mutuamente na vida conjugal?

Introdução

Há alguém que não goste de assistir a um casamento? Tudo no casamento, as velas, as flores, a

música, os trajes, especialmente o vestido da noiva, tudo se destina a fazer uma entusiástica declaração

sobre o casamento. Ele é muito importante para nós. No dia do casamento os nubentes estão ansiosos por

encontrar alguma forma de expressar os seus sentimentos e dar um bom início ao seu casamento.

Recentemente alguns amigos deram-nos a grande honra de participarmos da cerimónia do seu

casamento. Foi um dia memorável. Enlevado pelo ambiente, pela música, pelas palavras inspiradoras do

ministro e, acima de tudo, pela presença da linda noiva, o noivo entusiasticamente respondeu à pergunta:

“Aceita esta mulher ...?” com um sonoro “Sem dúvida que sim!” Sua propensão romântica superou toda

inibição quando, depois da apresentação do casal como marido e mulher, ele valentemente a tomou nos

braços e com passos fortes desceu exuberantemente as escadas do santuário.

A Singularidade do Casamento: “Uma Carne”

Muito mais do que para nós, o casamento é importante para Deus. Ele deseja que mediante a

experiência de se tornarem “uma carne” (Génesis 2:24), cada cônjuge dê testemunho especial ao mundo

do efeito unificador do Seu amor sobre os corações humanos.

De uma carne para “uma carne”. Em Génesis 2 a Bíblia regista a criação do primeiro ser

humano. A narrativa passa para a criação de um “Adão” (Génesis 2:7) (uma designação para a

humanidade) até (Génesis 2:18, 21, 22) onde um se torna dois – o homem (no hebraico ish e a mulher

(isshah). Finalmente, passa para o clímax (Génesis 2:24) onde os dois são unidos no casamento e se tornam

um. A palavra hebraica para “carne” em Génesis 2:24 é a mesma palavra usada em Génesis 2:21.

O homem e a mulher têm uma origem comum; foram feitos pelas mãos do Criador. “Eva foi criada

de uma costela tirada do lado de Adão, significando que não o deveria dominar, como a cabeça, nem ser

pisada sob os pés como se fosse inferior, mas estar a seu lado como igual, e ser amada e protegida por

ele” (Patriarcas e Profetas, p. 46).

Originalmente um – agora dois. Eles foram criados como partes complementares e harmónicas de

uma humanidade. Génesis 5:2, assim como Génesis 1:26, 27 indicam que sua unidade era tão completa

“no dia em que foram criados” que tinham apenas uma designação dada por Deus – “Adão”. Juntos eles

eram “Adão”. Somente depois da queda é que lemos o nome “Eva” como tendo sido dado à mulher e

“Adão” como a designação comum para homem.

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Página 6 Sermão—Testemunho na Unidade

O profundo significado de “uma carne”. “Uma carne” em Génesis 2:24 tem implicações

tremendas. Ela fala da intimidade física, e de muito mais. O laço emocional e espiritual, as trocas mútuas, a

exclusividade, a devoção exclusiva, o compromisso total – tudo está abrangido neste projecto compacto

do casamento. Tal unidade não pede a submissão da personalidade, de um fazer sombra ao outro. Antes,

representa uma unidade completa, uma reciprocidade e harmonia entre duas pessoas distintas que mantêm

plenamente a própria personalidade e a igualdade.

Impedimentos à Unidade

Quando o pecado alterou a natureza humana, o relacionamento entre marido e mulher foi mudado.

O curso do pecado afectou o casamento (Génesis :16). Por conseguinte, sob o reino do pecado o

casamento passou a sofrer em consequência do egoísmo, exigência de gratificação pessoal e tendência de

explorar ou dominar um ao outro. Em seu estado sem pecado, nenhum dos sexos governava o outro.

Porém, com a entrada do pecado, sua masculinidade e feminilidade foram distorcidas e seu alinhamento

perfeito no casamento foi prejudicado.

“Quando Deus criou Eva, não intentou que ela fosse inferior ou superior ao homem, antes

em tudo deviam ser iguais. ... Porém, depois do pecado de Eva, visto que fora a primeira na transgressão,

o Senhor lhe disse que Adão iria dominá-la. Ela deveria estar sujeita a seu marido, e essa foi uma parte da

maldição” (Testemunhos para a Igreja, vol. 3. p. 484).

Egoísmo do coração humano. A Escritura salienta a pecaminosidade do coração como a fonte de

dificuldades no relacionamento entre nós como seres humanos, e também entre nós e Deus (Jeremias

17:9). Essa condição do coração é muitas vezes demonstrada nos relacionamentos mediante o

afastamento, o ocultar dos sentimentos, a falta de comunicação, ou por brigar, censurar ou buscar assumir

o controle sobre os outros. O egoísmo faz com que as diferenças naturais humanas quanto à idade, raça,

sexo, temperamento, atitudes, hábitos e experiências sejam exageradas ou agravadas. As divergências, ira,

conflitos são muitas vezes o resultado. Quanto mais tentamos unir nossos corações pecaminosos, como

no caso do casamento, maior o potencial para a discórdia.

Efeitos da maldição. Tanto a Escritura quanto a história humana testemunham de que o

casamento está muito distante do que fora no Éden. A maldição trouxe ao casamento o abuso e distorções

sobre tudo o que se possa imaginar. Muitas culturas institucionalizaram modelos de casamento que dão

superioridade ao homem (cf. Ester 1:19-22). O ataque do inimigo ao casamento e sua qualidade ímpar de

unidade é comparável à perversão e corrupção trazida sobre a verdade do sábado.

Muitos casais hoje anseiam conhecer e experimentar a igualdade e a reciprocidade no casamento.

Quando entrevistados, os maridos muitas vezes indicam que prefeririam isso. Os conselheiros notam que

os casais lutam pelas questões de igualdade e de mutualidade, sem saber como implementar em sua vida

um modelo que frequentemente vai contra as normas sociais e culturais. Muitos não estão cientes de que

tal igualdade e solidariedade fazem parte dos planos de Deus desde o início e que, por meio de Cristo, Ele

tornou possível aos casais experimentarem a igualdade e a reciprocidade remanescentes do Éden.

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Página 7 Sermão—Testemunho na Unidade

Um Novamente em Cristo

Deus não abandonou Seu plano original para homens e mulheres experimentarem a unidade no

casamento. Jesus reafirmou o ideal edénico (Mateus 19:5, 6), sabendo que Seu evangelho redimiria o

casamento, redimiria homens e mulheres e daria significado a fim de que os casais pudessem experimentar

essa instituição sagrada conforme Deus planeara. “Como todas as outras boas dádivas de Deus concedidas

para a conservação da humanidade, o casamento foi pervertido pelo pecado; mas é o desígnio do

evangelho restituir-lhe a pureza e a beleza” (O Maior Discurso de Cristo, p. 64). John Stott, conhecido autor e

professor de Bíblia, escreve: “Sem qualquer espalhafato ou publicidade, Jesus pôs fim à maldição da

Queda, revestindo a mulher com sua dignidade parcialmente perdida e reivindicando para a comunidade

de seu novo reino a bênção da criação original da igualdade entre os sexos” (Stott, 1984, p. 136).

Reconciliação na cruz. O verdadeiro cristianismo anula todas as barreiras religiosas, culturais,

sociais ou de sexo que separam as pessoas umas das outras (cf. Gálatas 3:28). A cruz de Cristo é a fonte da

reconciliação (cf. Efésios 2:14-18). A maldição envolveu a sujeição da esposa. Quando é praticado e aceite

o conceito do evangelho, de mútua submissão, isso exerce o efeito prático neutralizador da maldição e

seus efeitos ao enfatizar o amor e serviço de marido e mulher um para com o outro. Cristo faz a diferença

no casamento dos cristãos. Prevalece uma nova mutualidade. Maridos e mulheres são herdeiros “do dom

da graça da vida” (I Pedro 3:1-7).

É devido ao nosso compromisso com Cristo que somos capazes de conceder um ao outro a

plena igualdade, personalidade e liberdade. É em Cristo que a submissão do relacionamento entre homem

e mulher é vencida e restaurada a possibilidade de feliz igualdade e unidade entre o casal (Achtemeier,

1976, p. 104).

Casamento como Ministério

O testemunho da unidade. Jesus estava preocupado com o testemunho dos Seus discípulos

diante dos outros: “Nisto conhecerão todo que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João

13:35). Onde melhor encontrar o amor um pelo outro que testificásse ao mundo a respeito d‟Ele do que

no casamento cristão? Ele anelava pela unidade entre Seus seguidores que, semelhantemente, seriam um

testemunho para Deus no mundo: “Minha oração ... para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim

e eu em ti” (João 17:20-23). Onde melhor Ele poderia buscar essa unidade do que nos corações dos casais

que encontraram sua salvação n‟Ele e que demonstram Sua graça um para com o outro na vida conjugal?

“Jesus disse certa vez a Seus discípulos de que nós somos a “luz do mundo” e que não

deveríamos tentar ser como as outras pessoas, ocultando nossa luz sob os alqueires da convenção, antes,

deveríamos colocar nossa lâmpada sobre a estante e deixá-la iluminar “a todos que estão na casa” (Mateus

5:14-15). Não seria essa, por fim, a tarefa do casamento cristão? Não é apenas uma vocação para toda a

vida na qual nos debatemos, crescemos e aprendemos e lutamos por nosso compromisso para com Deus e

uns para com os outros, mas não deveria ser também uma luz brilhando nas trevas dos lares da nossa

sociedade? ...

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Página 8 Sermão-Testemunho na Unidade

“A forma pela qual os cônjuges se relacionam entre si e com os filhos diz à nossa sociedade

organizada que há esperança de cura para as suas feridas angustiantes, ou anunciam que o paciente tem

uma “enfermidade de morte” e que não há possibilidade de recuperação. A forma pela qual conduzimos o

nosso casamento, proclama que Jesus Cristo obteve a vitória sobre o pecado também na esfera do

casamento, ou confessa que Ele é incapaz de reconciliar marido e mulher, pais e filhos, idosos e

jovens” (Achtemeier, 1976, pp. 107, 108).

Estabeleça a atmosfera do lar. O primeiro ambiente onde o casamento se reflecte é no âmbito do

lar. A saúde de toda a família depende, em grande parte, da saúde do relacionamento no casamento.

“A mútua afeição entre marido e mulher será para a família o que o sistema de aquecimento é

para a casa. Manterá o relacionamento de todos os membros da família em uma atmosfera agradável e

confortável. Isso não significa, contudo, que a paz da família nunca será perturbada. O empenho por criar

uma paz superficial, pode, na verdade, criar um lar mais infeliz do que permitir que a hostilidade, quando

surge, se expresse e seja resolvida. A questão é que na família onde existe verdadeira afeição as

perturbações desse tipo podem ser resolvidas sem sofrer danos. Não é a ausência de problemas o que

verdadeiramente torna uma família feliz, mas a confiante certeza de que os relacionamentos no lar são tão

sólidos que seus membros podem lidar com quaisquer problemas que venham a surgir” (Mace & Mace,

1985, p. 109).

Além da esfera do lar. Cada casal cristão é uma unidade ministerial que pode ser altamente

eficiente ao se dispor a animar outros casais e indivíduos. Hoje existe a necessidade de que casais

ministrem a outros casais fora e dentro da igreja. Uma grande necessidade está presente na vida de

incontáveis casais que necessitam de orientação e encorajamento em seu casamento. Cada vez menos

casais têm modelos de casamentos duradouros, comprometidos e satisfatórios. Cada vez menos têm

amigos verdadeiros. Nós, como casais cristãos, poderíamos ser esses amigos.

“Nossas simpatias devem transbordar para além de nossa personalidade e do círculo de nossa

família. Há preciosas oportunidades para os que desejam fazer de seu lar uma bênção para outros. A

influência social é uma força maravilhosa. Se queremos, podemos valer-nos dela para auxiliar aqueles que

nos rodeiam” (A Ciência do Bom Viver, p. 354).

Conclusão

A natureza e alcance potencial do casamento, no ministério do casamento, são enormes. Os

programas de enriquecimento e grupos de crescimento conjugal têm dado aos casais cristãos a

oportunidade de fazerem amizades e de darem testemunho do efeito do amor de Deus em sua vida. Certa

esposa escreveu a respeito do efeito que casais cristãos tiveram sobre sua vida conjugal:

“Vai fazer dois anos, assistimos a um Seminário de Enriquecimento Conjugal. Houve uma

mudança total em nosso lar. As horas que passávamos assistindo à televisão são agora gastas lendo e

estudando. As gravações a respeito da justiça pela fé que ficaram engavetadas por um ano saíram das

gavetas e foram ouvidas. O Senhor tem-nos conduzido passo a passo em nosso crescimento cristão.

Nossa capacidade de comunicação melhorou em consequência daquilo que aprendemos no Seminário.

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Página 9 Sermão–Testemunho na Unidade

Descobrimos que é muito mais fácil comunicar os nossos sentimentos profundos um ao outro e conversar

a respeito dos nossos problemas. Nosso relacionamento com os filhos adolescentes também melhorou.

“Eu costumava ficar preocupada quanto a não ser capaz de testemunhar às pessoas ao meu

redor. Depois de assistir ao Seminário isso deixou de ser um problema. Quando Jesus transforma a vida,

como transformou a minha, não há como deixar de contar aos outros” (Arlene Jenkins, citado em Dudley,

1980, pp. 138, 139).

Hoje Deus pede aos casais para beberem profundamente da fonte de Seu amor, e permitirem-Lhe

suscitar respeito, atenção e perdão de um para com o outro. Quando o casal entende a cura, as implicações

de enriquecimento da fé do casamento cristão, encontrará oportunidade de testemunhar entusiasticamente

a esse respeito. O casal construirá pontes de amizade com outros casais, colocando-os em contacto com

Aquele que Se importa com o bem estar de cada individuo ou de cada casal.

Referências

Achtemeier, E. (1976). The committed marriage. Philadelphia: The Westminster Press.

Dudley, R. & P. (1980). Married and glad of it. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association.

Mace, D., & Mace, V. (1985). In the presence of God. Philadelphia: The Westminster Press.

Stott, J. (1984). Involvement social and sexual relationship in modern world. Old Tappan, NJ: Fleming H. Revell Co.

White, E. G. A Ciência do Bom Viver, CD-Rom E.G.White.

White, E. G. O Maior Discurso de Cristo, CD-Rom E.G.White.

White, E. G. Patriarcas e Profetas, CD-Rom E. G. White.

White, E. G. Testimonies for the Church, vol. 3. Nampa, ID: Pacific Press Publishing Association.

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Página 11 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

COMO APRECIAR SUA FAMÍLIA IMPERFEITA

John McVay

Deus ama a sua família imperfeita e todas as famílias imperfeitas. Ele anela que cada família possa reconhecê-Lo como o Pai de

todos e que faça uso dos recursos que Ele tem para ajudá-los a viverem como uma família de fé.

Introdução

Ao planear o seu casamento, decide seguir todas as 107 dicas que encontrou na revista moderna para

noivos. Na verdade, descobre que essas dicas provêem inestimáveis sugestões – 107 tarefas para serem

realizadas antes desse bem-aventurado, perfeito e feliz dia escolhido. Sob o título “12 a 24 Meses Antes do

Casamento” encontra a dica nº 1: “Juntos procurem o pastor e definam a data da cerimónia”. Este é um bom

conselho, desde que seguido. Continua lendo a lista e especialmente atenta para a dica nº 34. Bem por favor,

lembre-se de que esta é uma publicação qualquer, para quem pretende casar-se. “Decida o lugar da sua lua-de-

mel. Consulte o agente de viagens”. “Tradicionalmente”, a revista prossegue: “O noivo é quem faz esses

arranjos, mas se tiver mais conhecimento nesse sentido, não hesite em oferecer ajuda”. Homens, o mundo

está mudando. Sob o título “Dia do Casamento” vem as últimas três dicas: “Número 105: “Descanse e relaxe

em um banho morno”. Sim, sem dúvida, o número 106: “Reserve, pelo menos, duas horas antes da cerimónia

para se vestir”. Finalmente, a número 107: “Tenha um dia maravilhoso e desfrute cada momento”. Tudo

resolvido.

Na revista, com 500 modelos de vestidos de noiva, escolhe o da página 328, sob o título: “Perfeição

Pura”. O vestido é todo confeccionado com bordados elaborados feitos à mão, e que seu pai terá de enfrentar

um trânsito terrível para ir buscá-lo na pequena boutique, sem estacionamento por perto, vale a pena. É isso

que deseja para o dia de seu casamento; é isso que deseja que seu casamento seja; este é o seu desejo para a

sua família – “Perfeição Pura”. E ao embarcar para a sua lua-de-mel nas Ilhas Gregas, com o seu marido

novinho em folha imaginam que seu casamento e sua família serão perfeitos, escalas em um porto atrás do

outro, um cruzeiro de felicidade sem fim ao longo da vida.

A revista para noivas não esquece os homens reservando-lhes um espaço com alguma ajuda para os

noivos. Uma secção intitulada: “Planeiem Sua Vida Juntos” apresenta alguns breves artigos. O interessante é

que elas destinam a este tema menos de 4 páginas numa revista com 518 páginas!

Em Busca da Perfeição Pura, Mas ...

A despeito da noção da “vida juntos” das revistas, o cruzeiros dos casais modernos ruma directamente

para uma tempestuosa estatística. Conhece as estatísticas dos casamentos/divórcios? Anualmente, nos EUA,

há cerca de 2.4 milhões de casamentos e 1.2 milhões de divórcios. Portanto, cerca de 5 milhões de americanos

farão um compromisso para a vida neste ano. A maioria daqueles que pronuncia “Prometo” espera cumprir o

compromisso. Quase toda a noiva e noivo anelam pela perfeição pura. Contudo, cerca da metade dos

casamentos serão desfeitos antes de 15 anos de união. A percentagem do primeiro casamento que finda em

divórcio corresponde a 50%, enquanto que a percentagem do segundo casamento – ou terceiro ou quarto –

que acaba em divórcio é cerca de 60%. A média de duração dos casamentos é de 7.2 anos.

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Página 12 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

Caso a sua ideia de lar perfeito inclua a mãe, o pai e um a dois filhos, suas possibilidades de perfeição

diminuem rapidamente. Em 1970, 40% dos lares contavam com a presença da mãe, do pai e, pelo menos, um

filho, todos vivendo juntos. Em 1990, apenas 26% dos lares nos Estados Unidos se encaixam nesse modelo.

Por volta do ano 2000, os dados caíram ainda mais para 24%.

Em II Timóteo 3:1-5 a Palavra de Deus prediz algumas águas turbulentas em nossos dias: “Saiba

disto:” O apóstolo escreve, pois fará parte do seu currículo:

“nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos,

arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis,

caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes

dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder.”

Que ambiente no qual tentar manter um compromisso! Que ambiente no qual criar filhos que amem a

Deus e que sintam alegria em servir aos outros! Que confusão! E, a propósito, que desafio a todos que

buscam ministrar às famílias. Se deseja um verdadeiro desafio na vida, torne-se profissional dos Ministérios da

Família.

Toda família é imperfeita. Cedo ou tarde no meio das estatísticas e da tempestade moral destes

últimos dias, ambos descobriremos esta verdade simples: Toda família é imperfeita. A família à qual pertence

é imperfeita. Pior ainda, provavelmente descobrirá que, pelo menos, parte do problema de sua família está em

si. Uma vez que descobre esses tristes fatos, o que deve ser feito? Alguma coisa pode ser feita? Está tudo

acabado? Se a sua família não é a perfeição pura que imaginou que seria, há algum propósito afinal?

Portadores do Nome de Deus

Efésios 3 é uma das passagens mais importantes na Escritura para o ministério da família. Iniciando

com o verso 14 o apóstolo escreve: “Por esse motivo, eu me ajoelho diante do Pai, de quem todas as famílias

no céu e na terra recebem o seu verdadeiro nome” (ERAB). Gosta? Há uma pequena palavra no original

grego que não fica evidente na tradução. A palavra para “pai” no grego é “pater”. Costuma vê-la em palavras

que significam “patriarca”, não é mesmo? Pater. O termo para “família” é “pátria”. Portanto, Paulo está

dizendo: “Por este motivo, eu me ajoelho diante do Pater, de quem todas a pátria no céu e na terra recebe o

seu verdadeiro nome”. Ele emprega a fonética da linguagem. Toda família (pátria) no céu e na terra recebe seu

nome do Pai (Pater).

Sua família pertence a Deus. Sua família com todas as suas imperfeições pertence a Deus. É isso o

que o apóstolo nos está dizendo. A propósito, ele também nos está dizendo, eu suponho, que todos os seres

humanos são filhos do Pai. Nossa tarefa encantadora como cristãos não é tanto cruzar os braços e pressionar

as pessoas a virem para a família do Pai, mas anunciar-lhes a mensagem encantadora de que elas já são membros

agora. Sua família com todas as suas imperfeições pertence a Deus; sua família com todas as suas imperfeições

não está nas garras cruéis do destino, mas nas amorosas mãos de Deus. Esta é a mensagem do apóstolo: Deus

ama as famílias imperfeitas. Elas levam o nome divino; possuem a marca de propriedade de Deus.

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Página 13 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

Deus ama a sua família imperfeita e a cada família imperfeita. Ele anela que cada família O reconheça

como o Pai de todos e se torne a família da fé. Quando os pratos se empilham sobre a pia, quando as

crianças estão gritando umas com as outras e não há outra coisa a fazer além de separá-las, quando a caixa do

correio está cheia de contas, quando o relacionamento é destituído de emoção, quando o comportamento dos

adolescentes o leva ao desânimo – quando tudo isso está acontecendo – é fácil ver o problema e as

impossibilidades. Mas sua família, a sua família imperfeita e cada família a quem ministra é uma família de

Deus. Ele não apenas ouve os gritos; ouve também as risadas. Ele não houve apenas as discussões; ouve

também as palavras de apreciação. Deus não vê apenas as lágrimas rolarem; vê aquelas que são enxutas.

Acesso aos Recursos Divinos

Em meio aos problemas e impossibilidades Deus convida-o a considerar todas as possibilidades e

oportunidades. Deus anela prover força interior que lhe dará recursos para equilibrar o tumulto exterior. Deus

anela prover-lhe o amor divino que irá ajudá-lo a crescer. Ouça enquanto continuamos a traçar o pensamento

iniciado em Efésios 3:14.

“Por esse motivo, eu me ajoelho diante do Pai, de quem todas as famílias no céu e na terra

recebem o seu verdadeiro nome. E peço a Deus que, da riqueza da sua glória, Ele, por meio do seu Espírito,

vos dê poder para que sejam espiritualmente fortes. Peço também que, por meio da fé, Cristo viva no vosso

coração . E oro para que tenham raízes e alicerces no amor”.

Compreenda o crescimento e o compromisso. No livro Caring and Commitment (1988), Lewis

Smedes conta a história de seu amigo Ralph. Dois meses depois do divórcio de Ralph estava arrasado pelo

remorso de não haver cumprido o seu voto. Procurou alívio no aconselhamento.

“Deveria ser grato” o terapeuta disse-lhe. “Concluiu um estágio importante na jornada da auto-

revelação. Sua ex-esposa viajou consigo até este ponto. Ela o ajudou o mais que pôde. Na verdade, ela não lhe

propiciou a perfeição que buscava, portanto deve prosseguir. Mas seja agradecido por sua dádiva e leve-a

consigo durante a sua vida”. (p. 73).

Veja, para o terapeuta do Ralph o compromisso do casamento é um investimento no crescimento dela

ou dele. De acordo com essa visão, quando o investimento da pessoa não resultou em qualquer crescimento

durante um período, é tempo de sair desse relacionamento e buscar outro com maior potencial de lucro

pessoal. Smedes comenta a respeito desse tipo de compromisso de “investimento pessoal” e então oferece um

pensamento a respeito do tipo de compromisso que verdadeiramente conduz ao crescimento:

O verdadeiro crescimento é mais saudável quando colocamos o compromisso de crescimento da

outra pessoa acima do nosso.

Não crescemos como pessoas maduras indo atrás de fantasias. Um facto a respeito do casamento em geral é

que cada casamento em especial é imperfeito. Ninguém casa exactamente com a pessoa certa; todos nos

casamos com alguém que é mais ou menos certo para nós. Todos somos modelos imperfeitos. Se aceitarmos

isso como com um facto lastimável, mas revigorante da vida, poderemos estar prontos para o verdadeiro

crescimento.

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Página 14 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

Não usufruímos de boa oportunidade de crescimento pessoal se continuamos a ansiar pela fantasia da mulher

ou do marido ideal. Crescemos quando continuamos a renovar o nosso compromisso com o único cônjuge

que temos. Crescemos quando paramos de sonhar com um casamento perfeito e nos ajustamos

adequadamente ao cônjuge que temos. Nosso melhor crescimento ocorre quando nos esquecemos do nosso

próprio crescimento e nos concentramos no crescimento do outro. (p. 73).

“Aqui há uma bela mudança”, Smedes prossegue, “em vez de damos a nós próprios motivo para

desistir do compromisso para toda a vida, nossa necessidade de crescer é o primeiro motivo para

permanecer” (p. 74). As palavras de Smedes são verdadeiras não apenas no relacionamento marido e mulher,

mas também no compromisso que cada membro da família faz com o outro.

Voltando a Efésios 3, “E peço a Deus que, da riqueza da sua glória, ele, por meio do seu Espírito, dê a

todos vós poder para que sejam espiritualmente fortes. Peço também que, por meio da fé, Cristo viva no

vosso coração . E oro para que tenham raízes e alicerces no amor, para que assim, junto com todo o povo de

Deus, possam compreender o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e

profundidade” (ERAB).

Crescimento em amor. A era na qual vivemos não é propícia às famílias. O amor tende a ser sugado

de nossas famílias. Mas, diz o apóstolo, “Oro para que possam conhecer algo da grande dimensão do amor de

Deus; Oro para que tenham a transfusão do amor, do amor divino que será mais do que superior aos

tumultos e tentações dos tempos. Deus ama as famílias imperfeitas como a sua, como a minha, como a

daqueles que nos vêem ministrando. Portanto o apóstolo diz: “Estou orando para que tenham a capacidade

de estabelecer uma família de amor, uma família de fé. Estou orando para que com a ajuda de Deus consiga

fortalecer as famílias na fé”.

Os versos 20 e 21 (ERAB): “E agora, que a glória seja dada a Deus, o qual, por meio do seu poder que

age em nós, pode fazer muito mais do que nós pedimos ou até pensamos! Glória a Deus por meio da Igreja e

por meio de Cristo Jesus, por todos os tempos e para todo o sempre! Amém!”

Jair e Sua Família Imperfeita

Considere o caso de um homem a quem chamarei Jair. Não sei quando foi a primeira fez que ele

percebeu que a sua família era tudo menos perfeita, mas não deve ter levado muito tempo. As gravações da

família haviam captado fielmente os eventos passados e, embora talvez ninguém tenha deliberadamente feito

isso, essas gravações frequentemente eram passadas e repassadas. Pouco a pouco o pequeno Jair, enquanto

crescia, captava indícios concretos – um suspiro apressado e abafado, ou um sorriso malicioso no rosto de um

irmão mais velho que rapidamente desaparecia quando os pais entravam no quarto. Lenta, mas

acertadamente, o Jair começou a reunir as peças da história de sua família e de sua parte nela.

Claramente, seus irmãos mais velhos consideravam-no inferior. Ainda em tenra idade ele descobriu o

motivo; a sua mãe não era de facto sua mãe. Embora tenha levado tempo para que ele compreendesse essa

parte da história, a data de sua concepção aparentemente foi anterior à data do casamento. (Isso aconteceu há

muitos anos, quando o senso de moralidade a respeito dos relacionamentos impróprios era rígido. No

entanto, a despeito desse senso de moralidade, as pessoas não compreendiam que, embora houvesse

relacionamento ilegítimo dos pais das crianças, não havia coisa como uma criança ilegítima.) Seus irmãos mais

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Página 15 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

velhos olhavam com desprezo para a mãe dele por haver seduzido seu pai. Eles também desprezavam o

irmão.

Suportar a dor da família. As coisas não iam bem na família. Os relacionamentos não eram o que

deveriam ser. Todos os membros da família agora sentem o quanto ela é imperfeita e começam a prover um

exemplo clássico do que é normalmente chamado de “bode expiatório”, fazendo com que a pessoa leve a

culpa da disfunção da família. Os problemas que temos em família, eles concluem, devem ter um motivo. Eles

focalizam o Jair. Ele é o motivo. Se apenas o Jair se ajustasse, ou se apenas ele saísse de cena, tudo ficaria

bem. Em famílias como esta, não há atenção para a família como um sistema, a família não é tratada como

uma unidade, não há atenção aos relacionamentos complexos e doentios, a culpa é vez após vez lançada

sobre aquele que foi escolhido como o bode expiatório.

Um incidente nos anos iniciais da adolescência do Jair moldou, ou talvez deformou o conceito que o

Jair tinha de si mesmo. Ele juntamente com a família estavam de férias num lugar favorito. Quando chegou o

momento de partirem, a família empacotou os pertences e partiu, mas algo foi deixado para trás. Não foi

apenas o lugar onde estiveram. Foi mais do que o gato da família ou a velha mala térmica. Eles deixaram o

Jair! A experiência serve como um tipo de metáfora para essa família disfuncional e para o lugar de Jair nela.

As coisas poderiam provavelmente ser melhores se ele não estivesse por perto. Se ele apenas se perdesse,

talvez a família fosse, ou pudesse ser, uma família melhor.

Captar o senso do quanto é especial. As coisas apenas pioraram quando o pai morreu. Mas o Jair era

uma pessoa incrível. Sabe que o espírito humano pode ser indomável. No meio de tudo isso – das gravações

do passado sórdido, do bode expiatório, do conglomerado da família, dos risinhos e chacotas, dos gestos

condescendentes, o Jair conseguiu de alguma forma apegar-se à ideia de que, não importava o que os outros

criam, ele era especial. Ele tinha um lugar na vida, tinha um destino, uma missão e finalmente encontrou seu

próprio negócio que lhe propiciou um sucesso surpreendente.

Porém, seus irmãos mais velhos não queriam deixar morrer o passado; eles zombavam das suas

realizações. Tentavam levá-lo a praticar situações de risco para provar o seu valor, mas ele recusava-se. No

meio de suas tramas conseguiram fazer com que a própria mãe se voltasse contra ele. Conseguiram obter dela

o apoio para o acusarem de demência. Isso deve tê-lo ferido profundamente.

Finalmente, a família rodou a gravação novamente. Desta vez o som estava muito alto. O Jair se tornou

o bode expiatório, não apenas da sua família mas da sua nação. Ele teve uma morte terrível, foi pregado numa

cruz romana.

Como a Família do Jair Se Transformou

Porém, algo aconteceu, aos pés daquela velha e rude cruz. Algo aconteceu à família de Jesus. Notou?

No livro de Actos, na introdução dessa gloriosa história sobre o período da vida da igreja depois da ascensão

de Jesus, a Escritura diz: “Todos estes perseveravam unânimes em oração ...” (Actos 1:14, ERAB). Essas

pessoas estavam fazendo o quê? Devotando-se à oração. E a passagem prossegue, “...com as mulheres, com

Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele”.

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Página 16 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

Ao longo do Novo Testamento chegamos a alguns livros pequenos que se crê foram escritos por dois

irmãos de Jesus, Tiago e Judas. Note a introdução de Tiago na sua carta: “Tiago, servo de Deus e do Senhor

Jesus Cristo” (ERAB). Tiago, um servo de Jesus! E em Tiago 2:1: “Meus irmãos, como crentes em nosso

glorioso Senhor Jesus Cristo”. Então chegamos à pequena carta de Jesus. Os versos 1, 2 dizem: “Judas, servo*

de Jesus Cristo e irmão de Tiago”. Você consegue crer? “aos que foram chamados, amados por Deus Pai e

guardados por Jesus Cristo: Misericórdia, paz e amor lhes sejam multiplicados”. O verso 4 refere-se a Jesus

como “nosso único Soberano e Senhor”.

Algo acontece aos pés da velha e rude cruz que transforma o velho e gasto filme da família. Algo

acontece que converte o bode expiatório em motivo de culto. A família de Jesus, imperfeita como era, tornou-

se a família da fé.

Conclusão

A mensagem da história – a historia do evangelho – é esta: a mudança na família de Jesus não é um

caso isolado. A mesma transformação pode ocorrer em sua família e na minha e em cada família a quem

ministramos.

“Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto

no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com

poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando

vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura,

e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento,

para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente

mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória,

na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Efésios 3:14-21, ERAB).

Referência

Smedes, L. B. (1988). Caring and commitment. San Francisco: Harper & Row Publishers, San Francisco. John McVay é Reitor do

Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia, Berrien Springs, Michigan. Transcrito e editado de um sermão apresentado na Reunião da

Família Adventista de 2002, no campus da Andrews University, Berrien Springs, Michigan. Usado com permissão

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Página 17 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

DEZ MANEIRAS DE TESTEMUNHAR NO LAR

Gladys DeLong

Várias pessoas, na maioria mulheres, dizem-me: “Tenho filhos pequenos [ou pai/mãe doente ou idoso]

e não posso sair de casa para trabalhar para o Senhor. O que posso fazer?”

Em resposta a esta pergunta, fiz uma lista de maneiras pelas quais é podemos testemunhar nos nossos

lares. Os membros que usaram essa lista obtiveram bons resultados.

1. Mantenha revistas e folhetos junto à porta de entrada. Entregue às pessoas que batem à sua

porta ou que a vêm visitar.

2. Escreva cartas de condolências aos sobreviventes relacionados na secção de obituários do

jornal local. Como resultado dessa prática, pude levar uma viúva a se unir à igreja.

3. Use a lista telefónica. Inicie com o primeiro nome de sua área e convide cada pessoa para se

inscrever num curso bíblico gratuito. A minha irmã viu uma família ser baptizada como resultado de usar esse

método de testemunho.

4. Inicie uma biblioteca em sua casa. Empreste livros aos seus vizinhos. Descobri que as mulheres

gostam especialmente de livros que contêm histórias a respeito de como as pessoas ouviram e aceitaram a

nossa fé. Outra das minhas irmãs, levou uma senhora a se interessar-se por nossa mensagem dessa forma.

5. Estabeleça um tipo de Fundo de Evangelismo cujo valor seja enviado para o programa da

Voz da Profecia a fim de usarem os recursos para contactarem as pessoas.

6. Você é radioamador? Empregue esse seu hobby para contactar outros radioamadores. Quando

lhes enviar um cartão de QSL, inclua o convite para realizarem um curso bíblico por correspondência.

Convide-os também a unirem-se a um grupo adventista de estudo da Bíblia de radioamadores, que se reúne

todas as manhãs, às 6h30 EST na 3980mHz (75 metros). Meu marido é membro desse grupo há anos e viu

muitas pessoas virem para a igreja por intermédio desse ministério.

7. Coloque um cartaz na frente de sua casa: “Estudos Bíblicos, dia: .....; hora:... Todos são bem-

vindos”. Você ficará surpreso, como foi o caso da minha sobrinha, quando vários vizinhos demonstraram

interesse.

8. Leve uma criança para a Escola Sabatina. Convide as crianças da vizinhança para

acompanharem seus filhos para a igreja. Como resultado de levar uma menina para assistir à Escola Sabatina,

ela e a sua mãe foram baptizadas.

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Página 18 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

9. Inicie um projecto de correspondência. Escolha uma cidade sem presença adventista.

Envie folhetos e ofertas de cursos bíblicos gratuitos para o maior número de lares que puder. Uma igreja que

implementou esse programa baptizou duas a três vezes mais pessoas nos três anos seguintes do que nos

anteriores. Depois do meu irmão ter enviado literatura para uma cidade todas as semanas, realizaram-se

reuniões evangelísticas e nasceu uma igreja. Neste momento, minha irmã, seu marido e eu temos duas pessoas

que aceitaram o sábado em resposta ao nosso projecto de correspondência.

10. Inicie um círculo de oração em sua casa. Peça a dois ou três membros para virem à sua

casa em determinado dia da semana. Faça uma relação das necessidades espirituais de amigos ou parentes e

orem em grupo por essas pessoas. Ore também individualmente todas as manhãs e noites por elas.

Esses métodos funcionam e mostram minha família e eu e muitos outros podemos testificar.

Reimpresso com permissão da Adventist Review, 27 de Fevereiro de 1986.

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Página 19 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

COMO TRANSMITIR A SUA FÉ À PRÓXIMA GERAÇÃO

Donna J. Habenicht

O Alexandre de 9 anos, chorou desconsolado. Ele havia perdido a faca de caça que o seu pai lhe fizera

para ele usando aço e couro. Quando entrou no campo de alfafa próximo à sua casa, a faca estava presa no

seu cinto. Mas quando foi tentar apanhá-la, depois de cruzar o campo, ela havia desaparecido. Como iria ele

encontrá-la num campo de alfafa? A mãe abraçou-o e disse-lhe com toda a confiança: “Vamos reunir a

família. Iremos orar rogando a Deus que nos ajude a encontrá-la. Ele sabe exactamente onde ela está”. A

família se reuniu, cada um orou a Deus pedindo ajuda. Então todos saíram tentando refazer o caminho pelo

qual o Alexandre passara. O menino já estava desanimando quando seu pai gritou triunfante: “Achei!” O pai

encontrara a faca sob as alfalfas. Outra vez a família se reuniu. Mas desta vez com alegria estampada nos

rostos - disseram: “Obrigado, Deus”.

A Luisa, nossa neta de 14 anos, enfrenta um grande problema. Ela viveu toda a sua vida numa linda ilha

do Caribe. Agora seus pais decidiram voltar para os Estados Unidos. Recentemente, recebi dela um e-mail que

dizia: “Continuo perguntando a mim própria: „Será que sou suficientemente inteligente? As pessoas irão

gostar de mim, será que farei amigos?‟ Tudo isso me assusta, mas sei que irei gostar quando chegar lá. Deus

estará comigo e tudo ficará bem”. Não há dúvidas de que ela está dependendo de Deus para superar esse

grande problema. Seus pais transmitiram-lhe a sua fé em Deus. Ouvi-os dizer: “Deus nos irá guiar. Ele tem

tudo sob controlo”.

Não importa a idade – três, nove ou catorze anos. O importante é transmitir os nossos valores

religiosos aos nossos filhos – uma das maiores alegrias e, algumas vezes, um dos maiores enigmas para os pais.

Em Deuteronómio 6:6, 7 Deus diz-nos que transmitir os nossos valores religiosos aos nossos filhos é uma

tarefa prioritária diária, o dia todo. Ensine seus filhos ao levantarem-se, ao deitarem-se, nas tarefas do dia-a-

dia. Envolva a mente, os olhos, ouvidos e mãos deles – em uma imersão total.

Isso parece-lhe difícil? Na verdade é muito natural e simplesmente flui de nosso viver diário na família.

1. Dê a seu lar uma atmosfera religiosa. As crianças absorvem a atmosfera que as cerca. Torne-a

espiritualmente palpável e voltada para a fé. Será que o vosso lar diz que são pessoas que têm fé em Deus?

Pode-se ver em sua casa elementos religiosos? Há revistas religiosas? A Bíblia está presente? Com que

brinquedos ou jogos seus filhos brincam? A que programas assistem na televisão? E quanto à Internet? Que

tipo de música é ouvida na sua casa? Quais são os temas das conversas? O que vêem seus filhos quando

despertam pela manhã? E quando fecham os olhos para dormir?

2. Fale da sua alegria no Senhor. As crianças gostam de estar onde há alegria e felicidade. Se a sua

fé em Deus é azeda, elas buscarão outros lugares onde haja alegria. Assim sendo, tome como lema de sua

família o Salmo 118:24: “Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele”. Agradeça

diariamente a Deus por Suas bênçãos. Comente-as e faça um “Livro de Registo das Bênçãos”. Anote as

alegrias especiais vindas de Deus, e permita que todos tenham a oportunidade, em todo e qualquer momento,

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Página 20 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

de registar as bênçãos recebidas. Fale a respeito do amor e do perdão de Deus. Fale de Sua graça. Fale da

alegria! Inunde os corações com a gratidão.

3. Fale da sua experiência pessoal e de fé com seus filhos. Não permita que a sua fé em Deus

seja um dos segredos de família mais bem guardados. Fale abertamente sobre Deus. Partilhe sua experiência

de fé – incluindo os altos e baixos – com seus filhos. Demonstre em sua vida o poder da graça de Deus. Eles

aprenderão que a fé é uma parte real de sua vida e desejarão ter essa mesma fé.

Meus pais partilhavam sua experiência pessoal de fé comigo e eu fiz o mesmo com meus filhos e netos.

Meu pai estava para se formar na faculdade em Teologia quando o director do colégio o chamou à sua sala. O

director pediu a meu pai para permanecer no colégio como o gerente do departamento de agricultura da

escola, dizendo que sentia que ele não tinha as capacidades sociais necessárias a um ministro.

O meu pai agradeceu ao director pela oferta de trabalho e por sua preocupação, mas disse que

realmente sentia o chamado para o ministério e que desejava dar a Deus a oportunidade de usá-lo dessa

forma. No verão, depois da formatura, ele trabalhou como treinador com um evangelista. No Outono,

exerceu como pastor e professor da escola da igreja. No ano seguinte, ele pastoreou a igreja em tempo integral

e a minha mãe passou a ensinar na escola. O meu pai permaneceu no ministério e se tornou um respeitado

administrador na Igreja. A história do meu pai incentivou várias gerações em nossa família a crer na direcção

de Deus e a segui-la.

Os filhos podem ser gentilmente conduzidos, mas não impelidos, a terem fé em Deus. Faça com que a

sua fé seja o início de uma tradição na família, transmitida de geração em geração. Este é o caminho do

Senhor. Ele diz: “...ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos” (Salmo 78:4-7).

4. Ore por seus filhos e com eles, todos os dias. Os pais cristãos sempre oram por seus filhos.

Ana orou por Samuel, Joquebede e Arão oraram por Moisés e Isabel e Zacarias, por João. Mas devemos fazer

do que orar por nossos filhos. Precisamos também orar com eles diariamente. Proferir orações breves durante o

dia mencionando suas alegrias e tristezas ou necessidades a Deus. Seus filhos prontamente captarão a ideia e

Deus passará a ser-lhes confidente e amigo.

Torne a oração uma tradição estabelecida no começo e no fim do dia. Reúna sua família ao seu redor

antes de enviá-la para enfrentar o mundo a cada manhã. Ore pela protecção dos anjos e pelo Espírito Santo

para que esteja com cada membro da família durante o dia. Faça o mesmo todas as noites, agradecendo a

Deus por Suas bênçãos e cuidado durante o dia.

Ouça com atenção as necessidades dos seus filhos e perguntas não proferidas. Responda com amorosa

preocupação. Ajude os seus filhos a encontrarem certeza na oração. Ore pelas decisões, pelo mau

comportamento, pelos eventos especiais e pelas tentações que enfrentam e a respeito das amizades. Ore

também por outras pessoas.

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Página 21 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

5. Leia a Palavra de Deus todos os dias. A Palavra de Deus fortalece a fé e provê respostas para

os dilemas da vida, certeza nas dificuldades, conexões em situações stressantes e provê promessas para o

futuro. Sem uma firme ligação com a Palavra de Deus, seus filhos não desenvolverão a fé em Deus.

Mostre aos seus filhos como a Bíblia é importante para si. Use-a todos os dias, com amor e reverência.

Procure resposta nas questões diárias. Reivindique as promessas bíblicas para as necessidades da sua família.

Mantenha a Bíblia da família num lugar especial de honra. Partilhe não só aquilo que aprendeu do estudo da

Bíblia, como também as suas alegrias na Palavra de Deus.

Os seus filhos necessitam do conhecimento da Bíblia para estabelecerem sua fé em Deus e para

aprenderem como Deus deseja que eles vivam (Ver 2 Timóteo 3:16). A Palavra de Deus pode ser um escudo

protector contra as tentações das armadilhas do pecado que os cercam. Torne o aprendizado da Bíblia

divertido e interessante. Crie lembranças felizes em torno da Palavra de Deus. Escolha uma hora do dia

quando todos estão descontraídos e desfrutarem da experiência da Palavra de Deus. Use uma versão moderna

a fim das crianças terem melhor compreensão. Seleccione passagens breves que tenham significado para as

crianças e que guiem o seu comportamento. Permita às crianças mais velhas tentarem compreender o

significado do verso e apresentarem as suas ideias. Confie que o Espírito Santo fala ao coração de seus filhos.

Use jogos bíblicos, encenação, cassetes, cd‟s, e figuras. Faça com que cada um dos seus filhos tenha a sua

própria Bíblia, e ofereça-a numa ocasião especial.

Ensine os princípios bíblicos que ajudarão os seus filhos a enfrentarem a vida. Mostre os motivos

bíblicos para a fé. Busque na Bíblia as respostas para os desvios, retornos e buracos na estrada da vida diária.

Ajude os seus filhos a pensarem de forma independente a respeito do que a Bíblia diz – que atitudes devem

tomar? Incentive-os a memorizarem versos chave que lhes serão de conforto e guia no futuro. Memorize

alguns versos divertidos e interessantes da Escritura. Personalize a Bíblia ao relacioná-la com os interesses,

necessidades e situações complicadas dos seus filhos.

6. Use as experiências diárias para ensinar os valores religiosos. Jesus normalmente ensinava

os valores ao contar histórias a respeito das situações diárias. O que é que a sua família vê diariamente que

possa aprofundar a fé de seus filhos em Deus?

Quando planta uma semente, acredita que ela germinará. Quando instala um programa no seu

computador, acredita no programador que o fez. Quando viaja de avião, confia que o mecânico irá conferir a

aeronave e que o piloto seguirá o plano de vôo. A fé e a confiança estão escritas por toda a parte no nosso dia

-a-dia. Pode usar essas experiências para ajudar os seus filhos a compreenderem a fé em Deus.

O discernimento pode ajudar a usar a natureza para ensinar os valores espirituais. As árvores, por

exemplo, têm muitas formas e tamanhos – palmeiras, carvalhos, pinheiros eucaliptos. Algumas têm raízes

profundas e podem-se curvar, mas não são arrancadas. Resistem a furacões e a grandes tempestades porque as

suas raízes estão firmadas profundamente na terra. Quando estudamos a Palavra de Deus e aprendemos a

respeito d‟Ele, estamos a plantar as raízes do nosso coração em solo profundo. Não podemos ser derrotados,

ficarmos prostrados ou destruídos pelas tentações de Satanás. Estamos protegidos por nossa fé em Deus.

No final, o que conta é a fé pessoal de seus filhos. Deveria usar todas as sugestões acima mencionadas a

fim de ajudá-los a desenvolverem uma fé pessoal com Deus. Convide seus filhos a aceitarem Jesus como seu

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Página 22 Sermão—Como Apreciar Sua Família Imperfeita

Salvador pessoal contra os laços pecaminosos de Satanás. Ensine os seus filhos acerca de Jesus como o

Amigo que nunca nos deixa ou abandona. Ele é um Amigo que perdoa e que deseja manter relacionamento

eterno com eles. Nada pode ser mais belo ou trazer maior paz. Seus filhos podem caminhar ao lado de Jesus

pelo resto de sua vida porque os apresentou a Ele e à sua fé religiosa.

Reimpresso da Signs of the Times, outubro de 1999. Usado com permissão. Quando da publicação original,

Donna J. Habenicht, Ed.D era professora na área de psicologia educacional e de aconselhamento na Andrews

University, Berrien Springs, Michigan, com especialização no desenvolvimento religioso e do caráter da

criança. Agora ela é jubilada e é autora dos livros How to Help Your Child Love Jesus, e Values Begin with God:

Eleven Essential Values and How to Teach Them to Your Child.

Strauss, R. (1975). How to raise confident children. Grand Rapids, MI: Baker Books

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Página 23 Sermão—Família com uma Missão

1

FAMÍLIAS COM UMA MISSÃO

(Esta reflexão e as duas seguintes são parte de um todo e podem ser usadas na formação das

famílias sobre o evangelismo pela amizade e pela hospitalidade.)

“Que foi que viram em tua casa?”

Certa vez, os emissários de Babilónia visitaram o rei Ezequias, de Judá, porque ouviram falar da sua cura

milagrosa de uma doença fatal e do sinal sobrenatural a ela associado – a sombra do sol retrocedera dez graus.

Feliz, Ezequias recebeu os seus convidados, mas parece que não mencionou a sua experiência de cura e deu

pouca ênfase àquilo em sua casa que teria aberto o coração desses embaixadores para o conhecimento do

verdadeiro Deus. O contraste entre a sua gratidão no capítulo 38 e o seu silêncio a respeito da cura no

capítulo 39 é chocante. Ezequias abriu o seu palácio aos embaixadores e mostrou-lhes todo o seu arsenal e

todos os seus tesouros. Quando eles retornaram para a sua terra, o profeta Isaías confrontou o rei com uma

pergunta penetrante: “Que foi que viram em tua casa?” (Isaías 39:4). A pergunta foi sensata. Demasiadamente

tarde Ezequias percebeu que seu orgulho o havia levado a declarar os segredos da riqueza nacional e de seu

arsenal bélico. Além disso, ele perdera a rara oportunidade de contar a verdade a respeito de Deus a esses

embaixadores estrangeiros.

“Deus preservara-lhe a vida para prová-lo”. Essa visita oficial era muito significativa, no entanto

não há registo de que Ezequias tenha buscado orientação especial, em oração, para essa ocasião, tampouco,

buscou-a dos profetas ou dos sacerdotes. Deus também não interveio. Sozinho, longe do olhar público, sem

consultar qualquer conselheiro, a obra de Deus em sua vida e na vida de sua nação não fazia parte da sua

agenda. O propósito do historiador bíblico em II Crónicas 32:31 pode ter sido mostrar com que facilidade as

bênçãos de Deus podem ser consideradas como um direito inato e o quão orgulhosos são os recipientes de

Sua misericórdia ao se tornarem auto-suficientes.

Algumas lições eternas a respeito da fidelidade no testemunho da vida de nosso lar que podem ser

observadas na experiência de Ezequias são:

Toda a vez que uma visita chega a um lar cristão é uma oportunidade para receberem a influência dos

seguidores de Cristo, o exemplo de uma vida cristã e a mensagem do Evangelho.

Visto que poucos visitantes têm a tendência de iniciar uma conversa a respeito de temas espirituais, os

cristãos devem encontrar formas de serem sensíveis e buscarem momentos oportunos para partilharem as

boas novas.

Os cristãos não são chamados a mostrarem as suas posses materiais, embora possam reconhecê-las

como bênçãos de Deus. Eles são chamados a “anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a

sua maravilhosa luz” (I Pedro 2:9, NVI). Ou usando a experiência de Ezequias como um símbolo, para

declarar que eles estavam morrendo, mas que Cristo os curou; estavam mortos no pecado e Cristo os

ressuscitou e colocou nos lugares celestiais (Efésios 2:4-6).

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Página 24 Sermão—Família com uma Missão

Famílias com uma Missão

Campo Missionário. Nesta apresentação, desejamos explorar conceitos de família e de missão que

incluem: (1) evangelização dos membros da família no lar e (2) evangelização realizada pelos membros da

família em outros lares.

“Nossa obra para Cristo deve começar com a família, no lar. ... Não existe campo missionário mais

importante do que esse” (O Lar Adventista, p. 35).

“A missão do lar estende-se para além do círculo dos seus membros” (Ibidem, p. 31).

A comissão evangélica. Em todos os nossos esforços de partilhar a fé, a nossa mensagem e a missão

devem ser claras. Jesus identificou a missão de Seus seguidores como a proclamação do evangelho do reino

(Mateus 24:14) e o fazer discípulos (Mateus 28:19). Paulo sintetiza o que a mensagem é e o que o ministério

requer (2 Coríntios 5:17-21, NVI):

“Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram

coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o

ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando

em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. Portanto, somos

embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo

lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus tornou-se pecado por nós aquele que não tinha pecado,

para que nele nos tornássemos justiça de Deus”.

Aqui a mensagem, as boas novas do evangelho, é definida como Deus reconciliando o mundo consigo

através de Cristo. A missão é definida em termos de sermos embaixadores e de levarmos a mensagem de

reconciliação.

O Evangelho e o Plano da Salvação

Evangelho. Quando evangelizamos, levamos o evangelho às pessoas (cf. Isaías 52:7; Romanos 10:15 –

“os pés dos que anunciam as boas novas”; Mateus 24:14: “E será pregado este evangelho do reino”; Actos

8:4: “...iam por toda parte pregando a palavra”).

Os primeiros a anunciar o evangelho foram os anjos que anunciaram o nascimento de Jesus (Lucas 2:10

-14). Eudoka, traduzido como “boa vontade” realmente significa o favor de Deus, não o favor dos seres

humanos. De forma típica, a palavra é usada no Novo Testamento como a atitude de Deus, uma qualidade

positiva da deidade – Deus Se agrada, o “prazer” de Deus, o que Lhe agrada. O prazer e a boa vontade estão

nEle. (Compare Lucas 12:32: “...porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino”. Ver também Efésios

1:5, 9; Filipenses 2:13; 2 Tessalonicenses 1:11). Foi somente bem depois na história da cristandade – no

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Página 25 Sermão—Família com uma Missão

quarto e quinto séculos – que a igreja romana introduziu o conceito de os homens de boa vontade serem um

elemento decisivo para a salvação e temos o termo eudokia sendo interpretado como uma qualidade dos seres

humanos. A tradução da NVI capta o significado original: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos

homens de boa vontade”. “Homens” pode ser traduzido como “seres humanos” para incluir ambos os sexos.

O segundo Adão. Desde o início Deus tinha um plano para nos salvar (Génesis 3:15; Mateus 25:34;

Efésios 1:4). Diante do pecado de Adão e do nosso, como seus filhos, todos estamos destinados à morte,

mesmo antes de nascermos (Actos 17:25, 26; Romanos 5:12-19). Mas Deus em Sua misericórdia e graça nos

salvou ao dar Jesus à raça humana. Cristo é o segundo ou “último Adão”, assumindo a raça humana assim

como Adão a assumiu (I Coríntios 15:45; Fé e Obras, p. 88). Da perspectiva de Deus, toda a raça humana está

nesse segundo Adão, Jesus (1 Coríntios 1:30; cf. Génesis 2:7; Actos 17:26; Hebreus 7:7-10). A raça humana

tem uma nova história devido à justiça de Cristo. Sua morte substituta na cruz foi por todos (2 Coríntios

5:14). Por Sua morte toda a família humana foi reconciliada com Deus (Isaías 53:3-5; Romanos 5:9-11;

Colossenses 1:15-23; 2 Coríntios 5:17-19, 21). A raça de Adão foi morta n‟Ele, ressuscitada n‟Ele, ascendeu ao

Céu n‟Ele e está sentada com Ele mesmo agora nos lugares celestiais (Efésios 1:3-14; 2:4-6). Somos completos

n‟Ele (Colossenses 2:10), perfeitos na perspectiva de Deus (Romanos 5:1, 2: 1 Coríntios 1:30; 2 Coríntios

5:21; Hebreus 10:14).

A vontade humana e sua liberdade de escolha. Deus nos chama para crermos em Jesus e no que Ele

fez por nós (João 6:29). “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi” (Marcos 9:7). Ele é o caminho, a verdade e a

vida, ninguém vai ao Pai se não por Ele (João 14:6). Pela fé, deixamos de lado nossa velha vida, visto que pela

fé recebemos e nos identificamos pessoalmente com Sua morte pelo baptismo. Devemos agora viver com

“Cristo em nós” (João 15:4; Romanos 8:10, 11; Gálatas 2:20; Colossenses 1:27). Pelo poder de Seu Espírito

habitando em nós, vivemos uma nova vida (Colossenses 3:1-10). A Escritura antecipa um processo de

crescimento espiritual nos crentes com vista ao amadurecimento da fé, pelo poder de Seu Espírito (1

Coríntios 3:1, 2; 13:11; 14:20; 2 Coríntios 3:18; Efésios 4:11-15; 2 Pedro 3:18). Mas estamos todos seguros

porque não somos salvos por nossas obras; somos salvos pela fé em Cristo (Efésios 2:8). Somente Ele é a

nossa justiça (1 Coríntios 1:30; 2 Coríntios 5:21; Filipenses 3:9). Embora a Escritura claramente aconselhe o

crente a abandonar o pecado, a crescer no conhecimento da verdade, e a esforçar-se para se tornar em sua

vida pessoal tudo o que Deus declara que deve ser em Cristo, nossa salvação não depende do nosso

crescimento. O crescimento ao qual Deus nos chama é sempre em resposta à Sua maravilhosa graça.

A única forma de se perder. Pois se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus

pela morte de seu Filho. (Romanos 5:6-10; Efésios 2:5) Pela graça sois salvos. (Isaías 43:1-7; Marcos 10:13-16;

João 3:16; Romanos 5:8; 1 João 4:9, 10) Deus não quer que ninguém se perca, mas que todos se salvem (2

Pedro 3:9). A pessoa somente irá perder-se se deliberada, persistente e definitivamente recusar os benefícios

do ato salvador de Deus, visto que não há salvação além de Cristo (Marcos 1:15; 16; João 3:18, 36; Atos 4:12;

Hebreus 2:1, 2;10:26, 35-39). Se insistirmos em rejeitá-Lo, Deus respeitará a nossa escolha. Ele não obriga

ninguém a aceitar a Sua graciosa dádiva em Cristo, mas relutantemente nos deixará livres (Oséias 11:1-8;

Mateus 23:37). Deus é longânimo e paciente e jamais desiste de nós (Número 14:18; Salmo 86:15)!

Certamente, não se esquece de nenhum de Seus amados filhos (Marcos 10:13-16). Então, estas são as BOAS

NOVAS!

“Quando tomou sobre Si a natureza humana, Cristo ligou a Si a humanidade por um vínculo de amor

que jamais pode ser partido por qualquer poder, a não ser a escolha do próprio homem. Satanás apresentará

constantemente engodos, para nos induzir a romper esse laço – escolher separar-nos de Cristo. É aqui que

temos necessidade de vigiar, lutar, orar, para que nada nos seduza a escolher outro senhor; pois que estamos

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Página 26 Sermão—Família com uma Missão

sempre na liberdade de o fazer. Mas conservemos os olhos fitos em Jesus, e Ele nos preservará. Olhando para

Jesus estamos seguros. Coisa alguma nos poderá arrebatar de Sua mão” (Caminho a Cristo, p. 72).

“O sacrifício de Cristo como expiação pelo pecado, é a grande verdade em torno da qual se agrupam as

outras. A fim de ser devidamente compreendida e apreciada, toda verdade da Palavra de Deus, de Génesis a

Apocalipse, precisa ser estudada à luz que imana da cruz do Calvário” (Obreiros Evangélicos, p. 315).

“Próximo está o fim! Não temos um momento a perder! Do povo de Deus deve irradiar a luz, em raios

vívidos, apresentando Cristo às igrejas e ao mundo. ... Os instrumentos a serem usados são as pessoas que

recebem de boa vontade a luz da verdade a elas comunicadas por Deus. Estas são os meios pelos quais Deus

comunica o conhecimento da verdade ao mundo. Se mediante a graça de Cristo Seu povo se tornar novos

odres, Ele os encherá com o vinho novo. Deus dará mais luz, e velhas verdades serão recuperadas e postas na

moldura da verdade; e onde quer que forem os obreiros hão de triunfar. Como embaixadores de Cristo,

cumpre-lhes pesquisar as Escrituras, procurar as verdades ocultas sob o pó do erro. E todo raio de luz

recebido deve ser comunicado aos outros. Um interesse predominará, um assunto absorverá todos os outros

– Cristo, Justiça nossa” (Filhos e Filhas de Deus, MM 1956, p. 259).

Mensageiros. As famílias cristãs hoje unem-se a uma longa fila de “mensageiros” que proclamam “Ele

ressuscitou” (Mateus 28:7). A realidade da Sua ressurreição dá credibilidade a tudo o mais que Jesus disse de Si

mesmo, a respeito de Deus e de Seu amor pelos pecadores, sobre o perdão, e a certeza da vida eterna pela fé

n‟Ele. As Escrituras nos dão lampejos do vasto efeito sobre a vida dos primeiros seguidores de Jesus – lares

abertos para o estudo da Bíblia, orações e refeições feitas em conjunto, dinheiro e recursos partilhados e

grande cuidado de uns para com os outros. Subitamente essas pessoas tornaram-se sem pecado? Não. Havia

conflitos e discórdias entre eles? Sim. Mas, de alguma forma, esses seguidores de Cristo eram diferentes.

Reconheciam sua necessidade de Deus para o cumprimento da oração de Jesus no Getsêmani (João 17:20-23).

Eles testemunhavam uns aos outros e aos descrentes com ousadia, até mesmo pondo a sua vida em risco com

asr suas crenças.

Nem sempre eles foram assim. Tinham necessidade do Espírito de Deus (Lucas 24:49; Actos 2:1-3).

Antes de Sua vinda através do Pentecostes, talvez tenham corrido como Aimaás, o mensageiro, mas sem boas

novas para partilhar (2 Samuel 18:19-22). O mesmo pode ocorrer connosco. Mesmo nesta era, preconceituosa

como é para com os assuntos religiosos, as pessoas estão desejosas de algo que ainda não ouviram. O Espírito

anela inundar o coração humano com entusiasmo pelo evangelho. Quando as boas novas realmente se

tornam boas em nosso coração como o são na Palavra, falar do evangelho será algo espontâneo e inevitável.

“A verdade ... é tão simples que a criança mais humilde e frágil pode compreendê-la” (Testemunhos para a

Igreja , vol. 1, p. 338).

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Página 27 Sermão—Família e Evangelismo

2

SUA FAMÍLIA: UM CENTRO DE EVANGELISMO

“Família” e “Evangelismo”

Qual é o efeito de colocar essas duas palavras juntas? O que acontece quando colocamos a palavra

“família” na frente de “evangelismo”? Como a “família” afecta o “evangelismo” e o “evangelismo afecta a

“família”?

O evangelismo é considerado em termos mais pessoais.

A dimensão do relacionamento fica mais evidente.

O apelo ocorre entre as gerações.

Está implícito o fortalecimento e a cura da família.

A ênfase é posta no apresentar as famílias a Jesus.

A abordagem do produto/estatística é suprimida.

Há maior cordialidade e tempo envolvidos.

A abordagem é com base nas necessidades.

Nossa Missão em Nosso Lar

Primeiro a família. Os recipientes naturais de nosso empenho de partilhar o evangelho são as pessoas

que vivem em nossa casa (João 1:40-42; cf. Deuteronomio 6:6,7; Rute 1:14-18). Não há campo missionário

mais importante do que esse (O Lar Adventista, p. 35). O evangelho de João capta a exultação de André

quando encontrou o Salvador. “O que fez em primeiro lugar [André] foi encontrar o seu irmão Simão”.

André reagiu à aprendizagem de que Jesus era o Messias de forma natural, como alguém que realmente tem

boas novas a contar reage. Ele não podia contê-las; elas simplesmente têm de ser transmitidas àqueles que

estão próximos e que nos são queridos. André foi além de simplesmente dar a informação, ele providenciou

para que Simão (a quem Jesus chamou “Pedro”) fosse apresentado a Jesus. A transmissão entusiástica a respeito de

Jesus e a apresentação a Ele em pessoa – que fórmula simples para falar do evangelho com parentes em nosso lar!

Depois da apresentação, André retirou-se. Daí em diante Jesus e Pedro tiveram um relacionamento único

entre si.

Ensine às crianças o lugar da fé. Muitas vezes as crianças acabam esquecidas no lar como recipientes

apropriados para conhecerem o evangelho. Equivocadamente, os pais presumem que os filhos simplesmente

irão absorver a espiritualidade da família. Isso não pode ser dado como certo; embora as crianças e os jovens

aprendam pela observação, é também verdade que esses membros jovens da família do Senhor necessitam de

atenção individual e da oportunidade de serem apresentados a Ele pessoalmente. Deuteronomio 6 insiste

nesse ponto: deve dar-se atenção a um tipo de educação religiosa mais eficiente. Devem ser postos em prática

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Página 28 Sermão—Família e Evangelismo

tempo e esforços sinceros em favor das crianças e dos jovens a fim de que a próxima geração também seja

composta por pessoas de fé.

Rute viu Noémi, num de seus momentos de maior fraqueza, quando tentou fazer com que sua nora

voltasse para a sua família e quando ela derramou sua amargura contra Deus contando as suas perdas (Rute

1:15, 20, 21). Não há testemunho mais eloquente do que o que Rute pôde dar para mostrar que os jovens

podem estar à altura de fazer um compromisso com um Deus perfeito, mesmo quando apresentados a Ele

por pais ou parentes imperfeitos.

A bênção do cônjuge cristão (I Coríntios 7:12-15; I Pedro 3:1, 2). Infelizmente, a aceitação da

mensagem do evangelho pode levar a conflitos na família. O Novo Testamento apresenta o dilema

enfrentado por alguns conversos a Cristo, a escolha de segui-Lo pode prejudicar o casamento, a instituição

criada pelo próprio Cristo. O Novo Testamento provê conselhos para os casamentos divididos por motivos

religiosos.

Em I Coríntios, Paulo responde às preocupações dos conversos de que permanecer casado com o

cônjuge descrente pode ser ofensivo a Deus ou trazer aviltamento sobre si e sobre os filhos. Não é assim, diz

Paulo. O sagrado estado do casamento e sua intimidade devem continuar depois da conversão de um dos

cônjuges. A presença do cônjuge cristão “santifica” o outro e os filhos do casal – não no sentido de mudarem

sua condição diante de Deus, visto que isso envolve sua resposta pessoal a Cristo – mas no sentido de serem

uma fonte de bênção e de porem o descrente em contacto com o reino da graça. Como se trata da entrega do

coração, o cônjuge descrente pode decidir abandonar o casamento. Embora as consequências sejam graves, a

misericordiosa palavra de Deus ao descrente é “que se separe”, e ao crente diz que ele ou ela não está

“debaixo de servidão” (I Coríntios 7:15).

A preferência da Palavra de Deus é que, a despeito dos desafios de um lar espiritualmente dividido, seja

encontrada uma forma de manter a paz de Cristo ali. A esperança é manter o casamento intacto, evidenciar o

triunfo do evangelho em meio às dificuldades, promover o conforto do cônjuge com quem o crente forma

uma carne, embora seja descrente. Bondoso amor, fidelidade inabalável, serviço humilde e testemunho

atraente da parte do crente criam maiores possibilidades de conquistar o cônjuge não cristão. A submissão

mútua dos cônjuges no casamento cristão revela a reverência por Cristo (cf. Efésios 5:21). No que diz respeito

à submissão cristã no casamento com um não cristão, a primeira fidelidade é sempre a Cristo. A fidelidade às

reivindicações de Deus sobre a nossa vida não requer que o cônjuge sofra abuso nas mãos de um parceiro

violento.

Famílias Alcançando Famílias

A vida da família é para compartilhar. A ênfase do Novo Testamento na imitação reconhece o papel

importante do modelo no processo da aprendizagem (Efésios 5:1; I Coríntios 4:16; I Tessalonicenses 1:6;

Hebreus 6:12; 13:7; III João 1:11). As pessoas têm a tendência de se parecer com aquelas a quem observam.

Este princípio aplica-se aos relacionamentos em geral e, especialmente, ao lar, onde a imitação é comum: as

crianças imitam seus pais e irmãos; os casais, muitas vezes, imitam-se um ao outro. Esse conceito provê uma

chave importante a respeito de como os casais e famílias podem testemunhar de Cristo a outros casais e

famílias.

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Página 29 Sermão—Família e Evangelismo

O poder da influência social. Testemunhamos em nossos lares quando provemos oportunidades

para que os outros nos observem em nossa forma de ser em nosso lar. Ali as pessoas podem ver como o

Espírito de Jesus faz a diferença. “É uma força maravilhosa. Se queremos, podemos valer-nos dela para

auxiliar aqueles que nos rodeiam” (A Ciência do Bom Viver, p. 354). “O lar cristão deveria ser, na verdade, o

centro de amizade contagiante, com as portas abertas para a necessidade humana” (Mace, 1985, p. 98).

O casal convida outros casais para refeições, momentos descontraídos, estudo da Bíblia ou quando

assistem a um encontro para casais onde os visitantes podem ver um modelo. A demonstração de

reciprocidade, afirmação, comunicação, resolução de conflito e acomodação das diferenças dão testemunho

de sua vida juntos em Cristo. Os seminários para pais e grupos de apoio quando cristãos e não cristãos

misturam-se com o mesmo fim. O modelo de família para família ocorre quando as famílias cristãs convidam

outras famílias para refeições, recreação, ou culto em família. Todo exemplo humano é falho, contudo o

testemunho do lar cristão não diz respeito a mostrar a perfeição absoluta. A noção de imitação no Novo

Testamento é um chamado aos indivíduos para seguirem os crentes que seguem a Cristo. A ideia é que as

pessoas captem a fé e vejam-na demonstrada na vida de outros que são humanos e falíveis como eles são.

Evangelismo pela hospitalidade. A importância da hospitalidade fica evidente na Escritura como

um todo: Abraão e Sara (Génesis 18:1-8); Rebeca e sua família (Génesis 24:15-20; 31-33); Zaqueu (Lucas 19:1-

9); cf. Isaías 58:6, 7, 10-12; Romanos 12:13; I Pedro 4:9. A hospitalidade satisfaz outras necessidades básicas

como o repouso, alimento e companheirismo. É uma expressão tangível do amor altruísta. Jesus deu

significado teológico à hospitalidade, quando ensinou que alimentar o faminto e dar de beber ao sedento eram

actos de serviço feitos a Ele (cf. Mateus 25:34-40). Ao usar o lar para o ministério podemos ir da simples

oferta de um copo com água a uma criança, a convidar os vizinhos para uma refeição e ainda à hospitalidade

radical de ceder um aposento da casa para abrigo de uma vítima de abuso enquanto ela se reabilita. Pode

envolver uma simples amizade ou pode ser oportunidade de orar por alguém ou dar estudos bíblicos. A

verdadeira hospitalidade brota de corações que foram tocados pelo amor de Deus e que anelam dar expressão

tangível desse amor por meio de palavras e acções.

Pedro falou da aparente relutância de alguns em serem hospitaleiros (I Pedro 4:9). As famílias

contemporâneas são também, algumas vezes, relutantes, alegando falta de espaço, tempo e/ou de energia para

oferecer a hospitalidade. Alguns sentem -se inadequados, sem habilidades e inseguros a respeito de ir além do

que lhes é familiar a fim de se associar com os descrentes. Alguns desejam evitar as complicações de sua vida

que podem surgir do envolvimento com outras pessoas. Muitas famílias contemporâneas confundem a

hospitalidade com a recepção. O quadro abaixo indica o potencial para o ministério na hospitalidade em

comparação com a recepção.

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Página 30 Sermão—Família e Evangelismo

O poder do lar para evangelizar. “Muito mais poderosa que qualquer sermão pregado é a influência

de um verdadeiro lar, no coração e na vida. ... Nossa esfera de influência poderá parecer limitada, nossas

capacidades diminutas, escassas as oportunidades, nossos recursos reduzidos; no entanto, se soubermos

aproveitar fielmente as oportunidades de nossos lares, maravilhosas serão nossas possibilidades” (A Ciência do

Bom Viver, pp. 352, 355).

“Na verdade, o lar cristão é a mais poderosa agência evangelizadora no mundo. Porém, seu evangelismo

não ocorre de forma agressiva; ele é persuasivo. Proclama sua mensagem não por palavras, mas por acções.

Não diz aos outros o que devem ser; mostra-lhes o que podem ser. Por sua graciosa influência, os lares

cristãos fazem mais conversos do que todos os pregadores juntos. Dê-nos suficientes lares cristãos e o mundo

logo será um mundo cristão; pois a vida do mundo atinge níveis mais elevados somente na proporção dos

lares” (Mace, 1985, p. 113).

Ferramentas e Métodos para o Evangelismo na Família

Modificações das mensagens das séries tradicionais de evangelismo.

Acréscimo de ilustrações da família.

Apresentação doutrinária usando linguagem e aplicações da família.

o O sábado é o “dia da família”.

o O dízimo faz parte das finanças da família.

o Orar a Deus é como conversar entre a família.

Acrescentar temas sobre a família (aspectos da família) como alternativa para aspectos sobre a saúde,

que fazem parte das séries tradicionais de evangelismo.

Recepção Hospitalidade

Prioridades As coisas. As pessoas

Motivos

Autocentrada:

Para impressionar.

Para mostrar a casa e suas

realizações.

Centralizada nos outros:

Dar de si aos outros.

Desfrutar a companhia mútua.

Requisitos

Casa bonita.

Muito bem decorada.

Alimento fino e especial.

Pessoas em busca de

compartilhar a amizade.

Alimento simples.

Enfoque Causar impressão. Ministrar às pessoas

necessitadas.

Resultados

Elogios aos anfitriões.

Casa e mobiliário admirados.

Os convidados são

animados e encorajados.

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Página 31 Sermão—Família e Evangelismo

Sermões e estudos bíblicos que apresentem informação doutrinária e sobre a família.

Seminários e estudos bíblicos voltados para a família, especialmente designados, com carácter

evangelístico.

Programas dos ministérios da família focalizados na conquista de almas.

Programação para a família toda – por faixa etária ou multi-geracional, com algo para cada grupo etário,

como por exemplo, acampamentos com a família, programação para as crianças nas reuniões de evangelismo.

Orientação aos pais cujo enfoque esteja no fazer discípulos no lar.

Envolvimento de membros não adventistas nas actividades para a família patrocinadas pela igreja,

como por exemplo, classes para pais, enriquecimento matrimonial, programas do décimo terceiro sábado,

programas da Escola Cristã de férias, eventos desportivos, etc.

Grupos de apoio para casamentos cujos cônjuges não têm a mesma religião.

Referência e Bibliografia

Mace, D. & V. (1985). In the presence of God: Readings for Christian Marriage. Philadelphia: The

Westmininster Press.

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Página 33 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo

3

“FAMÍLIA” OBJECTO DO EVANGELISMO

Era comum nos tempos bíblicos que os evangelistas proclamassem o evangelho no ambiente do lar

para que todo o grupo familiar respondesse juntamente.

O nobre judeu que procurou Jesus para curar o seu filho voltou para casa e o encontrou curado. O

resultado foi que todos os da sua casa creram (João 46:53).

Cornélio, “piedoso e temente a Deus com toda a sua casa”, convidou seus parentes e amigos íntimos

para ouvir a pregação de Pedro. O Espírito Santo veio sobre todos os que ouviram a mensagem e eles foram

baptizados (Actos 10:2, 24, 44-48).

Lídia respondeu à mensagem de Paulo, pregada no sábado, junto ao rio em Filipo e, logo depois, ela e

os de sua casa foram baptizados (Actos 16:11-15).

Toda a casa de Crispo, principal da sinagoga (Actos 18:8), de Aristóbulo (Romanos 16:10), de Narciso,

cuja casa é dita que estavam no Senhor (Romanos 16:11), de Onesíforo (2 Timóteo 4:19), de Estéfanas, foram

baptizados por Paulo (1 Coríntios 1:16) e mencionados como os primeiros conversos da Acaia (1 Coríntios

16:16). Tradicionalmente, acredita-se que os da casa de Estéfanas sejam os da casa do carcereiro de Actos 16.

O Impacto do Individualismo no Evangelismo e na Família

O crescimento do individualismo nos últimos séculos tem exercido efeito negativo sobre as atitudes

para com a família e o evangelismo. Bellah (Habits of the Heart, 1996) descreveu os inícios do individualismo

como produto de John Locke. Ele era tremendamente influente no século dezassete na Inglaterra e na

América. Locke proclamou os direitos dos indivíduos. O indivíduo é o fundamento da sociedade. O indivíduo

é mais importante na sociedade e nos grupos sociais visto que as famílias vêm à existência somente através de

contratos voluntários de indivíduos que tendem a maximizar os seus próprios interesses.

O espírito de individualismo é tipicamente considerado como uma qualidade desejável para o

adventista, visto muitas vezes ser-lhe necessário nadar contra a correnteza social e teológica. O evangelismo

adventista contemporâneo tem como alvo principal os indivíduos. Temos de enfrentar o ponto destacado por

Bellah quando diz que, sempre que a filosofia moderna do individualismo é encontrada, certa apreciação pela

família como grupo se perde. O individualismo muda a nossa forma de pensar a respeito da família e muda o

nosso comportamento para com ela e nela.

Sem dúvida, a Escritura reconhece cada pessoa como um indivíduo:

Os indivíduos têm valor, e têm o livre arbítrio (Jeremias 1:5; Ezequiel 18:20; Mateus 10:30, 31; Actos

2:39).

Jesus e os apóstolos deram atenção pessoal aos indivíduos (cf. Marcos 3:14-19; 10:46-52; João 3:1; 4:7;

1, 2 Timóteo; Tito; Filemom).

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Página 34 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo

A salvação deve ser recebida individualmente (Romanos 10:13, 17; Apocalipse 22:12). Alguém disse:

“Deus não tem netos”.

No entanto a Escritura também menciona afirma os grupos nos quais os indivíduos vivem em

sociedade, especialmente a família.

É importante estar associado aos outros (1 Coríntios 12).

Somos chamados a ministrar uns aos outros (João 15:17; Romanos 15:14; Gálatas 5:13; Efésios 4:32).

A importância das famílias é afirmada e, como notamos, há evidência de que muitas famílias estão

vindo para a igreja juntas.

Claramente, os adventistas enfrentam o desafio de manterem o equilíbrio na ênfase bíblica sobre o

indivíduo e sobre o grupo familiar. A ênfase sobre o individual pode ajudar a fazer com que o pêndulo passe

para os extremos do enredo, da co-dependência e da perda da personalidade individual na família, no entanto

o grupo familiar deve também ser enaltecido e mantido como um centro incomparável de fortalecimento,

apoio, socialização e transmissão de valores de uma geração a outra.

Risco envolvido quando apenas uma pessoa na família é baptizada. Quando apenas um

indivíduo na família toma a decisão de se unir à igreja, muitas vezes há mudanças na dinâmica da família.

Muitas vezes os membros da família ficam em oposição.

Ao longo do tempo, a comunicação muitas vezes diminui, reduzindo assim as oportunidades para fazer

discípulos entre os membros da família.

O novo crente muitas vezes sente-se excluído pela separação da família, até mesmo culpado por os

haver, de alguma forma, abandonado.

As mudanças nos valores e no estilo de vida, como também a participação activa no programa da

igreja, podem cortar dramaticamente o período e as actividades nas quais a família participava junta.

Podem surgir atitudes negativas para com a igreja entre os membros da família e, em consequência,

surgirem barreiras que impedem a possibilidade de falar-lhes de Cristo e de atraí-los à comunidade da fé.

Consideremos novamente Mateus 10:35-37. A resistência à mudança na família, que tipicamente é

chamada de empenho evangelístico, pode ser interpretada na perspectiva de sistemas como homeóstasia. Para

se opor a essa resistência, Mateus 10:35-37, tem algumas vezes sido citado como evidência de que os

verdadeiros crentes devem deixar a família, como se os familiares fossem seus inimigos naturais.

Os judeus criam que um dos traços do Dia do Senhor, o dia quando Deus interviria na história,

seria a divisão das famílias. Os rabinos diziam: “No período em que o Filho de David vier, a filha se voltará

contra sua mãe, a nora, contra a sogra”. “O filho desprezará o pai, e a filha irá rebelar-se contra a mãe; a nora,

contra a sogra e os inimigos do homem serão os de sua própria casa”. É como se Jesus estivesse dizendo: “O fim pelo

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qual vocês sempre esperaram chegou; e a intervenção de Deus na história está dividindo o lar, os grupos e as famílias em dois”.

(Barclay, 1975, p. 393, itálico acrescentado.)

Em outras palavras, não quer dizer que as famílias em si sejam inimigas do evangelho, mas que o

chamado do Messias ao discipulado exige uma resposta que separará cada grupo social. Tendo em vista que

alguns responderão e outros não, a divisão ocorrerá na sociedade como um todo, incluindo as pessoas de

dentro de casa.

Nossa lealdade final é para com a família do céu. Certamente os fortes laços que unem as famílias não

devem impedir ninguém de fazer um compromisso pleno e total com Deus. Não obstante, embora a realidade

de um mundo pecaminoso signifique que seguir o chamado espiritual de Jesus pode exigir afastar-se daqueles

que tomam uma decisão diferente com respeito a segui-Lo, especialmente aqueles que são espiritualmente

abusivos ou destrutivos em relação à fé cristã, deve-se envidar todos os esforços para ajudar os indivíduos a

manterem os seus laços familiares.

Como família evangelista, podemos enfrentar dilemas éticos quando aparecem elementos do estilo de

vida adventista que entram em conflito com a vida do novo membro da família. Em tais circunstâncias, não

sejamos prontos em fazer julgamento moral quanto a assuntos de dieta, vestuário, recreação ou outras

questões do estilo de vida da família que, se obrigados a cessarem, podem ameaçar os laços conjugais ou

familiares.

A Centralidade da Família no Cumprimento da Comissão Evangélica

Jesus disse: “Ide, portanto, fazei discípulos” (Mateus 18:19). Discípulo é aquele que está descobrindo a

verdade de Deus e os princípios de Seu reino e crescendo em sua capacidade de tornar esses valores um estilo

de vida pessoal (João 8:31). Não há influência maior do que a da família no desenvolvimento dos valores da

pessoa.

Jesus também distinguiu os discípulos como pessoas cujo amor pelos outros é tão incomum que causa

profunda impressão naqueles que os observam (João 13:35). É na família onde os indivíduos primeiro

aprendem, para o bem ou para o mal, a respeito dos relacionamentos e do amor. A família pode ser a via para

a compreensão e para o amor de Deus, ou pode tornar tal compreensão e experiência uma impossibilidade

virtual, a não ser pelo milagre da graça. A família também tem a principal oportunidade e a responsabilidade

de ser o agente do Espírito Santo no cultivo do amor altruísta entre os membros, o tipo de amor que dá o

testemunho vitorioso dentro da família e na vizinhança. Por isso, a família é fundamental para o cumprimento

da comissão evangélica. Vários autores enfatizam essa centralidade:

Se os discípulos são aqueles que se relacionam com o seu mestre no contexto de um

relacionamento inicial, então a capacidade de formar relacionamentos iniciais é necessária no processo de fazer

discípulos. Segundo, se os relacionamentos iniciais consistem em habilidades de relacionamento que são

generalizadas de um grupo inicial para outro, então a família é a chave em sua importância porque é o lugar

onde essas habilidades ou são bem aprendidas ou não. Por fim, se a família é a organização social na qual

essas habilidades são aprendidas, o mais essencial então é que a família se torne fundamental para o processo

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Página 36 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo

de fazer discípulos. Ela é o lugar onde são aprendidas as habilidades de relacionamento semelhante às dos

discípulos e é o grupo principal no qual ocorre o discipulado. (Guernsey, 1982, p. 11.)

A imagem que a pessoa tem de Deus é muitas vezes modelada à imagem de seus pais,

especialmente à do pai. Se os pais são felizes, amorosos, aprovadores e perdoadores, o indivíduo tem maior

facilidade para experimentar um relacionamento positivo e satisfatório com Deus. Mas se os pais forem frios

e indiferentes, talvez o indivíduo sinta que Deus está distante e que não tem interesse nele em termos

pessoais. Se os pais forem pessoas que ficam iradas frequentemente, hostis e demonstrarem rejeição, o

indivíduo frequentemente sente que Deus nunca o poderá aceitar. Se os pais são demasiadamente exigentes,

normalmente, a pessoa tem a noção errada de que Deus também não está satisfeito com ela. (Strauss, 1975,

pp. 23, 24.)

As primeiras experiências na família determinam a nossa estrutura de personalidade adulta, o

retrato interior que fazemos de nós mesmos, de como vemos os outros e pensamos a respeito deles, o nosso

conceito de certo e errado, a nossa capacidade de estabelecer relacionamentos íntimos, amorosos e

duradouros necessários para a formação da nossa família, de nossa atitude para com a autoridade e para com a

Autoridade Maior em nossa vida, e da forma como tentamos fazer sentido em nossa existência. Nenhuma

interacção humana exerce maior impacto em nossa vida do que a experiência na nossa família (Nicholi, 1979,

p. 11.)

Aproveitando o poder do apoio da família. As normas que regem a interacção na família constituem

a força a ser ajustada e devemos compreendê-las se desejamos de facto criar impacto. “Aquele que procura

transformar a humanidade deve compreender ele próprio a humanidade” (Educação, p. 78). Sem essa

compreensão o nosso impacto seria muito limitado.

Família, não é apenas um aglomerado de pessoas a viver na mesma casa. Ela é um grupo tipicamente

ligado um ao outro por laços únicos, e é essa dinâmica que devemos compreender ao pensarmos no

evangelismo na família.

Buscar formas de reforçar os fortes laços de simpatia e lealdade de uns para com os outros que são tipicamente formados

na família. Somos seres relacionais de acordo com o propósito de Deus. Deveríamos tentar trabalhar com os

laços naturais da lealdade na família de todas as formas possíveis em vez de ir contra eles.

Visto que os membros da família normalmente buscam em primeiro lugar apoio uns nos outros, podemos ajudá-los a

desenvolver relacionamentos mais íntimos. Os membros da família, cientes dos pontos fortes e das lutas uns dos

outros, têm maior capacidade de prover fortalecimento e apoio espiritual uns aos outros no viver cristão. A

igreja aproveita o potencial da família para fazer discípulos quando isso ajuda os membros a desenvolverem

habilidades que os capacitam a encorajar “uns aos outros nas lutas da vida” (A Ciência do Bom Viver, p. 360).

Tipicamente os pais desejam o melhor para os filhos. O evangelismo na família ajuda o relacionamento entre pais e filhos.

Esse desejo paterno de prover o melhor para os seus filhos é parte do manual natural impresso por Deus nos

pais humanos (Mateus 7:9-11; 1 Timóteo 5:8). A responsabilidade paterna, que zela pelo bem-estar total dos

filhos, inclui o seu fortalecimento espiritual (Efésios 6:4). O evangelismo na família ajuda os pais a fazerem

provisões para o fortalecimento espiritual dos filhos. Isso ocorre quando o próprio fortalecimento espiritual

dos pais é desenvolvido e quando são melhorados os relacionamentos positivos na família e o exemplo é o

ensino dos pais (Deuteronomio 6:6-9). O processo de fazer os discípulos filhos de Cristo inicia-se com os

pais assumindo com seriedade sua espiritualidade e compromisso para com Deus (Deuteronômio 6:4-5; cf. 2

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Página 37 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo

Timóteo 1:5). Capacitar os pais para essa tarefa é a melhor forma de cooperar com Deus no levar os filhos a

aceitá-Lo pessoalmente.

Quão mais eficientes seriam nossos esforços em partilhar o evangelho se todos na família se tornassem

discípulos. Quão mais eficiente nosso evangelismo poderia ser se fossem encontradas formas de elevar o

significado da família, de compreender os princípios relacionais que actuam no sistema familiar e de cooperar

com esses princípios e construir sobre eles, em vez de tentar ignorá-los ou trabalhar contra eles.

Em Busca da Reconciliação nas Famílias

No empenho em partilhar o evangelho e em ajudar as pessoas a receberem as boas novas, focalizamos

com muita frequência a reconciliação com Deus e o estabelecimento do relacionamento com Ele. Muitas

vezes, contudo, as pessoas não podem realizar plenamente essa tarefa – algumas vezes não podem sequer

empreendê-la – até que tenham sido reconciliadas com as pessoas mais próximas, Jesus reconheceu essa

realidade quando disse: “primeiro vai e reconcilia-te com o teu irmão” (Mateus 5:24). As famílias – formadas

por várias gerações – constituem o terreno para o empenho evangelístico em grande medida não

desenvolvido. Cremos, portanto, que isso seja crucial. O evangelho deve ser apresentado como um bálsamo

curador para as verdadeiras feridas e mágoas na família.

Esse tipo de evangelismo irá requerer novas abordagens, novas habilidades e muita paciência com um

processo que talvez seja mais complicado do que estejamos dispostos a admitir. Mas que tem grande potencial

para o sucesso de levar o maior número de indivíduos na família a se unirem no Senhor. Acredita-se que tais

esforços possam resultar em muitas mais famílias tomando a decisão por Cristo. É evidente também que a

separação que muitas vezes por fim ocorre em circunstâncias nas quais uma pessoa tenha sido expulsa da

família seja atenuada e a família, como um todo, possa estar junta como fonte de apoio.

Conclusão

Duas histórias do Velho Testamento vêm à mente para fins da conclusão desta apresentação. Elas se

encontram em 2 Samuel 18 e 2 Reis 7:9. Não sabemos a que conclusões chegaram com essas duas histórias,

mas a primeira sugere-nos que antes de considerarmos unir a família com o evangelismo, devemos assumir a

tarefa de assegurar que as famílias realmente tenham boas novas.

Contrário ao mito popular de que o envolvimento no evangelismo resolverá todos os problemas

familiares, gostaríamos de sugerir que as famílias que não experimentaram o evangelho de uma forma que lhes

proveu cura interior para as feridas do passado e que afectaram radicalmente seus relacionamentos uns com

os outros no presente, assemelham-se a mensageiros que não têm boas novas a partilhar. Assim sendo, não

deveríamos enviá-las como mensageiros.

Estamos confiantes de que quando as notícias são muito boas não há como mantê-las em segredo na

família. Quando os Ministérios da Família desafiarem as famílias na área do evangelismo, que verdadeiramente

sejam estas uma a fonte principal de boas novas.

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Página 38 Sermão—Família e o Objectivo do Evangelismo

Referências e Bibliografia

Barclay, W. (1975). The gospel of Matthew, vol. 1. Philadelphia: Westminster Press.

Bellah, R., et al. (1996). Habits of the heart. Berkeley, CA: University of California Press.

Guernsey, D. (1982). A new design for family ministry. Elgin, IL: David C. Cook Publishing Co.

Nicholi, A. (25 de maio de 1979). The Fractured Family: Following It in the Future. Christianity Today.

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Página 39 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

DEIXE A LUZ DO AMOR BRILHAR

Karen e Ron Flowers com Roger e Peggy Dudley, autores de Maximum Marriage

Neste programa sete casais provêem ilustrações de suas jornadas conjugais que podem encorajar outros viajantes.

Introdução

No fortalecimento da fé pessoal, os cristãos há muito conhecem os benefícios de estarem com outros

crentes e conversarem a respeito de suas experiências, orarem juntos e obterem ideias valiosas como também

serem encorajados uns pelos outros. Através desse tipo de companheirismo, os cristãos ajudam-se

mutuamente a crescerem na comunidade da fé. Na troca de experiências da vida real, onde os cristãos estão

dispostos a serem vulneráveis ao serem autênticos, os descrentes podem passar a crer em Jesus, aquele que

tem dúvidas encontra a fé; o desanimado pode encher-se de esperança.

“Nem todos têm a mesma experiência na sua vida religiosa. Mas reúnem-se os de actividades

diversas, e com simplicidade e humildade de espírito expõem a sua experiência. Todos os que seguem a

estrada cristã ascendente devem ter, e terão, uma experiência viva, nova e interessante. Uma experiência viva

compõe-se de diárias provas, conflitos e tentações, resolutos esforços e vitórias, e grande paz e alegria obtidos

graças a Jesus. Uma narração simples de semelhantes experiências traz luz, força e conhecimento que ajudarão

outros em sua marcha na vida divina” (Nos Lugares Celestiais, MM 1968, p. 61).

Da mesma forma como as pessoas são renovadas e encorajadas a reunirem-se e conversarem, há

grande bênção quando os casais se reúnem para renovação, encorajamento e refrigério em seu casamento. O

casamento é mais do que apenas um homem e uma mulher. É uma entidade dinâmica, um casal unido, e é

importante receberem apoio espiritual de outros casais com necessidades e desejos comuns e a disposição de

se comprometerem a fortalecer e apoiar um ao outro na jornada da vida conjugal. Ao orarem juntos, abrirem-

se para a compreensão actualizada do relacionamento do casamento conforme a Palavra, partilharem

experiências comuns e juntos se empenharem no desenvolver suas habilidades relacionais, muitos acabam

reacendendo sua fé em Deus – o Criador do casamento – e renovam os votos para com essa instituição

sagrada. O casamento para esses casais é radicalmente diferente do casamento dos casais que os cercam e, à

medida que crescem na graça e na compreensão, põem em prática os ensinamentos de Jesus em seu

relacionamento.

Isto sem deixar de considerar o facto de que ao redor de cada casamento há um círculo sagrado que

deve ser cuidadosamente guardado e preservado. “Nenhuma outra pessoa tem o direito de entrar nesse

círculo” (O Lar Adventista, p. 177). O ciclo sagrado que dá ao casal individualidade e privacidade deve

permanecer intocável, mesmo quando têm amizade com outros casais. Ao darem testemunho e falarem de sua

experiência conjugal, cada um deve atentar para o desejo um do outro, protegendo-se mutuamente e sua

singularidade como casal, mantendo cuidadosamente os limites apropriados que cercam seu relacionamento.

O círculo em torno do casamento não é diferente da membrana ao redor da célula humana. A

membrana celular provê distinção e integridade para a célula, mas também permite a comunicação entre as

células circundantes e transfere informação e recursos entre elas. De igual forma, o círculo sagrado que cerca

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Página 40 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

o casamento não foi destinado por Deus para se tornar um muro impenetrável que inibe o fluxo de

relacionamentos e encorajamento recebido e dado no relacionamento. Na presença de outros casais, marido e

mulher, podem testemunhar de forma prática o amor e encontrar afirmação para sua relação, conforto em

meio da dificuldade, esperança para ajudá-los a seguirem em frente e inspiração para trabalharem para Deus.

Sobre Este Material

Este material destina-se a ser usado por pequenos grupos de casais, dando oportunidade para que cada

casal mantenha diálogo entre si e na discussão do grupo. As sete histórias de peregrinos na jornada conjugal,

que dão elementos para o início do diálogo a respeito da edificação do casamento, foram extraídas do livro

Maximum Marriage, de Peggy e Roger Dudley.

Os Dudleys dedicaram toda uma vida de serviço aos jovens adventistas, mais recentemente na Andrews

University. Ambos são formados em aconselhamento e também contribuem nas áreas de educação e pesquisa.

De especial importância destacamos o facto de que eles formam um casal feliz que tem trabalhado

incansavelmente, durante décadas, no fortalecimento de seu próprio casamento e de outros casais. Eles dizem:

Desejamos partilhar exemplos positivos da vida real que demonstram a capacidade da resolução

de problemas. Desejamos escrever um livro a respeito do sucesso, com experiências da vida real que ilustram

a existência de bons casamentos – eles representam um árduo trabalho. Mas, o esforço vale a pena. (Dudley,

2003, p. 8).

Use as histórias no pequeno grupo. Um casal no grupo deve ler em voz alta a história. Esse mesmo

casal pode liderar a discussão do grupo e isso será seguido por um tempo devotado ao diálogo pessoal do

casal. O diálogo pessoal pode ocorrer entre os casais na mesma sala, mas com distância suficiente para

permitir a privacidade.

Directrizes para o grupo. Para a discussão em grupo devem ser estabelecidas várias directrizes

importantes com o objectivo de ajudar a definir os limites apropriados no que será partilhado. Isto deve ser

discutido com os participantes antecipadamente a fim de que a discussão no grupo seja mantida a um nível

apropriado a fim de evitar qualquer constrangimento entre os cônjuges ou outros.

Falar por si mesmo. Falar de acordo com os seus sentimentos e ideias. Não falar pelo cônjuge ou pelos

outros. Dar à outra pessoa a responsabilidade de agir da mesma forma.

Falar da sua experiência. Permita que os demais extraiam as lições que lhes sejam significativas de sua

experiência e que façam a aplicação para a sua vida.

Falar voluntariamente. Ninguém deve ser pressionado a falar.

Respeitar o círculo sagrado. Falar apenas aquilo que ambos se sintam confortáveis em partilhar e apenas

sobre questões comuns a todos os casais e que acreditam tiveram sucesso na resolução de forma aceitável

para ambos.

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Página 41 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

Diálogo entre o casal. Se desejar entregue uma folha com um texto que dê início ao diálogo, ou

forneça aos casais papel e lápis para que anotem o texto que dará início ao diálogo e algumas breves respostas

que poderão ser partilhadas um com o outro.

A História do Rogério e da Margarida

Rogério: Quando eu era jovem e me estava a preparar para o ministério, senti-me fortemente

impressionado pela santidade e importância do chamado de Deus. Concluí o curso de Teologia com elevados

ideais e conceitos do ministério. De alguma forma, creio, deixei de equilibrar esse zelo com a importância da

família. Durante alguns anos (envergonho-me de dizer quantos) agi sob o princípio de que “a obra” deveria

sempre vir em primeiro lugar.

Eu amava muito a Margarida, e esperava que ela compreendesse que como esposa de pastor deveria

fazer sacrifícios. Ainda mais, ela deveria fazê-los com disposição e alegria. Então tomei consciência da

situação. Como director do Departamento de Jovens de uma associação, estava trabalhando com um grupo

de adolescentes e jovens adultos em numa série de reuniões da Voz da Mocidade. Certa manhã recebi um

telefonema urgente. A Margarida estava ligando do hospital. Fora-lhe diagnosticado um problema que

requeria cirurgia. Embora o problema não fosse grave, ela teria de levar uma anestesia geral e estava assustada

e sozinha.

Mas tínhamos uma reunião importante naquela tarde. “Se precisares, irei agora e não participarei da

reunião”, disse eu.

Em seu temor e incerteza ela necessitava de mim, sem dúvida -- desesperadamente. Mas como boa

cristã, conhecia a resposta apropriada. “Não, eu ficarei bem. Assiste à reunião; sei que é importante. Mas, por

favor, ora por mim”.

Naturalmente, no fundo ela estava esperando que eu dissesse: “Não, tu és mais importante” e que iria

correr para o carro e estar lá o mais rápido possível. Isso é o que eu deveria ter feito – mas não fiz. Minha

formação e pensamento permitiram-me aceitar a mensagem proferida e ignorar o clamor do coração, visto

que meu coração era insensível.

Não demorou muito para ela encontrar uma forma de me dizer quanto medo e solidão sentiu. Comecei

a perceber, pela primeira vez, o quão longe eu estava da compreensão do que realmente importava mais para

mim. Sabia que deveria fazer algumas mudanças em minha vida. Decidi que necessitava reservar tempo

importante e de qualidade para ela e nossa filha. Começamos a estabelecer um calendário para realizarmos

actividades em família e assim nutrir nosso relacionamento.

Gostaria de poder dizer que minha “conversão” foi permanente e que nunca perdi de vista minhas

prioridades. Porém, o crescimento humano não ocorre de uma vez. Com cada nova experiência aprendemos,

embora algumas vezes lentamente, com retrocessos ao longo do caminho. Quão maravilhoso é saber que

Deus é paciente connosco! Necessito de mais algumas experiências para me trazer de volta às prioridades que

de facto são o mais importante.

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Página 42 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

Margarida: O que eu menos desejava era criar conflito. Vira muito disso na minha infância. Não

houve modelos em meus anos de crescimento dos quais pudesse aprender o que era certo. Mas, graças a

Deus, aprendi essas habilidades nos seminários para casais e pela leitura de livros a respeito do casamento.

Esses materiais não estavam disponíveis até que chegamos à meia-idade. Antes disso, quase ninguém falava ou

escrevia a respeito de assuntos tão íntimos como o casamento.

Uma vez que aprendia algo conseguia conversar com o Rogério a respeito de nosso relacionamento

sem atacar ou censurar. O Rogério aprendeu a ouvir e a aceitar meus sentimentos sem tentar convencer-me

de que eram ilógicos. Percebi que também tinha a responsabilidade pela forma como vivíamos. Houve

ocasiões em que também caí na mesma armadilha das prioridades distorcidas. Certamente, houve ocasiões em

que o Rogério se sentiu menos importante do que meus estudos doutorais ou das exigências do trabalho. Mas

com a melhoria da nossa comunicação não foi muito difícil constatar como as nossas prioridades estavam

distorcidas. Aprendemos que a vida está em constante mudança e que portanto nossos ajustes devem seguir

essas mudanças. Verdadeiramente sinto que sou a prioridade do Rogério, depois o trabalho do Senhor, e

empenho-me em que ele saiba que a recíproca é verdadeira.

Iniciadores da Discussão em Grupo

Se julgar necessário, reveja as directrizes para a discussão em grupo.

Que partes da história da Margarida e do Rogério se parecem com a sua?

O que a tornou tão difícil para eles?

O que levou o Rogério a fazer um novo compromisso com a sua esposa e família?

O que crê que o Rogério quer dizer quando descreve o crescimento no relacionamento como “gradual

e lento”, “com retrocessos ao longo do caminho”?

Por que acha que era difícil para a Margarida dizer ao Rogério o que ela realmente sentia?

Que habilidades eles conseguiram desenvolver que lhes facilitou verdadeiramente a comunicação?

Iniciadores do Diálogo do Casal

Ocasiões em que permiti que o meu trabalho e a minha agenda pessoal tivessem a prioridade em meu

relacionamento contigo ...

Sentimentos que tenho quando sinto que nosso relacionamento parece ser uma lista de coisas para

fazer ...

Formas pelas quais posso ajustar minha vida e permitir mais tempo e energia ao nosso

relacionamento ...

Meu voto de me comprometer contigo é de te amar ...

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Página 43 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

História da Margarida e do Luís

Elisa : Kori, nossa cadela, gosta muito de “passear”. O Larry achava que eu não deveria levá-la comigo

ao sair para fazer algumas compras no mercado visto que a temperatura no verão estava muito elevada na

Carolina do Sul. Assegurei-lhe que não me iria demorar e que deixaria as janelas do carro abertas enquanto

estivesse fazendo as compras.

Quando saí da loja, vi o carro da polícia a bloquear o meu carro. Eu não havia deixado visível meu

cartão de “deficiente”. Depois que mostrei à policia meu cartão ela disse: “Espere! A Senhora cometeu duas

infracções. Deixou o cão preso no carro. O oficial do departamento de protecção aos animais já está a

caminho”.

Ambos os oficiais foram muito amáveis comigo quando eu prontamente admiti que estava errada nas

duas situações. Eles foram simpáticos ao perdoar-me as multas, mas salientaram que eu poderia haver

recebido uma multa de 200 Euros para cada infracção.

Estava orgulhosa ao relatar minha aventura ao Luís, e totalmente despreparada para a sua resposta

irritada. Esse tipo de coisa normalmente não o aborrece. A irritação inesperada a respeito de minhas

infracções deixaram-me furiosa e eu respondi: “Os policias foram mais compreensivos do que tu”. Sai

batendo a porta e fui para fora lamentar-me. Poucos minutos depois, voltei e pedi perdão.

O Luís também pediu perdão.

Embora tivéssemos acertado as coisas, eu ainda estava magoada. Ele foi para a escola e eu sentei-me

para ler a Bíblia. Necessitava encontrar algo que pudesse dizer ao Larry o quão profundamente ficara

magoada, algo que o encorajasse a ser mais compreensivo. Nada me vinha à mente. Peguei a caixinha com

promessas bíblicas e pedi a Deus para me dar um texto que me ajudasse. Mal pude crer quando vi a resposta

que Ele me deu: “Agora, pelo contrário, deves perdoar-lhe e consolá-lo, para que ele não seja dominado por

excessiva tristeza. Portanto, recomendo-te que reafirmes o amor que tens por ele” (II Coríntios 2:7, 8). Na

margem dessa passagem escrevi: “Policia-Kori-Luís 11/07/01”.

Luís: Acredito que vários aspectos fortalecem o nosso casamento além das expectativas normais.

Porém o mais importante é o estarmos firmemente comprometidos com o Senhor e com a nossa igreja.

Diariamente (de manhã e à tarde) despendemos 30 a 40 minutos realizando o culto juntos. Passamos também

tempo adicional em nossa devoção pessoal.

Ambos devolvíamos o dízimo e dávamos ofertas adicionais antes de nos casarmos e continuamos a

fazê-lo. Amamos nossa igreja e a apoiamos financeiramente e também com o nosso tempo. Continuamos a

acreditar que devemos frequentar os cultos da igreja.

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Página 44 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

[Cremos] que o casal deve orar junto e um pelo outro a cada dia. Quando Deus é o centro do lar há

uma força unificadora.

Iniciadores da Discussão em Grupo

Que aspectos da história da Margarida e do Luís se parecem com a sua?

Por que acha que os especialistas chamam a ira de “emoção secundária”, ou seja, uma emoção

que surge quando os sentimentos dos outros são inesperados.

Que sentimentos ocultos levaram-no a sentir a ira inesperada? À resposta também irada da

Margarida?

Que conexões poderia haver entre a capacidade da Margarida e do Luís de enfrentarem o

problema e de sua vida espiritual como casal?

Que evidência pode mencionar de sua própria experiência de que o Luís estava certo quando

disse: “Quando Deus é o centro do lar há uma força unificadora”.

Iniciadores do Diálogo do Casal

Uma ocasião em que o seu perdão transmitiu poderosamente o seu amor por mim foi...

Sentimentos interiores que sinto algumas vezes e que me deixam irritado ...

Coisas que posso fazer para abrir o caminho a fim de que possamos transmitir abertamente os

nossos sentimentos ...

Meios pelos quais posso contribuir para o nosso crescimento espiritual como casal ...

História da Tânia e do Jorge

A Tânia conta parte de sua história: Nunca nos vamos esquecer daquele dia, há 38 anos atrás,

quando nos vimos pela primeira vez. Foi na assembleia dirigida a pessoas que apresentam o nanismo (anões),

em Asheville, Carolina do Norte. Ambos tinhamos cerca de 30 anos e desejávamos um companheiro para a

vida cujas crenças fossem centralizadas em Deus. Ainda, desejávamos um cônjuge com condições físicas

similares – nanismo. Não pode haver contacto dos olhos quando uma pessoa tem 1,82m e a outra 1,22.

Ambos estávamos orando por um milagre. Este foi um sonho que Deus realizou....

Durante os últimos seis anos envolvemo-nos no Maranatha Volunteers International. Viajamos por

muitos lugares do mundo – Índia, Nepal, Argentina, África, Austrália, Venezuela, Honduras, Panamá, etc. – a

fim de usarmos nossas pequenas mãos para Deus na construção de igrejas, escolas, orfanatos e clínicas de

saúde.

Muitas dessas viagens foram para países em desenvolvimento, onde as pessoas realizavam os cultos em

cabanas. Quando partíamos, deixávamos belos edifícios com muitos membros. Ao ajudar os outros

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Página 45 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

recebemos muitas bênçãos! Sabemos que Deus tem um propósito para cumprirmos na vida. Encontrar outros

casais que também estão envolvidos nesse tipo de esforço, como também em partilhar histórias de como

Deus tem enriquecido a vida deles e de seu casamento. Isso nos tem ajudado a crescer.

Que emoção fazer a diferença na vida de alguém! Ter essa oportunidade de testemunhar e de trabalhar

com pessoas de outras culturas pode certamente ser uma experiência gratificante. Voltamos para casa

verdadeiramente abençoados. Participamos de 30 projectos e desejamos continuar envolvidos enquanto

pudermos. Hoje estamos mais fortes do que nunca no amor do Senhor e em nosso amor um pelo outro e por

outras pessoas.

Iniciadores da Discussão em Grupo

Que retrato de casal veio à sua mente quando soube que a Tânia e o Jorge são anões? Que

limitações esperava que eles tivessem?

De que forma seus conceitos pré-concebidos sobre eles foram mudados com a sua história?

O que isso lhe diz a respeito do potencial de cada casal ser uma bênção para os outros em nome

de Cristo?

Que experiência teve que confirma a verdade de sua convicção de que encontrar alegria no

serviço é um dos maiores fortalecedores do casamento?

Iniciadores do Diálogo do Casal

Lembrança de uma ocasião quando ajudar outra pessoa aproximou-nos mais ...

Coisas que nos impedem de nos comprometermos mais e aos nossos recursos para servir os

outros ...

Coisas que gostaria que fizéssemos juntos a fim de continuarmos reconhecendo as bênçãos

recebidas, partilhando-as com os outros ...

A História da Madalena e do Carlos

Madalena: Depois de 13 anos de casada descobri que a felicidade no relacionamento pode ser tão

imprevisível quanto jogar a moeda ao ar e calhar cara ou coroa. Cara, nosso casamento é óptimo; coroa, é

detestável. Estou certa de que nunca foi plano de Deus que o relacionamento fosse uma questão do acaso ou

da sorte. Assim, durante anos, lutei para determinar os segredos da verdadeira alegria no casamento, temendo

que minhas probabilidades fossem as mesmas de ganhar na lotaria.

Certo dia, em particular, o dia da “coroa”, perguntei ao Carlos o que ele achava de nosso casamento.

Ele me olhou directamente nos olhos e respondeu: “Nosso relacionamento parece girar em torno do seu

humor”. Por algum motivo sua resposta me perseguiu como uma dívida a ser paga. Quanto mais eu tentava

ignorá-la, mas urgente se tornava. Sentia que Deus tentava tirá-la de meu coração, mas obstinadamente eu

resistia. Além do mais, eu tinha muito com que estar ressentida.

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Página 46 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

Por exemplo, o Carlos deveria ter terminado a cerca no fundo do quintal. Com duas crianças pequenas

uma cerca era mais do que um desejo qualquer; tratava-se de uma questão de segurança. Porém, ele sempre

aparecia com alguma desculpa para fazer outra coisa que no meu parecer era menos importante. Depois de

aguardar vários meses para que ela fosse concluída minha paciência se esgotou e eu estava fervendo de raiva.

Sentei-me para meu culto e comecei a despejar minhas frustrações diante de Deus. Por que Ele não

transformava o Carlos? Sabia que Deus tinha o poder. Havia orado suficientemente para que fosse atendida.

Então, por que minhas orações não eram respondidas? Se tão somente o Carlos não fosse tão incerto.

Quando eu dizia que ia fazer algo, sempre cumpria minha palavra. Por que ele não podia ser mais semelhante a

mim? Mais semelhante a mim?

Então compreendi. A dura verdade. Certo, eu era confiável, mas um tanto enfadonha. Honestamente,

uma das coisas que eu admirava no Carlos era sua espontaneidade. Por exemplo, quando ficámos noivos,

fomos de carro a noite toda só para dar a novidade pessoalmente a seus familiares. Ideia do Carlos, é claro. E

então foram as flores. Recebia-as quando menos esperava, mesmo quando não havia datas especiais para

festejar. Se ele fosse mais “confiável” assim como eu, haveria tanto amor e brincadeira? Poderia ser que as

“deficiências” do carácter dele, que tanto me irritavam se transformassem na outra parte que eu mais amava?

Ao ver essa verdade instalar-se na minha mente, eu a armazenei como um dos tesouros mais valiosos.

Deus aceitou minhas fraquezas como também meus pontos fortes e amou-me com “amor eterno”. Talvez eu

pudesse aplicar Sua estratégia ao meu marido. Então a felicidade de nosso casamento já não mais dependeria

de um mero jogar a moeda. Estaria segura na conta bancária de Deus.

Iniciadores da Discussão em Grupo

Há um velho adágio que diz: “os opostos se atraem”. Como isso parece ser verdade na vida da

Madalena e do Carlos?

O que a Madalena diz e que é a resposta natural do coração humano quanto às diferenças no

outro?

Por que crê que as tentativas de mudar um ao outro não funcionam bem?

Porquê que o momento de consciencialização da Madalena é uma lição importante para os

casais?

Iniciadores do Diálogo do Casal

Ocasiões em que me senti totalmente conhecida/o, aceite e amada/o por ti...

Aspectos em que somos muito diferentes ...

Experiência divertida que tivemos tentando mudar um ao outro, sem sucesso ...

Minha afirmação a seu respeito como alguém diferente, mas muito precioso para mim que quero

entesourar pelo resto de minha vida. ...

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Página 47 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

A História da Teresa e do Ricardo

Ricardo: Perto do primeiro Natal de nossa vida de casados a Teresa e eu leccionávamos na Hylandale

Academy, em Wiscosin. Ganhávamos tão pouco que quando eu fui recrutado para o Exército, poucos

meses depois tive um aumento.

Não havia dinheiro para presentes natalícios, muito menos para uma árvore de natal ou decorações. Na

mata conseguimos encontrar um cipreste grande que foi arrastado pela neve até nossa casa. Os ramos eram

tão abundantes na base que ela se sustentava em pé sem qualquer suporte. A árvore ocupou um grande

espaço em nossa sala pobremente mobilada.

Teresa: Eu estava tão feliz com nosso primeiro Natal e nunca imaginei que teríamos uma árvore tão

grande, chegando até o tecto! Fiz bolachas suficientes para ornamentar três árvores!

Ricardo: Poucos dias antes do Natal, um sábado à noite, a Teresa me pediu para mover uma cómoda

para um dos quartos. Eu não me apetecia fazer isso, mas ela continuou insistindo. Finalmente cedi, mas

estava irritado com a Teresa. Pedi ao meu cunhado, Geraldo, para me ajudar a carregar a cómoda. Escolhi

carregá-la passando pela sala, apenas para mais tarde me arrepender. Ao passarmos pela sala, roçamos a

cómoda na árvore de natal. O Geraldo questionou se não deveríamos parar, mas eu estava impaciente com a

Teresa e simplesmente queria livrar-me da incumbência. Ao prensarmos a árvore, pressionamos tanto os

ramos que as bolachas caíram ao chão.

Teresa: Eu ouvi o barulho e fui até a sala e encontrei a árvore caída. Nenhum problema. Eu poderia

levantá-la e arrumá-la novamente. Mas ali no chão estava uma pilha de bolachas partidas. Todo o meu árduo

trabalho fora destruído. Corri até ao quarto e caí com o rosto enfiado na cama para que ninguém ouvisse

meu choro.

Ricardo: Quando eu voltei para a sala depois de colocar a cómoda no lugar sabia que algo estava muito

errado. Fui até ao quarto e lá estava a Teresa, deitada de bruços na cama e aos prantos. Sentei-me ao seu

lado e perguntei-lhe qual era o problema. Ela chorava tanto que não conseguia dizer nada.

Teresa: Entre soluços, finalmente conseguiu dizer: “tu ... tu .. tu partiste ... as minhas ... bolachas!”

Ricardo: Quando ela disse o porquê estava a chorar, imediatamente senti remorsos. Disse-lhe que

poderíamos fazer mais bolachas, mas nada parecia confortá-la.

Teresa: O Ricardo deu-me umas palmadinhas e disse que sentia muito. Realmente ele parecia sincero e

triste e é claro que o perdoei. O certo é que não tive tempo de fazer novamente outras bolachas.

Ricardo: Creio que o facto de a Teresa não ter tido tempo de fazer outras bolachas reforçaram-me uma

lição importante dessa experiência de Natal. Depois de agir impulsivamente, nem sempre é possível fazer as

coisas completamente certas no casamento. É melhor acalmar-se antes. Porém, a experiência também nos

ensinou lições positivas no casamento.

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Página 48 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

Teresa Hoje, 30 breves anos depois, não concordamos com cada detalhe de como e porque a

“tragédia” com as bolachas aconteceu, ou porque o Ricardo estava aborrecido de ter de mudar a cómoda de

lugar. Esses detalhes foram perdoados e esquecidos. O importante é que temos usado essa experiência para

uma melhor comunicação das esperanças e sonhos um do outro.

Sempre que chegamos a uma situação onde um de nós se importa bastante, dizemos: “Não parta

as minhas bolachas”. Essa é uma maneira gentil que transmite muita experiência e emoção e nos ajuda a

reconhecer que quando há uma necessidade não devemos pressionar muito, antes dar mais apoio um ao

outro. “Não parta as minhas bolachas” é uma forma de falar a nossa própria linguagem. Nós a

mencionávamos algumas vezes nos primeiros anos de casados. Nosso relacionamento cresceu a ponto de

necessitarmos empregar essa frase muitas vezes.

As árvores de Natal e as bolachas já não parecem tão importantes. Aprendi que as coisas na vida

não são tão valiosas quanto o nosso relacionamento.

Iniciadores da Discussão em Grupo

Qual é a verdade na conclusão do Ricardo de que “Depois de agir por impulso, nem sempre é

possível fazer tudo completamente certo no casamento”?

Ninguém chora tanto devido as bolachas partidas. O que as bolachas partidas simbolizavam para a

Teresa naquele Natal que a fizeram soluçar incontrolavelmente?

A Teresa diz que desde então usam essa experiência quando pensam que é “melhor manifestar a

compreensão pelos sonhos e esperanças um do outro”. Por que é tão importante compreender e ajudar um

ao outro a manter as esperanças e os sonhos no casamento?

O que a frase “Não parta as minhas bolachas” passou a significar entre eles?

Por que é que essa é uma lição importante para o casal hoje?

Iniciadores do Diálogo do Casal

Uma experiência das “bolachas partidas” à qual sobrevivemos ...

Vezes em que poderíamos usar um pequeno lembrete do quão importante é ouvir um ao outro e

ouvir os sentimentos e preocupações profundos. ...

Coisas que posso fazer para ajudar o nosso casamento a livrar-se de momentos difíceis quando

ferimos um ao outro e estamos a ter dificuldades para ouvirmos o coração do outro. ...

Sonhos e esperanças que gostaria de partilhar contigo ...

A história da Sara e do João

Sara: Casámo-nos jovens (21 e 23 anos). Eu estava a meio do curso superior e o João estava para

iniciar o seu mestrado quando eu concluí o meu curso. Depois que concluí o mestrado ele decidiu que seria

melhor comprarmos uma casa. Meus pais se dispuseram-se a pagar a entrada, mas as prestações aumentaram

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Página 49 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

assim como os nossos empréstimos escolares e outras contas de tal forma que estávamos mergulhados em

dívidas.

Eu, por natureza, sou extrovertida. Gosto de ter pessoas à minha volta e de me divertir. O lado triste

da minha personalidade é que tenho dificuldades em concentrar-me num objectivo, tal como o pagamento

das contas e dos empréstimos porque não vejo nada a acontecer, embora pareça que nunca tenho dinheiro

para gastar. Felizmente, os opostos se atraem, e casei-me com um homem que é mais introvertido e

focalizado nos objectivos. Ele percebeu que a fim de ambos nos concentrarmos no objectivo das dívidas a

serem pagas deveria torná-las reais para mim.

Certo dia ele estava fazendo a contabilidade dos pagamento e então chamou-me. Ele havia preparado

um quadro grande de cartolina. (Prefiro coisas que sejam visualmente estimulantes e interactivas. Um

pedaço de papel não teria funcionado da mesma forma.) Ali estavam relacionados os empréstimos e o mês

ao lado. Os montantes com os juros maiores vinham em primeiro lugar na lista.

Todos os meses, desde então, enquanto estava pagando as contas, ele me chamava e dava-me um

marcador vermelho para colocar um X num dos espaços providos. Quando a primeira conta foi liquidada, o

dinheiro separado para essa conta foi para outra conta na lista. Festejávamos quando uma conta era paga.

Nosso pagamento final foi para meus pais. Conseguimos pagar-lhes 500 Euros por mês até que os

10.000 Euros fossem pagos – algo que eu nunca pensei que fosse possível pagar. Isto somente se tornou

realidade porque não elevámos nosso padrão de vida (continuamos morando como estudantes, embora eu já

fosse uma profissional) até que todas as contas tivessem sido pagas.

Esse método realmente me ajudou. Podíamos ver o fim. Tornamo-nos uma equipe focalizada em

nosso alvo. Celebrávamos cada sucesso. Discutíamos o que desejávamos fazer com nosso dinheiro. Depois

de uma data específica em vez de dizer: “quando nossa dívida for paga”, eu podia ver para onde o dinheiro

ganho com sacrifício estava indo. A dívida não desaparecia simplesmente com a explicação “Tenho de pagar

as dívidas”.

Iniciadores para a Discussão em Grupo

Porquê que as finanças sempre estão no topo das questões que criam conflito conjugal?

Como o João conseguiu ajudar a Sara a compreender e cooperar com ele na concretização de seu

alvo de ver as dívidas pagas?

Porque é que esse alvo é tão importante no casamento?

Quais foram as recompensas que o João e a Sara experimentaram ao definirem juntos o seu alvo?

Iniciadores do Diálogo do Casal

O que desejo para mim (pense em seus alvos pessoais e conjugais mais importantes) ...

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Página 50 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

O que desejo para ti ...

O que desejo para nós ...

A História da Helena e do Jaime

Helena: Poucos dias depois da mudança para a nossa nova casa, com muitas caixas ainda

empacotadas, o Jaime teve de viajar durante quatro dias para Alberta, no Canadá. Como o seu trabalho

requeria muitas viagens, o nosso plano de partilhar as responsabilidades da casa ficou sem efeito.

Eu sentia falta de ter o Jaime em casa diariamente e comecei a nutrir sentimentos de irritação e

ressentimento. Gastava muito tempo preocupando-me e pensando “e se...”. Eu estava aborrecida com o

facto de ter de fazer a lida da casa e cuidar das crianças sozinha, sem familiares ou amigos íntimos por perto,

o que não me deixava tempo para procurar um emprego. Queria dar apoio ao ministério do Jaime mas

ressentia-me com o rompimento da família e com o meu emprego. Tornei-me muito defensiva e amarga em

minha interacção com o Jaime. A tensão em nosso relacionamento começou a agravar-se.

Jaime: Da minha parte, eu sentia a pressão da necessidade de me adaptar às muitas situações do meu

novo cargo e ainda permanecer ligado à família. Comecei a sentir que a Helena não me estava a dar o apoio

necessário e fiquei frustrado por ter de lidar com a grande tensão no lar assim como também no meu

trabalho que cada vez exigia mais de mim. Nosso orçamento também diminuiu devido à mudança de dois

salários para um. Isso pressionava mais a situação.

Infelizmente, não gastávamos muito tempo partilhando os nossos sentimentos um com o outro. A

nossa comunicação piorou e discutíamos a maior parte do tempo.

Helena: Quanto mais ressentida e amargurada eu estava com o Jaime, mas fácil era para ele trabalhar

até mais tarde e ficar longe de casa.

Jaime: Quando mais distante ficava de casa, mais irritada a Helena se tornava. Tornou-se um círculo

vicioso para nós, que nos teria destruído se não fosse a intervenção divina.

Helena: Tudo mudou, subitamente, certo dia quando o Jaime se estava preparando para outra viagem.

Senti-me muito mal e não conseguia sair da cama. O Jaime perguntou-me se eu estava bem. Eu respondi

com um sincero “não” e consegui confessar-lhe o quão sozinha e triste me sentia. Ele ficou muito

preocupado e perguntou-me se eu desejava que ele ficasse comigo e eu respondi afirmativamente.

Jaime: Subitamente, tomei consciência de que algo estava errado com a Helena e que atendê-la era

mais importante do que qualquer outra coisa no mundo que necessitasse a minha atenção. Cancelei

imediatamente a minha viagem e disse à Helena que ficaria com ela enquanto precisasse de mim e estivesse

suficientemente bem, mesmo que isso significasse cancelar algumas viagens.

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Página 51 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

Passámos o dia a conversar e a orar juntos. Falámos um com o outro a respeito dos nossos

sentimentos e realmente tentámos compreender os nossos pontos de vista. Concordamos também que

precisaríamos de ajuda externa – outras pessoas em quem pudéssemos confiar e que se comprometessem

em saber como as coisas estavam indo connosco. . Foi-nos muito difícil falarmos de nossos problemas com

outras pessoas, mas sabíamos que era necessário a fim de superarmos os mesmos.

Helena: Decidi procurar um conselheiro cristão e o Jaime conversou com amigos de confiança. A

primeira mudança que fizemos foi voltar ao hábito de orarmos juntos todas as manhãs. O abraço voltou à

nossa rotina diária quando chegávamos a casa à tarde ou a qualquer outra hora.

Jaime: Quanto às viagens, estabeleci que aceitaria compromissos para ficar fora de casa apenas dois

fins de semana por mês. Os outros dois ficaria em casa.

Helena: Concordei em tentar não marcar compromissos ou actividades minhas e das crianças nos dias

em que o Jaime retornasse de uma viagem ou durante o período em que estivesse em casa. Dessa forma ele

não sentiria como se estivesse sendo posto de lado. Estabelecemos, também, que teríamos mais conversas

intencionais enquanto ele estivesse viajando. Em vez de simplesmente falar de nossos filhos e dos eventos do

dia, começámos a perguntar a respeito dos sentimentos, pensamentos e preocupações um do outro.

Finalmente começámos a actuar como equipe novamente. Reconhecemos que estivemos lutando um

contra o outro em vez de lutarmos como aliados contra as forças malignas que estavam a ameaçar o nosso

relacionamento. Sim, as coisas estão bem diferentes do que eram nos primeiros anos de casados, e sabemos

que enfrentaremos ainda muitos obstáculos. Não obstante, cada desafio dá-nos a oportunidade de nos

aproximarmos mais um do outro e de ter um quadro muito mais claro da unidade que Deus deseja que

tenhamos no nosso casamento. Sabemos que não importam quais as circunstâncias que mudem em nossa

vida ou que desafios venhamos a enfrentar no futuro, somos aliados, aliados íntimos.

Iniciadores da Discussão em Grupo

De que forma as exigências do trabalho podem ameaçar a nossa intimidade conjugal?

Com que sentimentos manifestados pelo Jaime e pela Helena se identifica?

Por que crê que esse casal sentiu que necessitava de ajuda de um conselheiro e de amigos de

confiança?

O que entende que o Jaime queria dizer quando disse que necessitavam de alguém que lhes

pedisse contas?

O que mais lhe chama a atenção na forma como a Helena e o Jaime resolveram o seu problema?

Iniciadores do Diálogo do Casal

Períodos em que tivemos mais equilíbrio na nossa vida ...

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Página 52 Miniseminários—Deixe a Luz do Amor Brilhar

Períodos quando os problemas do trabalho ameaçaram a nossa intimidade conjugal ...

Sentimentos e preocupações que necessito partilhar contigo agora ...

Coisas que posso fazer para nos ajudar a estabelecer limites apropriados entre a nossa

responsabilidade para com os outros e a nossa responsabilidade para connosco ...

Referências

Dudley, P., & Dudley, R. (2003). Maximum marriage. Hagerstown, MD: Review and Herald.

White, E. G. O Lar Adventista, CD-Rom E. G. White.

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Página 53 Miniseminários—No Parapeito da Janela

NO PARAPEITO DA JANELA

Karen e Ron Flowers

Programa em forma de diálogo para os pais e membros da igreja que se importam muito com o bem-estar espiritual das crianças e

dos jovens.

Introdução

Os educadores cuja experiência e pesquisa inspirou este seminário sabem do que estão falando quando

se trata de compreender o jovem adventista. Ivan Góes é Director do Departamento de Educação e dos

Ministérios da Família da União Nordeste-Brasileira. Ele está em contacto diário com os jovens em casa e no

seu mistério, e mantém contacto íntimo com o seu mundo, sendo sua principal preocupação o bem-estar

espiritual deles. Na história de Êutico, no Novo Testamento (Actos 20:7-12), vê um trampolim para

considerar a experiência e perspectivas da vida real dos jovens de hoje e os desafios enfrentados pelos pais,

professores, líderes de jovens e pela igreja como um todo para manter os jovens na igreja para toda a vida.

Roger Dudley é director do Instituto do Ministério da Igreja na Andrews University. As histórias que

têm angustiado o seu coração são histórias de jovens adventistas da era pós-moderna, muitos dos quais lutam

para encontrar significado e realização na igreja de sua infância. Durante mais de 10 anos, acompanhou a vida

de 1.500 adolescentes enquanto passavam pelos períodos de transição da adolescência e de jovens adultos,

muitas vezes sentindo-se desiludidos com a Igreja Adventista. Seu livro recente, Why Our Teenagers Leave the

Church (2000) [Porquê que Nossos Adolescentes Deixam a Igreja], é uma crónica, relatada por si, da jornada

que esses jovens e ele fizeram juntos.

O relatório que Góes e Dudley fizeram da linha da frente e as suas considerações a respeito do que

têm visto e ouvido levantam questões significativas que devem ser urgentemente tratadas pelos pais,

professores, líderes da igreja e outros adultos que se importam que a sua igreja seja vista como relevante e

convidativa para esta geração. Devemo-nos confrontar com a difícil pergunta: Estamos dispostos a ouvir

cuidadosamente a voz dos jovens? Estamos realmente a ouvir o que nos estão a dizer em relação ao porquê

de deixar a igreja, ao porquê de ficar e porquê empenhar-se em mudanças é tão desanimador e difícil? Quais

são as implicações de suas percepções quanto à forma que procedemos na igreja? O que realmente fazemos

com o que eles dizem, agora que se importaram suficientemente para arriscar abrir o coração? Como

podemos falar de Cristo e dos princípios de Seu reino na linguagem e atitudes que lhes sejam atraentes? Este

seminário busca atacar essas questões.

Sobre os Materiais Deste Seminário*

O Seminário é apresentado em quatro partes:

Parte I A História de Êutico Através da Visão Contemporânea

Parte II Conheça os Números

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Página 54 Miniseminários—No Parapeito da Janela

Parte III Nas Palavras dos Próprios Jovens

Parte IV Porque os Adolescentes Adventistas Permanecem na Igreja

Cada parte tem uma apresentação, seguida por discussão em grupo. As partes do seminário destinam-se

a fluir em sequência. Tempo aproximado do seminário: uma hora e meia a duas horas. Certifique-se de prover

quantidades suficientes dos materiais a serem entregues: Folha 1 – Porque os Jovens Adventistas Deixam a Igreja:

Nas Palavras dos Próprios Jovens (usado na Parte III) e Folha 2 – O Que Minha Igreja Fez Certo (usado na Parte IV).

Parte I – A História de Êutico Através da Visão Contemporânea

Uma simples leitura da história do jovem Eurico em Actos 20:7-12, ou a dramatização dessa história através da visão

contemporânea, conforme a dramatização abaixo, pode ser usada para criar o ambiente deste diálogo entre os pais e outros adultos

que se importam muito com o bem-estar espiritual dos filhos e jovens. Pode-se usar um cenário muito simples, ou retratar as

palavras a fim de ajudar os participantes a visualizarem as cenas mentalmente. Os personagens dessa dramatização são:

Eurico – um típico adolescente da igreja.

Lídia – mãe de Eurico

Teófilo– pai de Eurico, primeiro ancião da igreja de Troas.

Carlos, Tó e Luís – adolescentes do grupo do Eurico

Habitantes da vila – pessoas realizando seus negócios na praça da vila.

Membros da igreja – Igreja Cristã de Troas.

Paulo – apóstolo de nosso Senhor Jesus Cristo

Cena 1

O lar de Lídia e Teófilo e seu filho Eurico Lídia está na cozinha a preparar o jantar e Eurico está a fazer os deveres da

escola no quarto ao lado quando Teófilo chega entusiasmado do trabalho.

Teófilo: Adivinha, Lídia! Acabo de saber que o nosso querido amigo, Paulo, está aqui – em Troas! No

mercado, encontrei o Timóteo e outros homens que viajaram com ele. Eles acabaram de chegar esta manhã.

Lídia: Que maravilha! Tenho muitas saudades dele e dos seus companheiros. Quando ele está aqui parece

que a igreja fica revigorada, mais vibrante. E que pregações! Oh, como tenho sentido falta das pregações de

Paulo!

Teófilo: (Começando a pôr a mesa enquanto Lídia continua a preparar a refeição.) E porque é que aqueles desordeiros

sempre aparecem depois dele se ir embora?

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Página 55 Miniseminários—No Parapeito da Janela

Lídia: Hummm! Eles nunca teriam coragem para confrontar Paulo!

Teófilo: Gostaria que Paulo tivesse mais tempo para fazer aconselhamento. Há questões graves que eu

gostaria que fossem resolvidas de uma vez por todas! Mas ouvi dizer que ele poderá ficar aqui

apenas uma ou duas semanas. De qualquer forma, estamos a tentar organizar uma grande reunião

no domingo à noite para todos os crentes desta região.

Eurico: (Falando do outro quarto, com ar frustrado.) Isso significa que foi cancelado o acampamento dos jovens

para este fim de semana?

Lídia: (Tentando ser compreensiva.) Eurico, podem acampar sempre que desejarem. Mas nem sempre temos

Paulo connosco!

Eurico: Bem, a duração de suas reuniões é realmente óptima! (Dando um profundo suspiro.) E imagino que

me vão obrigar a ir às reuniões.

Teófilo: Sem dúvida. Como apareceria eu, o primeiro ancião, numa reunião da igreja sem a minha família

presente? (Com ar descrente.) O que há de errado contigo? Algumas pessoas andarão muitos kms

para vir ouvi-lo!

Eurico: Mas os sermões de Paulo são muito enfadonhos! Quando pensamos que já vai acabar, então ele

arranja mais 20 itens para apresentar. Temos de cantar todas as nove estrofes do hino de

encerramento! Ah, por que é que ele tinha de aparecer exactamente no fim de semana que vamos

acampar!

Teófilo Chega, já criticaste demais o homem ungido de Deus. Ainda, quero que cortes o cabelo antes do

fim de semana. (Teófilo volta toda a sua atenção para a esposa.) Bem Lídia, achas que poderíamos

convidar Paulo e todos os líderes da igreja para comer em nossa casa depois da reunião? Esta será

a única oportunidade que teremos para lhe pedir orientações sobre aqueles assuntos tão

importantes…

Cena 2

Tarde de domingo. Parapeito da janela da Igreja Cristã de Troas. Eurico e seus amigos estão sentados em fila, conversam

animadamente em meio do forte ruído dos preparativos.

Eurico: Que droga! Deveríamos estar agora sentados ao redor de uma fogueira!

Tó: Tens razão! Ainda não consigo acreditar que com tantos fins de semana durante ano o velho

Paulo tivesse de escolher logo este para aparecer em Troas!

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Página 56 Miniseminários—No Parapeito da Janela

Carla: Querem saber a minha opinião, para mim teria sido melhor que ele nunca aparecesse em Troas.

Desde que os meus pais se uniram a esta igreja, tudo o que tenho são restrições! Não podes fazer

isto, não podes ir ali, não podes usar aquilo, não podes ouvir essa música .

Eurico: Algumas das regras não parecem fazer muito sentido. Parece que a igreja é especialista em coisas

sem importância. Mas até conseguiria lidar bem com as regras e com tudo o mais se a igreja não

fosse tão enfadonha. Tudo o que fazemos é ficar sentados. Parece que eles não precisam de nós

para coisa nenhuma.

Luís: Tens razão, mas olhem o lado bom da coisa. Se não fosse a igreja não seríamos amigos.

Eurico: É verdade. E aqui são feitos os melhores almoços em conjunto. Lembram–se do arroz que a mãe

da Ana fez da última vez? Um espectáculo! Acho que repeti umas três vezes!

Tó: Amigo só pensas em comer.. (Eurico olha com desdém.)

Carla: Pois foi ninguém guardou lugar para mim! Lembram-se? (Ela parece ter ficado amuada com eles,

por um breve momento e então continua a falar), o único lugar que sobrou foi ao pé das velhotas.

Eu não acreditava que a conversa delas pudesse ter algum interesse para mim, mas sabem fiquei

surpreendida! Elas fizeram-me várias perguntas mostrando estar interessadas em mim. Perguntaram

-me como iam os meus estudos, se eu queria ir para a Faculdade, que curso queria tirar? E o mais

interessante de tudo, nem vão acreditar! Na semana seguinte uma das irmãzinhas encontrou-me no

hall da igreja, cumprimentou-me pelo meu nome e disse-me que tinha pesquisado na internet e

encontrado uma boa Faculdade com um óptimo curso de Relações Internacionais. Nem queria

acreditar no que estava a ouvir, o quê ela faz pesquisas na internet com esta idade?

Luís: Ei, por falar em almoço em conjunto, alguém viu a Chris no sábado passado? Ela sempre fica para

almoçar quando vem à igreja.

Carla: Pensando bem, faz já algumas semanas que não a vejo. Isso não me surpreende. Desde que o seu

pai perdeu o emprego ela tem de comprar suas próprias roupas e pagar os seus estudos, imagino

que deve trabalhar imenso. Ela tem dois empregos, e ainda estuda. Da última vez que a vi disse-me

que gostaria que a igreja se reunisse à tarde, pois assim poderia vir ao sábado. No momento ri. A

ideia é tão impossível quanto eu tirar 5 a Matemática!

Eurico: Talvez ela e eu pudéssemos iniciar a nossa igreja. Outro dia perguntei à minha mãe se alguma vez

tinham pensado na possibilidade de iniciar a Escola Sabatina ainda que só meia hora mais tarde,

talvez às 9h30 ou às 10h. Ela olhou-me como se eu fosse uma preguiça. Preciso de descansar.

Preciso de tempo para estar com os meus amigos. E tenho muita coisa para fazer. Quando a

programação da igreja inicia na sexta-feira à noite e vai até o pôr-do-sol de sábado, que tempo

temos para descansar? E porquê que tudo o que acontece nesta vila tem de acontecer no dia de

sábado?

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Carla: Podemos ir à tua casa hoje quando a reunião terminar? Podemos, Êutico? Vá lá dá-nos uma

esperança…

Eurico: Sinto muito. A minha mãe convidou Paulo e todos os líderes da igreja para falar sobre alguns

assuntos.

Carla: Sim, como o que fazer com os jovens que não estão de acordo com os padrões da igreja e que

fazem perguntas difíceis? Boa, acabo de ter uma ideia. (Ela ri alto.) Sabem do que esta igreja precisa?

De uma banda realmente boa!

Tó: Sh-h-h, fiquem quietos. Vão orar. (Os adolescentes param e curvam a cabeça em oração. O Eurico abre os

olhos e espia, a Carlos olha nos olhos dele e ri. Poucos segundos depois, estão a cochichar.)

Eurico: Alguém adivinha durante quanto tempo Paulo vai pregar? Da última vez eu marquei no relógio,

uma hora e quarenta e sete minutos! Estão vendo aquela janela ali? Vou-me sentar no parapeito.

Está a acontecer muita coisa na cidade hoje e espero ver aquelas meninas que acabaram de se

mudar para cá (ele levanta as sobrancelhas, assobia baixinho , pisca o olho dando a ideia de que elas são o

máximo). Pelo menos não me irão acotovelar quando Paulo começar a aprofundar a sua teologia e

eu começar a dormir!

Tó: Cuidado para não adormeceres ... e caíres! (O Eurico sai, fingindo que não ouve, enquanto seus amigos

tentam conter o riso.)

Cena 3

A janela dá para a rua da vila. O Eurico cai imóvel na rua. As pessoas reúnem-se em volta dele, olhando preocupadas.

Um dos transeuntes: Ele está muito mal. Teve uma queda terrível! Caiu da janela como uma pedra.

Outro: É parece que está morto. Tão jovem. Alguém já chamou um médico?

Ainda outro: Curvando-se para ver se ele esta respirando.) Deixe-me ver se ele está respirando. ... Não sinto o seu

pulso.

Tó (Entra a correr) Eu disse-lhe para ficar atento para não cair!

Luís: Apenas me diga. Ele vai ficar bem? Não consigo ver.

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Página 58 Miniseminários—No Parapeito da Janela

Carla: (Orando em voz alta.) Oh, Deus, por favor, não permitas que o Eurico morra!

Membro da igreja: (Os membros chegam correndo.) Só podia ser o Eurico! Esse menino ainda vai matar os

seus pais!

Membro 2: Ele é um pouco rebelde, mas realmente tem bom coração. Está sempre divertindo as pessoas e

gosta de ajudar os outros jovens na limpeza do pátio depois do almoço em conjunto. Disse-lhe que

ele é um anjo! Sei que não queria cair da janela. Foi um acidente. Irei sentir muitas saudades dele.

Coitados dos seus pais!

Membro 3: Bem, eu posso dizer uma coisa, sempre que há jovens por perto, há problemas. Eles estão

sempre fazendo perguntas, desafiando e desejando mudar tudo. Eles estão sempre perturbando!

Por que não podem simplesmente confiar nos anciãos?

Paulo: (Paulo afasta a multidão e chega até o jovem. Inclina-se sobre ele e o abraça. Os olhos de Paulo estão fechados, em

oração sincera. Depois de alguns segundos, abre os olhos, levanta o rosto para o céu e grita de alegria.) Obrigado,

Jesus! (Olhando para a multidão.) Não fiquem alarmados! Ele está vivo! Venha, vamos louvar a Deus e

partir o pão em conjunto. Vamos louvá-Lo por Sua maravilhosa graça! Este jovem que estava

morto reviveu! Este é um motivo para nos alegrarmos!

Discussão nos pequenos grupos: Imagine Eurico empoleirado no parapeito da janela. Diante dos

seus olhos encontra-se os dois mundos, o de fora e o de dentro da igreja. O que imagina que o Eurico vê? O

que torna o mundo de fora tão atraente, naquela época e agora? Pense nos diálogos ocorridos nas cenas 1 e 2

desta dramatização. Que comentários ouve que e falam da percepção que os adolescentes têm da vida na

congregação de Troas? O que pensa do facto de ter nascido num lar cristão e na igreja que atrairia a atenção

do Eurico para a igreja? Acredita que isso é suficiente para fazer de Eurico um discípulo de Cristo e mantê-lo

na igreja como jovem adulto? O que atrai os jovens na sua família, no seu lar, na igreja?

Parte II – Conheça os Números

As estatísticas sobre os jovens adventistas e seu envolvimento na igreja apresentam uma realidade sombria. Como um meio

de sentir com mais intensidade as estatísticas apresentadas abaixo, convide os participantes a representarem um número – de um

a dez, repetindo quantas vezes forem necessárias até que todos tenham recebido um número. Quando as estatísticas forem

apresentadas, peça aos participantes com determinado número para se colocarem em pé representando uma percentagem de jovens

que respondem “sim” ao item apresentado no questionário da pesquisa. Por exemplo, quando apresenta a estatística de que 40-

50% dos jovens, na DNA, estão a deixar a igreja por volta dos 25 anos. Peça aos participantes numerados de 1 a 5 para se

colocarem em pé. (Isto representa metade dos participantes). Para os 34% que dizem frequentar a Escola Sabatina, pode pedir

aos participantes numerados de 8 a 10 para se porem em pé, representando, aproximadamente, um terço do grupo. Isso dará

oportunidade de participação ao grupo com os números maiores.

De acordo com a pesquisa de Dudley, “parece razoável acreditar que, pelo menos, 40% a 50% dos

adolescentes adventistas do sétimo dia, na América do Norte, estão essencialmente deixando a igreja por volta

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dos 25 anos. Esses dados podem ser maiores. Alguns voltarão eventualmente (talvez um quinto), mas,

naturalmente, muitos sairão (Ducley, 2000, p. 35). Algumas estatísticas vitais adicionais:

Frequência ao culto 55%

Frequência à Escola Sabatina 34%

Frequência a outros tipos de reuniões 25%

Cargo na igreja 21%

Membro de comissões 13%

Participante em actividades de testemunho da fé 21%

Oração pessoal diária 59%

(um adicional de 23% informa semanalmente ou muitas vezes)

Estudo diário pessoal da Bíblia 13%

(um adicional de 30% informa semanalmente ou muitas vezes)

Participação no culto diário em família 12%

(um adicional de 17% informa semanalmente ou muitas vezes)

Diz-se que a fé religiosa é bastante ou muito importante 82%

Sente-se aceite como membro da igreja local 74%

Sente que dá uma contribuição igual no funcionamento da igreja 56%

Sente que a mãe é uma influência positiva em seu

desenvolvimento espiritual 80%

Sente que o pai exerce essa influência 62%

Sente que outros adultos na igreja são uma influência positiva 32%

Ouvem música rock muitas vezes durante a semana 59%

Frequentam o cinema, pelo menos, uma vez por mês 52%

Bebem bebidas alcoólicas, pelo menos, uma vez por mês 21%

São sexualmente activos, sem planos de casamento 14%

O agradecimento àqueles que tiveram a coragem de enfrentar as estatísticas, a fim de se descobrir e

reconhecer os números verdadeiros que representam os jovens adventistas e a vida que levam dentro e fora da

igreja. Nem sempre é fácil enfrentar a verdade. Mas é um primeiro passo importante na busca de solução para

o desafio da igreja mundial.

Discussão no pequeno grupo. Acredita que os números de sua região e congregação local se

comparam com as estatísticas do Dr. Dudley?

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Página 60 Miniseminários—No Parapeito da Janela

Parte III – Nas Palavras dos Próprios Jovens

Para esta parte do seminário, distribua a Folha 1 – Porque os Jovens Adventistas Deixam a Igreja: Nas

Palavras dos Próprios Jovens. Este material foi compilado de comentários e cartas de 1.500 adolescentes e jovens adultos que

responderam ao estudo longitudinal de 10 anos de Roger Dudley sobre o jovem adventista na Divisão Norte-Americana. Esses

comentários são um exemplo representativo de suas palavras reais ao responderem às perguntas do porque deixam a igreja e o que

mais os perturba na igreja.

Antes do seminário, organize um pequeno grupo de adultos voluntários para apresentarem essa amostra dos jovens

falando a respeito de sua igreja. O grupo deverá praticar a fim de que os comentários fluam sem dificuldades e com sentimentos.

Peça-lhes para lerem com sentimento, assumindo o sentimento dos jovens. Quando o grupo apresenta a leitura, coloque-os

agrupados, como num retrato de família. Talvez os leitores possam ficar em alturas diferentes, sobre caixas cobertas, ou outro

arranjo que crie curiosidade e aumente o impacto das palavras.

Discussão no pequeno grupo. Que comentários lhe provocaram a maior resposta? Fale a respeito

dos sentimentos e do clamor do coração por trás das palavras. Pergunte a si próprio: Haveria algum jovem na

nossa congregação, ou no mundo, que poderia haver feito esse comentário? Em que base eles podem ter

chegado a essa conclusão? Se estivesse sentado na mesma sala com eles, qual seria a sua resposta? Como daria

a sua resposta de forma prática na sua igreja local?

Parte IV – Porque os Jovens Adventistas Permanecem na Igreja

Peça a um jovem adulto da sua congregação para ler a Folha 2 – O Que Minha Igreja Fez Certo. Se tiver coragem,

poderá pedir ao grupo de jovens para fazerem uma redacção dizendo o que a igreja está fazendo certo, e no que eles gostariam de

participar para que houvesse uma mudança real. Não considere essa opção salvo se a igreja realmente tem planos de incluí-los e às

suas ideias no diálogo e no planeamento da igreja. Partilhar os seus comentários neste seminário irá dar ao grupo muito que

pensar.

Para discussão no pequeno grupo. Como essa descrição se compara com sua igreja local? O que

seria necessário para que a sua igreja fosse mais semelhante a isso? Qual é a sua urgência para seguir nessa

direcção, sabendo que os jovens permanecerão ou não na igreja dependendo disso? Como traduz esse senso

de urgência em acção?

Encerramento

Uma jovem adventista que ainda não desistiu da ideia de uma mudança real na igreja para sua geração

dá-nos esperança: “Os adventistas são pessoas honestas, muitos seguem o caminho de Deus relativamente

bem; outros simplesmente necessitam de tempo para crescerem e receberem os ensinos do Mestre. Pelo

menos, eles vieram para o lugar certo” (Dudley, 2000, p. 180).

Roger Dudley conclui: “É de nossa responsabilidade assegurar que este seja o lugar certo” (p. 180).

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Página 61 Miniseminários—No Parapeito da Janela

Exercício de encerramento. Dê a cada participante uma folha de papel e alguns minutos para escrever o maior

número de nomes de adolescentes, jovens e jovens adultos da igreja à qual estão ligados. Peça a cada pessoa para trazer a fo lha

para a frente e depositá-la ao lado de uma Bíblia grande sobre a mesa. Tomem alguns minutos para considerarem o que seria

necessário fazer para que a igreja fosse o “lugar certo” para uma vida de discipulado desses preciosos jovens que nos foram

confiados. Então orem por eles, por seus amigos, por seus pais, por toda a comunidade da fé ao renovarem o compromisso de

fortalecê-los e crescerem com eles na unidade em Cristo.

Referências

Dudley, R. (2000). Why our teenagers leave the church. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing.

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Página 62 Miniseminários—No Parapeito da Janela

Porque os Jovens Adventistas Saem da Igreja:

Nas Palavras dos Próprios Jovens

Leitor 1: Quando estou sentado num banco da igreja, cercado por pessoas, sinto-me mais solitário do que

se estivesse sentado num banco de jardim a jogar às cartas.

Leitor 2: Há muitas coisas que desejo saber a respeito de Deus, mas nunca encontrei resposta na igreja.

Leitor 3: Sinto que os membros da igreja não me aceitam. Converso mais a respeito de religião com os

meus amigos do que na igreja.

Leitor 4: Prefiro passar o sábado sozinho a tentar quebrar o gelo daquelas pessoas

Leitor 5: Trabalho à noite e tenho dificuldades em me levantar suficientemente cedo para ir à igreja. Por

que não pode haver um culto à tarde?

Leitor 6: As pessoas não são aceites se não satisfizerem o padrão do vestuário ou seguirem as regras.

Leitor 7: Os membros são ávidos para julgar pelas aparências e não se importam em conhecer o íntimo da

pessoa.

Leitor 8: Não há amor. Tudo é conversa fiada.

Leitor 1: Eles ensinam-nos uma coisa e, em muitos casos, não fazem o que dizem.

Leitor 3: As pessoas estão sempre à procura de ver o que está mal nos outros, porque imaginam que

apenas elas fazem a vontade de Deus.

Leitor 2: Muitas pessoas “olham para as pessoas” em vez de “olharem para Cristo”.

Leitor 4: Fiquei muito desanimado ao ver que pretensos “cristãos” são tão rudes, intolerantes e cruéis.

Leitor 5: O nível de controlo que a igreja tenta impor sobre a vida das pessoas incomoda-me.

Leitor 7: Fico incomodado com a tendência que tenho, de fazer juízo a respeito de tudo o que é novo e

diferente e de tudo o que as pessoas pensam em relação àquilo que crêem e fazem.

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Página 63 Miniseminários—No Parapeito da Janela

Leitor 6: Permanecer espiritualmente vivo é difícil. A igreja está cheia de pessoas com cabelos brancos,

honestas, sensatas e necessárias no corpo de Cristo. Mas por outro lado tão farisaicos, insistindo em que os

jovens prestem culto da mesma forma silenciosa, lenta e sonolenta do que eles.

Leitor 8: Jesus veio para encorajar a liberdade e a alegria em nosso louvor e culto. Ele chocou

profundamente os tradicionalistas. Creio que os nossos jovens podem restaurar esse reavivamento da energia

e liberdade em nossos programas.

Leitor 4: Há muito que achamos que ser verdadeiramente santo é vestir sem gosto e fora de moda e

adorar a Deus apenas com hinos lentos e tocados no órgão.

Leitor 2: Desesperado, busco outra denominações para ser alimentado espiritualmente. Então posso voltar e

encorajar as pessoas e estabelecer minha própria igreja. “Não deve fazer isso”, alguém me disse. “Dá ideia

que não está a ser alimentado espiritualmente por nós”. Quer uma resposta franca e honesta disse eu:

“Realmente não estou”.

Leitor 3: A comissão de nomeações decidiu colocar pessoas idosas, jovens e mulheres na liderança. Os irmãos

mais velhos ficaram furiosos. Durante anos sempre os apoiei e quando eles têm uma oportunidade para me

apoiar, acham que não tenho capacidade para assumir um cargo

Leitor 1: Gostaria tanto de encontrar entusiasmo. Mas é muito difícil envolver-me quando as nossas ideias e

opiniões são consideradas radicais e sem importância.

Leitor 8: Todos nos dizem que somos o futuro da igreja, mas eu e milhões de outros jovens estamos tentados

a dizer-lhes que não haverá igreja do amanhã se não formos reconhecidos e aceites tal como somos e se não nos for

permitido dedicar a energia de nossa juventude a novas ideias.

Leitor 6: Muito do adventismo parece que são regras, mais regras. Se é divertido, deve ser MAU! Não nos

façam esconder a nossa alegria. Ser cristão não é ser depressivo. O Deus que eu conheço não é cabisbaixo!

Leitor 7: A igreja insiste muito sobre os “deveríamos”, nas regras e na teologia, mas pouco na acção como,

por exemplo, na comunidade e na aceitação daqueles que não se enquadram na caixa pequena que a igreja

acredita ser o ideal.

Leitor 4: Necessito ouvir a respeito de Jesus. Necessito ouvir que Ele me ama. Necessito que alguém me

lembre como Ele me mostrou o Seu amor. Assim encontrei outros lugares para ir; lugares que não desviam a

atenção para os escritos de outra pessoa ou ensinamentos de outras igrejas. Eles falaram-me apenas a respeito

de meu Senhor, de Seu sacrifício e de Seu amor e é isso que me importa.

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Dudley, R. L. (200). Why our teenagers leave the church: Personal stories from a 10-year study. Hagerstown, MD: Review and

Herald. Usado mediante permissão.

Folha 1 – Porque os Jovens Adventistas Deixam a Igreja: Nas Palavras dos Próprios Jovens.

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Página 65 Miniseminários—No Parapeito da Janela

O Que A Minha Igreja Fez Certo

Uma de Suas Ex-Jovens Simplesmente Deseja Escrever e Dizer: “Obrigada”

Becky Lane Scoggins

Houve uma ocasião em que acreditava que em todas as igrejas os irmãos mais velhos e os jovens gostavam

uns dos outros. Imaginava que todos os pastores jogavam baseball e contavam histórias nos acampamentos;

que os almoços em conjunto eram eventos significativos no calendário social de todos.

Isso aconteceu há cerca de 12 anos. Lembram-se do dia em que me tornei parte “oficial” da igreja?

Nunca esquecerei.

É claro que era verão. Visto que a igreja não possuía baptistério, tivemos de esperar até que os lagos em

Minnesota estivessem descongelados. Todos os membros da igreja se dirigiram para a casa da Carolina

Johnson, em Bass Lake. Minha amiga Jennifer e eu riamos enquanto lutávamos para colocar os roupões

pretos baptismais, vários números acima dos nossos . Estávamos nervosas porque sabíamos que a igreja

estava orgulhosa de nós; e solenes porque sabíamos que era o início de algo importante. Amávamos muito a

Jesus. Nós os vimos com o sorriso estampado no rosto enquanto caminhávamos em nossos roupões, pela

ribanceira relvada. Todos cantavam: “Crer e Observar”, das páginas amareladas de seus hinários que se

agitavam com a brisa. A mãe gravava tudo. As crianças da vizinhança abandonaram os seus pneus e subiram

ao cais para observar. O tio Alberto conduziu-nos através do caminho relvado cercado por lírios e citou

Eclesiastes 12, a respeito de lembrar-se do Criador nos dias da mocidade; então nos baptizou.

Os irmãos idosos alinharam-se para nos cumprimentar e dar-nos solenemente as boas-vindas à igreja

de Clackberry. A avó continuava a dizer como foi lindo ver três patos que nadavam no momento em que

fomos baptizadas. Agitei meus longos cabelos molhados e não disse nada. Sabia que me amavam.

O pastor entregou-me o certificado baptismal naquele dia, mas aquilo de que mais lembro ocorreu

algumas semanas depois.

Obrigada por um Lugar para Trabalhar

Certa tarde o telefone tocou. Era alguém da comissão de nomeações perguntando se eu aceitaria ser

secretária da Escola Sabatina. Todas as semanas, durante o ano seguinte, eu pegava os envelopes, contava as

ofertas duas ou três vezes para me assegurar de que estava certa, e registava no meu livro. Minhas colegas de

classe eram professoras do rol do berço, diaconisas, monitoras dos juvenis e membros da comissão social.

Nunca duvidámos que a igreja precisava de nós.

Quase por acaso vim a descobrir aquilo que as estatísticas estão a começar a provar: os jovens não

desejam ser entretidos, desejam ter cargos na igreja. Deram-nos algo para fazer, esperando que fôssemos

responsáveis, e nós fomos. Sabíamos que confiavam em nós.

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Página 66 Miniseminários—No Parapeito da Janela

Quando me pediram que como secretária lesse os anúncios, não riram quando eu decididamente

avancei até à frente e li os anúncios para a Igreja. Pediam-nos para apresentar a carta missionária, e mal

conseguíamos pronunciar os nomes estrangeiros. A igreja ouvia com atenção os nossos primeiros sermões,

muito antes que tivéssemos qualquer conhecimento sobre teologia.

De alguma forma os irmãos compreenderam que os jovens desejam mais do que ficar ouvindo nos

últimos bancos, desejamos ter a mão na direcção e o pé no acelerador. Sim, provavelmente provocámos

alguns acidentes, mas pelo menos a igreja não necessitou de fazer um seguro. Todos sobrevivemos, e como

jovens sabíamos que éramos uma parte necessária da equipe.

Obrigada por me terem dado um lugar para crescer

Talvez se estejam perguntando se deveriam ter feito algo diferente enquanto estávamos crescendo? Se

estão procurando um método a toda prova para alcançar a geração mais nova? Esqueçam.

Estão à espera de ter o programa de jovens adequado? Esqueçam também.

O Ministério Jovem não é impecável, não aproveita o tempo eficientemente e tampouco é organizado.

Ele é exaustivo.

Hoje sou adventista do sétimo dia porque descobri Jesus Cristo na família de Sua igreja, e porque

acreditei que necessitavam da minha colaboração para mostrar o Seu amor à nossa comunidade.

Sei que a classe de jovens ainda se reúne todos os sábados de manhã, na mesma sala, com as mesmas

cadeiras dobráveis de metal que fazem barulho no linóleo verde e amarelo. Talvez haja outra menina com

cabelos longos que se sente, agora, no meu lugar. Espero que lhe entreguem mais do que um certificado de

baptismo e um aperto de mãos depois do baptismo.

Entreguem-lhe uma classe do rol do berço para ensinar. Dêem-lhe um sermão para pregar.

Deixem-na saber que é necessária.

Os jovens não gostam de deixar as pessoas desapontadas, especialmente se elas os amam. Lhes

mostrarem que necessitam deles e lhes demonstrarem confiança, eles farão o trabalho.

Com amor,

Becky.

Dudley, R. L. (2000). Why our teenagers leave the church: Personal stories from a 10-years study. Hagerstown, MD: Review

and Herald. Usado com permissão.

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Página 67 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”

„TODOS SÃO BEM-VINDOS? „

AJUDE A SUA IGREJA A SER AMIGA DA FAMÍLIA

Karen Holford e Paul Godfrey*

*Karen Holford trabalha com o seu marido, Bernie, na Associação do Sul da Inglaterra, na Divisão Trans-Européia, onde dirigem os Departamentos dos Ministérios da Família e da Criança. Ela também está actualmente presidindo o programa Churches Together for Families, na Inglaterra. Paul Godfrey estava trabalhando como Evangelista da Família para a Scripture Union quando juntamente com a Carina trabalhavam no material

Churches Together for Families, no website: www.churchesandfamilies.org. A Karen adaptou o material para o contexto adventista a fim de ser

usado neste manual.

Materiais do seminário para os líderes da igreja e para os membros da igreja com vista a estimular uma maior

sensibilidade e atenção para com as necessidades da grande variedade de famílias que compõe os membros e a comunidade ao redor

da igreja.

Recentemente tem havido o interesse em tornar as igrejas mais aprazíveis às crianças a fim de que as

famílias se sintam mais confortáveis quando vão à igreja. Embora este seja um esforço válido, desejamos

expandir nossos esforços e atender às necessidades das famílias como um todo. Tornar-se igreja amiga da

família vai além de ter um culto interessante para as crianças. Significa criar um ambiente onde todos se sintam

bem-vindos e confortáveis, e que saibam que suas necessidades individuais foram levadas em conta e

satisfeitas sempre que possível.

Sobre o Material Deste Seminário

O material destina-se a: Ajudar a sua igreja a explorar a definição de “amiga da família”; Avaliar a

capacidade amigável à família na sua igreja; Fazer as mudanças que tragam impacto à congregação e à

comunidade onde a congregação se reúne para prestar culto. Em vez de um curso totalmente desenvolvido,

trata-se de um aperitivo, um material introdutório a ser partilhado com a igreja a fim de que se possa reflectir

nele. Algumas sugestões podem ser adoptadas prontamente, outras podem levar mais tempo, e algumas talvez

não sejam absolutamente apropriadas.

O material inclui o seguinte:

Guia para os líderes.

Como é uma igreja amiga da família.

Nossa igreja é muito pequena.

Pesquisa – O que sua igreja está a fazer agora para demonstrar que é amiga da família?

Sugestões para iniciar uma igreja amiga da família.

Estudos de casos.

Questionário para os membros.

Questionário para a comunidade.

Formas criativas de conseguir pontos de vista.

Materiais para as igrejas amigas da família.

Alguns websites cristãos úteis.

Material pronto para ser copiado.

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Página 68 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”

- “Tenho um sonho para a minha igreja” (Ele é mais apropriado para adolescentes e jovens, mas pode ser

também usado para crianças maiores ou adultos.)

- “Algo que eu gostaria de ver na minha igreja seria ...” (Ele é mais apropriado para crianças menores.)

Esses materiais podem ser ampliados a fim de dar espaço à criatividade e apresentar uma colecção completa de sugestões para a

igreja, um quadro de anúncios ou uma parede especial.

A acção dos líderes da igreja é a chave para mudar a qualidade da receptividade das famílias na igreja.

Os materiais deveriam ser totalmente estudados pela Comissão dos Ministérios da Família (ou pela Comissão

da igreja no lugar desta). A Comissão dos Ministérios da Família é responsável pelas pesquisas e pelos

questionários que serão entregues à Comissão da Igreja e aos membros. A Comissão dos Ministérios da

Família deve então recomendar os planos de acção para a Comissão da Igreja a fim de que sejam implantados

na igreja, os quais envolvem pesquisas junto aos membros e à comunidade, seminários informativos e outras

actividades apropriadas de acompanhamento.

Nota: Uma discussão breve ou superficial deste material com alguns líderes da igreja não dará a

profundidade da perspectiva necessária. Portanto, envolva muitas pessoas. Algumas pessoas de fora da igreja

podem não estar interessadas em dar a sua opinião, por estarem muito ocupados para preencher um

questionário, ou talvez porque não gostem de dar respostas por escrito. Várias abordagens serão mais

eficientes e alguns dos resultados podem ser surpreendentes.

Guia para os Líderes

Pensem nas necessidades das famílias. O tornar-se amigo das famílias inicia com os líderes

considerando os diferentes tipos de famílias na congregação e na comunidade e então tomando tempo para

considerarem totalmente como agem na igreja e o impacto que isso exerce nas diversas famílias a quem

ministram. As famílias têm diferentes formas e tamanhos, que não vão além de apenas pais e filhos. Dentre a

variedade de famílias na igreja, encontramos:

Pessoas solteiras que nunca se casaram.

Pessoas divorciadas, talvez com a responsabilidade do cuidado dos filhos.

Casais sem filhos.

Viúvos e viúvas.

Famílias com a presença somente do pai ou da mãe.

Famílias com pai e mãe.

Famílias com um ou mais filhos deficientes.

Parentela.

Famílias com filhos adoptados.

Amigos que vivem na casa.

Famílias adoptadas.

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Página 69 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”

Famílias combinadas.

Famílias de diferentes antecedentes culturais.

Famílias com crenças diferentes.

Pessoas que cuidam de idosos ou de parentes com deficiências.

Famílias onde o pai ou a mãe pode ficar fora por períodos longos (que trabalham distante do lar).

Famílias onde outras pessoas que não os pais cuidam das crianças (avós, tios, etc.)

Toda essa variedade de famílias tem necessidades especiais. As famílias, na verdade, muitas vezes

mudam de forma ao longo do ciclo da vida. Cada mudança representa necessidades e desafios diferentes aos

quais devemos ser sensíveis.

Como é a igreja amiga da família. Para se familiarizar com alguns pontos específicos das igrejas

amigas das famílias, reveja o material na secção Como é a Igreja Amiga da Família. A secção Nossa Igreja É Muito

Pequena sugere formas pelas quais as congregações, especialmente as menores, podem implementar as

sugestões apresentadas.

Decida ser amigo da família. A igreja que deseja alcançar sua comunidade e tornar-se amiga da

família enfrenta todos os tipos de desafios, porém, estimulantes. Sem dúvida que haverá necessidade de

alguma mudança. Assim, primeiro a igreja deve decidir se está seriamente comprometida a tornar-se mais

amigável com a família. À medida que o processo segue e as pessoas são convidadas a contribuírem com

novos pontos de vista e sugestões, as suas expectativas serão elevadas e provavelmente elas estarão buscando

algumas mudanças positivas. O rumo para aumentar o nível de receptividade à família será diferente em cada

igreja e poderá haver algumas descobertas interessantes ao longo do caminho.

Reúna as contribuições. Reúna todas as opiniões do maior número possível de adultos e crianças

quanto ao que significa para eles “igreja amiga da família”. Ouça os relatos das pessoas e crie um ambiente

onde a discussão aberta seja em si uma das características da igreja que é sensível às necessidades de

relacionamento dos indivíduos e das famílias. Provavelmente, iniciará com uma pesquisa intitulada: O Que

Nossa Igreja Está Fazendo Certo Agora para Ser Amiga da Família? ou o Questionário para os Membros, a Comissão da

Igreja e outros grupos de liderança na igreja. Como igreja, poderá ser também proveitoso ouvir as pessoas de

sua comunidade local e, para tanto, utilizar o Questionário para a Comunidade.

Utilize os grupos e actividades existentes para reunir os pontos de vista. A melhor forma de

reunir os pontos de vista dependerá da sua congregação, mas provavelmente terá o seu próprio ponto de vista

sobre as perspectivas de todas as áreas da vida da sua igreja. Portanto, seja criativo e dedique tempo para

explorar formas de reunir informações e sugestões dos grupos que podem ter sido esquecidos. O material

Formas Criativas de Obter Pontos de Vista provê uma variedade de meios de reunir a colaboração de diferentes

sectores da igreja. Estudos de Casos, com questões para discussão, oferecem outros meios de levar as pessoas a

pensarem a respeito da igreja amiga da família.

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Congregações em cultos diferentes. Pode ser útil para a igreja usar parte do culto sabático para reunir

sugestões de forma interactiva. Distribuir alternativamente: O que a sua igreja está a fazer neste momento para ser

amiga da família? ou o Questionário para os membros, e recolher as respostas na semana seguinte.

Grupos no lar. Este ambiente propicia a oportunidade de reunir as sugestões de forma interactiva e

informal.

Idade, sexo ou grupos de interesse. Ver Formas Criativas de Obter Pontos de Vista e a folha: “Algo que eu gostaria de

ver em minha igreja seria ...” e “Tenho um sonho para a minha igreja...”

Fim de semana na igreja ou retiro. O retiro pode ser uma oportunidade ideal para enfatizar o que significa

ser uma igreja amiga da família e para reunir sugestões.

Formar grupos especiais para obter ideias. Uma boa parte da igreja pode ser ouvida se forem

formados grupos especiais. Com base nos grupos existentes como, por exemplo, grupos no lar, os membros

desses grupos podem convidar familiares, amigos e pessoas que não frequentam regularmente os grupos. Os

convites pessoais podem gerar elevado nível de envolvimento. Esses grupos estabelecerão ambiente para

troca mútua de ideias e de relacionamento, que é o coração da igreja amiga da família.

Atreva-se a perguntar à comunidade circunvizinha. É importante ouvir pessoas que não

pertencem à igreja. Pode-se usar o Questionário para a Comunidade, mas com uma abordagem pessoal. Pode

perguntar às pessoas o que elas acreditam ser as maiores necessidades da comunidade e o que gostariam de

ver a igreja fazer pela comunidade. Visitar as pessoas, ou os locais onde elas se reúnem, para conhecer suas

necessidades é muito menos ameaçador e pode ser um meio para eliminar barreiras. Naturalmente, esse

questionário pode gerar sugestões fora da área de actuação da igreja amiga da família! O melhor é fazer

perguntas mais específicas sobre as principais necessidades das famílias e o que a igreja poderia fazer. Mas,

mesmo então, necessitamos estar abertos para ouvir o que as pessoas desejam dizer e não o que desejamos que

elas digam.

Uma igreja em Londres, Inglaterra, perguntou às pessoas em seu distrito o que elas realmente gostariam

que a igreja fizesse pela comunidade. Eles receberam uma resposta inesperada, de que o maior problema era o

lixo nas ruas! Compreensivelmente, estavam relutantes em ver isso como uma área-chave para o esforço

cristão! Mas, quando finalmente decidiram ver nessa resposta uma oportunidade, agiram de acordo com o

pedido feito e isso levou a uma interacção frutífera entre a igreja e a sua comunidade local. Ser amigo das

famílias na nossa comunidade pode significar realizar algumas actividades fora da esfera da igreja na

comunidade local! Por exemplo, o melhor lugar para realizar um curso para pais pode ser um centro

desportivo e não o salão da igreja!

Planeamento antecipado. Administrar uma mudança na igreja pode ser desafiador. Mas estas são

algumas sugestões:

É improvável que consigam avançar em várias áreas de uma vez. Como equipe de liderança, reflictam

em todas as informações reunidas e então identifiquem um ou duas prioridades.

Estabeleçam alvos nessas áreas com uma estrutura de tempo e planeiem os passos na direcção desses

alvos.

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Lembrem-se que esses objectivos necessitam ser possíveis e mensuráveis, a fim de que se possa saber

se os alvos foram ou não alcançados.

Avalie. Então planeie o próximo passo.

Nota sobre os requisitos legais. Ao explorar as necessidades e esperanças de sua igreja, tenha em

mente que há algumas coisas essenciais e básicas que são regidas por lei como, por exemplo, normas de

protecção às crianças, acesso para deficientes e directrizes fundamentais para a saúde e segurança. É muito

importante que descubra quais são essas directrizes na sua comunidade e que seja assegurada que sua igreja

tem por objectivo satisfazer generosamente esses critérios.

Como É uma Igreja Amiga da Família

A igreja que deseja ser amiga da família tem por objectivo:

Encorajar todos os membros da congregação a terem atitudes positivas uns para com os outros,

especialmente entre gerações e culturas diferentes.

Estar ciente das normas actuais de protecção da criança e ter directrizes claras para proteger todas as

crianças em quaisquer actividades da igreja. (Isto não é opcional – é de vital importância que se tenham

estabelecidas normas de protecção à criança. Para informações, contacte o pastor ou o Director dos

Ministérios da Criança de sua associação/missão).

Ter em mente as necessidades espirituais, emocionais, físicas e sociais dos membros e de outras pessoas

na comunidade e procurar satisfazê-las quando for apropriado.

Prover um programa dinâmico, multissensorial, inspirador e criativo para as crianças.

Reconhecer que todos os relacionamentos podem ser benéficos para a aprendizagem e para o

desenvolvimento de habilidades relacionais, e prover oportunidades de aprendizagem como, por exemplo,

seminários para pais, casais, adolescentes, solteiros, idosos, etc.

Designar uma pessoa a quem se possa contactar quando ocorre uma crise familiar ou qualquer outra

necessidade. O objectivo aqui é aliviar o stress imediato das famílias e indivíduos quando se encontram em

alguma emergência.

Envolver, regular e activamente, os adultos e as crianças de todas as idades no culto da igreja.

Partilhar as responsabilidades a fim de que ninguém fique sobrecarregado com o trabalho da igreja.

Ajudar os líderes da igreja e de suas respectivas famílias a fim de terem mais tempo disponível para as

suas famílias.

Prover acesso fácil e seguro a todos: rampas de acesso, toilette, corrimão, etc.

Prover um berçário a fim de que os pais possam participar do culto sem distracções.

Terminar o culto no horário correspondente. As pessoas com algum tipo de problema, os pais e

pessoas cujo cônjuge não é membro da igreja necessitam saber que o culto irá terminar em determinado

horário. (Ter um espaço onde as pessoas possam retirar-se a qualquer momento, sem que se sintam mal. É

também importante lembrar que essas pessoas podem estar um pouco sozinhas, ou não se sentirem muito à

vontade se devido aos horários dos transportes tiverem de sair antes de terminar o culto, sem ter a

possibilidade de conversar com os amigos. A igreja pode ser o único contacto social disponível a tais pessoas.)

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Organizar um grupo de homens que possam ter uma ocupação e uma vertente social como por

exemplo, grupos desportivos, equipes de trabalho, rede de trabalho, etc.

Alcançar outras famílias na comunidade local ao usar projectos com continuidade.

Prover várias actividades sociais não constrangedoras a fim de que os membros se sintam à vontade

para convidar as famílias de seu relacionamento na comunidade. Nessas actividades não há pregação e o

conteúdo religioso é mínimo ou não declarado. Por exemplo, uma criança pode fazer a oração agradecendo

pela refeição.

Como É uma Igreja Amiga da Família

Nossa Igreja É Muito Pequena!

Se, como muitas igrejas, a sua congregação é pequena, não desanime. Há algumas coisas que poderão ser feitas ao ouvir a

opinião dos membros. O que gostariam de fazer? O que é prático? Talvez apenas uma família frequente a igreja. O que iria

facilitar - estar na igreja, ou trazer os seus amigos? Estas são algumas sugestões:

Conversar com os membros regulares e trocar ideias de como eles se podem envolver no serviço de

diferentes maneiras.

Colocar uma caixa colorida próxima à porta de entrada da igreja com materiais para serem

EMPRESTADOS às crianças, como por exemplo: livros de histórias bíblicas, lápis e giz de cor, folhas em

branco, folhas com actividades, material bíblico de pelúcia ou feltro, etc., a fim de que as crianças visitantes

possam procurar na caixa e levar emprestado algo para o período do culto.

Prover uma folha de actividades para as crianças menores, relacionadas com o tema do sermão do dia.

Para as crianças maiores prover folhas em branco onde possam fazer anotações e perguntas a respeito do

sermão. Estas folhas são devolvidas no final do sermão e o líder escreve nelas algumas palavras de incentivo

para a criança e as devolve na semana seguinte.

A igreja pode pedir a algumas crianças para ajudarem a recolher a oferta ou distribuir materiais.

Algumas vezes as crianças podem apresentar a mensagem musical na hora do culto.

A igreja pode ter um esquema de “avós”, onde os membros mais velhos recebem “netos” na

congregação. A amizade assim formada entre as gerações pode ser uma dádiva recíproca.

A igreja pequena pode se envolver em um projecto pequeno na comunidade, de acordo com a sua

capacidade e recursos como, por exemplo, café da manhã, ou preparar todos os meses uma sopa para pessoas

sem tecto, em rotatividade com outras igrejas.

Numa vila da Inglaterra, havia cinco igrejas pequenas de diferentes denominações que formavam sua

rede de Igrejas Unidas. Eles perceberam que não lhes era possível realizar os diferentes programas. Assim

resolveram colaborar entre si, reunindo sua capacidade e recursos. Entre as actividades e programações

conseguiram estabelecer um programa de grupos de ajuda, arranjaram um espaço para as crianças pequenas

brincarem, grupos de ginásticas, clubes bíblicos, grupos para pessoas da terceira idade e eventos sociais na

vila.

Outra igreja pequena desejava realizar um Curso Bíblico de Férias, mas não tinham voluntários

suficientes para os ajudar. Eles convidaram os alunos de um colégio para ajudá-los. Hospedaram os alunos e

proveram alguns passeios locais. Os estudantes também ganharam muita experiência ao trabalharem com as

crianças.

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Nossa Igreja é Muito Pequena

O Que Sua Igreja Está Fazendo Agora Para Demonstrar que É Amiga da Família?

Pesquisa

Dedique algum tempo para considerar os aspectos positivos que sua igreja está fazendo em sua comunidade e registe-os

abaixo. A igreja é amiga da família quando está ciente das muitas necessidades das pessoas e explora meios de satisfazê-las.

1. Satisfazemos as necessidades espirituais das pessoas em nossa comunidade ao:

2. Satisfazemos as necessidades emocionais e relacionais das pessoas em nossa comunidade ao:

3. Satisfazemos as necessidades físicas das pessoas ao:

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4. Satisfazemos as necessidades sociais das pessoas em nossa comunidade ao:

5. Os elementos positivos no programa para as crianças são:

6. Realizamos os seguintes programas para apoiar os relacionamentos entre as pessoas:

7. Designamos uma pessoa ou equipa que pode ser procurada numa emergência:

Sim _____ Não _____

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8. Nossas atitudes positivas com respeito à diversidade de pessoas, incluindo os grupos minoritários

em nossa comunidade são evidenciadas por ...:

9. As formas pelas quais tentamos envolver activamente pessoas de todas as idades no culto divino

são:

10. Formas pelas quais partilhamos as responsabilidades da igreja de forma que ninguém fique sobre-

carregado com os trabalhos da igreja.:

11. A forma pela qual demonstramos que nos preocupamos com os líderes da igreja e respectivas

famílias é:

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12. As melhorias que fizemos com vistas a criar um edifício seguro e acessível a todos são:

13. Actualmente temos normas estabelecidas para a protecção das crianças e directrizes claras para

proteger as crianças em todas as actividades da igreja:

14. Temos um berçário a fim de que os pais possam assistir ao culto sem distracções:

15. Nossos cultos terminam pontualmente a fim de que as famílias possam planejar suas necessidades

de acordo:

Toda semana _____ Uma vez por mês _____ Ocasionalmente _____ Nunca _____

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Página 77 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”

Pesquisa – O que sua igreja está fazendo agora para demonstrar que é amiga da família?

Sugestões Para Iniciar uma Igreja Amiga da Família

Compartilhe e discuta estas sugestões com o grupo da sua igreja. Como eles podem ajudar a satisfazer algumas das

necessidades da igreja e da comunidade? Que sugestões adicionais podem ser acrescentadas? Que mudanças seriam necessárias

para implementar essas sugestões? Que passos serão necessários para implementá-las?

16. As formas pelas quais demonstramos que buscamos atender às necessidades dos homens e pais

são:

17. As formas pelas quais estamos alcançando a comunidade e ajudando a satisfazer-lhes as necessi-

dades são:

18. Se nossa igreja pudesse mudar ou melhorar em três aspectos, estes seriam:

1.

2.

3.

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Satisfazer as Necessidades Espirituais

Reuniões de oração.

Programas missionários.

Grupos pequenos de estudo.

Cultos para visitantes; missionários;

e de boas-vindas.

Reuniões nos lares.

Pequeno almoço de oração.

Biblioteca com livros cristãos.

Transmissão dos cultos da igreja.

Oração por telefone.

Escola Cristã de Férias.

Hora da história bíblica para as crianças.

Satisfazer as Necessidades Emocionais e Relacio-

nais

Serviços de aconselhamento.

Grupos de apoio para pessoas enlutadas

ou divorciadas.

Grupos de atenção a crianças pequenas.

Programas para facilitar a amizade.

Grupos para a terceira idade.

Seminários sobre diferentes aspectos da vida da

família.

Jantar especial para casais acompanhado de semi-

nários interessantes sobre o casamento.

Satisfazer as Necessidades Físicas das Pessoas

Sopa para os sem abrigo

Abrigo para moradores de rua.

Almoço.

Alimentos e roupas para distribuição em casos de

emergência.

Actividades físicas e ginástica

Satisfazer as Necessidades Sociais das Pessoas

Almoços.

Clubes de jovens.

Piqueniques.

Passeios

Jantar especial.

Eventos sociais especiais.

Clubes para maiores de 60 anos.

Cafés da manhã em conjunto.

Centro para mães com instruções sobre cuidado

com a criança, artesanato, etc.

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Relacionamentos de Apoio

Seminários pré-nupciais.

Seminários para pais.

Eventos de enriquecimento conjugal.

Seminários sobre relacionamento para adolescentes.

Eventos para solteiros.

Grupos de apoio para divorciados.

Seminários para reformados.

Apoio a família de prisioneiros.

Envolver pessoas de todas as idades no culto da

igreja

Coro infantil.

Coro de jovens.

Comissão de culto com membros de várias faixas etárias.

Recepcionistas de várias faixas etárias.

Vários grupos na igreja assumindo a responsabilidade de

uma parte especial no culto.

Uma família escreve uma oração especial para ser

lida no culto.

Um grupo de adolescentes dramatiza uma parte

da Escritura.

Dar atenção aos líderes e respectivas famílias

Proteger a necessidade dos líderes dedicarem tempo à

família.

Respeitar o dia de folga.

Ajudar a promover momentos de descontracção como,

por exemplo, retiros, férias e dias de folga.

Convidá-los para as refeições.

Apoiar o seu ministério tanto de forma prática

quanto financeira, etc.

Tornar o edifício da igreja seguro e acessível

Rampas de acesso.

Lugares reservados no estacionamento.

Toilettes apropriados para deficientes.

Instalações sanitárias apropriadas às crianças.

Corrimãos nas escadas.

Grades de protecção.

Fraldário, etc.

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Sugestões para iniciar uma igreja amiga da família.

Estudos de Casos

1. Liliana e Paulo

O casal possui dois filhos – Estevão (4) e Ana (18 meses). O Paulo sai cedo para ir para o

trabalho e muitas vezes volta para casa quando as crianças já estão a dormir. A Liliana dedica-se a tomar conta

dos filhos e por essa razão deixou o emprego como relações públicas. A Liliana ajuda a cuidar do berçário, em

sábados alternados, e também do Rol do Berço. Ela tem dificuldade em participar no grupo de estudo bíblico

para mulheres porque não tem com quem deixar a sua filhinha. O Paulo dirige o coro da igreja que lhe toma

muito tempo. A família vai junta à igreja, mas as suas diferentes actividades impedem de se sentarem juntos

no culto. Os cultos podem também ser stressantes para a Liliana porque nem sempre as crianças se portam

tão bem, na Igreja, como as pessoas gostariam. Algumas vezes a Liliana sente-se isolada porque, a maior parte

das vezes tem as crianças à sua responsabilidade. O Paulo faz o que pode para ajudar no pouco tempo que

lhe sobra.

2. Laura

A Laura tem 12 anos e desde pequena vai à igreja com a sua mãe. O pai deixou a casa e formou

outra família com dois filhos, os quais a Laura vê em fins de semanas alternados. Ele não tem qualquer

Atender às necessidades de famílias com filhos pequenos

Normas de protecção à criança (essencial)

Berçário durante o culto.

Término do culto no horário estabelecido a fim de que as

famílias possam fazer o seu planeamento.

Fraldário, água aquecida, outros materiais.

Programa adequado às crianças.

Satisfazer as necessidades dos homens e pais

Grupos de homens.

Pequeno almoço com meditação

Actividades desportivas.

Grupos de trabalho.

Rede de amigos.

Seminários.

Programas desportivos para pais e filhos.

Aulas de mecânica.

Satisfazer as necessidades da comunidade local

Grupos de apoio a pais e mães que criam os filhos

sozinhos.

Clube para adultos

Clube de jovens.

Aulas de reforço

Eventos desportivos.

Grupos para pais/mães.

Meios de melhorar o ambiente local.

Parques infantis, etc.

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interesse pela religião, embora tenho ido à igreja no Natal e uma vez quando o coro da Laura se apresentou. A

Sua mãe está lutando com os sentimentos de culpa por haver fracassado no casamento e está confusa quanto

à sua compreensão dos ensinamentos da igreja a respeito do divórcio. A Laura sente–se abandonada pelo pai

e deseja desesperadamente vê-lo e também conhece a dor da sua mãe. A igreja tem um programa para

adolescentes onde a Laura poderá ingressar quando tiver 13 anos. Mas, no presente, está a perder o interesse

pela igreja. Parece que ninguém compreende as suas lutas e dilemas. De alguma forma a igreja para ela é

irrelevante.

3. Elisa

Depois de alguns namoros frustrados, a Elisa permaneceu solteira tendo uma vida satisfatória

como professora e vive com os seus pais. Os seus dois irmãos casaram-se e agora têm filhos adultos e netos.

A Berta assumiu grande parte da responsabilidade com o cuidado dos pais. Foi cristã durante toda sua vida e

membro activo da igreja actuando como coordenadora dos departamentos infantis, porém com a fragilidade

da saúde da sua mãe ela teve de passar mais tempo em casa. Gradualmente foi deixando o seu trabalho na

igreja e outras responsabilidades na comunidade local. Visto que os seus pais já não conseguem ir à igreja, a

cerimónia da Santa Ceia é realizada na casa deles e a Berta também toma parte. Uma vez por outra ela

consegue ir à igreja, mas os cultos parecem-lhe estranhos e há muitos membros novos que ela não conhece.

Os rostos familiares já não estão mais lá e a forma do culto parece que mudou. A Berta sente que já não

pertence a esse ambiente.

4. Ana

Ela viveu até aos dez anos com os seus pais. Devido a morarem numa área rural sem escola, foi

enviada para morar com os tios na capital, a fim de prosseguir os estudos e formar-se num curso superior.

Aos 14 anos o seu tio começou a abusar sexualmente dela e um ano depois ela fugiu e passou a perambular

pelas ruas durante alguns meses. Então engravidou e foi atendida por uma instituição para adolescentes

grávidas. Teve gémeos que agora estão com 18 meses. A sua família rejeitou-a e ela frequenta um grupo para

mães na igreja local. Costumava ir à igreja quando era pequena, mas agora sente-se muito pecadora para

participar nos cultos.

5. Pedro e Carina

O Pedro tornou-se adventista, mas a sua esposa pertence a outra denominação. Uma semana é o

Pedro que traz os seus três filhos para a igreja; na outra semana, eles vão com a Carina à igreja dela. O Pedro

está a ter dificuldades cada vez maiores para encorajar os filhos a irem com ele à igreja. O mais velho tem

quinze anos e o mais novo dez. Eles preferem ir a igreja da mãe porque a acham mais interessante, ou então

ficam em casa. O Pedro está desanimado e sente que não tem valor. Admitiu que a Carina é infeliz no

casamento e que está a considerar seriamente pedir o divórcio.

6. Miguel

O Miguel frequenta a igreja regularmente e de vez em quando colabora como pianista.

Recentemente ele começou a trazer o Estevão. Vivem na mesma casa e colocaram-na à disposição para

formarem um grupo de estudo biblícos. Alguns membros da igreja estão incomodados com isso.

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Página 82 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”

Para Discussão

1. Quais são as experiências na igreja vividas pelos indivíduos e famílias descritas acima? Em sua opinião,

como eles vêem a igreja local?

2. Como é que essas famílias, incluindo crianças e adultos, podem ser ajudados a fim de se sentirem bem-

vindos e à vontade na igreja? Como eles podem ser encorajados e capacitados para prestarem culto de uma

forma mais satisfatória?

3. Que inovações práticas a igreja pode fazer para capacitar as pessoas mencionadas a sentirem que a igreja

e o culto são mais amistosos e relevantes para eles?

4. Que tipos de apoio essas famílias poderiam utilizar além dos cultos e actividades actuais da igreja?

5. Como poderia mostrar a essas famílias que se importa com os desafios pessoais que enfrentam?

6. Pense nas famílias da igreja e nas famílias da comunidade local. Que diferença fará para elas se a sua

igreja se tornar mais amiga das famílias?

Questionário para os Membros

1. Há quanto tempo você é membro desta igreja?

2. A que cultos e actividades assiste regularmente?

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Página 83 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”

3. Há alguns outros cultos e actividades a que assiste ocasionalmente?

4. Por favor, faça uma breve descrição do que significa “família” para si (ex.: eu vivo sozinho;

visito meus pais de vez em quando; casado com dois filhos; os avós vivem perto, embora outros paren-

tes estejam espalhados pelo país, etc.

5. Esta igreja ajuda-o na sua vida familiar? Em caso afirmativo, como?

6. Existem outras formas pelas quais gostaria que a igreja lhe oferecesse apoio como cristão

vivendo em sua família?

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Questionário para a Comunidade

A Igreja __________________________________________ gostaria de saber junto da comunidade

se há alguma forma pela qual a possa ajudar, especialmente no que diz respeito a alguns desafios enfrentados

pela família – quer sejam pais de filhos pequenos ou de adolescentes; se seus pais moram juntos ou alguma

outra situação. Apreciaríamos receber o maior número possível de informações e, para tal, solicitamos o favor

de nos devolver este formulário devidamente preenchido. Agradecemos as vossas sugestões que serão bem

vindas.

1. Em sua opinião, quais são as maiores necessidades nesta comunidade?

2. Quais dessas necessidades não estão sendo atendidas por nenhuma instituições actualmen-

te?

3. Gostaria de receber algum tipo de ajuda na sua família que de momento não lhe está sen-

do dado?

4. A fim de nos ajudar a compreender as suas necessidades, gostaríamos que nos fizesse uma

breve descrição de como é a sua família.

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Página 85 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”

Questionário para a Comunidade

Formas Criativas de Conseguir Pontos de Vista

Adultos

Separe em grupos os indivíduos em circunstâncias similares (ex.: filhos na pré-escola, pessoas que

vivem sozinhas, pessoas que cuidam de pais idosos, etc.). Permita que cada grupo tente compreender as

necessidades dos outros grupos e relacione formas pelas quais a igreja poderia ser útil. Apresente as ideias ao

grupo todo.

Peça aos participantes para formarem duplas. Discuta as similaridades e contrastes entre a vida de sua

família quando era pequeno com as famílias actuais (incluindo a sua). Prepare uma lista de aspectos

contrastantes – favoráveis e desfavoráveis. Obtenha opiniões a respeito das necessidades das famílias

modernas durante uma conversa informal, e troquem ideias a respeito das formas diferentes pelas quais a

igreja pode ajudar.

Divida os grupos e use os Estudos de Casos para iniciar a discussão de como a sua igreja pode satisfazer

as diferentes necessidades.

Jovens

Reúna os jovens para comerem pizza e ouça o que têm a dizer.

Entregue a cada jovem uma folha grande de papel e uma caneta. Peça-lhes para fazerem um quadro da

sua família, sem incluir os nomes, apenas os títulos – irmão, padrasto, tia, cão etc.). Disponha-os no chão ou

na parede e conversem a respeito do que se pode notar nos quadros – semelhanças, diferenças, etc. Há

ocasiões em que a vida em família é muito difícil, ou realmente boa? A igreja tem ajudado? Ela poderia ajudar

mais? Pode organizar os quadros e acrescentar outros a fim de mostrar como a sua igreja funciona no

momento, ou como ela poderia funcionar.

5. Abaixo encontra-se uma relação daquilo que algumas igrejas podem prover às suas comunida-

des. Por favor, assinale o que poderia ser de ajuda nesta comunidade e que o ajudaria pessoalmente.

Nenhuma Ajuda Pode Ser de

Ajuda

Pode

Ajudar-me

Grupo de mães. __________ __________ __________

Grupo para pais e mães. __________ __________ __________

Centro de apoio a grávidas. __________ __________ __________

Conselhos a respeito do orçamento doméstico. __________ __________ __________

Aulas de apoio escolar. __________ __________ __________

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Página 86 Miniseminários—”Todos São Bem-vindos?”

Algumas vezes os jovens não gostam de falar a respeito da sua família mas preferem falar das famílias

dos programas de TV porque são menos pessoais. Grave alguns programas actuais populares mostrando a

vida em família e use-os para promover a discussão.

Mostre a seguinte sentença: Esta igreja é como uma família. Conversem a respeito de aspectos positivos

(ex.: sinto-me como em casa), e maus (ex.: o pastor é como o meu pai, ele ...). Todo tipo de questões que

surjam em torno da família dos jovens e da vida da igreja.

Pode usar a mesma sentença acima e trocar ideias de todas as formas pelas quais a afirmação é

verdadeira ou falsa. A Folha “Eu tenho um sonho ...” poderia ser usada para reunir sugestões e desejos de

mudança.

Crianças

Provavelmente as crianças não estarão reflectindo sobre a vida na sua família e necessitamos ser

cuidadosos para não levá-las a sentirem-se mal a respeito da sua família, especialmente porque elas não têm

poder de decisão sobre como a família é. A melhor situação para conversar a respeito da vida da família é um

pequeno grupo ou conversa individual onde existe muita confiança e onde a criança estabelece o que deseja

partilhar. O ensino a respeito da família pode ajudar a apresentar o tema para as crianças que necessitam ou

desejam falar a respeito da sua família.

Realize um concurso de desenho com o tema “A minha Família”. Faça uma colagem dos trabalhos. Os

competidores mais velhos poderão redigir uma descrição da família. Ofereça um prémio atraente. Isso pode

ser feito juntamente com a escola local e pode resultar em modelos e opiniões interessantes.

Converse um pouco a respeito de como a igreja é uma família onde se encontram as pessoas de todas

as idades e explique que os líderes da igreja desejam saber como cada grupo etário se sente a respeito da igreja.

Use a Folha “Algo que eu gostaria ...” e/ou “Eu tenho um sonho ...” para que elas escrevam o que pensam.

Se estiver a ser planeado um evento na igreja para todas as idades, peça a sugestão das crianças sobre o

que pode ser feito, jogos, alimentos, etc. (em vez de deixar tudo por conta dos adultos). Depois do programa,

reflicta como o evento foi diferente do que poderia ter sido e se o seu sucesso foi afectado.

Todas as Faixas Etárias

Quase tudo o que foi apresentado acima pode ser usado com todos os grupos etários. Assegure-se de

que todos os grupos tenham voz e sejam ouvidos pelos outros. Visto que os adultos terão maior tendência de

falar, as crianças necessitarão ser encorajadas e capacitadas.

Dividam-se em grupos etários como, por exemplo, menos de 10, de 11 a 15, 16-20, ou o que for

adequado ao grupo. Entregue a cada grupo uma folha grande de papel com a sua faixa etária marcada no

topo. Peça aos grupos para descreverem na folha o tipo de igreja que eles pensam seria mais apelativa para

eles. Quando todos os grupos tiverem concluído a actividade, deverão devolver as folhas ao organizador que

então irá ler e mostrar as sugestões.

Essa actividade poderia ser feita dividindo o grupo principal em subgrupos de pessoas casadas,

solteiras, pais, filhos ou outra combinação entre os presentes. Isso deve ser feito com cuidado e sensibilidade,

e algumas pessoas, é claro, se enquadrarão em mais de uma categoria. Se este for o caso, permita-lhes escolher

em que grupo preferem ficar.

Nos grupos com várias faixas etárias peça-lhes para construírem a torre mais alta possível utilizando

cartões nos quais registarão as suas sugestões de como a igreja poderia ser mais semelhante a uma família ou

de como ela poderia ajudar as famílias.

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Página 87 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele

CORAÇÕES E LARES PARA ELE

Karen e Ron Flowers

Muitos nunca ouvirão o que dizemos a respeito do amor de Deus até que o tenham experimentado no nosso meio. A

hospitalidade no nosso lar pode prover essa experiência.

Sobre o Seminário

O seguinte seminário foi adaptado com permissão da Christian Hospitality Made Easy de Patrícia B.

Mutch, Ph.D., publicado pela Associação Ministerial e AFAM Internacional da Associação Geral dos

Adventistas do Sétimo Dia, 1987. O curso Christian Hospitality Made Easy (Hospitalidade Cristã Facilitada) é

um curso autodidático que utiliza o livro Open Heart, Open Home (Coração Aberto, Lar Aberto), de Karen

Burton Mains, como livro texto.

O seminário utiliza algumas apresentações didácticas e várias actividades em grupo. Tempo

aproximado para o seminário – 2 a 3 horas. Assegure-se de fazer cópias suficientes das folhas a serem

distribuídas aos participantes.

Apresentação

Actividade em Grupo. Peça ao grupo para considerar as seguintes perguntas: De todos os seus bens, qual é o

mais valioso? Então permita a cada indivíduo alguns minutos para partilhar as suas ideias com a pessoa que estiver ao lado.

A maioria provavelmente valorizou o relacionamento como o principal da lista. Os seres humanos

foram feitos para se relacionarem. Sem relacionamento seríamos infelizes. Nosso sucesso depende da nossa

capacidade de ajudarmos e nos relacionarmos com os outros. A hospitalidade cria o caminho para

relacionamentos afectivos, que dependem da forma como satisfazemos as necessidades dos outros.

Um Desafio aos Cristãos

O nosso mundo necessita desesperadamente de hospitalidade. Em todas as partes as pessoas vivem

relacionamentos desfeitos, desconfiança, hostilidade, ansiedade e sem esperança. Os avanços tecnológicos

trazem benefícios, mas têm um preço na unidade e estabilidade da família, na confiança nos relacionamentos e

na duração das amizades. As pessoas são inconstantes, o que muitas vezes reduz grupos familiares a famílias

nucleares. Muitos vivem sozinhos ou criam os filhos sozinhos. Os parentes são limitados em sua capacidade

de prover apoio pessoal.

Embora as pessoas busquem afeição, atenção e relacionamentos duradouros, os cristãos sentem-se tão

cansados que podem apenas ajudar parcamente. Eles não são nesse sentido muito diferentes daqueles que os

cercam. Porém, necessitamos desesperadamente uns dos outros. O mundo necessita do nosso amor. Na

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Página 88 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele

verdade, muitos nunca ouvirão o que dizemos a respeito do amor de Deus até que tenham estado em nosso

meio.

Actividade do grupo 1. Formem pequenos grupos e peçam aos participantes para fazerem uma relação dos desafios

que vêem para que a família da igreja se torne uma comunidade atenciosa de crentes onde o dom da hospitalidade seja

desenvolvido plenamente. Convide os grupos a partilharem as suas ideias com o grupo todo. Utilize a seguinte lista para

argumentar as respostas dos grupos:

o Pressão do tempo.

o Esgotamento das energias.

o Falta de recursos.

o Sentimentos de inadequação.

o Tendência de nos protegermos das influências do mundo ao ter interacção mínima com pessoas que não são membros da

igreja.

o Dificuldades que muitos, especialmente os criados em lares adventistas, sentem fora do ambiente adventista.

o Medo de que as pessoas descubram a realidade da nossa vida.

o O egoísmo inato do coração humano que não deseja investir nos outros.

O propósito deste seminário é apresentar os desafios que enfrentamos ao 1) compreender melhor a

hospitalidade e 2) estimular o interesse em aumentar nosso “quociente de hospitalidade” com os membros.

Hospitalidade Como um Conceito

As Escrituras ensinam a hospitalidade quer por exemplo quer por admoestação.

Actividade do Grupo 2A. Atribua esta actividade a metade do grupo, trabalhando com grupos de 4 pessoas. Leia

as seguintes passagens bíblicas e atente para os princípios da hospitalidade. Ao lado dos textos encontram-se princípios que podem

ser identificados para ampliar as descobertas dos grupos.

Textos Princípios

Êxodo 23:9 Os estrangeiros deveriam ser tratados com bondade..

Levíticos 23:22 Era feita provisão para o pobre e para os estrangeiros.

Isaías 58:6, 7, 10-12 As bênçãos recebidas deveriam ser partilhadas com os outros.

(Esta passagem é uma das declarações bíblicas mais abrangen-

tes a respeito da hospitalidade, das suas responsabilidades e

recompensas.)

Mateus 5:42 Repartir é fundamental para a vida.

Lucas 14:12-14 A lista de convidados é explicada. (Convidar os necessitados

para as suas festas.)

I Pedro 4:9-10 Quando alguém murmurava por ter todas as coisas em comum

(ver Actos 4:32-35), necessitava lembrar-se da hospitalidade. A

importância do serviço de um para com o outro.

Romanos 12:13 Partilhar com os necessitados.

I Timóteo 3:2 A Importância dos líderes da igreja como exemplos de hospita-

lidade. As qualificações do bispo incluem a hospitalidade.

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Página 89 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele

Actividade do Grupo 2B. Entregue essa actividade à outra metade dos presentes, trabalhando em grupos de 4

pessoas. Pesquisem um ou mais dos seguintes exemplos bíblicos a respeito da hospitalidade. Para cada pessoa ou situação, note a

descrição da qualidade e atributos manifestos do dom da hospitalidade.

Abraão e Sara (Génesis 18)

Ló em Sodoma (Génesis 19)

Rebeca e Eliézer (Génesis 24)

Raabe e os espias (Josué 2)

Abigail e Nabal (I Samuel 25)

Elias e a viúva de Sarepta (I Reis 17)

A sunamita (II Reis 4:-37)

Ezequias (II Reis 20:9-19)

Maria, Marta e Lázaro (Lucas 10:38-42)

Cristo alimentando a multidão (Mateus 14:13-21)

Simão de Betânia e Maria (Mateus 26:6-13; Lucas 7:36-50; João 12:1-8)

Lídia e Tiatira (Atos 16:13-15, 40)

Zaqueu (Lucas 19:1-9)

Se esses princípios forem praticados e seguidos como exemplos, a hospitalidade será um meio de

transmitir o amor de Cristo àqueles que anelam por relacionamentos e apoio tangível. Podemos mesmo

encontrar aqueles que experimentaram nossa hospitalidade para serem mais receptivos ao falarmos da nossa

fé. Mas podemos perguntar a nós mesmos, quem tem tempo e energia para preparar grandes refeições e para

manter o lar impecável e adequado para receber visitas?

Contrafacções da hospitalidade. De alguma forma surgiu a contrafacção da hospitalidade, uma

hospitalidade falsa que iremos chamar de “entretenimento”. (Este pode ser um uso diferente para a palavra

com o qual muitos se acostumaram, mas aqui será usada com uma definição especial anexa.) O

entretenimento imita a hospitalidade, mas realmente tem pouco que ver com a hospitalidade bíblica

verdadeira. Note alguns contrastes entre a contrafacção do entretenimento e a verdadeira hospitalidade na

próxima página. (Ver também Folha 1 – Entretenimento ou Hospitalidade.)

o O entretenimento requer um lar impecável, uma mesa perfeitamente posta e decorada, uma refeição

requintada, trajes e penteados.

o A hospitalidade busca pôr suas prioridades no convidado e em satisfazer as suas necessidades.

o O entretenimento leva os convidados a admirarem o que os anfitriões proveram.

o A hospitalidade oferece tudo o que os anfitriões possuem para satisfazer as necessidades do hóspede.

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Página 90 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele

o Os motivos do entretenimento são egocêntricos, para impressionar os outros com o que temos e com

o que somos capazes de fazer.

o Os motivos da hospitalidade são voltados para o convidado, focalizado em suas necessidades.

o O entretenimento põe suas prioridades nas coisas.

o A hospitalidade põe suas prioridades nas pessoas.

o O entretenimento pauta-se por enaltecer o sonho de grandeza apresentado nas revistas do género.

o A hospitalidade pauta-se pelos exemplos de pessoas que buscam satisfazer as necessidades dos outros.

o O entretenimento cria a escravidão dos recursos, tempo e perfeição.

o A hospitalidade torna-se cada vez mais uma alegria por ser canais do amor e bênção de Deus.

Actividade do Grupo 3. Conceda alguns minutos para que as pessoas completem e reflictam pessoalmente em:

Quando Me Senti Bem-Vindo (Folha 2). Convide várias dessas pessoas para partilharem as suas conclusões com o grupo

todo. Discuta a ironia no facto de que exactamente o que fizemos pensando que seria bom para os hóspedes é exactamente aquilo

que os deixa desconfortáveis. E vice-versa, exactamente o que nos traria preocupação e constrangimento é o que faz com que o

convidado se sinta em casa.

Actividade do Grupo 4. Formem pequenos grupos e discutam como a sua igreja deveria ser, a fim de poder

desenvolver o dom da hospitalidade entre os membros. Que tipos de coisas conseguem ver acontecer? Que tipo de atmosfera podem

sentir? Que tipo de resultados? Partilhem os seus sonhos com o grupo todo.

Desenvolvendo Nossa Hospitalidade

O que podemos fazer para trazer de volta a verdadeira hospitalidade à nossa vida como família da igreja

e à vida de nossos vizinhos a quem estamos tentando satisfazer as necessidades?

Comprometamo-nos a sermos usados por Deus. Atendemos às necessidades dos outros por meio

de qualquer aspecto de hospitalidade a que somos chamados realizar, reconhecendo a nossa dependência

d‟Ele para termos forças e para termos a certeza de nossos propósitos (I Pedro 4:11).

Banhemos os esforços da hospitalidade com oração. Peçamos a Deus discernimento quanto às

necessidades dos outros, como também para abençoar os nossos esforços em satisfazer essas necessidades.

Peçamos-Lhe para purificar os nossos motivos e dar-nos força para fazer o que Ele nos ordena fazer.

Estabeleça prioridades claras. Famílias, vizinhos e estrangeiros constituem o círculo maior de nossa

hospitalidade.

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Página 91 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele

1. Nossa família é o que vem em primeiro. Eles não devem ser postos de lado na grande tarefa da

hospitalidade. “A primeira obra dos cristãos é serem unidos na família. Então a obra deve estender-se aos seus

vizinhos de perto e de longe” (O Lar Adventista, p. 37). “Como obreiros de Deus, a nossa obra deve começar

com os que estão mais perto. Deve começar em nossa própria casa. Não há campo missionário mais

importante do que este”(Orientação da Criança, p. 476). Há ocasiões em todas as famílias em que os membros

estão em condições de ministrar aos outros. Toda a família pode ser incluída num gesto de hospitalidade. A

próxima geração não necessitará aprender muito a respeito desse dom quando ele fizer parte da sua vida

desde a infância. Mas há também ocasiões na vida de cada família quando não lhes é possível ministrar aos

outros. Talvez necessitem apenas de um tempo para ficarem sozinhos, descansarem e se recuperarem ou

talvez necessitem de que alguém os ajude.

2. Familiares, vizinhos e colegas de trabalho são os próximos na lista de prioridades, indivíduos com

quem nos encontramos diariamente. Como parte da rede de apoio pessoal a que pertencemos, temos o

privilégio de sermos usados por Deus para levarmos os fardos daqueles que estão perto de nós.

3. Nossa última prioridade inclui os estrangeiros que Deus coloca no nosso caminho a quem

responderemos de acordo com a nossa capacidade de ajudar. A questão premente nos três grupos é sempre:

Quais são as necessidades de cada pessoa e como podemos ajudar a satisfazer essas necessidades?

Desenvolva habilidades de apoio que ajudem a maximizar os nossos esforços. Nesta secção dê

oportunidade aos membros da igreja de falarem de sua experiência. Não escolha apenas pessoas cujo dom concedido por Deus é a

hospitalidade, mas também aquelas que cultivaram esse dom por meio de esforços conscientes. A seguir apresentamos um resumo

das sugestões e habilidades práticas que podem ser usadas para estimular ideias adicionais ou para aumentar a contribuição dos

membros.

1. Sugestões quanto à administração do tempo que ajudam a maximizar uma pequena porção do tempo

para Deus.

2. Formas de manter razoáveis os custos da hospitalidade.

3. Como guardar alimentos preparados que podem ser armazenados por longo tempo, para as ocasiões

que não estamos preparados. Faça planos para um menu e troca de receitas rápidas e ao mesmo tempo

nutritivas para várias ocasiões. Peça aos membros para trazerem sugestões.

4. Como vencer a dificuldade de pensar que se tem de fazer tudo perfeito quando recebemos visitas.

5. Descubra a alegria de amizades duradouras quando as famílias conseguem aceitar-se mutuamente, sem

ter de pedir desculpas e simplesmente considerar os visitantes como membros da família.

6. Como iniciar um diálogo com pessoas estranhas, quer cristãos ou não. Pratique e desenvolva a arte de

fazer boas perguntas.

7. Fale das ocasiões quando Deus o/a impressionou a ser hospitaleiro com alguém com quem teve a

alegria de partilhar as boas novas. Trabalhem em duplas para desenvolverem um testemunho pessoal simples

adequado a ser partilhado com outro crente ou com não cristãos quando houver a oportunidade.

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Página 92 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele

Evangelismo Pela Hospitalidade

“Estou firmemente convencido de que se os cristãos abrissem os seus lares e praticassem a

hospitalidade, conforme consta na Escritura, poderíamos alterar significativamente a estrutura da

sociedade. Poderíamos desempenhar um grande papel na sua redenção espiritual, moral e

emocional” (Mains, 1976, p. 22).

“Curto é o tempo que dispomos aqui. Não podemos passar por esta vida senão uma vez;

tiremos, pois, o melhor proveito da nossa vida. A tarefa a que somos chamados não requer riquezas,

posição social, nem grandes capacidades. O que se requer é um espírito bondoso e desprendido, e

firmeza de propósito. Uma luz, por pequena que seja, se está sempre brilhando, pode servir para

acender outras. A nossa esfera de influência poderá parecer limitada, as nossas capacidades diminutas,

escassas as oportunidades, os nossos recursos reduzidos; no entanto, se soubermos aproveitar

fielmente as oportunidades dos nossos lares, maravilhosas serão as nossas possibilidades. Se abrirmos o

coração e o lar aos divinos princípios da vida, poderemos ser condutos que levem correntes de força

vivificante. De nosso lar fluirão rios de vida e de saúde, de beleza e fecundidade numa época como

esta, em que tudo é desolação e esterilidade” (O Lar Adventista, p. 33).

A hospitalidade pode prover os meios para edificar o corpo de Cristo, sabiamente atrair nossas crianças

e jovens a Jesus e a Seus ensinos e encorajar o crescimento e o compromisso entre os membros de todas as

idades. A hospitalidade pode também prover uma avenida para alcançar as pessoas da nossa comunidade. O

lar prove um ambiente ideal para aproximar as pessoas, a fim de que possam partilhar as boas novas que estão

ardendo no nosso coração.

Actividade do Grupo 5. Divida o grupo ao meio. Peça a um grupo para apresentar ideias usando a hospitalidade

para edificar o corpo de Cristo. Ao outro grupo, para apresentar ideias usando a hospitalidade para alcançar pessoas que não

pertencem ao círculo da família da igreja. Abaixo, estão sugestões para levar o grupo a pensar ou usar como parte de seu resumo.

Hospitalidade para edificar o corpo de Cristo

1. Actividades Sociais. Faça uma relação das actividades sociais que acredita que representam o

melhor da verdadeira hospitalidade, a fim de que seja levada à comissão social da igreja.

2. Ligação dos novos membros com os crentes. Tornar-se adventista do sétimo dia requer muitas mudanças

no estilo de vida. Os novos crentes necessitam de novos laços íntimos com os membros da igreja que podem

ajudá-los a fazer essas mudanças e a proverem uma rede de amigos e famílias com quem desenvolver amizade.

Isso não ocorre por acaso. Deve haver um planeamento. Por exemplo, pode-se desenvolver um plano para

convidar os novos crentes para o almoço de sábado, de forma rotativa, nos lares de vários membros da igreja,

pelo menos, uma vez por mês, durante um ano depois do baptismo. Os novos membros poderiam ser

colocados com os membros de longa experiência e dividirem algumas actividades na igreja.

3. Grupos de oração. Oração por necessidades gerais ou específicas. Pode estabelecer grupos de

oração intercessória, companheiros de oração ou pequenos grupos.

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Página 93 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele

Hospitalidade para alcançar as pessoas na comunidade.

1. Convidados para o almoço de sábado. O almoço pode ser na igreja ou nas casas – dê oportunidade

para os convidados meditarem no que estão vivendo e fazer perguntas. Os membros da igreja podem

conhecer uma parte da vida deles se estiverem dispostos a partilhar e, como igreja, podem satisfazer-lhes as

necessidades do coração.

2. Actividades sociais de sábado. Muitas igrejas abrem as suas portas para os jovens da comunidade

provendo quadras para a prática desportiva, festas onde não entram bebidas alcoólicas ou cigarros, etc.

3. Lanche e estudo da Bíblia. Um lanche rápido seguido por estudo da Bíblia oferece a oportunidade

não apenas de os membros da igreja se reunirem para companheirismo mas de convidarem amigos fora do

círculo da família.

Oportunidades adicionais de hospitalidade podem surgir em ocasiões especiais na família da igreja ou na

comunidade.

1. Alimento para os famintos. Dar alimentos a sem abrigos, ou famílias carentes e fazê-lo de forma a

atender suas necessidades com dignidade e preocupação.

2. Ajudar famílias que têm algum membro hospitalizado. Tendo em vista o transtorno que isso pode

causar para todos na casa, oferecer-se para preparar o alimento, cuidar das crianças, da roupa, etc. Esse tipo

de ajuda nunca será esquecido.

3. Estudantes. Muitas famílias residentes próximas de colégios com internato poderiam convidar

alguns alunos para o culto do pôr-do-sol ou para o almoço.

4. Hospitalidade radical. Abrigar pessoas que não têm para onde ir, que estão fugindo de uma

situação de violência doméstica é um exemplos de hospitalidade radical. Esse tipo de hospitalidade não é para

todos e deve ser tentada apenas quando toda a família aceite assumir esse compromisso e quando não têm

dúvida da direcção de Deus. Este é um ministério radical cada vez mais necessário no nosso mundo.

Conclusão

A hospitalidade não necessita ser o dom de apenas algumas pessoas. “Cada um de nós”, escreve Karen

Burton Mains, “pode participar de alguma forma no evangelismo por meio da hospitalidade – o uso dos lares

como uma ferramenta de ministério. A maravilha do lar é que ele é universal a cada cristão. Todos moramos

em algum lugar – em um quarto, pensão, casa, apartamento. Neste mundo pouco hospitaleiro o lar cristão é

um milagre a ser compartilhado” (Mains, 1976, p. 137).

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Página 94 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele

A hospitalidade do lar cristão exerce poderosa influência. David e Vera Mace, são um casal de pastores

que abriram o seu lar para incontáveis pessoas, falam sobre essa influência:

“O lar cristão é, na verdade, a agência evangelística mais poderosa no mundo. Contudo, esse

evangelismo não é agressivo; é persuasivo. Ele proclama a mensagem não por palavras, mas por acções. Não

diz aos outros o que deveriam ser; mostra-lhes o que poderiam ser. Por sua piedosa influência, os lares

cristãos conquistam mais conversos do que todas as pregações juntas. Haja muitos lares assim e o mundo logo

será cristão; pois a vida do mundo torna-se muito elevada apenas com o que esses lares praticam” (Mace,

1985, p. 113).

Referências e Materiais Adicionais

LeFever, M.D. (1980). Creative hospitality. Wheaton, IL: Tyndale House.

Mace, D., & V. (1985). In the presence of God. Philadelphia, PA: The Westminster Press.

Mains, K. B. (1976). Open heart, open home. Elgin, IL: David C. Cook Publishing Co.

McGinnis, A. L. (1979). The friendiship factor. Minneapolis, MN: Augsburg Publishing House.

Ortlund, A. (1979). Discipling one another. Waco, TX: Word Books.

Pippert, R. M. (1999). Out of the saltshaker and into the world: Evangelism as a way of life, 2a. edição. Downers

Grove, IL: InterVarsity Press.

Stott, John. (1971). Basic Christianity. Downers Grove, IL: InterVarsity Press.

White, E. G. O Lar Adventista. CD-Rom E. G. White.

White, E. G. Orientação da Criança. CD-Rom E. G. White.

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Página 95 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele

Folha 1: Entretenimento e Hospitalidade

“Entretenimento” ou “Hospitalidade”

O entretenimento requer um lar impecável,

uma mesa perfeitamente posta e decorada, uma

refeição requintada, trajes e penteados.

A hospitalidade busca pôr as suas prioridades

no convidado e em satisfazer-lhes as necessida-

des.

O entretenimento leva os convidados a admira-

rem o que os anfitriões oferecem.

A hospitalidade oferece tudo o que os anfitriões

possuem para satisfazer as necessidades do hós-

pede.

Os motivos do entretenimento são egocêntri-

cos, para impressionar os outros com o que

temos e com o que somos capazes de fazer.

Os motivos da hospitalidade são voltados para o

convidado, focalizado nas suas necessidades.

O entretenimento põe as suas prioridades nas

coisas.

A hospitalidade põe as suas prioridades nas pes-

soas.

O entretenimento pauta-se por enaltecer o

sonho de grandeza apresentado nas revistas do

género.

A hospitalidade pauta-se pelos exemplos de

pessoas que buscam satisfazer as necessidades

dos outros.

O entretenimento cria a escravidão dos recur-

sos, tempo e perfeição.

A hospitalidade torna-se cada vez mais uma

alegria por ser canal do amor e da bênção de

Deus.

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Página 96 Miniseminários—Corações e Lares Para Ele

Este exercício irá ajudá-lo a considerar as ocasiões quando foi convidado por alguém e se sentiu

especialmente bem-vindo ou quando ocorreu o oposto. Essa reflexão ajudará a identificar os elementos

comuns que podem ser incorporados nos nossos esforços para sermos hospitaleiros.

1. Descreva uma ocasião quando foi convidado e se sentiu especialmente bem-vindo e em casa.

Nessa experiência, que factores contribuíram para essa sensação de ser bem-vindo e de estar em casa?

a.

b.

c.

d.

e.

2. Descreva uma ocasião quando foi convidado e não se sentiu à vontade e talvez até mesmo tenha ficado

ansioso para deixar a situação.

3. Relacione abaixo os factores que contribuíram para seu desconforto e para não se sentir bem-vindo na

situação descrita acima.

a.

b.

c.

d.

Que conselhos gostaria de dar a esses anfitriões e anfitriãs?

Folha 2 – Quando Me Sinto Bem-Vindo

Quando Me Sinto Bem-Vindo

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Página 97 História Para Crianças—Um Papá para o Reino

UM PAPÁ PARA O REINO

Virgina Taylor e Karen Flowers

O Marcos e o Carlos não foram à escola por ser feriado. Enquanto a sua mãe estava ocupada a

limpar a cozinha depois do pequeno almoço, eles ainda estavam sentados à mesa conversando animadamente

a respeito do dia seguinte. Seria um sábado muito especial. Ambos empenharam-se muito para decorar os

livros da Bíblia e todos os versos áureos da lição do trimestre. Fariam parte do programa especial. As crianças

iriam cantar vários hinos no encerramento da Escola Sabatina dos adultos e os dois iriam recitar todos os

versos que decoraram durante o trimestre. Cada um deles receberia um microfone.

Os meninos não precisavam praticar mais. Podiam repetir os livros da Bíblia e os versos bíblicos

até a dormir! Porém, havia algo importante que ainda precisava ser feito. O seu pai não frequentava a igreja.

Ele ficava feliz em deixá-los ir, mas afirmava que nunca seria membro de alguma igreja. Todas as noites

quando oravam os meninos pediam a Deus para abençoar o seu pai e ajudá-lo a conhecer o amor de Jesus a

fim de que desejasse ir à igreja com eles. Porém, todas as vezes que o convidavam a sua resposta era: “Bem,

talvez algum dias destes eu vá, mas hoje estou muito ocupado. Vão à igreja com a vossa mãe e quando

voltarem eu já terei terminado o meu trabalho e poderemos brincar juntos. O que acham?”

Durante a semana toda os meninos pensaram no que poderiam dizer desta vez a fim de que o

pai fosse com eles à igreja. Muitos pais estariam na igreja para ouvir os seus filhos cantarem e recitarem de cor

os livros e versos da Bíblia. Mas quando eles estivessem segurando os seus próprios microfones apenas a mãe

estaria com eles ... a menos que ... a menos que ... eles não conseguiam imaginar uma forma de convidar o pai

sem que ouvissem a resposta costumeira: “Bem, talvez outro dia, hoje estou muito ocupado ...” Por isso os

meninos continuaram engendrando uma estratégia no café da manhã da sexta-feira. A mãe ouviu-os

conversando, mas visto que também nunca tivera sucesso em convidar seu marido para ir à igreja, decidiu

deixar os meninos sozinhos no seu planeamento.

Naquela noite quando estavam prontos para ir dormir, o Marcos e o Carlos sentaram -seum de

cada lado do pai, que os abraçou e apertou, então, puxou-os para o seu colo fazendo-lhes cócegas na barriga e

debaixo do braço. “O que é que os meninos querem?” disse ele rindo. “Quando os dois se aproximam com

essa cara, querem pedir algo”.

“Bem”, o Marcos começou, “amanhã teremos um programa especial na igreja ... “ E então o

Carlos começou a falar tão rápido que o pai não conseguia entender o que estava a dizer. “Sim, amanhã

vamos ter um programa especial e cada um de nós irá segurar o seu microfone e iremos cantar e dizer os

livros da Bíblia, e então iremos repetir todos os versos áureos da lição deste trimestre … sozinhos, em frente

de todos na igreja.

“Todos os pais e mães estarão lá para verem os seus filhos e gostaríamos também que o pai

estivesse. Por favor, por favor, não diga que estará ocupado amanhã! Queremos que vá connosco à igreja.

Iremos deixá-lo orgulhoso, realmente irá orgulhar-se de nós. Por favor, pai. Por favor!”

Bem, isso de facto apanhou o pai de surpresa. Ele começou com a sua frase costumeira, “Talvez

outro dia ...” mas quando viu como os meninos ficaram desapontados, ele começou novamente: “Bem, quem

sabe amanhã possa ser um desses dias. Não gostaria de deixar de ouvir os meus meninos repetirem os seus

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Página 98 História Para Crianças—Um Papá para o

versos de memória com os seus microfones e tudo o mais! Bem, é melhor irem dormir. Certamente não

iremos querer chegar atrasados amanhã!”

O Marcos e o Carlos ficaram tão felizes que quase não conseguiam dormir. Estavam entusiasmados

com o programa especial. Estavam ansiosos pelas partes que iriam apresentar. Mas, acima de tudo, estavam

muito felizes porque o seu pai iria com eles e com a mãe à igreja.

Sem dúvida que o programa foi muito bonito. Todas as crianças cantaram com todo o coração. Todos

repetiram os livros da Bíblia em voz alta – do Gênesis ao Apocalipse. O Marcos e o Carlos sorriam enquanto

repetiam os treze versos de memória! Mas não eram apenas os dois que estavam sorrindo! O pai e a mãe

também estavam sorrindo.

Depois do culto foi realizado um grande almoço em conjunto. O pai viu alguns dos outros pais que já

conhecia. Eles corriam juntos no parque, aos domingos de manhã e logo estavam a conversar e a combinar

irem correr no dia seguinte. Depois do almoço, a igreja apresentou um curso para pais e adivinhem! O pai do

Carlos e do Marcos também foi assistir com os outros pais, desejando saber como poderia ser melhor pai para

os seus filhos. Desde então, todas as sextas-feira à noite quando os meninos se aproximavam para se sentar a

seu lado, o pai perguntava: “Bem, o que querem agora?”

Todas as vezes eles diziam: “Por favor, pai, por favor, vamos juntos à igreja amanhã”.

E todas as vezes o pai repetia: “Bem, talvez algum dia ... mas, quem sabe amanhã seja esse dia ... Agora

todos para a cama enquanto eu procuro uma camisa”.

Certa noite, depois do curso para pais, o pastor pediu à mãe para ir ao seu escritório. Ela concordara

em dar estudos bíblicos a uma pessoa que os havia solicitado. Depois que terminaram a conversa o pai meteu

a cabeça na sala do pastor. “Quando é que vou começar a receber os estudos bíblicos, perguntou ele”?

O pastor estava feliz! A mãe estava muito feliz! “Pode tê-los agora”, ambos responderam. E foi assim

que o pastor começou a estudar a Bíblia com o pai, com a mãe, com o Carlos e com o Marcos e não demorou

muito para o pai ser baptizado e tornou-se diácono da igreja. Então, quando na sexta-feira o Marcos e o

Carlos se aproximavam do pai diziam: “Por favor, por favor!” eles já sabiam a resposta. Claro que o pai iria à

igreja com eles. Pensem só! Foram os seus dois filhos que o convidaram pela primeira vez!

Agora tente pensar se há alguém em sua família a quem gostaria de convidar para se encontrar com

Jesus.

Virginia Taylor, membro da equipe da História para as Crianças da Igreja Adventista do Sétimo Dia Memorial

Capital, em Washington, D.C., partilhou esta história

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Página 99 História Para Crianças—O Baptismo do Carcereiro e da Sua

Família

O BAPTISMO DO CARCEREIRO E DE TODA A SUA FAMÍLIA

Karen M. Flowers

Nota para quem for apresentar a história: O relato da conversão do carcereiro e da sua família em Filipos deverá ser

ilustrado com balões cheios de gás hélio, presos com guitas ou fitas com aproximadamente um metro e meio de comprimento. As

crianças mais velhas irão gostar de controlar os balões enquanto a história estiver a ser contada às crianças mais pequenas.

Crie um muro (ex.: uma mesa grande virada) onde as crianças ficarão atrás com os balões. Ensaiem antes, a fim de que

cada um saiba quando erguer o seu balão acima do muro. Lembre-se de orientar as crianças que deverão segurar com firmeza a

guita para que o balão não escape e saia voando antes do ponto alto da história. Uma criança poderá segurar vários balões

representando a multidão, outra os donos da escrava, outra os prisioneiros e ainda outra o carcereiro. Esta história é especialmente

apropriada para acampamentos com a família ou retiros. Se usada em ambiente fechado, os balões deverão ser retirados do tecto

depois. Caso sejam soltos ao ar livre, o hélio se dispersará e eles cairão no período de uma semana.

Se houver grande variedade de cores, sugerimos as seguintes cores:

Paulo azul escuro

Silas cinza escuro

Escrava adivinhadora vermelho vivo

Espírito de Satanás preto

Jesus Cristo dourado (com uma guita mais comprida que as outras).

Donos da escrava amarelo

Multidão 4-6 balões. Uma mistura de rosa e castanho.

Prisioneiros 4-6 balões. Uma mistura de laranja e verde claro.

Carcereiro vermelho claro

Família do carcereiro 4-6 balões. Uma mistura de várias cores.

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Página 100 História Para Crianças—O Baptismo do Carcereiro e

da Sua Família

A Bíblia conta a história de dois missionários –

um chamado Paulo (pausa), e o outro, Silas.

(Sobe o balão de Paulo.)

(Sobe o balão de Silas.)

Certo dia, quando eles estavam a fazer compras no

mercado, viram uma jovem que tinha um espírito

de adivinhação.

(Sobe o balão da adivinha.)

Adivinhos são pessoas que se crê poderem dizer o

que vai acontecer no futuro. Ela era apenas uma

jovem comum, e realmente não sabia o que iria

acontecer no dia seguinte, na semana seguinte, ou

no ano seguinte. Mas um espírito de Satanás vivia

nela e lhe dizia o que falar.

(Sobe os balões da multidão.)

(Sobe o balão de Satanás.)

Todos os dias quando Paulo e Silas vinham ao

mercado para falar com as pessoas a respeito de

Jesus, ela os seguia gritando com voz de zombaria:

"Estes homens são servos do Deus Altíssimo e

anunciam o caminho da salvação".

(Arraste os balões de Paulo e Silas quando os seus nomes

forem mencionados.)

(Suba e desça lentamente o balão da adivinha e do espírito de

Satanás, como se estivessem à espreita de Paulo e Silas.)

Depois de vários dias, Paulo ficou zangado. Ele

virou-se e disse ao espírito de Satanás: "Em nome

de Jesus Cristo eu te ordeno que saias dela!"

(Sobe o balão de Jesus, acima de todos os outros.)

Imediatamente o espírito mau a deixou. (Baixe imediatamente o balão do espírito de satanás, e deixe-

o preso atrás da barreira.)

Quando os donos da adivinha viram o que havia

acontecido, ficaram furiosos! Eles estavam furio-

sos porque sabiam que sem o espírito de Satanás a

jovem não poderia mais adivinhar o futuro, e

assim eles não poderiam mais ganhar dinheiro

com as adivinhações dela.

(Desce o balão de Jesus e sobem os balões dos donos da escra-

va adivinha.)

Agarraram Paulo e Silas e os arrastaram até a pre-

sença das autoridades. A multidão reuniu-se em

volta. As autoridades mandaram açoitar Paulo e

Silas. Eles foram amarrados e postos na prisão!

(pausa).

(Arraste os balões de Paulo e Silas e dos donos da escrava

na mesma direcção. Então acrescente os balões da multidão.)

(Baixe todos os balões.)

Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam a

orar e a cantar hinos. Os outros prisioneiros esta-

vam a ouvir.

(Sobem os balões de Paulo e Silas.)

(Sobem os balões dos prisioneiros.)

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Página 101 História Para Crianças—O Baptismo do Carcereiro e

da Sua Família

De repente, a terra começou a tremer. Foi o pior

terramoto que eles já tinham sentido.

(Agite os balões de Paulo, Silas e dos prisioneiros.)

Quando parou o terramoto, Paulo, Silas e os

outros prisioneiros olharam ao redor. Para sua

surpresa, descobriram que as correntes que os

prendiam haviam-se soltado e as portas das celas

estavam abertas.

(Os balões ficam parados.)

O carcereiro correu para as celas para ver se os

prisioneiros tinham fugido. Ele estava com medo

que as autoridades viessem a saber que os prisio-

neiros tinham escapado. Ia-se matar quando ouviu

a voz de Paulo: "Não faças isso! Estamos todos

aqui!"

(Sobe o balão do carcereiro.)

(Levante e abaixe o balão de Paulo.)

O carcereiro pediu que lhe fosse trazida luz e cor-

reu para o local onde estavam Paulo, Silas e os

demais prisioneiros. Quando viu que nenhum

deles havia fugido, teve certeza de que o que eles

ensinavam a respeito de Jesus era verdade. Então

disse: “Esperem um minuto! Não se vão embora!

Vou chamar a minha família! Quero que eles tam-

bém ouçam a respeito de Jesus”.

(Sobe o balão de Jesus.)

(Sobe o balão da família do carcereiro.)

Então ajoelhou-se e fez a Paulo e Silas a pergunta

mais importante de todas: "Senhores, que devo

fazer para ser salvo?"

(Parcialmente, abaixe o balão do carcereiro, e então todos os

balões, mantendo-os apenas um pouco acima da barreira,

como se estivessem adorando a Jesus.)

(Solte o balão de Jesus para atingir o tecto.)

Paulo e Silas falaram-lhes das Boas Novas do

Evangelho "Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu

e a tua casa". (Pausa.)

O carcereiro e toda a sua família creu! E todos

ficaram cheios de muita alegria!

(Todos os balões sobem e se agitam alegres para celebrar as

boas novas! As crianças que estão segurando os balões gritam

aleluias de alegria.)

Vamos dizer como eles um muito obrigado a Jesus

por também nos ter salvo.

(A narradora lidera as crianças na gratidão enquanto todos

os balões são soltos – MENOS o de Satanás – para se

encontrarem com Jesus no ar.)

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Página 103 Histórias para Crianças—Graças a Deus Temos uma

Família

GRAÇAS A DEUS TEMOS UMA FAMÍLIA!

Karen Flowers

Lúcia trabalha num hospital e o seu trabalho é limpar todos os dias o quarto dos doentes. Ela não se

importa de fazer a limpeza, porque o que ela mais gosta é conversar com os pacientes. Alguns estão tão

doentes que não conseguem falar, mas ela sempre pára o seu trabalho e fica ao lado da cama do doente e diz-

lhe que espera que ele fique bom depressa. Algumas vezes, pergunta se eles desejam que ela ore por eles.

Outras vezes, apenas lhes segura a mão. A Lúcia espera que a sua bondade seja como se fosse um beijo da

mãe ou o seu afago nos cabelos como quando eram crianças. Isso sempre ajudava a tornar as coisas melhores!

Certo dia a Lúcia entrou num quarto onde havia uma mulher doente, sentada na cama.

- Bom dia, a Lúcia disse. O meu nome é Lúcia. Estou aqui para limpar o quarto. Mas antes gostaria de

saber se poderia fazer alguma coisa pela senhora?

A mulher desligou a televisão e olhando para a Lúcia disse:

- Bem, há algo que pode fazer. Sabe aquela pilha de revistas ali, gostaria que as trouxesse para perto de

minha cama. Hoje estou-me sentindo melhor e acho que irei conseguir ler. Pode-me fazer esse favor?

A Lúcia atendeu com alegria ao seu pedido. A mulher também ficou feliz. Ela deveria ficar

hospitalizada por muitos dias e assim ambas se tornaram boas amigas. Quando essa senhora teve alta, deu à

Lúcia o número do seu telefone, e disse que gostaria especialmente de falar com ela a respeito da Bíblia. Ela

nunca tinha conhecido alguém que soubesse tanto de Bíblia como a Lúcia!

Dias depois a Lúcia foi visitar essa senhora chamada Helena. Conheceu, também, o seu marido,

Marcos, e as suas duas filhinhas, Natália e Laura. Certo domingo, a Lúcia convidou a família da Helena para

irem almoçar à sua casa. Poucas semanas depois, ela convidou-os para um piquenique organizado pela igreja,

pois sabia que as meninas iriam gostar de brincar na piscina e especialmente de participar nos jogos.

Durante todo o passeio a Lúcia e a Helena tiveram tempo para conversarem muito a respeito da Bíblia.

A Helena tinha curiosidade a respeito de muitas coisas. Certo dia a Lúcia perguntou-lhe se ela não gostaria de

estudar a Bíblia todas as semanas, usando algumas lições especialmente preparadas. A Helena ficou feliz e o

seu marido também quis participar. O casal tornou-se amigo de alguns membros da igreja. Eles também

foram convidados a participarem do seminário para pais, além de participarem dos cursos sobre saúde. As

meninas foram matriculadas no Clube de Desbravadores e a família começou a assistir à Escola Sabatina.

Certo sábado o pastor cumprimentou o Marcos e percebeu que ele estava com um ar preocupado.

- Está tudo bem – perguntou o pastor?

- Bem, sim o Marcos respondeu: Acontece que gostaríamos de matricular as nossas filhas na escola

adventista e gostaríamos que o senhor orasse por nós a fim de que encontrássemos um meio de elas serem

matriculadas nessa escola.

No momento da oração, no culto divino, o pastor incluiu o pedido do Marcos. Assim, muitas pessoas

na congregação tomaram conhecimento de que os pais da Natália e da Laura gostariam que elas estudassem

na escola adventista. Depois do pôr-do-sol daquele sábado, algumas pessoas ligaram umas para as outras

oferecendo-se para pagar uma parte das mensalidades. Finalmente, com a ajuda de vários membros houve

dinheiro suficiente para pagar as mensalidades.

Mas havia outro problema. Um GRANDE problema. Eles moravam muito longe da escola. Como é

que as meninas iriam fazer para ir para a escola todos os dias. Mas sabem de uma coisa, o GRANDE

problema para o Marcos não era um grande problema para Deus. Uma família que residia perto deles

ofereceu-se para as levar e as trazer todos os dias.

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Página 104 Histórias para Crianças—Graças a Deus Temos uma

Família

No sábado seguinte o Marcos já não tinha um GRANDE problema, mas um GRANDE sorriso no

rosto. Quando o pastor lhe pediu para contar à congregação a resposta à oração do sábado anterior o Marcos

e a Helena tiveram muito para contar. Contaram sobre os membros que ajudaram nas mensalidades, na

família que se dispôs a dar boleia às meninas e também da felicidade delas de frequentarem a nova escola com

as suas amigas da igreja.

O Marcos e a Helena pediram para serem baptizados e no dia do baptismo o pastor contou a história

de como a Lúcia havia conhecido a Helena. Contou como o casal se interessou por estudar a Bíblia, de como

passaram a participar das actividades da igreja e perguntou ao Marcos se havia algo que ele gostaria de

acrescentar.

Com um GRANDE sorriso no rosto ele disse: “Estou muito feliz pela minha família da igreja! Graças

a Deus porque temos uma família!”

A Bíblia diz-nos que Deus nos coloca em famílias – no lar e na igreja – a fim de que não estejamos

sozinhos e possamos amar e cuidar uns dos outros. Não está feliz por ter uma família? Fico a imaginar como

Deus deseja que convidemos pessoas a fazerem parte da nossa família da igreja.

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Página 105 Materiais dos MF—Escolha a Lente Certa Para a Foto

ESCOLHA A LENTE CERTA PARA A FOTO:

Faça da “FAMÍLIA” o Objectivo do Seu Evangelismo

Karen e Ron Flowers

Ao focarmos a lente da nossa objectiva evangelística, cremos que é tempo de reajustar o nosso pensamento ao que é o

retrato de família ideal.

Era comum nos tempos bíblicos que os evangelistas proclamassem o evangelho no ambiente do lar

para que os grupos familiares pudessem responder em conjunto. O nobre judeu que procurou Jesus para

curar seu filho, voltou para casa e encontrou-o bem. O resultado foi que todos em sua casa creram (João 4:46-

53). Cornélio que, com “toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus”, convidou os seus parentes e

amigos íntimos para ouvirem a pregação de Pedro. O Espírito Santo veio sobre todos os que ouviram a

mensagem e foram baptizados (Actos 10:2, 24, 44-48). Lídia respondeu à mensagem sabática de Paulo junto

ao rio, em Filipos, e no momento ou logo depois, ela e os da sua casa foram baptizados (Actos 16:11-15).

Outros exemplos incluem todos os da casa de Crispo, chefe da sinagoga (Actos 18:8); da casa de Aristóbolo

(Romanos 16:10); de Narciso de quem dizem que estão no Senhor (Romanos 16:11); de Onesíforo (II

Timóteo 4:19); de Estéfanas, que foi baptizado por Paulo, crê-se que os da casa de Estéfanas sejam da família

do carcereiro cuja narrativa se encontra em Actos 16.

O Impacto do Individualismo no Evangelismo e na Família

O crescente individualismo que se tem verificado ao longo dos últimos séculos exerceu efeito adverso

na atitude para com a família e tem sido um factor na mudança subtil

na objectiva do evangelismo de levar as famílias a alcançarem os indivíduos. Bellah (1996) descreveu o início

do individualismo como o fruto de John Locke. Locke foi um educador de tremenda influência no século

XVII, na Inglaterra e na América. Ele proclamou energicamente os direitos individuais e via o indivíduo como

a unidade fundamental da sociedade. Na verdade, ele cria que o indivíduo estava acima da sociedade e que os

grupos sociais como, por exemplo, as famílias vieram à existência apenas por meio de contratos voluntários

dos indivíduos tentando maximizar os seus próprios interesses pessoais.

Um forte espírito de individualismo é muitas vezes considerado como qualidade desejável no

adventismo – certamente no Ocidente, e cada vez mais ao redor do mundo. Ele é considerado vantajoso

porque é muitas vezes necessário para o adventista nadar contra a correnteza social e teológica. Mas ao

focarmos a lente da nossa objectiva evangelística cremos que é tempo de propositadamente reajustar o nosso

pensamento da foto individual instantânea ao retrato de família.. O que Bellah quer dizer é que sempre que a

filosofia moderna do individualismo for encontrada e alguma apreciação pela família como grupo tiver sido

perdida, ela merece ser cuidadosamente considerada. O individualismo muda nosso pensamento a respeito de

nossas famílias e, inevitavelmente, muda nossas acções para com elas e nelas.

A Escritura reconhece cada pessoa como um indivíduo. Estes têm valor e o livre arbítrio (Jeremias 1:5;

Ezequiel 18:20; Mateus 10:30, 31; Actos 2:39). Jesus e os apóstolos deram atenção pessoal aos indivíduos (cf.

Marcos 3:14-19; 10:46-52; João 3:1; 4:7; 1, II Timóteo; Tito; Filemom). A salvação deve ser recebida

individualmente (Romanos 10:13, 17; Apocalipse 22:12 costuma-se dizer, Deus não tem netos. No entanto, a

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Página 106 Materiais dos MF—Escolha a Lente Certa Para a Foto

Escritura também enaltece os grupos nos quais os indivíduos vivem em sociedade, especialmente a família. O

Criador estabeleceu a primeira família e reafirmou Seu plano original (Génesis 2:18-25; Mateus 19:4-6). A

ligação é essencial para o bem-estar dos seres humanos (Eclesiastes 4:11-13; Salmo 68:6; I Coríntios 12).

Somos chamados a ministrar uns aos outros (João 15:17; Romanos 15:14; Gálatas 5:13; Efésios 4:32). Há

evidência de uma ênfase no alcançar todas as pessoas da casa nos ministérios evangelísticos da igreja

primitiva (ver referências dadas anteriormente).

O desafio enfrentado pela igreja hoje é manter o equilíbrio da ênfase bíblica entre o individual e o

grupo familiar. A ênfase sobre o individual pode ajudar a trazer dependência e perda da personalidade nas

famílias. Mas o grupo da família deve também ser enaltecido e apoiado como um centro incomparável de

fortalecimento, apoio, social, local onde fazer discípulos e onde transmitir os valores através das gerações.

Risco quando a pessoa é baptizada sozinha. Quando os indivíduos, que também devem ser

considerados como uma peça que faz parte da família, tomam a decisão de se unir à igreja e serem baptizados,

há sempre uma mudança nas dinâmicas da família. Essa mudança muitas vezes exerce um impacto negativo

nos relacionamentos.

Os membros da família podem estar em oposição.

Ao longo do tempo, muitas vezes a comunicação diminui, reduzindo as oportunidades para fazer

discípulos entre os outros membros da família.

O novo crente muita vezes sente-se perturbado pelas preocupações da família. Ele pode ter

sentimentos de culpa por um lado quanto a manter a ligação com a família, como se os membros não

adventistas fizessem parte do “mundo” ao qual ele deveria voltar as costas. Por outro lado, ele pode

experimentar uma mescla de sentimentos ao se separar da família, embora esta o tenha abandonado de

alguma forma quando se tornou adventista.

As mudanças nos valores e no estilo de vida, assim como a participação activa no programa da igreja

pode reduzir dramaticamente o tempo e actividades partilhadas pela família. A anterior rede de trabalho, de

apoio social e de amizades pode também ser desfeita.

Podem surgir atitudes negativas para com a igreja por parte dos membros da família, resultando em

barreiras para levá-los a Cristo e para trazê-los à comunidade da fé.

Considerando novamente Mateus 10:35-37. As famílias resistem às mudanças. Esse facto,

considerado pelos profissionais da família, fundamental para a compreensão das famílias e como as mesmas

funcionam, tem implicações profundas no nosso ministério evangelístico. Ajuda-nos a antecipar a realidade de

que trabalhar pela família como um todo será mais estimulante. Pode também requerer mais propósito e uma

visão mais longa do que trabalhar para trazer pessoas para Cristo. Algumas vezes Mateus 10:35-37 tem sido

usado como evidência de que os verdadeiros crentes devem separar-se das suas famílias, como se a família por

só fosse um inimigo natural. Uma consideração mais atenta desses versos sugerem outra coisa:

Os judeus criam que uma das manifestações do Dia do Senhor, o dia quando Deus iria intervir na

história, seria a divisão das famílias. Os rabinos diziam: “No dia em que o Filho de David vier, a filha irá se

levantar contra sua mãe, a nora contra a sua sogra”. “Os filhos desprezarão o seu pai, a filha se rebelará contra

a mãe, a nora contra a sogra e os inimigos do homem serão os de sua casa”. Era como se Jesus dissesse: “O fim que

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Página 107 Materiais dos MF—Escolha a Lente Certa Para a Foto

esperavam que viesse, chegou; como também a intervenção de Deus na história ao dividir os lares, grupos e famílias em dois”.

(Barclay, 1975, p. 393, itálico acrescentados.)

Por outras palavras, não é que as famílias em si sejam inimigas do evangelho. Antes, o texto destaca a

natureza radical do chamado do Messias ao discipulado. É um chamado que exige uma resposta e visto que

alguns irão responder e outros não, haverá divisão nos grupos social, mesmo nos lares do povo de Deus. As

palavras de Jesus não deveriam ser interpretadas como permissão para negligenciar a nossa responsabilidade

de alcançar todos os membros da família. Antes, elas falam da triste realidade de que, algumas vezes, a

despeito de nossos melhores esforços, alguns irão rejeitar o chamado de Jesus para segui-Lo.

A nossa obediência suprema é para com a família do céu. Certamente os fortes laços que unem as

famílias não devem ser impedimento a ninguém para fazer um pleno e completo compromisso com Deus. A

realidade de um mundo pecaminoso significa que seguir o chamado espiritual de Jesus pode requerer afastar-

se daqueles que tomaram um rumo diferente com respeito a Ele, especialmente aqueles que seriam

espiritualmente abusivos ou destrutivos quanto à fé cristã. Contudo, todo esforço deveria ser envidado para

ajudar os indivíduos a manterem, ao máximo possível, a sua ligação com a família.

Continue a pensar na “família” quando há decisões individuais. É tempo de nos dedicarmos a

desenvolver abordagens evangelísticas com o objectivo específico de evangelizar toda as famílias. Devemos

encontrar as melhores formas de contar as boas novas para todos os membros da família. Devemos pensar no

bem-estar de longo prazo dos indivíduos e das famílias. Devemos fazer a pergunta: “Como é que a decisão de

baptizar um indivíduo agora afecta a possibilidade de sermos capazes de levar a mensagem ao cônjuge, filhos

e parentes no futuro?” Quando fizemos tudo ao nosso alcance para fortalecer os laços familiares e para tornar

Jesus cativante no círculo familiar e o indivíduo decide deixar a família em seu compromisso com Cristo,

devemos ser ainda mais firmes mostrando amizade e apoio a essa família. Finalmente, a única esperança que

temos de levar outros membros da família a Cristo é fortalecer os laços da amizade, entre eles e outras

famílias cristãs que amarão e cuidarão deles como uma extensão do ministério de Cristo no mundo.

Como famílias evangelistas, poderemos enfrentar alguns dilemas, quando o estilo de vida adventista

entra em conflito com a experiência real de um novo membro da família. Em tais ocasiões, não minimizemos

as dificuldades do efeito da mudança do estilo de vida no que diz respeito não apenas ao indivíduo mas

também a todo o círculo familiar. Não nos apressemos em julgar os novos membros ou em oferecer soluções

simplistas àqueles que estão procurando resolver tais questões de forma que não ameace ou diminua os laços

conjugais ou familiares.

A Centralidade da Família ao Cumprimento da Comissão Evangélica

Jesus disse: “Portanto, vão e façam discípulos” (Mateus 28:19). Discípulo é alguém que está a descobrir

a verdade de Deus e os princípios do Seu Reino e que está a crescer na sua capacidade de tornar esses valores

uma forma pessoal de vida (João 8:31). A família é fundamental no processo de fazer discípulos porque ela é

o lugar principal onde os valores são transmitidos. Não há influência maior do que a da família no

desenvolvimento do sistema de valores da pessoa e na capacidade de viver de acordo com eles em meio às

muitas pressões para viver de forma diferente.

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Página 108 Materiais dos MF—Escolha a Lente Certa Para a Foto

Jesus também distinguiu os discípulos como pessoas cujo notável amor pelos outros cria impressão profunda

sobre todos com quem entram em contacto (João 13:35). Novamente, é na família que os indivíduos

aprendem primeiro, para o bem ou para o mal, a respeito dos relacionamentos e do amor. É na família que a

capacidade de um relacionamento fervoroso e íntimo com Deus e com os outros é desenvolvida. As famílias

podem tornar o ambiente favorável a que os membros experimentem a bondade e a aceitação do amor de

Deus ou podem tornar essa compreensão e experiência virtualmente impossível, salvo por um milagre da

graça. As famílias também têm a oportunidade e responsabilidade fundamental de serem agentes do Espírito

Santo no cultivo do amor altruísta entre os membros, o tipo de amor que torna o testemunho cativante na

família e na vizinhança. Portanto, pode-se assim ver que a família é crucial para o cumprimento da comissão

evangélica.

Vários autores enfatizam essa centralidade:

A imagem que a pessoa tem de Deus é muitas vezes moldada de acordo com a imagem que têm dos

próprios pais, especialmente do pai. Se os pais eram felizes, amorosos, receptivos e prontos a perdoar, é mais

facial experimentar um relacionamento positivo e satisfatório com Deus. Mas se os pais forem frios e

indiferentes, a pessoa pode sentir que Deus está distante e desinteressado nela. Se os pais eram irritadiços,

hostis e costumavam rejeitar, muitas vezes a pessoas sente que Deus nunca poderá aceitá-las. Se os pais forem

inflexíveis, a pessoa tem a noção incómoda também de que Deus nunca está satisfeito com ela. (Strauss, 1975,

pp. 23. 24.)

Muito cedo a experiência da família determina a nossa estrutura adulta de carácter, o retrato interior

que abrigamos em nós, como vemos os outros e nos sentimos a respeito deles, o nosso conceito de certo e de

errado, nossa capacidade de estabelecer relacionamentos íntimos, afectivos e sustentáveis, necessários para ter

uma família própria, a nossa atitude para com a autoridade em nossa vida, e a forma pela qual tentamos dar

sentido à nossa existência. Nenhuma interacção humana exerce maior impacto na nossa vida do que a

experiência de nossa família. (Nicholi, 1979, p. 11).

Se os discípulos são aqueles que se relacionam com o seu mestre no contexto de um relacionamento

directo, então a capacidade de formar relacionamentos directos é necessária no processo de fazer discípulos.

Segundo, se o relacionamento directo consiste de habilidades de relacionamento que são generalizados de um

grupo para outro, então a família é a chave em sua significância porque é o lugar onde essas habilidades são

bem ou mal aprendidas. Por fim, se a família é a organização social na qual essas habilidades são primeiro

aprendidas e, portanto, extremamente essenciais, então a família torna–se fundamental para o processo de

fazer discípulos. É um lugar onde são aprendidas as habilidades de relacionamento semelhante às dos

discípulos, e é um grupo no qual ocorre o ambiente onde fazer discípulos. (Guernsey, 1982, p. 11.)

Aproveite o poder do apoio da família. Os princípios relacionais que regem a interacção da família

constituem a força para ser enfrentada, e devemos compreendê-los se desejamos maximizar o nosso sucesso

na missão. Como enfatizou Ellen White: “Aquele que procura transformar a humanidade deve compreender

ele próprio a humanidade” (Educação, p. 78). Sem a compreensão das famílias e de como elas funcionam, o

nosso impacto evangelístico será desnecessariamente limitado.

A família não é apenas um grupo de pessoas vivendo numa mesma morada. Ela é um sistema vivo e

dinâmico com conexões complexas e modelos de se relacionarem uns com os outros. São esses princípios

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relacionais que necessitamos compreender ao pensarmos em realizar evangelismo na família. Por exemplo, em

termos práticos isso significa que devemos:

Encontrar formas de reforçar os fortes laços de simpatia e lealdade de uns para com os outros elementos da família.

Somos seres relacionais de acordo com o propósito de Deus. Quando reforçamos os laços familiares de toda

forma possível, não apenas aumentamos a possibilidade de sucesso na nossa missão de fazer discípulos, como

estamos também a participar com Deus na restauração de Seu plano da criação para os seres humanos, de

serem amados e cuidados na família. Para fazer isso temos de colocar elevados valores no fortalecimento

desses laços de amor e fidelidade, e torná-los no principal objectivo do evangelismo. Pode requerer paciência

trabalhar para trazer todo o sistema da família à compreensão e compromisso, especialmente quando um ou

dois avançam mais rapidamente do que o restante. No entanto, trabalhar contra a coesão da família é pôr em

risco uma das duas únicas instituições vindas das mãos do Criador no Éden.

Visto que os membros da família normalmente buscam apoio em primeiro lugar uns nos outros, podemos ajudá-los a

desenvolverem o melhor relacionamento que podem experimentar juntos. Os membros da família, cientes dos pontos

fortes e das lutas uns dos outros, têm maior capacidade de prover fortalecimento e apoio espiritual uns aos

outros no viver cristão. A família pode ser um dos locais mais difíceis para pôr a religião em prática. Quando

ajudamos as pessoas a viverem o seu cristianismo no lar, avançamos muito ao ajudá-las a viver pelos

princípios cristãos em cada aspecto de sua vida. A igreja aproveita o potencial da família para fazer discípulos

quando ajuda os seus membros de todos os modos a se animarem “uns aos outros nas lutas da vida” (A

Ciência do Bom Viver, p. 360).

Os pais desejam o melhor para os filhos. A afeição paterna tem sido o catalisador para atrair muitas mães e pais para se

unirem a seus filhos na fé. O evangelismo na família também os capacita a fazer discípulos de forma eficiente por meio do

relacionamento entre pais e filhos. Esse desejo paterno de prover o melhor para os seus filhos é parte da orientação

natural impressa por Deus nos pais(Isaías 49:15; Mateus 7:9-11; I Timóteo 5:8). A responsabilidade paterna,

que zela pelo bem-estar dos filhos, inclui seu fortalecimento espiritual (Efésios 6:4). Era o propósito de Deus

que todos fossem feitos discípulos no contexto de fortalecimento na unidade familiar. O evangelismo na

família ajuda os pais a saberem como conduzir os seus filhos a Jesus e a procurarem proporcionar o seu

contínuo fortalecimento espiritual. Isso tem maiores possibilidades de ocorrer no contexto de

relacionamentos familiares positivos. À medida que os pais são capacitados a ampliarem a sua compreensão e

compromisso para com Deus (Deuteronômio 6:4, 5; cf. II Timóteo 1:5), e ao aprenderem a serem melhores

modelos e como melhor ensinar os princípios cristãos de forma atraente aos filhos (Deuteronômio 6:6-9), a

probabilidade dos filhos fazerem um compromisso pessoal com Deus e com a igreja é tremendamente

reforçada. A educação paterna é uma das melhores formas de cooperar com Deus para levar os filhos a Jesus.

Quão mais eficientes seriam os nossos esforços em partilhar o evangelho se as famílias pudessem

tornar-se centros atraentes de discipulado! Quão mais eficiente o nosso evangelismo poderia ser se fossem

encontradas formas de elevar o significado da família, de compreender os princípios relacionais que actuam

no sistema familiar e de cooperar com esses princípios e construir sobre eles, em vez de tentar ignorá-los ou

trabalhar contra eles. As famílias, com várias gerações, são o ideal para o desenvolvimento evangelístico.

Porém, cremos que este é o primeiro campo missionário ao qual Deus está a chamar a igreja neste tempo.

Em Busca da Reconciliação nas Famílias

No empenho de partilhar o evangelho e de ajudar as pessoas a receberem as boas novas, focalizamos

com muita frequência a reconciliação com Deus e o estabelecimento do relacionamento com Ele. Muitas

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vezes, contudo, as pessoas não podem realizar plenamente essa tarefa, algumas vezes nem mesmo podem

empreendê-la, até que tenham sido reconciliadas com os familiares mais próximos. Jesus reconheceu essa

realidade quando disse: “primeiro vai e reconcilia-te com o teu irmão” (Mateus 5:24). As famílias conhecem o

impacto devastador do pecado. Sua devastação pode ser sentida no rompimento do casamento; no stress do

relacionamento entre pais e filhos; na desavença ao longo de gerações entre os familiares; na experiência

dolorosa das vítimas de abuso e violência, na contaminação pela sida, nos vícios entre outros. Se quisermos

ser fiéis ao chamado de Cristo para estender o Seu ministério ao mundo, um ministério aos corações

quebrantados, cegos e oprimidos, o evangelho deve primeiro ser aplicado como um bálsamo curativo para as

verdadeiras feridas na experiência familiar.

Esse tipo de evangelismo irá requerer novas abordagens, novas habilidades e muita paciência num

processo que é talvez mais complicado do que pensemos. Mas esse tipo de evangelismo tem o potencial de

realizar um bem sem precedentes ao mundo se as barreiras que dividem e separam forem derribadas pelo

evangelho e mais e mais famílias forem trazidas a Jesus para que Se torne a sua Paz. A queda muitas vezes

decorrente da forma como a pessoa foi educada pode ser grandemente reduzida. Quando as famílias estão

unidas no Senhor e alguém fica desanimado, toda a família pode ser reunida para apoiar e encorajar aquele

que está passando por uma luta, atraindo-o de volta para o círculo familiar e para o círculo da família de Deus.

Conclusão

Duas histórias do Velho Testamento vêm à nossa mente para fins de conclusão. Elas encontram-se em

II Samuel 18 e II Reis 7:9. Não sabemos a que conclusões chegará com essas duas histórias, mas a primeira

sugere-nos que antes de considerarmos unir a família com o evangelismo, devemos assumir a tarefa de

assegurar que as famílias realmente tenham boas novas. As palavras comoventes do general Joabe ao jovem

que queria correr a levar as notícias da batalha a David são palavras de sabedoria para nós também: “Para que

agora correrias tu, meu filho, pois não receberias recompensa pelas novas”.

Contrário ao mito popular de que o envolvimento no evangelismo resolverá todos os problemas

familiares, gostaríamos de sugerir que as famílias que não experimentaram o evangelho de uma forma que as

aproxime de Deus são semelhantes aos mensageiros que não têm boas novas para partilhar. Dar a mensagem

não é a resposta. Dar-lhes realmente boas novas é.

A segunda história deixa inequivocamente claro que uma vez que se encontre as boas novas elas são

impulsionadoras! Assim como os leprosos confrontados com a abundância de bens, ficaram alegres, também

nós ficaremos enriquecidos com a abundância da maravilhosa graça de Cristo. Então, totalmente satisfeitos

daremos apenas uma resposta: “Este é um dia de boas notícias, e não podemos ficar calados. ... Vamos

imediatamente contar tudo”.

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Referências e Bibliografia

Barclay, W. (1975). The gospel of Matthew, vol. 1. Philadelphia: Westminster Press.

Bellah, R., et al. (1996). Habits of the heart. Berkeley, CA: University of California Press.

Guernsey, D. (1982). A new design for family ministry. Elgin, IL: David C. Cook Publishing Co.

Nicholi, A. (25 de maio de 1979). The Fractured Family: Following It in the Future. Christianity Today.

Strauss, R. (1975). How to raise confident children. Grand Rapids, MI: Baker Books.

White, E. G. A Ciência do Bom Viver. CD-Rom E. G. White.

White, E. G. Educação. CD-Rom E. G. White.

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Página 113 Materiais dos MF—Traga a Igreja Para o Lar

TRAGA A IGREJA PARA O LAR:

REDESCOBRINDO A FAMÍLIA COMO CATALISADORA PARA O EVANGELISMO

David Yeagley

Por meio da história da salvação, Deus moldou a família para ser o agente de mudança num mundo a perecer. Assim.

não nos devemos esquecer do poder da família.

Introdução

Quando era adolescente o meu irmão deu-me a sua velha caixa com substâncias químicas. A folha com

instruções tinha sido perdida e assim eu passei horas na cave da nossa casa misturando, aleatoriamente, as

substâncias com água e esperando que ocorresse alguma reacção. A água ficava manchada com cores feias,

verde, preta e vermelha, mas nada mais acontecia. Não saiam faíscas, não havia efervescência, nenhum fumo,

nenhum estalido, nada! O nosso mundo assemelha-se à solução que misturei com água, negro feio e

manchado pelo pecado. Há um sentimento crescente de que o mundo está à beira do precipício e ninguém

consegue detê-lo. Os pregadores, políticos e educadores misturam, desesperadamente, todas as substâncias

químicas que possuem, mas nada acontece. O que o mundo necessita é daquilo que faltava nas substâncias

químicas que o meu irmão me deu, um catalisador, um agente de transformação.

Onde iremos encontrar esse catalisador? Certamente não na farmácia ou num livro de química mas, a

Palavra de Deus pode ajudar-nos a encontrá-lo.

A Família Como Agente Catalisador

Ao longo da história, a família tem desempenhado uma parte crucial no plano de Deus.

A primeira família. Na criação do mundo, Deus parou, contemplou, e disse: “Isto é muito bom”. Mas

o inimigo espreitava nas sombras. O que Deus fez para proteger este novo mundo? Ele uniu o homem e a

mulher e formou a primeira família. Eles deveriam encher e cuidar da terra, mas o mais importante era que a

sua união numa só carne, pelo casamento, deveria ser um testemunho do amor e poder de Deus – diante das

forças do inimigo (Génesis 2:16, 17). Esta primeira família desobedeceu quando o homem e a mulher se

separaram um do outro no jardim. Com o rompimento da sua união, Satanás aproveitou a oportunidade e o

nosso mundo caiu nas trevas.

Abraão e a família de Israel. Depois da confusão das línguas na Torre de Babel, o mundo novamente

esteve à beira do precipício. Com todas as nações agora espalhadas sobre a terra e com os filhos de Deus

separados pela língua, como é que todos poderiam ser alcançados pelas novas da salvação? Deus necessitou

de um catalisador, um agente. De uma das maiores cidades da Mesopotâmia Ele chamou a Abraão e disse-lhe

para deixar tudo e ir para uma cidade desconhecida onde ele e a sua família pudessem ser o povo escolhido de

Deus (Génesis 12:1-3). Como poderia esse único homem e sua a família ser uma bênção para o mundo

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Página 114 Materiais dos MF—Traga a Igreja Para o Lar

inteiro? Só descobrimos a resposta muito tempo depois (Génesis 18:18, 19). Deus pôs a fé de Abraão à prova.

A sorte da humanidade estava por um fio.

A família dos crentes cristãos. A fidelidade de Abraão para com Deus e a história subsequente da

família de Israel conduziram ao maior momento na história da salvação. Numa longínqua cidade da Palestina,

miraculosamente uma jovem judia concebeu e Deus tornou-se homem. Jesus veio ao mundo, viveu, morreu e

ressuscitou. Mas quem contaria ao mundo esses factos? Novamente, a sorte do mundo estava pendendo. Uma

vez mais Deus chamou uma única família (Mateus 12:48-50). As palavras de Jesus parecem confusas até que

as cavamos mais fundo. Na compreensão do Novo Testamento, a igreja aparece como a família, uma “família

de fé” (Gálatas 6:10), “membros da família de Deus” (Efésios 2:19), “família” (Efésios 3:14-15). O livro de

Actos deixa claro que essa família viveu à altura do seu chamado. Eles levaram a mensagem de casa em casa.

Repetidas vezes, toda a família foi levada a Cristo. Em poucos anos o mundo sofreu uma total modificação.

Uma única família. Notemos a amplitude da história da salvação. Através dos tempos a família de

Deus está sempre aumentando. Ela começou com um homem e uma mulher nascidos da intimidade com a

divindade. Expandiu-se numa única família acampada como nómadas numa terra estranha. A Escritura

termina com uma grande família que circunda o mundo e rompe todas as fronteiras étnicas, políticas e de

sexo. Agora a família de Deus está para se expandir uma vez mais. Depois de milénios de dor e separação,

Deus está a ponto de chamar a Sua família da terra para se unir à família do lar celestial. Novamente o mundo

está no limite. É a hora zero. O livro de Apocalipse diz-nos que, diante do aumento das trevas, Deus reuniu

um remanescente da Sua família original para levar ao mundo a mensagem do evangelho para o tempo do fim

(Apocalipse 14:6, 7). Embora essa mensagem tenha sido pregada durante décadas e tenha havido um grande

crescimento da igreja, milhões e milhões continuam a aproximar-se cada vez mais do precipício. Os valores e

a moralidade estão-se desintegrando, os lares estão fragmentados e esfacelados e vidas incontáveis estão

vivendo isoladas e feridas.

Recuperando a Família como um Catalisador Evangelístico

Por meio da história da salvação, Deus tornou a família num agente de transformação num mundo a

perecer. Agora, com o nosso mundo no limiar da eternidade, não nos devemos esquecer do poder desse

catalisador. Paralelo a Apocalipse 14 está Malaquias 4 com uma mensagem que deve vir junta com a

mensagem dos três anjos: “Estou a enviar Elias, o profeta, para preparar o caminho para o Grande Dia de

Deus, o dia decisivo do Juízo! Ele convencerá os pais a cuidarem dos filhos e os filhos a cuidarem dos

pais” (Malaquias 4:5-6, The Message Bible).

O que se vê aqui é que o catalisador da família é fundamental para a realização do evangelismo nos nossos dias.

James Dobson, um advogado da família, algumas vezes controverso disse:

“Aqui está a implicação mais importante à desintegração da família. Ela representará o

fim virtual do evangelismo, como ocorre na Europa Ocidental … A família é absolutamente essencial

para a propagação da fé. A família está a desintegrar-se ao redor do mundo, talvez ao longo da nossa

vida venhamos a ver outro colapso moral „como nos dias de Noé‟” (Dobson, julho de 2001, Monthly

Newsletter).

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Página 115 Materiais dos MF—Traga a Igreja Para o Lar

Desaprendendo alguns hábitos evangelísticos. Comecei a tocar violoncelo aos nove anos. Ao

longo dos anos, ao mudar-me com meus pais de cidade em cidade e depois de haver estudado com muitos

professores, assimilei alguns maus hábitos. Eles eram pequenos e aparentemente insignificantes, mas, quando

cheguei ao ensino médio deparei-me com um muro e não conseguia avançar mais. No Texas estudei com

Wayne Burak, o primeiro violinista da Forth Worth Symphony Orchestra e mestre. Um a um ele diagnosticou

meus hábitos adquiridos, e lenta e pacientemente ajudou-me a desaprendê-los. Esse foi um processo

exaustivo, mas os resultados foram música aos meus ouvidos, estava a tocar num nível que nunca imaginara

seria possível.

Aplicar o catalisador da família aos nossos empenhos evangelísticos igualmente será um processo

estimulante. A prática de longos anos resultou no surgimento de imitações em vez do modelo que

apropriadamente incorpora os princípios da vida da família no nosso ministério. Recentemente, algumas

tentativas foram feitas para anexar o ministério da família ao que já vinha sendo feito em termos de

evangelismo. Porém, se desejamos derribar muros diante de nós devemos estar dispostos a desaprender

algumas coisas e a reaprender outras a respeito do evangelismo. Apresentamos a seguir algumas sugestões

com o objectivo de estimular o pensamento criativo e o diálogo. Espero que conduza a um enfoque renovado

do importante papel da família no evangelismo e no desenvolvimento de modelos práticos do verdadeiro

evangelismo fundamentado na família.

Passando da salvação de almas para a salvação de famílias. O modelo do ministério do Novo

Testamento é o que actua de casa em casa. Várias vezes os apóstolos baptizaram famílias inteiras. Erwin

McManus em An Unstoppable Force (2001) escreve:

“O propósito de Deus foi, sempre, o de redimir um povo. Porém, reduzimos isso à conversão

de indivíduos. E há uma diferença enorme entre os dois ... um conduz a seguidores de Cristo enquanto o

outro a um movimento” (p. 95).

O significado do ministério relacional. A cultura ocidental contemporânea é céptica quanto à

doutrina, mas faminta por relacionamentos. Um banco perto de onde vivo tem um slogan que associa esses

dois anseios: “O Relacionamento Certo é Tudo”. Jesus responde a esse anseio ao afirmar: “Eu sou o

caminho, a verdade e a vida” e “esta é a vida eterna: que te conheçam, a ti como único Deus verdadeiro, e a

Jesus Cristo, a quem enviaste”. Isto não é um repúdio à doutrina, mas um chamado a um ministério

relacional. Ron Martoia diz: “Os relacionamentos são a justificativa do século vinte e um” (Velocity

Conference 2003).

De programas ao processo. Estabelecer um relacionamento exige tempo, a amizade desenvolve-se

em ritmo diferente. O ministério relacional não pode ser empacotado numa cruzada de 26 noites. As séries

evangelísticas tradicionais podem resultar num aumento dos números, mas podem também ser

contraproducentes à saúde das famílias. As igrejas que buscam envolver-se no evangelismo baseado na família

devem comprometer-se num processo de longo prazo que não pode ser facilmente aferido por números e

resultados imediatos. Cada parte do processo desde o formar amizades para fortalecer os casamentos até

participar de um piquenique com amigos deveria ser compreendido como parte deste processo evangelístico.

Esse processo estende-se além do baptismo de indivíduos e famílias para encorajá-los a envolverem-se no

discipulado.

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Página 116 Materiais dos MF—Traga a Igreja Para o Lar

Do ministério centralizado na igreja para o ministério centralizado no lar. Em The Family Friendly

Church, Ben Freudenburg (1998) salienta que devemos passar do “ministério centralizado na igreja e apoiado

pelo lar para o ministério centralizado no lar e apoiado pela igreja” (p. 94). Este é um novo modelo com

implicações radicais. Os líderes da igreja há muito pedem às famílias para se envolverem com o programa da

igreja. Esse novo modelo de ministério pede que a igreja se envolva no programa da família. Leonard Sweet,

líder de uma associação, desafiou a igreja a reivindicar o lar como o centro para o ministério.

Da profecia ao movimento profético. Durante anos, ilustramos a nossa publicidade evangelística

com imagens de bestas e de dragões. Tipicamente, muito do evangelismo público inicia sua série com Daniel

2. O adventismo que tem suas raízes históricas nas profecias de Daniel e Apocalipse não deve ser perdido.

Porém, não se deve esquecer que fomos chamados a proclamar a mensagem de Elias de Malaquias 4 a

converter “o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais”. Nesse sentido, devemos trazer

restauração aos casamentos em ruptura e anunciar os eventos finais que são igualmente proféticos. Não

podemos ser um movimento profético de Deus enquanto proclamarmos um e ignorarmos o outro.

Dos grandes auditórios para os pequenos auditórios. Como povo remanescente de Deus devemos

estar dispostos a ir aonde a igreja ainda não foi, ao vizinho do lado! Para isso não é necessária publicidade

nem na rádio nem na televisão. A melhor maneira de dar a conhecer o evangelho é falar com o seu vizinho ou

convidá-lo a ir a sua casa juntamente com a família. Mike Slaughter (2002) observa: “A nossa cultura moderna

diz respeito à personalização. Devemos aprender novas formas de abordar as pessoas, ajudando-as em suas

necessidades em lugar de termos um programa único para todos os programas com o grande público” (p. 35).

De sermões a experiências estruturadas. Durante mais de 150 anos o evangelismo adventista tem

focalizado a palestra e o ensino. Com o surgimento de uma cultura que valoriza as experiências, a

aprendizagem entrou numa dimensão totalmente nova. O ouvir calado em um banco ou atrás de uma mesa

muitas vezes sufoca o significado da aprendizagem. Os aprendizes de hoje desejam fazer parte da experiência.

Desejam ver, ouvir, tocar, sentir, cheirar. Desejam poder participar activamente no processo da aprendizagem.

Eles respondem às imagens visuais ou ao uso de metáforas e histórias. Preferem um processo de

aprendizagem que os relacione com outras pessoas na mesma situação.

Dos testes para a vida. A maioria dos programas evangelísticos envolve alguma variação de testes

para serem preenchidos. O sermão ou a lição faz uma pergunta, o evangelista ou o participante lê o texto e

então, mentalmente ou literalmente, preenche os espaços. As pessoas hoje têm pouco interesse nesses

métodos. Elas desejam encontrar alguém que está na mesma situação. Não estão interessadas em encontrar

todas as respostas; desejam encontrar alguém que partilhe com elas o mesmo processo, alguém verdadeiro e

autêntico. No mundo que não crê na bíblia, a prova da vida é a única prova que estão dispostos a ouvir.

Do exterior para o interior. Temos gasto muito tempo preocupando-nos em como atrair pessoas

para virem à nossa igreja. O que poderia acontecer se gastássemos o nosso tempo criando uma experiência na

comunidade da fé a qual os adoradores pudessem levar consigo após terminados os serviços religiosos? Não

externamente, mas internamente. De acordo com William Abraham (1989), “O evangelho é propagado e a igreja

cresce devido à mão soberana de Deus na comunidade que se encontra cercada por pessoas que ficam

intrigadas com o que vêem acontecer” (p. 38).

Da proposição para uma Pessoa. Acima de tudo, devemos lembrar que a mensagem não é

fundamentalmente um conjunto de princípios e proposições; é uma Pessoa. Quando Deus quis que o mundo

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Página 117 Materiais dos MF—Traga a Igreja Para o Lar

pecaminoso compreendesse quem Ele é, não enviou uma declaração doutrinária, enviou um Salvador. Se a

verdade absoluta é uma Pessoa, então responder à verdade é tudo o que fazemos com essa Pessoa. Esta

realidade deve ser o fundamento do evangelismo relacional baseado na família. Jesus disse: “Esta é a vida

eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).

Referências

Abraham, W. (1989). The Logic of Evangelism. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co.

Dobson, J. (2001). July Monthly Newsletter.

Freudenburg, B. (1998). The Family Friendly Church. Loveland, Co: Group Publishing.

Martoia, R. (2003). Velocity.03 Conference. Jackson, MI: Westwinds Community Church.

McManus, E. (2001). An Unstoppable Force. Loveland, Co: Group Publishing.

Slaughter, M. (2002). Unlearning Church. Loveland, Co: Group Publishing.

Sweet, L. (2003). Velocity .03 Conference. Jackson, MI: Westwinds Community Church.

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Página 119 Materiais dos MF—Evangelismo na Família

EVANGELISMO NA FAMÍLIA

Millie e John Youngberg

Um Novo Paradigma

Há apenas um “evangelho eterno” que deve ser pregado a todos os habitantes da terra para preparar as

pessoas para o grande e majestoso dia do Senhor. Porém, as velhas verdades podem ser apresentadas de uma

maneira nova. As “necessidades sentidas” do público pedem alternativas e abordagens actuais. O

Evangelismo na Família é um modelo novo. Embora abrangendo as doutrinas essenciais, o seu forte é a

teologia relacional. O adventismo do sétimo dia é uma mensagem profética. Portanto, não nos esqueçamos de

“converter o coração” ou seja, a profecia relacional de Malaquias que fechou o cânon do Velho Testamento e

abriu o Novo Testamento com o anúncio profético de Gabriel a Zacarias (Lucas 1:16, 17). Não “há nada mais

poderoso do que a ideia de que vindo é o tempo”. Ao testemunharmos as elevadas taxas de divórcio, a

delinquência juvenil e a corrupção moral por todas as partes, sem dúvida que pensamos que chegou o tempo

de reconstruir o altar da família e de converter o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais, e juntos

convertermos os nossos corações ao lar. Quando for apresentada a mensagem de Elias, o fogo do poder de

Deus irá manifestar-se e o sangue da Vítima Inocente salvará as nossas famílias para o céu.

Alvos do Evangelismo na Família

1. Facilitar a conversão do coração mediante a mensagem de Elias.

2. Combinar as apresentações doutrinárias com a prática da vida em família – onde a vida é vivida.

A mensagem busca uma integração da família e da instrução doutrinária.

3. Partilhar o evangelho no ambiente da família com ênfase em Jesus e na teologia relacional.

4. Encorajar todas as famílias a virem ao Senhor e a unirem-se à igreja.

Filosofia

Se a mensagem do evangelho significa alguma coisa, deveria ser o poder transformador que faz a

diferença na família e que mostra às pessoas como viver e se relacionar com os outros. Se a mensagem da

Bíblia não tiver o dinamismo para tornar as pessoas boas, para torná-las amáveis, amorosas nos

relacionamentos, então sua relevância para a sociedade como um todo pode ser questionada. Não se trata de

aderir ao altruísmo humano. A natureza humana não pode ser transformada por si mesma. A virtude humana

deve encontrar o seu ponto inicial no amor altruísta de Deus.

Todos sabemos que a igreja e a escola primitiva foram na família. O primeiro casamento, realizado no

Éden pelo Criador, estabeleceu o fundamento da sociedade. A transgressão e a realidade do pecado

desfiguraram a primeira família. O jogo da acusação teve início, o primeiro primogénito matou o seu irmão. O

Violador da Família incide a sua maldade sobre a família caída, mas Aquele que a criou interveio para mostrar

à família o caminho de volta para o lar eterno. Chamamos a esse conflito o “grande conflito”. Hoje o seu

alvo não são os raios cósmicos, mas o lares. Satanás “Intromete-se em todos os compartimentos do lar, ...

destruindo as famílias ... “ (O Grande Conflito, p. 508).

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Página 120 Materiais dos MF—Evangelismo na Família

Necessitamos de mais alguma justificação para o “Evangelismo na Família”? O enfoque nestas séries

são as Boas Novas e como elas podem ser vividas na família. Há uma integração da instrução bíblica e

familiar. A obra do Espírito Santo na família ao ela aceitar o evangelho, torna-se extremamente excitante e

gratificante aos membros da família participante.

A mensagem de Elias em Malaquias 4:5, 6 torna-se o fundamento desta série evangelística – mostrar

como converter os corações dos pais aos filhos e dos filhos aos pais, e juntos fortalecerem o relacionamento

vertical com o Autor da família. Esta profecia dos últimos dias é o fio dourado que traça o seu caminho ao

longo da série.

A mensagem de Elias nunca deve ofuscar Aquele a quem a mensagem anuncia, Jesus a única esperança

da família. Embora ajude os novos membros a encontrarem e aceitarem a Jesus Cristo como o seu Salvador e

a aprenderem mais a respeito do evangelho, os membros da igreja são edificados e desenvolvem-se ao serem

aprendidas novas habilidades e técnicas na família. Por conseguinte, a qualidade da família é melhorada.

Quando dois indivíduos unem as suas vidas pelo casamento entram numa aprendizagem, iniciam um

processo algumas vezes doloroso, mas essencial. O lar torna-se um lugar de boas maneiras. Alguns, porém,

não desejam ser polidos e assim muitas vezes o casamento acaba em divórcio. O lar é um lugar para o

desenvolvimento do carácter, que é tudo o que podemos levar para o céu. Quando toda a família está

comprometida com Cristo e segue os ensinos bíblicos, o crescimento é facilitado no lar. Tudo se torna melhor

com Deus na família.

A Mensagem da Família é Bíblica

Há muitas histórias de famílias na Bíblia das quais podemos aprender e há parábolas e simbolismos da

família para estimular o pensamento a respeito da família. Um deles mostra Cristo como o noivo e Seu povo

como a noiva. Ele deseja que estejamos prontos para esse grande evento. Este é justamente o tema desta

série..

O Pastor Gordon Martinborough e a sua esposa, família veterana no evangelismo, na Divisão

Interamericana dos Adventistas do Sétimo Dia, salientaram alguns outros exemplos da família na Escritura.

Depois que Enoque se tornou pai, ele caminhou com Deus (Génesis 5:22); Isaías 49:15 diz que o amor de

Deus é maior do que o amor de mãe; Ezequiel 16:8, 15 apresenta um retrato de Deus como o amante de

Israel, a esposa infiel. Mateus 25 apresenta a parábola das dez virgens no ambiente de um casamento, Efésios

5:31, 32 enfatiza que um homem e uma mulher serão uma só carne. Essa intimidade é comparada com a

intimidade que Cristo deseja ter connosco, a Sua igreja; Apocalipse 21:2 apresenta a Cidade Santa como a

noiva. A Bíblia encerra com um convite do Espírito à noiva “‟Vem!" ... bebe de graça da água da

vida‟” (Apocalipse 22:17). Devido a essas e outras referências bíblicas à família, alguns se referem à Bíblia

como o “Livro da Família”.

Está claro que o evangelismo na família não é um novo esquema. Ele tem fundamento bíblico. Segue o

método de Cristo de satisfazer as necessidades das pessoas no lar e então dar-lhes a solução para as suas

necessidades e os problemas.

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Página 121 Materiais dos MF—Evangelismo na Família

Uma campanha evangelística na família apresenta as doutrinas bíblicas que seriam apresentadas numa

campanha evangelística tradicional, tornando as questões da família uma introdução e ambiente para cada

doutrina. Há uma integração da fé, doutrinas, relacionamento familiar e habilidades na família. Cada sermão

pode incidir numa questão da família de forma diferente. Alguns sermões fazem a transição das necessidades

das famílias de hoje para temas doutrinários. Noutros, os temas doutrinários e famílias são mais integrados no

sermão.

O Valor do Evangelismo na Família

Durante anos os observadores verificaram que os membros da igreja e os não adventistas presentes

juntam-se nos temas introdutórios que tratam os problemas da família. Então, à medida que a série prossegue

para a abordagem doutrinária/profética tradicional, muitos adventistas ficam em casa visto que já ouviram

esses temas. Viver e fortalecer a vida familiar são de interesse dos adventistas e dos não adventistas, portanto

a frequência tende a manter-se maior do que quando são apresentadas as séries tradicionais. No evangelismo

da família, os membros da igreja sentem-se mais à vontade para convidar os vizinhos devido aos claros

benefícios trazidos à família.

Os materiais para a família prestam-se mais às dinâmicas de grupo e à participação da audiência no

ambiente do seminário. Isso tende a deixar a reunião mais leve. Os participantes recebem actividades para

fazerem em casa e apresentam o relatório na reunião seguinte, se o tamanho do grupo o permitir. As

actividades de casa, cuidadosamente planeadas, pedem uma resposta que implica uma transformação, não

apenas uma informação. As pessoas gostam de saber como os outros resolvem os problemas na família.

A decisão de aceitar a Cristo e subsequentemente o baptismo são uma parte importante da campanha,

com a esperança de que a família toda seja baptizada e se una à família de Deus, a Igreja. Baptizar a família

toda, como uma unidade, tem muitas vantagens. Estamos lembrados da experiência do carcereiro em Filipos

onde uma família toda aceitou a Cristo e foi baptizada. As taxas de retenção e fidelidade entre os novos

membros são muito melhores quando há apoio da família. O outro lado da moeda, é que são minimizadas as

hostilidades na família quando todos os seus membros aprendem juntos o evangelho. Muitos dos problemas

enfrentados pela pessoa estão fundamentados na família. Uma abordagem que lide com o grupo todo pode

manter o equilíbrio da família ao passar esta para um novo estilo de vida.

Quando essa abordagem de evangelismo na família foi usada na Rússia, notámos que houve uma

percentagem maior de homens baptizados no final das reuniões do que em outras reuniões evangelísticas

realizadas.

Uma Breve História Recente de Evangelismo na Família

O evangelismo na família foi o método preferido de evangelismo e de fortalecimento na igreja cristã

primitiva. As congregações reuniam-se nas casas, da mesma forma como ocorre hoje para a maioria dos mais

de 300.000 adventistas do sétimo dia na China. Em Cuba, há também muitas igrejas nos lares. Muitos dos

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Página 122 Materiais dos MF—Evangelismo na Família

milagres de Cristo respeitaram e restauraram a unidade orgânica da família. Os crentes muitas vezes eram

baptizados como famílias.

O ressurgimento recente do evangelismo na família tem sido muito eficiente em várias partes do

mundo. Gordon Martinborough informa que milhares de pessoas que aceitaram a Cristo e foram baptizadas

durante o período em que ele e a sua esposa, Waveney, estiveram activamente envolvidos no evangelismo na

família. Fitzroy Maitland, Rocky Gale, John e Millie Youngberg, Carlos Martin, Victor Collins, Adly Campos e

outros produziram e apresentaram materiais de evangelismo na família, nos anos recentes, com bons

resultados nos Estados Unidos, Canadá, Caribe, Rússia, Cuba, República Dominicana, México e outros países.

Esses materiais e apresentações são fundamentais para a proclamação da mensagem de Elias e de Malaquias

4:5, 6 neste tempo do fim.

A nossa própria actividade no evangelismo na família remonta a um quarto de século. Fomos

catalisadores no encorajamento de outros – reunimos e organizamos os primeiros materiais. Depois de

realizar uma campanha de evangelismo na família, em Moscovo, durante o verão de 1994, ficamos

convencidos de que havia necessidade de uma série de reuniões evangelísticas para a família na ex-União

Soviética que não pressupunha antecedentes cristãos na audiência, devido aos 70 anos de exílio ateísta durante

a era comunista. Ainda, devido à oposição da igreja predominante na Rússia, as reuniões iniciavam com temas

relacionados com a família e então cruzavam a ponte para temas doutrinários que eram biblicamente

ilustrados por metáforas da família. Havia uma integração do material da disciplina ciência da família com a

instrução bíblica.

Depois que voltámos de Moscovo, May-Ellen Colon, sub-Director dos Ministérios da Família da

Divisão Euro-Asiática, solicitou-nos que preparássemos uma série de sermões para a família e doutrinários a

fim de satisfazer necessidades especiais. Family Life at Its Best (A Família em Seu Potencial Máximo) foi o

resultado de nossos esforços. Ele foi publicado na Rússia para ser usado pelos ministros e leigos no ex-bloco

soviético. Esse material foi então traduzido e culturalmente revisão para uso entre os hispânicos, pelo Dr. Luis

Del Pozo, no México. A obra resultante La Familia em Su Máximo Potencial, teve duas edições e foi ilustrada

com gráficos em PowerPoint. Sabemos de 50 pastores, no México, que utilizaram essas séries. Os resultados

foram encorajadores. Um pastor mexicano realizou 125 baptismos de uma série onde ele organizou

cuidadosamente todo o material na igreja. Foi uma grande alegria ver que as igrejas locais, em muitos países,

passaram a usar esse material para salvar as famílias. No presente, com o apoio de Ron e Karen Flowers do

Departamento dos Ministérios da família da Associação Geral, será publicada numa edição em inglês, em

2004. Essa nova edição mostra uma progressão de edições noutras línguas e busca derribar as barreiras

culturais para tratar das necessidades universais das famílias em todas as partes.

Não demorou muito para descobrirmos que essa tarefa era maior do que nós. Tornou-se uma antologia

de sermões do evangelismo na família, escritos por pastores, evangelistas, administradores, escritores e

professores universitários adventistas do sétimo dia experientes. Esses sermões foram editados e reeditados

com grande esforço para ampliar a ênfase na família em cada sermão. O processo continua à medida que

novas edições estão a ser preparadas. Dentre os principais contribuintes estão John & Millie Youngeberg, Joe

Engelkemeier e Melchizedek Ponniah. Outros autores são Gaspar e May – Ellen Colon, Ken Corkum,

Dwinght Nelson (dos sermões NET 98), Larry Lichtenwalter, C.D. Brooks, Halcyon Wilson, C. Mervyn

Maxwell, Thurmon Stenbakken, Joyce Lorentz e Paul a Gordon.

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Página 123 Materiais dos MF—Evangelismo na Família

Como editores gerais, tentamos manter a integridade do componente família na série toda e dar um

fluxo unificado, embora respeitando a contribuição dos vários convidados. Para a nova edição na versão em

inglês para 2004 da Family Life at Its Best os sermões foram actualizados por novos escritores nos quais foram

acrescentadas informações actuais. Consideramos esse material um manual actualizado e criativo que pode ser

usado por leigos. Cada pessoa pode dar autenticidade à mensagem ao combinar a sua própria experiência da

vida familiar, ilustrações pessoais, histórias locais, materiais relevantes à cultura a fim de satisfazer as

necessidades da audiência.

Usos Variados dos Materiais do Evangelismo na Família

Mulheres evangelistas. Na Rússia, na Ucrânia, nos Estados Unidos e no México as mulheres têm

realizado proeminente trabalho usando a metodologia do evangelismo na família com resultados, algumas

vezes, de mais de 100 baptismos. Há um grande potencial para as mulheres evangelistas usarem esses

materiais. Ouvir uma mulher pregar é novidade para muitos e, com frequência, a perspectiva da mulher é

objectiva e criativa ao lidar com as questões da vida familiar.

Reunião no Lar. Algumas famílias usam esse material para convidar os seus vizinhos a visitá-los em

casa, apresentam informações referentes à vida familiar e oram pelas necessidades manifestadas pelos

convidados. Em tais grupos, são dados passos para as mudanças na vida familiar e as pessoas são levadas a

pensar a respeito de questões bíblicas e familiares, dando a oportunidade para que ocorram transformações

pessoais.

Temas breves para a família. Questões breves que não seriam tratadas no sermão doutrinário para a

família e, sugerimos que sejam acrescentadas e apresentadas num tempo extra durante cada reunião, 10 a 12

minutos. Um componente da Série de Evangelismo na Família que pode ser usado é Dynamic Family Living Series:

A Series of Family Talks to be used in Conjunction with Evangelistic Campaigns (Série Dinâmica da Vida Familiar: uma

série com Conselhos Sobre Família para ser usada nas Campanhas Evangelísticas). Originalmente preparada

para uso nas 50.000 campanhas das Filipinas, este material pode também ser usado como temas breves sobre

família antes da apresentação do sermão principal nas séries evangelísticas tradicionais. Está disponível uma

versão em espanhol: Dinámica de la Vida Familiar.

Adaptação para Campanhas Breves

Dwight Nelson, NET 98, orador e pastor titular da Pioneer Memorial Church, na Andrews University,

diz que na maioria dos países ocidentais as longas séries evangelísticas são uma relíquia do passado. Temos

observado que isso se aplica no México, em Cuba e na República Dominicana. Na era pós-moderna com a

televisão a cabo, as pessoas, normalmente, não comparecem às séries longas, cujas reuniões ocorrem cinco

vezes por semanas, no total de 30 apresentações. Tampouco existe agora o imperativo de apresentar toda a

mensagem numa série. Por exemplo, na Divisão Inter-americana muitos pastores evangelistas esperam que os

conversos tenham três exposições à mensagem – por meio de uma série de semear, uma de colheita e uma de

estudos bíblicos ou classes baptismais. Eles organizam o seu ano evangelístico de acordo com as suas igrejas.

A metodologia de evangelismo na família pode ser usada com sucesso nesse ciclo, quer como série de

semear ou de colheita. Alguns evangelistas iniciam com temas sobre saúde, em seguida apresentam temas

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Página 124 Materiais dos MF—Evangelismo na Família

sobre a família e terminam com as mensagens doutrinárias. Como um livro de recursos contendo as doutrinas

bíblicas básicas e alguns temas proféticos, a série Family Life at Its Best pode ser precedida por um seminário

sobre saúde e seguida por um Seminário sobre o Apocalipse, por exemplo. Alguns oradores realizam reuniões

todas as noites, outros 4 ou 5 vezes por semana e ainda outros podem apresentar os sermões nos sábados ou

domingos tipo seminário. Neste material de evangelismo na família, codificámos os 30 temas e os sermões

para os três sábados com sugestões sobre como os temas funcionariam melhor numa série de 10 reuniões e

nas séries de 18 ou 21 apresentações.

Nossa Oração

Oramos para que a voz do Evangelismo na Família possa soar alto (Apocalipse 18) no mundo,

proclamando a mensagem de Elias para o tempo do fim em Malaquias 4:5, 6 – convertendo a Deus o coração

de todos na família e uns aos outros.

Referências

White, E. G. O Grande Conflito. CD-Rom E. G. White.

Como Solicitar o Material:

Materiais em inglês:

Family Life at Its Best (incluindo gráficos em PowerPoint), disponível em Junho de 2004.

Dynamic Family Living Series

Pedidos a Gary R. Hilbert, Gerente, Christian Book Center (ABC), 8980 S. US 31, Berrien Spring, MI

49103 EUA. Telefone: (877) 227-4800, (269) 471-7331. E-mail: [email protected]

Materiais em espanhol:

La Familia en Su Máximo Potencial (incluindo gráficos em PowerPoint).

Dinámica de la Vida Familiar

Pedidos ao Departament of Family Relations, Montemorelos University, Apartado 16, Montemorelos

N.L. 67500, México.

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Página 125 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

O PODER DO PAI

Millie Youngberg

Sermão do Evangelismo da Família.

Introdução

Em 1989, houve um terrível terramoto na América cuja intensidade foi de 8.9 na escala Richter. Numa

casa, marido e mulher foram jogados de um lado para o outro com a força desse terrível terramoto. Houve

um rugido ensurdecedor, como o som de um trovão, enquanto o edifício ruía ao redor deles. Mas ao cessar o

tremor eles verificaram que tinham sobrevivido pensaram no seu filho Américo. O pai correu pelas ruas em

direcção à escola. Ao chegar ali viu que o prédio da escola estava em escombros. O pai correu de volta para a

esquina do edifício onde havia deixado o seu filho naquela manhã, quando entrou na sala de aula.

A devastação foi total – placas de concreto, tábuas e entulho por toda a parte. O pai começou a

trabalhar imediatamente, retirando as placas de concreto. Algumas pessoas aproximaram-se e perguntaram o

que ele estava fazendo e disseram “Não perca o seu tempo. Ninguém pode estar vivo debaixo de todo esse

entulho”. Mas o pai, surpreendido com o pessimismo daquelas pessoas, disse-lhes: “Por favor ajudem-me a

retirar os escombros”.

Os bombeiros chegaram quase de imediato. O chefe viu que a situação era desesperadora e disse para o

pai: “Ninguém pode ter sobrevivido a esta devastação. Não vale a pena tentar tirar todo esse entulho. Na

verdade, está a dar esperanças a outras pessoas,”. Mas o pai do Américo continuou a trabalhar e trabalhar,

retirando todo o concreto e o entulho. Trabalhou durante 5, 12, 24, 36 horas sem parar. E, finalmente, depois

de todas essas horas de trabalho, ouviu uma débil vozinha. Era o seu filho, Américo que respondia ao seu

chamado. “Pai, eu sabia que virias, tu prometeste-me que se eu precisasse de ti, tu estarias ao meu lado”.

Catorze de trinta e três alunos daquela sala ainda estavam vivos. O cimento havia feito uma protecção

ao redor deles e criado um lugar onde puderam sobreviver. O pai disse: “Vem, Américo, sai”. O menino

respondeu: “Não, pai, deixa os outros meninos saírem primeiro, porque sei que tu continuarás aí”. Nestes

primeiros dias do século XXI ainda há pais verdadeiros. Eles estarão ao lado dos seus filhos quando estes

precisarem.

Tanto Os Pais, como os Filhos Necessitam de um PAI

No intimo do coração de cada filho há um enorme desejo de ser aceite e reconhecido por seu pai. Este

é um aspecto muito importante da vida do filho. Cada um deseja um pai amoroso e olha para ele como

alguém que está ao seu lado e ao seu dispor. O pai é o provedor ou o ganha-pão, o protector, o líder, o

sacerdote, o auxiliador, o amigo. Normalmente o pai amoroso que tem uma boa ligação com a sua família

empenha-se para ter um relacionamento positivo com cada filho, suprir-lhes as necessidades, estar presente

quando dele necessitam, manter uma boa comunicação e passar tempo de qualidade na companhia dos filhos.

Tudo isso é essencial para que se formem laços saudáveis e felizes entre o pai e o filho. A realidade é que os

pais estão cada vez mais ocupados e menos envolvidos com a vida diária dos seus filhos. O tempo é essencial

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Página 126 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

para que os nossos filhos recebam a devida educação, e fortalecimento espiritual. O poder do pai para

influenciar é de fundamental importância em cada lar.

O bom relacionamento entre pai e filho conduz ao sucesso nas realizações académicas, na identidade

do papel do sexo, no desenvolvimento emocional e moral que provê um lugar saudável para o “crescimento

no favor de Deus e dos homens”.

A paternidade é um relacionamento altamente dinâmico que transforma as crianças em tudo o que elas

podem ser sob a guia e cooperação do pai carnal e do Pai Celestial. Os pais exercem grande poder e

responsabilidade no seu papel sobre o filho que trazem ao mundo. Há muitos pais que levam a sério o seu

ministério para com os filhos, enquanto que outros são ausentes, negligenciam e rejeitam os filhos. Muitos

desses pais que não assumem a sua responsabilidade e poder paternos deixaram de ser uma figura central na

vida dos filhos e passaram a uma posição periférica. Isto não faz parte do plano de Deus. Ele disse de Abraão,

em Génesis 18:19: “Porque eu o tenho escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois

dele, para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem a rectidão e a justiça”.

Os pais têm responsabilidades dadas por Deus e estas, quando cumpridas, são motivo de grande

satisfação. Os pais que estão presentes no lar podem prover um ambiente de segurança, amor, instrução,

fortalecimento, bem-estar e ser uma influência poderosa na vida dos filhos. O pai ausente, quer em casa ou

fora, contribui para uma lacuna eterna e dor que afectam negativamente o futuro da criança.

Certo jovem soube que o seu pai estava à morte num hospital e correu o mais rápido que pôde para vê-

lo, porém, quando chegou ele já estava em coma. Agarrando-lhe a mão disse-lhe: “Não morra, até dizer que

me ama”. Repetidas vezes fez esse pedido, até que ouviu do pai: “Filho, eu o amo”. Infelizmente essas

palavras nunca tinham sido ditas antes.. O filho estava destroçado.

Os pais têm uma enorme responsabilidade, eles são os representantes do Pai Celestial aqui na terra,

enquanto os filhos são pequenos. Passar tempo de qualidade com os filhos é fundamental para o ensino, para

a criação de elos, para o aconselhamento, educação e também é um elemento poderoso da paternidade.

O Dr. Armand Nicholi II da Haward University diz: “Se há um factor que influencia o

desenvolvimento do carácter e a estabilidade emocional de um indivíduo é a qualidade do relacionamento que

a criança experimenta ao ser criada pelo pai e pela mãe”. Sim, o Dr. Nicholi está certo. Os pais não apenas

dão a vida biológica aos seus filhos, mas influenciam o seu carácter, ensinando-os a viver dignamente e a

resolver os seus problemas.

Certo pai e o seu filho pequeno estavam a caminhar pela mata. Em alguns pontos haviam clareiras e o

menino corria na frente ou vencia os obstáculos do caminho. Porém, depois de um tempo eles entraram

numa área da mata muito fechada e escura. O menino deixou a trilha e logo estava preso num emaranhado de

galhos. “Pai, as minhas pernas estão arranhadas!” O pai levantou-o e trouxe-o de volta para a trilha. Então

instruiu o menino: “Filho, agarra a minha mão e anda por onde eu ando”. Poucos minutos depois deixaram

aquele trecho escuro e emaranhado e chegaram ao local de destino. Na vida, feliz é o filho que quando as suas

“pernas estão sendo arranhadas” pode encontrar a direcção e o apoio do pai. Esse pai não diz simplesmente

ao filho o que deve fazer, mas ensina-lhe o caminho que deve seguir: “Filho, anda nas minhas pegadas”. O

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Página 127 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

exemplo de um pai amável na infância pode poupar o filho de muitos espinhos ao longo da vida. Este é o

verdadeiro “poder do pai”.

Crise de Pai: O Papel dos Pais Está Sob Ataque

Ao longo da história humana o pai tem desempenhado um papel importante no ambiente da família.

Isto aplica-se a quase todas as culturas do mundo. O pai tem sido grandemente responsável pelo progresso e

queda da família. Nos anos mais recentes, o papel do pai na família tem sido atacado por todos os lados. L.

Masters observa que vemos “o pai (entre a espada e a parede) para manter a sua “imagem” perante uma

esposa, (mãe agressiva) e um adolescente rebelde”. Se o infeliz do homem for buscar na televisão algum alívio,

a sua auto-estima será ainda mais agredida, pelos programas nos quais as mulheres e filhos frequentemente

defraudam o pai, cuja imagem está cada vez mais sendo apresentada, nos midia, como incompetente e

incapaz” (Masters, 1971, pp. 21-30). (Nota ao evangelista: Por favor, assegure-se de que a observação acima seja importante

para a sua cultura. Caso contrário, use estudos contextuais e relevantes.)

Certa emissora de televisão mostra adolescentes a dizer que não se sentem amados, apreciados ou

mesmo ligados aos seus pais. Eles sempre se sentiram ignorados, mal compreendidos e quando assistem a

algum programa televisivo sobre este tema, vêm com maior clareza as muitas falhas existentes entre o

relacionamento deles com os pais. Todavia, o seu profundo desejo era terem um relacionamento íntimo e

significativo com essa pessoa importante, o seu pai, e serem notados e aceites por ele. Eles, próprios,

reconhecem que as suas acções nem sempre traduzem a sua verdadeira apreciação pelo pai e os seus valores.

Hoje, milhões e milhões de crianças não têm presença de um pai. Alguns pais cumprem os seus deveres

militares em vários países e muitos deles nunca mais voltam para casa. Outros são escravos do trabalho e

estão muitas horas fora de casa. Outros ainda, passam muitas horas ausentes do lar porque quando saem do

trabalho vão encontrar-se e beber com os amigos. Outros há que chegam a casa e passam horas e horas em

frente à televisão ou ao computador. Mentalmente estão longe dos seus filhos. Essa ausência traz sérias

consequências. Embora seja terrivelmente triste a ausência do pai, o problema maior é a negligencia que os

pais mostram para com a família, não mantendo contacto com os filhos. Quão agradecidos deveríamos estar

ao nosso Pai celestial porque está sempre presente. Ele nunca nos abandona ou esquece.

Os especialistas do comportamento dizem que o pai negligente é a causa de muitos problemas sociais e

pessoais. Na verdade, duas autoridades proeminentes na área, Henry Biller e Dennis Meredith, afirmam quase

que inequivocamente que “O poder do pai é diferente do poder da mãe e o seu filho necessita de ambos para

se poder desenvolver harmoniosamente”.

O Dr. Ken Canfield, Presidente do Centro Nacional Sobre Paternidade (2001) informou que na sua

pesquisa descobriu que muitos pais abandonaram os seus filhos, esse abandono não é apenas físico, mas

também emocional e espiritual. Quando os pais não se associam emocional e espiritualmente com os seus

filhos, eles tornam-se vulneráveis. Biologicamente, é o pai que determina o sexo do novo bebé, e se o pai não

desempenha um papel activo na vida da criança, ela tende a sentir ambiguidade e confusão quanto ao seu

sexo. As crianças cujos pais são activos e ligados a elas têm a tendência de se tornarem adolescentes e adultos

com a capacidade de traduzir os grandes planos em actos apropriados. Esses pais também afectam o conceito

que os seus filhos têm de si mesmos. Eles crêem que são importantes porque os seus pais lhes dizem isso.

Têm também a capacidade de tomar decisões fundamentais.

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Página 128 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

O Dr. Canfield prossegue dizendo que nos Estados Unidos há uma crise de paternidade entre os afro-

americanos. Sessenta por cento das crianças com menos de 18 anos nunca conheceram o pai. A falta do pai

produz os seguintes problemas sociais: (a) elevada evasão escolar no ensino médio; (b) tendência a viver na

miséria; (c) mais pessoas dependendo de assistência social; (d) casamento prematuro; (e) ter filhos fora do

casamento; (f) taxas elevadas de divórcio; (g) aumento da criminalidade; (h) maior consumo de drogas e

bebidas alcoólicas.

Contudo, se os pais e avós estão envolvidos na vida dos seus filhos haverá uma tendência para que

sejam vistos os seguintes resultados: (a) aumento da capacidade intelectual; (b) modelo positivo para os filhos;

(c) melhor transmissão dos antecedentes entre as gerações; (e) as opções ocupacionais tornam-se mais claras;

(f) são deixados recursos materiais para os filhos; (g) a forma pela qual essas crianças irão afectar algum dia os

próprios filhos; (h) as crianças terão atitudes mais positivas para com os irmãos e (i) haverá mais recordações

agradáveis depois de deixarem o lar ou após a morte dos pais. Na verdade, os filhos não são os únicos a ser

beneficiados pelos pais que se envolvem com eles, os próprios pais também beneficiam visto que a

paternidade é, talvez, a maior escola da vida.

O Dr. Ken Canfield informou a existência de investigações realizadas com as populações de reclusos.

Ele descobriu que 38% dos prisioneiros tinham pai, avô, tio ou primo que também estiveram na prisão. Oito

por cento dos presos que estudaram tinham sofrido o impacto de não ter tido a figura paterna em suas vidas.

No outro lado, Canfield relata um estudo do Centro Médico da Universidade da Califórnia, Los

Angeles. O estudo revelou que quando o pai mantém contacto físico saudável com o filho há uma elevação

da contagem da hemoglobina no sangue. Parece que esses filhos são curados.

Certamente, há algumas famílias sem a presença do pai ou onde este é negligente cujos filhos foram

criados com sucesso e capazes de constituir lares felizes, bem ajustados. Contudo, essa tarefa é muito mais

facilitada e prazenteira quando o pai é uma figura dinâmica forte na vida diária dos filhos. Como o principal

administrador da família, o pai deve prover autoridade, disciplina e juízo sólido. Assim como os executivos

em outras instituições, ele deve ser capaz de absorver a hostilidade gerada pela condução do seu papel.

Pai e mãe, em geral, e o pai especificamente são modelos de Deus. O poder para modelar

correctamente, na verdade, procede de Deus. Portanto, quando nos referimos ao “Poder do Pai” estamos a

falar a respeito do poder de Deus o Pai que, por meio do Seu Santo Espírito, capacita os pais terrestres a

cooperarem com Deus na criação dos filhos para o Seu reino. Estudos recentes concluíram que existe uma

forte analogia entre a forma como as crianças vêem o pai e Deus. Por conseguinte, é importante que o pai

responda à pergunta: Que tipo de pai ou líder eu sou?”

O Que É Ser Pai?

O Pai conduz e dá apoio. O pai é o protector, o líder espiritual, o professor, um amigo; ele é muito

especial no lar. Desejamos que os nossos filhos tenham sucesso. Para que isso seja possível, certas coisas

necessitam ser realizadas. Em primeiro lugar, a criança deve sentir que ela também é capaz e ter a convicção

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Página 129 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

disso: “Sou capaz”. Ela também deve sentir que é necessária e importante para a família. O filho deve saber

que exerce influência no seu próprio futuro. Portanto, ao ensinarmos os nossos filhos, necessitamos ajudá-los

a compreender que são responsáveis pelo seu destino. Eles são arquitectos da sua própria vida. Todos os dias

devem escolher bem o que fazer. A autodisciplina é outra qualidade que devemos ensinar aos nossos filhos.

Eles dizem: “Quero fazer aquilo que me agrada, quando e como eu quiser. Mas isso trás problemas. O

conceito que a criança faz de si mesma é afectado pela forma como percebe que os pais a vêem.

Uma autora, que escreveu muito a respeito do privilégio da paternidade diz:

“Pais, não desanimeis os vossos filhos. Combinai o afecto com a autoridade, a bondade e

simpatia com a firme restrição. Dedicai a vossos filhos algumas dos vossas horas de lazer; relacionai-vos com

eles; associai-vos com eles nos seus trabalhos e brinquedos e captai-lhes a confiança. Cultivai a camaradagem

com eles, especialmente os meninos. Tornar-vos-eis, assim, uma forte influência para o bem” (A Ciência do

Bom Viver, pp. 391, 392).

Cada um de nós e cada um dos nossos filhos necessita ter autodisciplina e conhecer os limites e o

controlo. Os nossos filhos aprendem com as experiências da vida. Um casal que criou dois filhos disse-lhes:

“Desejamos que cresçam de tal forma que não se magoem quando forem mais velhos”. Algumas vezes eles

não ouviram e o resultado foi que na vida adulta tiveram de “bater com a cabeça” para então aprender com as

dificuldades da vida.

Outra área na qual estamos interessados é que os nossos filhos aprendam a ter amigos e a

desenvolverem boas amizades. Isso exige muita conversa. Biller e Meredith salientam que a presença ou o

envolvimento do pai tende a exercer efeitos positivos no relacionamento das suas filhas com os rapazes. As

meninas que são privadas da companhia do pai ou cujo pai não tenha afirmado devidamente o seu carácter

duma maneira especial e feminina têm uma maior tendência para serem “namoradeiras” ao equivocadamente

buscarem apreciação e afirmação noutro homem (Biller & Meredith, 1974, pp. 176, 177).

Deuteronômio 6:7 diz que os pais deveriam ensinar os princípios da palavra de Deus diligentemente a

seus filhos “e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-

te e ao levantar-te”. Desta forma podem transmitir os seus valores à próxima geração.

O falar inclui também o ensinar e o treinar a criança de forma a que esta receba “graça diante de Deus

e dos homens” e que esteja preparada para a vida. O que devemos ensinar? Devemos ensiná-las a respeito de

Deus, do que é certo e errado, como falar positivamente sobre os outros e como considerar o bem e o mal.

Ensinar-lhes o respeito, a honestidade, a generosidade, o serviço aos outros e a pedirem desculpas. Ensiná-las

a perdoar e a respeitar o próximo. Treiná-las inclui prepará-las para enfrentar a vida, o que irá ajudá-las na sua

educação do dia a dia. Deus tem um plano para os nossos filhos e usará os pais e mães para os ensinar a fazer

escolhas sábias para a sua vida. Uma família escolheu o domingo de manhã para conversar e avaliar o

comportamento da família em resposta a Deuteronômio 6:7 e então escolheram certos assuntos que irão

discutir durante a semana. Como pai de um filho adulto, John tentou gastar tempo de qualidade sozinho com

ele, mesmo depois que o jovem deixara a casa e vivia noutro Estado. Com frequência, viajavam metade do

caminho entre seus lares, entre Michigan e Illinois, para se encontrarem num determinado restaurante onde, o

pai e o filho, desfrutavam de uma boa conversa.

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Página 130 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

Ainda outra área importante do desenvolvimento da criança é ser capaz de responder bem aos limites e

às consequências. Muitas consequências na vida resultam de más escolhas. Os pais que ajudam os seus filhos

estabelecem e mantêm limites capacitando-os a serem responsáveis e a darem prioridade às coisas mais

importantes. Isso impede os filhos de sacrificarem a sua honra e um bom carácter.

Os pais abençoam os seus filhos. Os pais têm o privilégio de serem uma bênção para seus filhos.

Um exemplo, num fim de semana o pai e o seu filho de 35 anos foram acampar. No sábado, enquanto

desfrutavam a beleza de um lago, o pai sentiu fome e disse: “Vamos voltar para o acampamento e jantar”.

Mas o filho respondeu: “Espera um minuto, pai, quero te pedir um favor. Poderia dar-me a sua bênção?” Ali

no barco, no meio do lago, o pai colocou a mão sobre a cabeça do filho e orou. O pai orou por ele e pelo seu

novo trabalho. Orou pelos seus filhos e pela sua esposa. E invocou a bênção bíblica sobre ele dizendo: “O

Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; o

Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a paz” (Números 6:24-26). Ao abrirem os olhos, ambos tinham

lágrimas correndo pelo rosto. O pai ainda comenta esse episódio como uma das maiores experiências da sua

vida.

Um bom pai dá apoio ao seu filho. Onde existe o relacionamento do “poder do pai” há interligação e

harmonia. Deus tinha um Filho e enviou-O a este mundo tenebroso para nos ensinar o que é o amor. No

evangelho de João, em mais de 120 ocasiões, Jesus falou a respeito do Seu Pai. Note a intimidade que havia

entre Eles e o amor do Pai pelo Seu Filho Unigénito. Quando Jesus estava a iniciar o Seu ministério activo e

foi baptizado no Rio Jordão, os céus abriram-se e os que ali estavam ouviram a voz do alto que dizia: "Este é

o meu Filho amado em quem me comprazo" (Mateus 3:17). Aos pais que ouvem isto instamos a que digam

aos seus filhos, em particular e em público, o quão feliz é tê-los como filhos. Diga-lhes isso regularmente e

nos momentos especiais da sua vida.

O Pai celestial abençoou o Seu Filho. Pouco tempo antes da Sua crucifixão, a voz do Pai foi ouvida no

Monte da Transfiguração, novamente afirmando e abençoando o Seu Filho: "Este é o meu Filho amado em

quem me comprazo. Ouçam-No!" (Mateus 17:5). É maravilhoso abençoar os nossos filhos. Abençoe-os em

cerimónias especiais no lar. Abençoe-os quando o santo sábado chega. Disponha-se também a abençoar os

outros filhos que não têm pai, leve-os à parte e coloque as mãos sobre eles abençoando-os. Isso fará a

diferença e poderá transformar-lhes a vida.

Os pais são reconciliadores e perdoadores. Há muitas ocasiões quando os nossos jovens se zangam

com o pai e a mãe. Os pais fazem o seu melhor, mas algumas vezes ferem os seus filhos e o seu espírito.

Houve um pai que percebeu que havia magoado o seu filho de 20 anos. Certo dia ele sugeriu: “Filho, gostaria

te levar a almoçar. Gostarias de almoçar comigo?” Foram a um bom restaurante. Depois que terminaram a

refeição, o pai disse: “Eu tentei fazer o meu melhor para ser um bom pai, mas sei que muitas vezes devo ter-te

magoado de alguma forma. Provavelmente, magoei-te e disse e fiz coisas erradas. Se nalguma ocasião te

magoei e não pedi perdão, por favor, perdoe-me. Não quero que nada estorve o nosso relacionamento”. Os

criados de mesa ficaram surpreendidos ao ver aqueles dois homens ternamente abraçados com lágrimas nos

olhos. Então os dois passaram momentos maravilhosos recordando os dias da infância. O passado ficara

acertado e o filho disse: “Não me consigo lembrar de nada, pai. Realmente eu gosto muito de ti.

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Página 131 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

Outro pai notou que o seu filho andava muito calado, talvez depressivo e perguntou: “Estás com algum

problema? Magoei-te?” O filho não respondeu nada naquele momento, porém, mais tarde, apresentou uma

relação de ofensas que ele sentiu como jovem adolescente. Quando o pai considerou a relação, reconheceu

que algumas eram legítimas e outras não. Eles divergiam nalguns pontos, mas foram capazes de conversar até

que ambos ficaram satisfeitos. A boa comunicação purifica a atmosfera; ela pode remover a amargura e trazer

um novo início de relações positivas. Quando os pais estão atentos aos sentimentos dos filhos e conseguem

saber o que lhes vai no coração, serão capazes de unir a família e de levá-la a conhecer melhor a Deus.

Os pais disciplinam os filhos. Como o pai deve disciplinar o filho? A pesquisa sociológica recente

mostrou que há quatro maneiras básicas pelas quais os pais disciplinam os filhos. Que método deveríamos

usar? Estudemos e ponderemos as possibilidades. Que método Deus usa connosco? O material a seguir é da

Dra. Donna Habenicht (1994) da Universidade de Andrews que adaptou os materiais dos psicólogos

Baumrind e Mussen (1983, pp. 39-48).

1. O estilo permissivo caracteriza os pais que provêem muito apoio mas pouco controlo. O resultado da

atitude deixa andar dos pais quanto à orientação leva os filhos a serem impulsivos. Os filhos não parecem

interessados na recompensa do amanhã. Não podemos dizer que isso se deve ao seu mau feitio, porque eles

normalmente são simpáticos para com as outras pessoas.

2. Estilo autoritário. Os pais dão pouco apoio mas são diligentes no controlo. Os resultados tendem

a ser negativos. Os jovens podem rebelar-se e rejeitar os valores paternos. Outros tornam-se excessivamente

complacentes; não conseguem enfrentar decisões difíceis e necessitam de alguém que lhes diga o que fazer.

3. O estilo negligente representa os pais que oferecem pouco apoio e pouco controlo. Os filhos desses

lares reagem, muitas das vezes, da mesma forma que os filhos de pais autoritários, podem rebelar-se e

apresentar valores negativos. Podem ter problemas emocionais profundos relacionados com a negligência

sofrida.

4. No estilo com autoridade os pais exibem elevado apoio e elevado controlo. O estilo com autoridade,

centralizado no filho, estabelece padrões claros e expectativas de comportamento maduro nos filhos, embora

leve em com ta as suas necessidades. Os filhos são encorajados a serem independentes e responsáveis. Esses

pais explicam as normas num clima de cordialidade. Não são consumidos pela sua própria autoridade. Ouvem

o ponto de vista dos filhos e respeitam os seus sentimentos. Sempre que os filhos são punidos, sabem que o

merecem. Sabem que os pais se importam com eles. Os filhos desses lares normalmente têm fortes valores e

advogam-nos. Normalmente, ajudam e se importam com os outros.

Agora que consideramos os quatro estilos diferentes de paternidade, encontrados nas melhores

literaturas da área da psicologia, qual destes métodos acredita ser o melhor? Qual o que se aproxima mais do

estilo de Deus, o grande Pai, ao lidar consigo, comigo e com os Seus filhos? Sim, sem dúvida, o número

quatro. O estilo com autoridade. Ele combina o amor com a firmeza. Estabelece padrões e expectativas claras

e ao mesmo tempo considera as necessidades dos filhos. Há limites. O que Deus realmente aprecia? Talvez

cada um de nós tenha uma história sobre como aprendemos acerca da bondade de nosso Pai Celestial.

Donna Habenicht observa que apenas o estilo de paternidade com autoridade verdadeiramente

representa a forma como Deus lida connosco, com amor e encorajamento e, ao mesmo tempo, ávido por nos

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Página 132 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

ajudar a crescer. Ao usar o estilo de liderança com autoridade nos nossos lares damos aos nossos filhos a

oportunidade de verem o verdadeiro retrato de Deus. Com a Sua ajuda divina podemos apresentar os nossos

filhos a esse Deus por meio do estilo de liderança da nossa família. a Dra. Habenicht recomenda esse estilo

como a maneira mais eficiente de disciplina.

Como pais com autoridade:

1. Tenha padrões firmes para o comportamento dos seus filhos e encoraje-os a crescer na maturidade.

Converse sobre isso com o seu filho.

2. Transmita confiança na habilidade de crescimento do seu filho.

3. Explique os motivos para o seu pedido e padrões. Discuta esses requisitos com o seu filho. Seja

flexível e respeite os seus pontos de vista, porém mantenha-se firme quanto ao princípio envolvido.

4. Identifique os sentimentos do seu filho e seja atencioso.

5. Trate o seu filho como companheiro no seu processo de crescimento.

6. Ria, converse e brinque com o seu filho.

7. Importe-se com as actividades e interesses do seu filho.

8. Demonstre e evidencie amor todo o tempo.

A isto pode acrescentar a relação de Gary Chapman (1997) de como demonstrar amor de diferentes

formas. Ele sugere afirmação, dizer aos filhos que eles são amados, passar tempo com eles, fazerem coisas

divertidas juntos, dar-lhes presentes, ajudá-los com as tarefas difíceis, tocá-los de forma apropriada – como,

por exemplo, passar o braço ao redor dos seus ombros, abraçá-los. Tudo isso ajuda o filho, de qualquer idade,

a saber que é especial.

Os Pais Necessitam de Serem Apreciados

Os pais necessitam de encorajamento e de apreciação. Até Jesus apreciava quando Lhe diziam

“Obrigado”, o que podemos ver no relato dos dez leprosos que foram curados. Quando apenas um voltou

para agradecer, Jesus perguntou: “Onde estão os outros nove?” A demonstração de apreciação precipita ou

gera actos especiais em retribuição aos actos de bondade dos outros.

Certa família escreveu bilhetes de amor e apreciação ao pai durante o culto em família. O interessante

que o pai notou é que vários bilhetes diziam: “Pai és divertido e fazes-nos rir”. Ele ficou surpreendido com

essa afirmação e depois disso esforçou-se ainda mais para ser divertido para os seus filhos.

Tiago, um adolescente, voltou para casa depois de um acampamento de jovens e foi directamente onde

estava o seu pai: “Pai, eu apenas queria dizer-te que te amo”. Conclusão: os nossos pais não se cansam de

ouvir isso.

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Página 133 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

Dois filhos adultos, que trabalhavam no negócio da família com o seu pai, notaram que ele estava um

pouco desanimado. Então decidiram levá-lo para almoçar fora num óptimo restaurante, sem os outros

membros da família, e passaram momentos agradáveis conversando e comendo. A secretária cooperou ao

enviar alguns cartões dos funcionários. Esse pai retornou radiante ao trabalho. A sua taça de amor estava

repleta.

Certa família organiza programas especiais para o pai para dizer-lhe o quanto ele é especial. Há muitas

formas de se fazer isso e a mãe e os filhos podem pensar em maneiras diferentes para dizer o quanto apreciam

o pai. Uma pequena demonstração de amor faz um bem enorme nas relações da família.

Compreendendo Deus – o Pai Celestial. Uma professora estava a trabalhar com três adolescentes a

respeito do tema: Quem é Deus? Ela perguntou quem era Deus e com quem se parecia. Enquanto as meninas

falavam o que conheciam a respeito de Deus, começaram a chegar à conclusão de que “Deus é como o meu

pai”. Isso não é maravilhoso? Aqui está a verdade de que as crianças aprendem a respeito de Deus daquilo que

vêem em seus pais. Por outro lado, Deus é o Grande Pai e o modelo do que deveria ser o pai na terra. Uma

menina comentou: “Deus é bondoso, mas ao mesmo tempo é firme, assim como o pai”. “Ele deseja que eu

saiba a diferença entre o certo e o errado”, afirmou uma delas e continuou, “Ele é amoroso e ajuda-me

quando preciso d‟Ele”. Em Salmos 103:13, lemos: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o

Senhor se compadece daqueles que o temem”. Outra mencionou: “Meu pai ensina-me muitas coisas e é

paciente quando faço algo errado”. Cristo disse que se o pai terrestre gosta de dar boas dádivas a seus filhos,

“quanto mais o Pai que está no céu dará o Espírito Santo a quem o pedir!" (Lucas 11:13).

Com quem realmente se parece Deus, o Pai de todos nós? Deus é misericordioso. Ele sabe o que é

melhor para nós. Ele é bondoso para connosco e ao mesmo tempo é um Deus de justiça e de perseverança. A

bíblia diz-nos em I Coríntios 1:9 que Deus é fiel. Em II Timóteo 2:13, ele diz: “se somos infiéis, ele

permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”. Deus leva os nossos fardos. É o nosso Aba Pai

(Paizinho) que se importa connosco e que é pleno de amor e compaixão. Ele é fiel, perdoador e longânimo.

Dá-nos confiança e as suas promessas são certas. A relação pode ser eterna.

Como Mostrar Apreciação ao Pai Celestial Pela Adoração. Certa guerreira da oração decidiu

tentar melhorar a sua oração e vida devocional ao demonstrar adoração a Deus Pai no início da oração.

Durante as suas leituras devocionais ela sempre identificava as características de Deus que poderiam ser

transformadas em louvor às orações atendidas. As características de Deus, o Pai, são infinitas como a

eternidade.

“Tu és o Rei da Glória”, ela escreveu, “ Pai Eterno com majestade e esplendor ao Teu redor. Tu és o

Deus todo Soberano, o Único Deus e no entanto Tu me conheces e somos amigos. É por isso que eu, hoje,

Te louvo e te adoro. Ajuda-me a ser obediente a Ti e à Tua vontade. Tu és o Pai que me conduz. Em minha

vida abriste o Mar Vermelho e fizeste-me caminhar em terra seca”.

“Graças Te dou por seres o Pai Protector e Provedor”, ela prosseguiu no dia seguinte. “Tu supres as

nossas necessidades e protege-nos do inimigo da vida, o inimigo que nos cerca e que nos rouba a paz, o

tempo e a produtividade”.

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Página 134 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

“Jesus, Tu és Emanuel, Deus connosco. Fica com a nossa família, cura, ensina e mostra-nos o que não

sabemos, capacita-nos, livra-nos de nosso cativeiro e dá-nos a Tua graça e misericórdia todos os dias.

Adoramos-Te, Emanuel. Tu és o Conselheiro Maravilhoso, o Deus Poderoso, o Pai Eterno, e o Príncipe da

Paz. Tu és o grande Deus do Céu e da Terra e de nosso lar. Tu és o Espírito de sabedoria e de compreensão,

o Espírito de conselho e de poder, o Espírito do conhecimento e do respeito. Tu és Santo o Amor e a Justiça

Infinitas”.

Assim prosseguia a sua oração de adoração.

Conhecemos um pouco a respeito de Deus o Pai pelo que Jesus nos revelou. Enquanto esteve na terra

os Seus discípulos perguntaram-lhe como era o Pai. Por favor, leia no evangelho de João 14:18: “Disse Filipe:

"Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. Filipe era um dos discípulos de Jesus. Ele teve contacto íntimo

com Jesus durante três anos e meio. No verso seguinte, Jesus responde ao pedido de Filipe (João 14:9-11).

Jesus confortou-o dizendo: “Quem vê a mim, vê o Pai”. A missão de Cristo nesta terra inclui a revelação da

natureza e do carácter de Deus. Jesus é o próprio Deus.

Se reuníssemos todas as virtudes de todos os pais de todos os países do mundo desde o início dos

tempos e as multiplicássemos pelo infinito, teríamos apenas uma pequena ideia das virtudes e características

do nosso Pai Celestial. A história regista as acções dos grandes homens e de pais nobres, alguns dos quais

deram a sua vida para salvar os seus filhos do perigo ou de um acidente. Mas muito maior é o nosso Pai

Celestial e Jesus, o Filho, que foi Quem nos revelou o Pai. Os pais na terra passarão, mas Deus é eterno.

Timóteo outro contribuinte para o Livro da Família acrescenta este conceito em I Timóteo 1:17: “Ao

Rei eterno, ao Deus único, imortal e invisível, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém”. “Eterno”

significa que Ele vive para todo o sempre. Ele existia antes de termos nascido e continuará a existir depois que

morramos. O rei David, outro escritor do Livro da Família diz em Salmo 90:2: “Antes que nascessem os

montes, ou que tivesses formado a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade tu és Deus”.

Como pais e mães, mediante o poder de Deus, podemos gerar vida. Mas nosso Pai Celestial, por meio

de Jesus e do Espírito Santo, é o Criador de todas as coisas, incluindo o sistema da família humana. O Livro

da Família inicia com a história da criação. A narrativa explica que Deus realizou o primeiro casamento entre

o primeiro homem, Adão, e a primeira mulher, Eva, (Génesis 2:21-22). Portanto, o acto coroador da criação

não é apenas a criação dos seres humanos, mas também a criação da família. Deus, no Seu desejo de mais

companheirismo, criou a primeira família. Deus ama a família e deseja ser parte da família humana.

A Família Celestial, uma em unidade e propósito, inclui Deus Pai, Deus Filho, e Deus Espírito Santo.

Foi Jesus, o Filho, que deixou o lar celestial majestoso e escolheu tornar-Se membro da família humana. João

1:14 diz que Ele: “se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade”. Na língua grega original,

esse verso diz literalmente que “Ele armou a Sua tenda entre nós”. Veio habitar no nosso meio, o Grande

Deus do universo viveu com os seres humanos. Que Salvador maravilhoso!

O evangelho de Mateus revela três pessoas da divindade. Em Mateus 3:16-17 ele diz: “Jesus foi

baptizado” (3:16), o “Espírito de Deus desceu como pomba” (3:16), “uma voz dos céus disse: "Este é o meu

Filho amado em quem me comprazo” (3:17). Todas as três pessoas da divindade são assim representadas no

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Página 135 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

relato do baptismo de Jesus: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Esse grande poder de três em um

opera incessantemente para o bem-estar da família humana.

Nosso poder é insuficiente, mas Deus é Todo-Poderoso. Conhecemos pouco, mas nosso Pai Celestial

conhece tudo. Ele conhece o fim desde o começo (Isaías 46:9-11). Não há problema grande demais na terra

que Ele não possa resolver ou detalhe demasiado pequeno, na nossa vida, que Ele não tenha interesse em

solucionar. Leia Efésios 3:20: “Aquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou

pensamos, segundo o seu poder que actua em nós”.

O pai terreno é limitado, mas com o “Poder do Pai celestial” todas as coisas são possíveis, mesmo o

impossível, pois não há nada difícil para Deus. Génesis 18:14: “Há, porventura, alguma coisa difícil para o

Senhor?” Este poder está ao nosso dispor quando dobramos os nossos joelhos e dialogamos com o Pai de

todos os pais.

Vença os Problemas do Passado

Esta apresentação seria incompleta sem lidar com o tema de vencer os problema do passado. O Poder

do Deus Todo-Poderoso pode purificar cada pai ou membro da família dos problemas do passado, hábitos

cultivados e pecados de gerações. Levar os problemas ou dor ou mágoas ao Pai que pode purificá-los. A

paternidade é uma batalha onde duas forças lutam pela supremacia. O poder de Deus é essencial para nós, só

assim é possível repelir os ataques do inimigo das famílias. Quando estamos do lado de Deus, temos o Seu

poder.

Quando Raul era criança o seu pai abandonou-os, isto é, emocionalmente ele não estava presente, não

provia alimento à família, nem roupas e o principal: não lhes dava amor. Raul cresceu e tornou-se pastor, mas

nutria maus sentimentos. As relações entre o pai e o filho eram emoções amargas que lançavam sombras em

seu ministério e família. Certo dia a esposa perguntou-lhe: “Se o teu pai estivesse muito enfermo, cuidarias

dele?” A resposta veio prontamente: “Nunca”, e voltou as costas para ir preparar o seu sermão a respeito da

compaixão. Disse para a esposa: “Não imaginas quanto a nossa família sofreu!”

Foi neste momento que o Senhor falou a Raul: “Liga para o teu pai. A menos que sejas curado nunca

poderás curar os outros”. A esposa encorajou-o a visitar o pai, mas a dor era muito forte. Depois de algum

tempo, ele concordou em fazê-lo. O que Raul fez em primeiro lugar, foi dizer a seu pai todo o mal que ele

havia feito. E concluiu dizendo: “Bem, talvez possamos ser amigos”. Teve então início o processo de cura. Se

desejamos ser bem-sucedidos no ministério e na nossa família, necessitamos considerar as questões que nos

magoaram e perdoá-los. O poder de Deus dá as palavras de amor quando necessárias. Hoje Raul e seu pai

conversam semanalmente pelo telefone. O Espírito Santo eliminou toda a ira, ressentimento e hostilidade.

Raul agora cuida de seu idoso pai.

Se tiver lembranças dolorosas e arraigadas, escreva uma carta a Deus expressando as suas mágoas. Diga

-Lhe o que vai no seu coração. Ao escrever isso irá ajudar a libertar os sentimentos que estiveram oprimidos,

encontrar as feridas emocionais e acelerar o processo da cura. O que esteve preso é liberto. Então queime a

carta.

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Página 136 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

A maioria das famílias nalgum momento é disfuncional. Diz-se que 95% das famílias são disfuncionais

em algum momento, e que os outros 5% devem-se à negação. Não temos a capacidade de nos curarmos

sozinhos a nós próprios ou às nossas famílias disfuncionais, mas Deus pode. Lembre-se, nada é demasiado

difícil para Ele. O Pai tem poder. Nem sempre podemos remover o problema existente mas podemos

processá-lo de forma positiva. Mesmo do mal podemos tirar coisas boas.

Conclusão

Há problemas que estão a dilacerar sua família? Tem problemas com os seus filhos ou cônjuge? Há

problemas que nem mesmo podem ser contados aos seus amigos ou familiares? Por que não levá-los em

oração a Deus Todo-Poderoso. Certamente, “Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus na sua santa morada. Deus

faz que o solitário viva em família” (Salmos 68:5). O Livro da Família convida-nos a lançar “sobre ele toda a

ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (I Pedro 5:7). Pode-se confiar e depender de Deus. Ele é o Pai de

todas as famílias humanas. Ele é o Deus do impossível.

O Livro da Família ilustra isso através da história narrada por Jesus Cristo. Um pai rico tinha dois

filhos. O mais novo não queria estar em casa com a família e desejava conhecer outros lugares do mundo.

Certo dia ele pediu e recebeu a sua parte na herança. Embora não tivesse direito a ela até a morte do pai, tanto

insistiu que o pai acabou por lhe dar a sua parte. Desejando afastar-se da casa paterna, indiferente aos

conselhos do pai e e aos apelos da mãe, partiu para um país distante. Depois de gastar todo o dinheiro com os

amigos, em diversões e más companhias, esse filho rico acabou ficando sem um tostão, sem ter onde morar,

sem alimento e ninguém para amar. Finalmente, conseguiu arranjar trabalho como guardador de porcos. Isso

significa cuidar deles de todas as formas. Como não tinha nada para comer, ficava feliz em poder participar da

comida dos porcos.

Certo dia, lembrou-se de seu pai e do seu amor. Percebeu que até mesmo os servos de seu pai viviam

melhor do que ele. Então decidiu: “Eu me porei a caminho e voltarei para o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei

contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus

empregados” (Lucas 15:18-19). Porém, o pai, aguardava o seu regresso, todos os dias ia olhar a estrada,

esperando que algum dia seu filho voltasse para casa.

O Livro da Família prossegue com a história: “A seguir, levantou-se e foi para o seu pai. "Estando

ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para o seu filho, e o abraçou e beijou” (Lucas 15:20).

Esse filho fugitivo não conseguiu completar a sua confissão. O pai o interrompeu para ordenar aos servos que

preparassem um banquete de boas-vindas. Quando todos os convidados estavam sentados o pai fez o

discurso: “Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado” (Lucas 15:24).

Nunca houve uma celebração maior na casa do pai.

O dicionário apresenta duas definições diferentes para “pródigo”: 1) “Que despende com excesso;

dissipador, esbanjador” e 2) “Que dá, distribui, faz ou emprega profusamente e sem dificuldade”.

Normalmente costumamos contar a história do Filho Pródigo, como o filho que dissipou e esbanjou a sua

herança. Alguns sugerem que a história trata na verdade do Pai Pródigo, um pai que distribuía e empregava

profusamente o seu amor. Deus é o Pai Pródigo. Ele dá e dá, mais do que jamais poderíamos esperar receber.

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Página 137 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

Ele deu todo o céu numa dádiva, o Seu próprio Filho para salvar a humanidade perdida. A Sua dádiva foi

profusa; abundante. Ele não poderia ter dado mais.

Apelo À Decisão

Irei agora dirigir-me directamente aos pais aqui presentes. Gostaria de fazer uma oração especial para

que Deus os abençoasse em sua missão como pais. Nem sempre é fácil ser pai. Gostaria de convidar a todos

os pais para virem à frente. Este é um momento especial para vós. Gostariam de ser melhores pais? Que os

pais que assim desejarem venham à frente. Irei pedir a Deus que os abençoe. Que grande privilégio e

responsabilidade a vossa. Pais, estão a ter problemas com o vosso filho que necessita oração especial? Então,

por favor, levantem as mãos.

Oração

”Senhor, não Te conhecemos como deveríamos. Nosso conhecimento de Ti, ó Pai, é parcial e

imperfeito, mas agradecemos-Te por teres revelado o Teu amor por nós através de Jesus. Que grande alegria

será quando naquele dia pudermos ver-Te Face a face, ó Pai, que nos ajudas nos momentos difíceis.

“Pai Celestial, Tu estás a ver este grupo de pais que vieram à frente. Pedimos que derrames as tuas

bênçãos sobre cada um deles. Tu, como o Pai Pródigo, colocaste o Teu manto sobre cada pai aqui presente.

Perdoa-nos quando não fomos o tipo de pai que querias que tivéssemos sido. Põe o anel da família em nosso

dedo porque cada um de nós pertence à Tua família. Os anjos cantam de júbilo por nós e por nossos filhos ao

passarmos a fazer parte da Tua família.

“Pai Celestial, agradecemos-Te por seres o nosso Pai. Ao ajoelharmo-nos aqui dissemos que

gostaríamos de ser o tipo de pai que Tu queres que sejamos. Que cada um possa ser abençoado e capacitado

por Ti para conduzir a sua família ao lar celestial. Dá-nos sabedoria e forças de acordo com as nossas

necessidades e ajuda-nos na nossa tarefa e nos nossos problemas. Lembra-Te das necessidades da nossa

esposa e filhos. Alguns dos filhos mais velhos podem estar a tomar decisões erradas na vida. Abranda-lhes o

coração e leva-os a reconhecerem os seus pecados e a converterem-se. Ajuda-os a escolher-Te como o seu Pai

Celestial. Desejamos converter o nosso coração a nossos filhos, assim como Elias nos instruiu. Neste

momento, aceitamos-Te como o nosso Pai, e reconsagramo-nos como Teus filhos. Agradecemos em nome de

Jesus. Amém.”

ACTIVIDADES DO SEMINÁRIO PARA SEREM FEITAS EM CASA

Homenagem aos pais presentes. Entregue-lhes um presente ou um cartão com promessas impressas ou

escritas. Faça um plano para reafirmar a responsabilidade de cada pai conduzir os seus filhos ao Pai Celestial.

Convide os membros da família a formarem círculos familiares. Enfatize o conceito de que o amor do Pai

Celestial circunda cada círculo familiar. Outras pessoas na congregação podem unir-se aos grupos e orarem

especificamente pelos pais.

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Página 138 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

Em casa, durante o culto familiar ou durante a devoção pessoal, estudar e conhecer quem é Deus e

anotar as Suas características. Elas podem ser transformadas numa oração de adoração. Por exemplo, Deus é

misericordioso, Deus é justo, Deus é fiel, etc.

Fale das qualidades positivas do seu pai ou de outros pais que conheceu ou fale a respeito do que é

necessário para se ser um bom pai.

Discuta algumas das seguintes qualidades dos bons pais:

1. Amam incondicionalmente os filhos.

2. Disciplinam de forma construtiva.

3. Passam tempo de qualidade com eles.

4. Ensinam os filhos a fazerem diferença entre o que é certo e o que é errado.

5. Desenvolvem o respeito mútuo.

6. Ouvem! Realmente ouvem! Mas conversam também.

7. Oferecem encorajamento e direcção.

8. Incentivam a independência.

9. Acrescente outras qualidades que possa apresentar.

Faça uma relação daquilo que pode fortalecer o relacionamento entre pai e filho.

1. Planear uma actividade divertida para as próximas duas semanas.

2. Sair para algo especial com um filho de cada vez.

3. Escrever um cartão especial para cada filho.

4. Planear uma actividade apenas para pais e filhos.

5. Acrescentar outras sugestões.

Peça aos pais para preencherem um cartão de resposta contendo o seu nome, endereço, telefone e

motivo de oração. Assegure-lhes de que um grupo estará a orar por eles e sua família.

Impressione os pais com a ideia de que os laços de família permanecem fortes enquanto a família

mantém contínua ligação com Deus. Deus está no topo do triangulo e pai, mãe e filhos na base. Sem Deus

não há como ter um triângulo real ou uma família forte. É a unidade do triângulo que capacita a família na

terra a ser unida. O que pode ser feito pelo pai e pela família para terem ligação vital com Deus?

Referências e Bibliografia

Biller, H., & Meredith, D. (1974) Father power. Nova Iorque: David McKay & Co.

Canfield, K. (2002). Secretos de la paternidade eficaz, Mundo Familiar. Montemorelos, N. L. México:

Universidad de Montemorelos. I Seminário Internacional de Vida Familiar, 8-14.

Chapman, G. (1997). The five love languages of children. Chicago: IL: Moody Press.

Habenicht, D. (dezembro de 1994). What kind of leader are you? Adventist Review, 171, (49), 12-14.

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Página 139 Materiais dos MF—Modelo de Sermão O Poder do Pai

Habenicht, D. (dezembro de 1994). You can change your leadership style. Adventist Review, 171 (50), 8-10.

Masters, L. (1971). The passing of the dominant husband-father. Impact of Science on Society, 21, 21-30.

Mussen, P. H. (Ed.) (1983). Handbook of child psychology, 4ª edição, vol. IV. Nova Iorque: John Wiley & Sons.

White, E. G. A Ciência do Bom Viver. CD-Rom E. G. White.

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estar Geral

APREÇO: ESTIMULANTE PARA O BEM-ESTAR GERAL

John B. Youngberg

Introdução

Ternamente o imperador Shah Jahan falou à sua querida esposa Mumtaz: “Tu és a minha fonte de

força e inspiração, o teu amor é muito precioso para mim”. Ele prosseguiu: “Aprecio a grande ajuda que tens

dado à minha vida e o encorajamento que me dás”.

Parecia que todos os súbditos do reino desse casal real partilhavam de um amor sem igual uns pelos

outros. Mumtaz era verdadeiramente o orgulho do palácio e de Shah. Infelizmente a sua vida em comum não

durou muito tempo. Mumtaz morreu pouco depois de dar à luz, trazendo profunda tristeza a Shah Jahan.

Como expressão de sua estima por Mumtaz, Shah construiu um mausoléu magnificente para a sua

esposa chamada de Taj Mahal. Vinte mil operários trabalharam durante mais de dez anos para construir essa

maravilha do mundo. Construída com o mais excelente mármore branco e incrustada com pedras preciosa, o

Taj Mahal permanece como um memorial perpétuo e perene do amor e apreço do marido pela sua esposa.

Embora nenhum de nós tenha recursos para construir um Taj Mahal para expressar a nossa estima pelo

cônjuge e filhos, palavras frequentes de apreço podem ser o nosso “Taj Mahal” em miniatura para os

membros da nossa família.

Um homem de negócios que viajava pela Florida notou um carro com problemas ao lado da estrada.

O motorista estava parado junto ao carro a pensar como poderia resolver o problema. Visto que naquela

época ainda não havia telemóveis ele dependia da misericórdia dos motoristas que passavam. O empresário

parou e constatou a necessidade de um mecânico. Levou o homem até a cidade mais próxima e providenciou

um reboque para que o carro fosse levado a uma oficina. Levou o homem de volta ao local onde o carro se

encontrava e aguardou a chegada do reboque. Como se não bastasse, acompanhou o reboque até a cidade.

O homem agradeceu várias vezes a amabilidade. Os dois homens deram um aperto de mãos e o

empresário seguiu a sua viagem para a Florida. Nunca mais se lembrou do assunto até que seis meses depois,

quando se aproximava o Natal, o correio lhe entregou uma caixa contendo laranjas da Florida e uma gravata

cara. Durante anos o empresário recebeu laranjas e gravatas no Natal, oferecidas por aquele homem a quem

havia ajudado e que soube ser agradecido.

Esses dois episódios poderiam ser considerados suficientes para a definição de gratidão, mas

consideraremos um significado ainda maior da palavra ao buscarmos a definição do dicionário. Gratidão é o

reconhecimento da qualidade, do significado ou da magnitude por algo ou alguém que o beneficiou. É o

apreço até mesmo pelas pequenas bênçãos. Significa estimar, louvar, entesourar e valorizar alguém.

Consideremos os efeitos positivos do apreço e da gratidão.

Actividade. Gostaria que todos se colocassem de pé. Pensem em alguém a quem realmente apreciam (marido/mulher,

amigo íntimo) e mencione o porque o/a aprecia. Conceda 2 a 3 minutos para essa actividade.

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Página 142 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-

estar Geral

Benefícios Àquele que São O Objecto de Gratidão

George Dawson, neto de escravos, viveu no século XX. Nasceu e cresceu em Marshall, Texas, onde

vivia numa casa pequena com os muitos membros da família. O trabalho pesado impediu-o de estudar, mas

ele sempre quis ler. Aos 98 anos foi alfabetizado. Ele e Richard Glaubman contam sua história no livro Life Is

So Good (A Vida é Muito Boa).

O pai do George levou-o para trabalhar para um vizinho fazendeiro, Sr. Little, cujo salário era de US$

1,50 por semana, visto que os tempos eram difíceis e a família numerosa. O pequeno George de 12 anos

passou quatro anos a dormir num barracão escuro e a fazer as refeições separadas da família Little. O Sr. Little

mostrava-lhe o que fazer e enfatizava que diria apenas uma vez. O George esmerava-se ao realizar cada tarefa,

mas durante os anos em que ali trabalhou nunca ouviu palavras de apreço.

Foi somente quando o pai o veio buscar que ouviu palavras de agradecimento. O George juntou os

seus poucos pertences e os colocou no mesmo saco de estopa que trouxera quatro anos atrás. Ele levou-os até

à carroça onde o Sr. Little conversava com o seu pai. Então o Sr. Little virou-se para o George e disse-lhe:

“Foste um excelente trabalhador, nunca tive outro igual”. O rapaz não estava acostumado com esse tipo de

amabilidade e tudo o que respondeu foi: “Obrigado”. Ao seguirem na carroça em direcção a casa, o George

pensou em como fora bem tratado por aquela família. Aquela única manifestação de apreço eliminou todos os

sentimentos negativos que talvez tivesse abrigado.

Uma autora que vive em Michigan, onde o inverno tem mais dias nublados do que ensolarados,

passava horas na frente de seu computador a escrever o seu quinto livro. Meses antes de o livro estar pronto,

estava um daqueles dias escuros e invernosos. O seu espírito anelava para ver as folhas novas aparecerem nas

árvores. Sonhava com a primavera para poder deixar de vestir o seu pesado casaco. Foi então que o telefone

tocou.

O interlocutor identificou-se. Imediatamente reconheceu a voz do seu jovem pastor quando ela era

ainda uma criança. Ele a havia ensinado a fazer trabalhos manuais no acampamento, a cozinhar ao ar livre e a

fazer caminhadas pela mata para poder receber as insígnias das especialidades no clube de Desbravadores. Ele

ligou-lhe para lhe agradecer o último livro que ela havia escrito. Ficara profundamente tocado com as histórias

e os conceitos enobrecedores.

No final daquela semana ela contou a uma amiga: “Experimentei um sentimento de alegria pelo resto

daquele dia. Esqueci-me completamente do dia nublado e das árvores desfolhadas”. A manifestação de apreço

faz a diferença.

Uma casa para doentes terminais, no Texas, impede o esgotamento dos profissionais ao prover

regularmente pequenos retiros. Além da massagem, da sauna e das caminhadas pelo campo, o pessoal tem

uma hora em que trocam expressões de elogio. Cada pessoa faz menção de alguma qualidade ou ajuda

recebida da parte dos colegas. O apreço capacita-os a estarem bem emocionalmente para ajudarem os doentes

e os seus familiares.

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Página 143 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-

estar Geral

O capelão, com 26 anos de experiência com pacientes terminais, descobriu que o apreço reaviva o

senso de valor deles apesar de estarem acamados. Ele especializou-se no ouvir. Quando um paciente falava

das experiências da sua vida, o capelão pedia-lhe que o ensinasse nessa matéria. Antes de terminar a visita ele

dizia: “Muito obrigado, porque hoje aprendi muito consigo. Enriqueceu o meu conhecimento. Mais uma vez

muito obrigado”.

Visita após visita os pacientes voluntariamente ensinavam o capelão e recebiam palavras de elogio. Os

membros das famílias diziam que o seu ente querido ficava mais animado e menos depressivo depois da visita

do capelão. Essa observação sustenta o estudo feito pelo St. Christopher‟s Hospice of London. Ele revelou

que os níveis de dor são minimizados como também a necessidade de medicação quando as necessidades

médicas, sociais, emocionais e espirituais dos pacientes são devidamente satisfeitas. O capelão estava a ajudar

a satisfazer essas necessidades quando ouvia com atenção e expressava apreço.

É muito bom sentir que alguém nos aprecia. A simpatia e o respeito animam na luta em busca da

perfeição, e o próprio amor cresce à medida que estimula a propósitos mais nobres” (A Ciência do Bom Viver,

p. 361). “Palavras bondosas, olhares de simpatia, expressões de apreço, seriam para muitas almas lutadoras e

solitárias como um copo de água fria oferecido a uma alma sedenta. Uma palavra compassiva, um acto de

bondade, ergueriam fardos que pesam duramente sobre fatigados ombros” (Serviço Cristão, p. 190).

Um estímulo, um copo de água fria, essas analogias do apreço escritas muito tempo atrás, são luz

fulgurante na vida de quem as recebe. A palavra estímulo é definida como algo que provoca uma resposta. É

um agente que induz ou acelera uma actividade física ou psicológica. Sinónimos para estímulo seriam incentivo,

incitamento, catalisador, impulso e motivação.

Essas definições e sinónimos tornaram-se vivos na experiência de um contador que ganhou muitos

milhares de dólares para a empresa na qual trabalhou durante 16 anos. Vítima da redução do pessoal na

empresa, conseguiu um trabalho como caixa de uma loja de departamentos conhecida por pagar salários

baixos. Passou a ganhar bem menos do que ganhava na outra empresa, mas esse emprego permitia-lhe

sobreviver. O comentário que fez a um amigo diz muito a respeito da atitude de apreço.

“Durante os meus 16 anos de trabalho na empresa anterior, tive 16 aumentos. Meus superiores nunca

me agradeceram pelo meu trabalho. Apenas me diziam que não havia agido certo. Sentia minha motivação

declinar à medida que os anos passavam. Estou neste novo emprego há um ano e um mês. Tive o meu

primeiro aumento. Primeiro o gerente afirmou que ficaria feliz se pudesse fazer 10 clones de mim, depois

proferiu muitas palavras de louvor e apreço. Sabe de uma coisa, essas palavras provocaram algo em mim um

desejo de trabalhar melhor a cada dia. Nunca ouvi nada parecido em 16 anos e saboreio cada palavra que o

gerente disse naquele dia”. Se lhe perguntasse se as palavras de apreço aceleram a sua saúde física e

psicológica, ele iria concordar de todo o coração.

Apenas onze homens sobreviveram quando uma embarcação da marinha mercante atingida por um

torpedo na II Guerra Mundial, se afundou. A embarcação afundou-se em quatro minutos, deixando onze

homens num barco de salvamento com água suficiente para apenas alguns dias. Durante 52 dias o pequeno

barco ficou à deriva no Atlântico Sul. A despeito do severo racionamento, a água acabou. Alguns homens

beberam água salgada do mar e acabaram morrendo. Todos eles arrancavam os crustáceos que ficavam no

fundo do barco e sugavam-lhes o caldo. De manhã, lambiam o orvalho que se acumulava no mastro

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estar Geral

substituto da sua embarcação. Depois de 52 dias somente 3 homens sobreviveram. Ao serem resgatados do

seu pequeno barco, foi-lhes dada água fria para beber. Eles bebiam e choravam ao mesmo tempo.

Não podemos sobreviver sem água para hidratar o nosso corpo, tampouco podemos ser íntegros

emocional, física e espiritualmente sem receber e manifestar apreço.

A importância do Apreço – Evidência Empírica

Há alguma evidência empírica que apoia esta última afirmação? Pouquíssima pesquisa tem sido feita a

respeito do apreço. Ainda se está numa fase embrionária quanto ao efeito do apreço, gratidão e

reconhecimento sobre a saúde emocional, social, física e espiritual. Os pesquisadores indicam que são

necessários estudos adicionais para uma melhor compreensão do relacionamento entre o ser apreciado e a

saúde plena.

As descobertas disponíveis são animadoras. Podemos dizer com confiança que os princípios da

Escritura ligados às áreas de ajuda estão sendo substanciados pela pesquisa.

Em 1977, James J. Lynch, Professor de Psicologia e Director Científico da Clínica Psicossomática da

Escola de Medicina da Universidade de Maryland, escreveu o livro Corações partidos As consequências Médicas da

Solidão. Embora a sua pesquisa não seja especificamente sobre o apreço, certamente fez parte do que ele

chamou de diálogo. Indicou que, senão houver troca recíproca de todas as alegrias, tristezas, esperanças e

sonhos, temos maior tendência a sucumbir às enfermidades que levam à morte prematura. Ele chamou ao

diálogo o elixir da vida sem o qual não podemos sobreviver. No livro é feito o apelo aos leitores que ou

aprendam a viver juntos ou então morrerão prematuramente sozinhos.

Em 1985, Lynch escreveu o livro A linguagem do coração- As respostas do Corpo Humano. No seu trabalho

demonstrou como o processo de conversar e ouvir os outros afecta dramaticamente o sistema cardiovascular

como um todo. O coração humano e a circulação podem ser profundamente alteradas pelo diálogo entre as

pessoas. Lynch define como membrana social que nos permite partilhar das experiências emocionais. Essa troca

actua sobre o bem-estar.

No livro Um grupo não ouvido – Novas luzes acerca das consequências clínicas/médicas da solidão (2000), Lynch

reviu e acrescentou novo material ao seu livro de 1997 a pedido das escolas de medicina. Nesse volume

mostra como as crianças cujo desempenho está abaixo do seu potencial na escola se sentem isoladas dos

demais estudantes. Elas não são apreciadas e não recebem afirmação dos seus colegas que são bem-sucedidos

academicamente. Elas são incapazes de se comunicar com eles e assim retraem-se. Sentem-se solitárias e

levam esse sentimento para a vida adulta. Isso exerce efeito negativo na saúde como um todo.

Lynch afirma que as crianças que ouvem linguagem agressiva dos pais e de outras pessoas são levadas ao

isolamento da comunicação, ao retraimento social e a falta de esperança que pode perdurar por toda a vida. O

autor acredita que esse tipo de linguagem pode matar. Leva as pessoas à solidão e à enfermidade física. Lynch

sugere que doenças da comunicação competirão com as doenças transmissíveis como as maiores ameaças à saúde no

século XXI.

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estar Geral

As lembranças há muito esquecidas das lutas da infância parecem estar gravadas no seu coração e os

vasos sanguíneos, vêm à tona assim que começam a falar sobre elas. Falar a respeito da falta de amor na

infância, da perda de amor cedo na vida e dos traumas emocionais nesse período, especialmente do fracasso

na escola, está entre os temas que provocam maiores alterações cardiovasculares. (Lynch, 2000, p. 314)

Lynch sugere que em vez de elogiar as crianças que vão bem nalguma prova, deveríamos recompensar

as crianças e instituições que demonstram alta pontuação no amor fraternal. A pesquisa de Lynch leva-nos a

acreditar que palavras positivas de apreço realçam a vida e produzem saúde naqueles que as recebem. O que

dizer dos efeitos da apreço naqueles que a demonstram.

Benefícios de Demonstrar Apreço

Em 1995, Rollin McCraty e associados analisaram a variação dos batimentos cardíacos em voluntários

saudáveis e em voluntários com vários estados patológicos usando a técnica da pausa. De três a vinte e quatro

meses antes do início do estudo os participantes foram treinados a deliberadamente se concentrarem em

demonstrar apreço por alguém. Eles também aprenderam a concentrarem-se deliberadamente em situações

que ainda evocavam a emoção da ira. Durante o estudo, foi estabelecido um período de cinco minutos de

controlo e então metade dos voluntários concentravam–se durante cinco minutos em demonstrar apreço. A

outra metade concentrava-se durante cinco minutos em situações que evocavam ira.

Nenhum dos voluntários tinham história de enfermidade cardiovascular e não tomavam medicação que

conhecidamente afectasse a função cardiovascular. Não foram usadas bebidas alcoólicas, cafeína e nicotina no

período de quatro horas antes da prova.

Os pesquisadores concluíram que ao intensificar as afirmações emocionais positivas, tal como apreço,

isso poderia exercer um efeito importante na função cardiovascular. As mudanças positivas resultantes nos

batimentos cardíacos podem ser benéficas no tratamento de pessoas hipertensas e reduzir o risco de morte

súbita em pacientes com problemas cardíacos. Eles recomendam estudos mais abrangentes a fim de

determinar o uso clínico desse tipo de intervenção.

O pesquisador Michael E. McCullough afirmou que essa pesquisa experimental indica que experiências

discretas de gratidão e de elogio podem levar ao aumento no controlo do miocárdio parassintético. Em 2002,

McCullough e associados publicaram sua pesquisa no Journal of Personality and Social Psychology. O seu estudo

usou a auto-avaliação e observou a avaliação para determinar os pontos fortes da pessoa que tinha uma

disposição agradecida e apreciativa. Os seguintes traços podem ser atribuídos ao reconhecimento e resposta à

benevolência dos outros mediante gratidão e apreço contrastados com os que os não demonstram:

1. Os seus sentimentos de gratidão são mais intensos, ocorrem com maior frequência, abrangem um

maior número de circunstâncias da vida como também de pessoas.

2. Atribuem o seu bem-estar a uma ampla gama de pessoas.

3. Apreciam as boas coisas na vida e não as têm como algo que lhes é devido.

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Página 146 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-

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4. São sensíveis para com as preocupações dos outros.

5. Têm maior empatia e disposição para ajudar e apoiar os outros.

6. São menos materialistas.

7. Têm a tendência a serem espirituais e reconhecem as forças não humanas que contribuem para o seu

bem-estar.

8. Têm menos inveja dos outros.

9. Têm uma taxa maior de emoções positivas e de satisfação com a vida.

Robert A. Emmons e Michael E. McCullough publicaram a sua pesquisa em 2003 no Journal of

Personality and Social Psychology. Ao fazer um acompanhamento semanal e diário do humor, comportamentos de

enfrentamento, práticas de saúde, sintomas físicos e avaliações gerais da vida, eles descobriram que contar as

bênçãos tinha maiores benefícios emocionais e interpessoais comparados com o grupo de controlo. Alguns

deles estão abaixo relacionados:

1. Experimentavam os sintomas de enfermidade física.

2. Gastavam mais tempo a fazer exercício.

3. Sentiam-se melhor com relação à vida em geral e eram optimistas quanto à semana seguinte.

4. Sentiam-se mais conectados com os outros.

5. Sentiam-se mais amados e cuidados pelos outros.

6. Tinham maior probabilidade de estabelecer e fortalecer um senso de espiritualidade.

7. Envolviam-se em pensamento flexível e criativo.

8. Eram mais capazes de enfrentar o stress e a adversidade.

Pouquíssimos estudos empíricos foram feitos quanto aos efeitos emocional, físico, social e espiritual do

apreço, mas resultados semelhantes nos estudos aqui apresentados são impressivos. Parece que a manifestação

de apreço é um factor para o bem estar total. Além da pesquisa, muitas pessoas atestam o facto de que serem

apreciadores tem muitos benefícios.

Um orador que viajava muito frequentemente passava horas nos átrios dos aeroportos. Em vez de ficar

com pena de si mesmo e enfadado, ele buscava os funcionários encarregados de recolher os jornais

descartados e de esvaziar as lixeiras. Agradecia-lhes por manterem o aeroporto limpo e expressava apreço por

sua atenção para com os pequenos detalhes. Muitas vezes fazia perguntas a respeito da família deles e

mostrava retratos da sua família. Isso demonstrava respeito pelo seu trabalho. Quando lhe perguntavam

porque fazia isso, ele respondia: “Isso permite-me não pensar apenas em mim, mas também pensar nas outras

pessoas. Ilumina o meu dia e concede-me a oportunidade de fazer novas amizades”.

Certo pastor teve de ausentar-se da cidade quando uma fiel paroquiana foi hospitalizada para ser

submetida a uma cirurgia. Muitas pessoas apreciam a visita pastoral antes e depois da cirurgia, mas essa

mulher não recebeu nenhuma delas. Em vez de reclamar a respeito da negligência do pastor ela recordou

todas as vezes que fora encorajada pelo pastor. Durante a sua recuperação tricotou um cachecol para o pastor

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estar Geral

e para a sua esposa. Sinceramente ela acreditava que a sua demonstração de apreço iria ajudá-la no processo

de cura.

Em Cartas a uma jovem terapeuta (2003), Mary Pipher afirma que ter uma vida satisfatória tem que ver

muito mais do que a ausência de tragédias. Tem que ver, principalmente, com o apreciar o que possuímos.

M. J. Ryan utiliza a maior parte do seu livro, Atitudes de Gratidão (1999), relacionando os benefícios do

demonstrar apreço e gratidão. Ela afirma que é impossível mostrar gratidão e estar zangado ao mesmo tempo.

“Sempre que demonstramos apreço somos tomados por um senso de bem-estar e dominados pelo

sentimento de alegria” (p.14). Ela crê que contar as bênçãos recebidas inunda o nosso interior com boas

hormonas. Quanto mais agradecidos somos, mais compreensão vem à nossa vida e mais luz levamos ao

mundo escuro que nos cerca

O que Autores Religiosos Têm a Dizer?

James J. Lynch (2000) observou que estamos a isolar-nos e a perder afinidades com as outras pessoas.

Focalizar-nos no eu parece permear muito dos livros de auto-ajuda vendidos nas livrarias religiosas.

Desaponta correr o dedo pelos índices de livros e livros e não encontrar a palavra apreço. Michael E.

McCullough (2002) deve ser felicitado pelo seu trabalho nessa área visto que é professor associado do

Departamento de Estudos Religiosos da Universidade de Miami. O Dr. Archibald D. Hart do Fuller

Theological Seminary escreveu o livro 15 Principles for Achieving Happiness (1988) (15 Princípios para Alcançar a

Felicidade). As suas palavras são significativas. “Esquecemo-nos de como apreciar as pequenas coisas da

vida” (p. 79). “Somos constantemente presenteados com uma corrente de pequenas coisas, se aprendermos a

apreciá-las podem ajudar-nos a restaurar o nosso equilíbrio mental e emocional e prover-nos uma rica fonte

de felicidade. (p. 82). “Uma geração incapaz de apreciar a quietude e o retiro será uma geração de pessoas

espiritualmente surdas, sem a capacidade de ouvir a Deus, e espiritualmente mudas, incapaz de cantar

louvores a Ele” (p. 84).

A escritora e líder da igreja, Ellen G. White, escreveu o livro “A Ciência do Bom Viver”. Três afirmações

falam eloquentemente a respeito do valor de mostrar apreço. “Se os seres humanos abrissem as janelas da

alma em direcção ao Céu, apreciando as divinas dádivas, por elas penetraria uma onda de restauradora

virtude” (p. 116). “Coisa alguma tende mais a promover a saúde do corpo e da alma do que um espírito de

gratidão e louvor. É um positivo dever resistir à melancolia, às ideias e sentimentos de descontentamento,

dever tão grande como é o orar” (251). “De manhã, ao meio-dia e à noite, qual suave perfume, ascenda ao

Céu a vossa gratidão” (253).

O capelão de um hospital psiquiátrico confirmou essa afirmação. Uma paciente, Leonor, estava com

depressão e havia sido várias vezes tratada nesse hospital. Todas as vezes que era internada, ele visitava-a.

Havia qualquer coisa na Leonor que lhe despertava curiosidade. A sua conversa era sempre negativa,

reclamando da insensibilidade das enfermeiras, da má comida, da carne que estava dura, dos terapeutas

desprezíveis e dos psiquiatras cujo único interesse era enriquecerem. O capelão sabia que as suas observações

eram irracionais. Ele também sabia que ela não estava respondendo bem à medicação.

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estar Geral

Certo dia disse-lhe que tinha cura para a sua depressão. Ela endireitou-se e quis imediatamente saber

qual era. O capelão disse: “Leonor gostaria que fizesse uma relação de tudo aquilo pelo qual deveria ser

agradecida. De manhã e à noite leia a sua lista várias vezes. A segunda parte da cura é expressar apreço a uma

enfermeira, por alguma coisa, Todos os dias. A terceira parte é escrever uma carta a uma amiga, assim que

voltar para casa, com palavras de encorajamento”.

Alguns dias depois a Leonor entusiasticamente apresentou a sua lista ao capelão. “Ouça todas as coisas

pelas quais sou agradecida”. Ela contou-lhe a respeito do que apreciava numa enfermeira e falou a respeito da

carta à amiga. A partir de então começou a responder melhor à medicação e ia à capela para cantar o seu hino

favorito: “Deus cuidará de Ti”, com entusiasmo. A sua forma de ser modificou-se. Passou a sorrir e ria

enquanto assistia à televisão. Quando recebeu alta do hospital, nunca mais necessitou voltar.

Quando Ellen White falou a respeito de uma inundação de excelência de cura sendo derramada como

resultado de mostrar apreço, estava a falar a respeito da cura total. O motivo é simples. Uma pessoa não é

composta de partes separadas umas das outras. William R. Miller e Kathleen A. Jackson, escreveu em Practical

Psychology for Pastors (1995), “As emoções têm profunda base psicológica” (p. 92). Quando um aspecto na

nossa vida está desequilibrado, este afecta cada um dos outros”. Quando é mantido o equilíbrio há harmonia e

saúde. O apreço abre a vida para as dádivas divinas que de outra forma não poderiam ser utilizadas devido ao

centralizar-se no próprio eu.

James J. Lynch (2000) recomenda que ergamos os olhos e olhemos para fora. Durante muito tempo

temos ouvido que a introspecção é o caminho para a cura. Durante muito tempo temos ouvido que as

pessoas e situações no passado são culpadas de nossa penúria actual. É tempo de abrimos as janelas da alma

para o céu e para as necessidades dos outros. Para cima e para os outros são as palavras-chave. O apreço pelas

pequenas coisas da vida, pelas generosas dádivas de Deus, pela bênção do relacionamento com os outros é o

meio de abrir as janelas da alma.

Um voluntário do Maranatha International que conduziu jovens americanos em várias viagens

missionárias de curto prazo observou que os jovens que tinham tudo na vida passavam por uma atitude de

ajuste quando se deparavam cara a cara com a pobreza. A despeito da pobreza, as pessoas a quem eles

ajudavam eram felizes e não egocêntricas. Elas manifestavam gratidão pelos favores mais insignificantes.

O seu contentamento e felicidade eram consequência de olhar para cima e para os outros. Isso foi

exemplificado por um menino engraxador, que limpava e polia os sapatos dos voluntários. Num dia quando

chegou o momento de engraxar os calçados, por falta de uma flanela, ele retirou a sua camisa utilizando-a para

dar brilho no final vestiu-a novamente. Este é um exemplo de como o apreço expressado ainda que na

pobreza pode romper a cultura da gratificação própria.

Uma palavra de advertência ao se falar de escritores religiosos. Alguns autores apresentam-se como

religiosos quando, na verdade, são profissionais metafísicos que crêem que a gratidão e o apreço estão no

mais profundo da alma infinita aguardando para serem liberadas pela meditação e outras práticas. Raramente

mencionam “Deus”, e ocasionalmente fazem menção da força superior. Eles promovem as ideias do

potencial humano e totalmente discordam dos ensinos do apóstolo Paulo de que seres humanos pecaminosos

são incapazes de fazer o bem a menos que sejam capacitados por Deus.

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estar Geral

Na carta de Paulo aos Gálatas, ele ensina que as virtudes são o fruto do Espírito Santo na pessoa que se

comprometeu a ser guiada por Deus (Gálatas 5:22, 23). A lista que Paulo apresenta não é completa e

certamente poderia abranger apreço e gratidão.

Um número significativo desses autores religiosos focaliza-se nos benefícios pessoais da apreciação e

da gratidão. A ênfase é em grande parte centrada no eu. Isto é contrário aos ensinamentos cristãos. A

apreciação é uma dádiva de Deus. Não nos é natural ser apreciativos. Quando convidamos Deus para vir

viver em nós, Ele inspira-nos com o Seu amor, a sua alegria e gratidão. Quando nos surpreendemos com o

fluxo eterno da corrente do perdão de Deus fluindo para a nossa alma, isso transforma a maneira como

consideramos tudo na vida. Já não somos mais egocêntricos, mas passamos a ter um coração serviçal.

Passamos a interessar-nos pelo bem-estar dos outros.

O Que a Bíblia Diz a Respeito do Apreço?

O apóstolo Paulo fala muitas vezes sobre o apreço, gratidão e regozijo. “Agora vos rogamos, irmãos,

que reconheçais os que trabalham entre vós, e os que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam…

consoleis os desanimados” (I Tessalonicenses 5:12, 14).

O trabalho de Paulo pela igreja cristã primitiva não foi tranquilo e fácil. Ele foi lançado na prisão,

espancado e fustigado em cada passo do caminho. Se alguém era candidato à depressão, esse era Paulo. Ele

conhecia os benefícios de ser apreciado. Sem dúvida viu os efeitos maléficos da falta de gratidão. Deparou-se

com críticos que apenas sabiam dizer palavras negativas. Tentaram frustrar-lhe os esforços em todas as cidade

onde ele pregava. Tinham disposição amarga e sabiam como jogar água fria nas ideias novas. O conselho de

Paulo para encorajar os corações desfalecidos brota de sua própria experiência. Ouça estas palavras: “Dêem

graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vós em Cristo Jesus” (I Tessalonicenses

5:18). O verdadeiro desafio de Paulo é: “...se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas

coisas” (Filipenses 4:8)

Depois de examinar algumas das pesquisas sobre os efeitos do apreço, este conselho bíblico faz muito

sentido. A mente que se fixa nos benefícios, nas bênçãos e nos eventos dignos de louvor será saudável. Seguir

o conselho de Paulo resultará em boa saúde e relacionamentos satisfatórios.

Os salmos são especialmente abundantes em louvor e apreço a Deus. Quando temos o hábito de

atentar para as pequenas bênçãos sempre teremos motivos para expressar nosso apreço a Deus. Henri J. M.

Nouwen disse que orar é viver. A vida é uma conversa com Deus. Quando os nossos olhos e ouvidos captam

a beleza que nos cercam, expressamos apreço. Ao partilharmos de horas tranquilas com os nossos amigos,

verbalizamos o nosso apreço. Quando o nosso olfacto detecta um pão feito em casa, mostramos o nosso

apreço a Deus e à pessoa que o fez. Ao ouvirmos os acordes de nosso hino favorito ou a suave melodia de

um concerto de piano, sussurramos agradecimentos a Deus que deu esse talento aos músicos. Ao findar do

dia quando nossa cabeça afunda no travesseiro o nosso suspiro é uma expressão de gratidão. Paulo disse que

os cristãos transbordam de gratidão.

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estar Geral

Então 10 leprosos, banidos da sociedade, aproximaram-se de Jesus. Aparentemente ouviram a respeito

do poder de cura de Jesus e decidiram rogar-lhe que os curasse. Jesus simplesmente lhes disse para irem e se

mostrarem aos sacerdotes. A inspecção e a declaração de limpo proferida pelos sacerdotes abriam as portas

para que esses infelizes voltassem a seus lares. Enquanto corriam desenrolaram as ligaduras de suas mãos e

descobriram, para seu deleite, que a pele saudável havia tomado o lugar da enfermidade mutiladora. Um dos

leprosos ficou de tal maneira tomado de gratidão que deu meia volta e voltou até Jesus caindo-Lhe aos pés.

Ele derramou o seu apreço e louvor. Jesus perguntou: “Onde estão os outros nove?”

Jesus desejava mais do que a erradicação da lepra em seus corpos. Desejava um relacionamento

dinâmico que lhes abriria o caminho para mais e mais da graça de Deus para enriquecê-los. Isso aconteceu a

apenas um dos que foram curados, o qual voltou para agradecer. O relato bíblico é muito breve, mas com um

pouco de imaginação o leitor pode retratar o homem agradecido seguindo a Jesus e aceitando cada palavra

que Ele proferia. Alguns até mesmo retratam o homem indo para casa depois da crucifixão e chorando

durante horas. Talvez ele tenha sido um dos membros privilegiados da igreja apostólica primitiva.

Jesus felicitou esse homem por sua expressão de gratidão. Ele sabia que muito mais do que apenas o

corpo fora curado. Foram restauradas a sua auto-estima, dignidade, capacidade de sobrevivência, e

relacionamentos com a família e amigos. Toda a comunidade foi enriquecida devido à gratidão que se seguiu à

cura.

Jesus contou a história a respeito de um homem rico que entregou os seus bens a três servos enquanto

ele partiu para uma longa viagem. Ao voltar descobriu que apenas dois haviam empregado bem o dinheiro.

Ao dois servos sensatos o senhor disse: “Muito bem, servos bons e fiéis. Entrem na alegria de seu Senhor”.

Os comentaristas crêem que Jesus estava revelando a sua própria expressão de apreço que proferirá aos fiéis

por ocasião do Seu segundo advento. É bom notar que Jesus considera importante a expressão de apreço.

Um estudo cuidadoso das bem-aventuranças mostra os princípios do reino do Céu. As primeiras três

bem-aventuranças referem-se a esvaziar o eu. Isso ocorre quando percebemos a nossa pobreza espiritual à luz

da justiça do Senhor. Reconhecemos e confessamos a nossa desobediência e recebemos a paz que vem com o

perdão. Na quarta bem-aventurança temos fome e sede da graça de Deus que nos fortalece para passarmos do

egocentrismo para a preocupação com os outros. Somos tomados pelo poder do Espírito de Deus. As outras

bem-aventuranças descrevem como os cristãos influenciam a vida dos outros. Investimos as nossas energias e

o nosso bem-estar nos outros. É essa experiência de estar mais perto de Deus todos os dias que nos capacita a

mostrar apreço e bondade para com os outros.

Certo homem chamado Paulo conta como cresceu em Lima, Peru. “Os tempos eram difíceis. O meu

pai, um empresário, estava a iniciar uma nova empresa aérea. Aplicou todo o seu dinheiro no negócio e

lembro-me frequentemente de ouvi-lo dizer: „Não temos dinheiro para isto agora‟. Certo dia informou os

filhos, que o aniversário da mãe estava próximo. Havia feito uma grande poupança para lhe comprar um

frasco de perfume.

“Nunca me esquecerei do dia quando nos reunimos na cozinha e o pai presenteou a mãe com um lindo

pacote. Com mãos trémulas ela o desembrulhou e leu o rótulo. Felicidade e surpresa eram evidentes no seu

rosto. Então aconteceu. Inesperadamente a mãe deixou cair o frasco de perfume que se espatifou no chão.

Todos contivemos a respiração não acreditando no que víamos. Num momento de hesitação o pai ajoelhou-

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Página 151 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-

estar Geral

se, molhou os dedos no perfume derramado e gentilmente tocou o pescoço da mãe. Então a segurou nos

braços e beijou-lhe as lágrimas.

“Quatro meses depois o pai morreu num trágico acidente aéreo nos Andes. Embora isso tenha

ocorrido cinquenta anos atrás, a ternura que o meu pai expressou naquele dia e o elevado valor que dava à

minha mãe permanecerá comigo enquanto eu viver”.

Conclusão

Seria imprudente pensar que temos a resolução ou a cura para todas as situações. O ideal é que na

nossa vida possuamos todos os factores que serão tratados nas séries de apresentações.

Um culturista a quem chamaremos Sr. Canadá durante seis anos consecutivos deu aulas onde mostrava

as gravuras de homens e mulheres com músculos bem desenvolvidos, mas inflexíveis no que dizia respeito ao

movimento. Exemplificava diante da classe o poder de levantar o peso e ter flexibilidade. O segredo estava no

equilíbrio dos aspectos sociais, físicos, emocionais e espirituais da vida.

Embora inicialmente possamos ter pensado que o apreço estivesse relacionado apenas com a saúde

emocional, vimos que ela influi nos nossos relacionamentos no lar, no nosso sucesso no local de trabalho, na

nossa saúde física, no nosso serviço aos outros e no nosso relacionamento com Deus.

O frasco de alabastro. Uma jovem entrou numa loja pequena com o objectivo de comprar um

perfume. Ela tinha um propósito especial para ele e desejava comprar o que houvesse de melhor. Olhando-a

de forma crítica, o vendedor considerou que ela era pobre, e assim ofereceu-lhe algo que supôs poderia

satisfazer as necessidades. A fragrância era boa, mas ela disse: “O senhor tem algo melhor?”

“Sim”, ele respondeu enquanto pegava algo na prateleira. “Mas custa muito mais”. Abriu-o. Sem

dúvida a fragrância era deliciosa.

“Este é o melhor que o senhor possui – o melhor desta loja?” ela insistiu. O vendedor virou-se e

buscou entre os perfumes importados, as raras fragrâncias do Egipto, da Índia e de terras distantes do

Oriente. “Tenho outro”, respondeu. “Mas é bem caro. Ele vem selado num recipiente de alabastro”. O

coração dela disparou ao dizer: “Posso vê-lo, por favor?”

O vendedor tirou da prateleira. Os olhos da jovem cintilavam quando os seus dedos tocaram o

alabastro polido que protegia a essência rara de nardo. Ele custava todo o dinheiro que ela possuía – o

correspondente ao montante do salário de um ano de um trabalhador. A jovem, cujo nome era Maria, pagou

com alegria e imediatamente começou a desatar os nós do fio que ainda continham a sua dádiva preciosa,

sussurrando consigo mesma: “Não é demasiadamente bom para o meu Senhor”.

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Página 152 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-

estar Geral

Maria ouvira Jesus dizer que logo iria morrer e portanto determinou-se a usar esse óleo caríssimo para

preparar o seu corpo para o sepultamento. Mas ela não podia esperar. Num jantar especial foi tocada a partir

o alabastro e derramar o perfume sobre a cabeça de Jesus. Ela esta agradecida por Ele lhe ter perdoado os

pecados e assim decidiu demonstrar a sua gratidão para com o seu Salvador enquanto Ele ainda estava vivo.

A fragrância da sua dádiva de gratidão encheu toda a casa naquele dia. Ela alegrou o coração de Jesus

com a certeza do seu amor. Pouco tempo depois, ao Ele passar pelos momentos negros da Sua grande

provação, quando quase todos O abandonaram, Jesus tinha a lembrança do perfume suave do presente de

amor. Por toda a eternidade, esse frasco de alabastro conta a história de amor, sacrifício e apreço.

Actividade no Lar. O que poderia fazer para mostrar amor e apreço pelos membros da sua família? Tracem um

plano juntos: Quem? O quê? Quando? Conte esse plano para alguém.

Apelo

Acabámos de considerar como expandir o Factor Apreço. Ele pode transformar a sua vida e a vida da

sua família! Então, desate os nós. Quebre o frasco de alabastro. Permita que a sua fragrância encha toda a casa

– a sua casa. Esse suave perfume irá trazer cura e bem-estar ao coração de todos.

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Página 153 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-

estar Geral

A HISTÓRIA INCONCLUSA ...

Certo dia 10 leprosos vieram à praia em busca de Jesus. Em que parte da história eu me encontro?

_____ O espectador que diz: “mande-os embora daqui!”

_____ Um dos 9 que estavam mais interessados nos seus benefícios do que em dizer: “Obrigado”.

_____ Aquele que voltou para expressar gratidão.

_____ Aquele que com um toque curou “os que não podiam ser tocados”.

_____ Outro

Certo dia uma mulher de passado duvidoso aproximou-se de Jesus e ungiu-Lhe a cabeça e os pés com

um perfume caríssimo num frasco de alabastro. Jesus disse que a história do que ela fizera seria contada

enquanto houvesse mundo. Eu também estou contando uma história todos os dias da minha vida. Eu sou:

_____ Como Simão

_____ Como Judas

_____ Um dos muitos convidados que não sabiam o que pensar

_____ Como Maria Madalena

_____ Como Jesus, que aceitou com gratidão o melhor presente que essa pecadora poderia oferecer.

_____ Outro

Como julgo que essas histórias se relacionam comigo no passado: ________________________________

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Como escolho, pela graça de Deus, ser uma nova pessoa que ____________________________________

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“Tudo posso naquele que me fortalece” Filipenses 4:13.

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Página 154 Materiais dos MF—Apreço: Estimulante para o Bem-

estar Geral

EXERCÍCIOS DE APRECIAÇÃO

1. Organize um diário no qual registará expressões de apreciação por si recebidas e qual a sua reacção.

Registe a sua expressão de apreciação aos outros e a reacção deles.

2. Concentre-se no que é correcto e bom a respeito das pessoas e das situações.

3. Separe vários dias para este exercício. Pela manhã, relacione tudo que saiu errado ou que não ficou de

acordo com as suas expectativas. À tarde, relacione tudo o que deu certo ou que esteve dentro de suas

expectativas. No fim do dia, faça um registo do tom emocional da parte da manhã e à tarde. Compare os dois.

4. Reserve tempo para pensar profundamente a respeito de algo do mundo natural, das qualidades de um

amigo íntimo ou de um parente, do amor de Deus e de Seu plano para nos redimir. Concentre-se no aumento

da sua surpresa e espanto diante das pequenas e grandes características.

5. Imagine que perdeu o emprego e que tem de mudar para uma casa pequena. Pense no que conservaria

e porque aprecia aquilo que conservaria.

6. Converse periodicamente com um amigo íntimo. Conversem a respeito de histórias de pessoas, do

passado e presente, que apreciam. Fale da experiência da vida que aprecia.

7. Todos os dias ligue, escreva ou mande um e-mail proferindo palavras de apreciação a uma pessoa.

Quando vir um amigo, fale da sua apreciação por ele. Torne isso um hábito.

8. Sempre que orar, manifeste a sua apreciação a Deus pela bênçãos que derrama sobre si.

Bibliografia

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estar Geral

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conceptual and empirical topography. Journal of Personality and Social Psychology, 82 (1), 112-127.

Hart, Archibald D. (1988). 15 principles for achieving happiness. Dallas, TX: Word Publishing.

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Lynch, James J. (2000). A cry unheard: New insights into the medical consequences of loneliness. Baltimore:

Bancroft Press.

McCraty, Rolling, Atkinson, Mike, Tiller, William A., Rein, Glen, & Watkins, Alan D. (1995). The

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Cardiology, 76 (14), 1089-1093.

Miller, William R., Jackson, Kathleen A. (1995). Practical psychology for pastors, 2a. edition. Englewood Cliffs,

NJ: Prentice Hall.

Palmer, Parker J. (1998). The courage to teach: Exploring the inner landscape of a teacher‟s live. San Francisco:

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Pipher, Mary. (2203). Letters to a young therapist. Nova Iorque: Basic Books.

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Página 157 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família

CRIE UMA IGREJA AMIGA DA FAMÍLIA

Noelene Johnson e Willie Oliver

O gnu ou antílope africano acasalam e tem a cria durante a sua migração anual para as planícies de

Serengeti, na Tanzânia, África Oriental. As hienas também perambulam pelo Serengeti à espreita dos filhotes.

Cientes desses predadores, a mãe imediatamente depois do nascimento começa a empurrar o recém-nascido

para ficar em pé. Não é raro ver as hienas aproximando-se silenciosamente do desamparado filhote minutos

depois do seu nascimento. No esforço para proteger a cria a mãe irá contra-atacar. Mas as hienas, actuando

como uma matilha, muitas vezes mantêm a mãe distraída até que uma hiena sozinha consiga pegar o filhote.

Os observadores dizem-nos que milhares de gnus observam nas proximidades, levantando as suas

cabeças para contemplar o drama que se desenrola. Se agissem juntos, poderiam facilmente exceder o número

de hienas. Mas nenhum deles faz qualquer movimento para ajudar a mãe ou o filhote.

A manada de gnus tipifica uma igreja disfuncional – o oposto de uma igreja amiga da família, cujo

ministério é centralizado na família e apoiado pela igreja. As igrejas amigas da família reconhecem que os pais

têm a principal responsabilidade pelo fortalecimento espiritual dos filhos. Porém, ao mesmo tempo, ela está

pronta para ajudar e apoiar o ministério no lar. Três formas pelas quais as igrejas amigas da família oferecem

apoio são:

1. Tornar a igreja um ambiente amigo para a criança.

2. Torná-la um lugar seguro para as crianças aceitarem a Jesus.

3. Apoiar e treinar os pais para que fazerem dos filhos discípulos.

Estudo de Caso

A Igreja Adventista do Sétimo Dia de Kuna, próxima de Boise, Idaho, é uma igreja amiga da família.

“O nosso estilo na igreja é informal e pode parecer desorganizado”, confessa Aileen Sox, um dos

anciãos da igreja de Kuna. “Provavelmente, sempre estamos um pouco atrasados, a nossa programação um

pouco longa, e somos bastantes casuais no sábado de manhã. Mas para a igreja de Kuna isso não importa. O

que realmente conta é se agimos certo. Nós damos atenção às crianças”.

A primeira Escola Cristã de Férias da igreja de Kuna atraiu 100 crianças e mais de 50 voluntários.

Membros generosos subsidiaram parte das taxas (em alguns casos, de uma forma total) para que várias

crianças pudessem participar. Ninguém reclama por gastar dinheiro com o mobiliário e materiais para a

Escola Cristã de Férias.

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Página 158 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família

Os membros de Kuna aplaudem as crianças e as envolvem, todas as semanas, no culto. As crianças,

algumas vezes, lêem uma passagem bíblica, cantam ou tocam alguma música especial. Os juvenis diáconos e

diaconisas têm as mesmas atribuições de que os seus mentores adultos. As crianças, na companhia dos pais ou

de irmãos mais velhos ficam na recepção recebendo os que chegam.

A igreja felicita as crianças pelas suas realizações – formatura, prémios na comunidade, durante os

momentos de louvor ou dos anúncios. Os pedidos de oração feitos pelas crianças são levados ao trono de

Deus com a mesma seriedade com que são tratados os pedidos dos adultos. As ofertas das crianças podem

não ser a maior entrada de sábado de manhã, mas é a maior em volume. Ninguém consegue resistir às

crianças, cada uma leva a cesta para colectar as ofertas.

A igreja não se incomoda com o barulho gerado pelas crianças durante o culto. A igreja provê bolsas

com actividades para crianças com menos de 10 anos e têm almofadas para s crianças de 1-5 anos a fim de

que possam ver o que se passa durante o culto. Os pais que ficam no berçário recebem fones para que

possam ouvir o culto enquanto cuidam dos bebés.

No Natal, cada criança recebe um livro da Pacific Press ou da Review and Herald; na dedicação dos

bebés, os pais recebem um livro sobre o culto para essa faixa etária; no baptismo as crianças recebem uma

Bíblia. Quando nasce um bebé, o pastor visita a maternidade e presenteia os pais com o livro da Dra. Kay

Kusma, Preparing for Your Baby‟s Dedication: a Guide for Parents. (Preparo para a Dedicação do Bebé: Guia para os

Pais). A igreja deseja que os pais saibam desde o início que a igreja participará na vida espiritual da criança.

Não surpreende que a igreja tenha experimentado um crescimento surpreendente – passando de 20

famílias para 85 – a maioria veio para a igreja nos últimos seis anos.

Outra Igreja Amiga das Crianças

A Igreja Adventista de Alexandria, Virgínia, dá com abundância amor às suas crianças, especialmente

no sábado das crianças. Em Março as crianças e professores conduziram os cultos nesse dia especial. Os

momentos de louvor foram conduzidos pelas crianças. Um menino de 12 anos apresentou o sermão. O

Pastor Henry Wright confirmou o sermão do Drey convidando as pessoas que não se tinham unido à igreja

para tomarem uma decisão de mudança da vida. Um jovem pai veio à frente.

Oito crianças, que estavam preparadas para o baptismo, responderam aos votos baptismais adaptados

às crianças antes de seu baptismo. Em cada momento do programa a congregação demonstrava

vigorosamente apreciação pelos esforços das crianças, reforçando a mensagem de que elas pertencem à

família da igreja que verdadeiramente as ama.

Quer essas igrejas se dêem conta ou não, elas são beneficiadas por esse programa visto que atraem as

famílias e portanto crescem e mantêm as crianças comprometidas e fiéis.

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Página 159 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família

Janela da Oportunidade na Infância

Bill Hybels, um dos pastores americanos mais conhecidos diz: “Um dos principais pontos de entrada

dos não membros na vida da igreja são as crianças. ... Temos as portas totalmente abertas a quase todas as

famílias, em cada comunidade do mundo, quando amamos e servimos os seus filhos”. Os pais desejam que os

seus filhos estejam envolvidos nos programas especiais. Se as crianças gostam de ir à igreja, os pais

continuarão a trazê-las. Finalmente, toda a família passará a frequentá-la.

O Barna Research Group, em novembro de 1999, relatou as suas descobertas de que a infância é o

período mais importante para se decidir por Cristo. Um século atrás Ellen White escreveu: “É na juventude

que são mais ardentes as afeições, a memória retém com mais facilidade, e o coração é mais sensível às

impressões divinas”

A pesquisa de Barna mostrou a probabilidade das pessoas aceitarem a Jesus Cristo como o seu Salvador

de acordo com a sua faixa etária. As crianças de 5 a 13 anos tinham 32% de probabilidade de aceitar a Jesus;

entre 14 a 18, apenas 4%; de 19 em diante, 6%. Esses dados alertam-nos para a forma como agimos na igreja.

Se a infância é uma janela de oportunidade para o evangelismo, não deveríamos ser mais firmes quanto

a dedicar orçamento e esforços evangelísticos onde serão mais produtivos, em vez de a uma audiência que é

seis a oito vezes menos receptiva?

Torne a Igreja Segura para as Crianças

Se desejamos tornar as nossas igrejas amigas das crianças, devemos assegurar que tanto as instalações

quanto a família da igreja sejam seguras para as crianças.

Luís e a sua esposa estavam a conversar depois do almoço em conjunto na igreja quando, subitamente,

perceberam que a sua filha Sara tinha desaparecido. Preocupado sem saber onde ela estava, correu pelas

instalações da igreja chamando-a pelo nome. As crianças que estavam a brincar no pátio da igreja não tinham

visto a Sara, o que aumentou a preocupação do pai que continuou a correr e a chamar pelo nome.

Então ouviu o som de uma porta bater e passos a correr, e a Sara a gritar pelo pai. Logo o Luis viu a

Sara a correr ofegante e contar como um homem a agarrou e a levou para uma sala vazia. Ao ouvir a voz do

pai a menina conseguiu soltar-se e fugir sem que o homem lhe tivesse feito mal.

O Luís relembra: “Fiquei tão chocado com essa experiência que durante um ano a minha vida espiritual

foi afectada”. Quando as crianças sofrem algum abuso, não sofrem sozinhas; toda a família sofre. Quando o

agressor é membro e nega o que aconteceu, a igreja pode ficar dividida; todos ficam feridos e o ministério é

arruinado.

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Página 160 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família

As igrejas amigas da família planeiam com antecipação a segurança do local para que as crianças

estejam resguardadas. Algumas normas simples podem proteger as crianças e o ministério da igreja.

1. Peça àqueles que ocupam cargos de confiança na igreja para preencherem os formulários de

pesquisa dos voluntários.

2. Espere seis meses antes de dar algum cargo a membros novos ou que se transferiram recentemente

para a igreja.

3. Evite ter adultos a trabalhar sozinhos com uma criança, mas se isso acontecer, a porta da sala

deverá ficar aberta para que todos possam ver o que está ocorrendo.

Apoiar os Pais, Ensinar o Discípulado

A família é o lugar onde as crianças aprendem e experimentam o amor, a afeição, os valores e

conhecem a Deus. No lar, as crianças aprendem a estarem ligadas ou desligadas umas das outras, não apenas

pelo que os pais ou responsáveis dizem, mas também pelo que as crianças vivenciam.

Os especialistas em família sugerem que o principal indicador de sucesso para os jovens, em todos os

aspectos da vida, é a sua percepção da imagem que os pais fazem deles; não tanto o que os pais pensam, mas

o que eles pensam que os pais pensam deles.

As famílias que têm elevados índices de coesão, união e relacionamento espiritual saudável estão

intencionalmente ligados uns aos outros a cada dia. O culto em família não apenas une os membros no início

do dia, mas também edifica a espiritualidade e os relacionamentos. Recentemente o Barna Research revelou

que nove entre dez pais com filhos menores de treze anos crêem que são os responsáveis por transmitir os

seus valores e crenças religiosas aos filhos. No entanto, durante a semana, a maioria dos pais não passa tempo

a conversar, com os seus filhos, sobre assuntos religiosos.

Infelizmente, muitas famílias na congregação não compreendem a importância do culto em família e

ainda que a compreendam, não sabem como realizá-lo. Os seminários para pais e sugestões de púlpito podem

dar apoio aos pais e mostrar-lhes o que fazer.

Uma nova oportunidade está a surgir para as igrejas darem apoio às famílias – tornar os filhos

discípulos. O Kids in Discipleship Center (Centro de Discipulado de Juvenis), na igreja de Collegedale,

Tennessee, desenvolveu um programa de discipulado em dois estágios. Quatro igrejas já participaram e

disseram que ficaram muito entusiasmadas.

Becky Hopper informa a respeito da Igreja Adventista do Sétimo Dia da Andrews, na Carolina do

Norte, onde 24 pais se reuniram em quatro grupos, e depois de apenas sete lições, passaram pela experiência

de reavivamento e de um novo senso de unidade – algo que ansiavam há muito tempo.

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Página 161 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família

“‟Pegadas na Areia – Parte I‟, o primeiro conjunto de 12 lições, ajuda os pais, no ambiente do pequeno

grupo, a tornarem-se discípulos comprometidos”, Maclafferty explica. “‟Pegadas, Parte II‟ reúne os pais e os

filhos, trabalhando com a família para estudar a série de 32 lições. Essa série leva os filhos a terem

relacionamento pessoal com Jesus, desenvolve o hábito da devoção, pessoal e em família, e incentiva o serviço

e o testemunho. Por fim, algumas dessas famílias acabarão envolvidas no acompanhamento de outras família

no processo de discipulado.

Todos desejamos que os nossos filhos e netos cresçam como indivíduos responsáveis na sociedade.

Certamente, desejamos também que amem e sirvam a Deus quando crescerem. Isso não ocorre por acaso, ou

por tentativas aleatórias e esporádicas na transmissão dos nossos valores religiosos e culturais.

Necessitamos ser deliberados na forma como transmitimos a fé aos nossos filhos. Esta é a nossa

responsabilidade para com eles e para com Jesus.

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Página 162 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família

Condução do Culto Familiar

A pesquisa e a experiência pessoal sugerem que os cultos mais eficientes na família são aqueles

que envolvem deliberadamente todos os membros, dando-lhes oportunidade de liderar no exercício

diário. Ter alvos claros em mente, tais como: que tipos de materiais devocionais serão usados, a duração

do culto, onde o culto será realizado e que componentes serão incluídos no ritual diário, são considera-

ções muito importantes.

A minha família reúne-se no nosso quarto (dos pais) de segunda a sexta-feira, às seis horas da

manhã. Escolhemos livros devocionais interactivos específicos para a idade. A nossa família segue um

calendário de quem irá dirigir o culto a cada dia – como as actividades e oração. Depois que a pessoa

escolhida faz a leitura ou a actividade, outra incumbe-se de ver se há pedidos de oração ou agradecimen-

tos e então fazemos juntos a oração.

Ao partilharem da liderança do culto todas as manhãs, as crianças aprendem a desenvolver a sua

fé. Desenvolvem as actividades espirituais, a auto-estima quando enfrentam uma audiência que se mos-

tra atenta ao que eles dizem. Tem sido uma excelente oportunidade para praticar a leitura em voz alta e

aprenderem palavras desconhecidas. Ao orarem, todos os dias, pelos pedidos e agradecimentos, estão a

aprender a interceder em favor dos outros e a afirmar a sua crença e fé em Deus, especialmente quando

partilham histórias a respeito das orações atendidas.

O nosso culto tem a duração de apenas 10-15 minutos para não atrapalhar os horários uns dos

outros. Durante os momentos de pedidos de oração e de louvor, temos a oportunidade de falarmos a

respeito daquilo que nos preocupa como também daquilo de que gostamos. Falar sobre as alegrias e

preocupações pessoais acentua o espírito de ligação espiritual e emocional.

-- Willie Oliver

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Página 163 Materiais dos MF—Crie uma Igreja Amiga da Família

Acesso Igual a Deus

“pois por meio dele [Jesus Cristo] ambos temos acesso ao Pai, por um só Espírito” (Efésios 2:18,

NVI).

Quando nos reunimos para o culto, todos somos participantes e temos acesso a Deus. Ninguém

deveria sentir-se invisível, marginalizado ou deixado de lado. Portanto, deveríamos organizar o culto de

tal forma a não ignorar um grupo – o das crianças.

Susan Scoggins fala da sua preciosa neta de dois anos, Trisney. Quando interrogada certa semana

a respeito da Escola Sabatina, ela confiantemente respondeu que tinha sido a respeito de Jairo. E ao ser

interrogada se tinha ouvido o sermão na igreja, ela respondeu: “Não, foi pregado numa língua diferen-

te”.

Muitas outras crianças sentem-se da mesma forma. Talvez seja por isso que se distraem com a

sua lição no momento em que se inicia o sermão. As palavras difíceis e os conceitos abstractos do ser-

mão muitas vezes parecem uma língua estrangeira para elas. Toda a igreja desfruta mais o culto quando

as crianças são incluídas.

-- Noelene Johnsson

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Página 165 Materiais dos MF—Contextualize a Educação da Vida

Familiar

CONTEXTUALIZE A EDUCAÇÃO DA VIDA FAMILIAR

Por Valerie Fidelia

“A necessidade de conselho e orientação moral é um facto, mas a forma como fala e a quem fala são tão importantes quanto

aquilo que diz” (I Timóteo 1:8, The Message Bible).

Introdução

Esta apresentação destina-se a dar-nos uma introdução da contextualização e a abrir os nossos olhos

para as armadilhas e possibilidades apresentadas pela mesma. Há alguns fundamentos básicos que

necessitamos levar em consideração, mas cada contextualização dependerá da cultura com em questão.

Definição

O que queremos dizer por contextualização? Uma definição é: “Tornar o ensino significativo e

compreensível a todas as pessoas em seu ambiente cultural” (Oxford English Dictionary). Não podemos

separar a contextualização da cultura; então, o que é a “cultura”? “Cultura” implica “um conjunto de valores e

crenças”, “estilo de linguagem e de pensamento” ou “visão mundial”. A cultura é “um sistema de significados

e valores que moldam o comportamento” (Huang & Nieves-Grafals, 1994).

Como pessoas, partilhamos uma natureza humana comum. Além disso, a nossa formação genética

ímpar determina em grande parte quem somos. Essa é a “natureza” que é parte de nós, ou as nossas

características de nascimento. A nossa experiência de vida, a parte do “alimento‟ é apenas tão complexa

quanto o nosso código genético. Ela envolve a nossa cultura, sexo, desenvolvimento espiritual, status sócio-

económico, a nossa própria vida, preocupação geracional, geografia, fase da vida, tipo de personalidade e

muitos outros factores. (Lane, 2002, pp. 33, 34).

Por que Contextualizar?

Devemos encontrar um terreno comum com as pessoas a quem queremos alcançar; para satisfazer as

necessidades das pessoas na nossa comunidade da fé e as necessidades da comunidade como um todo. Há

muito na nossa educação da vida familiar que é relevante e necessária para a comunidade como um todo.

Deveríamos considerar todo o ensino da educação da vida familiar como uma oportunidade para satisfazer as

necessidades do coração das pessoas que nos cercam. Este é um meio maravilhoso de oferecer o amor de

Jesus à sociedade cuja alma está enferma. Não podemos ministrar eficientemente a qualquer grupo se não

contextualizarmos.

Exemplos de contextualização simples. Há exemplos muito simples de contextualização que

praticamos todos os dias sem nos darmos contas.

Regularmente fazemos adaptações, ou seja, mudamos lugares e nomes para se enquadrarem no contexto

onde estamos ensinando. Por exemplo, muitas histórias de cunho moral, criadas para as crianças, surgiram

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Página 166 Materiais dos MF—Contextualize a Educação da Vida

Familiar

originalmente na América do Norte ou na Europa Ocidental e podem ser adaptadas a outras sociedades

simplesmente ao se mudar o nome da cidade, dos personagens, etc. Se isso for relevante para a audiência.

Fazemos também modificações, adaptando e mudando o que apresentamos para se adequar à mentalidade

e expectativas da audiência a atingir. Por exemplo, no aconselhamento pré-nupcial é muito importante discutir

as questões financeiras da família, mas o contexto no qual fazemos o aconselhamento irá determinar como

abordamos a questão. Em muitas partes do mundo as mulheres não se envolvem nas questões financeiras da

casa. Estas são estritamente um assunto para os homens. Por conseguinte, há necessidade de se empregar a

sensibilidade cultural quando tratamos os vários temas.

Ao planearmos os programas de ensino da vida familiar seria bom relacionar todas as culturas na nossa

congregação, a nossa audiência a atingir. Podemos ficar surpreendidos com a amplitude das diferenças

culturais que encontramos numa pequena congregação. Em Nicósia, Chipre, a Igreja Adventista do Sétimo

Dia que frequento, tem cerca de 48 membros que representam 20 nacionalidades – cada um com uma cultura

distinta. Há também outros tipos de diversidade no grupo: sócio/económico, linguística, abordagens liberais e

conservadoras quanto à paternidade, etc. Um padrão único certamente não serve a todos.

Podemos ainda subdividir a raça e a etnia e considerar os factores social/económico/ educacional,

status, rendimento, profissão, etc. Sexo, tipo de personalidade, data de nascimento e crescimento espiritual

são outros subconjuntos nesses vários grupos que representam a nossa audiência. A eficiência do nosso

ensino será determinada pela maneira como conseguiremos atingir os vários subconjuntos culturais na nossa

audiência. Para que o nosso ministério seja eficiente, devemos conhecer bem todas as culturas e prepararmo-

nos de maneira conveniente para ministrar a um determinado grupo de pessoas.

Ministério contextualizado na Escritura. Há muitos exemplos bíblicos de preparo para o ministério

contextualizado. Moisés era um especialista na vida, cultura, religião e protocolo egípcio. Isto fazia parte do

seu preparo para a tarefa de tirar o povo de Deus do Egipto? Ele poderia pensar como um egípcio quando foi

falar com faraó. Daniel e seus amigos foram educados na língua, literatura e história da babilónica. Daniel

sentia-se à vontade na presença do rei e dos ministros de estado. Paulo era versado no grego clássico a ponto

de, em Atenas, ser capaz de citar um filósofo grego (Whitehouse, 2003). As pessoas de outros grupos culturais

ou antecedentes religiosos merecem o nosso respeito e um estudo sério.

Verdades Universais ou Verdades Determinadas pela Cultura

Transpor as culturas torna-se mais frontal quando se compreende quais as diferenças culturalmente

fundamentadas e quais não o são. Não há cultura “certa” e cultura “errada”. Abaixo encontram-se oito

“verdades”. Elas são universais ou culturalmente determinadas?

1. As pessoas sempre deveriam ser pontuais. Numa instituição onde trabalhei, as reuniões podiam

ser marcadas para as “9h00, horário europeu”. Havia uma grande diferença de opinião na compreensão

cultural quanto ao que significava „na hora‟.

2. É melhor dizer à pessoa que fiquei ofendido. Nalgumas culturas isso é aceitável, mas noutras

isso nunca pode acontecer.

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Página 167 Materiais dos MF—Contextualize a Educação da Vida

Familiar

3. É rude aceitar uma oferta na primeira vez. No Médio Oriente é impossível aceitar uma oferta

na primeira vez. Uma jovem do Médio oriente ao visitar Londres pela primeira vez estava terrivelmente

gelada e ansiosa para chegar a uma casa e beber algo quente. Ao chegar ao seu destino os anfitriões

ofereceram-lhe uma chávena de chá. Por ser do Médio Oriente, ela polidamente recusou, esperando um

segundo e terceiro convite. Sua anfitriã britânica, que estava acostumada que “não significa não”, não

ofereceu uma segunda vez. A jovem ficou sem a bebida quente (Roden, 1968).

4. É melhor ser rico do que pobre. Algumas civilizações dão grande valor à riqueza e às posses,

mas outras culturas valorizam coisas como a saúde e a família.

5. A pessoa deveria escolher a esposa. Casamentos arranjados são ainda comuns em algumas

culturas embora sejam menos populares do que no passado.

6. Os homens educados permitirão que a mulher atravesse a porta primeiro. Há muitas

culturas onde isso não seria aceitável. O homem não deve submeter-se à mulher e esta iria ficar relutante ao

atravessar a porta antes do homem.

7. Os indivíduos têm o direito de tomar decisões quanto ao seu futuro, independentemente

do desejo da família. As sociedades individualistas assumem essa posição. As sociedades colectivas nunca.

8. As crianças boas sempre concordarão com os pais. Algumas culturas crêem nisso. Outras

encorajam os seus filhos a fazerem perguntas e observações; esses pais não ficam tristes quando os seus filhos

têm um ponto de vista diferente deles, desde que feito com respeito (Lane, 2002).

Abordagens para as Diferenças Culturais

Há várias formas das sociedades responderem a outras culturas:

Xenofobia. O medo de outras culturas pode levar ao racismo, ao ódio contra alguns grupos e ao

crime.

Etnocentrismo. Crer que a própria cultura é superior leva ao favoritismo, estereótipo, ao fanatismo e

à intolerância para com aqueles que são diferentes.

Assimilação forçada. Essencialmente essa abordagem diz: “A tua cultura não é boa. A minha cultura

é melhor e tu deves ser como eu”.

Segregação. Para que as culturas coexistam devem ser separadas. O pior exemplo foi o apartheid.

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Página 168 Materiais dos MF—Contextualize a Educação da Vida

Familiar

Aceitação. Nesta abordagem há uma predisposição para a coexistência, acomodação e

estabelecimento de relacionamentos. Todas as culturas são iguais e devem ser respeitadas. Embora a aceitação

seja boa, Deus pede-nos para fazer mais.

Celebração. Isso significa aprender com a diversidade dos outros e apreciá-la. Deus criou-nos como

seres culturais e valoriza a diversidade em toda a criação. “Cada pessoa, cada cultura, tem segredos ímpares.

Cada uma é capaz de saber algo a respeito de Deus que ninguém mais conhece. Na reunião de estrangeiros

temos a oportunidade de partilhar esses tesouros uns com os outros” (Adeney, 1995, p. 141).

Diferenças Culturais Comuns que Exercem Impacto na Educação da Vida Familiar.

As diferenças culturais são reais e exercem impacto significativo nos relacionamentos interculturais.

Como educadores da vida familiar as diferenças podem exercerem impacto significativo na nossa capacidade

de instruir e influenciar os outros. É necessária a sensibilidade cultural, por exemplo, nas seguintes áreas das

crenças sobre a vida familiar:

Educação dos filhos. Diferimos nas nossas várias culturas quanto à disciplina, os hábitos de sono,

alimentos e comportamentos públicos.

Casamento com parentes próximos.

Papel dos parentes. As sociedades individualistas cuidam da família nuclear. As sociedades colectivas

abrangem os parentes.

Toque físico. As sociedades diferem ao mostrar afeição por meio do toque físico em lugares públicos

ou em casa na presença de estranhos.

Casamentos arranjados. Qual é o papel do aconselhamento pré-matrimonial. Os pais e os irmãos

deveriam ser incluídos?

Grupos por Sexo. Em muitas culturas os homens e as mulheres congregam-se em grupos separados.

Eles socializam-se separadamente, as mulheres em casa e os homens no café. Comem em lugares separados.

Falar dos segredos conjugais. Algumas culturas advogam que os segredos conjugais devem ser

mantidos entre o casal; noutra, a esposa pode ter maior liberdade com outra mulher do que com o seu

marido. É comum partilhar as confidências.

Sexualidade. Ela pode ser discutida? Como ensinar e ajudar de uma forma culturalmente sensível?

Esta é uma questão importante a ser considerada pelos educadores da vida familiar.

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Página 169 Materiais dos MF—Contextualize a Educação da Vida

Familiar

Monogamia.

Conscientização do abuso e do incesto.

Hospitalidade. Algumas culturas consideram os ocidentais como “mesquinhos” porque não oferecem

uma mesa extravagantemente abastecida, que é norma geral de hospitalidade em muitas culturas.

Papel dos sexos. Em algumas culturas o homem não discutirá as finanças ou decisões importantes da

família com a sua esposa. Ela deve aceitar o que ele diz. Noutras culturas é difícil para uma mulher viver

sozinha. Antes do casamento ela depende dos pais ou irmãos, durante o casamento do seu marido e caso se

divorcie ou fique viúva terá de depender novamente da sua família ou dos homens da família do seu marido.

Conclusão

Necessidade de materiais sensíveis a cada cultura. É fácil ver nos exemplos simples apresentados

acima quão amplo é o abismo cultural em muitos temas. Um problema que enfrentamos é que a maioria da

literatura boa sobre a educação da vida familiar baseia-se na mentalidade da cultura ocidental. Ela deve ser

significativamente modificada para algumas culturas. Por exemplo, há uma necessidade urgente de

desenvolver exercícios e atribuições culturalmente sensíveis para serem usadas nos cursos de enriquecimento

conjugal e para o aconselhamento pré-nupcial. Algumas partes do campo mundial enfrentam isso muito bem,

mas outras, com menos recursos financeiros, sentem-se constantemente frustradas com a falta de recursos.

Para aqueles que desejam compreender melhor as diferenças culturais, recomendo o livro Guia para

iniciantes a cruzar culturas e a fazer amigos num mundo multicultural World, de Patty Lane (InterVarsity, 2020 ISBN 0-

8308-2346-8). Ela é directora do Escritório das iniciativas interculturais da Convenção Geral Batista do Texas.

Referências

Adeney, B. T. (1995). Strange virtues: Ethics in a multicultural world. Downers Grove, IL: InterVarsity Press.

Huang, L. N., & Nieves-Grafals, S. (1994). Palestra não publicada sobre aconselhamento intercultural.

Washington, D.C.

Lane, P. (2002). A beginner‟s guide to crossing cultures: Making friends in a multicultural world. Downers Grove,

IL: InterVarsity Press.

Roden, C. (1968). A book of Middle Eastern cookery. Londres: Penguin Books, Ltd.

Whitehouse, G. (2003). Apresentação não publicada da associação do relacionamento entre adventistas

e muçulmanos, Paphos, Chipre.

[Valeria Fidelia é directora dos Ministérios da Família da União do Oriente Médio, da Divisão Trans-

Europeia. O seu texto foi originalmente apresentado como um seminário interactivo com os participantes do

programa de Educação da Vida Familiar na DTE, em Março de 2003. Usado com permissão.

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Página 171 Materiais dos MF—Missão da Amizade

MISSÃO DA AMIZADE

Por Gottfried Oosterwal

Introdução

A pesquisa recente sobre o crescimento da igreja mostra que a compreensão para a igreja ter de si

mesma e do seu papel na missão afecta de forma crítica o seu crescimento e avanço. O conceito correcto de

nós mesmos como povo de Deus e da Sua comissão leva ao crescimento. Os conceitos falsos do propósito e

missão ou visão estreita do conceito bíblico de missão impede o progresso. Exemplos do adventismo

histórico ilustram isso.

“ De Porta fechada” para “porta aberta”. Depois do Grande Desapontamento de 1844, os

adventistas lutaram com as perguntas: “O que faremos agora? Qual é a nossa missão?” Inicialmente eles

usaram a imagem da arca de Noé para definirem para si mesmos o seu propósito. Os poucos fiéis estariam

seguros na “arca”. O Senhor havia fechado a porta e agora estavam ansiosos a aguardar o Seu retorno. Tiago

White definiu a sua missão como a de “encorajar os irmãos de Laodicéia”. Assim, falavam apenas entre si.

Não havia crescimento. Não havia avanço. A sua estrutura de compreensão parecia bíblica, no entanto eram

muito limitados na compreensão de si mesmos. Para eles a porta da salvação estava fechada, e ninguém mais

poderia ser acrescentado. Depois de mais ou menos uma década, seguindo a orientação dada por Deus à

nossa Igreja, subitamente mudamos e crescemos na compreensão de nós mesmos como Igreja e missão. Na

década de 1850, Tiago White definiu a igreja como “uma porta aberta ao mundo”. A igreja começou a crescer

e a sua missão começou a avançar.

Daniel e o “pequeno rebanho”. Na década de 1920, quando as dificuldades, dúvidas, debates e

questões sobre a revelação e inspiração geraram um declínio no crescimento da igreja, A. G. Daniels foi

solicitado pela Associação Geral para realizar reuniões e estimular uma nova compreensão. Na primeira

reunião realizada pelo irmão Daniels, ele disse: “Se tivéssemos a devida compreensão de nós mesmos como

povo e agíssemos de acordo, milhões iriam unir-se a esta igreja e preparar-se-iam para a vinda de Cristo”.

Imediatamente depois da reunião os irmãos chamaram-no de lado e o censuraram pelo que havia dito,

admoestando-o a “não ensinar essa heresia novamente”. “Que heresia? ele perguntou. “Milhões de pessoas

iriam unir-se”, disseram eles. “Essa é uma compreensão errada; somos o remanescente de Deus; somos o

pequeno rebanho. „Milhões‟ é uma característica de Babilónia. Nós, contudo, somo apenas um pequeno

rebanho que escolheu seguir pelo caminho estreito e passar pela porta estreita”. Ele informou que a ideia

prevalecente da igreja quanto ao “pequeno rebanho” representou considerável resistência aos esforços de

levar os membros à acção missionária. Essa visão, a despeito de estar baseada numa metáfora bíblica, resultou

numa perspectiva errada e limitada.

Hoje, a despeito do considerável crescimento da nossa própria compreensão e missão, cerca de três

bilhões de pessoas nunca ouviram falar no nome de Cristo. Embora algo mais esteja envolvido no

cumprimento da missão do que, na devida compreensão de si mesmo como igreja, muitos estão convencidos

de que necessitamos avançar nessa área da auto-compreensão a fim de que a missão possa avançar. Como

cresceremos?

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Página 172 Materiais dos MF—Missão da Amizade

A Imagem que Temos da Igreja Modela a Nossa Missão

O Novo Testamento usa muitas imagens para descrever a igreja como, por exemplo, verdade,

remanescente, montanha, Sião, embarcação, ovelha, povo de Deus. Nenhuma palavra pode definir plenamente os

muitos aspectos do que significa ser a igreja de Deus. Cada imagem precisa ser complementada e corrigida por

outras. Ainda, a igreja como verdade, remanescente ou como pequeno rebanho necessita ser adaptada e mudada

quando surgem as novas circunstâncias no mundo, para que possa ser a verdade presente, e responder aos novos

desafios.

A nossa igreja, que uma vez foi identificada com a “mensagem de advertência”, está agora a começar a

ver-se a si mesma como uma “igreja que cuida”. Não se trata de uma questão de escolher entre uma imagem

ou outra. Cada imagem necessita da outra. Uma apoia, complementa e corrige a outra.

Proclamação da verdade. Até ao presente a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem sido guiada por

duas ou três imagens bíblicas típicas da igreja. Temos-nos identificado como a “verdade” e vemos a nossa

missão como a proclamação da verdade. Embora nada nos deve-se desviar dessa auto-compreensão bíblica da

igreja e da sua missão, que tem exercido tal impacto no mundo, há mais na missão do que na proclamação.

Serviço. Devemos também ver a nossa missão como um serviço; estabelecemos muitos hospitais e

clínicas e escolas e estamos cada vez mais envolvidos no desenvolvimento técnico. Agradecemos a Deus pelo

progresso, no entanto, há algo extremamente básico que falta na nossa compreensão como igreja.

Amizade. A missão não é apenas proclamação, estar no mundo, nas publicações, nos mídia.

Tampouco é apenas proclamação e serviço. Uma terceira característica é a marca da missão, a noção de

amizade.

Um estudo da Convenção Baptista do Sudeste perguntou aos novos membros, que vieram para a igreja

nos últimos cinco anos, qual a razão que os levou a unirem–se à igreja. A razão principal foi: “Porque

gostamos da amizade nas igrejas baptistas”. Quando esse estudo foi mencionado numa reunião da comissão

administrativa responsável pelo crescimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia, um presidente comentou:

“Irmãos, estou muito feliz de que esse não seja o caso na nossa Igreja”. Ele acreditava que as pessoas vinham

para a igreja porque amavam a verdade e que a missão da igreja é uma questão de proclamar a verdade com

clareza. A realidade presente é que as pessoas amam a igreja em primeiro lugar não por causa da verdade,

embora ela seja um pilar essencial, mas devido à amizade.

Recentemente, a Associação do Sudeste da Califórnia perguntou aos novos membros, vindos para a

igreja nos últimos cinco anos, o motivo pelo qual se uniram à Igreja Adventista. O secretário da Associação

informou: “A maioria das pessoas respondeu: „Fomos amados na verdade‟”.

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Página 173 Materiais dos MF—Missão da Amizade

Amizade: O Âmago das Imagens Bíblicas da Igreja

A importância da amizade mostrada pela sociologia. Os sociólogos dizem-nos que a maior doença

da humanidade moderna é a alienação e total solidão. As famílias estão-se desfazendo; os grupos primários

estão-se desfazendo; a urbanização torna-nos em indivíduos solitários. A maior necessidade da humanidade

hoje é a de pertença, de verdadeira amizade.

Estudo bíblico a respeito da amizade. Paulo fala da igreja como “cooperação a favor do

evangelho” (Filipenses 1:5). O apóstolo João escreve: “mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos

comunhão uns com os outros” (I João 1:7). Outras passagens podem não usar a palavra amizade, mas

enfatizam a mesma coisa. A igreja é comparada ao corpo humano (I Coríntios 12), onde cada membro

necessita do outro. Quando um recebe honra, todos são honrados; quando um dos membros é ferido, todos

são feridos. Esse é o cerne da amizade.

Essa amizade é o reflexo do relacionamento entre o Pai e o Filho. “Eles se dedicavam ao ensino dos

apóstolos e à comunhão”, diz Actos 2:42, NVI. “E o Senhor acrescentava-lhes todos os dias os que se haviam

de salvar” (v. 47). Não lemos aqui uma campanha evangelística poderosa. Não lemos acerca da construção de

escolas e hospitais. O motivo para o crescimento da igreja primitiva era a amizade (comunhão) dos crentes.

Quando não há amizade. Muitas vezes a igreja pode ser um lugar insensível e que fere em vez de um

lugar de amizade. A presença ou falta de amizade é transmitida pela nossa atitude e comportamento, pela

forma como nos cumprimentamos um ao outro, em nossa conversa. Como tratamos os estranhos entre nós?

Esforçamo-nos para criar um sentimento de amizade?

Para cada 100 membros que trazemos para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, 40 a abandonam e a

maioria fá-lo nos primeiros dois anos depois do baptismo. O Instituto da Missão Mundial realizou um estudo

sobre o porquê dessa ocorrência. Mais de 2.000 ex-adventistas, na América do Norte e na Europa, foram

entrevistados. Dentre os entrevistados 70% respondeu: “Teríamos ficado na igreja se houvesse verdadeira

amizade entre os crentes”.

Não faz muito tempo, a minha família e eu fomos a uma igreja onde não éramos conhecidos.

Chegamos cedo e sentámo-nos. Quando o culto estava para se iniciar uma irmã subitamente apareceu na

nossa frente e disse: “Este é o meu lugar”. Se eu não fosse membro adventista há muito tempo, teria saído e

nunca mais teria voltado.

Recentemente, uma irmã de um dos nossos lares adventistas suicidou-se, deixando um bilhete: “Não

tenho ninguém ...”. Como é possível ser membro de uma igreja durante 22 anos e pôr fim à vida com estas

palavras, “Não tenho ninguém”.

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Página 174 Materiais dos MF—Missão da Amizade

Empecilhos à Amizade

Por que é tão difícil para muitos de nós aceitarmos esse conceito da igreja como uma confraternização?

Ellen White diz-nos que, devido às condições das pessoas, Deus retém a Sua mão da igreja e assim muitos não

se estão unindo a nós (Testimonies, vol. 6, p. 371; Testimonies, vol. 9, p. 189). Dentre as condições que ela

descreve estão a falta de amor e a falta de amizade. Ela indica que muitas pessoas poderiam ter sido

baptizadas. Isso significa que em vez do número de membros que agora possuímos poderíamos ter muitos

milhões mais.

Barreiras teológicas. A nossa missão para proclamar a verdade tornou-se quase sagrada para nós. É

um pilar fundamental da missão adventista e eu oro a Deus para que sempre permaneça assim, mas é apenas

um aspecto do que significa ser a igreja em missão. O texto diz: “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na

comunhão...” (Actos 2:42). Devotaram-se ao estudo da Bíblia, à verdade e à comunhão (amizade).

Necessitamos ver-nos a nós mesmos não apenas como proclamadores, mensageiros da verdade (o que

somos), mas também como pessoas que têm comunhão na igreja, na vizinhança e mesmo com os inimigos.

A minha mãe era adventista e o meu pai muitas vezes acompanhava-a, mas eu detestava ir à igreja

quando menino por vários motivos. Em primeiro lugar eu não podia jogar futebol e todos os meninos

holandeses cresciam a jogar à bola. Eu nunca podia fazer parte da equipa e os meus amigos diziam: “Ei,

Bobby (esse era meu nome quando jovem), quando é que vais jogar connosco?” O segundo motivo era que

não tínhamos igreja. Não tínhamos um edifício, não havia torre, não havia órgão, coro ou pastor com um

lindo traje. O punhado de membros em Roterdão reunia-se num porão cheio de graxa de uma oficina que

consertava bicicletas. Nunca havia um momento de silêncio, pois o tempo todo ouvia se o barulho dos metais

sendo trabalhados. Odiava ir lá. O pior ainda era que o edifício que usávamos estava localizado na parte mais

degradada do grande porto da cidade. Pode imaginar como essa parte da cidade era feia e cheirava mal.

Odiava aquele local, uma vez que eu vivia numa região melhor.

Às vezes ia às igrejas dos meus amigos, as igrejas Reformistas da Holanda. Elas eram enormes, tinham

torres, órgãos, coro e ministros com vistosos trajes longos. Sentava-me com admiração. E os meus amigos

perguntavam-me: “Ei, Bobby, onde fica a tua igreja?”

Eu respondia: “Eu não me importo, eu não me importo”. Eu ficava muito envergonhado e irritado.

Certo sábado ao sairmos para ir à igreja eu vi alguns dos meus amigos a minha espera atrás de uma

esquina. A escola estava fechada naquele sábado e eles decidiram esperar e seguir-me para ver onde era a

minha igreja. Ao vê-los imaginei o que pretendiam, então inventei uma desculpa e disse: “Mãe, prefiro correr

na frente”. Comecei a correr o mais rápido que podia. Naqueles dias podia correr muito rápido, e assim perdi

os meus amigos ao atravessar a linha do comboio. A partir daquele dia, todos os sábados, antes de sair para a

Igreja espreitava para ver se eles não estavam por perto. Se estivessem, eu dizia até já à minha mãe e saía em

disparada. Certo sábado, ouvi a minha mãe dizer a uma amiga: “O Bobby ama ir à igreja. Ele não pode esperar

por nós; sempre corre na frente!”

Mas tudo isso mudou. A igreja tornou-se o centro da minha vida. Ali, encontrei significado e a amizade

mais profunda que poderia ser experimentada por um ser humano. Sei o dia e a hora. A data era 10 de Maio

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de 1940, uma sexta-feira, quando as tropas nazistas invadiram os Países Baixos. Os alemães haviam usado,

pela primeira vez, os pára-quedistas na guerra, lançando-os na parte sul de Roterdão, onde eu vivia, enquanto

a marinha holandesa defendia as pontes na parte norte da cidade.

A batalha intensificava-se casa a casa, tiros, bombas. O dia seguinte era sábado e enquanto estávamos

amontoados na nossa cave, temendo as bombas, a minha mãe começou a vestir o meu irmão e a minha irmã.

-- O que estás a fazer, perguntou o meu pai?

-- Estou a vestir as crianças.

-- Sim bem vejo, mas para quê?

-- Vamos à igreja, respondeu a minha mãe.

Com os olhos arregalados o meu pai exclamou:

-- Hoje? Estamos no meio dos combates! Os pára-quedistas estão a disparar as metralhadoras em

frente à nossa casa. – o pai tentou arrazoar com ela, nem mesmo um cão se vê na rua. Como podemos sair?

A minha mãe simplesmente respondeu:

-- Hoje é o dia de comunhão.

Quando ela disse “dia de comunhão”, algo me atingiu no íntimo, eu era um adolescente. Sim, o sábado

não é apenas um grande memorial da actividade criativa de Deus, como diz em Êxodo 20, mas Deuteronomio

5 indica que o sábado foi dado como um memorial da redenção, um memorial de quando uma nação foi

formada. Uma vez fomos escravos, com divergências entre nós, divergências entre escravos e senhores, entre

tribos, entre pessoas de raças e grupos étnicos diferentes. Mas o Senhor deu-nos o sábado a fim de

celebrarmos o companheirismo entre os crentes.

Ao colocarmos o pé na rua um soldado com granadas na cintura e uma metralhadora no braço, gritou:

-- Parados, onde estão indo?

-- Estamos indo à igreja.

-- Voltem, voltem, estamos no meio da batalha, à tiroteio o tempo todo.

-- Não, queremos ir à igreja, disse a minha mãe.

Então, o soldado pensou em algo e disse:

-- Não, não, não, hoje não. Amanhã. Todos estão confusos com a guerra.

-- Não, não, minha mãe disse abrindo a Bíblia em Êxodo 20. Diante disso ele chamou o seu sargento.

-- É melhor voltar para casa, disse o sargento.

-- Oh, nós, queremos ir à igreja hoje.

Ele pensou por um momento e disse: “Judeus”.

-- Não, não, a minha mãe replicou, conhecendo o amor que os nazistas tinham pelos judeus. Somos

adventistas do sétimo dia. Veja a Bíblia diz…”. Isso foi tão forte para o sargento que chamou o tenente.

O tenente ouviu por um momento e percebendo o que estava na mente de meus pais disse: “Vão, e

que Deus esteja convosco”.

Não darei aqui os detalhes de como atravessamos o fogo cruzado entre a marinha holandesa e os pára-

quedistas alemães. Alguns de nós na família ainda têm cicatrizes. Quando chegamos à cave cheio de graxa da

oficina que consertava bicicletas, sem órgão, sem torre, toda a congregação estava lá. As bombas estavam

caindo e as granadas explodindo, mas a igreja estava lá. Estava lá porque a igreja não era o edifício, não era a

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Página 176 Materiais dos MF—Missão da Amizade

torre, mas a amizade entre os crentes. Houve abraços e beijos. Eles fizeram o que a Bíblia diz para fazer

quando estão juntos. Cumprimentaram-se uns aos outros com afecto. Abraços, beijos de amor, ou beijos

santos. Ainda vejo os abraços e os beijos .... Subitamente senti orgulho de ser um adventista do sétimo dia.

Não tínhamos um órgão ou torre, um grande edifício, apenas uma cave cheia de graxa, mas estávamos

a celebrar a essência do que significa ser igreja, éramos uma comunhão de crentes. Foi a amizade que nos

acompanhou durante aqueles cinco terríveis anos de guerra quando havia fome e quando pessoas eram presas

e postas em campos de concentração. Algumas crianças perderam os seus pais mas elas tinham muitos outros

pais na igreja. Algumas perderam as mães, mas tínhamos muitas mães como também irmãs na igreja. Essa é a

essência de ser da igreja. Sempre que um membro tinha sabão (e minha mãe havia armazenado muito sabão),

então toda a igreja tinha sabão. Sempre que alguém tinha pão ou farinha ou açúcar ou sal, toda a igreja tinha

pão, farinha, açúcar e sal. Foi isso o que eu vi.

Alguns que éramos adolescentes na época devemos a nossa vida à comunhão dos crentes. Quando

todo o alimento foi racionado a um quarto de pão por família, alguns adventistas idosos vinham a nossa casa

e nos davam o seu pão. Antes do término da guerra essas pessoas haviam morrido na rua. Alguns de nós

podemos contar a história porque sobrevivemos devido ao sacrifício deles.

Na semana seguinte, estava tão orgulhoso dessas pessoas que tomei a decisão de unir-me ao povo de

Deus. Mas todas as igrejas estavam fechadas porque os alemães haviam proibido qualquer reunião com mais

de duas pessoas. Contudo, na semana seguinte, 25 de Maio, as igrejas estavam abertas novamente. Reunimo-

nos, embora nossa cidade estivesse completamente destruída pelos bombardeios, a segunda cidade na

Segunda Guerra depois da cidade de Varsóvia. Muitos de nós havíamos perdido tudo o que possuíamos.

Alguns haviam perdido a vida. Ali estava a igreja novamente reunida, triste; gratos a Deus por estarmos vivos,

mas triste pela perda das vidas de irmãos e irmãs, pois quando um está ferido toda a igreja está ferida.

Mal nos havíamos sentado e o nosso órgão, uma pequena harmónica, começado a tocar quando

subitamente ouvimos um som nas escadas da cave da oficina. Era o som de botas. A porta abriu-se e ali

estava um soldado alemão. Um frio passou por todos nós. Perdoe-nos, mas quando se perde tudo devido ao

bombardeio, quando tudo lhe é tirado, quando o seu país está ocupado pelo inimigo, odeia esse inimigo e os

odiávamos, sim odiávamos. Havia ódio no nosso coração e mente.

O primeiro diácono levantou-se e disse:

-- Saia, deixe-nos em paz! Já não é suficiente que tenham bombardeado a nossa cidade e destruído as

nossas vidas? Não é suficiente que tenham roubado tudo de nós? Esta é uma igreja pequena! Saía; vá embora;

deixe-nos em paz!

O soldado alemão ficou parado e disse:

-- Mas eu vim aqui para o culto. Sou um irmão.

Vi o primeiro diácono engolir em seco. Poucos dias antes a sua casa e tudo o que ele possuía havia sido

destruído. De um comerciante rico tinha-se transformado num indigente devido ao bombardeio dos nazistas.

Então, subitamente, passou o braço pelos ombros do soldado e disse-lhe: “Se veio aqui para adorar a Deus, é

meu irmão”, e acompanhou-o até o banco da frente e segurou-lhe a mão durante todo o culto.

A amizade não é apenas para pessoas como nós, ela estende-se aos estranhos e aos estrangeiros,

estende-se aos inimigos que nos cercam. Essa é a essência da missão da igreja.

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Página 177 Materiais dos MF—Missão da Amizade

Barreiras culturais. Muitas vezes quando falamos em amizade pensamos em divertimento, passar

momentos felizes juntos, comer, rir, mas nada relacionado com aquilo que pertence a Deus e à igreja.

Relegamos o conceito de amizade à esfera social, ou seja, ao reino secular da vida, que é de uma natureza

muito inferior ao espiritual. Novamente, essa divisão não é bíblica e o quanto antes nos livrarmos dela,

melhor. Devemos reconhecer que estar em comunhão uns com os outros é uma experiência espiritual de

grande dimensão. O salmista fala constantemente da alegria do companheirismo com os crentes no templo de

Deus. O Novo Testamento está repleto dessa noção de amizade total. A amizade é a essência do ser cristão.

Na extensão em que a cultura focaliza o individual, a amizade no grupo tende a tornar-se apenas um

apêndice. O individualismo cultural tende a moldar a teologia adventista, os nossos cultos, como também o

edifício da igreja. Quando entramos na igreja vemos apenas o pescoço um dos outros e quando saímos, a

mesma coisa. Porém, deveríamos estar olhando uns para os outros nos olhos e dizendo: “Irmão, irmã, como

passou a semana?” A nossa teologia define a igreja como um grupo de indivíduos que se encontram com

Deus; em vez de uma festa pública, da celebração da amizade entre os crentes no dia de comunhão com Deus

e com os outros crentes.

Visitação: Tornando a Amizade uma Realidade

Comecemos a vencer os obstáculos à amizade ao visitarmo-nos uns aos outros. Falemos uns com os

outros em vez de uns dos outros. Comamos e bebamos juntos. A maior crítica que Jesus sofria era o facto de

comer e beber com pecadores. Mas essa era a essência do companheirismo com as pessoas a quem Ele amava.

Festejemos juntos; realizemos coisas juntos. Ellen White descreve a festa anual entre o antigo Israel e diz-nos

que seria bom para nós, como igreja, que tivéssemos tais celebrações (ver Patriarcas e Profetas, p. 540, 541).

Deus sabia o que era bom para os crentes naquela época, divididos e separados em tribos como eram. Todos

se reuniam e dormiam em pequenas barracas. Consegue imaginar que tipo de amizade forçada era essa? Mas

funcionava.

Quando menino, sempre temi não ser aceite pelos meus amigos. Mas eles aceitaram-me e um dos

motivos era porque eu conhecia muitas pessoas em Roterdão. Enquanto nós meninos preambulávamos pela

cidade sentíamos sede ou precisávamos de um toilette. Os meus amigos diziam: “Ei, Bobby, não conheces

ninguém por aqui?” Então eu ia até uma porta, tocava a campainha e, inevitavelmente, um homem ou mulher

abria a porta e dizia: “Oi, Bobby, estou feliz de te ver aqui, entra”. Qualquer coisa que necessitávamos as

pessoas por trás daquelas portas nos proviam. Não importava se algumas vezes havia 12 ou 15 miúdos. “Tudo

bem”, eles diziam, “seus amigos são nossos amigos”.

Quem eram essas pessoas? Não eram parentes consanguíneos visto que a minha mãe veio da distante

Lituânia e o meu pai da parte mais ao norte da Holanda. Cresci sem tios e tias. Quem eram esses parentes

espalhados por toda a cidade? Eram os membros da igreja, daquele pequeno grupo de pessoas que se reuniam

na cave da oficina. E como eu sabia onde eles viviam? Porque o meu pai e a minha mãe, assim como todos os

membros da igreja, costumavam visitar-se uns aos outros.

Não é fácil ser um adventista verdadeiro na vida em geral; necessitamos confortar-nos e fortalecer-nos

uns aos outros. Quando o meu pai sofreu um acidente a nossa família passou por uma grande pobreza.

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Página 178 Materiais dos MF—Missão da Amizade

Porém, quase todos os dias havia um irmão ou irmã da igreja que nos visitava e de cada vez deixavam um

florim nas mãos da minha mãe. Não precisávamos temer por não termos o que comer. Éramos uma

comunhão de crentes, a essência do que significa ser a igreja.

Conclusão

Visitemo-nos uns aos outros, conversemos entre nós, façamos refeições juntos, realizemos coisas

juntos, façamos festas, reunamo-nos nos pequenos grupos para oração e estudo da Bíblia a fim de vermos a

obra avançar. Acima de tudo, que toda a nossa vida seja de amizade uns para com os outros. É isso o que a

Escritura diz: “se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros” (I João 1:7).

Que Deus os abençoe.

Referências

White, E. G. Patriarcas e Profetas.

White, E. G. Testimonies for the church, vols. 6 e 9.

Adaptado com permissão de Gottfried Oosterwal, de um sermão apresentado na Pioneer Memorial Church,

Andrews University, Berrien Springs, Michingan, 18 de Julho de 1992.

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Página 179 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na

Família

101 IDEIAS PARA O EVANGELISMO NA FAMÍLIA

Karen e Ron Flowers

Preparação Pessoal

Estudar atentamente os seguintes versos da Bíblia: Que falam das boas novas da salvação em Cristo

Efésios 2:4-8, 13; II Coríntios 5:21; Romanos 5:12-20; 8:1.

Meditar no amor de Deus. Que instrumentos humanos influenciaram profundamente a sua

compreensão do amor de Deus? Como entende o crescente amor de Deus?

Com oração, desenvolva o seu testemunho pessoal de fé e de certeza da salvação em Cristo. Escrever o

seu testemunho poderá ajudá-lo a pensar melhor.

Faça uma relação pessoal dos versos bíblicos que lhe falam do amor de Deus. Estude e memorize-os a

fim de utilizá-los no seu testemunho pessoal.

Partilhe a Fé no Casamento

Partilhe o seu testemunho com o seu cônjuge. Ouça o testemunho dele. Como é que o evangelho

influencia o vosso relacionamento?

Dê evidências da operação da graça de Deus na sua vida pela sua empatia com o cônjuge, apartilha

aproxima um do outro.

Dedique tempo para transmitir o significado da sua fé ao seu cônjuge. Como é que ela afecta a forma

como lida com a ira, como resolve os problemas, como lida com a depressão?

Empenhe-se por enaltecer e encorajar o seu cônjuge por meio de palavras positivas e elogios

apropriados.

Juntos façam o culto todos os dias.

Formas de Conquistar o Cônjuge Descrente

Seja uma fonte de encorajamento emocional e espiritual para o seu cônjuge não crente, empenhando-se

para não fazer julgamentos sobre o seu comportamento, mas tecendo elogios e proferindo palavras positivas

regularmente.

Ser um exemplo da sua crença na graça de Deus ao viver o seu cristianismo honestamente diante do seu

cônjuge. Seja franco quanto às debilidades e faltas, reconhecendo as áreas onde o crescimento cristão é

necessário.

Converse com o seu cônjuge a respeito do perdão e da renovação contínua que encontra em Cristo.

Permita que tudo o que aprendeu a respeito do relacionamento em Cristo melhore a sua experiência no

casamento.

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Página 180 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na

Família

Faça esforços extras para identificar e enfatizar aquilo ambos têm em comum. Busque pontos de acordo.

Participe com disposição e alegria de cada aspecto da vida do seu cônjuge que não comprometa os

princípios.

Descubram novas actividades e amigos juntos, para substituir aqueles que foram deixados para trás

devido à sua crença, percebendo que a força do amor que os une é o maior bem que tem para conquistar o

seu cônjuge para Cristo.

Ao desenvolver amizades na igreja, convide os homens para serem amigos do seu esposo, ou as

mulheres para serem amigas da sua esposa.

Convide o seu cônjuge para participar nas actividades da vida da igreja; actividades sociais; seminários

sobre saúde, eventos da vida em família, retiros, acampamentos ou programas de construção/manutenção da

igreja.

Estimule a participação do seu cônjuge ao recrutá-lo(a) para utilizar o seu conhecimento em alguma área

da vida da igreja.

Evangelismo como Pais

Prepare uma relação de mudanças que gostaria de fazer para ter uma abordagem mais evangelística na

sua actuação como pai ou mãe.

Torne o evangelho atractivo para os seus filhos mediante relacionamentos positivos com eles, ao sorrir

com frequência, ao conhecer-lhes os sentimentos.

Cante hinos que falem do amor de Deus com os seus filhos.

Ore com cada um dos seus filhos, reafirme o amor de Deus e o seu amor durante a oração.

Em termos simples fale do amor de Deus, conforme descrito em Sua Palavra.

Peça perdão se fez algo que magoou o seu filho.

Planeie formas de dar a cada filho oportunidades especiais de tomarem a sua própria decisão de confiar

pessoalmente em Cristo.

Parentes

Ore regularmente para que os seus parentes aceitem o evangelho.

Em família preparem uma relação de esforços específicos que podem ser feitos para levar os parentes a

Cristo.

Planeiem meios de contactar cada parente por quem a família está a orar – por telefone, carta, visita

pessoal, acima de tudo expresse o seu amor e profira palavras de estímulo.

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Página 181 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na

Família

Amigos e Vizinhos

Durante o culto em família, falem a respeito das oportunidades especiais ocorridas com cada um,

durante o dia, de partilhar o evangelho – na família, no trabalho, na escola, na vizinhança.

Conversem a respeito do interesse espiritual dessas pessoas no trabalho, na vizinhança, escola ou círculo

familiar.

Iniciem uma lista de oração com os nomes de 10 vizinhos chegados.

Durante o culto em família falem a respeito de formas especiais de testemunho aos indivíduos que fazem

parte da lista.

Encoraje os seus filhos a fazerem pequenos favores e a mostrarem amor pelos menos afortunados.

Coopere com o seu filho em alguma tarefa do serviço cristão de acordo com as suas habilidades e

interesses adequados à sua faixa etária, a fim de que se sintam bem-sucedidos e felizes.

Ajude as crianças mais velhas e os jovens a formarem grupos missionários com os seus colegas para se

envolverem nalgum trabalho cristão.

Dons Espirituais

Dediquem tempo durante o culto familiar para lerem e estudarem textos bíblicos sobre os dons

espirituais – Romanos 12; I Coríntios 12, 13; Efésios 4. Discutam: Como esses textos nos ajudam a identificar

os nossos dons espirituais?

Leiam biografias de pioneiros adventistas do sétimo dia ou de outros líderes cristãos notáveis cujo

espírito de serviço e dons espirituais sejam inspiradores e estimulem a sua família.

Conversem, orem e descubram quais são os talentos e capacidades de cada membro da família.

Agradeçam a Deus por esses dons e capacidades.

Os dons que Deus concede aos filhos podem ser diferentes dos dons dos pais. Convidem outros

parentes adventistas ou membros da igreja que tenham dons mais parecidos com os de seus filhos para

falarem de sua experiência e ajudarem a prover modelos e exemplos para eles.

Manifeste apreciação de forma especial pelos talentos ímpares, pelos dons e capacidades de cada pessoa

na sua família, enaltecendo a contribuição de cada um para o bom ambiente da família.

Pensem e orem a respeito de como as capacidades especiais do pai, da mãe, da irmã e do irmão ou outro

membro da família podem ser usadas por Deus no lar, na igreja, ou no trabalho missionário da comunidade.

Ao reconhecerem os talentos e capacidades pessoais, permita a cada membro preparar um plano simples

referente a uma ou duas coisas específicas que ele poderia fazer para testemunhar de Deus. As crianças

pequenas podem fazer desenhos descrevendo a sua contribuição.

Permita que os membros da família falem, regularmente, de como Deus os tem levado a usar os seus

talentos e capacidades nas actividades diárias.

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Página 182 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na

Família

Projecto Missionário da Família

Planeiem envolver os vários talentos da família num projecto missionário especial. Peça sugestões da

liderança da igreja quanto a projectos que poderiam ser ajudados pelo envolvimento da sua família.

Defina o envolvimento da família de forma a englobar as várias faixas etárias, mantendo o equilíbrio

apropriado entre as necessidades pessoais da família e as necessidades de partilhar com os outros. Empenhe-

se por uma experiência que tenha resultados mensuráveis e onde todos possam sentir algum tipo de sucesso e

realização.

Ler a Bíblia ou literatura religiosa para um idoso ou cego.

Visitar algum doente.

Fazer comida ou compras para alguma pessoa acamada.

Escrever uma carta de ânimo a alguma família enlutada, triste ou desanimada.

Oferecer empréstimo, sem juros, a alguma família com lutas financeiras.

Dar alimento a algum sem abrigo..

Oferecer um cabaz a uma família necessitada.

Ajudar algum idoso que vive sozinho com as suas tarefas domésticas.

Ajudar, uma vez por semana, um pai ou mãe que crie os filhos sozinho/a.

Distribuir folhetos da igreja nas casas duma determinada área.

Cantar ou tocar algum instrumento num asilo.

Dedicar algumas horas a famílias que necessitam de ajuda para cuidar de uma criança, fazer a limpeza da

casa, ir às compras etc.

Dar roupas novas ou usadas a pessoas necessitadas, ou à ASA.

Fazer convites para as reuniões evangelísticas.

Matricular os vizinhos nos cursos por correspondência.

Distribuir convites para as reuniões evangelísticas.

Convidar as crianças para partilharem os seus brinquedos com crianças necessitadas.

Usar o carro da família para transportar pessoas para as reuniões evangelísticas.

Convidar amigos para os cursos sobre saúde ou culinária.

Convidar um ou dois amigos dos seus filhos para o almoço de sábado.

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Página 183 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na

Família

Trocar ideias com a família a respeito do que podem fazer para ajudar algum conhecido da igreja, da

vizinhança ou da comunidade que esteja passando por necessidades.

Se houver aspectos da acção missionária que possam ser realizados durante os momentos do culto

doméstico como, por exemplo, escrever cartas, corrigir lições bíblicas ou enviá-las por correio, façam planos

em família para desenvolverem essa actividade e permita a cada membro expressar os seus sentimentos a

respeito do que estão a fazer.

Mordomia na Família

Planeiem uma oferta especial para a oferta missionária do décimo terceiro sábado.

Planeiem um projecto de investimento da família. Peçam mais informações ao director da Escola

Sabatina a respeito de como a sua família pode envolver-se a fim de levantar fundos para as missões.

Estabeleçam um “Fundo para o Senhor” como parte do orçamento familiar além dos dízimos e ofertas

regulares. Esse dinheiro pode ser guardado e dado quando os membros da família se sentem especialmente

impressionados por Deus a auxiliarem um projecto missionário especial ou alguma outra necessidade que

chame a atenção.

Além do dízimo e ofertas regulares da família, orem a respeito do trabalho missionário com o qual a sua

família pode estar envolvida.

A Arte da Visita Evangelística

Peça a alguém que seja bem-sucedido em fazer visitas para acompanhar a sua família ou membros da sua

família na visitação a pessoas da vizinhança. Peça a essa pessoa para vos ensinar as formas apropriadas de

conduzir a visita.

Possibilite oportunidades de fazer amizades dando as boas-vindas a alguma família que acaba de se

mudar para a sua vizinhança.

Dê um presentinho a alguma família que acaba de ter um bebé.

Dê um presentinho de felicitações a recém-casados.

Demonstre sincera expressão de simpatia a alguma família que tenha perdido um ente querido.

Convide os vizinhos para assistirem a alguns programas da igreja como, por exemplo, Escola Cristã de

Férias, celebrações natalícias, sociais, etc., a fim de poder futuramente convidá-los para reuniões

evangelísticas.

Prepare um alimento especial para ser entregue a algum vizinho e envolva as crianças no preparo e na

entrega.

Dê presentes de acordo com os interesses que descobriu nos seus vizinhos. Talvez uma planta para uma

vizinha que gosta de plantas, um selo para um coleccionador, uma receita para alguém que gosta de cozinhar.

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Página 184 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na

Família

Dê presentes que sejam do interesse dos filhos dos vizinhos. revistas cristãs com histórias, livros de

histórias ou DVD‟s, por exemplo, são presentes que serão apreciados pelos adultos e pelas crianças.

Peça aos seus vizinhos algum favor. Mostre-lhes que necessita da sua amizade e de ajuda. Isso irá colocá-

los num terreno comum e abrirá as portas para a amizade.

Ao visitar a casa de amigos ou conhecidos ofereça-se para orar. A sua oração será um poderoso

testemunho da sua crença em Deus, do cuidado d‟Ele e da verdade na qual crê.

Convide outras famílias ou conhecidos para participarem no culto na sua casa. Que este seja breve,

interessante e cheio de vida. Cantem hinos fáceis e faça orações breves e simples. Escolha histórias para serem

ouvidas ou lidas de acordo com a idade e interesse dos presentes.

Convide as pessoas para uma refeição. Ofereça amizade e seja um exemplo quanto à temperança e viver

saudável por meio da refeição a ser servida.

Convide outras pessoas para se unirem como família ao ar livre ou para uma actividade recreativa que

seja típica dos momentos que a sua família passa junta.

Acção Missionária no Mundo

Aprendam os nomes dos missionários e o local onde estão servindo. Orem diariamente por eles no culto

da família.

Obtenha o endereço e escreva-lhes cartas de encorajamento.

Tenham interesse especial pelos projectos beneficiados pelas ofertas do 13º sábado. Busquem conhecer

mais a respeito do país nas bibliotecas, revistas, etc. Conheçam as necessidades das pessoas e da área onde o

projecto está localizado. Orem por esse projecto e façam planos de apoiá-los com as suas orações e com uma

oferta especial no 13º sábado.

Procurem saber com o pastor ou liderança da igreja quais são as áreas não penetradas pelos adventistas

do sétimo dia no seu país ou em outros países. Descubram tudo o que puderem sobre essa região e sobre as

pessoas que ali residem. Orem para que as portas se abram a fim de que essas pessoas sejam alcançadas pelo

evangelho.

Vejam com o pastor ou liderança da igreja como estabelecer contacto por correspondência com pessoas

de outros países. Certifiquem-se que os membros da família escrevam a pessoas da mesma faixa etária.

Conversem em família a respeito do que aprenderam sobre as pessoas de outros países.

Trabalho missionário de curto prazo está disponível a adultos e jovens em várias partes do mundo. As

portas nessas áreas são abertas por meio da Associação Geral, das instituições de ensino e de organizações

particulares. Pergunte ao pastor ou à liderança da igreja sobre a possibilidade dos membros da sua família

tomarem parte num serviço missionário.

À medida que a mensagem adventista circula o globo terrestre, mais e mais trabalhadores são necessários

nos campos estrangeiros numa ampla variedade de profissões e ocupações. Consulte o pastor ou liderança da

igreja quando à possibilidade de servir ao Senhor num projecto de tempo integral. Orem nesse sentido.

Identifiquem um bairro na vossa cidade onde não haja adventistas e considerem essa sua área não

penetrada para fazer visitas missionárias, distribuir literatura, etc., a fim de ganhar pessoas para Cristo.

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Página 185 Materiais dos MF—101 Ideias Para o Evangelismo na

Família

Se houver possibilidade, mudem-se para outro bairro, cidade ou estado onde existam poucos ou

nenhuns adventistas a fim de testemunharem ali.

Conversem em família a respeito da importância do serviço missionário, quer no lar ou no estrangeiro, e

a possibilidade de serem missionários e de estabelecerem a presença adventista do sétimo dia.

Reimpresso por Karen e Ron Flowers de Famílias Alcançando Família: Livro de Recursos para os Ministérios da Família.

Departamento dos Ministérios da Família da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, 1992, pp. 63-7

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Página 187 Materiais para Liderança: Com o Canto dos Seus

Olhos

COM O CANTO DOS SEUS OLHOS

Larry Libby

Certamente Ele necessitava de um objectivo (alvo). Precisou concentrar o Seu olhar, livrar-Se das

distracções, reunir as Suas energias.

Daí a algumas horas o Seu sangue estaria endurecido no chão. Em poucas horas os Seus pulmões

comprimidos dariam o último suspiro. Dentro de horas, Ele iria travar um combate único com o senhor do

abismo, o inimigo contra o qual Se tinha preparado para enfrentar desde o Éden.

Se Jerusalém era a linha final, então Jericó era o início. Distavam menos de trinta e dois Kms, naquele local

onde as hostes do mal, do ódio e as potestades do bem iam-se confrontar. A terra treme. Todo o universo

retém a respiração.

Um momento muito singular para conversar com um homem baixinho pendurado numa árvore.

Ele parou a Sua marcha rumo ao momento crítico da história para observar por entre os ramos de um

sicomoro. Ali, sentado entre dois ramos, sentindo-se talvez um pouco tolo, encontrava-se um homem

marginalizado .

“Zaqueu, desce depressa. Hoje, convém-me ficar em tua casa ." (Lucas 19:5).

A Escritura não diz nada a respeito da reacção dos discípulos a respeito dessa distracção insensata. Tivesse a

resposta deles sido registada, e a Sagrada Escritura teria dito algo mais ou menos assim: “Então os Seus

discípulos entreolharam-se e disseram: „O que é isto?‟”

Alguma vez iriam eles compreender a Sua mente e métodos? Ele não os havia chamado à parte e advertido

que o fim estava próximo?

“Estamos a subir para Jerusalém, e tudo o que está escrito por meio dos profetas acerca do Filho do homem

se cumprirá. Ele será entregue aos gentios que zombarão dEle, insultá-Lo-ão, cuspirão, açoitá-Lo-ão e matá-

Lo-ão” (Lucas 18:31-32).

Assustador. Algo que tem de enfrentar. Estamos a caminho de Jerusalém. Passaremos por Jericó. Então,

será o fim.

Agora esticando o pescoço olhamos para cima e vimos um publicano sentado numa árvore. Ele desce da

árvore. Neste momento vamos na direcção da sua casa para tomarmos chá.

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Página 188 Materiais para Liderança: Com o Canto dos Seus

Olhos

Depois de três anos e meio, deveríamos saber. Será que onde quer que fossemos iríamos ter sempre alguma

surpresa? Um leproso. Dez leprosos. Algumas mães insistentes e todos os seus montes de filhos. Um homem

descendo pelo tecto numa maca. Homens endemoninhados saindo das campas. Uma mulher imoral junto ao

poço da vila. Agora, era, um colector de impostos, descendo de uma árvore!

O dia deveria estar bem avançado quando finalmente deixaram Jericó e Zaqueu para trás. Mais um capítulo

numa inescrutável biografia. Iriam eles chegar à última página? O que os aguardava na subida daqueles

montes? Reino ou martírio? A concretização dos seus sonhos ou o fim de tudo na ponta de uma lança

romana? Pelo menos agora poderiam preparar-se para a provação. Concentraram a sua atenção na estrada.

Prepararam o espírito para o que desse e viesse ...

“Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim!”

Ah, mais uma ! O que seria agora?

“Filho de David, tem misericórdia de mim!”

Talvez Ele fosse ignorar essa voz nasal chorosa vinda do meio da multidão. Talvez desta vez Se

apressasse e seguisse em frente, mas não claro que não. Ele sempre tinha de parar. Os Seus olhos já estavam à

procura de quem o chamava.

Jesus parou e disse: “Chamem-no”.

E chamaram o cego, “Animo! Levanta-te! Ele chama-te". "Lançando a sua capa para o lado, de um salto,

pôs-se de pé e dirigiu-se a Jesus”.

“‟O que queres que eu te faça?‟, perguntou-lhe Jesus.

“O cego respondeu: „Mestre, eu quero ver!‟

"‟Vai‟, disse Jesus, „a tua fé te curou‟. Imediatamente ele recuperou a visão e seguia a Jesus pelo caminho” (Marcos 10:46-

52).

Distracções pelo caminho? Sim, certamente Jesus as experimentou desde o início de Seu ministério. No

entanto, ninguém tinha o alvo mais em mente do que Ele. Ninguém.

Desde o início Os Seus olhos estavam fitos no Calvário. Os Seus passos nunca vacilaram, o Seu

propósito nunca variou. Milhares de anos antes da chegada do Messias, os ouvidos atentos de Isaías captaram

a Sua voz: “por isso pus o meu rosto como um seixo, e sei que não serei envergonhado” (Isaías 50:7).

Como um seixo. A resolução cinzelada na rocha.

A longa sombra da cruz ofuscava os momentos mais brilhantes do Seu ministério. A oferta do incenso

dos magos foi um prenúncio do Seu funeral. O precioso nardo derramado em Seus pés retratava a sepultura

que O aguardava.

Ela estava sempre diante d‟Ele. Uma colina. A silhueta de um soldado segurando um martelo. A morte.

O inferno, mas pior do que tudo isso. Um terrível precipício entre Ele e o Seu Pai.

No entanto, de alguma forma, parecia que Ele sempre ... via a sombra de alguém pelo canto dos Seus

olhos.

Durante o caminho para socorrer uma criança moribunda, parou para ajudar uma mulher desesperada

que meramente havia tocado a orla do Seu manto.

No caminho para enfrentar um tribunal ilegal, ávido por sangue e apressadamente reunido, buscou os

olhos de “um amigo” que acabava de traí-Lo.

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Página 189 Materiais para Liderança: Com o Canto dos Seus

Olhos

No caminho para o Gólgota, cambaleando sob o peso da cruz, parou para consolar várias mulheres

perturbadas que se encontravam ao lado do caminho.

No caminho para assegurar a salvação pelos pecados do mundo, sofrendo a agonia violenta de corpo e

espírito, Contemplou a Sua mãe aos pés da cruz – e pediu a alguém para cuidar dela na sua idade avançada.

No caminho para deixar esta vida, olhou para o homem arrependido, crucificado a Seu lado e fez um

convite para este estar com Ele no paraíso.

Em toda a Sua missão, há algo a respeito da Sua visão periférica que merece um momento de reflexão.

A pessoa com uma visão perfeita é capaz de focar os objectos que estão à sua frente e ainda assim

perceber os movimentos ao seu lado. Isso é visão periférica.

Os oftalmologistas usam um processo chamado de perimétrico para mapear esse elemento-chave da

visão. Por esse método eles são capazes de discernir o ponto cego. O início de uma enfermidade como o

glaucoma mata as fibras do nervo responsável por transmitir a visão periférica.

Eles têm um nome para essa condição – visão de túnel.

Factos interessantes a respeito dessas enfermidades. Elas ocorrem tão lentamente que dificilmente a

pessoa percebe a diminuição no campo visual. Antes que se aperceba, descobre um túnel na frente do seu

nariz.

O que tem visto nestes dias .... com a sua visão periférica?

Alguns rostos à margem da multidão? Algumas mãos tentando tocar a orla do seu manto?

Diz: “Estou a olhar para a frente. Esta é uma década crítica – o amanhecer de um novo milénio. Sou

movido pela missão. Voltado para a tarefa. Rumo para o alvo. Tenho uma meta. Tenho o meu planeamento

estratégico para um, cinco ou vinte anos. Tenho uma declaração pessoal de missão para o meu dia que se

divide em prioridades executáveis, mensuráveis, objectivos para o mês e prioridades diárias. Francamente, isso

não me permite distracções”.

Muito bem. Mas de vez em quando não faria mal fazer uma consulta ao Grande Médico e verificar a

sua visão. O exame pode revelar um ou dois pontos cegos.

... Talvez um menino esteja a tentar por todos os meios atrair a sua atenção – e está quase a desistir.

... Talvez a mesma idosa que se senta junto à mesma janela todas as manhãs enquanto corre pelo

estacionamento até o seu carro.

... Talvez um colega de trabalho que costumava sorrir, mas que anda triste.

... Talvez algum vizinho doente.

... Talvez a sua esposa que silenciosa e desesperadamente está a enviar-lhe sinais durante semanas – mas

sem que a veja.

Distracções. Diversões que sugam o tempo.

Se acaso se aborrece com elas, talvez Zaqueu tenha ficado fora do seu campo visual, no alto de uma

árvore. Um homem de baixa estatura negligenciado e com um coração faminto.

O mais provável é que não notasse o cego Bartimeu – sentado numa liteira na via principal de

Jerusalém. Simplesmente outra vítima do inimigo, a tentar enfrentar as trevas.

O que esses dois têm em comum foi a proximidade de Jesus de Nazaré. Aquele que tinha todo o

direito de se focalizar no alvo que o imenso tempo não poderia conter ... Aquele que tinha o direito de ignorar

com a Sua visão periférica os homens e as mulheres quebrantados – mas não o fez.

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Página 190 Materiais para Liderança: Com o Canto dos Seus

Olhos

Pondo de lado a agenda cósmica celestial, Ele preencheu-lhes o vazio com a Sua terna mão.

Essa talvez seja a agenda Celestial. E a nossa?

Larry Libby é editor da Multnomah Publishers em Sisters, Oregon. Usado com permissão.

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Página 191 Materiais para Liderança: Desabafos dos

Marginalizados

DESABAFO DOS MARGINALIZADOS

Dorothy Grace

O amor e a unidade que desfruta em casa deveriam ser estendidos pela grande família da igreja caso se espere que o reino de Deus

tenha algum significado para os seus semelhantes...

Independente

Fico de fora e observo.

Os de dentro que me olham, vêem-me como bastante incompreensível e que o melhor é ser evitado.

O pregador diz que a igreja é uma família.

Normalmente, a família tem membros solteiros. Na verdade, frequentemente eles são a maioria. São

alvo de amor e de preocupação. Não sou estranho nem esquisito. Tampouco desajustado ou gay.

Escolhi ficar solteiro. Deixei tudo para segui-Lo e muitas vezes Ele é tudo o que eu possuo.

Mas por quê?

O apóstolo Paulo aplaudiu os que permanecem solteiros. Por que então a igreja os teme?

Jesus, embora aprovasse o casamento, não escolheu essa senda. Os membros da igreja relacionam-se

com Ele. Porque não com os Seus seguidores solteiros?

Idoso

Fico de fora e observo.

Os que estão dentro olham para mim e consideram-me um membro ultrapassado. Como poderia

compreender as tendência e impulsos actuais? No entanto, a igreja é uma família, e a maioria das famílias têm

avós a quem amam e cuidam.

Como eles, posso olhar para trás, para os muitos anos de experiência. Conheço os sucessos, os

perigos, as armadilhas.

Poderia dar à igreja o benefício da minha experiência, mas eles não a desejam.

Não me querem.

Fere ser considerado como algo obsoleto.

Seria muito bom ser incluído, algumas vezes, mas eles preferem deixar-me na minha solidão. Poderia

orar por eles. Tenho tempo suficiente para isso!

Aquela que fica em casa cuidando de um enfermo

Fico de fora e observo.

Os de dentro vêem-me como uma sombra, sem cor, inútil no que diz respeito ao compromisso para

com a igreja.

Todas as minhas energias são gastas ao limite da exaustão, cuidando sozinha, do pai idoso e

incapacitado.

No entanto, a igreja é uma família. As famílias não suportam os fardos de seus membros? Eles não se

importam, animam, ouvem e ajudam uns aos outros?

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Página 192 Materiais para Liderança: Desabafos dos

Marginalizados

Ninguém me ajuda. Ninguém se oferece para ficar no meu lugar a fim de que eu tenha um tempo livre

para fazer compras ou tomar um chá com uma vizinha. Simplesmente olham para mim com pena – quando o

que eu preciso é de ajuda!

Adolescente

Fico de fora e observo.

Aqueles de dentro vêem-me como o filho dos meus pais. Mas eu sou uma pessoa.

Estou pronto, ávido e disposto a servir a Deus. Se apenas me fosse permitido!

Poderia dedicar a minha juventude, o meu zelo, o meu entusiasmo para ajudar na missão da igreja.

A igreja é uma família. As famílias reconhecem que os seus adolescentes necessitam assumir

responsabilidades que os ajudarão no seu crescimento.

Sim, pode ser doloroso crescer. Mas se não puder desenvolver-se irei definhar. Talvez devesse buscar

noutra parte a oportunidade de me expressar. Jesus compreendia. Ele até mesmo usou uma criança para

ilustrar o reino.

Mãe

Fico de fora e observo.

Aqueles de dentro vêem-me como alguém pronta para servir alimento, mas não para dar uma opinião.

Permitem-me arrumar as flores, mas não posso participar no planeamento das questões da igreja.

Posso cuidar das crianças, mas não posso liderar os adultos no que quer que seja.

Sou útil quando há coisas a serem feitas, mas não onde há questões a serem discutidas ou decisões a

serem tomadas.

A igreja é uma família. Na família a mãe tem algo a dizer.

Gostaria de poder usar a minha voz assim como as minhas mãos. Jesus disse a Maria: “Não me

toques ... vai, porém, ... e diz-lhes...”.

Se era certo para Ele, deveria ser certo para eles também.

Pai

Eu também fico de fora e observo.

Os que estão dentro toleram as minhas palavras, mas não acatam as minhas sugestões.

Não sou um empresário. Sou um humilde trabalhador. Portanto, presume-se que não tenha nada de

valor a oferecer.

Porém, sou o chefe da minha família. Dirijo-a com bastante sucesso. Tenho sim algo a oferecer, ainda

que seja outro ponto de vista.

Será que realmente Deus queria que os homens „comuns‟ fossem apenas números? Será que realmente

queria que a Sua igreja fosse somente conduzida pela nata instruída? Se é assim, então por que escolheu os

humildes pescadores para iniciá-la?

Estranho

Estou do lado de fora e não me incomodo de observar.

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Página 193 Materiais para Liderança: Desabafos dos

Marginalizados

De qualquer forma não seria bem-vindo. Ninguém me iria convidar para a sua casa, ou estaria

interessado no que eu tenho a oferecer.

Alguém pode estender a mão e cumprimentar-me no final do culto, mas não deseja conhecer os meus

problemas, os meus ideais, os meus fardos.

Eu poderia ser um viciado em drogas ou alguém de um bairro degradado.

O que ocorre é que sou um individuo comum em busca de uma família.

Pensei que a amizade e a fé estivessem disponíveis aqui. Equivoquei-me.

Igreja? Não obrigado! É melhor ficar do lado de fora, apenas observando.

Líder da Igreja

Estou do lado de dentro olhando para fora. Estou muito ocupado lidando com indivíduos que

necessitam constantemente de conselhos e de apoio. Não vejo a pessoa solteira sozinha sem ser convidada;

tampouco o idoso, o guerreiro da oração, alguém sendo posto de lado.

Não noto a pessoa que cuida sozinha de um doente, necessitando de ajuda.

Também não vejo o adolescente lutando para fazer uma contribuição individual positiva.

Não estou ciente das mães cuja função é dada como certa ou dos pais não sendo prestigiados.

Gasto muitas horas planeando eventos e serviços. Ninguém se oferece para ajudar. Portanto, tenho

pouco tempo para estar com a minha família.

Vejo as multidões nas reuniões. Vejo as contas da igreja necessitando de mais ofertas.

Sou grato de que o meu ministério seja prolífero numa irmandade exclusiva.

O PAI

Isto é o que deveria ser a minha igreja. No entanto, não vejo amor pelo idoso, mas cuidado pelos

solteiros. Não encontro ajuda para a pessoa que cuida sozinha de um doente, nem vejo encorajamento para o

jovem.

Não há receptividade ao estranho.

Vejo pessoas feridas, não amadas, perdidas no caminho, enquanto a minha igreja oferece momentos

agradáveis para alguns, um grupo de membros seleccionados.

Esse não é o Meu plano. Não é a Minha forma de agir. Não é o Meu desejo.

Eles devem ser a minha família – forte, unida, amorosa e atenciosa.

Como PAI da família, digo-lhes: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor

uns para com os outros”.

É difícil ver onde Me enquadro. Eu também Sou marginalizado.

Reimpresso de Christian Family, Agosto de 1991.

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Página 195 Materiais para Liderança: Uma Luz na Comunidade

UMA LUZ NA COMUNIDADE

Ellen G. White

(O Lar Adventista, pp. 31-39. CD-Rom E. G. White)

O Lar Cristão, uma Lição Objectiva

A missão do lar estende-se para além do círculo dos seus membros. O lar cristão deve ser uma lição prática

que ponha em relevo a excelência dos princípios verdadeiros da vida. Semelhante exemplo será no mundo

uma força para o bem. ... Ao deixarem um lar assim, os jovens ensinarão as lições que aí aprenderam. Dessa

maneira, entrarão noutros lares princípios mais nobres de vida, e uma influência regeneradora será sentida na

sociedade. A Ciência do Bom Viver, pág. 352.

O lar em que os membros são polidos, cristãos corteses, exerce uma vasta influência para o bem. Outras

famílias notarão os resultados conseguidos por um lar assim, e seguirão o exemplo dado, guardando por sua

vez o lar contra as influências satânicas. Os anjos de Deus visitarão com frequência o lar em que a vontade de

Deus domina. Sob o poder da graça divina esse lar torna-se um lugar refrigerante para os enfraquecidos,

fatigados peregrinos. Mediante vigilância no dominar-se, impede-se que o próprio eu se afirme. Formam-se

hábitos correctos. Há cuidadoso reconhecimento dos direitos alheios. A fé que opera por amor e purifica a

alma serve de leme, presidindo a toda a família. Sob a santificada influência de tal lar, o princípio da

fraternidade estabelecido na Palavra de Deus é mais amplamente reconhecido e obedecido. Carta 272, 1903.

A Influência de uma Família Bem Ordenada

Não é questão de pequena importância para uma família, o manter a posição de representantes de Jesus,

guardando a lei de Deus em ambiente de incrédulos. Requer-se de nós que sejamos cartas vivas, conhecidas e

lidas por todos os homens. Esta posição envolve terríveis responsabilidades. Testemunhos, vol. 4, pág. 106.

Uma família bem ordenada, bem disciplinada, fala mais em favor do cristianismo do que todos os sermões

que se possam pregar. Uma família assim dá prova de que os pais foram bem-sucedidos no seguir as

instruções de Deus, e de que os seus filhos O servirão na igreja. A sua influência aumenta; pois à medida que

comunicam, recebem para tornar a comunicar. O pai e a mãe encontram auxiliares nos filhos, os quais

transmitem a outros as instruções recebidas no lar. A vizinhança é beneficiada, pois com isto enriqueceu-se

para o tempo e a eternidade. Toda a família se acha empenhada no serviço do Mestre; e pelo seu piedoso

exemplo são outros inspirados a serem fiéis e leais a Deus no trato com o Seu rebanho, Seu lindo rebanho.

Review and Herald, 6 de Junho de 1899.

A maior prova do poder do cristianismo, que se pode apresentar ao mundo, é uma família bem ordenada,

bem disciplinada. Isso recomendará a verdade como nenhuma outra coisa o poderá fazer, pois é um

testemunho vivo de seu efectivo poder sobre o coração. Serviço Cristão, pág. 208.

A melhor prova de cristianismo de uma casa é o tipo de carácter gerado pela sua influência. As acções falam

mais alto do que a mais positiva profissão de piedade. Patriarcas e Profetas, pág. 579.

A Nossa ocupação neste mundo... é ver que virtudes a família pode possuir e que ensinamentos podemos

administrar aos nossos filhos, a fim de que exerçam uma boa influência sobre as outras famílias, e assim

podemos ser uma força educadora ainda que nunca abracemos o magistério. Uma família bem ordenada e

disciplinada é mais preciosa aos olhos de Deus do que ouro fino, mesmo que o mais fino ouro de Ofir.

Manuscrito 12, 1895.

Pertencem-nos Maravilhosas Possibilidades

Curto é o tempo de que dispomos. Passamos por esta vida apenas uma vez; devemos por isso, aproveitar

todas as oportunidades. A tarefa a que somos chamados não requer riquezas, posição social, nem grandes

capacidades. O que se requer é um espírito bondoso e desprendido, e firmeza de propósito. Uma luz, por

pequena que seja, se está sempre a brilhar, pode servir para acender muitas outras. A nossa esfera de

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Página 196 Materiais para Liderança: Uma Luz na Comunidade

influência poderá parecer limitada, as nossas capacidades diminutas, escassas as oportunidades, os nossos

recursos reduzidos; no entanto, se soubermos aproveitar fielmente as oportunidades dos nossos lares,

maravilhosas serão as nossas possibilidades. Se abrirmos o coração e o lar aos divinos princípios da vida,

poderemos ser condutos que levem correntes de força vivificante. Do nosso lar fluirão rios de vida e de

saúde, de beleza e fecundidade numa época como esta, em que tudo é desolação e esterilidade. A Ciência do

Bom Viver, pág. 355.

Os pais tementes a Deus difundirão do seu círculo doméstico para os de outros uma influência que actuará

como aquele fermento que foi escondido em três medidas de farinha. Sinais dos Tempos, 17 de Setembro de

1895.

O trabalho fiel feito em casa ensina os outros a fazerem a mesma espécie de trabalho. O espírito de fidelidade

para com Deus é como o fermento e, quando manifestado na igreja, terá efeito sobre outros, e será uma

recomendação para o cristianismo em toda parte. A obra dos soldados de Cristo que se devotam inteiramente,

é de tão vasto alcance como a própria eternidade. Então por que há tanta falta de espírito missionário nas

nossas igrejas? É por haver negligência na piedade doméstica. Review and Herald, 19 de Fevereiro de 1895.

A Influência de uma Família Mal Dirigida

A influência de uma família mal dirigida abrange e é desastrosa para toda a sociedade. Acumula uma onda de

males que afecta famílias, comunidades e governos. Patriarcas e Profetas, pág. 579.

É impossível vivermos de maneira que não exerçamos influência no mundo. Membro algum da família poderá

ser uma ilha de maneira que nenhum outro membro venha a sentir a sua influência. A própria expressão da

fisionomia terá influência para bem ou para mal. O seu espírito, as suas palavras, as suas acções e atitudes para

com os outros, são inequívocas. Se ele vive no egoísmo, circunda a sua alma de uma atmosfera má; ao passo

que se estiver cheio do amor de Cristo manifestará cortesia, bondade, terna consideração para com os

sentimentos de outros e actos de amor, comunicará àqueles com quem convive sentimentos brandos, gratos e

felizes. Manifestar-se-á que vive para Jesus, e aprende diariamente lições a Seus pés, dEle recebendo luz e paz.

Estará habilitado a dizer ao Senhor: "Pela Tua brandura, vieste-me a engrandecer." II Sam. 22:36. The Youth's

Instructor, 22 de Junho de 1893.

Os Melhores Missionários Provêm de Lares Cristãos

Os missionários do Mestre preparam-se melhor para a obra em lares cristãos, onde Deus é temido, amado, e

adorado, onde a fidelidade se tornou uma segunda natureza, onde não se permite dar aos deveres domésticos

casual atenção, onde a tranquila comunhão com Deus é considerada essencial ao fiel cumprimento dos

deveres diários. Manuscrito 140, 1897.

Os deveres domésticos devem ser cumpridos na consciência de que se eles forem desempenhados no devido

espírito, comunicarão uma experiência que nos habilitará a trabalhar para Cristo de maneira mais permanente

e cabal. Oh, o que não poderia fazer um cristão no terreno missionário cumprindo os deveres diários

fielmente, levantando alegremente a cruz, não negligenciando nenhum trabalho, embora desagradável às

inclinações naturais! Sinais dos Tempos, 1º de Setembro de 1898.

A nossa obra para Cristo deve começar com a família, no lar. ... Não existe campo missionário mais

importante do que esse. ...

Muitos descuidaram vergonhosamente esse campo do lar, e é tempo de serem apresentados recursos e

remédios divinos para corrigir esse mal. Testemunhos Selectos, vol. 3, págs. 62 e 63.

O mais alto dever que pesa sobre a juventude é o que lhe fica do próprio lar, sendo uma bênção ao pai e à

mãe, aos irmãos e irmãs, mediante afeição e verdadeiro interesse. Aí podem eles manifestar abnegação e

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Página 197 Materiais para Liderança: Uma Luz na Comunidade

esquecimento de si mesmos no cuidado e serviço pelos outros. ... Que influência pode uma irmã exercer sobre

os irmãos! Se ela for recta, poderá determinar o carácter deles! As suas orações, a sua gentileza e afeição muito

podem efectuar no ambiente da família. Testemunhos Selectos, vol. 1, pág. 298.

Aqueles que receberam a Cristo devem mostrar na família o que a graça fez por eles. "A todos quantos O

receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no Seu nome." João 1:12.

Consciente autoridade possui o verdadeiro crente em Cristo, o qual faz a sua influência sensível em toda a

família. Isto é favorável para o aperfeiçoamento do carácter de todos no lar. Manuscrito 140, 1897.

Um Argumento que o Descrente Não Pode Contradizer

Um lar cristão bem ordenado é um poderoso argumento em favor da realidade da religião cristã - argumento

que o incrédulo não pode contradizer. Todos podem ver que há na família uma influência em actividade, a

qual afecta os filhos, e que o Deus de Abraão está com eles. Se os lares dos professos cristãos tivessem um

molde religioso correcto, exerceriam uma poderosa influência para o bem. Seriam na verdade a luz do mundo.

Patriarcas e Profetas, pág. 144.

Os Filhos Estendem o Conhecimento dos Princípios Bíblicos

Os filhos que foram devidamente educados, que gostam de ser úteis, de ajudar o pai e a mãe, estenderão o

correcto conhecimento das ideias e dos princípios bíblicos a todos com quem entrarem em contacto. Carta

28, 1890.

Quando a nossa própria casa for o que deve ser, não deixaremos que os nossos filhos cresçam na ociosidade e

indiferença para com os reclamos de Deus em favor dos necessitados que os rodeiam. Como herança do

Senhor, estarão habilitados para empreender a obra onde estão. De tais lares resplandecerá uma luz que se

revelará em favor dos ignorantes, levando-os à fonte de todo o conhecimento. Exercerão influência poderosa

em prol de Deus e da Sua verdade. Testemunhos Selectos, vol. 3, pág. 64.

Pais que de outro modo não seriam alcançados, são-no com frequência por meio dos seus filhos.

Testemunhos Selectos, vol. 1, pág. 456.

Os Lares Alegres Serão uma Luz Para os Vizinhos

Precisamos de mais pais radiantes e radiantes cristãos. Achamo-nos demasiado fechados em nós próprios.

Demasiadas vezes as palavras bondosas e animadoras, o sorriso alegre, são retidos dos nossos filhos e dos

opressos e desanimados.

Pais, repousa sobre vós a responsabilidade de ser portadores de luz e dispensadores de luz. Brilhai no lar

como luzes, iluminando o trilho que os vossos filhos têm de palmilhar. Assim fazendo, a vossa luz irradiará

para os que estão lá fora. Review and Herald, 29 de Janeiro de 1901.

De todo o lar cristão deveria resplandecer uma santa luz. O amor deveria revelar-se nas acções. Deve emanar

de toda a relação doméstica, mostrando-se bondosamente, numa cortesia gentil, abnegada. Há lares em que

esse princípio é praticado, lares em que Deus é adorado, e em que reina o mais verdadeiro amor. Destes lares

as orações matutinas e vespertinas sobem a Deus como incenso suave, e as Suas misericórdias e bênçãos

descem sobre os suplicantes como o orvalho da manhã. Patriarcas e Profetas, pág. 144.

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Página 198 Materiais para Liderança: Uma Luz na Comunidade

Os Resultados da Unidade da Família

A primeira obra dos cristãos é serem unidos na família. Então a obra deve-se estender a seus vizinhos de

perto e de longe. Os que receberam luz precisam deixá-la irradiar em límpidos raios. As suas palavras,

demonstram o amor de Cristo, elas são um cheiro de vida para a vida. Manuscrito 11, 1901.

Quanto mais intimamente os membros da família forem unidos, tanto maior a influência e o exemplo desses

pais, mães, filhos e filhas será um auxilio fora do lar. Carta 189, 1903.

São Mais Necessários Homens Bons que Grandes Mentalidades

A felicidade das famílias e igrejas depende das influências domésticas. Os interesses eternos dependem do

devido desempenho dos deveres desta vida. O mundo não necessita tanto de grandes mentalidades como de

homens bons, que serão uma bênção no seu lar. Testemunhos, vol. 4, pág. 522.

Evitar os Erros que Possam Cerrar Portas

Quando a religião se manifesta no lar, a sua influência será sentida na igreja e na vizinhança. Mas alguns que

professam ser cristãos conversam com os vizinhos acerca das suas dificuldades domésticas. Contam as suas

penas, de modo a atraírem para si a simpatia; é, porém, grande erro derramar as nossas aflições nos ouvidos

de outros, especialmente quando muitos dos nossos desgostos são fabricados e existem devido à nossa vida

pouco religiosa e ao nosso carácter defeituoso. Os que saem para contar as suas mágoas particulares a outros,

fariam melhor em ficar em casa para orar, entregar a sua vontade perversa a Deus, caírem sobre a Rocha e se

despedaçarem, morrerem para o próprio eu para que Jesus os faça vasos de honra. Sinais dos Tempos, 14 de

Novembro de 1892.

Uma falta de cortesia, um momento de petulância, uma única palavra áspera, irreflectida, manchar-vos-á a

reputação, e poderá cerrar de tal modo a porta de corações, que nunca mais os alcanceis. Testemunhos vol. 5,

pág. 335.

O Cristianismo no Lar Irradia Até Longe

O esforço de fazer do lar o que ele deve ser - um símbolo do lar celeste - prepara-nos para trabalhar numa

esfera mais ampla. A educação recebida mediante o mostrar terna consideração uns pelos outros, habilita-nos

a saber atingir os corações que precisam aprender os princípios da verdadeira religião. A igreja necessita

fortalecer-se espiritualmente para que possa ajudar os seus membros e de uma maneira especial para que os

mais novos da família do Senhor, sejam cuidadosamente guardados.

A verdade vivida em casa faz-se sentir em desinteressado serviço lá fora. Aquele que vive o cristianismo no

lar, será em toda parte uma brilhante luz. Signs of the Times, 1º de Setembro de 1898.

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