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RENORBIO
Programa de Ps-graduao em Biotecnologia
Transcriptoma diferencial entre clulas-tronco
mesenquimais humanas jovens e senescentes
Joana Cristina Medeiros Tavares
Natal RN
2013
ii
Joana Cristina Medeiros Tavares
Transcriptoma diferencial entre clulas-tronco
mesenquimais humanas jovens e senescentes
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Ps-Graduao em
Biotecnologia RENORBIO, como parte
dos requisitos necessrios para a
obteno do ttulo de Doutora em
Biotecnologia.
rea de concentrao: Biotecnologia em
Sade.
Orientadora: Profa. Dra. Silvia Regina
Batistuzzo de Medeiros.
Natal RN
2013
iii
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais por todo amor e ensinamentos dedicados a mim que me fizeram
ser quem sou.
Ao meu irmo, Andr Tavares, por ter feito as escolhas de sua vida sempre
pensando em como contribuir para meus estudos.
A toda minha famlia, por fazer parte do alicerce para a edificao deste sonho,
especialmente, minha prima, Ana Carolina, por sua confiana e apoio na
realizao dos meus objetivos.
professora Dra. Silvia Regina Batistuzzo de Medeiros, pela oportunidade
dada minha formao desde a iniciao cientfica, por ter permitido que eu
continuasse desenvolvendo o doutorado aps a minha aprovao em concurso
para docente na UFRN/FACISA e por confiar na minha capacidade de
desenvolver este trabalho.
UFRN pela estrutura fsica e pela oportunidade de ter estudado
gratuitamente com ensino de alta qualidade durante toda minha vida
acadmica.
Ao Ministrio da Cincia e Tecnologia MCT, por intermdio do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico - CNPq e do Ministrio
da Sade - MS, por intermdio do Departamento de Cincia e Tecnologia da
Secretaria de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos - DECIT/SCTIE -
Edital CT-Sade/MS/SCTIE/DECIT/MCT/CNPq N 17/2008, pelo apoio
financeiro.
minha grande amiga, companheira e colega de doutorado Dborah Afonso,
por seu incentivo, por sua ajuda, por seu carinho, por sua amizade, pelos seus
conselhos, por sua pacincia, por sua alegria contagiante, e por toda sua
contribuio em todas as etapas dessa jornada, contribuindo fortemente para a
sua concluso de maneira eficiente e prazerosa.
iv
A Isabella que foi uma grande companheira na realizao de todas as etapas
experimentais deste trabalho, por sua companhia agradvel e inteligente, e por
sua amizade verdadeira.
professora Dra. Vivian Silbiger e ao professor Dr. Andr Luchessi , pela ajuda
nas anlises dos dados de microarranjos e de RT-PCR em tempo real, e por
suas agradveis companhias.
pesquisadora Maria Eugnia do Laboratrio de Microarranjos (LMA) LNBio
- Laboratrio Nacional de Luz Sncroton Campinas/SP, por todo seu auxlio
tcnico nas etapas de hibridizao e aquisio dos dados de microarranjos.
Ao Laboratrio Nacional de Luz Sncroton Campinas/SP pela acomodao do
alojamento e toda a estrutura fsica disponvel.
minha grande amiga Adriana Brito, por todo seu apoio para que eu pudesse
conciliar o meu trabalho na FACISA com o meu doutorado, compartilhando
disciplinas, projetos, reunies, orientaes, e at casa e refeies em Santa
Cruz-SC. Obrigada tambm pelos momentos de descontrao na praa
Tequinha Farias-SC, por sua ajuda nesta etapa final de organizao de tese e,
principalmente, por sua sincera amizade.
A Pedro Henrique, pelo seu carinho, companherismo, incentivo e pelos
momentos de alegria vividos. Obrigada tambm sua famlia, pela sua
receptividade sempre aconchegante e carinhosa, me proporcionando muita paz
e descanso.
Aos meus amigos constituintes de minha turma de biologia, especialmente,
Aurizngela, Daiane, Denise, Jefferson e Jule, que me proporcionaram muitos
momentos de alegria, compartilharam sonhos pessoais e profissionais, e por
continuarem dedicando seu carinho e amizade que contribuem para a
realizao deste trabalho.
A todos os colegas do LBMG pela boa convivncia, especialmente, a Daniel e
Fbio, por proporcionar dias de trabalho mais suaves e feliz, pela ajuda nas
anlises de biologia de sistemas, pelo carinho e amizade.
v
A todos os companheiros e divertidos amigos do LAMA, Jana Dara, Felipe,
Nilmara, pelas msicas, danas, risadas e, principalmente, pela amizade e
companheirismo verdadeiro.
Ao meu amigo e colega de doutorado, Leonam, pelo seu contagiante otimismo
nos experimentos e em sua vida, pelos seus entusiasmantes planos do tipo
cebolinha, e por sua grande e inestimvel amizade.
A toda famlia Pichorim pelo conforto de sua receptividade, ateno e apoio.
A Mayara e Giselle por todo seu apoio tcnico e por sua convivncia afvel.
Aos alunos de iniciao cientfica, Guillermo Ortiz Brasil, Isabella Tannus Meira,
Luiza Xavier e Thais Pimentel, que contriburam para realizao dos
experimentos deste trabalho.
A Guillermo Ortiz, por sua amizade e pelo seu exemplo de perseverana,
dedicao e pacincia.
A toda famlia Santos, por todo seu apoio, carinho e incentivo ao longo de toda
minha vida acadmica.
Ao professor Dr. Geraldo Cavalcanti Jnior pela ajuda na realizao dos
experimentos de citometria de fluxo.
direo da FACISA/UFRN, por ter me liberado de algumas atividades de
docente, nestes dois ltimos anos, em alguns momentos mais crticos para a
concluso do doutorado.
vi
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Imagens das CTMH jovens e senescentes............................ 48
FIGURA 2 Imagens das diferenciaes osteognica, adipogncia e
condrognica das CTMH........................................................ 49
FIGURA 3 Grfico mostrando que a comparao entre as CTMH/inv
senescentes e CTMH/inv jovens resultou em maior nmero
de genes diferencialmente expresso do que na comparao
entre as CTMH/n senescentes e CTMH/n jovens................... 50
FIGURA 4 Classificao funcional dos genes diferencialmente
expressos em CTMH/n senescentes comparadas s
CTMH/n jovens....................................................................... 52
FIGURA 5 Rede de interaes formada pelos genes diferencialmente
expressos em CTMH/n senescentes comparadas s
CTMH/n jovens....................................................................... 53
FIGURA 6 Rede de interaes formada pelos genes diferencialmente
expressos em CTMH/n senescentes comparadas s
CTMH/n jovens no contexto genmico................................... 54
FIGURA 7 Classificao funcional dos genes diferencialmente
expressos em CTMH/inv senescentes comparadas s
CTMH/inv jovens..................................................................... 55
FIGURA 8 Rede de interaes formada pelos genes diferencialmente
expressos em CTMH/inv senescentes comparadas s
CTMH/inv jovens..................................................................... 57
FIGURA 9 Rede de interaes formada pelos genes diferencialmente
expressos em CTMH/inv senescentes comparadas s
CTMH/inv jovens no contexto genmico................................ 58
FIGURA 10 Sub-rede da figura 9a, destacando as molculas que
interage diretamente como gene EGF................................... 59
FIGURA 11 Diagrama de Venn construdo a partir das listas dos genes
das comparaes CTMH/n senescentes vs CTMH/n jovens 60
vii
e CTMH/inv senescentes vs CTMH/inv jovens.......................
FIGURA 12 Classificao funcional dos 30 genes comuns s duas listas
de comparaes CTMH/n senescentes vs CTMH/n jovens
e CTMH/inv senescentes vs CTMH/inv jovens...................... 61
FIGURA 13 Diagrama de Venn para identificao dos genes
diferencialmente expressos em ambas as comparaes,
CTMH/inv jovens vs CTMH/n jovens e CTMH/inv
senescentes vs CTMH/n senescentes.................................... 62
FIGURA 14 Cluster hierrquico de todas as probsets diferencialmente
expressas em ambas as comparaes CTMH/inv jovens vs
CTMH/n jovens e entre as CTMH/inv senescentes vs
CTMH/n senescentes............................................................. 64
FIGURA 15 Genes mais expressos em CTMH/inv jovens se tornaram
ainda mais expressos em CTMH/inv senescentes................. 65
FIGURA 16 Genes menos expressos em CTMH/inv jovens se tornaram
ainda menos expressos em CTMH/inv senescentes.............. 66
FIGURA 17 Caritipo parcial das CTMH/inv mostrando a
inv(3)(p13p25~26) e seu
ideograma............................................................................... 68
FIGURA 18 Representao dos genes diferencialmente expressos em
CTMH/inv jovens comparadas as CTMH/n Jovens nas
categorias funcionais de acordo com o IPA Igenuity............. 70
FIGURA 19 Redes de interaes formadas pela lista dos genes
diferencialmente expressos na comparao CTMH/inv
jovens vs CTMH/n jovens....................................................... 71
FIGURA 20 Redes de interaes formadas pela lista dos genes
diferencialmente expressos na comparao CTMH/inv
jovens vs CTMH/n jovens no contexto genmico.................. 72
FIGURA 21 Representao dos genes diferencialmente expressos em
CTMH/inv jovens comparadas s CTMH/n jovens nas
categorias funcionais de acordo com o IPA Igenuity.............. 74
FIGURA 22 Redes de interaes formadas pela lista dos genes
diferencialmente expressos apenas na comparao 76
viii
CTMH/inv senescentes vs CTMH/n senescentes...................
FIGURA 23 Sub-rede de interaes da figura 22. Esta rede evidencia os
ns que se conectam ao bottleneck EGF.............................. 77
FIGURA 24 Sub-rede de interaes da figura 12. Esta rede evidencia
somente os genes que se ligam diretamente a EGF ou aos
genes localizados em Inv (3): CNTN3, PDZRN3, LMCD1 e
BHLHE40........................................................................... 78
FIGURA 25 Rede de interaes formada pela lista dos genes
diferencialmente expressos apenas na comparao
CTMH/inv senescentes vs CTMH/n senescentes inserida no
contexto genmico.................................................................. 79
FIGURA 26 Sub-rede da figura 25, destacando os ns conectados
diretamente ao gene EGF e os gene localizados na regio
da Inv (3)................................................................................. 80
FIGURA 27 Grfico mostrando as categorias funcionais mais
enriquecidas (com valor de p 0,05 e somente aquelas com
representao superior 5%) em ambas as comparaes
CTMH/inv jovens vs CTMH/n jovens e CTMH/inv
senescentes vs CTMH/n senescentes.................................... 82
FIGURA 28 Rede de interaes formada pela unio entre os genes
diferencialmente expressos em ambas as comparaes
(CTMH/inv jovens vs CTMH/n jovens e CTMH/inv
senescentes vs CTMH/n senescentes) e os exclusivamente
diferencialmente expressos na comparao CTMH/inv vs
CTMH/n senescentes............................................................. 84
ix
SUMRIO
Lista de Figuras........................................................................................... vi
Resumo........................................................................................................ xii
Abstract........................................................................................................ Xv
1.0. Introduo......................................................................................... 17
2.0. Reviso Bibliogrfica
2.1. Clulas-tronco mesenquimais humanas.................................. 20
2.2. Cordo umbilical como fonte de CTMH................................... 23
2.3. Senescncia celular................................................................. 26
2.4. Estabilidade genmica das CTMH ao longo tempo de
cultivo....................................................................................... 29
2.5. Microarranjos e estudos de exprsso gnica em CTMH......................................................................................
32
3.0. Objetivos........................................................................................... 36
4.0. Material e Mtodos........................................................................... 37
4.1. Isolamento e caracterizao das CTMH.................................. 37
4.2. Condies de cultura das CTMH para anlise do perfil de
expresso gnica..................................................................... 38
4.3. Caracterizao das CTMH senescentes................................. 39
4.4. Extrao de RNA..................................................................... 39
4.5. Preparao do RNA, hibridizao e captura de imagem dos microarranjos...........................................................................
41
4.6. Anlise dos dados de microarranjos........................................ 41
4.7. Avaliao da expresso diferencial por RT-PCR em tempo
real........................................................................................... 42
4.8. Classificao funcional dos genes diferencialmente
expressos................................................................................ 44
4.9. Anlise de biologia de sistemas.............................................. 44
5.0. Resultados
5.1. Caracterizao das CTMH jovens e senescentes................... 46
5.2. A senescncia in vitro afeta o perfil de expresso das
CTMH...................................................................................... 50
5.3. Classificao funcional e rede de interaes dos genes
diferencialmente expressos em CTMH/n senescentes vs
CTMH/n jovens....................................................................... 51
5.4. Classificao funcional dos genes diferencialmente
expressos CTMH/inv senescentes vs CTMH/inv jovens......... 55
5.5. H um perfil de expresso gnica comum entre as
CTMH/inv senescentes e as CTMH/n senescentes............. 60
x
5.6. As CTMH/inv tem o transcriptoma distinto das CTMH/n......... 62
5.7. Alguns genes localizados na regio prxima aos pontos de
quebra da inverso em CTMH/inv foram diferencialmente
expressos em CTMH/inv......................................................... 66
5.8. Classificao funcional e redes de interaes dos genes
diferencialmente expressos em CTMH/inv jovens
comparadas s CTMH/n jovens.............................................. 68
5.9. Classificao funcional e redes de interaes dos genes
diferencialmente expressos em CTMH/inv senescentes
comparadas s CTMH/n senescentes..................................... 73
5.10. Anlise de interpretao biolgica dos genes
diferencialmente expressos nas comparaes CTMH/inv
jovens vs CTMH/n jovens e CTMH/inv senescentes vs
CTMH/n senescentes.............................................................. 80
5.11. Anlise da expresso gnica das CTMH por RT-PRC em
tempo real................................................................................ 85
6.0. Discusso.......................................................................................... 86
7.0. Concluso......................................................................................... 116
8.0. Referncias Bibliogrficas.............................................................. 118
9.0. Apndices........................................................................................ 147
A. Tabela da lista de genes diferencialmente expressos em CTMH/n senescentes na comparao CTMH/n senescentes vs CTMH/n Jovens................................................................................................
147
B. Tabela da lista de genes diferencialmente expressos em CTMH/inv senescentes na comparao CTMH/inv senescentes vs CTMH/inv Jovens................................................................................................
151
C. Tabela da classificao funcional dos genes diferencialmente expressos em CTMH/n senescentes comparadas s CTMH/n jovens.................................................................................................
162
D. Tabela de Anotao funcional das cinco categorias mais enriquecidas com menor valor de p dos genes diferencialmente expressos em CTMH/n senescentes comparadas s CTMH/n Jovens................................................................................................
163
E. Tabela da classificao funcional dos genes constituintes da rede de interaes formada pela lista dos genes diferencialmente expressos em CTMH/n senescentes comparadas s CTMH/n jovens.................................................................................................
167
F. Tabela da classificao funcional dos genes constituintes da rede de interaes no contexto genmico formada pela lista dos genes diferencialmente expressos em CTMH/n senescentes comparadas s mesmas jovens com a adio de 50 genes do genoma humano.
169
G. Tabela da classificao funcional dos genes diferencialmente expressos em CTMH/inv senescentes comparadas s mesmas jovens.................................................................................................
174
H. Tabela da anotao funcional das cinco categorias mais enriquecidas com menor p-valor dos genes diferencialmente
175
xi
expressos em CTMH/inv senescentes comparadas s CTMH/inv jovens.................................................................................................
I. Tabela da classificao funcional dos genes constituintes da rede de interaes formada pela lista dos genes diferencialmente expressos em CTMH/inv senescentes comparadas s CTMH/inv jovens.................................................................................................
195
J. Tabela da classificao funcional dos genes constituintes da rede de interaes no contexto formada pela lista dos genes diferencialmente expressos em CTMH/inv senescentes comparadas s CTMH/inv jovens com a adio de 50 genes do genoma humano................................................................................
200
K. Tabela da lista de genes da interseco entre as duas listas das comparaes senescentes vs jovens de CTMH/n e CTMH/inv.........
207
L. Tabela da classificao funcional da lista dos 30 genes comuns em ambas as listas das comparaes Senescentes vs jovens de CTMH/n e CTMH/inv..........................................................................
209
M. Tabela da anotao funcional das cinco categorias mais enriquecidas com menor p-valor dos 30 genes comuns em ambas as listas das comparaes Senescentes vs jovens de CTMH/n e CTMH/inv............................................................................................
210
N. Tabela de genes diferencialmente expressos em CTMH/inv jovens na comparao entre as CTMH/inv vs CTMH/n jovens, ranqueados do maior para o menor Fold Change.................................................
214
O. Tabela da lista de genes diferencialmente expressos entre CTMH/inv senescentes vs CTMH/n senescentes..............................
218
P. Tabela da lista dos genes diferencialmente expressos da interseco entre as comparaes CTMH/inv jovens vs CTMH/n jovens e entre as CTMH/inv senescentes vs CTMH/n senescentes.
235
Q. Tabela dos genes localizados prximo regio da inverso que tiveram sua expresso afetada em CTMH/inv...................................
237
R. Tabela das categorias funcionais representadas pelos genes diferencialmente expressos em CTMH/inv jovens da comparao CTMH/inv jovens vs CTMH/n jovens..................................................
238
S. Tabela da anotao funcional das cinco categorias com menores valor de p representadas pelos genes diferencialmente expressos da comparao CTMH/inv jovens vs CTMH/n jovens........................
239
T. Tabela da classificao funcional dos genes constituintes da rede de interaes obtida a partir da comparao CTMH/inv jovens vs CTMH/n jovens por meio do pluggin BINGO do Cytosacape............
249
U. Tabela da classificao funcional dos genes constituintes da rede de interaes obtida a partir da comparao CTMH/inv jovens vs CTMH/n jovens no contexto genmico por meio do pluggin BINGO do Cytosacape...................................................................................
251
V. Tabela das categorias funcionais representadas pelos genes diferencialmente expressos em CTMH/inv Senescentes da comparao CTMH/inv vs CTMH/n Senescentes..............................
253
W. Tabela dos genes classificados nas cinco categorias funcionais com menores p-valor da comparao CTMH/inv senescentes vs CTMH/n senescentes.........................................................................
254
X. Tabela da classificao funcional dos genes constituintes da rede 270
xii
de interaes no contexto formada pela lista dos genes diferencialmente expressos em CTMH/inv senescentes comparadas s CTMH jovens com a adio de 50 genes do genoma humano................................................................................
Y. Tabela da classificao funcional dos genes constituintes da rede de interaes no contexto formada pela lista dos genes diferencialmente expressos em CTMH/inv senescentes comparadas s CTMH jovens com a adio de 50 genes do genoma humano................................................................................
278
Z. Tabela da comparao dos valores de Fold Change obtidos por anlise de Microarray e de qPCR......................................................
284
10.0. Anexos............................................................................................. 286
1. Lista dos genes localizados prximo regio da inverso cromossmica (inv3p13-25~26) constituinte das CTMH/inv.........
286
xiii
RESUMO
Clulas-tronco mesenquimais humanas (CTMH) so muito teis na terapia
celular. O longo perodo de cultivo pode resultar em senescncia replicativa ou
estar relacionado com o aparecimento de alteraes cromossmicas
responsveis pela aquisio de um carter tumorignico in vitro . Neste estudo,
foi comparado o transcriptoma de CTMH jovens e senescentes obtidas de
diferentes doadores. Alm disso, pela primeira vez, o perfil de expresso de
CTMH com uma inverso cromossmica paracntrica (CTMH/inv) foi
comparado ao de CTMH que possuem caritipo normal (CTMH/n) em
passagens jovens e senescentes de cultivo in vitro . As CTMH utilizadas neste
estudo foram isoladas da veia do cordo umbilical de trs dadores, dois
CTMH/n e de um CTMH/inv. Aps a criopreservao, elas foram expandidas in
vitro at alcanarem a senescncia. O RNA total foi extrado utilizando o
RNeasy mini kit (Qiagen), marcado, purificado e fragmentado com o 3
'GeneChip IVT expresso Kit (Affymetrix, Inc.). Subsequentemente, o RNA
fragmentado foi hibridado no microarranjo Affymetrix Human Genome U133
Plus 2.0 (Affymetrix, Inc.). A anlise estatstica da expresso diferencial foi
realizada usando o Partek Suite Software Genomic, verso 6.4 (Partek, Inc.).
Foram consideradas estatisticamente significativas as diferenas na expresso
com valor de P 0.01 corrigido com Bonferroni. Apenas os sinais com fold
change 3.0 foram includos na lista de diferencialmente expressos. Diferenas
na expresso gnica observadas no estudo dos microarranjos foram
confirmadas por resultados de RT-PCR em tempo real. Para a interpretao
biolgica dos dados foram utilizados: IPA (Ingenuity Systems) para anlise de
enriquecimento de funes; STRING 9,0 para a construo de redes de
interaes; Cytoscape 2,8 para a visualizao das redes e anlises de gargalos
com o auxlio do software GraphPad Prism 5.0. O pluggin BiNGO do Cytoscape
foi utilizado para avaliar a representao de categorias funcionais no Gene
Ontology nas redes biolgicas. A comparao entre senescentes e jovens em
cada grupo de CTMH mostrou que h uma diferena no perfil de expresso,
sendo maior nas senescentes do grupo CTMH/inv. Os resultados tambm
mostraram que h diferena nos perfis de expresso entre as CTMH/inv e
CTMH/n, sendo maior a diferena quando as clulas esto senescentes. Novas
xiv
redes foram identificadas para genes relacionados com a resposta ao longo do
tempo de cultivo nos dois grupos de CTMH. Foram identificados genes que
podem coordenar funes importantes mais enriquecidas nas redes, como por
exemplo, CXCL12, SFRP1, EGF, SPP1, MMP1 e THBS1. A interpretao
biolgica destes dados sugere que a populao de clulas CTMH/inv tem
diferentes caractersticas constitucionais, relacionadas com o seu potencial de
proliferao, diferenciao e resposta a estmulos, responsveis por um
processo de senescncia replicativa em CTMH/inv distinto das CTMH/n. Os
genes identificados neste estudo so candidatos a marcadores da senescncia
celular em CTMH, mas a sua relevncia funcional neste processo deve ser
testada em experincias adicionais in vitro e/ou in vivo.
xv
ABSTRACT
Human mesenchymal stem cells (MSC) are powerful sources for cell therapy in
regenerative medicine. The long time cultivation can result in replicative
senescence or can be related to the emergence of chromosomal alterations
responsible for the acquisition of tumorigenesis features in vitro. In this study,
for the first time, the expression profile of MSC with a paracentric chromosomal
inversion (MSC/inv) was compared to normal karyotype (MSC/n) in early and
late passages. Furthermore, we compared the transcriptome of each MSC in
early passages with late passages. MSC used in this study were obtained from
the umbilical vein of three donors, two MSC/n and one MSC/inv. After their
cryopreservation, they have been expanded in vitro until reached senescence.
Total RNA was extracted using the RNeasy mini kit (Qiagen) and marked with
the GeneChip 3 'IVT Express Kit (Affymetrix Inc.). Subsequently, the
fragmented aRNA was hybridized on the microarranjo Affymetrix Human
Genome U133 Plus 2.0 arrays (Affymetrix Inc.). The statistical analysis of
differential gene expression was performed between groups MSC by the Partek
Genomic Suite software, version 6.4 (Partek Inc.). Was considered statistically
significant differences in expression to p-value Bonferroni correction .01. Only
signals with fold change 3.0 were included in the list of differentially
expressed. Differences in gene expression data obtained from microarrays
were confirmed by Real Time RT-PCR. For the interpretation of biological
expression data were used: IPA (Ingenuity Systems) for analysis enrichment
functions, the STRING 9.0 for construction of network interactions; Cytoscape
2.8 to the network visualization and analysis bottlenecks with the aid of the
GraphPad Prism 5.0 software. BiNGO Cytoscape pluggin was used to access
overrepresentation of Gene Ontology categories in Biological Networks. The
comparison between senescent and young at each group of MSC has shown
that there is a difference in the expression parttern, being higher in the
senescent MSC/inv group. The results also showed difference in expression
profiles between the MSC/inv versus MSC/n, being greater when they are
senescent. New networks were identified for genes related to the response of
two of MSC over cultivation time. Were also identified genes that can coordinate
functional categories over represented at networks, such as CXCL12, SFRP1,
xvi
EGF, SPP1, MMP1 e THBS1. The biological interpretation of these data
suggests that the population of MSC/inv has different constitutional
characteristics, related to their potential for differentiation, proliferation and
response to stimuli, responsible for a distinct process of replicative senescence
in MSC/inv compared to MSC/n. The genes identified in this study are
candidates for biomarkers of cellular senescence in MSC, but their functional
relevance in this process should be evaluated in additional in vitro and/or in vivo
assays.
17
1.0. INTRODUO
As clulas-tronco mesenquimais humanas (CTMH) so clulas
multipotentes, caracterizadas pela sua capacidade de aderncia ao plstico,
diferenciao em osteoblastos, adipcitos e condrcitos, apresentam
expresso dos marcadores CD105, CD90, CD73 e ausncia da expresso de
CD45, CD34, CD14, CD11b, CD79 ou CD19 e HLA-DR (Reagan e Kaplan,
2011). As CTMH tm sido consideradas como uma importante alternativa para
a terapia celular devido sua facilidade de obteno e expanso in vitro, sua
plasticidade funcional, e mais recentemente, por secretar molculas bioativas
com papel na imunomodulao, quimioatrao, com efeitos trficos,
neuroproteo, entre outras que auxiliam o reparo tecidual (Eyal Ben-Ami et al.,
2011; Honmou et al., 2012; Youwei Wang et al., 2012).
H evidncias de que as clulas-tronco sofrem senescncia celular in vivo
que pode ser responsvel pelo declnio de suas funes e pela origem das
doenas metablicas, degenerativas, cncer e o envelhecimento dos indivduos
(Revisado por Rodrguez-Rodero, et al. 2011). Esta proposio est em
conformidade com a observao de que o envelhecimento afeta a renovao e
a capacidade de diferenciao de CTMH residentes no tecido adiposo e na MO
de indivduos mais velhos (Alt et al., 2012; Kretlow et al., 2008; Chen et al.,
2009).
O longo tempo de cultivo pode resultar na senescncia replicativa ou
estar relacionado ao surgimento de uma instabilidade gentica que seria
responsvel por uma possvel aquisio espontnea de um potencial
tumorignico das CTMH. A senescncia celular caracterizada por uma srie
de alteraes que envolvem uma complexa reprogramao de transduo de
sinais, tais como o encurtamento dos telmeros, estresse celular, danos no
DNA e ativao em oncogenes, que resultam em alteraes em processos
celulares, no somente no ciclo celular, mas na morfologia, na funo da clula
e na aquisio de um perfil de expresso de molculas inflamatrias
secretadas (revisado por Sikora et al., 2012). O secretoma inflamatrio
produzido pelas clulas senescentes pode criar um ambiente favorvel para o
18
prprio processo de senescncia, ou por outro lado propiciar o
desenvolvimento de cncer e de outras doenas relacionadas idade como
aterosclerose e diabetes (Cichowski e Hahn, 2008; revisado por Sikora et al.,
2012).
Vrias alteraes cromossmicas adquiridas durante o cultivo j foram
descritas em diferentes tipos de clulas-tronco, embrionrias (Baker et al.,
2007; Mayshar et al., 2010), pluripotentes induzidas, CTMH e neurais (Ben
David et al., 2011) que parecem conferir vantagens seletivas e podem
aumentar a tumorigenicidade das clulas, e alterar a sua capacidade de
diferenciao (Harrison et al., 2007; Mayshar et al., 2010; Ben-David e
Benvenisty, 2011). Por outro lado, h relatos que algumas alteraes
desaparecem na cultura e no conferem vantagem seletiva (Senseb et al.,
2012; Hussein et al., 2011). A presena de aneuploidia em vrias preparaes
de CTMH da MO depois de cultivo in vitro foi documentada, mas foi associada
somente senescncia e no tumorigenese (Tarte et al., 2010).
Recentemente Duarte e colaboradores (2012) identificaram uma alterao
cromossmica constitucional, caritipo 46,XY,inv(3)(p13p25~26), em CTMH
obtidas do endotlio da veia do cordo umbilical de um doador, que so as
MSC/inv utilizadas no presente trabalho. As inverses paracntricas so
consideradas como heteromorfismos que no causam problemas sade do
portador. No entanto, pessoas que a possuem tm maior probabilidade de
originar rearranjos no balanceados na sua descendncia, e apresentam uma
frequncia mais elevada de aborto espontneo em relao populao em
geral (Grati et al., 2008). Contudo, nada se sabe sobre o efeito desta alterao
cromossmica nas clulas aps sua expanso in vitro, e nem to pouco sobre
o seu comportamento no organismo de um possvel receptor. Considerando
que a regio da inverso (3p25~26) contm vrios genes de grande
importncia biolgica, como genes envolvidos com o reparo de DNA e outros
responsveis pelo desenvolvimento de tumores, tais clulas podem ser mais
propensas transformao espontnea in vitro.
Neste contexto, uma anlise molecular de larga escala por microarranjos
pode oferecer uma compreenso mais detalhada da complexidade subjacente
19
biologia das CTMH cultivadas at a sua senescncia, possibilitando
predies importantes sobre o processo de senescncia celular das CTMH e
sobre o impacto de alteraes cromossmicas nesse processo celular. Os
estudos de transcriptoma em CTMH tm focado na diferena de expresso
gnica entre as CTMH obtidas de fontes distintas (Jansen et al., 2010; Miranda
et al., 2012; Panepucci et al., 2004; Secco et al., 2009; Tsai et al., 2007; Weng
et al., 2011; Kim et al., 2011) e no processo de diferenciao (Kock et al.,
2011; Menssen et al., 2011; Roobrouck et al., 2011; Yoo et al., 2011). Muito
pouco se sabe sobre expresso gnica durante a senescncia das CTMH e
sobre o efeito do longo tempo de cultivo em CTMH que apresenta uma
alterao cromossmica constitucional.
20
2.0. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1. Clulas-tronco mesenquimais humanas
O termo clulas-tronco mesenquimais humanas (CTMH) foi introduzido
por Caplan, em 1991. As primeiras clulas-tronco mesenquimais foram
isoladas da medula ssea (MO) de roedores e coelhos por Friedenstein e
colaboradores (1976), e identificadas como unidades formadoras de colnias
semelhantes a fibroblastos, sendo consideradas como clulas precursoras de
fibroblastos. Posteriormente, foi observado que elas tinham a capacidade de se
diferenciar em clulas com caractersticas de osteoblastos, condrcitos e
adipcitos. Em concomitncia a esta descoberta, foi identificada uma
populao de clulas aderentes necessrias para o estabelecimento das
clulas estaminais hematopoiticas no aderentes, em um estudo sobre a
hematopoese in vitro desenvolvido por Dexter e colaboradores (1977). A partir
deste momento, em referncia sua localizao anatmica, um novo termo foi
estabelecido, clulas estromais da MO. Em analogia ao modelo de
hematopoese, o termo CTMH foi introduzido para designar uma populao de
clulas especficas do estroma da MO - clulas aderentes que originam os
diferentes tipos de tecidos mesenquimais, sseo, cartilagem e msculos
(Revisado por Meirelles e Nardi , 2009). Desde ento, clulas com
caractersticas semelhantes s CTMH foram isoladas de diferentes tecidos
adultos, tais como, tecido adiposo, pele, osso, msculo, crebro, fgado, rins,
pncreas, placenta, glndulas salivares, polpa dentria, ligamento periodontal,
folculo capilar, linfonodos, bao, timo e at menorreia (Revisado por Momin et
al., 2010; Ding et al., 2011). Elas tambm podem ser obtidas a partir de tecidos
perinatais, como do cordo umbilical, fluido e membrana amnitica, e crion
(Bieback e Brinkmann, 2010; Ding et al., 2011; Hass et al., 2011; Roubelakis et
al., 2012).
Em virtude das CTMH serem isoladas de diversos tecidos e cultivadas
em diferentes laboratrios por diversos mtodos, a sociedade internacional de
padronizao para terapia celular (The International Society for Cellular
Therapy Position Statement) formulou trs critrios mnimos exigidos para
21
identificao de CTMH: capacidade de adeso ao plstico de cultura; fentipo
positivo para os marcadores de superfcie CD105, CD73 e CD90, e negativo
para CD45, CD34, CD14 ou CD11b, CD79a ou CD19e HLA-DR; e se
diferenciar in vitro em osteoblastos, adipcitos e condrcitos (Dominici et al.,
2006).
Em 2008, Crisan e colaboradores documentaram uma subpopulao de
clulas perivasculares humanas que expressam marcadores in situ para ambos
os tipos celulares, CTMH e pericitos. Este e outros estudos, que compararam o
fentipo das CTMH obtidas de diferentes fontes com os pericitos, sugerem
fortemente que as CTMH sejam pericitos (Revisado por Caplan, 2008), e que
sua natureza pleiotrpica seja responsvel pelo seu papel na renovao dos
tecidos mesenquimais in vivo (Revisado por Singer e Caplan, 2011). Contudo,
no h nenhuma confirmao definitiva de que a origem de CTMH do tecido
adiposo (ASC) seja de pericitos. Tornando o quadro mais complexo, dados
recentes indicam que as CTMH em vrios tecidos humanos podem originar-se
no s de pericitos (CD146 + CD34-CD31-CD45-), mas tambm a partir de um
subconjunto fenotipicamente distinto de clulas adventcias (CD34+CD146-
CD31-CD45-) que residem na camada mais externa da parede de vasos
maiores. Foi identificado que elas nativamente expressam marcadores de
superfcie de CTMH (tal como CD90) e comportam-se de maneira semelhante
s CTMH aps longo tempo de cultura in vitro (Revisado por Strioga et al.,
2012).
A diversidade de fontes para obteno das CTMH, a sua capacidade de
renovao, seu potencial de se diferenciar em mltiplas linhagens, aliados aos
avanos nas pesquisas sobre as suas propriedades biolgicas, posicionaram
as CTMH como as clulas-tronco adultas mais promissoras na utilizao em
protocolos de terapia celular. Vrios estudos mostram que as CTMH se
diferenciam in vitro em osso, cartilagem, tecido adiposo, cardiomicitos, clulas
endoteliais e clulas neuronais (Ohnishi et al., 2007; Fraser et al., 2006; Fu et
al., 2004; Fu et al., 2006, Karaoz et al. 2011). Uma caracterstica bastante
atraente est relacionada ao seu efeito parcrino de molculas bioativas que
exercem vrias funes importantes no reparo tecidual. Os principais efeitos
incluem: imunossupresso por meio da modulao da proliferao das clulas
22
T, B e NK (Natural killer), e da alterao da secreo de citocinas inflamatrias,
de imunoglobulinas; secreo de fatores anti-apoptticos, anti-cicatrizantes,
quimioatraentes, neuroprotetores, neurognicos e angiognicos; favorecimento
do crescimento e da diferenciao local de clulas-tronco e progenitoras;
(Revisado por Singer e Caplan, A.I, 2011; Revisado por Soleymaninejadia et
al., 2012; Revisado por Honmou, O. et al., 2012). As CTMH tambm
apresentam baixa expresso de MHC de classe I, MHC de classe II e das
molculas coestimuladoras B7-1/B7-2 (CD80/CD86), conferindo um
imunoprivilgio que propicia seu uso em transplantes alognicos e em doenas
auto-imunes (Revisado por Singer e Caplan, 2011; Bem-Ami et al., 2011;
Miguel et al., 2012).
Outra caracterstica interessante que as CTMH podem modular a
progresso do tumor e a sensibilidade a frmacos. Muitas evidncias
demonstram que elas apresentam tropismo para regio do tumor, promovem a
proliferao das clulas tumorais e conferem um fentipo de resistncia a
frmacos. No entanto, alguns estudos verificaram inibio de crescimento
tumoral em leucemias e hepatomas, por exemplo. Ainda no esto elucidados
os fatores que definem o papel das CTMH na progresso ou inibio tumoral.
Porm, acredita-se que seu tropismo pode favorecer o uso destas clulas como
veculo de frmacos para uma terapia anti-tumoral mais eficiente (Revisado por
Houthuijzen et al., 2012).
Um total de 225 estudos clnicos utilizando as CTMH para tratamento de
diferentes doenas est registrado no banco de dados do Instituto Nacional de
Sade dos Estados Unidos
(http://www.clinicaltrials.gov/ct2/results?term=stem+cell+mesenchymal&no_unk
=Y, acessado no dia 27 de agosto de 2012). Este nmero ainda subestimado
considerando que h muitos estudos em andamento que no so registrados
em bancos de dados. Ambas as pesquisas clnicas em andamento e a
plasticidade funcional das CTMH descrita acima demostram seu potencial de
utilizao na terapia celular de vrias doenas, tais como: cardiopatias,
doenas imunolgicas, doena de Crohn, angiognese, diabetes, esclerose
mltipla, injrias cerebrais isqumicas e terapia contra o cncer (Meirelles e
Nardi, 2009; Ciccocioppo et al., 2011;
23
http://www.clinicaltrials.gov/ct2/results?term=stem+cell+mesenchymal&no_unk
=Y, acessado no dia 27 de agosto de 2012).
A fonte mais comum para obteno de CTMH a medula ssea (MO-
CTMH) (Pittenger et al.,1999; Jiang et al.,2002). Apesar da identificao de um
novo mtodo (seleo negativa pelo sorteamento magntico seguido pelo
FACS - fluorochrome activated cell sorting para a depleo de linhagens
hematopoiticas e endoteliais) de isolar populaes mais enriquecidas em
clulas progenitoras mesenquimais/osteoblsticas (Mdder et al., 2012), ainda
existe uma necessidade de conhecer mais sobre fontes alternativas de CTMH
devido existncia de um nmero limitado de MO-CTMH disponveis para
utilizao autloga. H outros problemas em se utilizar MO-CTMH, como o
procedimento invasivo de aspirao deste tecido, e a diminuio significativa
da frequncia e potencial de diferenciao das MO-CTMH com o aumento da
idade do doador (Kretlow et al., 2008; Chen et al., 2009).
2.2. Cordo umbilical como fonte de CTMH
O cordo umbilical humano um anexo fetal originado de um
mesoderma extra-embrionrio, importante durante a gravidez e que
descartado aps o nascimento. Descrita em 1977 por Nanaev e colaboradores,
sua arquitetura interna constituda por vasos sanguneos, uma veia e duas
artrias, envoltos por um tecido conectivo, tambm chamado de geleia de
Wharton, delimitado pelo epitlio umbilical. A geleia composta por uma matriz
esponjosa, rica em fibras de colgenos e proteoglicanas, embebidas por
clulas estromais responsveis pela sntese dos componentes da matriz
(Revisado por Fan et al., 2011). Este tecido conectivo importante por prevenir
a compresso, toro, e o enrolamento dos vasos que realizam fluxo
sanguneo bidirecional entre o feto e a me (Can e Karahuseyinoglu, 2007).
So vrias as razes pelo crescente interesse em obteno de CTMH do
cordo umbilical, estas incluem: fonte de clulas-tronco prematuras, com o
potencial de diferenciao intermedirio entre as CTMH de outros tecidos
adultos e as clulas-tronco embrionrias (CTE); o uso do cordo no envolve
implicaes ticas, polticas ou religiosas como as CTE e ao contrrio destas,
as CTMH apresentam capacidade proliferativa finita e no formam teratomas
24
(Revisado por Troyer, e Weiss, 2008; Fan et al., 2011); derivam de tecidos que
so descartados aps o nascimento; maior acessibilidade, no h a
necessidade de procedimentos invasivos como ocorre na obteno de MO e
tecido adiposo; menor risco de infeco devido presena da barreira
placentria (revisado por Yang et al., 2012); possvel a obteno de maior
nmero de CMTH que possuem grande potencial proliferativo ao longo tempo
do cultivo comparadas s originadas da MO de idosos (Petsa et al., 2009;
Revisado por Fan et al., 2011); so hipoimunognicas, enquanto as CTE
podem provocar uma resposta imunolgica depois do transplante (Revisado
por Bieback e Brinkmann, 2010).
As vantagens descritas acima colocaram as CTMH do cordo como uma
importante fonte alternativa de clulas para uso na terapia celular. Vrios
estudos j demonstram seu potencial em regenerao cutnea (Revisado Yang
et al., 2012), cardiomiognico (Roura et al., 2010; Bai et al. 2012), em reparo
de danos neurolgicos (Lu et al., 2012; Dalous et al., 2012, Koh et al.,2008).
Em uma consulta ao banco de dados do Instituto Nacional de Sade dos
Estados Unidos (http://www.clinicaltrials.gov), utilizando os termos Umbilical
Cord e Mesenchymal Stem Cell, acessado no dia 30 de agosto de 2012, foram
encontrados 43 estudos clnicos registrados, incluindo: hepatite auto imune;
cirrose biliar primria, reconstituio imunolgica de pacientes com HIV; cirrose
heptica; doena de Alzheimer; displasia broncopulmonar; esclerose lateral
amiotrfica; nefrite lpica; colite ulcerativa; diabetes tipo 1; cardiopatia dilatada
idioptica; ataxia hereditria; esclerose mltipla e neuromielite ptica; distrofia
muscular de Duchene; artrite reumatoide e queimadura aguda.
As CTMH podem ser obtidas de vrios constituintes do cordo: sangue
do cordo umbilical, da geleia de Wharton, regio perivascular, e do endotlio
da veia (Troyer e Weiss, 2008). Em 2009, tambm foram isoladas das artrias
(Ishige et al., 2009). Desde 1998 o sangue do cordo umbilical tem sido
utilizado para transplante de clulas-tronco hematopoiticas. Em 2000, foi
identificada a presena de CTMH no sangue do cordo umbilical (Erices et al.,
2000). Posteriormente, outros estudos apontaram o sangue como fonte dessas
clulas (Lee et al., 2004; Goodwin et al., 2001; Bieback et al., 2004). No
entanto, em 2001, Mareschi e colaboradores tentaram isolar CTMH da MO e do
25
sangue do cordo, obtendo sucesso apenas com a MO. Outros estudos
tambm falharam ou tiverem uma eficincia de isolamento muito baixa (Wexler
et al., 2003; Romanov et al., 2003). Tais resultados motivaram pesquisas por
novas fontes de CTMH, levando descoberta da presena de CTMH no
endotlio da veia do cordo (Romanov et al., 2003; Covas et al., 2003) e da
geleia de Wharton (Wang et al., 2004; Fong et al.; 2007). Posteriormente,
outros pesquisadores documentaram a presena de CTMH numa regio que
fica ao redor dos vasos umbilicais (Baksh et al., 2007; Sarugaser et al., 2005).
Apesar de muitas partes do cordo serem fontes de CTMH com
fentipos muito semelhantes, algumas diferenas tm sido documentadas em
relao sua eficincia de isolamento, capacidade de expanso e de
diferenciao. Um estudo comparando a eficincia de obteno de CTMH a
partir do sangue e de todo o tecido do cordo revelou que o sucesso de
isolamento do primeiro muito baixo, ao contrrio da eficincia de 100% obtida
a partir do segundo. Os autores sugeriram que nos bancos de cordo deveriam
ser estocados tanto o sangue como o tecido (Secco et al., 2008). A baixa
quantidade de clulas e taxa de crescimento das CTMH do UCB so
considerados fatores limitantes para seu uso na medicina regenerativa (Musina
et al., 2007). Fong e colaboradores (2010) tambm identificaram o tecido do
cordo como ma fonte mais rica em CTMH e que sua capacidade proliferativa
maior do que as do sangue do cordo. No entanto, um novo mtodo de
obteno das CTMH do sangue do cordo foi mais eficiente e sugere que esta
fonte ainda possa se constituir em uma alternativa importante (Hussein et al.,
2012). Outro estudo tambm concluiu que a capacidade de expanso das
clulas estromais da geleia de Wharton maior do que as obtidas dos vasos
do cordo (Karahusevinoglu et al., 2007). O tempo necessrio para dobrar a
populao (PDT) das CMTH dos vasos do cordo de at 60 horas (Sarugaser
et al., 2005), enquanto o PDT das obtidas dos vasos do cordo de 24 a 25
horas (Fong et al., 2010). Alguns pesquisadores demonstraram que CTMH
derivadas dos vasos do cordo umbilical compartilham morfologia, marcadores
imunofenotpicos e capacidade de diferenciao similares quelas da MO
(Romanov et al., 2003; Covas et al., 2003; Kim et al., 2004; Panepucci et al.,
2004; Kadivar et al., 2006; Ishige et al., 2009; Li et al., 2010).
26
As diferenas citadas acima podem ocorrer devido aplicao de
metodologias distintas de isolamento e condies de cultura, prpria
identidade biolgica dos doadores, ou por outro lado, sugerir potencialidades
distintas para estas populaes celulares. Apesar de existirem vrios trabalhos
sobre CTMH isoladas de tecidos umbilicais, o conhecimento biolgico e
gentico sobre elas ainda insuficiente para que o seu potencial teraputico
seja explorado com segurana e eficcia, sobretudo no que diz respeito s
CTMH isoladas da veia do cordo umbilical humano. Alm disso, o uso dessas
clulas na clnica depende de seu isolamento e expanso in vitro. Portanto,
informaes sobre as propriedades biolgicas dessas clulas aps um longo
perodo de cultivo pode auxiliar na elaborao de novas estratgias que
assegurem e monitorem a manuteno do fentipo de clula-tronco,
oferecendo maior garantia e segurana para seu uso nos tratamentos clnicos.
2.3. Senescncia celular
O processo de senescncia celular foi originalmente caracterizado pela
capacidade limitada de diviso celular de fibroblastos humanos in vitro por
Leonard Hayflick e Paul Moorhead (1961), sendo chamada de senescncia
replicativa. Posteriormente, esta condio foi atribuda diminuio do
comprimento dos telmeros e ausncia da telomerase. Adicionalmente,
muitas clulas somticas humanas sofrem senescncia replicativa in vitro
(revisado Chen et al., 2007). Um estudo desenvolvido por Takubo e
colaboradores (2010) demonstra que o envelhecimento dos tecidos in vivo
tambm deve estar relacionado ao encurtamento dos telmeros. Estes
pesquisadores observaram que, com poucas excees, principalmente crebro
e miocrdio, a taxa de reduo do telmero (pb/ano) muito semelhante em
mais de duas dezenas de tecidos retirados de pacientes humanos na faixa
etria de recm-nascido at 100 anos. Estudos adicionais demonstraram que o
telmero encurtado se constitui como um stio de leso no DNA e que este
ativa uma resposta ao dano no DNA (DDR DNA damage response))
envolvida com a senescncia replicativa (revisado Chen et al., 2007). O
desgaste acelerado do telmero est implicado com vrias doenas humanas
relacionadas idade como, aumento de risco ao desenvolvimento de cncer,
doena de Alzheimer, sndromes progerides (por exemplo, Werner e Bloom),
27
Diabete Mellitus, osteoartrite, aterosclerose, diminuio da cicatrizao de
feridas e da resposta imune (revisado por Bekaert et al., 2005).
Alm do encurtamento dos telmeros, outros fatores esto associados
senescncia celular, tais como estresse oxidativo (Toussaint et al., 2000);
senescncia prematura induzida por estresse (Serrano e Blasco, 2001;
Toussaint et al., 2000); ativao de oncogenes (revisados por Prieur e Peeper,
2008); e ativao da DDR (revisado por dAdda di Fagagna, 2008).
Resumidamente, o mecanismo de senescncia celular pode ser explicado da
seguinte maneira: danos no DNA (causados por vrios tipos de estresse como,
disfuno telomrica; quebras de dupla fita; estresse oxidativo; e ativao de
oncogenes) resultam na ativao da DDR promovendo a parada no ciclo
celular de forma irreversvel, mesmo na presena de fatores de crescimento
(revisado por Magalhes, 2004).
Alguns estudos tem contribudo para uma contribuio na compreenso
de mecanismos moleculares senescncia envolvidos com a parada do ciclo
celular. Genes como CCNA2, que promovem a proliferao celular, podem ter
sua expresso inibida. Alguns trabalhos demonstram que genes supressores
tumorais, como P16/RB e P53/p21, podem levar formao de SAHF. Estes
genes fazem parte da via DDR relacionada senescncia (Revisado por Sikora
et al., 2011). Tambm foi observado que nas clulas senescentes so
formados focos de heterocromatina (SAHF- senescence-associated
heterochromatic foci), que podem contribuir para a natureza irreversvel da
senescncia.
Assim, basicamente, em virtude de uma clula senescente sofrer uma
parada no ciclo celular de forma irreversvel, este processo considerado
como uma proteo contra o desenvolvimento do cncer (Braig et al., 2005;
Chen et al., 2005; Collado et al., 2005; Courtois-Cox et al., 2006; Michaloglou et
al., 2005). No entanto, as clulas senescentes no sofrem apenas parada do
ciclo celular, estas sofrem alteraes no seu fentipo, afetando sua morfologia
e funo (CampisiedAdda di Fagagna, 2007). Elas adquirem aumento do seu
tamanho, numerosos grnulos no seu citoplasma e aumento da atividade de
beta galoctosidase. Outra caracterstica que clulas senescentes exibem
instabilidade cromossmica (Arendt et al., 2009; MosieniakeSikora, 2010;
28
Wojda et al., 2006) e adquirem um fentipo secretoma caracterstico, chamado
de fentipo secretrio associado senescncia (SASP - senescent-associated
secretory phenotype). Ele compreende o aumento no nvel de liberao de
mais de 40 fatores que atuam na sinalizao celular, fatores de crescimento,
proteases, entre outros (Revisado por Davalos et al., 2010). Foi proposto que o
SASP contribui para a manuteno da senescncia no tecido e para o
desenvolvimento de doenas relacionadas idade e d suporte
carcinognese (Revisado por Sikora et al., 2011). Contudo, detalhes
moleculares das redes de interaes de vias relacionadas ao processo de
senescncia celular ainda precisam ser elucidados para uma melhor
compreenso sobre a sua ligao com o envelhecimento in vivo, com o
surgimento de doenas e com o cncer.
No indivduo adulto, a homeostasia do tecido se d por meio da
renovao e diferenciao de clulas-tronco somticas, especficas de cada
tecido. Durante o envelhecimento, fatores ambientais, o gentipo do indviduo e
fatores estocsticos podem induzir gradualmente alteraes genticas e
epigenticas que causam um declnio das funes de clulas-tronco que pode
ser a origem das doenas metablicas, degenerativas, cncer e o
envelhecimento dos indivduos (Revisado por Rodrguez-Rodero, et al. 2011).
Esta proposio est em conformidade com a observao de que o
envelhecimento afeta a renovao e a capacidade de diferenciao de CTMH
residentes no tecido adiposo e na MO de indivduos mais velhos (Alt et al.,
2012; Kretlow et al., 2008; Chen et al., 2009), bem como a morfologia das
CTMH obtidas da MO em indivduos idosos (Zaim et al., 2012). As vias
envolvidas com as alteraes na sequncia do DNA no envelhecimento das
clulas-tronco somticas no so claras, mas alguns estudos sugerem que o
comprimento do telmero ou deficincias no reparo possam fazer parte destas
rotas (Revisado por Rodrguez-Rodero et al., 2011).
Algumas caractersticas de senescncia replicativa j foram descritas em
CTMH cultivadas aps longo tempo in vitro. Wagner e colaboradores (2008)
estudaram o efeito da senescncia replicativa de MO-CTMH, comparando as
clulas na passagem 7 e na passagem 12. Os resultados deste trabalho
demonstraram que as MO-CTMH na passagem mais tardia apresentaram uma
capacidade finita de diviso celular; alteraes na sua morfologia, tornaram-se
29
maiores; declnio na expresso de marcadores moleculares especficos, bem
como, diminuio de seu potencial de diferenciao adipognico e aumento do
osteognico. Outros autores demonstram que as MO-CTMH perdem
gradualmente sua capacidade progenitora (Banfi et al.,2000). Alm destas
consequncias funcionais, o co-cultivo de CTMH com HSC evidenciou que
quando foi utilizado CTMH de passagens tardias houve um aumento da
proliferao de clulas progenitoras hematopoiticas enquanto que com CTMH
de passagens iniciais as HSC mantiveram um fentipo mais primitivo (Walenda
et al., 2009). Como j foi descrito que a secreo de fatores de crescimento e
citocinas por fibroblasto pode ser influenciada pelo tempo de cultura (Coppe et
al. 2008), uma sugesto que as funes imunomoduladoras de CTMH
possam ser alteradas durante a expanso na cultura por alterao no seu perfil
secretrio.
Os estudos de senescncia celular tm utilizado o nmero de
passagens, o tempo para duplicao da populao (PD- Population doublings);
e a deteco da -galactosidase (SA--gal), para identificar as clulas
senescentes aps sua expanso. O nmero de passagens representa o
nmero de vezes que a cultura foi expandida. O tempo requerido para isto
depende do nmero de clulas semeadas inicialmente, o qual afeta o momento
em que elas alcanam a confluncia, e, consequentemente, a frequncia da
passagem. Portanto, podem haver diferenas laboratoriais produzindo artefatos
no estudo da senescncia. O PD o quociente entre o nmero de clulas
colhidas dividido pelo nmero de clulas que foram inicialmente semeadas. No
entanto, este nmero expressa apenas o nmero cumulativo de divises
celulares de toda a cultura, independentemente de clulas individuais; algumas
clulas podem ser perdidas durante a lavagem; e j documentado que h
diferenas entre PD sob mesma condio de cultura entre doadores. O ensaio
da enzima SA--gal um mtodo bem estabelecido que pode ser aplicado em
preparaes de CTMH. Embora ele no facilite a quantificao absoluta de
clulas senescentes, a enzima ativa apenas em senescentes e no em
quiescentes, pr-senescentes, ou diferenciadas (Revisado por Wagner et al.,
2010). Entretanto, em culturas confluentes pode ocorrer a colorao com a SA-
-gal que aumentada pela inibio por contato (Gary e Kindell, 2005).
30
2.4. Estabilidade genmica das CTMH ao longo tempo de cultivo
A proliferao das clulas em cultivo usualmente maior do que in vivo,
com isso elas esto sujeitas a acumular mais danos no DNA quando
expandidas in vitro. Diversos estudos relatam que o tempo de cultivo pode
levar aquisio de alteraes cromossmicas em CTMH humanas (Bochkov
et al., 2007; Maitra et al., 2005; Sareen et al., 2009; Stephenson et al., 2010;
Ueyama et al., 2011;). O mais recente e maior estudo de estabilidade genmica
em clulas-tronco adultas utilizou 400 amostras isoladas de diferentes tecidos
(de MO, tecido adiposo, cordo umbilical e tecidos fetais) e nove amostras de
CTMH derivadas de CT embrionrias. Estes autores encontraram nove
alteraes em seis das 144 amostras de CTMH analisadas, uma frequncia de
4%, menor do que a encontrada em CT neurais e CT pluripotentes induzidas,
ambas apresentaram cerca de 9%. Eles demonstraram que a presena de
alteraes cromossmicas uma caracterstica comum de clulas-tronco
propagadas in vitro, e sugeriram que cada tipo de clula-tronco tem uma
predisposio a adquirir um conjunto particular de alteraes cromossmicas.
Em CTMH foi identificada uma tendncia ao surgimento de monossomia, uma
delas foi do cromossomo 13. Tal alterao relacionada com tumores
mesenquimais, frequente em tumores de tecidos moles e osso (lipomas,
condrossarcomas e osteossarcomas) (Ben David et al., 2011). Alm disso, em
modelos animais, CTMH expandidas in vitro apresentam uma alta
susceptibilidade transformao maligna (Miura et al., 2006; Tolar et al., 2007;
Ren et al., 2011).
No entanto, h tambm alguns estudos que no encontraram
aberraes cromossmicas em MO-CTMH aps sua expanso in vitro (Zhang
et al., 2007; Choumerianou et al., 2008; Spees et al., 2004; Bernardo et al.,
2007 a, b). CTMH isoladas de lquido amnitico e da vilosidade corinica,
expandidas at chegar senescncia, apresentaram caritipo normal,
indicando que as CTMH fetais so estveis e podem ser usadas na medicina
regenerativa (Poloni et al., 2011). Descries de transformao espontnea in
vitro em CTMH humanas (Rubio et al., 2005; Rosland et al., 2009), foram
desvalidadas pela retratao destes trabalhos, afirmando que os resultados de
31
transformao encontrados foram originados de contaminao cruzada (de La
Fuente et al., 2010; Torsvik et al., 2010). Contudo, a presena de aneuploidia
em vrias preparaes de MO-CTMH para aplicao clnica foi observada
depois de seu cultivo. No entanto, como valores de expresso de genes
relacionados transformao estavam normais, os autores sugeriram que
aneuploidia poderia aparecer durante a expanso, mas isso no significaria
uma transformao, e sim uma senescncia celular (Tarte et al., 2010). Depois
disso, as pesquisas clnicas com CTMH na Frana foram liberadas, mesmo
sendo identificadas aneuploidias.
A inexistncia de alteraes cromossmicas tambm foi relatada em
CTMH do cordo umbilical expandidas in vitro (Spees et al., 2004). Um estudo
com infuso de CTMH em modelos animais revelou que em nenhum dos
camundongos tratados com CTMH da geleia de Wharton houve o
aparecimento de doena e nem reaes inflamatrias (Fong et al., 2010;
Gauthaman et al., 2012). Estes estudos indicam que as CTMH do cordo
umbilical so hipoimunognicas e no tumorignicas, com grande potencial
para o uso seguro na terapia celular. Nekanti e colaboradores (2010)
observaram caritipos normais de CTMH da geleia de Wharton expandidas at
a passagem 20. Duarte e colaboradores (2012) encontraram um grande
nmero de alteraes cromossmicas aps a criopreservao das UV-CTMH
de um dos cordes, entretanto, nenhuma alterao clonal foi observada.
Apesar da maioria dos achados apontarem para uma maior estabilidade
das CTMH comparadas aos outros tipos de clulas-tronco, embrionrias e
pluripotentes induzidas, os relatos do surgimento de alteraes cromossmicas
em cultura merecem ateno, uma vez que estas podem estar relacionadas
com os eventos de insucesso da terapia celular, ou de carcinognese. O efeito
de alteraes cromossmicas na biologia das CTMH expandidas in vitro deve
ser estudado por uma investigao mais detalhada que fornea conhecimentos
moleculares dos processos celulares afetados.
32
2.5. Microarranjos e Estudos de expresso gnica em CTMH
Uma maneira de conhecer a funo dos genes por monitoramento da
expresso de milhares de genes em uma amostra sobre uma determinada
condio. O conjunto de molculas de RNA transcritas de um genoma
chamado de transcriptoma. O mtodo mais comum para sua avaliao o de
microarranjos (Auer et al., 2009; Hey e Pepper, 2009). Eles so um conjunto de
sequncias de DNA (DNA complementar ou oligonucleotdeo) construdas
artificialmente, complementares aos transcritos dos genes que se deseja
interrogar a expresso, e distribudas em stios especficos (spots ou probe cell)
em uma superfcie slida. Cada spot contm centenas de cpias das
sequncias de desoxirribunucleotdeos complementares a um nico RNA alvo
(Revisado por Bute, 2002).
Na pesquisa mdica, o estudo do perfil de expresso por microarranjos
surge como uma ferramenta til para melhor compreenso de doenas,
identificao de novos alvos teraputicos, e subclassificao de doenas para
identificar estratgias mais individualizadas de tratamento (Revisado por Auer
et al., 2009). Em outras pesquisas bsicas e aplicadas, sua anlise tem como
objetivo acessar o perfil molecular de uma dada amostra; descobrir novos
biomarcadores; ou fornecer informaes para fazer novas anotaes do
genoma. As duas anlises principais deste mtodo consistem em testar genes
diferencialmente expressos entre duas ou mais condies, e identificar as
categorias funcionais mais representadas pelos genes diferencialmente
expressos em um estudo (Revisado por Kauffmann e Huber, 2010).
Na ultima dcada, os avanos nesta tecnologia, bem como o
desenvolvimento de programas para a anlise dos seus dados, aumentaram a
confiabilidade, sensibilidade e reprodutibilidade desta tcnica, por exemplo, por
meio de um melhor controle da qualidade de dados (Revisado por Kauffmann e
Huber et al., 2010; Revisado por Snchez-Pla et al., 2012). Dentre as vrias
plataformas de microarranjos disponveis, GeneChips Affymetrix so os mais
frequentemente usados para analisar perfil de expresso, mais de 3000
publicaes cientficas descreveram resultados com esta tecnologia (Auer et
al., 2009). Estes microarranjos consistem numa matriz de alta densidade de
oligonucleotdeos, e cada transcrito detectado por um grupo particular de
33
sequncias de sondas com 25 nucleotdeos, conhecidos como um conjunto de
sonda (probe set). O agrupamento das intensidades em vrias sondas resulta
em uma medida nica de expresso de um gene. Um dos microarranjos da
affymetrix, o GeneChip Human Genome U133 plus 2.0 Array (HG U133
Plus 2.0). Neste h 1.300.000 oligonucleotdeos nicos cobrindo mais de
47.000 transcritos e variantes (acessado em:
http://media.affymetrix.com/support/technical/datasheets/hgu133arrays_datash
eet.pdf, no dia 08 de setembro de 2012).
Embora ainda haja algumas limitaes na tcnica de microarranjos,
como sua incapacidade de descoberta de novos RNA mensageiros, ela
considerada uma tecnologia consolidada para anlise de transcriptoma
utilizada a mais de uma dcada. Mais recentemente, muita ateno tem sido
dada ao sequenciamento de RNA (RNA-seq). Esta nova abordagem, uma das
tcnicas de sequenciamento de ltima gerao (next-generation sequencing
NGS), supera as limitaes da primeira. No entanto, acredita-se que sua
existncia no extinguir a utilizao dos microarranjoss. A escolha dever se
dar pelo custo, disponibilidade, e a necessidade de cada pesquisa (Revisado
por Snchez-Pla et al., 2012).
Recentemente, um banco de dados denominado Stem Base
(http://www.stembase.ca/?path=/) foi desenvolvido com o propsito de oferecer
uma interface entre os dados gerados pela Rede Canadense de Clulas-
tronco, para facilitar a descoberta de funes de genes relevantes no controle e
diferenciao celular. Este banco disponibiliza trs opes para seu uso:
pesquisa por experimentos, busca por amostras ou sondas, e anlises de
dados de expresso do banco a partir de uma lista de genes de interesse do
usurio. Dados de Microarranjos da Affymetrix de 50 amostras de clulas-
tronco humanas foram depositados no Stem Base. Dentre estas, a maioria de
clulas-tronco hematopoiticas e no h nenhuma amostra de CTMH humana,
apenas 18 de clula-tronco mesenquimal de camundongo (Sandie et al., 2009).
Os estudos de anlise de expresso gnica global em CTMH tm
focado, basicamente, em dois aspectos: no processo de diferenciao celular
(Kock et al., 2011; Menssen et al., 2011; Roobrouck et al., 2011; Yoo et al.,
2011) e nas diferenas entre CTMH de fontes distintas (Jansen et al., 2010;
Miranda et al., 2012; Panepucci et al., 2004; Secco et al., 2009; Tsai et al.,
34
2007; Weng et al., 2011; Kim et al., 2011). CTMH isoladas a partir da veia do
cordo so funcionalmente semelhantes s MO-CTMH, mas genes
diferencialmente expressos podem refletir as diferenas relacionadas aos seus
locais de origem: MO-CTMH seriam mais comprometidas com a osteognese,
enquanto CTMH do cordo seriam mais comprometidas com a angiognese
(Panepucci et al., 2004). Uma comparao, mais recente, de dados de
transcriptoma e protemica entre CTMH da veia do cordo e MO-CTMH,
encontrou alguns genes/protenas diferencialmente expressos, mas que
participam de funes celulares semelhantes (Miranda et al., 2012).
Os estudos descritos acima mostram que CTMH residentes em locais
distintos guardam muitas semelhanas, sugerindo uma origem comum, e
diferenas que possivelmente refletem distintas propriedades biolgicas
adquiridas pelo seu nicho natural (tais como, potenciais de proliferao e
diferenciao), que, talvez, possam ser modificadas com a escolha adequada
das condies de cultivo. Por exemplo, a substituio do meio de cultivo de
CTMH pelo de MAPC (Multipotent Adult Progenitor Cells), tornou as CTMH
capazes de se diferenciar em clulas semelhantes s endoteliais e aumentou a
expresso de cinco transcritos endoteliais (CD34, VWF, FLK1, FLT1, TIE2)
(Roobrouck et al., 2011).
Alguns trabalhos sugerem que o tempo de cultivo afeta a expresso
gnica. MO-CTMH na passagem 10, cultivadas em Soro Fetal Bovino (SBF),
que tiveram diversos transcritos regulados positivamente, incluindo alguns
envolvidos com a inibio do ciclo celular. Enquanto, que MO-CTMH na mesma
passagem cultivadas com soro autlogo, mantiveram uma expresso estvel
(Shahdadfar et al., 2005). Um estudo, utilizando um arranjo de baixa densidade
(Human Stem Cell Pluripotency Low Density), contendo marcadores de clulas-
tronco indiferenciadas e alguns de linhagens no estgio inicial de diferenciao,
verificou que a expresso de alguns marcadores de clulas indiferenciadas
diminuiu em CTMH da geleia de Wharton e MO-CTMH nas passagens tardias
(P15-p20), sendo observada uma maior diminuio em MO-CTMH, sugerindo
uma manuteno do fentipo de clula-tronco mais forte em CTMH da geleia
de Wharton comparadas s MO-CTMH aps expanso in vitro (Nekanti et al.,
2010). O transcriptoma de MO-CTMH e ASC humanas, na passagem 20 (P20)
e 30 (P30), respectivamente, no foi afetado de maneira significativa. No
35
entanto, esse mesmo estudo detectou diminuio na quantidade da protena
p53 em ASC em P30. O estudo ainda comparou estas linhagens com as
mesmas obtidas de macaco Rhesus em passagens iguais, sendo observada
uma alterao significativa no perfil de expresso de genes envolvidos com o
ciclo celular, resposta ao dano e reparo do DNA, tais como TP53. A diminuio
da expresso da p53 pode estar relacionada com a menor taxa de apoptose
nas ASC humanas e de clulas-tronco mesenquimais de MO de Rhesus na
passagem 30, bem como associada com o fato de que estas ltimas
puderam ser cultivadas alm da passagem 30 (Izadpanah et al., 2008).
Uma anlise de expresso gnica, por meio de protemica, de CTMH da
geleia de Wharton depois da expanso in vitro at a 12 passagem, revelou
que diversas protenas, incluindo Shootin1, Adenilatoquinase 5 isoenzima e
inibidor do ativador do plasminognio-2 j no so expressas aps a passagem
2, sugerindo que a potncia proliferativa destas clulas reduzida aps a sua
fase inicial de crescimento in vitro. Este estudo tambm observou que na ltima
passagem analisada, houve o surgimento de novas protenas, incluindo, ERO1-
alfa, aspartil-tRNA sintetase e prolil-4-hidroxilase, indicando que estas
protenas estejam envolvidas na dificuldade de sobrevivncia e diferenciao
celular aps o tempo de cultivo (Angelucci et al., 2010). O perfil de expresso
gnica de CTMH de diferentes origens (lquido amnitico, membrana amnitica,
sangue do cordo, e MO) permaneceu estvel entre as passagens 3 e 6,
durante a cultura in vitro , e depois da criopreservao (Tsai et al., 2007).
36
3.0. OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivo geral analisar o efeito da
senescncia no perfil de expresso gnica das CTMH/inv, que tm a inverso
cromossmica (inv(3)(p13p25~26), e das CTMH/n, que apresentam caritipo
constitucional normal, sob as mesmas condies de cultivo, bem como
comparar, pela primeira vez, o perfil de expresso gnica de CTMH/inv com o
perfil de CTMH/n jovens e senescentes.
Objetivos especficos:
Identificar o nmero de passagens in vitro necessrio para
obteno de uma cultura celular senescente;
Verificar se h diferena entre o perfil de expresso de
senescentes vs jovens em cada CTMH/inv e CTMH/n;
Verificar se h diferena entre o perfil de expresso de CTMH/inv
vs CTMH/n, jovens e senescentes;
Verificar se a expresso diferencial de genes identificados na
anlise de microarranjos corroborada por PCR em tempo real;
Identificar as categorias funcionais mais representadas pelos
genes diferencialmente expressos para cada comparao;
Construir redes de interao gnica e identificar gargalos destas
redes para auxiliar na interpretao biolgica dos processos
afetados.
37
4.0. MATERIAL E MTODOS
4.1. Isolamento e Caracterizao das CTMH
No presente trabalho, foram utilizadas CTMH obtidas do endotlio da
veia do cordo umbilical de trs doadores. Os cordes foram coletados na
maternidade Janurio Cicco da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). Todas as mes que doaram os cordes assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido de acordo com aprovao do Comit de
tica em Pesquisa da UFRN sob o protocolo n. FR132464. Os procedimentos
realizados para a coleta de todos os cordes, bem como o isolamento, a
caracterizao imunofenotpica por citometria de fluxo, as diferenciaes
adipognica, osteognica e condrognica, e a anlise citogentica das CTMH
do endotlio da veia do cordo seguiram os protocolos realizados por Duarte et
al. (2012).
As CTMH isoladas dos trs cordes umbilicais foram caracterizadas
citogeneticamente por Cornlio (2012), Um dos cordes tem uma alterao
cromossmica constitucional: inverso paracntrica no brao curto do
cromossomo 3, caritipo: 46,XY,inv(3)(p13p25~26) (Duarte et al. 2012), esta
linhagem aqui denominada como CTMH/inv. Muitas clulas CTMH/inv
senescentes apresentaram instabilidade gentica, caracterizada pelo
surgimento de alteraes cromossmicas, especialmente, associaes
telomricas (tas) e ganho de material gentico do cromossomo 20, que so
alteraes caractersticas de tumor sseo de clulas gigantes (TCG). Os outros
dois cordes possuem caritipo constitucional normal, portanto, no presente
trabalho as CTMH isoladas de tais cordes sero denominadas CTMH/n.
38
4.2. Condies de cultura das CTMH para anlise do seu perfil de
expresso gnica
As clulas recuperadas da criopreservao, conforme protocolo de
Duarte et al. (2012), foram plaqueadas em frascos T25 com meio alfa-MEM
(Gibco), suplementadas com 10% de SFB (Gibco) e 1% de soluo de
antibitico (penicilina e estreptomicina Sigma ou Gibco) e mantidas 37 C
em incubadora umidificada com 5% de CO2. Ao atingir a confluncia de 60-
70%, as clulas foram expandidas utilizando 1mL de 0,25% de tripsina/EDTA
(Invitrogen). Depois de contadas em hemocitmetro com azul de tripan (Gibco),
as clulas foram plaqueadas novamente em uma concentrao de 4000
clulas/cm2 em diferentes frascos de cultura, este procedimento caracteriza
uma passagem (P) celular. As clulas foram monitoradas em microscpio
invertido (CKX 41, OLYMPUS) e a troca de meio foi realizada a cada 72 horas
ou quando o meio ficava amarelado, indicativo de mudana de pH.
A expanso teve continuidade at a passagem 18 para obteno das
amostras para anlise de expresso gnica das CTMH obtidas de dois cordes
(cordo 10 caritipo normal - com 9 replicatas experimentais e cordo 04
inv(3)(p13-25~26) - com 6 replicatas experimentais), e at a 9 passagem para
CTMH do outro cordo (cordo 12 caritipo normal com 3 replicatas
experimentais), seguindo as mesmas condies de cultivo descritas acima.
Portanto, as passagens de cultura utilizadas para as anlises do perfil de
expresso gnica foram:
a) Passagem 9 consideradas como CTMH jovens isoladas do cordo
com inverso (grupo CTMH/inv) e de dois cordes com caritipo
constitucional normal (grupo CTMH/n).
b) Passagem 18 consideradas como CTMH senescentes isoladas do
cordo com inverso (grupo CTMH/inv) e de um cordo com caritipo
constitucional normal (grupo CTMH/n).
Aps a passagem 18, as clulas foram expandidas at o momento
em que no foi possvel realizar um novo subcultivo, isto ocorreu na passagem
39
24. Nessa ltima passagem, as clulas foram mantidas em cultivo com trocas
de meio e monitoradas diariamente pela observao em microscpio invertido.
4.3. Caracterizao das CTMH senescentes
As clulas foram definidas como senescentes ao se visualizar em
microscpio invertido (CKX 41, OLYMPUS) as seguintes caractersticas:
aumento do tamanho celular, alterao na morfologia, aumento na presena de
clulas vacuolizadas, diminuio da capacidade proliferativa e maior proporo
de clulas flutuantes no meio de cultura.
Alm disso, foi realizado o ensaio para deteco da atividade da -
galactosidase em pH 6,0, utilizando o Kit Senescence - galactosidase da Cell
Signaling Technology, conforme as instrues do fabricante (Chemicon, USA)
Resumidamente, as clulas foram fixadas durante 5 min temperatura
ambiente em soluo fixadora 1X, em seguida, foram lavadas e incubadas
durante a noite 37 C com soluo de colorao SA--gal. Posteriormente,
as clulas foram lavadas com PBS e visualizadas utilizando um microscpio de
luz. As clulas que apresentaram colorao verde foram consideradas
senescentes. Para evitar a interferncia da confluncia celular, o ensaio foi
realizado em culturas com 60% de confluncia em triplicatas experimentais.
4.4. Extrao de RNA
O RNA total foi extrado de 1x106 clulas (~90% de confluncia) em dois
momentos: na passagem 9, caracterizadas como clulas jovens das CTMH/inv
(obtidas do cordo 04) e CTMH/n (obtidas dos cordes 10 e 12); e na
passagem 18, caracterizadas como senescentes das CTMH/inv (obtidas do
cordo 04) e CTMH/n (obtidas do cordo 10).
O protocolo da extrao seguiu as instrues contidas no manual do
RNeasy mini kit (Qiagen). O RNA extrado foi mantido -80 C at sua
utilizao nos ensaios de expresso gnica. A sua avaliao quanto
integridade e quantidade foi, respectivamente, realizada por ensaios utilizando
o Agilent 2100 Bioanalyzer RNA (Agilent Technologies) e o espectrofotmetro
NANODROP (Nano Drop Technologies Inc.), seguindo as instrues dos
manuais dos mesmos. Todos os parmetros exigidos para publicao
40
utilizando o mtodo de reao em cadeia de polimerase com transcriptase
reversa (RT-PCR) em tempo real foram devidamente avaliados conforme
descritos por Bustin e colaboradores em 2009. Todas as amotras de RNA
utilizadas para os ensaios de microarranjos e de RT-PCR em tempo real
apresentaram RIN 9,0 e razo 260/280 prxima ao valor 2,0.
41
4.5. Preparao do RNA, Hibridizao e Captura da imagem do
Microarranjos.
Do RNA total extrado de cada replicata de todas as CTMH/n e
CTMH/inv, jovens e senescentes, 100 ng foi utilizado para a marcao
utilizando o GeneChip 3 IVT Express Kit (Affymetrix Inc.) de acordo com as
instrues do mesmo. Resumidamente, a primeira fita cDNA foi sintetizada
pela transcrio reversa utilizando um primer oligo dT etiquetado com um
promotor T7 a partir do RNA total 42 C por 2 horas. Este cDNA foi ento
convertido em dupla fita utilizando a complementariedade do promotor T7 da
primeira fita do cDNA 16 C por 1 hora. Posteriormente, foi realizada uma
transcrio in vitro para sintetizar RNA marcado (aRNA) por meio da
incorporao de nucleotdeos conjugados com biotina 40 C por 16 horas. O
aRNA foi ento purificado por microesferas magnticas e 15 g deste foi
fragmentado 94 C por 35 minutos. O aRNA purificado e fragmentado foi
mantido -20 C at sua hibridizao no Laboratrio Nacional de Luz Sncroton
(LNLS) em Campinas-SP. Depois, 12,5 g do aRNA fragmentado foi
hibridizado no microarranjo Affymetrix Human Genome U133 plus 2.0 arrays,
juntamente com os controles e a soluo de hibridizao conforme indicado
pelo Hybridization, Wash, and Stain Kit (Affymetrix Inc). Em seguida, os
microarranjos foram mantidos em uma incubadora, Genechip Hybridization
Oven-640 (Affymetrix Inc), com rotao de 60rpm 45C por 16 horas. Depois,
os microarranjos foram lavados na estao de lavagem, Genechip Fluidics
Station-450 (Affymetrix Inc), e corados para amplificao do sinal com o
Hybridization, Wash, and Stain Kit (Affymetrix Inc), como indicado pelo manual
do fabricante. Os microarranjos foram escaneados com o Affymetrix Gene-Chip
Scanner-3000-7G (Affymetrix Inc). A qualidade da hibridizao foi avaliada pelo
Affymetrix GCOS software seguindo as instrues do fabricante.
4.6. Anlises dos dados de microarranjos
Os dados obtidos da hibridizao foram monitorados quanto sua
qualidade inserindo os arquivos CEL no programa Expression Console Version
1.1 (Affymetrix) utilizando o padro do algortimos RMA (Robust Multi-array
Analysis). Foram observados todos os parmetros de qualidade conforme
42
recomendado pelo fabricante. Subsequentemente, os arquivos CEL foram
importados para o programa Partek Genomic Suite (version 6.4; Partek Inc.,
St. Louis, MO) utilizando o algortimo RMA para sumarizao e normalizao
com correo de background CG. O sinal de cada transcrito foi calculado
utilizando a mdia das intensidades de cada probset correspondente ao
mesmo transcrito. A correspondncia entre as replicatas experimentais foi
realizada utilizando anlise de componente principal e de correlao de
Pearson. Posteriormente, para identificao dos genes diferencialmente
expressos foi aplicado o teste ANOVA (one-way analysis of variance) com
correo Bonferroni. Foi considerado estatisticamente significativo os genes
com o valor de p 0,001 com correo Bonferroni e com o fold change 3,0. Os
perfis de expresso gnica comparados foram:
a) CTMH/n senescentes (replicatas do cordo 10) vs CTMH/n jovens
(replicatas do cordo 10);
b) CTMH/inv senescentes (replicatas do cordo 04) vs CTMH/inv
jovens (replicatas do cordo 04);
c) CTMH/inv jovens (replicatas do cordo 04) vs CTMH/n jovens
(replicatas do cordo 10 e 12);
d) CTMH/inv senescentes (replicatas do cordo 04) vs CTMH/n
senescentes (replicatas do cordo 10).
4.7. Avaliao da expresso diferencial por RT-PCR em tempo Real
Para verificar se o perfil de expresso diferencial identificado por
microarranjos reproduzido por outra tcnica, alguns genes de cada
comparao foram selecionados para anlise de expresso por RT-PCR em
tempo Real (qPCR). Para tanto, 1g do RNA total extrado de todas as
amostras foi utilizado para a sntese de cDNA conforme recomendaes do
fabricante do High Capacity cDNA Reverse Transcription Kits (Applied
Biosystems). O cDNA foi mantido -20C at a sua amplificao. 200ng do
cDNA foi amplificado utilizando os ensaios TaqMan Gene Expression Assays
(Applied Biosystems) seguindo os procedimentos conforme sugerido pelo
fabricante. A anlise de expresso gnica foi realizada com o mtodo de
43
quantificao relativa, utilizando o gene YWHAZ como referncia endgena, o
qual j foi identificado como melhor endgeno para CTMH de cordo umbilical
por Wang et al. (2010). O gene foi eleito como endgeno para o qPCR por
meio de anlise de variao de seus valores de expresso nos microarranjos.
A anlise estatstica foi feita utilizando o programa geNorm M. O valor de M
para YWHAZ foi de 0,142, demonstrando uma expresso estvel para este
gene.
Para realizao do qPCR foram selecionados 11 genes (Tabela 1) a
partir da lista do genes diferencialmentes expressos em ambas as
comparaes CTMH/inv jovens vs CTMH/n jovens e em CTMH/inv
senescentes vs CTMH/n senescentes. Foram eleitos conforme seu padro de
expresso, bem como pela sua relevncia biolgica sugerida pelo Igenuity
Analysis Pathway (IPA) (Ingenuity Systems, Redwood City, CA, USA). Todos
os ensaios foram sintetizados pelo servio sondas inventoriadas com
marcao FAM (Applied Biosystems).
Os genes ANKRD1 e MMP1 tambm foram utilizados para comparao
entre as CTMH/n (cordo 10) senescentes vs CTMH/n (cordo 10) jovens. Os
genes SFRP1, G0S2, ANKRD1 e NDN foram utilizados para a comparao
entre as CTMH/inv (cordo 04) senescentes vs CTMH/inv (cordo 04) jovens.
Assim, ao total foram 28 comparaes de expresso gnica entre os dados de
microarranjos e de qPCR.
Gene ID do ensaio
LAMC2 Hs01043711_m1
ANKRD1 Hs00173317_m1
KYNU Hs00187560_m1
MMP1 Hs00899658_m1
MAB21L1 Hs00366575_s1
SFRP1 Hs00610060_m1
NDN Hs00267349_s1
ADORAB2 Hs00386497_m1
CCL7 Hs00171147_m1
G0s2 Hs00274783_s1
ALDH1A1 Hs00946916_m1
YWHAZ Hs03044281_g1
Tabela 1. Ensaios utilizados para o qPCR.
44
4.8. Classificao funcional dos genes diferencialmente expressos
Os genes diferencialmente expressos foram submetidos analise
biolgica utilizando o programa Igenuity Patway analysis (IPA) (Ingenuity
Systems, Redwood City, CA, USA) para identificar as categorias funcionais
mais representadas pelos genes diferencialmente expressos. Os paramtros
selecionados para esta anlise no programa, foram: Reference set Igenuity
Knowlodge Base; Relationship to include Direta and indirect; Includes
Endogenous Chemicall; Filter consider only molecules and/or relationships
where species = human.
4.9. Anlises de biologia de sistemas
As redes de interaes foram construdas utilizando o software STRING
verso 9.0 (Search Tool for the Retrieval of Interacting Genes/Proteins)
(Szklarczyk et al., 2012). Para cada lista de genes diferencialmente expressos
foram construdas duas redes: uma incluindo somente os genes da lista e outra
incluindo genes do genoma humano com o limite de 5