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Transferência de Tecnologia Florestal · Transferência de tecnologia florestal: cultivo de eucalipto em propriedades rurais: diversificação da produção e renda / Emiliano Santarosa,

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Transferência de Tecnologia Florestal

Cultivo de eucalipto em propriedades rurais: diversificação da produção e renda

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Transferência de tecnologia florestal: cultivo de eucalipto em propriedades rurais: diversificação da produção e renda / Emiliano Santarosa, Joel Ferreira Penteado Júnior, Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart, editores técnicos. – Brasília, DF : Embrapa, 2014.138 p. : il. color.; 20 cm x 27,5 cm

ISBN: 978-85-7035-400-6

1. Eucalipto. 2. Sistema de cultivo. 3. Paraná. I. Santarosa, Emiliano. II. Penteado Júnior, Joel Ferreira. III. Goulart, Ives Clayton Gomes dos Reis.

CDD 634.973766 (21. ed.) ______________________________________________________________

© Embrapa 2014

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIPEmbrapa Florestas

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

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Unidade responsável pelo conteúdo e ediçãoEmbrapa Florestas

Comitê de Publicações da Embrapa FlorestasPresidente: Patrícia Póvoa de MattosSecretária-Executiva: Elisabete Marques OaidaMembros: Alvaro Figueredo dos Santos, Claudia Maria Branco de Freitas Maia, Elenice Fritsons, Guilherme Schnell e Schuhli, Jorge Ribaski, Luis Claudio Maranhão Froufe, Maria Izabel Radomski, Susete do Rocio Chiarello Penteado

Supervisão editorial: Patrícia Póvoa de MattosRevisão de texto: Patrícia Póvoa de MattosNormalização bibliográfica: Francisca RascheProjeto gráfico: Luciane Cristine JaquesCapa: Luciane Cristine JaquesEditoração eletrônica: Luciane Cristine JaquesFoto da capa: Luciane Cristine Jaques

1ª edição1ª impressão (2014): 1.000 exemplares

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Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Florestas

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Transferência de Tecnologia Florestal

Cultivo de eucalipto em propriedades rurais: diversificação da produção e renda

Emiliano SantarosaJoel Ferreira Penteado Júnior

Ives Clayton Gomes dos Reis GoulartEditores Técnicos

EmbrapaBrasília, DF

2014

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Álvaro Figueredo dos SantosEngenheiro-agrônomo, doutor em Fitopatologia

Florestal, pesquisador da Embrapa Florestas

Antônio Francisco Jurado BelloteEngenheiro-agrônomo, doutor em Solos e Nutrição

Florestal, pesquisador da Embrapa Florestas

Celso Garcia AuerEngenheiro-florestal, doutor em Fitopatologia

Florestal, pesquisador da Embrapa Florestas

Dalva Luiz de QueirozEngenheira-florestal, doutora em Entomologia

Florestal, pesquisadora da Embrapa Florestas

Edilson Batista OliveiraEngenheiro-florestal, doutor em Manejo Florestal,

pesquisador da Embrapa Florestas

Edinelson José Maciel NevesEngenheiro-florestal, doutor em Nutrição Florestal,

pesquisador da Embrapa Florestas

Edson Tadeu IedeBiólogo, doutor em Entomologia, pesquisador

da Embrapa Florestas

Emiliano SantarosaEngenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia/

Fisiologia e Manejo Vegetal, analista de Transferência

de Tecnologia da Embrapa Florestas

Estefano Paludzyszyn FilhoEngenheiro-agrônomo, doutor em Melhoramento

Genético, pesquisador da Embrapa Florestas

Guilherme de Castro AndradeEngenheiro-florestal,doutor em Silvicultura,

Hidrologia e Ciclagem de Nutrientes, pesquisador da

Embrapa Florestas

Helton Damin da SilvaEngenheiro-florestal, doutor em Silvicultura,

pesquisador da Embrapa Florestas

(in memorian)

Ivar WendlingEngenheiro-florestal, doutor em Silvicultura Clonal

e Propagação de Plantas, pesquisador da Embrapa

Florestas

Ives Clayton Gomes dos Reis GoulartEngenheiro-agrônomo, mestre em Fitotecnia, analista

de Transferência de Tecnologia da Embrapa Florestas

Autores

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Joel Ferreira Penteado JúniorEconomista, mestre em Agronomia, analista de

Transferência de Tecnologia da Embrapa Florestas

José Elidney Pinto JúniorEngenheiro-florestal, doutor em Melhoramento

Genético, pesquisador da Embrapa Florestas

José Mauro Magalhães Ávila Paz MoreiraEngenheiro-florestal, doutor em Economia e

Planejamento Florestal, pesquisador da

Embrapa Florestas

Leonardo Rodrigues BarbosaEngenheiro-agrônomo, doutor em Controle

Biológico e Manejo de Insetos-praga,

pesquisador da Embrapa Florestas

Marcos Silveira WregeEngenheiro-agrônomo, doutor em Agrometeorologia e

Climatologia, pesquisador da Embrapa Florestas

Marilice Cordeiro GarrastazuEngenheira-florestal, mestre em Zoneamento Florestal e

Geoprocessamento, pesquisadora da Embrapa Florestas

Paulo Eduardo Telles dos SantosEngenheiro-agrônomo e Engenheiro Florestal, doutor

em Melhoramento Genético, pesquisador da

Embrapa Florestas

Rosana Clara Victoria HigaEngenheira-agrônoma, doutora em Silvicultura,

pesquisadora da Embrapa Florestas

Vanderley Porfírio-da-SilvaEngenheiro-agrônomo, doutor em Sistema Silvipastoril,

pesquisador da Embrapa Florestas

Washington Luiz Esteves MagalhãesEngenheiro-químico, doutor em Tecnologia da Madeira,

pesquisador da Embrapa Florestas

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A Embrapa Florestas é uma Unidade de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento. Desde a sua criação, em 1978, uma equipe altamente especializada, composta de técnicos, mestres e doutores, com inumeros parceiros de instituiçoes publicas e privadas, coloca a disposição da sociedade brasileira, um significativo numero de tecnologias, serviços e produtos. Eles têm colaborado para o aumento da produtividade, redução dos custos de produção, aumento da oferta de produtos florestais no mercado de forma sustentavel, além da melhoria e conservação do meio ambiente.

A Embrapa Florestas tem como missão viabilizar soluçoes de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade florestal em benefício da sociedade brasileira. Como visão de futuro, busca ser um centro de excelência na geração de conhecimento, tecnologia e inovação para a produção florestal sustentavel e a conservação e uso da biodiversidade brasileira.

Com base nestes objetivos, o presente material foi elaborado com o propósito de auxiliar na capacitação de técnicos e produtores rurais em florestas plantadas, com ênfase no cultivo de eucalipto. Nesta publicação são apresentados de forma resumida os aspectos basicos de implantação e manejo de cultivos de eucalipto, bem como, a importancia do planejamento para inserção adequada do componente florestal em propriedades rurais, como estratégia para diversificação da produção e renda.

Apresentação

Edson Tadeu IedeChefe-Geral

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Sumário

Histórico do cultivo de eucalipto_ _ _ _ _11

Importancia sócioeconômica e principais usos do eucalipto_ _ _ _ _13

Critérios para escolha de eucaliptos para plantio_ _ _ _ _23

Espécies de eucalipto potenciais para reflorestamento no Estado do Paraná_ _ _ _ _27

Produção de mudas de eucalitpo_ _ _ _ _41

Implantação de cultivos de eucalipto_ _ _ _ _43

Amostragem para análise de solo_ _ _ _ _55

Adubação_ _ _ _ _59

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Tratos silviculturais: desrama e desbaste_ _ _ _ _61

Controle de plantas daninhas_ _ _ _ _75

Principais pragas e seu controle_ _ _ _ _87

Principais doenças e seu controle_ _ _ _ _103

Métodos de tratamento da madeira_ _ _ _ _113

Corte e colheita_ _ _ _ _119

Análise econômica dos plantios_ _ _ _ _123

Gestão da propriedade rural_ _ _ _ _127

Referências_ _ _ _ _133

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Histórico do cultivo de eucalipto 01

José Elidney Pinto Junior

Emiliano Santarosa

Ives Clayton G. R. Goulart

O gênero Eucalyptus tem a sua origem na Australia, Tasmania e outras ilhas da Oceania. Existem cerca de 730 espécies reconhecidas botanicamente. Porém, não mais que 20 delas são atualmente utilizadas para fins comerciais em todo o mundo.

Não ha uma data exata da introdução do eucalipto no Brasil. Existem relatos de que os primeiros exemplares foram plantados nas areas pertencentes ao Jardim Botanico e Museu Nacional do Rio de Janeiro, nos anos de 1825 e 1868; no Município de Amparo, SP, entre 1861 e 1863; e no Rio Grande do Sul, em 1868. Ferreira (1989) afirma, entretanto, que os primeiros plantios ocorreram de fato em 1868, no Rio Grande do Sul, por iniciativa de Joaquim Francisco de Assis Brasil, um dos primeiros brasileiros a demonstrar interesse pelo gênero.

Os primeiros estudos com o eucalipto no Brasil só foram iniciados em 1904, por Edmundo Navarro de Andrade, no Horto Florestal de Rio Claro, SP, pertencente a ex-Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Entretanto o crescimento da area reflorestada no País foi realmente marcante somente a partir da promulgação da Lei de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento, Lei no 5.106 de 1966. A eucaliptocultura pôde consolidar-se também graças ao Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), criado pelo Governo Federal (BRASIL, 1974), em meados da década de 1970.

A partir deste momento, a eucaliptocultura brasileira encontrou bases sólidas para o seu desenvolvimento, inicialmente motivada pelo potencial de uso da madeira de algumas espécies, como fonte de biomassa para combustível (lenha, principalmente), e pelo sucesso de seu emprego apropriado como matéria-prima para a fabricação de celulose e papel. Nos ultimos 40 anos, diversos mecanismos e inovaçoes nas esferas políticas, institucionais e científicas

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possibilitaram o aumento da area plantada e da produtividade das florestas cultivadas. Estima-se que, atualmente, existam aproximadamente 5,10 milhões de hectares de florestas de eucalipto no Brasil, segundo dados do Anuario Estatístico da Associação Brasileira dos Produtores de Floresta Plantada (ABRAF) de 2013 (ANUÁRIO . . ., 2013).

As espécies mais utilizadas no momento, em função das características de suas madeiras, são: Eucalyptus grandis, Eucalyptus saligna, Eucalyptus urophylla, Eucalyptus viminalis, híbridos de E. grandis x E. urophylla e Eucalyptus dunnii (Região Sul do Brasil). Na Região Sul, também se destaca o potencial de utilização do Eucalyptus benthamii (Figura 1), devido a sua tolerancia a geadas.

De forma geral, espécies de eucalipto têm sido preferencialmente utilizadas devido ao seu rapido crescimento, capacidade de adaptação as diversas regioes ecológicas e pelo potencial econômico, tendo em vista a utilização diversificada de sua madeira. A alta produtividade de madeira (média nacional de 41 m³ ha-1 ano-1, em ciclos de corte de aproximadamente sete anos), com menores custos e maiores taxas de retorno do investimento, conferem grande atratividade ao cultivo do eucalipto, garantindo alta competitividade de seus produtos nos mercados interno e externo.

Figura 1. Cultivo e pesquisa de Eucalyptus benthamii na Embrapa Florestas.

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Importancia sócio-econômica e principais usos do eucalipto

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Emiliano Santarosa

José Elidney Pinto Junior

Ives Clayton G.R. Goulart

Joel Ferreira Penteado Junior

O Brasil apresentava em 2012 uma area ocupada por plantios florestais de 6.664.812 ha (Eucalyptus e Pinus), dos quais 5.102.030 ha correspondiam ao eucalipto (ANUÁRIO . . ., 2013). Devido as características edafoclimaticas favoraveis ao crescimento do eucalipto no Brasil, a importancia econômica e social desta espécie vem aumentando desde meados do século passado.

O plantio de eucalipto no Brasil corresponde a 76,5% da area total de plantios florestais, sendo que, nos ultimos anos, ocorreram aumentos significativos nos estados situados nas novas fronteiras do setor, como o Maranhão, Tocantins, Piauí e Mato Grosso do Sul. Em 2012, a area de plantios de eucalipto apresentou um crescimento de 4,5% (228.078 ha) em relação ao ano anterior (ANUÁRIO . . ., 2013).

A grande demanda de madeira para diferentes finalidades (serraria, laminação, carvão e celulose) vem contribuindo para o desenvolvimento do setor florestal e das comunidades rurais, uma vez que o cultivo de florestas de eucalipto permite a todos os tipos de agricultores a diversificação de renda na propriedade, seja por meio de plantios puros (bosquetes), seja por meio de sistemas integrados de produção, como os sistemas silvipastoris, por exemplo. Em relação a importancia econômica, o valor bruto da produção florestal estimado para o setor de florestas plantadas, em 2012, corresponde a R$ 56,3 bilhoes (Tabela 1), um aumento de 4,6% em relação ao ano anterior. Os tributos arrecadados pelos segmentos associados as florestas plantadas, calculados com base no valor bruto da produção e no percentual relativo a arrecadação tributaria estimada, correspondem a R$ 7,6 bilhoes em 2012, o que representa 0,5% da arrecadação nacional. O setor envolve mais de 60 mil empresas que dependem direta e/ou indiretamente do produto madeira (ANUÁRIO..., 2013).

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Segmento R$ (bilhões) Participação (%)

Celulose e papel 30,2 53,7

Painéis de madeira 6,5 11,6

Siderurgia e carvão 2,3 4,1

Madeira mec. processada 5,8 10,3

Móveis 11,4 20,3

Total 56,3 100

Tabela 1. Estimativa do valor bruto da produção florestal em 2012, segundo as principais cadeias produtivas do setor de florestas plantadas.

Fonte: Adaptado de Anuario Estatístico da Associação Brasileira dos Produtores de Floresta Plantada (ANUÁRIO . . ., 2013).

No ambito social, as atividades da cadeia produtiva do setor de florestas plantadas promovem a geração de empregos e renda na area rural e, ao fixarem as populaçoes no campo, auxiliam na redução do êxodo rural. Segundo dados do Anuario Estatístico da Associação Brasileira dos Produtores de Floresta Plantada (ANUÁRIO..., 2013), a estimativa total de empregos mantidos no segmento de florestas plantadas é de 4,36 milhoes de empregos diretos (0,6 milhão) e indiretos (1,3 milhão), incluindo o setor primário e o de processamento industrial, sendo 2,4 milhoes de empregos resultantes do efeito-renda.

As areas de florestas plantadas brasileiras estão distribuídas em todo território nacional, sendo a Região Sudeste (53%) a que apresenta maior quantidade de áreas plantadas, seguida pelas Regioes Nordeste (15,8%), Centro-Oeste (13,4%), Sul (11,5%) e Norte (6,2%). Na Figura 1 são indicados os percentuais das áreas de plantio nos sete maiores estados produtores de eucalipto.

Figura 1. Distribuição da area plantada de eucalipto por estado, em 2011. Fonte: Adaptado do Anuário Estatístico da Associação Brasileira dos Produtores de Floresta Plantada (ANUÁRIO . . ., 2013).

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A estimativa da oferta potencial anual de madeira (em toras) das florestas plantadas (eucalipto, pinus e teca) para fins industriais em 2012, de acordo com a ABRAF (ANUÁRIO..., 2013), foi de 271,5 milhoes de m3, sendo 207.766.039 milhoes de m3 de madeira de eucalipto (76,5%), 62.745.114 milhoes de m3 de madeira de pinus (23,1%) e 1.009.939 milhão m³ de madeira de teca (0,4%), concentrada principalmente nas regioes Sudeste e Sul. O Brasil consome toda a produção de madeira em tora proveniente das florestas plantadas, que é destinada ao processamento industrial, nos diversos segmentos do mercado interno. Segundo o IBGE (2012), a produção anual de toras de florestas plantadas totalizou 193,9 milhoes de m³, sendo 67,4% (130,7 milhões de m3) destinados ao uso industrial, 28,3% (54,9 milhões de m3) à produção de lenha e 4,3% (8,3 milhões de m3) ao carvoejamento.

A produção média anual histórica das florestas plantadas, no período de 2002 a 2012, foi de 152,6 milhoes de m3 de madeira, com um crescimento médio anual de 4,5% nesse período. Atualmente, as florestas plantadas com eucaliptos somam 5,1 milhoes de hectares, representando apenas 0,58% do território nacional. O potencial brasileiro para a expansão da produção agrícola é impressionante e um dos unicos do mundo. Considerando a estimativa atual de 366 milhoes de hectares de terras agricultaveis (43% do território nacional), as florestas plantadas com eucaliptos representam apenas 1,34% do total, mostrando o grande potencial de sua expansão para areas com vocação florestal, ocupando principalmente areas degradadas e marginalizadas.

Projeçoes de dados obtidos de cenarios simulados pelo setor florestal brasileiro mostram que sera necessario reflorestar outros sete milhoes de hectares para atender a demanda prevista de madeira, alcançando assim uma area total de 14 milhoes de hectares em 2020. Dentre as poucas espécies arbóreas adequadas para o atendimento dessa demanda de madeira, estão os eucaliptos que vêm sendo utilizados comercialmente ha quase um século na silvicultura brasileira.

A Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS) vem sistematicamente ressaltando tal necessidade anual de plantio, distribuindo-o segundo a seguinte demanda por segmento: 170 mil hectares para celulose e papel, 130 mil hectares para madeira sólida, 250 mil hectares para siderurgia a carvão vegetal e 80 mil hectares para energia. O Programa Nacional de Florestas (PNF), estimou um déficit acumulado de aproximadamente 1,2 milhão de m3 de madeira de eucalipto e pinus, no período de 2004 a 2008, decorrente do não cumprimento da meta ideal de plantio de 630 mil hectares por ano (Sistema de Produção de Eucalipto da Embrapa). Em um diagnóstico recente realizado com cooperativas do Estado do Parana, constatou-se que o déficit de energia de biomassa florestal é quase igual a produção atual em termos de area, indicando necessidade de dobrar a area plantada (GOULART et al., 2012; MARTINS et al., 2012).

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Assim, estima-se que a manutenção da demanda por eucalipto, associado ao potencial de ampliação de area, podem contribuir para a expansão das florestas plantadas com espécies deste gênero no Brasil.

Por fim, além de ser econômica e socialmente importante para o Brasil, as florestas plantadas, quando implantadas de maneira correta, têm papel essencial na qualidade de vida da população, pelos benefícios ambientais que proporcionam (conservação de solo, volume e qualidade de agua, atenuação de efeitos climaticos negativos, como geadas e estiagem, manutenção da biodiversidade, entre outros). O plantio florestal em pequenas e médias propriedades rurais com espécies de eucalipto, quando realizados de forma planejada e com o manejo adequado, contribui para a diversificação da produção e da renda. Além disso, é de interesse publico, pois evita o êxodo rural e o desemprego, garantindo uma fonte de renda adicional aos produtores, concomitantemente com as demais atividades agropecuárias e, principalmente, auxilia na redução da pressão de desmatamento das florestas naturais remanescentes.

Principais usos do eucalipto

O setor de base florestal é composto por uma cadeia produtiva complexa, abrangendo mercados distintos (Figura 2). Embora o setor de base de florestas plantadas seja bastante consolidado, sabe-se que, em determinadas regioes do país, a madeira proveniente desta espécie é escassa, ou não existe matéria-prima adaptada.

Figura 2. Cadeia produtiva da madeira e principais usos.

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O plantio de eucalipto proporciona diversos benefícios diretos e indiretos as propriedades rurais diversificadas. Além dos benefícios econômicos advindos da produção florestal, pode-se destacar a melhoria da qualidade do ar, conforto térmico, redução dos níveis de poluição sonora, redução da intensidade da erosão, melhoria da vazão de mananciais hídricos, recuperação de areas degradadas, redução da pressão sobre as florestas nativas e aumento da biodiversidade, entre outros. Estes benefícios tornam-se importantes no contexto de sistema produtivo como um todo. Porém, talvez a principal vantagem do plantio de eucalipto seja a multiplicidade de usos que esta espécie apresenta, o que amplia as possibilidades para comercialização da produção. No entanto, é importante ter ciência de que o valor de cada produto sera variavel, dependendo da escala de produção, do beneficiamento e, sobretudo, das flutuaçoes na oferta e demanda. Por isso, o planejamento e a escolha da espécie são tão importantes.

Dentre os principais usos do eucalipto (Figura 3) estão a energia, a madeira roliça, a celulose e o papel, as chapas de fibras, as laminas, os serrados e os óleos essenciais, que serão brevemente apresentados a seguir.

Figura 3. Principais usos do eucalipto.

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Energia

A madeira de eucalipto também pode ser utilizada para fins energéticos (Figura 4), sendo a lenha a forma mais utilizada. Árvores jovens, provenientes de desbastes ou partes finas de arvores adultas e galhada, são usadas dessa forma. Atualmente, a principal demanda por lenha tem sido a secagem de grãos no pós-colheita. Estima-se que a quantidade de lenha no mercado precisa ser dobrada para suprir essa demanda (GOULART et al., 2012).

O carvoamento da madeira de eucalipto esta aumentando sua importancia no setor de siderurgia, devido a substituição da madeira nativa pela de florestas plantadas na produção de ferro. O carvão ainda é utilizado em fornos industriais para fins diversos, e também em fornos comerciais, como de padarias, pizzarias e churrascarias.

A transformação da madeira em cavacos ou briquetes permite a utilização em estufas, caldeiras ou fornos com temperatura controlada. Os resíduos de galhadas podem ser convertidos em briquetes, gerando melhor aproveitamento das arvores colhidas. Agroindustrias, granjas e industrias utilizam esses produtos para diversos fins.

Figura 4. Madeira para energia.

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Madeira roliça

Esta forma de uso da madeira de eucalipto é bastante utilizada em construçoes rusticas, como mouroes para cercas e postes (Figura 5). Em menor escala, são usadas em móveis rusticos, brinquedos de parques e outros. Nesses casos, recomenda-se um tratamento preservativo, a fim de aumentar a vida util da madeira (GUIOTOKU; MAGALHÃES, 2005). As toras mais finas são utilizadas na construção civil, como cavaletes, escoras e outros.

Celulose e papel

No processo de extração da celulose são utilizadas arvores jovens, com diametro definido pela industria. Diversas empresas de celulose possuem seus próprios clones destinados a este fim, sendo alguns muito conhecidos. Do processo químico obtém-se a pasta celulósica bruta não branqueada. Em seguida, são produzidas embalagens de papel e papelão, e, somente após o branqueamento é que são produzidos papéis brancos.

Figura 5. Madeira roliça.

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Chapa de fibras ou partículas

De forma geral, toras finas de eucalipto são transformadas em painéis. Após processo semelhante ao da obtenção da celulose, a aglutinação de resinas e fibras da madeira resulta em chapas de densidades diversas. A principal vantagem desse material é a facilidade de corte e acabamento, que permite multiplos usos, sobretudo no setor moveleiro. Os mais utilizados são o medium density fiberboard - MDF, o medium density particle board - MDP e o ohriented strand board - OSB. Tanto o MDP, quanto o OSB são resultados da aglutinação de resinas com partículas de madeira. A diferença entre eles é a granulometria das partículas, que são maiores no OSB.

Lâminas e compensados

Painéis de compensados são produzidos com lâminas de madeira sobrepostas, coladas entre si. Esses painéis possuem razoavel resistência mecanica e são amplamente utilizados na construção civil, em embalagens industriais e no setor moveleiro. As laminas de eucalipto são produzidas no torno desenrolador. No processo, a tora gira presa ao torno, enquanto uma faca industrial efetua o corte contínuo até o esgotamento. As laminas podem ser usadas na fabricação dos compensados ou para revestimento de chapas de partículas ou fibras.

Madeira serrada

A madeira serrada tem diferentes usos, tais como móveis, casas, na construção civil como andaimes, formas e estruturas diversas (Figura 6). O mercado exige toras com dimensoes padrão, de forma que, para serem obtidas, o manejo dos plantios deve ser rigorosamente seguido. As podas garantem madeira livre dos nós, que depreciam seu valor comercial, enquanto os desbastes permitem que as arvores cresçam até diametros maiores, mais valiosos no mercado. Existem diversas formas de serrar a madeira, inclusive na própria propriedade, gerando agregação de valor e consequente aumento da renda obtida com o plantio (MATTOS et al., 2004).

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Figura 6. Madeira serrada.

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Outras utilidades

Além das possibilidades mencionadas, o eucalipto apresenta outras formas de uso ou benefícios, que contribuem na renda agrícola ou na sustentabilidade da propriedade rural. Por exemplo, algumas espécies produzem óleos essenciais que são utilizados em produtos de higiene e limpeza, em farmacos e em alimentos. Além disso, os produtos apícolas, como mel, própolis e geléia real, oriundos de floradas melíferas de eucalipto, são bastante apreciados no mercado. Existem ainda os benefícios indiretos relativos a presença das arvores no sistema produtivo, como a diminuição da erosão, pela cobertura do solo e aumento da infiltração de agua, a ciclagem de nutrientes de camadas mais profundas do solo e o sequestro de carbono atmosférico. Por fim, o efeito da sombra sobre o conforto de animais criados em sistema silvipastoril (PORFÍRIO-DA-SILVA et al., 2009) contribui para a manutenção do potencial produtivo e para a sustentabilidade das propriedades rurais.

O gênero Eucalyptus possui diversas formas de utilização que podem ser escolhidas, dependendo do sistema de produção de cada propriedade. Entretanto, não ha uma unica espécie que contemple todas as possibilidades, o que reforça a necessidade de se realizar um bom planejamento antes do plantio. Este planejamento devera contemplar a espécie de eucalipto e, ao mesmo tempo atender às demandas do mercado consumidor regional, para garantir a comercialização dos produtos posteriormente.

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Critérios para escolha de eucaliptos para plantio

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Paulo Eduardo Telles dos Santos

Estefano Paludzyszyn Filho

O eucalipto é a arvore com maior disponibilidade de indicaçoes e orientaçoes técnicas para cultivo. A produtividade, contudo, depende de diversos fatores, dentre os quais se destacam o local de plantio, os tratos culturais e os insumos disponibilizados. A partir do eucalipto pode-se produzir biomassa para energia, madeira para uso unico ou multiplo, além do uso alternativo como agente na recuperação de solos e na recomposição de areas de reserva legal. Essas e outras possibilidades influenciam a escolha de cultivares de eucaliptos (Eucalyptus spp.) ou de corimbias (Corymbia spp., antes classificados como eucaliptos).

Os aspectos técnicos mais importantes, antes de se decidir sobre investir ou não em plantios de eucaliptos e/ou corimbias, são os seguintes: clima; solo; dimensão da area; sistema de cultivo; principal finalidade de uso e sistema de colheita; dentre outros.

Clima

O conhecimento dos dados climaticos aonde a propriedade se encontra objetiva possibilitar o melhor aproveitamento dos elementos do clima (temperatura, precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar), que são variaveis que, quando bem ajustadas, aumentam a produtividade e influenciam a escolha do eucalipto certo. A temperatura é um fator de grande efeito. Exemplos típicos são E. dunnii e E. benthamii, indicados para climas sujeitos a geadas de forte intensidade, que não apresentam desenvolvimento adequado e ficam sujeitos a doenças de fuste em ambientes sob temperaturas médias acima de 17 °C. Entretanto, esta condição favorece o crescimento de materiais tropicais, como E. grandis, eucalipto “urograndis” e de corimbias.

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Atualmente, E. benthamii é a espécie comercial mais tolerante a geadas, podendo, entretanto, sob condiçoes extremas de frio (-7,2 °C) apresentar até 100% de queima de copa, como ocorrido em Santa Catarina em 2011, em arvores com 8 meses de idade. A segunda alternativa é E. dunnii, espécie sensivelmente menos tolerante ao frio do que E. benthamii (PALUDZYSZYN FILHO et al., 2006).

Em locais com clima ameno, pode-se aproveitar a característica de crescimento mais lento do eucalipto para produzir madeira para serraria. E. saligna, propagado por sementes ou via clones de domínio publico, como o ARA 32864, pode ser cultivado para produtos serrados.

Segundo Stape et al. (2010), nos locais de clima tropical, o estresse hídrico é o fator que mais limita a produtividade do eucalipto. Na condição tropical predominam nos cultivos comerciais, o eucalipto “urograndis”, resultado do cruzamento entre E. grandis e E. urophylla. Na condição de clima tropical, além de E. urophylla e o E. cloeziana, produzidos por sementes, podem ser cultivados clones de domínio publico, como AEC 0144, mais tolerante a deficiência hídrica do que o AEC 0224, e outros como o GG 100 (todos esses registrados como E. urophylla), o COP 1277 (híbrido E. grandis x E. camaldulensis), e o GPC 23 (E. grandis), além de corimbias (C. citriodora).

Devido a sua grande importancia, as recomendaçoes de eucaliptos para plantio em virtude do clima e ocorrência de geadas (principal fator limitante no Parana), bem como as características das principais espécies, serão detalhados no capítulo 5.

Solo

É consenso o fato de que o eucalipto não se desenvolve em solos rasos, com formação de camadas subsuperficiais compactadas, em solos pedregosos ou com afloramentos de rocha ou, ainda, naqueles solos sujeitos a encharcamentos, independentemente da cultivar utilizada. Portanto, deve ser avaliado o tipo de solo e as condiçoes de fertilidade no local onde se planeja realizar o plantio. Realizar o plantio de preferência em solos profundos e bem drenados, o que ira favorecer o desenvolvimento adequado das arvores.

Dimensão da área e sistemas de cultivo

Em pequenas áreas de plantio, destinadas à obtenção de madeira para lenha, é recomendavel o cultivo de eucaliptos e corimbias por sementes. Dependendo do local e

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da familiaridade com a cultura, pode-se também optar por clones. Neste caso, devem ser usados clones comprovadamente adaptados, que, devido a otimização do aproveitamento dos fatores de crescimento pelas plantas, proporcionam maiores retornos ao produtor. Para clima tropical, indica-se o plantio de corimbias (C. citriodora e C. maculata) e de eucaliptos por sementes (E. cloeziana e clones de “urograndis”, estes ultimos geralmente com alta capacidade de rebrota). Para areas de tamanho médio (20 ha) justifica-se o uso de mais de um eucalipto a cada 10 ha e, em areas de grandes cultivos, atrelados aos programas de fomento de empresas de base florestal, deve-se seguir as orientaçoes da area técnica do contratante.

Finalidade do plantio e uso da matéria-prima

Energia – pode-se utilizar E. cloeziana em regiões de clima tropical e alguns clones como AEC 0144, AEC 0224 e GG100. Em regioes subtropicais, E. benthamii, E. viminalis e E. dunnii são algumas opçoes. Evitar clones ou mudas de eucaliptos, como E. grandis e E. saligna que, de modo geral, produzem madeira de maior densidade somente a partir dos 12 anos de idade.

Celulose e papel – é indicado que nos procedimentos que envolvem o sistema de fomento das empresas sejam utilizados clones recomendados para celulose-papel, desenvolvidos para atender a obtenção de produtos específicos.

Produtos serrados – os eucaliptos mais apropriados para essa finalidade são E. grandis e “urograndis”. Entretanto, necessitam de mais de 12 anos para iniciar o processo de formação de madeira adulta. Corimbias que apresentam bolsas de resina ou bolsas de “kino” (formaçoes anormais na madeira contendo resina, originadas devido a descontinuidade do lenho, que podem auxiliar na degradação da madeira), como C. citriodora subesp. variegata e C. citriodora subesp. citriodora, não devem ser utilizadas. E. cloeziana, de crescimento mais lento, apresenta boa qualidade de madeira para serraria.

Óleo essencial – C. citriodora é referência no Brasil como fonte do óleo essencial citronelal, extraído por processo de destilação das folhas. A espécie, plantada por sementes, possui facilidade para emitir brotaçoes após o corte raso da parte aérea, pratica esta necessaria quando as plantas tornam-se muito altas e, por isso, ajustada ao sistema de talhadia comumente empregado no manejo das plantaçoes comerciais estabelecidas para atender a essa finalidade.

Recuperação de ambientes degradados – o eucalipto pode ser implantado em consórcio com espécies florestais nativas (plantio em modelos mistos), com vistas a restauração de

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areas de reserva legal. Entretanto, as arvores de eucalipto devem ser totalmente removidas ao final do ciclo de produção. O critério para a escolha de eucaliptos deve estar atrelado a finalidade da matéria-prima: energia, madeira roliça para uso na propriedade rural ou serraria. É importante utilizar clones ou eucaliptos com copa reduzida, que permitam a entrada de luz abaixo do dossel e/ou espaçamentos amplos, a partir de 5m x 5m.

Sistema de colheita e cultivo de rebrotas – no caso de colheita mecanizada, é importante a escolha de cultivares que apresentam copas densas nas situaçoes propensas a ocorrência de cipós. Estes cipós necessitam ser abafados, por comprometerem o rendimento operacional durante as operaçoes das maquinas. Quando ha interesse em se conduzir a plantação por talhadia, a escolha deve recair em materiais que tenham alta capacidade de rebrota, como é o caso do eucalipto “urograndis”, E. saligna, E. benthamii e C. citriodora (subespécies citriodora e variegata).

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Espécies de eucalipto potenciais para reflorestamento no Estado do Paraná

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Rosana Clara Victoria Higa

Marcos Silveira Wrege

Marilice Cordeiro Garrastazu

Os reflorestamentos no Parana foram inicialmente dominados pelo gênero Pinus, principalmente por questoes climaticas, em uma parte consideravel do estado, onde é comum a ocorrência de geadas severas. Esse fenômeno meteorológico é um dos fatores mais restritivos a eucaliptocultura no estado. Em outras partes do estado, as geadas são esporádicas, mas geadas históricas como as de 1975, 1986, 1994 e 2000 causaram grandes danos nos reflorestamentos com Eucalyptus.

Todas as espécies do gênero Eucalyptus são sensíveis a temperaturas extremamente baixas, sendo esse o maior impedimento do seu uso em regioes de clima temperado. Embora existam variaçoes entre e dentro de espécies, os eucaliptos não toleram temperaturas abaixo de -20 °C. A maioria sofre danos abaixo de 0 °C, e somente poucas sobrevivem com temperaturas entre -15 °C e -18 °C (TURNBULL; ELDRIDGE, 1983).

No Brasil, estima-se que 751 mil km2 ou 8,8% da area total do país estejam sujeitas aocorrência de geadas (TOSI; VÉLEZ-RODRIGUES, 1983). Episódios como os ocorridos em 1975 e 1994 fornecem uma ideia do nível de prejuízo que geadas mais severas podem acarretar. As geadas ocorridas durante o mês de junho de 1994 ocasionaram perdas consideraveis, afetando aproximadamente 30 mil hectares de plantaçoes de eucaliptos (HIGA et al., 1995).

As espécies de eucalipto resistentes a geadas são originárias da região alpina da Austrália e, de maneira geral, são de crescimento lento. Poucas espécies desse gênero apresentam

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a combinação de rapido crescimento e resistência a geadas em níveis considerados comercialmente satisfatórios. A maioria dessas espécies sofre algum tipo de dano, especialmente na ocorrência de geadas atípicas.

Alguns fatores predispoem a formação e a severidade de danos ocasionados por geadas.

A topografia é responsavel pela concentração de massas de ar com baixas temperaturas, provocadas por correntes de ar frio nos vales e depressoes, formando os “bolsoes” ou “corredores” de geadas (PATON, 1982; SAKAI; LARCHER, 1987).

A aclimatação a geadas é a menor temperatura abaixo do ponto de congelamento a que uma planta pode ser submetida sem sofrer danos (GLERUM, 1976). Enquanto algumas plantas podem sobreviver a temperaturas muito baixas sem qualquer dano, outras são mortas ou sofrem danos por geadas leves. Como exemplo, tem-se as arvores de regioes tropicais, que normalmente não podem ser plantadas em regioes frias por não serem capazes de se aclimatar a condiçoes de baixas temperaturas (KRAMER; KOZLOWSKI, 1979).

As plantas arbóreas exibem uma variedade de danos por geada específicos a sua morfologia, uma consequência direta da estrutura altamente diferenciada da parte aérea, do crescimento cambial associado ao ritmo de atividade anual e da longevidade (KOZLOWSKI et al., 1991; SAKAI; LARCHER, 1987).

A avaliação de danos por geada é uma atividade complexa, considerando-se que os danos variam em função da idade da planta, temperatura mínima atingida e temperaturas prévias ao evento. As plantas também são influenciadas por condiçoes de aclimatação, condiçoes microclimaticas e topografia (HIGA et al., 1997; HIGA, 1998).

Os danos podem ser classificados em:

• Dano basal (canela de geada): mais comum em arvores jovens no início do inverno.

• Rachadura de geada: rachadura radial do tronco, do centro para a casca das arvores, comum em geadas severas.

• Danos no sistema radicial e mortalidade: a tolerância das raízes a geadas é particularmente importante para a sobrevivência de mudas em recipientes. Embora as raízes sejam menos resistentes a geadas que a parte aérea, elas sofrem menos danos porque o solo oferece proteção contra as baixas temperaturas. No entanto, quando o solo congela, as pequenas raízes fisiologicamente ativas são mortas e o dano na planta pode ser bastante severo.

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Desde a ocorrência da geada de julho de 1975, considerada uma das mais fortes ja registradas no Brasil e que causou grandes prejuízos ao setor florestal, as técnicas silviculturais, a introdução de novos materiais genéticos e o melhoramento genético, além de resultarem em ganhos consideraveis de produção, também melhoraram a resistência a geadas. No entanto, a interação entre o material genético e os diferentes microclimas podem influenciar no desenvolvimento e, consequentemente, na produtividade das espécies.

Esse capítulo tem como objetivo indicar as espécies e híbridos mais indicados para reflorestamentos com eucalipto no Parana, de acordo com o potencial climatico das diferentes regioes do Estado.

Eucalyptus grandis

A maior área de plantio de E. grandis e seus híbridos está no Brasil e em outros países da América Central e do Sul. A espécie têm sido extensivamente plantada na Índia, África do Sul, Zambia, Zimbabue, Tanzania, Uganda e Ceilão. Pequenas areas também têm sido plantadas nos Estados Unidos, nos estados da Califórnia e Flórida e no Havaí.

O clima da região de ocorrência natural dessa espécie é, de modo geral, quente e umido, variando entre (BOLAND et al., 1984; BOOTH et al., 1988; JOVANOVIC; BOOTH, 2002):

• temperatura média maxima do mês mais quente: 24 °C - 32 °C;

• temperatura mínima do mês mais frio: 3 °C - 17 °C;

• temperatura média anual: 14 °C - 22 °C;

• precipitação média anual: 690 mm - 2.480 mm.

Quando plantada como exótica, a espécie apresenta grande plasticidade e desenvolve-se bem em uma grande variedade de condiçoes ambientais que excedem aquelas observadas nas regioes de sua ocorrência natural (BOOTH; PRYOR, 1991). Melhores produtividades, no entanto, são observadas em condiçoes de clima subtropical ou temperado quente, com médias do total de precipitação anual superiores a 900 mm (POYNTON, 1979; BOOTH; PRYOR, 1991).

Na região tropical, o Eucalyptus grandis não é recomendado para zonas de baixa altitude, em decorrência de suscetibilidade a uma série de doenças fungicas (TURVEY, 1996). O cancro é uma das doenças que mais causam perdas na cultura do eucalipto. É causado pelo fungo

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Figura 1.

Chrysophorte cubensis, que afeta com maior frequência plantios em areas com temperaturas médias ≥ 23 °C e precipitação anual ≥ 1.200 mm (HODGES et al., 1976; ALFENAS et al., 1982; GUIMARÃES et al., 2010). A doença pode causar a morte em plantas com menos de 1 ano de idade. Em plantas com mais de 2 anos, os sintomas são o aparecimento de areas afundadas no tronco e/ou rachaduras de casca, que podem evoluir para lesoes profundas circundadas por calos. O cancro pode causar grandes prejuízos, devido a queda qualitativa e quantitativa na produção.

Outra doença que pode afetar a espécie é a ferrugem, causada por Puccinia psidii Winter, e sua ocorrência esta relacionada a presença de temperaturas amenas e umidade relativa bastante elevada, praticamente durante todo o ano (APARECIDO, 2009). Ataques mais severos ocorrem em mudas e plantios jovens, com 3 e 12 meses (SANTOS et al., 2001).

Um dos principais fatores climaticos que limitam o desenvolvimento da cultura é a geada (FRANKLIN; MESKIMEN, 1984; HIGA et al., 2000). A capacidade de se aclimatar a geadas é limitada para E. grandis (DARROW; ROEDER, 1983; MARCO et al., 1991; SCHONAU; GARDENER, 1991), com possibilidade de ocorrência de danos severos (ELDRIDGE et al., 1994). A aclimatação pode ocorrer sob temperaturas menores a 5 °C, algumas semanas antes da ocorrência de geadas severas. No entanto, geadas que ocorrem após períodos de temperaturas elevadas geralmente causam danos severos, e podem até mesmo matar arvores adultas (ELDRIDGE et al., 1994). Na Figura 1 pode-se visualizar danos de geada em plantios de E. grandis no Estado do Parana.

Danos de geada em E. grandis no noroeste do estado do Paraná, em 2000.

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Fatores como características físico-químicas do solo e déficit hídrico também exercem grande influência na produtividade de E. grandis (DARROW, 1995; GONÇALVES et al., 1990; SOUZA et al., 2006).

Como comentado anteriormente, a geada é o fator climatico de maior restrição ao plantio de E. grandis na Região Sul do Brasil. De modo geral, as regioes de maior altitude na Região Sul não são recomendadas, pelo fato de haver uma relação inversa entre altitude e temperatura. A região litoranea, com clima mais quente e umido também é pouco recomendada, porque esta sujeita a problemas de infestação de doenças fungicas, como o cancro do eucalipto (ALFENAS et al., 1983).

No Parana, a zona desfavoravel é inapta para a espécie, com maior ocorrência de temperaturas baixas e de geadas; na zona marginal, intermediaria, ainda não é recomendado o plantio, apesar do risco de geadas ser menor que na zona desfavoravel (Figura 2).

Na zona preferencial também ocorrem geadas, mas com riscos inferiores a 10%, o que significa que, em média, pode ocorrer uma geada a cada 10 anos (geadas mais fortes). Geadas como as ocorridas em 1994 e 2000 causaram danos acentuados em toda a região, mesmo em plantas com mais de 3 anos de idade, normalmente menos suscetíveis. Em plantas com até 2 anos, quando ocorrem geadas mais severas (< -3 °C), é comum haver perda total. Existem ainda agravantes, como a formação de “corredores de geadas”, onde ocorre o escoamento do ar frio, e os danos são sempre mais acentuados.

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Eucalyptus benthamii

A espécie apresenta bom desenvolvimento especialmente em regioes com temperatura média anual de até 14,5 °C (SWAIN, 1997). É bastante tolerante a geadas sendo extensivamente plantada em regioes subtropicais do Brasil, Uruguai, Argentina, China e na África do Sul.

No Brasil, a espécie vem ganhando importancia em areas de ocorrência de geadas, tornando-se a mais procurada por produtores, especialmente após as geadas de 2000, quando plantios experimentais mostraram níveis de danos inferiores aos de outras espécies até então recomendadas, como E. dunnii e E. viminalis.

A espécie prefere solos localizados em relevo plano ou em encostas com declividade pouco acentuada, de textura argilosa e com profundidade variando de 50 cm a 150 cm (BOLAND et al., 1984), necessitando de, no mínimo, 800 mm de precipitação anual em regioes mais frias.

Resultados recentes de monitoramento de E. benthamii, usando dendrômetros, mostram a influência da precipitação e da insolação sobre o seu crescimento. De maneira geral, maior insolação combinada com menor precipitação diminui o ritmo de crescimento, enquanto maior precipitação e menor insolação favorece o crescimento (SILVA, 2008). Esse fato indica que a espécie tem restriçoes adaptativas em relação a altas temperaturas. Os melhores crescimentos são observados em locais com precipitação acima de 800 mm, mas esse limite é maior para regioes mais quentes e menos tolerante a secas (DARROW, 1995; GARDNER; SWAIN, 1996; GARDNER, 1999; SWAIN; GARDNER, 2003).

Do ponto de vista climatico, a zona preferencial no Parana para o E. benthamii abrange parte das regiões mais altas do estado (Figura 3), onde as precipitações médias anuais estão entre 1500 mm e 1900 mm, distribuindo-se uniformemente ao longo do ano. A area marginal é considerada intermediaria, onde a espécie pode se desenvolver de forma satisfatória, mas com maiores riscos climaticos, principalmente efeitos secundarios causados por temperaturas mais elevadas. Esse fato é confirmado por dados obtidos em area de plantio em Telêmaco Borba, PR (Figura 4), onde a espécie apresentou crescimento de 49 m3 ha-1 ano-1, porém com observação de sintomas de gomose e pau preto que, conforme citado por Santos et al. (2001), são doenças decorrentes do uso inadequado de espécies/procedências. As áreas em branco não são recomendadas para plantio com a espécie, pois os riscos são considerados grandes, mesmo que a espécie apresente desenvolvimento adequado.

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Figura 4. Plantação experimental de E. benthamii em Telêmaco Borba, PR.

Eucalyptus dunnii

No sul do Brasil, o Eucalyptus dunnii tem-se destacado pelo rápido crescimento, uniformidade dos talhoes e resistência a geadas não muito severas. O plantio comercial é indicado para todo o Estado de Santa Catarina, em altitudes entre 500 m e 1.000 m, onde a ocorrência de invernos rigorosos é fator limitante a muitos outros eucaliptos (CARPANEZZI, 1986). Em Campo do Tenente, PR, resultados aos 8 anos de idade, apontaram a espécie, entre outras 20 do gênero, como uma das melhores em crescimento e resistência a geadas. Oliveira (1988) também relatou que o E. dunnii, juntamente com E. viminalis, apresentou crescimento melhor que outras 31 espécies na região de Três Barras, SC.

No Parana, o seu plantio também é recomendado em regioes de ocorrência de geadas (EMBRAPA, 1988). Entretanto, as regioes de maior altitude são consideradas marginais para o estabelecimento de plantios com E. dunnii, pois são areas com ocorrência de geadas severas, onde, principalmente nos 2 primeiros anos, os danos podem ser consideraveis (Figura 5). Na Figura 6 pode-se verificar o zoneamento climatico de E. dunnii para o Estado do Parana.

Figura 5. Danos de geada em E. dunnii em regioes de altitude.

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Eucalyptus urophylla X Eucalyptus grandis (E. urograndis)

Eucalyptus urograndis é um híbrido entre E. grandis e E. urophylla. Os híbridos originais foram gerados naturalmente no Brasil pela proximidade de areas experimentais (CAMPINHOS JUNIOR; IKEMORI, 1978; IKEMORI; CAMPINHOS JUNIOR, 1983). A clonagem desse híbrido tornou-se muito importante para o estabelecimento de plantios comerciais no Brasil, porque é tolerante ao cancro causado pelo Cryphonectria cubensis (ZOBEL et al., 1987) e por sua marcante produtividade, onde volumes individuais com casca podem alcançar 0,689 m³ (mais de 50 m³ ha-1 ano-1) (ASSIS, 2000). E. urograndis é recomendado para áreas tropicais, porque pode sofrer danos com geadas leves. A precipitação é um dos fatores que mais influenciam a produtividade de E. urograndis (STAPE et al., 1997; STAPE, 2002).

Atualmente, E. urograndis é um dos híbridos mais amplamente usados em reflorestamentos no Brasil, nos Estados do Para, Maranhão, Bahia, Espirito Santo e Rio Grande do Sul. Além do Brasil, é comercialmente plantado na Venezuela, Colômbia, Congo, África do Sul e China. Na Figura 7 pode-se verificar o zoneamento climatico de E. urograndis para o Estado do Parana.

Mesmo na area preferencial, o híbrido E. urograndis pode sofrer danos de geadas esporadicas ou anormais, como as ocorridas em 2000 e em 2008 (Figura 8). Plantios em pequenas propriedades são feitos com clones comerciais, que são adaptados a um grande numero de situaçoes edafoclimaticas.

Embora o risco de geadas deva ser considerado para todo Estado, esse híbrido e outros têm sido amplamente utilizados. Apesar das geadas severas ocorridas no Parana no ano de 2000, foram encontrados plantios sem danos, com ótimo desenvolvimento na maior parte do Estado, o que tem estimulado novos plantios com clones comerciais disponíveis no mercado.

Para minimizar os danos por geadas, seguem algumas recomendações:

• Época de plantio: plantar o mais cedo possível, antes do período de ocorrência de geadas. Cuidar com geadas tardias.

• Adubação: mais rica em K (potassio) e com menos N (nitrogênio).

• Zoneamento microclimatico da propriedade: evitar baixadas e exposição sul de encostas.

• Cobertura do solo: em solos descobertos, os danos por geadas são menores, principalmente no estabelecimento do plantio.

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Figura 8. Danos de geada em E. urograndis, no Estado de São Paulo, em 2008.

Na Região Sul do Brasil, a ocorrência de geadas e o clima frio são os fatores que determinam a escolha das espécies do gênero Eucalyptus. Deve-se dar preferência aos materiais resistentes ou com maior tolerancia a estas condiçoes, conforme ja explicado. Como exemplo recente, pode-se citar a forte geada ocorrida em julho de 2013 (Figura 9), com ocorrência de neve em algumas regioes do Sul do Brasil.

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Figura 9. Dano de geada em eucalipto no Estado do Parana, evento ocorrido em 2013.

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Produção de mudas de eucalipto 05

Ivar Wendling

A implantação de uma floresta produtiva depende também da utilização de mudas de boa qualidade genética, saudaveis, com bom diametro de colo, raízes bem formadas, boa relação entre parte aérea e sistema radicular, além de uma nutrição adequada.

Obtenção das mudas

Existem basicamente duas técnicas para obtenção de mudas: a produção de mudas por sementes e por meio de estaquia.

Mudas por sementes: são obtidas pelo semeio em tubetes. Para serem de boa qualidade, devem ser produzidas considerando-se as boas praticas de viveiro. As sementes devem ser obtidas de fornecedores idôneos e certificados (o produtor rural pode buscar a relação de viveiros registrados e certificados no Registro Nacional de Sementes e Mudas - RENASEM.

Mudas obtidas por estaquia: são mudas produzidas geralmente por brotações de cepas de arvores adultas, ou a partir de mudas de clones ja selecionados anteriormente que possuam boas qualidades, como bom crescimento e/ou resistência a pragas e doenças. Estas mudas terão as mesmas características da arvore das quais foram retiradas, e são chamadas de clones. Ao utilizar mudas produzidas com esta técnica, o produtor tem maior controle sobre as características de suas arvores, porém, geralmente, as mudas são mais caras. Mudas de clones são indicadas para se obter madeira de melhor qualidade ou para quem pretende implantar plantios comerciais de alta produtividade. No entanto, para que mudas de clones sejam boas, é preciso que se tenha certeza que elas foram avaliadas em plantios com condiçoes de clima e solo similares aos do futuro local de plantio.

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DICA: O conhecimento dos métodos de produção de mudas é importante para orientação no momento da compra e para avaliar a qualidade das mudas. Para implantação de pequenas areas, a compra de mudas é a forma mais barata e pratica.

Características de boas mudas

Recomenda-se como padrão de muda apta ao plantio (Figura 1), os seguintes parâmetros:

• altura da parte aérea: 15 cm a 25 cm (mudas por sementes);

• diametro de colo: > 2 mm;

• sistema radicular ocupando toda a area interna do tubete, com bom desenvolvimento e coloração branca.

Figura 1. Detalhe de muda de eucalipto com sistema radicular bem conformado.

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Implantação de cultivos de eucalipto 06

Guilherme de Castro Andrade

Antônio Francisco Jurado Bellote

Helton Damin da Silva

Antes de implantar uma floresta de eucalipto, é preciso elaborar um planejamento cuidadoso, definindo primeiramente qual sera o objetivo do plantio das arvores. Neste planejamento deve constar necessariamente a finalidade do plantio e o destino da produção, seja para celulose, energia ou para uso multiplo.

O sucesso de um plantio depende do uso de técnicas adequadas, como: a escolha da espécie correta; a limpeza da area e preparo do solo; a escolha do método de plantio mais conveniente; e de tratos culturais e controle de pragas e doenças realizadas no momento adequado. O plantio deve ser feito no período em que não haja deficiência hídrica no campo.

Planejamento

O planejamento é fundamental, principalmente quando o plantio é realizado em areas extensas. Neste caso, a localização de estradas ou caminhos de acesso ao interior do plantio, o tamanho e a distribuição dos talhoes devem ser definidos antes de se iniciarem as operaçoes de preparo do terreno para o plantio. Talhoes são areas geralmente retangulares, divididas por estradas ou faixas de terra sem vegetação, denominadas aceiros. Os talhoes devem ser dimensionados com no maximo 300 m de largura e comprimento variando de 500 m a 1.000 m.

Estas açoes e a delimitação dos talhoes facilitarão a colheita e a retirada da madeira, as operações de plantio, os tratos culturais, o controle de erosão, pragas e doenças e, principalmente, a prevenção e o combate ao fogo.

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Vias de acesso (estradas)

A construção das vias de acesso deve estar de acordo com a topografia da area, evitando as fortes inclinaçoes e buscando a proteção contra o escorrimento superficial da agua de chuva. Estradas construídas sem planejamento podem ser responsaveis por grandes aportes de sedimentos para os cursos de água que cruzam as mesmas e, desta maneira, contribuírem para o assoreamento de rios e para a redução da qualidade da agua.

Aceiros

Os aceiros são faixas de terreno sem vegetação, onde o solo mineral é exposto. Estes separam os talhoes (Figura 1), servindo de ligação com as estradas de escoamento da produção. Os aceiros também são uteis na prevenção e combate a incêndios (Figura 2). Eles são distribuídos na area de acordo com as necessidades de proteção. Os aceiros podem ser internos, com largura de 4 m a 5 m, ou de divisa, com largura de 15 m.

Figura 1. Vista de aceiro interno entre plantios de eucalipto e pinus.

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Figura 2. Vista de aceiro de divisa.

Limpeza

A limpeza da area podera ser manual ou mecanica, dependendo da topografia do terreno e da disponibilidade de recurso financeiro do produtor.

A limpeza da área para plantio corresponde às operações de derrubada, remoção e enleiramento dos resíduos da exploração em areas plantadas (Figura 3).

Os equipamentos mais utilizados são as laminas frontais empurradoras ou as frontais cortadeiras, variando de acordo com o tipo de cobertura. As laminas frontais cortadeiras são mais apropriadas, pois ha menor movimentação de terra.

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Figura 3. Enleiramento para preparo de solo.

Preparo do terreno

O solo das areas destinadas ao plantio de florestas deve receber cuidados especiais, visto que dele dependera, em grande parte, o resultado econômico da atividade. O principal objetivo do preparo do solo é oferecer condiçoes adequadas ao plantio e estabelecimento das mudas no campo.

No caso de areas que foram utilizadas anteriormente com cultivos agrícolas, recomenda-se, pelo menos na linha de plantio, o uso de subsolador para romper a camada compactada, com profundidade variando de 30 cm a 60 cm, dependendo do tipo de solo. Em solos argilosos, a profundidade devera ser maior. Nas areas utilizadas com pastagem, ha a necessidade de rompimento da compactação superficial formada pelo pisoteio do gado.

Em areas anteriormente ocupadas por plantios florestais, principalmente em solos argilosos, a colheita mecanizada e o transporte da madeira colhida provocam a compactação do solo. Nestes casos, recomenda-se o preparo do solo na linha de plantio, pelo uso de subsolador ou pelo cultivo mínimo. A manutenção dos resíduos da colheita na superfície

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do solo é um procedimento eficiente na redução da compactação do solo pela colheita mecanizada, na redução da erosão e na manutenção da fertilidade do solo.

DICA: quanto mais a area de plantio estiver sujeita a erosão (solo exposto, alta declividade, ocorrência de chuvas fortes, etc.), menor deve ser a intensidade de preparo do solo.

A exemplo dos sistemas de plantio, o preparo do solo também pode ser mecanizado ou manual, dependendo da topografia e/ou das condiçoes do produtor.

O preparo mecanizado aplica-se onde a topografia é plana. O preparo manual é adotado em areas declivosas, em situaçoes onde não é viavel o uso de maquinas agrícolas, ou quando o produtor não possuir implementos adequados.

No caso de preparo manual, recomenda-se a aberturas de covas maiores, com profundidade, largura e comprimento de pelo menos 30 cm x 30 cm x 30 cm (Figura 4).

Figura 4. Detalhe de cova com preparo manual e plantio.

LEMBRETE: Existe a opção de uso de implementos mecanizados portateis que podem facilitar as operaçoes em areas declivosas.

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Espaçamento e quantidade de mudas

O espaçamento, ou densidade de plantio, é provavelmente uma das principais técnicas de manejo que visa a qualidade e a produtividade da matéria-prima. O espaçamento adotado para o plantio influencia o crescimento da floresta, a qualidade da madeira produzida, a idade de corte, os desbastes, as praticas de manejo e, consequentemente, os custos de produção.

Normalmente os plantios são executados com espaçamentos variando no intervalo de 4 m2 a 9 m2 por planta. Os menores espaçamentos produzem arvores de menores diametros.

Os espaçamentos mais amplos são adotados quando se dispõe de material genético de melhor qualidade e espera-se obter madeira para serraria, com maior valor agregado a madeira. São usados, geralmente, onde não existe mercado compensador para arvores de menores diametros.

Os espaçamentos de 3 m x 2 m e 3 m x 3 m são os mais adotados em plantações extensivas (Figura 5). É necessario atentar para demarcação correta dos espaçamentos a campo (Figura 6).

Figura 5. Visão geral de um plantio de eucalipto em espaçamento 3 m x 2 m.

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O numero de mudas necessarias para um plantio florestal dependera basicamente de três fatores:

- area do plantio;

- espaçamento a ser utilizado;

- mortalidade das mudas.

Por exemplo:

Um produtor quer implantar um pequeno plantio para aproveitar uma area de 3 ha de sua propriedade. Ele optou por usar o espaçamento 3 m X 2 m, e conseguiu mudas que, segundo o fornecedor, tem aproximadamente 8% de mortalidade.

1º Calcula-se a área total em metros:

1 ha = 10.000 m2

3 ha = 30.000 m2

2º Calcula-se a área ocupada por cada muda:

Espaçamento 3 m x 2 m = 6 m2

3º Divide-se a área total do plantio pela área ocupada por cada muda:

30.000 m² / 6 m² = 5.000 mudas para 3 ha, ou 1.666,66 mudas por ha

Figura 6. Demarcação do espaçamento de plantio.

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4º Considera-se a mortalidade:

Das 5.000 mudas, foi estimada uma mortalidade de 8%. Portanto, para que após a mortalidade ainda restem 5.000 mudas, é necessario que se adquira 400 mudas a mais que servirão para o replantio.

Métodos de plantio

O plantio pode ser mecanizado, manual ou semimecanizado.

Plantio mecanizado ou semimecanizado: adota-se onde o terreno é plano, possibilitando o uso de plantadoras tracionadas por tratores (Figura 7). No sistema semimecanizado, as operações de preparo de solo e tratos culturais são mecanizadas (Figura 8), mas o plantio propriamente dito é manual.

Plantio manual: é adotado em areas declivosas ou em situaçoes onde não é possível o uso de maquinas agrícolas. Existem coveadoras mecanicas portateis e plantadeira manual (Figura 26) que facilitam o plantio manual, mesmo nestas condiçoes.

Figura 7. Plantadora florestal.

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Figura 8. Subsolagem em plantio semimecanizado após dessecação do mato com herbicida.

Figura 9. Plantadora manual.

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Figura 10. Sistema radicular defeituoso em função do plantio inadequado.

Cuidados no plantio

Ao executar o plantio da muda, deve-se atentar para que a extremidade da raiz não fique curvada (Figura 10), de modo a prevenir seu crescimento irregular. Do contrario, a raiz podera ficar estrangulada, comprometendo o desenvolvimento da planta, podendo provocar a morte da planta em longo prazo.

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Outro cuidado importante a ser tomado é com o sistema radicular das mudas, cuja exposição contribui para o ressecamento rápido da região de contato com o ar, trazendo injurias severas, podendo ocasionar a morte da planta (Figura 11A). Além dos cuidados apontados, deve-se atentar também para o problema do afogamento do coleto, isto é, do enterrio de parte do caule das mudas. Isto pode ocasionar a seca, e consequente morte da muda (Figura 11b).

A Figura 12 apresenta a maneira correta de realizar o plantio da muda. A muda deve ser plantada no mesmo nível do solo. Deve-se evitar plantar a muda em grande profundidade (afogamento do coleto), e também evitar plantar de forma muito superficial, para que não ocorra a exposição do sistema radicular. Também não se deve plantar a muda deitada ou torta, pois pode comprometer seu desenvolvimento.

Figura 11. Exposição do sistema radicular, após o plantio (a). Seca da planta observada e afogamento do coleto, durante a fase de plantio (b).

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Também é necessario realizar a irrigação da muda no momento do plantio, a fim de favorecer seu estabelecimento e seu crescimento na fase inicial. Em algumas regioes, principalmente aquelas sujeitas ao déficit hídrico, pode-se utilizar o gel para plantio de mudas florestais, com o objetivo de favorecer maior retenção de umidade próximo as raízes da planta. Estes cuidados na fase inicial da muda são essenciais para propiciar desenvolvimento adequado e maiores taxas de crescimento das arvores, cuidados estes que também estão relacionados com o sucesso do plantio florestal em longo prazo.

Replantio

O replantio consiste na reposição das mudas mortas após o plantio. Ao adquirir mudas, deve-se prever um percentual a mais para esta operação.

DICA: Recomenda-se efetuar o replantio o mais rapido possível, sendo que o prazo maximo não deve ser superior a 25-30 dias após o primeiro plantio.

Desenho esquematico ilustrando a profundidade correta de plantio.Figura 12.

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Amostragem para análise de solo 07

Emiliano Santarosa

Edinelson José Maciel Neves

A analise de solo é fundamental para verificação das condiçoes de fertilidade do solo, e seus resultados serão utilizados como base para recomendação de adubação. É importante realizar a amostragem de solo de maneira correta, de forma que seja uma amostra representativa das condiçoes da gleba ou porção do terreno que sera avaliado. A seguir, serão citados de forma resumida os passos fundamentais de uma amostragem de solo.

Amostragem de solo

A amostragem de solo deve seguir alguns passos importantes:

• Dividir a propriedade em glebas homogêneas, conforme as diferenças do terreno (Figura 1), ou seja, de acordo com o relevo (topografia), histórico de uso da area, cobertura vegetal, uso atual do solo, cor e textura do solo.

• Para cada gleba devem ser coletadas amostras em separado.

• Em cada gleba, coletar 15 a 20 subamostras de solo no terreno, colocando as subamostras dentro de um balde (Figura 2).

• A coleta das subamostras deve ser feita em diferentes partes da mesma gleba, de forma que seja uma amostragem representativa das condiçoes de fertilidade da area. Uma forma pratica é caminhar em zigue-zague por toda a area, coletando aleatoriamente em diferentes pontos do terreno.

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• Profundidade de coleta para espécies florestais e frutíferas: 0-20 cm e 20-40 cm. Em alguns casos, pode-se amostrar também de 40-60 cm, a fim de verificar possíveis camadas subsuperficiais compactadas. Para plantas de lavoura, geralmente utiliza-se o padrão de 0-20 cm de profundidade.

• Homogeneizar ou misturar manualmente as subamostras dentro do balde.

• Coletar uma amostra composta, em torno de 500 g de solo.

• Colocar em um saco plastico, fechado.

• Colocar identificação: dentro e fora do plastico. Dentro pode-se colocar uma identificação com papel escrito a lapis, e fora, escrever com caneta especial no próprio plastico, etiquetar com fita adesiva, ou “amarrar” uma etiqueta de plastico.

• Informaçoes basicas necessarias para identificação da amostra: nome do produtor, localização da gleba na propriedade (pode-se colocar algum ponto de referência, por exemplo: parte alta da propriedade, próximo a casa, etc.), data de coleta, e, se possível, para maior exatidão, as coordenadas geograficas da gleba amostrada (não inviabiliza a amostragem, mas facilita a identificação com precisão pelo técnico).

• Encaminhar a um laboratório de análise de solos na região ou solicitar auxílio da assistência técnica para enviar amostras ao laboratório de analises de solo mais próximo.

Exemplo de identificação da amostra de solo em campo:

• AMOSTRA NÚMERO:

• LOCALIZAÇÃO/REFERÊNCIA DA GLEBA NA PROPRIEDADE:

• NOME DO PROPRIETÁRIO:

• PROPRIEDADE:

• MUNICÍPIO / UF:

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Coleta das amostras em diferentes porções do terreno (gleba), coletando 15 a 20 subamostras. Fonte: Bellote e Neves, 2001.

Ferramentas básicas e procedimentos de coleta com pá-de-corte

A coleta pode ser feita com trado específico para coleta de solo, tipo trado de rosca, trado holandês e trado calador. Na falta de um trado, o produtor podera utilizar uma pá-de-corte (Figuras 3 e 4), procedendo a coleta da seguinte maneira:

• Fazer uma cova no solo, da largura e profundidade da pa, em formato de quadrado (aproximadamente 30 cm x 30 cm).

• Retirar da beirada da cova uma “fatia de solo” com a pa-de-corte, de 0-20 cm de profundidade.

• Descartar as partes laterais da “fatia de solo” coletada.

• Coletar a porção da fatia localizada no meio da pa-de-corte (subamostra) e colocar no balde.

• Repetir o procedimento coletando em torno de 15 a 20 subamostras em diferentes pontos do terreno ou gleba a ser amostrada (coletando pontos em zigue-zague).

• Coletar uma amostra composta, em torno de 500 g de solo, conforme os passos detalhados anteriormente e identificar.

Figura 1. Divisão da propriedade em glebas, de acordo com a topografia, uso atual do solo, cor e textura. Fonte: Bellote e Neves, 2001.

Figura 2.

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Passos fundamentais para análise da fertilidade do solo e recomendações de adubação:

• amostragem de solo (campo);

• analise de solo (laboratório de analises);

• interpretação do resultado (técnico);

• recomendação de adubação e calagem (técnico).

É importante que a amostragem de solo e analise sejam realizadas com antecedência, para que a calagem e adubação de correção possam ocorrer antes do plantio. Dessa forma, o planejamento da adubação de plantio sera antecipado agilizando a compra de insumos necessarios para adubação. Espécies florestais, como o eucalipto, quando adubadas corretamente, apresentam maior desenvolvimento e maior taxa de crescimento, devendo também ser utilizadas mudas de qualidade, certificadas e com alto potencial genético para produção de madeira.

Figura 4. Diferentes tipos de trado para coleta e amostragem de solo: trado holandes, trado de rosca, trado calador e trado caneco, da esquerda para direita, respectivamente.Fonte: Bellote e Neves, 2001.

Figura 3. Ferramentas para amostragem de solo: trado holandês (A), pa-de-corte (B e C) e balde (D) para colocar as subamostras.Fonte: Bellote e Neves, 2001.

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Adubação 08

Antônio Francisco Jurado Bellote

Guilherme de Castro Andrade

Os plantios florestais ocupam, geralmente, solos de baixa fertilidade natural. Por isto, recomenda-se a adubação para possibilitar uma boa produtividade. No Brasil, a adubação é uma pratica intensamente utilizada na atividade florestal, principalmente nos plantios de eucaliptos. Além dos fertilizantes químicos, recomenda-se também o uso de resíduos de origem organica, que servem como fonte de nutrientes para as plantas e também como matéria organica para os solos. Para o eucalipto, a recomendação é feita com base em analises de textura e fertilidade do solo e da analise foliar ja preconizada.

Recomendação de adubação mineral

Em função dos teores de P (fósforo) e K (potassio), detectados na analise de solo (Tabela 1), recomenda-se a formulação do fertilizante mineral (N-P-K) e a respectiva dosagem para a adubação (Tabela 2).

As quantidades de adubo sugeridas na Tabela 2 consideram um plantio em espaçamento 3 m x 2 m, o que representa uma população de 1.666 arvores por hectare.

Teores no solso Interpretação baixo médio alto

Tabela 1. Interpretação dos teores de P e K no solo, com base nos resultados da analise química.

P (mg dm-3) < 3,0 3,0 < P < 7,0 >7,0

K (mmol(+) dm-3) < 0,5 0,5 < K < 1,5 < 1,5

Fonte: Bellote e Neves, 2001.

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Adubação de plantio e em cobertura

Normalmente a adubação é realizada em duas etapas. A adubação de plantio é feita antes ou no momento do plantio. Por exemplo, em solo com médio teor de fósforo e baixo teor de potassio (Tabela 2) a quantidade recomendada é 180 g por cova. Na adubação de plantio utiliza-se o adubo fosfatado (70 g de super simples por cova) e em cobertura (Figura 1); 30 a 40 dias após o plantio, aplica-se o nitrogênio (50 g de sulfato de amônia por cova) e o potassio (60 g de cloreto de potassio por cova).

Dica: Recomenda-se aplicar o adubo ao redor da cova de plantio, aproximadamente a 20 cm da muda, para evitar queima das raízes e morte das plantas pelo efeito salino do nitrogênio e do potassio.

B B 30 – 120 – 60 8-32-16 375 220

B M/A 30 - 120 – 45 10-30-10 400 240

M B 30 -90 – 60 8-30-20 300 180

M M/A 30 -90 – 45 8-28-16 320 190

A B 30 -60 – 60 8-28-16 220 130

A M/A 30 – 120 – 60 10-20-10 300 180

Tabela 2. Recomendação de adubação com fertilizante mineral para eucaliptos, com base nos teores de P e K do solo.Interpretação N - P2O5 - K2O Fórmula sugerida Eucaliptos P K Kg ha-1 g planta-1

B = baixo; M = médio; A = alto Fonte: Bellote e Neves, 2001.

Figura 1. Adubação em cobertura.

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Adubação de manutenção

Recomendada para solos de baixa fertilidade. Tem por objetivo fornecer K, Ca e Mg para as plantas. É realizada nos plantios com idade entre 2,5 e 3,0 anos por meio da aplicação de 90 kg por hectare de cloreto de potassio (ou aproximadamente 50 g por planta) e, aproximadamente, 2 toneladas de calcario por hectare. Em solos com altos teores de calcio e magnésio, a adubação de manutenção é realizada apenas com o cloreto de potassio.

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Tratos silviculturais:desrama e desbaste 09

Emiliano Santarosa

Edilson Batista Oliveira

Os tratos silviculturais são as praticas necessarias para favorecer o adequado desenvolvimento das arvores e o maximo rendimento de madeira, principalmente em sistemas de plantio que visam a produção de madeira para serraria.

Podemos citar como principais praticas silviculturais: adubação; controle de pragas; controle de plantas daninhas; desrama e desbaste das arvores. Por ser um cultivo menos tradicional, quando comparado com lavoura e pecuaria, muitas vezes o agricultor deixa de realizar estas praticas fundamentais, o que acaba prejudicando o rendimento final de madeira. O início do plantio, quando as arvores estão com menor desenvolvimento (em fase de muda), é o período mais crítico, onde as praticas silviculturais são essenciais (adubação e controle de plantas daninhas). Contudo, algumas praticas devem ser aplicadas principalmente em plantas adultas.

Plantios destinados à produção para serraria geralmente requerem maiores cuidados no manejo, pois estão relacionados a obtenção de arvores de maior diametro e melhor qualidade de madeira, sendo necessários maiores cuidados com a execução de desrama e desbaste, por exemplo. Por outro lado, plantios de arvores destinados a obtenção de lenha e carvão requerem espaçamentos menores, sem a necessidade de desbastes e com adubação diferenciada para favorecer seu rapido crescimento, com maior acumulo de biomassa em menor tempo.

Desbastes em idades e intensidades ideais, aliados à desrama, são práticas necessárias para obtenção de maior rendimento de madeira, principalmente quando destinadas para diferentes finalidades, como serraria e desdobro. Por isso, neste capítulo serão abordados alguns princípios basicos para aplicação das praticas de desbaste e desrama.

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Desbaste em eucalipto com diferentes idades, possibilitando maior espaçamento para o crescimento das arvores remanescentes e madeira oriunda do desbaste para obtenção de renda anterior ao corte raso ou corte final.

Desbastes

Os desbastes consistem em colheitas antecipadas e parciais das arvores, a fim de diminuir a população original e o numero de arvores por area. Esta pratica favorece a entrada de maior luminosidade e aumenta a disponibilidade de água e nutrientes, favorecendo o crescimento das arvores remanescentes (Figura 1).

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Com esta pratica de manejo, pode-se melhorar o produto final e a rentabilidade econômica do povoamento. Outra vantagem do desbaste é a possibilidade de se antecipar a renda e o retorno econômico para o produtor, sendo uma alternativa interessante também para plantios em pequenas areas e para possibilidade de usos multiplos da madeira.

Existem varios tipos de desbaste e combinaçoes que devem ser estabelecidos para cada plantio e finalidade da madeira, sendo necessaria a busca por profissionais habilitados para obter uma recomendação técnica mais detalhada para cada caso.

Os principais sistemas de desbaste que podem ser aplicados às áreas de plantio são:

• desbaste seletivo;

• desbaste sistematico;

• desbaste misto.

Desbaste seletivo

O desbaste seletivo consiste em retirar as arvores com menor desenvolvimento, atacadas por pragas ou doenças e/ou arvores com menor diametro e altura, de forma a manter na area as arvores com maior altura, diametro e sadias, pois apresentam maior potencial de crescimento e maior rendimento de madeira em longo prazo.

Um exemplo de desbaste seletivo é a cada 10 plantas na linha retirar-se 3 arvores com menor desenvolvimento, procurando retirar de maneira mais uniforme possível ao longo da area, para evitar a formação de clareiras (o que diminui a quebra de ramos pelo vento) e manter o espaçamento o mais uniforme possível. Removem-se as menores arvores do povoamento (desbastes “por baixo”). Tanto o diametro quanto a altura podem ser usados como variaveis na escolha das arvores a serem removidas.

Retira-se:

- arvores com menor desenvolvimento;

- arvores atacadas por pragas ou doença;

- arvores com menor diametro e altura.

Na Figura 2 observa-se um exemplo de desbaste seletivo em plantios de eucalipto, demonstrando um plantio puro com arvores com desenvolvimento desuniforme, a seleção de arvores com menor desenvolvimento (altura e diametro) e doentes, e o desbaste seletivo de 33%.

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Desbaste sistemático

O desbaste sistematico consiste em retirar as arvores de forma ordenada ou de acordo com um espaçamento pré-estabelecido. Por exemplo, pode-se optar por retirar uma arvore a cada três plantas na mesma linha. Ou então, remover uma fileira inteira de arvores, intercalada com outras que permanecem intactas.

Figura 2. Esquema representativo de um desbaste seletivo em plantios de eucalipto. Plantio puro (A); seleção de arvores com menor desenvolvimento (altura e diametro) e doentes (B) e desbaste seletivo de 33% (C). Árvores circuladas por linha vermelha são as arvores selecionadas para desbaste.

A

B

C

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Na Figura 3 observa-se um esquema representativo de um desbaste sistematico em plantios de eucalipto, demonstrando um plantio puro, seleção de arvores e desbaste de 33% e seleção e desbaste de 50%.

Figura 3. Esquema representativo de um desbaste sistematico em plantios de eucalipto.Plantio puro (A); seleção de arvores e desbaste de 33% (B, C) e seleção e desbaste de 50% (D, E). Árvores circuladas por linha vermelha são as arvores selecionadas para desbaste.

A B

C

D E

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Desbaste misto

O desbaste misto consiste em utilizar os dois métodos anteriormente descritos, realizando-se primeiro o desbaste sistemático e, em seguida, nas linhas remanescentes, o seletivo. Tem por objetivo deixar na area apenas as plantas com maior potencial de crescimento e com maior desenvolvimento.

Os desbastes são mais recomendados para plantios de eucalipto destinados à madeira de serraria, pois permitem a obtenção de arvores com maior diametro em longo prazo. Também proporcionam uma renda alternativa durante o cultivo, por meio da renda da madeira oriunda do desbaste, normalmente empregada para geração de energia ou na construção civil.

Intensidade e frequência de desbaste

Existem diversos regimes de desbaste que podem ser estabelecidos, programando cortes das arvores, por exemplo, aos 6, 12 e 18 anos, ou aos 5, 9 e 20 anos, de acordo com a finalidade da produção e as possibilidades de custo/benefício em relação ao mercado. Ha também diversas intensidades de desbaste, como 30%, 40% ou 50%, dependendo das condiçoes de cada talhão florestal (Tabela 1 a 4).

Este regime pode ser alterado, sendo necessária uma análise local de cada sítio para determinar o melhor manejo. Atualmente, a Embrapa Florestas dispoe dos softwares SisEucalipto e Planin, que podem ser utilizados pelos produtores rurais e profissionais da area para auxiliar na tomada de decisão.

Tabela 1. Exemplo de um regime de desbaste e uso da madeira.

Energia, celulose, carvão

Celulose, madeira para processamento mecânico

Celulose, madeira para

processamento mecânico

Fonte: adaptado de Santos (2010).

Desbaste Idade N° de árvores Volume Usos (anos) Inicial Corte Restantes (m³ ha-1)

1° 6 1.667 867 800 95

2° 11 800 400 400 150

Corte final 16 400 400 0 98

220

Total = 563 m³ ha-1

Serraria e laminação

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Tabela 2. Exemplo de um regime de desbaste, para uma população inicial de 2 mil arvores por ha.

Fonte: Santos (2010).

Desbaste Idade (anos) Retirada Número de árvores remanescentes por ha

Tabela 3. Exemplo de um regime de desbaste e uso da madeira.

Energia, celulose, carvão

Celulose, madeira para processamento mecânico

Celulose, madeira para

processamento mecânico

Fonte: Santos (2010).

Desbaste Idade N° de árvores Volume Usos (anos) Inicial Corte Restantes (m³ ha-1)

1° 5 1.400 840 560 76

2° 9 560 336 224 164

Corte final 20 224 224 0 250

350

Total = 840 m³ ha-1

Tabela 4. Simulação de regime de desbaste proposto para E. grandis por meio do uso do programa computacional SisEucalipto®.

Fonte: Santos (2010).

Idade Árvores Árvores Porcentagem Volume total Madeira Madeira para (anos) removidas remanescentes de desbaste de madeira para celulose desdobro (por ha) (por ha) (m3) (m3) (m3)

1° 7 40 1.200

2° 10 40 720

3° 13 40 430

4° 16 33 280

5° 20 40 180

Corte final 28 100 ---

0 0 1.047 - - - -

5 647 400 62 288,3 143,4 0

8 200 200 50 320,9 108,8 34,4

15 200 0 100 409,4 90,2 306,4

Serraria e laminação

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Orientações técnicas importantes sobre desbaste

No processo de desbaste, deve-se promover um bom aproveitamento dos espaços disponíveis no povoamento, evitando-se a formação de clareiras. Neste caso, eventualmente, arvores menores que tenham potencial para crescimento devem ser mantidas.

Na decisão quanto a idade, ao tipo e a intensidade do desbaste a ser aplicado, devem-se levar em consideração diversos fatores, especialmente os objetivos da produção e a maximização da rentabilidade econômica. O manejo mais adequado, por meio de desbastes, varia em função de fatores como: a) qualidade do sítio (solo, clima); b) material genético plantado; c) espaçamento inicial do plantio; d) densidade atual; e e) objetivo da produção. Quando um destes fatores for alterado, o regime ideal de manejo também se altera.

Além da finalidade da produção e existência de mercado, outro critério que pode ser utilizado para saber quando realizar o desbaste é quando a taxa de incremento de madeira começar a diminuir. A diminuição na taxa de crescimento e no incremento de madeira pode ser um indicativo da competição entre as arvores por agua e nutrientes do solo, e também competição por luminosidade na parte aérea (copa) das plantas, sendo um indicativo da necessidade de desbaste.

Volume de madeira e taxa de crescimento das árvores

Para avaliação da taxa de crescimento das arvores, pode-se fazer um acompanhamento por amostragem (parcelas permanentes), medindo-se uma vez por ano (no mesmo mês) o diametro a altura do peito (DAP a 1,30 m) e a altura das arvores, dados que são necessarios para calcular o volume total de madeira.

O calculo de volume de madeira da arvore em pé pode ser feito pela seguinte fórmula:

V = h x DAP2 x 0,7854 x f

• V = volume da arvore (m3);

• h = altura da arvore (m);

• DAP = diametro do tronco a altura do peito, medido a 1,30 m do solo (m);

• 0,7854 = divisão π/4;

• F = fator forma (comum entre 0,4 a 0,5 em eucalipto).

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A partir do calculo de volume de diversas arvores (parcela amostral), pode-se calcular:

• O incremento corrente anual (ICA), que refere-se ao crescimento em volume ocorrido no período de um ano;

• O incremento de madeira médio anual (IMA), que refere-se ao resultado da divisão do volume pela idade da floresta.

Pode-se fazer acompanhamento do volume de madeira e da taxa de crescimento por amostragem representativa da area de cultivo ao longo dos anos, a fim de auxiliar na tomada de decisão do desbaste.

A diminuição no crescimento do diametro (média do DAP) das arvores e a diminuição da taxa de crescimento, de um ano para outro, pode ser um indicativo técnico da necessidade de desbaste.

Porém, vale ressaltar que, com base no inventario florestal, é necessario também fazer uma analise econômica do plantio e analisar o preço pago pela madeira na região, a fim de auxiliar na tomada de decisão do desbaste. Ou seja, o ponto ótimo de corte para o desbaste também deve coincidir com a maior rentabilidade econômica do plantio. Por isso, para auxiliar a amostragem e a tomada de decisão, recomenda-se buscar assistência técnica especializada.

Desrama

A desrama ou poda dos galhos até determinada altura do tronco melhora a qualidade da madeira, pois elimina a formação de nós provocados pelos galhos não retirados (Figura 4). A madeira sem nó apresenta maior qualidade e normalmente é melhor remunerada pelas serrarias.

Em plantios puros, o momento correto de iniciar a desrama é quando as copas das arvores começarem a se tocar, geralmente na fase em que inicia a competição entre as plantas por luminosidade, e também quando forem observados ramos secos no tronco. Outro critério para iniciar a desrama, utilizado em sistemas silvipastoris, é quando mais de 60% das arvores atingirem 6 cm de DAP, sendo realizada a desrama deste ponto para baixo. Não se deve realizar a desrama antes da arvore atingir este diametro mínimo, pois pode atrasar o crescimento da arvore no sistema silvipastoril, em virtude da diminuição do volume da copa (PORFÍRIO-DA-SILVA et al., 2009).

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Figura 4 Diferença da madeira sem desrama, com presença de nós, e madeira que recebeu a desrama no momento adequado, sem nós, com maior qualidade para serraria (A).Madeira com nó (B) devido a falta de desrama adequada, diminuindo a qualidade da madeira. A desrama é fundamental para madeira de serraria.Fonte: Porfírio-da-Silva et al. (2009).

Intensidade da desrama

Quanto a intensidade da desrama ou poda, é sempre importante manter um volume de copa de, no mínimo, 40% a 60% da altura total da arvore, a fim de favorecer a manutenção de area foliar adequada para fotossíntese e crescimento da planta (Figura 5). A manutenção de um determinado volume de copa é essencial para favorecer a captação de luminosidade, principalmente para captação de radiação fotossintética ativa, favorecendo o processo de fotossíntese e o crescimento da arvore em condiçoes de disponibilidade hídrica.

Quando as arvores estiverem com maior desenvolvimento, a altura de desrama ira depender da altura de tora que se pretende obter sem nó (exemplo: até 5,80 m de altura), ou de tamanho da tora que se queira destinar para venda em serraria. A qualidade da madeira, as condições de mercado e o tamanho da tora destinada a madeira “clear” (sem nó) influenciam no preço pago pelo produto.

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Figura 5. Exemplo de desrama adequada em eucalipto.

Em alguns casos, a desrama pode ser feita anualmente ou bienalmente (Tabelas 5 e 6). Entretanto, como esta operação acarreta custos de mão-de-obra, deve ser bem planejada. É importante que os operadores da desrama utilizem equipamentos de proteção e ferramentas adequadas. Podem ser utilizadas tesouras apropriadas, podoes ou serrotes para plantios florestais acoplados a um suporte para facilitar os cortes em maior altura.

Tabela 5. Exemplo de desrama.

Fonte: Santos (2010).

Desrama Idade (anos) Altura na árvore (m)

1° 1,5 3

2° 3,5 6

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Figura 6. Locais corretos para poda (linhas vermelhas).

Tabela 6. Exemplo de desrama.

Fonte: Santos (2010).

Desrama Idade (anos) Altura na árvore (m)

1° 1,5 a 2,5 5

2° 3,0 a 4,0 7

Como realizar a desrama

Deve-se podar preservando a “crista” e o “colar”, variando o angulo de corte se o galho for vivo ou morto (Figura 6). É também muito importante realizar os cortes rentes a superfície do tronco (Figura 7), evitando a presença de tocos de galhos (Figura 8) e ferimentos, pois estes podem servir de entrada para pragas e doenças. A poda realizada de maneira adequada evita a presença de nós na madeira, agregando valor ao produto destinado a serraria.

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Figura 7. Tronco de eucalipto que recebeu a desrama adequada, rente ao tronco.

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Figura 8. Exemplos de desrama inadequada em tronco de eucalipto com presença de tocos de ramos.

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Dicas técnicas importantes:

• Utilizar ferramentas adequadas: tesouras de poda, podoes ou serrotes para plantios florestais, acoplados a um suporte para facilitar os cortes em maior altura;

• Evitar ferimentos no tronco, pois estes podem servir de entrada para pragas e doenças;

• Realizar os cortes rentes a superfície, a poucos milímetros do tronco, preservando a crista e o colar;

• Evitar deixar “tocos” ou pequenas porçoes do ramo podado no tronco;

• De maneira semelhante a pratica de desbaste, podar arvores envolve custos. Assim, o produtor deve analisar em sua região se havera mercado que remunere madeira “clear” ou sem nó.

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Controle de plantas daninhas 10

Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart

A expansão dos plantios de Eucalyptus em áreas de pastagens degradadas ou mesmo de agricultura, associada ao alto potencial produtivo da espécie, torna cada vez mais importante a proteção dos plantios contra pragas, doenças e plantas daninhas. Em se tratando de plantas daninhas, a competição por água, luz e nutrientes é que suprime o crescimento inicial das arvores, comprometendo o incremento potencial de madeira no sítio. Além das perdas causadas pela competição, a vegetação indesejada nos plantios provoca problemas nos tratos silviculturais - na desrama, no desbaste, e na colheita. A presença de plantas daninhas aumenta o custo dessas operaçoes e, por isso, algumas empresas florestais optam por manter os plantios limpos durante toda a rotação florestal. Embora as perdas sejam variaveis em função de fatores edafoclimaticos, em casos extremos de competição, a redução no incremento chega a 80% aos 3 anos, com redução na altura de 50%, e no diâmetro de 35%, em termos médios (GARAU et al., 2009).

Período de convivência entre as plantas daninhas e o eucalipto

A competição das arvores com as plantas daninhas reduz com o seu crescimento, em função do sombreamento e do aprofundamento parcial das raízes. Assim, a necessidade de controle do mato diminui com o aumento da idade do plantio. Entretanto, para definir até quando o controle deve ser realizado, são feitos estudos de competição para definição do período em que as arvores devem ser protegidas da interferência das plantas daninhas. De forma geral, a competição inicia entre 14 e 28 dias após o plantio (TOLEDO et al., 2000; ADAMS et al., 2003). O período final de controle é mais variavel, sendo de 12 a 18 meses (ADAMS et al., 2003). A partir dessa idade, a necessidade de controle diminui, embora em

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casos de alta infestação, sobretudo com gramíneas dos gêneros Panicum e Brachiaria, ainda se justifique praticas de manejo.

Com essas informaçoes, o produtor pode definir quando realizar o controle das plantas daninhas. Essa definição é importante, pois permite o planejamento das atividades, para realiza-las com a maior eficiência econômica. Existem diversos métodos de manejo da vegetação disponíveis que serão apresentados abaixo.

Controle cultural

a) Preventivo

A prevenção é a forma mais barata de evitar a competição das culturas com as plantas daninhas. Este método consiste em praticas simples, que impedem a disseminação e estabelecimento de espécies potencialmente daninhas para os plantios. A limpeza de equipamentos utilizados em areas infestadas e aquisição de mudas livres de plantas daninhas no substrato são exemplos. No caso do eucalipto, as braquiarias são bastante competitivas, especialmente em areas de pastagem. Outras plantas, como as dos gêneros Ipomea (corda-de-viola), Cynodon (grama-seda) e Digitaria (capim-colchão) têm potencial para exercer alta competição. Em areas anteriormente cultivadas com culturas anuais, plantas dos gêneros Bidens (picão-preto), Eleusine (capim pé-de-galinha) e Euphorbia (leiteira, amendoim-bravo) são problemas mais comuns. O método preventivo torna-se importante em areas de plantio ou reforma que não contenham espécies problematicas altamente competitivas.

b) Consórcio com lavouras anuais

É a pratica de cultivar lavouras anuais na entrelinha do eucalipto, em seus estagios iniciais de crescimento. Este cultivo é realizado normalmente até o segundo ano, dependendo das condiçoes de sombreamento. Seja em reflorestamentos puros ou em ILPF (Integração lavoura-pecuaria-floresta), o plantio consorciado de eucalipto com culturas como milho, feijão, espécies forrageiras ou adubos verdes (aveia, ervilhaca, guandu, crotalaria) apresenta bons resultados. As culturas geram receitas que reduzem o custo do controle das plantas daninhas e suprimem sua multiplicação e dispersão.

No caso do cultivo de forrageiras nas entrelinhas, é importante manter uma faixa limpa nas linhas de plantio do eucalipto, para que não ocorra competição entre as espécies. Outra necessidade, é a utilização de cercas elétricas para evitar que o gado danifique as arvores nos primeiros anos após o plantio.

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c) Pastejo

O pastejo é considerado um dos métodos mais antigos de controle biológico de plantas daninhas. A expansão dos plantios de eucalipto em areas de pastagens degradadas ou mesmo de lavouras fazem desta uma opção interessante. Os sistemas silvipastoris e ILPF são formas de aproveitar a vegetação que cresce sob as arvores e mantê-las em densidade satisfatória, diminuindo sua multiplicação.

Controle físico

a) Arranquio manual

Pode ser utilizado em pequenos plantios, na linha das arvores ou como complemento do coroamento feito com capinas. Também pode ser complemento de uma aplicação de herbicidas, a fim de eliminar plantas escapes. O arranquio tem melhor efeito sobre plantas daninhas anuais que se multiplicam por sementes. Espécies que se reproduzem por partes vegetativas, como estolão e rizomas, não devem ser arrancadas, pois isso aumenta sua infestação.

b) Coroamento e capina

O coroamento é a principal forma de controle do mato em plantios florestais. Trata-se da eliminação das plantas existentes em torno do local onde a muda sera plantada. As formas mais comuns de realizar o coroamento são: a aplicação dirigida de herbicidas; as capinas manuais e; a aplicação de mulching ou cobertura. O coroamento é extremamente importante, pois as plantas daninhas mais próximas causam os maiores danos às mudas, em comparação aquelas mais distantes na entrelinha. Por isso, é uma pratica indispensavel nos plantios de eucalipto.

Deve-se realizar o coroamento alguns dias antes do plantio das mudas. Se o plantio for feito em covas, deve-se manter um círculo de 0,5 m de raio em torno da muda livre de plantas daninhas (Figura 1). Recomenda-se observar a regeneração das infestantes e, se necessario, refazer o coroamento. Estudos mostraram que as mudas devem estar livres de daninhas até mais ou menos um ano. Assim, o coroamento deve ser realizado quando for necessario, até o final desse período.

As capinas são realizadas antes de outras praticas de manejo, como podas e adubação, e facilitam o transito por entre as arvores. Em plantios com idade mais avançada, a capina

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permite selecionar espécies que se deseja manter nos povoamentos, principalmente arvores nativas regeneradas naturalmente, as quais auxiliam na conservação da agua, do solo e no controle de inimigos naturais de pragas do eucalipto. Além disso, as capinas favorecem o combate as formigas e diminuem o risco de incêndios nos plantios. As capinas podem ser realizadas manualmente, com enxadas, enxadões e sachos, ou mecanicamente, com enxadas rotativas tracionadas por trator. A capina manual é utilizada em locais de declividade acentuada. Entretanto, mesmo em locais onde o acesso de maquinas é permitido, a capina manual é necessaria nas linhas de plantio. As capinas mecanicas devem ser realizadas com especial cuidado em plantios jovens, devido a possibilidade de ocorrerem danos nas mudas.

Coroamento em cultivo de Eucalyptus.Figura 1.

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c) Mulching

É a pratica de depositar uma camada de um dado material sobre a superfície do solo, cobrindo-o. O material usado como cobertura pode ser organico ou inorganico, com as características de ser permeavel e opaco. Este método controla as plantas daninhas por bloquear a passagem da luz até a superfície do solo. As sementes que necessitam de radiação ou de certa temperatura não germinam e plantulas morrem por falta de radiação para a fotossíntese. Além do efeito de controle do mato, o mulching ajuda a conservar a umidade local pela redução da evaporação do solo.

De forma geral, a vegetação existente deve ser retirada antes da aplicação da cobertura. O mulching tem um efeito complementar a capina ou aplicação de herbicidas não residuais (por exemplo glifosato). Por isso, esta técnica pode ser utilizada após o coroamento, garantindo o controle da vegetação por mais tempo. A duração do efeito dependera da decomposição do material utilizado.

A espessura da camada necessaria para um controle efetivo das plantas daninhas deve ter entre 5 cm e 10 cm, se realizada com materiais organicos. Camadas muito finas podem permitir a germinação e crescimento da vegetação. Os materiais organicos mais comuns são a serragem, a casca de arvores ou de arroz, a palhada e outros restos vegetais.

d) Roçada

O objetivo é controlar as plantas sem elimina-las, mantendo-se a cobertura do solo. As roçadas são utilizadas principalmente nas entrelinhas dos plantios florestais, a cada 3 ou 4 meses no primeiro ano (Figura 2). Não é muito utilizada na linha de plantio, devido ao risco de dano as mudas. Entretanto, é pratica comum em plantios de eucalipto as roçadas cruzadas nas entrelinhas em ambos os sentidos. Esta pratica reduz a quantidade de plantas daninhas próximas as mudas e favorece o coroamento com capina manual ou com herbicidas. Em terrenos muito declivosos esta pratica pode ser limitada, devido a questoes de segurança e conservação do solo.

Em plantios com mais de 2 anos, deve-se realizar roçadas nas entrelinhas quando necessario, como em épocas de desramas ou desbastes, ou outras praticas de manejo do eucalipto. Algumas empresas roçam as plantaçoes anualmente até o quinto ano.

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Figura 2. Roçada nas entrelinhas de plantio.

e) Aração, gradagem e subsolagem

Aração e gradagem são práticas utilizadas no preparo do solo em área total, antes do plantio, e suprimem as plantas daninhas por quebrar ou cortar suas partes vegetativas, arrancando-as do solo ou enterrando-as no solo lavrado. Essas operaçoes são onerosas e têm efeito negativo na conservação do solo quando realizadas em area total. Por isso, foram substituídas por praticas de cultivo mínimo, como a subsolagem na linha de plantio. Alguns subsoladores usados para plantios florestais estão sendo fabricados com dois discos de arado acoplados a haste. Esses discos mobilizam o solo e controlam as plantas daninhas na linha de plantio. A subsolagem rompe as camadas subsuperficiais de solo compactadas, favorecendo o estabelecimento adequado das mudas. Para complementar o efeito de controle, pode-se realizar aplicação de herbicida na linha de plantio ou capina manual.

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Controle químico

O controle químico de plantas daninhas é realizado por meio do uso de herbicidas, que inibem funçoes metabólicas vitais aos vegetais. Apresentam alta eficiência e são muito utilizados em grandes plantios. Sua aplicação pode ser feita por pulverizadores costais, de tração humana, semimecanizados, mecanizados ou autopropelidos. Os herbicidas utilizados nos plantios devem ser criteriosamente selecionados, baseado nas espécies de plantas daninhas presentes na area. Além disso, sua aplicação e dosagem devem seguir rigorosamente as informaçoes constantes na bula dos produtos, a fim de evitar danos as plantas de eucalipto e ao meio ambiente. Nem todos os herbicidas registrados para o eucalipto são seletivos, ou seja, se a aplicação não for correta, as arvores serão injuriadas ou mesmo eliminadas.

Classificação dos herbicidas

Os herbicidas podem ser classificados em pós e pré-emergentes.

Ação em pré-emergência: os produtos são aplicados ao solo antes ou logo após o plantio das mudas, mas antes da emergência das plantas daninhas. Dependendo do herbicida, as plantas daninhas são controladas antes de emergir. Muitos herbicidas pré-emergentes possuem efeito residual e efeito em plantas pequenas. Aspectos do solo e do clima podem afetar a eficiência desses produtos.

Ação em pós-emergência: os herbicidas são aplicados sobre a folhagem das plantas daninhas recém-emergidas (Figura 3). De forma geral, esses produtos são mais eficientes em plantas pequenas e requerem bom molhamento nas folhas. Deve-se, entretanto, evitar a aspersão direta nas mudas das arvores.

Os herbicidas registrados para cultivos de eucalipto estão na Tabela 1. Salienta-se que os registros de herbicidas no Parana são diferentes dos praticados pelo Ministério da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento - MAPA. No Brasil, são registrados 45 produtos formulados para o eucalipto, enquanto no Parana, são 34. As normas no Estado do Parana podem restringir também o uso dos produtos a uma ou outra espécie-alvo. Além disso, para propriedades certificadas ou que buscam a certificação no Forest Stewardship Council - FSC, existem herbicidas que são proibidos. Para o esclarecimento de duvidas, deve-se consultar um agrônomo ou engenheiro florestal que, após avaliação e planejamento, emitira o receituario agronômico contendo as recomendaçoes de aplicação.

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Controle na linha de plantio em pré-emergência (A) e pós-emergência (B).Figura 3.

Tabela 1. Herbicidas registrados no MAPA e na Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB-PR) para utilização em plantios de eucalipto. Consulta realizada em setembro de 2014.

Herbicida (princípio ativo)

1Alguns produtos formulados não possuem registro de uso no PR; 2Não registrado no PR; 3Ação em gramíneas dos gêneros Panicum e Digitaria; 4Registrado somente no PR para erradicação de tocos/cepas em eucalipto; 5Ação graminicida restrita a aplicações em pré-emergência; 6Uso restrito pelo FSC Pesticide Policy.

Produtos Formulados

Aplicação Seletivo ao eucalipto

Espectro de controle

Efeito residual

carfentrazona1

carfentrazona+ clomazona2

clorimurom

flumioxazina3

glifosato1

glufosinato

imazapir4

isoxaflutoll2

oxifluorfem5;6

pendimetalina2;6

picloram+2,4-D6

sulfentrazona

Pós

Pré/pós

Pós

Pré

Pós

Pós

Pós

Pré/Pós

Pré/Pós

Pré

Pós

Pré

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Equipamentos para aplicação de herbicidas

Para plantios de eucalipto e mesmo de outras espécies florestais ha diversos equipamentos que permitem a aplicação dos produtos nas linhas e entrelinhas sem afetar as mudas ou arvores jovens. Essa modalidade de aplicação é conhecida como jato dirigido. Isso é importante, pois são poucos os herbicidas seletivos para o eucalipto e ao proteger as linhas de plantio pode-se utilizar também os não seletivos. Em aplicaçoes em area total no período de pré-plantio são usadas barras de aspersão comuns.

Os equipamentos mais comuns para aplicação de herbicidas são:

1. Pulverizadores costais com proteção antideriva - normalmente são equipamentos com uma ponta de aplicação, pressurizados ou motorizados (Figura 4). A proteção antideriva é realizada por uma campanula acoplada a barra de aplicação. Existem modelos que aplicam o herbicida sistêmico puro, com ultra baixo volume de aplicação. Permitem realizar o coroamento químico sem atingir o colo das mudas.

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Figura 4. Pulverizador costal com proteção antideriva (A) e pulverizador motorizado com barra protegida (B).

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2. Pulverizadores movidos à tração humana - são equipamentos com rodados e estrutura leves e possuem duas ou mais pontas de aplicação. Adaptados para pequenas áreas, apresentam baixa autonomia e permitem aplicação somente nas entrelinhas de plantio.

3. Pulverizadores semimecanizados - são pulverizadores convencionais com mangueiras acopladas a barra de aplicação. As mangueiras são manuseadas por operadores, enquanto um tratorista controla a velocidade do implemento. Permite mais eficiência na aplicação dirigida na linha de plantio.

4. Pulverizadores motorizados com barra protegida - apresentam proteção contra deriva nas laterais e na parte traseira da barra de aplicação. São conhecidos como “conceição”. Permitem aplicação segura de herbicidas não seletivos nas entrelinhas de plantio. Existem pulverizadores acoplados ao subsolador que une as duas operaçoes.

5. Pontas antideriva - podem ser usadas em qualquer pulverizador. Por inclusão de ar, as gotas aspergidas são maiores em relação àquelas produzidas em pontas comuns, o que reduz a deriva pelo aumento do peso das gotas. As pontas antideriva devem ser usadas preferencialmente para aplicação de herbicidas em pré-emergência ou pós-emergentes sistêmicos.

Estratégia de manejo integrado das plantas daninhas

O manejo integrado de plantas daninhas na cultura do eucalipto vem sendo utilizado pelas principais empresas florestais. Trata-se de uma estratégia que mescla os métodos de controle preventivo, cultural, físico e químico, disponíveis para a cultura do eucalipto, visando uma produção ambientalmente correta.

A descrição dos métodos disponíveis de prevenção e controle de plantas daninhas foi apresentada nos itens anteriores. Esses métodos podem ser utilizados em varias combinaçoes, dependendo da realidade de cada propriedade. É importante salientar que, independente do método utilizado, devem ser seguidas as recomendaçoes de controle no período em que são sugeridas. Baseado nessas informaçoes, as etapas de controle de plantas daninhas na cultura do eucalipto são apresentadas na Figura 5.

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1. Dessecação em área total no pré-plantio (herbicida dessecante).

2. Preparo do solo na linha de plantio ou coroamento (controle físico ou herbicida dessecante).

3. Controle na linha de plantio no primeiro mês (coroamento por capina ou herbicida pré-emergente).

4. Controle na linha em torno de 3 ou 4 meses (capina ou herbicida com jato dirigido).

5. Controle em area total aos 6 meses (capina/roçada ou herbicida com jato dirigido).

6. Controle em area total aos 12 meses (capina/roçada ou herbicida com jato dirigido, conforme altura das arvores).

7. Controle em area total aos 18 meses (capina/roçada ou herbicida).

8. Monitoramento a necessidade de controle, baseando-se no sombreamento e intensidade de infestação para realização de tratos silviculturais e colheita.

Não existe um método que, isoladamente, seja eficaz no controle de plantas daninhas. Sendo assim, a associação de métodos em um manejo integrado é a forma mais racional de diminuir os impactos das plantas daninhas na produção de madeira.

Figura 5. Etapas de controle de plantas na eucaliptocultura.

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Principais pragas e seu controle 11

Dalva Luiz de Queiroz

Leonardo Rodrigues Barbosa

Edson Tadeu Iede

A semelhança do eucalipto com diversas plantas nativas brasileiras favoreceu a adaptação de muitos insetos aos plantios florestais, sendo observada a ocorrência de varias pragas, principalmente formigas, besouros e lagartas desfolhadoras. Além dessas, varias outras pragas foram introduzidas nos ultimos anos, aumentando os gastos com o seu controle.

Formigas cortadeiras

As formigas cortadeiras são consideradas até hoje o principal problema para as florestas de eucalipto no Brasil. Estes insetos são conhecidos como sauvas (Atta spp., Figura 1) e quenquéns (Acromyrmex spp., Figura 2). O desfolhamento causado por formigas pode reduzir a produção de madeira no ano seguinte em 1/3 e, se isto ocorrer no primeiro ano de plantio, a perda total pode chegar a 13% no final do ciclo de colheita.

Para o combate as formigas são utilizados principalmente produtos químicos na forma de iscas granuladas. No entanto, o manejo adequado dos plantios, juntamente com o monitoramento, é fundamental para o sucesso deste controle. Neste contexto, é fundamental: o conhecimento da espécie de formiga que ocorre na area e das características do solo, vegetação, clima; a manutenção do sub-bosque; a inspeção prévia das areas de plantio antes do preparo do solo; a localização dos focos de ataque e determinação dos pontos críticos de controle para direcionar os combates pós plantio. Estas são estratégias que poderão contribuir para minimizar os danos causados pelas formigas cortadeiras em plantaçoes de eucalipto.

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Figura 1. Formiga sauva (Atta spp.).

Figura 2. Formiga quenquém (Acromyrmex spp.).

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Cupins

Cupins ou térmitas são insetos sociais que vivem em colônias, chamadas de cupinzeiros (Figura 3).

Os cupins atacam madeira morta ou viva, causando danos as florestas em crescimento ou a madeira ja processada. As espécies que atacam o eucalipto com mais frequência são as dos gêneros: Coptotermes spp., Heterotermes spp., Anoplotermes spp., Armitermes spp., Cornitermis spp., Neocapritermes spp. (Figura 4), Procornitermes spp. e Syntermes spp.

O controle dos cupins, quando necessário, é realizado por inseticidas químicos registrados para a cultura de eucalipto. Para obtenção de maiores informaçoes dos produtos registrados, pode-se acessar a pagina do Ministério da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento (MAPA – Agrofit).

Figura 3. Cupinzeiro.

Figura 4. Soldado de Neocapritermes.

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Lagartas desfolhadoras

São consideradas lagartas desfolhadoras os insetos da ordem Lepidoptera, que em sua fase larval se alimentam de folhas. São exemplos de lagartas desfolhadoras: Eacles imperialis magnifica (Lepidoptera: Saturniidae), Automeris spp. (Figura 5) (Lepidoptera: Hemileucidae), Glena spp. (Lepidoptera: Geometridae), Eupseudosoma aberrans (Lepidoptera: Arctiidae), Sabulodes caberata caberata (Lepidoptera: Geometridae) e Sarcina violascens (Lepidoptera: Lymantriidae).

Devido a ocorrência esporadica de surtos de lepidópteros desfolhadores no Brasil, a utilização de parasitóides e parasitas não tem sido eficaz no controle dessas pragas, apesar de haver citaçoes de sua utilização para o controle de pragas do eucalipto.

Organismos predadores, como hemípteros das famílias Pentatomidae e Reduvidae, além dos passaros, podem contribuir para a redução da população destas pragas. Dentre os patógenos, o mais utilizado é a bactéria Bacillus thuringiensis (Berliner), que ao ser ingerida pela lagarta provoca a ruptura da parede intestinal, levando-as a morte. Esta bactéria é vendida comercialmente como Dipel.

O controle químico também é utilizado, mas deve-se ter em mente que este tipo de controle deve ser utilizado quando as demais alternativas estiverem esgotadas, ja que possui alto custo financeiro e biológico. Esta alternativa, quando adotada juntamente com outras técnicas de manejo integrado de pragas, constitui importante mecanismo no controle de pragas.

O controle químico de lagartas desfolhadoras, quando necessario, deve ser realizado através da aplicação de produtos registrados para a cultura de eucalipto. Para obtenção de mais informaçoes sobre os produtos registrados, deve-se acessar a pagina do Ministério da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento (MAPA – Agrofit).

Figura 5. Adulto de Automeris sp.

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Besouros desfolhadores

Os besouros desfolhadores constituem principalmente as famílias Chrysomelidae, Curculionidade, Scarabaeidae e Buprestidae. Dentro deste grupo, a principal espécie que apresenta importancia para o setor florestal brasileiro é Costalimaita ferruginea. Estes besouros atacam folhas novas, roem ponteiros e galhos tenros de eucaliptos jovens.

As espécies de besouros desfolhadores mais frequentes no Parana são: Gonipterus gibberus (Coleoptera: Curculionidae), Gonipterus scutellatus (Coleoptera: Curculionidae) (Figura 6), Sternocolaspis quatuordecimcostata (Coleoptera: Chrysomelidae), Costalimaita ferruginea vulgata (Coleoptera: Chrysomelidae), Bolax flavolineatus (Coleoptera: Scarabaeidae) e Psylloptera spp. (Coleoptera: Buprestidae).

O controle deste grupo de insetos inclui técnicas preventivas, como escolha de plantas resistentes e tratos culturais.

Figura 6. Adulto de Gonipterus scutellatus (Coleoptera: Curculionidae).

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Coleobrocas

Os insetos broqueadores (Figura 7) têm grande importancia como praga florestal no Parana. Os principais coleobrocas são: Platypus sulcatus (Coleoptera: Platipodidae), Phoracantha semipunctata (Coleoptera: Cerambycidae), Achryson surinamum (Coleoptera: Cerambycidae) e Mallodon spinibarbis (Coleoptera: Cerambycidae).

O controle de coleobrocas é baseado na eliminação das partes afetadas através da queima, evitando reinfestaçoes.

Figura 7. Larva de coleobroca (Coleoptera: Cerambycidae) em tronco de eucalipto.

Psilídeos

Dentre os insetos que sugam a seiva e provocam danos no eucalipto, podem ser citados os psilídeos, as cigarrinhas, os trips e os pulgoes. Os psilídeos, de origem australiana, são insetos saltadores, semelhantes a pequenas cigarrinhas, pertencentes à ordem Hemiptera, superfamília Psylloidea. Foram introduzidos no Brasil a partir da década de 1990, sendo atualmente encontradas quatro espécies: Ctenarytaina spatulata (Figura 8), Ctenarytaina eucalyptie, Blastopsylla occidentalis e Glycaspis brimblecombei.

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Figura 8. Adulto de Ctenarytaina spatulata (Hemiptera: Psyllidae).

Surtos destes psilídeos têm ocorrido esporadicamente em diferentes regioes do Brasil, em plantios clonais, principalmente aqueles originários do cruzamento entre E. camaldulensis e E. grandis.

Os psilídeos C. spatulata, C. eucalypti e Blastopsylla occidentalis são insetos de vida livre que atacam as ponteiras do eucalipto. Seus danos são semelhantes, se caracterizando pela deformação e encarquilhamento das folhas, brotaçoes e partes apicais da planta, com a diminuição da area foliar, superbrotamento e perda geral do vigor das plantas.

Glycaspis brimblecombei na sua fase jovem constrói uma concha na qual se protege, por isto é conhecido como “psilídeo de concha”. Ataca as folhas das plantas de diferentes idades, causando desfolha e perda de produtividade dos plantios e, em altas infestaçoes, pode levar a morte das plantas.

O controle destes insetos esta baseado na utilização de inimigos naturais, como fungos entomopatogênicos, insetos predadores e principalmente parasitóides.

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Outras pragas introduzidas

O numero de pragas detectadas no Brasil têm aumentado nos ultimos anos. Algumas delas vêm causando prejuízos e aumento nos custos de produção. Além dos danos diretos as plantas, estas pragas causam sérios prejuízos, devido as barreiras não tarifarias, prejudicando o comércio, principalmente a exportação de produtos in natura, tais como frutos, sementes e madeira.

Dentre as pragas introduzidas no Brasil, destacam-se os pequenos insetos, tais como: pulgoes, psilídeos e microvespas. Estes ultimos foram detectados recentemente, e se dispersam com facilidade. Possuem ciclo de vida curto e muitas vezes passam despercebidos, em função de seu pequeno tamanho.

Microvespa do citriodora (Epichrysocharis burwelii)

Esta espécie é oriunda da Australia, mas ja tinha sido constatada nos Estados Unidos desde 1999. No Brasil, a primeira observação foi feita em março de 2003, no Estado de Minas Gerais, atacando plantaçoes de Corymbia citriodora, destinadas à produção de óleos essenciais (ANJOS et al., 2004). Hoje, o inseto se encontra espalhado por praticamente todas as areas onde o eucalipto é plantado no Brasil.

Apesar de serem muito pequenas (cerca de 0,5 mm de comprimento), as microvespas podem ser observadas a olho nu sobre as folhas novas de ramos laterais, onde ficam em intensa atividade de postura nas horas mais quentes do dia. Apresentam coloração geral marrom-escura ou preta, com a cabeça mais clara, tendendo para marrom-amarelada com antenas amarelo-palha (Figura 9A).

Os danos são caracterizados inicialmente por pequenas galhas globosas, com menos de um milímetro de diametro, coloração inicialmente verde, mudando para cinza-claro e depois marrom, após a emergência dos adultos. Os furos de saída dos insetos funcionam como porta de entrada para patógenos que fazem aumentar a necrose do limbo foliar e provocam a queda precoce das folhas; as arvores assumem um aspecto sapecado e de copas ralas. Nas pontas das folhas necrosadas, as vesículas de óleo desaparecem completamente, indicando que a produção da essência oleosa pode ficar seriamente comprometida (Figuras 9B, C e D). Ainda não existem dados oficiais, mas dados da industria informam que a perda na produção de óleo pode variar de 30% a 80% nas folhas provenientes de plantaçoes atacadas (ANJOS et al., 2004).

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Figura 9. Imagem do adulto da microvespa (A), sintomas das posturas nas folhas (B), após a saída dos adultos (C) e evolução de danos causados pela microvespa (D).

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Percevejo bronzeado - Thaumastocoris peregrinus (Hemiptera: Thaumastocoridae)

O percevejo bronzeado é nativo da Australia, onde era pouco estudado até 2002, quando se tornou uma praga séria de eucalipto plantado em áreas urbanas de Sydney, em especial, das espécies Eucalyptus nicholii e E. scoparia (NOACK; ROSE, 2007). Atualmente, o inseto vem se dispersando rapidamente. Sua introdução foi registrada em 2003, na África do Sul; em 2005, na Argentina; e 2008, no Uruguai. Desde então esta praga vem infestando diferentes espécies e híbridos de Eucalyptus, incluindo E. camaldulensis, E. tereticornis, E. viminalis, E. grandis, E. dunnii, E. saligna, E. grandis x camaldulensis e E. grandis x urophylla, entre outras (BOUVET; VACCARO, 2007; CARPINTERO; DELLAPÉ, 2006; JACOBS; NESER, 2005; NOACK; COVIELLA, 2006; MARTINEZ-CROSA, 2008). No Brasil, esta praga foi detectada primeiramente em São Francisco de Assis, RS, em maio de 2008 e, posteriormente, em junho do mesmo ano, em Jaguariuna, SP. Na Região Sul, sua introdução ocorreu provavelmente pela fronteira com a Argentina e o Uruguai, países onde a espécie ja estava presente. No Estado de São Paulo, acredita-se que a praga tenha entrado pelos aeroportos de Viracopos (Campinas) e Guarulhos (São Paulo) (WILCKEN et al., 2010).

Trata-se de um inseto sugador, de, aproximadamente, 3,0 mm de comprimento quando adulto. Possui corpo achatado, cor marrom clara e habito tipicamente gregario (Figura 10A). Os ovos são de cor preta e normalmente encontrados agrupados nas irregularidades das folhas das arvores (Figura 10B), assemelhando-se a manchas enegrecidas, o que contribui para o reconhecimento das plantas infestadas (CARPINTERO; DELLAPÉ, 2006; JACOBS; NESER, 2005).

Altas infestaçoes do inseto podem causar perda consideravel da area fotossintética das plantas, acarretando a queda das folhas e, em alguns casos, a morte das arvores (JACOBS; NESER, 2005). Os sintomas associados ao dano são, inicialmente, o prateamento das folhas, que com o tempo passam para tons de marrom e vermelho, o que confere as arvores o aspecto bronzeado (Figura 10D), característica que deu origem ao nome do inseto (JACOBS; NESER, 2005). Estes sintomas alteram nitidamente a coloração da copa das arvores, possibilitando sua identificação a distancia. Trata-se de uma praga com alta capacidade de dano e de reprodução rapida, o que facilita a colonização de novas areas.

As alternativas de controle desta espécie ainda estão em fase de desenvolvimento. Na Australia, foi relatada a presença da vespa Cleruchoides noackae Lin & Huber (Hymenoptera, Mymaridae), parasitando ovos do percevejo em Sydney (LIN et al., 2007). Esse parasitóide ja foi introduzido na África do Sul, Brasil e Chile, mas apenas neste ultimo país se conseguiu fazer a multiplicação e liberação do inimigo natural no campo. Brasil e África do Sul ainda buscam novas introduçoes e adaptaçoes metodológicas para multiplicar esse parasitóide no laboratório e assegurar a sua liberação. Sem duvida

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Características do percevejo bronzeado (T. peregrinus): (A) adulto; (B) massa de ovos e ninfa; (C) ninfa; (D) plantas atacadas; (E) posturas nas folhas; e (F) adultos, ninfas e ovos nas folhas. Em Curitiba, PR, 2012.

Figura 10.

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nenhuma, a falta de informaçoes na literatura internacional sobre esse inimigo natural tem comprometido os programas de controle biológico. No Brasil, a ocorrência natural de fungos entomopatogênicos têm sido verificada em alguns plantios de eucalipto (MASCARIN et al., 2010). Mesmo que se considere a existência desses agentes de controle biológico, a sua eficiência para o controle da praga ainda é desconhecida.

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Vespa da galha - Leptocybe invasa (Hymenoptera: Eulophidae)

A vespa-da-galha foi detectada no Brasil em 2008, em Eucalyptus camaldulensis e alguns clones no nordeste do Estado da Bahia. É um inseto fitófago, cujas larvas são encontradas no interior de galhas, enquanto os adultos são vistos próximos as brotaçoes novas.

Os adultos são vespas muito pequenas (1,1 a 1,4 mm de comprimento), com corpo marrom e cabeça e tórax variando de azul a verde metalico brilhante (Figura 11A). Podem ser melhor reconhecidos com o auxílio de lupas.

Os ovos são inseridos no interior de folhas, pecíolos e em hastes novas de mudas e arvores, resultando na formação de galhas. Após a eclosão dos ovos, as larvas se desenvolvem no interior das galhas.

Infestaçoes do inseto são observadas durante todo o ano. A reprodução da vespa-da-galha é assexuada do tipo telítoca (fêmea produzindo fêmeas), o que propicia uma rapida colonização e sobreposição de geraçoes a cada 2 a 3 anos. A fêmea coloca de 80 a 100 ovos.

Quanto a distribuição geografica, no continente americano a primeira ocorrência desse inseto foi no Brasil, e, logo após, na Argentina (2010) e Uruguai (2011). Após sua detecção na Bahia, a presença da praga ja foi registrada em Tocantins, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Parana, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Recentemente a praga foi encontrada no Rio Grande do Sul.

A injuria associada a essa praga é a presença de galhas na nervura central de folhas, pecíolo e haste de plantas jovens e adultas (Figuras 11B, C, D, E). Os danos ocorrem quando ha alta densidade de galhas, que causam deformação de folhas novas, comprometendo o desenvolvimento das plantas e a produção.

Em arvores adultas, as galhas causam superbrotação, perda de crescimento e vigor, desfolhamento e secamento de ponteiros, podendo causar até a morte das arvores (Figura 11F).

A detecção e monitoramento são realizados através de armadilha adesiva amarela, nas dimensões de 12,5 cm de altura por 11 cm de largura, instalada a 1,80 m de altura do solo, no interior de plantios ou em viveiros em todas as etapas de produção das mudas.

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Figura 11. Danos provocados pela vespa da galha, como deformaçoes dos ramos e folhas, redução do crescimento, atacando plantas em fase de muda e plantas adultas de eucalipto.

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Controle cultural

Mudas em viveiro: mudas infestadas devem ser descartadas e queimadas.

Mini jardim clonal: os ponteiros de mini cepas infestados devem ser cortados e queimados.

No campo: podar ponteiras e ramos atacados e queima-los. Monitorar a rebrota, que podera, inclusive, aumentar a infestação.

Controle químico: a exemplo de outras pragas florestais no Brasil, não existem produtos registrados para o controle químico.

Controle biológico: esta é a melhor estratégia de controle, principalmente pela introdução de inimigos naturais específicos para a praga. No Brasil, as pesquisas estão apenas começando.

Direcionamentos para conter o inseto

Até o momento não existe nenhuma medida eficiente para o controle desse inseto.

No caso da presença de galhas, recomenda-se a não aquisição de mudas com sintomas, e a destruição dessas, bem como de ramos atacados através de incineramento. Algumas espécies de eucaliptos e de Corymbia spp. são altamente preferidas pela vespa da galha. Exemplo: no caso de clones, o clone COP 1277 (híbrido de E. grandis x E. camaldulensis) é altamente preferido pela vespa da galha.

Resistência

Informaçoes e observaçoes de diferentes autores indicam que as espécies mais suscetíveis ao ataque da praga são: E. camaldulensis, E. tereticornis, E. globulus; E. grandis, E. saligna, E. viminalis; E. urophylla e alguns clones híbridos (HGC (E. grandis x E. camaldulensis), HUG (E. urophylla x E. grandis), além de E. benthamii e Corymbia citriodora.

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Apesar de serem observaçoes preliminares, são consideradas resistentes as espécies: E. cloeziana, E. cladocalyx, E. gomphocephala, E. leucoxylon, E. nitens e E. sideroxylon. Porém, entre essas espécies, somente E. cloeziana é plantada comercialmente em algumas areas no Brasil.

A idade também pode influenciar na suscetibilidade. Foi observado no Quênia que plantas entre 4 a 16 meses são mais suscetíveis ao ataque da vespa-da-galha.

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Principais doenças e seu controle 12

Celso Garcia Auer

Álvaro Figueredo dos Santos

Tombamento de plântulas e de mudas

Esta doença ocorre em viveiros, principalmente em decorrência do uso de substrato, tubetes (Figura 1) e instalaçoes infestadas, bem como irrigação com agua contaminada com esporos de fungos fitopatogênicos.

Os principais fungos causadores de tombamento em eucalipto são espécies pertencentes aos gêneros Botrytis, Cylindrocladium e Rhizoctonia. Estes fungos podem atacar diferentes espécies de eucalipto.

Figura 1. Tombamento de mudas de eucalipto em sementeira e em tubete.

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Mofo cinzento

Esta doença ocorre em viveiros, onde existe produção em alta densidade de mudas nos canteiros ou em mesas suspensas, alta umidade e temperaturas amenas. O agente causal é Botrytis cinerea, patógeno que pode atacar diferentes espécies de eucalipto. Além de causar o tombamento de mudas, o fungo ataca a parte aérea, causando a morte dos brotos ou mesmo da plantula toda. O sintoma inicial da doença é o enrolamento das folhas, que em seguida secam e caem. As partes atacadas ficam recobertas por um mofo acinzentado (Figura 2).

Figura 2. Detalhe do mofo cinzento em muda de eucalipto.

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Mancha de Cylindrocladium

A doença pode ocorrer em viveiros e em plantaçoes de eucalipto. Os sintomas se iniciam com o surgimento de lesoes marrom-avermelhadas nas folhas, seguido pelo secamento e queda das mesmas (Figura 3). O agente causal é Cylindrocladium candelabrum, também causador de tombamento de mudas. Pode causar sérios danos em arvores muito infectadas, pela desfolha e redução no crescimento das plantas. Sintomas dessa doença são observados em Corymbia citriodora, Eucalyptus benthamii, Eucalyptus dunnii, Eucalyptus grandis, Eucalyptus saligna, Eucalyptus viminalis e no híbrido E. urograndis.

Figura 3. Manchas foliares de Cylindrocladium em eucalipto (A) e desfolha de arvores atacadas (B).

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Mancha de Mycosphaerella

É causada por fungos dos gêneros Mycosphaerellae e Teratosphaeria. Esta doença pode ocorrer em plantaçoes de eucalipto, particularmente em folhas de Eucalyptus dunnii. Os sintomas se iniciam com o surgimento de lesoes acinzentadas nas folhas (Figura 4), que secam e caem. Pode causar sérios danos em arvores pesadamente infectadas, pela desfolha e redução no crescimento de plantas.

Manchas foliares de Mycosphaerella em eucalipto. Figura 4.

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Ferrugem

Esta doença ocorre em mudas e arvores jovens, com até 2 anos de idade, em diferentes espécies de eucalipto. O agente causal é Puccinia psidii. Os sintomas da doença em mudas são similares aos observados em arvores jovens (Figura 5). A ferrugem causa redução no crescimento de mudas e arvores, estas ultimas apresentando deformação no ponteiro e com perda de qualidade da madeira serrada. Os danos mais sérios são observados em Eucalyptus grandis, Eucalyptus saligna e no híbrido E. urograndis.

Figura 5. Sintomas da ferrugem em eucalipto.

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Oídio

Esta doença se inicia com a deformação e o enrugamento de folhas jovens e brotaçoes, promovendo um aspecto acanoado das folhas adultas (Figura 6). O agente causal pode ser Podosphaera pannosa, Golovinomyces orontii ou Golovinomyces cichoracearum. Em plantios jovens, com até 1 ano de idade, o oídio pode provocar sintomas de envassouramento em plantas severamente atacadas, reduzindo o crescimento. Sintomas dessa doença podem ser observados em Corymbia citriodora, Eucalyptus benthamii, Eucalyptus dunnii e Eucalyptus grandis.

Figura 6. Oídio sobre folhas jovens de eucalipto.

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Cancro

Esta doença se inicia com o trincamento da casca na base da arvore (Figura 7) e morte interna da casca, promovendo o bronzeamento das folhas e a morte da copa e posteriormente da arvore. O agente causal pode ser Chrysoporthe cubensis ou Botryosphaeria dothidea. Em plantios jovens, a doença pode ser verificada em arvores com até 2 ou 3 anos de idade, reduzindo a sua produtividade. Sintomas dessa doença podem ser observados em Corymbia citriodora, Eucalyptus benthamii, Eucalyptus dunnii e Eucalyptus grandis.

Figura 7. Sintoma de cancro na base da arvore de eucalipto e posterior morte.

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Medidas de controle de doenças no viveiro

Considerando que a atual produção de mudas de eucalipto está baseada no sistema de canteiros suspensos, a adoção de medidas de higiene e praticas culturais permite que haja um bom controle e se minimize o uso de defensivos agrícolas. Assim, devem ser tomados os seguintes cuidados:

1. Ter um responsavel técnico pelo viveiro (engenheiro-agrônomo ou engenheiro- florestal).

2. Sempre que possível, utilizar mesas suspensas para manter os tubetes a pelo menos 1 m de altura do solo, ou recobrir o chão com cimento e brita ou material equivalente.

3. Manter os recipientes e caixas de suporte dos tubetes livres de patógenos, lavando-se com jato de agua corrente e depois em solução de hipoclorito com 800 ppm de cloro ativo e novamente em agua limpa;

4. Usar sementes limpas, sadias e certificadas.

5. Usar agua de irrigação pura, de preferência de poço artesiano ou tratada, para não levar qualquer agente fitopatogênico ao viveiro.

6. Usar substratos naturalmente isentos de fungos fitopatogênicos ou considerados estéreis.

7. Seleção e descarte de folhas doentes e de mudas mortas, tão logo surjam nos canteiros.

8. Manter um adequado sistema e regime de irrigação para impedir a ocorrência de falta ou excesso de agua.

9. Manter um bom espaçamento entre mudas para permitir um bom arejamento destas e dificultar o surgimento de doenças e sua disseminação.

10. Evitar sombreamento excessivo de mudas.

11. Aplicar adubação equilibrada nas mudas.

12. Somente aplicar fungicidas, em situaçoes extremas, de acordo com um diagnóstico de qual fungo esta causando a doença e somente com os produtos registrados para a cultura do eucalipto.

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Medidas de controle de doenças no campo

1. Escolher as espécies de eucalipto recomendadas para a região de plantio.

2. Seleção de material genético resistente.

3. Fazer o plantio com mudas sadias e rustificadas.

4. Evitar o soterramento do coleto, colocando a muda na posição correta na cova ou sulco.

5. Fazer o monitoramento dos plantios, para detectar algum tipo de anormalidade ou doença.

Mais vale evitar a doença do que combatê-la. Para isso, a escolha da melhor espécie para as condiçoes locais, o uso de mudas sadias e bem formadas e a manutenção adequada do plantio, são medidas empregadas para garantir a sanidade e, consequentemente, diminuir as chances de perda de produtividade devido as doenças. Caso seja necessario prescrever medidas de controle, sempre consultar um engenheiro-florestal ou engenheir-agrônomo.

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Métodos de tratamento de madeira 13

Washington Luiz Esteves Magalhães

Método de substituição da seiva

Essa tecnologia permite que pequenos, médios ou grandes produtores, diversifiquem e agreguem valor aos produtos oriundos dos recursos florestais. O agricultor podera produzir mouroes, seja para suprir as próprias necessidades, seja para a comercialização, em pequena escala, da madeira preservada.

O método da substituição de seiva, também conhecido como método da transpiração radial, consiste em substituir a seiva da madeira ainda verde pela solução preservativa. Mouroes tratados corretamente podem durar entre 10 e 15 anos.

IMPORTANTE: O método pressupoe que se observem todas as normas de segurança e todos os cuidados que estão descritos em seu final.

Preparo dos mourões

1. Os mouroes devem ser verdes, roliços, com no maximo 15 cm de diametro e de 2,5 m de comprimento, e ter as extremidades cortadas em chanfro ou bisel (Figura 1). Devem ser abatidos no maximo 24 horas antes do início do tratamento, sendo que as cascas devem ser removidas também antes do tratamento.

Dica: algumas ligeiras pancadas com martelo ao longo da peça podem facilitar a remoção da casca.

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Figura 1. Corte em chanfro ou bisel dos mouroes.

2. Com uma escova de aço, raspa-se a base do mourão que sera imersa na solução preservante, até cerca de 80 cm de altura, para facilitar a absorção.

3. Mede-se o diametro da base para calculo de volume de solução a ser absorvido durante o tratamento.

Preparo da solução

Preparar uma solução a 2,5 %, em peso, com os ingredientes nas dosagens recomendadas no Tabela 1.

Tabela 1. Produtos e quantidades para o preparo da solução.

Dicromato de potássio ou sódio 1000 g

Ácido bórico 650 g

Sulfato de cobre 880 g

Ácido acético 25 ml

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A proporção dos ingredientes é de grande importancia, portanto, não deve ser alterada em nenhuma hipótese.

Dica: para que haja uma total dissolução, diluir os produtos na agua, agitando sempre. Nunca colocar a agua sobre os produtos. Para calculo do volume de solução a ser absorvido pelos mouroes, utiliza-se os valores de diametro e comprimento medidos, conforme a Tabela 2.

Exemplo:

Deseja-se tratar um total de nove mouroes, todos com 2,20 m de comprimento, sendo que cinco deles têm diametro de 10,0 cm e os outros quatro têm diametro de 11,0 cm.

Na Tabela 2, vê-se que o volume de solução a ser absorvido por um mourão de 2,20 m de comprimento e 10,0 cm de diâmetro é igual a 9,4 L, e por um mourão com 11,0 cm de diametro é 11,4 L. Portanto, o volume total de solução preservativa que devera ser absorvida pelos nove mouroes sera: (5 x 9,4) + (4 x 11,4) = 92,6 L. Colocam-se os nove mouroes no recipiente e adiciona-se solução preservativa. Repoe-se o volume de solução absorvida diariamente e anotam-se os respectivos valores. Deixam-se os mouroes absorvendo a solução por tempo suficiente, até que a soma dos volumes repostos seja igual a 92,6 L.

Tabela 2. Volume de solução a ser absorvido pelos mouroes, em litros, em função do comprimento e diametro.

7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,0 11,5 12,0 13,0 14,0 15,0

1,80 4,3 4,9 5,6 6,3 6,9 7,7 8,5 9,3 10,2 11,1 13,1 15,1 17,3

2,00 4,8 5,4 6,2 6,8 7,9 8,5 9,5 10,4 11,3 11,8 14,5 16,6 19,1

2,20 5,2 6,0 6,8 7,6 8,4 9,4 10,6 11,4 12,5 13,7 15,9 18,5 21,1

2,50 6,0 6,8 7,7 8,7 9,6 10,7 11,6 12,9 14,1 15,6 18,0 20,9 23,9

Diâmetro da base dos mourões (cm)

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Figura 2. Disposição dos mouroes para fins de tratamento.

Condução do tratamento

1. Colocam-se os mourões inclinados com as suas bases dentro do recipiente de tratamento e a parte superior apoiada em suportes (Figura 2). Os mouroes devem ficar bem espaçados para permitir boa ventilação de todas as peças e o recipiente de tratamento deve ficar protegido da chuva.

2. Adiciona-se a solução preservativa de forma que atinja uma altura entre 35 cm e 80 cm, dependendo da altura do recipiente. Esse nível devera ser mantido até o final do tratamento.

3. Adiciona-se um pouco de óleo queimado (cerca de 300 ml é suficiente) para formar uma película de óleo sobre a superfície da solução e evitar uma evaporação não desejada de agua.

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4. Verifica-se o nível da solução no recipiente com os mouroes, repondo-se diariamente o volume absorvido. Anotam-se os volumes repostos para controle do teor de produtos impregnados na madeira. O tempo necessario para a absorção da solução dependerá, entre outras coisas, da temperatura e umidade do ar, assim como da ventilação dos mouroes, podendo variar de 7 a 40 dias. Depois de se completar o volume ideal de absorção de solução, pode-se virar os mouroes de cabeça para baixo, a fim de favorecer a penetração de solução no topo.

5. Depois disso, os mouroes deverão ser empilhados a sombra e protegidos de chuva por, pelo menos, 40 dias, para secagem e fixação dos ingredientes ativos das soluçoes preservativas, e para reduzir ao mínimo as rachaduras. Os mouroes com rachaduras muito severas poderão apresentar uma durabilidade menor.

Cuidados a serem tomados

O preservativo é formulado com compostos tóxicos, portanto, deve ser manuseado com os mesmos cuidados que se dispensam aos inseticidas e fungicidas:

1. Guardar o preservativo e a solução fora do alcance de crianças e animais domésticos.

2. Evitar contato prolongado com a pele; usar luvas de borracha para proteger as mãos.

3. Não fumar ou se alimentar durante as operaçoes de tratamento sem antes lavar cuidadosamente as mãos.

4. Lavar a roupa de serviço após cada dia de uso.

5. Evitar aspirar o produto ou o pó de serragem da madeira tratada.

6. Lavar as mãos após a manipulação do produto e banhar-se ao fim do dia.

7. Proteger os olhos contra respingos; se eles forem atingidos, lava-los com abundancia de agua corrente.

8. Em caso de acidente, consultar urgentemente um médico.

9. Jamais descartar os ingredientes e/ou solução preservativa em cursos d’agua ou no solo. Guardar o restante para ser adicionado a uma nova solução preservativa ou colocar alguns mouroes para absorver totalmente a sobra.

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Precauções

A madeira tratada JAMAIS podera ser utilizada na construção de recipientes para uso com agua ou alimentos, seja para consumo humano ou animal. Nunca utilizar a madeira tratada como tábuas para corte de alimentos, colméias para abelhas, cocho para água e ração, e construçoes para armazenamento de ensilagem, feno ou de alimentos.

A madeira tratada NÃO DEVE ser queimada em fogueiras, lareiras, fogoes, churrasqueiras ou fornalhas. Quando necessario, sua queima devera ser realizada em incineradores especiais, de acordo com as normas estaduais e federais.

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Corte e colheita 14

Emiliano Santarosa

Vanderley Porfírio-da-Silva

A colheita das arvores envolve os processos de corte, transporte e armazenamento adequados da madeira até o momento de comercialização.

Existem varios sistemas de colheita de madeira, dependendo da topografia, do rendimento volumétrico dos povoamentos, do uso final da madeira, das maquinas, dos equipamentos e dos recursos disponíveis. Podem ser citados os sistemas de toras longas, toras curtas, arvores inteiras e arvores completas. Podem ser utilizadas desde a motosserra para cortes em plantios menores, até a utilização de maquinarios específicos para colheita florestal em areas maiores.

A colheita das arvores segue como base cinco etapas técnicas fundamentais (PORFÍRIO-DA-SILVA et al., 2009):

• Derrubada da árvore - consiste em fazer o corte de entalhe direcional em forma de cunha, com uma abertura de 30º a 45º, voltado para onde se deseja que a arvore tombe. Posteriormente, deve-se fazer o corte de tombo do outro lado do tronco da arvore. Equipamentos necessarios: motosserra (é imprescindível que o operador possua habilitação para uso de motosserra) e equipamentos de proteção.

• Desgalhamento - retirada dos galhos com a arvore derrubada;

• Arraste da tora - retirada da arvore e transporte até o local de traçamento ou carregamento. Em pequenas areas, pode-se utilizar trator ou animais detração.

• Traçamento da tora - separação das toras por comprimento e largura, a fim de facilitar o carregamento, conforme o produto final a que se destina a madeira.

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• Carregamento de toras e transporte de madeira - colocam-se as toras e toretes em caminhoes para transporte de madeira. São utilizados equipamentos especializados, caminhão autocarregavel ou trator com grua, sendo este operado em alguns casos manualmente ou por meio de cabos de aço.

Na colheita, alguns cuidados essenciais devem ser tomados, como:

• Utilizar equipamentos de proteção individual (EPI): luvas, calça especial de motosserrista, coturno com biqueira de aço, capacete com protetor facial e protetor auricular.

• Durante o transporte, manter a motosserra desligada e o sabre voltado para tras.

• Realizar entalhe direcional primeiro, dando uma direção de segurança na derrubada da arvore.

• Não realizar corte de arvores em altura maior que o peito do operador (1,30 m).

• Manter motosserra sempre afiada e ajustada (PORFÍRIO-DA-SILVA et al., 2009).

Além destes cuidados basicos, é importante sempre buscar profissionais habilitados para manuseio dos equipamentos e especializados em colheitas florestais, de forma a evitar acidentes e tornar o processo de colheita mais eficiente.

Em plantios em areas maiores, realizados por empresas florestais, a colheita geralmente é realizada de forma mecanizada (Figura 1), utilizando-se maquinario específico. A relação custo-benefício deve ser sempre a mais favoravel possível, de forma que a colheita florestal seja rapida e eficiente:

• fellerbuncher (derrubada das arvores);

• skidder (arraste das arvores);

• harvester (derrubada e processamento das toras);

• forwarder (baldeio);

• carregador florestal (expedição dos produtos para caminhão).

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Colheita florestal mecanizada e colheita com motoserra, indicando angulo de corte na base da arvore e uso de equipamentos de proteção.

Figura 1.

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Serraria móvel – alternativa para pequenos produtores

Uma das alternativas para os agricultores com plantios em pequenas areas é realizar o processamento prévio da madeira na propriedade por meio de serrarias móveis, que possibilitam o desdobro das toras em tabuas e caibros, com maior valor de mercado (Figura 2). Também permitem o processamento prévio da madeira para utilização dentro da propriedade, principalmente em construçoes rurais.

Antes da colheita, é importante realizar um planejamento, a fim de facilitar a operacionalização e logística desta atividade, direcionando a colheita e selecionando os melhores talhoes, conforme o produto ou destino final da madeira.

Figura 2. Exemplo de serraria móvel (a, b, c) e madeira serrada (d, e).

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Análise econômica dos plantios 15

Joel Ferreira Penteado Junior

José Mauro Magalhães Ávila Paz Moreira

Uma nova atividade ou a introdução de uma inovação tecnológica, para ser utilizada pelo produtor, deve trazer, necessariamente, algumas vantagens adicionais sobre aquelas em andamento (HAYAMI; RUTTAN, 1988).

A atividade florestal podera ser uma alternativa para melhorar os ganhos econômicos do produtor, ao mesmo tempo que podera trazer benefícios ecológicos, como: melhoria da qualidade do ar, conforto térmico, redução dos níveis de poluição sonora, redução da intensidade da erosão, melhoria da vazão de mananciais hídricos, recuperação de areas degradadas, redução da pressão sobre as florestas nativas e aumento da biodiversidade.

ATENÇÃO: A implantação de um componente florestal em um estabelecimento agrícola devera ser fundamentada na adoção de um planejamento criterioso, com base no levantamento de informaçoes técnicas e econômicas, pois os retornos financeiros dos plantios florestais acontecem em um tempo maior que os advindos dos cultivos agrícolas anuais, com os quais os agricultores estão mais habituados.

Os investimentos em plantios florestais, independentemente do seu tamanho, têm como objetivo auferir retornos econômicos. Portanto, devem ser analisados, como em qualquer outra atividade que tenha fins comerciais. Por este motivo, é indispensavel que preceda uma fase de planejamento, onde é necessario definir qual espécie a ser plantada, qual o tamanho da área, localização do plantio em relação ao mercado consumidor, bem como avaliar a obtenção de multiplos produtos da floresta, os preços atuais e as tendências futuras, e o tempo de retorno do investimento. Portanto, antes de investir, é necessario conhecer as tecnologias e metodologias disponíveis, para conhecer a melhor forma de se implantar e manejar os povoamentos florestais.

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Implantação e gerenciamento

Todo estabelecimento agrícola produtivo, independente do seu tamanho, precisa dar retorno econômico para ser viavel. Como não se gerencia aquilo que não se mede, os custos de produção e a receita esperada e obtida com as diferentes atividades desenvolvidas na propriedade constituem variaveis significativas para a sua gestão de forma eficiente e para a avaliação da sua rentabilidade econômica.

Grande parte dos produtores rurais não possui qualquer tipo de registro relativo ao planejamento da propriedade e aos valores despendidos na produção. Portanto, não conseguem avaliar com precisão quais as atividades possibilitam o retorno dos investimentos realizados, em quais condiçoes estes retornos acontecem e quais são os fatores mais importantes que resultam em retornos maiores.

Para organizar o planejamento, é necessario utilizar algumas técnicas e metodologias simples de administração, mas que estimulam a reflexão sobre como estão sendo conduzidos os trabalhos e quais as açoes que devem ser corrigidas no estabelecimento agrícola. Conforme Ribas Junior (2001), esta reflexão pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de um empreendimento.

Deve-se registrar qual o volume de entradas e saídas financeiras, e quais os coeficientes técnicos que mais geram impacto na rentabilidade da atividade (Tabela 1). A partir dessas informaçoes, os produtores rurais podem administrar técnica e economicamente os pontos fortes e fracos do sistema de produção, adequando-se a mudanças necessarias para a melhoria da renda das propriedades agrícolas (DOSSA et al., 2000).

A atividade florestal, como qualquer empreendimento produtivo, apresenta uma série de custos inerentes a produção. Os custos de implantação e os coeficientes técnicos de um plantio com espécies de rapido crescimento, como o eucalipto, podem variar de acordo com a região a ser implantado. Os principais componentes de custo de um plantio são (Tabela 2):

- O numero de mudas, que varia em função do espaçamento, determinando o numero de plantas por hectare.

- O volume de insumos (fertilizantes e agrotóxicos) e de serviços (mão-de-obra e mecanização).

1 2 3

Tabela 1. Exemplo de planilha simplificada para registro do fluxo de caixa.

Ano Atividade Investimento Receitas Despesas Fluxo de caixa líquido Saldo a recuperar

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Tabela 2. Exemplo de planilha para apropriação de custos.

- Os custos de administração e o custo da terra, que também podem impactar significativamente os resultados financeiros, se o povoamento florestal envolver grandes areas.

A produtividade esperada em um plantio florestal é outro fator de extrema importancia para a viabilidade econômica do investimento, afetando tanto a receita bruta quanto o custo total de colheita e transporte. Para se obter boa produtividade, a escolha de mudas de qualidade e bem adaptadas à região de plantio, bem como a execução correta das operações de preparo do solo, tratos culturais e atividades de proteção florestal, são essenciais.

No sistema de produção de espécies de rápido crescimento, como eucalipto, a densidade de plantas por hectare deve ter como base a obtenção do maximo de retorno econômico por unidade de area. Normalmente, usam-se espaçamentos variando entre 3 m x 3 m e 3 m x 2 m, os quais possibilitam tratos culturais mecanizados, e 2,5 m x 2 m para plantios em locais mais declivosos, onde as operaçoes são, basicamente, manuais.

No caso dos plantios para produção de matéria prima para papel e celulose, a colheita geralmente é feita por meio de corte raso após 12 anos de idade, geralmente aos 14 anos.

Itens de custo Unidade Valor unitário 1º ano 2º ano Quant. Valor Quant. Valor

1. Insumos Mudas (plantio e replantio) ud Calcário t Fertilizantes (N-P-K) kg Formicida kg Total (1) R$ 2. Serviços Limpeza da área d/H ou h/m Marcação de covas d/H Coveamento d/H Transporte interno de insumos d/H ou h/m Calagem e Adubação na cova d/H Plantio e replantio d/H Combate a formigas d/H Capina manual de coroamento d/H Roçada d/H ou h/m Construção/Manutenção aceiros d/H Corte d/H Baldeio d/H ou h/m Carregamento d/H Transporte da colheita m3 Total (2) Total (1+2)

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Em um sistema de cultivo visando multiplos usos para a madeira, o manejo é realizado por meio de um primeiro desbaste, retirando-se uma porcentagem de aproximadamente 40% das arvores aos 7 ou 8 anos após o plantio. Essa é a ocasião em que se obtêm receitas oriundas da comercialização de escoras para construção civil, energia e celulose, recursos esses que auxiliam na amortização das despesas de implantação e manutenção inicial dos povoamentos.

No segundo desbaste, aproximadamente aos 12 anos após o plantio, havera nova entrada de renda. No entanto, além do sortimento de madeira fina, havera matéria-prima para serraria. No corte final, aproximadamente entre 15 e 20 anos de idade, obtêm-se valores financeiros mais significativos, pois no sortimento estara inclusa madeira para laminação.

Plantios de multiplo uso devem ser implementados apenas se houver mercado e se o preço pago pelos produtos compensem o investimento adicional, tanto em operaçoes como em imobilização do capital monetario e da terra. Além disso, recomenda-se observar se o mercado esta diferenciando o valor pago por madeira limpa de nós. Se houver diferenciação no valor da madeira e uma estimativa de que esta persista no médio prazo, deve-se avaliar a possibilidade de realizar podas nas arvores, sendo a altura ideal calculada com base no ganho que esta poda pode acrescentar no valor do produto final.

A estratégia de comercialização a ser adotada também deve ser alvo de analise por parte do produtor. Caso haja a possibilidade da venda da madeira em pé ou empilhada na beira do talhão, ao invés de entregue ao cliente, o produtor deve avaliar se a diferença de preço da madeira nas diferentes condiçoes paga a atividade de colheita e transporte, respectivamente. Caso o custo de colheita seja inferior a diferença do preço entre a madeira empilhada na beira do talhão e em pé, o produtor deve contratar a colheita e comercializar a madeira na beira do talhão, ou então comercializa-la em pé, se o contrario for verdadeiro. O mesmo raciocínio deve ser utilizado para tomar a decisão de vender a madeira empilhada no talhão ou entregar diretamente ao cliente, levando em consideração o custo do frete e a diferença de preço entre estas duas formas de comercialização.

É sempre difícil definir o tipo de produto florestal que sera melhor valorizado num prazo de 6 ou 20 anos. Recomenda-se observar a situação de mercado atual e futuro nos arredores do plantio, assim como a existência de industrias que consomem madeira ou outros subprodutos na região. A existência de mercados distantes não deve ser considerada, uma vez que o custo de transporte é um componente significativo no custo da madeira e pode reduzir significativamente o preço recebido pelo produtor.

Numa época de alta competitividade, não basta ter um bom produto. É importante ter o produto certo que chegue ao mercado com um preço competitivo.

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Gestão da propriedade rural 16

Emiliano Santarosa

O plantio de eucalipto pode ser uma alternativa para diversificação da produção e renda na propriedade rural. A partir do eucalipto, é possível a obtenção de diferentes produtos que podem ser destinados para energia, celulose, serraria e laminação, entre outros.

A eucaliptocultura, como qualquer outra atividade agrícola, necessita de planejamento e acompanhamento para que possa gerar a rentabilidade econômica esperada para que esteja adequada ambientalmente e para que traga benefícios sociais as comunidades rurais.

No planejamento, é muito importante que seja considerada a aptidão agrícola das areas, realizando a alocação dos plantios de acordo com gestão ou visão sistêmica da propriedade rural, bem como levando em consideração as demais atividades agrícolas e pecuarias presentes na propriedade. O plantio de eucaliptos deve ser planejado como possibilidades de diversificação da produção, principalmente na forma de pequenos plantios, não excluindo as demais atividades da propriedade rural. Além disso, deve-se levar em consideração a preservação e conservação dos recursos naturais.

Este planejamento visa obter os benefícios da atividade e que esteja de acordo também com um desenvolvimento rural sustentavel, considerando o perfil de cada propriedade rural (estrutura fundiaria, “carro chefe” da produção, etc.), bem como o perfil das famílias que dela mantém seu sustento.

Na gestão regional e municipal é importante o planejamento do uso da terra, também considerando as características de cada microbacia, utilizando praticas conservacionistas de manejo solo. É importante também considerar as características microclimaticas para as recomendaçoes das espécies florestais a serem cultivadas.

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Para obter o melhor retorno nos plantios florestais, é necessaria a utilização de materiais genéticos de qualidade (principalmente mudas de qualidade) e de boas praticas de manejo, como controle de formigas, adubação, desrama e desbaste, entre outras. Esses são fatores essenciais para que haja um adequado desenvolvimento das arvores e um incremento anual de madeira esperado, de acordo com destino final da produção de madeira.

É importante que sejam previamente verificadas as condiçoes ou oportunidades de comercialização da madeira e a existência de cadeias produtivas locais ou regionais, que são os locais potenciais para o destino e venda da madeira produzida.

Adequação ambiental

Os plantios de eucalipto destinados a produção de madeira devem ser planejados com respeito a aptidão agrícola das propriedades rurais, assim como devem respeitar as Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), necessarias para manutenção da sustentabilidade e da qualidade ambiental dos agroecossistemas.

Os sistemas de produção que implementam praticas de conservação de solo e agua, aliados à presença de APPs e RL, buscam atingir o equilíbrio econômico, social e ambiental das propriedades rurais. Para maiores informaçoes sobre adequação ambiental verificar o Novo Código Florestal; Lei 12.651, de 25 de maio de 2012 (BRASIL, 2012a) e Lei 12.727, de 17 de outubro de 2012 (BRASIL, 2012b).

Os plantios florestais que também visem a certificação florestal devem apresentar boas praticas de implantação e manejo, que objetivem a sustentabilidade econômica, social e ambiental. As propriedades rurais devem estar adequadas ambientalmente, contemplando a preservação da mata nativa, principalmente as matas ciliares, a conservação e preservação de nascentes, a conservação de espécies florestais nativas em encostas com alta declividade e em outras condiçoes essenciais para manutenção da biodiversidade, a recuperação de ecossistemas degradados e o equilíbrio ecológico do agroecossistema.

É importante considerar na propriedade rural a função ecológica das APP’s e RL (Figura 1):

• na preservação e conservação da biodiversidade;

• na preservação da flora e fauna;

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• na conservação de recursos naturais (solo e agua) em propriedades rurais e na região;

• na função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e o fluxo gênico de fauna e flora;

• nas funçoes de proteção do solo e gaantia do bem estar das populaçoes humanas.

Existem diferentes formas ou métodos para recuperação de ecossistemas degradados, dentre os quais podemos citar a proteção ou isolamento das áreas a serem recuperadas, o plantio de espécies florestais nativas realizado de forma planejada (talhoes facilitadores), limpeza seletiva, poleiros (com e sem galharias) e plantios de cobertura parcial (em renques de arvores ou pequenos bosques). Também existem métodos de plantios mistos, contendo espécies nativas e exóticas de forma consorciada, que podem ser alternativas para as areas de reserva legal.

Figura 1. Presença de mata de ciliar. Adequação ambiental, conservação e preservação de recursos naturais são essenciais no planejamento da propriedade rural.

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Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta - ILPF

Deve-se ficar atento as possibilidades do plantio de espécies florestais também em sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris, que são sistemas alternativos de produção de madeira aliados a produção pecuaria e agrícola na mesma area.

Os sistemas agrossilvipastoris, atualmente denominados também como sistemas de Integração Lavoura-Pecuaria-Floresta (ILPF), são estratégias de uso da terra que permitem a diversificação da produção e renda na propriedade rural, visando a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Envolvem atividades agrícolas, pecuarias e florestais, realizadas na mesma area, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado. Estes sistemas são alternativas para se trabalhar com o componente florestal em propriedades rurais (Figuras 2 e 3) em conjunto com atividades agropecuarias.

O sistema ILPF permite estratégias de uso da terra que podem influenciar em diversos aspectos, como:

• integração dos sistemas de produção (sustentabilidade);

• modificaçoes das condiçoes relacionadas ao microclima (proteção contra geadas, ventos frios, granizo, altas temperaturas, radiação);

• possibilidades de conforto térmico e proteção dos animais (sombra);

A recuperação de ecossistemas degradados é uma atividade regida por princípios técnicos, que exige planejamento e acompanhamento técnico ao longo do tempo. Para que a recuperação ambiental tenha sucesso, são essenciais as praticas de manejo, bem como a utilização de combinaçoes de espécies florestais nativas adequadas a cada região. É necessario respeitar as características edafoclimaticas (clima e solo) e as características de cada propriedade rural no planejamento do plantio das espécies nativas.

A Recuperação de Ecossistemas Degradados - RED, bem como a preservação e conservação dos recursos naturais, como a mata ciliar (Figura 1) e nascentes, ajudam a valorizar a propriedade rural, auxiliando na conservação do ambiente para as futuras geraçoes. Os recursos naturais, quando utilizados de maneira sustentavel, respeitando a aptidão agrícola das areas, junto com praticas de conservação e preservação de ecossistemas que apresentam importante função ecológica, podem auxiliar na qualidade de vida do produtor rural e da sociedade como um todo.

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Figura 3. Sistema silviagrícola com eucalipto e girassol em Ponta Grossa, PR.

Figura 2. Sistema silvipastoril em unidade de referência tecnológica com Eucalyptus dunnii plantado em curvas de nível e pecuaria. Projeto de parceria entre Embrapa Florestas, Emater-PR, IAPAR e produtor rural.

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• controle da erosão do solo quando implantado em curvas de nível e associado a praticas conservacionistas do solo;

• auxílio na recuperação de pastagens degradadas, juntamente com planejamento forrageiro;

• serviços ambientais (fixação de carbono, ciclagem de nutrientes, biodiversidade);

• adequação a tendência do mercado mundial (certificação e oportunidade de marketing sob forma de produção sustentavel).

O sistema ILPF é também uma alternativa para incorporar a produção de madeira ao empreendimento agropecuario e obter renda oriunda do componente florestal. Entretanto, esse sistema necessita de planejamento, manejo e adequação as condiçoes de cada local de cultivo (PORFÍRIO-DA-SILVA et al., 2009).

A madeira oriunda desse sistema pode ser utilizada principalmente para serraria, com maior valor agregado, quando planejada e manejada para este fim. Pode ser utilizada também para carvão e lenha, construção civil, entre outros usos, conforme as condiçoes do mercado regional. As principais praticas de manejo florestal também envolvem a qualidade da muda, controle de formigas e plantas daninhas, adubação, desrama e desbaste.

Por ser tratar de um sistema dinamico, que modifica ao longo do tempo, em virtude do crescimento das arvores, é fundamental o planejamento do arranjo espacial. A definição do espaçamento entre renques e da densidade de arvores por hectare são fundamentais para o sucesso deste sistema. É importante também que se realize a desrama e o desbaste das arvores, visando a regulação de luminosidade para os componentes não arbóreos (gado, forrageiras e lavouras) do sistema, bem como para favorecer a taxa de crescimento das melhores arvores e a produção de madeira.

Para planejamento e detalhamento técnico dos plantios florestais, deve-se sempre consultar a assistência técnica de profissionais habilitados, como engenheiros-agrônomos, engenheiros-florestais, biólogos e técnicos agrícolas ou agropecuarios, habilitados e com experiência na area florestal.

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