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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES EDNO GUSTAVO PAMPLONA RICARDO KIYOSHI TOKUNAGA TRANSIÇÃO IPV4/IPV6: Técnica de Tunelamento TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2014

TRANSIÇÃO IPV4/IPV6: Técnica de Tunelamentorepositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3417/1/CT_COTEL... · TRANSIÇÃO IPV4/IPV6: Técnica de Tunelamento TRABALHO DE CONCLUSÃO

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES

EDNO GUSTAVO PAMPLONA RICARDO KIYOSHI TOKUNAGA

TRANSIÇÃO IPV4/IPV6: Técnica de Tunelamento

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2014

EDNO GUSTAVO PAMPLONA RICARDO KIYOSHI TOKUNAGA

TRANSIÇÃO IPV4/IPV6: Técnica de Tunelamento

CURITIBA 2014

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Diplomação, do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações do Departamento Acadêmico de Eletrônica – DAELN – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo. Orientador: Prof. Dr. Augusto Foronda

TERMO DE APROVAÇÃO

EDNO GUSTAVO PAMPLONA RICARDO KIYOSHI TOKUNAGA

TRANSIÇÃO IPV4/IPV6: Técnica de Tunelamento

Este trabalho de conclusão de curso foi apresentado no dia 11 de setembro 2014, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Sistemas de Telecomunicações, outorgado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Os alunos foram arguidos pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

______________________________ Prof. PhD. Luis Carlos Vieira

Coordenador de Curso Departamento Acadêmico de Eletrônica

______________________________ Prof. Esp. Sérgio Moribe

Responsável pela Atividade de Trabalho de Conclusão de Curso Departamento Acadêmico de Eletrônica

BANCA EXAMINADORA

_____________________________ __________________________ Prof. MsC. Lincoln Herbert Teixeira Prof. Dr. Kleber Kendy Horikawa Nabas

UTFPR UTFPR

___________________________ Prof. Dr. Augusto Foronda

Orientador - UTFPR

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”

RESUMO

PAMPLONA, Edno Gustavo; TOKUNAGA, Ricardo Kiyoshi. Transição IPv4/IPv6: Técnica de Tunelamento. 2014. 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso Superior de Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações, Departamento Acadêmico de Eletrônica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2014.

Diante do esgotamento de endereços do protocolo IPv4, este trabalho tem como propósito abordar a implantação do protocolo IPv6 através da técnica de transição de tunelamento. Está técnica tem o objetivo de conectar redes IPv6 através de redes IPv4, já que eles não são diretamente compatíveis entre si. Esta pesquisa apresenta conceitos teóricos juntamente com uma aplicação prática simulada da técnica de tunelamento manual com roteadores Cisco pelo programa Packet Tracer 6.0.1 e para seu roteamento são utilizados os protocolos OSPF e EIGRP.

Palavras-chave: IPv4. IPv6. Tunelamento.

ABSTRACT

PAMPLONA, Edno Gustavo; TOKUNAGA, Ricardo Kiyoshi. Transition IPv4/IPv6: Tunneling Technique. 2014. 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso Superior de Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações, Departamento Acadêmico de Eletrônica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2014.

Faced with the exhaustion of IPv4 addresses, this work aims to address the deployment of IPv6 by tunneling transition technique. This technique aims to connect IPv6 networks across IPv4 networks, since they are not directly compatible. This research presents theoretical concepts along with a simulated practical application of the technique of manual tunneling with Cisco routers by Packet Tracer 6.0.1 program and its OSPF and EIGRP routing protocols are used.

Keywords: IPv4. IPv6. Tunneling.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Cabeçalho IPv4 e IPv6 .................................................................... 17 Figura 2 – Túnel manual 6over4 entre dois dispositivos .................................. 23 Figura 3 – Tipos de pacote OSPF .................................................................... 24 Figura 4 – Tipos de pacote EIGRP ................................................................... 26 Figura 5 – Topologia utilizada na simulação túnel manual com OSPF ............ 28 Figura 6 – Ping realizado do PC1 para o PC2.................................................. 33 Figura 7 – Topologia utilizada na simulação túnel manual com EIGRP ........... 34 Figura 8 – Ping realizado do PC1 para o PC0.................................................. 39

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Renomeação e Reposicionamento dos campos no IPv4 e IPv6 ..... 18 Tabela 2 - Tabela IP dos dispositivos e suas interfaces no modelo OSPF ...... 29

Tabela 3 - Tabela IP dos dispositivos e suas interfaces no modelo EIGRP ..... 34

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8 1.1 PROBLEMA .................................................................................................. 9 1.2 OBJETIVOS ............................................................................................... 10 1.2.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 10 1.2.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 10 1.3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 11 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................... 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 13 2.1 IP ................................................................................................................ 13 2.2 IPV6 ............................................................................................................ 13 2.2.1 Motivação ................................................................................................ 14 2.2.2 Desenvolvimento da Internet ................................................................... 15 2.2.3 Cabeçalho ............................................................................................... 16 2.3 ENDEREÇAMENTO ......................................................................................... 19 2.4 TUNELAMENTO .............................................................................................. 22 2.5 OSPF .......................................................................................................... 23 2.6 EIGRP ........................................................................................................ 25 3 SIMULAÇÃO ................................................................................................. 28 3.1 MODELO COM OSPF ..................................................................................... 28 3.2 MODELO COM EIGRP ................................................................................... 33 4 CONCLUSÃO ............................................................................................... 40 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 41

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1 INTRODUÇÃO

A grande evolução da Internet trouxe grande ganho para as empresas e

muita facilidade para a vida das pessoas. Em contrapartida a isso, veio o

esgotamento de endereços IP (Internet Protocol) com o grande número de

computadores conectados a rede da Internet.

Sendo a rede mais conhecida, a Internet é o modelo ideal para o estudo das

redes de computadores. A Internet, na verdade, é um conjunto de redes diferentes

que utilizam diversos meios e tecnologias, conectadas entre si através de protocolos

em comum (TANENBAUM, 2003, p. 53).

O IP é um protocolo que foi projetado para criar ligações entre diferentes

redes, possibilitando a intercomunicação entre dispositivos nelas presentes. Cada

computador na Internet possui um número único, que o identifica dentre da mesma,

chamado endereço IP.

O protocolo Internet, na verdade, faz parte de um conjunto maior de

protocolos, conhecidos por TCP/IP suíte, que inclui outros protocolos como

Transmission Control Protocol – Protocolo de Controle de Transmissão (TCP), User

Datagram Protocol – Protocolo de Datagrama do Usuário (UDP), Domain Name

System – Sistemas de Nomes de Domínios (DNS), Address Resolution Protocol –

Protocolo de Resolução de Endereços (ARP), Reverse Address Resolution Protocol

– Protocolo de Resolução Reversa de Endereços (RARP), Dynamic Host

Configuration Protocol – Protocolo de Configuração Dinânica de Host (DHCP), File

Transfer Protocol – Protocolo de Transferência de Arquivos (FTP), Hypertext

Transfer Protocol – Protocolo de Transferência de Hipertexto (HTTP), Border

Gateway Protocol – Protocolo de Roteamento de Borda (BGP), entre outros. Esse

conjunto é hoje utilizado também nas redes locais. É, na verdade, o padrão de fato

utilizado como protocolo de comunicação para diversas aplicações, a começar pela

Internet (DOMINGOS, 2013).

Algumas das principais características desse protocolo são (Soares, 1995):

Serviço sem conexão/não confiável;

Endereçamento hierárquico;

Fragmentação e remontagem de datagramas;

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Identificação da importância e confiabilidade exigida do datagrama;

Roteamento adaptativo;

Checagem da integridade dos dados do cabeçalho (checksum);

Controle do tempo de vida (time to live) dos pacotes.

Atualmente os computadores se comunicam na Internet através do protocolo

IPv4 (Internet Protocol Version 4). Este protocolo foi desenvolvido a mais de 20 anos

e está ficando ultrapassado. O problema mais relevante dessa versão refere-se à

crescente falta de endereços IPv4, que são usados por todas as máquinas novas

conectadas à Internet.

O IPv6 (Internet Protocol Version 6) veio para resolver vários problemas do

IPv4, entre eles, o número limitado de endereços disponíveis. Apresenta também

melhorias com relação ao IPv4 em áreas tais como a auto configuração de

roteamento e de rede.

1.1 PROBLEMA

A Internet não foi projetada inicialmente para uso comercial. Desde os anos

70 utiliza-se o protocolo IP para a comunicação em rede e a partir do início dos anos

80 a IPv4, versão atual do protocolo, passou a ser um dos protocolos mais utilizados

no mundo.

O IPv4 é bastante estável e robusto e é baseado em 32 bits, logo são

possíveis 2^32 endereços IP únicos na Internet, ou seja, 4.294.967.296 endereços

IPv4. Porém, a estrutura de endereços do IPv4 não é linear, sendo agregados em

blocos de classes e domínios de redes (BARROS JÚNIOR. 2013).

Embora o intuito dessa agregação tenha sido tornar a distribuição de

endereços mais flexível, abrangendo redes de tamanhos variados, esse tipo de

classificação mostrou-se ineficiente, pois o bloco denominado classe A atenderia a

um número muito pequeno de redes que alocaria a metade de todos os endereços

disponíveis.

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No entanto, esse esgotamento não se concretizou devido ao

desenvolvimento de uma série de tecnologias que funcionaram como uma solução

paliativa para o problema, adiando assim o esgotamento do IPv4.

O IPv4 e o IPv6 não são diretamente compatíveis entre si. O IPv6 não foi

projetado para ser uma extensão, ou complemento, do IPv4, mas sim, um substituto

que resolve o problema do esgotamento de endereços. Embora não interoperem,

ambos os protocolos podem funcionar simultaneamente nos mesmos equipamentos

e com base nisto a transição foi pensada para ser feita de forma gradual.

Nesse contexto, vamos apresentar uma das técnicas de transição do

IPv4 para o IPv6, a técnica de tunelamento. Esta técnica tem o objetivo de conectar

redes IPv6 através de redes IPv4 e quando uma empresa quer migrar para IPv6,

deve ser usada está técnica. Ou seja, qualquer empresa que precisa migrar para

IPv6 deve usar esta técnica e este trabalho vai mostrar como fazer isto.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Nossa pesquisa baseia-se em descrever os conceitos e características dos

protocolos IPv4 e IPv6 e demonstrar a importância e a necessidade destes

protocolos trabalharem simultaneamente nas redes de computador, usando umas

das técnicas de transição criadas para esta interoperação: Técnica de tunelamento.

Será apresentada uma topologia e como deve ser feito este tunelamento.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever os conceitos do método de tunelamento;

Apresentar os fatos históricos que demonstram a necessidade da transição

do IPv4 para o IPv6;

Descrever as características e a importância da transição, usando o método

escolhido;

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Descrever as configurações de Tunneling;

Demonstrar a importância e a necessidade da interoperação dos protocolos

IPv4 e IPv6;

Simular um ambiente de transição do IPv4 para o IPv6, usando a técnica de

tunelamento.

1.3 JUSTIFICATIVA

A palavra chave na transição entre as duas versões do protocolo IP é

interoperação. As duas versões devem poder permanecer na rede simultaneamente,

se comunicando e endereçando. A segunda palavra chave é facilidade. Deve ser

fácil fazer um upgrade nos softwares da versão 4 para a 6, tanto para

administradores de rede, técnicos, como para o usuário final

As justificativas da interoperação na transição são:

Roteadores e máquinas devem ter seus programas de rede trocados sem

que todos os outros no mundo tenham que trocar ao mesmo tempo;

Pré-requisitos mínimos. O único pré-requisito é que os servidores de DNS

devem ter a sua versão trocada antes. Para os roteadores não existem pré-

requisitos;

Quando as máquinas sofrerem o upgrade devem poder manter seus

endereços IPv4, sem a necessidade de muitos planos de um reendereçamento,

usando inicialmente um dos prefixos vistos anteriormente;

Custos baixos;

Os nós IPv6 devem poder se comunicar com outros nós IPv6, mesmo que a

infraestrutura entre eles seja IPv4.

Para esta ultima justificativa, dois mecanismos foram criados: Transição de

pilha dupla (Dual-stack) e transição de tunelamento (Tunneling). Escolhemos a

técnica de tunelamento para apresentarmos neste trabalho.

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1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa do nosso trabalho será orientada por manuais, normas, tutoriais

e as bibliografias de referência que tratam o escopo do projeto, incluindo o

compartilhamento de informações com especialistas da área.

A primeira etapa do trabalho será baseada em conceituar o termos de

Internet, protocolos IPv4 e IPv6, IP, entre outros, que serão necessários para o

melhor entendimento do projeto.

Na segunda etapa será descrita a importância das redes de computadores

nos dias de hoje, o porquê do esgotamento de endereços IPv4 e a necessidade da

transição dos protocolos. Nesta fase também apresentaremos fatos históricos da

Internet e uma visão técnica do método de tunelamento.

Na terceira etapa, demonstraremos todos os cenários possíveis da transição

de protocolos, como: rede IPv6 para Internet IPv4, rede IPv4 para Internet IPv6,

Internet IPv6 para rede IPv4, Internet IPv4 para rede IPv6, rede IPv4 para rede IPv6,

rede IPv6 para rede IPv4, Internet IPv4 para Internet IPv6, Internet IPv6 para Internet

IPv4, rede IPv6 para rede IPv6 bidirecional via Internet IPv4 e rede IPv4 para rede

IPv4 bidirecional via Internet IPv6.

Posteriormente, serão apresentados a configuração, conceito e arquitetura

da técnica de tunelamento.

Na última parte do trabalho, demonstraremos na prática o funcionamento do

Tunneling, em todas as suas etapas.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 IP

O protocolo IP teve origem no ano de 1970 no desenvolvimento da

ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network), a primeira rede

operacional de computadores à base de comutação de pacotes. Esta rede foi depois

interligada a outras formando em 1980 um vasto conjunto que passou a ser

conhecido por Internet. Com a inclusão do protocolo IP no UNIX, no ano de 1982,

um grande número de universidades passou a formar as suas redes que por sua vez

também foram ligadas à Internet (ZAKON, 2013).

Na Internet, e nas redes particulares que vemos hoje nas empresas ou

mesmo nas residências, o protocolo de comunicação usado pelos computadores

chama-se IP. O protocolo IP fornece um serviço de datagramas que é depois usado

por outros protocolos de nível superior, tais como o TCP e o UDP.

O TCP é um protocolo full-duplex, orientado à conexão e altamente

confiável. A arquitetura TCP é bastante complexa, o que acarreta em um grande

custo em termos de cabeçalhos (overhead). Já o protocolo UDP não oferece todo o

requinte do TCP, mas realiza eficientemente o trabalho de transporte de dados que

não requeiram confiabilidade na entrega (FILIPPETTI, 2007).

2.2 IPV6

O IP versão 6 começou a ser desenvolvido no início da década de 1990,

com o objetivo de ser a solução definitiva para o esgotamento de endereços IPs na

Internet. Tendo esse, como o principal objetivo.

As principais modificações foram o aumento de endereços, a simplificação

do cabeçalho, melhor suporte para as opções oferecidas e o avanço na questão de

segurança. O IPv6 atende a todos os objetivos propostos, preservando os bons

recursos do IP, descartando ou reduzindo a importância das características ruins e

criando outras quando necessário (TANENBAUM, 2003).

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Algumas novidades do IPv6 (DEERING, 1996) :

Endereço de 128 bits;

Suporte a aplicações multimídia em tempo real;

Suporte a multicast e anycast;

Arquitetura de endereçamentos melhor estruturada;

Mecanismos de segurança, incluindo encriptação e autenticação;

Mobilidade;

Suporte para datagramas “Jumbo”.

2.2.1 MOTIVAÇÃO

O crescimento da demanda por endereços IP foi o motivo básico que levou à

definição de uma nova geração de IP. Uma lição que pode ser tirada da experiência

com IPv4 é a de que o endereçamento e o roteamento devem suportar o

crescimento futuro. É importante que tenhamos compreensão do crescimento

passado e como será o crescimento futuro.

O IPv6 é a versão mais recente do protocolo IP. Ela tem de ser implantada

rapidamente na Internet, porque a versão anterior, o IPv4, não e mais capaz de

suportar o crescimento da rede: não ha mais endereços livres.

Apesar de, num futuro próximo, ser possível ter redes totalmente IPv6, o

mais comum será ter IPv4 e IPv6 na mesma infraestrutura. E, para permitir isto, são

necessários ferramenta e mecanismos de coexistência e integração (HAGEN, 2002).

2.2.2 DESENVOLVIMENTO DA INTERNET

O Departamento de Defesa (DoD - Department of Defense) do governo

estadunidense iniciou em 1966, através de sua Agência de Pesquisas e de Projetos

Avançados (ARPA - Advanced Research Projects Agency), um projeto para a

interligação de computadores em centros militares e de pesquisa. Este sistema de

comunicação e controle distribuído com fins militares recebeu o nome de ARPANET,

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tendo como principal objetivo criar uma arquitetura de rede solida e robusta,

baseada na comutação de pacotes, e que pudesse lidar com a indisponibilidade de

alguns de seus nós, funcionando com os computadores e ligações de comunicação

restantes.

No início, a ARPANET trabalhava com diversos protocolos de

comunicação, sendo o principal o NCP (Network Control Protocol). No entanto, em

1o. de Janeiro de 1983, quando a rede já possuía 562 hosts, todas as maquinas da

ARPANET passaram a adotar como padrão o conjunto de protocolos conhecido por

TCP/IP, permitindo o crescimento ordenado da rede e eliminando restrições dos

protocolos anteriores. Nesse mesmo ano, a ARPANET foi dividida em duas, uma

rede fechada para os militares chamada MILNET, e uma rede aberta, com então 45

hosts, que evoluiu para a rede que hoje conhecemos como a Internet.

O IP versão 4, definido na RFC 791, e, como visto, uma das principais bases

tecnológicas, sobre as quais se sustentam a Internet. Esse protocolo mostrou-se

bastante robusto, de fácil implantação e interoperabilidade. No entanto, seu projeto

remonta a década de 1970 e não previu alguns aspectos hoje importantes como:

● O crescimento das redes e um possível esgotamento dos endereços IP;

● O aumento da tabela de roteamento, que é a tabela onde estão relacionadas todas

as interconexões entre as redes que compõem a Internet, permitindo identificar os

possíveis caminhos para os pacotes, ate seus destinos;

● Problemas relacionados a segurança dos dados transmitidos;

● Prioridade na entrega de determinados tipos de pacotes.

Em 1990, existiam cerca de 313.000 hosts conectados a rede e estudos já

apontavam para um colapso devido à falta de endereços. Outros problemas também

tornavam-se aparentes, conforme a Internet evoluía, como o aumento da tabela de

roteamento.

No em encontro Internet Engineering Task Torce (IETF) de Vancover, em

1990, Frank Solensky, Phill Gross e Sue Hares afirmaram que à taxa de atribuição

do espaço de endereçamento IPv4, existente à época, as classes do tipo B estariam

esgotadas, possivelmente por volta de março de 1994 (BRANDER & MANKIN,

1995).

Em 1993, com a criação da Web e com a liberação por parte do Governo

estadunidense para a utilização comercial da Internet, houve um salto ainda maior

em sua taxa de crescimento.

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As especificações da IPv6 foram apresentadas inicialmente na RFC 1883 de

dezembro de 1995, no entanto, em dezembro de 1998, esta RFC foi substituída pela

RFC 2460.

A primeira conexão com o protocolo IPv6 foi estabelecida em março de 1998

com a Cisco System, nos EUA (BRANDER & MANKIN, 1995).

2.2.3 CABEÇALHO

O cabeçalho IPv4 e composto por 12 campos fixos, que podem ou não

conter opções responsáveis por fazer com que o tamanho varie de 20 a 60 Bytes.

Estes campos são destinados transmitir informações sobre:

• a versão do protocolo;

• o tamanho do cabeçalho e dos dados;

• a fragmentação dos pacotes;

• o tipo dos dados sendo enviados;

• o tempo de vida do pacote;

• o protocolo da camada seguinte (TCP, UDP, ICMP);

• a integridade dos dados;

• a origem e destino do pacote.

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Figura 1 – Cabeçalho IPv4 e IPv6

Fonte: CISCO, 2006

Já no IPv6 foram realizadas algumas mudanças no formato do cabeçalho

de modo a torna-lo mais simples. O numero de campos foi reduzido para apenas

oito e o tamanho foi fixado de 40 Bytes. Além disso, ele ficou mais flexível e eficiente

com a adição de cabeçalhos de extensão que não precisam ser processados por

roteadores intermediários. Tais alterações permitiram que, mesmo com um espaço

de endereçamento quatro vezes maior que o do IPv4, o tamanho total do cabeçalho

IPv6 fosse apenas duas vezes.

Dentre essas mudanças, na qual podemos observar na figura 1, destaca-se

a remoção de seis dos campos existentes no cabeçalho IPv4, como resultado tanto

da inutilização de suas funções quanto de sua reimplementação com o uso de

cabeçalhos de extensão.

A primeira remoção foi a do campo “Tamanho do Cabeçalho” que tornou-se

desnecessário uma vez que seu valor foi fixado. A seguir, os campos “Identificação”,

“Flags”, “Deslocamento do Fragmento” e “Opções e Complementos” passaram a ter

suas informações indicadas em cabeçalhos de extensão apropriados. Por fim, o

campo “Soma de Verificação” foi descartado com o objetivo de deixar o protocolo

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mais eficiente já que outras validações são realizadas pelos protocolos das camadas

superiores da rede.

Outra alteração realizada com o intuito de agilizar o processamento foi a

renomeação e reposicionamento de quatro campos conforme a tabela 1:

Tabela 1 - Renomeação e Reposicionamento dos campos no IPv4 e IPv6

IPv4 IPv6

Tipo de Serviço Classe de Serviço

Tamanho Total Tamanho dos Dados

Tempo de Vida (TTL) Limite de Encaminhamento

Protocolo Próximo Cabeçalho

Fonte: Autoria própria

Além disso, o campo “Identificador de Fluxo” foi adicionado para possibilitar

o funcionamento de um mecanismo extra de suporte a QoS (Quality of Service).

Por fim, os campos “Versão”, “Endereço de Origem” e “Endereço de Destino”

foram mantidos e apenas tiveram seus tamanhos alterados.

Conforme a observado na figura 1, o cabeçalho do IPv6 esta dividido nos

seguintes campos:

Versão (4 bits) - Identifica a versão do protocolo utilizado. No caso, o valor

desse campo e 6;

Classe de Tráfego (8 bits) – Identifica os pacotes por classes de serviços ou

prioridade. Ele provê as mesmas funcionalidades e definições do campo “Tipo

de Serviço do IPv4″;

Identificador de Fluxo (20 bits) – Identifica pacotes do mesmo fluxo de

comunicação. Idealmente esse campo e configurado pelo endereço de

destino para separar os fluxos de cada uma das aplicações e os nos

intermediários de rede podem utiliza-lo de forma agregada com os endereços

de origem e destino para realização de tratamento especifico dos pacotes;

Tamanho do Dados (16 bits) – Indica o tamanho, em Bytes, apenas dos

dados enviados junto ao cabeçalho IPv6. Substituiu o campo Tamanho Total

do IPv4, que indicava o tamanho do cabeçalho mais o tamanho dos dados

transmitidos. Contudo, o tamanho dos cabeçalhos de extensão também são

somado nesse novo campo;

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Próximo Cabeçalho (8 bits) – Identifica o cabeçalho de extensão que segue o

atual. Ele foi renomeado (no IPv4 chamava-se Protocolo) para refletir a nova

organização dos pacotes IPv6, uma vez que ele deixou de conter os valores

referentes a outros protocolos, para indicar os tipos dos cabeçalhos de

extensão;

Limite de Encaminhamento (8 bits) – Esse campo e decrementado a cada

salto de roteamento e indica o numero máximo de roteadores pelos quais o

pacote pode passar antes de ser descartado. Ele padronizou o modo como o

campo Tempo de Vida (TTL) do IPv4 vinha sendo utilizado, o qual diferia

significativamente da descrição original que o definia como o tempo, em

segundos, para o pacote ser descartado caso nao chegasse a seu destino;

Endereço de origem (128 bits) – Indica o endereço de origem do pacote;

Endereço de Destino (128 bits) – Indica o endereço de destino do pacote.

O cabeçalho simplificado de IPv6 oferece várias vantagens com relação ao IPv4:

Melhor eficiência de roteamento para desempenho e escalabilidade;

Ausência de broadcasts e, desse modo, ausência de ameaças de broadcast

storms;

Sem necessidade de processar checksums;

Mecanismos de cabeçalho de extensão simplificados e mais eficientes;

Rótulos de fluxo para processamento sem a necessidade de abrir o pacote.

2.3 ENDEREÇAMENTO

O protocolo IPv6 apresenta como principal característica e justificativa maior

para o seu desenvolvimento, o aumento no espaço para endereçamento. Por isso, e

importante conhecermos as diferenças entre os endereços IPv4 e IPv6, saber

reconhecer a sintaxe dos endereços IPv6 e conhecer os tipos de endereços IPv6

existentes e suas principais características.

No IPv4, o campo do cabeçalho reservado para o endereçamento possui 32

bits. Este tamanho possibilita um máximo de 4.294.967.296 (232) endereços

20

distintos. A época de seu desenvolvimento, esta quantidade era considerada

suficiente para identificar todos os computadores na rede e suportar o surgimento de

novas sub-redes. No entanto, com o rápido crescimento da Internet, surgiu o

problema da escassez dos endereços IPv4, motivando a a criação de uma nova

geração do protocolo IP.

As especificações do IPv4 reservam 32 bits para endereçamento,

possibilitando gerar mais de 4 bilhões de endereços distintos. Inicialmente, estes

endereços foram divididos em três classes principais de tamanhos fixos, da seguinte

forma:

Classe A: definia o bit mais significativo como 0, utilizava os 7 bits restantes

do primeiro octeto para identificar a rede, e os 24 bits restantes para

identificar o host. Esses endereços utilizavam a faixa de 1.0.0.0 ate 126.0.0.0;

Classe B: definia os 2 bits mais significativo como 10, utilizava os 14 bits

seguintes para identificar a rede, e os 16 bits restantes para identificar o host.

Esses endereços utilizavam a faixa de 128.1.0.0 ate 191.254.0.0;

Classe C: definia os 3 bits mais significativo como 110, utilizava os 21 bits

seguintes para identificar a rede, e os 8 bits restantes para identificar o host.

Esses endereços utilizavam a faixa de 192.0.1.0 ate 223.255.254.0;

O intuito dessa divisão tenha era tornar a distribuição de endereços flexível,

abrangendo redes de tamanhos variados, mas essa classificação mostrou-se na

verdade rígida e muito ineficiente, levando a um grande desperdício de endereços.

O IPv6 possui um espaço para endereçamento de 128 bits, sendo possível

obter 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456 endereços (2128).

Este valor representa aproximadamente 79 octilhões (7,9×1028) de vezes a

quantidade de endereços IPv4 e representa, também, mais de 56 octilhões

(5,6×1028) de endereços por ser humano na Terra, considerando-se a população

estimada em 6 bilhões de habitantes.

Os 32 bits dos endereços IPv4 são divididos em quatro grupos de 8 bits

cada, separados por “.”, escritos com dígitos decimais. Por exemplo: 192.168.0.10.

A representação dos endereços IPv6, divide o endereço em oito grupos de

16 bits, separando-os por “:”, escritos com dígitos hexadecimais (0-F). Por exemplo:

2001:0DB8:AD1F:25E2:CADE:CAFE:F0CA:84C1

21

Na representação de um endereço IPv6, e permitido utilizar tanto caracteres

maiúsculos quanto minúsculos.

Além disso, regras de abreviação podem ser aplicadas para facilitar a escrita

de alguns endereços muito extensos. É permitido omitir os zeros a esquerda de

cada bloco de 16 bits, além de substituir uma sequencia longa de zeros por “::”.

Por exemplo, o endereço

2001:0DB8:0000:0000:130F:0000:0000:140B

pode ser escrito como

2001:DB8:0:0:130F::140B ou 2001:DB8::130F:0:0:140B.

Neste exemplo e possível observar que a abreviação do grupo de zeros só

pode ser realizada uma única vez, caso contrario poderá haver ambiguidades na

representação do endereço. Se o endereço acima fosse escrito como:

2001:DB8::130F::140B,

não seria possível determinar se ele corresponde a

2001:DB8:0:0:130F:0:0:140B,

a

2001:DB8:0:0:0:130F:0:140B

ou

2001:DB8:0:130F:0:0:0:140B.

Esta abreviação pode ser feita também no fim ou no inicio do endereço,

como ocorre em

2001:DB8:0:54:0:0:0:0

que pode ser escrito da forma

2001:DB8:0:54::.

Existem três tipos de endereços IPv6:

Unicast - Endereço que identifica uma única interface. Existem dois tipos de

endereço Unicast: Global IPv6 Address e Link-Local Address.

Anycast - Identifica um bloco de interfaces, de tal forma que um pacote

enviado a um endereço de anycast será entregue a um elemento do bloco.

Multicast - Identifica um grupo de interfaces, tal que um pacote enviado a um

endereço de multicast é entregue a todos elementos do grupo. Não existe

endereço de broadcast no IPv6, esta função foi substituída pelo endereço de

multicast.

22

2.4 TUNELAMENTO

O tunelamento é um método de integração onde um pacote de IPv6 é

encapsulado dentro de outro protocolo, como o IPv4. Esse método permite a

conexão das ilhas de IPv6 sem que haja a necessidade de converter as redes

intermediárias para o IPv6. Quando o IPv4 for usado para encapsular o pacote de

IPv6, o pacote incluirá um cabeçalho de IPv4 de 20 bytes sem opções, um

cabeçalho de IPv6 e a payload.

A técnica de criação de túneis, ou tunelamento, permite transmitir pacotes

IPv6 através da infra-estrutura IPv4 já existente, sem a necessidade de realizar

qualquer mudança nos mecanismos de roteamento, encapsulando o conteúdo do

pacote IPv6 em um pacote IPv4.

Existem várias técnicas de tunelamento disponíveis, incluindo:

Tunelamento manual de IPv6 sobre IPv4 – Um túnel manual é estabelecido

entre dois nós IPv4 para enviar o tráfego IPv6, os pacotes de IPv6 são

encapsulado dentro do protocolo IPv4. Na figura 2 apresenta um exemplo de

topologia em que é utilizado o túnel manual 6over4.

Tunelamento dinâmico 6to4, de acordo com CARPENTER e MOORE (2001)

na RFC 3056, estabelece a conexão das ilhas de IPv6 automaticamente

através de uma rede IPv4, normalmente a Internet. Ele aplica

automaticamente um prefixo de IPv6 válido e exclusivo a cada ilha de IPv6,

permitindo a rápida implantação do IPv6 em uma rede corporativa sem que

ocorra a recuperação de endereço dos ISPs ou dos registros.

Protocolo de endereçamento automático de túnel intra-site (ISATAP, Intra-Site

Automatic Tunnel Addressing Protocol) – Mecanismo de tunelamento de

sobreposição automática que usa a rede de IPv4 subjacente como uma

camada de enlace para o IPv6, é tratado por TEMPLIN, GLEESON e

THALER (2008) na RFC 5214. Os túneis do ISATAP permitem que os hosts

de pilha dupla individuais de IPv4 ou IPv6 dentro de um local se comuniquem

com outros hosts em um link virtual, criando uma rede de IPv6 que utiliza a

infraestrutura de IPv4.

23

Tunelamento Teredo - Uma tecnologia de transição de IPv6 que fornece o

tunelamento automático de host para host em vez de um tunelamento de

gateway, é descrito na RFC 4380(2006). Essa abordagem transmite o tráfego

unicast de IPv6 quando os hosts de pilha dupla (hosts que executam tanto o

IPv6 quanto o IPv4) estão localizados atrás de um ou de vários NATs de IPv4.

Figura 2 – Túnel manual 6over4 entre dois dispositivos

Fonte: IPv6.br, 2012

Neste trabalho será utilizada a técnica de tunelamento manual e para seu

roteamento serão utilizados os protocolos OSPF (Open Shortest Path First) e EIGRP

(Enhanced Interior Gateway Routing Protocol) que serão descritos a seguir.

2.5 OSPF

O OSPF, a exemplo do RIP, é um protocolo aberto, disponível ao público,

sendo que pode ser desenvolvido e aperfeiçoado por vários fabricantes. É um dos

mais importantes protocolos que utilizam algoritmos de roteamento estado de

enlace, também conhecidos como algoritmos SPF e é comumente utilizado

24

(juntamente com o seu “primo”, o IS-IS) em ISPs de níveis mais altos, já que sua

implementação é mais complexa.

Os roteadores de uma rede que utilizam o OSPF identificam os roteadores

vizinhos e, então, se comunicam com eles. As informações recebidas dos

roteadores vizinhos possibilitam a criação de um banco de dados link-state. O

roteador então constrói um mapa topológico completo de toda a rede, utilizando um

algoritmo de Dijkstra para determinar os caminhos mais curtos para todas as sub-

redes, utilizando uma métrica baseada na largura de banda do caminho (KUROSE,

2006).

Outra característica do OSPF é a capacidade de designação de um

roteador, em um determinado segmento, que fará a comunicação, ou seja, o envio

das informações de link-state para os demais roteadores. Em um segmento de rede

multiacesso com broadcast, a troca de informações entre todos os roteadores

vizinhos pode gerar uma grande sobrecarga. Com o roteador designado, chamado

de DR (Designed Router), todos os roteadores de um segmento enviam suas

informações de link-state para este que age como um porta-voz do segmento,

repassando estas informações para os demais roteadores do segmento.

Figura 3 – Tipos de pacote OSPF

Fonte: Cisco, 2007

A figura 3 mostra os cinco diferentes tipos de pacotes link-state OSPF. Cada

pacote serve a um propósito específico no processo de roteamento OSPF:

Hello – Os pacotes Hello são utilizados para estabelecer e manter a

adjacência com outros roteadores OSPF.

25

DBD - O pacote de Descrição de Bancos de Dados (DBD) contém uma lista

abreviada do banco de dados link-state do roteador que o está enviando, os

roteadores que o recebem comparam com o banco de dados link-state local.

LSR - Os roteadores que recebem podem solicitar mais informações sobre

qualquer entrada no DBD enviando uma Requisição Link-State (LSR).

LSU - Os pacotes de Atualização Link-State (LSU) são utilizados para

responder às LSRs, bem como anunciar novas informações. Os LSUs contêm

sete tipos diferentes de Anúncios Link-State (LSAs). Os LSUs e os LSAs são

brevemente discutidos em um tópico posterior.

LSAck - Quando um LSU é recebido, o roteador envia um Link-State

Acknowledgement (LSAck) para confirmar o recebimento do LSU.

2.6 EIGRP

O EIGRP é um protocolo híbrido, que utiliza técnicas de algoritmos vetor de

distância e estado de enlace, combinadas de forma a reduzir as dificuldades,

principalmente em termos de convergência para o caso de mudanças na rede.

Como o próprio nome já diz (enhanced = reforçado) é uma versão

melhorada do IGRP, sendo um protocolo classless, possibilitando a prática do

VLSM, CIDR e sumarização de rotas além de melhorar a segurança da rede, através

de autenticação (FILIPETTI, 2007). Por ser muito semelhante ao IGRP, o EIGRP é

compatível como o seu “irmão”, proporcionando interoperabilidade entre os

protocolos, fazendo um compartilhamento de rotas automático, sem a necessidade

de configurações avançadas.

O EIGRP inclui diversos recursos que geralmente não são encontrados em

outros protocolos de roteamento de vetor de distância como o RIP (Routing

Information Protocol) e IGRP. Estes recursos incluem:

O Protocolo confiável de transporte (RTP, Reliable Transport Protocol);

Atualizações associadas;

Algoritmo de atualização por difusão (DUAL, Diffuding Update Algorithm);

Estabelecimento de adjacências;

Tabelas de vizinho e topologia.

26

A tabela de vizinhos é a mais importante do EIGRP. Ela contém a lista de

roteadores adjacentes. Para trocar informações entre os vizinhos os roteadores

utilizam pacotes do tipo hello, como podemos observar na figura 4. Pacotes hello

são utilizados para descobrir e manter adjacências e para a eleição de um DR em

redes multiacesso. Quando um roteador envia ao seu vizinho um pacote hello, este

marca o seu endereço e a interface a qual está conectado. O pacote anuncia um

hold time (tempo de retenção), que é o período de tempo no qual um roteador

considera um vizinho como alcançável e operacional. Após este período se o

roteador não receber outro pacote hello do vizinho, este será considerado

inalcançável e a rota deverá ser recalculada (Cisco Systems, 2003).

Figura 4 – Tipos de pacote EIGRP

Fonte: Cisco, 2007

A tabela de topologia contém todos os destinos informados pelos roteadores

vizinhos. Para cada destino é associado um endereço IP e uma lista de vizinhos que

anunciaram este destino, juntamente com a métrica anunciada. É importante

27

destacar que os roteadores irão anunciar apenas rotas que estejam utilizando,

sendo esta uma regra básica de protocolos que utilizam vetor distância.

Com estas informações é possível montar a tabela de roteamento, que irá

conter apenas as melhores rotas para cada destino. Para este estudo é importante

entender mais a fundo quais as métricas utilizadas pelo EIGRP e como elas são

combinadas para a determinação das melhores rotas.

Para cada rota o EIGRP associa 5 (cinco) diferentes métricas, que são

praticamente as mesmas utilizadas pela IGRP. São elas:

Delay – atraso (10s de micro-segundos)

Bandwidth – largura de banda ou taxa de transferência (kilobits por segundo)

Reliability – confiabilidade (número entre 1 e 255; sendo 255 o mais confiável)

Load – carga (número entre 1 e 255; sendo 255 o mais saturado)

MTU (Minimum path Maximum Transmission Unit)

Por padrão, apenas Delay e Bandwidth são habilitados em um roteador

usando EIGRP, sendo que as métricas podem ser habilitadas ou desabilitadas pelo

administrador conforme necessário.

28

3 SIMULAÇÃO

A seguir serão mostrados exemplos de como fazer a implementação do

túnel manual com roteadores Cisco pelo programa Packet Tracer 6.0.1. A

configuração manual consiste em definir quais serão os IPv4 de origem e destino

que serão utilizados em cada ponta do túnel. Ao ser recebido pelo nó destino, o

pacote IPv6 é desencapsulado e tratado adequadamente.

Esse tipo de túnel pode ser utilizado para contornar um equipamento ou

enlace sem suporte a IPv6 numa rede, ou para criar túneis estáticos entre duas

redes IPv6 através da Internet IPv4.

3.1 MODELO COM OSPF

A figura 5 mostra a topologia utilizada na simulação do túnel manual com o

protocolo OSPF.

Figura 5 – Topologia utilizada na simulação túnel manual com OSPF

Fonte: Autoria Própria

29

A tabela 2 demonstra os IPs utilizados com seus respectivos dispositivos e

interfaces.

Tabela 2 - Tabela IP dos dispositivos e suas interfaces no modelo OSPF

Dispositivo Interface Endereço IP Máscara

Router 1 FastEthernet 0/0 1111:2222:3333::1/48 Router 1 Serial 0/1/0 1111:2222:5555::1/48 Router 2 Serial 0/0/0 1111:2222:5555::2/48 Router 2 Serial 0/1/0 192.23.1.2 255.255.255.0

Router 3 Serial 2/0 192.23.1.3 255.255.255.0

Router 3 Serial 3/0 192.34.1.3 255.255.255.0

Router 4 Serial 0/0/0 192.34.1.4 255.255.255.0

Router 4 Serial 0/1/0 1111:2222:6666::2/48 Router 5 FastEthernet 0/0 1111:2222:4444::1/48 Router 5 Serial 0/1/0 1111:2222:6666::1/48 PC1 FastEthernet 0 1111:2222:3333::2/48 PC2 FastEthernet 0 1111:2222:4444::2/48 Fonte: Autoria própria

A seguir será demonstrado as configurações utilizadas em cada roteador para

o seu funcionamento. Podemos observar que o túnel foi estabelecido no Router2 e

Router4.

Configurações no Router1

interface FastEthernet0/0

ipv6 address 1111:2222:3333::1/48

ipv6 ospf 1 area 0

interface Serial0/1/0

ipv6 address 1111:2222:5555::1/48

ipv6 ospf 1 area 0

ipv6 router ospf 1

router-id 1.1.1.1

log-adjacency-changes

ip classless

30

Configurações no Router2

interface Tunnel0

mtu 1476

ipv6 address 3000::1/112

ipv6 ospf 1 area 0

tunnel source Serial0/1/0

tunnel destination 192.34.1.4

tunnel mode ipv6ip

interface Serial0/0/0

ipv6 address 1111:2222:5555::2/48

ipv6 ospf 1 area 0

clock rate 1000000

interface Serial0/1/0

ip address 192.23.1.2 255.255.255.0

clock rate 1000000

router ospf 100

log-adjacency-changes

network 192.23.1.0 0.0.0.255 area 0

ipv6 router ospf 1

router-id 3.3.3.3

log-adjacency-changes

ip classless

no cdp run

Configurações no Router3

31

interface Serial2/0

ip address 192.23.1.3 255.255.255.0

interface Serial3/0

ip address 192.34.1.3 255.255.255.0

clock rate 1000000

router ospf 100

log-adjacency-changes

network 192.23.1.0 0.0.0.255 area 0

network 192.34.1.0 0.0.0.255 area 0

ip classless

Configurações no Router4

interface Tunnel0

mtu 1476

ipv6 address 3000::2/112

ipv6 ospf 1 area 0

tunnel source Serial0/0/0

tunnel destination 192.23.1.2

tunnel mode ipv6ip

interface Serial0/0/0

ip address 192.34.1.4 255.255.255.0

interface Serial0/1/0

ipv6 address 1111:2222:6666::2/48

ipv6 ospf 1 area 0

router ospf 100

log-adjacency-changes

32

network 192.34.1.0 0.0.0.255 area 0

ipv6 router ospf 1

router-id 4.4.4.4

log-adjacency-changes

ip classless

no cdp run

Configurações no Router5

interface FastEthernet0/0

ipv6 address 1111:2222:4444::1/48

ipv6 ospf 1 area 0

interface Serial0/1/0

ipv6 address 1111:2222:6666::1/48

ipv6 ospf 1 area 0

ipv6 router ospf 1

router-id 2.2.2.2

log-adjacency-changes

ip classless

no cdp run

Para realizar o teste de conectividade foi utilizado o comando ping, como

podemos observar na figura 6. O ping foi realizado do PC1 para o PC2, ou seja, foi

possível trafegar via Internet IPv4, comprovando assim que o túnel está funcionando

perfeitamente.

33

Figura 6 – Ping realizado do PC1 para o PC2

Fonte: Autoria própria

3.2 MODELO COM EIGRP

A figura 7 mostra a topologia utilizada na simulação do túnel manual com o

protocolo EIGRP.

34

Figura 7 – Topologia utilizada na simulação túnel manual com EIGRP

Fonte: Autoria Própria

A tabela 3 demonstra os IPs utilizados com seus respectivos dispositivos e

interfaces.

Tabela 3 - Tabela IP dos dispositivos e suas interfaces no modelo EIGRP

Dispositivo Interface Endereço IP Máscara

R1 FastEthernet0/0 5000::2/112 R1 Serial0/1/0 2000::2/112 R2 Serial0/0/0 192.192.192.2 255.255.255.0

R2 Serial0/1/0 2000::1/112 R3 FastEthernet0/0 201.201.201.1 255.255.255.0

R3 Serial2/0 192.192.192.3 255.255.255.0

R3 Serial3/0 200.200.200.3 255.255.255.0

R4 Serial0/0/0 200.200.200.4 255.255.255.0

R4 Serial0/1/0 4000::1/112 R5 FastEthernet0/0 6000::1/112 R5 Serial0/1/0 4000::2/112 PC0 FastEthernet 0 5000::2/112 PC1 FastEthernet 0 6000::2/112 PC2 FastEthernet 0 201.201.201.2 255.255.255.0

Fonte: Autoria própria

A seguir será demonstrado as configurações utilizadas em cada roteador para

o seu funcionamento. Podemos observar que o túnel foi estabelecido no R2 e R4.

35

Configurações no R1

interface FastEthernet0/0

ipv6 address 5000::2/112

ipv6 eigrp 222

interface Serial0/1/0

ipv6 address 2000::2/112

ipv6 eigrp 222

clock rate 1000000

router eigrp 100

network 192.192.192.0

network 200.200.200.0

network 201.201.201.0

auto-summary

ipv6 router eigrp 222

router-id 3.3.3.3

no shutdown

Configurações no R2

interface Tunnel0

mtu 1476

ipv6 address 3000::1/112

ipv6 eigrp 222

tunnel source Serial0/0/0

tunnel destination 200.200.200.4

tunnel mode ipv6ip

interface Serial0/0/0

36

ip address 192.192.192.2 255.255.255.0

ipv6 eigrp 222

clock rate 1000000

interface Serial0/1/0

ipv6 address 2000::1/112

ipv6 eigrp 222

router eigrp 100

network 192.192.192.0

network 200.200.200.0

network 201.201.201.0

auto-summary

ipv6 router eigrp 222

no shutdown

ipv6 router eigrp 2222

router-id 4.4.4.4

shutdown

Configurações no R3

interface FastEthernet0/0

ip address 201.201.201.1 255.255.255.0

interface Serial2/0

ip address 192.192.192.3 255.255.255.0

interface Serial3/0

ip address 200.200.200.3 255.255.255.0

clock rate 1000000

37

router eigrp 100

network 192.192.192.0

network 200.200.200.0

network 201.201.201.0

auto-summary

router rip

Configurações no R4

interface Tunnel0

mtu 1476

ipv6 address 3000::2/112

ipv6 eigrp 222

tunnel source Serial0/0/0

tunnel destination 192.192.192.2

tunnel mode ipv6ip

interface Serial0/0/0

ip address 200.200.200.4 255.255.255.0

ipv6 eigrp 222

interface Serial0/1/0

ipv6 address 4000::1/112

ipv6 eigrp 222

router eigrp 100

network 192.192.192.0

network 200.200.200.0

network 201.201.201.0

auto-summary

ipv6 router eigrp 222

38

no shutdown

ipv6 router eigrp 2222

router-id 2.2.2.2

shutdown

Configurações no R5

interface FastEthernet0/0

ipv6 address 6000::1/112

ipv6 eigrp 222

interface Serial0/1/0

ipv6 address 4000::2/112

ipv6 eigrp 222

clock rate 1000000

router eigrp 222

auto-summary

ipv6 router eigrp 222

router-id 1.1.1.1

no shutdown

Para realizar o teste de conectividade foi utilizado o comando ping, como

podemos observar na figura 8. O ping foi realizado do PC1 para o PC0, ou seja, foi

possível trafegar via Internet IPv4, comprovando assim que o túnel está funcionando

perfeitamente.

39

Figura 8 – Ping realizado do PC1 para o PC0

Fonte: Autoria própria

40

4 CONCLUSÃO

O esgotamento de endereços do protocolo IPv4 já é realidade reforçando

ainda mais a importância da migração para o IPv6 por apresentar um aumento

significativo de endereços disponíveis. Durante esse período de migração é preciso

que redes IPv6 se comuniquem com outras redes IPv6 mesmo que a infraestrutura

entre eles seja IPv4, por isso a importância de técnicas de transição.

Entre estas técnicas temos o túnel manual na qual foi abordado neste

trabalho e se demonstrou eficiente, estabelecendo o túnel entre redes IPv6 através

de redes IPv4 e funcionando perfeitamente. Demostrando ser uma fácil e boa opção

para empresas que estão migrando para o IPv6.

41

REFERÊNCIAS

BARROS JÚNIOR, José Carlos. Estratégia de implementação IPv6. Disponível em: <http://www.saude.mt.gov.br/upload/documento/104/estrategias-de-implementacao-ipv6-autor-jose-carlos-barros-junior-%5B104-070212-SES-MT%5D.pdf> Acesso em: 07 de Junho de 2013. BRADNER, S; MANKIN, A. RFC 1752 – The Recommendation for the IP Next Generation Protocol The Recommendation for the IP Next Generation Protocol. January 1995. CARPENTER, B.; MOORE, K. RFC 3056 Connection of IPv6 Domains via IPv4 Clouds, 2001. Cisco. IPv6 Extension Headers Review and Considerations, 2006. Disponível em: <http://www.cisco.com/en/US/technologies/tk648/tk872/technologies_white_paper0900aecd8054d37d.html> Acesso em: 23 de Julho de 2013. Cisco Systems. CCNA 2: Conceitos Básicos de Roteadores, v. 3.1.1, 2003. ______. CCNA Exploration 4.0, 2007. DEERING, S.; HINDEN, R. Internet Protocol, Version 6 (IPv6) Specifications, RFC 1883, Abril 1996. DOMINGOS, Fabiano Donisete. Técnica de transição entre redes IPv4/IPv6. Disponível em: <http://www.alessandrobianchini.com.br/artigos/ipv6.pdf> Acesso em: 03 de Junho de 2013. FILIPPETTI, M. A. CCNA 4.0: Guia Completo de Estudos. Florianópolis: Visual Books, 2007. HAGEN, Silvia. IPv6 Essentials. O’Reilly, 2002. IPv6.br. Transição. Disponível em: <http://ipv6.br/entenda/transicao/> Acesso 04 de Agosto de 2014. KUROSE, James F. Redes de Computadores e a Internet: uma abordagem top-down. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2006. TANENBAUM, Andrew. S. Redes de Computadores. 4. ed. São Paulo: Campus, 2003. TEMPLIN, F.; GLEESON, T.; THALER, D. RFC 5214 Intra-Site Automatic Tunnel Addressing Protocol (ISATAP), 2008 ZAKON, Robert Hobbes. Hobbes' Internet Timeline 10.2. Disponível em: <http://www.zakon.org/robert/internet/timeline> Acesso em: 11 de Junho de 2013