Tratado de Direito Privado Tomo 6

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TRATADO DE DIREITO PRIVADO- TOMO VIExcees. Direitos mutilados. Exerccio dos direitos, pretenses, aes e excees. Prescrio.Tbua Sistemtica das MatriasParte IVCaptulo 1 Excees 628. Conceito de exceo. 1. Conceito. 2. Direito material e exceo. 3. Duas classes de excees. 4. Efi ccia das excees. 5. Direito de exceo. 6. Exceo e direito de exceo. 7. Quando nasce a exceo. 8. Rplica e dplica. 9. Eficcia e encobrimento. 10. Justia de mo prpria. 11. Exceo de limite responsabilidade. 12. Invocaes de direitos limitantes. 13. Exceo, direito negativo. 14. Exerccio e precluso 629. Excees independentes e excees dependentes. 1. Dicotomia. 2. Excees dependentes. 3. Extino das excees dependentes. 4. Extino das excees independentes 630. Excees perernptrias e excees dilatrias.1.Dilatoriedade e peremptoriedade. 2. Espcies 631. Excees pessoais e excees impessoais. 1. Excees dependentes. 2. Excees independentes. 3. Erro a evitar-se 632. Exerccio da exceo. 1. Onde se exerce a exceo. 2. A que se ope a exceo. 3. Quando se ope a exceo. 4. Exceo e exerccio do direito a excetuar 633. Defesa e exceo. 1. Os dois conceitos. 2. Encobrimento e descobrimento da eficcia. 3. Pseudo-excees. 4. Direito de reteno 63. Eficcia das excees. 1. Eficcia no tempo.2.Eficcia das excees peremplrias. 3. Oposio da exceo, no tempo. 4. Quasi nulla obligatio 635. Prescritibilidade das excees? 1. Exceo e extino do direito de exceo 636. Ponto de partida e direo das excees. 1. As duas espcies quanto fonte. 2. Obrigaes acessrias 637. Exceo e mora. 1. Conceitos. 2. Eficcia da declarao judicial. 3. Acolhimento da exceo e prestaes acessrias 638. Exceptio dou e replicatio dou. 1. Ao e excees. 2. Exceptio dou generalis. 3. Exceptio dou e exceptio metus causa. 4. Fundamento exceptio doli... 639. Direito de reteno. 1. Direito de reteno nos diferentes sistemas jurdicos. 2. Se existe principio geral sobre direito de reteno. 3. Se direito real. 4. Se exceo. 5. Pretenso nascida e direito de reteno.Captulo II Direitos Mutilados 64. Direito, pretenso e ao. 1. Conceito. 2. Obliqatio naturalis. 3. Inacionabilidade. 4. Mutilao e dever s moral Seo 1 Jogo e Aposta 641. O problema do jogo e da aposta. 1. Dificuldades na conceituao. 2. Direito brasileiro 642. Insero das regras jurdicas sobre jogo e aposta; tentativas de caracterizao. 1. Situao do 12 6 problema.2.Preciso do problema e teorias superadas 643. Sorte do negcio jurdico e sorte das dvidas de jogo ou aposta. 1. Contedo do art. 1.477 do Cdigo Civil. 2. O direito territorial prussiano e a teoria da obrigao imperfeita. 3. Soluo da doutrina portuguesa. 4. Influncia da concepo germnica da dvida de jogo como dvida de honra. 5. Incidncia e no-incidncia do art. 145, II. 6. O problema de tcnica legislativa. 7. Direito reinicola e doutrinadores portugueses 12 212 644. O problema da irrepetibilidade. 1.Direito romano e repetibilidade; direito luso-brasileiro. 2. 6 Proibio. 3. Sano 645. Qual a concepo do Cdigo Civil? 1. Contedo dplice do art. 1.477 do Cdigo Civil. 2. Contedo 13 do art. 1.477, pargrafo nico. 3. Contedo do art. 1.478. 4. Forma e contrato de jogo ou aposta. 5. Contedo 0 dos contratos de jogo e de aposta Seo II Sentena Injusta 13 3 646. Discrepncia entre aplicao e incidncia. 1. O problema tcnico da sentena injusta e a antinomia 14 entre incidncia e aplicao. 2. Se a aplicao discrepa da incidncia, algo resta ao vencido 2 Seo 111 Pretenses desprovidas de Ao 647. Pretenso e obrigao. 1. Devedor a que no se pode exigir. 2. Inacionabilidade de pretenso e direito de reteno. 3. Interpelabilidade e nacionabilidade. 4. Pena convencional e inacionabilidade. 5. Penhor e pretenso sem ao. 6. Ao e compensabilidade 648. Pretenso sem ao e cognio judicial. 1. Pretenso sem ao, alegada em juizo. 2. Direito e pretenso declarao 649. Exemplos de mutilao. 1. Direitos mutilados e pretenses mutiladas. 2. Excepcionabilidade e acionabilidade. 3. Pretenso futura e ao. 4. Falta de pressupostos processuais. 5. Falta de ao, em vez de mutilao. 6. Concordata concursal e concordata falencial Captulo III Exerccio dos Direitos, Pretenses, Aes e Excees 650. Contedo e exerccio. 1. Contedo e exerccio. 2. Pedido de cumprimento e exigncia de pretenso. 3. Escala dos exerccios. 4. Exerccio dos direitos formativos. 5. Exerccio das pretenses. 6. Exerccio das 14aes. 7. Exerccio das excees; princpio da indiferena das vias. 8. Excees e direitos formativos extintivos, aps a coisa julgada 651. Exerccio de poderes. 1. Poder e exerccio. 2. Alienao. 3. Escala de exerccios. 4. Exerccio consuntivo e exerccio no-consuntivo. 5. Ato de disposio... 652. Exerccio e limites do contedo. 1. Limites do contedo. 2. Excesso e contaminao do ato 653. Exerccio e conscincia dos atos. 1. Afirmao de direito. 2. Comunicao de conhecimento 654. Liberdade do exerccio. 1. Princpio da liberdade de exerccio; dever de exerccio. 2. No-exerccio; consequncias 655. Titularidade e exerccio. 1. Quem exerce os direitos, as pretenses, aes e excees. 2. Atos-fatos jurdicos. 3. Disposio e exerccio. 4. Exerccio por outrem. 5.Direitos derivados. 6. Poderes 656. Divisibilidade do exerccio. 1. Exerccio indivisvel. 2. Diviso 657. Pressupostos objetivos do exerccio. 1. Comeo do exercicio. 2. Pressuposto probatrio e legitimao com crtula. 3. Titularidade e legitimao 658. Limites do direito e limites do exerccio. 1. Princpio da coextenso do direito e do exerccio. 2. Coexistncia dos direitos e exerccio de direitos. 3. Promessas quanto a coisas ou atos. 4. Dano a outrem com o exerccio de direitos. 5. Irrelevncia do fim do exerccio dos direitos e da reserva mental 659. Pactum de non petendo. 1. Pacto concernente ao exerccio. 2. Direitos reais e pactum de non petendo 660. Exerccio das pretenses. 1. Exerccio extrajudicia! e exerccio judicial das pretenses. 2. Exerccio da pretenso e exerccio da ao. 3. Pretenses reais e seu exerccio. 4. Exigibilidade e pretenso. 5. Insatisfao e ao 661. Exerccio das excees. 1. Necessidade do exerccio das excees. 2. Falta de exerccio tempestivo e extino das exceesCaptulo IV Fato Jurdico da Prescrio 662. Conceito de prescrio. 1. Extenso do conceito de prescrio no direito comum e no direito moderno. 2. Conceito de prescrio no Cdigo Civil. 3. Direito privado e direito penal. 4. Direito comercial. 5. Prescrio e sistemtica do direito. 6. O que a prescrio atinge. 7. Classificao do fato jurdico da prescrio. 8. Exceo de prescrio. 9. Encobrimento de eficcia 663. Pretenses ou aes e prescrio. 1. O que a prescrio atinge. 2. Extino de direitos 664. Prescrio e interesse pblico. 1. Negcio jurdico sobre alongamento do prazo de prescrio. 2. Abreviamento negocial 665. Pressupostos da prescrio. 1. Suporte ftico das regras jurdicas sobre prescrio. 2. Alegao da prescrio sem se admitir a pretenso. 3. Ato-fato jurdico. 4. Pretenso e prescrio. 5. Prescrio e precluso. 6. Pessoas fsicas e jurdicas. 7. Elemento-tempo. 8. Crdito e pretenso. 9. Se pressuposto o dano ao credor. 10. Se pressuposto o conhecimento da pretenso pelo titular. 11. Ttulos de apresentao. 12. Pretenso a ato negativo e pretenso a ato positivo. 13. Avisos 666. Interpretao das regras jurdicas sobre prescrio. 1. Regras juridicas sobre prescrio. 2. Regras jurdicas sobre no correr ou haver suspenso e interrupo. 3. Princpio de isonomia e prescrio. 4.Princpio de irretroatividade das leis e prescriao 667. Imprescritibilidade. 1. Pretenses prescritveis e pretenses imprescritiveis. 2. Imprescritibilidade. 3. Direitos formativos. 4. Pretenses possessrias. 5. Excees Captulo V Prescrio e Precluso 668. Precluso. 1. onceito. 2. Eficcia preclusional e eficcia prescricional. 3. Citao e exerccio 669. Prazos prec/usivos. 1. Ao constitutiva negativa da modificao dos estatutos da fundao. 2. Precluso da ao de resgate (art. 1.141). 3. Ao revocatria, em falncia. 4. Prazo preclusivo da ao rescisria. 5. Cdigo Comercial, art. 109 Captulo VI Pretenses, Incio e Curso da Prescrio 670. Pretenses natae e pretenses nondum natae. 1. Distino base da inrcia do titular. 2. Impugnao, denncia e reclamao, anulao. 3. Princpio da exercibilidade da pretenso. 4. Resoluo e resciso. 5. Evico 671. Pluralidade de pretenses e pretenses acesso-rias. 1. Principio da separao prescricional das preten soes. 2. Casustica. 3. Hipoteca e art. 167. 4. Penhor e art. 167 672. Titularidade da exceo de prescrio. 1. Titular. 2. Credores. 3. Outros interessados 673. Prescrio e sucessores da pretenso. 1. Curso da prescrio contra os titulares da pretenso. 2. Sucesso na ao real. 3. Boa-f e m-f. 4. O art. 165... 674. Decurso do prazo (subjetivamen te). 1. Curso subjetivo do prazo. 2. Novao, ttulos abstratos e assuno de mtuo 675. Impedincia e suspenso do prazo prescricional. 1. Impedir e suspender. 2. Declarao da insuficincia. 3. Credores solidrios. 4. Dvidas da Fazenda Pblica. 5. Falncia e liquidao de banco ou instituio financeira 676. Prescrio e obstculo legal e judicial. 1. Obstculo legal e judicial. 2. Frias forenses 677. Prescrio e exceo dilatria. 1. Exerccio de exceo dilatria. 2. Exceo do possuidor. 3. Consignao em pagamento. 4. Reteno de pagamento, cesso de crdito e excees. 5. Condio suspensiva e prazo inicialCaptulo VII Suspenso da Prescrio 678. Causas impedientes ou suspendentes da prescrio. 1. Suporte ftico e insuficincia. 2. Causas de impedimento ou de suspenso. 3. Sociedade conjugal. 4. Ascendentes e descendentes. 5. Tutela e curatela. 6. Relaes jurdicas com dever de guarda. 7. Incapacidade absoluta e outras causas subjetivas. 8. Incapacidade absoluta. 9. Ausentes em servio pblico. 10. Servio de guerra. 11.Prazos preclusivos. 12. Alcance do art. 169. 13. Reclamao perante a administrao. 14. Cdigo Comercial,art. 41. 15. Domingos e dias feriados 679. Incontagiabilidade da suspenso. 1. Princpio da separao das pretenses. 2. Comunho Captulo VIII Interrupo da Prescrio 680. Atos interruptivos. 1. Causas de interrupo. 2. Ato interruptivo praticado no estrangeiro. 3. Paralisao parcial. 4. Citao (1). 5. Protesto (II). 6. Apresentao do ttulo do crdito em juzo de inventrio ou em concurso de credores (III). 7. Ato judicial que constitua em mora o devedor (IV). 8. Ato que importe em reconhecimento da pretenso pelo devedor ~J). 9. Incompetncia do juiz 681. Interrupo pela citao. 1. Interrupo da prescrio; generalidades. 2. Interrupo pela citao. 3. Ex-tenso da ao proposta. 4. Reconveno. 5. Medidas cautelares constritivas. 6. Desistncia. 7. Suspenso do processo. 8. Despacho e citao. 9. Nulidade do processo. 10. Medidas cautelares em geral. 11. Embargos de terceiro. 12. Despacho. 13. Despacho na petio inicial e prazo para a promoo 682. Interrupo da prescrio pelo protesto judicial. 1. Protesto judicial. 2. Espcies de protesto 683. Interrupo por apresentao do ttulo em juzo de inventrio. 1. Juzo de inventrio. 2. Espcies de inventrio 684. Interrupo por apresentao do ttulo de crdito em concurso de credores. 1. Concurso de credores. 2. Efeito interruptivo 685. Interrupo da prescrio por ato judicial que constitua em mora. 1. Atos de que resulta a constituio em mora. 2. Inicio do efeito interruptivo 686. Interrupo da prescrio por ato de reconhecimento pelo devedor. 1. Natureza do reconhecimento pelo devedor. 2. Reconhecimento de dvida e reconhecimento de obrigao. 3. Pagamento e reconhecimento. 4. Garantias, prazos e renncia. 5. Incapacidade. 6. Interrupo punctual. 7. Interrupo da prescrio comercial. 8. Alegao de compensao e prescrio. 9. Suspenso e interrupo 687. Interrupo e recontagem. 1. Perda do tempo corrido. 2. Durao da interrupo. 3. Mudana de juzo. 4. Protesto e comparncia. 5. Extino do processo sem julgamento do mrito. 6. Citao fora do prazo legal. 7. Reconhecimento da pretenso. 8. Sentena e interrupo. 9. Interrupo e processo judicial. 10. Determinao do ltimo ato processual. 11. Ordem dos julgamentos e outros incidentes 688. Extenso objetiva e subjetiva da interrupo. 1. Princpio da separao das pretenses. 2. Excees ao princpio da incontagiabilidade. 3. Legitimao interrupo Captulo IX Nascimento, Exerccio e Renncia da Exceo de Prescrio 689. Nascimento da exceo de prescrio. 1. Terminao do prazo prescricional. 2. Alegao e renncia. 3. Nascimento da pretenso e renncia 690. Momento em que se h de opor a exceo de prescrio. 1. Exercibilidade da exceo. 2. Momento de ser oposta a exceo. 3. Pendente o processo. 4. Nos recursos extraordinrio e especial. 5. Contedo do art. 162. 6. Fazenda Pblica e outras entidades 691. Eficcia da alegao de prescrio. 1. Eficcia do fato da prescrio e eficcia da alegao de prescrio. 2. Exceo peremptria. 3. Eficcia da oposio da exceo. 4. Pretenses reais. 5. Pretenses pessoais. 6. Compensabilidade e garantia. 7. Excees que subsistem.... 692. Modo de exerccio do direito de exceo. 1. Exerccio do direito de exceo. 2. Momento para excepcionar 3. Limite de eficcia. 4. Alegao e fundamentao.5. Ordem de exerccio e ordem de exame 693. Ao regressiva contra os administradores. 1. Relativamente incapazes. 2. Histria do art. 164. 3. Pluralidade de responsveis. 4. Ao condenatria e importe do dano. 5. Pretenses a que se refere o art. 164. 6. Analogia e art. 164 694. Declarao da prescrio. 1. Declarao de encobrimento de eficcia. 2. Declarao de ser encobrivel a eficcia. 3. Eficcia das decises 695. Renncia prescrio. 1. Conceitos. 2. Renncia prvia e ajuridicidade. 3. Pressupostos da renncia. 4. Renncia em juzo e fora dele. 5. Renncia expressa e renncia tcita. 6. Eficcia. 7. Ineficcia relativa. 8. Prazos preclusivos Captulo X Prazos Prescricionais 355 368 376 696. Prazos de prescrio e direito romano. 1. Perpetuidade da eficcia. 2. Temporalidade edilicia 697. Prazos prescricionais. 1. Tempo, elemento do supode ftico. 2. Contagem dos prazos 698. Prazos prescricionais: rigidez. 1. Aumento e diminuio negociais. 2. Abreviao do prazo prescricional. 3. Clusula de prescrio ao imprescritvel 699. Prazos prescricionais: incio. 1. Tempo e dimenso. 2. Inicio do prazo. 3. Exigibilidade 700. Prazos gerais, ordinrios ou comuns. 1. Espcies de prazos. 2. Alcance do art. 177 701. Aes pessoais. 1. Prazo ordinrio. 2. Espcies mais tpicas. 3. Ao de indenizao em caso de transportes por estradas de ferro. 4. Ao de enriquecimento injustificado. 5. Ao de sonegados381 702. Aes reais. 1. Prazos ordinrios. 2. Presena e ausncia. 3. Espcies dignas de meno. 4. Ao hipo397 tecria. 5. Aes reais do usufruturio 703. Prescrio da ao de execuo. 1. Actio iudicati. 2. Direito processual reincola. 3. Tradio do direito luso-brasileiro. 4. Duas teses. 5. Erro de jurisprudncia. 6. Execues de dvidas passivas da Fazenda 414 Pblica. 7. Eficcia sentencial 704. Prescrio ordinria e direito comercial. 1. Tcnica da legislao comercial. 2. Prazos prescricionais menores 705. Casos no-previstos de prescrio. 1. Dividas fiscais. 2. Dvidas ativas no-fiscais. 3. Aes reais contra a Fazenda Pblica 706. Prazos de dias e de meses. 1. Prazos de dez dias (art. 178, 19. 2. Prazo de quinze dias (art. 178, 22) ou de dez dias (Cdigo Comercial, arts. 210 e 211). 3. Prazo de dois (art. 178, 39 e de trs meses (art. 178, 4-, I). 4. Prazo de trs meses (art. 178, 4, II). 5. Art.178, 5, 1. 6. Prazo de seis meses (art. 178, 5, II). 7.Prazo de seis meses. 8. Prazo de seis meses (art. 178, 5 V) 707. Prazos de um ano. 1. O prazo do art. 178, 6, 1. 2. O prazo do art. 178, 6, II. 3. Os prazos do art. 178, 6, III e IV. 4. Prazo do art. 178, 6, V. 5. Prazo do art. 178, 6, VII. 6. Prazos do art. 178, 6, VI, VIII, IX e X. 7. Prazo do art. 178, 6, XII. 8. Prazo do art. 178, 6, XIII. 9. Prazo do art. 178, 6, XI 708. Prazos de dois anos. 1. Prazo do art. 178, 7, 1. 2. Prazo do art. 178, T, VI. 3. Prazo do art. 178, 7 VII. 4. Prazo do art. 178, 7, II. 5. Prazo do art. 178, 72, III. 6. Prazo do art. 178, 7, IV. 7. Prazo do art. 178, 7, V 709. Prazo extintivo, negocia!, de trs anos. 1. O prazo do art. 178, 82. 2. Terminologia e sistemtica quanto ao art. 178, 82 710. Prazos de quatro anos. 1. Prazo do art. 178, 92, 1-111. 2. Prazo do art. 178, 92, IV 711. Anulabilidades por vcios e defeitos de vontade. 1.Aes anulatrias. 2. Coao. 3. Erro. 4. Dolo. 5. Simulao. 6. Fraude contra credores. 7. Incapacidade 712. Ao de impugnao de reconhecimento. 1. O art. 178, 99, VI. 2. Legitimados 713. Prazos de cinco anos. 1. Prazos do art. 178, 10, 1111. 2. Prazo do art. 178, 10, IV. 3. Prazo do art. 178, 10, V 714. Dvidas passivas do Estado e outras entidades. 1.Prazo do art. 178, 10, VI. 2. Dvidas passivas. 3. Incio da prescrio. 4. Prescrio. 5. Precluso. 6. Regras comuns. 7. Outras entidades. 8. Pretenses de uma entidade estatal, ou paraestatal, outra. 9. Direito intertemporal. 10. Actio iudicati 715. Aes por ofensa ao direito de propriedade. 1. Prazo do art. 178, 10, IX. 2. Distino necessria. 3. Posse e indenizao 716. O prazo preclusivo do art. 178, 10, VIII. O Cdigo de 1973, art. 495. 1. Ao rescisria de sentena. 2. Inicio do prazo. 3. Ao rescisria contra deciso em recurso de que no se conheceu 717. Sentenas homologatrias. 1. Resciso de sentenas homologatrias. 2. Resciso da sentena conforme o art. 641 do Cdigo de Processo CivilCaptulo XI Eficcia escapa ao encobrimento da Pretenso pela Prescrio 718. Excees que permanecem. 1. Encobrimento de eficcia e extino do direito, da pretenso e da ao. 2. Exceo non adimpleti contractus. 3. Direito a compensar. 4. Prestao de segurana. 5. Exceo de ilcito criminal 719. Prescrio e obrigao natural. 1. Se resta obligatio naturalis. 2. Prescrio e mutilao 720. Concurso de credores, falncia e concordata. 1. O problema do dever restante do devedor concursal. 2. Concordata 721. Extino dos direitos e prescrio. 1. Termo e condio. 2. Perecimento do objeto. 3. Precluso em virtude de exercitao do uso ou de prescrio Captulo XII Natureza da Prescrio em Direito Penal 722. Conceito comum de prescrio. 1. Incertezas e elementos perturbadores da investigao cientfica. 2. Vacilao no direito penal. 3. Conceito comum de prescrio 723. Pena e sentena. 1. Pena. 2. Sentena penalCaptulo XIII Prazos prescricionais e lei especial 724. Direito cambirio e cambiariforme. 1. Direito cambirio e cambiariforme. 2. Aes cambirias. 3. Enriquecimento cambirio injustificado. 4. Marcas de produto ou servio, de certificao e coletivasCaptulo XIV Causas de extino e prescrio 725. Extino, conceito. 1. Causas de extino. 2. Alcance da extino 726. Encobrimento e extino, modificao. 1. Encobrimento de eficcia e extino. 2. Extino e modificao dos direitos, pretenses, aes e exceesPARTE IVExcees. Direitos mutilados. Exerccio dos direitos , pretenses, aes e excees. PrescrioCaptulo 1 Excees 628. Conceito de exceo 1. Conceito. A exceo diz respeito eficcia do ius exceptionis e eficcia do direito, da pretenso, ou da ao, ou da exceo, que ela excetua. No alegao de nulidade, nem de anulabilidade, nem de resciso, nem de resoluo, ou resilio, ou de outra causa de extino. Essas defeituosidades, mais ou menos graves, no so excees; so espcies de no-validade e espcies de cortabilidade vedical (rescindere) ou resoluo (resoluo, resilio), ou simplesmente de extino. Exceo outra coisa. A exceo no ataca o ato jurdico, nem o direito em si mesmo. Exatamente, o fim da exceo fazer-se atender, ainda mesmo a despeito da existncia, validade, ou irrescindibilidade, ou irresolubilidade, ou irresilibilidade do ato jurdico. Se, tambm, h nulidade, anulabilidade, ou rescindibilidade, ou resolubilidade, ou resilibilidade, outra questo. H prazo para se exercer ao constitutiva; no h prazo para se exercer a ao declarativa que h na exceo. Nos primeiros tempos, K. Hellwig (Anspruch und Klagrecbt, 10) ainda confundia a eficcia da exceo com a eficcia do direito de impugnao e com as anulabilidades; e os escritores alemes nunca se forraram, depois, de todo, a essas analogias com os direitos formativos, extintivos ou modificativos, e com as pretenses constitutivas negativas. Posteriormente, K. Hellwig (Lebrbuch, 1, 254), sem classificar, precisamente, as excees, teve por errado o que dissera em 1900. (a) No direito romano, a excep tio foi meio de oposio a efeitos, com fundamento no ius honorarium. O contedo negativo, porm no radical, caracterizou-a desde cedo. Outrossim, o precisar de ser oposta (A. Langfeld, Lehre vom Retentionsrechte,156). No se prende ao suporte ftico da relao jurdica, como elemento previsto (W. Bucerius, Errterung der Exceptio, Em rede und Einwendung, 126); se bem que dela possa irradiar-se, como efeito, que (e.g., exceo de prescrio, exceo de no-adimplemento). Algumas nascem fora de toda a eficcia da relao jurdica, como, por vezes, o direito de reteno (A. Patuschka, Die Em rede des nicht erftillten Vertrags, 11). (b)H excees a direito, a pretenso e a ao? Entende A. von Tuhr (Der Aligemeine Teu, 1, 310) que s existe exceo contra pretenso, e no contra crdito. A exceo non adimpleti contractus pode ser exercida antes de nascer a pretenso; podanto vai contra o direito. As excees do locador, fundadas no art. 8, c), d) e e), do Decreto n 24.150, de 20 de abril de 193, a que corresponde o art. 72, III e IV, c.c. art. 5, 1 e Ii, da Lei n 8.245, de 18 de outubro de 1991, podiam ser exercidas sem que o locatrio houvesse exercido a sua pretenso (art. 26), e no havia, segundo mostramos alhures, claramente, provocatoriedade na ao do locador (c)No se h de confundir exceo e ineficcia, absoluta ou relativa. A ineficcia exclui, logicamente, a eficcia, negao da eficcia; a exceo s encobre a eficcia, no a nega. As excees so tambm inconfundveis com os direitos formativos extintivos, como o direito compensao, e com as pretenses decretao de nulidade ou de anulao. No destroem, no extinguem; encobrem eficcia. Com aqueles e com essas tm de comum que precisam ser exercidas, no que as trs classes se distinguem dos fatos obstativos e extintivos, resolutivos ou resilitivos, que independem deexerccio. Esses so fatos; alegam-se e provam-se. Quem os alega no exerce direito; defende-se, objeta. A expresso exceptio dou longe est de corresponder s excees que se tm em vista quando hoje se emprega. Nem serviria, por estreita, exceo de contrariedade aos bons costumes, ou exceo de imoralidade, ou outra, que se procure. A maior reao dos sistemas jurdicos contra o imoral e o contrrio aos bons costumes est na regra que se l no art. 145, II, 1 parte, sobre a nulidade dos atos jurdicos. De exceo de dolo, contrariedade aos bons costumes, ou de imoralidade ou de ilicito, s se pode falar quando o ato jurdico no , no seu contedo, nulo. Se o , trata-se de invalidade, e no de encobrimento de eficcia. De modo que o problema da conceituao se precisa. Adiante, trataremos da exceo de dolo. (d) No temos mais a exceo de nulidade por vicio de forma e a de resciso. J a no cabe excepcionar; mas acionar, ou contra-acionar (em reconveno, ou em embargos do devedor). (e) Assim como h a ao de direito material e a ao (direito processual), h a exceo de direito material e a exceo, de direito processual; porm o fato de no se prever a exceo que corresponda exceo (de direito material), em nada atinge a essa: indiferente que se trate, processualmente, ope exception is, a exceo, ou que no se d s excees outro veiculo que a defesa. (f)l Se, em caso de justia de mo prpria, o justiado ope exceo, apenas se encobre, com isso, a pretenso; se alega que, a despeito da existncia da pretenso, ou da sua possibilidade, no cabe, na espcie, justia de mo prpria, objeta, no excepciona. (g) A objeo exceo defesa, no exceo exceo; apenas se alega que a exceo no existe, ou no mais existe. Nada tem tal figura com a exceo contra a exceo, a replicatio, como a exceo por despesas que se tenha contra o que detm a coisa, como titular da exceo, ou a de reteno contra o que tem direito ao pagamento de despesas. 2. Direito material e exceo. A exceo, em direito material, contrape-se eficcia do direito, da pretenso, ou da ao, ou de outra exceo. O excipiente exerce pretenso tutela jurdica, como o que diz ter direito, pretenso e ao: ele o diz; por isso, excepciona. Alegada em juzo, res in iudicium deducta; inconfundvel, pois, com o direito ou a pretenso tutela jurdica. Se ha de ser postulada na defesa, ou em reconveno, ou em incidente processual isso assunto de direito processual, que aqui no vem ao caso. Nem se h de dizer que toda exceo pressupe processo, ou juzo, em que se oponha. Tem-se de abstrair de tudo isso se se quer o conceito de exceo no direito material. 0 que importa o seu contedo. A exceo tambm pode ser oposta extrajudicialmente. Exige-se a prova de o ter sido. 3. Duas classes de excees. No direito romano, permaneceu indescobeda a distino entre o processo e o direito material; portanto entre as duas classes de excees (E. W. Pfeiffer, Uber die dilatorische Einreden und Prozesseinwendungen, Zeitschrift for Zivilrecht und Prozess, 11, 110; J. R. Albrecht, Die Exzeptionen des gemeinen deu tschen Zivilprozesses, 208; E. Kannengiesser, Die prozesshindernde Em rede, 78). A distino foi sendo feita pelos Glosadores, que separaram excees dilatrias da soluo (de direito material, portanto) e excees declinatoriae fori seu iudicii (de direito processual). 4. Eficcia das excees. As aes podem ser declarativas, constitutivas, condenatrias, mandamentais, ou executivas. As excees so sempre declarativas. Quer se acolham ou se repilam, as sentenas, a respeito delas, tm a fora de declarar. No h excees constitutivas, condenatrias, mandamentais, ou executivas; ainda a sentena sobre exceo de reteno por benfeitorias, ou sobre despesas feitas, no condena: s declara. Essa declaratividade das excees resulta da sua prpria natureza (e, pois, da sua definio): s se recusa algo, excepcionandose, se algum exige (pretenso); a exceo pos terius; qualquer que seja a resoluo, declara-se que h ou no h o ius exception is. (Isso no exclui a prvia comunicao de conhecimento do titular do direito a excepcionar ao titular do direito, pretenso, ao, ou exceo, sobre a existncia da exceo.) Temos, pois, de repelir a classificao das excees como espcie de direitos formativos (sem razo, B. Matthiass, Lehrbuch, 1, 168 c; O. Warneyer, Kommentar, 1, 36, ambos sem discutirem). S encobrem eficcia. A exceo contradireito, mas apenas encobre outro, ou encobre a pretenso, ou a ao, ou a exceo, a quese ope. Vista como efeito negativo, direito recusa da prestao extra-judicial e judicialmente, ou s judicialmente, porm, se a confinssemos o conceito, deixaramos de apontar outro efeito da exceo, que o de obstar compensao, ou s excees, ou justia de mo prpria, quando a lei a permite. As excees que o dono do prdio hipotecado, ou anticretizado, pode opor ao credor hipotecrio, ou anticrtico, ex iure tertii (isto , as que teria o devedor pessoal e ainda que esse a elas haja renunciado), e so todas as que o devedor pessoal tem, excludas a de prescrio da dvida garantida e a de poder o herdeiro do devedor principal invocar os arts. 1.587 ou 1.796, dirigem-se contra direito, e no s contra pretenso. A exceo supe que o direito, a pretenso, a ao, ou a exceo, contra que se ope, j haja nascido e subsista. 5. Direito de exceo. A exceo supe direito, que se exera por meio dela; da a parecena com a ao. O que as distingue apenas o estar a exceo em contraposio a algum direito ou efeito dele, sem no excluir, nem no modificar. O mesmo direito pode produzir ao, ou aes, e excees. Porm seria erro dizer-se que pode usar de exceo aquele que tem ao. Ora, esse mudar de posio no arbitrrio; depende do direito material. Nem todas as aes se podem intentar ope exception is. Todo romanismo e toda confuso com as excees processuais e o processo em excees (incidenter) tm de ser excludos, se queremos apanhar o conceito de exceo. A exceo apenas faz admitir-se o direito do excipiente, sem excluir, nem modificar o do excetuado. A via no faz a exceo ser ao, nem vice-versa. Coelho da Rocha (Instituies, 1, 117) viu bem o que exceo: se (o ru) alega fatos, que, no destruindo diretamente a ao, contudo, se se provarem, o eximem do cumprimento da obrigao, ou ao menos perimem a instncia, chama-se exceo. 6. Exceo e direito de exceo. A exceo no o direito de exceo, como a pretenso e a ao no so o direito a que se ligam. Excepcionar exercer direito de exceo. H direito cuja eficcia se estende para alm das linhas dentro das quais est a eficcia de outro. A exceo a possibilidade jurdica de prevalecimento da eficcia de algum direito sobre a de outro, encobrindo-a. De ordinrio, vai contra a pretenso; porm seria erro dizer-se que o poder de denegar-se o cumprimento de pretenso. Primeiro, porque pode ir contra a compensao, que exerccio de direito formativo, ou contra outra exceo. Segundo, contra excees independentes. 7. Quando nasce a exceo. A exceo somente nasce depois de ter nascido o direito, a pretenso, a ao, ou a exceo, a que se ope. Porque ela supe eficcia que recubra toda ou parte de outra eficcia. No se pode pensar em recobrimento de eficcia que ainda nao e. Portanto, pode j ter nascido o direito, ou a pretenso, ou a ao, a que se oporia, e a eficcia dele estar elidida, ou ainda em suspenso: do lado do eventual excipiente, h eficcia, porm falta, do outro lado, eficcia, que ela recubra. A oposio pode ser segundo o princpio da eventualidade: se for julgado que j h a eficcia, ento atende o juiz exceo. A alegao , pois, de suporse, na dvida, eventualiter. 8. Rplica e dplca. O direito que se contrape exceo gera tambm exceo, se no elide o direito de que essa provm, ou no no modifica. a rplica (replicatio), exceo da exceo (exceptio exceptionis). Replicationes, disse Ulpiano, nihil aliud sunt quam exceptiones, et a parte actores veniunt (L. 2, 1, D., de exceptionibus, praescriptionibus et praeiudiciis, 4, 1). Na L. 22, Paulo explicou: Replicatio est contraria exceptio, quasi exceptionis exceptio. Dai por diante, em jogo de tnis (cf. Gaio, IV, 127-129). A exceo contra a rplica chama-se dplica; exceo contra a dplica, trplica (triplica tio), conforme se l na L. 2, 3, D., de exceptionibus, praescriptionibus et praeiudiciis, 4, 1. Do-se encobrimentos sucessivos, de ida e vinda, sendo possveis descobrimentos intermdios. 9. Eficcia e encobrimento. A exceo, pois que no elimina no todo, nem em pade, o direito, a pretenso, ou a ao, ou outra exceo, e s lhes atinge a eficcia, para a encobrir, at onde v a do direito, pretenso, ou ao, de que emana, no torna teoricamente ineficaz o direito, a pretenso, ou a ao, ou exceo, contra que se dirige, apenas os torna praticamente ineficazes, porque, encoberta, a sua eficcia no pode contra-ocorrer, temporal ou definitivamente. Essa noo tcnica de encobrimento evita negao do direito, da pretenso, da ao, ou da exceo, e da prpria eficcia deles. A exceo no nega, sequer, a eficcia do direito, da pretenso, da ao, ou da exceo do excetuado, s a encobre.10. Justia de mo prpria. Nos casos de justia por si mesmo, h o resqucio do justiamento pelas prprias mos + a exigncia pelo titular de pretenso. Tanto basta para se ter de reconhecer que as excees lhe podem ser opostas. De modo que a justia ou o desforo pessoal deixa de ser legal, se a exceo, invocada, deveria ter sido acolhida (1(. Hellwig, Lehrbuch, 1, 25; cl. Kohler, Lehrbuch,I, 191). Tudo se passa na vida, ao ar aberto; mas como se se passasse em juzo. Uma vez que a sentena sobre a exceo declarativa, nenhuma dificuldade surge; o que importa que o excipiente tenha exercido o seu direito de excepcionar. 11. Exceo de limite responsabilidade. A chamada exceo de limite responsabilidade, como a do herdeiro, se a pretenso alcanaria o seu patrimnio, por exceder s foras da herana, no atinge a pretenso do credor; apenas declara que o seu patrimnio no atingvel pela execuo. O herdeiro no nega a pretenso do credor, nem o direito dele; exclui o exerccio de tal direito que iria ao ponto de invadir o seu patrimnio. Pense-se, pois, em defesa do herdeiro, e no em exceo. 12. Invocaes de direitos limitantes. Tem-se procurado ver oposio de exceo na alegao de existir direito real, ou relao jurdica pessoal, como a de locao. Chegaram juristas a cham-las excees nosubstantivas, s extinguveis com os direitos de que seriam sombras. No fundo, temem tais juristas admitir que a existncia de direito, real ou pessoal, possa excluir pretenso do dmino, ou de outro titular do direito real. A concepo do direito real como rgido, absoluto, inclume, est base de tal temor; mas tal concepo repugna ao que hoje consideramos propriedade, e no h no direito do locatrio, por exemplo, outra coisa que restrio a elemento da propriedade. A diferena de grande interesse prtico, porque, se a alegao de haver direito oriundo da lei, ou de negcio jurdico com o titular do domnio, ou de outro direito real, fosse oposio de exceo, o juiz no poderia atender hipoteca, ao usufruto, ao uso, habitao, ao contrato de locao, se os titulares desses direitos no opusessem as excees. Para o anacronismo, que, a, impoda em erro, muito concorreram imperfeies redacionais como as dos 986, alinea lt e 985 do Cdigo Civil alemo, onde se ps ambguo pode (kann). Se h o direito, pretenso, ou ao, real ou pessoal, com eficcia contra o titular do domnio, ou do direito real, no se precisa nem se pode pensar em exceo. S se h de ver e falar de exceo onde o direito s de exceo, o que, na espcie, resulta da falta de eficcia contra o titular do domnio, ou do direito real, e da afirmao no sistema jurdico da exceptio ex iu re terti 1. A opinio dominante na doutrina alem foi erradssima, por misturar a alegao ex iure prop rio e a alegao ex iure tertii, tal como ressalta em G. Planck (Kommentar, III, 473), Th. Kipp, em B. Windscheid (Lehrbuch, 1, 9 ed., 213, cf. E. Heymann, Das Vorschtitzen der Verjhrung, 35, 83 s., 142 s.), H. Dernburg (Das Bfirgerliche Recht, III, 420), K. Maenner (Das Sachenrecht, 243), Fr. Leonhard (Die Beweislast, 414), A. von Tuhr (Der Aligemeine Teu, 1, 291 e 299, nota 41), K. Hellwig (Anspruch und Klagrecht, 7, nota 24) e H. C. Hirsch (Die Ubertragung der Rechtsausibung, 211 s.). A verdadeira soluo demo-la acima, e filia-se s investigaes e concluses de A. Thon (Rechtsnorm und subjektives Recht, 276 s.), EX Friedenthal (Einwendung und Einrede, 42 s.), E. Hlder (tiJber Anspriiche und Einreden, Archiu fr die civilistische Praxis, 93, 77 s.), A. Rappapod (Die Einrede aus dem frenden Rechtsverhltnise, 32 s.), H. Siber (Der Rechtszwang im Schulduerhltniss, 133 s. Die Passivlegitimation hei der rei vindica tio, 227 s. e 35 s.), Margarethe Scherk (Die Einrede aus dem Recht zum Besitz, Jherings Jahrbucher, 67, 301 s., 357 s.), J. Schtiller (Begriff und Wirkung der Stundung, 29), L. Raape (Gebrauchs und Besitzberlassung, Jherings Jahrbcher, 71, 166); aderindo, M. Wolff (Lehrbuch, III, 27-32 ed., 278, nota 14). 13. Exceo, direito negativo. A exceo direito negativo; mas, no negar, no nega a existncia, nem a validade, nem desfaz, nem co-elimina atos de realizao da pretenso (compensao), s encobre a eficcia do direito, pretenso, ao ou exceo que se exerceu contra o excipiente. Bem fraco negar, ainda quando se trate de excees peremptrias. Dependente de ser exercida, a exceo distingue-se dos fatos prexcludentes, modificativos e extintivos. O exerccio da exceo e a prova dos fatos pr-excludentes, modificativos e extintivos so inconfundveis; por isso, basta, para esses, que o juiz os encontre provados nos autos, ainda que o ru no os tenha articulado. No assim quanto exceo: em vez de fato, o que o juiz tem de encontrar o exerccio do direito do ru, o exerccio do ius exceptionis. Nenhuma contestao do direito, da pretenso, da ao, ou da exceo do autor h no exerccio da exceo; o fato, quer pr-exclua, quer modifique, quer extinga, , em si mesmo, contrariedade. Por mais cumprida e completamente provada que esteja, nos autos, a exceo, se no foi oposta, isto , alegada como exerccio (= comunicao de conhecimento + comunicao de vontade), nada pode o juiz no sentido de atender a ela. O caso tpico o daexceo de prescrio em res patrimonial. So conceitos que ho de ser retidos. 14. Exerccio e precluso. Do conceito de exceo ineliminvel que depende do demandado, ou devedor, exerc-la. A vontade do titular do direito de exceo que pode cobrir a eficcia do direito, da pretenso, da ao ou da exceo de quem vai contra ele. De um lado, h direito, pretenso, ao, ou exceo que existe e tem exposta a ser encoberta a sua eficcia; do outro, a exceo, que existe, e no tem a eficcia de encobrir a outra eficcia, enquanto no se exerce. Naturalmente, esses desnveis entre existir e ser eficaz, mxime se atendemos a que a exceo, depois de exercida, encobre, desde que ela existe, a eficcia do direito, da pretenso, da ao, ou da exceo, a que se ope, intrigaram profundamente os juristas. A alguns parecia estranho (e suspeito de insuficiente estudo) que se pudesse recusar a prestar, sem se cortar a pretenso, a ao ou a exceo, pelo menos em algo mnimo: nota-se logo o substancialismo a que se subordinava a filosofia jurdica deles. Pode-se dizer que o conceito de exceptio nasceu com o processo formular romano, mas transformou-se at se caracterizar exatamente como o fato que no impede o nascimento, nem a continuao de existir dos direitos, pretenses, aes e excees, nem atinge a sua validade, ao nascerem, ou continuarem. O depender da vontade do excipiente -lhe essencial; e a aparente (s aparente) anomalia da exceo de coisa julgada explica-se por ser a sentena prestao jurisdicional do Estado, atravs do juiz, prestao na relao jurdica processual, que se formou com o exerccio de pretenso tutela jurdica e, pois, pertence ao Estado como s partes, que obtiveram a prestao. A cincia revelou a indispensabilidade do conceito, para se entender e descrever a incidncia e se aplicarem certas regras jurdicas. A exceo , pois, categoria jurdica que no se poderia eliminar, sem se alterar, profundamente, o sistema lgico do direito. Tambm o ato jurdico anulvel pode fazer-se vlido, fazendo-se imune, com a prescnao ou a ratificao, ao de anulao, e pode o crdito compensvel no ficar sujeito compensao se no foi alegada em devido tempo a compensao. Nas trs espcies, a eficcia fica exposta, exposta anulao, que vai at a existncia (existncia e eficcia expostas), exposta compensao, que atinge a realizao de pretenso, e exposta exceo, que s se d no plano da eficcia, cobrindo-a. 629. Excees independentes e excees dependentes 1. Dicotomia. Segundo a exceo vem contra o direito ou contra a pretenso, ou contra a ao, ou contra a exceo, em sua eficcia, a) baseada em direito que no aquele em que ela se contm, ou b) s se apoia em si mesma, no ius excepcion is, diz-se, respectivamente, no autnoma (dependente) ou autnoma (independente). A exceo de prescrio independente: ela o contedo (imediato) do prprio direito de excepcionar; todo o seu efeito o de permitir a recusa prestao, ou ao atendimento da pretenso (raramente s ao ou ao de outrem). A chamada exceo do doador (beneficium cornpetentiae), que se fundaria, ex argumento, no art. 1.176 do Cdigo Civil, no exceo: temos a ao do beneJicium competentiae; no temos a exceo (aliter, no direito alemo, 519). O benejicium excussionis exceo autnoma. A exceo do possuidor, nas espcies do art. 486 (posse imediata), no-autnoma: s o , porque h outro direito, de que resulta; no , s por si, contedo do direito de excepcionar. A exceptio rei venditae et traditae dependente. Tambm o a de reteno por benfeitorias, ou por despesas que hajam de ser reembolsadas. 2. Excees dependentes. As excees dependentes (ou no-autnomas) existem com o direito, de que provm, e a ele so ligadas. Diz-se que o usufruturio, por seu usufruto, a tem; e o locatrio, pela posse imediata, durante a locao. S se dirigiriam contra o titular de determinado direito, que o sujeito passivo da relao jurdica, a que corresponde o direito de que provm. No est certo. Tratando-se de direito real, o sujeito passivo total; de modo que a exceo iria contra o que tenta exclui-lo, como proprietrio, ou como possuidor mediato. Mas, a, h pretenso, ou ao, e no exceo; pois o que exerce a pretenso nega o direito real, ou o que se defende nega o direito do outro. Nos direitos obrigacionais, sim, a exceo pade do devedor contra o credor, ou parte do credor contra a exceo do devedor, em rplica, ou contra o sucessor mortis causa, ou nos demais casos previstos em lei (e.g., art. 611). 3. Extino das excees dependentes. As excees dependentes extinguem-se com o direito, de que provm. Pode-se renunciar exceo, sem se remitir a dvida ou sem se renunciar ao crdito. Questo delicada surge a propsito de prescrio da pretenso, se h exceo contra essa. Alguns entendem que, prescrita a pretenso de A contra B, dela no podem derivar excees dependentes, de A contra B; outros, que as exceesdependentes perduram. O problema no est em se saber se existe, como princpio geral, o principio Extinta a pretenso, extinta a exceo, ou o princpio* Extinta a pretenso, fica a exceo. Esse falso. Sabiam-no os velhos juristas portugueses. Prescrio no causa de extino. Se a matria da exceo podia ser posta por via de ao, cessa com a ao (Gabriel Pereira de Castro, Decisiones, 206: exceptio ilIa sola perpetua est, cuius materia non potuit proponi per viam actionis); mas a ao prescrita no ao cessada, e a exceo subsiste: vero quando pro ilIa re consequenda agi potuit, pro qua modo excipitur, si actio iam praescripta est, sic et pariter exceptio extincta censeil debeat, ne sublata actione, a qua dependet, exceptio ipsa adhuc supersit. 4. Extino das excees independentes. A extino das excees independentes pode dar-se, de regra, pela renncia, mediante declarao unilateral, recepticia, de vontade (H. Walsmann, Der Versicht, 115 s.) sem razo em exigir o contrato, E. Suppes, Der Finredebegrifi, 14 s., opinio j superada). As outras dependem das regras jurdicas sobre a extino do direito (real ou pessoal) de que emanam. So possiveis, todavia, o pr-contrato (= promessa de extinguir) e a promessa de no exercer a exceo (L. Enneccerus, Lehrbuch, 1, 582). 630. Excees peremptrias e excees dilatrias 1. Dilatoriedade e peremptoriedade. Dilatar alargar; de latum tambm vieram dilaoWlatitude, lato (= largo); j no latim, Iadus, lado. Perempto o que foi tomado em todo o caminho, o que no se confunde com extinto (cp. per-emest, pert-emest). Dai contrapor-se perimir a dilatar. 2. Espcies. As excees ou dilatam ou perimem, isto , apenas encobrem, temporariamente, a eficcia (excees dilatrias), ou a encobrem para sempre (excees permanentes). As que encobrem temporariamente ou cessam de ter efeito a dado momento, ou em ser destruidas por ato do titular do direito a cuja eficcia se opem, ou s tm efeito enquanto no se tm por ceda alguma situao. A peremptoriedade da exceo no significa que, diferena da dilatoriedade, em virtude dela se exclua o direito, a pretenso, ou a ao, ou, se em causa replicatio, a prpria exceo. Apenas se alude permanncia do encobrimento, no tempo (= co-perpetuidade, contra-eficcia incessante). A exceo non adimpleti contractus (art. 1.092, V pade), as excees do fiador por compensabilidade da divida principal (exceo, embora, no direito brasileiro, no haja exceo de compensao), a de excusso (art. 1.41), a exceo do possuidor imediato se o mediato houve do proprietrio a coisa, em virtude de relao jurdica real ou pessoal, oriunda de ato jurdico vlido ou de regra de lei, so excees dilatrias. As excees de prescrio e de origem criminosa do crdito so excees peremptrias. 631. Excees pessoais e excees impessoais 1. Excees dependentes. Tratando-se de excees dependentes, o dirigirem-se pessoal (= serem in personam), ou impessoalmente serem in rem), deriva da natureza do direito em que se fundam. Se a relao jurdica s pessoal, ao credor que tocam e apenas contra o credor, salvo transferncia do direito, conforme os principios (e.g., a exceo contra o locador ope-se ao adquirente do prdio, se a relao jurdica de locao no cessou). Se a relao jurdica real, a exceo ligada ao titulo do direito real, e dirige-se contra qualquer pessoa. 2. Excees independentes. Tratando-se de excees independentes, de regra so impessoais as excees, transmitem-se aos sucessores do titular originrio (exceptiones rei cohaerentes) e se dirigem contra os sucessores da pessoa contra quem originaria-mente se dirigiam. So assim, por exemplo, as excees de prescrio, de coisa julgada e de benfeitorias ou despesas.Se h titular de direito acessrio, ou obrigado acessrio, pode ele exercer, em principio, as excees do titular principal, ou do obrigado principal (exceptio ex jure tertii). Assim, o sublocatrio tem as excees do locatrio contra o locador, a despeito do art. 1.202, 2, que no se refere s excees ex jure tertii (cf. art. 1.199), o possuidor imediato tem a exceo de reteno do possuidor mediato, o fiador as do afianado (art. 1.502), e o dono da coisa empenhada ou hipotecada, ou anticretizada, as excees do devedor pignoraticio, ou do devedor hipotecrio, ou anticrtico. 3. Erro a evitar-se. Quando a exceo ligada a direito, de que depende, como a de reteno, e a non adimpleti contractus, s o titular do direito a tem. Por outro lado, toda exceo se dirige a encobrir eficcia de direito, razo por que s se pode exercer contra o titular desse direito. A propsito convm notar que alguns juristas confundem a objeo, que o titular do direito real pode opor, com exceo. Por exemplo, escreve A. von Tuhr (Der Aligemeine Teil, 1, 301s.) que ao possuidor da coisa, que tem direito real sobre ela (penhor, usufruto), cabe exceo contra quem quer que demande a restituio da coisa. Ora, o que a exerce o autor a objeo do direito real, e no exceo. Ao princpio de que a exceo s se lana contra o sujeito ativo de algum direito de que o titular do direito de exceo sujeito passivo abre a lei a brecha do art. 1.072 do Cdigo Civil (excees contra o cedente so oponiveis ao cessionrio). 632. Exerccio da exceo 1. Onde se exerce a exceo. A exceo pode ser exercida tanto em juzo quanto fora dele. Levou-se longo tempo at se compreender que, pelo conceito de exceo de direito material, no poderia ela ser dependente de intentao de pleito. A exceo res in iudicium deducta, se h processo; se no h, ope-se c fora, na vida extrajudicial. Para se ver quanto custou doutrina chegar a essa convico simples, que elementos histricos, romansticos e pseudo-romansticos, impediam se conseguisse, basta lembrar-se que, at pouco, o enunciado verdadeiro (P. Oertmann, Aligemeiner Teil, V ed., 588; C. Crome, System, 1, 184; A. von Tuhr, Der Aligemeine Teu, 1, 297; P. Langheineken, Anspruch und Em rede, 31; K. Hellwig, Anspruch und Klagrecht, 10; E. Suppes, Der Einredebegriff, 38; H. C. Hirsch, Die Ubertrangung der Rechtsaust~bung, 48) ainda teve quem o discutisse e negasse (e.g., F. Endemann, Lehrbuch, 8-9 ed., 1, 515, nota 29, J. Biermann, Brgerliches Recht, 1, 111, nota 3; R. Leonhard, Der Aligemeine Teu?, 219; H. Siber, Der Rechtszwang im Schuldverhltniss, 143; F. Friedenthal, Einwendung und Einrede, 66). 2. A que se ope a exceo. A exceo pode contrapor-se: a) eficcia do direito, como a exceo non adimpleti contractus; b) eficcia da pretenso, como a de prescrio; ou c) s ao, como a exceo de coisa julgada; ou d) exceo. Se a exceo da espcie b) nasce ao mesmo tempo que a pretenso, no se pode dizer que a pretenso no nasceu: a pretenso foi o prius. Se a exceo da espcie c) nasce ao mesmo tempo que a ao, a ao prius. Por isso, primeiro se h de julgar a ao; depois, a exceo; e pois Actore non probante, reus, etiamsi nihil probaverit, absolvitur. E excepcionar, s por si, no confessar a ao, se o ru a nega (Marcelo, L. 9, D., de exceptionibus, Praescriptmonubus et praeiudicuis, 4, 1): Cedo que se no tem que confessar, respeito demanda, o adversrio, com quem se litiga, porque utiliza exceo (Non utique existimatur confiteri de intentione adversarji is quocum agitur, quia exceptione utitur). 3. Quando se ope a exceo. Sem que o titular da pretenso exija a prestao, no pode ser exercida a exceo. De ordinrio, pretenso do credor ope-se a do devedor. Porm no necessrio que a exceo s consista em encobrir a eficcia da pretenso; pode s encobrir a eficcia da ao, ou de outra exceo; e pode ir alm: encobrir a eficcia do direito mesmo, ou de algum ou alguns dos seus elementos ou efeitos. A alegao do usufruturio, ou do usurio, ou do credor anticrtico, ou pignoratcio, quando se recusa a devolver a coisa, defesa, no exceo. No impoda se o proprietrio de h pouco vendeu toda a coisa: para o usufruturio, o usurio, o credor anticrtico, ou pignoratcio, a venda do uso e do fruto, ou do uso, ou da posse, ineficaz. A alegao disso defesa, no exceo. A doutrina tem incorrido, frequentemente, em tal erro de tomar por exceo o que defesa. 4. Exceo e exerccio do direito a excetuar. A exceo precisa ser exercida. No h exceo que, sem o exercitar-se, opere. Mesmo porque uma coisa o direito de excepcionar (ius exceptionis); e outra, a atividadeexceptiva, que a exceo. Nunca se leva em conta exceo de direito material, que no foi oposta. E cedo que, nascida no direito processual, existe a exceo de coisa julgada, a que o juiz pode atender, sem ter sido invocada, porm, a, excipiente tambm o Estado (nossos Comentrios ao Cdigo de Processo Civil de 1939, II, 90). Quando se trata de fatos extintivos, o juiz no fala em nome do Estado alegante para julgar improcedente a demanda. A prescrio no alegvel de ofcio, porque resulta isso da natureza mesma das excees. 633. Defesa e exceo 1. Os dois conceitos. Quem se defende (de-fendere) vai contra o que o golpeia, o empuxa (of-Jendere; fendere = golpear). Ataque contra ataque: algum disse, postulou; outrem, que defende, nega. A defesa, dita, tambm, objeo, contraria a projeo do direito, da pretenso, ou da ao, ou da prpria exceo. Um afirma que o direito , ou foi, ou vai ser; outro, que no , ou no foi, ou no vai ser. Algumas vezes, ao longo da dimenso do tempo: no , no foi e no ser; outras vezes, admite-se que foi e no mais (posto que se haja constitudo o direito, a pretenso, a ao, ou a exceo, extinguiu-se; e.g., houve pagamento). Aquele mesmo que nega a exceo, que outro ope, defende-se; no excetua. Alguns autores falam de objees obstativas do direito, da pretenso, ou da ao, ou da exceo, como se se objeta que o ato jurdico nulo, ou anulvel, ou rescindvel; mas j a se dilata o conceito de objeo, porque se faz abranger aqueles casos em que se exerce direito formativo ou pretenso formativa. 2. Encobrimento e descobrimento da eficcia. A exceo no corta, no objeta; a sua eficcia afirma-se, e a outra eficcia, em virtude disso, fica encoberta. Por isso mesmo, se se ope exceo e essa desaparece (e.g., pela renncia), a eficcia, que fora encoberta, descobre-se: o sistema jurdico atende a isso; o juiz reconheceo. Se houve objeo (e cabia) de eficcia do direito, pretenso, ao, ou exceo, no mais se pode pensar nesse direito, nessa pretenso, nessa ao, ou nessa exceo; eficcia, que exsurgxsse, seria de outro direito, de outra pretenso, de outra ao, ou de outra exceo. inadmissveis, portanto, dois sofismas de Th. Kipp, no Lehrbuch de B. Windscheid, 1, 214: a) quanto a ressurgir o direito que desaparecera com o fato extintivo, se esse, depois, foi objeto do exame da extino que se impugnou, com xito; b) nos casos de extino pela compensao que depende de ato jurdico, o negcio jurdico dos interessados, tornando sem efeito a compensao, restabelece o direito extinto. Ali, o direito no desapareceu, porque a decretao da nulidade ou resciso da deciso foi ex tunc; aqui, desapareceu, e tornar sem efeito a compensao m expresso para dar efeito ex tunc ao novo negcio jurdico. Exercida a exceo, interpreta-se, na dvida, a favor do excipiente (Alvaro Valasco, Decisionum Consultationum ac rerum iudicatarum, 1, cons. 97, n 3, 217). 3. Pseudo-excees. Fala-se, conforme dissemos, da exceo do usufruturio, do credor, pignoratcio ou anticrtico e do usurio contra a pretenso do proprietrio. Em verdade, porm, o proprietrio no pode reivindicar contra tais titulares de direito real: os direitos reais so direitos com sujeitos passivos totais e excluem, no que contedo seu, a pretenso do proprietrio; no s se excepciona. Assim, a alegao do ru de que usufruturio, credor pignoratcio ou anticrtico, ou usurio, defesa: ou o autor a admite, ou no a admite; o juiz tem de julgar improcedente a ao de reivindicao contra o titular de direito real, que no pretendia negar o direito do proprietrio, nem alienou o bem do usufruto. No a posse que ele invoca; o direito real. A eficcia desse no encobre a do direito de propriedade; elide-a, nega-a, exclui-a, no que se lhe tirara. No basta, para que haja exceo, que no se negue: preciso que se encubra a eficcia de outro direito. Mas cabe que se negue se s se trata de negar exceo, porque excetuar exercer direito. Quem nega vai alm da exceo, inclusive nega existir a exceo ou ter sido exercida. A opinio dominante, at h pouco, via na alegao do usufruturio e outros titulares de direito real, com posse imediata, exceo, e no defesa. Por exemplo, L. Enneccerus (Lehrbuch, 1, 581), A. von Tuhr (Der Aliqemeine Teu, 1, 299 s.), K. Hellwig (Anspruch uind Klagrecht, 7, nota 24), E. Zitelmann (Ausschluss der Widerrechtlichkeit, Archiu fOr die ciuilistische Praxis, 99, 33), 1(. Cosack (Lehrbuch, 1, V ed., 258), Fr. Hellmann (Vortrge, 205), H. C. Hirsch (Die Ubertragung der Rechtsausbung, 211 s.). Contra esse engano insurgiram-se, em 1878, A. Thon (Rechtsnorm und subjektives Recht, 276 5.); depois, O. Fischer (Recht ind Rechtsschutz, 106), F. Friedenthal (Einwendung iind Einrede, 42 s.), E. Hlder (Uber Ansprche undEinreden, Archiu fOr die civilistische Praxis, 93, 77 s.), C. Crome (System, 1, 189 s.), A. Rappapod (Die Em rede aus dem fremden Rechtsverhltnisse, 32 s.), H. Siber (Der Rechtszwang, 133 s.) Die Passivlegitimation bei der rei vindicatio, 227 s.), A. Last (Von der Einwendungen gegen die rei uindicatio, Grbnhuts Zeitschrift, 36, 56) e, com a maior fundamentao, Margarethe Scherk (Die Einrede aus dem Recht zum Besitz, Jherings Jahrbcher, 67, 301 s. e 357 s.). A exceo no corta, no elide; encobre a eficcia: o seu ir contra, o seu opor-se, no mais do que isso; s repele eficcia, por meio de declarao de vontade recusante (Weigerungserklrung; cf. P. Oedmann, Einrede und Verzug, Zeitscrift fOr das gesamte Handelsrecht, 78, 23; contra: Th. Kipp, nota 1 a B. Windscheid, Lehrbuch, 11,139, e E. Zitelmann, Allgemeiner Teu, 30 s.). O proprietrio, que reivindica a coisa, pode no desconhecer a posse imediata do demandado, e ressalv-la. Se a desconhece, e.g., se o usufruturio recebeu o usufruto de possuidor que conseguira transcrio, ou a reivindicao triunfa contra a defesa ou perde, no h pensar-se em exceo. Se o possuidor imediato recebeu de outrem a posse e esse terceiro a teve do proprietrio reivindicante, sem que, todavia, pudesse transmiti-la, tem o ru de chamar demanda o terceiro. Se o possuidor alegou possuir em nome de outrem, ao autor cabe a integrao subjetiva. Quando o proprietrio invoca pretenso do seu direito de propriedade contra algum possuidor, que possui justamente, pelo menos no tocante posse, injusto o seu pedido: do outro lado est titular de direito, que o exerce, sem ser, portanto, contra direito a sua posse. Tudo gira em torno de direito e no-direito. Quando o proprietrio prope a ao de reivindicao, para haver, tambm, a posse da coisa, claro que nega a posse do que detm a coisa, ou o seu direito posse. No se pode pensar em encobrimento de eficcia, e sim de corte ou negao. O no ser proprietrio o possuidor e ter direito posse supe direito, e no s exceo. 4. Direito de reteno. Muito diferente o que se passa com o direito de reteno. No se confunde ele com o direito posse; inclusive a defesa do direito posse suspende a prescrio da ao de reivindicao, ao passo que a exceo de direito de reteno no na suspende. O direito posse exclui a entrega; o direito de reteno apenas a condiciona prestao, devido a cuja soluo se retm a coisa. Direito de reteno no direito posse, mas tena (= reteno). Para se ver a que absurdo levaria ter-se, no como defesa, e sim como exceo, a alegao do direito de posse, basta pensar-se em que a renncia da exceo deixa inencobrfvel a pretenso a que seria contrria, enquanto a renncia do direito posse conduziria a extino desse direito, sujeito talvez a regras jurdicas de inalienabilidade. O sujeito passivo da pretenso reivindicatria s o possuidor que no autorizado a possuir (H. Siber, Die Passiulegitimation bel der rei vindicatio, 227 s. e 25). O que alega o seu direito real, ou de posse, defende-se; defende todo o seu direito, contra, pelo menos, pade do direito do autor. H concorrncia de pretenses, ou de aes. O direito posse vai contra a pretenso a re-haver a coisa, excluindo-a; a exceo no iria contra ela para a excluir, iria apenas para a encobrir. A reivindicao pode dar-se sem a entrega da coisa, se o que tem o direito posse tambm pretendia excluir a propriedade: ento, a ao procedente, salvo o direito posse. No importa se o direito a posse tem base real, ou pessoal, feitas, est claro, as devidas distines da eficcia. Se o possuidor tem direito posse e julgada a ao nesse sentido, no restitui frutos, sem que caiba apurar-se se estava, ou no, de mf. Se no no tem, responde segundo as regras jurdicas dos arts. 510-519 (cedo, R. Schmidt, Die Gesetzeskonkurrenz im burgerlichen Recht, 475; sem razo, F. Lent, Die Gesetzeskonkurrenz, 1, 291 s.). A pretenso que possa ter o proprietrio, de direito pessoal, para a entrega da coisa s se dirige contra a afirmativa do possuidor, contrria a essa pretenso; a pretenso real entrega outra pretenso, que supe nenhum direito contra ela e negao da pretenso. 634. Eficcia das excees 1. Eficcia no tempo. As excees, j o vimos, ou so dilatrias (ou suspensivas), ou peremptrias (permanentes). Alude-se, a, aos seus efeitos, no tempo. Aquelas podem ser elididas por ato do credor, como se presta a garantia a que se refere o art. 1.092, 2 alnea. A exceo suspensiva paralisa o direito, a pretenso, ou a ao, ou a exceo, enquanto existe; e somente se a ao a respeito de crdito futuro, ou crdito com pretenso paralisada (e.g., ao declaratria), no se julga improcedente. Se cessa a exceo, a pretenso retoma a sua eficcia, que fora encoberta inclusive para ser acionado o devedor; e a coisa julgada da sentena que julgou pela improcedncia da ao no impede a ao nova, pois a primeira foi s por enquanto (K. Hellwig, Lehrbuch, 1, 162 s.) e 11, 18). Tambm as excees de inadimplemento e a de reteno nosignificam que o devedor se nega a prestar, e sim que se recusa a prestar como quer o credor: no se contesta a demanda, excepciona-se suspensivamente. O ru, na ao, pode ser condenado a prestar, satisfeita a exigncia do excipiente (sem razo, F. Endemann, que v ai objeo, e no exceo). 2. Eficcia das excees peremptrias. As excees permanentes, peremptrias, definitivas, encobrem, para sempre, a eficcia do direito, pretenso, ao, ou exceo. A exceo de prescrio uma delas. Porm erro concluir-se, pelo fato de serem definitivas, que tm efeito excludente, destrutivo. No destroem, nem excluem. A nica diferena entre o efeito das excees permanentes e o das excees dilatrias est em que o daquelas dura para sempre. Ora, o tempo, s por si, no transforma em destruio o que apenas encobrimento. A exceo de excusso e a exceo non adimpleti contractus so dilatrias: se o excetuado coopera, est excluda. A exceo dilatria pode durar indefinidamente, at que outra exceo surja (e.g., a de prescrio): a reteno (ius retentionis) persiste enquanto o excetuado no atende ao direito, ou pretenso, ou ao do excipiente. 3. Oposio da exceo, no tempo. As excees permanentes do ao excipiente a faculdade de se opor, em qualquer tempo (P. Langheineken, Anspruch und Einrede, 297). Praticamente, porm apenas praticamente, a prestao fica, em tais espcies, como no-devida, pois o devedor presta, se quer prestar, tanto mais quanto, se o devedor presta sem conhecer a exceo, cabe a condictio indebiti (arg. ao art. 964, salvo se se trata de prescrio). Em verdade, porm, a pretenso continua de existir, apenas com a sua eficcia encobeda, razo por que: a) o devedor tem de invocar a exceo, para que se declare a ineficcia (os direitos, as pretenses, as aes e excees presumem-se eficazes); b) a renncia do devedor exceo, se possvel, deixa em toda a sua incolumidade o direito, a pretenso, a ao ou exceo; c) se a lex nova extingue a exceo, se descobre a eficcia do direito, da pretenso, da ao, ou da exceo cuja eficcia fora encoberta. Invocada a exceo, o direito, a pretenso, a ao ou a exceo fica com a eficcia encoberta, no pode exercer-se: se foi proposta ao, julga-se improcedente. Falou K. Hellwig (Lehrbuch, 1, 24; Anspruch and Klagrecht, 9) de extino da pretenso; contra, F. Friedenthal (Einwendang and Einrede, 69), para quem a pretenso subsiste, e outros o seguiram (P. Langheineken, Ansprach and Einrede, 3 s.; O. Wendt, Wie etwas heisst und was es ist!, Archiv for die ciuilistische Praxis, 103, 422). No h dvida que K.Hellwig confundira exceo e direitos desconstituio negativa. Exceo no destri. Para que a exceo tenha efeito destrutivo, preciso que a lei crie eficcia anexa, ou se a prescrio um dos elementos do suporte ftico da extino. Tal o caso, no direito brasileiro, do art. 84, VI, do Cdigo Civil, respeito extino da hipoteca pela prescrio da pretenso hipotecria. No se diga que tambm se extingue quando prescreve (art. 84, 1) a dvida: divida prescrita no dvida extinta (cp. art. 970); o cumprimento da obrigao prescrita no d ensejo condictio indebiti; para que a prescrio produzisse extino das garantias reais, seria preciso que a lei especial o dissesse e se obtivesse o cancelamento da inscrio, com a sua eficcia mandamental-constitutiva tpica, ou mandamental da sentena que julgasse a exceo de prescrio. (De passagem, de notar-se que a exceo de prescrio diferente das outras excees permanentes, em que, ainda que o devedor, que pagou, ignore a existncia da exceo, no cabe a condictio indebiti.) Ainda nos arts. 739, VI, 745 e 748, no a exceo que extingue: h incidncia de regra jurdica especial, em cujo supode ftico se acha o prazo prescricional. 4. Quasi nulia obligatio. A pretenso cuja eficcia foi encoberta pela exceo peremptria pretenso que se diz quase nula (quasi niflia obligatio). No , porm, inexistente (= extinta) nem nula. A sentena, na ao declaratria positiva, teria de dizer que ela existe e apenas a exceo lhe encobriu a eficcia; na ao declaratria negativa, a sentena teria de concluir pela improcedncia. Isso no quer dizer que no possa ser intentada ao declaratria positiva da relao jurdica do direito de exceo; ou a negativa. De ordinrio, repetvel o pagamento, salvo se se trata de pretenso prescrita (art. 970). Se ocorre acolhimento de exceo peremptria, est encoberta a eficcia da pretenso e a ao julgada de modo a que no se possa renovar. Mas a pretenso persiste (P. Langheineken, Ansprach and Em rede, 33 s.). Lei nova, por exemplo, pode descobrir-lhe a eficcia, extinguindo a exceo, se o direito intedemporal o permite. 635. Prescritibilidade das excees? 1. Exceo e extino do direito de exceo. Por sua natureza de posterias, a exceo no poderia ser sujeita a prescrio; pois seria combater-se a inatividade de quem ainda no poderia exercer o direito de excetuar: toda exceo, para se opor, supe que se exera o direito, ou a pretenso, ou a ao, ou a exceo. No se pode excepcionar quando se quer, e sim quando algum avana contra o que tem o ias exception is. Destade, a exceo no prescreve; se s fundada em alguma pretenso, que prescreve, com ela pode extinguir-se. A distino entre excees independentes ou autnomas e excees dependentes ou no-autnomas ganharia, aqui, todo relevo prtico. S se extinguiriam com a prescrio da pretenso, de que provm, as excees dependentes, porque, por definio, dependem daquela. Mas os fatos desmentem isso. Na doutrina, havia dois grupos: o dos que sustentavam a extino da exceo, se prescrevia a pretenso, salvo exceo legal; e a dos que, salvo exceo legal, entendiam que o principio era o da no-extino (princpio da independncia das excees, com E von Savigny, System, 1, 413 s., H. Dernburg, Pandekten, 1, 9 ed., 668, e E Regelsberger, Pandekten, 1, 38). O principio da dependncia das excees (G. Planck, F. Endemann, L. Enneccerus) figurou como anttese. No entanto, tinha-se de descer ao exame dos fatos, das espcies de excees, o que no se fez, e precisou ser feito. a) A exceptio non adimpleti contractas no se extingue com a prescrio da pretenso. No entanto, pensava diferentemente K. A. D. Unterholzner. Deve-se a E von Savigny (System, V, 421 e 425), a Fr. Andr (Die Em rede des nicht erfllten Vertrages, 132 s.) e a E Regelsberger (Zur Lehre von der Wirkun der Anspruchsverjhrung, Jherings Jahrbticher, 41, 331 s.) terem esclarecido o problema e mostrado que o direito a denegar a prestao, at que o outro contraente preste a sua, posto que se refira contraprestao, tem outro contedo. b) A exceo de reteno, exceptio retentionis, que no-autnoma, ainda a respeito de despesas ou danos causados pela coisa, no se extingue com a prescrio da pretenso. c) Quanto exceo que se baseia em delito do titular da pretenso, se so distintas a pretenso de ressarcimento e o direito de denegar a prestao, seria ineqoidoso que se considerasse extinto esse se aquela prescreveu; tem-se de ter por subsistente. d) No princpio Qui habet actionem, habet etiam exceptionem, a palavra exceo empregada em sentido formal, de defesa em geral, o que levaria a graves equvocos. Em sentido prprio (e estrito) de exceo, o principio somente existe se regra jurdica especial o estabelece em alguma circunstncia (e.g., Cdigo Civil alemo, 853). e) Sempre que a prescrio da pretenso ou da ao atinge, como causa de extino, a exceo, discutese se a exceo se extingue, ou se apenas se gera contra ela outra exceo (replicatio). A primeira opinio foi seguida por P. Langheineken (Anspruch and Emnrede, 183), e R. Leonhard (Der Allgemeine Teil, 231); a segunda, por E. Eck (Sammlung von Vortrge, 1, 212 s.) e G. Planck (Kommentar, 1, 4 ed., 556), mas sem razo. Seria confundirem-se causa de extino e possibilidade de exerccio de direito contrrio. fi Quando se l o brocardo Temporalia ad agendam perpetua sunt ad excipiendum como se dissesse: As aes so prescritveis; as excees no no so, verdadeiro. Se, porm, se entende no sentido de que, se havia ao e se extinguiu, ou prescreveu a pretenso, a exceo continua, falso. No h prescrio de exceo: ou a exceo dura sempre, ou se extingue com a prescrio da ao ou da pretenso e, pois, da ao. 636, Ponto de partida e direo das excees 1. As duas espcies quanto fonte. As excees dependentes ou no-autnomas fundam-se no direito, ou pretenso, a que correspondem, e a sua direo a que resulte da natureza do direito ou da pretenso. Tm o mesmo ponto de partida (titularidade) e o mesmo ponto de mira (excetuado). Excees independentes ou autnomas, em principio, so exercidas pelos titulares iniciais e seus sucessores; e dirigem-se contra o excetuado e seus sucessores. Da dizer-se que so, respectivamente, exceptiones rei cohaerentes e exceptiones in rem. Pense-se nas excees de coisa julgada, de prescrio e de despesas.2. Obrigaes acessrias. O obrigado acessoriamente pode opor ao credor as excees do obrigado principal (exceptio ex iare tertii). O fiador, diz o Cdigo Civil, art. 1.502, pode opor ao credor as excees, que lhe forem pessoais, e as extintivas da obrigao, que compitam ao devedor principal, se no provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do art. 1.25. O art. 1.502 tem o grave defeito de misturar excees e aes, pois a incapacidade do devedor principal no gera exceo mas ao constitutiva negativa. No direito brasileiro, a exceo de prescrio da dvida no pode ser oposta pelo fiador, porque no causa extintiva da obrigao (salvo, como no direito alemo, se o fiador se obrigou como principal pagador ou como devedor solidrio). Ocorre o mesmo em se tratando de hipoteca (art. 84, VI). O possuidor alieno nomine pode opor a exceo de direito de reteno, de que titular aquele em cujo nome possui. O sublocatrio, a do locatrio. 637. Exceo e mora 1. Conceitos. A mora do devedor o atraso ou retardamento, contrrio a direito, da prestao, que lhe incumbia. Certo, toda mora do devedor pressupe pretenso, pessoal ou real, de algum, a quem o devedor tivesse de prestar, pretenso eficaz, crdito uencido e de eficcia descoberta (= no encoberta por exceo, peremptria ou dilatria). Tem-se aventurado que, havendo exceo dilatria, o crdito h de ser tratado como no-vencido. Essa identificao do encobrimento da eficcia com o no-comeo temporal de exigibilidade (= no-vencimento) pode levar a concluses particulares falsas. Se h direito, e no h pretenso, ou se o crdito no est vencido (ou se houve moratria legal), no pode haver mora. Dai dizer-se que o no-cumprir obrigaes naturais no produz mora (E Paech, Der Leistangsverzug, 29), enunciado que se refere a fatos diferentes entre si, pois diferentes so as obrigaes naturais. a) Quanto s excees, tem sido fcil dito afirmar-se que, se h alguma, o crdito no est vencido e, pois, no se produz mora (G. Planck, &irgerliches Gesetzbuch, II, 5; E. Zitelmann, Allgemeiner Teu, 30 s.; E. Helder, Kommentar, 46, com a falsa convico de que a exceo cortaria a pretenso; Th. Kipp, em B. Windscheid, Lehrbuch, 11, 139; H. Siber, Der Rechtszwang im Schuldverhtiltniss, 142 s., mas diferente no Kommentar de Planck-Siber, II, 4 ed., 261). b) Outros exigem que se haja exercido a exceo, porque exceo exerccio de direito de excepcionar e s esse exercicio exclui a mora (P. Oedmann, Einrede und Verzug, Zeitschrift fOr das gesamte Handelsrecht, 78, 1 s.) antes, E. Suppes, Der Einredebegriff, 36, e 1(. Hellwig, Anspruch and Klagrecht, 35, Lehrbach, 1, 248 e 250; H. Siber, em G. Planck, Kommentar, II, 1, 261). Como em a), somente para as excees peremptrias, e.g., H. de Claparde (Beitrge zar Lehre vom Leistungsuerzage, 41) e L. Enneccerus1-1. Lehmann (Lehrbuch, 11, 174 s.). A questo pe-se em precisos termos se perguntamos: 5A existncia da exceo obsta ao vencimento? Se a existncia no obsta, obsta ao vencimento o exercicio dela? Aqueles que dizem, como L. Enneccerus e H. Lehmann (Lehrbach, 11, 174), que a pretenso, a que se ope exceo dilatria (por exemplo, a de excusso), h de ser tratada como pretenso no vencida, e a pretenso, contra a qual existe exceo peremptria, no produz mora, baralham conceitos, e deslocam para o campo da opinio o que deve ser mantido em plano aberto de cincia jurdica e de lgica. Primeiramente, o direito de exceo preexiste exceo, que o seu exerccio, e esse exerccio nada tem com o que se passa com a outra pretenso e s diz respeito prpria eficcia do ias exceptionis; de modo que s pressuposto para que ele tenha eficcia: no eficaz antes de ser declarado. S se atende exceo que alegada; isso no que dizer que s se atenda sua existncia desde o momento da alegao. Excetuar alegar que h ou houve razo para no se prestar. O art. 963, correspondente ao 285 do Cdigo Civil alemo, estatui: No havendo fato ou omisso imputvel ao devedor, no incorre este em mora. Se, todavia, o credor deixa de atender ao direito de exceo do devedor, no-oposto, isso no isenta de culpa o devedor. Se o isentasse de culpa, o direito exceo, s por si, atingiria o direito ou pretenso do credor, alterando-o. Ora, a exceo no no altera, nem s pretenses, nem s aes ou excees a que se pode opor. O devedor que deixou de prestar no termo (art. 960, 1) alnea), ou executou o ato de que se devia abster (art. 960, 2 alnea), incorreu em mora, ainda que tivesse tido direito de exceo anterior; incorreria em mora, ainda se o seu credor tambm tivesse de prestar. O princpio da co-pontualidade s lhe daria exceo; cada um incorre em mora segundo os princpios, e o art. 1.092, 1 alnea, de modo nenhum se pode ter como impeditivo da mora; se o credor-devedor incorreu em mora e o devedor cobrado tambm, a exceo non adimpleti contractus apenas dilata a entrega pelo devedor cobrado sem o excluir das consequncias da mora em que incorreu, e sem excluir o credor-devedor das consequncias da sua; se s o devedor cobrado incorre em mora, a exceo dilatria no exclui as consequncias da sua mora. A exceo, admitida, atua ex tunc. Se a exceo de prescrio, exatamente para o cmputo do prazo se toma como dies a quo o dia da mora: se as pretenses aosjuros no prescreveram, prescrevem com a pretenso principal (art. 167), inclusive os juros que fluirem depois, pois esses so atingidos, como aqueles, quando nascem (a prescrio estado contnuo, depois do decurso do prazo prescritivo; portanto, os juros, que se produzem aps a prescrio, so prescritos no momento mesmo em que so devidos, posto que o vulgo pense que de dvidas prescritas no fluem juros). 2. Eficcia da declarao judicial. A mora fica exposta eficcia declarativa do reconhecimento da exceo. A antinomia est em que a exceo opera por existir e desde que existe (ex tunc, portanto), se oposta, fato de alegao que necessariamente posterior. Se, em contrato sinalagmtico, um dos contraentes est em atraso de prestar, o outro no fica, em virtude da oponibilidade da exceo, eficazmente desobrigado sua prestao. Obrigado est, se a dvida vencida; mas a exceo pode encobrir a eficcia, portanto a obrigao mesma: alegada, isto , oposta a exceo, a sua eficcia encobre, desde antes (ex tunc), a eficcia do direito de crdito contra o excipiente. Se, havendo a exceo, embora no oposta, um dos contraentes falta, mora no h por parte do que faltou em segundo lugar. Juridicamente, e por fora do art. 1.092, 1 alinea, no faltou: ao lado da excep tio non adimpleti contractus est, no arE 1.092, 1 parte, o efeito da exceo, como exceo dilatria, de excluir a mora. Cedamente, a exceo s tem efeito quando exercida; mas, para que a mora se d, preciso que a pretenso seja eficaz e, ao exercer-se, o seja. Ora, a exceo non adimpleti contractus, ao ser exercida a pretenso que no dependia de interpelao, pode ser exercida, e encobre a eficcia da pretenso, desde que existe, de modo a ter-se a essa como encoberta, ex tunc, em sua eficcia. Tal o fato, em sua estrutura simples. Os juristas procuraram evitar a antinomia, deformando outros fatos, outras categorias, o que de repelir-se em boa metodologia: assim, R Langheineken (Anspruch und Em rede, 89) e G. Planck (nas edies anteriores 4, que falavam de no se vencer a dvida sujeita a exceo; E. Suppes (Einredebegriff des BGB., 39), de ficar exposta ao exerccio da exceo a pretenso e, pois, a mora; e K. Hellwig (Lehrbuch, 1, 248 e 250), de se adiar a dvida vencida. A soluo, que damos, a nica que satisfaz. O argumento de que ao devedor, que tem direito de exceo, no se pode imputar a omisso no prestar e, pois, no incorre em mora (art. 963; Cdigo Civil alemo, 285), foi levantado por L. Enneccerus e 1-1. Lehmann (Lehrbuch, II, 174 s.); porm tem o vcio mais grave: l-se o art. 963 (= 285) como se dissesse aquilo que ele no diz; o art. 963 apenas explicita que, se a causa do atraso foi, toda, estranha ao devedor, no houve mora, e no que o devedor s incurso em mora se a culpa lhe cabe. O nus da prova vai ao devedor e tem ele de provar que foi estranho sua vontade o atraso. (No h, ai, exceo, erro do tradutor espanhol do tratado de L. Enneccerus e H. Lehmann, Lehrbuch, II, 1, 261: excepcion; no texto alemo est Ausnahme, que excluso, e no Em rede.) Se o ter o credor-devedor de prestar no exclui que se d a mora do devedor, a fortiori a exceo. 3. Acolhimento da exceo e prestaes acessrias. Pelo acolhimento da exceo, atende-se a direito do excipiente e, com isso, estabelecer-se-ia a contradio, dentro do sistema juridico, se no se encobrisse a eficcia do direito do excetuado enquanto (talvez para sempre) se atende eficcia da exceo. O encobrimento, e ele s, obtm que a contradio no se estabelea; no se vai mais longe, porque seria suprfluo. Se houve a mora, todas as suas Consequncias se produziram durante o prazo prescricional; a divida prescreve, e com ela os juros, e h as perdas e danos; a soma disso que se deve, embora prescrita a ditada. Se o devedor ordena a algum banco, ou mandatrio, que a solva, a conta compe-se do capital e juros durante o lapso em que corria o prazo da prescrio e depois. Porque a dvida continuou; prescrio no cancela, no extingue dvida. A exceo vai contra a eficcia das pretenses fundadas na mora como contra a eficcia das pretenses que no foram satisfeitas e causaram a mora, mas apenas encobrindo a umas e outras. A exceo concebida, no vulgo, somente como dirigida pretenso da dvida-capital, porque se conta, erradamente, com a incidncia do princpio Accessorium sequitur naturam sul principalis, que tautolgico, mas os juros futuros ainda tm de vir (plano da existncia), embora encobrveis pelo exerccio da exceo. A importncia prtica enorme. 638. Exceptio doli e replicatio doli 1. Ao e excees. O dolo, se por ele foi determinada a manifestao de vontade, vicia-a. Portanto, h anulabilidade do ato jurdico, pleitevel pela ao constitutiva negativa (arts. 92-97). Surge o problema de existirem, ou no, no direito brasileiro, a exceptio doli e a replica tiodoli. a) No direito comum, a excep tiodou specia lis fundava-se em que s mediante conduta dolosa o credor obtivera o direito, ou a pretenso, ou a ao, e a replicatio doli specialis, em que s dolosamente fora obtido o direito de exceo. b) A exceptio doli generalis consistia no exerccio do direito de alegar que, ao apresentar a sua ao, o autor estava de m-f. Assim, se o autor conhecia a exceo, que se lhe podia opor, havia, alm dela, a exceptio doli. Depois ainda mais se dilatou o conceito, admitindo-se exceptio doli sempre que o exerccio da pretenso fosse contrrio boa-f (= lealdade e confiana). 2. Exceptio doli generalis. No direito alemo, a Segunda Comisso excluiu a exceptio doli generalis, porque, no lugar da norma jurdica objetiva, se viria pr o sentimento do juiz e se apagariam os limites entre a moral e o direito (Protokolle, 1, 239). A despeito disso, parte da doutrina e da jurisprudncia admitiu, alm da exceptio doli specialis, a exceptio doli genera lis, para a qual no se poderia invocar qualquer texto, a no ser o 242 (O devedor obrigado a cumprir a prestao, assim como o exigem lealdade e confiana, tomando em considerao os usos.). Restaria saber-se se essa aluso a Trai und Glauben, que a boa-f, que se exige ao devedor, base de princpio geral de boa-f. Logo de incio, em 1896, E. Eck (Sammlung von Vertrgen, 1, 4 s.) repeliu que se conservasse a exceptio doli generalis. A lei, e no o juiz, deveria caracterizar direitos, pretenses, aes e excees. Mas foi 1(. Schneider (Treu und Glauben, 155 s.), em 1902, quem mais forte argumentao aduziu, voltando a tratar do assunto no ano seguinte (Treu und Glauben im Ziuilprozess, passim) e em 1905 (Zur Verstndigung Ober den Begriff von Treu und Glauben, Archiu fik BUrgerliches Recht, 25, 269 s.). Tambm, P. Langheineken (Anspruch und Einrede, 324 s.) e P. Oedmann (Allgemeiner Teu, 53). 3. Exceptio doli e exceptio metias causa. O argumento de que a exceptio doli e a exceptia metias concorrem com a ao de anulabilidade por dolo (arts. 92-97) e com a de anulabilidade por violncia (arts. 98-101), como a ao de indenizao por atos ilcitos concorre com as de anulabilidade (O. Wendt, Die exceptio dali generalis im heutigen Recht, 16), sofisma. A ao de indenxzaao concorre; as excees seriam duplicatas ou continuaes. Em tudo isso se v quanto se esforou O. Wendt, seguido por outros, por eliminar a preciso com que, justamente a respeito do dolo e da coao, o pensamento juridico ps-romano separou aes e excees, a fim de evitar que os vcios de vontade pudessem ser objeto de oposies a qualquer tempo. Falarse de exceptio doli genera lis, sem ser onde a lei, por sugesto especial, ou por fora lgica de todo o sistema jurdico, a admita, volver-se a pocas em que ela foi aconselhvel, porm pocas de tcnica j superada. Tal observao justa, ainda quando no se subscreva o que assertou E. Windscheid (Lehrbuch, 1, 209, nota 7) sobre ser a exceptio doli generalis apenas meio para o juiz levar em conta qualquer exceo (Doli Jacit, quicum quem id, quod quaqua exceptione elidi potest, petit). Os juristas romanos no haviam percebido o que h de desconstitutivo na alegao de ter havido dolo, ou violncia, tanto mais quanto eles no conheciam a anulabilidade, nem a nulidade segundo o conceito hodierno (= existncia no-vlida). Grande mal foi, durante tantos sculos, metermos sob os conceitos romanos pensamentos nossos (cf. L. Mitteis, Zur Lebre von der Ungiltigket der Rechtsgeschfte, Jahrbacher fr die Dogmatik, 28, 131). A oponibilidade do dolo, ou da violncia, em defesa, depende das regras de direito processual (na reconveno, ou na contrariedade). Se, hoje, em regresso oposio formal (inest bonae lidei iudiciis exceptio doli), se admite exceo de dolo, ou de coao, ao incidental que em verdade se admite. No menos regressivo seria, com L. Kuhlenbeck e com E Schollmeyer (Recht der Schulduerbltnisse, 1, 8), a admisso da cognio, de ofcio, da exceptio doli. No somente, com isso, se desatenderia natureza dos direitos de exceo, que tm de ser exercidos, como tambm se quebraria o principio Ne eat iudex ultra petita partium (princpio de apresentao pelas partes, ou Verhandlungsmaxime). A exceo tem de ser exercida, como a ao, ou a pretenso: Beneficia non obtruduntur. 4. Fundamento exceptio doli. A tentativa de se fazer derivar do art. 160,I, 2 parte (No constituem atos ilcitos: 1 os praticados... no exerccio regular de um direito reconhecido; argumentum a contrario: constituem atos ilcitos os praticados no exerccio irregular de direito reconhecido) a exceptio doli tambm inadmissvel. A, nasce a ao de abuso do direito, no a exceo; se o que abusou do direito vem com a sua pretenso, o lesado tem defesa, objeo, contra ele, no exceo. Nem colheria aceitar-se a atitude de R. Stammler (Die Lebre uon dem ricbtigen Rechte, 201 s. e 24), com o seu conceito de ideal social. a) O direito brasileiro no possui a regra do 242 do Cdigo Civil alemo, segundo a qual o devedor deve cumprir a prestao como o exige a boa-f (= Treu und Glauben, lealdade e confiana), levando em considerao os usos. A regra do art. 131, 1, do 61Cdigo Comercial, uerbis inteligncia simples e adequada, que for mais conforme boa-f, regra para a interpretao dos atos jurdicos. O elemento moral somente se considera suporte ftco suficiente onde regra jurdica especial o diga. Por isso, no temos a replica tio doli (exceo do credor contra o devedor; porque o devedor no quer cumprir a obrigao como a boa-f lho imporia, o credor levantaria exceo). Quando a lei reputou suficiente o suporte ftico da boa-f, disse-o em regra jurdica especial (e.g., quanto exceo non adimpleti contractus, art. 1.092, que, tigorosamente, se funda no princpio da co-pontualidade). b) L-se na L. 8, D., de doli mali et metus exceptione, 4, 4 (Paulo): Dolo facit, qui petil quod redditurus est. Sic, si heres damnatus sit non petere a debitore, potest uti exceptione doli mali debitor et agere ex testamento. Em vernculo: Obra com dolo o que pede o que h de devolver. Assim, se o herdeiro foi condenado a no pedir ao devedor, pode o devedor usar da exceo de dolo mau e exercer a ao do testamento. A exceo supe que haja direito de crdito e obrigao de restituir o que o credor teria de receber, ou que haja exceo pretenso do credor. Nega-se tal coincidncia na compensao (que, hoje, no exceo) e seria de excluir-se ainda em direito romano, porque a compensao com-pesar, contrabalanar, sem que haja, com a contemporaneidade, ligao ntima. No assim, em se tratando de direito de reteno (O. Warneyer, Kommentar, 1, 45). c) H no direito brasileiro a regra jurdica de que os contratos ho de ser interpretados de acordo com a boa-f (Cdigo Comercial, art. 131, 1; Cdigo Civil alemo, 157: Os contratos devem ser interpretados como o exigem lealdade e confiana, Treu und Glauben, tendo-se em considerao os usos). Se a bana fides elemento para a interpretao dos negcios jurdicos questo que alhures se h de discutir; certo , porm, que de tal principio, escrito ou no-escrito, no se haveria de tirar exceptio doli. d) A impenhorabilidade obsta compensao (art. 1.015, III). Pode dar-se que outrem, ou o devedor a tenha criado, de m-f. Pensou-se, em jurisprudncia alem da Reichsgericht (85,116 s.), em que caberia, a, replicatio doli; mas sem razo (certos, P. Oertmann, Algemeiner Teu!, 299; e G. Planck, Kommentar, II, 1, 537). Pode dar-se que o ato jurdico seja anulvel por fraude contra credores, ou revogvel (direito falencial), mas outra questo. e) No h exceo de dolo, nem rplica de dolo, quando a lei exige certa forma ao negcio jurdico, e o declarante no a observou, ou se a ia observar, tendo-se satisfeito os interessados em que no seria preciso. Pode haver indenizao pela chamada culpa in contrabendo, o que outra coisa. (f) Os atos nulos, de regra, so atos cuja nulidade decretvel de ofcio, e no precisa haver propositura de ao para a constituio negativa. Alega-o quem tenha interesse; o Estado, a sociedade, tem-no: por isso se permite a decretao de oficio; alega-o quando o quer, em ao de desconstituio, ou incidentemente, em qualquer grau dos processos, salvo regra jurdica especial que exija a ao. A alegao exerccio de pretenso, ainda que ocorra sob a forma de exceo. No h exceptio nullitatis; h actio nullitatis. Quem alega nulidade no excepciona: defende-se; contraria. Ainda quando a nulidade resulte de ilicitude ou impossibilidade do objeto (art. 145,11), de ao que se trata. g) Se a anulabilidade pelo dolo pode ser oposta, maneira de exceo, no processo, depende da lei processual; mas a afirmativa no importa dizer-se que h, a, exceptio doli qeneralis. Trata-se, apenas, de propositura incidental da ao de anulao, ope exception is. h) Se A adquire, por meio de ato ilcito, crdito contra B, a ao de B para a anulao do negcio jurdico pode prescrever antes de prescrever a ao de A contra B. Pergunta-se: ab, no direito brasileiro, a, a exceptio doli? Houve ato ilcito, porm no ocorreu qualquer causa de nulidade (arts. 82 e 145), e sim de anulabilidade (art. 147), e a pretenso decretao prescreveu. E difcil imaginar-se hiptese em que se ponha mais ao vivo o problema da exceptio doli, na ausncia de princpio geral, ou de texto especial (e.g., Cdigo Civil alemo, 853). Naturalmente, a exceo vai contra a eficcia da pretenso, e de modo nenhum reeficaciza pretenses prescritas do devedor. Primeiro, seria de se lamentar a falta de regra jurdica escrita; segundo, o problema apresenta aspectos que exigem estudo particular, fora do problema da exceptio doli generalis. Ou o ato ilcito deu causa a ao de indenizao, que, ex hypothesi, no foi exercida, e essa prescreveu, no sendo admissvel que, prescritas as duas aes, o devedor a trela titular de direito de exceo; ou no prescreveu, e depende do direito processual como pode ele vir, no processo, com a sua ao. Pensarse, a, em caso para se invocar o fragmento de Paulo (Doli facit, qui petit quod redditurus est), seria forado: no h obrigao de restituir, nem h exceo ao crdito, a priori; porque exatamente isso que se discute.Mas h a hierarquia das regras jurdicas. O direito privado no se pode pr em contradio com as regras jurdicas do direito penal, em sua ratio. Se o ato ilcito crime, a sentena condenatria, trnsita em julgado, cria exceo, porque seria flagranteweiite contraditrio para o Estado punir e atender a efeito do pme: o crime no pode aproveitar ao criminoso. Temos, pois, de aceitar que existe a exceo de ilcito criminal. Exceo, rplica, dplica. i) No Cdigo de Processo Civil, o art. 16 estatui que responda por perdas e danos aquele que pleitear de m-f como autor, ru ou interveniente. No se atribui, a, exceo; mas s ao pelo fito ilcito absoluto. j) No direito brasileiro, a alegao de anulabilidade defesa, que exceo. No precisa vir em reconveno, nem se precisa lanar mo da criptoconstruo da exceo, que corresponde a conceitos de outros sistemas jurdicos. Se algum prope ao, ou cobra, extrajudicialmente, o que proveio de ato jurdico que foi Obtido por violncia, pode o ru alegar a violncia. No se precisa de, antes, intentar a ao de anulao. No se trata de exceptio flietus. Diz-se que, se no houvesse, ai, tal exceo, teria o ru de recon vir, mas a s admisso da reconveno teria o inconveniente de no poder defender-se o ru se, na espcie, o processo no a permite (observe-se, a propsito, que o Cdigo de Processo Civil, inc. 192 estatua: No se admitir a reconveno nas aes: Irelativas ao estado e capacidade das pessoas, salvo as de separao judicial e anulao de casamento; II de alimentos; III de depsito; IV executivas; V que versarem sobre imveis, ou direito a eles relativos; VI que tiverem processo diferente do determinado para o pedido que constituir objeto da reconveno.). O argumento, portanto, no procede. A ao de anulao pode ter o seu rito; mas o exerccio da pretenso abre portas defesa, dentro da relao jurdica processual. No se precisa reconvir Nas aes executivas pode-se alegar nulidade e anulabilidade, como defesa. No se precisa de pensar em exceptio metus ou em exceptio doli, se bem que possa vir a ser invocado, fora do processo, o art. 16 do Cdigo de Processo Civil. Na ao de separao judicial no pode ser alegada a anulabilidade do casamento, porque no h a exceo, nem como defesa seria de admitir-se. Isso no obsta a que ao de anulao se cumule, em alternativa, a de separao judicial. k) Resta saber-se se existe a exceptio dolis specialis: a) se a pretenso foi obtida em virtude de ato considerado crime pelo Cdigo Penal ou outra lei penal, ao que j respondemos em li); b) se o que ocorreu ao ru proveio de ato ilcito do autor No se pode negar a), embora no se possa dizer que a obteno por ato ilicito no-criminoso baste (no h, no sistema jurdico brasileiro, o 853 do Cdigo Civil alemo). Quanto a b), o culpado, A, do incndio da casa comercial de B no pode pedir a decretao da falncia de B; nem A, que prometeu a C pagar o crdito de E contra C, sendo procurador de B, deixou de interromper a prescrio contra E (replicatio doli). No basta, porm, alegar B que C o ilaqueou com conversaes enquanto corria o tempo, e por isso deixou E de interromper a prescrio. 1) A ningum licito venire contra factum proprium, isto , exercer direito, pretenso, ou ao, ou exceo, em contradio com o que foi a sua atitude a