13
1 TRATAMENTO DE EXCEDENTES ATRAVÉS DE LEITOS DE MACRÓFITAS Joana PISOEIRO 1 ; Ana GALVÃO 2 ; Filipa FERREIRA 2 , José MATOS 3 , Paulo INOCÊNCIO 4 Resumo A utilização de leitos de macrófitas para o tratamento de águas residuais constitui actualmente uma tecnologia considerada sustentável, uma vez que procura recriar condições naturais com reduzida utilização de recursos materiais e humanos, apresentando igualmente mais valias como sendo uma boa integração paisagística. Tendo sido usualmente aplicada para o tratamento de efluentes domésticos pequenos aglomerados, esta tecnologia tem vindo a ser aplicada progressivamente a outras origens de águas residuais, como para o tratamento de excedentes de águas residuais em sistemas pseudo-separativos. O presente estudo analisa o desempenho de leitos de macrófitas no tratamento de excedentes simulados da ETAR de Frielas, através da avaliação da eficiência de tratamento relativa à Carência Química de Oxigénio, Sólidos Suspensos Totais e Enterococos. Os resultados dizem respeito à monitorização de uma instalação experimental durante o segundo ano de operação, tendo-se igualmente comparado resultados com o primeiro ano de operação (ano de arranque). Palavras-chave: excedentes; águas residuais; leitos de macrófitas; soluções naturais. 1 Aluna finalista de Engenharia Civil, IST, Portugal ([email protected]) 2 Professora Auxiliar, IST, Lisboa, Portugal ([email protected]) 3 Professor Catedrático, IST, Lisboa, Portugal ([email protected]) 4 SIMTEJO. Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão, S.A.

TRATAMENTO DE EXCEDENTES ATRAVÉS DE LEITOS DE … · encontra-se referênciada para aplicação a efluentes diversos como é o caso ... Sólidos Suspensos Totais ... dados relativos

  • Upload
    vantruc

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

TRATAMENTO DE EXCEDENTES ATRAVÉS DE LEITOS DE MACRÓFITAS

Joana PISOEIRO1; Ana GALVÃO2; Filipa FERREIRA2, José MATOS3, Paulo INOCÊNCIO4

Resumo

A utilização de leitos de macrófitas para o tratamento de águas residuais constitui

actualmente uma tecnologia considerada sustentável, uma vez que procura recriar

condições naturais com reduzida utilização de recursos materiais e humanos, apresentando

igualmente mais valias como sendo uma boa integração paisagística.

Tendo sido usualmente aplicada para o tratamento de efluentes domésticos pequenos

aglomerados, esta tecnologia tem vindo a ser aplicada progressivamente a outras origens

de águas residuais, como para o tratamento de excedentes de águas residuais em sistemas

pseudo-separativos. O presente estudo analisa o desempenho de leitos de macrófitas no

tratamento de excedentes simulados da ETAR de Frielas, através da avaliação da eficiência

de tratamento relativa à Carência Química de Oxigénio, Sólidos Suspensos Totais e

Enterococos. Os resultados dizem respeito à monitorização de uma instalação experimental

durante o segundo ano de operação, tendo-se igualmente comparado resultados com o

primeiro ano de operação (ano de arranque).

Palavras-chave: excedentes; águas residuais; leitos de macrófitas; soluções naturais.

1 Aluna finalista de Engenharia Civil, IST, Portugal ([email protected])

2 Professora Auxiliar, IST, Lisboa, Portugal ([email protected])

3 Professor Catedrático, IST, Lisboa, Portugal ([email protected])

4 SIMTEJO. Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão, S.A.

2

1. INTRODUÇÃO

O tratamento de água através de leitos de macrófitas é um tratamento que procura recriar

sistemas naturais baseados em processos físicos, químicos e biológicos idênticos aos que

surgem em habitats de zonas húmidas. Esta tecnologia apresenta grandes vantagens,

nomeadamente baixos custo de manutenção, não necessitando de mão de obra

especializada e sendo de fácil integração paisagística. Os leitos de macrófitas podem ser

divididos em dois grupos distintos no que diz respeito às características do escoamento, que

pode ser do tipo subsuperfícial ou superficial.

Um leito de macrófitas com escoamento do tipo subsuperficial, cuja representação

esquemática se apresenta na Figura 1.1, é constituído por uma bacia impermeabilizada de

pequena profundidade preenchida com um meio poroso no interior, na qual o afluente é

inserido através de um tubo perfurado colocado a meia altura de uma das extremidades. À

superfície são estabelecidas plantas do tipo macrófitas, com elevada capacidade de

adaptação a terrenos inundados, sendo o controlo do nível de água realizado a jusante, por

forma a manter o nível desejado.

Figura 1.1 – Leito de macrófitas de escoamento subsuperficial predominantemente horizontal

(adaptado de EPA, 1999)

No caso de um leito de escoamento do tipo superfícial, cuja representação esquemática se

apresenta na Figura 1.2, o leito é totalmente preenchido com água, apresentado macrófitas

à superfície, flutuantes, submersas ou ainda emergentes.

Zona de

tratamento

Comprimento

Zona de entrada

Superfície de declive

nulo Zona de

saída

Zona de

tratamento

Controle do

nível

Efluente

Superfície com declive (<1%)

Largura

Efluente gradado

Profundidade

Camada Impermeabilizante

3

Figura 1.2 – Leito de macrófitas de escoamento superficial predominantemente horizontal

(adaptado de EPA,1999)

Embora os leitos de macrófitas sejam usualmente aplicados no tratamento de águas

residuais domésticas, com ênfase para pequenos aglomerados, actualmente esta técnica

encontra-se referênciada para aplicação a efluentes diversos como é o caso do tratamento

de, por exemplo, águas lexiviantes (aterros, minas), efluentes industriais, escorrências

pluviais e excedentes de sistemas de tratamento de águas residuais.

Este trabalho dá seguimento a um estudo de monitorização de uma instalação experimental

de leitos de macrófitas para o tratamento de excedentes. A análise incidiu sobre o

desempenho na remoção da Carência Química de Oxigénio (CQO), Sólidos Suspensos

Totais (SST) e Enterococos.

2. MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS

2.1 Características da instalação experimental

A instalação experimental foi implementada na Estação de Tratamento de Águas Residuais

(ETAR) de Frielas, localizada no município de Loures. Esta ETAR iniciou o seu

funcionamento em 1999, servindo parte dos concelhos de Lisboa, Loures, Odivelas,

Amadora, Mafra, Sintra e Vila Franca de Xira, e estando dimensionada para um caudal de

ponta igual a 2300 L/s, com capacidade de resposta para cerca de 70 000 m3/dia. Na Figura

2.1 apresenta-se uma vista aérea da ETAR de Frielas, incluindo a localização da instalação

experimental.

Tubo de

saída

Superfície livre

Plantas emergentes Plantas flutuantes

Plantas submersas

Controlo do nível

Tubo distribuidor de afluente

Entrada

4

Figura 2.1 – Localização da instalação de Frielas e delimitação da própria estação

A linha de tratamento adoptada na ETAR de Frielas é constituída pelas seguintes etapas

principais (Amaral et al., 2011):

Fase líquida: Elevação com parafusos Arquimedes em dois estágios, gradagem

(média e fina), desarenação/desengorduramento (com injecção de ar), decantação

primária lamenar com tratamento físico-químico, elevação intermédia com parafusos

de Arquimedes, homogeneização/equalização, tratamento biológico por lamas

activadas em média carga (com difusão de ar em bolha fina), decantação

secundaria, biofiltração e desinfecção UV.

Fase sólida: Espessamento gravítico de lamas primárias, flotação das lamas

biológicas em excesso, mistura de lamas espessadas e flotadas, digestão primária

com cogeração de energia e desidratação de lamas por centrifugação.

Desodorização: Por lavagem química, ácida e alcalina/oxidante, em duas

instalações: uma para a elevação inicial e gradagem, e outra para o espessamento,

flotação e desidratação das lamas.

A instalação experimental é composta por quatro leitos cada um com dimensões de

555x361x400 mm, sendo a alimentação realizada através de baldes com capacidade de 10

5

litros (aos quais foram adicionadas válvulas) e um bidon de 75 litros a partir do qual se fez o

enchimento dos respectivos baldes. Os 4 leitos foram divididos em dois grupos distintos, A e

B. O grupo A é constituído pelo primeiros dois leitos (LM1 e LM2) os quais foram

alimentados semanalmente com 10 litros, enquanto que o grupo B, englobando os restantes

dois leitos (LM3 e LM4), foi alimentado com 20 litros semanalmente.

Cada grupo contém um leito plantado com Phragmites australis (LM2 e LM4) e outro sem

plantas (LM1 e LM3) por forma avaliar o efeito depurador das plantas.

Figura 2.2 – Vista geral da instalação experimental e identificação dos 4 leitos

Relativamente ao substrato colocado nos 4 leitos, foi escolhida gravilha de granulometria 4-8

mm, com uma profundidade de 40 cm e uma porosidade de cerca de 30%. Cada leito

contém também uma tubagem perfurada a montante, por forma a alimentar uniformemente

todo o leito, um tubo com cotovelo a jusante, controlando o nível de água no interior do leito,

e um tubo vertical perfurado através do qual se fez a medição do nível de água no interior do

leito.

O estudo foi realizado simulando excedentes de ETAR através da diluição do efluente após

gradagem com água do sistema de abastecimento público (numa relação de cerca de 2/3 de

água e 1/3 de afluente), previamente colocada no bidon durante uma semana para que o

cloro pudesse ser libertado.

2.2 Procedimentos

As campanhas foram realizadas duas vezes por semana de 3 de Abril de 2012 a 8 de Junho

de 2012, tendo-se analisado no local alguns dos parâmetros, como é o caso do pH, do

potencial redox, condutividade, temperatura e oxigénio dissolvido (em percentagem e em

concentração). Uma vez que a análise de CQO, SST e Enterococos intestinais é feita

laboratorialmente, foram recolhidas as amostras necessárias e transportadas em frio até ao

laboratório do IST.

LM11

LM21

LM31

LM41

6

Semanalmente foi executado o seguinte procedimento:

1) Recolha de amostras para análises; 2) Esvaziamento de todos os leitos, com leitura do volume retirado, e leitura do nível no

final; 3) Bombeamento do afluente primário para o bidon (previamente cheio, até 2/3 do seu

volume com água); 4) Recolha de amostras do bidon e alimentação do grupo A com 10 L e do grupo B com

20L, agitando continuamente o efluente no bidon; 5) Após 24h recolha de amostras para análises.

2.3 Estudo antecedente

O presente estudo dá continuidade ao trabalho desenvolvido por Amaral (2011), que

analisou o desempenho da instalação experimental no seu período de arranque, entre Abril

e Julho de 2011. Os procedimentos adoptados no presente trabalho reproduziram os

procedimentos efectuados no ano de arranque, e em igual período do ano.

3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

Durante a monitorização da instalação experimental realizada na fase de arranque (ano de

2011), verificou-se um crescimento das macrófitas superior no leito LM4 comparativamente

ao leito LM2, atribuído a um stress hídrico sentido no leito LM2, o qual recebeu um menor

volume de afluente (Amaral, 2011). Em 2012, decorrido um ano do estabelecimento da

instalação, as condições de crescimento e sobrevivência das plantas no leito LM2 foram

agravadas devido provavelmente ao forte período de seca a que os leitos estiveram

expostos, resultado de um Inverno excepcionalmente seco. Esta situação pode ser

observada na Figura 3.1.

Figura 3.1 – Evolução das macrófitas no LM2 entre 2011 e 2012.

Já no leito LM4 verificou-se um crescimento normal e uma taxa de sobrevivência alta como

se pode analisar na Figura 3.2 onde se encontra apresentada a evolução das plantas nos

anos de 2011 e 2012.

2011 2012

7

Figura 3.2 – Evolução das macrófitas no LM4 num ano

Na Figura 3.3 encontram-se representadas as variações Abril e Junho de 2012, da concentração da CQO, SST e Enterococos intestinais estando também representada a precipitação e identificado como “alimentação” as concentrações do afluente aos leitos. Os dados apresentados de precipitação diária são referentes à estação de Caneças, pertencente ao SNIRH (estação 21B/11UG) a qual se situa a aproximadamente 3,5 km da ETAR de Frielas. De notar que na primeira semana de campanhas se verifica uma certa variabilidade relativamente às concentrações de CQO e SST, tendo depois assumido um padrão mais estável nas restantes semanas, facto que poderá ser devido à estabilização do biofilme nos leitos. A analise da Figura 3.3 e da Figura 3.4 permite verificar que no decorrer das primeiras 24h se dá uma redução significativa das concentrações da CQO e SST no efluente, sendo que nos restantes dias a redução de concentração é apenas ligeiramente atenuada. Este facto deve-se possivelmente a um efeito filtrante que o substrato assume inicialmente, ocorrendo posteriormente uma degradação pela acção dos microrganismos e pela assimilação por parte da vegetação nos leitos plantados. Note-se que por vezes não são apresentados dados relativos ao leito LM4 o que se deveu à falta de volume de efluente suficiente para a realização das análises, resultado da elevada taxa de evapotranspiração observada.

2011 2012

8

Figura 3.3 – Variação da concentração de CQO nos 4 leitos durante os meses de Abril e Maio

de 2012.

Figura 3.4 – Variação da concentração de SST nos 4 leitos durante os meses de Abril e Maio de

2012.

A redução acentuada da CQO e SST nas primeiras 24 horas tinha já sido observada no

estudo antecedente (Amaral et al., 2011).

Relativamente à redução da concentração de Enterococos, e igualmente à semelhança do

estudo antecedente, observou-se uma redução aproximadamente linear à escala

lologaritmo, conforme se pode observar através da Figura 3.4.

01/Abr

08/

Abr

15/Abr

22/

Abr

29/Abr

06/

Mai13/

Mai20/

Mai27/

Mai03/

Jun

10/Jun

0

10

20

30

40

50

60

70

80

900

50

100

150

200

250

300

350

01/Abr 08/Abr 15/Abr 22/Abr 29/Abr 06/Mai 13/Mai 20/Mai 27/Mai 03/Jun 10/Jun

Precip

itação(m

m)

CQO(mg/L)

CQO

Precipitação

LM1

LM2

LM3

LM4

Alimentação

01/Abr

08/

Abr

15/Abr

22/

Abr

29/Abr

06/

Mai13/

Mai20/

Mai27/

Mai03/

Jun

10/Jun

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

500

50

100

150

200

250

01/Abr 08/Abr 15/Abr 22/Abr 29/Abr 06/Mai 13/Mai 20/Mai 27/Mai 03/Jun 10/Jun

Precip

itação(m

m)

SST(m

g/L)

SólidosSuspensosTotais

Precipitação

LM1

LM2

LM3

LM4

Alimentação

9

Figura 3.5 – Variação da concentração de Enterococos nos 4 leitos no decorrer dos meses de

Abril e Maio de 2012.

As eficiências de remoção para cada um dos parâmetros anteriormente apresentados foram

igualmente analisadas, apresentando-se os resultados relativos à CQO, SST e Enterococos

nas Figura 3.6, 3.7 e 3.8.

Figura 3.6 – Eficiência de remoção de CQO ao fim de 7 dias de retenção.

01/Abr

08/

Abr

15/Abr

22/

Abr

29/Abr

06/

Mai13/

Mai20/

Mai27/

Mai03/

Jun

10/Jun

0

10

20

30

40

50

60

70

80

900

1

2

3

4

5

6

7

8

9

01/Abr 08/Abr 15/Abr 22/Abr 29/Abr 06/Mai 13/Mai 20/Mai 27/Mai 03/Jun 10/Jun

Precip

itação(m

m)LO

G(NMP/100ml)

Enterococos

Precipitação LM1 LM2 LM3 LM4 Alimentação

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Efic

iên

cia

de

re

mo

ção

de

CQ

O (

%)

Semana

LM1

LM2

LM3

LM4

10

Figura 3.7 – Eficiência de remoção de SST ao fim de 7 dias de retenção.

Figura 3.8 – Eficiência de remoção de enterococos ao fim de 7 dias de retenção.

Como esperado, o leito LM4 apresenta uma eficiência inferior em comparação com o leito

leito LM2. Esta situação deve-se, possivelmente, ao efeito de diferentes factores,

nomeadamente o facto de o LM4 receber uma carga hidráulica superior e apresentar já uma

certa colmatação. DE FACTO, Aquando da instalação da tubagem vertical perfurada que

permite recolher amostras no interior do leito, verificou-se que as raízes das plantas

apresentavam uma densidade extremamente elevada, que poderá ter contribuído para a

redução da área útil disponível para o desenvolvimento do biofilme.

A evolução da eficiência de SST e de enterococos intestinais apresentou uma tendência de

crescimento ao longo das semanas, sendo que a eficiência apresentada na remoção de

SST apresentou nas últimas 4 semanas do estudo eficiências muito próximas de 100%. A

eficiência de remoção de CQO apresentou alguma variabilidade, sobretudo no caso dos

leitos plantados. A análise da Figura 3.6 permite identificar dois patamares distintos, sendo

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Efic

iên

cia

de

re

mo

ção

de

SST

(%

)

Semana

LM1

LM2

LM3

LM4

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Efic

iên

cia

de

re

mo

ção

de

En

t. (

log)

Semana

LM1

LM2

LM3

LM4

11

um de eficiência de cerca de 90% nos leitos LM1 e LM3 (ambos sem macrófitas) e o

segundo outro de eficiência de 80% nos leitos LM2 e LM4.

No Quadro 3.1 apresentam-se as eficiências médias de remoção da CQO, SST e

Enterococos, ao fim de 1 dia e após 7 dias, para o estudo de Amaral et al., (2011), assim

como os valores obtidos no presente estudo.

Quadro 3.1 – Eficiência média de remoção, para tempos de retenção distintos, nos 4 leitos

estudados

Parâmetro LM1 LM2 LM3 LM4

1 dia 7 dia 1 dia 7 dia 1 dia 7 dia 1 dia 7 dia

CQO [%]

Amaral et al.,

2011 88,0 97,0 88,0 96,0 83,0 93,0 82,0 93,0

Presente

estudo 84,0 89,5 75,5 82,4 80,0 88,8 68,3 74,4

SST [%]

Amaral et al.,

2011 95,0 99,0 94,0 96,0 94,0 99,0 86,0 94,0

Presente

estudo 85,6 97,4 94,3 97,2 87,8 95,2 84,6 88,2

Enterococos

[log]

Amaral et al.,

2011 2,3 5,0 2,7 5,0 2,1 4,8 2,1 5,7

Presente

estudo 2,0 4,8 1,9 4,6 1,7 4,8 1,6 4,3

A análise dos resultados permite salientar os seguintes aspectos:

A principal redução observada na CQO e SST verificou-se ao fim de 1 dia, para

ambos os estudos, tendo-se obtido, no entanto, eficiências de remoção no presente

estudo ligeiramente inferiores ao estudo de Amaral et al., (2011).

As eficiências de remoção da CQO ao fim de 7 dias obtidas no presente estudo,

foram geralmente inferiores às obtidas por Amaral et al., (2011), em especial nos

leitos plantados.

As eficiências de remoção de SST ao fim de 7 dias, obtidas no presente estudo,

foram semelhantes a Amaral et al., (2011), par aos leitos 1 e 2, sendo ligeiramente

inferiores para os leitos 3 e 4.

As eficiências de remoção de Enterococos foram de uma maneira geral, inferiores no

presente estudo face a Amaral et al., (2011).

12

4. SÍNTESE CONCLUSIVA

A utilização de leitos de macrófitas para tratamento de excedentes em sistemas de

drenagem de águas residuais, apresenta-se como uma solução sustentável dada a

simplicidade de operação e manutenção, os baixos consumos de recursos e a sua fácil

integração paisagística.

Os resultados obtidos no presente estudo foram comparados com o trabalho anteriormente

desenvolvido por Amaral et al. (2011) tendo-se verificado uma diminuição nas eficiências de

remoção de CQO e enterococos intestinais para tempos de retenção de 1 dia e de 7 dias. O

maior decréscimo de eficiência de remoção ocorreu no leito LM4, possivelmente devido à

colmatação parcial do leito e à grande densidade de raízes que poderá ter contribuido para

a colmatação e dificultado o desenvolvimento do biofilme.

As eficiências de remoção dos 3 parâmetros analisados apresentaram uma menor

variabilidade no segundo ano de operação, possivelmente devido a que no estudo de

Amaral et al. (2011) não existir inicialmente biofilme instalado nos leitos.

A reduzida taxa de sobrevivência das macrófitas observada no leito LM2, assim como o seu

reduzido desenvolvimento relativamente ao ano anterior, pode ser resultado da carga

hidráulica a que o leito esteve sujeito (metade da carga hidráulica aplicada nos leitos LM3 e

LM4) juntamente com um Inverno excepcionalmente seco.

No entanto, é de salientar que a redução acentuada da concentração de poluentes nas

primeiras 24h foi semelhante em ambos os estudos.

AGRADECIMENTOS

s autores ostariam de a radecer entidade estora da de rielas

ela dis oni ili ação do es aço ara a reali ação do resente estudo e ela cola oração

nas campanhas de amostragem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Amaral, R. (2011) – Avaliação de soluções naturais para o tratamento de excedentes

poluídos de sistemas de águas residuais. Tese de Mestrado. Instituto Superior Técnico.

Lisboa.

Amaral R. et al. (2011) – Avaliação de soluções naturais para o tratamento de excedentes poluídos – Estudos referenciados em sistema pseudo-separativo, em Portugal. 10º Simpósio de Hidráulica e Recursos Hídricos dos Países de Língua Oficial Portuguesa. 26 a 28 de Setembro de 2011, Porto Galinhas, Brasil.

Galvão, A. (2009) – Comportamento hidráulico e ambiental de zonas húmidas construídas

para o tratamento de águas residuais. Tese de Doutoramento. Instituto Superior Técnico.

Lisboa.

13

Galvão, A. ; Matos, J. (2010) – Comportamento de leitos de macrófitas para o tratamento de

efluentes face a eventos de elevada carga mássica. 14ºENaSB/SILUBESA. Porto, 26-29 de

Outubro.

USEPA (2010) – Constructed Wetlands treatment of municipal wastemater. Manual.

Cincinnati, Ohio: United States Environmental Protection Agency, Office of Research and

Development.

Vymazal, J. (2005) – Horizontal sub-surface flow and hybrid constructed Wetands systems

for wastewater treatment. Ecological Engineering, 25, pp. 478-490.